Veja diversos artigos sempre atuais!

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Veja diversos artigos sempre atuais!
J U N H O d e 2 0 0 9 | A no 3 1 | N º 6 | R S 3 , 5 0
O Noivo Real
e Suas Bodas
Índice
Prez a d os A m ig os d e Israel
É uma publicação mensal da “Obra
Missionária Chamada da Meia-Noite” com
licença da “Verein für Bibelstudium in Israel,
Beth-Shalom” (Associação Beth-Shalom para
Estudo Bíblico em Israel), da Suíça.
04
o no i vo r e a l e suas bodas
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por qu e sacr if ícios l i t era i s d urant e o mi lêni o?
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Markus Steiger, Reinoldo Federolf
Editor e Diretor Responsável: Ingo Haake
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Wiesenger
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Edições Internacionais
A revista “Notícias de Israel” é publicada
também em espanhol, inglês, alemão,
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Hor i z on t e
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16
18
prontos para d urban iii
As opiniões expressas nos artigos assinados
são de responsabilidade dos autores.
INPI nº 040614
Registro nº 50 do Cartório Especial
v end i d o em favor d e israe l :
o “peri g o” d o si oni smo cristã o?
si oni stas d e jesus
O objetivo da Associação Beth-Shalom para
Estudo Bíblico em Israel é despertar e
fomentar entre os cristãos o amor pelo
Estado de Israel e pelos judeus. Ela demonstra
o amor de Jesus pelo Seu povo de maneira
prática, através da realização de projetos
sociais e de auxílio a Israel. Além disso,
promove também Congressos sobre a Palavra
Profética em Jerusalém e viagens, com a
intenção de levar maior número possível de
peregrinos cristãos a Israel, onde mantém a
Casa de Hóspedes “Beth-Shalom” (no monte
Carmelo, em Haifa).
p rez a d o s
a m ig o s
de Israel
Obviamente não foi por acaso que o presidente Barack Obama escolheu justamente a Turquia
como primeiro país islâmico a visitar. Afinal, esse país junto ao Bósforo é um dos mais
importantes e influentes do mundo islâmico. Logo, os árabes elogiaram Obama por essa
aproximação com o islã. Por desejar melhorar as relações dos EUA com o mundo islâmico, o
presidente discursou diante do Parlamento turco, dizendo: “Quero expressar nosso grande apreço
pela fé islâmica. No decorrer dos séculos, essa religião contribuiu muito para melhorar o mundo,
inclusive meu próprio país”.
Obama já provou que domina perfeitamente a linguagem da diplomacia. Mas resta esperar
se suas palavras serão seguidas de atos concretos. Yehia Moussa, do Hamas, referiu-se justamente
a isso, quando disse: “O que importa não são as palavras bonitas, são os atos. Todos os árabes
concordam que isso ficará evidente em seu engajamento pela causa palestina”.
O presidente Obama, em seu discurso diante do Parlamento turco, também mencionou que
buscará ativamente a criação de um Estado palestino. Ele explicou: “Quero dizê-lo com toda a
clareza: os Estados Unidos querem e apóiam energicamente a solução que prevê a existência de
dois países, Israel e a Palestina, coexistindo pacificamente lado a lado”. Por isso, o mundo
islâmico espera de Obama que os EUA abram mão de sua posição “parcial” em favor de Israel e
pressionem o governo israelense a concordar com a criação de um Estado palestino.
Saeb Erekat, representante palestino nas negociações com Israel, opinou a respeito: “Espero
que o novo governo israelense entenda que a criação de um Estado palestino é o único caminho
para uma paz duradoura”. O gabinete do primeiro-ministro israelense respondeu que Israel
trabalhará em afinidade com os EUA para buscar a paz com os palestinos. Mas essa declaração
não mencionou a solução que advoga dois Estados.
Enquanto isso, em seu discurso de posse, o novo ministro do Exterior de Israel, Avigdor
Lieberman, classificou as resoluções da Conferência de Paz de Annapolis (realizada em 2007,
quando foi articulada pela primeira vez a solução de dois Estados) como um fracasso e deu a
entender que o novo governo israelense não se sentia comprometido com elas. O primeiroministro Benjamin Netanyahu reagiu às manifestações de Lieberman, que poderiam
desencadear uma séria crise nas relações entre Israel e os EUA, dizendo que seu desejo era
alcançar uma paz justa e permanente com os palestinos.
Mas um fato já é claramente previsível: Netanyahu e seu governo sofrerão enormes pressões.
Pode-se ter opiniões divergentes acerca do caminho para uma paz justa e permanente. Se
acreditarmos nas palavras do presidente Obama e de representantes do mundo árabe, esse
caminho conduzirá obrigatoriamente à criação de um Estado palestino. Somente o futuro
mostrará se o novo governo israelense suportará as pressões a que estará exposto. O que parece
garantido é que o processo em direção a um Estado palestino não pode ser interrompido. O que
permanece em aberto, porém, é como será estruturado esse país.
Muitos leitores da Bíblia que se baseiam em declarações proféticas pensam que não
chegaremos até esse ponto. Entretanto, é justamente essa situação de aparente paz e segurança
que deverá se instalar para que se cumpra o que, conforme as palavras do apóstolo Paulo em 2
Tessalonicenses 5, desencadeará os acontecimentos finais.
Em Seu Sermão Profético no Monte das Oliveiras, o Senhor Jesus não aconselhou em vão
que prestemos atenção aos sinais dos tempos. Unidos nessa vigilância diante dos fatos atuais e
analisando como eles se encaixam nas profecias divinas, saúdo com um cordial
Shalom!!
r
­ le
Fre­di Wink
P.S.: Conforme nota do Ministério das Relações Exteriores, a visita do presidente do Irã, Mahmoud
Ahmadinejad, ao Brasil (prevista para 6 de maio) foi adiada para depois das eleições iranianas (12/6).
Somos gratos a Deus porque, ao menos temporariamente, não ocorreu a vinda ao país desse declarado
negador do Holocausto e ferrenho anti-semita. Por outro lado, é preocupante que a diplomacia
brasileira continua aproximando-se cada vez mais daqueles que se opõem a Israel.
4 | notícias de Israel, JUNHO de 2009
ARTIGO 01
O Noivo Real e
Suas Bodas
Em ge ral as músicas e
poesias falam da
noiva. Mas o Salmo
45, q ue é um salmo
messiâ nic o, exa lta
mais o noivo. Por quê?
Lemos no Salmo 45: “Ao mestre de
canto, segundo a melodia ‘Os lírios’. Dos filhos de Corá. Salmo didático. Cântico de
amor. De boas palavras transborda o meu
coração. Ao Rei consagro o que compus; a
minha língua é como a pena de habilidoso
escritor. Tu és o mais formoso dos filhos dos
homens; nos teus lábios se extravasou a
graça; por isso, Deus te abençoou para
sempre. Cinge a espada no teu flanco, herói; cinge a tua glória e a tua majestade! E
nessa majestade cavalga prosperamente,
pela causa da verdade e da justiça; e a tua
destra te ensinará proezas. As tuas setas
são agudas, penetram o coração dos inimigos do Rei; os povos caem submissos a ti. O
teu trono, ó Deus, é para todo o sempre; cetro de eqüidade é o cetro do teu reino.
Amas a justiça e odeias a iniqüidade; por
isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo
de alegria, como a nenhum dos teus companheiros. Todas as tuas vestes recendem a
mirra, aloés e cássia; de palácios de marfim ressoam instrumentos de cordas que te
alegram. Filhas de reis se encontram entre
Norbert Lieth
as tuas damas de honra; à tua direita está
a rainha adornada de ouro finíssimo de
Ofir. Ouve, filha; vê, dá atenção; esquece o
teu povo e a casa de teu pai. Então, o Rei
cobiçará a tua formosura; pois ele é o teu
senhor; inclina-te perante ele. A ti virá a filha de Tiro trazendo donativos; os mais ricos do povo te pedirão favores. Toda formosura é a filha do Rei no interior do palácio;
a sua vestidura é recamada de ouro. Em
roupagens bordadas conduzem-na perante
o Rei; as virgens, suas companheiras que a
seguem, serão trazidas à tua presença. Serão dirigidas com alegria e regozijo; entrarão no palácio do Rei. Em vez de teus pais,
serão teus filhos, os quais farás príncipes
por toda a terra. O teu nome, eu o farei celebrado de geração a geração, e, assim, os
povos te louvarão para todo o sempre”.
Aqueles que sabem escrever e estiveram apaixonados certamente já escreveram cartas de amor. Quando me encontrava embarcado em alto mar durante meu
tempo de serviço na Marinha, às vezes o
navio ficava semanas no mar, e só recebía-
mos correspondências quando outro navio
vinha nos abastecer. Aí chegavam pilhas
de cartas das nossas amadas esposas, noivas ou namoradas. Essas cartas se acumulavam no porto e eram trazidas até nós
pelo navio de abastecimento. Nunca havia
tanto silêncio a bordo quanto nas horas
que se seguiam ao recebimento das cartas,
quando cada um descia para sua cabine
para lê-las. Cada carta recebia total atenção, e naquele momento nada era mais
importante ou mais sagrado que as palavras da pessoa amada.
O Salmo 45 é uma carta de amor em
forma de canção, e agora dedicaremos a ele
toda a nossa atenção. Ele transborda de
sentimentos, emoções e pensamentos que
o autor tenta expressar em palavras. Ele está bastante entusiasmado: “De boas palavras transborda o meu coração. Ao Rei consagro o que compus; a minha língua é como
a pena de habilidoso escritor” (Sl 45.1).
Essa carta de amor retrata uma cerimônia de casamento no Oriente. O noivo
real, sua beleza perfeita, seu porte majesto-
notícias de Israel, JUNHO de 2009 | 5
D eus n ã o jul ga su m ari a men te
os f i lhos d e pa is ím pi os : por
m e io d e um a c onve rsã o
l e g ítim a e um c laro
afas tam e nto d os p eca dos d os
pa is , e l e s pod e m e xper ime n tar
u m r e c omeç o total.
so, sua pureza e dignidade são descritos;
da mesma forma, são relatados o amor a
ele, o anseio pelo dia do casamento e considerações sobre a cerimônia. Esse salmo
concentra a atenção no noivo, e não na noiva, como é costume.
Até hoje, nos casamentos judaicos, o noivo e a noiva são considerados rei e rainha.
A beleza desta canção de amor não está
na sua popularidade momentânea mas por
tratar-se de realidade cheia de esperança. Um
dia a noiva será chamada para as núpcias e
conduzida até o Noivo celestial. Ela entrará
nos Seus aposentos e desfrutará eternamente
do Seu amor. Esse amor nunca envelhecerá,
pois crescerá por toda eternidade.
A beleza do Noivo
real
Analisemos o prólogo do Salmo 45:
“Ao mestre de canto, segundo a melodia ‘Os
lírios’. Dos filhos de Corá. Salmo didático.
Cântico de amor. De boas palavras transborda o meu coração. Ao Rei consagro o
que compus; a minha língua é como a pena de habilidoso escritor” (v.1). Quem descreve esse amoroso relacionamento íntimo com o Rei de Israel? Justamente os filhos de Corá! Esse fato já constitui uma
mensagem por si só.
6 | notícias de Israel, JUNHO de 2009
Enquanto o povo de Israel peregrinava pelo deserto, o levita Corá (ou Coré) liderou uma rebelião contra Moisés e Arão,
apoiado por várias pessoas influentes de
Israel. Movido por insatisfação, raiva, inveja e ciúmes, Corá incitou muitas pessoas do povo contra a liderança instituída
por Deus; mas isso era rebelião contra o
próprio Senhor: “Pelo que tu e todo o teu
grupo juntos estais contra o Senhor; e Arão,
que é ele para que murmureis contra ele?”
(Nm 16.11). A rebelião e a blasfêmia foram tão graves que o Senhor abriu o chão
debaixo deles e tragou Corá e os outros
rebeldes, junto com todos os seus bens e
grande parte de suas famílias; eles desceram vivos para o mundo dos mortos (vv.
31-33). Porém, a Bíblia registra: “Mas os
filhos de Corá não morreram” (Nm 26.11).
Justamente a esses filhos de Corá é
atribuída a autoria de onze salmos bíblicos, entre eles o cântico de amor do Salmo
45, que demonstra seu relacionamento íntimo com Deus. Apesar dos pais terem se
rebelado contra o Senhor, os filhos se tornaram servos de Deus, testemunhavam de
seu amor por Ele e colocavam toda sua
confiança nEle. São chamados de “filhos
de Corá”, o que demonstra a infinita graça de Deus. Nos versos 10 e 16 eles escrevem: “Esquece o teu povo e a casa de teu
pai... Em vez de teus pais, serão teus filhos,
os quais farás príncipes por toda a terra”.
Isso significa que Deus não julga sumariamente os filhos de pais ímpios: por
meio de uma conversão legítima e de um
claro afastamento dos pecados dos pais,
os filhos podem experimentar um recomeço total. Deus não é rancoroso. Samuel,
por exemplo, o grande e irrepreensível
profeta, era descendente de Corá (1 Cr
6.16-23). Do ponto de vista do Novo Testamento, isso significa:
• “Se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que
se fizeram novas” (2 Co 5.17).
• “Sabendo que não foi mediante coisas
corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes
resgatados do vosso fútil procedimento que
vossos pais vos legaram, mas pelo precioso
sangue, como de cordeiro sem defeito e sem
mácula, o sangue de Cristo” (1 Pe 1.18-19).
• “Ele nos libertou do império das trevas
e nos transportou para o reino do Filho do
seu amor” (Cl 1.13).
No grego a palavra “libertou” está na
forma de “aoristo”, que exprime uma ação
definitivamente encerrada.
O texto do Salmo 45 continua: “Tu és
o mais formoso dos filhos dos homens; nos
teus lábios se extravasou a graça; por isso,
Deus te abençoou para sempre” (v.2). O
coração dos salmistas transborda, eles
tentam expressar seus sentimentos em
palavras e estão maravilhados com a beleza do rei. A quem se dirigem? Com
quem os filhos de Corá estão falando?
Sem dúvida, esse Rei e Noivo é o Messias
de Israel, Jesus Cristo.
“Tu és o mais formoso dos filhos dos
homens...” Jesus não tinha pecado (2 Co
5.21), o que certamente Lhe conferia uma
personalidade especialmente expressiva e
atraente durante Seu tempo na terra. Mas
aqui Ele é descrito como o mais formoso
de todos os homens em Sua glória futura.
Vale lembrar que na Antigüidade a formosura era pré-requisito para a dignidade real: Saul deve ter sido extraordinariamente belo (1 Sm 9.2); Davi tinha boa
aparência (1 Sm 16.12); sobre Absalão lemos: “Não havia, porém, em todo o Israel
homem tão celebrado por sua beleza como
Absalão; da planta do pé ao alto da cabeça, não havia nele defeito algum” (2 Sm
14.25); e de acordo com a descrição do
Cântico dos Cânticos, Salomão também
era muito formoso. Mas Jesus Cristo ultrapassará em beleza e personalidade
qualquer pessoa que jamais tenha vivido.
Isso é profetizado no Cântico dos Cânticos: “O meu amado é alvo e rosado, o mais
distinguido entre dez mil” (Ct 5.10ss.; veja
também Gn 49.11-12). O espanto de Israel custará a terminar quando se cumprir
a profecia de Isaías: “Os teus olhos verão o
rei na sua formosura, verão a terra que se
estende até longe” (Is 33.17). Isso vale
também para qualquer pessoa que crê no
Senhor Jesus. Quando virmos Jesus Cristo pela primeira vez, este será um momento insuperável.
“...nos teus lábios se extravasou a graça...” (Sl 45.2b). Quando Jesus veio ao
mundo pela primeira vez, foi escrito a respeito dEle: “Todos lhe davam testemunho,
e se maravilhavam das palavras de graça
que lhe saíam dos lábios...” (Lc 4.22). E:
“Porque a lei foi dada por intermédio de
Moisés; a graça e a verdade vieram por
meio de Jesus Cristo” (Jo 1.17). Afinal, graça também é “dignar-se”. Jesus Cristo saiu
da eternidade para “dignar-se” a nos trazer a graça de Deus.
“...por isso, Deus te abençoou para sempre” (v. 2c). Jesus completou a obra da redenção na cruz. Como Filho do Homem,
Ele tinha a plena bênção de Deus, e foi feito
bênção para nós: “Pois o puseste por bênção
para sempre e o encheste de gozo com a tua
presença” (Sl 21.6). Por isso, no século 20
alguém escreveu sobre Jesus Cristo:
Dezenove séculos vieram e passaram,
e hoje Ele é o centro da humanidade e o
principal sustentáculo do progresso. É mais
do que justificado dizer que nenhum dos
exércitos que marcharam, nenhuma das
esquadras já construídas, nenhum dos parlamentos já estabelecidos e nenhum dos
reis já entronizados influenciou mais a existência das pessoas deste mundo do que a
vida deste Um”.[1]
Quando o Senhor Jesus voltar, reinará eternamente e seu reino nunca terá
fim: “...o seu reino será reino eterno, e todos os domínios o servirão e lhe obedecerão” (Dn 7.27).
A chegada do Noivo
real
No Salmo 45.3-5 lemos: “Cinge a
espada no teu flanco, herói; cinge a tua
glória e a tua majestade! E nessa majestade cavalga prosperamente, pela
causa da verdade e da justiça; e a tua
destra te ensinará proezas. As tuas setas são agudas, penetram o coração
dos inimigos do Rei; os povos caem
submissos a ti”.
Aqui temos uma profecia a respeito
da volta de Jesus como herói vitorioso,
como rei em glória e majestade. Algumas expressões saltam aos olhos: “espada”, “majestade”, “glória”, “prosperamente”, “verdade”, “justiça” e “tuas setas são
agudas”. Elas apontam para Apocalipse
19.6-9, que trata das bodas do Cordeiro
e da vinda do Rei: “Aleluia! Pois reina o
Senhor, nosso Deus, o Todo-Poderoso.
Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a
glória, porque são chegadas as bodas do
Cordeiro, cuja esposa a si mesma já se
ataviou, pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e puro.
A e sposa e stá à
dire ita do Noi vo.
À dire ita sign i f i ca
que el a está
des tinada a se r
c onsorte e
co-re ge nte
notícias de Israel, JUNHO de 2009 | 7
Porque o linho finíssimo são os atos de
justiça dos santos. Então, me falou o anjo: Escreve: Bem-aventurados aqueles
que são chamados à ceia das bodas do
Cordeiro. E acrescentou: São estas as verdadeiras palavras de Deus”. Lemos acerca da volta triunfante do Filho de Deus:
“Vi o céu aberto, e eis um cavalo branco.
O seu cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro e julga e peleja com justiça. Os seus
olhos são chama de fogo; na sua cabeça,
há muitos diademas; tem um nome escrito que ninguém conhece, senão ele
mesmo. Está vestido com um manto tinto
de sangue, e o seu nome se chama o Verbo de Deus; e seguiam-no os exércitos
que há no céu, montando cavalos brancos, com vestiduras de linho finíssimo,
branco e puro. Sai da sua boca uma espada afiada, para com ela ferir as nações; e ele mesmo as regerá com cetro de
ferro e, pessoalmente, pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso. Tem no seu manto e na sua coxa
um nome inscrito: R ei dos Reis e Senhor
dos S enhores ” (Ap 19.11-16).
A divindade do Noivo
real
Quan d o J e sus chama,
n ã o importa m m ai s
l a ços fa m il iares,
so me n t e o cha m ad o
d o N oi vo.
8 | notícias de Israel, JUNHO de 2009
No Salmo 45.6-7 encontramos uma
prova de que Jesus Cristo é Deus e deseja
ser reconhecido como divino: “O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre; cetro de
eqüidade é o cetro do teu reino. Amas a
justiça e odeias a iniqüidade; por isso,
Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo de
alegria, como a nenhum dos teus companheiros”. O Salmo 46.10 diz: “Parem de
lutar! Saibam que eu sou Deus! Serei exaltado entre as nações, serei exaltado na
terra” (NVI).
A Carta aos Hebreus deixa claro que
o Salmo 45 é de natureza messiânica e
tem o Senhor Jesus como tema principal.
Essa epístola toma os versos 6 e 7 do Salmo e aplica-os a Jesus: “Ainda, quanto
aos anjos, diz: Aquele que a seus anjos faz
ventos, e a seus ministros, labareda de fogo; mas acerca do Filho: O teu trono, ó
Deus, é para todo o sempre; e: Cetro de
eqüidade é o cetro do seu reino. Amaste a
justiça e odiaste a iniqüidade; por isso,
Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo de
alegria como a nenhum dos teus companheiros” (Hb 1.7-9).
As bodas do Noivo
real
Essa festa é descrita no Salmo 45.915: “Filhas de reis se encontram entre as
tuas damas de honra; à tua direita está
a rainha adornada de ouro finíssimo de
Ofir. Ouve, filha; vê, dá atenção; esquece
o teu povo e a casa de teu pai. Então, o
Rei cobiçará a tua formosura; pois ele é
o teu senhor; inclina-te perante ele. A ti
virá a filha de Tiro trazendo donativos;
os mais ricos do povo te pedirão favores.
Toda formosura é a filha do Rei no interior do palácio; a sua vestidura é recamada de ouro. Em roupagens bordadas
conduzem-na perante o Rei; as virgens,
suas companheiras que a seguem, serão
trazidas à tua presença. Serão dirigidas
com alegria e regozijo; entrarão no palácio do Rei”.
Esses versículos mencionam quatro
pessoas ou grupos de pessoas: a rainha
(esposa), filhas de reis, a filha do Rei e as
virgens. É claro que não podemos enquadrar doutrinariamente cada um dos personagens apenas com base nestes versículos
de um salmo. Mas trata-se de simbolismos
que reencontramos no Novo Testamento e
no contexto geral da Bíblia.
• A rainha (esposa). O noivo real surge
com sua esposa (cônjuge) para chamar
para si também a filha do Rei. Ele volta
com sua esposa, já está casado com ela,
que está à sua direita. De onde ela vem tão
de repente? Por que ela está ao Seu lado
quando Ele chama a filha do rei? Onde a
esposa estava antes disso? Ela parece um
mistério, e isso pode ser uma indicação a
respeito do mistério da Igreja.
Lendo o Novo Testamento, reconhecemos que a noiva foi buscada e casou
com Ele antes disso (pelo Arrebatamento, cf 1Ts 4.16-17; Ap 19.7). Por isso ela
já estava junto dEle e agora retorna com
Ele. A Igreja é a Noiva (esposa) do Senhor Jesus. O apóstolo Paulo, por exemplo, escreveu aos coríntios: “Porque zelo
por vós com zelo de Deus; visto que vos
tenho preparado para vos apresentar como virgem pura a um só esposo, que é
Cristo” (2 Co 11.2). E aos efésios ele dirige estas significativas palavras: “Eis
por que deixará o homem a seu pai e a
sua mãe e se unirá à sua mulher, e se
tornarão os dois uma só carne. Grande é
este mistério, mas eu me refiro a Cristo e
à igreja” (Ef 5.31-32). Vamos comparar
também Efésios 1.22 e 3.6, onde a Igreja
é descrita como “corpo” de Cristo. O
mesmo acontece num casamento, quando um homem e uma mulher se tornam
“uma só carne”, um só corpo (Mc 10.78). No que diz respeito aos discípulos de
Jesus antes do Pentecostes, eles incorporavam o verdadeiro Israel; por isso o
Senhor os chamou de “convidados das
bodas”, e não de Noiva (Mt 9.14-15).
Em Romanos 7, Paulo fala sobre a lei
do casamento e no versículo 4 escreve
que nós – quando cremos no Filho de
Deus – nos tornamos propriedade de Jesus. Em Apocalipse 22.17 ouvimos o Espírito e a noiva chamarem: “Vem!”. O Espírito de Deus testifica o Evangelho através da Igreja, e por meio dela chama as
pessoas à salvação em Cristo.
A esposa à direita do Noivo está
adornada de ouro finíssimo de Ofir. À direita significa que ela está destinada a
ser consorte e co-regente. Assim como
Jesus está à direita de Deus (At 7.56), a
Igreja estará à direita de Jesus. Este também é o sentido de Mateus 25.33: “...e
porá as ovelhas à sua direita”. Ouro simboliza a glória de Deus. A Igreja será
adornada com a glória de Jesus: “Quando
Cristo, que é a nossa vida, se manifestar,
então, vós também sereis manifestados
com ele, em glória” (Cl 3.4). Ofir era conhecido como o lugar de origem do ouro
mais puro, apesar de hoje não ser possível determinar com certeza sua localização geográfica. Também pode ser uma
indicação do mistério da salvação em Jesus e do mistério da sua Igreja, eleita antes da fundação do mundo.
Agora vem o Noivo real para convidar a filha do rei para entrar, mas Sua
esposa já está a seu lado.
• A filha do Rei. Quando o Noivo real
chama sua filha para junto de si, sua esposa já está a seu lado (Sl 45.9). Ele lhe
diz: “Ouve, filha; vê, dá atenção; esquece
o teu povo e a casa de teu pai. Então, o
Rei cobiçará a tua formosura; pois ele é o
teu senhor; inclina-te perante ele. A ti virá a filha de Tiro trazendo donativos; os
mais ricos do povo te pedirão favores. Toda formosura é a filha do Rei no interior
do palácio; a sua vestidura é recamada de
ouro. Em roupagens bordadas conduzemna perante o Rei...” (vv.10-14).
Parece que a filha do Rei é o remanescente salvo e santificado de Israel. O
Rei faz um apelo para que ouça, que
preste atenção. Lembramos da passagem: “Mas, à meia-noite, ouviu-se um
grito: Eis o noivo! Saí ao seu encontro!”
(Mt 25.6).
As palavras: “...esquece o teu povo e
a casa de teu pai” (v.10), são um pedido para que a filha do Rei se separe
definitivamente de seus compatriotas
e parentes. Quando Jesus chama, não
importam mais laços familiares, somente o chamado do Noivo. Lembremos dos filhos de Corá. E hoje? Quem
ainda leva a sério o chamado de Jesus,
um chamado que muitas vezes pode
ser muito doloroso?
As palavras: “...o Rei cobiçará a tua
formosura; pois ele é o teu senhor, inclinate perante ele...” (v.11), são uma convocação para a santificação em vista da iminente aparição do Noivo real. Quando o
Noivo chegar tudo será revelado e virá à
tona, tanto no Arrebatamento da noiva, a
Igreja, quanto no retorno visível de Jesus
para Israel.
O versículo 12 promete recompensa e
honra à filha do Rei. Naquele dia as nações se voltarão para o povo de Israel e
lhe trarão seus presentes. Então Israel se
tornará a cabeça das nações (Dt 28.13).
A filha do Rei entrará nos aposentos
do Noivo real (v. 13-14). A frase: “...a sua
vestidura é recamada de ouro...”, significa
que ela também foi glorificada e santificada e que pode alegrar-se na glória do
Senhor. Alguns intérpretes entendem que
no final, quando Deus for tudo em todos
(1 Co 15.28), o remanescente crente de
Israel também será incorporado à noiva.
• As virgens (ou filhas dos reis). “...as
virgens, suas companheiras que a seguem,
serão trazidas à tua presença. Serão dirigidas com alegria e regozijo; entrarão no
palácio do Rei” (vv. 14-15). Somos imediatamente remetidos à parábola de Jesus sobre as dez virgens. As virgens do
Salmo 45 parecem representar as virgens
sábias que entram no palácio do rei, pois
está escrito: “...chegou o noivo, e as que
estavam apercebidas entraram com ele
para as bodas; e fechou-se a porta” (Mt
25.10). Na minha opinião, não podemos,
do ponto de vista dogmático, separar as
virgens das filhas do rei, pois são apenas
duas facetas distintas do mesmo grupo
de pessoas. Essas virgens também são
mencionadas no Salmo 68.25-26.
notícias de Israel, JUNHO de 2009 | 9
O reinado do Noivo
real
O Salmo 45.16-17 fala profeticamente
desse reinado: “Em vez de teus pais, serão
teus filhos, os quais farás príncipes por toda
a terra. O teu nome, eu o farei celebrado de
geração a geração, e, assim, os povos te louvarão para todo o sempre”.
Quando o Senhor Jesus Cristo voltar
com Sua noiva celestial, que é a Igreja, para
convidar Israel a entrar em Seu reino na
terra, surgirá uma geração completamente
nova. “Em vez de teus pais, serão teus filhos...” Desde 1948 já temos uma nova geração em Israel. A velha geração sucumbiu
no ano 70 d.C.
Mas nem todo judeu ou israelita participará automaticamente do reinado do
Noivo real; somente aqueles que aceitaram
Seu chamado, o que também fica evidente
na parábola das dez virgens.
Essa nova geração participará do reinado no Milênio, o Reino de Mil Anos, e
sairá para anunciar o nome do Senhor a
todas as nações, e os povos louvarão ao Senhor Jesus Cristo, o Noivo real, para sempre
e eternamente.
Pensamentos finais
No livro de Cantares encontramos
um símbolo muito significativo no casa-
mento de Salomão, que é uma indicação
profética para Jesus Cristo: “O rei Salomão fez para si um palanquim de madeira do Líbano. Fez-lhe as colunas de prata,
a espalda de ouro, o assento de púrpura, e
tudo interiormente ornado com amor pelas filhas de Jerusalém. Saí, ó filhas de
Sião, e contemplai ao rei Salomão com a
coroa com que sua mãe o coroou no dia
do seu desposório, no dia do júbilo do seu
coração” (Ct 3.9-11).
• O palanquim de madeira representa
o sacrifício de Jesus na cruz (madeiro),
quando Ele tomou tudo sobre Si.
• As colunas de prata indicam a solidez, a segurança e a garantia da salvação.
• A espalda de ouro mostra que na
glória do Senhor encontramos descanso;
nessa espalda é possível relaxar.
• O assento de púrpura lembra a base
do perdão no sangue de Jesus.
• O interior amorosamente decorado: a plenitude do amor, que é eterno,
abrange tudo, “porque o amor de Deus é
derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado (aos
crentes em Jesus Cristo)” (Rm 5.5). O
amor de Deus, o amor em Jesus Cristo,
quer preencher nosso interior. Fomos
levados a Ele (Cl 1.13) e por Ele vivemos (1 Jo 4.9; Hb 1.3).
S om os
c hama dos a sai r
e a per miti r q ue
se jam os
carr egad os no
palan q ui m da
et erni dad e. Só
ass im ve remos o
Senhor Jesus
Cr i sto em toda a
Sua nobrez a,
belez a e g ló ri a.
10 | notícias de Israel, JUNHO de 2009
Somos chamados a sair e a permitir
que sejamos carregados no palanquim
da eternidade. Só assim veremos o Senhor Jesus Cristo em toda a Sua nobreza, beleza e glória. Isso também corresponde à Sua vontade soberana: “Pai, a
minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me
conferiste, porque me amaste antes da
fundação do mundo” (Jo 17.24). Somos
chamados a participar do dia do júbilo
do Seu coração!
No Salmo 45.10-11 lemos: “Ouve, filha; vê, dá atenção; esquece o teu povo e a
casa de teu pai. Então, o Rei cobiçará a
tua formosura; pois ele é o teu senhor; inclina-te perante ele”. Você está disposto a
vestir-se e andar de forma que possa
adorá-lO se Ele o chamar repentinamente para Si?
Se quiser saber mais sobre a Igreja
de Jesus e Israel, como também sobre a
parábola das dez virgens, recomendo o
livro O Sermão Profético de Jesus. Faça
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Nota:
1.No ensaio “One Solitary Life”; Factum 9/2004.
ARTIGO 02
t ho m as i c e
Por Que Sacrifícios Literais
Durante o Milênio?
Uma das mais freqüentes objeções à
interpretação consistentemente literal da
profecia bíblica diz respeito à visão que o
profeta Ezequiel teve do templo (Ezequiel
40-48). Os que contestam essa perspectiva
de interpretação argumentam: se o templo,
descrito na referida profecia, for um templo literal a ser edificado no futuro, isso
exigiria um retorno ao sistema sacrificial
que Cristo tornou obsoleto, visto que o profeta faz alusão à “expiação” (do hebraico kiper) em passagens como Ezequiel 43.13,27;
45.15,17,20. Na verdade, esses críticos interpretam a idéia de um futuro templo como uma contradição blasfema à obra consumada de Cristo, segundo consta no capítulo 10 da Epístola aos Hebreus. Hank
Hanegraaff chega a declarar que “Thomas
Ice piorou a situação quando afirmou que
sem sacrifícios de animais durante o Milênio a santidade de Yahweh [i.e., Javé] seria
profanada. Isso obviamente é uma blasfêmia”. Ele acrescenta que tal ponto de vista
representa um retrocesso “aos sacrifícios
da Antiga Aliança”.[1]
John Schmitt e Carl Laney levantam a
seguinte questão:
Seria uma heresia acreditar que um
templo e sacrifícios voltarão a existir? O
próprio Ezequiel acreditava na realidade
desse templo e que o Messias faria dele o
Seu futuro lar. Portanto, a crença de que no
futuro ainda haverá um templo e sacrifícios
não é uma heresia; ao contrário, não acreditar nisso é que chega a ser uma heresia,
principalmente porque tal predição é parte
integrante da infalível Palavra de Deus. O
que nos cabe não é questionar a realidade
de um futuro templo e de sacrifícios, mas
saber o modo pelo qual isso se harmoniza
no plano de Deus.[2]
Pelo menos quatro outros profetas se
unem a Ezequiel para afirmar que haverá
um sistema sacrificial no templo do Milênio (Is 56.7; Is 66.20-23; Jr 33.18; Zc 14.1621; Ml 3.3-4), o que apóia a interpretação
literal e, por conseguinte, futurista da predição de Ezequiel.
Sacrifícios da Nova
Aliança
Não cremos que o restabelecimento de
sacrifícios em uma futura dispensação seria uma volta ao sistema mosaico da Antiga Aliança. A Lei Mosaica cumpriu-se de
uma vez para sempre por meio de Jesus
Cristo e foi descontinuada (Rm 6.14-15;
Rm 7.1-6; 1 Co 9.20-21; 2 Co 3.7-11; Gl 4.17; 5.18; Ef 2-3; Hb 7.12; Hb 8.6-7,13; Hb
10.1-14). O Milênio será um período em
que a Nova Aliança se constituirá no código governamental em vigor (Dt 29.4; 30.6;
Is 59.20-21; Is 61.8-9; Jr 31.31-40; Jr 32.3740; Jr 50.4-5; Ez 11.19-20; Ez 16.60-63; Ez
34.25-26; Ez 36.24-32; Ez 37.21-28; Zc 9.11;
Zc 12.10-14). Portanto, não será um tempo
de retorno ao que é antigo, mas de avanço
notícias de Israel, JUNHO de 2009 | 11
para o que é novo, “pois, quando se muda o
sacerdócio, necessariamente há também
mudança de lei” (Hb 7.12).
A nova constituição do Milênio conterá
uma mescla de leis tipicamente mosaicas
com leis totalmente novas, que não se encontram nos 613 preceitos da Lei Mosaica,
as quais estarão em vigor na Nova Aliança.
Em vez da presença da glória Shekinah
junto à arca da aliança, Jesus, o próprio
Messias, estará fisicamente presente; em
lugar dos outros levitas, uma nova ordem
sacerdotal dos filhos de Zadoque (Ez 40.46;
Ez 43.19; Ez 48.11); um novo templo com
medidas muito maiores do que as medidas
do templo de Salomão (Ez 40.48-41.26).
Randall Price comenta:
A seção anterior referente ao altar do
holocausto (Ez 43.13-27) apresentou o restabelecimento do serviço sacrificial, assunto
esse que continua nos capítulos seguintes
(44-46) com a regulamentação acerca dos
sacerdotes levitas e de vários sacrifícios que
deviam ser oferecidos pela expiação da culpa de Israel. Embora instruções detalhadas
sobre a instituição do sistema sacrificial apareçam, pela primeira vez, nesses capítulos,
referências à prática sacrificial freqüentemente são feitas desde o início da profecia
(Ez 40.38-43,46-47; Ez 41.22; Ez 42.13-14).
Além disso, tais referências não são casuais,
mas fazem parte da essência de toda a descrição da visão de Ezequiel nos capítulos
40-48. Por exemplo, há pelo menos uma
menção do sistema sacrificial em quase todos esses capítulos, com exceção do capítulo 47. Tais referências mencionam o seguinte: “...Festas da Lua Nova e nos sábados, em
todas as festas fixas...” (Ez 44.24; Ez 45.17;
Ez 46.3,11-12); “...em holocausto ao Senhor,
cada dia...” (Ez 46.13-14); “...a oferta pelo
pecado, e a oferta de manjares, e o holocausto, e os sacrifícios pacíficos...” (Ez 45.17; Ez
46.2,4,11-15); “Tomarás do seu sangue [...]
assim, farás a purificação e a expiação” (Ez
43.20); “...altar [...] para oferecerem sobre
ele holocausto” (Ez 40.47; Ez 43.13-27); “O
altar de madeira...” (Ez 41.22) para a oferta
do incenso; “havia lugares para cozer [...] o
sacrifício do povo” (Ez 46.23-24); “... os sacerdotes levitas, os filhos de Zadoque, que
cumpriram as prescrições do meu santuário
[...] estarão diante de mim, para me oferecerem a gordura e o sangue...” (Ez 40.46; Ez
42.13-14; Ez 43.19; Ez 44.15-16; Ez 48.11);
“Os levitas, porém, que se apartaram para
longe de mim, quando Israel andava errado,
12 | notícias de Israel, JUNHO de 2009
[...] servirão no meu santuário como guardas
nas portas do templo e ministros dele; eles
imolarão o holocausto...” (Ez 44.10-11).
Além disso, as ofertas são designadas como
“oferta pelo pecado” (Ez 43.22,25; Ez
44.24,29) e têm por finalidade fazer “a expiação” (Ez 43.20; Ez 45.25). Em virtude de
os sacrifícios e as pessoas deles encarregadas estarem tão evidentes em todos esses
capítulos, não se pode evitar a consideração
de tais sacrifícios.[3]
Por Que um Templo e
Sacrifícios?
Do começo ao fim das Escrituras, o
propósito de um templo sempre foi o de
estabelecer um local para a presença de
Deus na Terra (esta que se encontra sob a
maldição do pecado), lugar esse cujo cerimonial de culto revelasse a extraordinária
santidade de Deus. O plano de Deus para
Israel envolve um relacionamento com os
judeus através da utilização de um templo, visto que Ele, o Senhor, deseja habitar
no meio de Seu povo. Na era atual, a Igreja
é o templo espiritual de Deus, um santuário constituído de pedras vivas (1 Co
3.16-17; Ef 2.19-22). O Milênio levará a
história a voltar no tempo, para que Israel
seja o povo designado por Deus como mediador, porém, será um período em que o
pecado ainda se fará presente na Terra.
Por isso, nessa época por vir, Deus há de
estabelecer um novo templo, um novo sacerdócio, uma nova Lei, entre outras instituições, porque Ele estará presente em Israel e continuará a ensinar que santidade
é uma condição obrigatória para todo
aquele que dEle se aproxima. Isso contrasta com o fato de que na eternidade
não haverá nenhum templo (Ap 21.22),
porque Deus e o Cordeiro são o Templo;
uma vez que no céu não existirá pecado,
também não haverá necessidade de um
cerimonial de purificação.
O detalhamento meticuloso observado nos capítulos 40-48 do livro de Ezequiel assemelha-se à instrução dada por
Deus a Moisés para a construção do tabernáculo e, posteriormente, a outros
para a construção do templo de Salomão.
Tal detalhamento não faria o menor sentido se não fosse interpretado literalmente como aconteceu no caso do tabernáculo e dos dois primeiros templos. Se
Some nte o sacrifíci o de Je sus
Cristo, re al izado na cru z do
Ca lvár io, rem ove
e f e tivam e nte o pe cado.
as instruções pormenorizadas tinham o
propósito de ser simbólicas, os símbolos
a que se referem nunca foram explicados, de modo diferente do que geralmente ocorre no caso da autêntica simbologia bíblica. Pelo fato de não haver nenhuma base textual para uma interpretação
não-literal, aqueles que adotam esse tipo
de interpretação simbólica se tornam
subjetivos em seus muitos e diversificados “chutes” quanto ao significado dessa
passagem bíblica.
Também é preciso lembrar a declaração bíblica de que os sacrifícios levíticos
do sistema mosaico eram para fazer “expiação” (por exemplo, Levítico 4.20,26,31,
35, etc.). Se esses sacrifícios do passado realmente tivessem expiado a culpa dos pecados das pessoas (o que obviamente não
aconteceu), da mesma forma seriam uma
ofensa à luz do perfeito sacrifício de Cristo.
Em Hebreus 10.4 está escrito: “Porque é
impossível que o sangue de touros e de bodes
remova pecados”. Além do mais, se aqueles
sacrifícios do passado tivessem cumprido
a finalidade de fazer a expiação e remover
pecados, não haveria necessidade do sacrifício expiatório definitivo de Jesus Cristo.
Nesse caso, qual seria a finalidade
dos sacrifícios, tanto os do passado
quanto os do futuro, já que eles, de fato,
não removem o pecado? Esses sacrifícios
efetuam a purificação cerimonial dos sacerdotes, do santuário e de seus utensílios. Somente o sacrifício de Jesus Cristo,
realizado na cruz do Calvário, remove
efetivamente o pecado. Jerry Hullinger
apresenta esta solução que “lida honestamente com o texto de Ezequiel e de
modo nenhum desmerece a obra de Cristo efetuada na cruz”:
O presente estudo sugere que os sacrifícios de animais oferecidos durante o Milênio servirão fundamentalmente para remover a impureza cerimonial e evitar que qualquer contaminação profane o templo
previsto por Ezequiel. Isso se fará necessário porque a gloriosa presença de Yahweh
habitará outra vez na Terra no meio de um
povo pecaminoso e impuro.
Em virtude da promessa feita por Deus
de habitar na Terra durante o Milênio (conforme consta nos termos da Nova Aliança), é
necessário que Ele proteja Sua presença através de sacrifícios [...] Além do mais, deve-se
acrescentar que tal sistema sacrificial ainda
será temporário, pelo fato de que o Milênio
(com parte de sua população composta de
seres humanos em seus corpos naturais nãoglorificados) durará somente mil anos.[4]
Os que levantam objeções aos futuros
sacrifícios do Milênio parecem assumir
que todos os sacrifícios, tanto passados
quanto futuros, sempre representam o
sacrifício perfeito e definitivo de Cristo
pelo pecado. Essa, entretanto, não é a
verdade sobre os sacrifícios! Na Bíblia há
vários propósitos para o sacrifício. Sob a
Lei Mosaica, muitos sacrifícios eram cerimoniais de purificação. Essa é a razão
pela qual se pode afirmar que a expiação
fora eficaz no passado, contudo ainda requeria o futuro sacrifício de Cristo, porque muitos sacrifícios, na realidade, proporcionaram expiação cerimonial, purificando os participantes e objetos do
ritual do templo. No texto de Ezequiel
43.20 e 26, a expiação destina-se especificamente à purificação do altar, a fim de
torná-lo ritualmente limpo. Os outros
usos da expiação também se referem à
purificação de objetos e utensílios para
que se preserve a pureza cerimonial na
correta adoração (Ez 45.15,17,20).
Um Memorial
Muitos dos que adotam uma interpretação literal desses sacrifícios do Milênio também acreditam que eles servirão como um memorial da obra expiatória de Cristo efetuada de uma vez para
sempre. Entretanto, os críticos de tal in-
notícias de Israel, JUNHO de 2009 | 13
No Mil ê nio, De us h á de
e stabe l e ce r um novo te mp l o,
um novo sace rdócio, u ma
nova Le i, e ntre ou t ras
ins tituiçõe s, porque E l e
e star á pres ente em Isra e l e
continuará a e ns inar q u e
santidade é um a cond i çã o
obrigatória para todo aqu e l e
que dEl e se aprox i ma .
terpretação crêem ser essa uma conclusão incoerente, que não procede. A base
de defesa do aspecto memorial futuro
pode advir do fato de que nossa atual
compreensão da Ceia do Senhor incorpora esse aspecto memorial (1 Co 11.2326). Sob a Lei Mosaica – cuja perspectiva
contemplava o futuro – há vários casos
de sacrifícios no templo que são especificamente denominados “memoriais” (Êx
30.16; Lv 2.2,9; Lv 5.12; Lv 6.15; Lv 24.7;
Nm 5.15,18,26). Tal terminologia pode,
de fato, ser a base de nosso entendimento, nesta atual era da Igreja, acerca da recordação da morte do Senhor, conforme
adotada pelo apóstolo Paulo. O aspecto
memorial mosaico oferece nítido suporte
para essa interpretação dos futuros sacrifícios no templo, a saber, a de que
crentes do Milênio rememorarão a provisão sacrificial de Cristo.
Conclusão
A realidade e o propósito dos sacrifícios do Milênio não depreciam a obra consumada de Cristo nem violam a interpretação literal desses textos proféticos. Não há
nada em Ezequiel 40-48 que entre em conflito com a morte de Jesus Cristo ou com o
ensino do Novo Testamento. As supostas
contradições entre uma compreensão literal da profecia de Ezequiel e a doutrina do
Novo Testamento acabam por se dissipar
quando meticulosamente examinadas e
harmonizadas. A despeito da ocorrência de
futuros sacrifícios no Milênio, o foco central de toda a adoração continuará na pessoa e na obra do Salvador. O templo do Milênio e seu cerimonial de culto servirão
diariamente como uma lembrança da necessidade do ser humano corrupto diante
de um Deus santo; também servirão de lição sobre o modo pelo qual esse mesmo
recomendamos
Thomas Ice é diretor-executivo do Pre-Trib Research
Center em Lynchburg, VA (EUA). Ele é autor de muitos
livros e um dos editores da Bíblia de Estudo Profética.
Notas:
1. Hank Hanegraaff, The Apocalypse Code, Nashville:
Thomas Nelson, 2007, p. 268-9.
2. John Schmitt e Carl Laney, Messiah’s Coming Temple:
Ezekiel’s Prophetic Vision of the Future Temple, Grand
Rapids: Kregel Publications, 1997, p. 181.
3. Randall Price, Unpublished Notes on the Prophecies of
Ezekiel, 2007, p. 70-71.
4. Jerry Hullinger, “The Problem of Animal Sacrifices in
Ezekiel 40 48”, publicado na Bibliotheca Sacra,
edição de julho setembro de 1995, vol. 152, nº 607,
p. 281-89.
livros
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Deus atua amorosamente para remover o
obstáculo do pecado humano em favor daqueles que nEle confiam. Maranata! (PreTrib Perspectives)
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14 | notícias de Israel, JUNHO de 2009
HorizonteHorizonte
Horizonte
horizonte
Prontos para Durban III
Eu havia sido avisado, antes da
“Conferência de Revisão de Durban”
em Genebra, que os judeus não deveriam caminhar pelos arredores
das Nações Unidas (ONU) sozinhos,
mas em duplas, para sua própria segurança. Esse foi um conselho que
ignorei, e estou grato porque saí de
Durban II sem arranhões. O mesmo
não pode ser dito sobre a reputação
do Conselho dos Direitos Humanos
da ONU.
Chegamos a Genebra com certo
temor. Esperávamos as cenas horríveis que havíamos testemunhado na
Conferência Durban I, em 2001,
quando manifestações anti-semitas
ferozes do lado de fora da conferência espelhavam a bílis derramada
sobre Israel no interior da ONU.
Mesmo assim, estávamos determinados. Desta vez, prometemos solenemente, não seríamos pegos de surpresa, e não subestimaríamos as
tentativas odiosas de apresentar Israel como bode expiatório, por parte de alguns dos piores abusadores
dos direitos humanos.
Os países que compõem o Conselho dos Direitos Humanos da ONU
demonstraram mais uma vez que preferem vociferar contra Israel ao invés
de abordar os reais abusos que estão
ocorrendo em seus próprios quintais.
Na Conferência Durban II, voltamos
a luz para essas nações e o clarão
foi testemunhado pelo mundo inteiro.
Em Genebra, ativistas dos direitos
humanos, estudantes e aqueles cujas
reivindicações estavam sendo ignoradas, inclusive refugiados de Darfur,
levantaram-se e disseram: Chega!
Antes da abertura da conferência, o presidente da Suíça encontrou-se com Mahmoud Ahmadinejad, o presidente do Irã, mencionando a liberdade de expressão
como justificativa. Isso fez com que
Alan Dershowitz, o conhecido defensor das liberdades civis, comentasse: “Se Hitler ainda fosse chance-
R e pr e se ntan te s dos pa íse s e urope us sa e m do pl e nár i o e m
prote sto contra o pronun ciam e nto do Pre side nte Irani ano
Mahm ou d A hm adine ja d na Durban II .
notícias de Israel, JUNHO de 2009 | 15
ler da Alemanha, ele seria bem-vindo à Suíça”.
Tendo isso como pano de fundo,
encenamos nossa própria abertura
de Durban II: um protesto silencioso,
liderado por estudantes. Eles caminharam em direção ao Palais Des
Nations [Palácio das Nações] com
esparadrapo sobre suas bocas para
refletir o silêncio da ONU com relação a questões como a violenta
opressão das mulheres, o genocídio
em Darfur, que reclama uma vida a
cada oito minutos, a opressão dos estudantes, minorias e gays no Irã – e
tudo por causa do enfoque obsessivo
sobre Israel.
Essa foi uma conferência sobre
direitos humanos aberta por um ditador genocida [Ahmadinejad].
Uma reunião sobre racismo na qual
Elie Wiesel, o [conhecido autor] sobrevivente do Holocausto, foi agredido por membros da delegação
iraniana nos corredores da ONU
como sendo um “ZioNazi”. O comentário de um jornalista que conheci e que estava cobrindo Durban
II foi: “Não seria possível inventar
uma coisa dessas”.
Durban II – uma conferência para
revisão – jamais conseguiria remover as manchas de Durban I. O processo de Durban foi um desvio de
atenção em massa. Mudar de assunto é o passatempo favorito de muitos
dos países que dirigem o Conselho
dos Direitos Humanos, que traem os
nobres objetivos sobre os quais o
Conselho foi fundado. Seus membros
ofuscam a pauta das reuniões para
evitarem responder a perguntas sobre eles mesmos. Eles engrenam a
retórica contra Israel quando, na realidade, o Estado judeu, uma democracia livre, aberta e liberal, tem um
histórico de direitos humanos do
qual pode se orgulhar.
Os esforços dos ativistas anti-Durban e a retirada em massa dos diplomatas, em virtude do violento discurso racista de Ahmadinejad, marcaram o evento como um divisor de
águas. A lição de Durban II é a seguinte: as palavras “Nunca Mais!”
têm significado para nós. Há muitas
nações que merecem sanções – Israel
não é uma delas. Não permaneceremos inertes enquanto atrocidades são
cometidas por regimes hipócritas e
despóticos, e Israel é selecionado para levar a culpa.
Que os países que seqüestraram a
luta contra o racismo fiquem avisados: estamos prontos para Durban III
(Michael Dickson, The Jerusalem
Post).
O autor é o diretor de StandWithUs em Israel. Essa
organização promove educação sobre Israel através de
bolsas de estudo, programas com seminários e palestras,
conferências, materiais escritos e recursos de internet –
seu site é www.StandWithUs.com.
horizonte
Vendido em favor de Israel:
o “perigo” do sionismo cristão
O “sionismo cristão” é um movimento perigoso que distorce os ensinamentos da Igreja, fomenta o medo
e o ódio contra muçulmanos e contra
cristãos não-ocidentais, e traz conseqüências negativas para a paz no
Oriente Médio.
É o que está escrito nas primeiras linhas de um boletim de notícias
do Conselho Nacional de Igrejas
(CNI) dos EUA. Essa federação liberal de denominações históricas,
que diz representar em torno de 35
igrejas, é tão engajada que sua Comissão de Relações Inter-Religiosas
publicou um panfleto intitulado
“Porque Deveríamos Nos Preocupar Com o Sionismo Cristão”.
16 | notícias de Israel, JUNHO de 2009
O panfleto pretende definir o
sionismo cristão tanto de maneira ampla quanto de maneira estrita. O quadro mais amplo diz:
os sionistas cristãos reconhecem
e, portanto, defendem o reavivamento nacional do povo judeu e
o moderno Estado de Israel como um fator legítimo no plano
divino. O texto continua:
Definido de maneira mais estrita,
o sionismo cristão é uma ideologia
embasada em crenças que consideram o Estado de Israel como sendo
ordenado por Deus e determinado
pelas Escrituras, com o papel central
de prenunciar o final da história, em
que os judeus não-convertidos e os
incrédulos (incluindo aqueles cristãos
considerados como tendo um status
questionável) serão julgados pela ira
divina. É a forma mais estrita que
causa preocupação.
Cinco alertas são apresentados:
– É um movimento com conseqüências negativas para a paz no Oriente
Médio.
– Fomenta o medo e o ódio contra
os muçulmanos e os cristãos não-ocidentais.
– Ele pode levar à desumanização
de israelenses e palestinos.
– Não é baseado em ensinos ou
doutrinas tradicionais da igreja.
– Cristãos evangélicos [tradicionais] estão preocupados.
Em suma, os cristãos evangélicos que defendem a existência do
moderno Estado de Israel como
sendo biblicamente documentado,
internacionalmente legal, e moralmente justificado são, de acordo
com o CNI, os verdadeiros causadores de problemas no mundo da
religião e, mais especificamente,
em Israel e no Oriente Médio.
Poucas acusações daqueles que
afirmam ser os campeões entre os
que buscam a paz e a tranqüilidade poderiam ser mais caluniadoras
e perversas. E, além de outras incorreções grosseiras no panfleto,
há a que segue: os sionistas cristãos “tratam os israelenses e os palestinos não como vizinhos a serem
amados, mas como garantias da
vingança e retribuição divinas em
um drama cósmico. A conclusão
desse drama envolve a morte de
todos os não-cristãos, inclusive dos
judeus, através de uma batalha
apocalíptica ou de juízos divinos”.
Nenhum verdadeiro sionista
cristão pode ser justamente acusado da “desumanização de israelenses e palestinos”. Até a sugestão de tal acusação é absurda.
Infelizmente, os parágrafos esclarecedores do panfleto revelam
as entranhas de uma agenda baseada mais em intolerância reacionária do que em pesquisas
acadêmicas e em observações genuínas. Esse é nada mais nada
menos que um exemplo de uma
organização que tem consistentemente apoiado, defendido e fomentado os elementos mais radicais da sociedade, enquanto alveja aqueles de quem discorda.
Não importam as suas juras de
um envolvimento inclusivo e
amoroso de todas as pessoas de
fé, classe ou diversidade.
Mark D. Tooley, diretor da
Comissão Metodista Unida do
Instituto de Religião e Democracia (dos EUA), colocou o dedo
na ferida. Em um artigo intitulado “Sionistas Cristãos: Os Verdadeiros Terroristas”, publicado em
dezembro na FrontPageMagazine.com, ele escreveu:
O que, de fato, frustra o CNI é que
o sentimento pró-Israel nos Estados
Unidos – que inclui, mas está longe de
ser restrito aos evangélicos – impediu
os EUA de forçarem Israel a se render
e a aceitar um acordo desastroso.
Uma pesquisa de opinião de 2003
mostrou que os evangélicos brancos
dos EUA favoreciam Israel em relação
aos palestinos em 54 a 6 por cento,
comparados com o apoio americano
em geral, que se inclina para Israel
com um vigoroso 41 a 13 por cento.
Protestantes de igrejas históricas e
católicos favoreceram a Israel por uma
margem de 2 a 1. Mais que 60 por
cento dos evangélicos pensavam que
Israel teria uma influência na Segunda
Vinda, juntamente com 21 por cento
das igrejas protestantes históricas e
um quarto dos católicos romanos.
Que os americanos como um todo... pendem mais para Israel do que
para a causa palestina é devido não
apenas ao papel de Israel na Bíblia,
mas à história moderna. O Israel democrático é visto como um reajuntamento miraculoso de um povo da Antigüidade em um Estado nacional
bem-sucedido. Facções terroristas geralmente parecem mais entusiasmadas em destruir seus vizinhos judeus
do que em criar uma nação própria.
E com relação à afirmação de
que os sionistas cristãos ignoram
ou minimizam o sofrimento dos
cristãos palestinos, dos crentes
no Iraque e no Irã, e de muçulmanos que vivem sob o domínio
de radicais islâmicos como os do
Hamas, do Hezb’allah (Partido
de Alá), além dos monstruosos
assassinos islamitas sudaneses:
repare em quem está orando, auxiliando, resgatando e defendendo esses povos oprimidos. Você
verificará que a grande maioria
que faz isso é de sionistas cristãos
que entendem o que está acontecendo, e de outros crentes, muitos das igrejas históricas, cujas
convicções compassivas estão em
desacordo com os preconceitos
de seus líderes. (Elwood McQuaid, The Jerusalem Post)
de ac ordo c om o CN I , os
verda dei ros causa dore s d e
problem as no m und o da
re l igiã o sã o os cris tã os
evangélic os que defe n d e m a
existê ncia do m o d erno
Es tado de Isra el c om o se n d o
bibl icam e nte docum e n ta do,
inte rnaci onalme nte le g a l , e
m oral m e nte justifi ca do.
Elwood McQuaid é editor-executivo de The Friends of
Israel.
notícias de Israel, JUNHO de 2009 | 17
horizonte
Sionistas de Jesus
Como a maioria dos sionistas religiosos, Aryeh Bar-David vê a mão de
Deus no estabelecimento do Estado de
Israel e nas repetidas vitórias do povo
judeu contra seus inimigos. Yom
Há’atzmaut (o Dia da Independência)
tem significado religioso como um sinal
tangível de que Deus está cumprindo
Suas promessas bíblicas para o povo
judeu. “A intervenção de Deus no curso
da história é tão clara que, para mim,
é um absurdo que o povo pense que
somos apenas um país democrático secular”, disse Bar-David, que se encontrou comigo no Yom Hazikaron (Dia da
Recordação dos Tombados) do lado de
fora da Porta de Damasco, na Cidade
Velha [de Jerusalém].
“Esta”, disse Bar-David, gesticulando em direção ao muro externo
da Cidade Velha, “é a manifestação
das profecias de Deus, como estão
escritas em Ezequiel, Jeremias e em
outros lugares na Bíblia”, referindo-se
à vitória da Guerra dos Seis Dias,
que deu a Israel o controle sobre o
lado leste de Jerusalém, inclusive sobre a Cidade Velha.
De modo semelhante a muitos sionistas religiosos, Bar-David, um veterano de quatro guerras, também está
convencido de que sua fé religiosa o
ajudou a enfrentar as situações de vida ou morte pelas quais passou quando estava em combate. Sob a direção
de Ariel Sharon, ele participou de algumas das batalhas mais sangrentas
pelo controle do Canal de Suez durante a Guerra do Yom Kippur. Como
sargento de um pelotão, Bar-David foi
forçado a assumir o controle quando
o comandante do pelotão foi morto
em uma emboscada. “Não importa
quão perigosas as situações fossem ficando, nunca tive medo de nada. De
certa forma, eu sentia vontade de es-
18 | notícias de Israel, JUNHO de 2009
Cerca de 2 m il jude us m e ss iâ nicos e cristã os e van gé l ic os de
toda a Europa se e ncontraram e m Ge ne bra para faze r e m
um a m an if e staçã o contra a [Conf e rê ncia] Durban II .
tar no céu, mais perto de Deus. Portanto, nunca fiquei com medo diante
da possibilidade de morrer”.
Mas, diferentemente da maioria
dos sionistas religiosos judeus – que
vêem o estabelecimento do Estado
como um precursor do Messias ainda
a ser revelado – Bar-David possui
uma escatologia radicalmente diferente. Isso acontece porque Bar-David
é um judeu messiânico.
“Estão chegando os dias em que
o povo judeu será forçado a perceber
que Yeshua é a única solução para
todos os nossos problemas”, disse
Bar-David, usando o nome hebraico
para Jesus.
Bar-David, 62, é um judeu messiânico da segunda geração. Seu
pai, um judeu búlgaro, “abraçou a
fé” enquanto estava estudando na
Suíça e mudou-se para Israel antes
do Holocausto.
Bar-David é um dos 10 mil judeus
messiânicos que vivem em Israel e
crêem que Jesus é o Messias e o Filho
de Deus, e que aceitá-lO como tal é
uma precondição para a redenção
espiritual. Eles se denominam judeus
porque a maioria nasceu de pai judeu ou mãe judia.
Mesmo assim, a crença de que Jesus é o Messias que já se revelou uma
vez e que virá pela segunda vez, normalmente leva à exclusão total de
uma pessoa da comunidade judaica.
Na verdade, é difícil imaginar algo
que seja menos judaico do que isso.
Historicamente, uma das peças centrais da fé judaica era sua rejeição
categórica ao Cristianismo. Ao longo
dos tempos, desde o advento do Cris-
tianismo, milhares de judeus preferiram ser martirizados a aceitar Jesus.
Mas Bar-David e outros membros
da comunidade messiânica se vêem
não apenas como judeus, mas também como sionistas ardorosos e israelenses patrióticos. Eles rejeitam a Teologia da Substituição cristã que vê,
por exemplo, a Igreja Católica como o
novo povo escolhido. Para a comunidade messiânica, o povo judeu ainda
é o povo escolhido por Deus, mesmo
tendo rejeitado Jesus. O estabelecimento de Israel é uma manifestação
tangível das profecias contidas na Bíblia. A reunião dos exilados e o retorno do povo judeu para a terra de Israel são parte do plano-mestre de Deus
para a redenção final. Lutar nas Forças de Defesa de Israel (FDI) contra os
inimigos do país é a mesma coisa que
tomar parte no cumprimento das profecias bíblicas. Estar do lado de Israel
significa estar do lado de Deus.
Esse sionismo “baseado na fé” foi
o que motivou cerca de 2 mil judeus
messiânicos e cristãos evangélicos de
toda a Europa, inclusive da Finlândia,
Noruega, Suíça, França, Alemanha,
Itália e Chipre, a se encontrarem em
Genebra na semana passada para
fazerem uma manifestação contra a
[Conferência] Durban II.
“Eu diria que fomos provavelmente o maior contingente pró-Israel em
Genebra”, disse Caley Myers, um advogado radicado em Jerusalém que
chefia o Instituto de Justiça de Jerusalém, um grupo de advocacia legal em
favor de direitos religiosos, que representa a maior parte dos cristãos
evangélicos e dos judeus messiânicos.
Myers, que trabalha na firma de
Direito estabelecida por Gideon
Hausner, o advogado-geral que processou Adolf Eichmann, fez um discurso em Genebra, no qual defendeu
fortemente o sionismo e chamou o
Irã, a China, a Líbia e outros países
que participaram da Durban II, de
membros do “Quarto Reich”.
Mas a variedade de sionismo religioso dos judeus messiânicos não é
sempre bem-quista. Num ataque aos
judeus messiânicos que foi, provavelmente, o mais violento que já aconteceu, Ami Ortiz, 15 anos, um cidadão
americano-israelense, filho de um
pastor judeu-messiânico, ficou seriamente ferido quando uma bomba explodiu em sua casa, na cidade de
Ariel, no dia do Purim, em 20 de
março de 2008. A bomba estava camuflada em uma caixa de presente
colocada na soleira da porta.
Esse não foi um incidente isolado. O Relatório Anual do Departamento de Estado dos EUA Sobre Liberdade Religiosa Internacional, publicado em setembro de 2008,
apontou uma sensível escalada na
violência contra os judeus messiânicos. Alguns dos incidentes mencionados [no relatório] incluíram a
queima pública do Novo Testamento
em Or Yehuda em maio de 2008 e a
explosão de uma bomba na Igreja
Batista em Rehov Narkiss em Jerusalém, lugar de encontro de uma congregação de judeus messiânicos de
fala russa.
Membros da comunidade messiânica também são observados pelo
Ministério do Interior. Por exemplo,
um casal de cristãos chineses, que
veio para uma peregrinação, foi recentemente detido no Aeroporto BenGurion depois que deram aos funcionários de controle de bordo o nome
de um judeu messiânico como a pessoa de contato em Israel. Foram liberados apenas depois que assinaram
um termo afirmando que não fariam
proselitismo durante sua visita.
Como resultado disso, homens como Daniel Yahav, filho de sobreviventes do Holocausto e que “abraçou a
fé” ainda quando jovem e agora serve como pastor em uma congregação
messiânica em Tiberíades, são cautelosos quanto à exposição na mídia,
que poderia atrair atenção indesejada. Yahav preferiu não divulgar o nome nem o número de membros de
sua congregação.
Yahav disse que a animosidade
aberta que alguns israelenses evidenciam contra os judeus messiânicos
não diminui seu fervor nem o de outros sionistas. “Estamos dispostos a
defender nossa fé, mesmo que a
maior parte dos israelenses a rejeite,
e isso mostra nossa sinceridade e
confiança”, disse Yahav, que afirmou
que im a públ ica do N ovo
Te stam e nto e m Or Yehu da
e m m aio de 2008.
ser o primeiro judeu messiânico a se
tornar oficial depois que as FDI mudaram suas políticas de exclusão nos
anos 1980.
Será que os judeus messiânicos
querem sofrer pela fé como uma maneira de imitar Jesus?
“Ninguém quer sofrer”, disse
Yahav. “Queremos viver uma vida
confortável como qualquer outra pessoa. Mesmo assim, quando vem o sofrimento, ele é um mérito e haverá recompensa nos céus por causa dele”.
Um fenômeno interessante que
surge vez após vez nas conversações
com os judeus messiânicos é seu forte
compromisso com o serviço militar
como parte de sua lealdade ao Estado. Yahav disse que há dois pilotos
da Força Aérea de Israel que são
membros de sua congregação, e vá-
notícias de Israel, JUNHO de 2009 | 19
rios outros que pertencem às unidades de combate de elite. A situação é
semelhante no moshav Yad Hashmona (localizado a oeste de Jerusalém),
um pequeno povoado cooperativo de
cerca de 20 famílias, a maior parte
de judeus messiânicos, de acordo
com Ayelet Ronen, seu secretário.
Como os sionistas religiosos ortodoxos, que vêem o serviço militar como um mitzva (boa ação), os judeus
messiânicos também o vêem em termos religiosos. Na verdade, vários
judeus messiânicos afirmaram que
respeitavam os sionistas religiosos
por seu serviço altruísta ao Estado, e
sentiam que tinham muitas coisas em
comum com eles – exceto, logicamente, pela fé em Jesus.
A dedicação dos judeus messiânicos ao serviço militar está baseada
na sua convicção de que devem ser
bons cidadãos e orar pelo sucesso do
Estado, não importando onde vivem.
Mas isso também tem a ver com um
tipo de sionismo religioso.
“Parte do sucesso da comunidade
messiânica no serviço militar se deve
à disciplina”, disse Ronen. “Colocamos grande ênfase no comportamento
e na conduta. Por exemplo, o sexo antes do casamento não é aceito, e esperamos que os jovens ajam de maneira responsável. Esses valores parecem ajudá-los quando chegam às FDI.
“Da mesma forma, nossos jovens
são estimulados a alcançar um nível
profundo de convicção religiosa de
forma independente. A fé não lhes é
imposta. Portanto, quando alguém se
compromete com ela, esse é o resultado de um processo interior, não exterior. E isso lhes dá muita força. Mais
importante, porém, é a convicção de
que, ao lutarmos pelo povo judeu, estamos lutando pelo lado de Deus”.
recomendamos
DVD
confira
confira
O DVD É Tempo de
Acordar– O Perigo
da Sedução é de
Daniel Yahav
(citado no artigo),
pastor em
Tiberíades.
O DVD Obadias –
O Julgamento de
Edom e o livro
Venha Conhecer o
Que Acontecerá no
Futuro são de Meno
Kalisher, pastor em
Jerusalém.
livros
h á at ual me n t e e n t re 200 e 300 ju d eus mess iâ nicos
s e rvi n d o nas FDI .
De acordo com Michael – que
ajuda a dirigir a Netiva Mercaz, uma
organização de jovens para judeus
messiânicos de 13 a 17 anos, que inclui um curso preparatório preliminar
de um mês denominado Netzor – há
atualmente entre 200 e 300 judeus
messiânicos servindo nas FDI.
Os judeus messiânicos não vêem
nenhuma contradição entre os ensinamentos pacifistas de Jesus, por
exemplo, os expressos no Sermão do
Monte, que ensina aos fiéis que devem oferecer a outra face a seus inimigos, e o serviço militar dos judeus
messiânicos nas FDI.
Michael, que é oficial na Brigada
Givati, crê que os ensinamentos de Jesus tornam o serviço militar um desafio.
“Como crentes, somos obrigados a
amar e a respeitar nossos inimigos.
Mas também somos cidadãos de Israel, o que nos obriga a servir nas FDI.
Cada crente deve se perguntar se o
que está fazendo é correto e bom. O
teste mais difícil é quando estamos trabalhando no policiamento da população palestina nos postos de controle
nas fronteiras ou durante as patrulhas
dentro dos vilarejos palestinos.
“Pessoalmente, vejo isso como
oportunidade de me comportar de
maneira compassiva e ética, e de servir como testemunha dos ensinamentos de Jesus. Há cerca de 200 ou 300
de nós espalhados por todas as FDI,
tendo um impacto positivo e servindo
como exemplos.
“Todavia, cremos que este estado
de coisas não durará para sempre.
No final, haverá um tempo de paz
proporcionado pelo Príncipe da Paz.
Naquele dia, todos reconhecerão que
Jesus é o Messias”. (Matthew Wagner, The Jerusalem Post)
pe­di­dos:  0300 789.5152 | www.chamada.com.br
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