Trio sorocabano de rockabilly é convidado especial em festival no

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Trio sorocabano de rockabilly é convidado especial em festival no
SOROCABA • QUINTA-FEIRA • 19 DE JULHO DE 2012
C3
DIVULGAÇÃO
O rockabilly da banda Bad
Motors é trilha sonora que
agrada os adeptos da
cultura custom. Grupo,
formado por músicos
de Votorantim, Sorocaba
e Santo André, vai participar
de festival no Chile
A casa
dos
topetes, costeletas,
pin-ups e afins
Maíra Fernandes
[email protected]
N
ão, eles não são saudosistas, mas suas referências datam de mais de seis décadas atrás,
lá pelos idos de 1950. E não se trata apenas
de referências musicais ou de vestuário, a cultura custom (um termo para designar cultura
da customização) é um estilo de vida que também não se
limita apenas a customização de carros antigos e motos,
mas está presente no modo de vida dos adeptos, facilmente detectados por suas peculiaridades: vestidos acinturados, saias rodas, calças com cintura alta e acessórios como lenços, fitas, colares, entre outros adereços para as
moças. Já os rapazes com seus indefectíveis topetes e costeletas, óculos de armações grossas, variam entre calças
escuras justas, uma camisa branca justa, casaco de cabedal e camisetas pretas com imagens ligadas a carrões
ou motos. E se mesmo assim a definição ainda não aju-
dou a visualização, basta lembrar de estilos como Elvis
Presley, eterna referência para os adeptos masculinos; e
Dita Von Teese e Amy Winehouse, que ajudaram a trazer
para a mídia atual referências das chamadas pin-ups, para as meninas.
Mas apesar das referências internacionais, o movimento é forte no Brasil e, há cerca de dois anos, começou
a tomar mais corpo em Sorocaba. É no início da avenida
Hermelino Matarazzo (por volta do número 50), embaixo
do viaduto Jânio Quadros, que começa a crescer um espaço com produtos e eventos especializado para os adeptos
e que teve início há dois anos, a partir de um encontro que
ocorre em todo segundo domingo do mês, para celebrar a
cultura custom.
O evento, que começou tímido, como conta o vocalista
da banda de rockabilly Bad Motors, Creck Rocker, hoje já
reúne cerca de 400 pessoas no local, para ouvir rockabilly
e psychobilly - gêneros dissidentes do rock e que embalam os adeptos do movimento -, para trocar figurinhas sobre customização de carros e motos, e também para com-
Trio sorocabano de rockabilly é
convidado especial em festival no Chile
Eles compõem e tocam
um dos sons que embala
os adeptos da cultura custom, chamado de rockabilly. E com a tamanha repercussão que estão tendo
dentro e fora da cidade, o
grupo “Bad Motors”, formado por músicos de Votorantim, Sorocaba e Santo
André, embarca no início
do próximo mês para uma
apresentação em Santiago,
no Chile, dentro de um festival do gênero. Mais do
que convidados, os músicos serão a principal banda a subir ao palco no sábado, dia 4 de agosto, depois de apresentação de
uma banda local e uma da
Argentina. Mas isso depois
de uma apresentação no
dia 3, sexta-feira, na cidade de Valparaíso, também
no Chile. “Vamos aprovei-
tar a estada no País”,
adianta Creck Rocker (guitarra e vocal), que juntamente com Bruno Pelissari
(bateria) e Fernando Hate
(baixo), forma o trio nascido em 2009, e que pela primeira vez apresenta seu
trabalho fora do País.
O convite, conta o vocalista, surgiu a partir do
intercâmbio possibilitado
através das apresentações
do trio pelo Brasil. Em
uma dessas oportunidades, conheceram a banda
argentina “Ginete Fantasma”, que falou sobre o
evento no Chile, além de
convidá-los também para
se apresentarem em seu
País . “Era para irmos para a Argentina, mas preferimos ir para o Chile, já
que se trata de um festival. Na Argentina, quando
quisermos ir é só marcar”,
conta Creck, empolgado
com a viagem.
Apesar do reconhecimento no meio, a formação da banda é recente
e começou com Creck e
Fernando, que já tocavam
juntos antes, em uma
banda de psychobilly. De
acordo com o vocalista, os
dois queriam muito montar um trio de rockabilly,
quando conheceram o baterista Bruno, que é de
Santo André, e concretizaram o desejo. Tocando em
eventos e festivais voltados para a cultura custom, o trio lançou o EP
“Hot Girls anda Fast
Cars”, com seis músicas,
todas em inglês e compostas pelos próprios integrantes. “Combina mais
com o som e com o estilo”,
explica Creck sobre a utilização da língua inglesa.
Para quem não conhece
o som que fazem, Creck
adianta que o diferencial é
que utilizam o baixo acústico, guitarra e o baterista toca em pé. Aliás, são muitos
riffs de guitarra e poucos
elementos da bateria, na
maioria das vezes, apenas
utilizam bumbo, caixa e
prato. As letras, em sua
maioria, trazem temas centrais da cultura custom como carros, pin-up’s (mulheres) e, de uns tempos para
cá, bebida. “Mas não somos
puristas e fazemos um som
mais moderno, com mais
energia”, garante Creck.
Para conhecer mais o
trabalho do trio, há material
disponível
em:
http://www.myspace.com/badmotors.
Cultura custom cresce
em Sorocaba, onde já
existe até lugar
especializado
nesse “estilo de vida”
prar roupas e acessórios para o dia a dia. Sim! Adeptos da
cultura custom de verdade não saem de casa sem um bom
gel no topete (que substitui a brilhantina da época), seus
creepers (nome do sapato com solado grosso) e toda indumentária característica. “Não andamos fantasiados, nós
somos assim”, defende Creck, que já é adepto da cultura
há 20 dos seus 40 anos de vida. O que não quer dizer que
não nota que o estilo chame a atenção nas ruas, mas está
acostumado. “É meu estilo de vida”, garante.
Estilo de vida e negócio
Para se ter dimensão do quanto a cultura custom se
fortaleceu em Sorocaba nos últimos anos, basta conferir o
tanto de espaço voltado aos adeptos, que se instalaram no
mesmo endereço. Hoje, além de duas oficinas de carros e
motos - uma de mecânica e outra apenas de customização
- , o local abriga ainda uma loja com roupas e acessórios,
além de um estúdio de tatuagem.
Conrado Sajo e Vitor Leite, hoje são sócios de uma loja “física”, que fica no número 54 da Hermelino Matarazzo. Mas até o início do ano, essa loja só existia virtualmente. “Para nós, o que já era estilo de vida virou negócio”, comemora Conrado que, após ser demitido, começou a pensar na revenda de roupas e acessórios referentes à cultura custom. “Tínhamos que ir comprar em São Paulo, então
pensei em revender de onde eu comprava, já que Sorocaba e também Salto têm uma demanda grande por esses
produtos”, explica ele.
Dividindo o mesmo endereço, outra iniciativa focando
os adeptos da cultura custom foi aberta recentemente.
Mais precisamente em abril, quando Adonay Sale, Petrick
Sales e Andrey Lapa inauguraram um estúdio de tatuagem. O diferencial é que o espaço também é especializado
em tatuagens que remetam ao universo dessa cultura, que
de acordo com Lapa é dividido em duas linhas: as tatuagens chamadas “old school” que são as mais tradicionais,
com referências de marinheiros, e a “new school”, que são
as mais modernas, e que remetem mais a grafitagem. “Mas
nossa especialidade é a old school”, fala o jovem, lembrando que a referência dos adeptos à cultura custom, vem de
anos atrás.

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