Introdução
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Introdução
Vidros-DEMAT-EE-UFRGS VIDROS Felipe Berutti Vidros-DEMAT-EE-UFRGS SÚMULA 1. INTRODUÇÃO 2. CONSTITUIÇÃO DOS VIDROS 3. FABRICAÇÃO DOS VIDROS: Matérias-primas 4. FABRICAÇÃO DOS VIDROS: Elaboração do vidro 5. FABRICAÇÃO DOS VIDROS: Conformação 6. FABRICAÇÃO DOS VIDROS: Tratamentos térmicos 7. DEFEITOS 8. PROPRIEDADES Vidros-DEMAT-EE-UFRGS OBJETIVO DO CURSO Apresentar a Engenharia de Materiais Vítreos aos alunos de graduação do curso de Engenharia de Materiais, interligando assim, Estrutura e Propriedades (Ciência dos Materiais), com Processos de Fabricação e Desempenho em Serviço. Vidros-DEMAT-EE-UFRGS MÉTODO DE AVALIAÇÃO ¾ Serão realizadas duas provas de avaliação, P1 e P2. ¾Aluno com nota menor do 4 deverá fazer recuperação. Duas notas abaixo de 4, o aluno deverá prestar exame (desde que P1 + P2 > 6). ¾ É permitida a recuperação de conceito realizando uma das recuperações, cuja nota substitui a da respectiva prova. ¾ A terceira nota será advinda do trabalho prático em laboratório. ¾ Média: (P1 + P2 + T)/3 ¾ Conceitos: A, se média ≥ 9 B, se 7,5 ≥ média > 9 C, se 6 ≥ média > 7,5 Vidros-DEMAT-EE-UFRGS TRABALHO PRÁTICO ¾ Os alunos deverão propor um trabalho para a disciplina até a DATA DA 1ª PROVA – 05/10. ¾ Este trabalho prático deverá envolver o desenvolvimento de um material vítreo, com vistas a utilização como padrão de análise quantitativa em FRX. ¾ Os alunos terão a disposição a infra-estrutura do Laboratório de Materiais Cerâmicos. Eventuais necessidades poderão ser demandadas de outros laboratórios, porém, deverão ser programadas para que possam ser inseridas nos mesmos. Eventualmente, poderão ser utilizados outros dias, a critério do aluno. A marcação de fornos deverá obedecer o sistema do LACER. ¾ O trabalho pode ser, preferencialmente, desenvolvido em grupos de até 3 alunos. ¾ O trabalho deverá ser apresentado aos colegas e também ser entregue em versão escrita. Vidros-DEMAT-EE-UFRGS BIBLIOGRAFIA SUGERIDA 1. Callister Jr., W.D., Materials Science and Engineering an introduction, 3ª Edição, New York, John Wiley & Sons, 1994. 2. Askeland, Donald R.: The Science and Engineering of Materials, 2ª Edição, London, Chapman and Hall, 1991. 3. Shackeldford, James F. Introduction to Materials Science for Engineers. New Jersey, PrenticeHall, Inc., 4a. Ed. 1996. 4. NAVARRO, JOSE MARIA; “El Vidrio”, Ed. CSIC, Madri – Espanha, 1991. 5. BRINKER, C.J.; SCHERER, G.W.; “Sol-gel Science”, Academic Press, Londres - Inglaterra, 1990. 6. MATTHES, W.E.; “Vidriados Cerámicos”, Ed. Omega, Barcelona – Espanha, 1990. 7. van Vlack, L. H., “Propriedades dos Materiais Cerâmicos”, Ed. Edgard Blücher LTDA, São Paulo, 1973, Capítulo 4. 8. Sites na Internet: www.abividro.org.br www.saint-gobain.com.br www.glassonline.com www.corning.com www.pilkington.com Vidros-DEMAT-EE-UFRGS 1. INTRODUÇÃO ¾ Breve Histórico ¾ O Estado Vítreo ¾ Estrutura Típica ¾ Classificação ¾ Tipos de Vidros 1. Introdução Vidros-DEMAT-EE-UFRGS 1. INTRODUÇÃO 1.1. Breve histórico: Rochas vítreas formadas a partir de magmas resfriamento sem cristalização OBSIDIANA Empregada desde o período neolítico 8000 a.C. fabricação de diferentes utensílios domésticos armas rudimentares de defesa amuleto e elementos decorativos Aprox. 70 % SiO2, 12 a 13% Al2O3 e óxidos diversos - amorfa 1. Introdução Vidros-DEMAT-EE-UFRGS OBSIDIANA 1. INTRODUÇÃO Obsidiana ‘floco de neve’ ou ‘nevada’ Obsidiana verde Obsidiana negra (Chile) Cor: impurezas Ex.: Fe e Mg cor verde escuro ao preto Obsidiana vermelha (México) Padrão manchado: cristais de cristobalita 1. Introdução: breve histórico Vidros-DEMAT-EE-UFRGS Lenda:mercadores fenícios que desembarcaram nas costas da Síria e, necessitando de fogo, improvisaram fogões, usando blocos de natrão para apoiar as panelas. Passado algum tempo, notaram que do fogo escorria uma substância líquida e brilhante, que se solidificava imediatamente: o vidro. Os Fenícios teriam, então, se dedicado à reprodução daquele fenômeno, chegando à obtenção de materiais utilizáveis. Fenícios Disputam a primazia da invenção do vidro Descobertas feitas em túmulos de 4000 a.C. Egípcios Pérolas de vidros de muitas cores 1400 a.C. Aperfeiçoada tecnologia de cores Os egípcios confeccionavam peças ocas Produção de pequenos objetos artísticos e decorativos 1. Introdução: Breve histórico 300 a.C. Vidros-DEMAT-EE-UFRGS uma grande descoberta revolucionou o vidro SOPRO facilitou a obtenção de frascos e recipientes em geral OBS: o mesmo princípio ainda é utilizado para conformação de embalagens, mesmo nas máquinas mais modernas 1. Introdução: Breve histórico Queda de Roma Vidros-DEMAT-EE-UFRGS O vidro praticamente desapareceu da Europa Desenvolvimento na Síria e Egito Cruzadas Arte do vidro do Oriente para Veneza Causa de incêndios 1291 Vitrais, lâmpadas e objetos de fino acabamento Conselho Maior Fornos Ilha de Murano Desenvolvimento do “CRISTALLO” Vidro claro e transparente como um cristal 1. Introdução: Breve histórico Vidros-DEMAT-EE-UFRGS Com o desenvolvimento do “Cristallo” Criação das LENTES Binóculos - 1590 Telescópios - 1611 Recipientes especiais e termômetros Desenvolvimento da química 1. Introdução: Breve histórico Vidros-DEMAT-EE-UFRGS 1880 produção mecânica de garrafas 1900 produção vidro plano contínuo através de estiramento da folha na vertical 1. Introdução: Breve histórico Vidros-DEMAT-EE-UFRGS 1952 Invenção do processo float, utilizado até hoje, em que o vidro fundido é escorrido sobre um banho de estanho líquido e sobre ele se enrijece. destinado à construção civil e às indústrias automobilística, de eletrodomésticos, móveis e outras Crystal-cathedral: a famosa igreja de vidro em Garden Grove, California 1. Introdução: Breve histórico Vidros-DEMAT-EE-UFRGS Atualmente Para fazer frente à invasão dos campos tradicionais pelo uso do vidro por similares, como o plástico, os fabricantes investem na pesquisa de vidros para outras finalidades: 9Vidros de alta densidade e que não escurecem pela ação de raios-γ – vigias de observação em células nucleares de submarinos e laboratórios; 9Vidros para janelas de observação das cápsulas espaciais – Vycor e vidro de alumino-silicato; 9Fabricação do nariz de mísseis – Pyroceram ( mais duros que o açocarbono, mais leves que o alumínio e até 9 vezes mais resistentes que o vidro plano); 9Vidros fluorescentes para amplificadores óticos, usados na região do infravermelho e em lasers; 9Fibras óticas 1. Introdução: Breve histórico Vidros-DEMAT-EE-UFRGS Indústria do Vidro no Brasil 9Primeiras peças produzidas: vidreiros holandeses, na região de Pernambuco, no período de 1624 a 1635. Com a expulsão dos holandeses, a nascente indústria do vidro desapareceu; 9Século IX – tentativas de estabelecer a indústria do vidro. Em 1861, a indústria brasileira apresentou artigos nacionais em uma exposição. 9Final do século IX: introdução efetiva da fabricação do vidro em moldes industriais através de Francisco Antonio Esberard (fabricação desde garrafas até serviços de mesa em cristal com qualidades comparáveis a dos europeus; 91895, em São Paulo: fundação da Vidraria Santa Marina – produção de garrafas 9Um dos setores que mais progrediu foi a fabricação de vidros planos – principais consumidores: indústria automobilística e construção civil. 1. Introdução: O estado vítreo Vidros-DEMAT-EE-UFRGS 1.2. O Estado Vítreo Átomos e íons Sólida Matéria Estado físico Líquida Gasosa Movimento oscilatório Temperatura Amplitude Sólidos: em geral, são cristalinos – a ligação dos átomos é bem definida, ordenada e repetitiva. Apresentam propriedades vetoriais (clivagem) e a condutividade térmica não é a mesma em todas as direções (exceto os cúbicos) Portanto, o que é o vidro?? Sólido? Líquido? VIDRO Sólido à temperatura ambiente Estruturalmente, similar a um líquido, sem ordem definida não é classificado em nenhum destes estados ocupa uma posição intermediária entre as substâncias líquidas e sólidas. 1. Introdução: O estado vítreo Vidros-DEMAT-EE-UFRGS 1.2. O Estado Vítreo O termo vidro se refere aos sólidos amorfos que ao se fundirem tornamse líquidos viscosos e ao resfriarem se solidificam sem cristalizar Segundo George W. Morey o vidro é: “uma substância inorgânica numa condição contínua e análoga ao estado líquido daquela substância, a qual porém como resultado de uma mudança reversível na viscosidade durante o resfriamento, atingiu um alto grau de viscosidade de modo a ser rígido para todos os fins práticos” Diz o que acontece quando o vidro é fabricado, mas não responde a pergunta: ‘O que é um vidro?’ 1. Introdução: O estado vítreo Vidros-DEMAT-EE-UFRGS 1.2. O Estado Vítreo Vidros: 9 se apresentam como sólidos 9 são duros 9 não mudam de forma 9 tem a mesma densidade dos cristais de mesma composição 9 algumas propriedades comuns aos cristais Primeira particularidade: os vidros não apresentam um verdadeiro ponto de fusão ou temperatura liquidus como os sólidos cristalinos Transição vítrea Vidros-DEMAT-EE-UFRGS 1. Introdução: O estado vítreo 1.2. O Estado Vítreo No resfriamento a partir da fase líquida sem ocorrência da cristalização Transição vítrea enquanto diminui a TEMPERATURA aumenta a VISCOSIDADE O aumento contínuo da viscosidade resulta num congelamento ou solidicação progressiva do líquido PRODUTO FINAL – sólido rígido não-cristalino Para se estudar este processo com maior precisão é conveniente estudar a evolução do volume específico em função da temperatura T: Início: líquido em elevada temperatura Diminuição contração Ocorrência fenômenos: da temperatura – de dois possíveis OU o líquido se cristaliza e surge uma descontinuidade Vf (geralmente uma contração) OU o líquido passa por um estado superresfriado se for evitada a cristalização. 1. Introdução: O estado vítreo Vidros-DEMAT-EE-UFRGS 1.2. O Estado Vítreo Transição vítrea Volume específico X Temperatura 1º caso: em Tf redução brusca do volume: cristalização. à medida que o calor é retirado do material, o sólido resultante contrai de novo, a inclinação da curva agora sendo menor do que no estado líquido – cerca de 1/3. 2º caso: a diminuição da temperatura continua provocando a contração do líquido superresfriado, com uma inclinação (coeficiente angular) da curva igual ao da fase líquida original. 1. Introdução: O estado vítreo Vidros-DEMAT-EE-UFRGS 1.2. O Estado Vítreo Transição vítrea Volume específico X Temperatura A partir de uma certa temperatura Tg, o líquido superresfriado solidifica-se rapidamente, e o coeficiente angular da curva decresce para se aproximar ou se igualar ao do sólido cristalizado. A quebra na curva de resfriamento marca a passagem de um líquido superresfriado ao vidro. Tg é chamada temperatura de transição vítrea. A viscosidade do líquido aumenta continuamente, à medida que a temperatura diminui e a passagem por Tg corresponde a uma viscosidade de aproximadamente 1013P. Vidros-DEMAT-EE-UFRGS 1. Introdução: O estado vítreo 1.2. O Estado Vítreo Transição vítrea Coeficiente de expansão térmica X Temperatura Em contraste com o volume específico, o coeficiente de expansão térmica mostra uma rápida mudança na passagem por Tg Vidros-DEMAT-EE-UFRGS 1. Introdução: O estado vítreo 1.2. O Estado Vítreo Transição vítrea Intervalo de Transição Tg não é fixa como a Tf O ponto se desloca conforme a taxa de resfriamento ¾Resfriamento mais rápido – Tg se desloca para temperaturas mais altas ¾Resfriamento mais lento – Tg se desloca para temperaturas mais baixas Intervalo de transição vítrea Limites superior e inferior definidos por taxas mais rápidas e mais lentas Influência da taxa de resfriamento sobre a posição da Tg (U1 < U2 < U3) 1. Introdução: O estado vítreo Vidros-DEMAT-EE-UFRGS 1.2. O Estado Vítreo Existem algumas definições para um vidro. 1) pelo método de preparação: envolve resfriamento do estado líquido, sem ocorrência de cristalização, até o material tornar-se um sólido rígido através do aumento da sua viscosidade. 2) Através da estrutura de um vidro: o vidro é um sólido amorfo, sem ordem ou periodicidade a longo alcance no arranjo dos átomos. 3) Como a composição dos vidros é inorgânica, a ASTM define vidro como “um produto inorgânico de fusão que foi resfriado até atingir condição de rigidez, sem sofrer cristalização” 1. Introdução: O estado vítreo Vidros-DEMAT-EE-UFRGS 1.2. O Estado Vítreo Um pouco mais abrangente, é uma definição na literatura: 4) O vidro pode ser definido como um líquido superresfriado altamente viscoso de estrutura rígida. A elevada viscosidade (maior que 1013 P) impede a cristalização no resfriamento após a fusão, dando origem aos vidros que vão possuir uma estrutura reticular polimerizada com baixo número de coordenação, apresentando ordem apenas em pequenas distâncias. Do ponto de vista químico, é o resultado da união de óxidos inorgânicos não-voláteis resultantes da decomposição e da fusão de compostos alcalinos e alcalinos terrosos, de areia e de outras substâncias. os vidros possuem propriedades Conclusão tecnológicas especiais e úteis decorrentes da sua natureza atípica 1. Introdução: O estado vítreo Vidros-DEMAT-EE-UFRGS 1.2. O Estado Vítreo EM RESUMO Vidro – pertence a um estado particular da matéria conhecido como Estado Vítreo, que tem as seguintes propriedades: 9 Ausência de estruturas cristalinas (as substâncias do estado vítreo são amorfas); 9 Não tem ponto de fusão definido (o vidro quando aquecido vai amolecendo gradualmente até ter sua viscosidade tão reduzida que se comporta como um líquido); 9 Não desvia o plano da luz polarizada quando é por esta atravessado; 9 Não é estável em temperaturas elevadas (pode cristalizar se mantido por longo tempo a uma temperatura acima do seu ponto de amolecimento) 9 É geralmente transparente (embora existam vidros translúcidos e até opacos); 9 São maus condutores de calor e eletricidade. 1. Introdução: Estrutura típica dos vidros Vidros-DEMAT-EE-UFRGS 1.3. Estrutura típica dos vidros Vidro Ordem em pequenas distâncias Composto Cristalino Ordem em grandes e pequenas distâncias 1. Introdução: Estrutura típica dos vidros Vidros-DEMAT-EE-UFRGS 1.3. Estrutura típica dos vidros Vidro Composto Cristalino 1. Introdução: Classificação Vidros-DEMAT-EE-UFRGS 1.4. Classificação Por suas características, os vidros são um grupo à parte dos cerâmicos 1. Introdução: Classificação 1.4. Classificação Quanto à composição química: • Vidro de Sílica • 96% de Sílica • Sodo-cálcico • Vidro de alto teor de chumbo • Silicato de Chumbo • Vidros de boro • Alumino-Silicato • Baixo teor de álcalis Vidros-DEMAT-EE-UFRGS 1. Introdução: Classificação 1.4. Classificação Vidros-DEMAT-EE-UFRGS 1. Introdução: Classificação Vidros-DEMAT-EE-UFRGS 1.4. Classificação Quanto ao processo de fabricação: 9 Soprados: embalagens, potes, garrafas 9 Moldados/Prensados: artigos de mesa. Neste grupo encontram-se as louças comuns (soda-cálcico) e artigos de forno (boro-silicatos) 9 Estirados e Float: vidro liso ou chapas 9 Processo de Fibras 9 Processo de lã de vidro Outras classificações: 9Pode-se ainda dividir entre vidros comuns e vidros de engenharia 9Quanto ao tratamento térmico posterior, tem-se ainda os vidros temperados 9Ainda vidros reforçados por tratamento químico 1. Introdução: Classificação Vidros-DEMAT-EE-UFRGS Tipos Comerciais Vidro - Comerciais: 5. Tipos dedevidro Tipo Principais Componentes % SiO2 Al2 O3 CaO Na2 O B 2 O3 MgO PbO Observações Outros Sílica Fundida 99 Dilatação térmica muito baixa, viscosidade muito alta “Pirex” 81 2 Vasilhames 74 1 5 15 Pratos 73 1 13 13 Vidro de janela 72 1 10 14 2 Alta durabilidade Bulbos de lâmpadas 74 1 5 16 4 Fácil trabalhabilidade Hastes de lâmpadas 55 1 Fibra 54 14 Termômetro 73 6 Vidraria de mesa (vidro ao Pb) 67 6 17 K2O 10 Alto índice de refração Vidro óptico tipo ‘flint’ 50 1 19 BaO 13 4 12 Dilatação térmica baixa, baixa troca iônica 4 Alta durabilidade 12 16 32 10 10 Fácil trabalhabilidade, grande durabilidade Alta resistividade 4 Baixo teor de álcalis 10 Estabilidade dimensional K2O 8 Alta dispersão de vidro, usado como elemento divergente de lentes ZnO 8 Vidro óptico tipo ‘crown’ 70 8 10 BaO 2 K2O 8 Baixa dispersão de vidro, usado como elemento convergente de lentes Dados obtidos de Van Vlack, Lawrence Hall, Propriedades dos Materiais Cerâmicos, Edgard Blücher, Ed. Da Universidade de São Paulo, 1973. Vidros-DEMAT-EE-UFRGS VIDROS Felipe Berutti Vidros-DEMAT-EE-UFRGS Carbonato de sódio (impurezas a serem eliminadas) Carbonato de potássio Estabilizantes Areia (SiO2), alumínio, boro, fósforo, etc Intermediários Fundentes Vitrificantes Composição Básica do Vidro: Carbonato de cálcio (pode conter impurezas) magnesita, óxido de bário, etc Arsênio, antimônio, nitrato de potássio, sulfato de sódio, flúor, óxido de ferro, alumina, etc Vidros-DEMAT-EE-UFRGS A. Vitrificante – óxido formador de retículo SiO2 – Sílica – 60 a 80% - temperatura de fusão: 1720oC (existe ainda:B2O3, GeO2, Al2O3,P2O5 e As2O5) B. Fundente – serve para que se obtenha o vidro a uma temperatura tecnológica e economicamente viável – Na2O e K2O – a 20% - 1450 a 1500oC C. Estabilizante – torna o vidro quimicamente estável – CaO, MgO, Al2O3, BaO, PbO – 5 a 10% D. Refinante – homogeniza a fase fluida e elimina a gasosa – NO3, SO4 – máximo 1% E. Corantes: composição 0,0...% Vidros-DEMAT-EE-UFRGS Entenda a mudança nas propriedades dos vidros Depolimerizazação pela adição de cátions. As linhas cheias mostram as posições originais, enquanto as linhas tracejadas, as posições após a adição de Na2O. estrutura do vidro de silicato de sódio (esquemática). São mostrados apenas três oxigênios circundando cada silício Vidros-DEMAT-EE-UFRGS RELAÇÃO VISCOSIDADE x PROPRIEDADES A viscosidade é o principal parâmetro que caracteriza e determina a formação de um vidro. Todo o processo industrial de produção é baseado na viscosidade que determina as propriedades finais e a aplicação do vidro. Sob resfriamento, um vidro torna-se mais e mais viscoso de uma forma contínua com a diminuição da temperatura; não existe uma temperatura definida na qual o líquido se transforma em um sólido como com os materiais cristalinos. Vidros-DEMAT-EE-UFRGS De fato, uma das distinções entre materiais cristalinos e não cristalinos está na dependência do volume específico (ou volume por unidade de peso – o inverso da densidade) com a temperatura, como ilustrado na Figura abaixo (já apresentada anteriormente). Note: Tm p/ cristalinos e Tg para vidros Vidros-DEMAT-EE-UFRGS Em materiais cristalinos, existe uma diminuição descontínua no volume na temperatura de fusão Tm (melting temperature). Entretanto, em materiais vítreos, o volume diminui continuamente com a redução da temperatura; ocorre uma ligeira diminuição na inclinação da curva, no ponto denominado temperatura de transição vítrea, Tg (glass transition temperature). Abaixo desta temperatura, o material é considerado um vidro; acima, é primeiramente um líquido subresfriado e finalmente um líquido. Vidros-DEMAT-EE-UFRGS Também são importantes nas operações de conformação, as características de viscosidade – temperatura do vidro. A Figura 2: plota o logaritmo da viscosidade versus temperatura para os vidros de sílica fundida, alta sílica, borossilicato e soda-cal. Figura 2: Logaritmo da viscosidade versus temperatura para os vidros de sílica fundida, e outros vidros de sílica Vidros-DEMAT-EE-UFRGS Na escala da viscosidade, muitos pontos são importantes na fabricação no e processamento dos vidros: ¾ Ponto de fusão: corresponde a temperatura na qual a viscosidade é 102 P; o vidro é fluido o suficiente para ser considerado um líquido; ¾ Ponto de trabalho: representa a temperatura na qual a viscosidade é 104 P; o vidro é facilmente deformado nesta viscosidade; ¾ Ponto de amolecimento: é a temperatura na qual a viscosidade é 4X107 P, é a máxima temperatura na qual uma peça de vidro pode ser manuseada sem causar alterações dimensionais significativas; ¾ Ponto de recuperação (recozimento): é a temperatura na qual a viscosidade é 1013 P; nesta temperatura, a difusão atômica é suficientemente rápida que qualquer tensão residual pode ser removida dentro de 15 min; ¾ Ponto de deformação: corresponde a temperatura na qual a viscosidade torna-se 3.1014 P; em temperaturas abaixo deste ponto, a fratura ocorrerá antes do começo da deformação plástica. A temperatura de transição vítrea está acima deste ponto. 1 Pa.s = 10 P (poise) Vidros-DEMAT-EE-UFRGS As operações de conformação são realizadas dentro da faixa de trabalho – entre as temperaturas de trabalho e amolecimento. As temperaturas nas quais ocorre cada um destes pontos depende da composição do vidro. Por exemplo, os pontos de amolecimento para os vidros de cal-soda e alta sílica são cerca de 700°C e 1550°C, respectivamente. Isto quer dizer que as operações de conformação em um vidro soda-cal podem ser realizadas em temperaturas mais baixas do que em vidros de alta sílica. Daí a grande diferença de custo entre estes 2 tipos de vidros