Da fífia de Marcelino à inércia de Mart Nooij
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Da fífia de Marcelino à inércia de Mart Nooij
Da fífia de Marcelino à inércia de Mart Nooij Escrito por Jeremias Langa Segunda, 22 Junho 2009 13:26 Este fim-de-semana, fui com os Mambas a Nairobi ver o seu jogo com o Quénia. Foi uma espécie do quebrar de um jejum de longos anos com o desporto, eu que até comecei a carreira como jornalista desportivo, com uma assinalável folha de serviço na cobertura de jogos da selecção nacional por vários países do continente africano. Ainda que na condição de turista, integrando a excursão de moçambicanos que foram ao Quénia, senti uma espécie de regresso à casa mãe, que é para mim o desporto. Mas não foi um “regresso” agradável. Os Mambas perderam, mas, mais do que isso, fiquei com a sensação de que desperdiçaram uma soberana oportunidade de ganhar a um adversário directo, do “seu campeonato”, e arrumar quase em definitivo a qualificação para o CAN-2010. Se o Mundial era difícil face à concorrência, o CAN ficou em risco com a derrota em Nairobi, porque os Mambas ficam dependentes da conjugação de uma série de factores para se apurarem. Os Mambas perderam no Quénia essencialmente devido a uma série de decisões do seu treinador e porque vivem camuflando uma paz podre entre Mart Nooij e a direcção da Federação Moçambicana de Futebol. Comecemos pelas decisões do seleccionador nacional. Ao contrário do comum dos treinadores holandeses que conhecemos, Mart Nooij é um técnico que arrisca pouco e quase sem intervenção no jogo. Ao contrário do que vemos nos treinadores modernos, Mart Nooij “não sabe” ler o jogo, operar mudanças estruturais nos processos de jogo e galvanizar os seus jogadores. Joga excessivamente à cautela e enquanto o resultado não lhe for desfavorável, está “tudo bom”. Mas quando os Mambas ficam em desvantagem e é preciso assumir o jogo e introduzir o “dedo” do treinador, Mart Nooij fica perdido. No Quénia, em desvantagem no marcador durante largos períodos, e com a equipa a reclamar nitidamente um balão de oxigénio, só colocou Gonçalves em aquecimento a meio da segunda parte, para depois o mandar sentar e só mexer na equipa a 15 minutos do fim (aqui se exceptua a situação extraordinária do guarda-redes). No jogo de Quénia, Tico-Tico e Dário estiveram completamente ausentes do jogo e, a uns 20 minutos do fim, Tico-Tico estava de rastos, arrastando-se em campo. Ao invés, Mart Nooij manteve-o inexplicavelmente em 1/2 Da fífia de Marcelino à inércia de Mart Nooij Escrito por Jeremias Langa Segunda, 22 Junho 2009 13:26 campo, substituindo Genito. Em 1996, era eu ainda jornalista desportivo, fui cobrir o CAN na África do Sul. Das duas referências ofensivas de então dos Mambas, um era Chiquinho Conde e outro Tico-Tico. Treze anos depois, aos 36 anos de idade, Tico-Tico continua a ser a referência do ataque dos Mambas, nos últimos 10 anos com Dário Monteiro, também ele com quase 34 anos de idade. Ou seja, Mart Nooij faz uma campanha de qualificação ao Mundial e CAN com dois avançados muito acima dos 30 anos e quase sem alternativa no banco. Por tão mal que esteja o Moçambola, é inconcebível que um Tico-Tico, na condição física e técnica actual, a arrastar-se em campo, faça melhor que os actuais melhores avançados que desfilam no Moçambola. Quer isso dizer que, obcecado na sua dupla predilecta de avançados, Mart Nooij fecha os olhos a todas as outras alternativas. Mesmo quando Tico-Tico, penosamente, se arrasta em campo, como sucedeu em Nairobi, e os Mambas estão em desvantagem, o seleccionador nacional mantém o capitão em campo e adapta um médio esquerdo (Gonçalves) para jogar a ponta-de-lança, deixando um jogador com essas características de raiz (Hélder Pelembe) no banco. Mesmo no episódio do guarda-redes, Mart Noiij não está isento de culpas. Na ausência de Kampango, segundo nos disseram pessoas próximas da equipa, contra tudo e todos, o holandês dispensou Lamá, para muitos o melhor guarda-redes do Moçambola, e apostou em Marcelino. Na primeira fífia (fatal, é certo) do “keeper”, manda aquecer o guarda-redes suplente. Com Binó a aquecer atrás da sua baliza, Marcelino vê que está na iminência de ser substituído ainda no primeiro quarto do jogo. Intranquiliza-se e falha redondamente em todas. É substituído e, revoltado, age mais com o coração do que com a cabeça. O treinador não soube proteger o seu guarda-redes e, a menos que haja um trabalho extraordinário com ele, está “acabado” para a selecção nacional.Finalmente, mas não menos importante, é a relação entre o treinador e a Federação Moçambicana de Futebol. Para quem andou nestas coisas da bola, como eu, sabe que esta é uma relação de conveniência. Mart Nooij recebe salários directamente do Ministério da Juventude e Desportos e, ao que parece, não “passa cavaco” aos dirigentes da FMF, que o vêem como “treinador do Ministério”. Na verdade, Noiij só se mantém no cargo porque, até sábado, os resultados lhe eram favoráveis. Num outro contexto, há muito que Feizal Sidat o teria demitido do cargo 2/2