Editorial
Transcrição
Editorial
Dezembro 2008 Editorial Nesta edição: Editorial 1 Assunto temático 2 Página do Cidadão Página Ecológica Doenças de Gente Famosa Riscos para a População Texto Livre Ano II – nº01/08 4 5 9 10 14 Ninguém duvida que um estilo de vida saudável implica uma alimentação equilibrada e a pratica regular de exercício físico Isto é valido para pessoas sem doenças ou mesmo com patologias várias. O exercício físico tem sempre lugar importante na escolha terapêutica de inúmeras situações clínicas É evidente que não estamos a falar de patologias em fase aguda, como uma pneumonia, uma gripe...etc. Nestes casos é o repouso o “exercício aconselhável”. Com isto, entende-se que é indispensável fomentar o exercício físico (aliás, como o exercício mental, para que as capacidades não se percam...) Há estudos que revelam que a longevidade, além de causas genéticas, está relacionada com a maneira como nos comportamos perante a vida, com a actividade física que executamos, com os alimentos que escolhemos para nos saciarmos. Nós somos o que comemos, já se sabe há muito, mas tambem o seu contrario é valido, isto é, nos comemos o que somos, ou seja, escolhemos os alimentos que nos fazem bem á saúde se disso estivermos informados. Assim como devemos estar informados sobre alimentação tambem deveremos ter informação sobre a prática de exercício físico: Que exercício escolher? Que intensidade, que duração, que frequência deveremos utilizar. Sabe responder a estas questões? Este boletim informativo vai rela1 tar alguns pontos sobre alimentação para diabéticos assim como uns apontamentos sobre pratica de exercício físico. Esperamos que o estimule para leituras mais aprofundadas sobre o tema É para a população diabética que este boletim é especialmente dedicado, mas tambem para todos os que não queiram vir a sofrer dela. Numa conjuntura de crise económica e financeira mundial, a utilização da actividade física deve ser implementada, pois, podendo ser pouco dispendiosa (a marcha não custa dinheiro, subir escadas não gasta a energia eléctrica que um elevador consome, correr não obriga a ir a um ginásio, nadar pode ser feito numa praia da nossa longa costa) tem tambem a particularidade de a sua utilização ter efeitos superiores a determinadas prescrições medicamentosas: junta-se o útil ao agradável! Continuando a nossa abordagem sob ponto de vista económicos participantes em programas de actividade física regular parece terem menos riscos de doenças em geral, doenças car- Ano II – nº01/08 Página 2 Assunto temático INTERRUPÇÃO VOLUNTÁRIA DA GRAVIDEZ direcção, em estabelecimento de saúde oficial ou oficialmente reconhecido e com o consentimento da mulher grávida, quando: a) Constituir o único meio de remover perigo de morte ou de grave e irreversível lesão para o corpo ou para a saúde física ou psíquica da mulher grávida; “Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?” Foi com esta pergunta que no dia 11 de Fevereiro de 2007 os portugueses foram confrontados. Não me cabe a mim, aqui, apresentar os argumentos a favor ou contra o aborto, até porque o “sim” venceu, a lei está feita e em vigor. Isto significa que com a Lei 16/2007 de 17 de Abril, a interrupção da gravidez pode, hoje, ser feita por opção da mulher até às 10 semanas. A Lei 16/2007 acrescentou ao art.142º nº1 CP (Código Penal) a alínea e), elaborada tendo em conta o resultado do referendo (o Referendo é uma consulta à população e a sua resposta por meio de votação sobre matéria constitucional ou legislativa de interesse nacional). Refere o art. 142º nº1 CP: b) Se mostrar indicada para evitar perigo de morte ou de grave e duradoura lesão para o corpo ou para a saúde física ou psíquica da mulher grávida e for realizada nas primeiras 12 semanas de gravidez; c) Houver seguros motivos para prever que o nascituro virá a sofrer, de forma incurável, de grave doença ou malformação congénita, e for realizada nas primeiras 24 semanas de gravidez, excepcionando-se as situações de fetos inviáveis, caso em que a interrupção poderá ser praticada a todo o tempo; d) A gravidez tenha resultado de crime contra a liberdade e auto determinação sexual e a interrupção for realizada nas primeiras 16 semanas;” (casos de violação) “e) For realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas de gravidez.” Qual é o prazo legal para a interrupção da gravidez por opção da mulher? Em Portugal, a interrupção da gravidez por opção da mulher pode ser efectuada nas primeiras 10 semanas de gravidez, calculadas a partir da data da última menstruação. “1. Não é punível a interrupção da gravidez efectuada por médico, ou sob a sua 2 Quem pode solicitar uma interrupção da gravidez? Apenas a própria mulher poderá fazer o pedido de interrupção da gravidez, salvo no caso de ser psiquicamente incapaz Quem pode fazer a interrupção da gravidez? A interrupção da gravidez só pode ser realizada por médico, ou sob sua orientação e com o consentimento da mulher Onde se pode fazer uma interrupção da gravidez? As interrupções da gravidez podem ser efectuadas em estabelecimento de saúde oficiais ou oficialmente reconhecidos As mulheres estrangeiras poderão fazer uma interrupção da gravidez em Portugal? As mulheres imigrantes têm os mesmos direitos de acesso à interrupção da gravidez, independentemente da sua situação legal Qualquer prestação de cuidados de saúde está sujeita a confidencialidade e ao segredo profissional, incluindo todas as etapas do processo de interrupção da gravidez descritas. A alínea e) veio, assim, permitir a interrupção da gravidez até às 10 semanas a todas as mulheres grávidas que o queiram, desde que realizado em estabelecimento de saúde oficial ou Ano II – nº01/08 Página 3 Assunto temático oficialmente reconhecido, permitindo combater o aborto clandestino e inseguro em Portugal que põe em causa o direito à saúde (art. 64º da Constituição da República Portuguesa) e a dignidade da pessoa humana (art.1ºCRP), neste caso a dignidade da mulher. - período de reflexão de 3 dias Objecção de consciência - possibilidade de consulta com psicólogo ou assistente social A propósito do aborto, ouvimos muitas vezes na televisão falar de No estabelecimento de saúde - intervenção cirúrgica objecção de consciência, assim, é importante saber o que isso significa. O objector de consciência é aquele que por motivos de ordem filosófica, éti- “Cerca de 13% das mortes maternas conhecidas devem-se a complicações resultantes de abortos em condições inseguras”, segundo a Organização Mundial de Saúde. O aborto inseguro pode causar problemas sérios às mulheres que a ele se submetem, como por exemplo a infertilidade. Interrupção Voluntária da Gravidez Após a interrupção da gravidez - consulta médica de planeamento familiar ca, moral ou religiosa, está convicto de que lhe não é legítimo obedecer a uma ordem especifica, por considerar que atenta contra a vida, a dignidade da Interrupção medicamentosa da gravidez: pode ser praticada até à 9ª semana de gravidez em regime de ambulatório, num estabelecimento de saúde oficial ou oficialmente reconhecido. Este é o método de eleição do Hospital Garcia de Horta Processo: pessoa humana ou contra o Código Deontológico. É assegurado aos médicos e demais profissionais de saúde, o direito à objecção de consciência. A objecção de consciência é manifestada em documento assinado pelo objector e a sua decisão deve ser de imediato comunica- A técnica a utilizar na interrupção da gravidez depende de várias circunstâncias: do tempo de gravidez, da situação clínica e dos recursos técnicos disponíveis. A escolha do método cabe à mulher com a ajuda do médico, na consulta prévia Antes da interrupção da gravidez da à mulher grávida ou a quem - consulta prévia consentimento, nos termos do - período de reflexão de 3 dias médico for objector de cons- Existem dois métodos interromper a gravidez: A interrupção da gravidez para Interrupção cirúrgica da gravidez: pode ser praticada até à 10ª semana de gravidez, e terá que ser feita obrigatoriamente num estabelecimento de saúde oficial ou oficialmente reconhecido Processo: Antes da interrupção da gravidez - consulta prévia - possibilidade de consulta com psicólogo ou assistente social - a toma da 1ª dose de medicamentos - a toma da 2ª dose de medicamentos (36/48 horas após o 1.º medicamento) Após a interrupção da gravidez - consulta médica de controlo (cerca de 15 dias depois da 1º toma) - consulta familiar de 3 planeamento no seu lugar pode prestar o artigo 142º nº3b) CP. Se o seu ciência é encaminhado outro médico. para Ano II – nº01/08 Página 4 Página do Cidadão Um ponto de vista As contradições dos tempos… Hoje descobri um livro antigo que tenho na minha estante. Chama-se a Criança e a Vida. Trata-se de uma colectânea de textos e poemas, verdadeiros, autênticos, feitos por crianças dos 6 aos 10 anos, elas também verdadeiras, autênticas e sobretudo reais. A professora destas crianças, que foram seguramente poetas para Sempre, chamava-se Maria Rosa Colaço e ensinou durante os anos 60/70. Estes depoimentos, lêem-se como se fossem peças de ficção, contudo são testemunhos vivos de um tempo e lugar verdadeiramente concretos. A introdução é da autoria da própria Maria Rosa Colaço e começa assim: “Companheira do sol e das raízes, cheguei à grande cidade. Numa mão levava o diploma, na outra, o medo…” Hoje, ao pegar no livro decidi dar-lhe de novo uma olhadela, e li outra vez esta introdução, que sempre me ficou na memória, e a dada altura a Rosa Colaço diz, a propósito dos seus alunos poetas: “…E foi assim que ficámos solidários e Amigos – Para Sempre. Aprendi então que a Verdade é uma palavra real, e a lealdade também. Vieram depois outras crianças de África, das Ilhas. Mas ali na escola húmida e despojada é que aconteceu o milagre que nunca mais se repetiria e tenho-me perguntado muitas vezes porquê. E cada vez vou tendo mais a certeza que o excesso de conforto, destrói o Rosto Iluminado do Homem. Aqueles meninos não tinham, não esperavam nada, nem pediam nada: por isso, estavam disponíveis para tudo…” Quando cheguei aqui parei, porque me fez pensar a que tipo de pobreza é que Rosa Colaço se estava referir. Quanto a mim falava, de certeza, da pobreza dos anos 60, em que na verdade, não havia mesmo nada. Pobreza real e genuína, isto é, era mesmo daquela de se querer comer e não ter, e nem sequer ter maneira de o conseguir. A estes era fácil ensinar poesia, porque como ela diz não tinham mais nada… Será que para haver inspiração, espiritualidade e poesia, o homem tem que passar fome? Será que o progresso, o conforto e a fartura são seus inimigos. Tristemente, não sei explicar, apenas consigo falar de factos: Agora, quanto a mim, a pobreza tem outro rosto. Agora, mesmo quando se tem pouco para comer, sempre se tem para o ecrã plasma, as PSP’s ou a Consola. Não é que haja nada de mau no ecrã plasma, nas PSP’s ou na Consola, não somos fundamentalistas… A pobreza, agora, tem o rosto do abandono civilizado, da compensação com o ter: Barbie’s, as roupas da moda, o jogo da moda, os ténis da moda, ou o boneco da moda, etc.Com isto também não queremos dizer que ser pobre é que é bom. Nada disso, bem pelo contrário, nem que se deva tirar a ricos para dar a pobres. Nada disso! Agora a pobreza tem mais a ver 4 com a falta de “Ser” e uma preocupação desmedida em “Ter”. A pobreza, agora, é mais de espírito do que material. Não é possível ensinar poesia quando as nossas crianças estão com a cabeça do tamanho de um ecrã plasma ou dentro do ecrã de uma PSP. Com isto também não queremos dizer que não se veja TV, ou se divirtam com jogos… Qualquer família, por mais parcos que sejam os seus rendimentos, acha que a sua criança ficará seriamente “traumatizada” se não lhe der as benditas coisas “que todos têm”. Tenho tentado ensinar poesia e tenho-o conseguido, mas cada vez mais a uma escala muito reduzida. Falo disto porque estou convencida, a menos que me provem o contrário, que sem poesia ou sem o sentido poético da vida e dos outros, dificilmente conseguiremos, que neste planeta, se instale uma verdadeira civilização. O que temos, a julgar pela sua definição, não é uma civilização: _____________________ Definição de Civilização ou pessoa civilizada: inclui: seres polidos, cultos… Difusão de hábitos, costumes e crenças de uma determinada sociedade. Uma sociedade civilizado actua mais pela competência do que pelo status e é uma sociedade adiantada em cultura e civismo… civilização é construção e não destruição… in dicionário técnico de serviço social e Diciopédia. Ano II – nº01/08 Página 5 Página Ecológica Como o consumismo afecta a sociedade, a coisas e cada vez mais dinheiro para comprá-las, economia e o ambiente * com pouco respeito pela verdadeira utilidade daquilo que é comprado. Uma consequência disto, promovida por aqueles que lucram com o consumismo, é o acelerar da devolução das coisas antigas (pré-existentes), quer devido à respectiva pouca de durabilidade (tempo de vida) dos bens produzidos, quer devido à implementação de mudanças na moda. Os aterros e lixeiras ficam repletos com os produtos rejeitados, que se avariaram rápida/ facilmente e/ou já não merecem reparação, em resultado duma enorme oferta alternativa, sem precedentes. Adicionalmente, os produtos podem ser psicologicamente considerados obsoletos, muito antes de se encontrarem realmente desgastados ou se manifestarem inúteis. Está em crescimento uma geração, que desconhece o que O consumismo manifesta-se economicamente são bens de qualidade e durabilidade. Amizade, pela aquisição crónica e/ou doentia de novos laços familiares e autonomia pessoal, apenas são bens e/ou serviços, com pouca atenção às ver- promovidos, como veículos para justificar a lógi- dadeiras necessidades de utilizador, durabilida- ca da selecção de serviços e aquisições. Tudo se de, origem dos produtos e respectivas conse- mede, pelo gasto de dinheiro em bens e servi- quências ambientais da produção e/ou escoa- ços. mento. O consumismo é gerado e impulsionado É catecismo frequentemente afirmado que, a por fabulosas quantias gastas em publicidade, economia só irá melhorar, se as pessoas com- destinadas a criar, quer o desejo de seguir as tendências, quer os sistemas de prarem mais coisas, mais carros e gastarem auto- mais dinheiro. Recursos financeiros, que seriam recompensa e auto-realização (fictícios), basea- melhor do nas aquisições. Materialismo é o resultado dispendidos como “capital social”, nomeadamente na educação, nutrição, habita- final do consumismo. ção, etc. são dispendidos em produtos de valor O fenómeno interfere com o funcionamento da duvidoso e pouca compensação social. Além dis- sociedade, substituindo o desejo normal e senso so, o comprador é assaltado pela alta dos preços comum, adequados às necessidades e estabilida- das novas coisas e o custo do crédito para com- de da vida social, comunitária, e familiar, por um prá-las, além de por despesas menos óbvias, curso artificial e insaciável, na busca de mais como por exemplo, no caso dos automóveis, o 5 Ano II – nº01/08 Página preço dos registos e matrícula, seguros, e custos 6 brada saudável. de reparação e manutenção. "Em cada ano, estima-se que 1,5 milhões de Muitos consumidores ficam sem espaço em suas americanos decidem fazer correcções ao nariz, casas para guardar as coisas que compram. Uma barriga ou peito. Muitas destas pessoas seriam das indústrias em mais rápida expansão na Amé- incapazes de suportar os encargos desses proce- rica é o auto-armazenamento. Milhares de hecta- dimentos cirúrgicos vitais se não fossem os res de boas terras agrícolas são pavimentadas empréstimos de empresas criadas para respon- todos os anos para construir estas cidades- der a essa procura. Um mero carro usado pode fantasma de coisas órfãs e indesejadas, de modo servir de crédito nesta explosão da procura de a dar às pessoas espaço, para abrigar as coisas cirurgia de correcção. Empresários nesta área, novas que vão sendo convencidos a comprar. Se enfatizam um desafio pouco vulgar, explica o os produtos armazenados eram antes tão essen- Wall Street Journal:" Um credor pode ter um ciais, porque precisam de ser colocados em carro usado, e adquirir facilmente um novo, mas armazém? Esta super-abundância de coisas, dificilmente poderá voltar a possuir um rosto enfraquece o valor do que as pessoas dão ao que jovem". De forma que cobram taxas de juro que possuem. se elevam, por vezes, até um quarto do valor do produto ou serviço. Segundo Michael Jayhawk, Os centros comerciais têm substituído parques, CEO, "está-se a capitalizar, na área da vaidade igrejas e lugares comunitários. Muitos, já nem Americana ". sequer se preocupam em conhecer os seus vizinhos ou sequer saber os seus nomes. As pessoas É impossível vencer uma guerra contra si mesmo circulam com frequência, entre bairros e cidades, ou contra desejos não controlados. Será psicose como se fossem produtos a ser experimentados, uma palavra demasiado forte para usar aqui? como marcas de desodorizante. Considere a seguinte linha de raciocínio: "Posso imaginá-lo, portanto, quero-o. Se o quero, pos- O consumismo coloca cada pessoa contra si pró- so, ter. Porque tenho, preciso. Porque preciso, pria, numa interminável busca para a realização mereço. Porque mereço, farei tudo o que for de coisas materiais ou no imaginário dum mundo necessário para o obter, etc. " só tornado possível, por coisas (ainda) a serem adquiridas. Controle de peso, centros dietéticos, Esta é a “unidade interna” humana em que os redução de peitos (glândulas mamárias) e outras anunciantes mexem. Você "imagina isso", por- cirurgias plásticas, pintura dos olhos e lábios, que a sua consciência é bombardeada pela ima- lipoaspiração, uso de colagéneos, são exemplos gem, até, em seguida, passar para a etapa dois daquilo que locomove as pessoas, transforman- ", eu quero-o, …etc." Esta estratégia tem como do-as no “humano consumidor” de bens e consequência que as pessoas se rendam ao con- serviços, mais compatível com o “mercado” do sumismo. Como sociedade, temo-nos dirigido da que com a vida natural, numa sociedade equili- auto-suficiência baseada no bom senso pessoal 6 Ano II – nº01/08 Página 7 dos limites razoáveis, ao ridículo objectivo de nio das empresas, e são manifestações do con- procurar atingir o estilo de vida dos ricos e famo- sumismo em recreação. Oakland, Califórnia, uma sos, à viva força ou, pelo menos tanto quanto os comunidade com elevados nível de desemprego nossos limites de crédito o permitirem. e pobreza, tem bancos que já criaram categorias especiais empréstimo e linhas de crédito, para A felicidade não pode ser comprada no mercado, que as pessoas possam obter ingressos pessoais não importa o quanto publicidade tente conven- para as temporadas dos estádios, que foram cê-lo disso. As forças impulsionadoras do Merca- construídos com financiamento dos contribuin- do têm usurpado o papel até agora assumido tes. pela família, casa, senso comum e comunidade. Temos sido programados para acreditar que "Desporto, devemos procurar cada vez mais dinheiro para exemplo fundamental do sistema de doutrina- gastar em cada vez mais coisas oferecidas pelo ção... Oferece pessoas algo a prestar atenção ao mercado, para nos tornarmos manequins dos que é de nenhuma importância... Mantem-los adornos da moda, sendo o nosso valor determi- afastados de se preocupar com coisas que inte- nado por aquilo que temos ou não temos, mais ressam realmente a sua vida... do que por aquilo que somos, fazemos ou sabe- nomeadamente futebol, é outro Considerem-se todas as energias mentais e, por mos. vezes físicas, o dinheiro e o tempo que o ameri- O consumismo, tendo já captado a morte como cano médio gasta em desportos profissionais e uma obrigação de consumo, onde tristeza e universitários e o desvia da manutenção e con- pesar concorrem com o acto de gastar mais servação de escolas públicas, por exemplo. Os dinheiro, vira-se agora outros grandes vida Estados Unidos poderiam ser o país com as pes- eventos, como casamentos e nascimentos, que soas mais bem-educadas de todo o mundo! se transformaram também em grandes eventos Observe-se como recente retórica de revitalizar de consumo, com a sua própria hierarquia das nossas escolas gira em torno da compra de equi- exigências para as com a vida dos próprios. Por pamento informático, em vez de aumentar o exemplo, quase sempre o vestido da noiva e salário aos professores e gastar mais dinheiro, acessórios do casamento, assumem muito maior com a sua formação e com a de cada aluno? relevância do que o estado de espírito da noiva. As equipes e actividades desportivas locais, A avalanche de artigos de oferta para os descen- como as ligas de futebol de infantis e juventude dentes, caracteriza-se já por uma antecedência são uma manifestação por enquanto relativa- que chega a antecipar-se à própria concepção. mente saudável. Há entretanto, uma tendência A recreação também já se comercializou. Dis- contínua para a comercialização destas, se as pendiosos vestuários de lazer, equipamentos pessoas o permitirem. desportivos e participação em eventos desporti- O constante ciclo de trabalho e consumo é já em vos generalizaram-se com publicidade e patrocí- si destrutivo do sistema de valores. Mas frequen7 Ano II – nº01/08 Página 8 temente têm que se fazer horas extras para satisfeito com um interminável abastecimento de manter o mesmo nível de consumo. Com maior desejos que só alguns pais podem pagar. Um frequência ainda, ou o trabalho não é suficiente, exemplo extremo desta situação é quando algu- ou está indisponível, e o consumismo provoca o mas pessoas, geralmente pobres adultos, que endividamento das famílias, frustrando-as de muitas vezes poderiam melhor utilizar o dinheiro acumular mais coisas ou sentindo-se inúteis para devido à falta de posses. O consumismo é um demonstram o seu valor pessoal e força de lento suicídio societal. carácter, transformando-se em painéis humanos a educação, alimentação e moradia, publicitários, de vestuário desportivo plástico Tempo, a preciosa mercadoria “ que encolhe” milionário. Será isto, edificar uma nação? nas nossas vidas, é trocada por dinheiro para comprar as coisas que existem, e é normalmente Onde se tinha como outrora, os pais a partilha- pouco, o tempo, que se tem para desfrutá-las. rem a casa com os seus filhos até quase à idade Qual o tempo que resta depois do trabalho, que adulta, realizando os trabalhos de assistência de é muitas vezes devorado pela televisão, basica- “baby-sitting” e cuidando dos idosos da família, mente, em séries cada vez mais medíocres, com continuadores da sabedoria e tradição, temos “programas inseridos para encher” entre cada agora corporativas, de creche e casas de repou- vez mais espectaculares anúncios comerciais, so. cuja finalidade é aguçar o desejo de obter mais nuclear, é uma razão que alguns grupos imigran- coisas. Quando estes desejos materiais insaciá- tes ainda são capazes de competir geralmente veis não são satisfeitos, as pessoas ficam des- até a segunda geração (economicamente), sendo contentes da vida e, em casos extremos amoti- posteriormente nam-se e lutam, para obter aquilo para que eles abandonando valores paternais e, em seguida, foram "programados" querer. passando a considerar os objectos materiais Esta preservação dos afectados vínculo pelo familiar consumismo, como um meio de auto-identificação e realiza- As pessoas habituaram-se à intromissão da ção, tal com a sociedade americana. publicidade na sua consciência, na forma de tele- "Tempo de Qualidade" tornou-se uma mercado- visão ou nos maciços feixes de celulose dos jornais de fim de semana, e não se protegem a si ria em si. Infelizmente, não existe um mercado próprias, ou pior ainda, não protegem os filhos de qualidade tempo, você tem que preservá-la de ser seduzidos por ela. Convicto de que o seu para si mesmo. Porque não usar o tempo da sua valor pessoal se baseia nos sapatos de atletismo vida, omitir o dinheiro e os impostos e ir directo para a felicidade que, normalmente, vem do de US $ 200 ou vestuário de marca, as crianças não-material? Este processo faz parte do método encontram-se já no caminho para a insatisfação para superar consumismo. espiritual e ressentimento, bem como uma percepção diminuída de auto-estima. Quando se tornarem adolescentes, provavelmente não irão ser felizes ou mesmo produtivos, se não virem 8 Ano II – nº01/08 Página 9 Doenças de Gente Famosa Tuberculose na Arte A Tuberculose influenciou alguns artistas do Romantismo, quer na Literatura, quer na Música. Há exemplos dessa influência, em Lord Byron, Edgar Allen Poe: neste, a aparência assombrada dos que sofriam de Tuberculose era entendida como influencia da referida doença Nas óperas de Puccini, sabe-se que “Mimi”, por exemplo, em “La Bohéme”, sofre de tuberculose; “Violeta”, da “Traviata” de Verdi, morre de tuberculose; a Montanha Mágica de Thomas Mann, relata a visita de um jovem a um sanatório em Davos, na Suiça, onde está um seu primo internado; no sec. xx, no Brasil, a doença influenciou muitas obras do poeta modernista Manuel Bandeira, nascido em 1886 e tuberculoso desde os 18 anos (há um poema por ele escrito com o título sugestivo de Pneumotorax!). São por demais conhecidas vítimas famosas desta doença (Anton Tchecov; George Orwell; Amadeu de Sousa Cardoso; Pedro I do Brasil; o pintor brasileiro Nery; Chopin, entre outros). Este, por causa da doença não foi aceite em casamento por Maria Wodzinski, o que lhe causou uma experiencia extremamente dolorosa; com 29 anos, passou o Inverno em Maiorca, no Mosteiro de Valsemos, muito doente e a tentar recuperar da doença; relata-se que, durante semanas, se manteve muito fraco, incapaz de sair de casa mas trabalhando arduamente na composição dos seus 24 Prelúdios, os quais exprimem as sensações e emoções emanadas pela doença: o nº 1é pulsante e agitado, o nº 2 é mórbido, o 6º é triste e lento, o 8ºrevela uma visão febril, o 20º foi feito para ser tocado no seu funeral Nos tempos modernos, admite-se que as histórias de vampiros, assim como a cultura gótica, foram buscar influências ao fácies da tuberculose. 9 Ano II – nº01/08 Página 10 Riscos para a População ACTIVIDADE FÍSICA NA SAÚDE E NA Quando um indivíduo sedentário inicia uma activi- DOENÇA dade física de maneira regular (não é aquele indivíduo que nos relata que faz uma corrida 1 ou 2 vezes por semana... ou que vai ao ginásio quando pode... ou anda muito no fim de semana...), entendida esta regularidade como exercício programado 3, 4, ou 5 vezes por semana com um plano estabelecido e cumprido. Dizia eu, quando ele inicia o exercício, desencadeia-se um conjunto de adaptações ao esforço que têm benefícios em Já Hipócrates, dizia ...”Todas as partes do corpo são destinadas a uma função específica. Se termos de saúde, que auxiliam em termos de prevenção primária de diversas doenças usadas com moderação, fazendo regularmente Em termos muito simples: quem pratica exercício os movimentos para que foram concebidas, físico regularmente pode, por exemplo, nunca vir a tornam-se bem ser diabético. Ou, no caso de já o ser, conseguir desenvolvidas e envelhecem lentamente. Mas melhorar grandemente o seu controlo metabólico, se ficarem imóveis e ociosas tornar-se-ão pro- e atrasar as complicações desta patologia. por esse meio saudáveis, pícias à doença ,crescerão de forma deficiente e envelhecerão de forma precoce” O exercício é um componente da reabilitação de muitas doenças, e, no caso da diabetes, melhora A medicina dos dias de hoje confirma e apoia quer a doença quer ajudando na sua prevenção. estas ideias geniais do “pai” da medicina. Este homem, em 420 ac, afirmava que “a manutenção da saúde, assenta no contrariar a tendência para a redução do exercício. Não existe nenhuma forma de substituir o exercício. E o Os benefícios da actividade física sobre a saúde, não devem ser vistos como relação de uma só causa para um só efeito: há um componente multifactorial a ser ponderado: exercício também expele o mal feito pela maior parte dos maus regimes que a maioria dos homens segue” Parece que Hipócrates leu os tratados actuais sobre fisiologia do esforço e sobre alimentação saudável e os seus efeitos sobre o organismo. - a nível cardiovascular o exercício físico actua nos factores de risco que conduzem à aterosclerose por exemplo - baixa a pressão arterial, melhora o perfil de gorduras (o colesterol ”bom” aumenta e o colesterol “mau” baixa), melhora a maneira como a insulina se relaciona com o açúcar, a chamada sensibilidade à insulina, o que vai A actividade física tem repercussão a nível da melhorar o perfil metabólico dos diabéticos, dimi- saúde e da condição física, melhorando qual- nui o “stress”,motiva para comportamentos saudá- quer uma delas. veis 10 Ano II – nº01/08 - a Página 11 nível trombogénico, o exercício incidência de infecções e de cancros. melhora a coagulação do sangue, diminuindo o potencial de haver tromboses; - na angina de peito (doença coronária) previne a sua ocorrência na medida em que actua ao nível dos factores de risco, reduzindo-os - é sobejamente conhecido o efeito psico- - na hipertensão arterial, previne a sua lógico induzido pelo exercício físico. Os médicos ocorrência, e tem discretos efeitos hipotensores aconselham doentes deprimidos a praticar exercí- directos - também cio físico, pois alem de melhorar a ansiedade e o stress, melhora capacidades cognitivas melhora a função cardíaca, reduzindo a morte súbita por redução das arrit- Por estas razões, e foram muitas as referi- mias fatais. das, as crianças devem ser encorajadas na prati- - é demais conhecido o efeito do exercí- ca de actividades desportivas pois há melhoria de cio a nível da obesidade e da sobrecarga ponde- saúde mental, há a promoção de um crescimento ral: o exercício físico reduz mesmo o peso, redu- saudável, há aquisição de virtudes e regras de zindo a massa gorda e aumentando a massa convivência no respeito pelo outro. magra (tecido muscular) equilibra o apetite (os sedentários têm mais apetite que os desportistas, é sabido) o exercício físico mantém a sua QUE EXERCÍCIO FÍSICO ESCOLHER? PARA A acção mesmo depois do exercício terminado, SAÚDE OU PARA A CONDIÇÃO FÍSICA? isto é, aumenta o metabolismo em repouso após a actividade, ou seja, mantêm-se a gastar ener- As pessoas confundem normalmente saúde com gia condição física. Vamos tentar explicitar a diferen- mesmo depois de já ter terminado a sua ça com exemplos práticos prática - a nível do osso, tem aspectos muito Se um indivíduo que não pratica exercício físico, importantes, pois, por um lado, aumenta a mas- o começar a fazer, desencadeia-se um conjunto sa do osso e por outro, impede a sua perda, de adaptações ao esforço. Algumas destas serão deste modo prevenindo a osteoporose. vantajosas em termos de saúde, deste modo auxiliando na prevenção primária de diversas - nos músculos, aumenta a força destes, doenças, ou mesmo na melhoria melhora a estrutura dos tendões e dos ligamen- de doenças para o caso de já existirem. tos. Outras adaptações vão contribuir para a melho- além do efeito benéfico a nível do aparelho ria da condição física. motor, e pelo facto do sistema muscular ter Como exemplo, temos um indivíduo que tem interferência no sistema imunitário, há um efeito (Continua na página 12) imunoestimulante. Deste modo, havendo menor 11 Ano II – nº01/08 Página 12 uma dislipidemia e não pratica exercício físico. Há mais ganhos em saúde quando se passa Ao iniciar a actividade física o que vai aconte- duma inactividade para actividade cer , é que passadas umas semanas, o seu perfil duma actividade mínima para uma moderada do lipídico já estará alterado. E se for obeso, já que dum regime moderado para um poderá andar a passo mais largo . O seu perfil Estamos a falar em termos de prevenção prima- lipídico continuará a melhorar com o tempo até ria atingir um plateau, ou seja , vai estabilizar. aproveitar os aspectos positivos do exercício físi- mínima ou intenso. ou de reabilitação de doenças; estamos a co e não do aumento das diversas capacidades Com o tempo, vai melhorando a sua resistên- físicas cia, mas a partir de certa altura os lípidos não Os objectivos de um programa de exercício físi- baixam mais. co devem ser caracterizados para o caso de se A nível de saúde iniciou melhoria desde inicio do exercício e a nível pretenderem ganhos em saúde, se aumento da da condição física tem condição física, ou se para treino desportivo de aumentado progressivamente, e poderá aumen- competição; são como vimos coisas diferentes. tar mesmo depois dos máximos resultados a Só nos vamos debruçar sobre os exercícios que nível da saúde terem sido atingidos. melhoram a saúde Para clarificar, vejamos o exemplo de um atleta de alta competição: para atingir resultados, precisa de efectuar esforços grandes, que poderão PREVENÇÃO PRIMARIA DAS DOENÇAS CAR- ter efeitos nocivos a nível da saúde _ portanto, DIOVASCULARES esforços que aumentam a resistência e condi- O PAPEL DA ACTIVIDADE FÍSICA ção física mas que podem agravar saúde A actividade física tem um papel importante na A carga de actividade física necessária para pro- prevenção primária das doenças cardiovascula- mover a saúde é bem menor do que a necessá- res, isto è, impede o aparecimento destas doen- ria para induzir ganhos em condição física ças. A estrutura biológica e psicológica do ser humano esta preparada e adaptada ao exercício físico, e necessita dele. Como se deduz, a inactividade é um importante factor de risco para as doenças cardiovasculares (e não só) a população sedentária tem um risco duas vezes maior de desenvolver doença coronária e diabetes mellitus O objectivo principal da utilização da actividade física è a promoção da saúde e não da condição física: o nível de actividade física para a promoção da saúde è muito inferior às necessidades 12 Biblioteca Virtual que não devem, e os tipo 2 deveriam praticar para induzir ganhos em condição física. mais exercício e não o fazem geralmente Percebe-se que actividades físicas em idosos terão que ter alguns cuidados, dado o risco de Quais são então os benefícios da prática complicações cardiovasculares e osteo- muscu- exercício físico para um doente diabético? lares: a actividade física para a melhoria da saú- do Sabemos que os diabéticos têm entre 2 a 4 x de terá frequência, duração, intensidade, regula- mais de risco de doenças cardiovasculares; a ridade, diferentes das necessidades para a dislipidemia (alteração das gorduras no sangue) melhoria da condição física. é um factor contributivo para esse risco. Estes Justifica-se a pratica de exercício físico no doentes têm regra geral os níveis de hdl baixos, doente diabético? e os níveis de ldl elevados (aquilo que se chama na gíria colesterol bom e mau). A actividade física consegue modificar este desequilíbrio Sabemos também que os diabéticos têm muitas vezes associada hipertensão arterial: ora , a pressão arterial diminui com o exercício físico. E Como na população geral, o exercício físico os parâmetros da coagulação do sangue são aumenta o bem estar , reduzindo os factores de também melhorados, com a sua prática risco cardiovasculares, e controla os níveis de glicemia (nível de açúcar no sangue). A associa- A maioria dos diabéticos tipo 2 é obesa: a perda ção americana de diabetes declara que “todos os de peso conseguida com a prática de exercício doentes diabéticos deverão ter oportunidade de físico continuado reduz igualmente o risco car- beneficiar dos muito validos efeitos do exercício diovascular. É se dúvida um complemento inul- físico” trapassável da dieta equilibrada. Evidentemente que tem de haver um plano Os efeitos psicológicos do exercício físico individual de actividade física para cada diabéti- também melhoram a qualidade de vida , por co, na medida em que o próprio exercício físico interferirem positivamente na auto-estima e no beneficiando pode humor. Sendo uma doença crónica, o diabético representar para alguns doentes riscos poten- precisa sempre em alguma fase da sua evolu- ciais. Há limites realistas para a duração e tipo ção, de apoio psicológico, que pode ser disponi- de actividade. bilizado pelo exercício físico. Como doença cróni- na globalidade a saúde, ca pode contribuir para a tristeza e isolamento Alguns diabéticos não deverão praticar mergu- do doente, mas a prática de desporto facilita as lho ... Ou montanhismo!, por exemplo. relações sociais. Ser diabético tipo 1 ou 2 também é uma variável a ponderar na escolha do exercício - O principal risco do exercício para um diabético o que (mais do tipo 1 que do tipo 2)é a hipo glicemia acontece na pratica corrente é que os diabéti- induzida pelo exercício cos tipo 1 querem praticar muitas modalidades 13 Ano II – nº01/08 Texto Livre Em todo o seu percurso fez uma A CAIXA ENIGMÁTICA “casa”, desta vez na Cova da (Uma história de continuidade... no C Saúde ” Habituei-me á sua presença habitual, no canto esquerdo da secretária, bem encostado á janela, até por que o gabinete piedade. Está iniciou “nada foi que não voltasse a redondezas. ser”!... De novo a caixa viajou para facto uma velha caixa de cartão, cheia de “papéis”, cuidadosamente atada com um cordel, gabinetes diferentes. Se não bastasse, com os ventos que sopraram, e porque “circular é viver”, passados quatro anos a caixa acompanhou novamente o seu dono em mais uma viagem, tal como eu, para não sei há quantos anos... a Sobreda. Já era uma antiguidade... Afinal, é mesmo verdade que o Esta já era a sua segunda casa. voltas!... Da primeira casa, na Extensão do Monte Caparica, depois de tantos anos abandonada, alguém a tinha empurrado para mundo é pequeno e dá muitas Mas o que terá esta caixa de tão importante, que vai resistindo dono, que partilhava o gabinete Desta vez e com as atribulações acontecer. O seu proprietário, ao mudar de local de trabalho, voltou mais uma vez a deixá-la da mudança a caixa abriu-se e espalhou-se parcialmente o seu conteúdo. Será que já tinha sido aberta alguma vez? esquecida, como se não valesse Reagrupado o conteúdo, a caixa nada. continuou cuidadosamente arru- Mas será que valia alguma coisa? O que será que continha aquela velha caixa de cartão?... Mais dois ou três anos se passaram e como ninguém viesse buscá-la, lá foi mais uma vez empurrada para perto do seu dono. Foi conhecer mais uma que conta viagem quase pelas com vinte anos? Que segredos encerra? Será que as viagens terminaram? Será que vai parar por aqui? Espero que não... porque parar é morrer...! PS – De acordo com informação de última hora, a caixa já se ser visto no gabinete do seu proprietário. ao longo dos tempos e das mudanças? Caparica. Mas o pior voltou a sua transformou em saco e poderá ali. Porque ali estava o seu de trabalho comigo, na Costa da a Qual será o futuro desta caixa Durante anos ela esteve ali....... papéis. Sim, porque ela era de Monte muitas voltas” ou se preferirem como eu, só que desta vez em da banheira onde já havia mais no Caparica, onde nasceu e onde Almada, para outro serviço, tal de banho do lado, para dentro novamente .....“O mundo é pequeno e dá era pequeno. Depois mudou-se para a casa viagem circular... mada dentro do armário do seu dono, num gabinete próximo do meu. Passado um ano e meio mais uma vez mudámos de local de trabalho. O dono da caixa e eu. E a caixa mais uma vez nos acompanhou... 14 M. Anjos Garcia