Editorial

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Editorial
Dezembro 2008
Editorial
Nesta edição:
Editorial
1
Assunto temático
2
Página do
Cidadão
Página
Ecológica
Doenças de
Gente Famosa
Riscos para a
População
Texto Livre
Ano II – nº01/08
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Ninguém duvida que um estilo de
vida saudável implica uma alimentação equilibrada e a pratica regular de exercício físico
Isto é valido para pessoas sem
doenças ou mesmo com patologias
várias. O exercício físico tem sempre lugar importante na escolha
terapêutica de inúmeras situações
clínicas
É evidente que não estamos a
falar de patologias em fase aguda,
como uma pneumonia, uma gripe...etc. Nestes casos é o repouso
o “exercício aconselhável”.
Com isto, entende-se que é indispensável fomentar o exercício físico (aliás, como o exercício mental,
para que as capacidades não se
percam...) Há estudos que revelam que a longevidade, além de
causas genéticas, está relacionada
com a maneira como nos comportamos perante a vida, com a actividade física que executamos, com
os alimentos que escolhemos para
nos saciarmos. Nós somos o que
comemos, já se sabe há muito,
mas tambem o seu contrario é
valido, isto é, nos comemos o que
somos, ou seja, escolhemos os
alimentos que nos fazem bem á
saúde se disso estivermos informados.
Assim como devemos estar informados sobre alimentação tambem
deveremos ter informação sobre a
prática de exercício físico:
Que exercício escolher? Que intensidade, que duração, que frequência deveremos utilizar. Sabe responder a estas questões?
Este boletim informativo vai rela1
tar alguns pontos sobre alimentação para diabéticos assim como
uns apontamentos sobre pratica
de exercício físico. Esperamos que
o estimule para leituras mais aprofundadas sobre o tema
É para a população diabética que
este boletim é especialmente dedicado, mas tambem para todos os
que não queiram vir a sofrer dela.
Numa conjuntura de crise económica e financeira mundial, a utilização da actividade física deve ser
implementada, pois, podendo ser
pouco dispendiosa (a marcha não
custa dinheiro, subir escadas não
gasta a energia eléctrica que um
elevador consome, correr não
obriga a ir a um ginásio, nadar
pode ser feito numa praia da nossa longa costa) tem tambem a
particularidade de a sua utilização
ter efeitos superiores a determinadas prescrições medicamentosas:
junta-se o útil ao agradável! Continuando a nossa abordagem sob
ponto de vista económicos participantes em programas de actividade física regular parece terem
menos riscos de doenças em
geral,
doenças
car-
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Assunto temático
INTERRUPÇÃO VOLUNTÁRIA
DA GRAVIDEZ
direcção, em estabelecimento de saúde oficial ou oficialmente reconhecido e com o
consentimento da mulher
grávida, quando:
a) Constituir o único meio de
remover perigo de morte ou de
grave e irreversível lesão para o
corpo ou para a saúde física ou
psíquica da mulher grávida;
“Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas
primeiras dez semanas, em
estabelecimento de saúde
legalmente autorizado?”
Foi com esta pergunta que no
dia 11 de Fevereiro de 2007 os
portugueses foram confrontados.
Não me cabe a mim, aqui, apresentar os argumentos a favor
ou contra o aborto, até porque
o “sim” venceu, a lei está feita e
em vigor. Isto significa que com
a Lei 16/2007 de 17 de Abril, a
interrupção da gravidez pode,
hoje, ser feita por opção da
mulher até às 10 semanas.
A Lei 16/2007 acrescentou ao
art.142º nº1 CP (Código Penal)
a alínea e), elaborada tendo em
conta o resultado do referendo
(o Referendo é uma consulta à
população e a sua resposta por
meio de votação sobre matéria
constitucional ou legislativa de
interesse nacional). Refere o
art. 142º nº1 CP:
b) Se mostrar indicada para
evitar perigo de morte ou de
grave e duradoura lesão para o
corpo ou para a saúde física ou
psíquica da mulher grávida e for
realizada nas primeiras 12
semanas de gravidez;
c) Houver seguros motivos
para prever que o nascituro virá
a sofrer, de forma incurável, de
grave doença ou malformação
congénita, e for realizada nas
primeiras 24 semanas de gravidez, excepcionando-se as situações de fetos inviáveis, caso em
que a interrupção poderá ser
praticada a todo o tempo;
d) A gravidez tenha resultado de crime contra a liberdade e
auto determinação sexual e a
interrupção for realizada nas
primeiras 16 semanas;” (casos
de violação)
“e) For realizada, por
opção da mulher, nas primeiras 10 semanas de gravidez.”
Qual é o prazo legal para a
interrupção da gravidez por
opção da mulher?
Em Portugal, a interrupção da
gravidez por opção da mulher
pode ser efectuada nas primeiras 10 semanas de gravidez,
calculadas a partir da data da
última menstruação.
“1. Não é punível a interrupção da gravidez efectuada
por médico, ou sob a sua
2
Quem pode solicitar uma
interrupção da gravidez?
Apenas a própria mulher poderá
fazer o pedido de interrupção da
gravidez, salvo no caso de ser
psiquicamente incapaz
Quem pode fazer a interrupção da gravidez?
A interrupção da gravidez só
pode ser realizada por médico,
ou sob sua orientação e com o
consentimento da mulher
Onde se pode fazer uma
interrupção da gravidez?
As interrupções da gravidez
podem ser efectuadas em estabelecimento de saúde oficiais ou
oficialmente reconhecidos
As mulheres estrangeiras
poderão fazer uma interrupção da gravidez em Portugal?
As mulheres imigrantes têm os
mesmos direitos de acesso à
interrupção da gravidez, independentemente da sua situação
legal
Qualquer prestação de cuidados
de saúde está sujeita a confidencialidade e ao segredo profissional, incluindo todas as etapas do processo de interrupção
da gravidez descritas.
A alínea e) veio, assim, permitir
a interrupção da gravidez até às
10 semanas a todas as mulheres grávidas que o queiram,
desde que realizado em estabelecimento de saúde oficial ou
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Assunto temático
oficialmente reconhecido, permitindo combater o aborto clandestino e inseguro em Portugal
que põe em causa o direito à
saúde (art. 64º da Constituição
da República Portuguesa) e a
dignidade da pessoa humana
(art.1ºCRP), neste caso a dignidade da mulher.
- período de reflexão de 3 dias
Objecção de consciência
- possibilidade de consulta com
psicólogo ou assistente social
A propósito do aborto, ouvimos
muitas vezes na televisão falar
de
No estabelecimento de saúde
- intervenção cirúrgica
objecção
de
consciência,
assim, é importante saber o que
isso significa. O objector de
consciência é aquele que por
motivos de ordem filosófica, éti-
“Cerca de 13% das mortes
maternas conhecidas devem-se
a complicações resultantes de
abortos em condições inseguras”, segundo a Organização
Mundial de Saúde. O aborto
inseguro pode causar problemas
sérios às mulheres que a ele se
submetem, como por exemplo a
infertilidade.
Interrupção Voluntária da Gravidez
Após a interrupção da gravidez
- consulta médica de planeamento familiar
ca, moral ou religiosa, está convicto de que lhe não é legítimo
obedecer a uma ordem especifica, por considerar que atenta
contra a vida, a dignidade da
Interrupção medicamentosa
da gravidez: pode ser praticada até à 9ª semana de gravidez
em regime de ambulatório, num
estabelecimento de saúde oficial
ou oficialmente reconhecido.
Este é o método de eleição do
Hospital Garcia de Horta
Processo:
pessoa humana ou contra o
Código Deontológico. É assegurado aos médicos e demais profissionais de saúde, o direito à
objecção
de
consciência.
A
objecção de consciência é manifestada em documento assinado
pelo objector e a sua decisão
deve ser de imediato comunica-
A técnica a utilizar na interrupção da gravidez depende de
várias circunstâncias: do tempo
de gravidez, da situação clínica
e dos recursos técnicos disponíveis. A escolha do método cabe
à mulher com a ajuda do médico, na consulta prévia
Antes da interrupção da gravidez
da à mulher grávida ou a quem
- consulta prévia
consentimento, nos termos do
- período de reflexão de 3 dias
médico for objector de cons-
Existem dois métodos
interromper a gravidez:
A interrupção da gravidez
para
Interrupção cirúrgica da gravidez: pode ser praticada até à
10ª semana de gravidez, e terá
que ser feita obrigatoriamente
num estabelecimento de saúde
oficial ou oficialmente reconhecido
Processo:
Antes da interrupção da gravidez
- consulta prévia
- possibilidade de consulta com
psicólogo ou assistente social
- a toma da 1ª dose de medicamentos
- a toma da 2ª dose de medicamentos (36/48 horas após o 1.º
medicamento)
Após a interrupção da gravidez
- consulta médica de controlo
(cerca de 15 dias depois da 1º
toma)
- consulta
familiar
de
3
planeamento
no seu lugar pode prestar o
artigo 142º nº3b) CP. Se o seu
ciência
é
encaminhado
outro médico.
para
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Página do Cidadão
Um ponto de vista
As contradições dos tempos…
Hoje descobri um livro antigo
que tenho na minha estante.
Chama-se a Criança e a Vida.
Trata-se de uma colectânea de
textos e poemas, verdadeiros,
autênticos, feitos por crianças
dos 6 aos 10 anos, elas também
verdadeiras, autênticas e sobretudo reais.
A professora destas crianças,
que foram seguramente poetas
para Sempre, chamava-se Maria
Rosa Colaço e ensinou durante
os anos 60/70.
Estes depoimentos, lêem-se
como se fossem peças de ficção, contudo são testemunhos
vivos de um tempo e lugar verdadeiramente concretos.
A introdução é da autoria da
própria Maria Rosa Colaço e
começa assim: “Companheira
do sol e das raízes, cheguei à
grande cidade. Numa mão levava o diploma, na outra, o
medo…”
Hoje, ao pegar no livro decidi
dar-lhe de novo uma olhadela, e
li outra vez esta introdução, que
sempre me ficou na memória, e
a dada altura a Rosa Colaço diz,
a propósito dos seus alunos
poetas: “…E foi assim que ficámos solidários e Amigos – Para
Sempre. Aprendi então que a
Verdade é uma palavra real,
e a lealdade também. Vieram
depois outras crianças de África,
das Ilhas. Mas ali na escola
húmida e despojada é que
aconteceu o milagre que nunca
mais se repetiria e tenho-me
perguntado muitas vezes porquê. E cada vez vou tendo
mais a certeza que o excesso
de conforto, destrói o Rosto
Iluminado do Homem. Aqueles meninos não tinham, não
esperavam
nada,
nem
pediam nada: por isso, estavam
disponíveis
para
tudo…”
Quando cheguei aqui parei, porque me fez pensar a que tipo de
pobreza é que Rosa Colaço se
estava referir.
Quanto a mim falava, de certeza, da pobreza dos anos 60, em
que na verdade, não havia mesmo nada. Pobreza real e genuína, isto é, era mesmo daquela
de se querer comer e não ter, e
nem sequer ter maneira de o
conseguir.
A estes era fácil ensinar poesia,
porque como ela diz não tinham
mais nada…
Será que para haver inspiração,
espiritualidade e poesia, o
homem tem que passar fome?
Será que o progresso, o conforto e a fartura são seus inimigos.
Tristemente, não sei explicar,
apenas consigo falar de factos:
Agora, quanto a mim, a pobreza
tem outro rosto. Agora, mesmo
quando se tem pouco para
comer, sempre se tem para o
ecrã plasma, as PSP’s ou a Consola. Não é que haja nada de
mau no ecrã plasma, nas PSP’s
ou na Consola, não somos fundamentalistas…
A pobreza, agora, tem o rosto
do abandono civilizado, da compensação com o ter: Barbie’s,
as roupas da moda, o jogo da
moda, os ténis da moda, ou o
boneco da moda, etc.Com isto
também não queremos dizer
que ser pobre é que é bom.
Nada disso, bem pelo contrário,
nem que se deva tirar a ricos
para dar a pobres. Nada disso!
Agora a pobreza tem mais a ver
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com a falta de “Ser” e uma
preocupação
desmedida
em
“Ter”.
A pobreza, agora, é mais de
espírito do que material. Não é
possível ensinar poesia quando
as nossas crianças estão com a
cabeça do tamanho de um ecrã
plasma ou dentro do ecrã de
uma PSP. Com isto também não
queremos dizer que não se veja
TV, ou se divirtam com jogos…
Qualquer família, por mais parcos que sejam os seus rendimentos, acha que a sua criança
ficará
seriamente
“traumatizada” se não lhe der
as benditas coisas “que todos
têm”.
Tenho tentado ensinar poesia e
tenho-o conseguido, mas cada
vez mais a uma escala muito
reduzida.
Falo disto porque estou convencida, a menos que me provem o
contrário, que sem poesia ou
sem o sentido poético da vida e
dos outros, dificilmente conseguiremos, que neste planeta, se
instale uma verdadeira civilização. O que temos, a julgar pela
sua definição, não é uma civilização:
_____________________
Definição de Civilização ou
pessoa civilizada: inclui: seres
polidos, cultos… Difusão de
hábitos, costumes e crenças de
uma determinada sociedade.
Uma sociedade civilizado actua
mais pela competência do que
pelo status e é uma sociedade
adiantada em cultura e civismo… civilização é construção
e não destruição… in dicionário técnico de serviço social e
Diciopédia.
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Página Ecológica
Como o consumismo afecta a sociedade, a
coisas e cada vez mais dinheiro para comprá-las,
economia e o ambiente *
com pouco respeito pela verdadeira utilidade
daquilo que é comprado. Uma consequência disto, promovida por aqueles que lucram com o
consumismo, é o acelerar da devolução das coisas antigas (pré-existentes), quer devido à respectiva pouca de durabilidade (tempo de vida)
dos bens produzidos, quer devido à implementação de mudanças na moda.
Os aterros e lixeiras ficam repletos com os produtos
rejeitados,
que
se
avariaram
rápida/
facilmente e/ou já não merecem reparação, em
resultado duma enorme oferta alternativa, sem
precedentes. Adicionalmente, os produtos podem
ser
psicologicamente
considerados
obsoletos,
muito antes de se encontrarem realmente desgastados ou se manifestarem inúteis. Está em
crescimento uma geração, que desconhece o que
O consumismo manifesta-se economicamente
são bens de qualidade e durabilidade. Amizade,
pela aquisição crónica e/ou doentia de novos
laços familiares e autonomia pessoal, apenas são
bens e/ou serviços, com pouca atenção às ver-
promovidos, como veículos para justificar a lógi-
dadeiras necessidades de utilizador, durabilida-
ca da selecção de serviços e aquisições. Tudo se
de, origem dos produtos e respectivas conse-
mede, pelo gasto de dinheiro em bens e servi-
quências ambientais da produção e/ou escoa-
ços.
mento. O consumismo é gerado e impulsionado
É catecismo frequentemente afirmado que, a
por fabulosas quantias gastas em publicidade,
economia só irá melhorar, se as pessoas com-
destinadas a criar, quer o desejo de seguir as
tendências,
quer
os
sistemas
de
prarem mais coisas, mais carros e gastarem
auto-
mais dinheiro. Recursos financeiros, que seriam
recompensa e auto-realização (fictícios), basea-
melhor
do nas aquisições. Materialismo é o resultado
dispendidos
como
“capital
social”,
nomeadamente na educação, nutrição, habita-
final do consumismo.
ção, etc. são dispendidos em produtos de valor
O fenómeno interfere com o funcionamento da
duvidoso e pouca compensação social. Além dis-
sociedade, substituindo o desejo normal e senso
so, o comprador é assaltado pela alta dos preços
comum, adequados às necessidades e estabilida-
das novas coisas e o custo do crédito para com-
de da vida social, comunitária, e familiar, por um
prá-las, além de por despesas menos óbvias,
curso artificial e insaciável, na busca de mais
como por exemplo, no caso dos automóveis, o
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preço dos registos e matrícula, seguros, e custos
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brada saudável.
de reparação e manutenção.
"Em cada ano, estima-se que 1,5 milhões de
Muitos consumidores ficam sem espaço em suas
americanos decidem fazer correcções ao nariz,
casas para guardar as coisas que compram. Uma
barriga ou peito. Muitas destas pessoas seriam
das indústrias em mais rápida expansão na Amé-
incapazes de suportar os encargos desses proce-
rica é o auto-armazenamento. Milhares de hecta-
dimentos cirúrgicos vitais se não fossem os
res de boas terras agrícolas são pavimentadas
empréstimos de empresas criadas para respon-
todos os anos para construir estas cidades-
der a essa procura. Um mero carro usado pode
fantasma de coisas órfãs e indesejadas, de modo
servir de crédito nesta explosão da procura de
a dar às pessoas espaço, para abrigar as coisas
cirurgia de correcção. Empresários nesta área,
novas que vão sendo convencidos a comprar. Se
enfatizam um desafio pouco vulgar, explica o
os produtos armazenados eram antes tão essen-
Wall Street Journal:" Um credor pode ter um
ciais, porque precisam de ser colocados em
carro usado, e adquirir facilmente um novo, mas
armazém? Esta super-abundância de coisas,
dificilmente poderá voltar a possuir um rosto
enfraquece o valor do que as pessoas dão ao que
jovem". De forma que cobram taxas de juro que
possuem.
se elevam, por vezes, até um quarto do valor do
produto ou serviço. Segundo Michael Jayhawk,
Os centros comerciais têm substituído parques,
CEO, "está-se a capitalizar, na área da vaidade
igrejas e lugares comunitários. Muitos, já nem
Americana ".
sequer se preocupam em conhecer os seus vizinhos ou sequer saber os seus nomes. As pessoas
É impossível vencer uma guerra contra si mesmo
circulam com frequência, entre bairros e cidades,
ou contra desejos não controlados. Será psicose
como se fossem produtos a ser experimentados,
uma palavra demasiado forte para usar aqui?
como marcas de desodorizante.
Considere a seguinte linha de raciocínio: "Posso
imaginá-lo, portanto, quero-o. Se o quero, pos-
O consumismo coloca cada pessoa contra si pró-
so, ter. Porque tenho, preciso. Porque preciso,
pria, numa interminável busca para a realização
mereço. Porque mereço, farei tudo o que for
de coisas materiais ou no imaginário dum mundo
necessário para o obter, etc. "
só tornado possível, por coisas (ainda) a serem
adquiridas. Controle de peso, centros dietéticos,
Esta é a “unidade interna” humana em que os
redução de peitos (glândulas mamárias) e outras
anunciantes mexem. Você "imagina isso", por-
cirurgias plásticas, pintura dos olhos e lábios,
que a sua consciência é bombardeada pela ima-
lipoaspiração, uso de colagéneos, são exemplos
gem, até, em seguida, passar para a etapa dois
daquilo que locomove as pessoas, transforman-
", eu quero-o, …etc." Esta estratégia tem como
do-as no “humano consumidor” de bens e
consequência que as pessoas se rendam ao con-
serviços, mais compatível com o “mercado” do
sumismo. Como sociedade, temo-nos dirigido da
que com a vida natural, numa sociedade equili-
auto-suficiência baseada no bom senso pessoal
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dos limites razoáveis, ao ridículo objectivo de
nio das empresas, e são manifestações do con-
procurar atingir o estilo de vida dos ricos e famo-
sumismo em recreação. Oakland, Califórnia, uma
sos, à viva força ou, pelo menos tanto quanto os
comunidade com elevados nível de desemprego
nossos limites de crédito o permitirem.
e pobreza, tem bancos que já criaram categorias
especiais empréstimo e linhas de crédito, para
A felicidade não pode ser comprada no mercado,
que as pessoas possam obter ingressos pessoais
não importa o quanto publicidade tente conven-
para as temporadas dos estádios, que foram
cê-lo disso. As forças impulsionadoras do Merca-
construídos com financiamento dos contribuin-
do têm usurpado o papel até agora assumido
tes.
pela família, casa, senso comum e comunidade.
Temos sido programados para acreditar que
"Desporto,
devemos procurar cada vez mais dinheiro para
exemplo fundamental do sistema de doutrina-
gastar em cada vez mais coisas oferecidas pelo
ção... Oferece pessoas algo a prestar atenção ao
mercado, para nos tornarmos manequins dos
que é de nenhuma importância... Mantem-los
adornos da moda, sendo o nosso valor determi-
afastados de se preocupar com coisas que inte-
nado por aquilo que temos ou não temos, mais
ressam realmente a sua vida...
do que por aquilo que somos, fazemos ou sabe-
nomeadamente
futebol,
é
outro
Considerem-se todas as energias mentais e, por
mos.
vezes físicas, o dinheiro e o tempo que o ameri-
O consumismo, tendo já captado a morte como
cano médio gasta em desportos profissionais e
uma obrigação de consumo, onde tristeza e
universitários e o desvia da manutenção e con-
pesar concorrem com o acto de gastar mais
servação de escolas públicas, por exemplo. Os
dinheiro, vira-se agora outros grandes vida
Estados Unidos poderiam ser o país com as pes-
eventos, como casamentos e nascimentos, que
soas mais bem-educadas de todo o mundo!
se transformaram também em grandes eventos
Observe-se como recente retórica de revitalizar
de consumo, com a sua própria hierarquia das
nossas escolas gira em torno da compra de equi-
exigências para as com a vida dos próprios. Por
pamento informático, em vez de aumentar o
exemplo, quase sempre o vestido da noiva e
salário aos professores e gastar mais dinheiro,
acessórios do casamento, assumem muito maior
com a sua formação e com a de cada aluno?
relevância do que o estado de espírito da noiva.
As equipes e actividades desportivas locais,
A avalanche de artigos de oferta para os descen-
como as ligas de futebol de infantis e juventude
dentes, caracteriza-se já por uma antecedência
são uma manifestação por enquanto relativa-
que chega a antecipar-se à própria concepção.
mente saudável. Há entretanto, uma tendência
A recreação também já se comercializou. Dis-
contínua para a comercialização destas, se as
pendiosos vestuários de lazer, equipamentos
pessoas o permitirem.
desportivos e participação em eventos desporti-
O constante ciclo de trabalho e consumo é já em
vos generalizaram-se com publicidade e patrocí-
si destrutivo do sistema de valores. Mas frequen7
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temente têm que se fazer horas extras para
satisfeito com um interminável abastecimento de
manter o mesmo nível de consumo. Com maior
desejos que só alguns pais podem pagar. Um
frequência ainda, ou o trabalho não é suficiente,
exemplo extremo desta situação é quando algu-
ou está indisponível, e o consumismo provoca o
mas pessoas, geralmente pobres adultos, que
endividamento das famílias, frustrando-as de
muitas vezes poderiam melhor utilizar o dinheiro
acumular mais coisas ou sentindo-se inúteis
para
devido à falta de posses. O consumismo é um
demonstram o seu valor pessoal e força de
lento suicídio societal.
carácter, transformando-se em painéis humanos
a
educação,
alimentação
e
moradia,
publicitários, de vestuário desportivo plástico
Tempo, a preciosa mercadoria “ que encolhe”
milionário. Será isto, edificar uma nação?
nas nossas vidas, é trocada por dinheiro para
comprar as coisas que existem, e é normalmente
Onde se tinha como outrora, os pais a partilha-
pouco, o tempo, que se tem para desfrutá-las.
rem a casa com os seus filhos até quase à idade
Qual o tempo que resta depois do trabalho, que
adulta, realizando os trabalhos de assistência de
é muitas vezes devorado pela televisão, basica-
“baby-sitting” e cuidando dos idosos da família,
mente, em séries cada vez mais medíocres, com
continuadores da sabedoria e tradição, temos
“programas inseridos para encher” entre cada
agora corporativas, de creche e casas de repou-
vez mais espectaculares anúncios comerciais,
so.
cuja finalidade é aguçar o desejo de obter mais
nuclear, é uma razão que alguns grupos imigran-
coisas. Quando estes desejos materiais insaciá-
tes ainda são capazes de competir geralmente
veis não são satisfeitos, as pessoas ficam des-
até a segunda geração (economicamente), sendo
contentes da vida e, em casos extremos amoti-
posteriormente
nam-se e lutam, para obter aquilo para que eles
abandonando valores paternais e, em seguida,
foram "programados" querer.
passando a considerar os objectos materiais
Esta
preservação
dos
afectados
vínculo
pelo
familiar
consumismo,
como um meio de auto-identificação e realiza-
As pessoas habituaram-se à intromissão da
ção, tal com a sociedade americana.
publicidade na sua consciência, na forma de tele-
"Tempo de Qualidade" tornou-se uma mercado-
visão ou nos maciços feixes de celulose dos jornais de fim de semana, e não se protegem a si
ria em si. Infelizmente, não existe um mercado
próprias, ou pior ainda, não protegem os filhos
de qualidade tempo, você tem que preservá-la
de ser seduzidos por ela. Convicto de que o seu
para si mesmo. Porque não usar o tempo da sua
valor pessoal se baseia nos sapatos de atletismo
vida, omitir o dinheiro e os impostos e ir directo
para a felicidade que, normalmente, vem do
de US $ 200 ou vestuário de marca, as crianças
não-material? Este processo faz parte do método
encontram-se já no caminho para a insatisfação
para superar consumismo.
espiritual e ressentimento, bem como uma percepção diminuída de auto-estima. Quando se
tornarem adolescentes, provavelmente não irão
ser felizes ou mesmo produtivos, se não virem
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Doenças de Gente Famosa
Tuberculose na Arte
A Tuberculose influenciou alguns artistas do Romantismo, quer na Literatura, quer na Música.
Há exemplos dessa influência, em Lord Byron, Edgar Allen Poe: neste, a
aparência assombrada dos que sofriam de Tuberculose era entendida
como influencia da referida doença
Nas óperas de Puccini, sabe-se que “Mimi”, por exemplo, em “La Bohéme”, sofre de tuberculose; “Violeta”, da “Traviata” de Verdi, morre de
tuberculose; a Montanha Mágica de Thomas Mann, relata a visita de um
jovem a um sanatório em Davos, na Suiça, onde está um seu primo internado; no sec. xx, no Brasil, a doença influenciou muitas obras do poeta
modernista Manuel Bandeira, nascido em 1886 e tuberculoso desde os 18
anos (há um poema por ele escrito com o título sugestivo de Pneumotorax!).
São por demais conhecidas vítimas famosas desta doença (Anton Tchecov; George Orwell; Amadeu de Sousa
Cardoso; Pedro I do Brasil; o pintor
brasileiro Nery; Chopin, entre outros).
Este, por causa da doença não foi
aceite em casamento por Maria Wodzinski, o que lhe causou uma experiencia extremamente dolorosa; com
29 anos, passou o Inverno em Maiorca, no Mosteiro de Valsemos, muito
doente e a tentar recuperar da doença; relata-se que, durante semanas,
se manteve muito fraco, incapaz de
sair de casa mas trabalhando arduamente na composição dos seus 24
Prelúdios, os quais exprimem as sensações e
emoções emanadas pela
doença: o nº 1é pulsante e agitado, o
nº 2 é mórbido, o 6º é triste e lento, o
8ºrevela uma visão febril, o 20º foi
feito para ser tocado no seu funeral
Nos tempos modernos, admite-se que
as histórias de vampiros, assim como
a cultura gótica, foram buscar influências ao fácies da tuberculose.
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Riscos para a População
ACTIVIDADE FÍSICA NA SAÚDE E NA
Quando um indivíduo sedentário inicia uma activi-
DOENÇA
dade física de maneira regular (não é aquele indivíduo que nos relata que faz uma corrida 1 ou 2
vezes por semana... ou que vai ao ginásio quando
pode... ou anda muito no fim de semana...),
entendida esta regularidade como exercício programado 3, 4, ou 5 vezes por semana com um
plano estabelecido
e cumprido. Dizia eu, quando
ele inicia o exercício, desencadeia-se um conjunto
de adaptações ao esforço que têm benefícios em
Já Hipócrates, dizia ...”Todas as partes do corpo são destinadas a uma função específica. Se
termos de saúde, que auxiliam em termos de prevenção primária de diversas doenças
usadas com moderação, fazendo regularmente
Em termos muito simples: quem pratica exercício
os movimentos para que foram concebidas,
físico regularmente pode, por exemplo, nunca vir a
tornam-se
bem
ser diabético. Ou, no caso de já o ser, conseguir
desenvolvidas e envelhecem lentamente. Mas
melhorar grandemente o seu controlo metabólico,
se ficarem imóveis e ociosas tornar-se-ão pro-
e atrasar as complicações desta patologia.
por
esse
meio
saudáveis,
pícias à doença ,crescerão de forma deficiente
e envelhecerão de forma precoce”
O exercício é um componente da reabilitação de
muitas doenças, e, no caso da diabetes, melhora
A medicina dos dias de hoje confirma e apoia
quer a doença quer ajudando na sua prevenção.
estas ideias geniais do “pai” da medicina. Este
homem, em 420 ac, afirmava que “a manutenção da saúde, assenta no contrariar a tendência
para a redução do exercício. Não existe
nenhuma forma de substituir o exercício. E o
Os benefícios da actividade física sobre a saúde,
não devem ser vistos como relação de uma só
causa para um só efeito: há um componente multifactorial a ser ponderado:
exercício também expele o mal feito pela maior
parte dos maus regimes que a maioria dos
homens segue”
Parece que Hipócrates leu os tratados actuais
sobre fisiologia do esforço e sobre alimentação
saudável e os seus efeitos sobre o organismo.
- a
nível cardiovascular o exercício físico
actua nos factores de risco que conduzem à aterosclerose por exemplo - baixa a pressão arterial,
melhora o perfil de gorduras (o colesterol ”bom”
aumenta e o colesterol “mau” baixa), melhora a
maneira como a insulina se relaciona com o açúcar, a chamada sensibilidade à insulina, o que vai
A actividade física tem repercussão a nível da
melhorar o perfil metabólico dos diabéticos, dimi-
saúde e da condição física, melhorando qual-
nui o “stress”,motiva para comportamentos saudá-
quer uma delas.
veis
10
Ano II – nº01/08
-
a
Página 11
nível
trombogénico,
o
exercício
incidência de infecções e de cancros.
melhora a coagulação do sangue, diminuindo o
potencial de haver tromboses;
- na angina de peito (doença coronária) previne
a sua ocorrência na medida em que actua ao
nível dos factores de risco, reduzindo-os
- é sobejamente conhecido o efeito psico-
- na hipertensão arterial, previne a sua
lógico induzido pelo exercício físico. Os médicos
ocorrência, e tem discretos efeitos hipotensores
aconselham doentes deprimidos a praticar exercí-
directos
- também
cio físico, pois alem de melhorar a ansiedade e o
stress, melhora capacidades cognitivas
melhora a função cardíaca,
reduzindo a morte súbita por redução das arrit-
Por estas razões, e foram muitas as referi-
mias fatais.
das, as crianças devem ser encorajadas na prati-
- é demais conhecido o efeito do exercí-
ca de actividades desportivas pois há melhoria de
cio a nível da obesidade e da sobrecarga ponde-
saúde mental, há a promoção de um crescimento
ral: o exercício físico reduz mesmo o peso, redu-
saudável, há aquisição de virtudes e regras de
zindo a massa gorda e aumentando a massa
convivência no respeito pelo outro.
magra (tecido muscular) equilibra o apetite (os
sedentários têm mais apetite que os desportistas, é sabido) o exercício físico mantém a sua
QUE EXERCÍCIO FÍSICO ESCOLHER? PARA A
acção mesmo depois do exercício terminado,
SAÚDE OU PARA A CONDIÇÃO FÍSICA?
isto é, aumenta o metabolismo em repouso após
a actividade, ou seja, mantêm-se a gastar ener-
As pessoas confundem normalmente saúde com
gia
condição física. Vamos tentar explicitar a diferen-
mesmo depois de já ter terminado a sua
ça com exemplos práticos
prática
- a nível do osso, tem aspectos muito
Se um indivíduo que não pratica exercício físico,
importantes, pois, por um lado, aumenta a mas-
o começar a fazer, desencadeia-se um conjunto
sa do osso e por outro, impede a sua perda,
de adaptações ao esforço. Algumas destas serão
deste modo prevenindo a osteoporose.
vantajosas em termos de saúde, deste modo
auxiliando na prevenção primária de diversas
- nos músculos, aumenta a força destes,
doenças, ou mesmo na melhoria
melhora a estrutura dos tendões e dos ligamen-
de doenças
para o caso de já existirem.
tos.
Outras adaptações vão contribuir para a melho- além do efeito benéfico a nível do aparelho
ria da condição física.
motor, e pelo facto do sistema muscular ter
Como exemplo, temos um indivíduo que tem
interferência no sistema imunitário, há um efeito
(Continua na página 12)
imunoestimulante. Deste modo, havendo menor
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Ano II – nº01/08
Página 12
uma dislipidemia e não pratica exercício físico.
Há mais ganhos em saúde
quando se passa
Ao iniciar a actividade física o que vai aconte-
duma inactividade para actividade
cer , é que passadas umas semanas, o seu perfil
duma actividade mínima para uma moderada do
lipídico já estará alterado. E se for obeso, já
que dum regime moderado para um
poderá andar a passo mais largo . O seu perfil
Estamos a falar em termos de prevenção prima-
lipídico continuará a melhorar com o tempo até
ria
atingir um plateau, ou seja , vai estabilizar.
aproveitar os aspectos positivos do exercício físi-
mínima ou
intenso.
ou de reabilitação de doenças; estamos a
co e não do aumento das diversas capacidades
Com o tempo, vai melhorando a sua resistên-
físicas
cia, mas a partir de certa altura os lípidos não
Os objectivos de um programa de exercício físi-
baixam mais.
co devem ser caracterizados para o caso de se
A nível de saúde iniciou melhoria desde inicio
do exercício e a nível
pretenderem ganhos em saúde, se aumento da
da condição física tem
condição física, ou se para treino desportivo de
aumentado progressivamente, e poderá aumen-
competição; são como vimos coisas diferentes.
tar mesmo depois dos máximos resultados a
Só nos vamos debruçar sobre os exercícios que
nível da saúde terem sido atingidos.
melhoram a saúde
Para clarificar, vejamos o exemplo de um atleta
de alta competição: para atingir resultados, precisa de efectuar esforços grandes, que poderão
PREVENÇÃO PRIMARIA DAS DOENÇAS CAR-
ter efeitos nocivos a nível da saúde _ portanto,
DIOVASCULARES
esforços que aumentam a resistência e condi-
O PAPEL DA ACTIVIDADE FÍSICA
ção física mas que podem agravar saúde
A actividade física tem um papel importante na
A carga de actividade física necessária para pro-
prevenção primária das doenças cardiovascula-
mover a saúde é bem menor do que a necessá-
res, isto è, impede o aparecimento destas doen-
ria para induzir ganhos em condição física
ças.
A estrutura biológica e psicológica do ser humano esta preparada e adaptada ao exercício físico,
e necessita dele. Como se deduz, a inactividade
é um importante factor de risco para as doenças
cardiovasculares (e não só) a população sedentária tem um risco duas vezes maior de desenvolver doença coronária e diabetes mellitus
O objectivo principal da utilização da actividade
física è a promoção da saúde e não da condição
física: o nível de actividade física para a promoção da saúde è muito inferior às necessidades
12
Biblioteca Virtual
que não devem, e os tipo 2 deveriam praticar
para induzir ganhos em condição física.
mais exercício e não o fazem geralmente
Percebe-se que actividades físicas em idosos
terão que ter alguns cuidados, dado o risco de
Quais são então os benefícios da prática
complicações cardiovasculares e osteo- muscu-
exercício físico para um doente diabético?
lares: a actividade física para a melhoria da saú-
do
Sabemos que os diabéticos têm entre 2 a 4 x
de terá frequência, duração, intensidade, regula-
mais de risco de doenças cardiovasculares; a
ridade, diferentes das necessidades para a
dislipidemia (alteração das gorduras no sangue)
melhoria da condição física.
é um factor contributivo para esse risco. Estes
Justifica-se a pratica de exercício físico no
doentes têm regra geral os níveis de hdl baixos,
doente diabético?
e os níveis de ldl elevados (aquilo que se chama
na gíria colesterol bom e mau). A actividade física consegue modificar este desequilíbrio
Sabemos também que os diabéticos têm muitas
vezes associada hipertensão arterial: ora , a
pressão arterial diminui com o exercício físico. E
Como na população geral, o exercício físico
os parâmetros da coagulação do sangue são
aumenta o bem estar , reduzindo os factores de
também melhorados, com a sua prática
risco cardiovasculares, e controla os níveis de
glicemia (nível de açúcar no sangue). A associa-
A maioria dos diabéticos tipo 2 é obesa: a perda
ção americana de diabetes declara que “todos os
de peso conseguida com a prática de exercício
doentes diabéticos deverão ter oportunidade de
físico continuado reduz igualmente o risco car-
beneficiar dos muito validos efeitos do exercício
diovascular. É se dúvida um complemento inul-
físico”
trapassável da dieta equilibrada.
Evidentemente que tem de haver um plano
Os efeitos psicológicos do exercício físico
individual de actividade física para cada diabéti-
também melhoram a qualidade de vida , por
co, na medida em que o próprio exercício físico
interferirem positivamente na auto-estima e no
beneficiando
pode
humor. Sendo uma doença crónica, o diabético
representar para alguns doentes riscos poten-
precisa sempre em alguma fase da sua evolu-
ciais. Há limites realistas para a duração e tipo
ção, de apoio psicológico, que pode ser disponi-
de actividade.
bilizado pelo exercício físico. Como doença cróni-
na
globalidade
a
saúde,
ca pode contribuir para a tristeza e isolamento
Alguns diabéticos não deverão praticar mergu-
do doente, mas a prática de desporto facilita as
lho ... Ou montanhismo!, por exemplo.
relações sociais.
Ser diabético tipo 1 ou 2 também é uma variável
a ponderar na escolha do exercício -
O principal risco do exercício para um diabético
o que
(mais do tipo 1 que do tipo 2)é a hipo glicemia
acontece na pratica corrente é que os diabéti-
induzida pelo exercício
cos tipo 1 querem praticar muitas modalidades
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Ano II – nº01/08
Texto Livre
Em todo o seu percurso fez uma
A CAIXA ENIGMÁTICA
“casa”, desta vez na Cova da
(Uma história de continuidade...
no C Saúde ”
Habituei-me
á
sua
presença
habitual, no canto esquerdo da
secretária,
bem
encostado
á
janela, até por que o gabinete
piedade.
Está
iniciou
“nada foi que não voltasse a
redondezas.
ser”!...
De novo a caixa viajou para
facto uma velha caixa de cartão, cheia de “papéis”, cuidadosamente atada com um cordel,
gabinetes diferentes.
Se não bastasse, com os ventos
que
sopraram,
e
porque
“circular é viver”, passados quatro anos a caixa acompanhou
novamente o seu dono em mais
uma viagem, tal como eu, para
não sei há quantos anos...
a Sobreda.
Já era uma antiguidade...
Afinal, é mesmo verdade que o
Esta já era a sua segunda casa.
voltas!...
Da primeira casa, na Extensão
do Monte Caparica, depois de
tantos anos abandonada,
alguém a tinha empurrado para
mundo é pequeno e dá muitas
Mas o que terá esta caixa de tão
importante, que vai resistindo
dono, que partilhava o gabinete
Desta vez e com as atribulações
acontecer. O seu proprietário,
ao mudar de local de trabalho,
voltou mais uma vez a deixá-la
da mudança a caixa abriu-se e
espalhou-se parcialmente o seu
conteúdo. Será que já tinha sido
aberta alguma vez?
esquecida, como se não valesse
Reagrupado o conteúdo, a caixa
nada.
continuou cuidadosamente arru-
Mas será que valia alguma coisa?
O que será que continha
aquela velha caixa de cartão?...
Mais dois ou três anos se passaram e como ninguém viesse
buscá-la, lá foi mais uma vez
empurrada para perto do seu
dono. Foi conhecer mais uma
que
conta
viagem
quase
pelas
com
vinte
anos?
Que segredos encerra?
Será que as viagens terminaram? Será que vai parar por
aqui?
Espero que não... porque
parar é morrer...!
PS – De acordo com informação
de última hora, a caixa já se
ser visto no gabinete do seu
proprietário.
ao longo dos tempos e das
mudanças?
Caparica. Mas o pior voltou a
sua
transformou em saco e poderá
ali. Porque ali estava o seu
de trabalho comigo, na Costa da
a
Qual será o futuro desta caixa
Durante anos ela esteve ali.......
papéis. Sim, porque ela era de
Monte
muitas voltas” ou se preferirem
como eu, só que desta vez em
da banheira onde já havia mais
no
Caparica, onde nasceu e onde
Almada, para outro serviço, tal
de banho do lado, para dentro
novamente
.....“O mundo é pequeno e dá
era pequeno.
Depois mudou-se para a casa
viagem circular...
mada dentro do armário do seu
dono, num gabinete próximo do
meu.
Passado um ano e meio mais
uma vez mudámos de local de
trabalho. O dono da caixa e eu.
E a caixa mais uma vez nos
acompanhou...
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M. Anjos Garcia

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