Nº - 69 - Confrades da Poesia

Transcrição

Nº - 69 - Confrades da Poesia
Amora - Seixal - Setúbal - Portugal
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Ano VI
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Boletim Bimestral Nº 69 |
Maio / Junho 2015
www.osconfradesdapoesia.com - Email: [email protected]
«JANELA ABERTA AO MUNDO LUSÓFONO»
Confrades: 4,6,8,14 A Voz do Poeta: 2 Olhos da Poesia: 3 Retalhos Poéticos: 5 Tribuna do Poeta: 7 Bocage: 10,21,22,23,
24.25,26 Tempo de Poesia: 11 Trovador: 12 Poemar: 13 Faísca de Versos: 15 Contos / Poemas: 16 Reflexões: 17 Pódio dos
Talentos: 18 Trono dos Poetas: 19 Baú: 27 Ponto Final: 28
SUMÁRIO
Vem aí o Verão
EDITORIAL
O BOLETIM Bimestral Online (PDF) "Os Confrades da Poesia" foi fundado com a incumbência de instituir um
Núcleo de Poetas, facultando aos (Confrades / Lusófonos) o ensejo dum convívio fraternal e poético. Pretendemos
ser uma "Janela Aberta ao Mundo Lusófono"; explanando e dando a conhecer esta ARTE SUBLIME, que praticamos e gostamos de invocar aos quatro cantos do Mundo, apelando à Fraternidade e Paz Universal. Subsistimos pelos
nossos próprios meios e sem fins lucrativos. Com isto pretendemos enaltecer a Poesia Lusófona e difundir as obras
dos nossos estimados Confrades que gentilmente aderiram ao projecto "ONLINE" deste Boletim.
“Promovemos Paz”
A Direcção
«Este é o seu espaço cultural dedicado à poesia»
Pódio dos Talentos
pág. 18
Rosa Silva
Trono dos Poetas
pág. 19
João C. Santos
Deixamos ao critério dos autores a adesão ou não , ao “Novo Acordo ortográfico”
FICHA TÉCNICA
Boletim Mensal Online
Propriedade: Pinhal Dias - Amora / Portugal | Paginação: Pinhal Dias - São Tomé
A Direção: Pinhal Dias - Presidente / Fundador; Conceição Tomé - Vice-Presidente / Fundador
Redação: São Tomé - Pinhal Dias
Colaboradores: Adelina Velho Palma | Aires Plácido | Albertino Galvão | Alfredo Louro | Ana Santos | António Barroso | António Boavida Pinheiro | Arlete Piedade | Carlos Bondoso | Carmo Vasconcelos | Clarisse Sanches | Conceição Carraça | Daniel Costa | Edgar Faustino | Edyth Meneses | Edson G. Ferreira | Efigênia Coutinho | Euclides Cavaco | Eugénio de Sá | Fernando Afonso | Fernando Reis Costa | Filipe Papança | Filomena Camacho | Fredy Ngola | Glória Marreiros | Henrique Lacerda | Humberto Neto | Humberto Soares Santa | Ilze Soares | Isidoro Cavaco |
João Coelho dos Santos | João Furtado | João da Palma | Jorge Vicente | José Jacinto | José Verdasca | Lili Laranjo | Luís Filipe | Luiz Caminha |
Maria Brás | Maria Fraqueza | Maria Mamede | Maria Petronilho | Maria Vitória Afonso | Miraldino Carvalho | Natália Vale | Pedro Valdoy | Quim
D’Abreu | Rosa Branco | Rosa Silva | Rosélia Martins | Silvino Potêncio | Rita Rocha | Susana Custódio | Tito Olívio | Vó Fia | …
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Os Confrades da Poesia | Boletim Nr 69 | Maio / Junho 2015
«A Voz do Poeta»
A Páscoa
Semana Santa
Poesia
Maior do que o Natal pra cristandade
A Páscoa é o evento essencial;
Cristo ressuscitou já divindade
E foi juntar-se ao Pai primordial.
Dobram tristes na igreja
Na torre que se agiganta
Os sinos p'ra quem deseja
Viver a Semana Santa.
Depois da morte, a vida se refez
Daquele que por amor se imolou
Vítima das traições e sordidez
Em holocausto o sangue derramou.
Morreu Cristo numa cruz
Pela bondade ser tanta
P'lo martírio de Jesus
Se evoca a Semana Santa.
Eu sou a poesia
e podes me encontrar...
Na alegria ou na tristeza
ou no salão a bailar.
Na felicidade e no amor
com certeza estarei lá.
Cinquenta dias dura a celebração
Até em “Pentecostes” se encerrar
Em festa, com andor e procissão.
Há cânticos da paixão
Que algum povo crente canta
Cultos de celebração
Próprios da Semana Santa.
O Espírito Santo então vai derramar
As suas graças em cada coração
E d’Elas nos sentiremos penetrar.
Eugénio de Sá - Sintra
Tudo é movimento
Tudo está em movimento,
Tudo tem o seu pulsar:
O sol, as estrelas, o vento,
A terra, os rios e o mar…
Mesmo a corrida do tempo,
Ninguém a pode travar,
Até o meu pensamento,
Não para, tem que sonhar…
O amor com suas peias,
Seja ou não mera ilusão,
Sangue que corre nas veias,
Faz pulsar o coração…
A vida é um cata-vento,
Vai girando sem parar,
Não faças dela um tormento,
Tens que saber respirar!
… / ...
Um país é do seu povo
Se um país é do seu povo
Não se deixem governar
Por quem tem fome de lobo
E tudo quer abocanhar!
Não tenham medo das feras
Levantem-lhes bem alto a voz
Para que elas não se alimentem
Daquilo que tiram de vós!
São Tomé - Amora
Há quem faça penitência
E se almoça já não janta
Em jejum e abstinência
Durante a Semana Santa.
Neste mundo atormentado
Que a maldade desencanta
Devia ser transformado
P'ra sempre em Semana Santa.
O mais profundo sentido
Que tem a Semana Santa
É quando Cristo remido
Do sepulcro se levanta !…
Euclides Cavaco - Canadá
Na chuva mansa que cai
ou no sol a pino a brilhar.
No sorriso da criança
ou na velhice a dançar.
Nas ondas quebrando na areia
ou no pesqueiro a retornar.
Nos acordes da música suave,
ou na algazarra de crianças a brincar.
No gorjeio dos pássaros ao fim da tarde
ou na brisa fresca a soprar.
No farfalhar das folhas ao vento
ou na suave noite de luar.
No abraço adolescente enamorado
ou nas folhas que caem no outono.
Nas flores da primavera
ou no aconchego no inverno
entre os quimonos.
Na explosão de cores e alegria
ou no por do sol à beira mar.
Em muitos outros momentos
podes me encontrar.
Benedita Azevedo – RJ/BR
TERRA QUE GEME
Ecos Poéticos.
Sentada naquele monte
Que tantas vezes visitava,
Meus olhos vislumbravam
Com dor,
Aquela Terra queimada.
A mão qu’escreve num poema que voa
Simbiose de luz, romance de vida
Cabelo branco, a idade não perdoa
Ressarcia pela vida convertida
Terra que ardia,
Gemia,
De uma negrura sem fim,
Não mais poderia
Germinar algo para mim.
Pela gávea do adeus! São protegidos
Réstia de ecos de agradecimento
Flui excelsos aplausos merecidos
Com valores de fortalecimento
Aquelas papoilas vermelhas
Que naquela Terra saltitavam,
Com ela para sempre morreram
E não mais desabrocharam.
Terra mãe, sofrida,
Por mãos cruéis e fatais,
Serás sempre muito querida
E aqui estarei, a escutar,
Os teus eternos ais.
Os famosos poetas declamadores
Que gracejam os seus admiradores
Por um potencial de poemas bélicos
Relatos d’um cancioneiro fecundo
Poesia pelos quatro cantos do mundo
Poetas! Fadistas! São ecos poéticos.
Pinhal Dias (Lahnip) – Amora / PT
Natália Vale - Porto
“Podem me impedir de escrever, mas de pensar, jamais “
(JC Bridon)
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«Olhos da Poesia»
Crianças
RETRATOS
Longe vai o tempo em que a criança,
Concebida em ternura e com amor,
Entrava na família, co’o penhor
De gratidão p’la bem aventurança.
Menina sozinha
Muito pequenina
Descia a rua.
As lagrimas
Desenhavam dois rios
Na cara suja.
Os restos do vestido
Exibiam sem custo
Um corpo franzino.
Os pés rasgados
Deixavam marcas
De sangue
Nas pedras da rua.
Chorava
Mas o choro
Não se ouvia.
Os braços
Pendidos
Seguravam duas mãos
Descarnadas.
O velho parecia
Esperá-la
Junto ao balde
Do lixo.
A custo mordeu
O naco de pão
Que o velho
Lhe deu.
O homem
Sem trabalho
E faminto
Aproximou-se deles.
E o pobre poeta
Que na altura
Passava
Comentou em silêncio:
Nada tenho p’ra
Vos dar
Cantá-los-ei
Retratos do meu país.
Hoje, há novo saber, tudo mudou,
A teoria antiga é descabida,
Doutra forma se encara, já, a vida,
Transforma-se a criança num robot.
A ave, na altura própria, no seu ninho,
Ela que é mãe, que é protectora e guia,
Vai batendo as asas, todo o dia,
P’ra ensinar a voar o passarinho.
Mas criança que, agora, vem à luz,
Que tem pais de sabedoria imensa,
Verá que a liberdade não compensa
Sem os ensinamentos de Jesus.
E, a criança, crescendo entre os ateus,
Sem ter uma muleta, e sem raízes,
Segue o caminho, só, dos infelizes,
Pois, na alma, nunca lhe puseram Deus.
António Barroso (Tiago) - Parede
Paixão
Dedos dedilham veias e nervos
fundem-se bocas em frenesim…
Sentidos ficam escravos e servos
esquenta-se o sangue dentro de mim.
Com mãos bailarinas, sábias, vividas,
moldo-te o corpo com arte e engenho...
Tiro de ti paixões ressequidas
como quem faz um quadro, um desenho!
Trituram-me a pele teus dentes e unhas...
Sobem e descem gemidos dengosos…
Soltam-se medos, “tabus vergonhosos”...
Desejos se prendem com trancas e cunhas!
Morrem vergonhas, medos, complexos...
Pernas e coxas se enroscam gulosas
e explodem visões paradisíacas!
Colam-se peitos, línguas, sexos...
E gotas de orvalho brotam de nós
com cheiro a essências afrodisíacas.
Nogueira Pardal - Belverde
Abgalvão – Fernão Ferro
SAUDADE.
Saudade é um passarinho que esqueceu o gorjeio
e vem pousar no telhado do nosso coração.
Filomena Gomes Camacho - Londres
Pintura - Fernando Pessoa
Autor: Mário Juvénio Pinheiro
Fernando teu nome Pessoa
Pelas Arcadas do Martinho ecoa
Poemas, prosas, lamentos
Castigas teu corpo ao vento
Cai o verde do teu absinto,
Sobre os corpos da tua batalha
E choros sobre a tua mortalha.
Mário Juvénio Pinheiro - Amora
Quadras Soltas
Fazer quadras para quê?
Já está tudo escrito.
Mais toque menos retoque
Fica tudo mais que dito.
Isto cá entre amigos,
Pouco trabalho é preciso
É ouvir o pensamento
Está o caso resolvido.
E nem parece verdade
Que está a acontecer
Esta folha era branca
E já tem algo que ler.
Amadeu Afonso – Cruz de Pau
A PARTIDA
Parti. Tudo deixei lá para trás!
Sem me voltar caminhei sempre em frente
Envolto em tristeza tão descontente
Das partidas que a vida no faz
Tempos depois, a vontade tenaz,
Fragmentou-se. Caiu de repente...
Hoje passaste a ser o meu presente
Que aos meus olhos, muitas lágrimas traz.
Eu caminho só neste meu Calvário
Sem vontade e sem qualquer empenho
Desfiando o meu próprio rosário...
Há momentos que em mim tudo revive
Até a dor, da dor que já não tenho
Traz-me saudades do que nunca tive.
Edgar Faustino – Correr D´Água
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«Confrades»
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PAI
Fado das Caravelas
Sem lamento
Sabes, Meu Pai,
Aqui, em 2015, a Vida, vai indo quase igual,
A Casa está quase bem.
A Gente faz quase por isso.
O fado das caravelas
Trazido pelos marinheiros
Veio rufia junto à proa
E por ruas e vielas
Deu os seus passos primeiros
Pelos bairros de Lisboa.
Não choro mais por amor,
Meu rio já transbordou,
O coração fechou-se à dor,
A fonte das lágrimas secou…
Todos os dias são teus, Meu Pai!
No meu pensamento,
Nas minhas orações, tento
Não te incomodar,
Com o meu sentimento
cheio de saudades tuas,
mas, pronto…já sabes
Que às vezes a qualquer hora
te continuo a chatear,
Ai no Céu…te chamando de aqui.
Vou a Corroios, de vez em quando,
Ver só o Correio, mas volto logo
porque já Te não encontro Lá.
Mas volto, sempre enquanto…
Passo sempre na Cruz de Pau,
Mas ao escritório, vou, às vezes.
Está para alugar…um sagrado lugar,
Mas aqui a crise deixou-se estar,
Deixaste tanta saudade aqui, meu Pai.
Quando vou a Malanje, vou…
É só porque me levas contigo.
Como sempre.
Sabes meu Pai,
Hoje, aqui, continuamos a reservar um dia
no calendário… lembras-te?
Para comemorar, tantas vezes,
saboreámos uma moamba,
cheia de gindungo e um fino.
E muita paz e tanta gente tua amiga, junto.
Me admirava, bué…
Tanta gente gostar de Ti meu Pai.
Sr. Jacinto.
Sabes, é muito difícil te seguir,
Pois essa bondade, essa simples forma de amar
O Próximo, que tu tinhas,
Não é para todos.
Mas contínuo a tentar
Passar no exame do teu ensinamento
Sempre cheio de Paz e Amor.
Estejas onde estiveres,
este é mais um dia Teu,
Mas este vai constar no Facebook.
Porque me apeteceu.
Descansa em Paz, meu Pai.
que sejas Feliz por toda a Tua eternidade.
Obrigado, meu Amigo.
Zé – José Jacinto – Casal do Marco
Se Deus descansou
No sétimo dia, é justo
Que nós também o façamos
E aproveitemos o dia para o amor
O momento mais importante
De qualquer mortal
O real sentido do estar aqui.
Edson G. Ferreira – Divinópolis /BR
Logo após entrar na barra
E mal atracou na doca
Alguém pelo fado chama
Era ansiosa a guitarra
Que o levou de boca em boca
Prò velho bairro de Alfama.
Dali foi prà Madragoa
Prò Bairro Alto e prà Guia
E ao Castelo onde espreitou
As colinas de Lisboa
E o Bairro da Mouraria
Onde a Severa o cantou.
Foi de viela em viela
E por Lisboa inteirinha
Trilha os becos mais antigos
Feito gingão tagarela
Em cada bairro alfacinha
Conquistou novos amigos.
Já popular e famoso
Conhece entre a fidalguia
Mais nobre daquela era
O Conde de Vimioso
Que na antiga Mouraria
Acompanhou a Severa.
Foi até fora de portas
Cantado pela Cesária
Mas tinha predilecção
Ser cantado a horas mortas
Na taberna da Rosária
Da Rua do Capelão.
Fez-se alma portuguesa
É eco da nossa voz
P’la guitarra acompanhado
É só nosso com certeza
O fado habita em nós
Ou somos nós feitos fado!...
Euclides Cavaco - Canadá
Se tive a alma ferida
Pelas lutas que enfrentei
Com a crueza da vida,
Essas feridas, eu curei…
Caminhos que já trilhei
Cheios de pedras e espinhos,
P’ros tempos que viverei,
Eu quero novos caminhos…
Se nada na vida se perde,
Apenas tudo se transforma,
Viver sem fome e sem sede,
É viver da melhor forma!
São Tomé - Amora
Podes ir...
Como queres voltar agora
depois do que me fizeste,
mas por favor, vai embora,
porque deixaste na hora
aquilo que nunca deste.
Já por ti sofri demais
enquanto tu me traías,
eu nunca pensei, jamais,
vir a poder sofrer mais,
eu ficava e tu ias.
Agora tenho outra vida,
já não fazes parte dela,
foi dura, mas conseguida,
uma mulher que é traída,
Já usa de mais cautela.
Já que escolheste outro rumo
e a chama se apagou,
se do fogo há só fumo,
é isso que eu presumo,
volta p'ra quem te levou.
Dulce Saldanha - Lisboa
A GUERRA E AS CRIANÇAS:
Deambulam tristes, as crianças, na dor que as envelheceu!
Vagueiam apáticas, pela vida, onde a esperança já morreu!
Gritam, os escombros, a cor vermelha do sangue inocente!
Espreita, impiedosa, a morte, ceifando vidas…inclemente!...
Choram, as ruas, subterradas pelo peso…pedaços de tudo!
Agonizam, os parques vazios, pelo silêncio quedo e mudo!...
Soçobram hediondas, as casas, nos sorrisos agora calados…
Gemem, os jardins, suas flores, seus perfumes, sepultados…
Filomena Gomes Camacho - Londres
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«Retalhos Poéticos»
À espera do Verão
Papoilas
Fico ansiosa à espera do Verão,
Porque o Outono ou a Primavera,
São iguais a euforia de quimera.
O Inverno traz nostalgia ao coração…
Rubras as papoilas
Dentro do trigal
Encantam moçoilas
De alma trivial.
Mas a alentejana
Com alma de artista
De sua arte, ufana
Com gosto as rabisca.
E traça com arte
Um verde pezinho
Prossegue destarte
A flor com carinho.
Papoila vermelha
Também é emblema,
È como centelha.
Do nosso Alentejo,
Símbolo e esquema
É símbolo vermelho
Algo de campestre
A que Bela Mestre
Imprime beleza
Com tanta leveza…
Numa folha branca
Honra o Alentejo
A beleza arranca
Com papoilas rubras
E imagens fulvas
Que doiram a Vida.
Poeta da Cor
E de tons variados
E com esse Amor
Traz-nos conquistados.
No verão há amoras em cachinhos,
Que eu gosto de colher sem medos,
Nas paredes que cercam os caminhos,
Numa comunhão de sangue e dedos…
No verão as manhãs são radiosas,
As flores silvestres estão viçosas,
As almas andam mais enamoradas…
Do mar vem uma brisa refrescante,
O Amor anda no ar constantemente,
As noites ficam cálidas e estreladas!
São Tomé - Amora
Sonhando...
Pisaste solo fértil e precioso,
minado do mais puro afeto
e o abandonaste, silencioso,
voando pra longe, a céu aberto.
Sonho que parecera auspicioso,
cheio de ternura, mesmo discreto.
Embora simples e afetuoso
deixaste tudo pra viver liberto.
Atenta a tudo e a todos, mas sem receio
de ser apenas, mais um desafeto
viro esta página sem manuseio.
Maria Vitória Afonso
Cruz de Pau
Tendo em mente um novo conceito,
exponho-me aos céus de coração aberto:
Um grande amor tenho no peito!
Rita Rocha
Santo Antônio de Pádua- RJ – Brasil
Sua Mão, Seu Amor
( Maio:10/2015 )
Mão que acolhe e que cuida
Mão que ampara e defende
Mão que embala e consola
Mão que salva e acalanta
Mão que faz e não lembra
Mão que torna a fazer
Mão que serve e acompanha
Mão que é luz e caminho
Mão que ensina a fazer
Mão que ensina a orar
Mão que ensina a ajudar
Mão que é todos os bens
Mão que vai mas que volta
Mão que se ergue ao adeus
Mão que espera que espera
Mão que é bênção, perdão
Mão que cura e alivia
Mão que arranca de si
Mão que oferta o bocado
Mão que doa sem troca
Mão que tira da boca
Mão que doa sem ter
Mão que doa sem volta
Mão que dá sem cobrar
Mão que é — mesmo vazia —
Mão que tem mais que o mundo
Mão que ensina e corrige
Mão que livra e encaminha
Mão que cria e que educa
Mão que é pão e carinho
Mão que é chão e que é sonho
Mão que é vida e suor
Mão que é riso e que é lágrima
Mão que é céu sobre a terra
Mão que nunca nos morre
Mão que é aqui, Mão que é além
Mão, ó Mãe, que é ventura
Mão, ó Mãe, que é Amor
Laerte Antônio –Casa Branca-SP-Brasil
Sou lápis! Sou poema! Preso na vossa mão! … (Lahnip)
Aprendizado
Um coração sem amor,
É como árvore sem fruto.
Contemplamos a sua flor
Sem pagarmos o tributo!
… / ...
Os rios que eu encontro,
vão seguindo seus caminhos.
Minhas penas reencontro,
quando correm choradinhos.
Jorge Vicente - Suíça
Ele arrancou a orelha
O momento de desespero dos artistas
Eu, cauteloso, resolvi
Doravante, os clássicos ilustrarão meus poemas
Ou ousarei minhas fotos, porque os vivos são mais confusos
E as pessoas só veem os rostos, mas não leem almas
E, assim, fazem confusão entre o que veem e o que sentem,
Mas nunca procuram sentir o que o poeta sente
Não, Fernando Pessoa tinha razão
Nós somos capazes de sentir as duas ou três dores,
Mas quem nos lê só enxerga a dor que nunca teve.
Edson Gonçalves Ferreira - Divinópolis /Br
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«Confrades»
O CAMPO e A CIDADE
(estrofes em entrelace)
Com sapatos de grosso atanado
Tendo longas carreiras de cardas
Eu ando feliz lá no montado
Apascentando gordas marrãs pardas
Confesso que me sinto até corado!
Eu, um Zé-ninguém como poeta
De fraca aptidão, se comparado
A esta escritora e poetisa completa!
Mas tenho um certo ar inspirado
De seres exóticos de mansardas
E invejo o escritor engravatado
Que percorre do mundo mil jardas
E assim fica um homem embaraçado:
(Eu, que raramente uso gravata),
Ao ter a honra de ser desafiado
Por esta poetisa, alentejana nata!
E por isso lhe lanço o desafio
De escrevermos belos versos a fio
Num debate entre o campo e a cidade
http://www.osconfradesdapoesia.com/Lusofonos.htm
RECONSTRUINDO PONTES
Derrubem-se as paredes orgulhosas,
Erigidas na raiva dos repentes,
Triturem-se os tijolos insolentes
E as pedras de arremesso, belicosas!
E desfeitos os muros corrompidos,
Reconstruam-se pontes migratórias
Que resgatem afectos e memórias,
Em águas rancorosas imergidos!
Retome-se a palavra naufragada,
Recolham-se os abraços afundados,
Desafoguem-se os réus, por nós julgados…
- E a travessia da paz faz-se alcançada!
(Sextilhas)
I
Bem fraca é uma amizade
Que treme à diversidade
De controversas visões
Pois não é com exageros
Que se gerem os temperos
Que adoçam os corações
II
Que a morte espreita e surge inesperada,
E o que sabemos dela é quase nada!
Não se apodam de sevícias
Correcções a injustiças
Usando de impunidade
Não é próprio dos amigos
Travestirem os sentidos
Para alterar a verdade.
Carmo Vasconcelos - Lisboa/Portugal
III
Nem há como exagerar
Ao ponto de castigar
Com citações dolorosas
Aos amigos cabe amar
Jamais magoar, afrontar
Contestar, doando rosas.
Mas entre o verde prado e o casario,
Aceito serenamente a sangue-frio,
Apesar de não esperar esta maldade.
Ideia especial, não sei se chore ou cante
Desculpe, poeta o meu desplante
A poesia é a nossa afinidade.
Então, sem hesitar um só instante,
E não sendo, como ela, tão brilhante
Eu quis ripostar a tal celebridade!
Maria Vitória Afonso - Cruz de Pau
Fernando Reis Costa - Coimbra
Mãe
Mãe
És o meu orgulho, e a minha referência
És uma mulher de Fé, e lutadora
O teu amor é a minha força e sobrevivência
Numa mensagem de felicidade protetora.
Mãe
És a minha melhor amiga
Atenta ouvinte e conselheira
Cresci e tornei-me numa linda rapariga
Refilona e atrevida para a brincadeira.
Mãe
Os teus conselhos são repletos de sabedoria
Sabes como ninguém manter a calma, e alegria
Com uma coragem que me motiva a crescer.
Mãe
Tens a beleza nas palavras ditas com o coração
Tens a realidade moderada pela compreensão
Num desafio permanente que só tu sabes vencer.
Ana Santos - Vilar de Andorinho
Repensando a amizade
IV
Sem direção...
Ando sem direção
Por caminhos tortuosos...
Sem saber!
Se um dia!
Poderei ser de fato feliz.
Vago por terras desoladas...
Sem conhecer...
Os meus próprios limites
Mas sei que a negra dor
Rasga a carne e dilacera a alma
O meu livre versejar
Verseja livremente...
Voa pelo céu estrelado
E sem nuvens
E abraça os astros
Meus livres versos
Alçam as estrelas...
E se dispersam pelo cosmo infinito
São negros poemas
De dor...
Sigo pela estrada sem fim
Caminho sem destino
Sem saber ao certo
Se um dia
Poderia ser feliz de fato
Samuel da Costa - Itajaí /BR
Mas não havendo saída
E antes que seja perdida
Toda a esperança, toda a fé
Faça-se um sério balanço
aproveitando o remanso
na paragem da maré !
Eugénio de Sá - Sintra
CORAÇÃO FECHADO
Tenho o coração fechado,
Três voltas na fechadura.
Se a sorte dá vida dura,
Melhor é tê-lo guardado.
Tenho o coração metido
Numa gaveta secreta,
Embrulhado em seda preta
Para dormir escondido.
Dei amor a tanta gente,
Não o comprei a ninguém.
Amor, amor que se sente,
Só mo deu a minha mãe.
Por viver só, isolado,
Sem amor e sem ternura,
Três voltas na fechadura,
Tenho o coração fechado.
Tito Olívio – Faro
Os Confrades da Poesia | Boletim Nr 69 | Maio / Junho l 2015 |
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Confrade desta Edição « Joaquim Abreu »
MÃE
Para Ti
Eu fui para ti
A brisa levemente perfumada
Que te preencheu a vida por momentos
e passou.
Uma papoila à beira do caminho
Que o seu belo sorriso te ofereceu
e murchou.
A música do encanto arrebatado e terno
Que deu asas aos sonhos que sonhaste
E se calou.
Mas tu para mim
Foste um rochedo duro esmagador
Que caiu
Não sei donde nem porquê
Mas que ficou.
Ventre dado numa entrega total
A outra vida como se fosse
No universo a coisa mais doce
O aconchego do ventre maternal…
Gota de Azul (3)
…Ventre que ama o ser que gera
E transporta às vezes doridamente
Aguardando com amor pacientemente
O nascer do ser que do amor espera…
Não sei o que mais dói,
A esperança fecundada
Ou aridez da realidade.
…Ventre órgão como outro qualquer
Mas tão diferente afinal
É que sendo fonte de vida natural
É princípio e fim do mistério da mulher
O que afunda fere, mói,
É a ausência indesejada
ameaçar ser só saudade.
Canto à Humildade
…Mulher. Amor. É.
ECOS DA PRIMAVERA
Eu canto as árvores,
Mesmo os troncos secos também...
Que nem só de flores é feita a vida,
E tão pouco a morte.
Há no teu olhar
Uma Primavera em flor,
Uma oferta d'amor,
Um intenso desejo d'amar.
Quim d ' Abreu - Laranjeiro
In "Passos Poemas Que Dei”
Há no teu olhar
Andorinhas a caminho
De morarem no fofo ninho
Onde tu sonhas morar.
Mulher, Lonjura…
Vestida de branco, em tela d’esperança,
Odorisas os desejos quando sugeres
O amor urgente para além do mistério.
E o tempo, impaciente,
Grita o manifesto dos sentidos
Afirmando a tua exigência de prazer.
Vestida de negro, em tela de dor,
Personificas a revolta quando denuncias
A insensatez com que te roubam
Pedaços, frutos, gotas de ti.
E o tempo, lentamente,
Grita o manifesto dos sentidos
Vincando a tua exigência de paz.
Vestida de cinza e verde, em tela quente,
Humedeces os olhares quando dizes
Carinho no ventre das palavras.
E o tempo, desesperadamente,
Grita o manifesto dos sentidos
Demarcando a tua exigência de silêncio.
Vestida de transparência, em tela de nudez,
Adoças os sonhos quando acaricias
O momento bom de dar e receber.
E o tempo, decididamente,
Grita o manifesto dos sentidos
Libertando a tua exigência de liberdade.
Mulher, lonjura de mar, onda de veludo,
Quando rasgas o corpo
És sopro de sensações vestidas de azul.
Há no teu olhar
Um brilho de diamantes,
Um futuro feito d'instantes
Que abrigam o sonho bom de o dar.
Há no teu olhar
Uma fonte jorrando prazer,
Onde só bebe quem souber
Entrar em ti por ele e, ficar.
ETERNIDADE
Que nunca tanto uns olhos choraram
Nem mesmo um coração ainda que forte
Tantas e tão sentidas dores suportou;
Que só entendem o amor os que já amaram
Aqueles que só esquecerão pela morte
O que esquece em vida quem nunca amou.
Que nunca as lágrimas foram tão sentidas
Nem tão bem mostraram no rosto magoado
A imagem triste duma alma torturada;
Que só há solidão nas almas abandonadas
Ao destino de quem nasceu malfadado
Para jamais ter a felicidade desejada.
Que nunca o poeta sentiu na mão a dor
Gerada no cansaço de tanto escrever
Sobre o que da vida se não vê mas sente;
Que não haverá nunca Primavera sem amor
Nem a mais simples flor ao amanhecer
Deixará de o inspirar e ser eternamente.
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Os Confrades da Poesia | Boletim Nr 69 | Maio / Junho 2015
«Confrades»
http://www.osconfradesdapoesia.com/Lusofonos.htm
25 de Abril
A minha sentida homenagem a todos os cidadãos que corajosamente enfrentaram a Ditadura. Uns pagaram a ousadia
com a própria vida; outras sofreram na pele as sevícias dos calabouços e ainda outros reduzidos à condição de exilados... Agradecido a Todos!
Infelizmente hoje os partidos, enxameados de demagogos oportunistas cada vez menos merecem a consideração dos
Portugueses. Mesmo assim, a Democracia mesmo frágil, supera qualquer regime ditatorial.
Fomos enganados por este ou aquele partido, votemos num outro, tradicional ou novo.
Viva a DEMOCRACIA
.
VIVA PORTUGAL
António Pinto da Rocha – S. Mamede de Ribatua
Água
AMORA! AMORA!
Bárbaro tempo
Danço na leveza do sonho
Na beleza da liberdade
Entre nuvens gordas e escuras…!
Espanta-se a sociedade segregada
Perante o fausto elogio contra natura
Falsa doutrina, podre, malfadada
Parto maldito de uma causa impura.
O que enche a tua boca?
Palavra banal e oca?
Palavra de gente louca,
Que a Sua Palavra apouca?
Tu és, sem vaidade,
A nossa cidade,
Que a gente adora,
De quem te visita,
AMORA! AMORA!
Fica sua favorita,
Volta logo na hora,
Por vezes medita,
É atracção infinita,
Jamais se vai embora,
E, por aqui habita
Porque s’enamora!
AMORA! AMORA!
Ó que alegria
Parece magia,
Na margem da baia
Dar um passeio,
Devagar à vontade,
Chega à Trindade,
No melhor recreio,
AMORA! AMORA!
É d’agrado cheio,
Quando a aurora
Rompe seu lampejo
Baia e o grande TEJO,
Com tempo demora
A dar-lhe um beijo
Sempre pelo dia fora!
AMORA! AMORA!
Tens todas as cores,
Tens todos os cheiros,
Dos velhos pescadores,
A fazer cacilheiros,
Hábeis carpinteiros,
No mar dominadores,
Ninguém os detinha
Co’os nervos n’um feixe,
Na pesca da sardinha,
Fosse o que fosse que vinha,
Ó camaradas é peixe!
AMORA! AMORA!
O tempo foi bruto,
Mandou tudo embora,
Deixou tudo no luto!
CMO
Nelson Carvalho - Belverde
Carlos Fragata - Sesimbra
Gosto delas assim
Cheias! Carregadas…
Cor de chumbo
Inchadas!
Prontas a rebentar
A terra seca já clama
Nela há vida adormecida
Derramem sobre ela
O suco sagrado…
A água que dá vida!
Conceição Carraça – Torre da Marinha
DOIS EM UM
Eu saí do Alentejo,
Mas o Alentejo não saiu de mim
Veio no meu coração
Na minha Pele
Na minha Alma
E no meu olhar de criança
Veio uma réstia de Esperança
A Força, e a Fé que me acalma…
Rosa Guerreiro Dias - Lisboa
Abrem-se as salas dos notariados
E em breve as naves dos templos de Deus
Incensarão iguais apaixonados
Escárnicos pares que o fado perverteu.
Que pais darão estas aberrações
Que a lei uniu e as bênçãos dotaram
Que poderá esperar-se dessas adopções?
Que será das crianças que privaram
No dia-a-dia c’o as contradições
Que lhes fará aquilo com que lidaram?
Eugénio de Sá - Sintra
"DE QUE TE QUEIXAS?"
Descalço e roto, porém sorridente,
Deixou-me tão confuso que o chamei
E ali mesmo eu lhe perguntei
A razão de mostrar-se tão contente.
Um motivo p’ra tal não encontrei,
Mas ele respondeu-me calmamente
Que vivera uma vida deprimente,
Mas agora sabia que era um rei…
Durante toda a vida lamentara,
Por percorrer as ruas e tabernas
E que descalço e roto sempre andara,
Maldissera as misérias paternas
Até àquela hora em que encontrara
Um homem bem vestido, mas… sem pernas!
“Às vezes só precisamos de alguém que nos ouça. Que não nos julgue. Que
não nos subestime, que não nos analise. Apenas nos ouça” - (Charles Chaplin)
Os Confrades da Poesia | Boletim Nr 69 | Maio / Junho l 2015 |
“Cantinho Poético”
A DÉCIMA VIDA!...
À minha dedicada esposa DOLORES
com mais 100 vidas
Tudo o que sabemos do amoro amor é tudo que
existe.
O verdadeiro amor nunca se desgasta.
Quanto mais se dá mais se tem.
(Antoine de Saint-Exupéry)
DOLORES:
Meu amor, que pena, que essas sete vidas,
Que a lenda diz, alguns são dotados a gozar,
Não tenham sido por Deus a nós of’recidas
Pra que a nossa felicidade se prolongar!
Isso mesmo, sete vidas em nada reduzidas,
Porque fomos emigrantes, foi só trabalhar,
Anos! Meses! Dias! Noites, e noites perdidas,
Não houve tempo o momento certo de amar!
Contigo, sempre ao lado a vida passou veloz,
Apesar das apuros houve sempre entre nós,
Diálogo, compreensão com justos compassos!...
Por isso peço a Deus a décima vida segura,
Pra morrer Matusalém, com tua ventura;
Pr’assim, morrer tranquilo, feliz nos teus braços!
Nelson Fontes Carvalho (NELFONCAR)
POEMA LIVRE
Sou livre. Não faço sonetos com rimas.
Escrevo, somente, o que sinto no peito.
Já pus fim às regras. E sem preconceito
desfiz exigências sem ter de usar limas.
A livre poesia me lembra as vindimas,
onde há moças lindas, cantando a seu jeito,
depondo em canastras o fruto perfeito,
que apenas suplica doçura de climas.
Bastou-me a doutrina que vai na distância,
com marcas deixadas por toda a infância
e restos de medos, no fundo, submersos.
Tirei as algemas. Escrevo sem lei
palavras plebeias, opostas ao rei,
sem métrica ou rima a cingir os meus versos.
Glória Marreiros - Portimão
ÀS AVESSAS
Valentim embriagado,
Da festa de S. Gonçalo,
Vinha às avessas montado
No seu vistoso cavalo.
Ao chegar ao povoado
Encontra o Doutor Silveira,
Que lhe diz, admirado,
De o ver dessa maneira!
- Não esperava vê-lo assim,
Nesse estado, Valentim,
E de chapéu. Ora essa!
- É certo. E o pior mal
É que o pobre do animal
Deixou cair a cabeça!
Clarisse Barata Sanches
(In: “Cantei ao Céu e à Terra”)
“Onde há música não pode haver maldade.” – Miguel de Cervantes
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Os Confrades da Poesia | Boletim Nr 69 | Maio / Junho 2015
«Bocage - O Nosso Patrono»
CEIFEIRAS
JAMAIS
Tempos mutantes
Este cante envolto em pranto, lembrando um tempo sem volta
Vai ganhando um outro encanto, pondo de lado a revolta
Nossos pais sofreram tanto, nossos avós ainda mais
Nós, nós fugimos a esse pranto, p’ra não ouvirmos seus ais
Homem que foi terra foi barro, em pleno campo criado
Comeu as sopas no Tarro, levou aos ombros seu fardo...
Vamos olhar de outro jeito, o progresso em caminhada
Para aliviar o peito, desta gente amargurada
Nossos campos ainda lá estão, as searas até o gado,
Mas ceifeiras, essas não, foram escravas do passado
Ainda o sobreiro dá sombra, e a cortiça que é riqueza
Árvore que a todos deslumbra, de raiz bem portuguesa
Ainda há regatos correndo, e há ribeiras naturais
E a chuva que Deus vai mandando, p’ra dar vida aos cereais
Ainda se ouvem cantar os rouxinóis na ribeira
Os pardais; a chilrear em alegre cavaqueira.
Ainda há lírios, alecrim, papoilas, planícies de trigais
Codornizes, perdizes rolas, mas as ceifeiras? Jamais…
Alegra-te meu amigo, olha a alvorada, outro dia
Anda vem cantar comigo as cantigas d’álegria
Saudades sim, porque não, mas passado, nunca mais
Pois marcou uma geração de dores misérias e ais
O mundo está em mudança, hoje a vida tem outro fado
Nova canção
Outra dança
Pois o passado, é passado...
Rosa Guerreiro Dias - Lisboa
Desilusão
O Mar me deu alento nos trilhos da Poesia,
Os cânticos das “Sereias” encantadas me seduziram,
A absorção aromática inebriada da maresia:
Me inspiram neste mundo, nos faróis que não luziram!
Hoje, saudoso do passado e da aventura,
Passei pela Escola da vida sem paredes
Lição abrangente na minha Alma perdura,
Não me deixando envolver na ratoeira das redes!
Rasguei a penumbra à procura da Luz,
Deixei centelhas no espaço no atrito que tracei,
De tanto esforço, o sofrimento me deu a “cruz”
De querer sonhar na vida, aquilo que não sonhei!
Sou um Poeta triste e desiludido,
Sangrando em folhas brancas da desilusão;
Sem rumo vagueando ao norte, perdido…
À procura do sentido nato e firme na razão!
Por aqui vou andando triste cambaleante,
De fisga no bolso, como arma de arremeço,
De atalaia me sinto sempre um combatente,
De não aceitar agruras na vida, que não mereço…
Convicto nesta minha expressão sincera,
Como escape de liberdade na minha dor…
Hoje, sou aquilo que outrora não era,
Porque não vejo fraternidade, mas sim desamor!...
Ortsak – S. Mamede de Ribatua
Há tempos que tudo transformam
onde pouco ou nada se perde;
Mas há outros que nos mudam
o rumo, o destino
e onde se empenham
a vergonha e o tino.
Há tempos que engendram
e disformam…
que alteram as formas
e o sítio...
tempos sem norte
que atempam a sul…
anúncios de morte
dum planeta
que já foi azul.
São tempos que acolhem
um tempo confuso
disforme e obtuso
onde impera a escória
e o vício!
Tempos que alimentam
protegem e encobrem
as crias duma quimera
que comem no mesmo
espaço... devasso...
onde as bestas deste tempo,
sem vergonha nem pudor,
vão o sonho hipotecar
e as taras defecar.
Tempos sem tempo
onde se perde o rumo
e a forma eficaz…
onde se estende o prumo
a régua, o compasso,
e a fórmula não dá.
É neste tempo
que se iludem as crenças,
se escondem diferenças,
se negam vontades
e ao mesmo tempo
se trocam mentiras
por meias verdades.
Culpamos então
o tempo que está,
o tempo que faz,
que gasta, desgasta
e provoca erosão.
Mas há tempos de outro tempo!
Tempos de honra e glória!
Tempos que o tempo gravou
nos anais da nossa história!
Este tempo... o nosso tempo...
é só tempo de viver e pedir
que o tempo, sem contratempo,
nos dê tempo para amar, sorrir
e sonhar!
Abgalvão (In Palavras aladas)
Os Confrades da Poesia | Boletim Nr 69 | Maio / Junho l 2015 |
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«Tempo de Poesia»
Um Poema
AMOR A DEUS
Quando amamos a Deus intensamente
Sua presença é sensação radiosa,
O espírito sente uma paz ditosa.
Bem estar que nos inunda corpo e mente.
Procurar conhecê-lo firmemente,
Deixar mundo e pecado é flor viçosa,
Ele se dá á alma virtuosa,
A eleva a si de forma ascendente.
Erguer o olhar! De lamentar parar!
Em oração constante sem falar,
Em doce e espiritual consciência,
Ter com Cristo uma plena comunhão,
Pela fé, pelo amor, dedicação.
Na mais pura e humilde obediência.
Anabela Dias – Paivas - Amora
Início da noite Uma outra visão da praia
no poente de outono.
Benedita Azevedo – RJ/BR
VENHAM PROVAR!
Bola de Carnes ou Folar Pascal
(feito por Susana Custódio).
O Poema Ah! O poema
que derrama pétalas
de palavra a palavra
de sons em sons
Como sentimentos
como sorrisos
declamados serenos
no véu suave
Poemas sim poemas
como o saltitar viril
de um pardalito
bailarino de ramo em ramo
São cravos vermelhos
que brilham no ar
de sílabas soltas
rimadas ou não…
Pedro Valdoy - Lisboa
Primeiro é a farinha branca e fofa
Logo os ovos, a banha, o azeite
O fermento a fechar, como um enfeite
E a Susana a mexer como uma louca
Saltam as carnes nobres, o chouriço
E o presunto, a linguiça, o salpicão
Tudo se junta e se amassa c’o a mão
Pois o preceito antigo é compromisso
Depois a forma larga e bem untada
E vai tudo pró forno fundo e quente
Avulta já o odor, o cheiro é abrangente
E solta-se a promessa desvendada;
Está prestes a surgir ainda fumegante
A pitoresca bola, ou o “Pascal Folar”
Apetitoso ao ver, crocante ao mastigar
Petisco irrecusável, manjar delirante!
Haikai 14
Doçura silvestre –
Amoreira, nossa amora
cobrindo o quintal.
Eugénio de Sá – Sintra
Pinhal Dias - Amora/PT
MÃOS FURADAS COMPROVAM
Meus pensamentos
Mais que estarem furadas
A vida Dele não foi tirada
Os cravos que o sustentaram
São nossos pecados que O maltrataram
Meus pensamentos voam nas asas dos pássaros
Em uma ânsia louca de te encontrar no universo.
Foste a alegria que me fez sorrir à cântaros,
Orgulho e tesouro que sempre canto em verso.
Foi por amor que sacrificou -Se
Uniu-nos ao Pai pela dor
Redimiu nossos pecados
Assim sem merecermos nos perdoou
Dando-nos a liberdade de segui-Lo
Apontando o caminho da salvação
São estas mãos que nos mostram a direção
Divago nas recordações de tempo diverso,
Quando meu sorriso existia aos píncaros.
Meus pensamentos voam nas asas dos pássaros
Em uma ânsia louca de te encontrar no universo.
Cabe a cada um de nós
Ouvir a tua voz.
Mudança de faz necessário
Para vivermos neste mundo precário.
Rico ficaram os teus versos
Onde mostrou o verdadeiro universo
Vazio o túmulo ficou
Aquele que tanto nos amou
Mãos furadas que sempre nos abençoou
Angélica Gouvea - Luminárias-MG
Sonhando alto em meus pensamentos viageiros,
Encontro-me contigo em abraço incontroverso.
Meu coração bateu em incontroláveis disparos
Levando-me em definitivo deste mundo perverso.
Meus pensamentos voam nas asas dos pássaros.
Isabel C S Vargas - Pelotas/RS/BRASIL
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Os Confrades da Poesia | Boletim Nr 69 | Maio / Junho 2015
«Trovador»
Tirania
POEMA SOBRE O DIA MUNDIAL
(Da Criança)
Quadras
Neste mundo conturbado
Hoje quase entregue aos bichos
Nós somos o resultado
Do poder e dos caprichos.
O Dia Mundial da Criança
Desde 1950 comemorado
Mais um dia de esperança
Neste mundo vigarizado.
No reduzido de uma quadra
Vou apostando em dizer
Aquilo que na alma traga
E outrem possa entender.
Os déspotas poderosos
Só para a glória manter
São pérfidos mentirosos
E abusam do poder.
Deve ser um dia divertido
É um dia muito especial
Para a criança faz sentido
Este dia em Portugal.
Sou de meu viver ‘stratega.
Não sou fã de virtuais.
Invejo quem tem adega
De trinta pipas ou mais.
Urdem desígnios de guerra
Injustos e imprudentes
Que matam por toda a terra
Muitos milhões de inocentes.
Mais um dia para pensar
Nas crianças a sofrer
Fome e outro mal-estar
Que muitos estão a viver.
Tenho uma amiga vizinha,
Pessoa muito “bacana”,
Que escreve conto ou faz rima
Da Odemira alentejana.
O mundo perde seus filhos
Enlutam-se os corações
Com o ditar dos caudilhos
Nas suas resoluções.
Não há cor nem religião
Todos o mesmo direito
Afecto, amor e consideração
Todos merecem respeito.
Esta feliz escritora,
Que Colos muita vez cita,
É ‘sposa, progenitora,
Linda avó de Marianita!
Porque é assim quem ordena
Preterindo o altruísmo?
Lamento com muita pena
Esta falta de humanismo.
Declaração dos direitos da criança
Devia ser bem cumprida
Presente essa lembrança
Em todos os rituais da vida.
Casimiro Soares
Nosso mundo melhor era
Liberto da tirania
Se todo o que a prolifera
Jamais visse a luz do dia!...
Não devem ser exploradas
Em paz devem crescer
Pelos adultos respeitadas
Muito carinho devem merecer.
Euclides Cavaco - Canadá
Devem ser acompanhadas
Mas crescer em liberdade
Afastada das trapalhadas
Que existem nesta sociedade.
Onde é que o sol se meteu?!
Será que o sol desapareceu?
Eu de guarda chuva aberto,
Nem de longe, nem de perto,
Onde é que o sol se meteu?!
João da Palma - Portimão
Deodato António Paias - Lagoa
Ditosa Pátria
Ai, Portugal, pátria de glórias tantas,
Entregue aos que te vendem e esquartejam.
Sem heróis que te amem e protejam,
Calou-se já teu hino nas gargantas…
Minha Rosa preferida
Lá findou em Chaviãe
Era linda e bem querida,
Chamava-se minha Mãe.
Tão velho estás, as pernas te fraquejam,
Tão cedo, Portugal, não te levantas!...
Apesar das conquistas que hoje cantas,
Teus guerreiros dormitam, não pelejam…
Arménio Domingues - Melgaço
Desmembrado, vendido ao desbarato,
Tu, que foste Nação, entre as primeiras,
Passaste de nação a colonato…
Vou fazer um verso
Que rime que nem prosa,
Quero que seja disperso,
E lindo como uma rosa.
Sandra Bela Tomé Cid - C. Pau
“MARÇO FRIORENTO”
O Março voltou inverno
A meio, com variações…
Para mim, é um inferno,
Com medo às constipações
A temperatura desceu
Aos níveis do mês passado,
E a Primavera não deu
Um sinal, antecipado!
Inda estamos, agarrados
Às roupas do tempo frio
E muito preocupados
Com choques, ao arrepio…
As gripes, em certa idade,
São um perigo eminente
E há sempre a necessidade,
Precauções urgentemente!
Portanto, vem Primavera,
Num ameno florescer!
Que eu estou à tua espera,
Para o Inverno esquecer!
João da Palma - Portimão
Dia das Mentiras
E nas mãos de potências financeiras
És hoje um D. Quixote caricato,
Uma feira da ladra sem fronteiras!!
Vou à praia da maldade
Ver se lá tem boas, giras
Hoje só falam verdade,
Por ser dia das mentiras.
Carlos Fragata – Sesimbra
Arménio Domingues
Algumas pessoas pensam que estão sempre certas, outras são quietas e nervosas, outras parecem tão bem, por dentro elas devem se sentir
tristes e erradas, outras se isolam para esquecer, enquanto outras se aproximam para sofrer, outras falam para machucar, algumas se calam
para não magoar, embora sejam tão diferentes, todas tem algo em comum, não tem certeza de quem realmente são ou do que querem ser.
(Charles Chaplin)
Os Confrades da Poesia | Boletim Nr 69 | Maio / Junho l 2015 |
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«Poemar»
Visão
PASSEI POR MIM
VOAR E SONHAR!
Eu vejo-te
Como gente
À minha frente…
Foges na retina do meu pensamento
Transformas-me em gente
Que vê e não sente
O carisma próprio do ser
Presente
No cumprimento da minha mente…
Sou gente
Que vê e sente
Na ilusão pensante
De um ser
Pensador e presente
No mundo ingrato
Da gente
Deste tempo
Que vê e sente
Caminha e mente
Sem motivo aparente…
Entre ilusões sem medida
E numa esquina da vida
Eu passei ontem por mim,
E vi meu rosto cansado
Numa rua do passado
Cheia de sonhos sem fim.
Um dia eu fui sonho
e construí meus castelos à beira mar...
Desabrochei para a vida e,
impulsionada pela brisa,
sem asas, pus-me a voar...
Ana Alves – Melgaço
Primavera
Tormentas! Voaram do regaço,
Foi-se da boca o sabor antigo,
Céu azul ao alcance do meu braço!
Nos olhos um sorriso amigo…
P’ra chegar junto de ti só um passo,
O tempo cinzento foi inimigo!
Agora quero dar-te um abraço,
E poder gritar isto que digo!
A Primavera enche ocos corações,
Chegou enfim, linda a amena estação,
Foi-se embora o tempo da solidão!
É hora de tomar muitas decisões,
Ornar a vida com vastas flores,
Encher a alma com novos amores!
Susana Custódio - Sintra
PROCISSÃO
Belo Horizonte, 02-11-1977
Começam a cantar.
Quando o grupo da frente
Está no final da música,
E o grupo do meio
Ainda está em três quartos,
É porque o grupo de trás
Ainda falta a metade
Para chegar a um inteiro.
Parece um eco co o.
Gilberto Nogueira de Oliveira
Nazaré- Bahia- Brasil
Procurei a mocidade
Nessa rua da saudade
Por onde também passei,
Percorri cantos em vão,
P'ra minha desilusão
Eu já não a encontrei.
Ao viajar no passado
Há ruas que pus de lado
E não as quis percorrer.
Naquelas por onde andei
Muitas coisas encontrei
Que gostava de esquecer
Entre ilusões e fracassos
Vi destroços e pedaços
Dos sonhos que não vivi,
E ao tropeçar num espelho
Eu vi meu rosto mais velho...
E não me reconheci.
Isidoro Cavaco - Loulé
“CALCULISMO”
Mote:
Eu não sei o que dizer
De tanta coisa escondida…
Quanto mais queremos saber,
Menos sabemos da vida!
Glosas:
Como que de olhos fechados
Ao que não queremos ver!
De factos já consumados,
Eu não sei o que dizer!
Não queremos acreditar
Na realidade exercida…
Ficamos a palpitar…
De tanta coisa escondida!
C’o a força da fé, sonhada…
E o real sem resolver,
Daí, não sabemos nada,
Quanto mais queremos saber!
Em opções calculistas…
Imaginamos à partida,
Se não somos realistas,
Menos sabemos da vida!
João da Palma, (Amlapad)
Galopava o destino,
vagando ondas, sem fim...
Quando me procurei em desatino,
deixando-me o coração em pedaços,
estava longe de mim...
Eu que punha todo o desejo
de conquistas, que me envolviam e me
faziam levitar, tão sutilmente...
Me levaram ao êxtase,
ao flutuar...
Do meu ser emana a magia,
que de um só golpe
amordaça minhas energias e
que desnuda todo o
meu eu...
E no meu reino de fantasias,
todas as cores eram soberanas...
Me confundiram atirando-me
num picadeiro e, cega por instantes,
não tive como me equilibrar.
Então eu chorei...
E se apesar do pranto, a sós, fiquei...
Busquei no voo o teu recado e
cobriram-me com implume silêncio.
Triste, sem voo e sonhos...
Desfaleci!
ZzCouto – Niterói/RJ/BR
Cora Coralina
Minha doce Ana
humildade que encanta
das suas mãos
a doce profissão.
Transformou a doçura em palavras
e palavras em poesia
e poesia em sentimentos
e sentimentos em pessoas.
Sem se importar com gramáticas
com escolas literárias
priorizou a mensagem
para a forma virar simplicidade.
Dos becos históricos de Goiás
o cotidiano da nossa gente
canônica eternamente
doceira das palavras.
Leva o Prêmio Juca Pato
com o carinho da sua gente
Ana, Aninha
nossa doce Cora Coralina.
Danielli Rodrigues - Paraná / BR
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Os Confrades da Poesia | Boletim Nr 69 | Maio / Junho 2015
«Confrades»
http://www.osconfradesdapoesia.com/Lusofonos.htm
FLORES
AO MEU CÃO
Não são cravos
São espinhos de rosas
Os filhos
Do desempregado.
Vejo na tua negrura
Uma aurora imensa...
Teu olhar de ternura
Minha mágoa compensa!
Tu saltas para meu colo
Quando lágrimas me rolam pelas faces!
Tu és amigo! Tu sabes sentir!
Sempre pronto a dar carinho
Quando a tristeza me invade
Tu matas a solidão
Tu animas meu viver
Tu és meu companheiro
De todos os dias,
de todas as horas
De todos os momentos
Ao olhar o mundo
Eu vejo os demais…
Onde encontrar amigos mais leais?
Amizade não tem preço,
Tu tens todo o meu apreço
Os desgostos me consomem
Que nós não somos iguais…
Quanto mais conheço os homens…
Mais gosto dos animais!
E na voz do coração:
TU ÉS LINDO MEU CÃO!
Espinhos
Que lhe rasgam
O peito exangue
Quando
Os ouve chorar
Soluços de fome.
No outro lado
Da cidade
O jovem embriagado
Matou
Com o carro de luxo
A criança
Que esmolava.
O dinheiro
Do papá
Livrá-lo-á certamente
Da prisão.
Onde estão
Os cravos de Abril
E as rosas
De Maio?
Só vejo
Flores
Nas lagrimas
Das crianças
Que choram com fome.
Afinal
Com a alma em pedaços
Cantei
As flores.
Maria José Fraqueza - Fuseta
Aí vão de malas feitas
os políticos heróis.
Parecem uns idiotas
Mas, irão voltar depois!
Jorge Vicente - Suíça
Nogueira Pardal - Verdizela
REGRESSADOS DE “ABRIL”!
Eis que olvidaram, nas noites de perseguição
(os sequazes que a “PIDE” punha em cada esquina),
de preverem o movimento, chamado Revolução,
que há muito se movia, do simples ardina
ao intelectual; que a todos juntava com precaução
não denotando desconfiança - de muitos a sina
que então guardavam, como toque de união
o “passa-palavra”, encetada rua abaixo rua acima:
o que nascera fora e dentro das prisões, nos asilos,
como algo que teria de ser levado Avante
quando cada um de nós passou a simples pupilos.
E todos quantos, os que tinham voz, acossados em silos,
partiram um dia, para lutarem num país distante:
ei-los volvidos em “Abril”: cravo vermelho com muito estilo.
Jorge Humberto - Stª Iria D’Azoia
CONSERVA TEU “BEM”
Ninguém é responsável por teu bem
Só tu, apenas tu, o manterás!
Bom ou mau só o sente quem o tem
Se tu o tens, só tu o amarás!
Quem tem o seu bem pode ser feliz
Apenas não o é, quem só tem mal!
Quem sente mal constante e não o diz
Vai sofrendo em si, um golpe fatal!
Um bem é um tesouro a não perder
É bom que o tenha e queira manter,
Jamais te desfaças de coisa boa.
Dizemos que dura pouco o que é bom
O tempo o mantemos com nosso dom,
Nunca se conserva um bem à toa.
Bento Tiago Laneiro
De Vila Nova de S. Bento
Le poéte
Oui Madame
Esta vida de poeta
Sabe-se que é…!
Um dos atributos…mais bonitos
Que Deus concedeu ao ser humano
E, por isso, não me engano
De dizer, que o prazer
E a forma como se liberta
Dos momentos de amargura
A revolta criada em si!
É…com modos de ternura
E por ser método eficaz
O poeta ainda é capaz
De fazer um poema
Por tudo o que ama
Mas, como é pacífico
De coração e físico
Em si habita
Os horrores da fome, miséria e guerra
Medita ao céu…e beija a terra
Para atravessar o deserto do mundo;
E enfrentar o terror da morte
Com fé e sem medo
Pede…!
Aos raios luminosos do sol
Para libertar os filhos da má sorte
E, sem rumor, nem rancor
Dá asas ao seu ego…!
E vai até…
À mais longínqua galáxia do cosmos
E como é tão grande…tão grande
Aquele banho de liberdade
Que o poeta é… Privilegiado
Desse dom abençoado.
Oui Madame, c’est lui
Le poéte…
Luís Fernandes - Amora
Os Confrades da Poesia | Boletim Nr 69 | Maio / Junho l 2015 |
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«Faísca de Versos»
Viva o 25 de Abril
Vi os nossos heróis de Abril
Que mereciam outro fim
Se políticos de << anil >>
Não fossem classe tão ruim.
Jorge Vicente - Suíça
Devagarinho devagarinho, pé ante
pé, querem lixar o Zé Povinho
Aposto que até já, sonham prender
a água do moinho de maré.
Só que...As mós vão se por de pé
e esmagar os ditadorzinhos.
José Jacinto "Django" - PT
PARA UM PORTUGAL NOVO
Dão com uma mão tiram com a outra.
(Dueto)
Se querem um País novo
Terão pois que ponderar
Só votos sábios do Povo
Sem se deixar enganar.
Estes são cartazes do antigamente
Divulgando os rostos criminosos
Que mudança foi esta realmente?!
Nas ruas cartazes pedindo os votos
Não vão nessa de partidos
Escolha antes um "inteiro"
Muitos já são conhecidos
Por só quererem poleiro.
Quem cabritos vende e cabras não tem
Aproveitamento!? Mas? Estão noutra
Em plena corrupção vão mais além
Dão com uma mão tiram com a outra
Tudo está nas vossas mãos
Faça a si próprio um favor
Para que os cidadãos
Tenham um País melhor.
Pinhal Dias (Lahnip) - Amora - PT
Pensem bem na vossa aposta
Sigam os sábios conselhos
Pois não vai lá com o Costa
Nem com políticos velhos.
Riqueza não é pecado,
e que o mundo se convença,
todo o ladrão condenado
tem sempre pena suspensa.
Klyde Wood
António Tiago Barroso - Parede - PT
Embrulhos de protagonismo.
Há gente que governa este mundo
Pelas sombras, dizem-se democráticos
São corruptos por um saco sem fundo
Se entram na prisão!? Ficam dramáticos
Esses embrulhos de protagonismo
Que adulteraram a economia
Esses governantes do cataclismo
Banca rota!? A todos prometia!
Nas eleições… Todos eles prometem
Amantes de si mesmo que arrefecem
Fazem desmaiar o mundo platónico
Balança num peso e duas medidas
Vil sociedade de classes perdidas
Onde são graduados p’lo Gin Tónico
Pinhal Dias (Lahnip) – Amora - PT
“MOMENTO DE CAÇAR”
“TEMOS OS COFRES CHEIOS”
De desemprego, trabalho precário
De insegurança, e muita emigração.
De jovens sem futuro, servidão…
De muito compadrio e corrupção.
Evidentemente! Nem tudo é mal
Em Portugal, há quem ufano!
O filho de fulano e de beltrano…
De mo cra ti ca men te!
A “cunha” à frente…
Aires Plácido - Amadora - PT
Vamos à caça aos “primeiros”
Que são os que comem mais,
Porque dos milhos rasteiros,
Restos de ricos, rendeiros…
São comidos p’los pardais!
Vamos à caça de quem,
Nesta vida não trabalha
E a riqueza lhe advém
Do povo, e de mais ninguém,
Prenda-se essa canalha!
Prenda-se a corrupção,
Doces, azedos e salgados…
Que sugaram a Nação
E ainda há muito ladrão,
Que têm de ser caçados!
Vamos caçar os ladrões
E, pegá-los de cernelha…
Políticos e aldrabões
Que nos cortaram milhões,
Vamos metê-los na grelha!
João da Palma - Portimão - PT
"A desobediência civil não é o nosso problema. O nosso problema é a obediência civil. O nosso problema é que pessoas por todo o mundo têm obedecido às ordens de líderes e milhões têm morrido por causa dessa obediência. O
nosso problema é que as pessoas são obedientes por todo o mundo face à pobreza, fome, estupidez, guerra e crueldade. O nosso problema é que as pessoas são obedientes enquanto as cadeias se enchem de pequenos ladrões e os
grandes ladrões governam o país.
É esse o nosso problema."
Howard Zin – Santa Mónica – Califórnia
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Os Confrades da Poesia | Boletim Nr 69 | Maio / Junho 2015
«Contos / Poemas»
A ÚLTIMA GOTA D’ÁGUA
Enquanto o egoísmo devora a nação humana, os fluxos essenciais da vida terrestre são consumidos pela lei de causa
e efeito. O homem vem semeando o seu declínio, destruindo o mundo à sua volta em prol do alienante capitalismo.
Um dos maiores problemas da atualidade é a escassez de água, uma realidade resultante do descaso da humanidade
com relação à natureza.
Esse emblemático contexto pode nos levar à miséria, sucedendo uma avalanche de conflitos ligados à crise energética, possível Guerra Mundial, o fim da vida em diversas áreas do globo terrestre. Mesmo em meio a esse cenário, nos
deparamos com o desperdício de água tratada, com a falta de amor à natureza, com exílio da solidariedade, extinguindo o conceito de civilização.
A lamentável notícia que diariamente é divulgada sobre a redução dos níveis de água potável não atingirá somente os
grandes centros, Uruana a minha pequena cidade do interior goiano, também poderá viver esse dilema. É preciso mudar as nossas atitudes. Deixemos a surdez aos avisos da natureza e aos inúmeros alertas dos informativos escritos,
radiofônicos, televisivos. Observemos os acontecimentos à nossa volta.
A fonte da vida "vai secar"! Miseráveis é o adjetivo que melhor nos qualificará. No vasto horizonte surge o apocalipse.
Será o fim da "raça androdiana"? No Brasil e no mundo há necessidade explícita de políticas sérias e honestas, voltadas à arte de viver com dignidade e respeito. Vivemos a maior crise de todos os tempos, aceleramos o processo evolutivo do planeta, mas estamos lentos, de mãos atadas diante dos feitos catastróficos que ilicitamente instigamos a
mãe natureza a promover.
Somos difusores das causas, não adianta clamar o nome Deus, Ele é justo e sabe que temos gigantescas parcelas de
culpa. Não é momento de desesperarmos. Vamos unir forças em prol da vida, esse é o único caminho para a evolução
da Terra e sucessivamente dos homens.
Dhiogo José Caetano - Uruana - Brasil
Almograve: Indelével Paraíso
Vem aí a Primavera e a estação apetecível aumenta o meu desejo de deambular pelo sudoeste e fruir do seu maravilhoso litoral cujas praias são o nosso encanto, como naturais de lá, e não só, também o de milhares de turistas que
nos visitam.
Já rendi o meu preito de gratidão a Porto Covo, Milfontes hoje quero falar do Almograve…
Primeiro quero reflectir sobre esta palavra bonita que soa bem aos nossos ouvidos alentejanos e evocar a lenda que
está na sua génese.
Talvez a vá interpretar duma maneira muito própria e ao desconstruí-la separar o mito da lenda que está na mística
da alma alentejana, da miscelânea de fenómenos linguísticos que a sua génese encerra.
Sabemos que o álamo, também conhecido pela designação de choupo é uma árvore que existe no Alentejo principalmente nos terrenos húmidos à beira de lagos, rios, etc.
Recuando muito nos tempos, existiu no local citado, perto de um monte alentejano uma bela árvore, um álamo muito bonito e esguio.
Dizia-se em tempos antigos de alguém que estava muito bem vestido:
-“Estás muito grave” que significava que a pessoa estava muito bonita.
Acrescento que o povo na sua maneira de pronunciar as palavras tem muitas vezes tendência para a corruptela.
Para muitos, pouco letrados, os álamos eram simplesmente “os almos”.
Em volta desse monte construíram-se mais montes e assim se formou um povoado.
E foi assim que esse álamo especial e elegante deu origem ao nome do povoado.
ALMO + GRAVE
Como se não bastasse esse nome poético o Almograve possui uma das praias mais bonitas do Sudoeste Alentejano
Ela é conhecida pela peculiaridade e pelo pitoresco das suas falésias e dos seus rochedos.
A praia divide-se em duas partes distintas: a praia dos rochedos e a praia de areia dourada encostada às dunas.
As arribas têm a sua singularidade; algumas são percorridas por fios de água que cobrem as avencas que espontaneamente aí nascem.
A paisagem circundante é revestida de plantas: cerca de 750 espécies conhecidas, 100 das quais endémicas e 12
únicas em todo o mundo.
Na zona do Almograve como aliás em todo o sudoeste alentejano existe um mistura de vegetação mediterrânica,
norte -atlântica e africana com predomínio da primeira.
Esta praia de beleza inexcedível é a que fica mais próxima da sede de concelho – Odemira e que muito justificadamente se orgulha dela e a preserva cuidadosamente
dotando-a de estruturas adequadas e à altura das suas óptimas condições naturais.
Maria Vitória Afonso - Cruz de Pau
“Falar sem aspas, amar sem interrogação, sonhar com
reticências, viver sem ponto final.” - (Charles Chaplin)
> Bíblia Online <
Os Confrades da Poesia | Boletim Nr 69 | Maio / Junho l 2015 |
Salmo
«REFLEXÕES»
23:1-6
SALVAGUARDA DIVINA
Diferenças e semelhanças,
Em áreas da vida... Heranças,
Difíceis de distinguir;
Que p'ra evitar frustração,
Do pensamento em razão,
Optamos por omitir.
P'ró cristão é importante,
Tirar provisão constante
Do nosso Jesus Amado;
Pois num mundo de maldade,
Vê-se o erro e a verdade
Caminhando lado a lado.
O amigo de fala mansa
Em quem temos confiança,
Da companhia gostamos;
O doce, às vezes sai fel,
Quem é Caim ou Abel,
Por vezes não enxergamos.
Deus quer salvar-nos do engano
E de tudo o que é profano,
Da perdição e do pranto;
Deu-nos fé e a oração,
E a doce iluminação
Do Seu Espírito Santo.
Que é a nossa vida?
HOJE...
Um nascer desejado
por um Pai amado
que sempre ao nosso lado
deseja ser encontrado.
HOJE...
Dou graças a Deus
Por toda uma vida
já passada,
que me é querida!
Pela esta vida que vivo
no momento.
Cheguei até aqui
pra meu próprio
contentamento
Grato ao Céu
por tanta graça tida.
Um caminhar seguro
num caminho puro
onde não exista escuro
e não cometas furo.
Uma vida que diz
sempre se é feliz
para o bem que se quis.
Um sorriso aberto
a quem estiver por perto
livrando-o do incerto.
Um rastro de luz
que a todos conduz
encontrar nesta vida Jesus.
Uma busca da perfeição
que só um coração
possa crer na salvação.
Angélica Gouvea - Luminárias-MG
Anabela Dias - Paivas/Amora
Abençoa Senhor Jesus
Abençoa senhor Jesus a minha casa.
Vem fazer morada, ó Deus.
Vem nos transformar, ilumine todos os povos.
Abençoa todas as casas.
Faça de nós senhor Jesus, a tua santidade.
Transformai todos os sentimentos, plantai amor em todos!
Vem restaurar Jesus, a família.
Abençoa senhor Jesus a minha mora.
Vem fazer em nós, ó Deus, a tua vontade.
Ilumina senhor Jesus a humanidade.
Vem senhor Jesus, transformar a nossa casa.
Renova ó Deus, multiplica, dai-nos sabedoria.
Abençoe senhor Jesus todas as famílias.
Dai-nos o dom de entender senhor Jesus, a nossa vida.
Vem senhor Jesus, fazer de nós a sua morada.
Vem senhor Jesus, abençoa a nossa casa.
Abençoa senhor Jesus a nossa morada.
Ilumina ó Deus, a nossa existência.
Abençoa senhor Jesus a minha casa.
Dhiogo José Caetano - Professor e jornalista.
Uruana - Brasil
HOJE...
Sou o que sou.
Sou quem sou!
Valho pouco,
mas, consciente,
não desisto,
Não perco a esperança!
Luto cada dia
para ser melhor.
HOJE...
agradeço quanto recebi.
Sonho, ainda,
um mundo bem melhor!
Sem ambição desmedida...
usufruir justamente
da paz de espírito
Do saber útil!
Da inspiração maior.
HOJE...
quero viver com o próximo
em harmonia!
Dormir tranquilo
consciente do bem que fiz.
Ser solidário,
ajudando quem precisa!
Dedicação sem limites
que não cansa.
Dar alegria aos tristes
sem esperança!
Ser feliz com eles,
dizendo-lhes convicto:
-Estou aqui ao vosso lado
dia-a-dia.
JGRBranquinho
Quinta da Piedade
Oração pequenina
Deus, meu Deus
Permita que eu morra primeiro
E não os meus sonhos de poeta.
Edson Gonçalves Ferreira
Divinópolis / BR
“Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal.” Friedrich Nietzsche
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Os Confrades da Poesia | Boletim Nr 69 | Maio / Junho 2015
«PÓDIO DE TALENTOS»
http://www.osconfradesdapoesia.com/Biografia/RosaSilva.htm
BIOGRAFIA
Rosa Maria C. Silva - (“Azoriana”) nascida em 01/04/1964, na Canada da Vassoura, freguesia da Serreta, concelho
de Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. natural da freguesia Serreta, Angra do Heroísmo - Terceira. Reside em
São Carlos - Angra do Heroísmo.
Completou o ensino secundário e começou a trabalhar em meados de 1982, no Gabinete de Apoio à Reconstrução
(GAR) até ingressar, a 08/02/1985, numa Secretaria Regional.
Tem um gosto especial pela cultura popular terceirense e o seu encanto é versejar com a inspiração de miravento.
Grande parte dos seus artigos são instantâneos e alguns foram traduzidos para inglês por Katharine F. Baker, da Universidade de Pittsburgh, Pennsylvania, E.U.A. Outros foram publicados em jornais locais e na "Tribuna Portuguesa",
cujo director é José Ávila, Modesto, E.U.A. e no Fri-Luso, de Jorge Vicente.
Desgarrada de Além-Mar em co-autoria com a poetisa Clarisse Barata Sanches, de Góis. Lançou o seu primeiro livro
"Serreta na intimidade" em 2 de abril de 2011. Tem outros projectos de livros por editar, disponíveis no seu blog.
É membro de - “AVSPE -Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores”; “Os Confrades da Poesia” – Amora / Portugal.
Bibliografia:
"Serreta na intimidade"
Blog: http://silvarosamaria.blogs.sapo.pt/
...mais dados da Biografia - Clique no link de sua BIOGRAFIA
Poemas de Rosa Silva
Há uma Santa no Céu
(Matilde Correia)
Aos sonetos
de João Mendonça
Se…
Teu sorriso inda floresce
Nas filhas do coração;
Nenhuma delas esquece
A dor que passaste então.
Multicousas lindas, belas,
Que ainda ficam muito mais
Quando em letras e em aguarelas
São louvadas por jograis.
Se o meu dia chegar
Quando foge o bom sorriso
E encerra o improviso
Não te quero ver chorar.
Entre sorrisos e dores
Há uma vasta saudade
Nos laços das tuas flores
Que gostavas de verdade.
De "lava e incenso" as telas
De sonetos lindos sinais
Que brilham pelas janelas
E não se olvidam, jamais!
Mantém vivo o meu rimar
Aprecia o meu juízo
Porque em todo o meu friso
É de uma vida a lutar.
Hoje tudo é diferente
Tudo passa, nada fica,
Apenas vem, de repente,
A rima que me é tão rica.
João Mendonça inaugura
Uma proeza literária
De jogral de sã cultura.
A lutar por dar amor
Mesmo que não haja luta
Só de leve e muito astuta.
João Mendonça se evoca
Em verve extraordinária
Na chave de ouro nos toca.
Dando graças ao Senhor
Com a paz da oração
Grande valor do Cristão.
Há uma Santa no Céu
Amália Diva do Fado
«Romasi» - o Poeta Sem Fim
Na terra foi seu sofrer
Entre dores e tormentas;
Sei que a Deus foste ver
Ou será que ainda tentas?!
Outubro foi o teu mês
De partida mas ficando
Ao lado de quem te amando
Te chora por tanta vez.
E não há amor sem dor.
E quando a dor se instala
Nunca mais de nós abala...
Enraíza o sofredor.
É possível reconhecer
Entre as palavras lentas
Que o que estou a escrever
Foi já escrito em sebentas.
Amália tom português
A Diva que ouvi cantando
E quase sempre chorando
O trinado que bem fez.
O antídoto da dor
É o amor que se regala
No poema que exala
Perfume do criador.
Vai chegando de mansinho
A tua voz de carinho
Que canta no interior.
Amália teu doce canto
Vai comungando perfume
De uma saudade em cume.
Um poeta nunca finda
Porque sua arte é linda
E para sempre viverá.
Onze anos hoje se contam
E no céu sei que despontam
Versos em rimas de Amor!
As rosas tuas são belas
Melhor perfume que elas
Só na tua voz de encanto.
Rogério Martins Simões
Está em nossos corações
E p'ra sempre ficará.
Rica por ser tua filha,
Por te dar o que não dei,
E por deixar nesta ilha
Os versos que abracei.
Os Confrades da Poesia | Boletim Nr 69 | Maio / Junho l 2015 |
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«Trono dos Poetas»
PÁGINA DE FIDELIDADE Do CONFRADE JOAO COELHO DOS SANTOS
SONHEI COM CRISTO
Num sonho, muito distante, voei
Para bem longe, no tempo e no espaço.
Com bordão de viagem e cabaça de água
Peregrinei por essas terras além.
Meus passos me levaram até Jerusalém
E pude sentir a frescura
Dos palmares de Betfagé,
Tocar um fresco fio de água
Que jorrava da fonte de Siloé.
Segui às torres Hípica, Mariana e Farsala,
Ao Pátio dos Gentílicos,
Ao Hiéron, a casa de Jeová,
E olhei ao redor, na Torre Antónia.
Mercavam-se brocados da Babilónia
E, no Templo, vi o Messias de varapau,
Zangado deveras, a escorraçar os vendilhões
E vi mercadorias aos trambolhões.
Enquanto um vento triste visitava ruínas
Ao redor de El- Kurds, da Jerusalém,
Vi a Torre das Fornalhas, a Porta de Efrain
E mesmo o túmulo de Raquel, perto de mim.
Reconheci Osanias, rico saduceu,
Membro de sanedrim, de joias finas e véu,
E Cláudia, mulher de Poncius,
Que costumava subir, envolta em seu manto,
Ao terraço dessa Torre para ouvir, com espanto
E encanto, pregar o rebelde,
O Rabi Jesuchoa Natzarieh.
Próximas, vi Magdala, Joana, e outra Maria,
Susana e a mulher do poço de Samaria.
Uma praça escaldava ao sol.
Ouvi o povo eufórico a exultar
Porque o Rabi Jesuchoa,
Primo de Iokanan, que antes O batizara,
Fora preso em Betânia.
Vi atarem-Lhe os pulsos com uma corda
E Sareias a acusar que O ouvira dizer
Descendente da Casa de David, ser,
E que destruiria o Templo e a Lei,
Embora deste mundo não fosse Rei.
Nesse meu sonho ainda vi
Que, por ter ficado em silêncio, pasmado,
Também às acusações de Hannan,
Foi violentamente esbofeteado.
O meu reino não é deste Mundo!
“Eu sou a verdade e a vida” – ouvi.
Vertia tédio o magistrado Poncius Pilatos,
Que fora prefeito de Batávia,
Disse não Lhe ter achado culpa
E que não passava de um simplório primário
Cujo crime singelo era o de ser visionário.
Escolhei, clamou, quem quereis que liberte,
Jesuchoa ou Barr – Abbas
Que matou um romano legionário
Nas proximidades de Xistus?
Vendilhões e prostitutas gritavam
Por clemência a Barrabás.
O ansião Rabi Robão solene afirmava:
Antes sofra um homem que um povo!
Pilatos, o sanedrim, as mãos lavou
E, crucificar Jesus, então mandou.
Porque se dizia Rei e os reis são coroados,
A ornar-Lhe a cabeça, por escárnio
Uma coroa de espinhos do nabka,
Instrumento de doloroso martírio,
Lhe colocaram até sangue escorrer,
Como agravo para tão grande ultraje,
E iniciou o longo e sangrento Calvário.
Foi de sangue o suor de Cristo e seu sofrer.
Numa fenda da rocha se ergueu
A cruz do nazareno.
Ladeiam o “perigoso” Jesus, no momento fatal,
Outros condenados ao martírio da cruz:
Um ladrão de Betebara, estrada de Siquém
E um temível assassino de Emath.
Saciaram os judeus um ódio sacerdotal.
No erguer da cruz mais se rasgaram
Suas inocentes e divinas carnes.
Terá sido a suprema dor do meu Senhor.
Cristo recusou o vinho de Tharses,
O vinho da misericórdia,
Que O poria inconsciente, sem dor.
Legionários descansaram, ao sol-poente,
Lanças de pontas faiscantes.
Pareceu-me ver uma mágoa
Misericordiosa no olhar de Cristo.
“Pai, porque me abandonaste?
Perdoai-lhes, que não sabem o que fazem!”
Um cão abriu a goela e ganiu.
Um grito varou o ar, tremeram astros no céu!
Choros e lágrimas de Maria morriam no pôr-do-sol
Palpitaram estrelas e lua…
Soltaram-se gemidos de contrição
Que fizeram gelar meu coração!
Na cruz arrefecia o maior amigo do homem
E o povo divertia-se, ria e aplaudia,
Enquanto se apagava a mais pura voz do amor.
O Rei dos judeus e de todos os pobres,
Morreu no madeiro dos condenados,
Enquanto impávidos, os legionários
Jogavam as vestes do Santo aos dados!
Na hora do desmaio empalidecido das estrelas
José de Ramata reclamou o corpo para o sepultar.
Ao terceiro dia, Jesus ressuscitou.
Uns O escutaram e O seguiram,
Outros O perseguiram e assassinaram.
O Emanuel pagou com a vida a sua rebeldia
E o mundo não mais foi igual a partir desse dia.
Ateou-se o fogo nas searas servis,
Adormecidas e escravas
Dividiram-se pai e mãe, filho e filha,
Na liberdade de O aceitar ou rejeitar.
E, mais do que nunca, não se entendem
Saduceus, soforins, escribas e fariseus.
Perdido no tumulto dos meus pensamentos,
Estremunhado e cansado, acordei.
No meu sonho, testemunhei
A Páscoa da Paixão do meu Senhor.
Por nos amar de mais, Jesus
Foi morto, como ladrão, na cruz
E nós, não O sabemos amar
Como Ele nos amou!
Na clareira luminosa da minha Fé
Sonhei e mais um horizonte se projetou.
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Os Confrades da Poesia | Boletim Nr 69 | Maio / Junho 2015
«Bocage - O Nosso Patrono»
LÁGRIMAS DO CORAÇÃO
Este nosso sul
Fado de hoje
Quero ver teu sorriso
orvalhado de luar
a se debruçar sobre meu peito
Quando se pousa o olhar
Nesse Sul que nos espanta
Além da beleza do Mar
Iremos por certo encontrar
Um Povo que nos encanta
E nessas terras benditas
Que dizes abandonadas
Nascem as flores mais bonitas
Parecendo moças catitas
P’lo Sol do Sul tostadas
Meu Sul de tantas partidas
Onde o regresso, só ia
Nas Bandeiras Desfraldadas
Das Mães e Mulheres amadas
Batidas a vento e maresia
E hoje?
Ao dizer-te adeus Sul amor
Na minha alma levarei
As amendoeiras em flor
Nascidas p’lo teu calor
Brotando da terra mãe
Um Povo Gigante
transforma
em Coisa Grandiosa
-até a sua miséria…
-até seu triste fado…
Quero sentir o teu abraço
quente e eterno
amar desse geito
Quer essas palavras
de alabastro e pureza
adoçar meus sentidos
Quero tuas mãos
apertando as minhas
num afecto sentido
Quer a ternura das pombas
sempre a esvoaçar
no azul dos meus sonhos
Quero a esperança
não mais acabar
na barca da bonança
Quero o meu dia
sem sombras fugidias
apertar-me com sofreguidão
Quero mais penas não sentir
das que fazem brotar sangue
das lágrimas do meu coração
Rosélia Martins - P. Stº Adrião
Sim meus amigos
Não há só cravos e rosas
Também temos Terra e Mar
Temos as Praias famosas
As Águas maravilhosas
Dum Mar ao Sul, sem ter par
E se os Campos da Solidão
Calam de outrora a verdade
Ai! Não é de tristeza, não
É para se ouvirem em canção
Os Poetas da Saudade
Rosa Guerreiro Dias - Lisboa
Chumbo Trocado
Chumbo trocado não dói,
mas mata, mata a amizade,
aquela que não havia
desde antes de o chumbo
ser trocado.
Não havia mas era bela,
porque assim parecia.
Sim, se o amor parece amor,
já é alguma coisa —
bem melhor que nenhuma.
Não raro o amor é pura bruma,
mas atrás dela
mora a esperança...
e ele então passa a existir —
porque crer nele o cria,
pensar nele é vivê-lo,
senti-lo é degustá-lo
como um vinho mental
bebericado do avesso
até a metade da taça...
que agora cai,
se parte
e tinge o chão que era branco
de um vermelho que dói.
Laerte Antônio
Casa Branca-SP-Brasil
De Menina a Mulher
De menina-botão a mulher-flor,
desabrochaste por decretos santos,
de irisado matiz hauriste a cor,
e ornada de asas, redobraste encantos.
Avezinha sagaz, voando em espantos,
o mundo descobriste ao teu redor,
pisaste o vale, alçaste a picos tantos,
e elegeste o meio-céu, teu corredor.
Não quiseste ser águia lá na altura,
nem pássaro na pedra enlodaçada,
assisada, pairaste na planura.
(a Saudade
da História
de quando andou
embarcado…)
E porque
Homem não chora
(chora por Ele
a guitarra…)
Em toda
a Mulher Portuguesa
há uma guitarra…
(que só
um Homem-Poeta
SABE tanger…)
nos momentos do Fado
de A Conhecer…)
Guitarrista
não canta
(chora
através da guitarra)
-a Saudade
que levanta
(da amarra )
a guitarra
é a sua garganta !
Em todo o Fado
há lendas
(de mouras encantadas )
-que são
Oásis nos desertos…
-de rosas sacrificadas
(em luares abertos…)
E o fado nasce
(quando nasce
Um Português )
-que é quando
a Saudade aparece
(e a canta
a primeira vez…)
Santos Zoio - Paço de Arcos
Deixei tudo para ela
(Vivaldo Terres - Itajaí / BR)
Tantas noites de prazeres,
Sem uma discussão se quer.
Tantas noites acariciando seus seios...
E seu belo corpo de mulher.
De lá emanas trinados de doçura,
mater do amor, vestal no céu talhada,
Ave-Mulher, plasmada de ternura!
Hoje não é mais a mesma.
E diz que jamais errou...
Não assume sua queda.
Quando um dia me enganou!
Carmo Vasconcelos - Lisboa
Eu fiz o que não podia,
Deixei casa deixei tudo,
Pra ela sobreviver.
Uma noite me procurou!
Desvairada a chorar,
Pedindo pelo amor de Deus,
Para eu a perdoar...
Os Confrades da Poesia | Boletim Nr 69 | Maio / Junho l 2015 |
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«Bocage - O Nosso Patrono»
INÉDITO É…
Inédito é o soneto que ora leio
nas linhas demarcadas do teu rosto,
na fronte que te ausculto em devaneio,
na boca que adivinho feita mosto.
Inédito é o teu corpo que tacteio
com um prazer por mim nunca suposto,
como alegre criança num recreio,
a descobrir, brincando, um novo gosto.
E porque sem tabus nos entregamos,
és como relva fresca em mês de Agosto,
e inédito é o meu sonho ao teu encosto.
E olhando o azul do céu que nos recobre,
inédita é a paixão que nos envolve,
e sob o sacro manto nos amamos!
Carmo Vasconcelos - Lisboa
CRAVOS OU ROSAS DE ABRIL
Cantam-se em cada ano, os cravos de abril
Como se fossem rosas sem espinhos
Mas abril, diz o povo: d'águas mil
Sabe que são difíceis os caminhos
Exibem-se os cravos nas lapelas
Sempre rubros sem perderem cor
Em abril abrem-se novas janelas
Em abril cravo é eleito fina flor
Mas as chuvas de abril já serão poucas
Para chorar cada abril sem ovações
E as vozes deste povo já estão roucas
De tanto cantar inúmeras canções
Que encontram de cansaço orelhas moucas
A um abril que já não toca as emoções.
Maria Melo - Lisboa
Serei poeta?
Procuro a palavra correta,
não encontro !
improviso a escrita.
Surge uma letra, uma sílaba, uma frase!
Fico quieta... calada...
retoco a rasura,
começo tudo outra vez...
Serei poeta ?
Ergo o pensamento que me afeta,
imagino o meu jardim...
local onde encontro a criação !
Observo cada flor plantada...
resolvo colher a mais colorida e brilhante !
E com a sua cumplicidade,
retorno à escrita !
Revejo todas as palavras,
mas não consigo encerrar...
Serei poeta ?
Calo-me,
quando deveria falar a palavra certa !
Reduzo-as em silêncio.
Tento uma vez..... Outra vez !....
Estou confusa.... Despedaço o papel...
Recomeço mais uma vez...
Serei poeta ?
Descrevo a alma,
algo me cerca !
conto do amor
da dor
da alegria
da tristeza
os obstáculos
os improvisos.
Conto os sentidos...
Encerro tudo,
guardo os escritos...
Nem sempre consigo !
Hoje,
o dia rasgou a inspiração da minha alma !
Serei poeta ?
Socorro Lima Dantas - Recife/PE/Brasil
TEU SORRISO, MÃE!
(In: “Memoriam”)
Teu sorriso desperta sons de alegria
Ó casta flor de nenúfar, onde tem
Beleza e permeia nos lábios também,
Sinfonia, quimeras, fonte de magia!
Mãe de ternura que a alma engrandece
Com teu sorriso grandioso de céu anil,
A desabrochar carinhosa e gentil,
A esperança ao dia que amanhece!
Quando você sorri, a tristeza enterra
E nenhuma dor no coração perdura.
A desmanchar em ternura toda amargura,
Desperta toda Aurora no seio da terra!
Mãe! Regido por canção que enobrece,
O teu sorriso, do mundo é a beleza.
É qual um canto que canta a natureza,
Em sons que minha alma enternece!...
Ó MAR SALGADO
Eu preciso de ti, ó mar salgado,
Preciso as baterias, carregar…
Respirar o iodo e mergulhar
Em ti, profundamente apaixonado!
Como um medicamento receitado…
Para as minhas maleitas, melhorar.
És tu ó mar divino a me ajudar
A esquecer do frio, seu mau estado!
Ó mar fonte de vida e de valor,
Sinto a tua beleza o teu esplendor!
Ali à beira-mar, em lindos dias!
Vem verão urgentemente, espero por ti,
Que eu fico à tua espera, por aqui…
Ó mar tempera as minhas energias!
João da Palma - Portimão
Efigênia Coutinho - Balneário Camboriú/BR
22 |
Os Confrades da Poesia | Boletim Nr 69 | Maio / Junho 2015
«Bocage - O Nosso Patrono»
MEU CÂNTICO DE AMOR
Poetisando….
Fosse eu um rouxinol te cantaria,
embevecida, em meus trinados belos,
a mais alegre e excelsa melodia
que houvera, a festejar os nossos elos.
É ali no Abalo…
Numa praceta famosa
Perto da Ria formosa
De petiscos um regalo!
Porém, me falta a voz, p’la idolatria
à resposta encontrada aos meus apelos,
que mágica ou divina se diria,
p’los dons que nem ousava concebê-los.
Isto é coisa que promete
No dia de S. Martinho
Venha beber um copinho
E os petiscos da Nizete!
E é tanta a festa a estrelejar no peito
que abafa qualquer hino de emoção,
sufocados a voz e o coração.
É na próxima terça-feira
Ali pertinho da Ria
O Artur, na dianteira
Venha viver a Alegria!
E o meu canto de amor assim calado,
explode no teu corpo ao ser beijado
p’las notas que componho em nosso leito!
Carmo Vasconcelos - Lisboa
PALHAÇARTE
No espelho solitário que o fita,
O artista busca o riso que perdeu,
O show vai começar, mas ele hesita;
Não sabe onde a alegria se escondeu.
É hora de atuar, o nosso ator
Coloca sua roupa engraçada;
Precisa demonstrar seu bom-humor
A uma platéia alegre e alvoroçada.
Querendo retocar-se, esse palhaço
Rebusca, no espelho, o próprio riso...
O amor morreu na ausência de um abraço
Que a dor traçou no olhar mais impreciso.
A trôpega alegria, entretanto,
Insiste em desenhar-se e se apresenta
Num palco feito de melancolia...
A dor quer ser feliz... mas é tão...lenta...
Que ali, no solitário picadeiro
Da face, um semblante amargurado
Parece dar o riso derradeiro
Que a própria solidão deixou de lado.
As cores se dissolvem mansamente
Em lágrimas brilhantes e atrevidas
Deixando uma tristeza evidente
Num rosto que sofria... às escondidas.
Luiz Poeta – RJ/BR
Com boa música e poesia
Sem nada vos prometa
Com boa gastronomia
Com artistas da Fuzeta
Com castanhas e jeropiga
Com amigos a valer…
Entre poesia e cantiga
Que certamente irão ter!
Se eu alguma coisa valho
Sem que haja confusão…
P´ró João e p’ró Ramalho
Cantarei uma canção!
Que lá por ser benfiquista
Eu canto por vocação
Para o Jorge que é portista
Sem que faça distinção!
E a Família Andrade
Um conjunto exemplar
Mostram a sua habilidade
Para nós vão atuar!
Quando monto o meu cavalo
E jogo o laço…recordação
Que vão cantar no Abalo
Essa saudosa Canção!
Com um café bem tirado
Pelo Amigo Jórinho
Venha viver com agrado
O dia de S. Martinho!
Maria Fraqueza - Fuzeta
A VIDA DE QUEM MORRE
E A MORTE DE QUEM VIVE
O moleque corria
Pela estrada abaixo.
Ia chatear as mulheres,
Que iam apanhar água
Numa fonte distante,
Para matar a sua sede.
O moleque muito atrevido,
Levantava-lhes a saia
E nada via,
Exceto pernas.
Perna ele tinha,
Via a qualquer hora.
O moleque queria
Era ver outra coisa.
Não sabia o que,
Não sabia explicar,
Não entendia dessas coisas.
Certa vez o moleque,
Andando pelos matos
Viu o que desejava.
Viu uma mulher nua.
Escondeu-se entre os arbustos
E se pôs a observar.
Sentia medo
Mas, era atraído por ela.
Talvez achasse esquisito
Mas, digno de olhar.
Quando sem esperar,
A mulher o descobriu
E a ele chamou.
E o moleque foi lá,
E a mulher o abraçou,
E o moleque viveu,
E o marido chegou,
E o revolver puxou,
E o moleque morreu.
Morreu sim!
E que morte!
Morreu conhecendo a vida,
Que foi uma glória
Para um moleque como ele,
Que viveu conhecendo a morte,
Que morreu conhecendo a vida.
Gilberto Nogueira de Oliveira
Nazaré- Bahia- Brasil
Na nossa vida há diamantes,
Que geram felicidade.
Muitos preferem amantes,
Que os levam à caridade!
Meu Amigo Celestino
Vou escrever no Diário
Tens de beber mais 1 fino,
Por ser teu Aniversário.
Jorge Vicente - Suíça
Arménio Domingues
Melgaço
Os Confrades da Poesia | Boletim Nr 69 | Maio / Junho l 2015 |
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«Bocage - O Nosso Patrono»
Dia de Glória
É TEU O MEU CORAÇÃO
Passeando na Amora Ribeirinha
Num dia de Primavera soalheira
Marianita faz bolinhas de sabão
Seu sorriso tão luminoso como o sol
Que inebria de encanto sua companhia
Avô paterno e materno, tia avó, avó Maria
E os papás -orgulhosos de tanta beleza e graça
As bolinhas azuladas, transparentes, irisadas
Vão de encontro aos transeuntes
Que sorriem condescendentes...
Três gerações seguindo em direçcão
Ao recanto das glicínias, apaixonantes
De uma avó mística e poeta, que as divisa
Deslumbrada, no local e no momento
Antecipação aleatória
De um tempo pascal, identificando
Harmonia e Paz neste dia de glória
Criado e deificado por Marianita.
É TEU O MEU CORAÇÃO
(Ouvi, há muitos anos, uma canção parecida.
Não tenho a certeza se era mesmo assim;
resolvi acrescentá-la.
Ficará essa quadra como refrão .
Refrão
“É teu o meu coração
Ao sol da verdade
Ilumina o coração
Uma saudade”
I
Por ti vivo feliz
Por ti morro de amor
Sem ti sou infeliz
Ó minha bela Flor.
II
Só tu vives em mim
Só tu Musa de amor
Por ti e para ti
Meus versos de louvor.
III
Quantas vezes te chorei
No meu lugar a sós
Com alegria te cantei
Quando fomos nós.
Maria V. Afonso - Cruz de Pau
A ILHA
Uma ilha é terra cercada de água
Por todos os lados possíveis
As vezes paraíso outras triste plaga
Ensolarada ou enevoada em vários níveis.
Também o ser humano é uma ilha
Rodeada por um mar de gente
Fechado em seu corpo as vezes brilha
Ou se mantém em escuridão permanente.
A ilha humana quando está feliz
Canta dança sorri com alegria
Mas para isso acontecer já se diz
È preciso ter um amor e uma família.
Ilhas no mar ficam paradas
Não se movem nem com vento forte
Ilhas humanas flutuam airadas
Correm pulam desorientadas até a morte.
Na solidão de ilhas desconhecidas
Só arvores e pássaros existem
As pessoas solitárias e sofridas
São ilhas devastadas que afundam...desistem.
Maria Aparecida Felicori { Vó Fia }
Nepomuceno Minas Gerais Brasil
JGRBranquinho - Quinta da Piedade
PASSEANDO CONTIGO
Como vão longe os tempos de solidão...
Como longe ficaram sofrimentos e ténues alegrias...
Tal como disparos de foguetes no azul anil do céu,
ou em nuvens, ora alvas - dantes escuras e tristonhas,
hoje me entusiasmei...
De mão ou de braço dado, ruas percorri,
lugares relembrei, saudades matei,
te contando e recontando, sorrindo de o poder fazer.
E tu, atenta e amorosamente me escutaste e,
como sempre, o teu sorriso me envolveu.
Senti mais uma vez a volúpia da cumplicidade e
da compreensão!
Senti o teu amor por mim!
Por ti e contigo sempre teria assim caminhado,
te falando e teu calor me aconchegando,
no desejo de nosso passeio nunca acabar!
Henrique Lacerda Ramalho - Lisboa/Portugal
Quietude
TANKA
Tudo calmo
Tudo quieto
Nada mexe
Silêncio na madrugada fria
Ouço meu coração
Mudo
Tanta solitude!
Águas paradas do lago
sob o pinheiral...
Sandra Veroneze – Porto Alegre/RS/BR
Só o barulho do vento
e o tagarelar do louro.
Benedita Azevedo - Praia do Anil
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Os Confrades da Poesia | Boletim Nr 69 | Maio / Junho 2015
«Bocage - O Nosso Patrono»
SEREI DESTE E DAQUELE
Serei deste e daquele, nada de mim.
Que quem tudo quer nada tem.
Mas não me usem nem abusem assim
quem tanto desprendimento não atém.
Se outros houvera, de outras maneiras,
quero-os aqui, da mesma forma com que eu
me mostro a esse outro: é como ir pelas lombeiras
de um livro, a atingir tudo quanto prometeu.
Serei tudo quanto for de mim, se no outro e apenas aí -, não houver qualquer presunção:
dele pra mim, como de mim à aqueloutro:
que é o mesmo e o outro diferente, por sua assunção.
E assim serei tudo o que quiser, pondo diligência
no gesto que aprouver: tão natural quanto eu!
Jorge Humberto – P.S.Adrião - PT
TU ÉS DE TI QUANTO ÉS DE MIM.
Para o meu amado irmão português Jorge Humberto.
Sabe, amado irmão, tu és de ti quanto és de mim
E és de quem, como eu, entenda a tua alma.
Amor de irmão-poeta, crê, é sempre assim:
Te dá, de mim, o que te abriga e acalma.
Quando tu chegas, mas tu não me vens,
Trazes na bagagem apenas a amargura,
Porém quando te amas e não te reténs,
Decerto tu me vens, num gesto de ternura.
Porque quando eu te leio e meu melhor sorriso
Salta do impreciso...com extrema precisão,
Tomo do teu verso, o que eu mais preciso
Que é teu sorriso no ato criador
Pois quando tu te soltas do teu coração,
Voa no teu verso o tom do teu amor.
Luiz Poeta
Luiz Gilberto de Barros - RJ/BR
Douro e de xisto
Humilde poeta sempre assisto
A este concerto maravilhado
De pedras em socalcos concertado
Lá onde Deus não havia previsto
É sangue e suor de muito cristo
Em terras do Douro crucificado
São ecos de amor com dor rimado
São versos de muros de tosco xisto
São poemas de mil pedras em rimas
Qual rosários abençoados
Desfiados com fé pelas colinas
São cânticos da safra das vindimas
Pela voz dos obreiros declamados
Toques de pandeiros e concertinas
Henrique Pedro – Mirandela
COISAS…
DO TEMPO QUE PASSA
Penso no tempo que passa… e não perdoa,
Em que muitas coisas sucederam… algumas á toa,
Mas todas formando uma vida de que fui gostando…
Muitas, deixaram-me boas recordações,
Outras houve que não passaram de meras ilusões,
Mas todas fazendo parte da vida que está passando.
Também muitas, muitas coisas, eu conheci,
Dalgumas muito gostei, outras houve que nem as vi,
Mas todas elas pertença do meu já longo caminho…
Algumas eram belas flores, apesar de pequeninas,
Outras eram grandes, só que eram ervas daninhas,
Mas todas, boas e más, serviram para compor o destino.
Hoje olho em frente, e já quase vejo o final da estrada,
E nela ainda vejo rochas que me obrigam à sua escalada,
Mas também outro céu azul, prometendo outro lugar…
E mesmo caminhando neste meu passo já arrastado,
Continuo olhando o que me rodeia… para todo o lado,
Para ver a beleza da vida, e dela, poder tudo disfrutar.
… e estas são coisas do tempo que está passando,
São sentimentos com lembranças para recordar,
São coisas do mundo… onde andamos caminhando.
José Carlos Primaz
(Olhão da Restauração)
Páscoa da Ressurreição
Feliz Páscoa da Ressurreição,
Nesta data Cristã tão especial.
É o Cristo transformado em Água, Vinho e Pão,
Tão ou muito mais importante que o Natal.
É um momento de reflexão
E também de alegria,
Comemoramos a nossa redenção,
Conquistada por Cristo em sua agonia.
Faça em família sua comemoração,
Com chocolates e outras gostosuras,
Mas eleve aos Céus uma oração,
Dirigida a Cristo nas alturas.
Feliz Páscoa de Amor e Redenção,
Comemore com júbilo esta data especial,
De Cristo é a Festa da Ressurreição,
É também o sacrifício do Cordeiro Pascal.
Feliz Páscoa, a todos eu desejo,
Que seja uma data de felicidade e congraçamento,
Receba, Jesus, com respeito, meu abraço e meu beijo,
O Senhor estará presente em meu pensamento
Ilze Soares - Catanduva/Pirassinunga – SP/BR
Os Confrades da Poesia | Boletim Nr 69 | Maio / Junho l 2015 |
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«Bocage - O Nosso Patrono»
AO ROMPER DA AURORA
Ler
QUANDO EU TE VISITAR
Ao romper da aurora
Tudo será mais simples
Do que é agora
Leio e logo
Viajo sentado.
Quando eu te visitar
levo meu vestido de seda branca
um chapéu da aba larga
enfeitado de flores
quando eu te visitar
deixarei à porta o ciúme e a inveja
só entrararão os amores
quando eu te visitar
levarei em minha mão
um lindo ramos de flores
que te darei com ternura
desejando muita ventura
lá fora ficam os dissabores
quando eu te visitar
levarei flores do meu jardim
belas puras como as açucenas
que falem um pouco de mim
levarei o meu encanto
o meu sorriso e amizade
fora fica o pranto
para ti a felicidadade
Ao romper da aurora
Terá se passado mais um dia
Dessa espera, que tanto angustia
Ao romper da aurora
Estarei mais perto
De algum lugar incerto
Leio e logo
Sonho acordado.
Ao ler
Como !
Ao ler
Bebo !
Ao romper da aurora
Adentrarei onde tudo se faz saudade
Reconstruirei por lá, a tal felicidade
Quase sempre fico saciado
Com o sabor do repasto!
Maria Luiza Bonini - S. Paulo/BR
Carmindo Carvalho – Suíça
HEI-DE
entendo a
tua nudez
a morrer de cio
por entre o branco
dos lírios em festa
de anjos....
Hei-de... ser muito forte como o vento
Hei-de... ser muito forte como o mar!
Hei-de... extrair o mal do pensamento
Hei-de... ter novas forças para Lutar!
Hei-de... suportar este meu lamento
Hei-de... ter só sorrisos para te dar
Hei-de... tornar mais belo o sentimento
Hei-de... ter coração para te amar!
Hei-de... manter no peito esta grandeza
Hei-de... deter a mágoa, a agonia...
Hei-de... dar-te o meu mundo de pureza
Hei-de... compor para ti minha poesia!
Hei-de...chegar talvez à eternidade?
Hei-de... ter sempre o meu dom divinal
Hei-de... ser um Luzeiro da Verdade
Hei-de... combater fortemente o Mal!
Hei-de... ser o farrapo que tu pisas?
Hei-de... ter maior força de vontade
Hei-de... dar-te o conforto que precisas
Hei-de... ser teu brasão de liberdade!
Hei-de... ser real musa de florais
Hei-de... desabrochar tal como a flor
Hei-de... beber em fontes naturais
Hei-de sorver o aroma deste amor!
Hei-de ... ser teu refúgio na dor
Hei-de... ser sempre a tua companhia
Hei-de... cantar bem alto em teu louvor
Hei-de... somente amar-te POESIA!
Maria Fraqueza - Fuzeta
Um coração sem amor.
Um coração em amor,
É como árvore sem fruto.
Contemplamos a sua flor
Sem pagarmos o tributo!
Jorge Vicente - Suíça
em minúscula circunstancia
me inquiro
porque danço
solitário
sob a abóbada escura
do teu silencio...
e fico.
desditoso de ficar...
quando eu te visitar
levarei as flores da mocidade.
Rosélia Martins – P.Stº Adrião
É um até breve…
Das visitas não me farto,
São para mim alimento.
Fico triste porque parto,
Ficais no meu pensamento.
Jorge Vicente – Suíça
(hélio porém)
Jorge Cortez - Suíça
Não desanimes com a desgraça,
Que por acaso te bata à porta,
Porque Deus com a sua mão passa,
O milagre dá-se, com a sua graça,
Mas a Fé não pode estar morta!
Nelson Fontes - Belverde
FELICIDADE.
A Felicidade mora num palácio que a Paz construiu dentro do coração.
Felicidade não é um caminho.
Felicidade, é a própria estrada!
… / ...
Felicidade é…
Usar
Usar
Usar
Usar
as lágrimas, e irrigar o canteiro do coração para que brotem flores.
a dor, e dedilhar uma suave melodia, de fé, na harpa da esperança.
os obstáculos, e construir uma ponte a tocar o cume da serenidade
as desilusões, noites de tristeza…para esculpir a paz, a felicidade…
Filomena Gomes Camacho - Londres
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Os Confrades da Poesia | Boletim Nr 69 | Maio / Junho 2015
«Bocage - O Nosso Patrono»
A PRIMAVERA
MENDIGO
Quem é quem é?
Era tão linda a noiva. Coroada
de raras e distintas belas flores.
A marcha nupcial dos seus amores
cantavam rouxinóis, em desgarrada.
Sem ter de Deus a luz, ou uma graça,
Um pobre numa esquina a mendigar,
Fica triste sozinho a ver quem passa,
Mendigando um carinho, ou um olhar…
Uma doce andorinha, delicada,
levava as alianças sobre as cores
das magas violetas, com odores
à brisa que emoldura a madrugada.
Porque todos ignoram a desgraça,
Ninguém vê os seus olhos a chorar!...
É como folha morta que esvoaça,
Em noite sem estrelas nem luar.
O noivo foi o Sol, com luz divina,
a madrinha uma rosa purpurina,
o padrinho um abraço de quimera.
Mas eis, que o seu olhar ganhou esp’rança,
Quando as suaves mãos de uma criança,
Afagaram a face do velhinho,
Num dia de açucenas deu o Sim,
e transformou a Terra num jardim,
a noiva mais bonita, a Primavera!
Que ajoelhou, dizendo em voz dorida:
Foi a única vez, que em toda a vida,
Alguém me deu, um gesto de carinho!
Glória Marreiros – Portimão
Isidoro Cavaco - Loulé
FOLHAS CAÍDAS,
FOLHAS ERGUIDAS
RUANDA NUNCA MAIS
Vidas felizes polidas!
Outonos e Primaveras
Folhas caídas, folhas erguidas,
Erguidas noutras esferas,
Em paragens queridas
Eternas quimeras,
Felicidades acrescidas
Novos horizontes, novas óperas
Com adufes repercutidas
Bases de imponentes galeras
De intenso amor construídas,
De fulgor e vigor, ante – câmaras,
Para sempre absorvidas,
Sentindo as vésperas,
Mentes floridas
Vivazes prósperas
Texturas definidas
Acolá folhas caídas
Aqui folhas erguidas!
Corpos mutilados, à força da catana;
Membros decepados e cotos cuidados
À pressa, que já lá vem o sacana,
De arma na mão e olhos enviesados;
É astuto e arrogante
um cromo da estatística...
nos seus actos inconstante
e um bom filho da...política
Teima, comenta e acusa
argumenta, inventa, mente...
do poder usa e abusa
com ar de puto inocente
Formou-se sem distinção
já bem perto dos quarenta...
não subiu na vida à mão
mas sim no oito ou oitenta
Agarrou-se ao que podia
numa escalada constante...
chegado ao ponto que queria
achou-se um grande pensante
E foi logo desdizendo
tudo quanto havia dito...
e logo a seguir fazendo
ao Zé povinho o “manguito”
Diga-se, em boa verdade,
que ele é bom na oratória
contudo, de integridade...
já se diz ser outra história
Grande fã da austeridade
fez logo questão de abrir
portas à precariedade
como dever a cumprir
Falências?! Pouco lhe importa!
Desemprego?! Que se virem!
Aos idosos tira e corta
E os jovens...ora...que imigrem!
Fala muito dum passado
que não foi bom...com certeza!
Mas o presente é um “fado”
letra e música...a tristeza!
Nero deitou fogo a Roma
pondo a nu sua demência...
mas este homem pôs em coma
todo um País...sem clemência!
Quem é quem é?
Daniel Costa - Lisboa
Jorge Humberto - Stª Iria D’Azoia
A mala
Efésios 2:9
Faço e desfaço a mala
Do meu sonho,
Que embala e desembala
O meu viver.
Indefinidamente, tiro e ponho
Na mala, sem saber,
O que quero e não quero ser!
Faço e desfaço a mala
E, certeira, uma bala
Rasga a vala
Onde vou desaparecer.
Luís Lameiras
S. Mamede de Ribatua
Mais a milícia e toda a sua propaganda,
Arrastando velhos, destrambelhados;
Mulheres violadas, de seu nome, "Ruanda",
Com os filhos ao colo - degolados;
Corpos enforcados, entornados no chão;
Assassínio em massa, na cidadela;
Crianças chorando por um pouco de pão...
Poder-se-ia chamar, "Darfur", a esta aldeia,
Tal o protagonismo que tomou conta dela,
Mas foge de mim toda e qualquer ideia.
Abgalvão – Fernão Ferro
Pobreza
Não vem das obras,
para que ninguém se glorie.
Como me posso gloriar
Se nada pude efetuar?
Eu só posso glorificar,
Aquele que me veio salvar.
Carlos Oliveira - Qtª do Conde
Um dia eu fui bem pobre
muito mais do que o sabia
com o corpo todo em cobre
mas a alma em agonia.
Hoje me vem aos milhares
a moeda que eu preciso;
Nos rostos familiares
a magia de um sorriso!
Fecho os olhos e agradeço
não só as bênçãos do Senhor,
mas também cada tropeço.
Tropeçando em pranto e dor
assim hoje eu conheço
a riqueza do amor.
Ivanildo Martins Gonçalves
Volta Redonda/RJ
Os Confrades da Poesia | Boletim Nr 69 | Maio / Junho l 2015 |
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«Poemas saídos do Baú»
Mãe
Mãe, dizem que há só uma, mas há mais,
Há a mãe que faz florir a natureza,
E aquela outra que, um dia, na pobreza,
Foi a mãe de Jesus, entre animais.
E os amores de mãe são tão reais
Que ela se sacrifica, com nobreza,
P’lo filho que compara, em realeza,
À semente que cresce nos trigais.
Pode ela andar descalça ou semi nua,
Morar num vão de escada duma rua,
Que, mesmo não podendo, se levanta.
Só quer aquele pouco que a sustenta,
P´ra dar, ao filho, o seio que amamenta,
Pois mãe não é só mãe, é uma santa.
António Barroso (Tiago) - Parede
FLAGRANTE DELEITE
Se me abandonaste no meu fado
com o coração desamparado,
declínio dos meus sonhos de menina
eu te entrego a tua sorte num tango,
E nas mãos da Balança cega e justiceira
serás julgado por este flagrante deleite
no meu peito e do mel que eras, regressarás
e eu abelha compartilharei este ciclo,
Quando o tempo der o seu veredicto
vou prender-te nas cordas de um violão,
lançar-te nas profundezas de uma morna
E serás condenado a viver de boca em boca,
serás trova, mel sugado com sofreguidão
e eterno como Prometeu que à vida torna
Maria Tereza Assunção - (Índia Libriana)
Mindelo - Cabo Verde
É preciso renascer Abril
OLHE-SE
É preciso salvar abril do esquecimento
Ensinar às nossas crianças este acontecimento
E recordar o verdadeiro sentido da igualdade
O 25 de abril não pode ser só um feriado a festejar
É fundamental falar, explicar e sobretudo recordar
O que representou Abril, e como nasceu a liberdade.
Olhe-se o espelho do rio Judeu,
em dia cinzento,
ao entardecer nos subúrbios da capital,
onde a calmaria do dia,
presenteia-nos agora
com ume belíssima paisagem da minha Amora!.
É preciso relembrar o Governo que nos governa
Que o povo na democracia é quem mais ordena
E acabar com esta política de austeridade
Os ricos serão sempre os mais favorecidos
Os pobres serão sempre os mais oprimidos
Numa ausência de valores perante a realidade.
Imagem sem igual,
a dita cuja Baia do Seixal,
no rio em me os meus antepassados
chamara-o de “Judeu”,
e também, eu!
É preciso renascer abril nas mentalidades
Acabar com as promessas cheias de falsidades
Aplicadas por políticos que se acham iluminados
Destruíram o verdadeiro sentido da revolução
Desmotivaram os jovens que são o futuro da nação
E continuamos a manter os nossos sonhos “ acorrentados”.
Ana Santos - Vilar de Andorinho
Música mágica
Ao som desta
Música serena e mágica
Deleito-me no meu sonho em letárgica
Sesta.
Repouso
Nesse sonho celestial
Alongando essa depurada festa.
E num desejo inadiável, ouso,
Com a ajuda de uma bola de cristal,
Acabar com o que no mundo não presta!
Luís Lameiras – S. Mamede de Ribatua
Os barcos adormecidos
ás portas da “ Mundet “,
aguardam embebecidos
na adormecida maré acinzentada.
Na marginal
são vistas luzes a iluminar o chegar da noite,
e as centenas de Gaivotas
abandonaram o Rio Judeu,
e para local perto acoitaram-se…
O silêncio faz-se chegar perto
de quem sonha,
enquanto eu,
namoro o meu Rio Judeu!
Joellira - Lisboa
HAICAI 14
Noite excitante
Lua de árvores nascentes
Renasce a vida
Susana Custódio - Sintra
28 |
Os Confrades da Poesia Boletim Nr 69 | Maio / Junho l 2015
«Ponto Final»
Prezados Confrades e Amigos
Estamos quase às portas do verão. É tempo de lazer e de carregar as baterias para novos desafios.
Desejamos a todos os Confrade e amigos, um excelente verão, com muito sol a brilhar no campo,
na praia e nos vossos corações.
Que este verão seja uma grande fonte de inspiração para a poesia!
A Direção
Feitura do Boletim
* Os Boletins Bimestrais com a seguinte agenda para o ano de 2015:
- 15/1 - 15/3 - 15/5 - 15/7 - 15/9 - 15/11/2015 ... ( 6 períodos de postagem )
Futuramente os Confrades enviarão os seus trabalhos em word até ao dia 5 do início de cada período.
A feitura do Boletim será a partir do dia 5 até ao dia 15, que corresponderá à data de saída...
O Tema continua a ser Livre! Para sua orientação sugerimos que consulte as páginas das Efemérides e Normas no
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Uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida. - (Sócrates)
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Conhecemos pessoas que vem e que ficam, outras que, vem e passam. Existem aquelas que, vêm, ficam e depois de algum
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Voltamos a 15/07/15

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