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Ciências Sociais
Tema 3: Culturas Contemporâneas: Localismos,
Comunidades Virtuais e Multiculturalismo
Autor: Tarcisio Torres Silva
Como citar este material:
SILVA, Tarcisio Torres. Ciências Sociais: Culturas Contemporâneas: Localismos, Comunidades
Virtuais e Multiculturalismo. Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional. 2014.
Como podemos notar nas aulas anteriores, a cultura é complexa e decorrente de uma série de
processos responsáveis por sua construção. Por isso mesmo é importante dar continuidade
aos estudos de alguns fenômenos que impactam diretamente nas sociedades contemporâneas.
Assim, nesta aula iremos estudar outros conceitos ligados à constituição da cultura: localismos,
comunidades virtuais, multiculturalismo e sincretismo.
Esses conceitos nos ajudarão a compreender melhor a cultura, observando como ela é dinâmica,
adaptável aos locais em que é criada, expandida por meio das comunidades virtuais e regenerada
por meio de processos de fluxos, trocas e intercâmbios culturais.
Para começar, vamos compreender melhor o que é localismo.
A maioria das pessoas nasce em determinado lugar e passa boa parte da infância (ou até mesmo
a vida toda!) neste mesmo espaço físico. Uma rua, uma vizinhança, uma cidade. Todo mundo tem
pelo menos uma história de criança para contar sobre esses lugares, seja sobre a rua, a escola, o
clube ou a praça central da cidade.
Do ponto de vista da cultura, é possível afirmar que o local tem grande influência sobre a cultura
que iremos construir. Em cidades com clima quente, por exemplo, é comum ver casas avarandadas
com muitas cadeiras do lado de fora. Esta prática, por sua vez, permite o maior contato entre os
vizinhos e sua maior sociabilidade. Em cidades onde predominam temperaturas mais frias, as casas
são construídas hermeticamente, de forma a manter o calor interno. Com mais tempo dentro de
casa, espaços de lazer e cultura são adaptados para o interior da casa. Assim, a sala, a cozinha e
a biblioteca se tornam também espaços de sociabilidade e recepção.
Porém, o “lugar” em que está localizada uma cultura não é somente um espaço físico. Marc Augé
(1994) acredita que o lugar é o espaço que contém a totalidade da cultura. É muito mais um conceito
relacional, identitário e histórico do que ambiental.
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Ciências Sociais | Tema 3
Nascemos em um lugar, a nossa residência. Mas esse lugar diz respeito também à memória local, à
história. Além disso, o lugar também está carregado de simbologia. Por exemplo, ao visitarmos uma
cidade pequena cujo passado histórico a colocou entre as grandes produtoras do período cafeeiro
no Brasil, observamos na igreja matriz uma suntuosidade patrocinada em grande parte por esta
economia reinante na época. Em sua volta, normalmente ficam as casas dos barões do café. Assim,
a localização central da igreja e das casas dos barões mostra as relações de poder existentes na
ocupação de um espaço privilegiado da cidade. Lembremos, por exemplo, que a Avenida Paulista
(Figura 3.1), um dos endereços mais valorizados da cidade de São Paulo, já foi um dia tomada
pelos casarões desses barões.
Figura 3.1 Avenida Paulista em 1902.
Fonte: Guilherme Gaensly (1843-1928). Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/
commons/7/7f/Avenida_Paulista_1902.jpg>. Acesso em: 27 maio 2014.
Assim, podemos entender o lugar como o espaço da cultura, do compartilhamento e da formulação
de significados. É o cenário da ação em sociedade.
No sentido oposto de localismos estão os não lugares, também estudados por Marc Augé (1994).
Estes são lugares que se espalham cada vez mais por todo o mundo. São impessoais, sem uma
história, mas curiosamente trazem alguma sensação de conforto para aqueles que os visitam. Entre
esses lugares estão os shopping centers, aeroportos, estações de trem e interiores de avião (Figura
3.2). Tudo nesses lugares nos é familiar, já que todos são muito parecidos. Isso faz com que o cidadão
em trânsito se sinta mais próximo de casa e se locomova com certa facilidade nesses ambientes.
Segundo Marc Augé (1994), esses locais também transmitem uma sensação de aventura e acaso,
onde coisas diferentes podem acontecer.
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Figura 3.2 Aeroporto de Frankfurt.
Fonte: Tupungato. Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/db/Frankfurt_
International_Airport.jpg>. Acesso em: 27 maio 2014.
Saiba Mais!
É interessante observar como os “não lugares” são locais de passagem. Não são
planejados para que as pessoas permaneçam nele.
Assista ao filme indicado e pense sobre isso!
Filme O Terminal
O TERMINAL. Direção Steven Spielberg. EUA, 2004. Drama. 128 min.
Viktor Navorski (Tom Hanks) é um cidadão da Europa Oriental que viaja rumo a Nova
York justamente quando seu país sofre um golpe de estado, o que faz com que seu
passaporte seja invalidado. Ao chegar ao aeroporto, Viktor não consegue autorização
para entrar nos Estados Unidos. Sem poder retornar à sua terra natal, já que as fronteiras
foram fechadas após o golpe, Viktor passa a improvisar seus dias e noites no próprio
aeroporto, à espera que a situação se resolva. Porém, com a situação se arrastando
por meses, Viktor permanece no aeroporto e passa a descobrir o complexo mundo do
terminal onde está preso (Sinopse: Adoro Cinema - <www.adorocinema.com>).
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Em um mundo globalizado e altamente tecnologizado, os não lugares também se espalham.
Franquias, lojas de departamento, marcas globais, todas transmitem essa sensação de familiaridade
que, aliada a uma trilha sonora também cosmopolita, convida os consumidores a gastar boas horas
em compras, esquecendo momentaneamente que se encontram longe de casa.
A tecnologia também é capaz de criar novos espaços. Um dos primeiros a pensar em um “espaço”
criado por meio da tecnologia que proporcionaria simulações paralelas à nossa realidade foi William
Gibson. Ainda em 1984, o autor de ficção científica cunhou o termo “ciberespaço”, que seria o
espaço “formado pelo conjunto integrado de sistemas, programas e computadores com os quais
interagem os usuários, acessando informações e, ao mesmo tempo, alimentando uma base de
dados” (GIBSON apud COSTA, 2010, p. 72).
Com o advento da web nos anos 1990, a vida de muitas pessoas começou a ser mediada pelo
ciberespaço. O que começou com
ferramentas básicas de troca de mensagens, arquivos e
informações transformou-se em um ambiente em que trabalho, lazer, educação se estabelecem.
Com o advento das redes sociais, praticamente todos os tipos de contatos sociais se firmam por
meio das comunidades virtuais. Fora isso, gadgets e aplicativos transformam a vida dos usuários,
tornando a comunicação móvel, fluida e imediata. Outra consequência da globalização e desse
grande fluxo de troca de informações proporcionado pela comunicação digital é o estabelecimento de
um campo de disputa simbólica a que são conduzidas diversas culturas. Elas estão constantemente
entrando em contato, provocando fissuras, tensões e transformações dentro de um processo
chamado multiculturalismo.
Essa troca entre as culturas acontece em um momento em que o Estado-nação entra em declínio.
Esta forma de organização social foi criada durante a Modernidade e impulsionou o desenvolvimento
do capitalismo, pois permitiu que uma quantidade grande de pessoas e amplos territórios estivessem
sob o comando de um poder centralizado (Figura 3.3).
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Figura 3.3 Capa do livro Leviatã, de Thomas Hobbes (1651), um dos primeiros autores a escrever sobre os
poderes do líder do Estado-Nação.
Fonte: Domínio Público. Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/2/22/
Leviathan.jpg/383px-Leviathan.jpg>. Acesso em: 27 maio 2014
Isso facilitava a tomada de decisões, o controle, a organização social e comercial e a conquista de
novos territórios.
Porém, a unificação da linguagem e a ideia de um imaginário nacional comum não parecem ser suficientes
hoje para manter a integridade de uma “cultura nacional”. Isso acontece em função da perda da força do
Estado frente a outras instituições transnacionais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e
empresas multinacionais. Assim, a ideia de país e fronteira fica relativizada, já que o fluxo principalmente
das transações comerciais, mas também da formulação de leis que regulamentam diversas atividades,
passa a ser decidido por esses órgãos, e não exclusivamente pelo Estado.
Este enfraquecimento do Estado tem como consequência a multiplicação de formações culturais no
interior dos países. Assim, culturas minoritárias, como grupos étnicos e culturas nativas, passam a
ganhar espaço novamente.
Um exemplo de como isso vem acontecendo no Brasil foi a criação do feriado do Dia da Consciência
Negra em algumas cidades, com data fixa em 20 de novembro. O feriado foi criado para lembrar a
morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, assassinado por tropas coloniais em 1695 (Figura
3.4). A demarcação do feriado mostra a atitude positiva por parte dos governantes de assumir nossa
pluralidade, marcar no calendário o peso histórico da escravatura em nosso país e também celebrar
a diversidade das raças.
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Figura 3.4 Estátua de Zumbi dos Palmares, na Praça da Sé, em Salvador-BA.
Fonte: Gorivero. Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/4/44/Zumbi_dos_
palmares.jpg/800px-Zumbi_dos_palmares.jpg>. Acesso em: 27 maio 2014.
Assim, o que vamos observar com a maior troca de informação entre diversos países e o multiculturalismo
em ascensão é um processo de intercâmbio entre as culturas, gerando outras novas que carregam
em si elementos das culturas originais. A esse processo é dado o nome de sincretismo.
O sincretismo foi inicialmente utilizado para estudar as transformações que aconteciam no campo
da religião. Bastante observável durante o período colonial, estudos mostraram, por exemplo, como
os negros escravos, que eram impedidos de cultuar suas divindades, adaptavam suas crenças à
religião católica. No caso do Brasil, o resultado foi a criação de outra religião, o candomblé. Nessa
religião, cada divindade de origem africana tem como correspondente um santo católico. Iemanjá,
por exemplo, identifica-se com Nossa Senhora da Conceição (Figuras 3.5 e 3.6).
Figuras 3.5 e 3.6 Representações de Iemanjá (à esquerda) e Nossa Senhora da Conceição (à direita).
Fontes: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/9d/Yemaya-NewOrleans.jpg> e <http://upload.wikimedia.
org/wikipedia/commons/1/1f/Nossa_Senhora_da_Concei%C3%A7%C3%A3o_2.jpg>. Acesso em: 27 maio 2014.
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Para Cristina Costa (2010, p. 79),
o sincretismo pressupõe o contato profundo entre diferentes povos e etnias,
a vivência do contraste, o convívio entre diversos e a troca de características,
traços culturais e genes. Pressupõe, também, a criação de algo novo que
mistura heranças genéticas e culturais, tornando populações, memórias e
culturas mestiças.
Saiba Mais!
Entenda melhor o sincretismo:
PRANDI, Reginaldo. Sincretismos no Brasil. Folha de S. Paulo, São Paulo, 6 maio 2007.
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/especial/fj0605200712.htm>. Acesso
em: 27 maio 2014.
Neste artigo, o professor e pesquisador da USP Reginaldo Prandi fala sobre o sincretismo
religioso no Brasil.
Perceba como o sincretismo diz muito sobre o Brasil e o povo que nele vive. Após anos de intensa
colonização portuguesa, a cultura indígena original foi se fundindo com a influência europeia e
africana, para, mais tarde, com a intensificação da imigração no século XIX, misturar-se a uma
ampla diversidade de culturas que chegava ao nosso país. Tudo isso fez da cultura brasileira uma
cultura especial e sincrética.
Podemos dizer que hoje convivemos no Brasil com diversos tipos de cultura.
A cultura “nacional” foi criada para servir de base aos interesses de unificação do Estado (o hino, a
bandeira, os feriados nacionais). Assim, somos tipicamente “brasileiros” em dias de jogo do Brasil,
quando participamos de eventos cívicos como o desfile de 7 de setembro ou, ainda, quando nos
identificamos uns com os outros pelo uso da língua portuguesa, esta que, apesar de portuguesa, é
plenamente brasileira, pois ao longo do tempo diferenciou-se da língua do país de origem pelo uso
das palavras, pelos sotaques e pela criação de novas palavras (Figura 3.7).
Figura 3.7 Torcida brasileira na estreia da seleção na Copa do Mundo da África do Sul.
Fonte: Marcello Casal Jr. Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/d/df/
Brazil_fans_at_Brazil_and_North_Korea_match_at_FIFA_World_Cup_2010-06-15_1.jpg/800px-Brazil_fans_
at_Brazil_and_North_Korea_match_at_FIFA_World_Cup_2010-06-15_1.jpg>. Acesso em: 27 maio 2014.
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No Brasil, há também culturas que são fruto do sincretismo, as quais, por terem acontecido no
território nacional, tornaram-se tipicamente “brasileiras”. Neste caso, palavras e expressões como
“muito axé para você” tornam-se parte do cotidiano das pessoas que vivem imersas nessas culturas.
Saiba Mais!
Filme O povo brasileiro
O POVO BRASILEIRO. Direção Isa Grinspum Ferraz. Brasil, 2005. Documentário. 280 min.
Neste filme, vemos os efeitos da cultura de massa sobre a audiência, que procura nos
filmes uma forma de escapar de sua realidade.
O antropólogo Darcy Ribeiro (1913-1997) foi um dos maiores intelectuais brasileiros
do século XX. Esse documentário traz todos os 10 programas da elogiada série
fundamentada na obra central de Darcy: O Povo Brasileiro, em que o autor responde à
questão “quem são os brasileiros?”, investigando a formação do nosso povo.
Coproduzida pela TV Cultura, GNT e Fundar, a série conta com a participação de
Chico Buarque, Tom Zé, Antônio Cândido, Aziz Ab´Saber, Paulo Vanzolini, Gilberto Gil,
Hermano Vianna, entre outras personalidades.
O Povo Brasileiro é uma recriação da narrativa de Darcy Ribeiro e discute a formação
dos brasileiros, sua origem mestiça e a singularidade do sincretismo cultural que
dela resultou. Com imagens captadas em todo o Brasil, material de arquivo raro e
depoimentos, a série é um programa indispensável para educadores, estudantes e
todos os interessados em conhecer um pouco mais sobre o nosso país (Sinopse Filmow
- <www.filmow.com>).
Além disso, convivemos com novas culturas em ascensão, como a cultura de minorias. Observe a
profusão de temas ligados às minorias nas mídias no Brasil. Os conflitos de terra envolvendo índios
no interior do Brasil, a luta judicial de casais homossexuais para que sua união seja reconhecida
legalmente, com todos os direitos de qualquer outro casal, e a legitimação do trabalho informal de
imigrantes são alguns exemplos desse contexto.
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Finalmente, convivemos também com as culturas em redes. Globalmente compartilhadas, dizem
respeito às nossas experiências no mundo digital, mas também aos altos e baixos da economia que
afeta a todos, o compartilhamento pelo gosto das mesmas marcas e a necessidade cada vez mais
latente do domínio da língua inglesa, como forma de aumentar a experiência dessas trocas culturais
globais. Como vimos, é um tipo de cultura mais ligado à ideia de não lugares de Marc Augé (1994).
Estado-nação: porção de território delimitada por fronteiras e liderada por um governo centralizado.
Foi sistematizado de forma racional por meio das ideias de Iluministas europeus no século XVII e
XVIII. Entre eles, destacam-se John Locke, Thomas Hobbes, Jean-Jacques Rousseau, também
chamados de “contratualistas”. Eles afirmavam que o cidadão submetido à soberania do Estado
está vinculado a um contrato, que estabelece direitos e deveres tanto por parte do cidadão como
por parte do governo.
Localismo: conceito que introduz dimensões simbólicas, relacionais, históricas e identitárias à ideia
de lugar. O lugar, seja físico ou imaginado, cria relações entre as pessoas, assim como permite o
surgimento e a interação de culturas. Será entre os pontos fixos do lugar e os fluxos (de pessoas,
de mercadorias, de informações) que a cultura se estabelecerá.
Não lugar: é diametralmente oposto ao lar, à residência, ao espaço personalizado. É representado
pelos espaços públicos de rápida circulação ‒ como aeroportos, estações de metrô e pelas grandes
cadeias de hotéis e supermercados. Só, mas junto a outros, o habitante do não lugar mantém com
este uma relação contratual representada por símbolos da supermodernidade: cartões de crédito,
cartão telefônico, passaporte, carteira de motorista, enfim, por símbolos que permitem o acesso,
comprovam a identidade, autorizam deslocamentos impessoais (AUGÉ, 1994, contracapa).
Sincretismo: fenômeno cultural que acontece em lugares onde convivem culturas diversas. A
aproximação entre elas faz com que surjam novos costumes, hábitos e práticas que diferem das
culturas originais. No Brasil, o fenômeno é bastante verificado na religião. Elementos de diferentes
religiões convivem entre si, gerando novas práticas. A umbanda, por exemplo, pode ser entendida
como a fusão de elementos do espiritismo, do catolicismo, de cultos indígenas e de religiões africanas.
Há também trânsito entre as práticas, ou seja, praticantes de determinada religião frequentam o
culto de outras como forma de complementação.
William Gibson: escritor norte-americano de ficção científica, nascido em 1948. Cunhou o termo
“ciberespaço”, que se tornou conhecido por meio de seu romance Neuromancer, lançado em 1984.
Em seus trabalhos, o autor imagina a intrínseca relação entre mundos reais e virtuais por meio
das tecnologias de informação. Sua produção influenciou muito a produção audiovisual de ficção
científica, tendo inspirado obras como a trilogia Matrix, por exemplo.
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Instruções
Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará algumas questões
de múltipla escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está
sendo pedido.
Questão 1
A decisão por parte dos barões do café de escolher as regiões mais importantes para construir suas
mansões mostra que o lugar também está ligado à ideia de poder. Neste caso, podemos dizer que
o termo mais adequado para se referir a esse fenômeno é:
a)
Não lugar.
b)
Multiculturalismo.
c)
Localismo.
d)
Aculturação.
e)
Sincretismo.
Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito.
Questão 2
A correlação existente no candomblé entre Iemanjá e Nossa Senhora da Conceição pode ser
considerado um exemplo de:
a)
Intolerância religiosa.
b)
Sincretismo religioso.
c)
Relativismo cultural.
d)
Etnocentrismo.
e)
Contratualismo.
Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito.
Questão 3
William Gibson definiu o espaço formado pelo conjunto integrado de sistemas, programas e
computadores com os quais interagem os usuários como:
a)
Não espaço.
b)
Espaço paralelo.
c)
Ciberespaço.
d)
Bidimensão.
e)
Realidade virtual.
Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito.
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Questão 4
Dê exemplos de não lugares pelos quais você já tenha passado e cite elementos que permitam
classificá-los como tal.
Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito.
Questão 5
Considerando o que foi exposto no trecho final desta aula, com quais tipos de culturas convivemos
diariamente no Brasil? Por exemplo, de que maneira lidamos com símbolos regionais, nacionais e globais?
Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito.
Nesta aula, apresentamos a você os conceitos de localismo, comunidades virtuais, multiculturalismo
e sincretismo. Notamos que esses conceitos ajudam a compreender melhor como as culturas são
formadas e como estão em processo de constante mudança.
A partir do que estudamos aqui, procure observar como você convive diariamente com os diversos
tipos de cultura existentes no Brasil e também fora dele. Pense também em como essas culturas
ajudam a criar sua identidade, tema da nossa próxima aula.
AUGÉ, Marc. Os não lugares. Campinas: Papirus, 1994.
COSTA, Cristina. Sociologia. São Paulo: Editora Moderna, 2010.
Questão 1
Resposta: Alternativa “C”.
O exemplo, também citado no texto, refere-se ao localismo, ou seja, à perspectiva de analisar o
lugar por meio das simbologias por ele criadas.
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Questão 2
Resposta: Alternativa “B”.
O sincretismo religioso, neste caso, é dado pela relação que se estabelece entre iconografias de
religiões diferentes, a dos povos africanos e a católica.
Questão 3
Resposta: Alternativa “C”.
Ciberespaço foi o termo cunhado pelo autor em 1984.
Questão 4
Resposta: Alguns exemplos são: aeroportos, estações de trem, rodoviárias, shopping center, o
interior de aviões, redes de hotéis e de restaurantes fast-food, supermercados, grandes lojas de
departamentos etc.
Questão 5
Resposta: Podemos dizer que hoje convivemos no Brasil com diversos tipos de cultura: a cultura
“nacional”, criada para servir de base aos interesses de unificação do Estado; as culturas que são
fruto do sincretismo, as quais, por terem acontecido no território nacional, tornaram-se tipicamente
“brasileiras”; além disso, convivemos com novas culturas em ascensão, como a cultura de minorias
e, ainda, com as culturas em redes, globalmente compartilhadas.
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