Edição 02 Revista Mundo Tecnológico Janeiro a Junho de 2012
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Edição 02 Revista Mundo Tecnológico Janeiro a Junho de 2012
ISSN 2238-2011 MUNDO TECNOLÓGICO Faculdade Norte Capixaba de São Mateus – UNISAM v. 2 n. 2 janeiro/junho – 2012 - Semestral Diretor Executivo Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretora Acadêmica Eliene Maria Gava Ferrão Diretor Fernando Bom Costalonga Coordenadora Financeiro Célia Maria Pertel Coordenadora de Graduação/Acadêmica Elen Karla Trés Coordenadores de Curso Administração Sandrelia Cerutti Carminati Análise Desenvolvimento de Sistemas Temistocles Alves Rocha Engenharia de Produção Mecânica/Engenharia Civil/Engenharia Química Allan Costa Jardim Pedagogia/Letras Iosana Aparecida Recla de Jesus Petróleo e Gás Elen Karla Trés Serviço Social Ana Paula Peçanha Bibliotecária Olivia Dombi de Deus Presidente da Comissão Editorial Eliene Maria Gava Ferrão Comissão Editorial Elen Karla Trés Iosana Aparecida Recla de Jesus Eliene Maria Gava Ferrão Renata Altoé Dadalto Sandrelia Cerutti Carminati Tereza Barbosa Rocha Endereço para correspondência Rod. Othovarino Duarte, s/nº, Bairro Park Washington, São Mateus-ES, CEP.: 29930-000 e-mail: [email protected] Capa Alex Cavalini Pereira M965 Mundo Tecnológico/ Faculdade Norte Capixaba de São 2012 – São Mateus:UNISAM, 2011. Mateus – v.2, n.2, Semestral ISSN 2238-2011 1. Pesquisa acadêmica – periódicos. 2. Gestão. 3. Exatas. I. Faculdade Norte Capixaba de São Mateus CDD 001.891 CDU: 001.891(05) EDITORIAL A revista científica Mundo Tecnológico é uma iniciativa da Faculdade Norte Capixaba de São Mateus que possibilita a divulgação de artigos e resumos de contribuições relevantes para a comunidade científica das diversas áreas de estudo que abrange a Instituição. Portanto, tratase de um veículo de publicação acadêmica semestral, cujo público-alvo são professores e alunos de graduação e pós-graduação. Diante disso, a Instituição almeja que a revista científica Mundo Tecnológico contribua para o fomento contínuo da prática da investigação, e promova o crescimento educacional. MUNDO TECNOLÓGICO SUMÁRIO ARTIGOS Produção de Biogás a partir de aterro sanitário .......................................................... 07 Amaro Vicente Ribeiro de Souza Ana Carolina Rocha dos Santos Ferri Cecilia Ferraz dos Santos Dalvaci Quirino Santos Protótipo de sistema de gestão de custos agricola das fazendas Ilídio Cerqueira Filho no município de Pinheiros-Es............................................................................... 27 Elisangela Gama Everton Cordeiro Ramos Temístocles Alves Rocha Vânia Alves Santana Terminal Norte Capixaba de São Mateus - ES: Como o empreendedor TRANSPETRO acompanha os impactos socioeconômicos e ambientais na comunidade de Campo Grande ...................................................................................................... 43 Éricka de Souza Colombi Júlio Flávio Soares Karla Karolliny Emídio da Silva Wilton Silva Rocha Gestão de água produzida na extração de petróleoe em campos terrestres: o atendimento à resolução CONAMA 396/2008 por uma empresa atuante no município de São Mateus-ES ......................................................................................... 60 Jann Erick Possati de Moraes Júlio Flávio Soares Maycon Donatti Segurança de perímetro: estudo de caso Batalha Administradora e Corretora de Seguro............................................................................................................................... 80 Lidyane Marques Mota Ramilton Costa Gomes Júnior Sistemas multiplataforma: interoperabilidade com o projeto mono.......................... 97 Patrick Nunes Segantine ISSN 2238-2011 7 PRODUÇÃO DE BIOGÁS A PARTIR DE ATERRO SANITÁRIO Amaro Vicente Ribeiro de Souza1 Ana Carolina Rocha dos Santos Ferri2 Cecília Ferraz dos Santos3 Dalvaci Quirino Santos4 RESUMO Um aterro sanitário implantado de forma correta pode ser viável para o aproveitamento de biogás (gases gerados na decomposição de matéria orgânica), promovendo a diminuição de gases poluentes lançados na atmosfera. O lixo orgânico é a matéria-prima para geração de biogás, o que torna necessário a coleta seletiva e a disposição correta do lixo no aterro, podendo gerar um volume considerável de metano durante a vida útil desse aterro. Existe um projeto do governo do estado do Espírito Santo de implantação de um aterro sanitário no município de São Mateus que irá abranger quinze municípios da região norte e noroeste do estado. Palavras-Chave: Gases poluentes, lixo, meio ambiente. ABSTRACT A landfill deployed correctly can be viable for the use of biogas (gas generated in the decomposition of organic matter), promoting the reduction of greenhouse gases into the atmosphere. The organic waste is the raw material for biogas generation, which makes it necessary to separate collection and proper disposal of waste in the landfill, which can generate a considerable amount of methane during the life of that landfill. There is a project of the government of Espirito Santo state of implementation of a landfill in the municipality of St. Matthew, which will cover fifteen municipalities in the region north and northwest of the state. Keywords: gaseous pollutants, garbage, environment. 1 INTRODUÇÃO A População mundial tem crescido progressivamente nas últimas décadas e isso é notório, basta verificar as pesquisas apresentadas pelo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) anualmente. Em consequência disso, torna-se cada vez mais necessário a discussão de fontes energéticas no Brasil e no mundo. 1 Especialista em Gerenciamento de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas. Professor da Faculdade Norte Capixaba de São Mateus 2 Graduada em Petróleo e Gás pela Faculdade Norte Capixaba de São Mateus 3 Graduada em Petróleo e Gás pela Faculdade Norte Capixaba de São Mateus 4 Graduada em Petróleo e Gás pela Faculdade Norte Capixaba de São Mateus 8 Obter energia para atender essa demanda é o grande desafio e também é a causa de grandes discussões no cenário mundial, onde se aponta instabilidade no uso de combustível fóssil, como ocorrido na década de 70. A chamada crise do petróleo, e um aumento nos gases de efeito estufa lançados na atmosfera provenientes da queima do mesmo. Algumas fontes alternativas de energia são bastante destacadas, como a energia eólica, energia solar, energia da biomassa, dentre outras. Nesse contexto, destaca-se também a energia que pode ser gerada a partir da produção de biogás em aterros sanitários, obtida através da decomposição de resíduos orgânicos, que gera uma fração considerável de metano e outros gases. A fração obtida nesse processo é tratada para retirada de gases como CO2, O2, H2S, etc., resultando em energia que pode ser usada para vários fins, como por exemplo, energia elétrica, energia veicular, dentre outras apresentadas neste trabalho. O governo do estado do Espírito Santo possui um projeto de implantação de um aterro sanitário no norte do Estado para tratar o lixo de quinzes municípios das regiões norte e noroeste. Sendo assim, através de levantamentos de dados sobre a população existente nesses municípios bem como o lixo coletado pelos mesmos, este trabalho simulará uma produção de biogás que pode ser aproveitado no centro de tratamento de resíduos sólidos de São Mateus. Segundo dados do IBGE (2011) o lixo coletado no Brasil diariamente chega a 125.281 toneladas. Desses 47,1% são destinados a aterros sanitários, 22,3% vão para aterros controlados e 30,5% vão para lixões. Para Moraes (2008), os aterros sanitários podem render muitos milhões no mercado de créditos de carbono para empresas e prefeituras que investirem em tecnologias limpas e conseguirem registrar os empreendimentos na Organização das Nações Unidas (ONU). O biogás pode apresentar perigo ao meio ambiente, se não aproveitado de maneira correta, pois, o gás metano gerado contribui em proporção considerável para emissões globais. Com base no que foi abordado, este trabalho busca responder ao seguinte problema de pesquisa: Qual o potencial de produção de biogás produzido a partir do aterro sanitário CTR (Centro de Tratamento de Resíduos) São Mateus? Diante do conhecimento do biogás e sua utilização, o objetivo específico deste trabalho é a conversão em um estudo de caso avaliando as condições para sua aplicação. Envolvendo: - Levantamento de pesquisa sobre a região contemplada pelo aterro; - Identificação dos dados referentes à quantidade de resíduos produzidos; - Identificação da população beneficiada; - Potencial de produção de biogás. 9 Acredita-se que ao final da pesquisa terá a seguinte hipótese: a produção do biogás proporciona benefícios para a população, podendo ser utilizado em energia térmica, iluminação, energia elétrica, uso veicular além de contribuir para que haja uma diminuição de gases poluentes no efeito estufa, gerando créditos de carbono o que influencia diretamente na economia do país que possui essa tecnologia, pois gera uma fonte alternativa de receita. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO BIOGÁS A principal matéria-prima para a produção de biogás é o lixo, que precisa ser disposto de forma correta nos aterros sanitários, para então ocorrer a produção do biogás. A definição de lixo segundo a ABNT da NBR 10004 (apud FIGUEIREDO, 2007, p. 31) “são resíduos sólidos, divididos em sólidos e semi-sólidos produzidos pela comunidade de fontes industriais, doméstica, hospitalar, comercial, agrícolas, de serviço de varrição e até lodos de tratamento de água que não pode ser jogado no esgoto”. De acordo com o critério de origem e produção os resíduos sólidos podem ser classificados como: DOMÉSTICO: lixo produzido em domícilio que são restos de comida, papel, plásticos e vidros. VARRIÇÃO: lixo coletado nas ruas. COMERCIAL: resíduos gerados pelo diversos tipos de indústria. Entretanto nem todas as indústrias se enquadram nessa categoria. Existem aquelas que seus resíduos podem ser considerados como domiciliar, como por exemplo, padarias. AGRÍCOLA: resíduos sólidos provenientes de atividades agrícolas e pecuários. HOSPITALAR: resíduos de hospitais. O lixo deve ser separado de maneira correta, facilitando o seu destino final. Para isso usa-se a coleta seletiva, a fim de atender o artigo 2º do parágrafo1º da resolução CONAMA nº 275 obtida online através do portal São Francisco, de abril de 2001 diz que fica recomendada a adoção do referido código de cores para programas de coleta seletiva, estabelecidos pela iniciativa privada, cooperativas, escolas, igrejas, organização não governamental. O lixo usado para geração de biogás nos aterros sanitários são os orgânicos, por isso torna-se fundamental a coleta seletiva onde vai ocorrer a separação desses resíduos. A descoberta do biogás ocorreu por volta de 1667, no entanto foi em 1776 que obtiveram notificação da presença de metano no gás produzido nos pântanos. Mais tarde Louis Pasteur sugeriu a utilização deste no uso de aquecimento e iluminação pública. Índia foi o primeiro País a usar a experiência em 1857. 10 Segundo Pecora (2006), com a crise do petróleo da década de 70 foram trazidas para o Brasil a tecnologia de digestão anaeróbica onde permite a retirada do biogás como combustível. O processo ganhou força devido à constante procura por fontes de energias alternativas para atender a demanda de consumo. Para Pecora (2006) o processo de formação do biogás é a partir da degradação anaeróbica de matéria orgânica, isto é, sem oxigênio. Esta pode ser lixo doméstico, resíduos agrícolas, pecuária e lodos de esgoto dentre outros, etc. Resultando em uma mistura gasosa que sofre uma degradação formando principalmente metano e gás carbônico e outros gases. Destas, 60% é metano e 35% gás carbônico e 5% outros gases como dióxido de carbono, gás sulfídrico, nitrogênio, amônia, hidrogênio e aminas voláteis (FILHO ET. AL, 2004). Para utilizar o biogás como combustível é necessário fazer a retirada desses gases deixando apenas o metano. Quanto maior a fração metano presente no biogás, maior será seu poder calorífico que pode variar entre 5000 kcal/m3 a 7000 Kcal/m3. Para aumentar o poder calorífico é retirado o dióxido de carbono da mistura podendo chegar a 8700 Kcal/m3. A utilização do biogás como fonte de energia tem se mostrado um fator bastante relevante no cenário energético por se tratar de fonte renovável e reciclável ao mesmo tempo. Seu aproveitamento implica numa diminuição dos gases causadores do efeito estufa, tendo em vista que nos aterros sanitários essa mistura é gerada de uma forma espontânea devido à degradação de matéria orgânica. Segundo OLIVEIRA (2004) “o produto dessa degradação, o metano é um poluente maior se comparado ao dióxido de carbono, nos GEE (Gases de Efeito Estufa). Na tabela abaixo é possível visualizar a participação do metano bem como de outros gases no efeito estufa”. TABELA 1 – POTENCIAL DE AQUECIMENTO GLOBAL (GWP). Fonte: IPCC apud CETESB, 2006. 11 Sendo assim, o aproveitamento desse gás acarretará numa diminuição dos poluentes, bem como uma fonte de energia alternativa, como mostra um estudo de caso feito na cidade de São Paulo, onde é possível identificar o volume que é aproveitado de biogás em função da vazão gerada no aterro. (COELHO, Suani et al apud CETESB, 2006) TABELA 2 - POTÊNCIA E ENERGIA DISPONÍVEL EM FUNÇÃO DA VAZÃO DE METANO. Fonte: CETESB, 2006 No entanto, o aproveitamento de biogás nos aterros sanitários implica uma série de fatores que devem ser considerados na sua elaboração e/ou aproveitamento. Um desses fatores é o econômico, pois para cada fim e/ou objetivo de produção existe uma planta de processo a ser instalada para captação desse biogás. 12 2.2 ATERRO SANITÁRIO Aterro sanitário é a alternativa mais viável quando se visa à geração de biogás, uma vez que existem técnicas para captação dos gases liberados. Segundo Filho (apud FIGUEIREDO, 2007) o que define o tipo de método utilizado para construção do aterro são as características da área e do volume de lixo a ser aterrado. Os métodos de processo de aterramento dos resíduos podem ser da Trincheira ou Vala (valas que podem ser de grande ou pequena dimensão), de Rampa ou Escavação Progressiva (empregado em áreas de meia encosta em que o solo apresente condição de ser escavado e ser utilizado como cobertura) e o método de área (empregado em áreas de topografia plana e lençol freático em nível baixo). Figura 1 – Método da trincheira Fonte: Filho apud FIGUEIREDO, 2007 Figura 2 – Método de rampa. Fonte: Filho apud FIGUEIREDO, 2007 13 Figura 3 – Método de área Fonte: Filho apud FIGUEIREDO, 2007 Para sua construção, o local deve ser analisado e ser localizado distante de centros urbanos devido a fatores como mau cheiro e ao trânsito de carretas. No aterro sanitário os resíduos sólidos ficam dispostos em camadas cobertas com terra conforme o esquema a seguir. Conforme identificado na figura 5, a impermeabilização do solo é feita por meio de camadas de argila e uma geomembrana de polietileno de alta densidade (PEAD) para evitar infiltração dos líquidos percolados (chorume) no solo, o lixo é depositado sobre o terreno e depois recoberto com camadas de cascalho, argila, solo e grama. Nas câmaras formadas é produzido o gás e liberado o chorume, que é recolhido por tubulações e transportado para tanques de tratamento. Figura 4 – Retenção e coleta de fluidos em locais de disposição de resíduos sólidos. Fonte: Alves apud FIGUEIREDO, 2007. 14 2.3 SISTEMA DE COLETA, EXTRAÇÃO E TRATAMENTO DO BIOGÁS Um modelo para sistema de coleta do biogás de aterro pode ser feito por poços de coleta e tubos condutores verticais perfurados e horizontais, sistema de compressão e sistema de purificação do biogás, além do flare que é utilizado para a queima do gás quando esse se encontra em excesso ou para paradas de manutenção nos equipamentos. (WILLUMSEN apud FIGUEIREDO, 2007). Os tubos horizontais são colocados quando ainda está ocorrendo a deposição do lixo no aterro, para que ao gás seja coletado desde o início da sua decomposição tendo um maior aproveitamento do gás. Quando ocorre o fechamento do aterro cada extremidade dos tubos é ligada a uma tubulação principal na qual o gás é transportado para uma unidade de tratamento. Para Willumsen (apud FIGUEIREDO, 2007) a sucção do gás é feita por uma bomba que interligada com o tubo. A maior dificuldade encontrada nesse sistema é controlar a característica, quantidade do biogás e a identificação de um vazamento nas tubulações caso tenha. Para que o operador tenha mais segurança e que seja um sistema rentável com boas condições de trabalho é ter uma tubulação para cada poço. SISTEMA DE COMPRESSÃO: Após o sistema de coleta, o gás é removido através de um compressor no qual o gás será comprimido e enviado para o sistema de recuperação energética. Dependendo do equipamento de conversão energética, da quantidade de gás produzida e do grau de compressão é que será escolhido o tipo de compressor e a quantidade a ser utilizado. Tolmasquim (apud FIGUEIREDO, 2007). SISTEMA DE TRATAMENTO DE CONDENSADO: Para que não ocorram problemas no sistema de coleta e no processo de recuperação de energia se faz necessário o tratamento do biogás, retirando o condensado. O biogás sai do aterro em altas temperaturas, quando vai passando pela tubulação ele vai resfriando formando o condensado. São instalados tubos inclinados e conectores nos tanques permitindo a remoção do condensado. Tolmasquim (apud FIGUEIREDO, 2007). QUEIMA DO GÁS: Faz-se necessário a instalação de um flare que é um elemento utilizado para a queima do biogás, caso ocorra alguma falha no sistema de recuperação de energia o biogás é transportado para o flare e queimado evitando a emissão de gases metano na atmosfera. Segundo Muylaert (apud FIGUEIREDO, 2007) os flares podem ser abertos ou enclausurados. Os enclausurados são os mais utilizados, pois reduz o nível de ruído e iluminação sendo mais eficiente na combustão. SISTEMA DE TRATAMENTO DO BIOGÁS: O biogás passa por um sistema de tratamento antes de sua utilização para a retirada de impurezas e condensados que não foram retirados completamente. Segundo Tolmasquim (apud FIGUEIREDO, 2007), a forma de tratamento a ser utilizado vai depender do tipo de utilidade do biogás. Para geração de energia são utilizados filtros para a remoção de impurezas, pois elas podem danificar as partes do motor ou da turbina, diminuindo assim a eficácia do sistema; caso seja utilizado em caldeiras o tratamento é mínimo. 15 2.5 UTILIZAÇÃO DO BIOGÁS O biogás possui elevado teor de metano (CH4), isso faz com que possa ter diferentes meios de utilização, dentre eles destacam-se a produção de calor de processo, secagem de grãos em propriedades rurais, secagem de lodo em Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs), queima em caldeiras, aquecimento de granjas, iluminação a gás, tratamento de chorume, entre outros, conforme o diagrama abaixo. Figura 5 – Diagrama com as alternativas de aproveitamento do biogás. Fonte: Instituto Agir Sustentável apud ICLEI, 2009 2.5.1 GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA Para geração de energia elétrica temos o motor ciclo Otto e microturbinas a gás. Devido ao maior rendimento elétrico e menos custo quando comparado a outras tecnologias, o motor ciclo Otto é o equipamento mais utilizado para queima do biogás, que movimenta um gerador de energia elétrica. Os motores ciclo Otto aspiram a mistura ar-combustível antes de ser comprimida no interior dos cilindros e a combustão da mistura é dada por centelha produzida na vela de ignição Pereira, (apud ICLEI, 2009). São chamados de 4 tempos pois funcionam em quatro etapas (admissão, compressão, combustão, exaustão). Apresenta como vantagens a geração de energia elétrica para o próprio consumo do aterro, possibilidade de obtenção de receita adicional pela venda de excedente de energia e possibilidade de obtenção e comercialização de créditos de carbono. E como desvantagem são motores grandes o que faz com que necessitem ser importados, pois o Brasil não possui motores com potência elevada, necessitando de maior investimento. Outra desvantagem é que emite NOx que causa grande impacto ambiental. Nas microturbinas, os gases provenientes da combustão são expandidos na turbina e o calor pode ser aproveitado para aquecimento do ar de combustão. Possui como vantagem os baixos níveis de ruído e vibrações, dimensões reduzidas e simplicidade de 16 instalação, isso faz com que possa ser instalado ao ar livre, e as emissões de NOx são menores que a do ciclo Otto. Possui desvantagem de necessitar de equipamentos importados, alto custo de operação e manutenção e necessidade de um rígido sistema de limpeza do biogás e remodelação da microturbina para sua queima, já que é um gás de baixo poder calorífico. 2.5.2 GERAÇÃO DE ENERGIA TÉRMICA Para a geração de energia térmica utiliza-se a tecnologia ciclo a vapor Rankine ou evaporador de chorume. O ciclo Rankine consiste em uma caldeira, uma turbina, um condensador e uma bomba. Utiliza-se o calor resultante da combustão de biogás, em uma caldeira, para geração de vapor, que poderá ser utilizado para processos industriais, aquecimento direto ou geração de energia elétrica, por meio do acionamento de uma turbina a vapor acoplada a um gerador. Apresenta como vantagem o aproveitamento da energia térmica, trazendo a diminuição das emissões de carbono e outros poluentes atmosféricos, além da diminuição dos impactos causados ao meio ambiente devido ao despejo de calor para a atmosfera. E também um ganho econômico devido à redução de gastos referentes à energia adquirida da concessionária e à possibilidade e comercialização dos créditos de carbono. Como desvantagem é o baixo rendimento térmico: aproximadamente 30% e deve-se realizar manutenção regular, impedindo a formação de depósitos de sílica, enxofre e cloro nos equipamentos. Para tratar o chorume resultante da decomposição dos resíduos é utilizado o evaporador. Durante o processo o chorume é aquecido a altas temperaturas e esse aquecimento é a partir do biogás como combustível. O vapor quente passa por sistema de purificação para que possa ser lançado à atmosfera ou, então, para ser utilizado na geração de energia térmica de processo, como aquecimento ou refrigeração. O lodo adensado pode retornar para o aterro. Esta tecnologia já é empregada nos Estados Unidos, Europa e Brasil (BAHÉ et. al., apud ICLEI, 2009). Possui dentre suas vantagens, a utilização do biogás que é de baixo custo, o tratamento pode ser realizado no próprio aterro. E como desvantagem necessita de tratamento dos vapores antes de serem liberados na atmosfera. 2.5.3 GERAÇÃO DE COMBUSTÍVEL VEICULAR O biogás apresenta em sua composição, ácido sulfídrico, dióxido de carbono e outras partículas que são necessárias serem retiradas para o biogás ser utilizado como combustível veicular. Esta retirada é realizada através da dissolução de um componente da mistura em um líquido e em carbonato de potássio, hidróxido de cálcio ou hidróxido 17 de sódio. Segundo a ANP - Agência Nacional de Petróleo (apud ICLEI, 2009) na Portaria 128, de 28 de agosto de 2001, a porcentagem mínima de metano no gás natural para uso veicular deve ser de 86%, e a máxima de CO2 de 5%. Para fazer esta retirada podem ser utilizados os métodos físicos (crivos moleculares, separação por membranas e colunas de absorção). Segundo Wong e Bioletti (apud ICLEI, 2009), estes métodos são os mais utilizados, pois apresentam fácil regeneração dos reagentes utilizados. Possui vantagens como a utilização do combustível nos próprios caminhões utilizados para coleta de lixo do aterro, substituição dos combustíveis por combustível renovável que possui baixo impacto ambiental devido à redução das emissões de gases poluentes. E como desvantagens é que não existem tecnologias nacionais para esta finalidade. Quando comparado aos outros combustíveis, apresenta baixa produção e alto custo para ser implantado. 2.5.4 GERAÇÃO DE ILUMINAÇÃO A GÁS Nessa utilização o biogás é queimado gerando iluminação. Sua quantidade de produção é relacionada à quantidade de biogás a ser queimado. Apresenta como vantagem a transformação de metano em dióxido de carbono, proporciona receita adicional ao aterro, pois possibilita a comercialização de créditos de carbono. Possui como desvantagem falhas operacionais que os sistemas já instalados apresentam, estando ainda em fase de adequação além de necessitar de alto custo para investimento, além de não poder ser instalado próximo ao aterro, pois corre risco de explosão caso haja vazamento. 2 METODOLOGIA Mediante a necessidade do estudo a pesquisa a ser utilizada para desenvolver o tema é a exploratória visto que buscou-se dados referentes à população da região norte e noroeste que está envolvida com o repasse de resíduos para o aterro sanitário. O instrumento utilizado para a realização deste trabalho foi a partir da entrevista. Para isso, ligou-se para prefeituras dos municípios vizinhos, para coleta de dados e nesta entrevista foram aplicados formulários que continham duas questões. Após a coleta de dados com as prefeituras dos municípios próximos a São Mateus, utilizou-se método de seleção e tabulação, onde aplicou-se um formuntas foram feitas via telefone com intuito de identificar as quantidades de resíduos sólidos gerados e se os municípios já efetuavam coleta seletiva. No referencial teórico estará disposta a contextualização do biogás, descrição dos tipos de aterros sanitários, as fases para a formação do biogás, os tipos de sistema de coleta, extração e tratamento do biogás e alternativas para a utilização do mesmo. 18 4 ESTUDO DE CASO – APROVEITAMENTO DO BIOGÁS PROVENIENTE DE ATERRO SANITÁRIO O estudo de caso descrito a seguir baseia-se no projeto “Espírito Santo sem lixão” em desenvolvimento pelo governo do estado do Espírito Santo e é direcionado ao aproveitamento do biogás proveniente do aterro sanitário construído por este projeto no município de São Mateus. O projeto atenderá a região norte do estado, através de um consórcio chamado CONORTE (Consórcio Público da Região Norte) que abrangerá quinze municípios da região, sendo eles Água Doce do Norte, Barra de São Francisco, Boa Esperança, Conceição da Barra, Ecoporanga, Jaguaré, Nova Venécia, Montanha, Mucurici, Pedro Canário, Pinheiros, Ponto Belo, São Mateus, Sooretama e Vila Pavão. Figura 6 – Mapa identificando a localização para implantação do aterro sanitário. Fonte: Espírito Santo, 2010 - Relatório de Impacto Ambiental – RIMA Centro de Tratamento e disposição adequada de resíduos sólidos de São Mateus/ES. A área de implantação desse aterro será localizada no km 41 da rodovia ES-381 no Nestor Gomes, onde possui uma área que atende as especificações para criação de um aterro, por se tratar de uma área que não é urbana e possuir uma boa direção de ventos que devem ser direcionados ao aterro e não à área urbana. Apresenta também disposição 19 de recursos superficiais e subterrâneos, acessibilidades, drenagem, área disponível e integração aos demais municípios contemplados. Segundo o relatório de impacto ambiental do Espírito Santo (2010), este aterro CTR São Mateus (Centro de Tratamento de Resíduos de São Mateus), comporta um total de 2.608.000t e uma vida útil de 20 anos, o que implica num controle e redução dos impactos ambientais da área a ser implantada. Além disso, o CTR São Mateus terá uma unidade de tratamento de chorume, uma unidade administrativa associada a um auditório para promoção de cursos de educação ambiental, e um sistema de duas balanças para controle de entrada e saída dos coletores de resíduos. A instalação de flares no aterro até a implantação final do sistema de recuperação do biogás depende da viabilidade econômica do aterro, que dependerá de um estudo. 3.1 DESCRIÇÃO DO ATERRO DO CTR EM SÃO MATEUS A implantação do Centro de Resíduos de São Mateus, (segundo o projeto do governo do estado do Espírito Santo), passou por minuciosos critérios para escolha da área que atendesse a especificação desejável para a implantação de um aterro sanitário. O referido projeto foi conseguido online pois o mesmo é disponível no site do governo do Espírito Santo. Neste projeto, em linhas gerais, será colocada uma manta de sacrifício, para cobrir a área e para evitar a presença de aves e entrada de chuva. Será implantado também um sistema de drenagem de água, para que não ocorra uma sobreposição dos resíduos e ainda serão fixadas canaletas de concreto, para drenagem de água pluvial. Os resíduos serão dispostos no aterro e compactados, sendo cobertos por uma membrana, aproveitando o espaço bem como o controle da proliferação de animais, garantindo a minimização dos fluidos percolados. Consta ainda um sistema de coleta de percolados e filtração de gases. No projeto original do governo do estado, não está incluso o aproveitamento de biogás, sendo assim serão instalados nos taludes e no topo do aterro, tubos galvanizados com queimadores nas extremidades, conforme Figura 6. Além disso, o CTR São Mateus abrange todos os programas do governo, englobando os de ordem federal, estadual e municipal. Estes programas visam, além de questões ambientais, à inclusão social e programas relacionados à saúde e conscientização. 20 Figura 6 – Queimadores de gases no topo do aterro. Fonte: Espirito Santo, 2010 - Relatório de Impacto Ambiental – RIMA Centro de Tratamento e disposição adequada de resíduos sólidos de São Mateus/ES. 3.2 LEVANTAMENTOS DE DADOS O CTR São Mateus ainda está em processo de construção, porém diante da importância que o biogás possui e suas diferentes formas de utilização já descritas neste trabalho, referentes aos municípios contemplados com o aterro, foram levantados dados no período de 12 de setembro de 2011 até o dia 23 de outubro de 2011 por meio dos sites das prefeituras e via telefone das mesmas. A sequência de municípios e suas respectivas quantidades de resíduos produzidos atualmente estão dispostas na tabela 3. Durante o levantamento dos dados foi encontrado uma dificuldade para obter informações das quantidades de lixo produzidas por alguns municípios, pois não são todas as prefeituras que possuem registro das quantidades e algumas não são responsáveis pela a coleta de seu lixo passando para empresas terceirizadas. Os dados obtidos foram referentes aos municípios de Barra de São Francisco, Boa Esperança, 21 Conceição da Barra, Jaguaré, Mucurici, Nova Venécia, Pedro Canário, Pinheiros e Sooretama. TABELA 3 - SEQUÊNCIAS DE MUNICÍPIOS E SUAS RESPECTIVAS QUANTIDADES DE RESÍDUOS PRODUZIDOS ATUALMENTE Municípios Nº de habitantes (IBGE, 2010) Quantidade de lixo t/ano Água Doce do Norte 11.771 4.020,28 Barra de São Francisco 40.610 13.870,00 Boa Esperança 14.199 4.664,37 Conceição da Barra 28.477 9.726,00 Ecoporanga 23.223 7.931,62 Jaguaré 24.718 8.442,20 Montanha 17.854 6.097,88 Mucurici 5.672 168 Nova Venécia 46.020 15.751,89 Pedro Canário 23.789 8.124,93 Pinheiros 23.891 8.159,76 Ponto Belo 6.970 2.383,00 São Mateus 109.067 117.822,44 Sooretama 23.860 8.149,18 Vila Pavão 8.672 2.961,84 Total 408.793 218273,39 Desta forma, toma-se como base o município de Barra de São Francisco, que foi um dos que os dados foram disponibilizados e que possui a coleta seletiva sendo mais precisa a identificação para o lixo orgânico que é o utilizado para produção do biogás. Assim nos municípios que disponibilizaram os dados, foi estimada a produção de lixo através de uma regra de três simples. Segundo a Recicloteca (Centro de Informações sobre Reciclagem e Meio Ambiente), cerca de 52% do lixo coletado no estado do Rio de Janeiro se trata de lixo orgânico, 44% reciclável e 4% são rejeitos. Para este adotou-se um percentual de 50%, tendo em vistas que outros autores diferem em torno de 50 a 58% a percentagem de lixo orgânico produzido. Assim foram gerados os dados conforme a tabela 5. TABELA 4 – ESTIMATISMA DE PRODUÇÃO DE LIXO ORGÂNICO POR MUNICÍPIO. Município Quantidade de lixo orgânico t/ano Água Doce do Norte 2010,14 Barra de São Francisco 6.935 Boa Esperança 2332,185 Conceição da Barra 4863 Ecoporanga 3965,81 Jaguaré 4221,1 Montanha 3048,94 Mucurici 84 Nova Venécia 7875,945 Pedro Canário 4062,465 Pinheiros 4.079,88 Ponto Belo 1.191,50 São Mateus 58.911,22 Sooretama 4.074,59 Vila Pavão 1.480,92 Total 109136,695 22 3.3 DETERMINAÇÃO DO POTENCIAL DO BIOGÁS A SER PRODUZIDO Existem várias formas de determinar a produção de biogás em aterros sanitários segundo o IPCC (International Panel on Climate Change). No entanto para este estudo adotou-se o método mais simples sugerido pela USEPA (United States Environmental Protection Agency,1997), por se tratar de um projeto de aterro que ainda não foi implantado bem como dificuldades em obtenção de dados referente a este. Cálculo segundo a USEPA: Q = população. Taxa de RSD. RSDF. 0,45. F equação 1 Onde: Q= metano gerado em m³/ano POPULAÇÃO= número de habitantes atendidos pelo aterro TAXA DE RSD= taxa de geração de resíduos sólidos por habitante por ano (kg/habitantes. ano). RSDF= taxa de resíduos coletados e dispostos no aterro (%) 0,45= volume de biogás gerado por 1 kg de resíduos sólidos m³/biogás/kg RSD. F= fração de metano no biogás. Conversão de toneladas para kg: 109136,695 x 1000 = 109136695,0 Identificação dos dados: População beneficiada= 408.793,00 habitantes Taxa de RSD: Resíduos sólidos/numero de habitantes por ano Taxa de RSD= 109.136.695,0/408.793,00 Taxa de RSD= 266,97 kg/habitante por ano Conversão de toneladas para kg: 218273,39 x 1000 = 218273390,0 equação 2 RSDF= quantidade de lixo orgânico/ quantidade de lixo coletado equação 3 RSDF=109.136.695/ 218273390,0 RSDF=0,5 ou seja, 50% F= considerou-se 0,4, ou seja, 40%, levando em consideração o IPCC que recomenda 50%, porém pesquisas feitas em vários aterros demonstraram um índice de 40% de metano no biogás produzidos nestes aterros. Q= 408.793,00 x 266,97 x 0,5 x 0,45 x 0,4 Q= 9.822.192,049 m³ de CH4 /ano Informação esta para o primeiro ano do aterro, levando em consideração que o tempo de vida útil desse projeto para construção do aterro será de 20 anos, adotou-se a seguinte premissa: Que a população cresça em torno de 1,13% por ano (IBGE, 2007); E que os resíduos sólidos aumentem 6,8% por ano, com base de informação o jornal O GLOBO em agosto de 2011. 23 Assim sendo, segue abaixo a estimativa de vazão de metano. Levando em consideração que a vazão de metano no começo do aterro geralmente é baixa, esta vazão vai aumentando durante o funcionamento do aterro, mas chega um ponto que essa vazão começa a diminuir. Como já foi descrito ao longo deste trabalho, foi simulada uma vazão com base nos dados obtidos para o aterro de São Mateus, seguindo os dados na tabela 6. TABELA 5 – ESTIMATIVA DE VAZÃO DE METANO. Ano 1 2 3 População Lixo orgânico (kg/ano) Taxa de RSD RSDF F Vazão 408793 413412,3609 109136695 116557990,3 266,97 281,94 0,5 0,5 0,4 0,42 9822192,049 11014681,96 418117,8206 124483933,6 297,72 0,5 0,44 12323721,72 4 422842,552 132948841,1 314,42 0,5 0,48 14358616,76 5 427620,6728 141989362,3 332,045 0,5 0,5 15973796,96 6 432452,7864 151644638,9 350,66 0,5 0,55 20642525,08 7 437339,5025 161956474,3 370,32 0,5 0,7 25508001,42 8 442281,4389 172969514,6 391,08 0,5 0,7 272423699,5 9 447279,2192 184731441,6 413,01 0,5 0,7 29095099,48 10 452333,4744 197293179,6 436,16 0,5 0,7 31066014,24 11 457444,8427 210709115,8 460,62 0,5 0,6 28445612,86 12 462613,9694 225037335,7 486,45 0,5 0,55 27848522,47 13 467841,5073 240339874,3 513,72 0,5 0,5 27038198,15 14 473128,1163 256682985,8 542,52 0,5 0,45 25988998,4 15 478474,464 274137428,8 572,94 0,5 0,4 24672344,35 Considerando que o aterro receba lixo até o ano dez da sua existência, é possível visualizar conforme a figura 6, um crescente aumento na produção, tendo em vista que a vazão do metano aumenta em função dos resíduos nele depositados. No entanto quando ele para de receber o lixo, essa vazão vai diminuindo, conforme figura 7. Figura 7 – Vazão do metano em função do tempo. 24 Segundo o Portal Club de Serviços e Negócios (apud CALCULADORA AMBIENTAL) uma casa popular consome em média 200kwh de energia por mês. Tomando com base essa informação, é possível dizer que a energia produzida através do biogás no CTR de São Mateus daria para abastecer 6.948,273 casas populares/ano, de acordo com a tabela 3 do capítulo 2, na qual foi efetuada a regra de três simples conforme os cálculos a seguir: Uma vazão de metano de: 217935,2 equivale a 1,44Mwh/d. Então: 576222025,4 (vazão obtida da simulação do CTR de São Mateus) equivalem a 3.807, 3686 Mwh/d. Em um ano obtém-se: 1.389.689,544 Mwh Dividindo por 200 Mwh obtém: 6.948,44 casas durante um ano. Usando em kWh: 6.948.440,00. Essa energia poderia ser usada também para secagem de grãos em propriedades rurais, já que a região da implantação do aterro possui muitos agricultores principalmente nas redondezas em que o projeto está destinado. Pode ainda ser utilizada como energia do próprio aterro, diminuindo as despesas do mesmo. 4 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÃO Através da diminuição significativa da emissão de gases poluentes na atmosfera e de ser uma fonte de receita alternativa, pois é considerada energia limpa, a produção de biogás em aterros sanitários é de fundamental relevância dentro do contexto de desenvolvimento sustentável. A população identificada durante a pesquisa foi de 408.793 habitantes que produzem no geral 218.273,39t/ano de resíduos, sendo 50% desses, orgânicos. A partir disso é possível notificar o potencial de produção de biogás que se convertido em energia pode favorecer o município, abastecendo 104.226.710,00 casas populares durante os anos de produção, o que se refere a 3.807,3686 Mwh/dia. Dentro do estudo apresentado é possível notificar o potencial de energia que o biogás pode oferecer durante a sua vida útil um potencial de 1.389.689,544 Mwh/ano. No entanto vale ressaltar que se trata de um estudo hipotético, pois alguns valores foram arbitrados, devido à dificuldade de levantamentos de dados durante a pesquisa e pelo fato do aterro ser apenas um projeto ainda em elaboração. Desta forma, foram atendidos os objetivos específicos propostos que era levantamento da região beneficiada pelo aterro, identificação das quantidades de resíduos produzidos, identificação da população beneficiada e determinação do potencial de produção de biogás. Conforme apresentado no objetivo geral, há uma possibilidade de utilização do biogás produzido no aterro sanitário, porém no primeiro momento não é possível dizer se o aterro é viável ou não, economicamente, pois essa resposta só seria concreta se tivesse mais informações sobre o projeto e as técnicas utilizadas no aterro, bem como a quantidade exata de resíduos destinados ao mesmo. 25 Pode-se perceber que o potencial identificado é bastante conveniente, porém ainda são necessários mais estudos para identificação de equipamentos e técnicas a serem utilizados para efeito de viabilidade econômica, pois para cada tipo de energia a ser adquirida é empregado um modelo de equipamento para retirada do metano que vem acompanhado de outros gases. Dessa forma, recomenda-se um aprofundamento deste estudo para que se possa ter uma real viabilidade técnico-econômica desta atividade para a região. REFERÊNCIAS 1. ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho cientifico. 5. ed. São Paulo: Atlas S.A, 2001, p.43. 2. CALCULADORA AMBIENTAL. Disponível em: <http://www.remaster.com.br/calculadora_ambiental.php>. Acesso em: 20 de nov.2011 3. CESTEB, SP. Biogás: Projeto e pesquisas no Brasil / CETESB, Secretária do Meio Ambiente; Organização Josileni Ticianelli Vannuzini Ferrer; responsável técnico João Wagner Silva Alves.- São Paulo : SMA, 2006. Disponível em : < http://www.cesteb.sp.gov.br>. 4. CORES DA RECICLAGEM DO LIXO. Disponível em: <http://www.portalsão Francisco.com.br/.../cores –da-reciclagem.php>. Acesso em: 30 abr. 2011 5. ESPÍRITO SANTO (Estado). Governador (2006-2010: Hartung) Relatório de impacto ambiental-RIMA. Centro de tratamento e disposição adequada de resíduos sólidos de São Mateus. Espírito santo, 2010. 6. FIGUEIREDO, Natalie Jimenez Vérdi. Utilização do biogás de aterro sanitário para geração de energia elétrica e iluminação a gás: estudo de caso geração do biogás do aterro de Essencis CTR Caieiras no ano de 2007. São Paulo: 2007 90p. Monografia (Bacharel em engenharia mecânica)-Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo,2007. 7. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. p.54. 8. IBGE Pesquisa Nacional de saneamento Básico. Disponível em: <http://www.IBGE.gov.br/home/estatística/.../defaut.shtm>. Acesso em: 05 mar.2011. 9. IBGE. Censo 2010 Espírito Santo. Disponível em: <http:/www.ibge.gov.br/homr/estatistica/populacao/censo2010/tabelas pdf/total populacao espirito santo.pdf>. Acesso em: 15 set. 2011. 10. ICLEI. Manual para aproveitamento de biogás, São Paulo, v. 1, 2006. Disponível em: <http://www.iclei.org/fileadmin/user_upload/documents/iacs/Portugues/Programas/m2 m/iclei_manual-_final72_dpi.pdf >. Acesso em: 16 mai. 2011. 26 11. MENDES, et al. Comparação entre métodos de estimativa de geração de biogás em aterro sanitário, Revista biociência Taubaté, v. 13, p.134-142 jul./dez, 2007. Disponível em:<http://periodicos.unitau.br/ojs2.2/index.php/biociencias/article/viewFile/200/166>. Acesso em: 20 out. 2011 12. OLIVEIRA,Luciano Basto. Potencial de aproveitamento de lixo e biodiesel de insumos residuais no Brasil. Rio de Janeiro: 2004, 247p. Tese (pós graduação em engenharia) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2004. 13. PECORA, Vanessa et al. Aproveitamento do biogás proveniente dos resíduos sólidos para geração de energia elétrica: estudo de caso em São Paulo, 2006. 27 PROTÓTIPO DE SISTEMA DE GESTÃO DE CUSTOS AGRICOLA DAS FAZENDAS ILÍDIO CERQUEIRA FILHO NO MUNICÍPIO DE PINHEIROS-ES Elisângela Gama5 Everton Cordeiro Ramos6 Temístocles Alves Rocha7 Vânia Alves Santana8 RESUMO O desenvolvimento deste trabalho tem como objetivo demonstrar a construção de um protótipo de sistema para gerenciar as despesas e lucros no escritório das Fazendas Ilídio Cerqueira Filho, situada na cidade de Pinheiros localizado no Norte do Espírito Santo, proporcionando assim a redução do tempo para a visualização do controle de entrada e saída. Utilizou-se para tanto, o emprego de pesquisa descritiva e exploratória, para a averiguação de resultados. Na obtenção de dados, utilizou-se como instrumento metodológico, o uso de fontes secundárias baseando-se em bibliografias para a construção de embasamento teórico e explicativo da pesquisa. Para a construção do protótipo utilizou-se ferramentas de modelagem que dão suporte na elaboração processual, conceitual, lógica e física do sistema e ferramentas para desenvolvimento com sintaxe de fácil entendimento e uma gama de recursos que dão ao projeto proposto base para solucionar os impedimentos encontrados em meio à execução do protótipo. Palavras-chave: Sistema. Controle. Ferramentas. ABSTRACT The development of this work aims to demonstrate the construction of a prototype system for managing expenses and profits in the office of Ilídio Cerqueira Son Farms, located in the city of Pines located in northern Espírito Santo, thereby providing a reduction of time for viewing control input and output. We used to do so, the use of descriptive and exploratory research for the investigation results. In obtaining data, was used as a methodological tool, the use of secondary sources based on bibliographies for the construction of theoretical and explanatory research. For the construction of the prototype we used modeling tools that support the preparation procedure, conceptual, logical and physical system and development tools with easy to understand syntax and a 5 Formada no Curso Superior Tecnológico de Análise e Desenvolvimento de Sistemas pela Faculdade Norte Capixaba de São Mateus - UNISAM 6 Formado no Curso Superior Tecnológico de Análise e Desenvolvimento de Sistemas pela Faculdade Norte Capixaba de São Mateus - UNISAM 7 Formado em Curso Superior em Tecnologia de Processamento de Dados pela FAESA - Especialista em Gestão da Educação: Habilitação em Administração, Supervisão e Orientação Escolar pela Faculdade Vale do Cricaré - Mestrando Energia pela UFES – Universidade Federal do Espírito Santo. 8 Aluna do curso Superior Tecnológico em Análise e Desenvolvimento de Sistemas pela Faculdade Norte Capixaba de São Mateus - UNISAM 28 range of features that give the proposed project basis to address the impediments found through the implementation of the prototype. Keywords: System. Control. Tools. 1 INTRODUÇÃO O protótipo “Sistema de Controle de Custos Agrícola” foi desenvolvido com o intuito de projetar um sistema para informatizar o escritório das Fazendas Ilídio Cerqueira Filho situado no Município de Pinheiros localizado no Norte do Estado do Espírito Santo, objetivando auxiliar em seus processos de tomadas de decisões, obtendo resultados com rapidez referentes às despesas e lucros, fornecendo para os gestores um controle das atividades agrícolas, sendo capaz de prever as consequências em nível de cálculo de resultados de todos os registros que nele forem realizados, tendo mais agilidade e facilidade na obtenção de informações, melhorando o gerenciamento e a organização da empresa. Devido os processos administrativos da fazenda, em questão, ainda serem realizados manualmente, há uma perda significativa de tempo que poderia ser utilizado em outras atividades que aumentariam por consequência uma visualização mais ampla e rápida dos lucros e despesas da mesma. Como a tecnologia e as ferramentas de desenvolvimento de sistemas tem tido grandes avanços nas ultimas décadas inserindo novos padrões tecnológicos no mercado, buscarse-á quais seriam os mecanismos de análise e desenvolvimento de sistemas que melhor auxiliariam no processamento, armazenamento, manipulação de dados e automação dos processos administrativos para a obtenção de informações rápidas e precisas e para a automatização dos processos que facilitam as prestações de serviços. O motivo pelo qual se busca essas inovações tecnológicas para a construção desse sistema é acima de tudo focado no fator competitivo no setor na qual as fazendas em questão se encaixam, pois a corrida por níveis mais altos de competitividade força as empresas desse setor a dispor de mais atenção às necessidade de seus clientes melhorando a qualidade da prestação de seus serviços com o uso de novas tecnologias. A importância do tema apresentado nesse trabalho está ligada às perceptíveis e atuais mudanças que estão ocorrendo nas empresas do setor que procuram alcançar maior qualidade em seus processos através de sistemas de informação automatizados e sofisticados. Algumas considerações teóricas são apresentadas neste projeto, para que possa fundamentar a pesquisa feita e uma detalhada descrição dos resultados alcançados, bem como algumas conclusões decorrentes da análise realizada. 29 2 ESTUDO DE CASO 2.1 OBJETO DE ESTUDO – FAZENDAS ILÍDIO CERQUEIRA FILHO Na década de 60 o Sr Ilídio Cerqueira saiu do Estado da Bahia e foi para a cidade de Pinheiros localizada no Norte do Estado do Espírito Santo. Almejando ingressar no setor agrícola adquiriu sua primeira fazenda com cinco hectares de extensão a qual denominou Campanário. Iniciou suas atividades com base na agricultura familiar cultivando mandioca e milho. Com o aumento da produção para atender a demanda do mercado o patriarca transfere a administração da propriedade para seu primogênito Ilídio Cerqueira Filho que em sua gestão cria as estratégias para o alcance de maiores lucros. Com a lucratividade obtida com a fazenda Campanário o administrador adquire parte do que hoje compõe a propriedade chamada Instância Ilênia, incluindo em sua produção o cultivo de abóbora, café, feijão e mamão. Em terras férteis as plantações se desenvolveram com rapidez e qualidade, sendo fator principal para o crescimento do seu capital, que possibilitou-o comprar fazendas vizinhas à sua área de produção, aumentando gradativamente seu patrimônio, assim dá-se inicio as Fazendas Ilídio Cerqueira Filho, tornando-se um dos maiores empregadores da cidade, ajudando no fortalecimento da economia local. As Fazendas Ilídio Cerqueira Filho possuem atualmente uma área produtiva de 706.7 hectares composta por cinco Fazendas, sendo: Fazenda Califórnia (99.9 ha), Fazenda Alegria (414 há), Fazenda Ambição (84.4 ha), Fazenda Instância Ilênia (48.4 ha) e Fazenda Arrendada (60 ha) que se dividem em 13 áreas produtivas delineadas por pivôs (sistema de irrigação). Em 1993, o controle de entrada e saída dessas Fazendas passa a ser gerenciado por sua cônjuge Josilene Cordeiro Orletti Cerqueira que controla os custos e lucros separadamente de cada produção. Os dados referentes a esses controles são feitos manualmente e inseridos na planilha do Excel, os dados inseridos no aplicativo são obtidos através dos relatórios escritos pelos gerentes. Que por conseqüência trás resultados demorados. Os lucros estão relacionados com a produção feita em cada pivô. As despesas são ligadas às necessidades de cada plantação quantificada no uso de insumos, defensivos, fertilizantes, consumo de energia e dentre outras despesas que surgem durante o período em que a plantação esta sobre o solo. 2.2 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS Neste capítulo são apresentados os dados obtidos na pesquisa realizada no escritório das Fazendas Ilídio Cerqueira Filho, situado no município de Pinheiros/ES. A apresentação dos resultados é demonstrada através de gráficos que facilitam sua interpretação e 30 visualização. Os gráficos correspondem às respostas obtidas através do questionário aplicado aos funcionários. O questionário foi aplicado ao setor administrativo das Fazendas Ilídio Cerqueira Filho, no qual é composto por 04 membros equivalente a 100% do quadro de funcionários. Percebe-se no gráfico 1, que 100% dos funcionários responderam que as falhas apresentadas pelo controle manual das entradas e saídas, afetam no rendimento da produtividade e na rapidez da visualização dos lucros e gastos obtidos. Gráfico 1: As falhas apresentadas pelo controle de entrada e saída afetam na qualidade e a rapidez do processo produtivo? Destaca-se no gráfico 2 que 50% dos funcionários encontram grande grau de dificuldade ao manusear os controles feitos manualmente, 25% responderam que o grau de dificuldade é regular, os outros 25% tem pouca dificuldade. Nenhum dos funcionários respondeu que não tem dificuldade ao manusear os controles. Gráfico 2: Qual o grau de dificuldade que você encontra ao manusear os controles manuais? 31 O gráfico 3 demonstra que a automação das atividades feitas manualmente é considerada por 2 funcionários que correspondem a 50% da amostra à alteração mais importante, 25% acreditam que a vantagem da alteração será na rapidez no processo das informações e os outros 25% no maior avanço tecnológico. Gráfico 3: Com o desenvolvimento de um sistema baseado no protótipo, qual alteração seria mais importante? No gráfico 4 apresenta-se que 100% dos funcionários consideram que os processos executados manualmente interferem na qualidade e rapidez do processo produtivo. Gráfico 4: Os processos executados manualmente interferem na qualidade e rapidez do processo produtivo? O gráfico 5 notifica que 100% dos funcionários do setor administrativo acreditam que haverá melhorias no processo produtivo do objeto estudado com a implantação de um sistema totalmente automatizado. 32 Gráfico 5: Com o sistema totalmente automatizado haverá melhorias no processo produtivo? Finalizada a apresentação e análise dos dados, e com base nas informações obtidas através do questionário, deu-se inicio a criação dos diagramas, dicionário de dados, e telas do protótipo. A modelagem de processos pode ser compreendida como uma maneira de representar como será o funcionamento do sistema baseado no protótipo proposto nesse estudo, nessa modelagem ilustra-se os ou atividades executadas e a transição de dados entre elas. O diagrama de contexto a ser aplicado neste estudo tem a funcionalidade de definir como o processo operacional interage com o ambiente. O diagrama tem a finalidade de exibir os fluxos dos dados que entram e saem das entidades externas, mostrando a operacionalidade do sistema em um processo completo como um único processo, ou seja, o próprio sistema. No diagrama de fluxo de dados nível zero tem-se a apresentação dos processos que se propõem em realizar com o sistema desenvolvido através do protótipo, mostra também as entidades externas, os depósitos de dados e os fluxos de dados entre as atividades. Dennis e Wixom (2005) falam que diagrama de relacionamento de entidades é um retrato que mostra as informações criadas, usadas e armazenadas. Em que o analista pode interpretá-lo para descobrir fragmentos individuais de informações no sistema e como estão organizados e relacionados entre si. A figura 1 ilustra-se o diagrama de relacionamento de entidades do protótipo onde percebe-se a organização dos relacionamentos entre as entidades, que auxiliam no entendimento das transições dos dados. 33 Figura 1 - Diagrama de Relacionamento de entidades. Os conceitos e técnicas da abordagem a objetos deste protótipo se fundamentaram no diagrama de caso de uso e no diagrama de classe. O diagrama de caso de uso mostra a interação entre os usuários externos e o sistema que posteriormente vem a ser desenvolvido com base no protótipo desse estudo, assim capturando os requisitos do objeto de estudo para a orientação no desenvolvimento. O diagrama de caso de uso a seguir comunica em um alto nível o que o sistema baseado nesse protótipo precisa fazer. 34 Protótipo SCCA Cadastrar Cliente Cliente Efetuar Pedido Pagar Pedido Cadastrar Cultura Usuário Cadastrar Pivô Cadastrar Usuário Cadastrar Fornecedor Solicitar Mercadoria Fornecedor Figura 2 - Diagrama de Caso de Uso O diagrama de classes demonstrado a seguir exibe a natureza estática do sistema a ser desenvolvido a partir desse estudo, ilustrando os relacionamentos entre as classes do sistema representando classes, que incluem atributos, estados e comportamentos. 35 Cliente Pedido +Cod_Cli +Nome Cli +CPF/CNPJ_Cli +RG_Cli +Endereco_Cli +Bairro_Cli +Cidade_Cli +UF_Cli +Email_Cli +Telefone_Cli +Celular_Cli +Observação_Cli +Cod_usu +alterar() +excluir() +pesquisar() +imprimir() +incluir() +Cod_Ped +Cod_Cli +Cod_Cul +Cod_Usu +Valor_Ped +Valortotal_Ped +Data_Ped +alterar() +excluir() +pesquisar() +imprimir() +incluir() Pivô +Cod_Piv +Nome_Piv +Cod_Usu +Cod_Cul +alterar() +excluir() +pesquisar() +imprimir() +incluir() Usuário +Cod_Usu +Nome_Usu +Login_Usu +Senha_Usu +alterar() +excluir() +pesquisar() +incluir() Fornecedor Caixa +Cod_Ven +Cod_Usu +Nome_Cul +Nome_Cli +Data_Ven +Pesoproduto_Ven +Quantproduto_Ven +Valortotal_Ped +Valortotal_Ven +alterar() +excluir() +pesquisar() +imprimir() +incluir() Mercadoria +Cod_Mer +Cod_Usu +Cod_Piv +Cod_Cul +Cod_For +Nome_Mer +Datacom_Mer +Quant_Mer +Valor_Mer +Valortotal_Mer +alterar() +excluir() +pesquisar() +imprimir() +incluir() Cultura +Cod_Cul +Cod_Usu +Nome_Cul +Datainicial_Cul +Datafinal_Cul +Nomegerente_Cul +alterar() +excluir() +pesquisar() +imprimir() +incluir() +Cod_For +Nome_For +CNPJ_For +Telefone_For +Email_For +Observação_For +Cod_Usu +alterar() +excluir() +pesquisar() +imprimir() +incluir() Figura 3 - Diagrama de Classes Com a análise dos dados e a elaboração dos diagramas com base nas informações obtidas através do questionário e das literaturas, com a finalidade de construir o protótipo do sistema capaz de gerenciar os controle de entrada e saída, arquitetou-se as telas do protótipo, que estão apresentadas abaixo. A tela de login no sistema apresentada a seguir, demonstra a entrada do usuário no sistema onde o mesmo inseri o seu login e senha para ter acesso as funcionalidades e processos. Figura 4 - Tela de Login 36 Após a entrada no sistema construído com base nesse estudo o usuário tem acesso à tela principal, onde ao clicar no menu cadastros ele irá encontrar os links para executar todos os cadastros do sistema e no menu movimentação o mesmo tem acesso as telas de caixa e pedido. Figura 5 - Tela Principal Na tela de cadastro de cliente encontram-se os campos destinados a inserir os dados do cliente, sendo nome, cadastro de pessoa física ou cadastro nacional de pessoa jurídica, registro geral, endereço completo, telefones e observação. Que possibilita ao usuário um acesso fácil aos clientes já cadastrados e um controle sobre as informações dos mesmos. Figura 6 - Tela de Cadastro de Clientes 37 Na tela de Cadastro de pivô têm-se o campo código que identifica qual é o número de controle da área de terra, esse código é preenchido automaticamente. Os campos nome e cultura são preenchidos pelo usuário, onde nome identifica a nomeação da área dada pelos gestores e o campo cultura identifica a plantação que está sobre o solo da mesma. Figura 7 - Tela de Cadastro de Pivô. A tela de cadastro de mercadorias registra os itens solicitados pelo objeto de estudo ao fornecedor, onde código é uma variável auto-incremental destinada a organização dos itens, descrição é o campo onde se descreve a mercadoria solicitada, fornecedor representa de quem se solicitou mercadoria, pivô é onde essa mercadoria vai ser aplicada, cultura é onde a mesma será usada, quantidade exibe o quanto de solicitou e valor unitário é o valor individual de cada mercadoria, o campo valor total se preenche automaticamente a medida em que as mercadorias são lançadas na tela. Figura 8 - Tela de Cadastro de Mercadorias 38 Na tela caixa apresentam-se os campos onde se registram as venda efetuadas. Lançando a cultura de onde o produto foi extraído, qual cliente está adquirindo, a data da venda, o peso do produto, a quantidade, o valor do pedido e o valor total da nota, após o lançamento desses dados, clica-se no botão de relatório e é impresso a lista de tudo que foi adquirido, bem como os seus respectivos valores e o valor totalitário da venda. Figura 9 - Tela de Caixa Na tela de cadastro de usuários apresentadas a baixo tem-se os campos: Código que é preenchido automaticamente pelo sistema, nome onde é inserido o nome do novo usuário que terá acesso ao sistema desenvolvido com base nesse protótipo e o login e senha para a realização da entrada do novo usuário ao sistema. Figura 10 - Tela de Cadastros de Usuários Na tela cadastro de cultura apresentada a seguir exibi-se os dados necessários para o cadastro da cultura ser realizado com sucesso, onde código que é preenchido automaticamente pelo sistema, nome representa o nome da plantação que será introduzida no solo, data inicial é a data de inicio da safra, data final é a data de finalização da safra e o campo gerente é onde se identifica qual é o gestor responsável pela plantação. 39 Figura 11 - Tela de Cadastro de Cultura Em análise a tela pedido exibida abaixo apresentam-se os campo: Cógido, que é autoincremental, ou seja, preenchido automaticamente pelo sistema, cliente onde se inclui o cliente que fez a solicitação do produto, o campo cultura que mostra qual é o produto requerido, valor mostra o valor a ser pago, total do pedido representa o valor total do pedido feito e data do pedido é qual a data que o pedido será atendido. Figura 12 - Tela de Cadastro de Pedido Na tela cadastro de fornecedor têm-se o controle de quais são os abastecedores do estoque, onde o campo código é preenchido automaticamente pelo sistema, nome identifica qual é o fornecedor da mercadoria, CNPJ é o cadastro nacional de pessoa jurídica, telefone é o numero de contato com o abastecedor, e-mail é o endereço eletrônico do mesmo, e o campo observação é onde se insere as demais informações necessárias para contato com os fornecedores. 40 Figura 13 - Tela de Cadastro de Fornecedor 3 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 3.1 CONCLUSÕES Este estudo permitiu observar que o controle dos custos e lucros das Fazendas Ilídio Cerqueira Filho podem vir a ser executados com a criação de um sistema baseado na ideologia e na análise realizada para a construção do Protótipo SCCA. Sendo assim, todo trabalho manual que acarreta uma perda de tempo seria extinto, auxiliando os gestores numa visão eficiente das informações necessárias para traçarem suas estratégias de mercado. Partindo dos procedimentos usados no trabalho adquirimos embasamento nas informações coletadas dos funcionários das Fazendas Ilídio Cerqueira Filho que relataram o principal problema da empresa, sendo assim, mencionamos nos objetivos gerais e específicos como essas questões foram declaradas. Para a solução do problema, buscamos usar mecanismos como: coleta e analise de dados e fontes de informações para o alcance dos resultados obtidos. O objetivo geral desse estudo foi de desenvolver um protótipo capaz de fazer um controle das entradas e saídas dos lucros do objeto de estudo. Assim, o mesmo foi respondido no capítulo 3 deste estudo, pois com a obtenção das informações a partir do questionário aplicado, dado inicio processo de construção do Protótipo SCCA . O primeiro objetivo especifico proposto foi de buscar informações na literatura sobre o tema estudado. Como mostra o capítulo 2, o mesmo foi alcançado, pois com base nas informações contidas nas bibliografias estudadas obteve-se embasamento para desenvolver o protótipo. 41 No segundo objetivo específico onde foi proposto levantar as necessidades das Fazendas Ilídio Cerqueira Filho para o desenvolvimento do protótipo, foi realizada uma visita ao escritório para observação das necessidades presentes na gestão, onde se analisou os dados usados para realizar os controles dos lucros e custos. Respondendo ao terceiro objetivo específico que busca desenvolver um modelo do sistema com todos os processos necessários para atender a necessidade da gestão administrativa das Fazendas Ilídio Cerqueira Filho, destaca-se o estudo de caso e análise dos dados presentes no item 2 deste artigo, que evidenciam a criação do protótipo, de um sistema totalmente adaptado à realidade das Fazendas. Conclui-se então que o Protótipo de Sistema de Controle de Custos Agrícola que foi desenvolvido para as Fazendas Ilídio Cerqueira Filho, situado na cidade de Pinheiros – ES apresenta resultados positivos diante da realidade do escritório, pois a utilização de um sistema de informação criado com a ideologia e análise presentes nesse estudo proporcionarão aos funcionários envolvidos no processo administrativo maior rapidez e qualidade na execução de suas atividades. 3.2 RECOMENDAÇÕES As atividades agrícolas nos últimos anos têm obtido um grande crescimento, e esta contém uma grande representatividade no mercado nacional, porém, mesmo com esses avanços, há poucos estudos dos controles de entradas e saídas de maneira otimizada direcionados para atividades administrativas relacionadas à agricultura, principalmente no quesito tecnologia. Dessa forma, recomenda-se que seja desenvolvido e implementado um sistema baseado no Protótipo SCCA criado neste estudo, para atender as Fazendas Ilidio Cerqueira Filho. Recomenda-se também que estudos relacionados à informatização das atividade administrativas ligadas à agricultura sejam realizados, principalmente sobre inovações tecnológicas que são fundamentais para que esse importante segmento continue crescendo. REFERÊNCIAS 1. BARBOSA, Genilton. Boleto Bancário em Delphi. 1.ed. Florianópolis: Visual Books,2002 2. CAMPOS, André. Sistema de Segurança da Informação. 2 ed. Florianópolis: Visual Books, 2007. 3. COCIAN, Luis Fernando Espinosa. Manual da Linguagem C. 1.ed. Canoas: Ulbra, 2004. 4. COUGO, Paulo Sérgio. Modelagem Conceitual e Projeto de Banco de Dados. 18 reimpressão, Rio de Janeiro: Elsevier, 1997 42 5. DENNIS, Alan; MIXON, Barbara Harley. Análise e Projeto de Sistemas. 2.ed. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2005. 6. FOINA, Paulo Rogério. Tecnologia da Informação: planejamento e gestão. 1.ed. São Paulo: Atlas,2007. 7. HEUSER, Carlos Alberto. Projeto de Banco de Dados. 6.ed. Porto Alegre: Bookman, 2009. 8. LAUDON, Renneth C.; LAUDON, Jane P. Sistema de Informação Gerencial. 7.ed. São Paulo:Pearson, 2007. 9. LIPPMAN, Stanley B. C# um Guia Prático. 1.ed. São Paulo: Artmed Editora S.A., 2003 10. MACHADO, Felipe Nery Rodrigues. Projeto e implementação de banco de dados. 2.ed. São Paulo: Érica, 2008 11. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do Trabalho Científico. 6.ed. São Paulo: Atlas, 2006. 12. MAXIMIANO, Antonio Cesar Amuru. Teoria Geral da Administração da Revolução Urbana à Revolução Digital. 6.ed. São Paulo: Atlas, 2010. 13. NORTON, Peter. Introdução à Informática. 1.ed. São Paulo: Pearson Makron Books, 1996. 14. OLIVEIRA, Jayr Figueiredo de. Sistemas de Informação: um enfoque gerencial inserido no contexto empresarial e tecnologia. 3.ed. São Paulo: Érica, 2000. 15. SAID, Ricardo. Curso de Lógica de Programação. 1.ed. São Paulo: Digerate Book, 2007. 16. SHARP, John. Microsoft Visual C# 2008: Passo a Passo. 1.ed. Porto Alegre: Bookman, 2008. 17. TACHIZAWA, Takeshy. Gestão Ambiental e Responsabilidade Social Corporativa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008. 18. TEOREY, Toby J. Projeto e Modelagem de Banco de Dados. 4.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. 43 TERMINAL NORTE CAPIXABA DE SÃO MATEUS – ESPÍRITO SANTO: COMO O EMPREENDEDOR TRANSPETRO ACOMPANHA OS IMPACTOS SOCIOECONÔMICOS E AMBIENTAIS NA COMUNIDADE DE CAMPO GRANDE Éricka de Souza Colombi9 Júlio Flávio Soares10 Karla Karolliny Emídio da Silva11 Wilton Silva Rocha12 RESUMO Este trabalho tem como principal objetivo apresentar de forma concisa como o Terminal Norte Capixaba de São Mateus - que é operado pela empresa TRANSPETRO, que atua no ramo de Petróleo - se relaciona com a comunidade de Campo Grande, ressaltando os impactos socioeconômicos e ambientais gerados. O foco principal foi a identificação dos pontos positivos e negativos que surgiram após a implantação do empreendimento e como a empresa monitora e gerencia essa situação, por meio de programas de integração socioeducativos visando à conscientização da comunidade do entorno. PALAVRAS-CHAVES: Empresa; Petróleo; Conscientização. ABSTRACT This work has as main objective to present concisely as the North Terminal Capixaba of St. Matthew - which is operated by Transpetro, which operates in the field of Oil relates to the community of Campo Grande, emphasizing the socioeconomic and environmental impacts generated. The main focus was to identify the strengths and weaknesses that have emerged after the implementation of the project and how the company monitors and manages this situation by means of integration programs aiming at the socio-educational community awareness of the surroundings. Keywords: Company; Petroleum; Awareness. 1 INTRODUÇÃO Diante dos grandes avanços econômicos pelos quais o mundo está passando, não se pode deixar de mencionar um dos fatores que mais contribui para esse desenvolvimento socioeconômico da humanidade, que é o petróleo. Quando se trata da questão econômica, ele movimenta o mundo, trazendo desenvolvimento e riquezas para os países que o exportam e os que dispõem de tecnologia derivada do produto. 9 Graduada em Petróleo e Gás pela Faculdade Norte Capixaba de São Mateus – UNISAM. Especialista em Direito Processual Penal, Civil e Administrativo e Professor da Faculdade Norte Capixaba de São Mateus. 11 Graduada em Petróleo e Gás pela Faculdade Norte Capixaba de São Mateus – UNISAM. 12 Graduado em Petróleo e Gás pela Faculdade Norte Capixaba de São Mateus – UNISAM. 10 44 Contudo, na questão ambiental, sabemos que desde o processo de extração até transformação química do petróleo há prejuízos, pois o mesmo pode agredir o meio ambiente em todas as etapas: durante a extração, devido à possibilidade de derrame; durante o transporte, durante o refino, onde ocorre a emissão de gases na atmosfera, impactando no aumento do efeito estufa e até mesmo no consumo. Considerando os possíveis impactos ambientais, nas últimas décadas, as empresas exploradoras de petróleo perceberam a necessidade de uma gestão de recursos para direcioná-los a uma prática voltada para a sustentabilidade, através de um gerenciamento adequado. Nesse contexto insere-se a preocupação com a comunidade presente no local onde a empresa atuará, pois se entende fazer parte do leque de preocupações ambientais. Dessa forma, deve-se buscar acompanhar a percepção da empresa, mesmo após a implantação do projeto e durante todo o ciclo de vida do mesmo. No Brasil, os impactos ambientais são avaliados por dois documentos: o EIA (Estudos de Impactos Ambientais), que aprofunda o estudo dos impactos ambientais que o empreendimento possa vir a gerar e o RIMA (Relatório de Impactos Ambientais), que apresenta uma linguagem mais acessível para facilitar a análise por parte do público interessado. O embasamento jurídico é a Lei Federal nº. 6.938/81, que estabeleceu a Política Nacional do Meio Ambiente se tornando o maior instrumento utilizado pelos órgãos ambientais no Brasil. A audiência pública, ato solene executado antes da aprovação do projeto, já envolve as comunidades na análise dos impactos ambientais decorrentes do empreendimento. O envolvimento da comunidade do entorno é fator de extrema importância. Demonstra um processo legal e democrático, proporcionando o exercício da cidadania e a troca de informações, produzindo um bom relacionamento entre ambas as partes. Neste contexto, surge então a execução de um estudo de caso com o objetivo de observar como uma empresa que atua no ramo de petróleo lida com questões ambientais e socioeconômicas da comunidade do entorno após a implantação do empreendimento. Em virtude disso, este trabalho busca através de entrevistas e pesquisas realizadas a resposta do seguinte problema: Em que a implantação do Terminal Norte Capixaba afetou o entorno, especificamente a comunidade de Campo Grande, e se há preocupação da empresa em monitorar os impactos gerados? Para proporcionar melhor entendimento em relação ao problema a pesquisa pretende alcançar os seguintes objetivos específicos: Entrevistar os habitantes da comunidade de Campo Grande; Analisar o local, os pontos positivos e negativos, se houver; Mostrar a importância da realização desse estudo. Acredita-se que ao final da pesquisa será identificado que a empresa está acompanhando de maneira adequada os impactos gerados com a implantação desse empreendimento, solucionando os possíveis problemas. 45 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 IMPLANTAÇÃO DE UMA EMPRESA PETROLÍFERA O processo de implantação de uma empresa em determinada área não é uma tarefa tão simples para se executar, principalmente quando o empreendimento é de potencial poluidor, como é o caso das empresas que atuam na área do petróleo e que atualmente, dão subsídio para o elevado crescimento da economia nacional e internacional. Sabe-se que uma empresa com esse potencial é nociva ao meio ambiente, gerando assim, grandes preocupações e por isso, antes de sua implantação, é preciso que se cumpra a legislação ambiental em vigor atendendo às condicionantes exigidas. Cabe ressaltar que a preocupação ambiental vem crescendo cada vez mais, não só em empresas petrolíferas, mas sim, nas demais organizações, visando a atingir um desempenho ambiental satisfatório, controlando os impactos gerados em suas operações, e com isso, a legislação ambiental vem se tornando cada vez mais exigente. Nesse contexto, com o intuito de proporcionar que as organizações alcancem de forma eficaz seus objetivos econômicos e ambientais, foram criadas as normas de gestão ambiental. A política Nacional do Meio Ambiente – lei 6.938/81 em seu artigo 3º define Meio Ambiente como “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. Com base nesta definição, percebe-se a grande responsabilidade que o empreendimento deve assumir nas suas atividades, pois qualquer falha na operação pode modificar completamente o meio ambiental, podendo causar danos irreversíveis. Para manter o controle dessas atividades e dar proteção ao meio ambiente, além do sistema de gestão ambiental, a empresa precisa obter o licenciamento ambiental antes de sua instalação. 2.2 LICENCIAMENTO AMBIENTAL CONAMA (1997, p. 1), em seu artigo 1º define licenciamento ambiental como: Procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso. CONAMA (1997, p. 2 e 3), em seu artigo 8º, expõe que: O Poder Público, no exercício de sua competência de controle, expedirá as seguintes licenças: 46 I – Licença Prévia (LP) – concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação; II – Licença de Instalação (LI) – autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental, e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante; III – Licença de Operação (LO) – autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinadas para a operação. Kahn (2003, p. 75) discorre sobre a concessão do licenciamento ambiental, afirmando que: A Política Nacional do Meio Ambiente – lei 6.938/81, nos seus artigos 10 e 11, estabeleceu as competências para concessão do licenciamento ambiental. Por aquela lei, compete primariamente ao órgão ambiental estadual licenciar atividades ou obras consideradas potencialmente poluidoras. A mesma lei determina que a União, através do IBAMA, poderá atuar supletivamente licenciando, na falta de iniciativa do órgão ambiental estadual, ou de forma obrigatória, quando a atividade ou obra representar significativo impacto ambiental nacional ou regional, desde que seja considerado significativo. Segundo o IBAMA, o licenciamento ambiental é uma obrigação legal prévia quando se quer instalar qualquer empreendimento ou atividade que tenha caráter poluidor ou que seja nociva ao meio ambiente e possui como característica muito forte a participação da comunidade na escolha das decisões, apresentando o teor do estudo aos interessados, sendo este processo chamado de Audiência Pública. O IBAMA é o órgão executor do SISNAMA (Sistema Nacional de Meio Ambiente) com capacidade para autorizar projetos de grandes infra-estruturas, que possam causar impactos em demais estados, além de licenciar as atividades que envolvam exploração e produção de petróleo, ou seja, atividades realizadas na plataforma continental. Segundo Kahn (2003, p. 77): As atividades de exploração e produção de petróleo na plataforma continental são licenciadas pelo IBAMA. Existe um instrumento denominado “Termo de Referência” e é através dele que o órgão concedente da licença determina os elementos que julga necessário fornecer para que o corpo técnico do órgão concedente possa analisar os pontos que considera importantes.Este estudo é muito importante no sentido de dar maior segurança a quem irá deferir ou indeferir o pedido de licença ambiental. O “Termo de Referência” citado por Kahn (2003) consiste em uma ferramenta poderosa para efetuar o Estudo de Impacto Ambiental, pois o mesmo oferece subsídio para que se concretizem os objetivos do empreendimento e consequentemente atinjam as metas desejadas. O conceito de impacto ambiental, segundo Valle (2010) é definido como a modificação do meio ambiente em relação às suas propriedades químicas, físicas e biológicas, 47 causadas pela ação do homem de forma direta ou indireta provocando alteração nas atividades socioeconômicas, bem como a qualidade dos recursos ambientais. Por isso quando se tem algum projeto de grande influência a ser implantado em determinada área, se faz necessário realizar um estudo de impacto ambiental (EIA), visto que esse projeto possa ocasionar consideráveis alterações ao meio ambiente. Considerando que o EIA é um documento técnico com informações relacionadas ao processo e por conter características das instalações não acessíveis a qualquer cidadão, ou seja, restritas, se fez necessária a criação de um documento elaborado em uma linguagem mais simples, de forma que todos tenham acesso, permitindo a formação de um conceito do empreendimento. Esse documento é denominado RIMA. Sendo assim, percebe-se a grande importância que os estudos elaborados com base nas legislações existentes exercem, porém isso não é o bastante. Esses documentos não são criados para ficarem apenas no papel, mas sim, devem ser colocados em prática, visando principalmente o desenvolvimento sustentável, com o auxílio de programas que envolvam responsabilidades sociais e educação ambiental. 2.3 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL Se baseando na Política Nacional de Educação Ambiental, Valle (2010, p. 35) expõe o conceito de educação ambiental: [...] os processos por meio dos quais o individuo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. Esses processos, de um modo geral, consistem numa forma de conscientizar as partes interessadas para atingir um único objetivo: preservar o meio ambiente. Essa conscientização é obtida por meio de inúmeras ações, como palestras, seminários externos e internos, campanhas, etc. que devem ser implantadas pela organização. A responsabilidade social é um fator de extrema importância, pois faculta à comunidade o poder de permitir que o empreendimento exista. Nesse sentido, a empresa se sujeita a atender às expectativas da sociedade, comprometendo-se também com os problemas sociais, caso pretenda permanecer em longo prazo. Segundo Donaire (2009) apud Carrol (1979) observou-se que essa responsabilidade social das organizações refere-se às expectativas socioeconômicas e éticas, as quais a sociedade espera que as empresas realizem em um tempo determinado. Desse modo, o empreendimento deve dispor de ferramentas que proporcionem um pleno funcionamento de suas atividades e cumprir com suas responsabilidades visando manter o bom relacionamento com a comunidade e demais interessados atendendo aos seus respectivos anseios. 48 3 METODOLOGIA Para a realização do trabalho adotou-se a pesquisa descritiva que segundo Gil (2007, p. 42) tem como “objetivo primordial a descrição das características de determinada população por fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis”. Vale ressaltar que os fatos neste tipo de pesquisa “são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados, sem que o pesquisador interfira neles” (ANDRADE, 2006, p. 124). A sustentação desse trabalho se dá por meio de informações obtidas através de pesquisas em documentos, internet, questionários e entrevistas. Sendo assim, através destes, foi realizado um estudo de caso com a comunidade de Campo Grande em relação ao TNC. 4 ESTUDO DE CASO O estudo de caso foi realizado no Terminal Norte Capixaba, que se trata de um terminal aquaviário de estocagem de óleo pesado e leve, especificamente situado na área rural de Campo Grande, município de São Mateus. Por se encontrar entre o mar, mangues e comunidades próximas, a região onde o TNC está localizado se torna muito sensível, e por isso, considerando esses fatores, antes da implantação do TNC - sendo o mesmo situado em uma área que já se encontrava desmatada antes de sua construção - foi realizado um estudo dos impactos ambientais, no qual foi elaborado o RIMA, baseando-se no Termo de Referência aprovado pela Secretaria de Estado para Assuntos do Meio Ambiente-SEAMA, por atender a legislação ambiental em questão. O RIMA (2002) do TNC apresenta em uma linguagem direta, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), disponibilizando os resultados do mesmo para a sociedade, de acordo com os procedimentos do processo de licenciamento ambiental da empresa. A construção do Terminal Norte Capixaba viabilizou a permissão do escoamento da nova curva de produção da Unidade de Negócios de Exploração e Produção do Espírito Santo, área de ação do Ativo de Produção Norte Capixaba (UNES/ATPNC), principalmente do óleo pesado proveniente do campo de Fazenda Alegre. (RIMA, 2002, pag. 10). Em relação às atividades do empreendimento, o óleo pesado é extraído dos campos onshore do Espírito Santo, tratado na Estação Fazenda Alegre e encaminhado através de dutos para o TNC. Esse sistema de transporte através de dutos foi desenvolvido para atender as necessidades de escoamento e operação da Estação de Fazenda Alegre e do Terminal Norte Capixaba, sendo prevista a construção de um sistema composto por cinco dutos, com o intuito de: 49 Escoar o óleo da Estação de Fazenda Alegre para o Terminal Norte Capixaba e deste para a instalação de embarque; Escoar o gás combustível da Estação de Fazenda Cedro para a Estação de Fazenda Alegre; Interligar o oleoduto São Mateus - Fazenda Cedro ao Terminal Norte Capixaba; ( RIMA,2002, p. 09) Além de apresentar os impactos ocasionados com a construção do empreendimento, o RIMA do TNC também apresenta diversos fatores como as influências sobre a economia Estadual e Municipal, A instalação do Terminal Norte Capixaba representa uma excelente oportunidade para os municípios de São Mateus e Jaguaré ampliarem o seu dinamismo econômico, suas vantagens locacionais e aumentar substancialmente sua capacidade de investimento em infra-estrutura e programas sociais voltados para a população do seu município, em decorrência do crescimento da arrecadação de ISS e ampliação da participação na divisão dos royalties e no ICMS.(RIMA,2002, p. 60) De fato, com a instalação do TNC, consequentemente houve um aumento significativo do turismo na Comunidade de Campo Grande e as demais comunidades do entorno, bem como o aumento da população (Gráfico 1), pela valorização dos terrenos e a criação de estradas na região após a chegada do Terminal. GRÁFICO 1 – AUMENTO DA POPULAÇÃO E DO TURISMO 3.1 CERTIFICAÇÃO DA EMPRESA Em sua política interna, o Terminal Norte Capixaba é certificado na ISO 14001; ISO 9001 e OHSAS 18001. Quanto à questão de comunidades a política ambiental trata da seguinte forma: A alta administração deve definir a política ambiental da organização e assegurar que, dentro do escopo definido de seu sistema da gestão ambiental, a política: 50 a) seja apropriada à natureza, escala e impactos ambientais de suas atividades, produtos e serviços, b) inclua um comprometimento com a melhoria contínua e com a prevenção de poluição, c) inclua um comprometimento em atender aos requisitos legais aplicáveis e outros requisitos subscritos pela organização que se relacionem a seus aspectos ambientais, d) forneça uma estrutura para o estabelecimento e análise dos objetivos e metas ambientais, e) seja documentada, implementada e mantida, f) seja comunicada a todos que trabalhem na organização ou que atuem em seu nome, e g) esteja disponível para o público. (ISO 14001:2004, p. 4) Conforme o exposto acima, a ISO expõe a defesa e preservação do meio ambiente, por meio da implantação de sistemas de gestão ambiental dentro da organização, além do compromisso com o público. De fato, o meio ambiente está vulnerável à ação do homem que é o responsável pelo desequilíbrio do mesmo, gerando grandes impactos e com isso, afetando todo o planeta. Levando em consideração o estudo realizado, a organização ao implantar o empreendimento fez uma avaliação do local escolhido e dos possíveis impactos que seriam gerados com a formulação do RIMA, acima mencionado, tendo em vista o desenvolvimento sustentável, onde a empresa assume o comprometimento com a população local, de modo que todos tenham qualidade de vida e direito ao meio ambiente equilibrado ecologicamente, sendo preservado e defendido não só para a presente geração, mas também para as gerações futuras. Assim sendo, o Terminal Norte Capixaba foi o empreendimento contemplado para este estudo com o intuito de observar como a empresa acompanha os respectivos impactos que surgiram na comunidade do entorno durante sua instalação. Levando em consideração que o TNC atua no ramo da logística da indústria do petróleo, a possibilidade de impactos ambientais e socioeconômicos é identificado no levantamento de aspectos e impactos da indústria do petróleo. Em tratando das responsabilidades sociais do TNC, de acordo com o RIMA foram criados programas de monitoramento e acompanhamento dos impactos ambientais de natureza preventiva e/ou mitigadora que foram implementados pela Petrobrás. Programa de Educação Ambiental - Promover Programa de Educação Ambiental para os trabalhadores e Comunidade adjacente ao Empreendimento, durante sua fase de implantação, com o objetivo de transmitir informações e conceitos importantes para a preservação do meio ambiente. Programa de Comunicação Social Empresa-Comunidade. - Para que sejam evitadas expectativas infundadas sobre o Empreendimento, deverá ser desenvolvido um Programa de Comunicação Social Empresa-Comunidade para informar à população quais são os reais impactos e benefícios que serão gerados. Programa de Saúde e Segurança do Trabalhador - Implantar programas preventivos de saúde e segurança do trabalho, durante a construção e operação do Terminal Norte Capixaba, conforme as exigências das normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho. (RIMA, 2002, p. 71) 51 Durante a visita ao Terminal Norte Capixaba, o representante técnico de meio ambiente afirmou que esses programas são realizados com frequência no regime interno da empresa e com o meio externo, que representa a comunidade. GRÁFICO 2 - PROGRAMAS DE MONITORAMENTO E ACOMPANHAMENTO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS. 3.2 COMUNIDADE DE CAMPO GRANDE Campo Grande é um município de São Mateus – Espírito Santo e tem uma população de 253 moradores. Sua localidade é à beira da praia e também do manguezal. TABELA 1 - POPULAÇÃO RESIDENTE, DIVISÃO POR SEXO E FAIXA ETÁRIA (2009). Faixa Etária <1 1a4 5a6 7a9 10 a 14 15 a 19 20 a 39 40 a 49 50 a 59 >60 Total Sexo Masculino 1 13 1 7 12 13 35 18 14 15 129 Feminino 11 10 6 14 11 44 14 8 6 124 Fonte: Petróleo Brasileiro S.A. - Ativo de Produção Norte Capixaba. Com as entrevistas realizadas na comunidade, é perceptível que a principal atividade econômica dos moradores da comunidade provém basicamente da cata dos caranguejos e da pesca. No local há apenas um bar e outro morador que comercializa na porta de sua casa alguns alimentos supérfluos. Desse modo, é perceptível a precariedade do comércio na comunidade. 52 A geração de empregos se intensificou com as atividades petroleiras, devido à implantação do Terminal Norte Capixaba, porém a pesca também é exercida como uma profissão. Se for feito um comparativo entre as duas comunidades que ficam mais perto do Terminal, a comunidade de Campo Grande se destaca na Educação, pois tem uma escola que atende até o 5º ano (Figura I), uma unidade de saúde e um centro de convivência (Figura II) que foi instalado em 2005 pela Petrobrás. No centro de convivência, as pessoas se reúnem no auditório, e há também outras salas para realização de cursos, como por exemplo, o curso de informática. FIGURA I – ESCOLA EM CAMPO GRANDE. FIGURA II – CENTRO DE CONVIVÊNCIA. Fonte das Figuras I e II: Petróleo Brasileiro S.A. - Ativo de Produção Norte Capixaba. Por outro lado, quando o assunto é serviço público, Campo Grande se encontra em um patamar inferior ao de Barra Nova, pois segundo um estudo feito da PETROBRAS, apenas 5,4% da população recebe abastecimento de água pela rede pública e 45,9% através de poços ou nascentes e o restante através de outras maneiras. Segundo um morador da comunidade muitas famílias recebem água do carro pipa. A implantação do Terminal Norte Capixaba em Campo Grande gerou pontos positivos e negativos (Gráfico 3) para a comunidade. Com base nos dados apurados durante a entrevista realizada, foi possível perceber a alteração de alguns fatores a se pontuar: Como ponto positivo, houve a geração de emprego para os próprios moradores da comunidade, de modo que na maior parte das famílias da região, há uma pessoa ingressada no TNC. Houve a abertura de estradas com a movimentação frequente de veículos de pequeno e grande porte, ligando a BR 101 para permitir a flexibilidade do acesso ao TNC, possibilitando o aumento do fluxo de pessoas pelas comunidades. 53 O advento da energia elétrica após a instalação do empreendimento, foi também um ponto de grande destaque, levando em consideração que antigamente isso era uma possibilidade remota. A diminuição nas atividades de cata de caranguejos (Gráfico IV), que antes, eram abundantes na região na qual dava aos moradores o direito de escolhê-los sem grandes esforços no processo da cata, graças ao aumento da população na comunidade. Os moradores também alegam que houve um derrame de óleo que afetou o mangue no ano de 2005, provocando a escassez de caranguejos na região, porém a empresa alega que a doença do caranguejo foi o motivo para a quase erradicação destes na região. Sobre a doença do caranguejo, Coimbra (2005, p.1) comprova: A síndrome ou doença do caranguejo letárgica afeta o caranguejo-uçá (ucides cordatus), o mais consumido, e leva o animal contaminado à morte em 12 horas. O animal contaminado não reage a estímulos e não resiste à manipulação. A doença é causada pelo fungo do filo Ascomycota, subfilo Pezizomycotina, como aponta um grupo de pesquisadores do Paraná. A doença do caranguejo chegou ao Espírito Santo há menos de dois meses, mas só na semana passada o Ibama foi informado do problema. O primeiro foco foi identificado em Campo Grande, no município de São Mateus, norte do Estado. A partir deste acontecimento, a quantidade de caranguejos em Campo Grande diminuiu consideravelmente conforme o previsto, porém fica exposto que a TRANSPETRO não contribuiu para tal desequilíbrio. Coimbra (2005, p.1) ainda ressalta: O coordenador do Grupo Gestor diz não ter procedência a informação de pescadores de Campo Grande de que os animais morreram afetados por poluentes lançados pela Petrobras. Na região houve vazamento de betonita, há cerca de um mês, mas o acidente foi restrito a uma pequena área e controlado. A betonita é uma espécie de argila mineral. Sua composição química é sílica (SiO2) 60,2%, alumina (Al2O3) 18,5%, ferro (Fe2O3) 7,2%, magnésio (MgO) 2,0%, cálcio (CaO) 2,4%, sódio (Na2O) 2,5%, água combinada (H2O) 6,0% e, outros componentes, 1,2%. Apesar da coincidência das datas em que ocorreu a doença e o vazamento de betonita na região, fica explícita a ideia de que a empresa não foi culpada pelo ocorrido, alegando ser uma acusação por parte dos moradores, pois possui total controle de suas ações mitigadoras em relação aos impactos provenientes da mesma. O festival de caranguejos que eles promovem todo ano, motivado pela fartura que havia desse crustáceo, que antes conseguiam realizar apenas com a cata, hoje já não é tão simples, pois é preciso ir buscar caranguejos em outros lugares para a realização do evento. Quanto aos ruídos (Gráfico 4), o TNC não causa incômodo, porém cita-se que logo no início de seu funcionamento, o que incomodava eram carretas que passavam fazendo barulho em horários impróprios (madrugada) e isso ocasionou uma manifestação da comunidade, quando interditaram as estradas, julgando o fato como uma falta de respeito da empresa quanto ao horário, sanando assim o problema. 54 De acordo com a apuração dos dados coletados na comunidade foi possível perceber que no início, o entendimento entre a empresa e os habitantes não foi muito amigável, até porque o TNC, de certa forma, fez com que a sociedade em questão adotasse um novo padrão de vida. Mas com o tempo através de reuniões que acontecem constantemente entre eles, e as medidas de minimização por parte da TRANSPETRO dos fatores que causaram insatisfação nos habitantes, houve uma conciliação entre ambos, que conseqüentemente gerou um melhor relacionamento. GRÁFICO 3 - RELAÇÃO DOS PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS COM A IMPLANTAÇÃO DO TERMINAL NORTE CAPIXABA COM A COMUNIDADE. GRÁFICO 4 - IMPACTOS 35 Houve diminuição de caranguejos depois da implantação do Terminal? 30 25 20 Houve alteração na qualidade da água? 15 10 O Empreendimento causa incômodo como ruídos? 5 0 Sim Não 3.3 RELACIONAMENTO DA EMPRESA COM A COMUNIDADE DE CAMPO GRANDE Em uma visita realizada à empresa, orientada pelo representante técnico de meio ambiente pode-se perceber que atualmente a empresa promove muitas palestras para a comunidade, com o objetivo de levar o conhecimento dos riscos e benefícios para todos os habitantes locais e conscientizá-los sobre a preservação do meio ambiente, além de trazer muitos benefícios como a construção do centro de convivência e o posto de saúde através de um convênio com a prefeitura, para proporcionar uma melhor interação entre os moradores de Campo Grande. 55 O relacionamento da empresa com a comunidade do entorno é dividido em duas partes: Relacionamento de atendimento considerando as leis determinadas, que são definidas como condicionantes ambientais, as quais baseiam-se na legislação ambiental; Relacionamento independente de condicionantes, ou seja, ações voltadas somente para a interação com a comunidade. A TRANSPETRO, dentre as muitas ações que exerce com as partes interessadas, realiza um trabalho com a população de Campo Grande envolvendo: Integração de SMS; Porta a porta nas comunidades, envolvendo a divulgação de algum evento por meio de panfletos e simulados; Apóia projetos como o Dia Mundial da Alimentação nas Escolas, também com divulgações em cartazes, panfletos, etc. Dentre as próximas ações deste segundo semestre de 2011, encontram-se: CINE BR em movimento, que visa o lazer das crianças, com cinema; Simulado TNC; Campanha contra dengue; Palestra com o Tema: Mais segurança em casa; Programa de visita kids. 3.4 IMPACTOS SOCIAIS Com base nesses impactos, pode-se observar que a vida dos habitantes mudou consideravelmente, pois, antes, essas pessoas tiravam seu sustento das atividades de cata de caranguejo e pesca. Agora, com a construção do Terminal, foi despertado o interesse nos moradores de Campo Grande por uma qualidade de vida melhor, acirrando assim a busca pelo conhecimento, se qualificando para o mercado de trabalho por meio dos cursos oferecidos no município de São Mateus, em virtude das expectativas de emprego que o empreendimento proporciona. Para se ter uma ideia, no início do funcionamento da empresa, a maioria dos empregados que pertence à comunidade do entorno atuava na área de serviços gerais, porém, com as capacitações adquiridas por meio da TRANSPETRO, essas pessoas conseguiram a promoção dos cargos. 3.5 LICENÇA OPERAÇÃO DA EMPRESA E CONDICIONANTES De acordo com Patrícia Suzuki em uma palestra realizada no Terminal Norte Capixaba a LO 439/2010 foi emitida em dezembro de 2010 após análise do pedido de renovação 005/10. Segundo a empresa, essa emissão demorou cerca de um ano e meio. A LO possui validade de 4 anos. 56 De acordo com o representante técnico em meio ambiente na palestra ministrada durante a visita ao empreendimento, as condicionantes da empresa consistem em: Informativas Meio físico-biótico Meio socioeconômico Operacionais Penalidades e multas Dentre essas condicionantes as que mais se destacam em relação ao relacionamento que o TNC exerce com a comunidade são: C3- Monitoramento e manutenção do projeto de cortina vegetal e da recomposição da restinga e manguezal da faixa existente ao longo do Terminal Norte Capixaba. C5- Programa de monitoramento da atividade pesqueira de todas as comunidades na área de influência do Terminal Norte Capixaba. C7- Implantar e monitorar o projeto de 2,5 hectares de restinga na praia de Guriri aprovado pela condicionante nº 37 da LO 005/5. Essa condicionante é devido à ocupação da área onde se encontra o Terminal, como se fosse uma compensação pelo local, porém o representante técnico de meio ambiente cita que quando foi construído o Terminal no local já não havia restinga, mesmo assim eles acharam importante que fosse feita essa compensação. Como por perto do Terminal não havia um local de 2,5 hectares para implantar a restinga, foi decidido que o mesmo seria feito na praia de Guriri em parceria com a prefeitura. C9- Realizar diagnóstico da iluminação do Terminal Norte Capixaba. (Para não atrapalhar a reprodução das tartarugas). C22- Priorizar a contratação de mão-de-obra local. Promover junto ao SINE municipal a abertura de postos. C23- priorizar as empresas do próprio estado. Contratação de bens ou serviços locais. C24- Executar o programa de geração de trabalho e renda (projeto de apicultura) voltado aos catadores de caranguejo e pescadores artesanais. C25- Implantar e dar suporte à comissão consultiva permanente de acompanhamento do licenciamento ambiental do empreendimento. Isso Envolve muitas pessoas, realizando debates com as partes interessadas. C27- Apoiar os festivais do camarão e do caranguejo configurados como atividades complementares de incentivo ao turismo e geração de renda para as comunidades situadas na AID do empreendimento. C28- Executar o programa de agentes ambientais voluntários. C29- Programa de educação ambiental voltado para a comunidade. C30- Programa de educação ambiental voltado para os funcionários do Terminal Norte Capixaba. C31- Programa de comunicação social para esclarecer a população do entorno sobre os impactos causados. 57 4 CONCLUSÃO Apesar da pesquisa se restringir a uma comunidade do entorno do empreendimento, pode-se inferir que outras comunidades tenham sido influenciadas da mesma forma devido as mesmas características. No estudo constata-se, através da percepção dos moradores da comunidade de Campo Grande, destaque de pontos positivos, no entanto identificam-se pontos de melhoria na interface de comunicação Transpetro x comunidades. Na percepção da Comunidade, dentre os vários benefícios relacionados, destaca-se a melhoria da qualidade de vida. Os moradores de Campo Grande evidenciaram que a qualidade de vida foi alterada com a geração de empregos para os próprios integrantes da Comunidade, que antes sobreviviam com a cata de caranguejos e a pesca. Destaques também para a melhoria da pavimentação das estradas, energia elétrica, dentre outros. Observa-se, na percepção da comunidade, que a empregabilidade é considerada o maior benefício, advindo da implantação do Terminal. A harmonia quanto aos benefícios do empreendimento só não é completa quando aborda-se a causa da diminuição de caranguejos. A percepção da comunidade demonstra uma lacuna a ser preenchida pelo empreendedor, pois surge dúvidas quanto a influência do empreendimento como causa da diminuição dos caranguejos. A Transpetro utilizou-se de estudos científicos para demonstrar que a causa da diminuição dos caranguejos não estava relacionada com a instalação do empreendimento. O que gerou a dúvida é que no mesmo ano do empreendimento, 2005, houve diminuição do importante recurso marinho, intensamente explorado por moradores da região, em decorrência da doença do caranguejo letárgico, causado por um fungo. A coincidência dos eventos, diminuição de caranguejos e a implantação do Terminal, deixou dúvidas na comunidade sobre a influência do empreendimento na exploração do recurso marinho de região costeira amplamente explorado. Portanto, apesar do resultado obtido no trabalho indicar que a implantação do Terminal Norte Capixaba (TNC) afetou a comunidade, na percepção de seus moradores, com prevalência de pontos positivos, a comunidade mantêm a dúvida quanto a influência em relação a diminuição de caranguejos, na visão de seus moradores. Destaca-se a preocupação constante do empreendedor em monitorar seus impactos, decorrente de sua política socioambiental, que foi demonstrada através de sistematização de programa de educação ambiental, palestras, brincadeiras com as crianças, campanhas porta a porta, além de ajudar com o festival de caranguejos, principal evento da região. Apesar de todos os benefícios, amplamente reconhecidos pela comunidade, o entendimento depreendido da pesquisa sinaliza uma necessidade de aproximação do Empreendedor junto a comunidade para esclarecer melhor a questão da diminuição de caranguejos. 58 REFERÊNCIAS 1. ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2006. 2. BARROS, Aidil Jesus da Silveira; LEHFELD, Aidil Jesus da Silveira; Metodologia científica. 2ª ed. São Paulo: Pearson Makron Books, 2000. 3. CARVALHO, Maria Cecília M. de. Construindo o saber. 18ª ed. São Paulo: Papirus, 1989. 4. COIMBRA, Ubervalter. Doença do caranguejo: governo se omite há mais de uma década. Séculodiario, Vitória, 15. Set. 2005. Disponível em: <http://www.seculodiario.com/arquivo/2005/setembro/15/noticiario/meio_ambiente /15_09_06.asp. Acesso em: 05. nov. 2011. 5. Conselho Nacional de Meio Ambiente 237, de 19 de dezembro de 1997. sl. sd. Disponível em: < http://www.ciesp.com.br/ciesp/conteudo/conama_237.pdf>. Acesso em: 09 nov. 2011. 6. DONAIRE, Denis. Gestao Ambiental na Empresa. 2.ed.São Paulo: Atlas, 2009. 7. Empreendimento Terminal Norte Capixaba – TNC; sd. Disponível em: <http://www.promonengenharia.com.br/br/atuacao/cases/popupCase.aspx?codigoC ase=339>. Acesso em: 26 abr. 2011. 8. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar Projetos de pesquisa. 4 ª ed. São Paulo: Atlas, 2007. 9. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. sl. sd. Disponível em:< http://www.ibama.gov.br/licenciamento/> Acesso em: 01 nov. 2011. 10. KAHN, Mauro. Sumário do Direito Ambiental na Indústria do Petróleo. 1. Ed. Rio de Janeiro: E-papers, 2003. 11. Lei Nº 6938/1981. Dispões sobra a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providencias. Data da Legislação: 31 Agos. 1981. Publicação DOU, 02 Set. 1981. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=313> Acesso em: 20 nov. 2011. 12. MARCONE, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria; Metodologia do Trabalho científico. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2006. 13. MARCONE, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria; Fundamentos de metodologia científica. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2007. 14. Norma ABNT NBR ISO 14001: 2004. 59 15. Petróleo Brasileiro S.A. - Ativo de Produção Norte Capixaba. 16. Relatório de impacto ambiental; Estação de Fazenda Alegre - Terminal Norte Capixaba, 2002. 17. SALOMON, Délcio Vieira. Como fazer uma monografia. 11ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004. 18. SUZUKY, Patrícia. Terminal Norte Capixaba. Palestra realizada no Terminal Norte Capixaba de São Mateus em 04. Nov. 2011. 19. VALLE, Cyro Eyer. Qualidade Ambiental ISO 14000. 10. Ed. São Paulo: Senac, 2010 60 GESTÃO DE ÁGUA PRODUZIDA NA EXTRAÇÃO DE PETRÓLEO EM CAMPOS TERRESTRES: O ATENDIMENTO À RESOLUÇÃO CONAMA 396/2008 POR UMA EMPRESA ATUANTE NO MUNICÍPIO DE SÃO MATEUS-ES. Jann Erick Possati De Moraes13 Júlio Flávio Soares14 Maycon Donatti15 RESUMO A água de produção é um resíduo da indústria petrolífera. Sua composição é tóxica e representa riscos ao meio-ambiente e aos seres humanos, caso seu descarte não seja feito corretamente. No Brasil, legislações regulamentam o assunto. Em campos terrestres, a Resolução CONAMA 396/2008 é uma das principais normas. Devido à exigência legal e posicionamento de mercado, empresas do setor petrolífero precisam cumprir as regras de forma eficiente. Este trabalho mostra como essa resolução é cumprida por uma empresa que atua no Município de São Mateus, Norte do Espírito Santo. Palavras-chave: Gestão Ambiental; Legislação; Água de produção; Riscos; Resolução; Conama; Resíduo; Efluente; Descarte; Reuso; Re-injeção. ABSTRACT The water production is a residue of the oil industry. Its composition is toxic and poses risks to the environment and humans if their disposal is not done correctly. In Brazil, laws governing the subject. In onshore fields, CONAMA resolution 396/2008 is one of the main rules. Due to legal requirements and market positioning, sector oil companies need to enforce the rules effectively. This paper shows how this resolution is fulfilled by company a company that operates in São Mateus, North of the Espirito Santo. Keywords: Environmental Management; Legislation; Water production; Risk; Resolution; Conama; Residue; Effluent; Disposal; Reuse; Re-Injection. 1 INTRODUÇÃO Devido ao aumento da produção petrolífera, no Estado do Espírito Santo, e o consequente crescimento do número de poços em atividade, é notável que além do 13 Aluno do curso Superior Tecnológico em Petróleo e Gás da Faculdade Norte Capixaba de São Mateus. Especialista em Direito Processual Penal, Civil, e Administrativo e Professor da Faculdade Norte Capixaba de São Mateus 15 Graduado em Petróleo e Gás pela Faculdade Norte Capixaba de São Mateus 14 61 petróleo, propriamente dito, outros componentes também passem a ser produzidos em maior quantidade, gerando um problema de grande proporção para o setor. O questionamento é sobre o que fazer com o resíduo, que acompanha o petróleo, de forma que não haja agressão ao meio ambiente e não cause transtornos às comunidades que vivem no entorno da área de operação. Um dos fluidos que fazem parte dessa questão é a água que fica armazenada, conjuntamente com o petróleo, no interior da rocha reservatório. Ao se extrair o hidrocarboneto, consequentemente retira-se também a água que estava armazenada no subsolo. Segundo Thomas (2004, p. 264), “a quantidade de água produzida associada com o óleo varia muito, podendo alcançar valores da ordem de 50% em volume ao até mesmo próximo de 100% ao fim da vida econômica dos poços”. Isso significa que com o amadurecimento dos poços de petróleo cresce o volume de água produzido. Daí surge a pergunta: O que fazer com essa água? Entre as opções encontradas, estão o tratamento do fluido para descarte e a re-injeção dessa água no poço para aperfeiçoar a produção de petróleo, que com o passar do tempo vai sendo reduzida por conta da queda de pressão, entre outros fatores, ou mesmo a re-injeção para descartar este resíduo. É importante destacar a necessidade de tratamento da água gerada no sistema de produção de petróleo, já que a mesma contém materiais corrosivos e apresenta alto nível de salinidade. Esses fatores tornam a água produzida imprópria para o consumo e inadequada para o descarte no meio ambiente, podendo provocar desastres ambientais caso os procedimentos, que se fazem necessários com esse fluído após a sua chegada à superfície, não sejam adotados de maneira correta. Outro detalhe do tratamento é o aproveitamento do óleo ainda presente na água. “O tratamento da água tem por finalidade recuperar parte do óleo nela presente em emulsão e condicioná-la para reinjeção ou descarte” (THOMAS, 2004, p.264). Decorrente da preocupação mundial com a preservação do ecossistema, surge a adoção de práticas menos agressivas ao meio ambiente pelas organizações, gerando uma série de normas que regularizam a questão do descarte de materiais nocivos na natureza. A água gerada na extração de petróleo também faz parte do rol de assuntos tratados nesse campo de estudo, que envolve também normas jurídicas que abordam o tema. No caso específico da água de produção, a resolução CONAMA 396 de 2008 é uma das normas que regulam o assunto, ditando regras que norteiam o descarte e a re-injeção desses resíduos. Este trabalho propõe avaliar as condições de atendimento à norma regulamentadora, mostrando o que se faz necessário para garantir o cumprimento das exigências ambientais frente às cobranças da legislação e dos órgãos públicos responsáveis pela fiscalização, e também por parte da sociedade, que têm atuado de maneira enérgica diante dos descasos praticados por organizações que violam regras que garantam a preservação do meio ambiente. O presente estudo foi realizado com base na gestão de água em campos terrestres de exploração de petróleo no Norte do Espírito Santo, mais precisamente no Município de 62 São Mateus-ES. Desenvolveu-se um estudo bibliográfico sobre o assunto e uma consulta ao Departamento responsável pela Gestão Ambiental de uma empresa que atua no referido Município, para mostrar o destino da água produzida e as condições necessárias para o cumprimento das normas regulamentadoras. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 PETRÓLEO, MEIO AMBIENTE E A GERAÇÃO DE RESÍDUOS De acordo com a Constituição Federal, em seu artigo 225 (1988), “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o poder de difundi-las e preservá-la para as presentes e futuras gerações”. A partir da promulgação da nossa Carta Magna, uma série de regras foi formalizada a fim de garantir e promover a melhoria das condições ambientais do nosso País. A legislação e instrumentos normativos que tratam do assunto preveem penas de ordem administrativa, civil e criminal para autores e co-autores de condutas que prejudiquem o meio ambiente. A exploração e produção de petróleo e gás compõem uma das atividades mais importantes para a sociedade, pois tratam-se de duas das matrizes energéticas mais valorizadas e exploradas na atualidade. A energia, em sua ampla concepção, é um bem quase que indispensável à sobrevivência humana. Por meio dela nos locomovemos, trabalhamos, e realizamos todas as tarefas inerentes à nossa sobrevivência em meio à sociedade moderna. Os hidrocarbonetos, como o petróleo e o gás natural, são, hoje, principais fontes de energia dentro desse contexto. E sua forma de exploração aumenta a cada dia. Apesar do avanço tecnológico e de inúmeras pesquisas e investimentos no setor, a exploração de petróleo e gás continua sendo impactante ao meio ambiente. A perfuração, por exemplo, é um dos procedimentos que geram uma grande quantidade de resíduos sólidos e ruídos prejudiciais à biota. Mançú, Monteiro e Bruni (2009) dão um enfoque temporal para o desenvolvimento de práticas ambientais dentro da cadeia produtiva de petróleo. Segundo os autores, foi a partir da década de 70, período de graves acidentes ambientais em todo o globo, que a gestão ambiental assumiu um papel de maior importância no cenário mundial. Foi com base em acidentes ambientais, em diversos países, que houve uma pressão, no cenário internacional, para a regulamentação do controle ambiental, assim como também o estímulo para a realização de debates que promovessem o aperfeiçoamento da discussão a respeito do tema. Foi a partir daí que grandes eventos foram destaque na tentativa de melhorar o Sistema de Gestão Ambiental nos mais diversos setores. Como exemplos: 1ª e 2ª Conferências das Nações Unidas para o Meio Ambiente, em 1972 em Estocolmo, e em 1992 no Rio de Janeiro. 63 A partir desses eventos, iniciam-se os primeiros movimentos de preservação ambiental. O segmento empresarial passou a se preocupar com a racionalização do uso de energia e de insumos, como também, conscientes da importância de adotar um sistema de gestão ambiental, através da aplicação da redução dos desperdícios na fonte, reutilização e reciclagem dos resíduos industriais, criando alternativas para uma disposição local segura e um tratamento adequado que não apresente riscos para o meio ambiente. (MANÇÚ, MONTEIRO E BRUNI, 2009, p. 2) Pode-se perceber uma preocupação por parte de diferentes setores a respeito de uma produção menos impactante no setor petrolífero mundial. É fato que os atuais meios de exploração trazem prejuízos ao meio ambiente, mas também é verdade que a sociedade moderna ainda não conseguiu se desvincular da utilização do petróleo e do gás natural como matrizes energéticas. Diante de todo esse cenário de exploração e produção de petróleo e gás encontram-se os processos de tratamento, adequação e descarte/reuso da água produzida junto à formação. Esses procedimentos são necessários devido aos riscos que este efluente possui. A água de produção é altamente tóxica para o consumo humano, possuindo uma série de componentes nocivos ao meio ambiente. A complexidade no tratamento com este fluido motivou a preocupação da sociedade e de legisladores que editaram normas para amenizar o impacto gerado com o descarte/reuso desse componente indesejado da produção petrolífera. 2.2 ÁGUA PRODUZIDA A chamada água de produção é encontrada no interior do reservatório de óleo e gás. A sua produção é mínima no começo da vida dos campos produtores, mas vai aumentando com o decorrer do amadurecimento do poço. Entre os motivos estão o volume de água já existente na rocha reservatório e também a injeção de água e vapor para aumento da recuperação. Segundo Curbelo (2002), a água está presente na formação junto com o gás e o óleo, sendo que cada um deles se dispõe em camada. Como a água é mais densa, mais pesada, quase sempre ela se apresenta na parte inferior da rocha reservatório, sendo seguida pelo petróleo e posteriormente pelo gás. Ainda de acordo com a autora, é comum a injeção de água no reservatório para a manutenção da pressão, e conseqüente garantia da produtividade, sendo que a água pode ser doce, salgada ou mesmo a produzida junto ao óleo depois de separada. O importante é garantir a qualidade dessa água, independente da procedência. “Seja qual for o tipo de água injetada no reservatório, ela é tratada para garantir que não ocorra entupimento dos poros da rocha, dificultando a migração de óleo para os poços” (CURBELO, 2002, p.7). Silva (2006) destaca que a produção de água tende a aumentar, consideravelmente, com o passar do tempo. E as soluções de tratamento e injeção podem se tornar um problema caso a planta de tratamento e re-injeção não comporte o volume de água produzida gerado pela formação. O planejamento deve prever tais situações para que o sistema esteja preparado para enfrentar o aumento de água produzida. 64 Com o "envelhecimento" das estruturas e maturação de projetos de extração, a produção de água pode tornar-se maior do que o necessário para os processos de injeção e recuperação secundária. O volume excedente deve ser tratado e injetado implicando em custos adicionais. Pode-se elevar a pressurização além da original ou necessária para a produção. Isto acarreta problemas, como a chegada da água de injeção aos poços produtores antes do previsto, limitando o volume recuperado e aumentando-se o BSW. (SILVA, 2006, p. 14) 2.2.1 CARACTERÍSTICAS DA ÁGUA PRODUZIDA A respeito da água produzida, Guerra (2009) explica que a hipótese mais aceitável é de que as fases de petróleo e água mantenham-se separadas no interior dos reservatórios. A formação de emulsões, contendo as duas fases, poderia se dar a partir das intervenções na rocha reservatório. Essas emulsões, ao chegar à superfície precisam de um tratamento especial com diversas finalidades. A primeira se trata de separar o óleo da água, depois é preciso recuperar as partículas de óleo presentes na água já separada do óleo. Por seguinte é preciso tratar adequadamente esse resíduo, seja para o descarte, seja para a re-injeção em poços destinados a este fim, ou mesmo para recuperação secundária de petróleo. A preocupação com o destino correto da água produzida se faz necessária devido à toxidade que esse efluente possui. Guerra (2009, p. 18) destaca que “os componentes da água produzida geralmente incluem minerais dissolvidos oriundos da formação produtora, frações solúveis e insolúveis de petróleo, [...], consistindo em uma mistura complexa [...] similares aos encontrados em óleo cru e gás natural”. O autor enfatiza ainda que é possível encontrar também, na água de produção, elementos químicos decorrentes do uso de substâncias durante a fase de produção. A água de produção contém alto teor de sal. Outros componentes podem também estar presentes como produtos químicos usados no processo de exploração e produção. Esses materiais, além dos riscos de contaminação, acabam prejudicando o processo produtivo, já que levam a um desgaste precoce dos equipamentos envolvidos nas atividades de produção, escoamento e refino de petróleo e gás e também podendo gerar danos à formação. Segundo dados fornecidos pela Petrobras, em visita realizada à empresa em outubro de 2011, ficou constatado que as características básicas da água produzida em poços do Norte do Espírito Santo são de um PH alcalino que varia de 7 a 8. A quantidade de sódio chega a 20.325 mg Ca/L. Outras substâncias ajudam a compor a emulsão, tornando-a ainda mais perigosa, ambientalmente, e mais onerosa em relação ao custo de tratamento para o descarte/reuso. A tabela a seguir, a partir de dados coletados na visita, mostra a identificação dos componentes e suas concentrações em campos de petróleo na Unidade de Operação do Norte do Espírito Santo, no ano de 2010. 65 TABELA 1 – COMPONENTES E CONCENTRAÇÕES DE ÁGUA PRODUZIDA EM POÇOS DO NORTE DO ESPÍRITO SANTO Substâncias Concentrações Sólidos suspensos 848 mg/L Óleos e Graxas 800 mg/L pH 7–8 Sulfetos 252 mg/L Sulfatos 233 mg/L Fósforo 1,345 mg/L Salinidade 65 g NaCl/L Alcalinidade total (CaCO3) 1040 mg/L Acetato 378 mg/L Bário 70 mg/L Estrôncio 194 mg/L Cálcio 3.399 mg Ca/L Ferro Solúvel 2 mg Fe/L Magnésio 880 mg Mg/L Bicarbonato 2476 mg/L Carbonato < 2,03 mg/L Cloretos 43563 mg/L Hidróxido < 1,821 mg/L Nitrato 4,519 mg/L Potássio 416 mg K/L Sódio 20325 mg Na/L Lítio 5,07 mg/L Fonte: Petrobras, 2010 2.2.2 RISCOS DA CONTAMINAÇÃO POR ÁGUA PRODUZIDA Devido a sua composição, a água de produção se torna inadequada para diversos usos. Sua aplicação doméstica é inaceitável pelo fato da alta toxidade de seus componentes, o que a torna também imprópria para o uso na agricultura. Um dos maiores problemas encontrados na água produzida estão na alta salinidade do efluente e na participação de metais em seus constituintes (GUERRA, 2009). Um fator que deve ser levado em consideração é a característica de cada poço. A composição da formação rochosa, onde se encontra o reservatório é que determina os componentes e suas concentrações, representando em fim as características finais da água de produção de cada região. “A composição química da água de produção é dependente das características do campo produtor” (GUERRA, 2009, p. 29). Fica evidenciada, de acordo com a literatura, a necessidade de se conhecer a característica de cada campo produtor. A finalidade é saber a composição da água produzida, seus riscos e as melhores formas de tratamento desse resíduo para adequação dos processos que atendam às normas legais e garantam a preservação ambiental e operacional, este último, nos casos de descarte/re-injeção em poços produtores. Essa análise se faz fundamental para que possam ser avaliadas as consequências de um descarte incorreto e as possibilidades de adequação do material para o seu propósito final. 66 Prestelo (apud CUNHA, 2006) confirma o perigo dos danos que a água produzida pode gerar. Segundo o autor, o impacto ambiental provocado pelo descarte da água produzida é geralmente avaliado pelo poder de contaminação dos compostos orgânicos e inorgânicos presentes na mistura. Esses contaminantes podem causar diferentes efeitos ao meio ambiente. Ao serem descartados, alguns desses elementos permanecem dissolvidos, outros tendem a sair da solução. “Acredita-se que os efeitos mais nocivos ao meio ambiente são aqueles relacionados aos compostos que permanecem solúveis após o descarte da água produzida” (PRESTELO, 2006, p. 92). 2.2.3 TRATAMENTO DA ÁGUA PRODUZIDA Para a reutilização da água de produção é preciso que o fluido passe por um processo de tratamento. O objetivo é adequar a água a padrões e características exigidas pelas normas legais, e até mesmo para que a mesma não altere as características da formação, de modo a diminuir o impacto no meio ambiente. Dessa forma, a água tratada pode ser re-injetada nos poços ou então descartada em corpos de água, desde que atenda determinadas exigências. Para isso é preciso que o fluido passe por todo um processo, segundo Andrade (2009). Para separação óleo/água os processos de separação mais utilizados na indústria de petróleo são os flotadores e os hidrociclones. O processo de flotação se dá pela força gravitacional, enquanto que os hidrociclones são alimentados de modo tangencial e a pressão da água oleosa no trecho de maior diâmetro do hidrociclone leva à formação de um vórtex descendente onde as partículas mais densas são projetadas para a parede sendo arrastadas até a parte inferior do mesmo. Esse fluxo é acelerado pelo contínuo decréscimo de diâmetro, criando uma força centrífuga que força os componentes mais pesados (água e sólidos) contra as paredes. As partículas de menor densidade são direcionadas internamente em fluxo espiral em direção ao trecho de menor diâmetro. Devido ao formato cônico do hidrociclone e ao diferencial de pressão existente entre as paredes e o centro, ocorre, na parte central do equipamento, um fluxo axial reverso. A fase líquida central contendo óleo em maior proporção é denominada de rejeito. (ANDRADE, 2009, p. 6) A respeito desse tratamento, Gomes (2009) aponta que há diversas maneiras de se tratar a água produzida, o que vai ajudar na escolha são as características do poço, reservatório, e por conseqüência da água que precisará ser tratada. Variáveis que precisam e devem ser levadas em conta no momento de escolha do método de tratamento. Os processos de tratamento da água produzida são fundamentais para a manutenção do meio ambiente nas áreas onde ocorrem a exploração e produção de petróleo e gás. Entres os procedimentos convencionais mais utilizados estão tanques de separação óleo/água, os sistemas de filtragem para a retirada de sólidos e retirada de óleo, flotação por gás induzido ou dissolvido, a centrifugação e o uso de hidrociclones e a adição de carvão ativado para adsorção de contaminantes orgânicos (GUERRA, 2009). De acordo com Guerra (2009), a prioridade nos tratamentos de água produzida é o atendimento às normas legais vigentes nas áreas de exploração/produção. Com base nos atendimentos desses regramentos jurídicos tem-se por objetivo a remoção de óleos e 67 graxas; a remoção de compostos orgânicos solúveis; a remoção de gases dissolvidos, a diminuição do teor de sólidos totais dissolvidos; a diminuição do teor de sólidos em suspensão; a diminuição da concentração de benzeno; a diminuição da demanda biológica de oxigênio; e a remoção do excesso de dureza da água. A maioria dos objetivos citados acima é conseguida por meio de processos unitários. Enfatizando que cada um deles corresponde a uma etapa do tratamento da água produzida. Isso significa que eles devem ser executados em combinação, para que todos os parâmetros de tratamento sejam atendidos, de acordo com as características da água produzida em um determinado campo de exploração. 2.2.4 DESTINO DA ÁGUA PRODUZIDA Thomas (2004) explica que a água produzida não pode ser descartada de qualquer maneira no meio ambiente, ou mesmo injetada, sem os devidos tratamentos prévios. De acordo com o autor, a empresa responsável deve obedecer a determinadas especificações para a eliminação ou aproveitamento desse resíduo, e na maioria das vezes esses condicionamentos estão descritos nas normas regulamentadoras, ficando os órgãos ambientais responsáveis pela fiscalização. Em média, cada m³ de petróleo produzido gera 3,5 m³ de água, uma proporção que pode ser ainda maior em campos maduros. Durante as atividades de exploração, perfuração e produção, a água produzida corresponde a 98% de todos os efluentes gerados (THOMAS, 2004). Outro risco que a água produzida representa é sua composição que pode conter metais, óleo e alto teor de salinidade. Segundo Thomas (2004), o descarte da água produzida pode ser feito com o descarte em campos marítimos (offshore) e, em terra (onshore). O melhor seria a re-injeção em poços produtores para recuperação secundária ou mesmo para o descarte. Thomas (2004) relata que, desde que a composição da água produzida não seja prejudicial à formação, a injeção em campos terrestres é a melhor opção em termos ambientais. “Proporciona, ainda, uma economia de água doce de boa qualidade (aqüíferos), comumente usada para esse fim, que fica, assim, disponível para fins mais nobres, como o consumo humano” (THOMAS, 2004, p. 267). 2.3 LEGISLAÇÃO HÍDRICA NO PAÍS E SUA IMPORTÂNCIA A água recebe um tratamento especial na legislação nacional. Tanto é que possui uma política normativa voltada para o setor com base na Lei 9.433/97 que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos. Um marco importante que tem norteado toda a legislação referente ao assunto. De acordo com Guimarães (2008), as águas subterrâneas também foram contempladas com a norma, sendo inclusive caracterizadas de diferentes maneiras. Dentro da indústria do petróleo foram divididas em água de injeção e água produzida. As resoluções, que tratam do tema, impuseram o tratamento de efluentes na extração de petróleo e gás. Guimarães destaca ainda a conceituação desse produto dentro da norma jurídica como 68 sendo “a água normalmente produzida junto com o petróleo” (CONAMA, 2007, p. 01). Em pesquisa, Cavaco e Barros (2005) destacam a importância dos cuidados e da reutilização da água. Os autores colocam como de fundamental importância, e até mesmo um desafio mundial, a questão da gestão de água no planeta. Segundo eles, se tornará necessário o desenvolvimento de políticas mais enérgicas voltadas à gestão desse bem. Em uma fase inicial a adoção de medidas de racionalização do uso visando minimizar o desperdício e levando a adoção de uma nova cultura. As medidas para reduzir desperdícios são relativamente fáceis de implantar e tem baixo custo. Os pequenos valores investidos têm retorno imediato, uma vez que, com a redução do consumo, o custo devido será menor. Portanto, devem ser implementadas medidas mesmo não havendo necessidade devido a atual abundância de água no Brasil. Outra alternativa é o reuso da água, porém, normalmente acarreta custos maiores devido ao uso de tecnologia para seu aproveitamento, devendo ser feito um estudo de viabilidade. Normalmente só será justificável se houver situação de escassez. [...] Que a água é um bem que se tornará escasso num futuro próximo, ninguém contesta, por este mesmo motivo é uma vantagem estratégica o estabelecimento de visões de cenários de curto (5 anos), médio (10 anos) e longo prazos (20 anos), a fim de estabelecer instrumentos de gestão ambiental referentes aos efluentes e recursos hídricos. (CAVACO e BARROS, 2005, pag. 575-576). A esse respeito, Fontes (2010) explica que o Brasil é um dos países mais rigorosos em qualidade no descarte de águas. De acordo com a autora, cada país possui uma legislação específica, porém várias convenções têm sido feitas com o objetivo de unificar os padrões de descarte em áreas afins de diversas federações. Nesse aspecto, o estudo tem sido voltado para o descarte em alto mar, área de interesse de muitas nações. Em terra, as Resoluções 357/2005 e 396/2008 são as normas que abordam a questão. Tavares (2003) chama a atenção para o fato de que a separação de água e óleo data de tempos remotos, mais precisamente 1850. Naquele período o objetivo não era o aproveitamento do óleo, mas sim a recuperação do sal que estava presente na água. Atualmente, a separação das emulsões continua ocorrendo, só que agora os objetivos são diferentes. O principal é a extração do petróleo, sendo que a salinidade da água passa a ter um papel secundário para a indústria petrolífera, não menos importante, já que uma série de regras norteia o descarte e o uso de re-injeção da água, mesmo assim os papéis foram invertidos. “Com o advento da indústria do petróleo em 1865, a água tornou-se o contaminante e o petróleo passou a ser o produto” (TAVARES, 2003, p. 11). 2.3.1 RESOLUÇÃO CONAMA 396/2008 No dia 3 de abril de 2008, o Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA – publicou a normativa de número 396. A mesma dispunha sobre a classificação e diretrizes ambientais para o enquadramento das águas subterrâneas, também dando outras providências. 69 Essa norma deixa claro em seu caput que a água subterrânea é bem dos Estados, segundo o artigo 26 da Constituição Federal de 1988. Ainda, em seus parágrafos iniciais, a normativa deixa, em fácil entendimento, a explicação de que as águas subterrâneas possuem características individuais, intrínsecas a sua localização e formação. Isso significa que as águas subterrâneas apresentam composições diferentes, relativas ao processo de sua formação e armazenagem. Outros fatores também podem interferir em suas qualidades finais (CONAMA, 2008). O legislador mostrou-se ciente, quanto à necessidade de regularização das características das águas subterrâneas pelos seus usuários. Regularização que deve ser feita, independente de prazo fixo, tendo que ser analisado cada caso individualmente para estabelecimento de prazos e metas. Isso é comprovado quando, no Caput, é expresso: “Considerando que o enquadramento expressa metas finais a serem alcançadas e podendo ser fixadas metas progressivas intermediárias, obrigatórias, visando a sua efetivação;” (CONAMA, 2008). O artigo 2º trata das definições. As principais estão nos incisos I e III que definem águas subterrâneas e aqüíferos, respectivamente. A 1ª explica que águas subterrâneas são aquelas que ocorrem naturalmente ou artificialmente no subsolo, já a 2ª diz que aqüíferos são corpos hidrogeológicos com capacidade de acumular e transmitir água através dos seus poros, fissuras ou espaços resultantes da dissolução e carreamento de materiais rochosos (CONAMA, 2008). A resolução CONAMA 396/2008 define as águas subterrâneas em seis classes (Classe Especial; Classe 1; Classe 2; Classe 3; Classe 4; e Classe 5). As separações são feitas de acordo com suas características, qualidade para uso e necessidade de tratamento. A Classe Especial e a Classe 1 são as que independem de tratamento, para uso preponderante, sendo que a 1ª são as que estão situadas em conjuntos de aqüíferos, ou porção desses, destinados à preservação de ecossistemas em unidades de conservação de proteção integral e que sirvam para o abastecimento de corpos de água superficiais (CONAMA, 2008). Já as demais classes exigem tratamento para seus respectivos usos preponderantes, com exceção da Classe 5, em que a água, mesmo com alteração de sua qualidade por atividades desempenhadas pelo homem, não necessita de tratamento para uso em atividades específicas. Resumindo, para atividades que não exijam requisitos de qualidade para uso. O Capítulo IV da Resolução 396 declara que é de responsabilidade dos órgãos ambientais, em conjunto com os órgãos gestores dos recursos hídricos, a tarefa de promover a implementação de Áreas de Proteção de Aqüíferos e Perímetros de Proteção de Poços de Abastecimento. O objetivo desse trabalho é a proteção da qualidade da água subterrânea (CONAMA 396/2008). É claro que a responsabilidade de fiscalização e cobrança cabe ao poder público na pessoa de suas entidades fiscalizadoras, o que não exime a responsabilidade das organizações que fazem o uso dessas águas subterrâneas. Do artigo 23 ao artigo 25, o CONAMA (2008) abordou a questão da injeção de água. No 23º é dito que não poderá haver alteração da qualidade da água no interior do aqüífero, o que restringe a composição da água que será usada para re-injeção. O artigo 70 24 diz basicamente a mesma coisa, mas amplia o leque de contaminação para águas subterrâneas que estejam acima ou abaixo da formação que irá receber a água reinjetada. Já o artigo 25 exige que as organizações e entidades ambientais fiscalizadoras tenham, em conjunto, um programa específico de monitoramento da qualidade da água subterrânea, o que pode ser exigido da empresas exploradoras desse recurso. No Capítulo V da referida norma são colocadas as diretrizes ambientais para o enquadramento das águas subterrâneas levando em consideração uma série de requisitos como: a caracterização hidrogeológica e hidrogeoquímica; a caracterização da vulnerabilidade e dos riscos de poluição; o cadastramento de poços existentes e em operação; o uso e a ocupação do solo e seu histórico; a viabilidade técnica e econômica do enquadramento; a localização das fontes potenciais de poluição; e a qualidade natural e a condição de qualidade das águas subterrâneas (CONAMA, 2008). O artigo 30 da referida resolução (CONAMA, 2008) diz que em caso da condição da qualidade da água subterrânea estar em desacordo com os padrões exigidos, será preciso traçar um plano de ações de controle ambiental para a adequação da qualidade da água à sua respectiva classe, previamente determinada, só que a no mesmo ordenamento, mais precisamente no Parágrafo 3º, percebe-se um “afrouxamento” da norma quando é explicito que em caso de constatada a impossibilidade da readequação, deverá ser feito novo estudo para que essa água subterrânea, alterada, seja reenquadrada em outra categoria. Aqui entendemos que o legislador reconhece a incapacidade, em alguns casos, de se reaver o estado anterior da água subterrânea, restando apenas um novo exame para um novo enquadramento. 2.3.2 RESOLUÇÃO CONAMA 396/2008 E A ÁGUA PRODUZIDA A água produzida na indústria de petróleo e gás pode ser caracterizada como a água subterrânea descrita na Resolução CONAMA 396/2008. De acordo com Guimarães e Xavier (2008), o enquadramento se dá diante de uma necessidade de integração de normativas que tratam o assunto de exploração industrial dos recursos hídricos, exigindo uma confluência de políticas específicas fundadas no direito ambiental, tendo por destaque, neste trabalho, a resolução CONAMA 396. Para Guimarães e Xavier (2008), na indústria de Petróleo e Gás a extração de combustíveis fósseis está diretamente associada à produção de água dos aqüíferos. E de acordo com os autores, esse efluente pode ser descartado em consonância com as normas existentes ou reutilizado no processo produtivo, com a re-injeção como forma de aumentar a pressão nos poros da formação, garantindo um ganho de produtividade na extração de hidrocarbonetos. Essa água injetada encontra definição legal de acordo com os órgãos competentes. Água injetada em reservatório, com o objetivo de forçar a saída do petróleo da rocha reservatório, deslocando-o para um poço produtor. Este método é conhecido como ‘recuperação secundária’, e é empregado quando a pressão do 71 poço torna-se insuficiente para expulsa naturalmente o petróleo. (ANP, 2011, p. 01) Guimarães e Xavier (2008) destacam que a CONAMA 396/2008 trata de norma específica para a regulação da classificação e diretrizes ambientais para um controle e monitoramento das águas subterrâneas. Sendo, dessa forma, um mecanismo legal eficaz para o controle do assunto em âmbito nacional. A água de produção da indústria petrolífera se enquadraria na Classe 4 da Resolução 396/2008, de acordo com as exigências da norma. “Classe 4: águas dos aqüíferos, conjunto de aqüíferos ou porção desses, com alteração de sua qualidade por atividades antrópicas, e que somente possam ser utilizadas, sem tratamento, para o uso preponderante menos restritivo (CONAMA, 2008, p. 03)”. É certo que o atendimento à legislação ambiental não se dá apenas pelo cumprimento de uma norma, mas sim pelo atendimento a uma série de normativas que regulam o setor. O mesmo acontece quando o assunto em voga são as águas subterrâneas. Apesar da Resolução CONAMA 396/2008 tratar especificamente do assunto, o atendimento ao controle de águas passa também por outras diretrizes legais que devem ser respeitadas e cumpridas conforme a determinação do legislador. A aplicabilidade da resolução, apresentada neste trabalho, prioriza o atendimento de uma das inúmeras normas que regem o setor de exploração e produção de Petróleo e Gás Natural no Brasil, mais precisamente em campos terrestres. A CONAMA 396 tem um papel fundamental nesse arcabouço jurídico desenvolvido para a proteção dos recursos hídricos. Ela trata diretamente dos aqüíferos, das águas subterrâneas, consideradas de suma importância por causa de seu relacionamento com o ciclo hidrológico. Essas águas representam 97% dos recursos hídricos disponíveis e servem a mais da metade das populações mundiais, especialmente nas regiões semiáridas, segundo Guimarães e Xavier (Apud MIERZWA; HSPANHOL, 2008). 3 O ASPECTO MANDATÓRIO DA NORMA 3.1 PETROBRAS: UMA EMPRESA LEGALISTA A sociedade e o mercado são exigentes quando o assunto é a imagem de uma organização em relação as suas atitudes e posicionamentos diante das dificuldades que lhes são impostas. Atualmente, a cultura que permeia a sociedade é de que são necessários investimentos para que o desenvolvimento seja realizado de forma sustentável, em qualquer que seja a área de atuação de uma empresa. No setor de Petróleo e Gás a situação não se faz diferente. Por ser uma empresa “degradante” por natureza, as exigências por uma produção que gere menor impacto são ainda maiores. Por isso que as empresas do setor se mostram preparadas para a adequação, rápida, de respeito às normas exigentes e até mesmo a propostas de regras 72 que ainda não foram aprovadas pelos legisladores. Isso faz parte de uma tendência política empresarial de se antecipar às situações impostas por entidades externas, como sociedade e órgãos governamentais. Para Boger, Grohe e Bessow (2005), as empresas da atualidade, que se mostram socialmente responsáveis, apresentam uma postura ética onde o respeito à comunidade passa a ser um grande diferencial. E o reconhecimento dessa prática dá evidência à instituição perante os consumidores, fornecedores, colaboradores e sociedade em geral. Dessa maneira é possível angariar vantagens competitivas que garantam o sucesso da organização no mercado em que está inserida. A responsabilidade empresarial frente ao meio ambiente é centrada na análise de como as empresas interagem com o meio em que habitam e praticam suas atividades, dessa forma, uma empresa que possua um modelo de Gestão ambiental já está correlacionada à responsabilidade social. Tais eventos irão, de certa forma, interagir com as tomadas de decisões da empresa, tendo total importância na estratégia empresarial. (BOGER; GROHE; BESSOW, 2005, p.01) Então, a Gestão Ambiental e a Responsabilidade Social, que hoje são condicionalmente cobradas por meio de regulações, fazem parte da cultura e exigência da sociedade por uma busca de um desenvolvimento sustentável. Esses valores, tidos no passado com excepcionais, são agora permanentes e devem ser praticados em todos os setores industriais. Diante desse contexto, a Petrobras tem se mostrado bastante comprometida. Suas ações podem ser vistas não apenas em atendimento a legislações ambientais, mas também em questões sociais é possível ver sua presença de forma atuante. Isso nos mostra que a empresa tem adotado uma postura que reflete sua política de responsabilidade social que engloba, é claro, a gestão de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS). Dentro desse processo de adequação das suas operacionalidades, a Petrobras instituiu uma política interna voltada para a melhoria de seus procedimentos e processos com o objetivo de se evitar e corrigir as não-conformidades. A Política e Diretrizes Corporativas de SMS da Petrobras marcam uma etapa de envolvimento de toda a diretoria e colaboradores da companhia. Essas regras internas servem para nortear as ações que serão desenvolvidas dentro do plano de ação da empresa. Os principais objetivos desse plano compreende Integrar o Sistema de Gestão de SMS; a Ecoeficiência de operações de produtos; a Prevenção de acidente, incidentes e desvios; a Saúde dos trabalhadores; a Prontidão para situações de emergência; e a Minimização de riscos e passivos. Entre as diretrizes que norteiam a Política de SMS da Petrobras, uma se destaca e se mostra de suma importância para este trabalho. Trata-se da Diretriz II. Ela trata da Conformidade Legal. Essa regra diz que toda e qualquer atividade da empresa deve estar em conformidade com a legislação vigente nas áreas de Segurança, Saúde e Meio Ambiente. 73 O 1º requisito dessa diretriz diz que a verificação de atendimento à legislação deve ser permanente, e que sempre que necessário, os responsáveis deverão adotar medidas para correção de eventuais não conformidades. Outro requisito exigido pela Diretriz II solicita o acompanhamento das mudanças que venham a ocorrer na legislação relacionada à SMS, de modo a promover a adequação das atividades da empresa, bem como permitir a identificação de novos cenários. O 3º requisito pede o atendimento aos preceitos legais e regulamentares durante todo o ciclo de vida das instalações e operações da empresa, bem como verificação de seu cumprimento por parte de contratos, fornecedores e parceiros. Para finalizar a Diretriz II, o último requisito determina a manutenção de uma política de cordialidade e colaboração com os órgãos ambientais competentes. Dessa maneira, podemos perceber o comprometimento da empresa com a gestão ambiental e o atendimento às normas legais vigentes. É certo que as ações adotadas pela Petrobras são norteadas pela sua Política e Diretrizes Corporativas de Segurança, Meio Ambiente e Saúde, fazendo dessa organização uma empresa “legalista”, que exige e cumpre as regras vigentes. Para isso, a empresa faz uso de algumas ferramentas como o software SMSnet que auxilia nas tomadas de decisões e implantação de atividades para minimizar os riscos/impactos gerados pela atividade exploratória. Importante destacar que essa política reflete as exigências sociais e de mercado, em pleno Século XXI. Momento em que as organizações buscam novos modelos de estratégias para garantir o sucesso de mercado junto a clientes e fornecedores, numa época em que a concorrência acontece de maneira global. Essas atitudes voltadas à preservação e cumprimentos de normas garantem a Responsabilidade Social e a Gestão Ambiental, fazendo com que esses aspectos promovam novas oportunidades de negócio (BOGER; GROHE; BESSOW, 2005). 3.2 CONTROLE DA ÁGUA PRODUZIDA NO NORTE DO ES Apesar de haver legislação que exija os cuidados e tratamento da água produzida, a Petrobras, no Norte do Estado, possui regras bastante rigorosas no quesito gestão ambiental. Essa exigência, feita pela própria empresa, é realizada diante da Política Corporativa adotada pela organização que norteia todas as ações desenvolvidas. Com base nesses requisitos é feito um controle rigoroso de todos os processos pelo qual passa a água produzida. De acordo com informações da Petrobras, o monitoramento é feito constantemente em todas as áreas de produção da empresa. As regras consistem em analisar a composição do efluente para adequar seu tratamento e possível reuso/descarte. Os dados são avaliados e servem de base para poços que estejam interligados na mesma formação produtora. São principalmente analisados os Teores de Óleo e Graxa (TOG) e o índice de Sólidos Suspensos Totais (SST). Esse controle, apesar de fazer parte das exigências legais, é usado para uma análise técnica da água de produção. Entre os principais objetivos estão a adequação da água para descarte em poços, conforme a 74 norma, e a adequação dessa mesma água para que ela não prejudique a formação dos poços, acarretando queda na produção de óleo e gás. De acordo com a empresa, geralmente, o tratamento da água produzida é feito por meio de técnicas conhecidas e solidificadas no setor de petróleo e gás. São métodos como os sistemas de flotação, tanque pulmão e filtragem. Depois que passa por todas essas etapas o fluido é enviado para um tanque de injeção onde posteriormente é injetado nos poços. Para a empresa esse processo de tratamento é fundamental diante de duas perspectivas. A 1ª trata de atendimento à questão legal, as exigências dos órgãos competentes. A 2ª se deve a fatores não menos importantes, no caso em questão de qualidade operacional. Isso significa que a qualidade da água injetada pode representar prejuízo para a empresa, caso a mesma não esteja de acordo com os aspectos intrínsecos da formação poderá acarreta entupimento dos poros e queda de vazão de óleo e gás para a superfície. Resumindo, a qualidade da água pode afetar diretamente a formação do poço. Isso acontece pelo fato da água de produção não apresentar as mesmas características da água no interior da rocha. A água de formação apresenta elevado índice de sólidos suspensos e teor de óleo em sua composição. Essa combinação associada a outros componentes que podem estar inseridos no efluente causam alterações na rocha produtora, o que pode fazer com que o fator de recuperação de uma determinada formação seja prejudicado, caso a água não receba o tratamento adequado antes de ser re-injetada. Segundo a Petrobras, o monitoramento não é feito apenas em grandes profundidades de onde vem a água de produção, abaixo aproximadamente de 1000 metros, mas é feito também em aquíferos que estão próximos à superfície, a cerca de 150 metros. A empresa alega que esse controle é fundamental para avaliar se há vazamento das formações para aquíferos superiores que servem de abastecimento para o consumo humano. Uma maneira de tornar a fiscalização mais rigorosa sobre a injeção da água produzida e garantir a Política de SMS da empresa. Dentro dessa questão, o software SMSnet desempenha um papel importante, pois garante o controle das atividades desenvolvidas nos processos de injeção, dando maior segurança aos processos com um cruzamento de informações que compõem o seu banco de dados. O resultado da consulta ao programa é uma planilha contendo todos os riscos de impactos e as ações que devem ser adotadas para se evitar situações que possam representar perigo de acidentes. Para a Petrobras, a re-injeção da água produzida torna-se uma alternativa econômica diante dos custos que seriam realizados para o tratamento do efluente e seu posterior descarte em corpos hídricos superficiais. Por esse motivo alguns poços são usados apenas para a re-injeção da água, para o descarte propriamente dito, enquanto que em outros a re-injeção significa recuperação secundária por meio de aumento de pressão no interior da formação. 75 De acordo com a empresa, o tratamento para re-injeção gera um determinado custo, mas nada comparado com os gastos que seriam necessários para o seu descarte na superfície. Por outro lado, os custos gerados com o tratamento minimizam possíveis danos à formação que acabariam por gerar mais despesas dentro do processo produtivo, como a intervenção para recuperação de poços que apresentam problemas de produtividade. Isso significa que ao final do cálculo de Custo X Benefício, o tratamento para injeção de descarte resulta em economia que se tem em relação ao direcionamento adequado que a mesma deveria receber em caso de descarte em corpos hídricos superficiais. O controle da água produzida feito pela Petrobras mostra que o processo é rigoroso não apenas para atender às normas legais exigidas pelas legislações, mas também para cumprir com a política interna da empresa que garante a preservação e os cuidados com as questões referentes à SMS. 3.2.1 SMSNET COMO FERRAMENTA DE CONTROLE LEGAL Para atender as necessidades de conformidade com os requisitos legais existentes na legislação nacional, como a Resolução CONAMA 396/2008, a Petrobras mantém um banco de dados com informações pertinentes aos assuntos de saúde, meio ambiente e segurança. Um software é responsável por gerir esses dados e passar as informações relevantes aos interessados. O programa se chama SMSnet. Essa ferramenta é responsável por auxiliar na administração de um sistema de gestão integrada, dentro da Petrobras, garantindo a implementação de políticas e ações voltadas para a área de meio ambiente, além de abranger ainda questões de saúde e segurança. O SMSnet serve para identificação de aspectos, impactos, perigos, riscos e associações de requisitos legais para geração de relatórios de conformidade. Tudo baseado nas normas brasileiras que tratam o assunto. O programa funciona como uma ferramenta de gestão dentro do processo de manutenção de SMS da empresa, auxiliando nas tomadas de decisões. O uso do software vai ao encontro das exigências legais e certificadoras que exigem que a organização deva possuir e manter procedimentos aptos a identificar e ter acesso às legislações que tratem de SMS. Então, além do contexto normativo legal, o programa auxilia no cumprimento das exigências de certificação, no caso em voga, a ISO 14.001, além é claro das resoluções CONAMA. Resumidamente, o sistema funciona com base em um banco de dados composto de leis, identificação de riscos e ações a serem adotadas para a mitigação, transferência ou eliminação do perigo. O banco de dados do SMSnet é abastecido regularmente por uma equipe de consultoria jurídica especializada em questões de segurança, saúde e meio ambiente. Após abastecer o software com novos dados legais, cabe à equipe de SMS da Petrobras avaliar se a normativa é, ou não, cabível às ações da empresa. Sendo detectada a 76 necessidade de adoção ao novo regramento jurídico, ações são viabilizadas para o célere cumprimento da norma. Dessa maneira, a Petrobras consegue atender, prontamente, o cumprimento de leis e de requisitos exigidos pelas autoridades. O SMSnet é consultado em todas as ações desempenhadas pela empresa. A utilização do software garante planejamento e plano de ação para diminuição e combate aos riscos enfrentados no uso da gestão de água produzida, tanto para o seu descarte como para a sua re-injeção para recuperação secundária. Com base nas normas legais e nas informações dos procedimentos que serão adotados, o software cruza informações em seu banco de dados e informa os impactos que podem ser gerados por tais ações. Com base nos dados, os responsáveis podem planejar medidas para a diminuição/eliminação dos riscos que são medidos em três classes: tolerável, moderado e não tolerável. Em casos de novos parâmetros, identificados durante os processos, o software pode ser atualizado com essas novas informações, dando mais segurança às ações desenvolvidas. Quando informações são solicitadas por um usuário do sistema, uma planilha é emitida pelo programa dando os dados solicitados. Nesta planilha constam o nome dos procedimentos, das ações, dos aspectos/perigos e dos impactos/riscos. Com base no software, a re-injeção de água produzida no Norte do Estado é tida como sendo de risco tolerável. O programa avalia ainda se a ação é benéfica ou não ao meio ambiente. No caso em questão, a re-injeção de água é avaliada positivamente como favorável, sendo de risco tolerado na classe de impactos de SMS. Lembrando que todas as ações que tenham relação com a resolução CONAMA 396/2008, ou qualquer outra legislação vigente, serão analisadas e avaliadas pelo SMSnet a fim de se evitar não conformidades. O banco de dados do sistema é abastecido constantemente com novas leis, resoluções, dando à organização a garantia do cumprimento de normas atuais e servindo de controle e planejamento das ações desenvolvidas, garantindo, além do cumprimento das normas, a fiscalização para a preservação do meio ambiente. 4 CONCLUSÃO A Política de Segurança, Meio Ambiente e Saúde da Petrobras é de fundamental importância para a empresa e a sociedade em geral. Ao garantir a preservação da vida e do meio ambiente, a empresa se compromete com o desenvolvimento sustentável e mostra que está disposta a aderir aos processos de exploração e produção, gerando menos impacto ao meio ambiente, prática já instituída por empresas de diversas partes do mundo. A Diretriz II da Petrobras (2002) é uma grande aliada ao assegurar o atendimento às normas legais e a antecipação de ações que possam prevenir futuras não-conformidades. Por ser abrangente, essa diretriz torna o setor de proteção ao meio-ambiente da empresa um mecanismo dinâmico e capaz de identificar novas mudanças legais e exigí-las de 77 seus fornecedores e parceiros. Grande ferramenta dentro desse processo é a ferramenta SMSnet, que auxilia no cumprimento das normas e propõe ações a serem implementadas de acordo com a classificação de cada risco. Por meio de suas práticas voltadas ao respeito à legislação e ao compromisso com a sociedade, diga-se gerações futuras, a Petrobras entra em uma nova era em que a responsabilidade social torna-se uma regra para a sobrevivência no mercado mundial. Organizações que não se enquadrarem nesses parâmetros sofrerão conseqüências drásticas, que podem ir de desvantagem competitiva à até mesmo a não sobrevivência nesse novo cenário global. O que pode ser percebido, é que nesse aspecto, a empresa tem mostrado uma eficiência em antecipação nas propostas de gestão ambiental. Entender o processo de uma produção que gere menor impacto, com a reutilização da água produzida, foi uma das alternativas que a Petrobras encontrou para atender as normas e se enquadrar nas e exigências nacionais e internacionais. Os cuidados com a gestão ambiental já fazem parte de uma nova fase da administração de empresas no mundo. Na atualidade, o respeito ao meio ambiente não advêm apenas do cumprimento de regramentos jurídicos, mas sim de uma nova postura no cenário comercial, onde o menor impacto gerado se transforma em diferencial competitivo. Com um tratamento adequado da água produzida e sua re-injeção para reuso/descarte, e constante monitoramento desses poços, a empresa consegue atender de forma eficiente a Resolução CONAMA 396/2008, reduzindo os custos que teria com o tratamento desse resíduo para o descarte em corpos hídricos superficiais. Ficou evidenciado que por meio de ferramentas de SMS, como o SMSnet, e ações planejadas e eficazes de tratamento e re-injeção de água produzida é possível uma gestão atual dos processos de cumprimento legais referentes às normas que regem o setor petrolífero. Com base na gestão de antecipação dos riscos, com o uso de métodos eficientes, a Petrobras consegue cumprir o que determina a Resolução 369/2008, no Município de São Mateus, gerando um menor custo em relação ao descarte dessa água em corpos superficiais e sem agredir o meio ambiente. Pode-se comprovar, diante das evidências, que o tratamento de água produzida se faz necessário para a garantia de um meio ambiente saudável e, até mesmo para a manutenção da qualidade da produção, para os casos de re-injeção conforme estudado neste trabalho. Além, é claro, de que o controle desses riscos ambientais é imprescindível para o atendimento legal e manutenção das certificações. Concluímos que o atendimento à Resolução CONAMA 396/2008 é possível com o aproveitamento na produção e o respeito ao meio ambiente, garantindo uma produção sustentável sem desrespeitar a legislação vigente. 78 REFERÊNCIA 1. ANDRADE, Vìvian Tavares de. Avaliação da toxidade da água produzida tratada por processo evaporativo com a finalidade de reuso em solo. Tese de Doutorado. Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2009, 144 p. 2. ANP. Glossário: Água de injeção. Brasília, DF, 2011. Disponível em: <http://www.anp.gov.br>. Acesso em: 07 set. 2011. 3. BOGER, Guilherme; GROHE, Denise Antunes; BESSOW, Rodrigo Dora. Gestão ambiental e responsabilidade social: um estudo de caso na empresa Dpaschoal – filial Uruguaiana. Uruguaiana, 2005. Disponível em: <http://br.monografias.com/trabalhos/gestao-ambiental/gestao-ambiental.shtml>. Acesso em: 01 out. 2011. 4. BRASIL. CONAMA (2007). Resolução 393, de 08 de agosto de 2007. Dispõe sobre o descarte contínuo de água de processo ou de produção em plataformas marítimas de petróleo e gás natural, e dá outras providências. MMA. Brasília. 5. BRASIL. CONAMA (2008). Resolução 396, de 07 de abril de 2008. Dispõe sobre a classificação e diretrizes ambientais para o enquadramento das águas subterrâneas e dá outras providências. MMA. Brasília. 6. BRASIL. Constituição (1988). Constituição [da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal. 7. CAVACO, P. C. Cardoso; BARROS, Airton B. de. Gestão de efluentes e recursos hídricos em campos de produção de petróleo terrestre. In: II Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia, SEGeT, 2005, São Paulo. Disponível em: <http://www.aedb.br/seget/artigos05/378_GESTAO%20DE%20EFLUENTES%20 P%20Cavaco.pdf>. Acesso em 20 de abr. 2011. 8. CURBELO, Fabíola Dias da Silva. Estudo da remoção de óleo em águas produzidas na indústria de petróleo, por adsorção em coluna utilizando vermiculita expandida e hidrofobizada. Tese de Dissertação de Mestrado em Engenharia Química – UFRN. Natal, 2002, 88 p. 9. FONTES, Vilsinéia dos Anjos. Estudo de adsorvente obtido de terras diatomáceas para remoção de metais pesados em águas produzidas: processamento, caracterização e dinâmica em leito fixo. Tese de Mestrado UFRN. Natal, 2010, 116 fl. 10. GOMES, Emiliano Almeida. Tratamento combinado da água produzida de petróleo por eletroflotação e processo fenton. Tese de Mestrado. Aracajú: Universidade Tiradentes, 2009, 95p. 11. GUERRA, Ricardo Consigliero. Estudo do lodo gerado em reator biológico, pelo tratamento de água de produção de petróleo, no terminal marítimo Almirante 79 Barroso, Município de São Sebastião, SP. Visando sua disposição final. Rio Claro, 2009, 125 f. Tese de Doutorado em Ciências Biológicas – Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2009. 12. GUIMARÃES, Patrícia B. Vilar; XAVIER, Yanco M. de Alencar. A água produzida e gestão ambiental na indústria de combustíveis brasileira. Revista Âmbito Jurídico. Rio Grande, 2008. Disponível em <http://www.ambitojuridico.com.br>. Acesso em 25 out. 2011. 13. MANÇU, R. 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Com isso este artigo tem como objetivo apresenta a implantação da segurança de perímetro, que é a expressão formal de uma fronteira fortificada, onde inclui o firewall e o roteador, que tem como objetivo direcionar os dados para dentro ou fora da rede. PALAVRAS-CHAVE: Segurança da informação. Segurança de rede. Perímetro. ABSTRACT This article aims to show the importance of information security in companies, particularly brokerage, Battle Administrator and insurance broker. Discuss possible applications of methods in the information system and demonstrate how the lack of automation and failures can cause loss, loss and breakage of the principles of information security in the technological enterprise. Thus this article aims to present the implementation of perimeter security, which is the formal expression of a fortified border, which includes the firewall and router, which aims to direct the data into or out of network. Keywords: Information Security. Network security. Perimeter. 1 INTRODUÇÃO O ativo mais valioso de uma empresa é a informação, assim se faz necessário mais segurança e uma proteção adequada a ela. Assustadoramente a globalização vem atingindo as pequenas, médias e grandes empresas trazendo um crescimento tecnológico e aumentando os riscos de ataques, vulnerabilidades, incidentes, uma série 16 Discente do Curso Superior Tecnológico em Analise e Desenvolvimento de Sistemas da Faculdade Norte Capixaba de São Mateus - UNISAM. 17 Formado em Ciência da Computação pela Unifenas, Especialista em Criptografia e Segurança de Redes pela Universidade Federal Fluminense(UFF), mestrando em Energia pela Universidade Federal do Espirito Santo(UFES) e Embaixador do Fedora Brasil. 81 de ameaças ao sistema de informação, suas redes de computadores e até mesmo ao banco de dados, resultando em prejuízos, com os dados e informações das empresas. Segundo Campos (2007) a segurança da informação baseia-se em três princípios extremamente necessários, sendo eles: a confidencialidade, integridade e disponibilidade da informação. A confidencialidade tem como objetivo manter a restrição de acesso, garantido que apenas a pessoa autorizada tenha o acesso solicitado. De acordo com o dicionário a palavra confidencial é caráter restrito, reservado, ou seja, a confidencialidade parte para o princípio de manter a informação segura e confidencial à apenas ao usuário correto. Integridade é manter a informação íntegra, completa e sem alterações. O conceito chave para integridade é permitir que apenas as pessoas autorizadas ou sistemas autorizados, façam a devidas alterações nas informações e dados da empresa. E a disponibilidade é manter a informação sempre disponível, para o uso e acesso dos usuários, sendo essencial o preparo físico e tecnológico da empresa. Muitas empresas são vitimas de grades prejuízos, pois não possuem em seus ambientes uma segurança adequada para as informações. Este artigo trata-se da apresentação da importância da segurança da informação em uma corretora de seguros, bem como a implantação da segurança de perímetro no servidor Windows através do Isa Server, usado para proteger a conexão da rede empresarial com a internet. Será constituído através de considerações teóricas para melhor fundamentação do tema e seu desenvolvimento. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 INFORMAÇÃO Informação são fatos conhecidos ou características de um determinado objeto comunicados acerca de alguém ou algo, é a interpretação real dos dados. Segundo Campos (2007 p.15) [...] informação é ao mesmo tempo composta de dados e componente do conhecimento. [...] a informação é um elemento essencial para a geração do conhecimento, para a tomada de decisões, e que representa efetivamente valor para o negócio, dentro de cada um de seus processos. Uma vez que a informação representa valor e, consequentemente, contribui diretamente para a geração de lucro, é possível afirmar então que a informação é um bem, um ativo da organização. A informação pode ser classificada conforme o seu valor e importância, sendo determinadas como pública, interna, confidencial e secreta. Laureano (2011, p.08) diz 82 que “é exposto, a necessidade de classificação da informação em níveis de prioridade, respeitando a necessidade de cada empresa.” Informações públicas são aquelas que não são direcionadas a um só publico, podem ser enviadas, estarem disponíveis para qualquer pessoa pois sua essência, conteúdo não irá causar danos a empresa. As informações internas são direcionadas a um local ou pessoa, porém se for acessadas não interferem no processo administrativo e nem produtivo da empresa. Confidenciais são informações restritas para o uso da empresa, cujo extravio, divulgação, pode causar um desequilíbrio de operações na empresa. Já as informações secretas são informações também restritas geradas através de reuniões, sessão de negócios no qual são de grande importância e valor para a empresa. Para que a informação seja manipulada, ela tem que estar guardada, armazenada de algum modo. Encontramos as informações conservadas de várias formas, sendo forma física, em documentos, papéis, livros, revistas, jornais, fotografias; formas digitais presentes em CDs, DVDs, discos, fitas, disquetes, memórias de computadores, pendrives, HD’s e na mente das pessoas ou filmes. O ciclo de vida da informação é identificado pelos momentos e situações que a informação passa depois der ter sido criada. Ele tem por início quando a mesma gera algum conhecimento sobre algo ou alguém, resultando em elementos de interesse específico tornando-se diferentes e competitivos nos ambientes no qual a informação se enquadra. O ciclo de vida da informação é um processo de manuseio, armazenamento, transporte e descarte. O manuseio da informação começa quando ela é criada e manipulada, seja ao consultar documentos publicados ou interpretar dados e gerar um conhecimento, assim o próximo passo é o armazenamento no qual pode ser tanto de forma física, digital, na mente ou por filmes como já informado acima, o transporte da informação é quando ela tem que ser enviada e adquirida por outras pessoas, utilizando de meios para a condução, podendo ser, por fax, e-mail, carta, telefone, mensagem, redes sociais, bluetooth e por fim, o descarte da informação, quando ela é jogada na lixeira de empresas, casas, ao eliminar um arquivo eletrônico, ao quebrar CDs e outros meios de rejeição que são utilizados pelos usuários. 2.1.1 SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO Segurança de acordo com o dicionário Aurélio, é o ato ou efeito de segurar-se, tornar algo ou o ambiente seguro, livre de perigo e riscos. A segurança da informação tem por objetivo, estabelecer, padronizar e normalizar a segurança dos dados e seus processos, tanto no escopo humano como no escopo tecnológico dentro do ambiente corporativo, seja onde estejam situadas. De acordo com Campos (2007 p.17) Um sistema de segurança da informação baseia-se em três princípios básico: 1) confidencialidade, 2) integridade e 3) disponibilidade. [...] Se um ou mais desses princípios forem desrespeitados em algum momento, isto significa uma quebra de 83 segurança da informação, o que pode ser chamado também de incidente de segurança da informação. As informações são ativos importantíssimos para o cotidiano das organizações de um modo geral, uma vez que os seus valores são imensuráveis dado à quantidade crescente de dados que as empresas possuem, agregam e utilizam em suas rotinas diárias. É muito importante manter os equipamentos, os hosts, a rede empresarial, funcionando e garantindo que os pilares da segurança não sejam corrompidos. A segurança da informação tem que permanecer presente em todos os segmentos da empresa, os colaboradores que utilizam os sistemas têm que serem treinados para obter conhecimentos acerca das políticas de segurança que a empresa possui, como senhas pessoais fortes, acessos restritos, autenticações de usuários, normas acerca de condutas pessoais e profissionais dentro da empresa. Já os gerentes administrativos, os sócios-proprietários, deverão manter uma boa relação com a equipe de TI, para obter o conhecimento e juntos tomarem decisões sobre as medidas de segurança que serão utilizadas na empresa, como diz Izquierdo (2011, p.01) “a segurança da informação é assunto estratégico e deve ser tratado no nível apropriado da organização que é a alta administração (sócios proprietários e/ou diretoria executiva).” 2.1.2 PRINCÍPIOS DA SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO Os princípios ou pilares da segurança são características para manter e garantir que os ativos estejam seguros e protegidos contra as falhas e incidentes de segurança no ambiente de uma determinada corporação, utilizados para orientar a análise, planejamento e implantação das medidas de segurança. De acordo com Campos (2007 p. 17 e 18) os princípios para a segurança da informação denotam-se: O princípio da confidencialidade é garantido quando apenas a pessoas explicitamente autorizadas podem ter acesso a informação. O princípio da integridade é garantido quando a informação acessada está completa, sem alterações e, portanto, confiável. O princípio da disponibilidade é garantido quando a informação está acessível, por pessoas autorizadas, sempre que necessário. A palavra confidencial significa, escrito em segredo, que tem caráter reservado. Sendo assim, o princípio da confidencialidade tem como característica principal manter a informação segura e reservada apenas para a pessoa ou processos destinados. Um mecanismo importante na confidencialidade é manter a privacidade dos dados, utilizando métodos como, uma identificação, autenticação e autorização. 84 Moraes (2010, p.105) diz que “o principio da confidencialidade é proteger a informação em sistemas, recursos e processos para que eles não sejam acessados por pessoas não autorizadas.” Integridade é manter a informação completa, inteira. Toda informação gera conhecimento, sendo assim é importantíssimo que a informação esteja sempre correta, integra e digna de ser utilizada, pois ela está sempre presente em nosso cotidiano. A integridade está relacionada com a proteção da informação para que os dados não sejam intencionalmente ou acidentalmente alterados sem a devida autorização. [...] o objetivo da garantia da integridade dos dados é prevenir a existência de fraude ou erro de processamento. (MORAES 2010 p. 103) Os sistemas e seus bancos de dados são fontes de informações utilizadas pelas organizações para que tenham acesso mais rápido e respostas exatas de suas solicitações diárias, portanto eles têm que estarem sempre acessível, a serventia dos usuários. O princípio da disponibilidade de acordo com Moraes (2010 p.106) está relacionado “a garantia de que o sistema vai estar sempre acessível quando o usuário precisar.” 2.2 AMEAÇAS E VULNERABILIDADES As ameaças são indícios de moléstias, situações que causam mal, malefícios que serão expostos a algo ou alguém. Elas exploram os pontos fracos (falhas de segurança) e como consequências provocam danos. Campos (2007 p.25) A ameaça é um agente externo ao ativo de informação, que se aproveitando de suas vulnerabilidades poderá quebrar a confidencialidade, integridade ou disponibilidade da informação suportada ou utilizada por esse ativo. Alguns exemplos de ameaça são fraudadores, espiões, sabotadores, vândalos, sobrecargas no sistema elétrico (que podem causar incêndio), tempestades (que podem causar inundação), vírus, spywares, worms, entre outros. As ameaças são classificadas em três tipos: Naturais, que são as condições da natureza, como por exemplo, fogo que pode causar um incêndio, chuvas, granizos, quedas de energias decorrentes a grande descarga de energia ou relâmpagos. Para evitar esse tipo de ameaça é essencial que os hardwares, equipamentos e instalações físicas estejam instalados corretamente e tenham planejamento de recuperação se caso ocorrer algum desastre natural. Intencionais são ameaças ocasionadas por fraudes, vandalismo, invasões, ataques de hacker, espiões, funcionários mal-intencionados dentre outras formas. Segundo Moraes (2010 p.111) as ameaças intencionais “são as que viram noticia de jornal e nas quais os produtos de segurança podem atuar melhor.” Involuntárias ou não intencionais são as ameaças resultantes de ações inconscientes dos usuários, perigos ocorridos por falta de conhecimento e ignorância dos usuários. 85 Vulnerabilidade trata-se de onde as informações estão sujeitas a receberem ataques e de serem corrompidas. De acordo com (CAMPOS 2007 p. 25) “[...] É importante destacar que essas vulnerabilidades estão presentes nos próprios ativos, ou seja, que são inerentes a eles, e não de origem externa.” Elas podem estar presentes nos ambiente físicos das empresas, condições da natureza, defeitos ou configuração dos hardwares e dentre os pontos fracos dos softwares. Moraes (2010 p. 112, 113) descreve a vulnerabilidade como: Um ponto no qual o sistema é suscetível a ataque. [...] ameaça é uma intenção concreta de exploração das vulnerabilidades em um sistema. [...] as vulnerabilidades de um sistema são classificadas ou categorizadas em físicas, naturais, hardware ou software, mídia, emanação 18, comunicação e humanas. Vulnerabilidades são falhas, fraquezas encontradas nos ativos, no qual são resultantes da quebra de um ou mais princípio da segurança da informação, elas facilitam a ocorrência de incidentes de segurança, conforme apresenta a figura abaixo. Todos os ambientes estão vulneráveis, uma vez que nenhum lugar é totalmente seguro. 2.3 ATAQUES Ataques ou agressões os sistemas, redes corporativas e outras fontes de informação, acontecem quando as vulnerabilidades não são tratadas ou os problemas não são reparados. Conforme cita Guimarães, Lins e Oliveira (2006 p.12) “ataques de segurança são quaisquer ações que possam comprometer a disponibilidade, integridade, sigilo e autenticidade de uma informação pertencente a uma organização.” Os ataques estão muito presentes nas empresas devido à falta de segurança que elas apresentam. Eles ocorrem por meios internos, sendo por funcionários mal intencionados, atividades que colocam as informações em perigos, etc. e também por meios externos, sendo através da internet, vírus espiões, spams e outros. Existem vários tipos de ataques, como por exemplo: engenharia social, no qual explora as fraquezas humanas e sociais; o ataque físico, concedido por invasões na parte física estrutural da empresa, com roubos de equipamentos, softwares; vírus, worms, spywares; ataques dirigidos a banco de dados e falsa autenticação de usuário. 2.4 VÍRUS Vírus é um programa ou parte do mesmo, este é malicioso e tem por objetivo infectar arquivos de um computador para destruir os dados ou o sistema, ele depende da 18 - Sinais emitidos por computadores, equipamentos de rede e monitores que podem ser captados e decifrados. 86 execução do programa ou arquivo hospedeiro para que possa se tornar ativo e dar procedimento ao processo de infecção ou seja é um código auto-propagável. Os primeiros vírus foram desenvolvidos em linguagem C e Assembly, atualmente eles são desenvolvidos de várias maneiras, como através de scripts e de funções de determinados programas. Tadeu (2006 p.31) diz que “o nome vírus, se dá devido à semelhança das ações e proliferações que o mesmo efetua, como um vírus real que domina o mecanismo de células normais.” Os vírus são espalhados por diferentes meios, como e-mail, pendrives, dispositivos removíveis, disquetes, arquivos compartilhados. Os vírus são classificados como: Vírus de arquivos ou programas; Boot, que ficam armazenados na inicialização de softwares; Macro, que são vírus que infectam os arquivos do Office da Microsoft; Multipartite, armazenados em arquivos executáveis, Stealth, no qual utiliza técnicas para enganar o antivírus e polimórficos, se auto modificam a cada nova disseminação. Quando um vírus é descoberto a ICSA (International Computer Security Association) faz uma pesquisa e estuda as características da nova praga e envia os dados para os fabricantes de antivírus para que eles construam uma vacina para conter ou destruir o vírus. Os antivírus são softwares que verificam se em um computador, sistemas, pendrives, dispositivos removíveis ou outras possíveis fontes, estão infectados por vírus. Os fabricantes de antivírus, para construírem a vacina, analisam o código do vírus e armazenam pequenos fragmentos que não são encontrados em nenhum outro software conhecido. Eles enviam periodicamente estes códigos para os usuários, através das atualizações dos softwares de antivírus. 2.5 WORM Worm ou verme são parecidos com os vírus, no entanto eles não precisam ser executados para serem disseminados. Os Worms criam cópias de si e passam de um computador para o outro através da internet ou através da rede local, capturam endereços de e-mail nos arquivos dos usuários e utilizam o serviço de SMTP para que contaminação seja feita de uma forma rápida. O criador do primeiro Worm da historia, foi Robert Morris Jr. que ficou muito famoso com sua criação. Danos causados por um worm têm uma proporção bem maior do que os danos causados por um simples vírus. Exemplos mais comuns de worm são o Melissa (worm de macro) e o I Love You (worm vbscript) ambos sempre enviados por e-mail. [...] embora de finalidades semelhantes, os vermes possuem a característica especial, e muito perigosa, de não precisarem de intervenção humana para a sua propagação. [...] eles tem a habilidade de se hospedar e um computador e usá-lo 87 como base para se multiplicar e se auto-enviar a outros computadores, utilizando informações ou furtados daquele no qual se instalaram. (JÚNIOR 2004 p.51) Os antivírus mais novos localizam e obtém o worm, porém como não são programas executáveis são facilmente alterados e conseguem enganar o software. 2.6 TROJAN Trojan é um tipo de praga digital que permite o acesso remoto ao computador após a sua infecção, seu objetivo é capturar e apagar dados, destruir aplicativos no sistema ou computador infectado. Definimos um cavalo de tróia ou trojan como um programa que além de realizar as funções normais para o objetivo criado, ele também tem a função maliciosa de deixar portas abertas. São diversas formas que o trojan pode estar escondido, sendo, através de fotos, arquivos de músicas, aplicativos, mensagens de texto e até mesmo em jogos. Tipos de cavalos de tróia: Invasão por portas TCP e UDP, trojans de informação, trojans de ponte, rootkits e trojans comerciais. 2.7 SPAM Spam são mensagens eletrônicas, como mensagens de redes sociais, e-mails, recebidos de fontes não confirmadas, sem autorização, recebidos sem nenhuma solicitação e sem o consentimento do usuário, trata-se do lixo eletrônico. De acordo com Carmona (2006 p.119) spam é “o responsável pelo aumento do trafego de rede, além de ser uma das causas da propagação de vírus e spywares 19 nas redes de computadores.” O recebimento de Spam é muito comum em ambientes comerciais. O Spam quando é enviado, chega para vários usuários. Quando o conteúdo é comercial, este tipo de mensagem também é chamada de UCE (Unsolicited Commercial E-mail). Muitos problemas podem ser causados pelo Spam, nas redes, empresas e para os usuários de internet, como por exemplo, não receber e-mails, aumentos de infecções por pragas digitais, perda de produtividade no envio e recebimento de mensagens, fraudes e até mesmo conteúdos impróprios e ofensivos. O bloqueio do recebimento de Spam é realizado através de softwares chamados de antispam. Os Anti-Spams são programas que administram a lista de endereços dos contatos eletrônicos e identificam aqueles que possuem uma origem duvidosa. Este software pode ser configurado para executar ações automáticas ou apenas quando forem solicitadas pelo usuário, ações como: apagar emails ao recebê-los, informar o 19 Programas que ficam "espionando" as atividades dos internautas ou capturam informações sobre eles, podem vir embutidos em softwares desconhecidos, e quando baixados podem infectar o computador. 88 recebimento ao provedor do usuário, verificar os spams recebidos para serem bloqueados no futuro e identificar e mover o spam para uma pasta específica 2.8 SEGURANÇA DE PERÍMETRO Segurança de perímetro é usada para proteger o acesso da rede empresarial com a internet, mantendo a rede livre de quaisquer perigos. De acordo com Andrade (2007 p.18) “o perímetro é uma área delimitada por recursos físicos e lógicos. Tem como objetivo impedir o acesso não autorizado e manter a integridade das informações da organização.” A insuficiência da segurança de perímetro nas redes corporativas abre brechas na segurança, facilitando a invasão e possíveis explorações das vulnerabilidades na rede com propósito de capturar as informações e prejudicar o desenvolvimento da mesma. Para Cheswick, Bellowin e Rubin (2005 p.30) a segurança de perímetro funciona como uma cidade, sendo que: Tem dois componentes: o muro e o portão. Na internet, o portão é implementado por um firewall, uma configuração de máquinas e softwares que permitem aos habitantes da cidade de fazer seus negócios sem deixar os maus elementos entrarem. Para ser eficiente, o muro deve circundar toda a cidade e ser suficientemente alto e espesso para suportar um ataque. Para incluir a segurança de perímetro em uma rede de computadores utiliza diferentes componentes, como, roteadores que são equipamentos que controlam o encaminhamento das mensagens que trafegam na rede, firewalls, proxies (intermediários entre o usuário e servidor, que desempenha a função de conexão do computador local à internet), sistemas de detecção de intrusos (sistema que detecta se os computadores estão sendo acessados ou sofrendo manipulações através da internet). Existem dois tipos de perímetros, o perímetro exterior e o perímetro interior. O perímetro exterior de acordo com Guimarães, Lins e Oliveira (2006 p.22) “representa o ponto de separação entre os recursos que estão sob o controle e os recursos que não estão sob o controle, com exceção da rede VPN20.” Já o perímetro interior “são relacionados a um recurso particular que se pretende proteger.” 2.9 FIREWALL Peterson e Davie (2004 p. 450) interpretam firewall como: Um roteador programado especialmente, e que fica entre uma instalação e o restante da rede. Ele é um roteador no sentido de que está conectado a duas ou mais redes físicas e encaminha pacotes de uma rede para outra, mas também filtra os pacotes que passam através dele. 20 VPN quer dizer Rede Privada Virtual (Virtual Private Network), é uma rede de comunicação privada normalmente utilizada por empresas ou um conjunto de empresas. 89 Firewall é um software ou hardware responsável pela filtragem, tráfego de pacotes e verificação dos dados antes de enviar ao usuário que fez a solicitação dos dados. Segundo Moraes (2010 p.202) “os firewalls podem desempenhar o papel de concentradores de VPN na rede sem fio e ainda serem utilizados para proteger o acesso a internet para redes sem fio e corporativa.” As principais funções de um firewall são estabelecer a segurança em um perímetro, separar a rede interna da externa controlando os acessos, ser fundamental no controle de políticas de segurança, proteger a rede e sistema contra as vulnerabilidades e ameaças. O administrador, gerente da TI ou até mesmo o profissional responsável pelo gerenciamento de bloqueios em um firewall, tem que ter o conhecimento da política de segurança, controle de acessos para configurá-lo. Ele já tem uma configuração padrão, portanto tem que alterar as configurações conforme necessidade da empresa e sua política de segurança, liberando acessos, portas e se caso seja necessário, criar também os bloqueios. 2.10 ISA SERVER Isa Server (Microsoft Internet Security e Acceleration Server) é um sistema desenvolvido pela Microsoft sendo uma solução em segurança, ele ajuda a proteger o computador através de regras definidas, proxy, firewall, VPN, gerenciamento de acessos na rede, oferecendo diversos benefícios para a rede, segurança das informações no cotidiano das organizações. De acordo com a Microsoft (2011, p.1) a ferramenta Isa Server é descrito como “[...] um gateway de segurança integrada que ajuda a proteger o seu ambiente de TI contra ameaças da internet, ao mesmo tempo em que fornece a seus usuários um acesso remoto rápido e seguro de dados e aplicações.” Os requisitos mínimos para a instalação do Isa Server em um computador é: 300MHz ou superior Pentium II CPU compatível, 256 MB de RAM, 2 GB de disco rígido espaço na partição NTFS formatado, 200 MB de espaço disponível no disco rígido. Para que o sistema seja utilizado como firewall é preciso que se considere o quão potente a CPU é em termos de requisito para rendimento. Por exemplo: Em uma um taxa de menos de 25 Mbytes por segundo, recomenda-se uma CPU com Pentium II 300 MHz ou 500 MHz. Esta ferramenta utiliza diferentes modelos de rede para melhor ser adequada ao ambiente tecnológico da empresa e atender as necessidades de segurança das informações internas e externas. O Isa Server permite que os gestores de TI e os administradores da empresa obtenham dados com valores a respeito do tráfego das informações, desempenho e gerenciamento da rede. Pode ser utilizado em diferentes cenários: Publicando o conteúdo do acesso remoto de forma segura. Ao ser utilizado neste cenário, esta ferramenta disponibiliza que as informações acessadas remotamente 90 por usuários, estejam seguras, com dados criptografados e acessos autenticados através de senha do usuário. Fazendo a conexão e proteção de escritórios remotos. Neste cenário, permite um acesso remoto entre as filiais da empresa com a matriz através de uma conexão rápida e segura. Resguardando contra as ameaças internas e externas decorrente da internet. O Isa Server neste cenário utiliza o firewall e proxy, para gerenciar, monitorar e proteger a rede. O Isa Server 2006 possui duas edições, o Standard e Enterprise Editions. A diferença entre as edições do Isa Server estão presentes em seus recursos. Os principais recursos disponíveis em ambas edições: servidores Microsoft internos com acesso remoto seguro, serviços de rede virtual privada (VPN), gerenciamento, monitoramento e serviços de relatório, múltiplas redes, proteção avançada do firewall, autenticação, publicação de servidores e desempenho. A implantação do Isa Server conforme Serwin (2011) gera conceitos na segurança das informações da empresa como, uma política de acesso, regras, utilização de matrizes de domínio através do Active Directory (Serviço de diretórios do Windows que identifica através das senhas dos usuários, os recursos disponíveis na rede). A nova atualização do Isa Server recebeu uma alteração em seu nome, portanto o Isa Server 2006 foi atualizado para Forefront TMG 2010 (Microsoft Forefront Threat Management Gateway). De acordo com Souza (2011 p.01) o Forefront TMG 2010, possui alguns pilares: Definimos como os pilares do Forefront TMG: proteção de acesso de fora para dentro, proteção de acesso de dentro para fora e proteção contra ameaças de rede. Podemos resumir como sendo o acesso a servidores de correio, servidores de aplicação (web ou client-server), VPN e outros recursos publicados, inspeção de Malware e HTTPs, além de filtro URL para controle de acessos a determinados sites e recursos que foram aperfeiçoados tais como IDS (Intrusion Detection System) e inspeções de rede. Está atualização além de manter as funcionalidades do Isa Server 2006, tem um desempenho diferenciado, ele ajuda a manter os colaboradores da empresa longe dos ataques e riscos da web. 3 ESTUDO DE CASO O objeto de estudo deste artigo é a empresa Batalha Administradora e Corretoras de Seguros, com o seu desenvolvimento crescente a cada ano, e adquirindo muitas conquistas, dentre essas clientes, atualmente são 6.338 (seis mil trezentos e trinta e oito) clientes segurados. Para a realização deste artigo foi criado um questionário, que foi apresentado junto aos colaboradores da empresa e a entrevista realizada junto com a sócio proprietária Daniela de Oliveira Neves Batalha. O questionário utilizado foi formulado com um total de oito 91 perguntas, no qual foi respondido pelos seis colaboradores da empresa Batalha Administradora e Corretora de Seguros. As perguntas com suas respectivas resposta, foram: 1. Estrutura da rede satisfaz a atividade cotidiana da empresa, com relação à utilização da internet, downloads e segurança no tráfego das informações? - 84% dos colaboradores acham que a estrutura da rede satisfaz a atividade cotidiana da empresa, com relação à utilização da internet, downloads e segurança no tráfego das informações e 16% não acha que a estrutura da rede satisfaz. 2. A rede corporativa juntamente com os hosts presentes, sofre com quais invasões? Sendo que os colaboradores responderam que sim e que 60% responderam que são vírus, 40% responderam que são spam, totalizando 100% dos colaboradores. 3. Os sites eram bloqueados? - 100% dos colaboradores responderam que nao tinha nenhum tipo de bloqueio. 4. A empresa possui alguma política de segurança (Normas, regras, diretrizes) referente ao uso da internet, downloads e redes sociais?- Dos 84 % dos colaboradores da empresa acreditam que a empresa não tem uma política de segurança e 16% acredita que tem. 5. Existe senha de acesso por usuário em cada computador, sistema banco de dados? 100% dos funcionários da empresa não tem senhas para acesso aos computadores e banco de dados. 6. Como você classifica a rede de comunicações da empresa com relação à segurança das informações?- Dos seis funcionários que corresponde a 100%, 50% ou seja, três funcionários acham que a rede de comunicação da empresa é regular e os outros três correspondentes ao outros 50% acreditam que a rede é ruim. 7. Qual a importância da segurança das informações na empresa?- 84% acha que é importante e 16% acha que é muito importante. 8. Com a aplicação de medidas de segurança das informações, haverá melhorias no ambiente tecnológico da empresa?- 100% dos funcionários acreditam que a aplicação de medidas de segurança no ambiente tecnológico da empresa, resultará em melhorias. Mediante os dados colhidos e analisados, detectou a necessidade de implementação da segurança de perímetro, na empresa Batalha Administradora e corretora de Seguros para diminuir as vulnerabilidades e incidentes na rede empresarial. 4 IMPLEMENTAÇÃO 4.1 INSTALAÇÃO O processo de instalação do Isa Server inicia através do assistente de instalação conforme tela abaixo: 92 Figura 1 - Assistente de instalação Isa Server 2006 Próximo passo, prosseguindo com a instalação, segue tela com os termos do contrato de licença, e após aceitar os termos do contrato de licença, avançamos, e informamos o nome de usuário, organização e o número de série do produto, ou seja, a chave de ativação para a instalação do software. Clicamos em avançar e definimos qual será o tipo de instalação, a instalação personalizada permite que o usuário selecione os componentes a serem instalados, o a instalação tipica, onde sera instalada os recursos básicos. Após definir o tipo de instalação, prossiga clicando em avançar. A próxima etapa ser mostrada quais os serviços serão desabilitados ou reiniciados e por ultimo clica em avançar e aguarde a instalação do Isa Server. Conforme a figura abaixo. Figura 2 - Assistente instalação - Instando Isa Server. Após a instalação concluída, mostrara a tela inicial do Isa Serve, conforme a figura abaixo: 93 Figura 3 – Tela gerenciamento do Isa Server. 4.2 CONFIGURAÇÃO As configurações de permissões ou negações são realizadas através do console de Administração. Conforme a tela abaixo. Figura 4 - Console de Administração A primeira regra criada foi para a publicação de sites, clicando com o botão direito do mouse, escolhe a opção novo e por ultimo em Regra de publicação de site. Toda regra de negação tem que ser adicionada antes da regra de permissão senão a regra de negação não é atendida. A ação permite, permite que os usuários tenham licença para utilizar os protocolos definidos conforme a definição da empresa, a figura abaixo 94 mostra a tela do Console do Isa Server com os serviços que foram configurados em processo de execução: Figura 5 - Console de Administração – Serviços 5 CONCLUSÃO O grande desafio para as empresas decorrente do crescimento tecnológico é manter seus ambientes protegidos, controlados, livres de vulnerabilidades e se adequarem tecnologicamente e estruturalmente ao desenvolvimento que a tecnologia da informação tem alcançado. Nenhum ambiente é totalmente seguro, porém utilizando medidas, ferramentas de segurança, conseguimos diminuir o fluxo dos danos decorrentes a ausência de proteção as informações. O objetivo geral deste artigo relaciona-se com o exposto acima, neste estudo ficou evidenciado a necessidade da segurança do perímetro no ambiente da empresa Batalha Administradora e Corretora de Seguros, onde se confirma e fica baseado nas respostas dos colaboradores da empresa onde 100% responderam que com a aplicação de medidas de segurança das informações haveria melhorias no ambiente tecnológico da empresa. Os pontos fundamentais foram aplicados como processos do desenvolvimento do projeto onde foram executados atendendo a necessidade da empresa, proteção e controle adequado para a segurança das informações. A segurança de perímetro atendeu e supriu as deficiências de segurança no ambiente tecnológico da empresa. Demonstrando que a segurança de perímetro iria melhorar o processo de segurança das informações. Podemos afirmar que a segurança dos ativos, informações é muito importante para a gestão e cotidiano nas empresas, uma vez que com o uso da internet sem políticas, 95 controles de acesso, as portas dos servidores ficam expostas e vulneráveis a uma grande rede de comunicações. A segurança de perímetro tem tudo para se tornar uma ótima medida de segurança, atendeu aos requisitos solicitados, porém tem que se dar procedimento ao processo de configurações, manutenção, atualização para que seu funcionamento seja eficiente para a empresa. REFERÊNCIAS 1. ANDRADE, Maria Margarida. Introdução á Metodologia do Trabalho Cientifico. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2006 2. ANDRADE, Paulo Henrique Coelho. Segurança de perímetro de Rede em conformidade com os padrões NBR ISSO/IEC (BS7799) e C2. Lavras: 2007, 55 p. Monografia (Pós-Graduação em Administração em Redes Linux) – Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2007. 3. CAMPOS, Andre. Sistema de Segurança da Informação: Controlando os riscos. 2. ed. Florianópolis: Visual Book, 2007 4. CARMONA, Tadeu. Treinamento prático em redes de computadores. 1º ed. São Paulo: Digerati Books, 2006 5. CHESWICK, William R.; BELLOVIN, Steven M; RUBIN, Aviel D. Firewalls e segurança na internet: repelindo o hacker ardiloso. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005. 6. GUIMARAES, Alexandre Guedes; LINS, Rafael Dueire; OLIVEIRA, Raimundo.Segurança com redes privadas virtuais: VPNs. 1. ed. Rio de Janeiro: Brasport, 2006. 7. IZQUIERDO, Antonio Victor. Afinal o que é segurança da informação?. Disponível em <http://www.relacionamentodigital.com/afinal-o-que-e-segurancada-informacao>. Acesso em 06/11/2011 8. JUNIOR, Higor Orrico. Pirataria de Software. 2. ed. São Paulo: MM Livros Editora e Distribuidora, 2004. 9. LAUREANO, Marcos Aurelio Pchek. Gestão de segurança da informação. Disponível em: <http://www.mlaureano.org/aulas_material/gst/apostila _versao_20.pdf>. Acesso em 06/11/2011 10. MICROSOFT, Isa Server. Visão sobre o produto. Disponível em: <http://www.microsoft.com/brasil/servidores/isaserver/prodinfo/overview.mspx>. Acesso em: 21/06/2011 11. MORAES, Alexandre Fernandes de. Redes sem fio: Instalação, configuração e segurança. São Paulo: Érica Ltda, 2010. 96 12. PETERSON, Larry L; DAVIE, Bruce S. Redes de computadores: Uma abordagem de sistema. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. 13. SERWIN, Sebastian. Microsoft ISA Server, Parte I: Introdução, instalação, configuração de cachê da web e acesso à internet. Disponível em: <http://www.windowsecurity.com/articles/Microsoft_ISA_Server_Part_I__introduc tion_installation_configuration_Web_caching_and_Internet_access.html>. Acesso em: 21/06/2011 14. SOUZA, Ranieri Marinho. Segurança da Informação. Disponível em: <http://blog.segr.com.br/dmz-seguranca-de-perimetro>. Acesso em 18/06/2011. 15. TADEU, Luciano Silva. Política de segurança da informação: Recomendações para redução de riscos e vulnerabilidades humanas. Brasília: 2006. 73 p. Monografia (Licenciatura em ciências da computação). Universidade de Brasília – UnB, Brasília, 2006. 97 SISTEMAS MULTIPLATAFORMA: INTEROPERABILIDADE COM O PROJETO MONO Patrick Nunes Segantine21 RESUMO O estudo aqui proposto objetiva apresentar uma solução quanto ao desenvolvimento softwares independente de arquitetura ou sistema operacional através das tecnologias .NET Framework e Mono. O Framework Mono é uma implementação open source22 dos padrões ECMA (European Computer Manufactures Association)23 33424 e 33525 do .NET Framework da Microsoft e oferece vários recursos para o desenvolvimento, migração e distribuição de aplicações multiplataformas. Palavras-chaves: tecnologia; informação; dotnet; framework; compilador. ABSTRACT The study proposed here aims to present a solution for the development of independent software architecture or operating system through technology. NET Framework and Mono. The Mono Framework is an open source implementation [1] standards ECMA (European Computer Manufacturers Association) [2] 334 [3] and 335 [4]. NET Framework and Microsoft offers several resources for development, migration and distribution of multi-platform applications. Keywords: technology, information, dotnet, framework, compiler. 1 INTRODUÇÃO Durante várias décadas, o processo de desenvolvimento de software estava amarrado à arquitetura do hardware e do sistema operacional sobre o qual rodaria. Ao projetar um software, os analistas de sistemas e engenheiros de software preocupavam-se primeiramente com o sistema operacional para então iniciarem o projeto. Isto porque não havia compatibilidade das aplicações desenvolvidas e os vários sistemas operacionais existentes. 21 22 23 24 25 Graduado em Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas pela Faculdade Norte Capixaba de São Mateus – UNISAM. Software que possui o código fonte aberto, ou seja, de acesso público para testar, copiar, modificar e redistribuir. Associação Europeia da Indústria fundada em 1961, e dedicada a padronização de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) e Eletrônicos. Endereço eletrônico: ecma-international.org ECMA 334: documento de especificação da linguagem de programação C# para desenvolvimento de softwares. ECMA 335: documento de especificação da CLI (Common Language Infrastructure) que define como as aplicações poderão ser executadas em ambientes diferentes sem a necessidade de reescrever o código fonte. 98 Com o lançamento da tecnologia Java, iniciou-se então o desenvolvimento de software para “rodar” sobre a máquina virtual e não mais para o sistema operacional. Neste contexto, a máquina virtual encarrega-se de comunicar com o sistema operacional ou plataforma sobre a qual está rodando e gerenciar o aplicativo. Posteriormente, a Microsoft lançou a plataforma .NET1. Uma plataforma muito rica e bem desenhada para facilitar o desenvolvimento de aplicações. A plataforma .NET tornou-se, em pouco tempo, uma excelente ferramenta de desenvolvimento para aplicações desktop, web e mobile. Baseados nos princípios da plataforma .NET, a comunidade open source, patrocinados pela Novell2, resolveu então criar o Projeto Mono. Com o lançamento do Projeto Mono, tornou-se possível a interoperabilidade das aplicações .NET sendo possível desenvolver soluções para rodar tanto em sistemas operacionais proprietários quanto em livres. Segundo Gallo e Hancock (2003, p. 18): Interoperabilidade se refere ao grau em que produtos de software ou hardware desenvolvidos por diferentes fabricantes são capazes de se comunicar com sucesso [...]. Pode-se dizer que o termo interoperabilidade está diretamente relacionado a questões de compatibilidade e portabilidade. Uma tecnologia compatível significa que fora construída tendo como princípios padrões abertos e públicos, ou seja, independente de organizações, para que possa atender a uma determinada necessidade de mercado. Já o conceito de portabilidade gira em torno da capacidade de um sistema ou tecnologia funcionar em um cenário e, ser migrado para outro totalmente diferente, sem que o mesmo pare de funcionar. Desta forma, a interoperabilidade, compatibilidade e portabilidade passam a ser essenciais para as estratégias de TI permitindo a independência de fornecedores e organizações. A Plataforma .NET e o Projeto Mono oferecem três principais tecnologias de interoperabilidade para o desenvolvimento de sistemas. São elas: Plataforma Invoke (ou P/Invoke): tecnologia de interoperabilidade de código gerenciado para nativo que permite chamar APIs nativas no estilo C de código gerenciado; COM26: tecnologia que permite consumir interfaces COM nativas de código gerenciado ou exportar essas interfaces a partir de APIs gerenciadas; C++/CLI: com a qual é possível criar assemblies que contêm uma combinação de código compilado C++ gerenciado e nativo e funciona como uma ponte entre o código gerenciado e o nativo. Kaplan (Revista MSDN Magazine, v. 24, n. 1, 2009) 26 Component Object Model (COM): antigo framework de desenvolvimento de aplicações da Microsoft. Através desta tecnologia, é possível obter um bloco de código reutilizável. 99 2 A PLATAFORMA .NET E O PROJETO MONO 2.1 A .NET FRAMEWORK E O CONCEITO DE PLATAFORMA VIRTUAL Por vários anos, desenvolver um software não era uma tarefa muito fácil. Além do fato de o engenheiro de software esbarrar nas questões como escolher a arquitetura sobre a qual o software rodaria e a linguagem de programação a ser adotada pela equipe de desenvolvedores, ele também ficava amarrado à plataforma de hardware. Durante algumas décadas, as tecnologias COM, CORBA27, EJB28; as linguagens de programação C, C++, Visual Basic, Delphi; e os frameworks MFC29, ATL30; foram anunciadas como as melhores ferramentas para o desenvolvimento de software. Entretanto, algumas delas tornaram-se obsoletas para muitas aplicações atuais. Quando se falava em desenvolver software para a família de sistemas operacionais Windows envolvia diretamente o uso da linguagem de programação C juntamente com a interface de programa de aplicativo Windows (API). A linguagem C é, por sua vez, muito complexa fazendo com que seus desenvolvedores gerenciassem manualmente a memória e os operadores aritméticos. Além disso, por ser uma linguagem estruturada, não fornece os benefícios da abordagem de orientação a objetos. Devido a essas dificuldades, ainda hoje, pode-se encontrar vários softwares com bugs. Devido a essas complicações, muitos programadores preferiram adotar linguagens mais gentis como Visual Basic 6 da Microsoft e o Delphi da antiga Borland. Hoje, ainda é possível encontrar muitas aplicações desenvolvidas nestas linguagens, devido à simplicidade e rápida aprendizagem. Porém, essas linguagens não eram totalmente orientadas a objetos e sim compatível com objetos. No início de 1996, a Sun Microsystems, lançou primeira versão do Java, uma linguagem de programação totalmente orientada a objetos e com a sintaxe do C++. O Java apresentava como principais recursos a independência de plataforma e o suporte em tempo de execução JIT (Just In Time). Um programa compilado em Java na verdade é um semi-compilado, chamado de bytecodes e são executados sobre um ambiente chamado JVM (Java Virtual Machine), que faz o gerenciamento e acesso à memória automaticamente. Entretanto, o Java apresentava uma curva de aprendizado longa, pois a linguagem não é muito fácil de aprender e o fato de ter que utilizá-la do início ao fim durante o ciclo de desenvolvimento do sistema já que não oferece integração com outras linguagens. 27 28 29 30 Common Object Request Broker Architecture (CORBA): padrão de arquitetura para desenvolvimento de sistemas distribuídos independente de linguagem. Enterprise JavaBeans (EJB): componente da plataforma Java Enterprise Edition (J2EE) que tem por objetivo fornecer um rápido e simplificado desenvolvimento de aplicações Java baseado em componentes distribuídas, transacionais, seguras e portáveis. Microsoft Foundation Class (MFC): conjunto de classes da linguagem C++ que facilita a construção de aplicações para sistemas operacionais Windows. Active Template Library (ATL): framework que fornece outros conjuntos de classes C++, templates e macros para facilitar a criação de objetos do tipo COM. 100 2.1.1 A Filosofia .Net Segundo Lima, Edwin (2002, p. 7): A .NET visa resolver os seguintes problemas: Independência de linguagem de programação [...]; Reutilização de código legado [...]; Tempo de execução compartilhado [...]; Sistemas auto-explicativos e controles de versões [...]; Simplicidade na resolução de problemas complexos. Logo após o lançamento oficial do .NET Framework a Microsoft iniciou o processo de padronização do núcleo da plataforma .NET: o CLR (Common Language Runtime) e a Linguagem C#31; que resultaram em algumas especificações como o ECMA 332 e o ECMA 335. Estes dois documentos descrevem todo o funcionamento dessas tecnologias o que possibilita a qualquer empresa criar sua própria versão do .NET, para qualquer sistema operacional ou plataforma de hardware. 2.1.2 A Arquitetura .Net Segundo Troelsen (2009, p. 6) “o .NET Framework pode ser compreendido como um ambiente de tempo de execução e uma biblioteca completa de classes básicas”. Os blocos de contração da plataforma .NET consiste na CLR (Common Language Runtime), CTS (Common Type System) e na CLS (Common Language Specification). O CLR, também conhecido como tempo de execução compartilhado, é o ambiente de execução de todas as aplicações .NET. Quando uma aplicação .NET é chamada, o sistema operacional dispara o runtime .NET que, a partir desse momento, assume o controle da aplicação, realizando o gerenciamento da memória via um mecanismo de chamado GC (Garbage Collector) ou coletor de lixo. Esse gerenciamento da memória torna os programas menos susceptíveis a erros. Outro detalhe importante sobre o CLR é o fato do mesmo ser compartilhado e, portanto, não necessita ter um runtime para cada linguagem .NET. O CTS, ou Sistema Comum de Tipos, faz parte do CLR e tem por objetivo definir os tipos suportados pela .NET e as suas características. Cada linguagem que suporta .NET tem de, necessariamente, suportar esses tipos. E é dessa forma que os diversos tipos nas diversas linguagens são implementados obedecendo às regras definidas no CTS. Troelsen, define o CLS como sendo uma especificação relacionada, que define um subconjunto de tipos comuns e estruturas de programação com o qual todas as linguagens de programação .NET poderão consumi-los. Para Lima, seguir essas regras é um imperativo porque, caso contrário, um dos grandes ganhos do .NET, que é a independência da linguagem de programação e a sua interoperabilidade, fica comprometido. Além das especificações CLR, CTS e CLS já citadas, a plataforma .NET fornece a BCL (Base Classe Library ou biblioteca de classe básica), que está disponível para todas as linguagens de programação .NET. Seu objetivo é oferecer aos programadores de 31 Leia-se Cê Sharp 101 sistemas uma biblioteca consistente de componentes de software reutilizáveis que não apenas facilitem, mas também que acelerem o desenvolvimento de sistemas. Dentro da BCL pode-se encontrar classes básicas, como threads, entrada e saída de arquivos (I/O), um novo sistema de janelas, sockets, gerenciamento da memória etc. A figura abaixo descreve a arquitetura da plataforma .NET: Figura 01 - Relação entre CLR, CTS, CLS e a BCL Fonte: TROELSEN, Andrew. Profissional C# e a Plataforma .Net 3.5 Curso Completo p.7 O modelo de execução do .NET Framework ocorre da seguinte forma: Cada linguagem tem um compilador para .NET. Com isso é possível fazer um programa em C#, uma DLL em VB.NET e outra parte em C++. Quando o código fonte é compilado, conforme o tipo de projeto, um arquivo EXE, ASPX, DLL ou ASMX, é gerado, mas o mais importante é que será gerado um código em Intermediate Language (IL - linguagem intermediária) – por isso é que é possível fazer com que as linguagens interajam entre si. O IL será gerado no ambiente Managed Code, ou seja, no ambiente do .NET. Em seguida, o CLR passa por um JIT (Just In Time Compiler) e o código fica pronto (nativo) para ser executado. Este processo pode ser visualizado na figura a seguir: Figura 02 - Todos os compiladores .Net emitem código IL e metadados. Fonte: TROELSEN, Andrew. Profissional C# e a Plataforma .Net 3.5 Curso Completo p.10 102 2.2 O PROJETO MONO Mono é uma plataforma de software projetado para permitir aos desenvolvedores criar facilmente aplicações multiplataforma. O Mono é uma implementação open source do .NET Framework da Microsoft com base nos padrões ECMA para C # e CLR. Segundo Binhara (2010, p. 29): [..] quando a Microsoft liberou as especificações do .NET, Miguel de Icaza era o criador e líder do projeto GNOME32 [...]. Ele estava à procura de uma plataforma capaz de atender às necessidades de sua empresa. Encontrou na plataforma .NET todas as qualidades que procurava. Binhara (2010, p. 29) ainda afirma que “com essa visão, o Miguel de Icaza decidiu criar o projeto Mono que seria uma implementação open source do .NET”. O Projeto Mono se iniciou pelo desenvolvimento da runtime Mono que é a máquina virtual responsável por converter o código IL em código de máquina nativo. Basicamente, o Mono é composto pelos seguintes componentes: C# Compiler - O compilador do Mono possui todos os recursos para o C# 1.0, 2.0, 3.0, e 4.0 (ECMA). Mono Runtime - O runtime implementa o ECMA Common Language Infrastructure (CLI). O runtime fornece um complador Just-in-Time (JIT), an AOT (Ahead-of-Time) compiler, um gerenciador de biblioteca, o garbage collector (coletor de lixo), um sistema de threading e funcionalidades de interoperabilidade. Base Class Library - A plataforma Mono dispõe de um conjunto abrangente de classes que fornecem uma base sólida para construir aplicações. Essas classes são compatíveis com as classes do .NET Framework da Microsoft. Mono Class Library - O Mono também fornece muitas classes que não estão presentes no BCL fornecido pela Microsoft. Estas classes disponibilizam funcionalidades adicionais que são úteis especialmente na construção de aplicações para os sistemas Linux. Por exemplo: Gtk+ e POSIX. 2.2.1 Compatibilidade com o .NET Framework O mono está atualmente na versão 2.8 (distribuída em outubro de 2010). Por seguir os padrões ECMA, o Mono oferece uma boa integração com o .NET Framework da Microsoft. No quadro33 a seguir, pode-se comparar a compatibilidade entre os dois frameworks com base nas versões do .NET Framework: Implementado Implementado Parcialmente Não Implementado no Mono 32 O GNOME é um projeto internacional de software livre que provê basicamente duas coisas: o ambiente desktop para usuários finais e a plataforma de desenvolvimento (um framework extenso para construção de aplicações que se integrem com todo o desktop. Disponível em <http://wiki.soft warelivre.org/GNOMEBR/Gnome>. Acesso em 21 nov 2011. 33 Disponível em <http://mono-project.com/Compatibility>. Acesso em 10 abr 2011. 103 .NET 4.0 C# 4.0 ASP.Net 4.0 ASP.Net MVC 1 and MVC 2 System.Numerics Managed Extensibily Framework - Shared with .NET via MS-PL license Dynamic Language Runtime - Shared with .NET via MS-PL license Client side OData - Shared with .NET via MS-PL license Parallel Framework and PLINQ CodeContracts - API complete, partial tooling EntityFrameworks - Not available. Server-side OData - Depends on Entity Framework. .NET 3.5 C# 3.0 System.Core LINQ ASP.Net 3.5 ASP.Net MVC LINQ to SQL - Mostly done, but a few features missing .NET 3.0 WCF - silverlight 2.0 subset completed WPF - no plans to implement WF - Will implement WF 4 instead on future versions of Mono. .NET 2.0 C# 2.0 (generics) Core Libraries 2.0: mscorlib, System, System.Xml ASP.Net 2.0 - except WebParts ADO.Net 2.0 Winforms/System.Drawing 2.0 - does not support right-to-left .NET 1.1 C# 1.0 Core Libraries 1.1: mscorlib, System, System.Xml ASP.Net 1.1 ADO.Net 1.1 Winforms/System.Drawing 1.1 System.Transactions System.Management - does not map to Linux System.EnterpriseServices - deprecated 2.2.2 Arquiteturas Suportadas Até a conclusão do desenvolvimento deste trabalho, o Mono suportava as seguintes arquiteturas de hardware: 104 S390, s390x (32 e 64 bits); SPARC(32); PowerPC; x86; x86-64: AMD64 e EM64T (64 bits) IA64 Itanium2 (64 bits); ARM: little e big endian; Alpha; MIPS; HPPA. 2.2.3 Benefícios do Projeto Mono O Projeto Mono oferece tecnicamente muitas vantagens para o desenvolvimento de aplicações. Os principais benefícios são: Cross Platform – Construído para ser multiplataforma. O Mono funciona em Microsoft Windows, Linux, Mac OS X, BSD e Solaris da Sun, Nintendo Wii, Sony PlayStation 3, iPhone. Common Language Runtime (CLR) – Permite que o profissional escolha a linguagem de programação com a qual deseja trabalhar e permite também, interoperar com outros códigos escritos em outras linguagens. Base Class Library – É uma biblioteca de classes disponível para aumentar a produtividade no desenvolvimento de aplicações. Popularidade – Através das linguagens de programação C# e Visual Basic .Net, é possível desfrutar de centenas de publicações de livros, revistas, sites e tutoriais com códigos fontes de exemplo. Oferece ainda, suporte aos sistemas Mac iOS e Google Android, entretanto é necessário a instalação de plug-ins34. Economicamente falando, a utilização do Projeto Mono torna-se viável por disponibilizar uma série de ferramentas de uso livre para os mais variados sistemas operacionais existentes. Desta forma, o usuário que quiser utilizar essas ferramentas para o desenvolvimento de aplicações não terá custos com aquisição de licenças, podendo criar e distribuir seus sistemas sem investir nenhum (ou quase nada) recurso financeiro. 2.2.4 Suporte O Projeto Mono fornece vários tipos de suporte aos usuários: Fórum - listas de discussão (http://go-mono.com/forums/); Contato por e-mail ([email protected]) – Dúvidas e sugestões por email; 34 O Mono disponibiliza versões trial destes plug-ins no seguinte endereço eletrônico: http://xamarin.com/trial. 105 Relatórios de Bugs (http://www.go-mono.com/contact/) – Endereço na internet contendo o relatório de erros e correções para a versão do framework; FAQ (http://www.mono-project.com/FAQ) – Lista contendo uma série de perguntas e respostas frequentemente levantadas por usuários; Suporte comercial (http://support.xamarin.com/) – Suporte mantido pela empresa Xamarin, criadora e mantenedora do Projeto Mono. Por ser pago, geralmente é fornecido através de contrato com outras empresas. 2.2.5 Compiladores O mcs (Compilador C# Mono) é uma implementação da especificação de linguagem ECMA-334. O mcs gera imagens (arquivos .exe) que contém os bytecodes de CLI que pode ser executado por qualquer sistema que implementa uma máquina virtual, como a .NET Framework no Windows ou Mono em sistemas Unix. Atualmente, existem várias versões do compilador C# disponíveis no Framework Mono: mcs – usado para compilar runtime 1.x e implementa C # 1.0 e partes do C# 2.0 e C# 3.0 (que não dependem de especificações de generics); gmcs – usado para compilar runtime 2.0 e implementa os recursos da linguagem C# 3.0 completamente; smcs – usado para compilar aplicações Silverlight e/ou Moonlight que serão executados em um navegador web; dmcs – iniciado com o Mono 2.6 para compilar aplicações C# 4.0. O mcs aceita opções de linha de comando da mesma forma que o compilador Microsoft C#. Essas opções podem começar com uma barra (/), um traço (-), ou traços duplos (--) padrão usado em sistemas GNU. Ao compilar um código fonte, por padrão, o mcs referencia apenas três assemblies: mscorlib.dll, System.dll e System.Xml.dll. Para fazer referência às bibliotecas extras deve-se especificar manualmente usando o arguento de linha de comando -pkg: ou o -r:. Caso se deseja obter todas as bibliotecas do sistema, poderá usar a opção pkg: dotnet. A listagem35 a seguir apresenta algumas opções de linha de comando que podem ser utilizadas como pelo compilador: --about: exibe informações sobre o compilador; --version => exibe a versão do compilador; -doc:FILE => extrai o arquivo XML de documentação do código fonte e armazenda dentro do arquivo “FILE” passado como parâmetro; -main:CLASS => informa ao compilador qual classe contém o ponto de entrada da com o método Main; -out:FNAME, -o FNAME => nome do arquivo a ser gerado após compilação; 35 Todas as opções estão disponíveis no sítio http://docs.go-mono.com/monodoc.ashx?link =man%3amcs(1). Acesso em 19 nov 2011. 106 -platform:ARCH => usado para especificar a plataforma a utilizar. Podem ser: anycpu, x86, x64 or itanium; -pkg:package1[,packageN] => assemblies de referência para os pacotes de dados. Exemplo: mcs -pkg:gtk-sharp demo.cs o -pkg:dotnet Referencia as bibliotecas System.* disponíveis tipicamente na .NET; o -pkg:silver Usado para compilar aplicações Moonlight/Silverlight para web; o -pkg:silverdesktop Opção usada para compilar aplicações Moonlight/Silverlight para desktop. -recurse:PATTERN, --recurse PATTERN => compilação recursiva usando um padrão especificado. Exemplo: mcs -recurse:'*.cs' -r:ASSEMBLY1[,ASSEMBLY2], -reference ASSEMBLY1[,ASSEMBLY2] => usado para referenciar as classes utilizadas (assemblies) no desenvolvimento do programa. 2.2.6 Ferramentas de Desenvolvimento Para facilitar o desenvolvimento de aplicações, o Projeto Mono disponibiliza gratuitamente um IDE (Integrated Development Environment – ambiente de desenvolvimento integrado) conhecido como MonoDevelop. Este IDE foi concebido essencialmente para C# e outras linguagens portadas para plataforma .NET. O MonoDevelop permite aos desenvolvedores criar aplicações para desktop e Web ASP.NET em Linux, Windows e Mac OS X. Segundo o Projeto Mono, existem vários objetivos a alcançar com o MonoDevelop. Alguns destes são: Torná-lo o melhor ambiente de desenvolvimento da para sistemas Unix 36 para Mono; Adicionar funcionalidades para melhorar a experiência com o Gtk#37; Integração das ferramentas desenvolvidas pelo próprio Projeto Mono (MonoDoc, NUnit-Gtk e o depurador) ao IDE. A figura a seguir mostra a janela principal do MonoDevelop em execução: 36 37 Unix é ou sistema operacional originalmente criado em 1969, por um grupo de programadores da empresa AT&T e dos Bell Labs. Atualmente, é o nome dado a uma grande família de Sistemas Operacionais que partilham muitos de seus conceitos originais. Alguns dos sistemas atuais são: BSD (FreeBSD, OpenBSD e NetBSD), Solaris, Linux e o Mac OS X. Disponível em <http://www.htmlstaf f.org/ver.php?id=1007>. Acesso em 29 nov 2011. Gtk# é um Toolkit de interface gráfica do usuário para Mono e .NET, permitindo o desenvolvimento de aplicações gráficas GNOME totalmente nativas usando o Mono e .NET Frameworks de desenvolvimento Net. 107 Figura 03 - Janela Principal do MonoDevelop Fonte: http://monodevelop.com/Screenshots. Acesso em 2011. Outra ferramenta muito importante desenvolvida pela equipe do Projeto Mono é o MoMA (Mono Migration Analyzer). Esta ferramenta auxilia na identificação de problemas que o desenvolvedor pode ter ao portar sua aplicação .NET para o ambiente Mono. Figura 04 - MoMA Fonte: http://www.mono-project.com/MoMA. Acesso em 2011. 108 2.2.7 Download e Instalação O Mono está disponível para download38 em vários tipos de pacotes, isso porque cada tipo de sistema operacional gerencia os aplicativos instalados de forma diferente. Para instalação em sistemas operacionais Microsoft Windows há um pacote de instalação no formato Windows Installer para que inclui o runtime, o Gtk#. Caso o usuário utilize o sistema operacional e Mac OS X39, o pacote de instalação está no formato diferente. Para instalação em sistemas Linux baseados no Debian, a instalação pode ser realizada utilizando um terminal. Exemplo: $ sudo apt-get install mono mono-gmcs mono-gac mono-utils monodevelop 2.3 COMPILANDO ALGUMAS APLICAÇÕES DE EXEMPLO COM O MONO Para a construção de uma aplicação console simples, abra um editor de textos do tipo Notepad e digite o código listado abaixo. Para “compilar um arquivo de classe, obrigatoriamente, este deverá ter a extensão “.cs”, caso contrário, o compilador gerará um erro. using System; public class HelloWorld { static public void Main () { Console.WriteLine ("Mono - Olá Mundo Console"); } } Salve o arquivo com o nome “helloconsole.cs”. Em seguida, abra o terminal e digite: $ mcs helloconsole.cs $ mono hello.exe Para criar uma aplicação desktop baseada no padrão Windows Forms abra o editor de textos novamente e digite o código abaixo: using System; using System.Windows.Forms; public class HelloWorld : Form { static public void Main() { Application.Run (new HelloWorld ()); } public HelloWorld () 38 39 O download do Framework Mono é disponibilizado no endereço eletrônico http://www.go-mono. com/mono-downloads/download.html. Sistema operacional baseando em UNIX desenvolvido pela Apple. 109 { // texto a ser exibido na barra de títulos do formulário Text = "Mono - Olá Mundo Desktop"; // cria uma instância do botão btnOk = new Button(); // define o texto que aparecerá no botão btnOk.Text= "&Ok"; // define a posição que o botão aparecerá na tela btnOk.Location = new System.Drawing.Point(100, 100); // define um evento para o click do botão btnOk.Click += new System.EventHandler(this.btnOk_Click); // adiciona o botão ao formulário this.Controls.Add(btnOk); } // componentes do form private Button btnOk; // ação do botão Ok private void btnOk_Click(object sender,EventArgs e) { // fecha a aplicação this.Close(); } } Salve o arquivo com o nome “hellodesktop.cs”. Em seguida, abra o terminal e digite o comando abaixo para compilar e abrir o arquivo gerado, respectivamente: $ gmcs hellodesktop.cs -pkg:dotnet $ mono hellodesktop.exe 3 CONCLUSÃO Desenvolver software para rodar nos mais variados sistemas operacionais existentes era, e ainda é, uma tarefa muito difícil devido às especificações que cada um possui. A tecnologia Java veio como uma possível solução para resolver essas questões. Ela apresentava excelentes recursos para o ambiente web, porém, para o desenvolvimento de aplicações desktop deixava a desejar. Outras ferramentas como Delphi e Visual Basic também não forneciam recursos suficientes para que o programador pudesse desenvolver um aplicativo multiplataforma. Na verdade, estas ferramentas não foram criadas para esta finalidade (interoperabilidade). Com o lançamento da plataforma .NET e, consequentemente a criação do Projeto Mono, novas maneiras de projetar e desenvolver softwares surgiram. Estas plataformas trouxeram de vantagem o fato de o programador poder escolher mais de quarenta linguagens de programação para trabalhar, o que facilitou e muito o processo de migração para esta nova tecnologia. A cada nova versão de lançamento da .NET Framework e do Mono Framework, várias funcionalidades eram incluídas, sendo possível criar soluções para os ambientes desktop, web e dispositivos móveis como celulares e tablets. Desenvolver software para estas plataformas tornou-se uma realidade principalmente devido às necessidades de mercado, onde o cliente não precisa mais ficar “amarrado” a uma determinada tecnologia, tendo sempre em mãos a vantagem da interoperabilidade. 110 REFERÊNCIAS 1. .NET Framework 4: Interoperabilidade entre Linguagens. Disponível em <http://msdn.microsoft.com/pt-br/library/a2c7tshk.aspx>. Acesso em 20 abr 2011. 2. .NET Framework 4: CLS (Common Language Specification). Disponível em <http://msdn.microsoft.com/pt-br/library/12a7a7h3.aspx>. Acesso em 20 abr 2011. 3. .NET Languages. Disponível em Resources.aspx>. Acesso em 20 abr 2011. <http://www.dotnetlanguages.net/DNL/ 4. BINHARA, Alessandro de Oliveira. .NET em Linux, MAC e iPhone é possível? Descubra como! Revista Mundo.NET, Curitiba, Ano III, n.20, p.28-37, abr/mai, 2010. 5. CERVO, Amado L.; BELVIAN, Pedro A.; SILVA, Roberto da. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2007. 6. GALLO, Michael A., HANCOCK, Willian M. Comunicação Entre Computadores e Tecnologias de Rede. São Paulo: Ed. Cengage Learning, 2003. 7. HORSTMANN, Cay S., CORNELL, Gary. Core Java 2: Volume 1 – Fundamentos. Rio de Janeiro: Alta Books, 2005. 8. KAPLAN, Jesse. Práticas recomendadas de interoperabilidade entre código gerenciado e nativo. Revista MSDN Magazine, v. 24, n. 1, 2009. Disponível em <http://msdn.microsoft.com/pt-br/magazine/dd315414.aspx>. Acesso em 29 mai 2011. 9. LAUDON, Kenneth C., LAUDON, Jane P. Sistemas de informações gerenciais. 7. ed. Pearson Prentice Hall, São Paulo, 2007. 10. LIMA, Edwin. C# e .NET Guia do Desenvolvedor. Rio de Janeiro: Editora Campus Ltda., 2002. 11. MEHRA, Puran. .NET Framework and Architecture. Disponível em <http://ww w.csharpcorner.com/UploadFile/puranindia/NETFrameworkArchitecture 06262009024015AM/NETFrameworkArchitecture.aspx>. Acesso em 05 abr 2011. 12. NEVES, José Luis. Pesquisa Qualitativa - Características, Usos e Possibilidades. Caderno de Pesquisas em Administração, São Paulo, v. 1, n. 3, 2º Sem./1996. Disponível em <http://www.ead.fea.usp.br/cad-pesq/arquivos/c03-art06.pdf>. Acesso em 22 mar 2011. 13. RAMPAZZO, Lino. Metodologia científica. 3. ed. São Paulo: Edição Loyola, 2002. 111 14. RUDIO, Franz Victor. Introdução ao Projeto de Pesquisa Científica, 34. ed. Petrópolis: Ed. Vozes, 2007. 15. Sobre o GNOME. Disponível em <http://wiki.softwarelivre.org/GNOMEBR/ Gnome>. Acesso em 21 nov 2011. 16. TROELSEN, Andrew. Profissional C# e a Plataforma .Net 3.5 Curso Completo. Rio de Janeiro: ALTA BOOKS, 2009. 17. What is Mono. Disponível em <http://www.mono-project.com/What_is_Mono>. Acesso em 22 abr 2011. 112 Mundo Tecnológico Apresentação A revista Mundo Tecnológico publica trabalhos técnicos culturais, científicos e/ou acadêmicos, nas áreas ligadas aos cursos oferecidos de graduação, desde que atenda aos objetivos da Instituição. Admite-se, de preferência, autor pertencente à Faculdade, sem limitar, contudo, as contribuições e intercâmbios externos, julgados pelo Conselho Editorial, de valor para a Revista e, sobretudo, para a sociedade brasileira. Normas de Publicação Os originais entregues para publicação deverão ser assinados pelo autor e seguir as seguintes normas: 1 Texto 1.1 Os trabalhos devem ser inéditos e submetidos ao Conselho Editorial, para a avaliação e revista de pelo menos, dois de seus membros, cabendo-lhe o direito de publicá-lo ou não; 1.2 O texto deve ser apresentado em formato A4 (210x297mm); 1.3 Os trabalhos e artigos não devem ultrapassar o total de vinte laudas, em espaçamento normal; resumos de dissertação e monografia, duas laudas e resenhas e/ou relatos, não devem ultrapassar quatro laudas; 1.4 O texto deve ser entregue em CD e impresso, sendo composto no editor de texto Word for Windows, com fonte Time New Roman 12; 1.5 O trabalho deve apresentar obrigatoriamente: Título; Nome(s) do(s) autor(es) Breve currículo do(s) autor(es), enfocando as atividades mais condizentes com o tema trabalhado; Introdução; Corpo do trabalho; Resultado e/ou conclusões; Referências bibliográficas. 2 Referências Bibliográficas As referências bibliográficas deverão ser listadas imediatamente após texto, em ordem alfabética, obedecendo Normas Técnicas. 3 Citações Qualquer citação no texto deverá ter obrigatoriamente identificação completa da fonte, acrescida da (s) página (s) de onde foi retirada a citação. Pede-se aos autores Seguir rigorosamente o Manual de Normas Técnicas da UNISAM, que se encontra a disposição de todos na Biblioteca e na intranet do site da Instituição; Linguagem condizente como produção científica, evitando abreviações, jargões e neologismos desnecessários; Objetividade quanto à construção do título do artigo; Apresentação do significado de cada sigla que conta do texto na primeira vez em que ocorre. Considerações Finais Os artigos são de inteira responsabilidade de seus autores e o Conselho de Editoração não se responsabilizará pelas opiniões expressadas nos artigos assinados.