Módulo 10 Resfriamento de um tanque com isolaç˜ao térmica
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Módulo 10 Resfriamento de um tanque com isolaç˜ao térmica
Módulo 10 Resfriamento de um tanque com isolação térmica utilizado em um processo de maturação EQ502 – Introdução à Análise de Processos 1o Semestre de 2006 Um tanque cilı́ndrico de 1 metro de diâmetro e 2 m de altura é isolado com asbesto. A espessura do isolante é l = 4 cm. O equipamento é utilizado como um vaso de maturação para um processo quı́mico em batelada. O lı́quido a ser armazenado é carregado a uma temperatura de 95 ◦ C e permanecerá durante 5 dias no tanque. Para os dados abaixo, calcular a temperatura do lı́quido em função do tempo e traçar um gráfico da mesma. Figura 1: Tanque de maturação Dados: • Coeficiente convectivo de transferência de calor do lı́quido (h1 ): 150 W/2 m◦ C; • Condutividade térmica do asbesto (k): 0,2 W/m◦ C; • Coeficiente de transferência de calor por convecção na superfı́cie isolada (h2 ): 10 W/m◦ C; • Densidade do lı́quido (ρ): 103 kg/m3 ; • Capacidade térmica do lı́quido (Cp): 2500 J/kg◦ C; • Temperatura atmosférica inicial (t): 20 ◦ C; 1 • A espessura do material metálico do tanque. l = 0,04m; • É assumido que a temperatura ambiente varia com o tempo (t, em horas) de acordo com a seguinte correlação: µ Tamb = 10 + 10 · cos ¶ π·t . 12 (1) A Figura 1 representa o sistema em estudo: Para a resolução deste problema, é necessário fazer um balanço de energia em relação ao tempo no sistema de interesse (tanque + isolante + lı́quido).O interesse não é na variação de temperatura nas paredes do tanque, mas sim sua variação, no lı́quido, ao longo do tempo. Desta forma, pela equação geral de balanço, tem-se: Entra − Sai + Gerado = Acúmulo (2) Analisando cada um dos termos da equação acima: ENTRA: O lı́quido encontra-se em uma temperatura superior à ambiente e, por isso, não há fluxo de energia entrando no sistema. Portanto, Entra = 0 (3) SAI: Calor sai do sistema pela superfı́cie externa do isolante que envolve todo o tanque, incluindo as tampas superior e inferior. A transferência de calor se dá por convecção. Portanto, o total de energia deixando o sistema num intervalo de tempo ∆t é dado por: Sai = h2 A (TS − Tamb ) · ∆t (4) onde A é a área externa que envolve o tanque. Desprezando a espessura do isolante, essa área é dada por: à A = (πd · H) + 2 πd2 4 ! = 2π + π = 2, 5π m2 2 (5) GERADO: Como não há geração ou consumo de energia no sistema este termo é nulo. Portanto, Gerado = 0 (6) ACÚMULO: O acúmulo de energia no sistema pode ser determinado pela variação de energia interna, ou entalpia, do sistema entre um tempo t e t + ∆t. Pelo fato do isolante possuir um volume muito pequeno frente ao volume do lı́quido e, também, por possuir capacidade térmica muito baixa, o termo de variação de entalpia referente ao isolante pode ser desprezado. Desta forma, para o termo de acúmulo, tem-se: 2 Acúmulo = H|t+∆t − H|t = V · ρ · Cp (T − Tref )|t+∆t − V · ρ · Cp (T − Tref )|t (7) Aplicando Taylor, Acúmulo = V · ρ · Cp (T − Tref ) + d [V · ρ · Cp (T − Tref )] ∆t + dt ... − V · ρ · Cp (T − Tref ) (8) ou Acúmulo = V · ρ · Cp dT ∆t + ... dt (9) Substituindo os termos determinados na equação de balanço: dT ∆t + ... dt Dividindo toda a equação por ∆t e fazendo ∆t → 0: −h2 A (TS − Tamb ) · ∆t = V · ρ · Cp (10) dT (11) dt Como foi visto anteriormente, a temperatura ambiente é conhecida como uma função do tempo. Por outro lado, a temperatura na superfı́cie do isolante, TS , não é conhecida. Para isso, é necessário relaciona-la com a temperatura do tanque, T . A conservação de energia implica que a taxa de perda de calor pelo lı́quido é a mesma taxa de calor que atravessa o isolante e, também, a mesma taxa de calor que é perdida pela superfı́cie. Equacionando estas taxas: −h2 A (TS − Tamb ) = V · ρ · Cp • Taxa de perda de calor perdido pelo lı́quido: h1 A (T − Tw ) (12) • Taxa de perda de calor através do isolante: kA dT dxi (13) onde xi representa uma variável espacial. Conforme visto em módulos anteriores, a variação de temperatura através de uma parede cilı́ndrica é diferente da variação de temperatura através de uma parede plana, que no caso é linear. No problema, tem-se uma parede cilı́ndrica (lateral do tanque) e duas paredes planas (tampa e fundo do tanque). A abordagem do modelo matemático deste módulo considera que a variação de temperatura dentro da parede cilı́ndrica do tanque pode ser representada pela equação de parede plana. Esta simplificação não traz erros significativos nos 3 resultados do problema visto que o raio de curvatura do tanque é elevado aproximando-se, neste caso, do perfil de parede plana. Com esta hipótese: −kA ∆T kA dT = −kA = (TW − TS ) dxi ∆xi l (14) • Taxa de perda de calor pela superfı́cie exposta do isolante h2 A (TS − Tamb ) (15) Igualando-se as três taxas determinadas anteriormente, tem-se: kA (Tw − Ts ) = h2 A (Ts − Tamb ) l Isolando Tw da primeira das igualdades acima: h1 A (T − Tw ) = µ Tw k h1 + l ¶ (16) k = h1 T + Ts l (17) e substituindo na segunda igualdade, tem-se: µ Ts = Tamb + ¶ kh1 (T − Tamb ) h1 h2 l + h1 k + h2 k (18) Aplicando os valores fornecidos: T s = 0, 326 · T + 0, 674 · Tamb (19) Substituindo a expressão para Ts acima, e lembrando que um fator de conversão de 3600 deve ser utilizado para transformar segundos em horas: −10 · 2, 5 · π · (0, 326 · T + 0, 674 · Tamb − Tamb ) · 3600 = π · 0, 52 · 2 · 103 · 2500 · dT = −0.072 (0, 326 · T − 0, 326 · Tamb ) dt dT dt (20) (21) µ dT π·t + 0, 0235 · T = 0, 0235 · Tamb = 0, 235 + 0, 235 cos dt 12 ¶ (22) A equação acima é uma equação diferencial de primeira ordem que pode ser resolvida por meio de um fator de integração µ (t) = exp(0, 0235 · t). Assim, a solução é: Z · Z 0.0235t Te = 0, 235 e 0,0235t dt + 0, 235 µ 0,0235t e π·t cos 12 ¶¸ dt (23) O segundo termo do lado direito da equação acima pode ser integrado por partes, fornecendo: 4 0, 235e0,0235t [0, 0235 · cos (0, 262 · t) + 0, 262 · sin (0, 262 · t)] (24) (0, 0235)2 + (0, 262)2 Portanto, a expressão obtida para T é: T = 10 + 0, 08 · cos (0, 262 · t) + 0, 89 · sin (0, 262 · t) + Ke−0,0235t (25) com a condição de contorno de que quando t = 0, T = 95. 95 = 10 + 0, 08 + K (26) K = 84, 92 (27) Portanto, a solução final para a variação da temperatura do lı́quido como função do tempo t é: T = 10 + 0, 08 · cos (0, 262 · t) + 0, 89 · sin (0, 262 · t) + 84, 92 · e−0,0235t (28) Uma análise da equação acima mostra que o segundo termo da equação afeta a temperatura do lı́quidoem, no máximo, ± 0,08 o C. O terceiro termo contribui no máximo com, no máximo, ± 0,89 o C. Do ponto de vista prático estes termos podem ser desprezados, já que praticamente não afetam a variaçao de temperatura do lı́quido. Assim, a equação pode ser simplificada para: T = 10 + 85 · e−0,0235t (29) No tempo inicial (t = 0), a temperatura do lı́quido é 95 ◦ C. Com o passar do tempo esta temperatura vai diminuindo e, ao final dos cinco dias de maturação (t = 120 horas), a temperatura final é de T = 15 ◦ C. É importante salientar que neste nı́vel de temperatura, o termo 0,89.sen(0,262.t) não é desprezı́vel. No entanto, ele vale praticamente zero em t = 120 horas. A Figura 2 mostra o comportamento da temperatura do lı́quido com o passar do tempo durante o processo de maturação. 5 Figura 2: Variação da temperatura no tanque de maturação 6