Acupuntura no tratamento da Fibromialgia

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Acupuntura no tratamento da Fibromialgia
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO EM ACUPUNTURA
Acupuntura no tratamento da Fibromialgia
RITA DE CÁSSIA FERNANDES LOZOVOI
SÃO PAULO
2013
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO EM ACUPUNTURA
Acupuntura no tratamento da Fibromialgia
RITA DE CÁSSIA FERNANDES LOZOVOI
Orientadores: Profa. Ms. Romana de Souza Franco
e Profa. Ms. Bernadete Nunes Stolai
Monografia apresentada ao departamento
de Pós-Graduação da Universidade
Cruzeiro do Sul, como parte dos
requisitos para a obtenção do título de
Especialista em Acupuntura.
SÃO PAULO
2013
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
Acupuntura no tratamento da Fibromialgia
RITA DE CÁSSIA FERNANDES LOZOVOI
Monografia apresentada e aprovada pela
Banca Examinadora em _____________
BANCA EXAMINADORA:
Profa. Ms. Bernadete Nunes Stolai
UNICSUL-Universidade Cruzeiro do Sul
Profa. Ms. Romana de Souza Franco
UNICSUL-Universidade Cruzeiro do Sul
Professor Convidado
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais.
À minha mãe, Irene, e ao meu pai, Ovidio, muito obrigada pela força e incentivo que
recebi para enfrentar mais este desafio.
Aos meus irmãos e amigos, que meu exemplo continue a iluminar suas mentes,
mostrando que se pode começar quando se pensa que tudo terminou.
AGRADECIMENTOS
À professora Romana, coordenadora da Pós Graduação Lato sensu da UNICSUL de
São Paulo, meus agradecimentos pela confiança e oportunidade com as quais me
orientou durante todo processo de pós graduação.
À professora Bernadete, agradeço os ensinamentos e oportunidade de desenvolver o
tema deste trabalho.
Ao professor Luiz Alfredo, agradeço pela paciência. Minha gratidão pelo seu
conhecimento e por contribuir com seus sábios ensinamentos.
Ao professor Leonelli, agradeço sua disponibilidade, paciência e conhecimento.
E a todos que por ventura tenham cruzado meu caminho de uma forma ou de outra
como mestres ou como pacientes, meu muito obrigada.
RESUMO
A fibromialgia é uma das doenças reumatológicas mais frequentes, cuja característica
principal é a dor musculoesquelética difusa e crônica. Além do quadro doloroso, estes
pacientes costumam queixar-se de fadiga, distúrbios do sono, rigidez matinal,
parestesias de extremidades, sensação subjetiva de edema e distúrbios cognitivos. É
frequente a associação a outras comorbidades, que contribuem com o sofrimento e a
piora da qualidade de vida destes pacientes. O conhecimento das evidências científicas
a respeito dos efeitos da Acupuntura sobre a dor no tratamento da Fibromialgia pode
gerar subsídios baseados em evidências para atuação profissional junto ao paciente
com a afecção que opta pelo tratamento com Acupuntura. Foi elaborada a seguinte
pergunta para nortear este trabalho: Quais são os efeitos da Acupuntura sobre a os
sintomas no tratamento da Fibromialgia? O objetivo deste estudo foi identificar na
literatura os efeitos da Acupuntura sobre os sintomas no tratamento da Fibromialgia. Foi
realizada uma revisão da literatura científica. Encontraram-se 12 estudos nacionais e
internacionais abordando os efeitos da Acupuntura sobre os sintomas da Fibromialgia
com alta prevalência de estudos com alto nível de evidência. Alguns estudos
demonstram efeitos benéficos da Acupuntura. Outros estudos, entretanto, demonstram
não haver diferenças entre os resultados de pacientes submetidos a Acupuntura e
placebo. Os estudos sobre os efeitos da Acupuntura nos sintomas da Fibromialgia
incluídos nesta revisão tiveram uma alta evidência. Estes dados demonstram a
seriedade com que vem sendo tratado o tema nos últimos 10 anos. Alguns estudos
demonstram efeitos benéficos da Acupuntura associada a antidepressivos tricíclicos e
exercícios na intensidade da dor, número de pontos dolorosos e índice miálgico e
melhora a qualidade de vida e no tratamento exclusivo no aumento do fluxo sanguíneo
na pele e no músculo, melhora da intensidade e freqüência dor, consumo de
analgésicos, incapacidade e sono, fadiga, ansiedade, função física. Assim, conclui-se
que a Acupuntura tem efeitos benéficos sobre freqüência e intensidade da dor,
qualidade de vida, sono, fadiga, ansiedade e função física de indivíduos com
Fibromialgia.
Palavras-chave: Fibromialgia; Acupuntura; Terapia por Acupuntura; Analgesia por
Acupuntura
ABSTRACT
Fibromyalgia is one of the most common rheumatic diseases, whose main characteristic
is widespread chronic musculoskeletal pain. Besides the pain, these patients often
complain of fatigue, sleep disturbances, morning stiffness, paresthesias of the
extremities, subjective sensation of swelling and cognitive disorders. It is frequently
associated with other comorbidities that contribute to the suffering and poor quality of life
of these patients. Knowing the scientific evidence of the effects of Acupuncture on pain
in fibromyalgia treatment can generate evidence-based benefits for professional practice
with patients who choose this treatment. The following question was used to guide this
work: What are the effects of Acupuncture on symptoms in the treatment of
fibromyalgia? The objective of this study was to identify in the literature the effects of
Acupuncture on the treatment of the symptoms of fibromyalgia. A review of the scientific
literature was conducted. Twelve national and international studies addressing the
effects of Acupuncture on the symptoms of fibromyalgia were found, with a high
prevalence of studies with high levels of evidence. Some studies show beneficial effects
of Acupuncture Other studies, however, showed no differences between the results of
patients undergoing acupuncture and placebo. The studies addressing the effects of
Acupuncture on the symptoms of Fibromyalgia included in this review had a high
evidence. These data demonstrate the seriousness with which the subject has been
treated in the past 10 years. Some studies have shown beneficial effects of Acupuncture
associated with tricyclic antidepressants and exercise in pain intensity, number of tender
points and myalgic index and improves quality of life and unique treatment in increasing
the blood flow in skin and muscle, improves the intensity and often pain, analgesic
consumption, disability and sleep, fatigue, anxiety, physical function. Thus, it is
concluded that Acupuncture has beneficial effects on the frequency and intensity of
pain, quality of life, sleep, fatigue, anxiety and physical function in individuals with
fibromyalgia.
Key-words: Fibromyalgia; Acupuncture; Acupuncture Therapy; Acupuncture Analgesia
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO ...................................................................... ..........
08
2
METODOLOGIA .............................................................................
12
3
3.1
3.2
3.2.1
3.2.2
3.3
3.4
3.5
FIBROMIALGIA .............................................................................
Dados epidemiológicos ................................................................
Etiologia .........................................................................................
Fatores genéticos .........................................................................
Fatores ambientais .......................................................................
Fisiopatologia................................................................................
Diagnóstico ocidental ..................................................................
Tratamento na medicina ocidental...............................................
13
13
13
13
14
15
16
17
4
4.1
ACUPUNTURA .............................................................................
Mecanismo de Ação da Acupuntura ...........................................
18
19
5
5.1
A FIBROMIALGIA NA VISÃO DA MTC..........................................
Tratamento de Acupuntura .........................................................
19
21
6
CONCLUSÃO ................................................................................
29
REFERÊNCIAS .......................................................................................
30
8
1 INTRODUÇÃO
A Fibromialgia é uma das doenças reumatológicas mais frequentes, cuja
característica principal é a dor musculoesquelética difusa e crônica. Além do quadro
doloroso, estes pacientes costumam queixar-se de fadiga, distúrbios do sono, rigidez
matinal, parestesias de extremidades, sensação subjetiva de edema e distúrbios
cognitivos. É frequente a associação a outras comorbidades, que contribuem com o
sofrimento e a piora da qualidade de vida destes pacientes (HEYMANN et al., 2010).
O Consenso Brasileiro do Tratamento da Fibromialgia prevê um tratamento
baseado nos princípios da medicina ocidental. No entanto, a Medicina Tradicional
Chinesa (MTC), por meio da Acupuntura, pode contribuir para o alívio da sintomatologia
da doença (ERNST, 2006).
A MTC é o termo geralmente utilizado no ocidente para descrever a prática da
zhong yi, a Medicina Tradicional atualmente praticada na China (ZASLAWSKI, 2003). É
guiada por um paradigma que interpreta fenômenos em opostos complementares,
dividindo o mundo em duas forças fundamentais - Yin e Yang (BRASIL, 2006; WORLD
HEALTH ORGANIZATION, 2010). A Teoria Yin e Yang lida com as origens do universo,
movimento e variação de todas as coisas no mundo natural (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 2010).
Outro conceito-chave para a MTC é a Teoria dos Cinco elementos: madeira,
fogo, terra, metal e água. Os antigos chineses acreditavam que esses elementos são
indispensáveis para a vida diária e trabalho produtivo e que são as chaves para
variações normais no mundo natural (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2010).
Para a MTC, Qi seria o estado primário do universo. Qi, o estado primário do
universo, Sangue e fluidos corporais, seriam as substâncias essenciais para as
atividades diárias, fluindo constantemente no corpo e originando-se das vísceras
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2010).
Os órgãos internos, para a MTC, são divididos em duas categorias principais: os
cinco órgãos zang – coração, fígado, baço, pulmões e rins; e os seis órgãos zang – a
vesícula biliar, estômago, intestino delgado, intestino grosso, bexiga e sanjião (o triplo
aquecedor) (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2010).
9
Os princípios terapêuticos da MTC são diferentes daqueles da medicina
ocidental. A MTC não enfoca somente a doença definida por mudanças patológicas,
mas concentra-se no estado funcional geral do paciente (JIANG, 2003). Os tratamentos
na MTC buscam o equilíbrio da dualidade Yin-Yang, regulação do fluxo de Qi e Sangue
e regulação dos órgãos zang-fu (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2010).
O diagnóstico (zhen duan) é central à prática da MTC. Envolve a identificação
dos estados de doença (bian bing) e o processo diagnósticos conhecido como
identificação de padrões. É a ligação entre a teoria da MTC e a aplicação prática da
Acupuntura ou Medicina Chinesa de ervas. Uma vez que o diagnóstico tenha sido feito,
um princípio de tratamento (zhi ze) pode ser formulado e um método de tratamento
selecionado (zhi fa) (ZASLAWSKI, 2003).
Acredita-se que o sistema canalizador, melhor conhecido como meridianos, tem
a função de carregar a energia vital (qi), sangue e fluidos no corpo inteiro. Quando esse
sistema canalizador torna-se desequilibrado, a doença aparece. Ao longo desse
sistema de meridianos, estão pontos específicos (pontos de Acupuntura) ou tender
points que, quando estimulados, aliviam sintomas ou corrige desequilíbrios do corpo. O
sistema interno de órgãos, identificado ao longo dessas vias, está diretamente ligado a
pontos específicos de acordo com Nestler (2002).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a MTC originou-se há mais de
3000 anos. Sua modalidade mais popular, a Acupuntura, é talvez o procedimento
médico mais antigo e mais comumente utilizado no mundo (NESTLER, 2002).
A saúde é vista pelos acupunturistas tradicionais como um balanço de dois
opostos, Yin e Yang, ligados aos sistemas nervosos simpático e parassimpático
(ERNST, 2006). Na MTC, a doença é um produto comum de fatores patogênicos e
desajustes no corpo (JIANG, 2003).
A Acupuntura considera que o corpo humano age como um pequeno universo
conectado por canais, cuja estimulação física pode promover funções auto-reguladoras
do corpo e trazer saúde ao indivíduo. Essa estimulação ocorre por meio da inserção de
agulhas em pontos nesses canais, com o objetivo de restabelecer o equilíbrio e prevenir
e tratar doenças. Na Acupuntura, as agulhas são propriamente selecionadas de acordo
com as condições individuais e usadas para agulhamento e estímulo dos pontos
10
escolhidos para estimular os canais com métodos de levantamento, tração e rotação
para prevenção e tratamento de doenças. Recentemente, a Acupuntura, foi incluída na
lista de patrimônio histórico da humanidade pelo comitê intergovernamental da
UNESCO, uma vez que é um conhecimento tradicional e prática transmitida de geração
para geração e reconhecida pelas comunidades chinesas no mundo todo como parte
de sua herança cultural; a inclusão da Acupuntura na lista de patrimônio histórico da
humanidade pode contribuir para aumentar o conhecimento sobre a medicina
tradicional ao redor do mundo e promover intercâmbio cultural entre a China e outros
países (UNESCO, 2010).
A Acupuntura foi introduzida no Brasil na década de 60. Em 1988, foram fixadas
normas para o atendimento nos serviços públicos de saúde. Em 1999, o Ministério da
Saúde inseriu na tabela Sistema de Informações Ambulatoriais a consulta médica em
Acupuntura, cujos números têm crescido desde então (BRASIL, 2006).
A Acupuntura é atualmente uma intervenção amplamente aceita para o
tratamento de uma variedade de condições, muitas das quais estão associadas a dor.
Evidências sugerem que é efetiva como tratamento sintomático de dor nos dentes,
Fibromialgia, náusea/vômitos, osteoartrite de joelho, insônia, lombalgia crônica e
cefaléia idiopática e como auxílio na endoscopia gastrintestinal (ERNST, 2006).
Com o objetivo de desenvolver a MTC e a Acupuntura em caráter
multiprofissional no SUS, o Ministério da Saúde brasileiro publicou, em 2006, a Política
Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS (BRASIL, 2006).
A Política Nacional prevê a estruturação e fortalecimento da atenção em
MTC/Acupuntura no SUS, com incentivo à inserção da MTC/Acupuntura em todos os
níveis do sistema com ênfase na atenção básica; o desenvolvimento de estratégias de
qualificação em MTC/Acupuntura para profissionais no SUS, consoante aos princípios e
diretrizes para a Educação Permanente no SUS; a divulgação e informação dos
conhecimentos básicos da MTC/Acupuntura para usuários, profissionais de saúde e
gestores do SUS; a garantia do acesso aos insumos estratégicos para MTC/Acupuntura
na perspectiva da garantia da qualidade e seguranças das ações; desenvolvimento de
ações de acompanhamento e avaliação para MTC/Acupuntura; Integração das ações
da MTC/Acupuntura com políticas de saúde afins Incentivo à pesquisa com vistas a
11
subsidiar a MTC/Acupuntura no SUS como nicho estratégico da política de pesquisa no
Sistema; Garantia de financiamento para as ações da MTC/Acupuntura (BRASIL,
2006).
Diante da busca por incentivo à inserção da MTC/Acupuntura em todos os níveis
do SUS, é fundamental que se conheçam as evidências científicas a respeito dos
efeitos da Acupuntura no tratamento da Fibromialgia. Este conhecimento pode gerar
subsídios baseados em evidências para atuação profissional junto ao paciente com a
afecção que opta pelo tratamento com Acupuntura.
Foi elaborada a seguinte pergunta para nortear este trabalho: Quais são os
efeitos da Acupuntura sobre os sintomas no tratamento da Fibromialgia?
O objetivo deste trabalho foi identificar na literatura os efeitos da Acupuntura
sobre os sintomas no tratamento da Fibromialgia.
12
2 METODOLOGIA
Foi realizada uma revisão narrativa de literatura a partir de trabalhos encontrados
nas bases de dados LILACS, SCIELO e Medline, utilizando-se as palavras-chave
―Fibromialgia‖, e ―Acupuntura‖. A revisão narrativa de literatura apresenta um caráter
descritivo-discursivo, caracterizando-se pela ampla apresentação e discussão de temas
de interesse científico, constituindo-se num importante elemento na literatura científica.
Os critérios de inclusão dos artigos foram: artigos em português, inglês e
espanhol publicados no período de 2001-2011, que abordassem os efeitos da
Acupuntura sobre a dor no tratamento da Fibromialgia.
A escrita baseia-se nas normas da ABNT e de acordo com as Diretrizes para
Apresentação de Dissertações e Teses da UNICSUL.
13
3 FIBROMIALGIA
3.1 Dados epidemiológicos
Estudos
epidemiológicos
relatam
uma
prevalência
da
Fibromialgia
de
aproximadamente 2% na América do Norte (LAWRENCE, 2008; MCNALLY, 2006),
América do Sul (SENNA, 2004) e Europa (CARMONA, 2001; SALAFFI, 2005; COSTER,
2008; BANWARTH, 2009).
A prevalência é menor em homens do que em mulheres (LAWRENCE, 1998;
BRANCO, 2010), cresce rapidamente de 50 a 59 anos e cai nos indivíduos acima de 80
anos. A idade média de estabelecimento da doença é entre 30 e 50 anos (ARNOLD,
2010).
Os portadores da Fibromialgia utilizam-se de mais terapias analgésicas e
procuram os serviços médicos e de diagnóstico com maior frequência que a população
normal. Nos EUA, seus custos de saúde anuais chegam a U$ 9573 por paciente,
representando gastos 3 a 5 vezes maiores do que a população em geral (HEYMANN,
2010).
3.2 Etiologia
3.2.1 Fatores genéticos
Conforme revisado por Clauw (2009) e Arnold (2010), a Fibromialgia tem um
forte componente familiar. Familiares de primeiro grau apresentam 8 vezes mais risco
de desenvolver Fibromialgia comparados à população em geral. O uso de dolorímetros
demonstra que o número de pontos dolorosos e escores de mialgia estiveram
fortemente associados à Fibromialgia nas famílias, sugerindo que fatores herdados
podem estar envolvidos na sensibilidade à dor.
Estudos
identificaram
polimorfismos
genéticos
em
elevada
freqüência
associados à Fibromialgia, como por exemplo, os genes que codificam o receptor de
serotonina 5-HT2A, o transportador de serotonina HTTLPR, o receptor de dopamina D4
14
receptor e a enzima que metaboliza a catecolamina catecol-O-metiltransferase (COMT).
Todos esses polimorfismos influenciam o metabolismo ou transporte de monoaminas,
as quais são componentes que desempenham papel crítico na resposta humana ao
estresse. A atividade do gene COMT pode desempenhar um papel na sensibilidade à
dor em muitas condições dolorosas e é diminuída pelo estrogênio, o que pode ajudar a
explicar por que as mulheres são mais suscetíveis a desenvolver distúrbios dolorosos
crônicos. É provável que haja um número de polimorfismos genéticos envolvendo
monoaminas adicionais e outros neuromoduladores que podem contribuir para o limiar
da dor e processamento sensorial (CLAUW, 2009; ARNOLD, 2010).
3.2.2 Fatores ambientais
Estressores ambientais têm sido associados com o desenvolvimento de
Fibromialgia. Os pacientes com Fibromialgia frequentemente relatam o início dos
sintomas após um período de estresse substancial (ARNOLD, 2010). Os estressores
associados ao desenvolvimento da Fibromialgia incluem síndromes dolorosas
periféricas, trauma físico (especialmente envolvendo o tronco), certas infecções (p.ex.
hepatite C, vírus Epstein-Barr, parvovírus e doença de Lyme), estresse emocional,
alterações hormonais (p.ex. hipotireoidismo), drogas, vacinas, certos eventos
catastróficos (p.ex. guerra) Apesar desses relatos, cada um dos estressores leva a dor
generalizada ou Fibromialgia em aproximadamente 5 a 10% dos indivíduos afetados.
Em outras palavras, esses estressores não agem como desencadeadores na maioria
dos indivíduos que voltam ao seu estado basal ou de saúde após passar por infecções
ou eventos traumáticos (CLAUW, 2009).
Maus tratos na infância, incluindo abuso emocional, abuso físico, abuso sexual,
negligência emocional e negligência física estão associados com a Fibromialgia. Muitos
indivíduos com Fibromialgia são vitimizados por toda a vida, o que contribui para a
experiência de estresse crônico (ARNOLD, 2010).
15
3.3 Fisiopatologia
As alterações fisiológicas encontradas em portadores de Fibromialgia podem ser
divididas principalmente em anormalidades do sono (BIGATTI et al, 2008; THEADOM,
2007; THEADOM, CROPLEY, 2008), musculares (LE GOFF, 2006), neuroendócrinas
(ADLER, 2002) e nos neurotransmissores (PRICE, 2005).
O padrão de sono não restaurador é um fenômeno qualitativo que tem sono
característico e sintomas de despertar. Esses sintomas incluem uma sensação de que o
sono é leve ou superficial (MOLDOFSKY, 2008).
Esse padrão é encontrado em mais de 75% dos indivíduos com Fibromialgia,
sendo esta alteração provocada pela intrusão de ondas alfa rápidas durante a fase nãoREM do sono. Esta intrusão ocorre em 60% a 80% da fase do sono não-REM em
indivíduos com Fibromialgia, enquanto que, em indivíduos normais, isto ocorre em, no
máximo, 20% (BREDARIOL, 2008).
Os distúrbios de sono podem estar Fibromialgia a energia reduzida e fadiga,
geralmente encontradas em pacientes com Fibromialgia. Distúrbios de sono também
podem contribuir para aumento da dor e prejudicar o reparo muscular, assim
prolongando a transmissão dos estímulos sensoriais do tecido muscular lesionado ao
sistema nervoso central e aumentar a percepção de dor muscular. Em contrapartida,
essa dor aumentada pode contribuir para aumento do distúrbio de sono, assim
mantendo a fadiga do paciente e continuando o reparo muscular inadequado
(BRADLEY, 2009).
Conforme revisado por Abada (2008), associado ao padrão de sono não
restaurador, parece haver um leve hipocortisolismo, e mudanças no ritmo diurno normal
de secreção de cortisol. Uma ligação entre baixos níveis de serotonina cerebral e
distrúbios de sono foi sugerida, e de fato, menores concentrações de triptofano (um
precursos
da
serotonina)
e
seus
metabólitos
foram
encontrados
no
fluido
cerebroespinal de pacientes com FIBROMIALGIA. Baixos níveis de hormônio do
crescimento e peptídeos relacionados ao Fibromialgia do crescimento foram
encontrados nesses pacientes.
16
3.4 Diagnóstico ocidental
Os critérios diagnósticos para a Fibromialgia foram estabelecidos pelo American
College of Rheumatology: (1) a dor deve ser crônica, persistente por 3 meses ou
mais; (2) a dor deve ser generalizada; (3) a dor deve afetar ambos os lados do corpo;
(4) a dor deve afetar áreas acima e abaixo da cintura; (5) a dor axial deve estar
presente; (6) pelo menos 11 dos 18 tender points (Figura 1) devem ser dolorosos a
~4Kg de pressão (MARCUS, 2009).
O examinador pressiona um dedo em cada ponto usando ~4Kg de pressão.
Embora o teste possa ser realizado usando-se um dolorímetro, a palpação digital
discrimina a Fibromialgia mais efetivamente. Os tender points positivos discriminam os
pacientes com Fibromialgia e outros com dor quando usa-se um limiar de escore de
pelo menos 2 em uma escala de gravidade de 0 a 10 (0= pressão sem dor, 10 = dor
excruciante) após aplicação de ~4Kg de pressão. Escores de dor nos tender points
mais altos correlacionam-se com níveis maiores de disfunção (MARCUS, 2009).
Figura 1. Localização dos 18 possíveis tender points da Fibromialgia. 1 e 2: occípito; 3 e 4: trapézio; 5
e 6: supraespinal; 7 e 8: glúteo; 9 e 10: cervical lateral inferior; 11 e 12: 2ª junção costo-condral; 13 e 14:
epicôndilo lateral; 15 e 16: trocânter maior;17 e 18: bolsa de gordura medial do joelho.
Fonte: Reproduzido de Marcus (2009).
17
3.5 Tratamento na Medicina Ocidental
De acordo com o Consenso Brasileiro do Tratamento da Fibromialgia
(HEYMANN et al., 2010), para redução da dor e melhora da capacidade funcional, o
tratamento compõe-se de: compostos tricíclicos (amitriptilina); relaxantes musculares
(ciclobenzaprina); inibidores seletivos de recaptação da serotonina (fluoxetina) em altas
doses; inibidores da recaptação da serotonina em combinação com tricíclicos;
antidepressivos que bloqueiam a recaptação da serotonina e da noradrenalina (a
duloxetina e o milnaciprano); antidepressivos inibidores da MAO (Moclobemida);
medicamento antiparkinsoniano (pramipexol), especialmente indicado na presença de
distúrbios do sono; analgésicos simples e opiáceos leves (tramadol); antiemético
(tropisetrona); neuromoduladores (gabapentina e pregabalina; hipnóticos (zopiclona e
zolpidem).
18
4
ACUPUNTURA
4.1 Mecanismo de Ação da Acupuntura
Conforme revisado por Salazar & Reyes (2004), a analgesia por Acupuntura
pode ser explicada por diferentes teorias.
De acordo com as teorias ocidentais, os neurônios do sistema de analgesia
(substância cinzenta periaquedutal e as áreas periventriculares do mesencéfalo) enviam
seus sinais ao núcleo magno da rafe e ao núcleo reticular paragigantocelular. Destes
núcleos, os sinais são trasmitidos até um complexo inibidor da dor nas hastes
posteriores da medula. Nesta região, estimulam a substância gelatinosa de Rolando
que, inibindo da primeira célula transmissora, bloqueando o envio do estímulo doloroso
ao cérebro. Além disso, muitas das fibras nervosas que do núcleo periventricular, da
área cinzenta periaquedutal secretam encefalinas. As fibras do núcleo magno da rafe
secretam serotonina nas hastes dorsais da medula espinal, que fazem com que os
neurônios espinais secretem encefalina (SALAZAR & REYES, 2004).
O mesmo autor relata que, de acordo com as teorias nervosas, a colocação de
agulhas de Acupuntura nos pontos e estimulação produzem sinais de tato, pressão ou
dor "fina" transmitidas pelas fibras A beta para a haste dorsal da medula espinal,
inibindo a primeira célula transmissora do trato espinotalâmico, bloqueando a
transmissão do impulso de dor. Também teoriza-se que, estimulando pontos de
Acupuntura, o núcleo centromediano do tálamo, sob influência das endorfinas, envia
estímulos inibitórios ao núcleo parafascicular, encerrando a transmissão da dor.
De acordo com as teorias humorais, a Acupuntura aumenta o nível endógeno de
peptídeos opióides, modificando a percepção da dor. Ainda, A Acupuntura modifica
várias substâncias neurotransmissoras envolvidas na transmissão dos estímulos
dolorosos, como a substância P, serotonina, ácido gama-aminobutírico (GABA) e
noradrenalina, interferindo na condução do estímulo (SALAZAR & REYES, 2004).
19
5 A FIBROMIALGIA NA VISÃO DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA
A MTC utiliza teorias naturalísticas pra explicar as funções e disfunções do corpo
humano (ZHENG & FABER, 2005).
Qi, geralmente traduzido como energia vital, também refere-se à função de um
dado órgão ou subsistema do corpo. Qi é transformado a partir dos alimentos, bebidas
e ar inspirado e move-se nos canais ou meridianos. No corpo, Qi tem cinco funções
básicas. É a energia que promove todos os processos vitais. Aquece o corpo e protege
a superfície e o interior, defendendo-o contra patógenos invasores e os produtos da
disfunção interna. Controla e regula a produção, secreção e excreção de todos os
fluidos e substância corporais. Transforma os alimentos e bebidas e o ar inspirado, os
quais são metabolizados em todas as estruturas e funções do corpo (ZHENG & FABER,
2005).
Na MTC, o Sangue é considerado o aspecto Yin ou base material para o Qi e
tem uma interdependência. Qi promove o movimento do Sangue, e o Sangue carrega o
Qi. O Sangue também nutre e hidrata os tecidos e órgãos. O Baço é um conjunto
específico de funcionalidade metabólica (ZHENG & FABER, 2005).
Os diagnósticos na MTC, diferentemente da medicina ocidental, são síndromes,
não diagnósticos específicos. Essas síndromes agrupam sinais e sintomas que
descrevem o estado da doença coletivamente. Além disso, os diagnósticos na MTC não
têm uma correspondência particular com os diagnósticos ocidentais. Por exemplo, a
Estagnação de Qi e Sangue pode corresponder a osteoartrite, endometriose ou lesão
aguda (BENNET, 2009).
.Três estruturas são importantes para a compreensão da Fibromialgia na visão
da MTC: Espaço entre a pele e os músculos (Cou Li), Canais de Conexão (Luo) e
Canais Musculares (Jing Jin) (MACIOCIA, 2004, p.905-912).
O Luo constitui o exterior do corpo energeticamente, indicando a profundidade
energética entre a pele e os tendões, e irriga superficiamente o Cou Li. O Luo profundo
relaciona-se energeticamente aos vasos sanguíneos e ao Sangue (MACIOCIA, 2004,
p.905-912).
20
O Jing Jin é a parte do exterior do corpo, anatomicamente, composto pelos
músculos esqueléticos. O Qi defensivo circula sob a pele, entre os músculos, evapora
entre as membranas e difunde-se sobre o peito e o abdômen (MACIOCIA, 2004, p.905912).
Fisiologicamente, o Qi defensivo difunde-se nos poros sudoríparos no Cou Li,
protegendo o corpo dos fatores patogênicos externos e os poros abrem-se e fecham-se
nos momentos certos (MACIOCIA, 2004, p.905-912).
Na etiologia da Fibromialgia de acordo com MTC, essas estruturas são invadidas
por fatores patogênicos externos: Umidade, Vento e Frio (MACIOCIA, 2004, p.905-912).
A Fibromialgia é considerada um tipo de Síndrome Bi, significando obstrução do
fluxo de Qi e Sangue no corpo. A TCM vê a causa da dor como obstrução do Qi e
Sangue nos órgãos e canais. Se houver fluxo livre, não haverá dor. Quando o fluxo é
bloqueado, a dor se manifesta. Este bloqueio pode dever-se a trauma, condições de
excesso, como infecção, obstrução física, como inflamação, ou condições de
deficiência, como imunossupressão (FU et al., 2004; ZENG & FABER, 2005; CAO &
LEWITH, 2010).
A Umidade é o fator patogênico mais comum na Fibromialgia. Ela penetra o
corpo pelas pernas e flui para a parte superior e estabelece-se no Cou Li, causando dor
muscular e sensação de peso nos membros. Quando estabelece-se na cabeça, causa
cefaléia surda, dor facial e sensação de atordoamento da cabeça. O consumo
excessivo de gordura, frituras e laticínios e comer de forma irregular podem gerar
Umidade. O Vento pode invasor o Cou Li e os próprios músculos, causando contração
e dor errante, que se move de um lugar a outro, de um dia para outro (MACIOCIA,
2004, p.905-912). O Frio, frequentemente, combina-se com a Umidade e causa dor
mais intensa localizada. O estresse emocional, muitas vezes, gera inicialmente
estagnação do Qi, contribuindo para a dor muscular e dor articular da Fibromialgia. A
estagnação do Qi de longa permanência afeta o Luo profundo, levando a dor intensa,
do tipo punhalada nos músculos e articulações, que piora com freqüência à noite
(MACIOCIA, 2004, p.905-912).
O trabalho físico excessivo, na Fibromialgia, gera deficiência do Baço, Rim e
Fígado, levando a cansaço e problemas digestivos, vontade de se deitar, sensação de
21
frio, membros frios, dor na região dorsal inferior, micção frequente, tontura e tinido,
menstruações escassas, visão turva, flutuações no campo visual, adormecimento e/ou
formigamento dos membros, cabelo seco, língua pálida e pulso áspero (MACIOCIA,
2004, p.905-912).
A Deficiência de Qi e Sangue é caracterizada por dor em pontada e muito baixa
energia, agravada pela atividade. As condições de deficiência geralmente melhoram
lentamente. A Estagnação de Qi e Sangue e Estagnação do Qi do Fígado, entretanto,
são condições de excesso que respondem mais rapidamente a tratamento. A
Estagnação do Qi do Fígado tem a característica de relacionar-se a um estilo de vida
estressante (MIST et al., 2011). O princípio do tratamento é regular o Qi e o Sangue,
removendo o Frio e a Umidade (CAO & LEWITH, 2010).
5.1 Tratamento de Acupuntura
Araujo (2007) avaliou o benefício da Acupuntura associada ao tratamento
convencional em 58 mulheres fibromiálgicas com 52 anos de idade, aproximadamente.
O tratamento convencional consistia em caminhada, exercícios e relaxamento 2 vezes
por semana mais dose analgésica de medicação antidepressiva – Cloridrato de
Amitriptilina (12,5 a 75mg/dia); 34 pacientes foram submetidas a Acupuntura e
tratamento convencional e 24 fizeram parte do grupo controle (apenas tratamento
convencional). Foram realizadas 5 avaliações (anterior ao tratamento, 3, 6, 12, e 24
meses após o término do tratamento), em que verificou-se se houve diminuição da
intensidade da dor (EVA), do número de pontos dolorosos (NPD) e do índice miálgico
(IM), e se houve mudança na qualidade de vida (QV) verificada pelo questionário SF-36
(Short Form Health Survey 36) com o uso da Acupuntura: No grupo Acupuntura, foram
realizadas 20 sessões de Acupuntura clássica, 2 vezes por semana, de 20 minutos
cada. Os pontos para alívio da dor, ansiedade e depressão utilizados foram: Ex-HN3
yintang, F3, IG4, PC6, VB34, BP6 bilaterais. Ao final de 20 sessões, verificou-se que o
grupo Acupuntura apresentou melhora significativa nas medidas de dor, EVA = 5,35 vs
7,85, NPD = 12,3 vs 16,4 e IM = 3,5 vs 2,8) e em 5 subescalas do SF-36 (capacidade
22
funcional, dor, vitalidade, aspecto emocional e saúde mental). Após 6 meses, o grupo
Acupuntura apresentou melhor resultado com relação ao NPD = 13,3 vs 15,5 e ao IM =
3,5 vs 2,9 e em uma subescala do SF-36, estado geral da saúde. Após um ano, houve
melhora do grupo Acupuntura com relação a uma subescala do SF-36, aspecto físico,
porém após 2 anos, não houve diferença significativa entre os dois grupos entre todas
as categorias avaliadas. Assim, concluíram que a associação da Acupuntura ao
tratamento convencional da Fibromialgia com antidepressivos tricíclicos e exercícios é
benéfica para doentes no período de 3 meses após o término do tratamento, reduzindo
a intensidade da dor, NPD, IM e domínios da QV: capacidade funcional, dor, vitalidade,
aspectos social e emocional e saúde mental.
Os pontos utilizados na técnica Ling Gui Ba Fa são os oito pontos de abertura
dos Vasos Maravilhosos: Vaso Concepção (Ren Mai), Vaso Governador (Du
Mai),
Vaso Penetrador (Chong Mai), Vaso da Cintura (Dai Mai), Vaso Yin de Conexão
(Yin Wei Mai), Vaso Yang de Conexão (Yang Wei Mai), Vaso Yin do Calcanhar
(Yin
Qiao
Mai),
Vaso
Yang
do
Calcanhar
(Yang
Qiao
Mai).
Os Vasos
Maravilhosos possuem a importante função de reservar energia nutritiva (Yong), de
defesa (Wei) e ancestral (Jing) (RIBEIRO & ALMEIDA, 2009).
Podem ser agrupados em quatro pares de mesma polaridade dividindo vias
similares, sendo o ponto de abertura de um usado em combinação com o ponto de
abertura de seu par, mas na ordem inversa. Os vasos de um mesmo par possuem
ações em áreas corpóreas comuns: os vasos Ren Mai e Ying Qiao Mai têm pontos de
abertura em P7 e R6 e pontos acoplados R6 e P7, agindo no abdome, tórax, pulmão,
garganta e face; os vasos Du Mai e Yang Qiao Mai têm pontos de abertura em ID3 e
B62 e pontos acoplados B62 e ID3, agindo na região posterior das pernas e dorsal,
coluna, pescoço, cabeça, olhos e cérebro; os vasos Chong Mai e Ying Wei Mai têm
pontos de abertura em BP4 e CS6 e pontos acoplados CS6 e BP4, agindo na região
interna da perna, abdome, tórax, coração e estômago; os vasos Dai Mai e Yang Wei
Mai têm pontos de abertura em VB41 e TA5 e pontos acoplados TA5 e VB41, agindo na
região externa da perna,laterais do corpo, ombros e laterais do pescoço (RIBEIRO &
ALMEIDA, 2009).
23
Magalhães & Rocha (2007) revisaram informações sobre como o tratamento pela
Acupuntura pode contribuir para minimizar os sintomas da Fibromialgia. Concluíram que
há necessidade da harmonização do Yin e Yang antes do início do tratamento. Para
tanto, freqüentemente, são utilizados pontos que fazem a ligação entre yin e yang,
exterior e interior, alto e baixo: E36, F3, IG4 e IG11. Quando o canal Yang Qiao mai é
acometido, foi encontrada recomendação de se usar como ponto de abertura B62,
pontos sintomáticos como VG2, B43, B40 e, como fechamento, ID3. Caso seja
acometido o Yin Qiao Mai, deve-se usar como abertura R6 e, E36, R3, R4, IG2 e, como
fechamento, P7.
Segundo Yamamura (2001, p.55-73), o tratamento deve ser: R6, para fortalecer
o Yin Qiaomai e o P7 para o Ren Mai; com moxa no VG4, B23, B52 e VC4; e com moxa
no B13, B42, B14, B43, B15 e B44 para fortalecer o fogo ministerial. Para o tratamento
do Yang Qiao Mai utilizar B62 e ID3 para fortalecê-lo, e para melhorar o shen usar
moxa no B23, VG4, B52, B22, VC4, VC6, e puncionar R3. Também foram encontradas
citações aos pontos CS1, CS6, TA2, TA16, VG2, VG20, F5, VB1, VB30, VB40, VB43,
R2, R3,R4, R7, IG2, B40 e B43 e VB43, relaxante muscular, indo de encontro a um dos
principais problemas do fibromiálgico, dor e tensão muscular.
Sandberg, Lindberg & Gerdle (2004) avaliaram os efeitos da Acupuntura no fluxo
sanguíneo local no músculo tibial anterior (área sem patologia focal ou dor) e pele
sobrejacente em 15 pacientes com Fibromialgia de 40 anos em média. Dois modos de
agulhamento foram usados: inserção no tecido subcutâneo (ISC) e estimulação
muscular profunda (EMP). Cada paciente participou de 3 sessões separadas por 2 a 5
dias. As sessões incluíam um dos dois tipos de agulhamento. Todos os pacientes
passaram por sessões de ISC, EMP ou controle. Após a estimulação, a agulha foi
deixada por 20 minutos. O fluxo sanguíneo foi verificado durante 30 segundos a cada 5
minutos, começando 10 minutos antes da estimulação e até o final da sessão. Não
foram verificados efeitos colaterais. A EMP resultou em maior aumento do fluxo
sanguíneo na pele e no músculo comparado ao fluxo basal do que a ISC. Entretanto,
nos pacientes com Fibromialgia, a ISC seguiu-se de um aumento significativo do fluxo
sanguíneo na pele e no músculo, ao contrário de indivíduos saudáveis. Concluíram,
então, que os diferentes resultados do agulhamento subcutâneo entre os grupos pode
24
relacionar-se a maior sensibilidade à dor e outros estímulos somatosensórios na
Fibromialgia.
Assefi et al. (2005), verificaram se a Acupuntura diminui a dor na Fibromialgia em
100 adultos com idade média de 47 anos. O tratamento consistiu de 2 sessões
semanais durante 12 semanas, comparando Acupuntura tradicional para Fibromialgia
ou Acupuntura sham como controle. Na Acupuntura tradicional, as agulhas foram
deixadas por 30 minutos em cada ponto. Os pontos utilizados foram IG11, BP9, VC12,
E25, R7, TA5 e Yintang e prona B43, B44, B17, B18, B20, B22 e R7. Os resultados
foram mensurados antes da sessão, após 1, 4, 8 e 12 semanas de tratamento e 3 e 6
semanas após o término do tratamento (semanas 24 e 36) – dor subjetiva, intensidade
de fadiga, qualidade do sono e bem-estar geral (todos com EVA). As funções física e
mental foram avaliadas por meio do questionário de avaliação de qualidade de vida
chamado SF-36 Para todos os resultados, a melhora ocorreu mais rapidamente a partir
da semana zero até a semana 2, tornou-se atenuada durante as semanas 1 a 8,
apresentou um platô entre as semanas 8 e 12 e diminuiu levemente 3 e 6 meses após o
término do tratamento. Não houve diferenças significativas entre a Acupuntura
direcionada e o grupo controle. Os participantes do grupo Acupuntura tiveram valores
médios de dor e fadiga levemente maiores e valores médios de qualidade de sono e
bem-estar geral levemente menores do que os participantes submetidos à Acupuntura
sham. Nenhuma dessas diferenças foi estatisticamente significativa. Assim, não foi
encontrada redução de dor nos pacientes com Fibromialgia pela Acupuntura.
Harris et al. (2005) investigaram se a Acupuntura é benéfica para a Fibromialgia,
se o agulhamento de locais tradicionais e o estímulo das agulhas são necessários para
a melhora dos sintomas e se há uma dependência da freqüência do tratamento. Para
tanto, desenvolveram 4 tipos de intervenções: (1) T/S: local tradicional com
estimulação, indivíduos recebendo Acupuntura em pontos meridianos da MTC (ID20,
IG11, IG4, VB34, E36, BP6, F3, e Ear-Shenmen) combinados com estimulação manual
das agulhas (2,54x38 de aço inoxidável); (2) T/0: local tradicional sem estimulação,
participantes recebendo agulhamento em locais tradicionais, mas sem manipulação das
agulhas; (3) N/S (local não-tradicional com estimulação, participantes recebendo o
mesmo número de agulhas posicionadas na mesma profundidade e com o mesmo grau
25
de estimulação manual do grupo T/S, mas as agulhas foram posicionadas em locais
considerados não-efetivos na MTC; (4) N/0: local não tradicional sem estimulação:
indivíduos recebendo agulhamento em locais não-tradicionais sem estimulação. O
grupo T/S representava a Acupuntura tradicional chinesa, enquanto que os outros
grupos eram considerados controles. Os tratamentos ocorriam 1 vez por semana
durante 3 semanas, então 2 vezes por semana durante 3 semanas, e depois 3 vezes
por semana durante 3 semanas, totalizando 18 sessões. Entre cada tratamento, era
inserido um período de 2 semanas. O estímulo manual deu-se levantando e
tracionando enquanto rodava-se a agulha (12 vezes em 180 graus nos sentidos horário
e anti-horário). As agulhas permaneceram durante 20 minutos. A dor foi avaliada por
uma escala numérica, a fadiga por um Inventário de Fadiga Multidimensional e a função
física pelo SF-36. Foi observada melhora de 25 a 35% dos indivíduos tendo diminuição
clínica significativa da dor, porém independente da correta estimulação ou localização
da agulha. Foi observado que 3 sessões semanais provinham mais analgesia do que
uma sessão por semana.
Martin et al. (2006) testaram a eletroacupuntura no alívio dos sintomas da
Fibromialgia em 50 pacientes (25 no grupo Acupuntura e 25 no grupo Controle). Os
pacientes receberam o tratamento a cada 2 a 4 dias durante 2 a 3 semanas (total de 6
sessões). Os pontos utilizados foram o IG4, E36, F2, BP6, PC6 e C7. A estimulação
elétrica foi feita entre IG4 e E26 em 2Hz. Os pontos axiais foram posicionados ao longo
do meridiano da bexiga e estimulados em 10Hz. O circuito cervical axial foi usado
somente durante as 3 primeiras sessões, e o circuito axial lombar foi usado somente
durante as últimas 3 sessões. As agulhas permaneceram por 20 minutos. Nos
pacientes do grupo controle, foram posicionadas as agulhas sobre uma bandagem
adesiva, de forma a não pressionar a pele. Os sintomas foram mensurados
imediatamente após o fim do tratamento, 1 mês e 7 meses após o fim do tratamento
usando o Fibromyalgia Impact Questionnaire (FIQ - sintomas da Fibromialgia em geral)
e o Multidimensional Pain Inventory (dor). Os sintomas totais da Fibromialgia foram
significativamente melhorados no grupo Acupuntura comparado ao controle durante
todo o período do estudo. A diferença maior no na média dos escores FIQ foi
observada após 1 mês. A fadiga e a ansiedade foram os sintomas mais
26
significativamente melhorados durante o período de acompanhamento. Entretanto, não
houve mudanças nos níveis de atividade e função física. A Acupuntura foi bem tolerada,
com mínimos efeitos adversos (sintomas vasovagais).
Mayhem & Ernst (2007) realizaram uma revisão sistemática de literatura sobre a
efetividade da Acupuntura como tratamento sintomático da Fibromialgia comparada à
Acupuntura sham. Verificaram que as evidências dos estudos encontrados não foram
unânimes.
Três
ensaios
clínicos
randomizados
demonstraram
efetividade
da
Acupuntura, porém, os efeitos foram pequenos e de curta duração. Dois outros ensaios
não demonstraram efetividade da Acupuntura. Os estudos falharam em controlam
completamente os efeitos placebo. Os autores concluíram que foi impossível dizer se o
efeito terapêutico deveu-se a mecanismos específicos ou inespecíficos da Acupuntura.
Takiguchi et al. (2008) realizaram um estudo clínico randomizado para verificar a
eficácia da Acupuntura na melhora da dor, sono e qualidade de vida de 12
pacientes fibromiálgicas tratadas em um ambulatório de reumatologia. As pacientes
foram divididas em grupo A (n=5, média de 45,6±7,06 anos de idade), que recebeu
Acupuntura segundo a MTC, com a escolha dos pontos seguindo o diagnóstico próprio
da técnica, baseada nas Síndromes dos Zang Fu e grupo B (n=7, média de 44,28±7,22
anos de idade), em que as agulhas foram inseridas nos seguintes tender points: base
do occipital, trapézio, supraespinhoso e epicôndilo lateral, visando a à supressão
da dor. Foram realizadas 8 sessões de Acupuntura uma vez por semana durante 25
minutos. Antes e após as sessões, foi avaliada a dor pela EVA, a qualidade de vida foi
avaliada pelo Questionário de Impacto da Fibromialgia (QIF) e o sono foi avaliado pelo
Inventário do Sono. Houve melhora de todos os parâmetros avaliados nos dois grupos,
porém estatisticamente significativa da dor apenas no grupo B. Em relação ao QIF,
somente o grupo B apresentou diferença estatística nos itens dor, cansaço, ansiedade
e depressão.
Quanto ao sono, no grupo B, houve melhora em todos os itens. A
diminuição do limiar de dor no grupo B, mesmo em pontos onde não foi feita a
Acupuntura, demonstra o efeito sistêmico da inserção de agulhas, causando alívio da
dor mesmo em locais distantes. Os autores inferem que, como no grupo B não foram
puncionados pontos específicos envolvidos com o sono, o efeito analgésico obtido
aliou-se à liberação de substâncias ―semelhantes ao ópio― no fluido cérebro-espinhal,
27
mediando o efeito sistêmico das inserções pontuais em locais de dor, como a melhora
de todos os quesitos do questionário do sono.
Martin-Sanchez et al. (2009) realizaram uma revisão sistemática de literatura
com metanálise para avaliar a efetividade da Acupuntura como tratamento para a
Fibromialgia. Os ensaios clínicos incluídos foram realizados em populações adultas
ambulatoriais, com intervenções variando de 2 a 13 semanas. Como método placebo,
foram usadas diferentes técnicas sham: Acupuntura simulada sem penetração de
agulhas nos tender points e Acupuntura com inserção em pontos não relacionados à
Acupuntura. Os autores observam que os pacientes com Fibromialgia que passaram
por Acupuntura e aqueles submetidos a intervenções placebo obtiveram os mesmos
resultados.
Chao (2010) avaliaram a efetividade da Acupuntura como terapia complementar
na redução da dor de 42 pacientes com Fibromialgia (95,2% mulheres, média de 51
anos de idade) que não respondiam ao tratamento farmacológico convencional após 6
meses de tratamento em um estudo quase-experimental. Foram realizadas 10 sessões
de 20 minutos, uma por semana, com agulhamento até a profundidade necessária para
se obter o De Qi. Os pontos mais utilizados no tratamento dos diferentes sintomas
diagnosticados segundo a MTC foram: Insuficiência de B: B20, E36, B6, Ren 12, B3,
Fígado 13; Insuficiência de Xue de Fígado: B17, B18, B6, V20, E36, B10;
Estancamento de Qi de H: F14, F3, E36, B18, MC6, B 6; Insuficiência de Yin de Rim: B
23, R 3, B 52, R 6, B 6, Ren 6; Insuficiência de Yang de Rim: B 23, Du 4, R 6, Ren 4,
Ren 6, VB 39; Insuficiência de Xue de Coração: B 15, C 9, B 17, C5, B 9, B 20;
Insuficiência de Jing de Rim: B23, R6, Du 4, R 3, B52, Ren 6; Insuficiência de Yin de
Fïgado-Rim: B 18, B 23, B 6, Ren 4, R 3, B 52, B 17 e Vento de Fígado: B 23, B 10, R
3, B 17, VB 20, E 36. Foi obtida melhora significativa do valor total da escala de dor
para todas as suas variáveis (intensidade, freqüência, consumo de analgésicos,
incapacidade e sono). Não houve relatos de eventos adversos.
Langhorst et al. (2010) revisaram sistematicamente a literatura em busca da
eficácia da Acupuntura na Fibromialgia. Foram analisados sete ensaios clínicos
randomizados. Evidenciou-se fortemente redução da dor pós-tratamento, sem evidência
de efeito positivo em outros sintomas da Fibromialgia. O efeito positivo na dor,
28
entretanto, não foi robusto contra potenciais vieses metodológicos. Os resultados
inconsistentes deveram-se, principalmente, a um estudo no qual a Acupuntura sham e
simulada foram superiores à Acupuntura verdadeira. Foi verificada evidência moderada
de que os efeitos positivos não poderiam manter-se no acompanhamento. Os eventos
adversos foram inconsistentemente relatados.
Lundeberg & Lund (2007) revisaram a literatura sobre o agulhamento profundo
comparado ao agulhamento superficial e verificam que a sensibilização resulta em
respostas a estímulos aumentadas e alteradas. Assim, a estimulação leve pode ter
efeito tão forte quanto o agulhamento profundo no sistema inibitório da dor na
Fibromialgia, apesar de ser usado como controle inerte nas pesquisas (LUNDEBERG &
LUND, 2007).
Devido às muitas conexões que existem entre os grupos de células da glia e os
tipos de transmissores que liberam, a ativação dessas células pode causar expansão
do campo receptor ou extraterritorial da dor. Essa sensibilização central poderia explicar
a ampla distribuição topográfica e a dor referida na Fibromialgia. Isso sugere que
procedimentos controle usando agulhamento longe do local específico podem ter efeito
tão forte quando o agulhamento nas áreas mais dolorosas. Pontos não específicos
podem não existir na Fibromialgia (LUNDEBERG & LUND, 2007).
Como provavelmente existe um desbalanço entre os sistemas inibitório e
excitatório na Fibromialgia, pode ser necessário estímulo mais forte para ativar o
sistema inibitório descendente da dor. Dependendo do estado do sistema inibitório da
dor, duas respostas podem ser obtidas. Quando há disfunção álgica leve a moderada
da inibição endógena da dor, a forte estimulação pode ser efetiva e, quando há
disfunção grave da dor, não se obtém inibição da dor e o tratamento resulta em mais
dor. Assim, ambas as estimulações, leve e forte, devem ser tentadas de acordo com a
preferência do paciente (LUNDEBERG & LUND, 2007).
29
6 CONCLUSÃO
Os estudos abordados sobre os efeitos da Acupuntura sobre os sintomas da
Fibromialgia incluídos nesta revisão tiveram uma alta evidência. Estes dados
demonstram a seriedade com que vem sendo tratado o tema nos últimos 10 anos.
Alguns estudos demonstram efeitos benéficos da Acupuntura associada a
antidepressivos tricíclicos e exercícios na intensidade da dor, número de pontos
dolorosos e índice miálgico e melhora a qualidade de vida e no tratamento exclusivo no
aumento do fluxo sanguíneo na pele e no músculo, melhora da intensidade e freqüência
dor, consumo de analgésicos, incapacidade e sono, fadiga, ansiedade, função física.
Assim, conclui-se que a Acupuntura tem efeitos benéficos sobre freqüência e
intensidade da dor, qualidade de vida, sono, fadiga, ansiedade e função física de
indivíduos com Fibromialgia.
30
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