Artigo Universidade do Futebol(2)

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Artigo Universidade do Futebol(2)
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RESUMO
Percebendo uma prática muito grande em nossa região do futsal por diversos
motivos, e pela existência de uma transição que ocorre em categorias indefinidas em
diversas situações, iremos estudar se existe alguma influência e/ou legado que o
futsal possa proporcionar a esses atletas que se transferem para o futebol,
encontrando condições diferenciadas de ambiente esportivo como material de jogo,
metragem do campo de jogo, entre outras, que precisaram ser encaradas de forma
que o atleta se adapte rapidamente a todas essas mudanças sejam elas positivas ou
negativas para o mesmo. Iremos embasar a nossa pesquisa usando entrevistas que
os atletas da categoria de base e comissão técnica dos Santos Futebol Clube iram
participar, contribuindo para a nossa busca de respostas a esse assunto. As
questões foram elaboradas por nós alunos, juntamente com professores,
orientadores buscando o máximo de objetividade nas perguntas focando apenas o
assunto principal.
PALAVRAS-CHAVE: futsal; futebol; influência.
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INTRODUÇÃO
O futebol é a modalidade esportiva mais praticada em todo mundo, tendo no
Brasil uma popularidade indescritiva, sendo o país com o maior número de
praticantes, 11 milhões de adeptos segundo a FIFA (Federação Internacional de
Futebol Association). Apesar de toda a desorganização e falta de profissionalismo
por parte de diversos responsáveis a cada dia o número de adeptos cresce em
relação a outras modalidades. Segundo a FIFA existem 1,7 milhões de praticantes
do sexo masculino e mais de 175 mil do sexo feminino. Atualmente a FIFA possui
um milhão e meio de praticantes confederados e a CBFS (Confederação Brasileira
de Futebol de Salão) possui mais de trezentos e trinta mil inscritos
Ligado ao futebol, o futsal vem adquirindo esses números por conseqüentes
adaptações do jogo, pela forma dinâmica e pela falta de espaços físicos para a
prática do futebol. Esse aspecto tem tido relevância, pois a falta de segurança, a
diminuição das áreas de lazer e casas, que normalmente teriam um quintal para
essa prática, mesmo que lúdica, deixaram de fazer parte da infância dessa geração
atual e a que está por vir, inibindo assim uma vivência tão importante para aquele
futuro jogador.
Por se adaptar a pequenos espaços e tipos de materiais, como bolas, metas e
demarcações, o futsal propicia uma prática rápida, sem depender de outros fatores
que o futebol exige, dificultando e privando o exercício desportivo.
Diversos jogadores conseguiram ter essa infância repleta de experiências
motoras por diversos fatores que o meio os proporcionaram, onde carregarão pro
resto de suas vidas, que sem barreiras, puderam aproveitar todas as formas de
prática motora, tomada de decisão, contribuindo para uma boa formação e
desenvolvimento futuro dentro do futsal e futebol.
Por percebemos grandes jogadores hoje terem tido um ponto de partida no
futsal, resolvemos pesquisar sobre essa questão, ou seja, se o fato de um jogador
demonstrar um bom desempenho no futebol, relacionando diversos fundamentos
como passe, drible, velocidade, condução de bola, finta, entre outras, é recorrente a
questão da sua iniciação ter sido no futsal. Diversos fatores podem influenciar em
seu futuro no futebol onde essa passagem exige sensíveis modificações na forma do
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jogo
(fatores
ambientais,
físico,
estruturais,
número
de
participantes
e
telespectadores).
Optamos por entrevistar atletas de categorias de base e comissão técnica.
Essa questão é atual, mas pouco estudada, tendo como conseqüências um
desconhecimento das pessoas diretamente ligadas ao esporte e na maioria das
vezes a esta transição que o atleta passa do futsal para o futebol, tendo em vista um
futuro mais promissor para o mesmo.
Outra questão encontrada é a preocupação com o alto nível de exigência
física e mental dos jogadores, pois um mesmo atleta pratica futsal e futebol
conjuntamente, participando muitas vezes de dois jogos e treinos por dia, o
prejudicando com um estresse muito grande. Essa prática precisa ser dosada pelas
duas partes, tanto o futsal como o futebol tendo um planejamento adequado,
respeitando as suas individualidades gerais.
Iremos abordar assuntos relacionados diretamente ao futsal e ao futebol, e
as mudanças na transição de uma modalidade para outra, exigindo uma adaptação
do atleta. Além de virtudes, contribuições, prejuízos, legados e princípios gerais que
essas modalidades tão populares estão trazendo para cada praticante.
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1 Fundamentação Teórica
1.1
Futsal X Futebol
1.1.1 Histórico do Futsal
A maior dúvida sobre quem inventou o Futsal paira entre Brasil e Uruguai,
alguns afirmam que nasceu em Montevidéu na década de 30 na Associação Cristã
de Moços e tendo como professor Juan Carlos Ceriani. Outros dizem que a
modalidade foi criada na ACM de São Paulo, praticado em quadras de basquete.
A primeira entidade do Futsal foi fundada em São Paulo por Habid Maphuz
no ano de 1952, e recebeu o nome de Liga de Futebol de Salão da ACM, logo em
seguida foi fundada a primeira federação de futsal no mundo, a Federação
Metropolitana de Futebol de Salão. A Federação Uruguaia surgiu apenas em 1965
(DUARTE 2000).
As regras foram criadas no ano de 1956 pelo paulista Luiz Gonzaga de
Oliveira Fernandes, essas regras criadas por ele foram adotadas pela entidade
máxima de futebol de salão na época a FIFUSA (Federação Internacional de Futebol
de Salão). Os cariocas também contribuíram bastante para o crescimento desse
esporte, já que era muito comum de ser praticado em um clube carioca chamado
América do Sul, nascia aí a primeira rivalidade do futsal do Brasil: São Paulo x Rio
de Janeiro. Com isso outros estados foram aderindo ao esporte, como o Rio Grande
do Sul e o Ceará onde se encontra a sede da CBFS (Confederação Brasileira de
Futsal).
Em 1989 a FIFA regulamentou o futsal e quase todos os países se desligaram
da FIFUSA e aderiram a FIFA, o Brasil se filiou à FIFA no ano em que a mesma
regulamentou a modalidade na qual administra até hoje (DUARTE 2000).
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1.1.2 Histórico do Futebol
Segundo Duarte (2000), há muito polêmica sobre onde foi realmente
inventado o futebol, há quem diga que foi na Grécia recebendo o nome de epyskiros,
os romanos também adotaram detalhes do jogo e o chamaram de harpastum e mais
adiante, os franceses inventaram o Soule, os italianos o Calcio e os ingleses o
FootBall.
Porém dentre todas as citadas a mais comum é na China, inventado por
Yang-Tsé e recebeu o nome de Kemari, um esporte onde 8 jogadores de cada lado,
campo quadrado de 14 metros, duas estacas fincadas no chão, ligadas por um fio de
seda, bola redonda, com 22 cm de diâmetro, dentro dela cabelos para que ficasse
cheia. Era inventado o Kemari que significa pontapear a bola (ke = chutar, mari =
bola).
O jogo começou a ser organizado há 150 anos, com o surgimento de
árbitros e começaram a pôr em ordem a modalidade. Foi criado então o pênalti,
limitou-se em 11 jogadores para cada equipe, o tamanho da bola e as dimensões do
campo, no século XIX o futebol está mais organizado. Em 1868, surge a figura do
arbitro. Ele anunciava as decisões aos gritos. Foram surgindo o apito, o travessão
superior e assim por diante. Em 1891 apareceram as redes, em 1901 surgiu o limite
das áreas e em 1907 surge a regra do impedimento mudando em 1926.
No Brasil, o futebol chegou (para alguns historiadores) por intermédio de
marinheiros de navios ingleses, holandeses e franceses que vinham até nós, na
segunda metade do século passado. O que vale mesmo é que, em 1894, o paulista
Charles Miller, nascido no Brasil, em 1874, filho de ingleses e que estudava na
Inglaterra, trouxe de lá duas bolas que permitiram a prática do futebol regularmente.
Charles Miller não trouxe só as duas bolas. Trouxe também calções, chuteiras,
camisas, bomba de encher a bola e a agulha. Foi início do futebol entre nós. Charles
Miller faleceu em 1953, em São Paulo, na cidade onde nasceu.
Em 1904, surge a FIFA, entidade máxima do futebol até os dias atuais.
Esqueçamos a polêmica a respeito da origem do futebol. Houve, sim, jogos muito
parecidos com o futebol na Antiguidade e na Idade Média. O futebol pôde ser
chamado como tal quando se organizou, e isto devemos à Inglaterra (DUARTE
2000).
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1.2
Estruturas e Materiais
Neste capítulo abordaremos alguns aspectos que diferenciam o futebol do
futsal, como: Dimensões dos locais de jogo, marcação do campo e da quadra, área
de meta, área penal, área de canto, metas e acessórios. Todas as informações
foram baseadas nas regras oficiais da CBF e CBFS.
1.2.1 Dimensões de Quadra e Campo
Tabela 1: Dimensões da área de jogo do futebol e futsal
Modalidade Compr. Máximo Compr. Mínimo Largura Máxima
Largura Mínima
Futebol
120 metros
90 metros
90 metros
45 metros
Futsal
42 metros
25 metros
22 metros
15 metros
1.2.2 Marcações

Futebol: linhas não superiores a 12 cm; bandeirinha: 1,50 metros; círculo
central: 9,15 metros de raio.

Futsal: linhas com 8 cm; pequeno círculo: 10 cm; círculo central: 3 metros de
raio.
1.2.3 Área de Canto

Futebol: 1 metro de raio

Futsal: 25 cm de raio
15
1.2.4 Metas
Tabela 2: Medidas da meta do futebol e futsal
Modalidade
Travessão
Trave
Largura e Espessura
Futebol
7,32 metros
2,44 metros
Não superior a 12 cm
Futsal
3 metros
2 metros
8 cm
1.2.5 Piso

Futebol: Grama ou grama sintética

Futsal: madeira, material sintético ou cimento.
1.2.6 Acessórios
Em relação aos acessórios as duas modalidades devem seguir praticamente os
mesmos padrões, diferenciando apenas no calçado na prática do futsal; não
podendo utilizar travas, o vestuário caracteriza-se por: camisa, calção, meia,
caneleira, tênis ou chuteira.
1.3
Fundamentos
Vamos abordar alguns aspectos técnicos das duas modalidades, comentando
um pouco das diferenças, se existirem, entre elas, compreendendo a transformação
que o atleta precisa ter quando passa do futsal para o futebol.
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1.3.1 Técnica
Quando vamos aos estádios e ginásios ou mesmo assistimos a um jogo em
casa com os amigos, não é só a tática, o vigor físico, a guerra de estratégias dos
técnicos, que mais nos chama a atenção em um jogo, mas sim toda a técnica
individual e coletiva (ROSE JUNIOR 2006).
Em nossa infância começamos a ter alguns ídolos, normalmente preferimos
ou gostamos de imediato da modalidade praticada pelos mesmos, pois nos
encantamos com suas habilidades e todo seu talento, tentando nos espelhar neles,
reproduzindo suas jogadas, sua maneira de expressar corporalmente, até mesmo
acreditando em ser um segundo “Pelé”. Talvez seja por isso que milhões de crianças
pelo mundo sonham em ser um atleta de muito talento, atraídos por ações do jogo
despertando a vontade de aprender, imitar, enfim, ser igual a um determinado
craque. Os dribles desconcertantes e as bicicletas são alguns exemplos de jogadas
que não poderiam existir se os jogadores não tivessem o mínimo de técnica para
executá-las. É o início de todo interesse pela prática provocando consequentemente
as inúmeras tentativas de uma execução idêntica pelas crianças.

Definição de técnica no futsal: Segundo Voser (2006), todo gesto ou movimento
realizado pelo atleta que lhe permite dar continuidade ao jogo é descrita também
como uma série infindável de movimentos realizados durante uma partida, tendo
como base os fundamentos do jogo.

Definição de técnica no futebol: Segundo Santos Filho (2002), trata-se da forma
racional, ideal e eficiente de executar os movimentos necessários à prática do
futebol, com uma economia de esforço e energia. Seus princípios podem ser
assimilados com o treinamento e a prática constante.
Em vários casos observaremos uma igualdade entre um esporte e outro.
1.3.2 Condução de bola
Segundo Santos Filho (2002) É a habilidade do jogador em controlar e ter a
bola sempre sob seu domínio. Essa condução poderá ser:
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a) Em linha reta
b) Em curva
c) Em diagonal
d) Em ziguezague
A condução de bola tem uma visível diferença que influência neste
fundamento, que são as condições do piso. No futsal o piso normalmente é de
cimento ou madeira e/ou taco. Já no futebol esse piso se transfere para a grama,
podendo ser natural e artificial, mas que sofre efeitos de sol, chuva, neve, frio, calor,
estando desenvolvida ou não, ou seja, maior, menor, que acaba modificando a
condução da bola, deixando-a mais rápida ou mais lenta.
1.3.3 Passe
Segundo Voser (2001), é o ato de entregar a bola diretamente ao
companheiro ou lançá-la em um espaço vazio da quadra. O passe possibilita o jogo
em conjunto e a progressão das jogadas, podendo ser classificado quanto a:
a) Distância: Curtas, médias e longas.
b) Trajetória: Rasteiro, meia altura, parabólico e alto.
c) Execução: Face interna ou externa, parte anterior, solado e dorso do pé.
d) Espaço de jogo: Lateral, diagonal e paralelo.
e) Habilidade: Coxa, peito, cabeça, ombro, calcanhar e cavado.
O passe também é um fundamento que varia pelo piso em que se joga.
Porém outros fatores como o tipo de bola que no futebol é maior e mais leve e o
espaço de jogo que também é maior modificam a sua execução quanto a força,
altura e distância que a bola pode percorrer.
1.3.4 Domínio e Recepção de Bola
Afirma Voser (2001), que é a ação de receber a bola e deixá-la sob controle.
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Para Santos Filho (2002), é a habilidade em que o atleta deverá amortecer a
bola e, sobretudo, conservando-a próxima de si, procurar manter sua posse e evitar
a aproximação de seus adversários.
Em relação à trajetória percorrida pela bola temos:
a) Rasteira.
b) Meia altura.
c) Parabólica.
d) Alta
Quanto à execução:
a) Nas recepções rasteiras: face interna, face externa e solado.
b) Nas recepções à meia altura: face interna e externas dos pés e coxas.
c) Nas recepções parabólicas: cabeça, peito, coxa, dorso dos pés e solado.
d) Nas recepções altas: cabeça e peito.
Uma das únicas influências vivenciadas de uma modalidade para a outra
nesse fundamento é a questão do tamanho da bola e seu peso, dificultando ou
facilitando a sua execução e a distância da onde a bola veio (longe-perto, alta-baixa)
e fatores ambientais (sol, chuva, vento) que estarão diretamente ligados a essa
recepção ou domínio.
1.3.5 Drible
Segundo Voser (2001), é uma ação individual com a bola que consiste numa
combinação de recursos tais como o equilíbrio, a velocidade de arranque, agilidade,
descontração muscular, ritmo, muita malícia e sentido de improvisação, ou seja,
ultrapassar o adversário com a posse de bola.
Pode ser classificado quanto ao objetivo:
a) Ofensivo: tem como objetivo a meta adversária.
b) Defensivo: tem como objetivo manter a posse de bola em condições de
segurança.
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Quanto ao tipo:
a) Drible simples e clássico: parado no lugar ou em deslocamento.
O drible é o fundamento mais apreciado pelo público, onde os jogadores
mostram suas qualidades e habilidades. Na prática do futsal ele é muito
requerido, pelo espaço ser curto e o jogador precisar concentrar uma maior
velocidade de inteligência e análise das condições propostas a ele naquele
momento para se desvencilhar do adversário. Temos vários exemplos claros
provenientes do futsal que levam uma sensível vantagem sobre seus marcadores
no futebol, fazendo diferentes tipos de gols por toda apresentação de seu
repertório motor e recrutamento de experiências motoras vindas de algum
estímulo em sua infância e/ou iniciação na modalidade.
1.3.6 Finta
Segunda VOSER (2001), é o movimento executado sem bola. Pode-se fintar
com os pés, com as pernas, com o tronco, com os braços, e até com os olhos; basta
realizar um movimento qualquer e se deslocar.
Neste fundamento não existe diferença entre as duas modalidades, sendo
mais utilizado no futsal do que no futebol.
1.4 Um Contribuinte na Formação de Craques
Este capítulo tem como base a autora Fonseca (2007).
O futsal é muito dinâmico e um dos fatores é que diversos tipos de
somatotipos diferentes praticarem o jogo.
Percebemos também que as formas de prática são inúmeras existindo uma
grande diversidade nos tipos de quadra. Outro detalhe importante é que as regras
podem ser alteradas para cada tipo de ambiente, tipos de metas, e materiais,
fazendo com que a cada lugar que o futsal é praticado seja criado um novo tipo de
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jogo, uma nova dinâmica, interação e objetivo, facilitando a entrada dessa
modalidade a qualquer lugar do Brasil e do mundo.
Por esse motivo, a cada dia o futsal tem crescido como um colaborador
importantíssimo quando falamos de formação de jogadores. Aqui no Brasil as
quadras estão se tornando verdadeiros celeiros de craques, passando a ser por
muitos, um facilitador indispensável de formação obrigatória para um futuro de
sucesso no futebol. Muitos também defendem que alguns fatores como tomada de
decisão, movimentação curta e rápida, mudança de direção, habilidade motora,
noção espaço-temporal, enfim, apontam o futsal como um propiciador direto dessas
qualidades que fazem toda a diferença no futebol.
Segundo Fonseca (2007) não é perigoso dizer que o futsal é a maior forma de
introduzir as crianças brasileiras no universo do futebol. Por volta de 4 ou 5 anos,
elas começam a praticar em clubes, nos pátios do colégio, com os amigos da rua,
praças, corredores, e até mesmo dentro das próprias casas inventando brincadeiras
que mais se assemelhem com o futebol. A partir dos 6-7 anos já poderão ter a
oportunidade de participar de campeonatos e festivais organizados pelas federações
de cada Estado. Esse fato reforça a idéia de que o futsal é o introdutor da maioria
dos atletas no futebol, pois as federações de futebol só reconhecem e apóiam
organizando campeonatos oficiais a partir dos 14-15 anos de idade, ou seja, a
criança que sonha em jogar futebol teoricamente precisará ter uma passagem pelo
futsal.
Tabela 3: Categorias do futsal masculino
CATEGORIA
IDADE
Chupetinha
6 anos
Mamadeira
7 anos
Fraldinha – Sub 9
8 e 9 anos
Pré-Mirim – Sub 11
10 e 11 anos
Mirim – Sub 13
13 e 12 anos
Infantil – Sub 15
14 e 15 anos
Infanto – Sub 17
16 e 17 anos
Juvenil – Sub 20
18,19 e 20 anos
Principal
20 anos em diante
Veterano
35 anos em diante
Fonte: Federação Paulista de Futsal
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Tabela 4: Categorias do futebol masculino
CATEGORIA
IDADE
Sub 11
9 – 11 anos
Sub 13
12 – 13 anos
Sub 15
13 – 15 anos
Sub 17
15 – 17 anos
Sub 20
17 – 20 anos
Adulto (profissional)
Jogadores Profissionais (contrato)
Fonte: Federação Paulista de Futebol
Na fase dos 14 -15 anos, o adolescente já está com uma grande parte de seu
sistema motor desenvolvido, podendo desenvolvê-lo ainda mais, de forma que ao
passar para o futebol todo esse repertório adquirido será muito mais praticado,
adicionando outras valências físicas, cognitivas e motoras que o futebol exige de
seus praticantes.
São inúmeros os jogadores brasileiros que encantam o mundo com sua
técnica, fintas e dribles maravilhosos e empolgantes dentro do futebol mundial e que
tiveram um legado marcante do futsal. Em sua maioria os jogadores passam grande
parte de sua infância e adolescência criando, ensaiando e reinventando dribles e
fintas, aprimorando as tomadas de decisão, velocidade de raciocínio, o controle da
bola nos espaços curtos, jogando em diversas posições que o futsal exige, enfim,
lapidando todo potencial humano para uma prática diferenciada.
Fonseca (2007) relata que na Copa do Mundo de 2002, pelo menos oito
atletas entre os titulares da seleção brasileira tinham iniciado suas práticas no futsal.
Um dado que vem a provar o sucesso e o tamanho da popularidade que o futsal
possui no Brasil, formando e revelando muitos jogadores, tendo o futsal como uma
base sólida e confiável quando falamos em iniciação para duas modalidades que se
tornam uma a partir do momento em que uma “depende” da outra.
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Alguns exemplos de atletas com registros em Federações Estaduais de
Futsal:

Denílson – 1992 (Rolamentos Ina Santo Amaro) – Federação Paulista.

Emerson – 1991 (Clube Caxeiral) – Federação Gaúcha.

Lúcio – 1994 (Associação Atlética Banco Regional - AABR) – Federação
Brasiliense.

Belletti – 1991 (Associação Salonista Eucatia) – Federação Paranaense.

Kaká – 1991 (São Paulo Futebol Clube) – Federação Paulista.

Ronaldo – 1991 (Social Ramos Clube) e 1992 (Grajaú Country Clube) –
Federação Carioca.

Ronaldinho Gaúcho – 1991 – Federação Gaúcha.

Ricardinho – 1991 (associação Atlética Banco do Brasil – AABB) e 1992
(Paraná Clube) – Federação Paranaense.
Alguns Atletas de Destaque Internacional que iniciaram suas carreiras no futebol
de salão ou no futsal.
Tabela 5: Currículo de jogadores que iniciaram no futsal
Jogadores
Equipes de Futebol
Atuações na Seleção
Brasileira
Zico
Rivelino
Flamengo, Udinese, Kashima
Copas do Mundo de 1978,
Antlers.
1982, 1986.
Corinthians, Fluminense.
Copas do Mundo de 1970,
1974, 1978.
Bebeto
Vitória, Flamengo, Vasco,
Copas do Mundo de 1990,
Deportivo La Coruña, Sevilla,
1994, 1998.
Botafogo, Toros Neza,
Kashima Antlers.
Robinho
Santos, Real Madrid.
Jogos em 2003, 2005 e
Copa do Mundo de 2006
Alex
Coritiba,
Palmeiras,
Cruzeiro, Fenerbahçe.
Parma, Jogos em 1999, 2003.
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Jogadores
Equipes de Futebol
Atuações na Seleção
Brasileira
Denílson
Kaká
São Paulo, Flamengo, Betis e Copas do Mundo de 1998,
Palmeiras
2002.
São Paulo, Milan.
Copas do Mundo de 2002,
2006.
Ronaldinho Gaúcho
Ronaldo
Grêmio, Paris St. Germain, Copas do Mundo de 2002,
Barcelona e Milan.
2006
Cruzeiro, PSV, Barcelona,
Copas do Mundo de 1994,
Inter de Milão, Real Madrid e
1998, 2002, 2006.
Milan.
Fonte: Fonseca (2007)
Talvez possamos entender o porquê de tanto sucesso ao vermos todos esses
craques brilhando ao redor do mundo quando o treinador espanhol que foi Bicampeão Mundial de Futsal, Javier Lozano afirma que os jogadores brasileiros são
os que possuem a melhor técnica individual, especialmente quanto à velocidade de
execução dos fundamentos, em virtude de suas características “socioambientais”.
“Os jogadores brasileiros possuem muito mais tempo para praticar com a bola na
infância e adolescência”, afirmou Lozano em entrevista.
A importância do futsal para o futebol não está provada cientificamente, o que
dificulta o entendimento de todo esse processo que envolve as duas modalidades.
Porém um grande campo de evidências tem avaliado a real contribuição do futsal
para jogadores que iniciaram nele e que se transferiram para o futebol.
Até que a ciência comece a mostrar fatores que co-relacionem e interliguem
as modalidades, o que temos de mais concreto é o depoimento dos jogadores, que
constitui uma ferramenta de peso para admitir a importância do futsal para o futebol.
Dentre os principais relatos ouvidos até hoje sobre como as quadras podem
favorecer as atuações nos campos, destacam-se os seguintes fatores:
A) a bola é menor e pesada, quase não quica, o que auxilia seu domínio e
aumenta o tempo de contato do pé, proporcionando maiores possibilidades de
interação com diferentes partes do pé;
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B) o contato corpo a corpo é mais intenso e, dessa forma, as fintas e os
dribles precisam ser mais curtos e rápidos, e a marcação mais forte e ágil;
C) a marcação é mais próxima, o que reduz o tempo para agir ou reagir e o
espaço para o jogo, obrigando o jogador a agir rapidamente, com inteligência, de
modo a buscar ocupar espaços vazios a todo instante;
D) quem joga futsal entende que é muito mais fácil fugir da marcação quando
joga futebol, pois, afinal há muito mais espaço;
E) quem joga futsal, quando recebe a bola no futebol, tem a sensação de tem
um tempo superior para pensar na próxima ação, quando comparado ao futsal;
F) quem joga futsal sabe que o passe e a movimentação são uma constante,
o que aprimora estes fundamentos;
G) quem joga futsal repete muito mais fundamentos como dribles, fintas,
“pedaladas”, piques, trocas de direção e proteção de bola, ou seja, as situações de
jogo que exigem tomadas de decisão e habilidades individuais, o que estimula uma
formação mais completa, ou global, em cada jogador;
H) quem joga futsal acredita e sabe que as jogadas habilidosas dos grandes
jogadores brasileiros foram ensaiadas em anos de treino nas quadras de futsal.
Todas essas questões citadas por jogadores fazem parte deste trabalho, pois
são opiniões que se juntam com outras dos atletas avaliados por nós, afirmando a
máxima de que o futsal realmente contribui para uma formação adequada e mais
completa na vida dos jogadores, independente de serem craques ou não. No futuro
poderemos provar cientificamente que o futsal promove uma maturação real de todo
o aspecto motor, neural, físico e psíquico, ajudando na formação total do futuro
atleta de futebol.
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1.4 - Desenvolvimento Motor
Os sub capítulos referentes ao desenvolvimento motor são baseados em
Gallahue (2001).
1.4.1 - Habilidades Motoras Fundamentais
Os movimentos fundamentais dividem-se em três partes: estágio inicial (2 a 3
anos), estágio elementar (4-5 anos), estágio maduro (6-7 anos).
Embora relacionada à idade, a aquisição de habilidades fundamentais
maduras não é dependente da idade, mas de numerosos fatores, da tarefa em si, do
indivíduo e do ambiente.
As crianças pequenas estão envolvidas no processo de desenvolvimento e de
refinamento das habilidades motoras fundamentais para grande variedade de
movimentos estabilizadores, locomotores e manipulativos. Isso significa que elas
devem envolver-se em muitas experiências coordenadas e, na perspectiva
desenvolvimentista, saudáveis, projetadas para aumentar o conhecimento do corpo
e do seu potencial para o rendimento.
As crianças possuem um potencial desenvolvimentista para estágio
amadurecido da maior parte das habilidades motoras fundamentais por volta da
idade dos 6 anos.
1.4.2 - Habilidades Motoras Especializadas
O desenvolvimento de habilidades motoras especializadas é altamente
dependente de oportunidades para a prática, encorajamento e ensino de qualidade.
Habilidades motoras especializadas são padrões motores fundamentais
maduros que foram refinados e combinados para formar habilidades esportivas
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específicas e habilidades motoras complexas. Habilidades motoras especializadas
são específicas de tarefas, porém, os movimentos fundamentais não o são.
As habilidades motoras especializadas são movimentos fundamentais
maduros que foram adaptados às necessidades específicas de uma atividade
esportiva, recreativa ou do cotidiano. O patamar até o qual se desenvolvem essas
habilidades depende da combinação de condições próprias da tarefa, do indivíduo e
do ambiente.
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2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1Sujeitos
Os sujeitos foram jogadores de futebol do Santos Futebol Clube de diversas
posições, características e categorias. Outro grupo de avaliados foram os técnicos
dessas categorias e sua comissão técnica, como preparadores físicos, preparador
de goleiros e auxiliares técnicos. Todos com uma vasta experiência no meio
esportivo. Temos então os seguintes grupos:
A) Atletas = 15
B) Comissão Técnica = 9
2.2 Instrumentos
A coleta dos dados será feita por meio de entrevista, onde buscamos
constatar a opinião dos sujeitos sobre o assunto, já que não existe um protocolo de
teste dinâmico – físico academicamente válido para aplicação e comprovação da
questão analisada.
Questões para o grupo A:
1- Iniciou no futsal?
2- Com quantos anos?
3- Faz ou fez outro esporte na infância paralelo ao futsal?
4- Se sim qual outro esporte pratica ou praticou?
5- O futsal contribui para o seu aprendizado no futebol?
6- De que maneira?
7- É importante praticar futsal na faixa etária dos 6-10 anos?
8- Por quê?
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9- Com quantos anos você considera ideal parar o futsal para dedicar-se
exclusivamente ao futebol?
Questões para o grupo B:
1- Você acredita que o futsal contribui de alguma forma para a preparação de um
atleta de futebol?
2- Como contribui?
3- Pela sua experiência, qual o melhor esporte para iniciação?
4- Qual a melhor idade para se transferir do futsal para o futebol?
5- Até que idade você considera válida a participação simultânea do futsal e futebol?
2.3 Procedimentos
Essa coleta será feita nos treinamentos e em locais de trabalho dos
entrevistados, nos períodos de maio a outubro de 2008, no qual aplicaremos
perguntas elaboradas por nós e professores da Universidade. As entrevistas foram
semi-estruturadas e variavam de duração dependendo do entrevistado. Os alunos
Henrique Severino Masone, Rafael da Silva Passuelli, Renato Osis da Silva e José
Alexandre coletaram todos os dados.
2.4 Delineamento e análise
A entrevista será transcrita e será realizada a análise do Discurso do Sujeito
Coletivo (DSC). Os resultados serão apresentados em forma de freqüência.
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3. RESULTADOS
3.1 Comissão Técnica
Os resultados encontrados em relação a opinião dos integrantes da comissão
técnica foram:
A)Qual área de atuação:

3 técnicos

3 Preparadores Físicos

3 Preparador de Goleiros

TOTAL = 9
B) Acredita na contribuição do futsal:

9  Sim – 100%

0  Não – 0%
C) Como o futsal contribui na formação do atleta de futebol:
Tabela 6: Freqüência absoluta e freqüência relativa das idéias centrais para questão: Como o futsal contribui na
formação do atleta de futebol?
RESPOSTAS
FA (n)
FR (%)
Técnica
4
44,4
Agilidade/Movimentação
2
22,2
Cognição/Visão de jogo
1
11,1
Contato com a bola
1
11,1
Todos atacam e defendem
1
11,1
Obs: Um dos entrevistados não respondeu a questão corretamente.
30
D) Qual o melhor esporte para iniciação?

6  Futsal – 66,67%

3  Futsal e Futebol – 33,33%
D) Qual a idade ideal para se transferir do futsal para o futebol:
Tabela 7: Freqüência absoluta e freqüência relativa das idéias centrais para questão: Qual a idade ideal para
se transferir do futsal para o futebol?
IDADE
FA (n)
FR (%)
11 anos
1
11,1
13 anos
3
33,3
14 anos
2
22,2
15 anos
3
33,3
E) Até que idade o jogador deve conciliar as duas modalidades:
Tabela 8: Freqüência absoluta e freqüência relativa das idéias centrais para questão: Até que idade o jogador
deve conciliar as duas modalidades?
IDADE
FA (n)
FR (%)
9 anos
1
11,1
9 - 14 anos
1
11,1
10 - 15 anos
1
11,1
11 - 14 anos
1
11,1
13 – 14 anos
2
22,2
14 anos
2
22,2
15 anos
1
11,1
31
3.2 Atletas
Após termos constatado a opinião da comissão técnica, gostaríamos de saber
a opinião dos principais interessados em uma melhora no jogo em si, os atletas.
A) Posição em que jogam:

1  Lateral – 6,70%

2  Zagueiro – 13,30%

9  Meias – 60,0%

3  Atacantes – 20,0%
TOTAL= 9 – 100%
B) Iniciou no futsal:

10 Atletas  Sim – 66,7%

5 Atletas  Não – 33,3%
C) Idade que iniciou no futsal:

6 Atletas  6 anos – 60%

2 Atletas  7 anos – 20%

2 Atletas  8 anos – 20%
D) Fez outro esporte na infância paralelo ao futsal:

4 Atleta  Sim – 40%

6 Atletas  Não – 60%
Obs: Os 40% que fizeram outro esporte juntamente com o futsal praticaram
capoeira, basquete, handebol e natação.
32
E) O futsal contribuiu em seu aprendizado no futebol:

10 Atletas  Sim – 100%
Obs: 5 atletas não responderam pois não iniciaram no futsal
F) De que maneira o futsal contribuiu:
Tabela 9: Freqüência absoluta e freqüência relativa das idéias centrais para questão: De que maneira o futsal
contribuiu em sua formação ?
RESPOSTAS
FA (n)
FR (%)
Técnica
7
46,7
Agilidade/Movimentação
6
40,0
Cognição/Visão de jogo
5
33,3
G) É importante praticar futsal na faixa etária dos 6 – 10 anos:

15 Atletas  Sim – 100%
Obs: Mesmo os atletas que não iniciaram no futsal responderam que achavam que o
futsal contribui na formação do atleta.
H) Por que você acha importante a iniciação no futsal:
Tabela 10: Freqüência absoluta e freqüência relativa das idéias centrais para questão: Por que acha importante a
iniciação no futsal?
RESPOSTAS
FA (n)
FR (%)
Técnica
9
60,0
Agilidade/Movimentação
7
46,7
Cognição/Visão de jogo
3
20,0
33
I) Com quantos anos é ideal parar o futsal e dedicar-se exclusivamente ao futebol:
Tabela 11: Freqüência absoluta e freqüência relativa das idéias centrais para questão: Com quantos anos é ideal
para o futsal e dedicar-se exclusivamente ao futebol?
IDADE
FA (n)
FR (%)
10 anos
3
20,0
11 anos
1
6,7
12 anos
2
13,3
13 anos
3
20,0
14 anos
4
26,7
15 anos
2
13,3
34
4. DISCUSSÃO
4.1 Comissão Técnica
Quando observamos a pesquisa primeiramente com a comissão técnica,
percebemos que o futsal tem sim uma influência positiva para seus atletas e que
isso os ajuda futuramente quando esse atleta, oriundo do futsal, chega ao futebol.
Não tivemos opiniões contrárias em relação ao futsal como iniciação, pois a cada
entrevista os técnicos reforçavam a máxima, de que o garoto deve iniciar no futsal
sim, pois é neste ambiente em que ele vai poder ser preparado e lapidado para uma
futura transição para o futebol podendo vivenciar experiências muito necessárias e
muito úteis futuramente.
Algumas características particulares foram citadas por eles relatando que há
uma melhora da parte técnica, pois o maior contato com a bola faz com que a
habilidade ligada a agilidade haja um ganho maior. O fato de todos os jogadores
precisarem jogar em todas as posições e todos precisarem marcar possibilita um
maior repertório de experiências dentro do jogo, diferentemente do futebol que cada
um tem a sua função e território de atuação tanto de defesa como de ataque.
A maioria dos atletas de base do Santos Futebol Clube praticam o futsal e o
futebol simultaneamente. Em relação a idade em que essa prática conjunta deveria
ser realizada tivemos como resposta que só deveria ocorrer a partir de 9 até 15 anos
de idade. Já quando falamos da transferência, ou seja, o abandono do futsal para
uma dedicação exclusiva ao futebol a maioria dos entrevistados relatou que essa
transição deveria ocorrer aos 15 anos, tendo uma idade limite de 11 anos para um
deles.
Outra questão importante mencionada é que essa passagem requer uma
atenção maior. O fato de diversas readaptações e estímulos terem que ser
assimilados rapidamente pelos jogadores, faz com que alguns ótimos jogadores de
futsal não tenham uma evolução desejada no futebol. Essa adaptação está
diretamente ligada dês do material esportivo (chuteira) até ao meio ambiente, como
a influência de chuva, vento, calor, frio, sol, neve. Outro fator é a condição em que o
35
gramado e/ou o campo se encontra para a partida e treinamentos. Em muitos casos
os
gramados
existem
irregularidades
como
buracos,
pouca
grama
e
conseqüentemente a areia ou terra se tornam parte dele. A altura da grama fazendo
com que a bola percorra uma determinada distância mais rapidamente ou mais
lentamente, exigindo essa readaptação constante por parte dos atletas.
Como citamos nos capítulos anteriores a diferença entre espaços físicos
fazem parte dessas diferenças. O espaço reduzido no futsal é totalmente inverso
com o amplo espaço no futebol. As dimensões do campo e meta aumentam fazendo
com que o jogador precise usar uma força maior para que a bola possa ter o objetivo
correto. Mas ao mesmo tempo esse espaço é muito bem aproveitado facilitando a
execução das jogadas pois anteriormente esse mesmo atleta teve que executar
praticamente os mesmos fundamentos em um espaço muito menor que o atual.
Todos esses fenômenos estão intimamente ligados a uma partida de futebol,
tornando o jogo um pouco diferente do futsal. Quando falamos dessa transição
precisamos levar em consideração todos esses fatores para entender o contexto em
que toda essa fase não é tão simples quanto parece.
4.2 Jogadores
Foi usado um protocolo de escolha dos atletas para a pesquisa e
curiosamente a maioria dos jogadores selecionados pela própria comissão técnica
como sendo os destaques do time, ou a melhor técnica, foram os meias, seguidos
pelos atacantes, laterais e zagueiros.
Outra curiosidade é que 66,7% deles tinham iniciado no futsal e 33,3% não
tinham, criando uma outra questão, pois a maioria dos que não iniciaram vieram de
outros estados onde o índice de desenvolvimento urbano não se compara a Santos
e São Paulo, contendo mais campos de futebol, tornando possível essa iniciação no
futebol.
Os que tiveram a sua iniciação no futsal começaram na modalidade com 6
anos lembrando que existem categorias no futsal a partir dessa idade. Ainda nesse
grupo 40% fez outro esporte (capoeira, basquete, handebol e natação) na infância,
os outros só praticaram futsal. Baseado em autores como Gallahue e Piaget vemos
36
que essa prática única e exclusiva limita o desenvolvimento geral da criança,
impedindo talvez uma facilidade muito maior de ação no jogo, prejudicando muito
mais do que contribuindo para sua formação.
Todos acreditaram que o futsal contribuiu ou contribui na formação,
acrescentando outras habilidades aprendidas como visão de jogo, velocidade de
raciocínio, domínio e condução de bola somando positivamente com as opiniões de
seus técnicos. Até mesmo os jogadores que não iniciaram no futsal concordaram
falando que é uma base sólida para quem deseja chegar ao futebol.
Todas as pessoas questionadas defenderam que a iniciação do esporte geral
deve ser feita a partir do futsal por toda a sua peculiaridade e a exigência que a
modalidade requer dos praticantes. Ressalta-se que no caso de uma prática
conjunta das duas modalidades deve-se tomar cuidado com as sobrecargas físicas e
psicológicas, para que o atleta não possa ter prejuízos refletidos por essas
exigências, tantas vezes ignorada.
37
5. CONCLUSÃO
Tanto a comissão técnica como os atletas indicam o futsal como uma boa
fonte de aprendizado e que a transição de uma modalidade para outra não deve
passar dos 15 anos e nem ocorrer antes dos 9 anos. Percebemos também que o
futsal como esporte de iniciação pode proporcionar melhora nos fundamentos
técnicos do esporte. Mesmo os atletas que não tiveram sua iniciação no futsal,
acreditam informalmente que dimensões menores do campo de jogo, aliado ao peso
diferente da bola e a especificidade da prática, poderão influenciar na performance
futura no futebol.
38
REFERÊNCIAS
CBF. Regras oficiais de futebol. Disponível em: <www.google.com.br>. Acesso em:
10 9 2008.
CBFS. Regras oficiais de futsal. Disponível em: <www.google.com.br>. Acesso em:
10 9 2008.
DUARTE, Orlando. História dos Esportes. São Paulo: Makron Books, 2000. 99103, 111-112 p.
FONSECA, Cris. Futsal: o berço do futebol brasileiro. São Paulo: Aleph, 2007.
GALLAHUE, David L. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês,
crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Phorte, 2001.
ROSE JUNIOR, Dante de. Modalidades Esportivas coletivas. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2006.
SANTOS FILHO, José Laudier Antunes dos. Manual de Futebol. São Paulo: Phorte,
2002.
VOSER, Rogério da Cunha. Futebol: história, técnica e treino de goleiro. Porto
Alegre: Edipucrs, 2006.
VOSER, Rogério da Cunha. Futsal: Princípios técnicos e táticos. Rio de
Janeiro:Sprint, 2001.
39
ANEXOS
RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO
Comissão Técnica
% Qual o melhor esporte para iniciação:
66,67 %
70
60
50
40
30
20
10
0
Futsal
33,33 %
0%
Futsal/Futebol
Futebol
Atletas
% Posição
LATERAL
7%
ZAGUEIRO
13%
ZAGUEIRO
MEIA
60%
ATACANTE
20%
% Iniciou no futsal:
LATERAL
ATACANTE
MEIA
66,7 %
70
60
50
40
30
20
10
0
SIM
33,3 %
NÂO
SIM
NÂO
% Fez outro esporte além do futsal:
% Idade de iniciação
60,0 %
Capoeira
60,0
6 anos
50,0
Sim
40,0
7 anos
30,0
20,0 %
20,0 %
20,0
8 anos
10,0
60%
Não
Praticou
40%
Praticou
Basquete
Handebol
Não
Natação
0,0
6 anos
7 anos
8 anos
40
% Por quê acha importante a iniciação no
futsal:
% Como o futsal contribui:
33,3 %
Cognição/Visão de jogo
Agilidade/Movimentação
46,7 %
Agilidade/Movimentação
46,6 %
Técnica
0
Técnica
20,0 %
Cognição/Visão de jogo
40,0 %
10
Agilidade/Movimentação
20
30
40
50
Cognição/Visão de jogo
DIMENSÕES DO CAMPO DE JOGO
Futsal
Futebol
60,0 %
Técnica
0
Técnica
10
20
Agilidade/Movimentação
30
40
50
60
Cognição/Visão de jogo
41
Futebol
42
Artigo Científico Utilizado no Trabalho

Futsal e Futebol de campo – parceiros ou adversários
Dr. Rogério da Cunha Voser.
Como esporte número 1 do mundo, as questões do futebol de campo sempre
chamaram a atenção e interesse de grande parte da população de inúmeros países.
Desde a primeira conquista de um campeonato mundial em 1958, o Brasil tornou-se
alvo da atenção especial dos meios futebolísticos mundiais. Na sombra do Futebol
de campo, o FUTSAL é hoje considerado um dos três esportes mais populares de
nosso país. Nos últimos anos, tem conquistado lugar de destaque entre os esportes
de quadra, sendo praticado por milhões de pessoas em todos continentes; tanto
como forma de lazer, quanto sob a forma de esporte competitivo.
A similaridade entre o Futebol e o Futsal, aliado ao fato de não existir muitas
opções de campos de várzea, têm direcionado as crianças e jovens a primeiramente
praticar o Futsal em escolas e escolinhas esportivas para, que mais tarde, sejam
encaminhadas ou convidadas a jogarem o Futebol em clubes profissionais.
Dentro contexto acima, tem-se observado que muitos destes jovens, no
momento desta mudança, geralmente do Futsal para o Futebol, não conseguem se
adaptar às exigências que o novo ambiente exige; principalmente no que diz
respeito aos aspectos técnicos, táticos (basicamente, a utilização adequada dos
espaços do campo) e físicos (adaptação fisiológica dos deslocamentos curtos, com
pouco tempo de recuperação para deslocamentos de maior distância e, com mais
tempo de recuperação durante o jogo). Como exemplo, podemos citar atletas
famosos do Futsal como Ortiz, Manoel Tobias e Falcão que, talvez pela idade mais
avançada, não conseguiram se adaptar e se reciclar às exigências do Futebol.
Na busca de razões para tanto sucesso, treinadores, preparadores físicos e
cientistas esportivos, nos acompanham em nossas indagações. Seria o Futsal um
dos responsáveis pelo o surgimento e, por que não dizer, fornecimento de um
número inesgotável de novos talentos para o Futebol de campo? Qual a idade mais
indicada desta transição? Quais aspectos do Futsal contribuem na performance no
Futebol? Quais aspectos desenvolvidos no Futsal que dificultam durante esta
transição?
43
Na procura desta resposta, cabe-nos ressaltar que não existem dados
respaldados cientificamente em literaturas que nos orientem na obtenção de
informações sobre os fatores de transição do futsal para o futebol, ou do futebol para
o futsal.

Identificar como foi o inicio e com qual idade este atletas começaram a
participação nestes esportes.

Saber qual a opinião dos atletas quanto à transição indicada, à idade e forma
que deverá ocorrer.

Identificar quais as diferenças mais significativas de um esporte para o outro.
O estudo é do tipo qualitativo e se caracteriza por uma pesquisa descritiva
exploratória.
Foram entrevistados 12 atletas de Futsal da categoria adulto masculino e 12
atletas de Futebol de Campo da categoria profissional, de um Clube Federado, do
município de Canoas.
Para efetuar a análise e interpretação deste estudo, além do referencial de
literatura, foram utilizados os dados coletados nos relatos e opiniões dos Atletas
referentes aos questionamentos levantados e que por fim transcritos de forma
descritiva.

A maioria dos atletas tiveram o incentivo da família para o começo no esporte.
(apareceram os indicadores professor da escola e colega);

Todos acreditam que a transição do Futsal para o Futebol seja o indicado;

Alguns ainda acreditam que seja possível jogar as duas modalidades e optar
mais tarde;

Com relação a idade mais indicada, embora tenha sido bem diversificada,
apresentou uma tendência de respostas dos 13 - 14 anos para esta transição;

Segundo a opinião dos atletas, as diferenças mais marcantes de uma
modalidade para a outra são: no futsal requer mais velocidade, mais precisão
no passe, mais movimentação, deve-se saber jogar em todas as posições, os
espaços são mais reduzidos, aumenta a velocidade de raciocínio e é mais
utilizada a parte anaeróbica; já no futebol a mais espaços de jogo; as falhas
individuais, tantos técnicas quanto táticas aparecem mais no futebol; é
utilizada mais a parte de resistência; é necessário um período a adaptação ao
equipamento de jogo (chuteira).
44
QUESTIONÁRIOS UTILIZADOS NA PESQUISA DE CAMPO
Universidade Santa Cecília
Faculdade de Educação Física e Esporte
QUESTIONÁRIO ATLETAS
Sexo:____________
Idade:_________
Ocupação:________________
1. Iniciou no futsal?
Sim ( )
Não ( )
2. Com quantos anos?
6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10 ( ) 11 ( ) 12 ( ) 13 ( ) 14 ( )
3. Faz ou fez outro esporte na infância paralelo ao futsal?
SIM ( )
NÃO (
)
4. Se a resposta for sim qual outro esporte pratica ou praticou?
5. O futsal contribui para o seu aprendizado no futebol?
Sim ( )
Não (
)
6. De que maneira?
7. Acha importante praticar futsal na faixa etária dos 6-10 anos?
SIM ( )
NÃO (
)
8. Por quê?
9. Com quantos anos você acha ideal parar o futsal para dedicar-se exclusivamente ao
futebol?
45
Universidade Santa Cecília
Faculdade de Educação Física e Esporte
QUESTIONÁRIO COMISSÃO TÉCNICA
Sexo:____________
Idade:_________
Ocupação:________________
1. Você acredita que o futsal contribui de alguma forma para a preparação de um jogador de
futebol?
SIM (
) NÃO (
)
2. Como contribui?
3- Pela sua experiência, qual o melhor esporte para iniciação?
Futsal ( )
Futebol ( )
Futsal e Futebol ( )
4- Qual a melhor idade para se transferir do Futsal para o Futebol?
5- Até que idade você considera válida a participação simultânea do futsal e futebol?
46