Relatório III Encontro Nacional da Rede Brasileira de

Transcrição

Relatório III Encontro Nacional da Rede Brasileira de
Relatório
III Encontro Nacional da Rede Brasileira
de Comercialização Solidária
18 a 20 de agosto de 2015
Centro Marista São José das Paineiras – Mendes/RJ
Produção do Relatório:
Marcela Peixoto
Anderson Barcellos
Rizoneide Amorim
Apresentação
Este relatório apresenta o resultado do III Encontro Nacional da Rede Brasileira de
Comercialização Solidária - Rede ComSol, realizado nos dias 18, 19 e 20 de agosto de 2015, no
Centro de Eventos Marista São José das Paineiras, município de Mendes/RJ.
O Projeto Rede ComSol é fruto de um convênio estabelecido entre a União Brasileira de
Educação e Ensino (UBEE) - Instituto Marista de Solidariedade (IMS) e a Secretaria Nacional de
Economia Solidária (SENAES) - Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e em parceria com o Fórum
Brasileiro de Economia Solidária (FBES). Este Encontro teve o intuito de dar continuidade ao Plano
de Vida da Rede ComSol junto aos Pontos Fixos componentes da Rede ComSol, conforme os
seguintes objetivos:
Objetivos
Análise de conjuntura da Economia Solidária no Brasil;
Concluir o Plano de Vida da Rede ComSol;
Elaboração da forma/instrumentos de “funcionamento e gestão” da Rede ComSol;
Estratégias de continuidade da Rede ComSol.
Participantes
Instituto Marista de Solidariedade: Anderson Barcellos, Katia Oliveira, Maria Auxiliadora
Barros, Rizoneide Amorim, Shirlei Silva, Vinícius Fuzeti, Janaina Rodrigues, Kadio Aristide,
Rogério Henriques, Fabiana Azeredo e Roseny Almeida.
Representantes das modalidades de Pontos Fixos: lojas, feiras, centrais de comercialização e
centros públicos de Economia Solidária de todo país;
Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES/MTE), representada por Regilane
Fernandes;
Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES), representado por Sueli Angelita;
Convidados: Euclides Mance; Marcela Peixoto; Adriana Bezerra; Sandra Quintela (PACS)
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Programação
Turno
Manhã
18 de agosto de 2015
19 de agosto de 2015
20 de agosto de 2015
(terça-feira)
(quarta-feira)
(quinta-feira)
⇨ Chegada ao Rio de
⇨ Memória do dia anterior;
⇨ Memória do dia anterior;
Janeiro e deslocamento
⇨ Territórios e Fluxos na
⇨ Apresentação de trabalhos
para Mendes
perspectiva da Economia
em grupo realizados no dia
Solidária (Regilane Fernandes e
anterior);
Euclices Mance)
⇨ Avaliação e
Encaminhamentos da
Concluir o Plano de vida de Rede
Atividade;
ComSol
⇨ Fluxos de atuação da Rede
ComSol
Tarde
⇨ Mística de Abertura
⇨ Percurso da Rede ComSol
oficial (apresentação das
(linha do tempo);
pessoas)
⇨ Fluxos de atuação da Rede
⇨ Mesa de abertura
ComSol – (continuidade em
(Senaes, FBES, IMS)
trabalho de grupo)
⇨ Retorno para casa;
⇨ Analise de conjuntura
participativo
⇨ Intervalo
⇨ Aprofundando a
Análise de conjuntura
(Euclides Mance e Sandra
Quintela);
Noite
⇨ Convivência (Feira)
⇨ Festa da partilha, feira de
sementes, grupos de trocas
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18 de agosto de 2015 (terça-feira)
Boas-Vindas
O primeiro dia da atividade foi juntamente com a participação de Educadoras/es que
participaram do Seminário Sudeste de Educação Popular em Economia Solidária, promovido pelo
Centro de Formação e Assessoria Técnica em Economia Solidária da Região Sudeste – Rede CFES
Sudeste. O encontro teve início com uma mística de apresentação dos participantes por região.
Após a apresentação por região foram apresentadas o Conselho Gestor da Rede ComSol, o
Conselho Gestor do CFES-SE, a equipe do Instituto Marista de Solidariedade, além das pessoas
convidadas para dar suporte na realização do evento.
Terminada a dinâmica todos os participantes se acomodaram no auditório para iniciar os
trabalhos com uma mesa de boas-vindas.
Em seguida, apresentou-se a programação do encontro, e deu-se início à mesa de abertura
do evento.
Mesa de Abertura
Na mesa os participantes trazem a simbologia do lugar, já que foi naquele espaço onde teve
início a articulação nacional do movimento. Se conectamos está constatação com o momento
histórico e a crise política que a economia solidária, assim como todos os movimentos sociais e a
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cidadania brasileira de modo geral está vivendo, o encontro se transforma numa grade
oportunidade de reassumir o compromisso militante de outrora.
Ressaltou-se a importância de elaborar uma estratégia educativa e econômica autônoma,
que dê conta que seguir construindo e fortalecendo a economia solidária no panorama político
brasileiro. Para isto é necessário que ocorram transformações profundas nas pessoas enquanto
sujeitos de ação política e de transformação da sua própria realidade, é preciso reexistir, como
disse Regilane Fernandes da SENAES, “as correlações de forças políticas não são favoráveis, mas a
militância deve se manter firme na luta diária nos empreendimentos, no território”.
Participantes da Mesa:
Regilane Fernandes– SENAES/MTE
Sueli Angelita – FBES
Shirlei Silva - IMS
Welington Adriano – Conselho Gestor Rede ComSol
Analu Laporte – Rede CFES-SE
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Análise de Conjuntura
Para esse momento, o Pedro Otoni (Consultor da Rede CFES Sudeste) fez uma explanação
com uma breve introdução sobre o que é análise de conjuntura e apresentou a metodologia a ser
adotada. A Plenária foi dividia em cinco grupos para ler o texto, debater e sistematizar o debate em
um painel. Cada grupo foi trabalhar um dos elementos da análise. O texto utilizado foi Como se faz
análise de Conjuntura, de Betinho. Assim, Pedro orientou para o trabalho de grupo, explicando os
cinco elementos da análise de conjuntura:
1) Atores (atua em determinado cenário);
2) Cenário (onde atuam os atores, pode ser físico ou social);
3) Relação de forças (capacidade de mobilização dos atores para influenciar o cenário);
4) Articulação (relação entre estrutura e conjuntura, que sempre estão relacionadas com nossa
história, e foco na mudança de rumo do futuro na direção daquilo que os atores querem);
5) Acontecimentos (eventos, que não fatos, que tem a capacidade de influenciar a correlação
de forças dentro do cenário que sejam capazes de mudar o contexto).
Foram distribuídas revistas, cartazes, tesouras e outros materiais para que cada grupo de
trabalho realizasse sua análise de conjuntura. Durante a realização dos trabalhos foram
desenvolvidos intensos debates entre os participantes e deu-se um rico processo de reflexão
coletiva.
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Apresentação dos cartazes sobre análise de conjuntura
O trabalho de grupo favoreceu o debate sob os cinco elementos orientados anteriormente,
fato que propiciou que cada grupo desenvolvesse a montagem de painéis que posteriormente
foram apresentados e socializados em plenária.
Das apresentações realizadas pelos grupos, destacam-se as principais considerações:
Atores: a nossa organização é a nossa força!
Cenário: A elite passou a atuar na rua. Os movimentos foram para os gabinetes e a elite foi para a
rua. Discurso de Ódio. PL4685 necessidade de aprovação. Bancada BBB – Bala/Boi/Bíblia. Vamos
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continuar como está? Voltamos para casa com a missão de retomar a luta. Necessidade de
formação de quadros de liderança.
Acontecimentos: reeleição polarizada. Congresso mais conservador da história da democracia.
Onda de manifestações golpistas x manifestações dos movimentos sociais. A Senaes é nossa! Que
este encontro sirva para fortalecer o trabalho de base.
Articulação: impeachment x marcha das margaridas. Mídias alternativas. Somos atores e num
cenário negativo. Fazer uma mobilização através da internet instantânea difundindo as pautas do
encontro nas redes sociais. Forçar a aprovação do PL. Dar formação de base à juventude. Tentar
blindar a presidente.
Relação de forças: “3 blocos”: mídia/inimigos/o que temos de bom. Pré-sal, papel da rede globo na
formação de opinião, retirar a concessão,
Mesa: Análise de Conjuntura
Para a Mesa de análise de conjuntura foram convidadas duas pessoas históricas do
movimento, de modo a contribuir na análise realizada pelos participantes no momento anterior.
Sandra Quintela iniciou a análise a partir de uma perspectiva feminista. Em seguida Euclides Mance
trouxe uma análise macroeconômica e a partir da articulação de forças internacionais. Os
conteúdos das falas realizadas durante a mesa seguem descritas abaixo:
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Sandra Quintela
O início de sua fala traz a lembrança da origem da
Rede Brasileira de Socioeconomia Solidária. Para mais
informações à cerca desse processo acesse a página na web
do PACS: www.pacs.org.br
Outra lembrança citada pela palestrante foi a frase
proferida por Marcos Arruda: “Na realidade vivemos hoje os
sonhos que sonhamos ontem e vivendo estes sonhos
sonhamos outra vez”.
A fala de Sandra trouxe questões relativas às mulheres, entre elas a invisibilização do
trabalho, da luta e da organização das mulheres, fatos que a apontam para a necessidade de
visibilizar o papel das mulheres na construção de alternativas. Neste contexto, foram apresentados
dados de um Relatório da ONU sobre o problema estrutural da violência contra as mulheres, onde
48% das mulheres são agredidas em casa, sendo que 3 de cada 5 mulheres sofrem violência em
casa; de 1980- até 2010, no Brasil, 92 mil mulheres foram assassinadas destas, 47% somente nos
primeiros 10 anos de século 21. Nos primeiros 10 anos do século 21, os homicídios de mulheres
aumentaram 17%, sendo a maioria mulheres jovens e negras. Atualmente, 38% das chefes de
família no Brasil são mulheres. Outro indicador que atesta a participação das mulheres nas
atividades econômicas é o nº de mulheres com carteira assinada, hoje na faixa de 35%, no entanto,
recebem 29% a menos que os homens no mesmo cargo.
Outro ponto debatido foi com relação à concentração de riqueza, que dá conta que 1% da
população mundial aumentou riqueza de 44% para 48% nos últimos 7 anos, se continuar assim, irão
para 50% em um ano. Este é o retrato do mundo onde vivemos. A concentração se desloca de
quem tem menos para quem tem mais.
Analisando a situação brasileira, temos questões que recentes que ameaçam grandemente
as mulheres e suas organizações, entre elas a Agenda Brasil lançada no mesmo dia da Marcha das
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Margaridas, vale salientar que a Agenda Brasil, que se coloca como uma contrapartida ao apoio do
parlamentar ao governo, guarda diversos pontos polêmicos. Dívida em três eixos (Melhoria do
Ambiente de Negócios, Equilíbrio Fiscal e Proteção Social), a proposta visa transferir para o Senado
o papel de “capitanear a retomada da animação econômica”.
No entanto, os caminhos apontados pelo congresso para a retomada do crescimento são
controversos. Entre as propostas da agenda está a regulamentação dos trabalhadores terceirizados.
O texto da proposta prevê "regulamentar o ambiente institucional dos trabalhadores terceirizados
melhorando a segurança jurídica face ao passivo trabalhista potencial existente e a necessidade de
regras claras para o setor".
Na área de infraestrutura, a agenda propõe a “revisão dos marcos jurídicos que regulam
áreas indígenas“, visando “compatibilizá-las com as atividades produtivas''. Além disso, a legislação
sobre “investimentos na zona costeira, áreas naturais protegidas e cidades históricas“ será
reavaliada para “incentivar novos investimentos produtivos”.
Em relação aos programas sociais, o documento sugere mudanças no funcionamento do SUS
e da Previdência Social. A proposta pede que se avalie "a possibilidade de cobrança diferenciada de
procedimentos do SUS por faixa de renda". Posteriormente, o item foi retirado da agenda após
uma reunião entre Renan e o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Logo após a divulgação da ideia, o
governo foi pressionado pelos setores que desejam manter o SUS como um sistema universal e
gratuito para pobres e ricos, indistintamente.
Em relação à Previdência Social, o texto é genérico e se resume a "ampliar a idade mínima
para aposentadoria“.
Estas questões referentes à agenda Brasil, sugerem questionamentos para os movimentos
entre eles: por que a agenda Brasil teve seu lançamento paralelamente à marcha das Margaridas? É
para reafirmar o poder do agronegócio? “NADA É POR ACASO”. Pois percebe-se um grande
movimento por parte do governo para a flexibilização geral do investimento, a Agenda Brasil é um
Golpe em toda regra! E quem mais vai sofrer com isso são as mulheres. É necessário combater
fortemente a Agenda Brasil, para tanto a mobilização dos setores organizados da sociedade entre
eles os das mulheres.
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Para além da agenda Brasil, outras ameaças que não são recentes, mas que seguem a
humanidade ao longo de sua história, como a cultura patriarcal e sua corrente de pensamento que
perpassa por todos os setores da sociedade, devem ser amplamente combatidos por meio de
estratégias concretas, entre elas o desenvolvimento de uma economia feminista e a rediscussão da
teoria do valor. É cada vez mais necessário se opor ao valor de troca e a mercantilização extrema de
todas as coisas impostas pelo sistema capitalista, um exemplo claro é o capitalismo “economia”
verde.
Neste contexto, se faz necessário reelaborar a dimensão do trabalho das mulheres não
apenas em valor de troca da mão de obra para produção de bens e serviços, mas possibilitar o
reconhecimento do trabalho de reprodução (economia do cuidado), trabalho de preservação da
cultura e do saber popular, que historicamente são trabalhos que não tem valor e, portanto, são
totalmente invisíveis, reverter essa lógica se faz urgente e necessário.
Euclides Mance
Assim como a palestrante anterior da mesa, Euclides
Mance também se lembra da Rede Brasileira de
Socioeconomia Solidária.
Dando seguimento em sua fala, Mance afirma que analisar
a conjuntura é analisar a disputa por hegemonia e propor
um novo rumo para história em seus aspectos econômicos,
políticos e sociais. Nós temos o poder do povo, isto passa
pela auto-organização, pela nossa autogestão, em uma
sociedade que constrói outros valores. A conjuntura está sempre ligada com a estrutura econômica
da sociedade e com um modo de produção capitalista (produção de riqueza com exploração do
trabalho), aqui (defendemos autogestão). “Para eles tudo é mercado, para nós há formas solidárias
de relação econômica (reciprocidade, gratuidade, apoio mutuo) ”. Qual a nossa possibilidade de
apresentar uma proposta de país com base na Economia Solidária. Hoje somente 22% dos
trabalhadores atuam no setor industrial. A maior parte dos/as trabalhadores/as estão alocados nos
setores de serviços e de comércio, o avanço tecnológico tem gerado o desemprego de um grande
contingente
de
trabalhadores/as
com
baixo
índice
de
sindicalização
e
politização
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concomitantemente. Uma das características que conferem o capitalismo é a sua grande
capacidade de aprisionar as forças produtivas. Por outro lado, o movimento da economia solidária
deve buscar por uma libertação das forças produtivas, retirando-as das mãos dos capitalistas e que
a tecnologia possa gerar bens para todos libertando as forças produtivas. Infelizmente, o
movimento da economia solidária não tem conseguido pautar essa discussão, por outro modo de
produção, outro modo de desenvolvimento tecnológico. Atualmente se paga menos salário nos
países desenvolvidos, aqui tivemos uma política de transferência de renda e de crédito. Uma parte
do dinheiro que fugiu dos países ricos veio para os países emergentes, pelas taxas de juros que
eram mais atrativas.
Estamos observando a recuperação dos EUA e a especulação da China, por outro lado, o
Brasil teve retração económica de 1,5% no último trimestre, e a Rússia 2,2%. Esta situação não vai
ser resolvida pela política econômica que está sendo adotada pelo governo Dilma, a recessão é no
mundo. A história mostra que Governos endividados = população endividada. Alternativas?
Economia solidária pode ser uma alternativa, disputando a hegemonia. Para tanto é necessário
garantir o avanço nas conquistas de pautas como: poder público não estatal, reforma agraria,
finanças solidárias, entre outras.
Com toda a tecnologia desenvolvida daria para produzir para todo mundo, mas isto não
ocorre porque as forças produtivas estão aprisionadas para gerarem lucro. Precisamos libertar as
forças produtivas que não significa que tais forças tenham que vir somente para as mãos dos/as
trabalhadores/as ou do estado. Temos que libertar essas forças produtivas da dinâmica do mercado
para que ao mesmo tempo possam surgir e fortalecer novos atores econômicos. Se imaginarmos o
contingente de 1 bilhão de pessoas conectadas no Facebook que poderiam para além da diversão
promover movimento econômico com grandeza para contribuir para a libertação das forças
produtivas. Olhando para a Economia solidária que é composta por atores econômicos, a qual
produz valores econômicos e riquezas da ordem de 3% do PIB brasileiro, correspondendo a 67
bilhões de dólares produzidos por ano, fora as trocas não mercantis. Se organizássemos esses
trabalhadores, por exemplo, por dentro do Cirandas, poderíamos possibilitar um sistema de
intercâmbio econômico em rede. Há uma contradição de forças na sociedade e precisamos definir o
que queremos, outro modo de produção e de apropriação. Se outros movimentos como a Via
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Campesina estivesse organizada para produzir e consumir em rede conseguiríamos fundos para
ampliar nossa própria organização produtiva.
Debate
Temos que reconhecer a divisão sexual do trabalho também dentro das nossas dinâmicas;
O trabalho doméstico não é um trabalho exclusivamente das mulheres;
Carta aos brasileiros e o compromisso do Lula de não mexer na estrutura capitalista.
É inegável que esses governos foram os melhores, mas eles já chegaram viciado no poder e
não atendem às nossas pautas de transformação. Precisamos elaborar um conjunto de proposta
que paute um projeto de país soberano. Precisamos apoiar Dilma naquilo que significa um projeto
de governo democrático e popular, no resto devemos combatê-lo. Houve muito interesse na
permanência dos palestrantes para ampliar o debate.
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19 de agosto de 2015, quarta-feira (manhã)
Memória do Dia Anterior
1º A mística
Trouxe a diversidade do país, suas lutas locais, uma síntese do que acontece no país na
economia solidária. Mostra de um movimento com muita capacidade, porque está presente no
Brasil inteiro.
Mística de Mendes, seu papel histórico para a construção da economia solidária no Brasil.
Lugar simbólico para o movimento. Retornar aqui é recuperar nossa proposta militante.
Importância da unidade dos movimentos na atual conjuntura conservadora. Temos que dividir
a trincheira de luta junto com outros movimentos. Não apenas fazer belos encontros, mas ter a
capacidade de atuar nos territórios. É a prática e não a retórica o que importa.
O papel da formação e da comercialização na Economia Solidária.
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Fundamental utilizar este espaço para se articular melhor
Houve um resgate do trabalho do dia anterior afirmando que aprendemos mais quando fazemos as
coisas com a síntese apresentada nos cartazes:
1) Atores: relação entre nós e nossos inimigos. Identificar os atores, os nossos e eles
2) Acontecimentos: Eleição de Dilma – Configuração de um congresso ultraconservador
(ruptura com o arranjo de forças dos anteriores 3 governos) - a direita muda de tática
passando a fazer manifestação de rua – Do nosso lado: marcha das margaridas
(acontecimento unitário da esquerda dos últimos tempos) – Manifestação do dia 20/08
(como podemos nos integrar? – realizar uma ação nas redes sociais)
3) Cenários: ambiente institucional parlamentar e as ruas. Não podemos entregar as ruas para
4) Relação de forças: desfavorável porque não entendemos e não conseguimos produzir uma
maneira de atuar nesta situação, precisamos compreender e elaborar uma maneira de
5) Articulação: a conjuntura é resultado de uma trajetória histórica de luta, ataques,
concentração. Sempre precisamos discutir
Mesa de debate sobre a análise de conjuntura com Sandra Quintela e Euclides Mance.
Ficou muito forte no debate a necessidade de se criar uma narrativa para visibilizar o trabalho das
mulheres na Economia Solidária.
Mesa Temática (Território e Territorialidade e Estruturação de Redes)
Regilane Fernandes ( Território e Territorialidade)
Resgatando o que Euclides trouxe sobre o grande
campo de disputa da Economia Solidária e de
outros projetos emancipatórios, sem ser um fim
em si mesmo, é a disputa de hegemonia e isto
significa ocupar os espaços de poder que
definem a condução da vida na comunidade.
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A V Plenária Nacional de Economia Solidária fala de envolvimento, como envolver as pessoas em
todos os processos para que o Bem-viver se consolide. Nossa proposta é diferente daquela que
está presente no imaginário do brasileiro sobre o que são as felicidades “nós falamos de outra
forma de vida, de outras ideias e outros valores”. As disputas no território são tão sutis que às
vezes a gente não percebe, são nossas decisões cotidianas que traduzem nossa luta no lugar, a
partir do lugar de pertencimento das pessoas. A importância do território ganhou força nos últimos
anos dentro do movimento de Economia solidária, mas nas lutas das comunidades do campo este
debate é antigo e traz elementos acumulados para os debates, tanto do que já foi dito no
movimento como do que foi dito pelo governo.
Nosso local de pertencimento é o planeta. Queremos mudar a forma de ser humanidade
mudando a nossa consciência planetária, formar um espírito de comunidade planetária. Por que a
economia solidária brasileira está falando de território? A transformação só é real no dia a dia. A
vida não é um tratado filosófico, a vida é cotidiana. Estamos no território, mas não posso esquecer
que estamos dentro do mundo. Pensar globalmente e agir localmente. Só consigo fazer isto a partir
da construção de novas pessoas, de indivíduos com outra consciência. Capacidade de unificar os
dois debates, global e territorial.
Para discutir Economia solidária a partir dos territórios é necessário:
Ter como Ponto de partida a imersão na realidade;
Provocar a desalienação das relações de mercado;
Refletir sobre o que está fortalecendo a minha prática?
Olhar de perto para onde as relações econômicas acontecem é fundamental para
acompanhar seus efeitos e entender qual o sentido do desenvolvimento que estamos
construindo
Ampliar as relações e lutas dos movimentos (campo-cidade, étnicos, ecologia, feminismo...)
É necessário refletir que não adianta vender uma alface livre de agrotóxico, mas manchado
com o sangue das mulheres que apanham dentro das unidades de produção ou com o
trabalho infantil. Contudo, somente mergulhando no território conseguimos combater tais
práticas.
Ampliar as possibilidades de pacto entre sujeitos, institucionalidades e políticas;
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As lutas precisam estar coladas entre os movimentos;
O território é fértil para reivindicar a organização coletiva e holística das pautas. O que é o
território? Coletivo: Lugar, local, grupo, feira, espaço, campo de atuação; O território se constrói a
partir da identidade, de uma história, dos elementos naturais, de vínculos com a terra, mas
também de fatores econômicos, da cultura, ou de todas essas coisas juntas. “Os territórios rurais de
identidade (cidadania) ”, por exemplo, foi uma concertação entre governo e sociedade civil. Outras
orientações a cerca de uma proposta de desenvolvimento territorial são perceptíveis na definição
da V Plenária (ver extrato do documento final), nos documentos da SENAES (ver extrato do
documento).
Em ambas análises falta o componente de disputa de poder, o território é um espaço de
coesão, mas é também um espaço de disputa. Contudo, para a organização da Economia Solidária
dentro do território é necessário priorizar os sujeitos.
Na III CONAES não ficou claro o que é um território para a economia solidária, que precisa ser
reconhecido para dar força à nossa identidade como movimento porque se não fazemos o governo
vai fazer. Mas este conceito tem que dar conta da diversidade que compõe a economia solidária.
Para a economia solidária existem várias formas de território. Por isto é importante estabelecer
critérios para direcionar a política. Qual o método para a política pública chegar no território? Hoje
em dia isto se dá através de projetos. É aquilo que assegura que entre a identidade territorial e a
forma como a política chega no território. Os EES não podem chegar pedindo política pública, tem
que chegar pautando política pública.
Euclides Mance (Estruturação de Redes)
A sociedade é uma grande rede e quais são seus fluxos:
1) Conhecimento
(informação,
educação
e
comunicação);
2) Materiais (econômicos e ecológicos): Nosso corpo é
o reflexo maior dos fluxos ecológicos, mas nossa vida
depende da vida de outros organismos vivos que estão
interconectados entre si. Também temos os fluxos
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econômicos, que são matrizes, econômicas, produtivas e financeiras.
3) Poder: Quem faz o que, quem organiza isto, como se realiza a gestão destes fluxos (?);
Eles se interconectam, estão todos juntos. Os seres humanos organizam os modos de apropriação
que é aquilo que nos sustentam, mas também de produção que é quem garante a solução das
nossas necessidades. Quando integramos estes fluxos temos o desenvolvimento das forças
produtivas da humanidade e o desenvolvimento das nossas necessidades, refinando-as. As duas
coisas estão conectadas entre si e conectadas ao ecossistema. Para isto precisamos ter comunidade
sempre, é fundamental o conhecimento (aspectos culturais, linguísticos, etc) e capacidade de
intervir mudando a lógica do capitalismo que busca mercados para vender produtos para a lógica
da economia solidária que deve buscar comunidade para conviver e libertar os seres humanos.
Portanto, reverter a lógica capitalista de produção que exclui as pessoas para uma lógica que visa a
inclusão das pessoas tal como afirma a economia solidária.
Então, para que precisamos da economia? Para nos libertar de toda forma de opressão e
destruição do planeta, precisamos organizar nossos fluxos materiais, o nosso conhecimento e o
fluxo de poder para construir um poder público não estatal, ou seja, uma Economia de libertação
para garanti o Bem-Viver a partir da reflexão.
Se analisamos estes processos na forma de rede, mas o que é rede? Rede a partir dos
atores. Rede a partir dos fluxos econômicos no território. Se conectamos o consumo destes atores
que querem mudar o mundo se não direcionamos nosso fluxo de consumo para nossos atores. Se
mapearmos os fluxos descobrimos como fazer surgir o ator que não existe. O que queremos é fazer
desaparecer os atores capitalistas. A economia solidária tem que produzir tudo, desde a verdura
até o avião e seus componentes. Não adianta fazer mapeamento de Economia solidária para buscar
mercado para vender, mas esta é a lógica é capitalista e exige dinheiro. A Economia solidária tem
que construir outro sistema de intercâmbio, temos que acabar com a escassez de dinheiro no
mercado.
O desenvolvimento das forças produtivas impacta no desenvolvimento do capitalismo. As
forças produtivas permitem gerar mais produtos com menos mão de obra, no capitalismo isto é
desemprego. Na economia solidária pode ser trabalhar menos e possibilitar o bem-viver.
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Precisamos construir comunidades econômicas, de onde vem a matéria prima? O que
fazemos com os ganhos que temos? O que fazemos com o nosso conhecimento? Qual o nosso fluxo
de consumo? Podemos fazer o exercício de pesquisar isto na comunidade. Dá para fazer o
mapeamento das famílias, dos EES e do governo no território.
Tem coisas que dá para comprar no ponto fixo de Economia solidária, mas tem coisa que
não tem possibilidade de comprar lá, mas podemos fazer “licitação”, tentar conseguir consumir em
grupo. Temos que ter a perspectiva de organizar o consumo de forma a libertar as forças
produtivas.
Precisamos avançar em uma proposta de planejamento de um Ponto Fixo através de
intercâmbio de créditos (em produtos) que podem ser gerados em produtos ou trabalho. Definir o
ponto de sustentação do ponto fixo. O que é lucro no capitalismo é margem para integrar o fundo
no ponto fixo. Precisamos ver se temos fluxo de consumo para o ponto fixo. O que estamos
procurando na economia solidária? Ganhar dinheiro para gastar no mercado capitalista? O ponto
fixo é o lugar onde comprar o que precisamos. Estamos produzindo para suprir as necessidades
reais?
PARA REFLEXÃO:
Vamos realizar a simulação de gestão de Redes na web: um exemplo a exercitar é o
solidarius;
A Rede ComSol tem que ser uma rede econômica, tem que fluir valor econômico;
Todos os estoques dos pontos fixos devem estar interconectados;
Cada ponto fixo deve saber qual o seu público consumidor;
Programa de fidelização para serem usados em produtos;
O problema da economia solidária não é a comercialização;
Há vários espaços desta natureza implantadas nos territórios.
O conteúdo para o debate da tarde: Definição de território. Definição do público
consumidor. Devemos nos empoderar como sujeitos. Como estruturar nossos custos a partir das
nossas necessidades.
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19 de agosto de 2015, quarta-feira (tarde)
Após o almoço os trabalhos foram retomados e os participantes separados por projeto –
Rede ComSol e Rede CFES Sudeste, já que as temáticas eram muito específicas.
No início da tarde todos os participantes da Rede ComSol participaram da caminhada na
linha do tempo do Projeto Rede ComSol, esse momento possibilitou aos participantes identificar
em que período de tempo passaram a integrar o projeto e a rede ComSol.
O ponto de partida da linha do tempo foi ano de 2008, correspondendo ao início do projeto
Nacional de Comercialização Solidária (PNCS), passando em 2013 para o início do Projeto Rede
ComSol até o momento presente. Oportunamente foram citadas diversas etapas desse processo
entre eles as feiras de economia solidária que aconteceram em todas as regiões brasileiras,
chegando em territórios urbanos e rurais, promovendo a visibilidade da economia solidária, seus
produtos, serviços, não podendo esquecer da grande contribuição que deixou para a organização
territorial da economia solidária e todo o legado deixado pelas atividades formativas realizadas
nessas feiras.
Um fato interessante é o fluxo de entrada de atores no processo, a dinâmica permitiu que a
grande maioria do público participante se encontrasse na linha do tempo, também foi possível
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perceber o crescimento dessa rede tanto em quantidade como em diversidade, essa última
expressa pela dispersão geográfica dos Pontos Fixos, seus produtos e serviços ofertados.
Com a finalização da linha do tempo, foi feita uma introdução para o trabalho de grupo
realizado posteriormente, essa introdução foi conduzida por Euclides Mance, resgatando a
apresentação realizada no período da manhã que trouxe à tona o debate sobre Fluxos na dinâmica
de redes colaborativas. Nesse sentido, três foram os grandes fluxos expressos durante a
apresentação, sendo os mesmos definidos como os temas geradores do debate em grupo, sendo os
que seguem:
(1) Fluxo Ecológico e Econômico
⇨ Quais as necessidades das famílias que devem ser atendidas pelos Pontos Fixos;
⇨ Fluxo de valores: fundos locais e nacional;
⇨ Fluxo de oferta: como fazer um sistema nacional de oferta;
⇨ Armazenamento e distribuição
(2) Fluxo de Conhecimento
⇨ Produção, sistematização e circulação do conhecimento;
⇨ Comunicação interna e externa (gestão da informação);
⇨ Gestão de documentos e informações gerenciais;
⇨ Competências técnicas necessárias para gestão da rede;
(3) Fluxo de Poder
⇨ Formas de tomadas de decisões;
⇨ Forma de participação dos consumidores e de produtores solidários;
⇨ Contratos, regulamentos internos e externos (entrada e saídas de EES)
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⇨ Formas de apropriação solidária.
Para o debate sobre os fluxos supracitados, foi utilizada a técnica do carrossel, separando 6
grupos, sendo 2 grupos sobre cada fluxo. Depois de finalizada a dinâmica a equipe de
sistematização realizou a junção dos dois resultados relativos a cada fluxo.
A atividade de grupo durou todo o período da tarde e início da noite. No período da noite
aconteceu uma mostra de produtos dos pontos fixos da Rede ComSol, expressando toda
diversidade contida na Rede conforme citado anteriormente. Esse momento além de promover a
integração dos participantes, também possibilitou a troca de experiência de maneira lúdica e
descontraída com comercialização de produtos. Do ponto de vista da comercialização foi possível
notar a grande procura pelo café que foi um dos produtos esgotados na feira/mostra.
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20 de agosto, quinta-feira (manhã)
Para a apresentação dos trabalhos em grupo, após a sistematização realizada sobre cada
tema debatido em sistema de carrossel, foi então realizada a apresentação seguindo a orientação
por tema, que no nosso caso foi em função dos fluxos. Cada grupo construiu um painel contendo os
pontos debatidos em cada grupo.
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Os conteúdos de cada fluxo ficaram assim expressos:
(1) FLUXO DE PODER
a) Quem participa da rede?
⇨ Pontos Fixos de Comercialização Solidária;
⇨ Parceiros comerciais;
⇨ Grupos de consumo e outros;
⇨ Parceiros estratégicos (EAF, GOV e outros);
⇨ Redes territoriais.
b) Critérios de entrada e saída
⇨ Meta de adesão: 200 pontos fixos
⇨ Carta de adesão: Aval territorial, análise do C. Gestor/Comitê Regional?
⇨ Desligamento da rede.
⇨ Desinteresse do ponto fixo
⇨ Entrada de um novo ponto fixo que seja da mesma linha produtiva?
c) Tomada de decisão
⇨ Atualmente o formato do conselho gestor segue a seguinte composição: um conselheiro
representando uma modalidade por região do Brasil, ou seja, um representante de loja, um
de feira e um de centro público por região, quanto ao seu funcionamento fica proposto o
seguinte fluxo:
Encontro
Nacional
Conselho
Gestor
Coordenação
Executiva
Conselho
territorial?
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d) Participação dos consumidores
⇨ Identificar os perfis de consumidores: grupos de consumo, integrantes da rede ComSol
como consumidores.
COMENTÁRIOS E APRESENTAÇÃO
⇨ O ponto fixo está composto por um ou mais EES;
⇨ Sugestão é criar um espaço de gestão para cada Ponto Fixo (que podem ser conselhos
gestores, comitês gestores, coordenação) e a participação dos consumidores se dá através
dos pontos fixos;
⇨ Pensar uma forma onde se construam conselhos territoriais por região que tenham as
modalidades (3) e deste conselho sai o conselho gestor;
⇨ Elaborar uma metodologia de participação dos consumidores para aproximá-los cada vez
mais ao processo;
⇨ Os consumidores organizados ou individuais (a critério do ponto fixo);
⇨ Estimular que os participantes da Rede leve a discussão para o Fórum com foco no
fortalecimento do espaço, e que a participação se dê de maneira orgânica e integrada;
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(2) FLUXOS DE CONHECIMENTO
a) Competências técnicas para gestão da rede
⇨ Formação para comunicação
⇨ Compor uma equipe técnica com formação jurídica, tributária e fiscal.
⇨ Formação sobre o E-DINHEIRO para que a rede possa decidir sobre o uso ou não da
ferramenta.
⇨ Formação para gestão de fluxo de documentos necessários para comercialização da rede,
proposta em dois módulos, sendo:
Módulo I: Definição de documentos e fluxos necessários a partir das experiências vivenciadas pelos
pontos fixos; Produção de material pedagógico pela equipe de comunicação.
Módulo II: Difusão do material pedagógico.
Questões para o debate para ser aprofundado
Qual é a estrutura pretendida para a Rede ComSol: Constituir personalidade jurídica (?); É uma rede
de articulação política ou de comercialização?; Forma de gestão: É coordenação nacional?; É um
colegiado?
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b) Controle e gestão de documentos da rede
⇨ Quais documentos: Estatuto? Regimento? Conselho gestor? Plano de comunicação e
marketing? Atas? Relatórios?
⇨ Implementar o banco de dados da rede via CADSOL, agregando perfil dos associados de
cada ponto fixo.
⇨ Definir pessoas de referência por ponto fixo para o fluxo dos documentos.
⇨ Ter uma equipe de suporte técnico (duas pessoas?) para uso do sistema e relações
comerciais.
c) Comunicação para dentro e fora da rede
⇨ Criar um grupo de comunicação com ao menos um receptor por estado ou território que
terá o papel de repassar as informações da rede (capilarizar).
⇨ Formação em comunicação para membros dos pontos fixos (1 a 2 pessoas):
Internet/Cirandas, rádios comunitárias e material impresso (boletins, jornais).
⇨ Criar uma equipe nacional de comunicadores (Ex: uma por região, equipe pequena).
⇨ Apropriação das mídias: WhatsApp, rádios comunitárias, redes sociais para divulgação da
rede, blogs.
⇨ Potencializar e priorizar o uso do Cirandas como ferramenta de comunicação externa e
interna.
⇨ Outras ferramentas: (1) Local: moto e carro de som, boca a boca; (2) Externos: feiras e
eventos realizados pela rede; (3) Comunicação interna: mensagem por celular, bate-papo
fórum interno no Cirandas, comunicação via rádio, correio, telefone rural e mensagens
através do portador; (4) Internas: reuniões, agenda de visitas da coordenação da rede.
⇨ Criar catálogo de produtos da rede impresso e virtual.
⇨ Realizar encontros regionais e nacional.
⇨ Criar a TV popular da rede.
d) Produção Sistematização e articulação conhecimentos
⇨ Realização de audiência públicas.
⇨ Elaboração de Boletins da Rede ComSol;
⇨ Sistematização de saberes dos pontos fixos no âmbito da Rede.
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⇨ Apropriação e conhecimento por parte dos pontos fixos dos materiais produzidos pela rede.
⇨ Rede instituir agentes de comunicação nos territórios para o repasse dos saberes interno e
externamente.
⇨ Criar metodologias para repasse de informações.
⇨ Fomentar estágios por segmentos em pontos fixos com história de superação em alguns
desafios. Ex: Marco regulatório, sistema informatizado, etc.
⇨ Encontros regionais, estaduais para circulação e articulação dos conhecimentos.
⇨ Produzir materiais com outras linguagens com mais musicalidade, cordéis, teatro, vídeos,
funk de acordo com as realidades territoriais.
⇨ A rede fomentar a sistematização dos saberes dos próprios atores dos pontos fixos quando
possível em parceria com Universidades e instituições de pesquisas e outros.
⇨ Participação em feiras e eventos enquanto rede para articulação e divulgação do
conhecimento.
⇨ Videoconferências para troca dos conhecimentos de experiências.
⇨ Troca de saberes de conhecimentos através do Cirandas (vídeos, perguntas e respostas,
diálogos).
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COMENTÁRIOS E APRESENTAÇÃO:
⇨ Fortalecer o Cirandas, compartilhar vídeos, experiências, conferências, troca de saberes
(embora pouquíssimos pontos fixos têm acesso a ferramenta);
⇨ Estágios superação de desafios e necessidades dos pontos fixos, por meio de intercâmbio de
vivências;
⇨ Necessidade de formação em ferramentas de comunicação nos pontos fixos. Que cada
ponto fixo indique pessoas para serem formadas para dar o suporte comunicativo para fora
(como produzir materiais; produzir vídeos; spots de rádio etc)
⇨ Viabilizar a comunicação interna para que seja efetiva.
⇨ É possível fazer a capacitação on-line no Cirandas, os pontos fixos devem buscar formar suas
pessoas;
⇨ Buscar ferramentas disponíveis no Solidarius;
⇨ Tem que estruturar os pontos fixos para conseguir comercializar através de internet;
⇨ Que uma das pessoas que compõe o conselho territorial nos estados se dedique à
comunicação.
⇨ Intercambiar experiências de fluxos econômicos. Ter uma pessoa de referência em cada
ponto fixo que domine as ferramentas, os documentos, etc.
⇨ Necessidade de assessoramento técnico:
⇨ Incluir formação sobre competência técnica em relação à vigilância sanitária para facilitar o
acesso dos EES à mercado.
⇨ Há necessidade de criar uma personalidade jurídica? Interessante se espelhar nas
experiências já existente, como do MST, Rede Xique Xique, entre outras;
⇨ Precisamos fazer um debate com outras organizações sobre o formato legal da Rede.
⇨ Importante perceber que a Rede tem um papel econômico, mas também um papel político.
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(3) FLUXOS ECONÔMICOS E ECOLÓGICOS
a) Diagnóstico do consumo
a.1) (Algumas demandas identificadas):
⇨ Turismo;
⇨ Massoterapia;
⇨ Salão de beleza;
⇨ Alimentos (in natura, condimentos, massas, sucos, etc);
⇨ Cosmética e higiene, limpeza;
⇨ Ferramentas e implementos;
⇨ Tecnologias;
⇨ Energia;
⇨ Lazer e cultura;
⇨ Saúde;
⇨ Transporte;
⇨ Artesanato (utensílios, móveis, acessórios);
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⇨ Livros;
⇨ Medicamentos fitoterápicos, chás, etc;
⇨ Vestuário;
⇨ Serviços especializados: agrónomos, enólogos, administrativos, contador, bioquímico, etc.
a.2) O quê e como fazer
⇨ Elaborar questionário padrão para conhecer perfil consumo;
⇨ Compartilhar diagnósticos já existentes;
⇨ Melhorar estratégias de comunicação;
⇨ Importância da observação;
⇨ Elaborar estratégias para a organização do consumo;
⇨ Inclusão dos consumidores por meio das trocas (trabalho x produto);
⇨ Conhecer perfil dos pontos fixos;
⇨ Estimular compras coletivas com foco na segurança alimentar;
⇨ Evitar consumir do agronegócio;
⇨ Ser nossos próprios consumidores;
⇨ Realização de encontros por segmento (ressalvas);
b) Sustentabilidade (fundos)
b.1) Algumas questões prévias:
⇨ Qual o objetivo do fundo (?) (detalhar);
⇨ Necessidade de consolidar a rede no território;
⇨ Quem vai gerir o fundo (?).
b.2) Possibilidades levantadas:
⇨ Fundos rotativos solidários;
⇨ Fundos de administração;
⇨ Fundos de lazer;
⇨ Fundos de atendimento às famílias;
⇨ Bônus de recuperação ambiental;
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⇨ Criação de dinâmicas de arrecadação Através dos estados, dos próprios pontos fixos ou do
conselho gestor. Modalidades de arrecadação: (Taxas fixas, Eventos periódicos, Projetos,
Porcentagem sobre vendas, Doação de produtos;
⇨ Formalização da rede (cuidado para não engessar);
⇨ Sustentabilidade descentralizada.
c) Sistema nacional de ofertas
⇨ Levantamento de quantos pontos fixos tem acesso a net;
⇨ Cirandas: Ampliar ferramentas com este objetivo, Criar identidade (perfil) da rede em uma
vitrine coletiva, com gestão de estoques realizadas separadamente;
⇨ Catalogar produtos disponíveis (banco de dados);
⇨ Criar Plataforma da rede;
⇨ Identificar capacidades produtivas considerando sazonalidade;
⇨ Integração elos da cadeia;
⇨ Solucionar questão de variação de preços, evitando concorrência e considerando a
composição de preço justo;
⇨ Produtos ecologicamente corretos;
⇨ Efetivar circulação de produtos culturais e outros serviços.
d) Pontos de participação
⇨ Necessidade prévia de consolidação da rede;
⇨ Regras claras.
e) Soluções e logística
⇨ Correios (PAC com Anuidade para associações);
⇨ Verificar possibilidade de aquisição de caminhões (1 por região) e/ou utilização de veículos
já existentes (projetos ações integradas);
⇨ Fomentar Circuitos curtos;
⇨ Criação de estruturas de armazenamento e distribuição locais e regionais;
⇨ Aproveitar realização de eventos (para isto importante melhorar comunicação);
⇨ Envio de mostras de produtos entre diferentes pontos fixos;
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⇨ Desenvolver
ferramenta
de
cálculo
para
vendas
on-line
(Cálculo
de
preço:
CEP/consumidor/produtor);
⇨ Cálculo de pegada ecológica (alerta);
⇨ Realização de feira itinerante da rede.
COMENTÁRIOS E APRESENTAÇÃO:
⇨ Durante a síntese de trabalho foram identificadas posições contraditórias, a optou-se por
mantê-las para fomentar o debate em plenário. O passo seguinte foi ver como os pontos
fixos se organizariam para responder as demandas da comunidade;
⇨ Ser nossos próprios consumidores;
⇨ Realizar encontros. O coletivo não entrou em um acordo sobre se estes encontros seriam
por segmentos (ou não). Ex.: ao se mesclar em um estudo artesanato e alimentos as
estratégias de comercialização são distintas;
⇨ Fundo: Qual o objetivo do Fundo (?); Como irá funcionar (?) Como se fará a gestão (?);
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⇨ Fundos rotativos solidários: de gestão, de lazer entre outros. Compreendendo que o fundo
de lazer e cultura é primordial para o bem viver;
⇨ Estratégia de reflorestamento: como as pessoas iriam adquirir bônus segundo o
reflorestamento ou boas práticas na relação com o meio ambiente. Um bônus de incentivo
a boas práticas ambientais. Podem estar referidos ao produto em si (manejo agroecológico,
respeitos apps) como de manejo para quem usa produtos oriundos da natureza, ou práticas
ambientais diversas;
⇨ Pode-se estabelecer como se dão as práticas em experiências como da construção civil e
metalurgia por exemplo, desafio pratico que pode ser pratico em qualquer ambiente;
⇨ Como incentivar as boas práticas ambientais sem que isto signifique um “pagamento” para
boas práticas ambientais. O desafio é como incentivar estas boas práticas, como premiá-las
sem que isso se torne uma versão solidaria da comercialização da responsabilidade
ambiental. Encaminhamento: um grupo de trabalho com biólogos, agrônomos que possam
trazer para Rede uma proposta que traduza e responda a estes anseios e desafios;
⇨ Sustentabilidade: Repasse de porcentagem das vendas, Doação de produtos, Elaboração de
projetos para captação de recursos. Quem faria a animação/gestão desta dinâmica: nos
pontos fixos (?) Por estado (?) Conselho Gestor (?);
⇨ Se pensarmos a descentralização do Fundo como se daria a formalização (?);
⇨ Sistema de compensação: Como fazer funcionar o sistema de compensação utilizando o
Cirandas;
⇨ Produto ecologicamente correto, na área rural = agroecológico ou em transição; Outros
produtos = produtos que se aproximem o máximo possível dos princípios da economia
solidária, incluindo o respeito ao meio ambiente;
⇨ Economia solidária e agroecologia são bandeiras que devem andar juntas;
⇨ Exemplo: vender frituras nas feiras de economia solidária e vender alimentos produzidos
com produtos oriundos do agronegócio e transgênicos;
⇨ Para o uso dos pontos de participação é preciso estruturar melhor a rede para então pensar
esta dinâmica no futuro inserida na dinâmica da Rede;
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⇨ Estrutura: é importante pensar qual a necessidade real da logística pensada. Exemplo: é
realmente necessário ter um caminhão? Como se paga a manutenção do caminhão? É
importante mas temos que pensar como colocar isso em prática;
⇨ Que caminhões já temos na rede, num rápido levantamento temos 13 caminhões;
⇨ Sergipe: Cada produtor consegue enviar os produtos entre os pontos;
⇨ Paraíba: Feira Eco sul e Eco várzea, tem hoje 4 caminhões, 2 por feiras. Quem faz a gestão
destes caminhos são os agricultores. Os caminhões pegam os produtos em cada produtor
para feira. Os motoristas são os próprios feirantes. Cada feira tem uma organização que
capta fundos para pagar os custos, inclusive de transporte.
⇨ Loja itinerante (Pernambuco): Em um projeto apoiado pela Petrobrás. Hoje conseguem
participar dos eventos locais. Mas a manutenção ainda está sendo feita através o projeto.
Um trailer foi adaptado para venda de alimentação pronta;
⇨ Como pensar parcerias locais para melhor aproveitar a circulação já existente. Como
aproveitar o frete da rede ecológica que compra queijo na região da Mantiqueira para
entrega de queijo na feira. Ou da compra de arroz no Rio Grande do Sul que serve para rede
ecológica e para o restaurante metamorfose, repartindo o custo do frete;
⇨ Ter uma amostra de produtos da Rede em cada Ponto Fixo.
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Encerramento e Avaliação
A avaliação foi realizada por meio de uma dinâmica das estações do ano. Cada participante
deveria escrever sua percepção sobre o encontro vinculada a uma estação do ano: inverno (O que
pereceu); primavera (O que floresceu); outono (O que germinou); verão (O que frutificou). Nesse
sentido as avaliações de praticamente todas/os as/os participantes do Encontro foram muito
positivas, ressaltando a riqueza da integração, do encontro, a leveza da condução, da troca de
experiências, do intercâmbio, da construção coletiva, do cuidado com as pessoas participantes. Foi
avaliado também o pouco tempo para debater mais questões estruturantes para a Rede ComSol e a
necessidade de ter mais encontros nacionais da Rede para melhor integração e fortalecimento da
mesma.
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