O sentido de Deus para Jacob Levy Moreno em As Palavras do Pai

Transcrição

O sentido de Deus para Jacob Levy Moreno em As Palavras do Pai
Paese, V. H. L. & Holanda, A. F. (2012). O sentido de Deus para Jacob Levy Moreno em As Palavras do Pai.
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O sentido de Deus para Jacob Levy Moreno em As Palavras do Pai
The Meaning of God according to Jacob Levy Moreno in The Words of the Father
Vitor Hugo Lopes Paese
Adriano Furtado Holanda
Universidade Federal do Paraná
Brasil
Resumo
O artigo se refere a uma pesquisa de cunho epistemológico, que tem como objetivo
estudar o sentido de Deus para Jacob Levy Moreno em seu livro As Palavras do Pai. São
discutidos seus argumentos sobre o sentido de Deus frente aos conceitos de
espontaneidade, de criatividade e de momento. Nas considerações finais, levanta-se a
possibilidade de Deus enquanto um elemento fundamental para a compreensão da visão
de mundo e a visão de homem no psicodrama de Moreno.
Palavras-chave: Deus; Jacob Levy Moreno; epistemologia; psicodrama; ética
Abstract
The article refers to an epistemological research which aims at studying the meaning of
God according to Jacob Levy Moreno in his book The Words of the Father. His arguments
regarding the meaning of the concept of God are discussed in face of the concepts of
spontaneity, creativity, and moment. In closing remarks, the possibility of God as a key
element for understanding the world and man views in psychodrama of Moreno is
raised.
Keywords: God; Jacob Levy Moreno; epistemology; psychodrama; ethics
Introdução
Este artigo tem por objetivo estudar a noção de Deus para J. L. Moreno, em seu livro As
Palavras do Pai, cuja versão utilizada é a tradução de 1992, para o português, da obra de 1941
publicada em inglês pela editora Beacon House de Nova York, pertencente ao próprio J. L.
Moreno. Esta edição americana é a tradução e a ampliação da obra de 1920, Das Testament des
Vaters (O Testamento do Pai) em alemão. Assim, o livro utilizado neste artigo, na versão em
português, torna-se relevante pois contém dois momentos históricos de sua confecção, 1920 e
1941, assim como, exclusivamente contém o prefácio de Zerka T. Moreno – esposa de J. L.
Moreno – para a edição brasileira, que esclarece o seguinte:
A versão inglesa era diferente em alguns aspectos em relação à versão
original alemã, na medida em que Moreno escreveu alguns dos seus
poemas-orações especificamente inspirados em sua vivência nos Estados
Unidos e uma grande parte do que ele tinha escrito originalmente foi
retirada (Z. T. Moreno, 1920/1992, p. 7).
A motivação para a escrita deste artigo deriva da hipótese de que uma epistemologia
psicodramática começa por um olhar para uma teologia implícita, associada a uma noção de
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Divindade psicodramática. Essa hipótese ganha corpo e pode ser sintetizada na seguinte
frase dita por Moreno, num breve relato seu, aos 85 anos de idade, dado – pouco antes de
morrer – a Pierre Weil quando da sua visita ao criador do psicodrama em 1974: “Passei a
vida procurando Deus e não o encontrei” (Moreno citado por Motta, 2008, p. 46).
Nosso trabalho é compreender, entre outras coisas, o peso desta frase de Moreno, visto
que a menção a Deus parece estar presente em grande parte, senão, em toda sua obra escrita,
como temos, por exemplo, em sua autobiografia, organizada no Brasil por Luis Cuchnir
(Moreno, 1997), onde encontramos a seguinte frase de Moreno:
Todas as minhas tentativas científicas no campo da psicoterapia tinham
fortes tendências religiosas por trás (…). Todas essas realizações e avanços
não se enganam quanto ao fracasso de concretizar o estabelecimento do PaiDeus para todas as pessoas como uma ligação de união entre elas (…). Em
nossa era, Deus não deveria estar apenas numa ou noutra igreja, mas em
todos os meios que ligam as pessoas umas às outras, em todas as telas de
TV, em todos os barcos, em todos os aviões, em todos os sonhos. Se Ele não
está, deveria estar. Ele deveria ser feito para ser. O final do mundo pode vir,
mas não o fim do Deus-Pai, enquanto houver coisas para criar (p. 155-157).
A justificativa para a relevância deste estudo se constitui pelo modo direto e enfático
pelo qual J. L. Moreno aborda a temática sobre Deus e Sua importância na construção de
toda a teoria e prática psicodramática (Moreno, 1920/1992; 1997). Já, na apresentação de seu
livro As Palavras do Pai (Moreno, 1920/1992, p. 9), J. L. Moreno faz referência ao significado
de Deus como uma concepção a ser explorada e compreendida em seus estudos. Tal
compreensão permeia a construção das ideias e da teoria psicodramática de modo profundo
e consistente: “Foi esse novo modelo de um Mestre Divino 'operacional' anunciado no The
words of the Father que se tornou minha escada para o sistema sociométrico” (Moreno, 1997,
p. 99).
Existem outros trabalhos já publicados que também abordam a temática de Deus e que
focam, em especial, as correlações com o existencialismo e a fenomenologia para
fundamentar e explicar a obra moreniana. Cabe aqui citá-los, tão somente: Martín (1978),
Naffah Neto (1979, 1980), Fonseca Filho (1980), Gonçalves (1988), Aguiar (1990), Almeida
(1988, 1991), Blatner & Blatner (1996), Costa (2001) e Calderoni (2010), entre outros.
Há um livro, em especial, escrito por B. W. Nudel (1994) que devemos aqui apresentar
como sendo de grande relevância para o assunto que fala sobre as influências religiosas na
vida e obra de J. L. Moreno. Nudel (1994) destaca que seu trabalho é uma tentativa de
estabelecer uma ligação entre os princípios filosóficos morenianos e o hassidismo1, haja vista
que na presença de Moreno circularam pessoas tais como Chaim Kellmer, Martin Buber e
Guershom Scholem, judeus hassídicos.
1
Hassidismo é uma vertente mística do judaísmo criada no século XVIII, no leste da Europa.
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Cabe aqui também salientar alguns elementos sobre o hassidismo. De acordo com
Nudel (1994), a origem judaico-sefaradim de Moreno remete ao povo judeu que migrou da
península Ibérica em direção à Turquia. Segundo Nudel (1994), o hassidismo surge enquanto
uma corrente dentro do judaísmo no ano de 1750 e tem como fundador Israel Ben Eliezer, o
Baal Shem Tov (o Bescht2). Dentre os preceitos básicos do hassidismo está a possibilidade de
transformar a vida num constante e perpétuo contato com a divindade, indo além dos
templos e dos ofícios sagrados. “Hassidismo significa piedade devota, devoção total a
serviço de Deus” (Nudel, 1994, p. 44), o que leva a um senso de totalidade na união com
Deus (Holanda, 1996). O Bescht saía das sinagogas e pregava junto à natureza, iniciando
assim o que chamou de “contato direto com a Criação” (Nudel, 1994, p. 44); pois não havia
mais separação entre o profano e o sagrado (Buber, 1966), “toda vida natural pode ser
santificada” (Holanda, 1996, p. 156). Além disso, “o Bescht introduziu uma forma de servir a
Deus através da alegria” (Nudel, 1994, p. 46), pois feliz é aquele que compartilha da essência
divina (Buber, 1966; Holanda, 1996).
As Palavras do Pai
Na apresentação de As Palavras do Pai, em 1941, Moreno explica suas inquietações e
pensamentos presentes à época em que escreveu a versão original de 1920. Uma de suas
primeiras indagações foi de cunho existencial: “Será que eu sou realmente, apenas e tão
somente, uma massa perecível, uma tão desesperançada existência, ou seria eu o centro de
toda a criação e da imensidão do cosmos?” (Moreno, 1920/1992, p. 10).
Moreno começou a se questionar sobre sua responsabilidade para consigo mesmo; se
essa responsabilidade também não seria para com todos os seus próximos e para com todos
os povos. “Será que todo o Universo está sob minha responsabilidade? Comecei a perceber
que não existem limites para a responsabilidade exceto para com o que nela há de inclusivo
de tudo que se move e que se transborda de vida” (Moreno, 1920/1992, p. 10, grifo no
original). Ele destaca que não há outra forma da responsabilidade existir, senão, existindo
esta para com o Todo. Moreno acrescenta ainda que a única forma de assumir esta
responsabilidade para com o Todo é, também, ter uma função criadora. “Eu devo ter estado
lá, no princípio, há bilhões de anos atrás e estarei lá, a bilhões de anos no futuro. 'Eu me criei,
logo, eu existo'” (Moreno, 1920/1992, p. 10).
Moreno (1920/1992) destaca que fez uma busca pelo entendimento e a compreensão de
Deus conforme sua função e momento histórico. Menciona que pensou então:
1. no Deus dos hebreus – “intangível” e nunca visto – um Deus que estava fora do
mundo deles, mas que sentiam importante e necessário para as suas vidas: um “Deus-Ele”;
2 Bescht é apelido dado a Baal Shem Tov. É, segundo, Nudel (1994) a abreviatura de seu nome. O nome
verdadeiro do Bescht era Israel Ben Eliezer (Holanda, 1996).
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2. em outras formas de divindade inventadas pelo homem no decorrer dos séculos e dos
milênios, frente a grandes crises do desenvolvimento mundial: Cristo é quem traz um Deus
visível “na forma de uma aparência pessoal de um Deus-Tu, um Deus mais próximo, não
apenas de poder, mas com uma enorme sabedoria e inteligência, um Deus-de-amor, de
doçura e de recolhimento” (Moreno, 1920/1992, p.12).
Moreno (1920/1992) menciona que Deus não se transforma, mas que a concepção de
Deus criada pelo homem deve acompanhar a atualidade da vida humana, chegando a hora
de uma readequação do conceito de Deus. Assim, justifica Moreno (1920/1992):
Depois de tantas vezes traído, ele não é mais um Deus que vem de um Tu,
mas que vem de dentro de nós mesmos, através do Eu, através de Mim (…).
No Velho Testamento, Deus é Ele, no Novo Testamento, Deus é Tu, mas,
agora, há um novo Deus, uma nova voz da experiência, uma nova via de
comunicação com o Deus que vem do próprio Eu, através de Mim, através
de você, através de milhões de “Eus” (p. 10).
Deste modo, Moreno relata uma noção de Deus que se desenvolve historicamente e
que se adequa aos dias atuais. Passa de um Deus-cósmico, referente ao velho testamento, de
um Deus-de-amor, que inclui o Deus-cósmico, referente ao novo testamento, e vai para um
Deus “Eu”, que traz o Deus-cósmico e o Deus-de-amor (Moreno, 1992).
Moreno entende o Universo como estando em constante transformação, tal qual é
Deus: “(...) como resultado de milhões e milhões de forças cósmicas ele está se
transformando a cada instante” (Moreno, 1992, p. 13). Ele destaca que somos todos
componentes destas forças cósmicas e que por isso fazemos parte do processo infinito de
criação, sendo este processo o elo de ligação entre todos, o elo da responsabilidade pela
criação infinita do Universo. A partir deste entendimento do Universo, Moreno passa a se
denominar “Pai”, “Criador”, responsável por toda criação, parte desta criação – o que o
coloca como “co-responsável” pelo universo e compreende assim que também é criador do
universo. Cria, assim, uma:
aliança operacional com o mundo (…). Então eu vi o mundo como um
gigantesco empreendimento com milhões e milhões de associados, vi mãos
invisíveis, mãos estendidas, uma querendo tocar a outra, todos sendo
capazes de, através da responsabilidade, tornarem-se deuses (Moreno, 1992,
p.14).
Moreno apresenta, em seu livro As Palavras do Pai uma inversão dos princípios
teológicos tradicionais. Destaca que Deus sempre é o mesmo, mas que o conceito de Deus se
modifica, assim como qualquer outro conceito. Destaca, como exemplo, que Brahma, Jeová
ou Cristo foram estágios de uma concepção de Deus. A menção a um Deus-Eu é, segundo
Moreno (1992), a expressão total e definitiva de Deus.
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Moreno relata um atributo importante desta noção de Deus, que é a sua “presença
instantânea”. Aqui a criatividade é a forma mais intensa e presente de Deus. Não
desconsidera Seus (referindo-se a Deus) outros atributos: a onipotência, a infinita sabedoria,
a retidão, a caridade, mas enfatiza a criatividade, entendendo que esta, não recebeu a devida
atenção por parte dos teólogos. A função de Criador é para Moreno o foco de estudo sobre
Deus. “O Universo é uma criação em contínuo desenvolvimento e cada novo indivíduo que
nasce cria, junto com Deus, o mundo que há de vir” (Moreno, 1920/1992, p. 22). Assim, há
nesta obra, segundo Moreno (1920/1992), um “esquema existencial” criado a partir da voz
do próprio Deus, onde a essência da nossa existência refere-se à fome por criar. Trata-se aqui
de uma corrente dinâmica de criatividade.
O seguinte argumento é dado por Moreno: “Como Deus é inseparável do Universo e o
Universo é inseparável de cada homem que vive nele, necessariamente cada homem é
inseparável de Deus (…). O princípio do Universo é a criatividade (…). Deus é pura
espontaneidade” (Moreno, 1920/1992, p. 24-29).
Moreno fala de um “atraso” sobre a concepção de Deus, um atraso teológico que
mantém todo um sistema de valores desatualizado de seu real momento. Destaca que uma
transformação revolucionária – se quiser atingir todo um sistema de valores – deve lidar
diretamente com um conceito principal, que é o conceito de Deus (Moreno, 1920/1992).
Nesta obra, Moreno explica os elementos básicos de sua teologia. Desta que é tão
somente a ciência da Divindade e que aborda Deus em si mesmo, sem religião alguma.
Moreno propõe uma filosofia da Divindade, onde Deus é igual para todas as religiões, para
todos os homens. Destaca que “cada organização quase individual, dos cristais às plantas, do
animal ao homem, do homem ao super-homem, tem uma experiência subjetiva especial do
mundo” (Moreno, 1920/1992, p. 135) e que uma filosofia dessa natureza não poderia ser
proposta, senão, pelo próprio Deus, que possui as características necessárias para contemplar
o Universo de uma só vez.
Ao se referir a uma frase escrita por Spinoza em seus Princípios de Filosofia Cartesiana,
Moreno (1920/1992) argumenta que tanto o homem quanto Deus existem de fato e são
necessários, visto que “quanto mais perfeito é um ser, mais necessário ele se torna”. A
diferença entre Deus e o homem “está no grau de espontaneidade e criatividade que cada
um pode manifestar (…). Deus é o Ser portador de máxima espontaneidade e Ele é o Ser cuja
espontaneidade transformou-se totalmente em criatividade” (Moreno, 1920/1992, p. 136137). Assim, o lugar no qual Deus se encontra é o de expressão máxima de espontaneidade e
criatividade. A Espontaneidade é um produto do momento, que está em sincronicidade
temporal com o Universo.
Houve um tempo, na era mitológica, em que a Divindade podia “evocar a criatividade
e a espontaneidade necessárias para a criação de todo o Universo” (Moreno, 1920/1992, p.
137). O que se tem, na verdade, é um contínuo status nascendi na relação de Deus com o
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Universo. Para explicar isso, Moreno faz uso do conceito de momento, dentro de sua filosofia
da Divindade.
A noção de “momento” – algumas vezes entendido por “teoria”, ou mesmo, “filosofia
do momento” – é uma necessidade conceitual para se entender a dinâmica Deus-UniversoEspontaneidade-Criatividade-Homem (elementos teóricos discutidos por J. L Moreno em As
Palavras do Pai). Moreno (1923/1984) em seu livro O Teatro da Espontaneidade escreve sobre
três fatores, fases diferentes de um mesmo processo, que contribuem para a compreensão do
momento, a saber: o status nascendi, o locus, e a matriz. “Não existe a 'coisa' sem locus, não
existe locus sem seu status nascendi, e não existe um status nascendi sem sua matriz” (Moreno,
1923/1984, p. 29). Destaca que o princípio de algo está justamente onde este algo veio à luz,
onde ele surgiu, ou seja, a própria criação.
Definir “momento” é uma tarefa difícil, segundo Moreno (1920/1992). Para ele, este
conceito tem sido posto em segundo plano pelos sistemas filosóficos conhecidos. Para os
filósofos, o “momento” nada mais seria do que uma transição entre passado e futuro, não
tendo, assim, substância real suficiente para compor um sistema teórico e prático da filosofia.
Moreno (1920/1992, p. 141) menciona que o conceito de “conserva cultural” serve como um
parâmetro para a espontaneidade, já que retira o sentido estéril teoricamente, e
pragmaticamente inútil do momento. Moreno fala de uma escala de ordem axiológica onde o
valor máximo da espontaneidade e da criatividade é a Divindade e onde o oposto ao
máximo, o mínimo, o zero da espontaneidade e da criatividade é a conserva cultural.
Tanto Nietzsche quanto Bergson, segundo Moreno (1920/1992), se depararam com a
falta de um conceito adequado sobre o “momento”. A teoria dos valores apontados por
Nietzsche baseia-se em heróis e deuses que viveram a serviço da conserva cultural. Moreno
menciona que as criações destes, livros e escritos, se dão enquanto obras prontas e
finalizadas, com um alto grau de refinamento, mas pertencentes às conservas culturais.
Todos esses “tesouros culturais”, apesar de denotarem criatividade, são conservas culturais e
estão em descompasso com o momento. Moreno (1920/1992) destaca que Bergson chega
perto de um entendimento da noção de criatividade em relação ao tempo, onde o homem é
eternamente criativo a qualquer instante, mas que
Bergson não construiu nenhuma ponte entre o criativo absoluto, o tempo e o
espaço no qual vivemos, que foi construído pelo homem. O resultado foi
que, mesmo se estas experiências imediatas tivessem que ter a qualidade de
uma realidade final que Bergson reclamava para elas, elas têm um “status”
irracional e por isso são praticamente inúteis para a metodologia e para o
progresso científico (p. 144).
Para Moreno (1920/1992), uma teologia da Divindade só pode existir se, em seu
princípio, estiver contido o conceito de “espontaneidade”. Conceito este que assume tanto
um valor biológico, social, quanto Divino. Devemos, diz Moreno, ser críticos a todas as
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formas de profecias, atos e mensagens que foram no passado atribuídos “a Deus, às Bíblias,
às Igrejas, às prévias imagens Dele, do Seu ser e de Suas funções” (p. 145), já que estas
também são, em si, conservas culturais e que, assim, são desprovidas da própria
espontaneidade e criatividade.
Deus possui uma função revolucionária espontânea criadora que tem sido deixada de
lado frente a “Suas obras, Seu universo, Sua onipotência, Sua retidão e Sua sabedoria”
(Moreno, 1920/1992, p. 146). Isso se dá frente à noção de ideal e de perfeição que deriva das
coisas já acabadas e já concluídas que são conservas culturais e que são socialmente
valorizadas e aceitas muito mais do que as coisas que permanecem inacabadas e num estado
de imperfeição. Ao falar de obras respeitadas pelos seus bons acabamentos e por suas
consideráveis perfeições, tais como a Bíblia, as obras de Shakespeare e as sinfonias de
Beethoven, Moreno (1920/1992) explica que
A conserva cultural é, pois, uma categoria consoladora e que dá segurança.
Não é, portanto, surpreendente que a categoria do momento tenha tido uma
oportunidade muito pobre para desenvolver-se em uma cultura como a
nossa, saturada de conservas culturais e, relativamente, satisfeita com elas
(p. 146).
Ela mesma, a “conserva cultural”, num estágio inicial, deriva de uma matriz de
criatividade espontânea. A espontaneidade, segundo Moreno (1920/1992) é um estado de
prontidão que permite ao sujeito uma resposta mais rápida quando solicitado. “É uma
condição – um ajustamento – do sujeito, uma preparação do mesmo para uma ação livre” (p.
152).
Ao explanar sobre a vulnerabilidade do homem frente à sua incapacidade de, por meio
das máquinas e das conservas culturais, tornar a si mesmo semelhança de Deus, Moreno
(1920/1992) destaca que a teoria da espontaneidade pode esclarecer três pontos
fundamentais da Divindade: “1 – como um criador e na relação Dele com a criatividade; 2 –
em Sua relação com o momento e o Seu conceito de onipresença; 3 – na relação Dele com o
Universo, com ênfase especial na história do nosso mundo pessoal” (p. 157).
Para Moreno (1920/1992), a Divindade está presente em todos os atos criativos do
Universo. Ela penetra em um sem-número de momentos pessoais, preenchendo-os sem
privá-los de sua existência num dado momento frente a qualquer partícula do Universo. Ela
(a Divindade) produz uma nova dimensão existencial, produz um “supramomento”. A
Divindade:
Não cria, no segundo dia, o que criou no primeiro (…). A segunda vez é
exatamente tão espontânea e nova como foi a primeira (…). Quanto mais
livre é Deus em seus atos criativos, tanto mais livres serão os seres que dão à
luz. Naturalmente, ocorre-nos uma pergunta: como se pode explicar o
processo de criatividade de Deus, em termos de um universo humano?
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Devemos ver a Divindade como coexistente com todos os atos criativos dos
homens e, na verdade, Ela é a verdadeira essência deles (pp. 157-158).
Moreno escreve sobre a Divindade no tempo presente, como um fenômeno que
continuamente está presente no Universo. “Deus está presente em cada detalhe da
experiência” (Moreno, 1920/1992, p. 160). Isso faz com que Sua visibilidade total,
esmagadora, torne-O invisível. Ao mesmo tempo, a Divindade possui uma existência
subjetiva, “significando que Ela está viva e criativa no presente” (p. 162) e entendendo que
Ela é constituída de uma subjetividade em nível diferente da subjetividade do homem. O
momento para a Divindade “é um momento do qual grande número de momentos 'humanos' faz
parte” (Moreno, 1920/1992, p. 162, grifos nossos). Assim, o entendimento da “onipresença”
de Deus deve ser considerado como uma “multipresença”, onde sua presença está em um
número limitado de momentos e situações independentes e onde o agrupamento, cada vez
maior, de presentes permite a experimentação da onipresença pela Divindade.
Moreno (1920/1992, p. 166-167) menciona que a ideia de Deus é o reflexo preciso de
um determinado estágio da cultura da humanidade, havendo um número grande e
indefinido de construções sobre a ideia da Divindade satisfazendo um mesmo número de
momentos requeridos em cada estágio. Fica, então, a dúvida sobre qual seria a verdadeira
ideia da Divindade. Moreno (1920/1992) destaca que tal dúvida é sem sentido, visto que
estas concepções sobre a Divindade nunca são definitivas, além do que, tal necessidade de
uma concepção fixa sobre a Divindade é uma necessidade do homem por “conceitos
antropomórficos” na intenção de criar uma ideia conservada sobre a Divindade. Moreno
(1920/1992) escreve que busca uma congruência entre as Divindades já concebidas e a
Divindade real que está na essência dessas concepções. Ele destaca que não há uma noção de
Divindade definitiva, pois cada novo momento requer uma nova construção sobre o que
vem a ser a Divindade – a despeito de considerar o Deus-Eu como a noção mais completa e
definitiva de Deus, Moreno destaca, mesmo que não seja claramente explicitada esta
contradição, que a noção de Deus nunca é definitiva, pois esta deve estar em consonância
com o momento. Logo, podemos inferir que a noção de um Deus-Eu é completa e definitiva
para o momento em que Moreno se encontra (a década de 1920).
Para Moreno (1920/1992) a velha ideia de Divindade apresentada por diferentes
religiões, onde uma Entidade Suprema era Senhora indiscutível do destino do Universo,
deve ser substituída pelo “homem-Deus”, entendendo esta como sendo uma concepção mais
em acordo com o momento atual do homem em sua própria história.
Frente à sua nova ideia de Divindade, Moreno propõe uma teologia experimental. A
concepção de Deus é a concepção do Criador, repleto de espontaneidade e criatividade. “A
unidade da Divindade é compatível com a unidade da natureza” (Moreno, 1920/1992, p.
172). Assim, as subdivisões da ciência entre Sociometria, Antropometria, Biometria,
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Astronomia, Geometria entre outros, são transitórias e se consolidam numa ciência mais
ampla e universal, a qual chama de Teometria.
No instante em que apresenta sua Teometria, Moreno (1920/1992) menciona que a
operacionalização de tal ciência deve pautar-se no agente criador,
Não em sentido metafísico, mas num sentido “metaprático”. Isso compele a
extensão lógica do operacionalismo rumo ao “criacionismo”, termos esses,
usados num sentido moderno, expressando um ponto de vista metodológico
(…), quanto mais complexo é o nível de criatividade, tanto mais o
criacionismo desvia-se do operacionalismo simples. No plano mais elevado
da criatividade (o plano da Divindade) essa dissonância também chegará ao
seu grau máximo. Nesse nível, as operações fluem da agência criativa. Todas
as operações são levadas a cabo a partir do ponto de vista do Criador. Tudo
integra-se na operação, já que pode existir nenhuma meta fora Dele. A
metafisica transformou-se, por completo, numa “metapraxis” (p. 173).
Para Moreno “metafísica é o ponto de vista da coisa que é criada, da criatura... É a prescrição
para a experiência (...), consiste em generalizações que se referem a todas as manifestações
especiais da existência (...). Metapraxis é o ponto de vista do criador” (Moreno, 1923/1984, p.
48-49). Moreno (1923/1984) complementa o entendimento sobre a metapraxis escrevendo que
esta não é o caminho para a experiência, mas sim, a criadora da própria experiência. É, em
potencial, o locus do mundo. Existe antes do início e depois do fim do mundo. Trata-se de
uma filosofia de criação pura, onde o imaginário é tão possível e real quanto o mundo em
que vivemos. Menciona que após a retirada de todos os fenômenos e de tudo que está em
volta disso, a única coisa que sobra é a metapraxis. Esta “é a vida da imaginação e da criação,
a produção de entidades pessoais infinitas (...), é o lugar onde nossa eterna pergunta a
respeito da liberdade da vontade (do lívre-arbítrio) recebe uma resposta adequada” (p. 50).
Moreno (1920/1992, p. 174-177) cita os cânones do criacionismo como sendo a base
para os métodos experimentais pelos quais a Teologia deve se operacionalizar. Destaca que
estes cânones foram grandes teólogos que não se deram conta dos próprios métodos
experimentais pelos quais puderam explorar a existência e a essência da Divindade, que
foram as suas próprias existências. Aquilo que viveram na própria carne é o que fundamenta
uma teologia experimental.
Os cânones citados por Moreno (1920/1992) são: Buda, Cristo e Espinoza. Sobre Buda,
Moreno relata que sua busca por negar a ideia de Brahma, refugiando-se no vazio de
Nirvana não foi suficiente para dissipar sua própria vontade, vontade esta que, para Moreno
“poderia ter se tornado um impulso para um mundo novo sobre o qual buda poderia ter
dito, as mesmas palavras que ouvimos do Pai: 'Isto me pertence, isto sou Eu, tudo isto sou
Eu, mesmo'” (p. 175). Sobre Cristo, Moreno escreve que sua vida foi a expressão de um Deus
no presente, um Deus pessoal, espontâneo e íntimo. A filosofia do criador está implícita da
vida de Jesus. No que se refere a Espinoza, Moreno vai compará-lo com Cristo e Buda,
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Paese, V. H. L. & Holanda, A. F. (2012). O sentido de Deus para Jacob Levy Moreno em As Palavras do Pai.
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destacando que ele foi um crítico, diferentemente deles, que foram experimentadores.
Espinoza, para Moreno, buscou definir Deus por meio do pensamento, Deus já estava
encarnado na totalidade da natureza. Seu grande entendimento lógico de Deus o afastou do
sentido da evolução da existência de Deus.
Por fim, Moreno (1920/1992) destaca que o treinamento da espontaneidade à
experiência religiosa pode se dar de modo promissor. Tal aplicação de uma teologia
experimental pode ser feita por oração. Ele relata que a oração é formada por palavra,
pensamento, sentimento e plano de ação.
Ideias e emoções tais como amor, caridade, piedade, simpatia, felicidade,
dominação, subordinação, humildade, lealdade, piedade, tranquilidade e
silêncio todas essas categorias espirituais e psicológicas e muitas outras
podem ser iniciadas, desenvolvidas ou treinadas com exercícios de
espontaneidade (…) A espontaneidade e a criatividade, ambas são, desde já,
consideradas como valores biológicos e sociais, são, aqui também,
transformadas em supremos valores teológicos (Moreno, 1920/1992, p. 181182).
Considerações Finais
Se retomarmos nossa hipótese inicial de que uma epistemologia psicodramática
começa por uma teologia própria, por uma noção de Divindade psicodramática, então
podemos aqui nos questionar sobre o ponto essencial que Moreno aborda em As Palavras do
Pai. Moreno fala de uma Filosofia da Divindade em cujo princípio os conceitos de momento,
conserva cultural e espontaneidade e criatividade, filosofia esta que se sustenta em uma
“Teologia da Divindade”, a qual compreende Deus como “Ser portador de máxima
espontaneidade” (Moreno, 1920/1992, p. 137).
Moreno dá ênfase, em As Palavras do Pai, para uma nova compreensão de Deus: um
homem-Deus capaz de manter a continuidade criativa do Universo, já que “o princípio do
Universo é a criatividade” (Moreno, 1920/1992, p. 29). Deus é a expressão máxima de
espontaneidade. Assim, “com finalidade de dar sentido à existência, devemos achar o
caminho da criatividade e permitir-nos uma comunicação direta e uma maior identidade
com o criador (…). A essência de nossa existência é a fome de criar” (p. 23-25).
Para que pudesse explanar mais sobre a Divindade, Moreno (1920/1992, p. 157-168)
lança mão sobre três pontos capitais: o conceito do criador e o processo da criatividade; o
conceito de momento e a onipotência da Divindade; e a Divindade nos vários estágios da
história mundial. No que se refere ao primeiro ponto, ele destaca que a criação é sempre
única e que nunca se repete. A Divindade coexiste com todos os atos criativos do homem em
seu momento de nascimento, seu status nascendi. No que tange ao segundo ponto, Moreno
fala da Divindade como um fenômeno presente em todo o Universo, presente em cada
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detalhe da experiência. Ele relata que a Divindade é única em cada momento; momento este
ligado ao todo, onde “devemos estabelecer de uma vez por todas que o momento para a
Divindade difere essencialmente do momento tal como é experimentado pelo homem. É um
momento do qual um grande número de momentos 'humanos' faz parte” (Moreno,
1920/1992, p. 165). Já, no que se refere ao terceiro ponto, Moreno destaca que as diversas
concepções de Deus construídas pelo homem frente aos estágios particulares de cada cultura
não abrangem a real concepção de Divindade. Ele entende que nenhuma concepção de
Divindade pode ser definitiva, pois a cada momento ela pode ser exigida e se atualizar frente
a necessidade da época.
Compreender a noção de Divindade proposta por Moreno, não apenas é importante,
mas é ainda fundamental para a compreensão e utilização dos conceitos de momento,
espontaneidade e criatividade. Neste sentido, podemos supor que há um forte
entrelaçamento entre o pensamento psicodramático – em seu caráter objetivo e prático – e
um pensamento “teológico” implícito nas palavras de Moreno.
Enquanto uma proposta de epistemologia, neste trabalho pudemos entrar em contato
com as visões de mundo e de homem presentes no pensamento moreniano, nas quais a ideia
de Deus é um elemento fundamental. Sobre a visão de mundo, Moreno entende o Universo
como fonte e, ao mesmo tempo, produto da criação Divina. Tudo é regido pela compreensão
da Divindade. E, sobre a visão de homem, este é considerado parte da criação e tão criador
quanto Deus; é um homem-Deus, um homem criador, capaz de manter-se em contato com o
momento da criação do Universo, o qual se mantém em um constante estado criativo,
Divino. O homem e Deus são sócios e parceiros na criação do Universo. Podemos, assim,
sintetizar que o homem espontâneo criativo também é o homem Divino.
Pretende-se que este primeiro momento de análise da obra moreniana seja igualmente
o passo inicial na discussão sobre as possíveis relações teológicas entre seu pensamento e o
Psicodrama, pois nos parece bastante claro que J. L. Moreno desenvolveu toda uma linha de
pensamento teórico e de procedimentos técnicos a partir de uma compreensão de Deus. Ora
pois, não estaria o psicodrama constituído, em sua matriz, da compreensão e de um
entendimento próprio de Deus? Seria, então, o psicodrama teísta? Cabem, ainda nessa
perspectiva investigativa, sugerir que sejam feitos estudos mais aprofundados sobre o tema,
haja vista as limitações apresentadas neste artigo, por se tratar de um estudo pontual sobre
um livro específico da obra de J. L. Moreno.
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Nota sobre os autores
Vitor Paese - Mestre em Psicologia, Professor da Associação Paranaense de Psicodrama
e Psicoterapeuta. Endereço para correspondência: R. Lauro Linhares, 2123, torre A, sala304.
CEP 88036-003 - Florianópolis/SC, Brasil. E-mail: [email protected]
Adriano Holanda - Doutor em Psicologia e Professor Adjunto da Universidade Federal
do Paraná. Endereço para correspondência: Departamento de Psicologia - Universidade
Federal do Paraná Praça Santos Andrade, 50 – Sala 215 (Ala Alfredo Buffren)
CEP 80060-240 – Curitiba/PR, Brasil. Email: [email protected]
Data de recebimento: 18/01/2012
Data de aceite: 09/09/2012
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