Tecendo círculos de leitura e formando redes de estudantes
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Tecendo círculos de leitura e formando redes de estudantes
Tecendo círculos de leitura e formando redes de estudantes-leitores Marcela Afonso Fernandez Marcella do Amaral Gonçalves Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) Este trabalho objetiva compartilhar uma das linhas investigativas da pesquisa Contações de histórias, rodas e encontros com leitura literária: das tradições à virtualidade, realizada no componente curricular Literatura na Formação do Leitor, do curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Um dos objetivos da pesquisa é investigar alguns modos de ser leitor e tecer a leitura produzindo sentidos, forjados pelos estudantes do curso de Pedagogia. Tendo como referência, sobretudo, os estudos desenvolvidos por KRAMER (1999), YUNES (2002, 2009, 2012), FREIRE (2001) e CHARTIER (1990), um dos propósitos específicos desta investigação foi conhecer, analisar e refletir sobre as diversas concepções e práticas de leitura dos estudantes por meio dos círculos de leitura. Este trabalho resulta das primeiras análises produzidas na pesquisa, tomando por base a articulação entre o referencial teórico estudado até o momento e alguns depoimentos colhidos dos estudantes-leitores participantes desta experiência. A pesquisa, comprometida com a promoção da leitura pautada na experiência e na pluralidade de sentidos, se propõe a investigar os possíveis caminhos de acesso e apropriação da literatura pelos estudantes em formação. Nessa perspectiva, pode constituir uma experiência significativa com o potencial de viabilizar um projeto político-social e pedagógico que tem como meta, sobretudo, promover o leitor, para além da leitura literária. Palavras-chave: formação de estudantes-leitores, círculos de leitura, histórias de leitura, literatura. 1. Conhecendo o terreno semeado No novo modo informacional de desenvolvimento das sociedades, notadamente as ocidentais, a aquisição de novos conhecimentos e informações constitui a principal fonte da produtividade. Concomitantemente, a concepção e a aplicação de conhecimentos de cunho tecnológico vêm promovendo um significativo avanço na geração de novos saberes e práticas socioculturais. Contudo, apesar de estarem imersas em redes tecnológicas e informacionais, podemos observar o fato de que distintas comunidades humanas têm demonstrado uma notável carência de momentos presenciais de partilha de experiências e de cumplicidade, marcadas por uma diversidade de vozes, imaginários, motivações e interrogações. Momentos em que o aprendizado de ser humano pode ser experienciado pelo foco das artes em geral, e especialmente da literatura, pelos afetos que ela desperta, pela reflexão que interioriza e pela alteridade que nos leva a assumirmos posições e escolhas com singularidade, discernimento e criticidade. O exercício de uma cidadania plena, no qual direitos e deveres estejam presentes na qualidade da vida social, passa necessariamente pela construção da identidade e, paralelamente, da subjetividade que nos torna singulares. E esta dimensão da constituição humana passa, efetivamente pela formação do sujeito-leitor de múltiplas linguagens e textualidades, e fundamentalmente comprometido com o olhar crítico sobre a realidade que o circunda. A leitura – especialmente a interativa e experienciada a partir de diferentes expressões artísticas – tem o potencial de mobilizar o sujeito-leitor, instigando-o a se reconhecer como ser pensante e, portanto, dotado da capacidade de criticar e intervir no mundo em suas manifestações mais sutis. A leitura e a escrita podem ser vividas como experiências capazes de ampliar o raio de ação e de reflexão do sujeito-leitor (Kramer, 1999), levando-o de maneira mediata ou mediadora, para além do tempo imediato, relacionando o antes e o depois, pensando sobre a história que protagoniza e encorajando-o a modificá-la. Nesta experiência que começa antes do contato com o texto, seja ele qual for a leitura vai sendo tecida por um leitor ativo, que deixa de ser um mero decodificador do objeto lido – seja escrito, imagético, sonoro, gestual - e passa a atribuir sentido a textualidade multifacetada que o rodeia. Dentre as experiências de leitura mobilizadoras de se pensar a partir do pensar sobre o mundo, destacamos o modo de ler compartilhado marcado pela força da narrativa oral e da escuta sensível, experiência solidária herdada dos povos da antiguidade que inventaram a escrita com as suas primeiras histórias: os círculos de leitura. Daí ser ao menos de bom senso, voltar às rodas em que, a meio do caminho da modernidade, os homens costumavam se reunir para cantar, dançar, cirandar, ouvir prédicas e casos dos viajantes, os que traziam notícias do mundo de longe e de fora, e, pouco a pouco, alteravam as relações fechadas dos grupos ou clãs. (YUNES, 2009, p. 73 e 74) Com base nesta experiência geradora de sentidos e disseminadora de novas relações sociais, o presente trabalho se propõe a apresentar algumas reflexões decorrentes de uma das linhas investigativas da pesquisa Contações de histórias, rodas e encontros com leitura literária: das tradições à virtualidade, pautada na prática de formação de estudantes-leitores realizada desde 2012 no componente curricular Literatura na Formação do Leitor, do curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Ressaltamos que este trabalho resulta das primeiras análises produzidas na pesquisa, tomando por base a articulação entre o referencial teórico estudado até o momento e alguns depoimentos colhidos dos estudantes-leitores participantes dos círculos de leitura em andamento. Dado o limite da proposta, acreditamos que esta sirva como ponto de partida para um aprofundamento teórico-metodológico sobre as práticas discentes e docentes de apropriação do texto literário, tendo como enfoque principal a formação de estudantes-professores por meio da prática leitora círculo de leitura. 2. Tecendo círculos solidários de leitura O componente curricular Literatura na Formação do Leitor organiza-se em dois grandes blocos. No primeiro bloco, procuramos situar os estudantes-professores em formação nos debates sobre o trabalho com o texto literário, focalizando especialmente a tríade conceitual leitura-leitor-literatura. No segundo, discutimos especificamente a natureza dos textos literários, enfatizando os livros destinados à infância. Neste momento, refletimos sobre o percurso histórico da literatura voltada para o público infantil e juvenil bem como os elementos que a singularizam, buscando fundamentar o estudo, a pesquisa e a prática docente. Atravessando a experiência curricular proposta, adentramos no mundo da literatura infantil e juvenil buscando, por meio do círculo de leitura e da arte de contar histórias, concebidas como práticas leitoras solidárias (YUNES, 2002, 2009), e de textos de autores como Cecília Meireles, Clarice Lispector e Bartolomeu Campos de Queirós, entre outros, o néctar das palavras esteticamente dimensionadas, no sentido de evidenciar, possibilidades teórico-metodológicas alternativas de abordagem da literatura. As experiências denominadas círculos de leitura, práticas leitoras centradas na partilha de sentidos realizada por comunidades de leitores diversos, com o tempo tornaram-se práticas esquecidas e abolidas em distintos espaços públicos – centros culturais, museus, condomínios, fábricas. Entretanto, nos espaços em que experiências interativas como essas foram conservadas, disseminou-se o seu papel transformador da vida, pelo ato de tomar a palavra e transformá-la. Podemos, então, dizer que a leitura se aprende no convívio com a cultura socializada, mas também com a visão singularizada que vamos formando de nós e do mundo. Mas é inegável que o gosto pela leitura compartilhada fortalece o aprendizado do potencial leitor. Lendo sozinhos parecemos mais bloqueados do que lendo em grupo, quando uma ideia puxa a outra e estas vão criando uma teia de trocas muito original. Saímos todos mais inteligentes e inteligíveis. (YUNES, 2009, p. 84) No círculo de leitura o percurso de amadurecimento de interpretações pelo leitor se dá por meio do diálogo. A tarefa de mediação cabe ao leitor-guia, que, com base em sua intimidade com o texto, encarrega-se de narrar oralmente, mobilizar, organizar e estimular o debate e ainda costurar as falas apresentadas pelos componentes da roda, cuidando para que a sua não prevaleça sobre as demais. Neste processo de escolha, todo texto decorrente dos interesses do grupo pode incrementar o envolvimento e o debate. Delineado neste cenário, o círculo de leitura permite o uso e a apropriação crítica e criativa do texto. Evidencia-se nesta experiência a abertura da obra, que demonstra suportar múltiplos olhares e vozes. A estratégia círculo de leitura, proposta no início de cada encontro do componente curricular Literatura na Formação do Leitor possibilita ao estudante- professor em formação fazer uma “ponte” entre as questões conceituais e metodológicas acerca da tríade leitor-leitura-literatura e a experiência de leitura tecida em rede e encarnada pelo grupo, o que nos leva a crer que contribuímos para aquela visão de conhecimento ressignificado em relação a seu papel como leitor, promotor e mediador das leituras de outros leitores em potencial. Como prática disparadora das aulas, as leituras solidárias ocorrem em torno de um texto literário e são amparadas pela voz de um estudante-leitor-guia. A definição de quem será o mediador da leitura é combinada previamente pela turma e a professora, sendo assumida a cada encontro por um estudante incumbido de selecionar uma obra de seu interesse e compartilhá-la, abrindo-se posteriormente para a leitura e o diálogo com o grupo. Geralmente o estudante-leitor-guia relata o porquê da escolha do texto lido, como teve contato com ele e que emoções e sentidos a leitura evocou. Esta atividade também amplia as possibilidades da turma como um todo participar da construção de sentidos do texto escolhido com suas interpretações a respeito do que foi lido. O trabalho de um leitor-guia é fazer luz sobre as cenas de leitura, os atos de construção de sentidos na leitura, sem impor sua condição ou a do autor. O que se quer alcançar com o círculo de leitura é a descoberta da condição de leitor e uma qualificação maior para a leitura, por conta mesmo da troca, do intercâmbio, da interação de vivências e histórias de leitura. (YUNES, 2009, p. 82) O que distingue esta experiência de outras práticas de leitura é a oportunidade de, a partir da disposição dos estudantes em círculo, podermos a cada encontro corporificar a troca espontânea, divergente e/ou complementar de sentidos, memórias, repertórios de narrativas vivenciadas e escutadas por cada leitor envolvido pelo texto. Além disso, é igualmente instigante observar o estudante-leitor-guia assumir cada vez mais a atitude de liberdade e de crítica diante do texto no qual imprime sua marca de sentidos e de tomada de consciência sobre o mundo que o norteia (FREIRE, 2001). Essa postura de coautoria na produção de sentidos sobre o texto literário pôde ser evidenciada no depoimento da estudante A, ao afirmar que ainda se emociona com a leitura do livro “O pequeno Príncipe”, de Antoine Saint-Exupéry, desde seu primeiro contato com a obra na adolescência, especialmente ao ler o trecho que retrata o encontro do menino com a raposa. Eu escolhi a parte do livro que mais tocou o meu coração. Eu confesso que ao ler novamente, chorei de novo como quando adolescente, porque ele mexe muito comigo. Eu acho lindo isso, né! Porque mexe com o nosso interior, com a nossa emoção e faz a gente pensar. Será que a gente está dando valor a nossa amizade? Cadê aqueles amigos do passado? Será que continuam? Será que eles apenas passaram... Isso aqui faz pensar um pouquinho como está a sua vida. (estudante A). Após a leitura compartilhada, vão sendo tecidas diversas experiências e lembranças que explicitam o ponto de vista de cada estudante-leitor ali presente. O texto escolhido oferece a turma, a oportunidade de todos socializarem seus olhares e sentimentos em relação ao que foi captado de maneira singular e, por vezes, coletiva. Nesta dinâmica, o estudante-leitor-guia provoca os demais integrantes do círculo, expondo as idéias e reflexões desencadeadas pela leitura e, paralelamente, fomentando a troca de pontos de vista diferenciados. Nessa mesma perspectiva, destacamos outro depoimento interessante apresentado pela estudante B, que compartilhou no círculo o texto “O menestrel”, de Verônica Shoffstall. Em seu relato, B revela que se identifica com o texto, pois o considera um estímulo para que siga em frente na vida, além dele aproximar-se de sua personalidade. Porque ele tá falando como a gente deve agir, assim, na vida né... ele te dá uma... “sacudida” (risos). Principalmente esse final... eu sou uma pessoa muito insegura. (estudante B). Em cada relato apresentado nos círculos de leitura evidencia-se uma íntima relação entre leitura, formação do leitor e construção da identidade. Esta teia relacional incide na subjetividade de cada estudante-leitor-ouvinte que, por meio do imaginário contido na obra lida, parece alavancar um movimento de reinvenção de si. Nos círculos de leitura, os estudantes-leitores-ouvintes interagem e trocam experiências vividas, além de discutirem sobre os diferentes tipos de literatura, pontuando preferências, opiniões e percepções sobre suas apropriações. Geralmente os posicionamentos giram em torno do que acharam da escolha, se gostaram do gênero literário escolhido e como interiorizaram o texto. Com base nesta experiência, percebemos a relevância que estes vínculos entre leitor – texto literário representam para o desenvolvimento de práticas leitoras. Práticas leitoras motivadas pelos vínculos culturais e sociais locais, que o sujeito progressivamente vai estabelecendo, em função de seus modos e contextos de vida. Quando apresentamos ao estudante-professor em formação situações de aprendizagem em que ele precisa se colocar, não apenas como formador de leitores, mas também como leitor de textos literários, como as realizadas nos círculos de leitura, na verdade estamos evidenciando o compromisso que ele precisa ter quando igualmente propõe leituras e atividades com a literatura em espaços educativos, especialmente nas escolas. Nesse sentido, acreditamos que a partir de práticas leitoras emancipatórias seus alunos serão estimulados a se abrir para o universo da literatura. Paralelamente, consideramos fundamental no processo de construção da faceta leitora desses estudantes a possibilidade de cada um interagir com variados textos e experiências de leitura literária e, projetando seus conhecimentos, experiências prévias, valores, sentimentos e imaginação, poder imprimir suas marcas de leitura, recriar e repensar o que está posto no livro. Nesse sentido, “todo gesto de apropriação de um texto por um leitor carrega para esse texto as próprias marcas do leitor, do seu contexto, do seu tempo, da sua sociedade” (YUNES, 2009, p.45). Tais marcas se desdobram muitas vezes em práticas de leitura literária, ora assentadas em técnicas “enlatadas”, modeladas por catálogos de livros didáticos e paradidáticos vendidos pela indústria editorial e consumidos como mercadoria, que escolariza em “fôrmas e receitas” a leitura , o leitor e o texto literário; ora “maquiadas” de ludicidade e prazer aparente, desviando-se de seu caráter de fruição e prazer essencial. O que nos leva a acreditar que tanto o encanto como o desencanto e o encontro como o desencontro entre leitor e literatura podem afetar significativamente a vida pessoal e profissional de um estudante-professor em formação. Por meio das trocas decorrentes dos círculos de leitura, tivemos condições de iniciar um processo de reflexão e análise acerca das possíveis “pontes” que podemos estabelecer entre as memórias e histórias de leitura vividas pelos estudantes-leitores e suas práticas no sentido da promoção da leitura literária no âmbito da escola. Nesse sentido, consideramos este percurso investigativo capaz de viabilizar uma leitura das “linhas” e das “entrelinhas” das suas concepções e práticas. Seguindo esta trilha, ao apresentar o livro infantil, “Vai embora grande monstro verde” (EMBERLEY, Ed, 2009), a estudante C, explicou onde conheceu a obra e de que maneira trabalha com as crianças na creche em que atua. Eu encontrei este livro na creche e me apaixonei por este livro. Esses dias eu fui pegar este livro pra levar de uma sala pra outra e eu tive que contar em três turmas porque as crianças olhavam pra este livro e elas me faziam voltar e contar... me vi obrigada a comprá-lo! [risos]. (estudante C). Em outro momento de construção de sentidos decorrente do círculo, a estudante D compartilhou um fragmento do texto literário “Olhos de ressaca” (ASSIS, Machado, 1994). Em seu relato, D ressaltou que o livro foi apresentado a ela pela escola em que estudava através de uma dinâmica diferenciada, baseada na leitura coletiva de alguns trechos por toda a turma, o que lhe marcou muito. De acordo com D, a prática experienciada foi de grande valor, pois favoreceu o contato com um clássico da literatura de maneira mais agradável, despertando o interesse geral e a aproximação com a obra proposta. Eu gosto muito deste livro e depois desta experiência o reli com outra perspectiva... Depois que há um debate, que você conhece o autor... (estudante D). Analisando todos os depoimentos apresentados pelos estudantes participantes da investigação podemos observar o quanto o sujeito-leitor e o ato da leitura podem ser compreendidos como elementos concretos inscritos em práticas e contextos sócioculturais específicos, cuja relação com o texto literário e sua construção de sentidos dependem da historicidade das apropriações (CHARTIER, 1990). Conhecermos as modalidades partilhadas do ler empreendidas por sujeitos-leitores encarnados em tensão com os movimentos que tentam refreá-las ou estimulá-las possibilita-nos desvelar as competências e os modos de leitura disciplinados ou rebeldes que se desenvolvem por diferentes comunidades de leitores em formação. Partindo da observação dos círculos de leitura foi possível identificar nos diferentes relatos dos estudantes, as experiências negativas e/ou positivas, que denunciam suas memórias, influências, e concepções acerca da leitura literária. Por meio destas vivências solidárias, as concepções de leitura, leitor e literatura vão sendo tecidas por olhares e referenciais variados, tornando as apreensões desta tríade plurifacetada fundamentais à formação plena de cada sujeito-leitor. 3. Estudantes-leitores em formação: ampliando a rede... Estimamos que a relação com o texto literário, no âmbito da escola, deva necessariamente ser pautada numa perspectiva crítica, a partir de um conjunto de princípios, atitudes e valores em confluência e que envolvam tanto a comunidade de leitores que transita no espaço escolar, quanto o projeto político-pedagógico que a norteia, já que uma das características da leitura seja o seu caráter transdisciplinar. Daí a relevância deste enfoque para a formação do estudante-professor no que tange a constituição dos saberes relacionados à apropriação da leitura em geral, e do texto literário, em particular. Acreditamos que a forma pela qual o professor compreende o processo de leitura e a formação do leitor tende a fundamentar e orientar as rotinas e encaminhamentos que ele opta por realizar quando se vê diante da tarefa de dinamizar e acompanhar a leitura de seus alunos na sala de aula. Neste percurso inicial da pesquisa, as análises da experiência de leitura partilhada em círculo e realizada com os estudantes do curso de Pedagogia têm ampliado a compreensão sobre os diversos caminhos por meio dos quais os professores se constituem como leitores, bem como o efeito dessas vivências nas maneiras como estes concebem e realizam práticas de formação de leitores nos espaços educativos. As diferentes variáveis que intervém na construção da faceta leitora, encontradas nos relatos dos estudantes-leitores-guias do componente curricular Literatura na Formação do Leitor, têm corroborado para a consolidação da tese de que a Universidade e os cursos de formação de professores devem assumir e instituir novos processos educativos baseados em práticas leitoras que redimensionem a tríade leituraleitor-literatura. Com base nessa perspectiva, acreditamos que os círculos de leitura podem se tornar práticas capazes de afetar os estudantes em formação, por meio do reencontro com as memórias e compreensões relacionadas à sua formação na condição de leitores. Nesse sentido, o compromisso assumido pelo componente curricular Literatura na Formação do Leitor e pela pesquisa Contações de histórias, rodas e encontros com leitura literária: das tradições à virtualidade, tem enfatizado cada vez mais a relevância da troca de experiências, percepções e sentidos nos encontros de leitura solidária, bem como o potencial dessas partilhas propiciarem novos processos de ressignificação e redimensionamento dos modos de ser leitor e viver a leitura literária nos espaços educativos. Referências Bibliográficas ASSIS, Machado. Obras Completas de Machado de Assis. (vol. I) Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. CHARTIER, Roger. A história cultural entre práticas e representações. Rio de Janeiro: Difel, 1990. EMBERLEY, Edward R.. Vai embora grande monstro verde. São Paulo: Brinque Book, 2009. FREIRE, Paulo. Conscientização: teoria e prática da libertação. São Paulo: Centauro, 2001. KRAMER, Sônia. Leitura e escrita como experiência – notas sobre seu papel na formação. In: ZACUCUR, Edwirges (org.) A magia da linguagem. Rio de Janeiro: DP&A: SEPE, 1999. SAINT-EXUPÉRY, Antoine. O pequeno príncipe. Rio de Janeiro: Agir, 2008. YUNES, Eliana; VERSIANI, Daniela Beccaccia; CARVALHO, Gilda. Manual de reflexões sobre boas práticas de leitura. São Paulo: Edições Loyola, 2012. YUNES, Eliana. Tecendo um leitor: uma rede de fios cruzados. Curitiba: Aymará, 2009. ____________ (org.). Pensar a leitura: complexidade. São Paulo: Edições Loyola, 2002.