Língua Portuguesa – Redação – 2º bimestre O jornal

Transcrição

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Observe a 1ª página do jornal Folha de São Paulo, de 25/07/2012:
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A primeira página de um jornal tem a função de um cartaz, apresenta o jornal para o
público, estimula a compra e orienta também a leitura para dentro do jornal. É uma vitrine
que nos dá pontos de referência sobre o seu conteúdo.
 O nome do Jornal – letras grandes, centralizado, no topo da página
 Ano do 1º exemplar e o responsável pela edição – canto superior esquerdo.
 Slogan, ano, data, e número da edição – centralizado abaixo do nome do jornal;
Analisando a imagem acima na parte superior do temos:
Além dos aspectos apontados acima, temos o resumo das principais notícias do dia.
Para atrair a atenção do público, essas notícias vêm acompanhadas de títulos em letras
grandes. Essas mesmas notícias são encontradas pelo leitor no interior do jornal, acrescidas
de outras informações.
O resumo cujo título está maior do que os demais e aparece em destaque na primeira
página é chamado de manchete.
Uma manchete é o título principal, de maior destaque, no alto da primeira página de
jornal ou revista, alusivo à mais importante dentre as notícias
contidas na edição. Cada edição de um jornal só possui uma
manchete, que é o título mais destacado, sendo por isso
redundante dizer “manchete da primeira página” e errado dizer
“manchete da página 5”. Nas páginas internas, o título mais
destacado dentro de uma seção ou caderno recebe o nome de
“abertura”.
Veja ao lado o exemplo retirado o jornal apresentado acima.
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Manchete
 Título – Governo quer plano de teles para a Copa e Olimpíada.
 Subtítulo – Exigência é condição para que seja liberada venda de linhas de
celular.
 Resumo da notícia – texto que aparece abaixo da manchete e do subtítulo.
 Indicação de onde se encontra o texto completo – em negrito no final do
resumo indicando o caderno e a página correspondente.
Ainda com relação à primeira página do jornal, temos as fotografias. O objetivo de
colocar fotos na primeira página é chamar a atenção do leitor para a notícia escrita no
caderno correspondente. Na legenda da foto (geralmente
abaixo da imagem) temos uma breve explicação e a
indicação de onde se encontra a informação detalhada
correspondente à imagem. Veja o exemplo abaixo:
Foto da primeira página
Legenda:
Sinais de violência
Marcas de tiros da UPP
do Complexo do
Alemão, no Rio, onde
morreu a policial
Fabiana Aparecida de
Souza, 30, atingida por
uma bala de fuzil; o
Bope voltou a ocupar a
área por tempo
indeterminado Cotidiano
C4
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Além das manchetes e das imagens, também tem o título dos editorias (os textos
opinativos), a previsão do tempo e o número de exemplares.
Por fim, na primeira página do jornal pode haver uma campanha publicitária.
Algumas formalidades
O título
Toda a matéria jornalística – notícia, reportagem, editorial, crítica, entrevista, etc. – é
encabeçada por um título. O título constitui um resumo, em poucas palavras, da informação
mais importante do texto. Por meio de palavras de uso comum, ele deve fazer com precisão,
clareza e objetividade uma síntese do fato enfocado.
O título é a palavra chave. Para funcionar, precisa ter impacto. Sem impacto não
chamará a atenção. Se não chamar a atenção, será inútil.
Como escrever um título jornalístico
Algumas instruções para escrever um título:

Procure sempre usar verbos nos títulos: eles ganham em impacto e expressividade. Para
dar maior força ao título, recorra normalmente ao presente do indicativo, e não ao
pretérito: Israelenses e palestinos assinam (e não assinaram) acordo de paz / Reitor
chama (e não chamou) polícia para poder trabalhar.

Use inicial maiúscula apenas na primeira palavra do título e nos nomes próprios: Ministro
pode ser indiciado / Pacifistas fazem protesto diante da Casa Branca.

Nenhuma palavra do título poderá ser separada no fim da linha (nem mesmo as ligadas
por hífen)

Evite empregar adjetivo; por mais forte que seja, não substitui a informação específica:
Comissão propõe profundas mudanças no IR. O adjetivo profundas, no caso, não dá a
informação essencial: quais mudanças.

O artigo pode ser dispensado, na maior parte dos casos: Deputado acusa CUT.

Os títulos devem ser claros para não provocar nenhum tipo de confusão no leitor. Veja o
exemplo: Presos acusados de roubo – fica a dúvida: presos foram acusados de roubo ou
foram presos os acusados de roubo?
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
Evite o uso de foi nos títulos: é ruim e já está subentendido nos casos em que se recorre
ao particípio. Veja como ele é totalmente dispensável: (Foi) Aprovada a estatização dos
bancos no Peru.

O futuro do pretérito não deve ser empregado, porque transmite ao leitor a ideia de
insegurança, eventualidade e falta de convicção: Excesso de informação causaria
estresse. Uma saída é recorrer a palavras como pode, deve, possível, provável, ameaça,
espera e outras que contornem a situação. Assim: Excesso de informação pode causar
estresse.

Sempre que possível, substitua um título com não pela forma positiva. Empregue, por
exemplo, Ator rejeita prêmio em vez de Ator não aceita prêmio.
Legendas e texto-legenda
Grande parte das matérias jornalísticas é ilustrada com fotografias, gráficos e
desenhos. Essas ilustrações vêm sempre acompanhadas de legendas ou de texto-legenda.
Legenda é uma frase curta, enxuta, que normalmente cumpre duas funções: descreve
a ilustração e dá apoio à matéria jornalística, informando sobre os fatos noticiados. Como o
título, geralmente emprega verbos no presente do indicativo. Quanto à pontuação, a norma
da maioria dos jornais e revistas é não utilizar ponto no seu final. Como exemplo, temos a
imagem acima (página 3).
O texto-legenda é uma ampliação da legenda e contém as principais informações
sobre o assunto. Pode também ser a chamada para uma matéria jornalística no interior do
jornal ou da revista. Veja o exemplo:
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A notícia
Notícia (do inglês NEWS – North, East, West, South – as letras iniciais dos 4 pontos
cardeais)  é a comunicação ou informação de um fato, em geral fora da rotina costumeira
de uma coletividade, empregando para buscá-lo e compô-la a técnica jornalística.
Leia a notícia a seguir:
Menina morre em hotel de Águas de São Pedro (SP)
Uma menina de quatro anos morreu nesta segunda-feira enquanto brincava em um
balanço de um hotel na cidade de Águas de São Pedro, interior de São Paulo.
Segundo o médico que atendeu a criança, a equipe que a levou ao pronto-socorro
disse que uma das barras de sustentação do brinquedo caiu sobre a menina.
O Grande Hotel São Pedro, onde ela estava hospedada, disse, em nota, que ainda
apura o ocorrido. A reportagem não conseguiu falar com as polícias Militar e Civil do
município.
O cardiologista Rafael Prota, diretor-clínico do pronto-socorro do município, afirmou
que a criança teve uma parada cardíaca provocada pela perda de sangue que ocorreu após
o trauma no tórax. Segundo ele, o acidente aconteceu por volta das 12h.
Prota afirmou que a menina era filha de uma brasileira e um francês. A família, que vive
na França, passava férias no Brasil.
O corpo da criança foi levado para o IML (Instituto Médico Legal) de Piracicaba.
Em nota, o Grande Hotel São Pedro, um hotel-escola do Senac, informou que “lamenta
profundamente a fatalidade” e disse estar prestando a assistência à família. O hotel disse
que o caso está sendo apurado.
Folha de S. Paulo, 23/07/2012
Exercícios
1. As notícias, em geral, relatam acontecimentos recentes, fatos novos, que despertam o
interesse do público. Em que veículos são transmitidas as notícias?
2. Uma notícia geralmente compõe-se de duas partes: lead (lê-se “lide”) e corpo. O lead
consiste normalmente no 1º parágrafo da notícia e é a parte que apresenta o resumo de
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poucas linhas, fornecendo respostas às questões fundamentais do jornalismo: o quê (fatos),
quem (personagens/pessoa), quando (tempo), onde (lugar), como e por quê. Na notícia
em estudo, indique:
a) o fato principal
b) as pessoas envolvidas
c) quando ocorreu o fato
d) o lugar onde aconteceu o fato
e) como aconteceu o fato
f) por que o fato aconteceu
3. O corpo da notícia é a parte que amplia o lead, acrescentando novas informações. Na
notícia em estudo, que parágrafos constituem o corpo?
4. Ao relatar um fato, o jornalista pode proceder de duas formas: de modo impessoal e
objetivo, isto é, sem se envolver com o fato e sem dar sua opinião; ou de modo pessoal e
subjetivo, isto é envolvendo-se com o fato e emitido sua opinião. De que modo a notícia em
estudo foi relatada? Marque a resposta correta.
a) Impessoal, conforme demonstram o emprego dos verbos na 3ª pessoa e a ausência de
opiniões do jornalista.
b) Pessoal, conforme demonstram o emprego dos verbos na 1ª pessoa e a presença de
opiniões do jornalista.
5. A linguagem jornalística caracteriza-se também por apresentar clareza, objetividade e
precisão. Que variedade linguística é adotada na notícia?
6. Observe o título da notícia: “Menina morre em hotel de Águas de São Pedro (SP)”.
a) Ele anuncia o assunto que será desenvolvido na notícia?
b) Você acha que esse título é objetivo (impessoal) ou subjetivo (pessoal)?
Análise de texto
Para atrair a atenção do leitor, a notícia deve apresentar certas qualidades:
 ser nova (o novo atrai mais a atenção),
 verdadeira (falsa notícia diminui a credibilidade, desacredita o noticiante perante o
leitor),
 interessante (quando atrai o maior número possível de leitores),
 importante (quando agrada ou influi no comportamento de uma coletividade ou grupo
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de leitores).
O repórter caçando fatos interessantes e vendáveis do cotidiano procura responder a
sete perguntas:
Perguntas
Elementos
Respostas (dados)
QUEM?
Personagens José da Silva e Ana, e o Arnaldo
O QUÊ?
Fato
Suicidou-se o José da Silva, esposo de Ana
QUANDO?
Data
Ontem às 19:36 h, um dia frio, nublado, e triste
ONDE?
Local
Rua dos Desiludidos, 46 – Vila dos Cornos e Abandonados
COMO?
Modo
Um tiro no ouvido, bem ao segundo em que constatou a perfídia
POR QUÊ?
Motivo
Desconfiança de traição confirmada
PARA QUÊ?
Objetivo
Fugir da vergonha e da dor pela perda da amada infiel
Tendo obtido os dados, o jornalista compõe o texto da notícia em três partes:
Suicidou-se ontem o comerciante José ao ver a esposa nos braços de outro.
Título
Desconfiando que sua mulher, Ana Rosinha, o traía com um vizinho (o
Arnaldão), José da Silvia, residente na Rua dos Desiludidos, 46, suicidou-se, ontem,
Lead
com um tiro no ouvido.
Chegando em casa, estafado do seu dia operoso de trabalho, eram 18 horas e
26 minutos de ontem, o senhor José da Silva, segurança de uma fábrica de peças
íntimas femininas, encontrou a esposa já banhada, perfumada e apressada a sair para
o culto religioso. Disse-lhe que a janta estava nas panelas para ser requentada no
microondas e saiu dando-lhe um beijo ligeiro na face.
José custou a crer na possibilidade da sua senhora estar-lhe sendo infiel, e
chegou a pensar que a animação de Ana se devia ao fervor religioso e às amizades do
grupo onde se reuniam. Porém, alguns bilhetes anônimos inculcavam a sua mente,
resolveu apenas tomar um copo de leite e uns três biscoitos e foi-se ao encontro dela
Corpo
igualmente a assistir ao culto daquela noite, ontem, que se iniciaria às 19:30 horas
numa travessa da rua de sua casa à altura do número 1259.
Aproximando-se viu que ela e o vizinho conhecido como Arnaldão fugiam
furtivamente do culto e se dirigiram para a rua dos Apaixonados onde havia a pouco
tempo ali se instalado um motel para encontros fortuitos de enamorados. Seguiu-os, e
antes que entrassem adentro ao prédio vermelho ilumado presenciou a cena que aos
seus olhos em desespero marcou e quebrou algo como num estalo dentro de si. Em
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choque, transtornado, envergonhado do que diziam os vizinhos já a algum tempo de
si, em dor pela perda de sua esposa que estava grávida de dois meses e não sabia
mais se o filho era seu ou daquela relação pérfida, vendo-os beijarem-se em sorrisos
de fogo de paixão e conversas de abrasamento pela antecipação do conluio copular e
orgasmos mútuos, talvez até piadas de cornos estariam a contar entre si e sobre a sua
pessoa achincalhada, resolveu, ali mesmo debochar da vida, sacou a arma metida à
cintura, apontou ao ouvido direito, disparou.
Corpo
Ambos a não muita distância ouviram e correram ao ajuntamento de curiosos em
torno ao cadáver caído àquela noite sem estrelas, nublada, e fria. Notaram satisfeitos
o ocorrido. Com um sorriso leve despediram-se e já sonhavam com o casório em
breve para uni-los a toda aquela vida. Todavia, com um dom de atriz fingiu-se de aflita,
segundo uma testemunha ocular autora dos bilhetes anônimos, e encontrou lágrimas
para persuasão oportuna e realização de projetos em a muito agasalhados e somente
possíveis após livrar-se do incômodo marido por demais manso e sem ambições.
Exercícios
Abaixo temos três notícias. Leia-as atentamente:
Notícia 1: Jornal Correio Popular, 09/03/2014
Pai convence fugitivo da Fundação Casa a se entregar
Menor estava entre os oito adolescentes que fugiram enquanto eram transportados para a
instituição
O pai de um dos oito internos da Fundação Casa “Andorinhas”, no bairro San Martin,
em Campinas, que fugiram, na última quinta-feira, enquanto eram transportados da Cidade
Judiciária para a instituição, convenceu o filho, B.L.A.B., de 15 anos, a se entregar na noite
de quinta-feira. A família levou o adolescente até a unidade, na Avenida Comendador
Aladino Selmi, mas o ajudante geral L.B.B., 39 anos, foi orientado a apresentar o filho no 1°
Distrito Policial. O adolescente foi encaminhado a Unidade de Internação Provisória, no
Jardim Amazonas, e ficará à disposição da Justiça.
A auxiliar de limpeza Marluce Fermino, 26 anos, conta que o marido convenceu o
enteado a voltar para a Fundação Casa depois de muita conversa. “Ele não queria se
entregar, mas o pai explicou que fugindo ele não seria livre e que o certo era sair de lá pela
porta da frente”, afirma Marluce. A irmã do adolescente foi quem o encontrou e o levou até a
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casa do pai. “Ele só contou que os meninos resolveram fugir de uma hora para outra e que
não tinham planejado nada” , afirma Marluce.
Esta é a segunda vez que o garoto é internado na fundação. “Desde os 13 anos, ele
está envolvido com a criminalidade”, afirma Marluce. Dessa vez, B.L.A.B. foi apreendido
depois de praticar um furto, no final do ano passado, junto com mais três dos sete menores
que também fugiram na quinta-feira da semana passada. “A previsão era que ele saísse em
90 dias, mas depois disso não sabemos como vai ser”, afirma Marluce.
A fuga
Os oito menores estavam em uma van, por volta das 20h10, na Rodovia Dom Pedro I,
no sentido Rodovia Anhanguera, voltando de um audiência, na Cidade Judiciária para a
instituição, quando renderam e agrediram três agentes de apoio e um motorista, na quintafeira. Os agentes foram jogados para fora do veículo em movimento, na altura do Km 136. O
motorista foi mantido refém por mais cinco quilômetros e se jogou do carro. Os
trabalhadores sofreram lesões leves, foram socorridos e levados pela Polícia Rodoviária ao
Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp.
Os adolescentes faziam parte de um grupo de dez jovens que estavam em internação
provisória. Na audiência, ficou definido que dois deles seriam libertados e os demais
mantidos sob cautela na fundação. Para tomar a direção da van, os menores iniciaram um
tumulto dentro do veículo e conseguiram imobilizar o motorista. Eles não estavam armados.
A corregedoria Geral da Fundação Casa vai instaurar sindicância para investigar as
circunstâncias da fuga. O prazo para conclusão do trabalho é de 30 dias prorrogáveis por
até 90.
Notícia 2: Jornal O Estado de São Paulo, 09/03/2014
Um Brasil com a cara da Europa na seleção
Depouca intimidade com a torcida nativa, jogadores eleitos por Felipão para disputar o
Mundial saíram cedo do País em busca do eldorado
A seleção que Felipão vai escalar para a Copa do Mundo tem mais cara de europeia do
que brasileira. Essa evidência se torna cristalina diante de um rápido perfil de 32 jogadores
candidatos a entrar na lista final do treinador para a disputa do Mundial. A maioria deles
deixou o País quando tinha entre 18 e 21 anos. Pode se dizer que entraram criancinha na
pré-escola do futebol no Brasil e tiraram o diploma na Europa.
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Muito do que aprenderam veio do ensinamento de treinadores do velho continente e
das práticas profissionais dos clubes que os contrataram. São brasileiros que jogam ao estilo
europeu e se comportam como tal, dentro e fora de campo.
Nem mesmo identidade com a torcida do País eles têm. Se por acaso Willian, formado
no Corinthians e hoje titular do Chelsea, passear a pé pela Avenida Paulista neste domingo
quase ninguém vai reconhecê-lo como jogador da seleção brasileira que vai disputar a
Copa. Willian deixou o Brasil quando tinha apenas 19 anos, recém-saído das categorias de
base do Corinthians, para jogar no Shakhtar Donestk, da fria Ucrânia.
O seu caso não é muito diferente dos zagueiros David Luiz e Dante, do lateral Marcelo,
do volante Luiz Gustavo, entre outros selecionáveis de Felipão, que saíram quase
desconhecidos do País e hoje são destaques de no futebol europeu.
Diante desse quadro, cabe a pergunta: a seleção brasileira ocupada por esses
jogadores com formação europeia vai levar vantagem na Copa no Brasil nos confrontos com
as grandes forças da Europa?
A resposta está com especialistas do assunto. “É um ganho importante do ponto de
vista tático e técnico. Esses jogadores estão acostumados a enfrentar jogadores de alto
nível na Europa, sabem lidar com esse desafio. O Brasil só tem a ganhar com isso”, diz
Paulo Roberto Falcão que, na Copa do Mundo de 1982 na Espanha, era o único “europeu”
do timaço formado por Telê Santana.
Falcão ressalta ainda que a falta de identidade deles com a torcida brasileira não deve
provocar nenhum efeito negativo na Copa. “A torcida não quer saber se os nossos jogadores
são ídolos aqui ou não. Ela quer torcer e ver a seleção ganhar”
O ex-jogador Deco é outra voz de respeito sobre esse tema. Ele surgiu quando tinha 20
anos no Corinthians em 1997 e na mesma temporada foi jogar em Portugal. Construiu
vitoriosa carreira na Europa, no mesmo padrão dos selecionáveis de Felipão agora. Deco diz
que o Brasil com cara da Europa vai levar vantagem na Copa do Mundo.
“Se você pegar as principais seleções do mundo, elas são europeias. A maioria dos
jogadores das grandes seleções joga na Europa. É lá que você tem os melhores
campeonatos do mundo com os melhores jogadores do mundo. Eles já estão acostumados
a se enfrentarem. E o mais importante é que jogam em alto nível sempre.”
Deco também pensa como Falcão quando se discute a falta de intimidade da torcida
brasileira com os jogadores “europeus” de Felipão. “Isso não interfere no desempenho do
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time. Antigamente o torcedor assistia menos jogos pela tevê. Agora você tem todos os jogos,
dos principais campeonatos do mundo na tevê. Você vê muitas crianças com a camisa do
Chelsea, Barcelona e outros grandes clubes da Europa. O torcedor acompanha os principais
jogadores do mundo pela tevê. E, claro, os brasileiros também.”
Até o pontapé inicial da Copa do Mundo, dia 12 de junho na Arena Corinthians em
Itaquera, a vida desses eleitos de Felipão vai ser exposta ao público do Brasil. E quando a
bola rolar, vai ser fácil concluir se aposta nos “brasileiros europeus” foi a melhor opção da
comissão técnica da seleção. Por enquanto, tem dado certo.
Notícia 3: Jornal O Estado de São Paulo, 08/03/2014
Muricy não acredita em legado da Copa do Mundo para o Brasil
Técnico do São Paulo lamenta que o povo brasileiro terá bem pouca coisa após o torneio
Muricy Ramalho também resolveu comentar sobre a Copa do Mundo, e ironizou os que
acreditam que o Brasil será passado a limpo com a competição da Fifa em junho. Para o
técnico do São Paulo, não há dúvidas de que o Mundial será jogado em estádios bonitos e
mais modernos, mas o tal legado que o povo brasileiro espera, esse será bem pouco.
“Sempre se promete um legado em uma Copa do Mundo. A palavra legado é a mais
empregada. Essa palavra parece que soluciona tudo. Você gasta bilhões de reais, fala-se
em legado e nada. A gente vê cada legado ruim! Com o dinheiro que foi gasto, tinha de sair
coisa boa. Mas se olhar tudo que foi prometido, ficaram muitas coisas no caminho”, diz
Muricy, engrossando o coro dos que acham que a Copa do Mundo não resolverá os
problemas do Brasil.
O treinador já percebe as reformas e melhorias nos campos de jogo, nas arenas
construídas ou reformadas nas 12 cidades-sede. Ele faz uma ressalva, no entanto, sobre o
fato de o Mundial não ser um trabalho apenas de melhorias esportivas no País. É o tal
legado. O Estado divulgou recentemente reportagem sobre as obras de mobilidade urbana
da Copa, e informou que das 41 propostas, apenas sete estavam acabadas.
“A gente está pronto em relação aos estádios, tudo muito bonito. Mas o que era e foi
falado que iria melhorar, como o transporte e os aeroportos, por exemplo, isso não vimos
nada. E não dá para passar por cima. A gente espera nossa chance de ganhar o Mundial,
que seria bom pra todos nós, valorizaria o nosso futebol, teria mais investimento.”
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Atividade:
Reproduza, em seu caderno, a tabela abaixo, preenchendo-a atentamente com
informações referente aos textos acima. Atenção, procure detalhar, quando for necessário,
as informações pedidas.
Notícia 1
Notícia 2
Notícia 3
1. Título
2. Subtítulo
3. Lead
4. Resumo do corpo
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Agora é a sua vez! – Redação 1
Veja as informações do quadro abaixo:
Perguntas
Elementos
Respostas (dados)
QUEM?
Personagem
James Eagan Holmes, 24 anos, natural do Tennessee.
O QUÊ?
Fato
Atirou em várias pessoas numa sala de cinema, matando 12
e ferindo 58
QUANDO?
Data
20/07/2012, sexta-feira, às 0h01
ONDE?
Local
sala de cinema, no complexo Century 16, na cidade de Aurora,
no estado do Colorado.
COMO?
Modo
O homen entrou no cinema pela saída de emergência, jogou duas
bombas de efeito moral e depois começou a disparar tiros de
fuzil, escopeta e pistola.
POR QUÊ?
Motivo
não informado.
PARA QUÊ?
Objetivo
não informado.
Baseado nas informações acima, você deverá redigir uma notícia. Lembre-se, não é
para copiar o texto da internet, jornal, revista ou qualquer outro veículo de informação que
tenha escrito sobre o assunto acima. Siga estas instruções:
a) Faça um planejamento.
b) Tenha em mente o leitor de seu texto; escreva com simplicidade, na ordem direta
(sujeito, verbo e complementos); sempre que possível, empregue uma palavra em vez de
duas ou mais; use frases curtas, com duas ou três linhas no máximo, e parágrafos com
poucas frases; empregue o vocabulário comum; evite palavras difíceis, termos coloquiais,
gírias, superlativos e adjetivos desnecessários; procure responder às perguntas que um
leitor gostaria de fazer: o quê?, quem?, quando?, onde?, como?, por quê?.
c) Comece seu texto pela informação que considerar a mais interessante ou a mais
esclacedora para o leitor; use no relato verbos em 3ª pessoa; limite-se a informar, não
dando sua opinião sobre o fato; e empregue a variedade padrão da língua. Dê a sua notícia
um título curto e sugestivo e que sirva para anunciar ao leitor o assunto que será
desenvolvido.
d) Faça um rascunho e só passe sua notícia a limpo depois de realizar uma revisão
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cuidadosa, seguindo as orientações abaixo. Avalie sua notícia. Refaça o texto quantas
vezes forem necessárias.
Avalie sua notícia
Observe se sua notícia apresenta título, lead e corpo; se o lead menciona a maior parte
das informações essenciais relacionadas ao fato ocorrido: o que, quem, quando, onde, como
e por que; se o corpo contém o detalhamento do lead; se a linguagem empregada é
impessoal, se está adequada aos leitores e segue a variedade padrão da língua.
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A entrevista
A todo instante nos deparamos com pessoas concedendo entrevistas a uma emissora
de TV, a um programa de rádio, ou também travamos contato com a leitura de entrevistas
publicadas pelos jornais de grande circulação e por uma diversidade de revistas.
A entrevista é essencialmente oral e requer uma postura adequada tanto por parte de
quem a elabora quanto por parte de quem a responde. Portanto, deve-se dar maior atenção
no que se refere à linguagem, pois é algo que se tornará acessível ao público de uma forma
geral. O uso de gírias, chavões e de uma linguagem informal não é aconselhável.
A elaboração prévia a respeito do assunto que será discutido é de suma importância,
pois o entrevistador precisa dominar o assunto em pauta, de modo a evitar algumas falhas
indesejáveis. Como também, o mesmo deverá se manter totalmente imparcial, na qual a
objetividade deverá prevalecer sempre, sobretudo porque nesse momento é preciso que se
promova uma total credibilidade.
Estruturalmente, a entrevista compõe-se dos seguintes elementos:

Título – Essa é uma parte que deverá despertar interesse no interlocutor envolvido,
podendo ser uma frase criativa ou pergunta interessante.

Apresentação – É o momento em que se apresentam os pontos de maior relevância da
entrevista, como também se destaca o perfil do entrevistado, sua experiência profissional
e seu domínio em relação ao assunto abordado.

Perguntas e respostas – Basicamente, é a entrevista propriamente dita, na qual são
retratadas as falas de cada um dos envolvidos.
Resumindo:
O gênero entrevista
 é um texto jornalístico que tem por objetivo colher informações, opiniões, experiências
pessoais e profissionais de uma pessoa de destaque;
 na relação entrevistador/entrevistado: o locutor é o jornalista; o locutário é uma pessoa de
destaque em determinada área profissional;
 é veiculada pela imprensa escrita e falada: jornais, revistas, rádio, televisão, sites;
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 os temas são assuntos do interesse geral, relacionados com a vida pessoal e profissional
do entrevistado;
 apresenta título e geralmente um pequeno texto que faz uma apresentação do
entrevistado e do assunto tratado;
 o texto principal aparece em geral sob a forma de perguntas e respostas;
 pode também apresentar o nome do entrevistador (ou da revista ou do jornal que ele
representa) e do entrevistado antes da fala de cada um;
 normalmente emprega a variedade padrão da língua e é transcrito sem marcas de
oralidade.
Análise de texto
O texto a seguir, publicado na revista SET, especializada em cinema, é uma entrevista
com Daniel Radcliffe, o ator que faz o papel de Harry Potter nos filmes, baseados nos livros
escritos por J. K. ROWLING. Leia-a com atenção.
Daniel radcliffe: Bruxinho sem segredos
Título
Harry Potter, acredite, é um garoto normal. Estuda, sai com os amigos,
gosta de cinema e de música. Claro, não o bruxinho, mas sua versão “de
Apresentação
verdade”, Daniel Radcliffe. Em A Câmara Secreta, ele encara novos desafios
sem medo – inclusive conversar com SET nesta entrevista exclusiva.
SET – Como você vê a evolução de seu personagem de A Pedra Filosofal
para A Câmara Secreta?
Daniel – No primeiro filme, Harry reage ao que ele vê, às coisas que estão
acontecendo, esse novo mundo. Em A Câmara Secreta ele é mais ativo,
disposto a lutar para defender Hogwarts e seus amigos.
SET – O próximo filme terá um novo diretor, Alfonso Cuarón. Como você
Perguntas
e
Respostas
vê a mudança?
Daniel – Conversei com Alfonso, suas ideias são muito bacanas. É ótimo ter
um novo diretor, mas Chris (Columbus) ainda estará presente como um dos
produtores.
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SET – É mais fácil interpretar Harry da segunda vez?
Daniel – Eu diria que é bem melhor porque ele evoluiu muito do primeiro para o
segundo livro. E, como a história ficou mais sombria, houve novos desafios.
Mas foi muito legal trabalhar cada um deles.
SET – Como foi trabalhar com Dobby, o elfo, já que ele é um personagem
totalmente digital?
Daniel – Muito difícil. Eu já havia trabalhado com efeitos no primeiro filme, mas
nada como Dobby, que se movimenta sem parar. Eu seguia a orientação de
Chris para ter certeza absoluta de onde ele estaria.
SET – As aventuras de Harry Potter ainda estão sendo criadas, não é uma
série terminada. Como você imagina que será o futuro do personagem?
Já sabe alguma coisa sobre o quinto livro?
Daniel – Absolutamente nada, eu mal posso esperar para ler, como todo
mundo. Acho que seria bobagem de minha parte tentar imaginar o que J. K.
Rowling está preparando para o quinto livro.
SET – E qual é seu livro favorito da série?
Perguntas
e
Respostas
Daniel – Logo quando li as quatro aventuras considerava A Câmara Secreta o
meu favorito. Mas depois de reler O Prisioneiro de Azkaban fiquei tão fissurado
com a história que agora ele está no topo.
SET – Qual foi a coisa mais louca que um fã fez para chamar sua
atenção?
Daniel – Ah, eu estava sendo entrevistado nos estúdios da MTV em Nova York
no ano passado, um pouco antes da estreia de A Pedra Filosofal. Carson Daly,
o apresentador do programa, me levou até uma das janelas do estúdio, que
fica no Times Square, e apontou para uma menina que estava na calçada só
com uma toalha escrita com meu nome. Ele a convidou para subir até o set de
filmagem e foi muito legal.
SET – Além da série Harry Potter, que outros filmes você gostaria de ter a
chance de fazer? Você consegue se ver no papel de Frodo Baggins, por
exemplo?
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Daniel – Não sei se posso dizer, já que Elijah Wood é tão perfeito. Mas
adoraria ter feito parte de Os excêntricos Tenenbaums, Amnésia, Sociedade
dos poetas mortos e Sinais. São alguns dos longas que eu adoro.
SET – E qual seu filme favorito?
Perguntas
e
Respostas
Daniel – Hmmm... Com certeza ainda é 11 homens e um segredo.
(SET, maio 2002.)
Frodo Baggins: personagem do filme O senhor dos anéis, vivido pelo ator Elijah Wood.
Exercícios
1. Em linguagem jornalística, entrevista é o texto resultante de um encontro previamente
marcado entre duas pessoas, em que uma interroga a outra sobre sua profissão, suas
ações, suas ideias. O entrevistado é quase sempre uma figura de destaque num
determinado campo da vida social e é ele quem autoriza ou não a publicação de suas
declarações. Na entrevista em estudo:
a) Quem é o entrevistador?
b) Em que se destaca o entrevistado Daniel Radcliffe?
2. Essa entrevista foi publicada numa revista cujo público é formado por adolescentes e
adultos que se interessam por cinema. O título da entrevista, “Daniel Radcliffe: bruxinho sem
segredos”, mostra o papel que o ator entrevistado desempenha nas telas atualmente.
Levante hipóteses: Por que a revista deu esse título à entrevista?
3. Antes da entrevista propriamente dita, há um texto que a introduz. Qual é a finalidade
desse texto introdutório?
4. Essa entrevista está sob a forma de perguntas e respostas, precedidas do nome do
entrevistado e do nome da revista que o entrevistador representa. Observe as perguntas
feitas ao entrevistado.
a) As perguntas demonstram que o entrevistador preparou previamente as questões?
Justifique sua resposta.
b) Considerando que o público leitor da revista é formado por pessoas interessadas em
cinema, responda: Para que tipos de assunto as perguntas se direcionam?
5. Observe as respostas do entrevistado. Elas revelam que ele está à vontade diante do
entrevistador? Justifique sua resposta.
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6. Observe a linguagem empregada pelo entrevistador e pelo entrevistado. Que tipo de
variedade eles usam?
7. Quando conversamos, é comum interrompermos o pensamento, deixando frases
incompletas, empregarmos gestos em lugar de uma frase, usarmos palavras e expressões
como né, então, como eu disse, aí, etc.
a) Nessa entrevista, há marcas de oralidade desse tipo? E marcas de informalidade?
b) Levante hipóteses: Por que você acha que na entrevista escrita essas marcas de
oralidade não aparecem?
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Agora é a sua vez! – Redação 2
Você deverá escrever um texto do gênero entrevista. Para isso, siga os passos abaixo.
Preparando a entrevista e entrevistando
a) Escolha uma pessoa para ser entrevistada: um professor, um funcionário da escola, um
profissional de um ramo de atividade pelo qual o grupo tenha interesse, um atleta, um exaluno da escola, um colecionador de selos, um músico, um ator, um político, etc.
b) Procure conhecer o entrevistado e o assunto que será o foco da entrevista. Assim, se o
entrevistado for, por exemplo, um escritor, procure informações sobre ele, os livros que
escreveu, o público a que se destina sua obra, se mantém outro trabalho em paralelo, etc.
c) Faça um roteiro de perguntas. Se o escolhido para ser entrevistado for um escritor, você
pode perguntar, por exemplo, o que o estimulou a escrever, quando publicou seus escritos
pela primeira vez, qual é sua história de leituras, de que gênero gosta mais, se poesia ou
romance, se lê ou leu histórias em quadrinhos, quantas horas por dia ele escreve, como é a
emoção de ver um livro de sua autoria publicado, como se sente diante de demonstração de
carinho de seus leitores, a que tipo de trabalho se dedica atualmente, o que pretende
escrever no futuro, etc.
d) Faça perguntas curtas e objetivas. Preveja possíveis respostas e prepare perguntas
relacionadas a essas respostas.
e) Ao entrevistar, não confie na memória; faça anotações ou leve um gravador. Apresente
uma pergunta de cada vez e saiba ouvir. Fique atento às respostas, pois você pode
aproveitar um comentário do entrevistado e improvisar uma pergunta que não está no
roteiro, mas que pode resultar numa resposta interessante.
Transcrevendo e produzindo a entrevista
a) Com a gravação ou as anotações, transcreva a entrevista.
b) Escolha uma frase significativa do entrevistado para servir de título ou crie um título com
base no assunto tratado.
c) Escreva uma introdução, apresentando o entrevistado e o assunto a ser tratado.
d) Coloque o nome do entrevistador (ou o nome do grupo ou do jornal) antes de cada
pergunta e o nome do entrevistado antes das respostas.
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e) Transcreva o diálogo mantendo a linguagem empregada pelo entrevistado, mas evitando
as marcas da linguagem oral.
f) Faça um rascunho primeiro e só passe a entrevista a limpo depois de realizar uma revisão
cuidadosa, seguindo as orientações abaixo. Refaça o que achar necessário.
Avalie sua entrevista
Observe se a entrevista tem título e uma apresentação do entrevistado; se o nome do
entrevistador (ou o nome do grupo ou do jornal) está colocado antes das perguntas; se o
nome do entrevistado está colocado antes das respostas; se a linguagem empregada está
adequada aos leitores e ao gênero textual.
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A entrevista citada
Diariamente, jornais e revistas publicam entrevistas sob a forma de perguntas e
respostas. Mas uma entrevista também pode ser aproveitada na construção de outro tipo de
texto, como, por exemplo, o que traça o perfil de determinada pessoa. O jornalista conta o
que ouviu e entremeia seu texto com frases ditas pelo entrevistado. Veja o emprego desse
recurso no texto a seguir:
Manias e histórias sobre a rainha
Ela é Vivina de Assis Viana, mineira que só gosta de escrever sobre o que conhece, o
que a incomoda e emociona e sobre as coisas que ama
O sorriso luminoso e um tom de voz que lembra calmaria não deixam dúvidas: Vivina de Assis
Viana é daquela estirpe de pessoas que, do tempo, só guardam as boas marcas. Mesmo assim,
insiste brincalhona que, aos 53 anos, é dada a umas “antiguices”.
Não sabe e não quer aprender a dirigir, tem uma antipatia renitente pelos aparelhos eletrônicos
em geral, é casada há 27 anos com o mesmo homem. E mais: ela pula miudinho mas não abre mão
das tarefas de dona de casa e mãe, o que deixa os três filhos, de 21, 15 e 13 anos, menos
reclamões do que a maioria dos filhos de mulheres de sete instrumentos.
Coleciona amigos, lembranças e objetos
Vivina tem centenas de crônicas e 14 livros infanto-juvenis publicados – um deles, O dia de ver
meu pai (Ed. Formato, MG), editado no Japão –, além das dezenas de contos para adultos lançados
em vários outros países, milhares de exemplares vendidos e um Prêmio Jabuti, ganho com O mundo
é pra ser voado (Ed. Scipione, SP), considerado o melhor livro juvenil de sua categoria em 1989. É
também uma colecionadora de objetos, lembranças, amigos e emoções grandes e pequenas. A
mania começou cedo, lá na fazenda do Jacaré, em Morro do Ferro, bem pertinho de São João DeI
Rei, nas Minas Gerais, onde ela nasceu, quarta filha de uma família grandona.
Tanto na Jacaré quanto na Santa Luzia, outra fazenda toda cortada de córregos e riachos,
conta Vivina, “eu e um de meus irmãos passávamos muitas tardes subindo e descendo com água
pelas canelas em busca de cacos de louça que, minha mãe dizia, eram pedaços de louça inglesa”.
Dessas lembranças, vai tirando seus livros
Esses cacos, guardados meticulosamente, volta e meia animavam os serões da família com as
disputas das crianças, cada qual querendo provar que havia descoberto o pedaço de louça mais
bonito. O irmão, é claro, na condição de menino e mais velho, ganhava todas.
Ficou com ele, por exemplo, o troféu mais cobiçado, batizado de “rei dos cacos”, que depois
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virou nome de livro da escritora (O rei dos cacos, Ed. Salesiana, SP), no qual ela faz um acerto de
contas lírico com o mano espertinho. Afinal, fora Vivina, e não ele, que achara o tal pedaço de louça
especial.
Antes disso, porém, Vivina amargou ginásio e colegial num colégio interno, fez planos de ser
médica, tornou-se aluna aplicada de Letras Neolatinas, lecionou Português para o 1º Grau por oito
anos e, finalmente, casou e mudou para São Paulo, cidade em que o marido jornalista tinha emprego
acertado. “Durante dois anos fiquei completamente perdida, dona de casa em período integral, numa
melancolia danada. Um dia, lá por volta de 1972, resolvi escrever tudo o que ia pela alma.”
Assim, a escritora bissexta, que já tinha algumas crônicas e contos na gaveta, começou a sair
da casca de vez. Voltou a brincar, agora com palavras e ideias, querendo compartilhar as delícias da
infância e as aventuras da juventude com outras crianças e jovens pelo país afora. Mas o primeiro
livro, O dia de ver meu pai, só saiu em 1976. “Até aí eu escrevia e continuava engavetando tudo,
mais por timidez que por modéstia. Achava que minhas histórias eram muito particulares, próprias do
meu mundo interior.”
É critica e exigente com seu trabalho
Na verdade, Vivina também pelejava, como costuma dizer, com uma autocrítica das mais
exigentes, que a fazia escrever e reescrever os textos, escondê-los e repetir, teimosa, que não era
uma pessoa versátil, não sabia bolar histórias de ação e, por isso, nelas não acontecia nada.
Hoje, seu bichinho da autocrítica está mais apaziguado. É que ela se convenceu de que fica
feliz e quer mesmo é escrever sobre o que conhece, o que a incomoda e emociona.
Fiel à ideia, não titubeou depois de ler, em 1990, uma entrevista em que a então ministra Zélia
Cardoso de Mello dizia não gostar de ganhar canetas de presente. Abespinhada, Vivina limpou,
carregou da melhor tinta uma de suas antigas Scheaffer e rascunhou depressinha um desagravo à
primeira caneta-tinteiro, uma resistente Sterbruck, ganha do pai em 1949, quando entrou para o
ginásio.
Publicada num jornal mineiro, a crônica produziu uma mágica e tanto. A escritora começou a
ganhar de fãs do Brasil todo canetas e mais canetas-tinteiro, de diferentes marcas, cores, tamanhos
e idades. “Agora é que eu não paro mais de escrever”, brinca Vivina, enchendo os olhos com a
fartura de seus mais queridos instrumentos de trabalho.
A notícia é boa, principalmente para as crianças e jovens que adoram navegar por seus
córregos e riachos, passear com suas histórias e juntar, aqui e ali, umas tantas quinquilharias, que
podem ser até uns caquinhos coloridos de louça.
Elvira de Oliveira
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Vocabulário:
abespinhado: irritado, enfurecido, aborrecido.
bissexto: escritor que produz pouco, lembrando, por essa escassez, os anos bissextos; dia que, de quatro em
quatro anos, se acrescenta ao mês de fevereiro; ano que tem mais um dia que os 365 normalmente contados.
desagravo: ato ou efeito de desagravar; tornar menos grave, suavizar uma afronta.
estirpe: origem, tronco, linhagem, raça.
lírico: sentimental, com emoção.
meticulosamente: minuciosamente, detalhadamente.
renitente: teimoso, obstinado.
serão: tempo que decorre entre o término do jantar e a hora de dormir.
Exercícios
1. O texto apresenta uma personalidade de destaque da cultura brasileira, Vivina de Assis
Viana.
a) Por que Vivina se destaca no campo cultural?
b) Para que tipo de público ela escreve?
c) Qual foi o prêmio mais importante que ela recebeu?
2. A jornalista Elvira de Oliveira conta que Vivina, além de tímida, era muito crítica e exigente
com seus textos e que isso já passou. Hoje, ela escreve “sobre o que conhece, o que a
incomoda e emociona”.
a) Releia o 8º parágrafo e responda: O que ela conta nas histórias que cria para crianças e
adolescentes?
b) Um fato real a incomodou muito e virou assunto de uma de suas crônicas. Que fato foi
esse?
c) Essa crônica fez com que a escritora ganhasse inúmeras canetas de seus leitores. Qual a
importância desse fato na vida dela?
3. Há, no texto, alguns trechos que reproduzem a fala da escritora.
a) No 4º parágrafo, qual é o trecho desse tipo?
b) Em que pessoa estão os verbos e pronomes nesses trechos?
c) Que sinal de pontuação é usado para delimitar essas citações?
4. Esse texto apresenta algumas características em comum com o gênero entrevista,
estudado no capítulo anterior desta unidade.
a) A estrutura é a mesma da entrevista, isto é, tem a forma de perguntas e respostas,
precedidas do nome do entrevistado e do nome da revista que o entrevistador representa?
b) Observe o título do texto. A que ele se refere?
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c) Abaixo do título, há um texto que apresenta a escritora Vivi na de Assis Viana. Esse texto
introdutório tem a mesma finalidade do texto que introduz a entrevista estudada no capítulo
anterior?
d) Na sua opinião, Elvira de Oliveira, a autora do texto em estudo, entrevistou Vivina de
Assis Viana antes de escrever esse perfil? Justifique sua resposta.
5. Observe a linguagem do texto. Qual é a variedade linguística nele empregada?
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