Bom dia Cruzeiro2 - Colégio Cruzeiro

Transcrição

Bom dia Cruzeiro2 - Colégio Cruzeiro
Aqui você começa bem
Informativo dos alunos do Colégio Cruzeiro - Jacarepaguá . ano II . número 1 . julho de 2007
PAN traz esperança
para o hóckei
E você,
o que faria?
Pesquisa do 6º ano revela o que o brasileiro
está disposto a fazer para salvar o planeta
Páginas 8 e 9
Pouco praticado no Brasil,
o esporte ganha destaque
com a competição
pág 06
Educação na
periferia
Alunos do 8º ano descobrem
a realidade dos estudantes
da rede pública
pág 16
2 . Bom Dia Cruzeiro
E
D
I
T
O
R
I
A
L
Frank Motta
Enquete
A violência no Rio de Janeiro está muito
grande. Perguntamos a diversas pessoas o
que elas acham que deve ser feito para trazer
de volta a paz ao Rio. Confira as opiniões.
Por André Roquette, Breno Goulart e Tomás Pelosi
“Primeiro, o povo deve conscientizar-se no período de eleição para que
escolha os melhores governantes. E
estes governantes precisam fazer projetos que promovam a melhoria não
só da segurança, mas de todos os fatores importantes
Marcio Luis, 28 anos, inspetor
na sociedade.”
Lápis e papel podem livrar o mundo da catástrofe ambiental? Talvez não, mas já são um bom
Faça
começo. Foi com estas duas ferramentas simples e muita curiosidade que nossos pesquisadores
do 6º ano foram às ruas perguntar às pessoas: “O que você estaria disposto a fazer para salvar o
meio-ambiente?“ Foram ouvidos 331 entrevistados, das mais diversas regiões do Estado. Da
Baixada à Zona Sul carioca, observamos que as preocupações ambientais estão presentes no
cotidiano da maior parte da população, embora nem todos estejam dispostos a abrir mão do
ar-condicionado ou do banho quentinho para salvar o planeta. Mas, além de ouvir, nossos
pesquisadores puderam falar e ensinar um pouco do que aprenderam sobre preservação
ambiental. Fizeram, sim, a sua parte. Mas há muito ainda a ser feito.
O 8º ano também está fazendo sua parte. Depois de uma visita a um colégio público da
periferia, nossos repórteres descobriram que há muito mais semelhanças do que diferenças
entre os alunos de lá e os daqui. Apesar das dificuldades, os estudantes mais pobres não
abrem mão de seus sonhos, esperanças e, antes de tudo, do otimismo. Nesta edição, você
confere o resultado destas duas experiências e de muitas outras.
E você, já fez a sua parte?
Boa leitura e mãos à obra!
SUMÁRIO
06
Esporte
Hóquei
12
08
03
04
Comportamento
Quando a TV vira vício
Contos de Fadas
Educação
Aculturação
10
Matéria de Capa
Como salvar o planeta?
Tecnologia
Robótica
Crimes na internet
EXPEDIENTE
Meio Ambiente
Paraty
14
16
Saúde
Doenças endêmicas
Solidariedade
Rio das Pedras
COLÉGIO CRUZEIRO - JACAREPAGUÁ
Diretor
Coordenador do 9º Ano e Ensino Médio
Redação
Diagramação
João Aprígio
Fabiana Antonini
Valdomiro Dockhorn
Vice-Diretora
Orientadora Educacional do 9º Ano e
Ensino Médio
Alunos do 6º ao 9º
ano e Ensino Médio
Edição
Norma Benjamin
Maria Cecília Moreira da Costa
Carla Baiense
Francesco
Tarsitano Costa
Coordenadora do 6º ao 8º Ano
BOM DIA CRUZEIRO é produzido
pelos alunos do Colégio Cruzeiro JPA, com a orientação de professores
e funcionários
Revisão
Fotolito e impressão
Fátima Lopes Acar
Julio Bezerra
Projeto Gráfico
Tiragem
Fabiana Antonini
1.800 exemplares
Fátima Lopes Acar
Orientadora Educacional do 6º ao 8º Ano
Vânia Vasconcelos
Ilustração de capa
“Tem que botar o exército na rua.”
Genildo Leite, 53 anos,
segurança
“Educar as crianças e os adolescentes através da arte e dos esportes, tirando-os da rua e dandolhes uma ocupação prazerosa.”
Rivana, 47 anos, professora
de artes
“Cada um deve fazer sua parte na sociedade.” Luciano Sales, 37 anos,
motorista
“Tem que melhorar os homens, o
governo, a polícia. Porque desse
jeito, está muito triste.” Laura, 55
anos, doméstica
“O governo deve começar a investir
muito mais dinheiro na educação
das crianças, melhorar as escolas,
dar treiamento e aumentar o salário
dos professores. É um investimento
a longo prazo, isto é, o resultado só
virá daqui a muitos anos.
Também pode-se diminuir a violência investindo na
melhoria das condições de moradia e de saúde da
população carente.” Eloíza, 53 anos, arquiteta
Comportamento
Bom Dia Cruzeiro . 3
Loucos por BBB
Porque um reality show
mobiliza tantos jovens
e adolescentes
diante da TV?
Por Isabella Pasqualette, Cecília Braga,
Matheus Martins, Gabriel Guimarães e Lucas Müss
Muitos comentam que o reality show de
maior sucesso no Brasil, o Big Brother, é um vicio
ou uma forma de perder tempo. O certo é que
tem muita gente disposta a perder tempo em
frente à TV acompanhando os dramas e alegrias
que os protagonistas do programa revivem a
cada edição. E já são sete edições. Para entender
por que programas como estes despertam tanto
o interesse dos telespectadores conversamos
com a professora Edir Figueiredo, que é pesqui-
sadora e doutoranda do programa de pós-graduação em Ciências Sociais da Universidade do Estado
do Rio de Janeiro.
Para a professora, todos nós buscamos determinados padrões de comportamento que nos sirvam
de guia, uma espécie de manual de comportamento. “Quando nós espiamos alguém está implícita
a idéia de confronto, isto é, a necessidade de confrontarmos nossos próprios costumes e hábitos
cotidianos. Através deste contraste pautamos o nosso modo de ser e de agir. Não deixa de ser
também uma oportunidade de avaliarmos o nosso próprio desempenho diante das situações e
obstáculos impostos pela vida”, explica Edir.
Mas não é só a necessidade de confrontar nossos próprios comportamentos que está em jogo
no programa. A vontade de saber, a curiosidade é algo incitado em nós constantemente, seja pelos
meios de comunicação, seja pela educação ou pelo meio em que estamos inseridos. “Quem conhece,
de alguma forma detém uma informação privilegiada sobre algo ou alguém e, neste sentido, possui
poder. Então o que passa estar em jogo é o poder: poder de conhecer, de decidir e até de manipular
algo”, acrescenta a pesquisadora.
Quando o hábito de ver o programa se torna uma necessidade, é preciso ficar alerta. Existem
pessoas que nós chamamos de viciados em BBB. São espectadores que assinam canais exclusivos
para ver o programa 24 horas e mudam a rotina para acompanhar cada lance da disputa. Nestes
casos, Edir recomenda atenção.
“Todo e qualquer vício é sempre prejudicial. Seja porque nos torna dependentes ou porque nos
retira do convívio social. Se o hábito de ver o programa se constitui em diversão, sem prejuízo de
outras atividades, tudo bem. Porém, se torna-se uma necessidade compulsiva, a ponto de prejudicar
o convívio em família ou em sociedade, aí é preciso ligar o sinal de alerta”, finaliza.
E viveram felizes para sempre
Por Júlia Rocha
Ao pensarmos na infância, uma das coisas
que nos vêm à cabeça são os contos de fadas. Por
que eles têm tanta importância? Será que eles
têm conseqüências ruins? Por que, na maioria
das vezes, só as crianças acreditam neles?
Contos de fadas são variações dos contos
populares e se caracterizam como uma narrativa
em que o herói ou heroína tem que enfrentar
grandes obstáculos antes de triunfar contra o
mal. Em geral envolvem algum tipo de magia,
metamorfose ou encantamento.
Este tema tem muita importância porque é uma
manifestação das fantasias e histórias coletivas,
passadas de geração em geração através da cultura.
Ao se identificar com a história ou com os personagens, a criança torna-se capaz de projetar seus
medos e sentimentos e de colocar-se no lugar do
outro. A pedagoga Rosâne Modesto explica que as
crianças da Educação Infantil transitam pelo mundo
imaginário e a realidade. Por isto, vivem intensamente as histórias, através dos personagens. E isto
é fundamental, pois nesta fase elas conseguem tratar
certas questões, favorecendo o crescimento e o amadurecimento de sua psiquê, elaborando as etapas
para viver no mundo real dos adultos.
É importante ressaltar que ao passarmos de
certa idade, aquela visão de mundo tão restrita some
e a necessidade de questionar e compreender melhor as relações surge. Isto faz com que a “graça” do
conto tome outras conotações e a vontade de
aprender coisas novas e reais aumente.
Ilustração da aluna Letícia Curi
É preciso saber, apenas, que os contos começam com a abertura do livro e terminam quando o
livro se fecha. Se não considerarmos esta afirmação,
as conseqüências para o imaginário da criança podem ser ruins. Ao pensar que aquele conto fantástico
existe na vida real a criança se privará de muitas
atividades, com medo de enfrentá-las, já que ainda
não tem maturidade para enfrentar certas situações.
Mas mesmo considerando que os contos são
“coisa de criança”, é possível encontrarmos jovens
e adolescentes que vivem, ainda hoje, como os
personagens das histórias infantis. Muitas mulheres sofrem da chamada “Síndrome da Cinderela”,
que é a ilusão do homem perfeito que chegará num
cavalo branco e as salvará. Mas, venhamos e convenhamos, quem busca esse modelo na vida real
dificilmente vai ter um final feliz.
E não fique pensando que só as mulheres vivem
contos de fadas. Muitos homens também sofrem
do chamado “Complexo de Pequeno Príncipe”. Não
gostam de levar a vida a sério, de fazer planos, vivem
o momento e têm um amor à diversão imenso.
Saber diferenciar o fantástico e imaginário do real
é essencial para se viver bem. Aprender que nada na
vida vem de mão beijada é o primeiro passo. Lutar
pelo seu objetivo é indispensável. Se você não corre
atrás dos seus objetivos, quem vai correr por você?
O conto de fadas?!!? Posso garantir que não. Sonhar
é bom e possível, mas viver o sonho algumas vezes
não é bom nem possível. Por isto, pense antes dos
atos. O final feliz da estória está em suas mãos.
Educação
4 . Bom Dia Cruzeiro
Aculturação é sempre aculturação
Desde o descobrimento até os dias atuais, a
cultura local sofre a influência – e por que não
dizer, a colonização – de países economicamente
mais fortes . Nesta matéria, os alunos do 9º ano
levantaram a origem e identificaram algumas das
conseqüências deste processo*
Ontem foi a
colonização
Por Camila Fontenelle, Carolina Leitão,
Edgard Pires Damasceno e Júlia Prestes
No ano de 1500, os primeiros portugueses
chegaram a uma terra estranha, chamada por eles
Terra de Vera Cruz, mas cujo verdadeiro nome
era Pindorama. Vieram para ficar e nos séculos
seguintes iriam explorar essa rica terra de todas
as formas possíveis em benefício próprio.
Nesses séculos, os portugueses colonizaram
e expandiram o “seu” território adentro do
continente. Mas como ocupar e colonizar
território tão grande? As formas de ocupação
encontradas foram a criação extensiva de gado,
as bandeiras e as missões jesuíticas, que
avançaram muito por todo o país, especialmente
na Amazônia, catequizando índios e formando
vilas. Neste contexto, podemos inserir mais uma
palavra: aculturação.
Com toda essa invasão de terras, como
ficaram os índios daqui? Para lançar uma luz sobre
esta questão, podemos destacar um trecho do
livro “Descaminhos”, de Marcos Caetano Ribas:
“A vida ficada ruim para pior com a chegada
dos perós de saia comprida, batina ... chegaram,
fundaram colégios, criaram problemas.
Queriam que todos mudassem. Mudassem de
tudo. Mulher, só uma. Casamento, só uma vez.
O povo parado nas roças, batendo enxada sem
descanso. Nunca mais sumir nos matos até dar
vontade de voltar, nunca mais sair pros rios,
nunca fazer festas. Dançar três dias, três noites e
mais. Mudassem até mesmo de casa, fossem
morar na vila deles, queriam. São Paulo.”
Esse foi um dos aspectos mais tristes da
colonização. A aculturação nacional continuaria
por muito tempo ainda. O roubo das nossas
riquezas, a destruição das matas. Não mais
Pindorama, agora Brasil.
Hoje é a neo-colonização
Por Beatriz Matafora e Matheus Laveglia
Fotos de Edgard Damasceno
Se você pensa que hoje não recebemos
mais influências de outras culturas, está
enganado. Não apenas o Brasil, mas o
mundo todo, sofre direta influência da
cultura norte-americana. Atualmente, os
Estados Unidos são o país mais poderoso
politica e economicamente. A todo momento, podemos reparar pequenas peculiaridades americanas em nosso dia-a-dia.
Quando as meninas compram Barbies,
Kens e seus acessórios (New Beatle da
Barbie, casa de praia da Barbie), não
percebem, mas estão representando o
jeito de viver americano e se deixando
influenciar pelo padrão de beleza mais
aceito pelos Estados Unidos.
Todo dia consumimos produtos que
foram criados nos Estados Unidos. Mc
Donald´s e a Coca Cola podem causar mal “Estátua da Liberdade” é o símbolo de um shopping da Barra.
à saúde, mas todos continuam consumindo-os e contribuindo para a expansão econômica dos Estados Unidos.
Um símbolo da influência americana no Brasil pode ser encontrado no Rio de Janeiro: é o famoso
shopping New York City Center. Com uma réplica da Estátua da Liberdade em sua fachada, esse
local causa revolta a muitas pessoas e até tomates já foram jogados em sua direção. Porém, muitas
pessoas, principalmente adolescentes, adoram o local e sempre vão se divertir no Mc Donald´s,
Outback, UCI cinemas e muitas outras lojas lá presentes.
O Brasil também depende dos Estados Unidos na economia e o presidente Lula não mede esforços
para agradar o presidente americano George Bush. Recentemente, em visita do presidente americano a
São Paulo, o trânsito da cidade ficou por algumas horas parado para o carro de George Bush passar. A
população ficou revoltada e não conseguiu compreender como a vinda de um cidadão estrangeiro consegue
parar São Paulo inteira. Isso só nos mostra como os acordos firmados com o governo americano são muito
importantes para o Brasil e todos querem
agradar a George Bush, mostrar a ele que
a cultura de seu povo é muito boa e que
todos deveriam segui-la.
Será que é mesmo verdade? Será que a
cultura americana deveria servir de
exemplo para todas as outras? Ou é
apenas uma cultura baseada na geração
de lucros? As conclusões devem ser
tomadas por cada um.
Nomes estrangeiros povoam mesmo as lojas nacionais.
Algumas das influências políticas, econômicas e culturais dos
Estados Unidos sobre o Brasil
- Criação de órgão financeiros
internacionais, como o FMI, nos quais,
Educação
Bom Dia Cruzeiro . 5
na maioria das vezes, é o próprio governo norte-americano quem determina
as medidas que os demais países são
obrigados a adotar, de forma a facilitar a
entrada e o crescimento de multinacionais, principalmente as norte-americanas. Porém, quando se trata da própria economia, eles são extremante protecionistas. As tarifas de importação do
suco de laranja, por exemplo, aumentam em até 50% o preço do produto estrangeiro no território americano. O
açúcar brasileiro entra nos Estados
Unidos com uma sobretaxa de 140%,
causando queda de 60% das nossas
exportações para aquele país.
Os arcos do Mc Donald´s são conhecidos mundialmente.
- Uso de empresas, revistas e
publicidade para impor conceitos de sua cultura isto, no Brasil, o Nordeste havia sido invadido
sobre as outras. O jeans, criado na Califórnia, pelos holandeses, pois a Espanha rompeu o tratornou-se uma peça de vestuário quase universal. tado entre Portugal e Holanda, impedindo a enDos 100 filmes mais assistidos de todos os trada dos holandeses no território brasileiro para
tempos, 93 são americanos. A Coca-Cola é pegar e refinar o açúcar produzido no país.
Em São Vicente (São Paulo), o açúcar havia
vendida em mais de 200 países e tem um
entrado
em decadência, forçando os usineiros a
consumo diário de 1,3 bilhão de litros. A rede de
lanchonete Mc Donald´s possui lojas em mais procurarem outras opções no interior do país,
de 120 países e vende mais de 12,5 milhões de aproveitando o fato de que o Tratado de Tordesilhas não era mais respeitado. Como não tisanduíches por dia.
nham mais açúcar, só podiam fazer agricultura
de subsistência. Precisavam de dinheiro. Acharam a solução criando “bandeiras de apresamento”, que eram expedições com a finalidade
de capturar os índios para depois vendê-los como escravos. Este fato tornou-se “necessário”
após a Holanda adquirir o controle das terras
Por Victor Tostes, Gabriel Oliveira,
portuguesas na África e, com isso, o monopólio
Matheus Cesarino e Bruno Pugliese
dos escravos daquela região.
No Norte brasileiro, as missões jesuíticas estaDurante a União Ibérica, Portugal e Espanha
vam ricas, pois utilizavam a mão-de-obra indígena
estavam sob o mesmo governo. Mas Portugal
para extrair drogas do sertão. E o governo português
queria sua independência de volta. Enquanto
fundou escolas, vilas e fortes. Em 1640, a União
Ibérica acabou e a Espanha não teve
como reaver seu território no
interior brasileiro, pois Portugal
construiu fortes e vilas e no Nordeste havia muitas cidades construídas pelos holandeses invasores.
Cada um desses povos, nativos,
escravos ou invasores, ao se estabelecer em terras brasileiras, implantava seus costumes e sua cultura.
Com o tempo, houve a mistura entre os povos e as culturas, ainda existindo regiões no Brasil com fortes
características de cada uma delas.
Um pouco de
história
Depoimentos
“Na livraria da Travessa, uma
das mais freqüentadas de Ipanema, há várias estantes de
livros estrangeiros e apenas
algumas prateleiras no fundo da
loja com literatura nacional.
Está difícil entrar em contato
com a nossa cultura”.
Camila Fontenelle
“Certas formas de aculturação
são necessárias. Se tivermos uma
posição contrária, podemos
gerar conflitos e criar problemas
econômicos para o país”
Renato Baroni
“Por que aos domingos a gente
vai à missa e não faz a dança da
chuva?”
Clara Branco
“As pessoas que não se adéquam
à aculturação são consideradas
estranhas, porque estão fora do
padrão”
Juliana Passamani
“Os empregos que são gerados
aqui pelas multinacionais não
compensam os empregos que
são extintos nas empresas
nacionais pela concorrência
estrangeira”.
Exemplo de aculturação: no idioma do mercado de
consumo, ponta de estoque se escreve “off”, liquidação
virou “sale”. Muitas outras expressões do inglês
invadiram as vitrines do Rio de Janeiro.
*Trabalhos apresentados no seminário Aculturação é
sempre Aculturação, sob a coordenação da professora
Karin Blanco, de História.
Juliana Fittipaldi
Esporte
6 . Bom Dia Cruzeiro
Apaixonados pelo hóquei
Carla Baiense
Atletas da seleção
brasileira preparam-se
para disputar um Pan
com gosto de estréia
para o país
Por Rafaella Nogueira de Sá,
Vivian Magalhães e Mariah Ferrett
* Colaboraram Rodrigo Ávila,
JoãoVictor Cury e Bruno Cesar
O hóquei é um esporte pouco praticado aqui
no Brasil, mas os poucos jogadores são apaixonados pelo que fazem. No Colégio Cruzeiro
há um professor de Educação Física que será o
técnico do esporte no Pan 2007, Leonardo. Ele
trouxe cinco praticantes do esporte para nos dar
uma entrevista sobre como é a experiência de
ser convocado para participar do Pan. Antes da
competição começar ainda haverá um corte de
jogadores. Então, não está certo que esses cinco
jogadores participarão. Mas, pelo que parece,
só o fato de terem chegado até aqui já é motivo
de alegria. Ainda virão muitas competições para
eles representarem o Brasil. Mas estão torcendo
para começar agora. Nesta entrevista, realizada
pelas três turmas de 8º ano, eles falam dos sonhos no esporte e dos planos para o futuro.
Atletas e comissão técnica
Cássio
Cássio: 18 anos, é goleiro, joga pela Casa de
Macau, de São Paulo.
Michele: 19 anos, é lateral direita, joga pela
Casa de Macau, de São Paulo.
Carlos (Montoia): 21 anos, joga pelo Salesiano, de Niterói.
Rogério
Rogério: 18 anos, joga pelo Salesiano, de
Niterói.
Augusto (França): 16 anos, joga pela Casa de
Macau, de São Paulo, e é o mais experiente
dos cinco. Desde o 16 anos joga pela seleção
brasileira.
Leonardo: 34 anos, é técnico da seleção que
vai disputar o PAN.
Cláudio
Cláudio: 34 anos, é preparador físico da equipe.
Jogadores das seleções masculina e femenina de hóquei e o técnico Léo (ao centro) já sonham com a Olimpíada.
BDC - Como vocês começaram a jogar hóckei?
Carlos – O hóckei se parece com o futebol.
Comecei a jogar meio de brincadeira, em 2005.
Com o tempo foi ficando sério.
Augusto – Entrei no esporte em 2003 e já comecei a fazer viagens para disputar jogos.
BDC - Qual foi o momento mais marcante
da sua carreira?
Michele – O momento mais marcante foi
quando saiu a primeira lista de convocação da
seleção para jogar na Argentina.
Cássio – Para mim também foi a viagem para a
Argentina.
Léo – Apesar de ainda ter um corte de 23 para 16
jogadores, o momento mais importante destes
atletas será a convocação para ficar entre os que
vão representar o Brasil no Pan.
Rogério – Quem estava mais próximo da convocação era o França. Para o resto do grupo foi uma
surpresa. Eu não esperava. Tem mais um corte, mas
eu espero que a gente esteja entre os convocados.
BDC - Quando foi a primeira participação
do hóckei nas Olimpíadas?
Léo – O hóckei participou das primeiras Olimpíadas da Era Moderna, em 1906. Apesar de pouco
divulgado aqui no Brasil, ele é o terceiro esporte mais
praticado no mundo e o último esporte amador a
competir nas Olimpíadas. Não há profissionais neste esporte, todos são amadores. Mesmo lá fora, os
atletas que se dedicam ao esporte têm outra profissão: são técnicos, preparadores físicos. Por isto,
esperamos que ele continue a ser considerado um
esporte olímpico por muito tempo.
BDC - Qual o sonho de vocês no esporte?
Léo – O meu sonho como jogador era participar
do Pan. Tenho 34 anos, parei de jogar aos 32,
entre outros motivos, porque eu não podia manter o mesmo ritmo de treino destes atletas. Como técnico, o meu sonho de ir ao Pan está se
realizando. O próximo sonho é classificar a equipe brasileira para uma Olimpíada.
Carlos – Meu sonho é ganhar o prêmio de melhor atleta do COB, participar de uma Olimpíada
e ser treinador.
Rogério – Participar de uma Olimpíada, jogar
fora do Brasil, e depois continuar a carreira como
preparador físico ou técnico.
Michele – Participar do Pan e ajudar a divulgar o
esporte. Ver vocês jogando vai ser muito gratificante.
BDC - Que conselho vocês dariam para quem
quer jogar?
Cláudio – Trabalhar duro.
Rogério – Tudo na vida é questão de determinação. Estamos deixando tudo de lado: deixei
de sair, de namorar, de trabalhar e até de estudar
para me dedicar ao Pan. Tranquei a faculdade
neste período. Mas, tendo esta determinação,
você pode ir longe.
Esporte
BDC - Como é a rotina de treinos de vocês?
Léo – Em geral, os atletas treinam de três a quatro
vezes por semana. Em época de competição,
chegam a treinar dez horas por semana. Na seleção brasileira, os atletas fazem nove sessões de
treinos, o que dá 18 horas por semana. Este grupo
faz treinos físicos pela manhã, análises técnicas,
à tarde, e treinos com bola, à noite, o que dá oito
horas de treinamento por dia.
BDC - Qual o time mais forte do PAN?
Augusto – A Argentina, que é a sexta do mundo.
Foi a única no continente a se classificar para uma
Olimpíada e será nossa primeira adversária no PAN.
BDC- Por que vocês escolheram o hóckei
como esporte?
Rogério – Já fiz de tudo no esporte. Joguei futebol profissionalmente, mas depois de um tempo
desisti. Nadei, joguei tênis de mesa, boliche, desisti de tudo. Até que um dia, joguei hóckei e
pensei: é isto que eu quero para mim. Me apaixonei. Parei de jogar futebol, parei tudo. Só jogo
pingue-pongue de vez em quando.
Léo – Comecei aos 16 anos, no Colégio Cruzeiro
do Centro. Um colega de escola, alemão, me
chamou para jogar no clube Germânico. Fomos
de bicicleta. Joguei e comecei a gostar. Depois
do Colégio, resolvi estudar Economia, mas vi que
não era aquilo que eu queria. Parei tudo e fui fazer
Educação Física. Recomecei tudo, até que cheguei à Seleção Brasileira.
BDC - Vocês pretendem chegar ao gol mil?
Léo – Pelas minhas contas já cheguei a 4.937
gols, contando com todos os treinos e até com
os gols que fiz brincando com meu filho. Chegar
ao gol mil é difícil. Só três até agora chegaram lá.
Bom Dia Cruzeiro . 7
Existem categorias adultas do esporte, seis a oito
times adultos disputam campeonatos.
Michele – Léo, Cláudio e todos os que estão
ajudando o esporte a crescer.
BDC - Há quanto tempo o hóquei é praticado no Brasil?
Léo – O hóquei chegou aqui junto com o futebol,
em 1910, trazido por Charles Miller, mas começou a ser divulgado na década de 1960. Em 63 foi
realizado o PAN em São Paulo, mas a equipe de
hóquei brasileira não participou. Em 1990 foi
fundada a Federação. A confederação tem oito
anos e reúne entre 400 e 500 jogadores. O PAN
será o início do hóquei no Brasil. O resto foi infraestrutura, o esporte vai começar agora.
BDC – Por que o hóquei sobre patins tem
um destaque maior no mundo?
Léo – O hóquei sobre patins começou com as
Olimpíadas de Inverno. O que chega para nós são
os campeonatos americanos, transmitidos pela
ESPN,que não é um canal europeu. A visibilidade
do hóquei sobre patins é maior por causa da TV.
BDC - Onde serão disputados os jogos de
hóquei no P
AN
PAN
AN??
Léo – No PAN é disputado o hóquei de campo.
Os jogos serão na Vila Militar, em Deodoro.
BDC – Qual são seus ídolos esportivos?
Augusto – Meu ídolo é o Bruno Patrício, do Rio,
que já deixou o esporte. No futebol é o Ronaldinho, como todo mundo.
Rogério – Foi o Léo. Hoje, o Oto e o Oliver são
os meus espelhos. No futebol é o Cacá.
Carlos – No futebol, o Romário é o cara. No hóquei,
o Léo é o modelo. França e Oliver são diferenciados.
Cássio – São aqueles que estão tentando fazer
o esporte crescer no Brasil.
Léo – No esporte, de forma geral, é o Oscar
Schimit, pelo que ele representa para o esporte
brasileiro. Não tinha dinheiro que o fizesse deixar
a seleção brasileira. Recebeu oferta de US$ 60
milhões para jogar na NBA e recusou. Foi o jogador
que fez mais pontos no basquete no mundo.
BDC – Em nome do Brasil desejamos a
vocês muita sorte e que vocês arrebentem
com a Argentina.
Léo – A argentina hoje é mais uma parceira que
uma rival. Quando queremos aprender alguma coisa
vamos à Argentina. Daqui a alguns anos eles vão
começar a preocupar-se conosco. A Venezuela não
se preocupava e hoje está preocupada.
Para torcer pelo Brasil
Uma partida de hóquei sobre grama
consiste de dois tempos de 35 minutos
cada, durante os quais dois times com
onze jogadores tentam marcar o maior
número de gols possível. Os gols são
marcados quando a bola atravessa
totalmente a linha do gol adversário
depois de ser tocada pelo taco (“stick”)
de um atacante dentro da área de chute.
A bola só pode ser tocada com o lado
plano do taco.
Guilherme Maggessi
BDC - Como são as competições de hóquei
no Brasil?
Léo – As federações do Rio de Janeiro, de São
Paulo e de Santa Catarina têm os seus campeonatos e, como no futebol, os jogos são disputados em todas as categorias. E temos o campeonato brasileiro também.
BDC - Qual o resultado que o Brasil con
se
conse
se-guiu nas competições internacionais?
Léo – O Brasil está entre as quatro primeiras
seleções sul-americanas. No primeiro Pan que o país
disputou ficou na nona posição, entre 12 equipes.
Cláudio – O número de participantes no Brasil
é muito menor, não dá para comparar com
outros países. É como comparar o Brasil com
outros times sul-americanos no futebol.
BDC - Por que o esporte é tão forte na Argentina?
Léo – A confederação da Argentina tem 110
anos. Todas as escolas praticam o hóquei. Duzentas mil mulheres são filiadas à confederação
de hóquei. Setenta mil homens são filiados.
No detalhe, da esquerda para direita: França, Rogério, Carlos, Michele e Cássio durante entrevista aos alunos.
Capa
8 . Bom Dia Cruzeiro
A escolha é nossa
Alunos do 6º ano do
Colégio Cruzeiro
pesquisaram quais os
hábitos que os cidadãos
brasileiros estariam
dispostos a adquirir
para impedir o
aquecimento global
O que você faria para preservar o meio-ambiente? Esse foi o tema da pesquisa realizada pelos alunos
do 6º ano do Ensino Fundamental do Colégio Cruzeiro. Os entrevistados tiveram grande sinceridade ao
responder às perguntas e com isso pudemos tirar conclusões importantes para a nossa pesquisa.
Descobrimos, por exemplo, que muitas pessoas estão dispostas a mudar hábitos que requerem
uma grande adaptação da rotina, como a opção de substituir o carro por bicicletas ou caminhar.
Quase dois terços dos entrevistados se mostraram dispostos a fazer essa mudança. No entanto,
pequenos confortos se mostraram difíceis de ser mudados ou substituídos por grande parte dos
entrevistados. Entre eles, trocar a água do chuveiro quente por água fria recebeu o maior percentual
de respostas “não” da pesquisa: 55%. Em seguida, veio a substituição do ar-condicionado pelo
ventilador no verão. Mesmo tendo um custo maior e consumindo mais energia, 49,5% dos
entrevistados não abrem mão deste conforto.
Observamos, também, que 35% disseram não à coleta de lixo na praia. Em compensação, 89%
das pessoas se mostraram dispostas a fazer a coleta seletiva do lixo doméstico, atitude de grande
impacto ambiental.
A população brasileira precisa se conscientizar que, para impedir o aquecimento global, precisamos
mudar e que, se não mudarmos, podemos deixar o planeta inabitável para as próximas gerações.
Por Enrique Vazquez Pereira, Maria Eduarda
Lacerda e Sabrina Guedes Adegas, turma 64
Ilustração da aluna
Ana Luísa Coutinho
O que você faria?
Pesquisa realizada pelos alunos das quatro turmas de 6º Ano.
pesquisa 27 de abril a 04 de maio.
Período da pesquisa:
500 questionários foram distribuídos e 331 pesquisas foram apresentadas.
Objetivo
Objetivo: Entender a contribuição que cada um está disposto a dar
para preservar o meio ambiente.
Principais eixos da pesquisa: Preservação da qualidade do ar;
Consumo de água; Consumo de energia elétrica; Tratamento do lixo;
Preservação das águas; Preservação do solo.
Metodologia de pesquisa: Questionário fechado com dez perguntas,
para as quais o entrevistado respondia sim ou não. Também foram coletadas
informações referentes a sexo, idade, escolaridade e bairro de moradia.
Seleção da amostra
amostra: Os alunos foram incentivados a escolher pessoas
de diferentes perfis, a fim de obter uma amostra o mais heterogênea
possível. Além de fazer as perguntas, tinham o desafio de explicar a
importância das atividades individuais na preservação ambiental,
incentivando a mudança de atitude dos entrevistados.
Análise dos dados
dados: Os dados foram tabulados pela equipe de
coordenadores e analisados pelos alunos, que produziram os textos a partir
das conclusões. Foram priorizadas as questões cujos resultados mostram
algum tipo de resistência em relação à mudança de hábito, a fim de
esclarecer o impacto destas atitudes no meio-ambiente. Os alunos
realizaram suas conclusões a partir do próprio conteúdo aprendido durante
o primeiro trimestre nas aulas de Ciência.
Coordenação técnica
técnica: professoras de Ciências Rosalina Magalhães
e Fátima Regina Vieira.
Coordenação Editorial
Editorial: Carla Baiense.
Tratamento de dados: Vicente Willians, da Informática Educacional.
Heróis do meio-ambiente
Na pesquisa, encontramos 31 entrevistados (10% da amostra) que
responderam sim a todas as perguntas. Deles, 25 já passaram dos 30
anos. Apenas três são jovens ou adolescentes. Nossos heróis moram
em diferentes bairros e estudaram pelo menos até o Ensino Médio.
Capa
Bom Dia Cruzeiro . 9
Chuveiro: vilão
do meio ambiente
Por Ana Luisa, Carolina Berenger e
Thaís Morgado, Tuma 63
Nosso questionário continha dez perguntas,
para as quais os entrevistados respondiam sim
ou não. A primeira pergunta que fizemos foi:
Você estaria disposto a ir para a escola ou
trabalho utilizando transporte coletivo?
Duzentas e quarenta e sete pessoas andariam de
transporte público. Ainda assim, 84 pessoas
disseram que não. Estas pessoas podem ter
alguma razão se consideramos o risco de assalto
ou a falta de linhas de ônibus e metrô em alguns
bairros. Mas, se pensassem no meio-ambiente,
responderiam que sim. O transporte público
polui menos do que o transporte individual.
O mesmo vale para a segunda pergunta: Você
estaria disposto a caminhar ou utilizar a
bicicleta em vez de usar o carro? A maioria
– 214 pessoas – respondeu que sim, pois tem
conhecimento de que a fumaça que sai dos canos
de descarga polui a atmosfera. Mas para andar
de bicicleta é preciso vencer a preguiça.
Perguntamos também:: Você estaria dis
dis-posto a reduzir o tempo do seu banho para
economizar água? Duzentas e oitenta e cinco
pessoas responderam que sim. Todos nós
conhecemos as conseqüências do desperdício da
água. Um banho médio de 15 minutos consome
45 litros de água. Reduzir o tempo do banho é uma
das formas de evitar a escassez de água.
Outra questão importante para a preservação
ambiental foi tema da nossa pesquisa: a coleta
de lixo. Perguntamos: Você estaria disposto
a separar o lixo de acordo com o tipo? Duzentas e noventa e quatro pessoas responderam
que sim. Apenas 37 disseram que não, a maioria
delas, homens. Os tipos de lixo doméstico que
podemos separar sem perigo são: lixo orgânico,
papel, plástico, metal e vidro. A maior parte deste
lixo pode ser reciclada, reutilizada ou reaproveitada por outras pessoas.
Observamos que apenas 148 pessoas disseram
sim à pergunta: Você estaria disposto a trocar
o banho quente por banho frio? Cento e oitenta e duas pessoas não abririam mão deste conforto..
Em média, uma família de quatro pessoas que toma
um banho quente por dia vai gastar 120 Kw/h por
mês apenas com o chuveiro elétrico.
Ilustração da aluna
Thaís Morgado
A escassez de água doce
Por Pedro Soares, turma 61
Nenhum problema ambiental hoje é maior
que os escassos recursos de água doce para as próximas gerações. Dos 70% da água da superfície da
Terra, apenas 2,5% são compostos de água doce e
0,01% de água potável. A falta de água doce já é
uma realidade e nosso futuro depende dela.
A ONU prevê que dois terços da humanidade
sofrerão escassez de água. Será preciso que se
invistam bilhões de dólares por ano para
conseguir água potável. Milhões já morrem por
doenças transmitidas pela água impura.
Com 17% das reservas de água doce do mundo, o Brasil se encontra numa situação privilegiada. Já se pensa aqui até em exportar água.
Nossa imensa riqueza hídrica se dá por que
temos imensas bacias hidrográficas, como o Rio
Amazonas, o Rio São Francisco e o Rio Paraná.
As geleiras são também imensas fontes de água
doce. O problema é que boa parte dessa água para o
consumo está longe das áreas mais populosas. Só a
agricultura consome 70% da água doce do mundo.
Precisamos ter, desde pequenos, uma conscientização ambiental séria: nossa casa, nossa rua,
bairro, cidade e nosso planeta. Cada habitante da
Terra tem que assumir a responsabilidade.
Cabe a cada um de nós, diante dessa situação,
não desperdiçarmos água, com banhos longos,
descargas, lavagens de carros, louças e calçados.
Um litro de óleo de cozinha polui 1 milhão de
litros de água. Gastamos o dobro da água de que
necessitamos. Cabe aos governos não permitir a
destruição de florestas, fiscalizar e punir indústrias
poluidoras, cuidar do lixo, tratar as águas dos esgotos
e criar leis para proteger o meio ambiente.
O mundo vai acabar
Por Pedro Lopes, turma 61
Hoje em dia, as pessoas estão poluindo os rios, destruindo as matas e produzindo um excesso de lixo.
O lixo deveria ser colocado nos aterros sanitários, mas estes locais são caros. A opção é reciclar o maior
volume de lixo e colocar o restante nos aterros. Por isso, a coleta seletiva deveria começar em casa.
Na minha opinião, a Prefeitura deveria investir muito mais no transporte coletivo. Isso seria
bom, pois, assim, poucos veículos trafegariam nas ruas, soltando menos gazes poluentes na
atmosfera. Isto evitaria tantas mudanças climáticas, efeito estufa e aquecimento global.
A população deveria ficar menos tempo no banho, pois a água doce está acabando. Assim,
também economizaria energia, no caso de chuveiros elétricos. Se a água doce acabar, não conseguiremos viver na Terra e teremos que procurar outro planeta para nossa habitação.
Capa
10 . Bom Dia Cruzeiro
Você estaria disposto...
... a armazenar o óleo usado em garrafas pet?
... a substituir alimentos produzidos com agrotóxicos?
... a recolher o lixo que encontra na praia?
... a substituir o ar-condicionado pelo ventilador?
... a não jogar lixo no chão?
... a trocar o banho quente por banho frio?
... a separar o lixo de acordo com o tipo?
... a reduzir o tempo do banho para economizar água?
... a caminhar ou utilizar a bicicleta em vez do carro?
... a ir para a escola ou trabalho em transporte coletivo?
Hábitos simples podem reduzir o impacto ambiental
Por Gabriela Valle e Gabriella Moraes, turma 62
Algumas questões abordadas dizem respeito,
simplesmente, a coisas que algumas pessoas
fazem sem perceber, ou sem avaliar o impacto
delas. Perguntamos, por exemplo: Você estaria
disposto a não jogar lixo no chão? A maior
parte, 321 pessoas, respondeu que sim. Elas têm
consciência de que se jogarem lixo no chão vão
poluir o meio ambiente, entupir bueiros e sujar
as praias. Enquanto as dez pessoas que responderam não ainda precisam se conscientizar de
que a ação delas prejudica a vida no planeta.
Outro conforto da vida moderna provocou
divergência entre os entrevistados. Perguntamos: Você estaria disposto a substituir o
ar-condicionado pelo ventilador no verão?
Cento e sessenta e sete entrevistados disseram
que sim, porque respeitam e amam a vida. Apesar de muito mais confortável que o ventilador,
o ar-condicionado aumenta a degradação ambiental, tanto pelo consumo de energia quanto
pela emissão de CFC, gás que contribui para
aumentar o buraco na camada de ozônio, que
protege o planeta dos raios ultravioletas.
Cento e sessenta e quatro entrevistados, no
entanto, disseram que não abandonariam o arcondicionado. Por egoísmo ou por falta de informação, não se preocupam com o uso do aparelho. Talvez elas não sofram, mas seus descendentes pagarão um alto preço por essa atitude.
A coleta do lixo encontrado na praia também
provocou polêmica. Começando pela pergunta:
Você estaria disposto a recolher o lixo que
encontra na praia? Alguns entrevistados deixavam claro que só recolheriam o lixo que eles próprios produzissem. Ainda assim, 215 concordaram em recolher os palitos de picolé, sacos
plásticos e garrafas pets que encontrassem na
areia. Sabem que este lixo vai para o mar com a
chuva e o movimento das marés. Querem saber
quanto tempo este lixo leva para se decompor?
Garrafas pet – Mais de 400 anos
Pontas de cigarro – 5 anos
Papéis – de 3 a 6 meses
Vidros – Tempo indeterminado
Chicletes – 5 anos
Latas de alumínio – De 200 a 500 anos
Mesmo com todo o tempo gasto para decomposição do lixo, 116 pessoas não concordaram
em fazer a coleta. Talvez porque sejam um pouco
egoístas e preguiçosas..
Também investigamos o consumo de produtos orgânicos pelos entrevistados. Os orgânicos são cultivados sem agrotóxicos. Com isto,
não poluem os lençóis freáticos com pesticidas
ou outras substâncias venenosas. Perguntamos
a nossos entrevistados: Você estaria disposto
a substituir alimentos produzidos com
agrotóxicos? Duzentas e setenta e seis pessoas
responderam que sim.
Além de poluírem o meio ambiente, os agrotóxicos fazem muito mal à saúde. O índice de
câncer, alergias e outras doenças está crescendo
em todo o mundo e estes produtos são apontados
como responsáveis por este crescimento. Ainda
assim, 55 pessoas disseram que não trocariam os
produtos cultivados com substâncias químicas
pelos orgânicos. Talvez por desconhecimento
dos benefícios ou pelo preço das verduras,
legumes e frutas produzidos sem agrotóxicos.
Por fim, perguntamos: Você estaria disposto
a armazenar o óleo de cozinha depois de usa
usa-do em garrafas pet para recolhimento pela
Comlurb? Como sabemos, o óleo e a água não se
misturam. Por isto, quando jogamos óleo na pia
da cozinha, ele acaba poluindo os rios e formando
uma película sobre a água que sufoca os animais e
plantas daqueles sistemas. A melhor forma de evitar
esta contaminação é armazenando o óleo usado
dentro de garrafas pet, que depois serão colocadas
no lixo comum. Depois de recolhido, todo o lixo é
separado nos galpões da Comlurb e os funcionários são orientados a separar as garrafas pet com
óleo. Esse óleo será reaproveitado pela indústria,
reduzindo o consumo de produtos e evitando a
contaminação da água.
Duzentas e sessenta e três pessoas se disseram
dispostas a adotar esta atitude ecológica, enquanto 67 disseram que não o fariam. Algumas justificaram a resposta dizendo que a Comlurb não
faz a coleta no seu bairro. Na verdade, esta é a coleta
comum, que a Comlurb realiza regularmente em
todo o Rio de Janeiro. Não tem mais desculpa para
deixar de ser ecologicamente correto.
Meio Ambiente
Bom Dia Cruzeiro . 11
1
A biodiversidade de Paraty
Arquivo pessoal
Por Camila Marques, Bruna Costa e Letícia Curi
Quem já foi a Paraty deve ter se encantado
com a arquitetura colonial, o mar deslumbrante
que cerca a região, a culinária local. Mas a cidade,
que guarda um pedaço da história do Brasil, tem
outra riqueza: a biodiversidade. A vegetação predominante na região de Paraty é a mata Atlântica
(ou floresta pluvial). Essa floresta, que antigamente ocupava a maior parte do território brasileiro, agora está concentrada em algumas áreas
localizadas nas serras do Mar e da Mantiqueira.
Esta mudança aconteceu graças aos ciclos da
cana, do café e ouro (que poluiu rios e lagos) e ao
crescimento das cidades.
Em Paraty, a Mata Atlântica chega até o mar,
mas não se encontra ilesa. No final do século
XVIII havia mais que 150 alambiques na região,
ou seja, praticamente toda a região de floresta
era, na verdade, plantação de cana.
O solo é extremamente pobre e argiloso. Sua
fisionomia é alta e densa
Há várias associações, dentre elas, o mutualismo, onde indivíduos se associam para se beneficiar. Algumas espécies não vivem separadas,
como é o caso das algas e dos fungos.As algas
fornecem aos fungos parte do alimento e eles
retiram água e sais minerais do meio ambiente,
fornecendo-os às algas.
A biodiversidade marinha é rica. Há várias
espécies de peixes, invertebrados e algas.
Na região de Paraty existem vários ecossistemas associados à Mata Atlântica:
Restingas: Alguns pedaços de terra,
planos e baixos que se alongam até o
mar. Sua vegetação é rasteira.
Ilhas Costeiras: Vegetação igual à
do continente. Em ilhas maiores há
fontes de água doce.
Campos de altitude: Localizados
na Serra do Mar, com altitude elevada.
A vegetação é rala e baixa, devido aos
ventos fortes e ao clima frio.
Exemplos de fauna e flora da região:
• Árvores: Jacarandá, Jequitibá,
Canela Preta, Palmito, Mangue
Bravo e Goiaba;
• Arbustos: Feijão da praia, pimentinha,
cipó, samambaia e Lírio do Brejo.
• Fauna: Jaguatirica, lontra, raposa,
veado, gambás, capivara, sabiá,
periquito, pica-pau, tucano, cobras
e lagartos.
Jacarandá, Jequitibá, Canela Preta, Palmito, Mangue Bravo e
Goiaba são as principais árvores encontradas na região
Mangue: com a maré alta, as águas dos rios são
represadas, alagando as planícies costeiras. O
local é criadouro de aves, peixes, crustáceos e
moluscos. Possui arbustos e árvores com raízes
suspensas.
Caminho do Ouro: um dos mais conhecidos pontos
históricos da cidade.
Nas fotos acima, um pouco dos manguezais de
Paraty. Além da vegetação rica, esses sistemas
abrigam uma variada gama de espécies
aquáticas e aves .
Mudanças provocadas pelo homem
O início do desmatamento da região foi em
1500, quando cortaram uma árvore para fazer
uma cruz e rezar uma missa. O ecossistema de
Paraty ocorreu graças aos principais ciclos econômicos, o do açúcar e do café (árvores derrubadas para plantação desses gêneros) e do ouro
(ciclo que poluiu rios e mananciais) e claro, com
o crescimento da vila.
No fim do século XVIII, havia mais de 150
alambiques na região. O ciclo da cana fez com
que as florestas fossem desmatadas e a maior
parte da terra virasse canavial.
Já no século XIX, Paraty virou um importante
porto que levava ouro de Minas à Metrópole.
Isso fez com que vários caminhos fossem
abertos no meio da Mata Atlântica para o
escoamento do mineral à praia, desmatando
mais uma vez a floresta. O mais famoso é o
Caminho do Ouro.
Hoje essa área foi naturalmente reflorestada
formando uma mata secundária que cobre
aproximadamente 80% do território paratiense.
Porém, a mata secundária nunca será igual à
original. Da mata original ou primária restam
apenas 7%.
Tecnologia
12 . Bom Dia Cruzeiro
Diversão dos filhos X terror do pais
Por Juliana Ramos, Carolina Salomão e
Amanda Espinosa
Hoje em dia o maior site de relacionamento é
o Orkut, onde adolescentes e adultos podem
interagir entre si, fazer amigos e até começar um
relacionamento mais íntimo. Porém, existem
desvantagens: feaks – orkuts falsos – utilizam um
perfil igual a de outras pessoas, com a mesma
foto e as mesmas características, para criarem
comunidades pornográficas, racistas, que infringem a lei e incentivam o crime e a ilegalidade.
Seqüestro e preconceito em comunidades e perfis já foram parar na justiça, por isso, a página
possui um link onde podemos denunciá-los.
Apesar de tantos problemas, assim como quaisquer outros sites da internet, o Orkut tem suas vantagens: conversar com amigos, conhecer gente nova, relacionar-se com alguém em uma velocidade
que só a internet possui. Outro meio de relacionamento virtual muito adotado é o MSN – Messenger
–, bate-papo online. A vantagem é que você pode
Ilustração da aluna
Amanda Espinosa
conversar com outras pessoas como num telefone
e adicionar quem quiser . A desvantagem é que
pode ser raqueado, ou seja, invadido.
“Ao enviar, publicar ou exibir quaisquer
materiais no serviço orkut.com, você nos
como descobrir sua identidade. Para quem
pretende saber um pouco mais sobre estes
amigos do outro lado do teclado, Cláudio dá a
dica. “Prefiro o amigo pessoal. O termo “amigo
virtual” é um pouco genérico (avatar, second life
e etc.). A melhor forma de tentar descobrir a sua
identidade, caso haja interesse, é tentar tornálo amigo real”, ensina o promotor.
concede, automaticamente, o direito
irrevogável, perpétuo, isento de royalties,
transferível, sublicenciável, não-exclusivo
e mundial para copiar, distribuir, criar
trabalhos derivados, utilizar e exibir
publicamente tais materiais”.
(direitos de propriedade do orkut.com)
Segundo o especialista Cláudio Feijó, promotor e titular da Promotoria de Justiça junto ao
XVI Juizado Especial Criminal de Jacarepaguá, o
Orkut é uma ferramenta fantástica de interação
social. As vantagens são a praticidade e a economia de tempo no acesso e manejo da informação. E os perigos são os mesmos da vida
real, isto é, uso indevido da informação
ali prestada.
“Os cuidados devem ser exatamente
os mesmos do cotidiano. Lembrar
que qualquer informação pessoal
será vista e acessada por qualquer
um em qualquer parte do
planeta”, diz o especialista.
Na internet muitos
têm um amigo virtual,
porém não sabem
O que pensam os pais sobre a internet?
“É um instrumento fantástico para a busca e
aprimoramento do conhecimento. Não controlo
o uso dos meus filhos, apenas tento mostrar os
malefícios e benefícios ali existentes.” Claudio
Feijó - Promotor de Justiça
“É uma ferramenta de comunicação que veio
para ficar. Eu controlo meus filhos com confiança
e responsabilidade.” Jair Ramos – contador
“É uma ferramenta preocupante. Controlo determinando horários.” Rosimary Vianna – protética
“É uma ferramenta de busca, comunicação e
diversão. Controlo determinando horários.” –
Cristina Cavalcanti – Advogada
“É uma ferramenta de pesquisa, entreterimento, comunicação e trabalho. Não controlo meus
filhos, tento mostrar como a internet deve ser usada.”
Marco Salomão – Engenheiro de telecomunicações
Não ao crime na internet
internet:
Ao se deparar com evidências de um crime
contra os direitos humanos na internet, o internauta pode acessar o portal da Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos
www.denunciar.org.br)
(www.denunciar.org.br)
www.denunciar.org.br), preencher e encaminhar um formulário anônimo de denúncia.
Após o envio, o sistema gera automaticamente
um número aleatório para que o denunciante
possa acompanhar o andamento dado à denúncia, em tempo real e de forma anônima.
Os serviços da Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos contam com
suporte governamental, parcerias com a iniciativa privada, autoridades policiais e judiciais,
além dos usuários da internet. Os principais
crimes investigados através do portal são:
- Pornografia infantil (Pedofilia on-line)
- Racismo, xenofobia e intolerância religiosa
- Neonazismo
- Apologia e incitação a crimes contra a vida
- Homofobia
- Apologia e incitação a práticas cruéis contra
animais
Tecnologia
Bom Dia Cruzeiro . 13
Brincadeira de criança?
Mesmo os jovens
reconhecem: a violência
dos videogames pode
se tornar uma ameaça
real para a educação
Por Pedro Silva e Nicolas Crespo
Substituindo os esportes (para que jogar futebol se você pode fazê-lo sem se cansar nem sair
de casa?) e tirando o tempo dos estudos, os
videogames podem, sim, ser prejudiciais à vida
dos adolescentes. Além disso, podem provocar
a obesidade. Para esse último problema já foi
encontrada uma solução: a Nintendo desenvolveu um videogame com controles sem fio. Para
movimentar o personagem, você deve mover-se
junto. O Nintendo Wii já está disponível, mas
com um preço alto: R$ 3 mil.
Grand Theft Auto incentiva o jogador a cometer
diferentes tipos de crimes durante a partida
A principal ameaça dos jogos
modernos, no entanto, não é para o peso dos adolescentes. É para
o cérebro. Jogos como Manhunt
trazem toneladas de sangue e violência às telas. Apontado como
inspiração para um crime ocorrido
na Inglaterra em 2004, Manhunt
transforma o jogador num assassino virtual. Nos EUA, foi classificado como apropriado para
maiores de 17 anos.
O famoso Grand Theft
Auto (GTA) é outro exemplo de
violência explícita. Nele, você
pode aliar-se a gangues, matar Second Life: jogador pode ficar 24 horas conectado no ambiente virtual
pessoas, desafiar a lei, assaltar bancos, roubar
A novidade, agora, são os jogos que simulam
carros (como o nome já diz, “grande ladrão de a vida real, como o famoso Second Life . São
carros”) entre outros tipos de crime. Além disso, jogos que recriam situações do cotidiano, onde
há macetes inseridos no próprio jogo, como set você escolhe seu personagem (avatar) e age code armas melhores, set de armas explosivas, e mo uma pessoa real. É possível fazer plásticas e
set de armas “state of the art”, ou seja, o último até conseguir um emprego como DJ.
O second Life movimenta dinheiro, mas do
passo em tecnologia a serviço da violência.
Há missões em que você deve, por exemplo, mundo real. Você troca alguns dólares por moeexplodir um prédio com um helicóptero de con- das específicas do jogo. Depois, você consegue
trole remoto, matar pessoas-chave, matar dinheiro no mundo real. Mas, para conseguir
uma boa quantia, é praticamente indispensável
traidores de seu mandante e matar inimigos.
No Clássico Mortal Kombat , criado em ficar horas e horas no Second Life.
1992 por Ed Boon e John Tobias, você simplesmente pode, após a derrota dele, destroçar seu
inimigo, com os famosos fatalities, brutalities,
animalities e outros golpes. Há ainda outros
jogos, como o GTA e o popular CS (Counter
Strike), que incentivam violência.
Mas há opções mais instrutivas. Alguns
jogos, como os de futebol e basquete, podem
incentivar a prática de esportes. Já o Guitar
Hero incentiva a prática de uma atividade musical. Para aumentar a emoção, o Guitar Hero
pode ser jogado com um controle adaptado para
parecer com uma guitarra.
Manhunt: tecnologia de ponta a serviço da violência
A evolução dos consoles
Existem vários tipos de console da nova geração: Playstation 3 (da
Sony), Xbox 360 (da Microsoft) e Wii (da Nintendo).
Os videogames acima são versões aperfeiçoadas dos anteriores, o
Playstation (PS) 2,o Xbox e o Nintendo Gamecube. Os primeiros
videogames eram simples, como o Atari, que para a época era um sonho.
Os jogos consistiam em atravessar a rua, passando por carros. Depois, a
Nintendo nasceu aperfeiçoando o mercado de jogos. A Sega veio de
brinde. A Nintendo, então, criou a “Power Glove”, uma luva para auxiliar
o jogador. Era muito complicada para ser usada, por isso não fez muito
sucesso. A Capcom também surgiu, e essas produtoras trouxeram a nós
jogos de filmes, como Sexta-feira 13 e Pesadelo em Elm Street ,
além de Top Gun e Karate Kid. As famosas Tartarugas Ninja também
não ficaram de fora.
Então, os videogames evoluíram. Nasceu o Super Nintendo. Depois
o Nintendo 64. Então, vieram o Gamecube e o Wii. Para a Sony,
Playstation 1, Playstation 2. Em seguida veio o Playstation Portable (PSP)
e, então, o Playstation 3.
A Microsoft juntou-se a esse mercado há pouco tempo, com o Xbox,e
agora com o Xbox 360.
Saúde
14 . Bom Dia Cruzeiro
Saúde, Rio
Velhas e novas
doenças estão
atacando a população
do Rio de Janeiro.
Saiba quais são as
principais ameaças e
como combatê-las*
Por Gabriela Mello e Laís Marques
Tuberculose
Por Pedro Assumpção Brandão e
Bruno Cravo de Queiroz
O estado do Rio de Janeiro se destaca no quadro
nacional por apresentar, a cada ano, a maior
incidência de tuberculose do país. O coeficiente
de incidência da doença para cada 100 mil
habitantes é quase duas vezes a média nacional e o
de mortalidade - 5,7 para cada 100 mil habitantes,
em 2003 - também é o dobro da média do país,
apesar do decréscimo ao longo dos últimos seis
anos. São notificados cerca de 17 mil novos casos
por ano no estado, correspondendo a 20% dos
casos registrados no país.
Os sintomas da doença incluem tosse, perda
de peso, dor no peito, falta de apetite, febre e
sudorese noturna. A tosse pode persistir por
semanas e pode produzir escarro com sangue.
Mesmo que não haja outros sintomas, a pessoa
que tem tosse por mais de um mês deve procurar
imediatamente assistência médica. Sem tratamento, 50% dos pacientes com tuberculose irão
morrer em cinco anos e a maioria dos demais irá
tornar-se seriamente debilitada.
Gripe
Por Breno Ingwersen, Lucas Mendes e Caio Serra
A Gripe é causada pelo vírus influenza. Mas a
vacina anual contra a gripe pode prevenir ou
amenizar os sintomas da doença. O vírus Influenza
se transmite de pessoa a pessoa com extrema
facilidade, tendo um período de incubação de um
a cinco dias, fato que impossibilita a vacinação de
bloqueio. O início da sintomatologia é abrupto:
Todas as doenças devem ser bem controladas para vermos o que está aumentando e o que está
diminuindo. Mas no município do Rio de Janeiro chamam mais a atenção a dengue, a gripe, a
hanseníase, a leishmaniose, a leptospirose, a raiva, as hepatites virais, a AIDS e a tuberculose.
A grande concentração urbana e as condições precárias de saneamento vêm contribuindo para que
doenças consideradas extintas, como a tuberculose e mesmo a dengue, retornem ao estado, causando
grandes estragos à saúde pública.
O caso mais sintomático deste quadro talvez seja o da tuberculose. Doença infecciosa causada por
um micróbio chamado Bacilo de Koch, é contagiosa, quer dizer, passa de uma pessoa para outra.
Quando o doente tosse, fala ou espirra, ele espalha no ar gotas pequenas, mas muito pequenas mesmo,
com o micróbio da tuberculose. Aí, uma pessoa com boa saúde, que respire este ar, pode levar este
micróbio para o seu pulmão. O micróbio penetra no organismo pela respiração, mas pode atingir
vários órgãos.
Medidas simples poderiam ajudar a prevenir a doença, como melhorar as condições de habitação,
com casas mais ventiladas, vacinar todas as crianças com a BCG no primeiro mês de vida, identificar
a doença precocemente e dar o atendimento adequado aos pacientes durante os seis meses do
tratamento.
febre, calafrio, mialgia, cefaléia, dor abdominal,
náuseas, vômitos, mal-estar, anorexia, lombalgia,
tosse, obstrução nasal, dor de garganta, fotofobia,
conjuntivite, lacrimejamento, ardência e dor nos
olhos estão entre as manifestações clínicas.
AIDS
Por Vitória Branco, Chandra de Melo,
Fernanda Koeler e Camila Ferrão
O causador da AIDS é o Vírus
da Imunodeficiência Humana,
conhecido como HIV. AIDS quer
dizer Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. Não é causada
espontaneamente, mas por um
fator externo (a infecção pelo
HIV). O HIV destrói os linfócitos
– células responsáveis pela
defesa do nosso organismo –
tornando a pessoa vulnerável a
outras infecções e doenças oportunistas, chamadas assim por
surgirem nos momentos em que
o sistema imunológico do indivíduo está enfraquecido.
A AIDS não se manifesta da
mesma forma em todas as pessoas, mas os sintomas iniciais
geralmente são parecidos: febre,
calafrios, dor de cabeça, dor de garganta, dores musculares, manchas na pele, gânglios ou ínguas
que podem demorar a desaparecer. Com o progresso, surgem
doenças oportunistas, como tuberculose,
pneumonia, câncer, candidíase e infecções do
sistema nervoso.
Os tipos de proteção contra a AIDS são uso da
camisinha, acompanhamento pré-natal e uso de
seringas descartáveis. Infelizmente, a medicina
ainda não encontrou a cura para a AIDS. O que
Bairros com maior incidência de AIDS no Rio de Janeiro
Nome do bairro
Percentual de casos
Copacabana
9,42
Centro
5,03
Tijuca
3,79
Bangu
3,22
Botafogo
2,79
Realengo
2,07
Campo Grande
2,07
Flamengo
1,94
Vila Isabel
1,86
Santa Teresa
1,81
Ipanema
1,66
Ramos
1,54
Santa Cruz
1,49
Irajá
1,47
Leblon
1,37
Rio Comprido
1,24
Catete
1,2
Taquara
1,15
Penha Circular
1,14
Madureira
1,04
Olaria
1,04
Penha Circular
1,03
Santo Cristo
1,02
Pavuna
1
Engenho Novo
0,99
Engenho de Dentro
0,99
Laranjeiras
0,99
Brás de Pina
0,98
Saúde
Bom Dia Cruzeiro . 15
temos hoje são medicamentos que fazem o controle do vírus no organismo do doente.
Cientistas do mundo todo estão trabalhando
no desenvolvimento de uma vacina contra a
AIDS. Porém, existe uma grande dificuldade,
pois o HIV possui uma capacidade de mutação
muito grande.
Hanseníase
Por Matheus Marinho, Daian Mendes, Pedro H.
Lourenço,Gabriel Marinho e Jair Braga
Doença causada pelo bacilo de Hansen
(mycobacterium leprae), ataca normalmente a pele, os olhos e os nervos. Também conhecida como
lepra, não é uma doença hereditária, mas transmitida pelo ar. Uma pessoa infectada libera o bacilo e
cria a possibilidade de contágio. Porém, a infecção
dificilmente acontece depois de um simples encontro social. O contato deve ser íntimo e freqüente.
A maioria das pessoas é resistente ao bacilo
e, portanto, não adoece. De cada sete doentes,
apenas um oferece risco de contaminação. Das
oito pessoas que tiveram contato com o paciente
com possibilidade de infecção, apenas duas
contraem a doença.
Entre os sintomas mais comuns da doença estão
o aparecimento de caroços ou inchaços no rosto,
orelhas, cotovelos e mãos, o entupimento constante
no nariz, com um pouco de sangue e feridas, e a
redução ou ausência de sensibilidade ao calor, ao
frio, à dor e ao tato. Também surgem manchas em
qualquer parte do corpo, que podem ser pálidas,
esbranquiçadas ou avermelhadas. Algumas partes
do corpo podem ficar dormentes ou amortecidas,
em especial as regiões cobertas.
A hanseníase tem cura e os procedimentos são
fornecidos pelos postos de saúde, além do remédio
distribuído gratuitamente.
A população do Rio não se encontra bem informada e por este motivo ainda temos casos de
doenças que já poderiam estar controladas.
Dengue no Rio em 2001
Dengue
Por Pedro Assumpção e Bruno Cravo de Queiroz
Os números da dengue no Rio assustam. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, já são 2.813
casos este ano. A área mais afetada é a Zona Oeste,
com mais da metade das ocorrências. No estado, já
são 7.290 casos. O causador da dengue é um vírus,
mas seus transmissores - chamados de vetores - são
as fêmeas do mosquito do gênero aedes.
“A TV ensina que o mosquito põe seus ovos em
água limpa e parada. Mas a verdade é que os ovos
ficam depositados nas bordas das vasilhas e podem
permanecer ali por até dois anos. No momento
em que a vasilha se encher de água, outra vez, os
ovos podem eclodir. É preciso limpar tudo com
uma escova, para eliminar os ovos”, ensina a professora de Ciências Rosalina Magalhães.
De 8 a 12 dias após ter sugado sangue de pessoa
contaminada, o mosquito está apto a transmitir a
doença. Não há transmissão por contato direto.
“Mas, hoje, sabe-se que uma fêmea contaminada põe ovos contaminados. Ou seja, os mosquitos já nascem portadores do
vírus”, esclarece a professora.
A dengue provoca febre
alta, muitas vezes passando
dos 40º, e que demora vários
dias. Provoca, ainda, dor de
cabeça, dor nos olhos, nos
músculos e nas juntas. Surgem manchas avermelhadas pelo corpo e, em alguns
casos, é possível que ocorram sangramentos na gengiva e no nariz. A pessoa fica
com falta de apetite e sente
Dengue no Rio em 1986
muita fraqueza.
Da primeira vez em que a pessoa é infectada
adquire um dos quatro tipos da doença e não voltará
a ter dengue do mesmo tipo, pois ganha imunidade.
Previna-se:
- Retire a água de vasos de plantas. Encha os
pratinhos sob os vasos com areia.
- Mantenha baldes e garrafas virados para baixo.
- Tampe tonéis e depósitos de água.
- Feche e tampe as caixas d’água.
- Procure desentupir as calhas.
- Retire a água das lajes.
- Coloque pneus velhos em local coberto.
- Coloque areia em cacos de vidro de muros.
- Disque-Dengue: 2575-0007.
A Dengue no Brasil
Por Brenno Bontempo, Leonardo Dias, Marcelo
Brahim, Marcus Aurélio, Maxwell Jânsley e Rafael Costa
- Aëdes aegyptis foi erradicado no Brasil na década
de 1930 - controle da Febre Amarela.
- 1976: transmissor é reintroduzido no país
(Salvador - BA)
- 1981: epidemias de Dengue (tipos 1 e 4) em Boa
Vista (RR).
- Atualmente: casos da doença em todo o Brasil.
A Dengue no Rio de Janeiro
- 1986-87 (vírus 1): mosquito transmissor sofreu
mutação passando a procriar em ralos e vasos no
interior das habitações.
- 1990-91 (vírus 2): surto de dengue hemorrágica.
- 2001-02 (vírus 3).
- 2007: mais de 7.200 casos no estado e mais de
2.800 casos no município.
*Textos produzidos pelos alunos de 7º ano para o Seminário Doenças Endêmicas do Rio de Janeiro, coordenado pelas professoras Rosalina Magalhães e Fátima
Regina Vieira.
Solidariedade
16 . Bom Dia Cruzeiro
Uma aula de cidadania
Visita do 8º ano à escola
da rede pública mostra o
valor da educação para o
futuro do país
Por Felipe Carvalho e Elis Gama*
Para as crianças de bairros populares, a escola significa
mais do que um espaço de socialização e aprendizado.
Ela representa uma oportunidade de ingressar no mercado
de trabalho de maneira tranqüila. Com um diploma na
mão, as portas se abrem com mais facilidade e o sonho de
ter uma profissão fica mais perto da realidade.
Visitando uma escola pública da periferia,
descobrimos que a realidade daqueles alunos é muito
diferente do que imaginamos. Assistimos a uma parte
da aula do professor Jorge Marcelo, que naquela escola
leciona Artes. O grupo de alunos do 6º ano nos surpreendeu com a sua receptividade. Fomos recebidos
com um caloroso cumprimento de “Boa Tarde!”. Em
nossas entrevistas, pudemos fazer novos amigos, com
os quais aprendemos a dar valor ao que nos é dado numa
bandeja de prata.
Geralmente, quando desconhecemos algo,
manifestamos alguma insegurança ou até certo
preconceito. Isso logo passou, a partir do momento
em que eles começaram a responder às nossas
Na sala de aula, os estudantes do Colégio Cruzeiro se
apresentaram à turma antes de começarem as entrevistas
individuais sobre educação:
bate-papo animado e descontraído.
Fotos de Guilherme Magessi
perguntas sem medo ou
sem esconderem a verdade. Começamos com
perguntas como “Vocês
gostam de estudar?” até
perguntas como “Vocês
acham que podem mudar o mundo ou o local
onde vivem?”
Como alguns de nós,
existem aqueles que
gostam de estudar e os
que não gostam. Mesmo
assim, nenhum deles
deseja largar o estudo de
forma alguma. A turma é
composta por 35 alunos,
em média, e a maior dificuldade de professores e Grupo de alunos do Cruzeiro na saída para a visita ao colégio público
alunos é conviver com o
barulho das outras salas. Todas as salas têm meia parede e aquela mistura de vozes tumultua as
aulas. Outro fato que dificulta o aprendizado é a falta de professores. Eles não têm aula de
História nem de Geografia desde o inicio do ano. Professor é o que não falta no Rio de Janeiro.
Nós perguntamos a eles o que eles gostariam de mudar na escola e muitos deles citaram o
banheiro e o refeitório. As meninas principalmente reclamam do banheiro.
Encontramos realmente crianças de realidades muito diferente da nossa, cada um com uma
história de vida: umas trabalhavam para ajudar em casa, outras tomavam conta dos irmãos e outras
apenas estudavam.
Uma das meninas entrevistadas nos surpreendeu com sua resposta ao perguntarmos o
que ela poderia fazer para mudar o seu futuro. Ela nos respondeu com convicção: “Estudar
bastante para não ser doméstica.”
L., de 12 anos, também sabe o valor da educação. Ele diz que não gosta muito de estudar,
mas sabe que precisa da escola para ter um futuro melhor. Para a maioria dessas crianças,
futuro melhor quer dizer um bom emprego. J., de 12 anos, vai mais longe. Ela acredita que a
educação pode ajudar a diminuir a violência, o tráfico de drogas, a prostituição de menores.
“Educação pode até ajudar a mudar a favela”, diz, muito articulada.
Mas quanto maior o número de filhos, maiores as dificuldades para que todos continuem
na escola. F., de 11 anos, sonha em ser professora, mas conhece os obstáculos que terá de
superar até chegar lá.
Na família do menino R, de 11 anos, todos os cinco filhos estão na escola, inclusive o mais
velho, de 16. Quando não está na sala de aula, R. ajuda o avô, pedreiro, a construir a casa da
família. Mas tem outros planos para o futuro.
“Quero ser bombeiro”, diz, com convicção.
Chegamos à conclusão que em alguns aspectos eles são diferentes de nós. Mas os
pensamentos são praticamente iguais aos nossos. Uma grande lição, sim, para qualquer pessoa
que visite uma escola dessas, pois aprende a valorizar sua vida, a dar valor às coisas simples.
Lá pudemos aprender que com força de vontade e dedicação todo mundo pode conseguir
realizar seu sonho. Não importa o lugar onde more.
Matheus Malafaia, Amanda Manso, Carolina Argento, Ana Paula Fernandez, Guilherme
Abreu, Alvaro Pessanha, Isabella Brum, Guilherme Magessi, Roberto Germano e Catherine
Rezende visitaram os alunos de um colégio da rede pública dentro do Projeto Se Doar.