Perfil dos Afastamentos entre Profissionais de Enfermagem
Transcrição
Perfil dos Afastamentos entre Profissionais de Enfermagem
ERHO PERFIL DOS AFASTAMENTOS ENTRE PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM — O CASO MATERNIDADE CLIMÉRIO DE OLIVEIRA 1 Rives Rocha Borges , Sandra Bartira Oliveira Barbosa de Morais2 Copyright 2007, Encontro Nordeste de Higiene Ocupacional - ERHO Este Trabalho Técnico foi apresentado no 1º Encontro Nordeste de Higiene Ocupacional, realizado no período de 14 e 15 de junho de 2007, em Salvador. Resumo Este estudo teve por objetivo analisar o perfil dos afastamentos entre profissionais de enfermagem. Para tanto, foi abordado como estudo de caso a Maternidade Climério de Oliveira, integrante do Complexo Hospitalar da UFBA — Universidade Federal da Bahia, por se tratar de uma maternidade/escola de referência, atendendo a um grande número de parturientes na região metropolitana de Salvador, município na qual se encontra sediada, estado da Bahia. Com isto foi observado o número de afastamentos registrados no período compreendido entre 01/01/2003 e 31/12/2005; analisado os tipos de afastamentos e suas implicações com a saúde destes profissionais; como estes afastamentos estão relacionados com a estrutura física da edificação em que a maternidade está instalada e com a rigidez hierárquica, necessária, a quem trabalha com a saúde do ser humano. Foi feita uma revisão bibliográfica técnica e construído gráficos, a partir de relatório, com os quais foi possível verificar não apenas o grande número de afastamentos, mas também que estes quando registrados foram subnotificados. O estudo mostrou a necessidade de implantar políticas de requalificação profissional, melhorar a ergonomia das instalações, o que já vem sendo trabalhado pela Maternidade, além de notificar melhor os acidentes e afastamentos ocorridos. Abstract This study has as objective analyse the profile of the removals between nursing professionals. For in such a way, the Maternity Climério de Oliveira, that is a integrant of the Hospital Complex of UFBA was boarded as a study case for being about a Maternity/Reference School, taking care of a great number of women around the metropolitan region of Salvador, city that is hosted in the state of Bahia. With this, was observed the number of removals registered in the period of 01/01/2003 and 31/12/2005; analysed the kinds of removals and the implications with the health of these professionals; as these removals are related with the physical structure of the edification where the maternity is installed and with the necessary hierarchic rigidity, for everyone that works with the human being. Was made a bibliographical technique revision and constructed graphs, by reports, which them was possible verify not just the great number of removals, but that they was subnotifying when they was registered too. This study showed the necessity of implant professional requalification politics, the necessity of improving the installations' ergonomics, that's the Maternity is already working, besides notifying the accidents and the removals. 1. Introdução O trabalho desenvolvido pela equipe de enfermagem tem papel central na organização dos serviços de saúde no Brasil, principalmente no que diz respeito ao atendimento ao paciente em instituições hospitalares. Diante da atual situação, observa-se que o trabalho desenvolvido nos estabelecimentos de prestação de serviços de saúde em muitos casos é deficiente em função das condições de vida e de trabalho às quais está submetida a grande maioria dos trabalhadores de enfermagem, gerando descontentamento da equipe, assim como dos pacientes atendidos pela mesma e suas famílias. (DELGADO, 2005) Nessa conjuntura, acontece o debate sobre a humanização dos serviços de saúde, que tem ocorrido em diversos níveis do sistema e ganhou novo enfoque a partir do lançamento do Programa Nacional de Humanização dos Serviços de Saúde em 2002; e que tem como objetivo diminuir as dificuldades encontradas durante o tratamento de usuários e melhorar a recuperação da comunicação entre a equipe de saúde, a família e o paciente, através da melhoria da qualidade da assistência e redução dos custos (BRASIL, 2002). Nesse contexto, ganha destaque a discussão sobre os ______________________________ 1 2 Especialista, Engenheiro Civil e de Segurança do Trabalho – SMURB/UFBA Especialista, Engenheira Civil e de Segurança do Trabalho – Construtora Ceará Mendes 1º Encontro Nordeste de Higiene Ocupacional cuidados de saúde e mais especificamente os cuidados de enfermagem, que tem sido objeto de estudo de vários autores. (PITTA, 1990) No entanto, uma outra discussão toma corpo nesse momento, que é aquela referente às condições de trabalho e os riscos ocupacionais aos quais estão submetidos os profissionais da área de enfermagem. Visto que, a prestação do cuidado direto ao paciente implica em riscos ocupacionais para a equipe de enfermagem, que é a responsável direta pela prestação da assistência. E esses riscos ocupacionais podem ser responsáveis pela freqüência de doenças ocupacionais e acidentes de trabalho que acometem essa categoria profissional; e em muitos casos estão diretamente relacionados ao absenteísmo destes trabalhadores. Fato que interfere na organização e na qualidade da prestação dos serviços de saúde ou ainda na humanização da assistência. Lopes et al (1996) em um estudo sobre as condições de trabalho e vida dos profissionais de enfermagem, observaram que os mesmos estão sendo expostos a riscos decorrentes das condições precárias de trabalho, os quais são responsáveis pelo aparecimento de doenças. Já Marziale (1995), pesquisando a mesma temática, observou que os trabalhadores de enfermagem estão constantemente expostos aos riscos ocupacionais, relacionados aos agentes físicos, químicos e biológicos e a fatores ergonômicos e psicossociais, inerentes ao trabalho. As condições de trabalho da enfermagem implicam em multiplicidade de funções repetitivas, ritmo intenso e excessivo de trabalho, esforços físicos desgastantes, longas jornadas de trabalho, monotonia, posições incômodas e antiergonômicas, no trabalho em turnos exaustivos, nos rodízios e na separação do trabalho intelectual e manual. O número insuficiente de trabalhadores é outro fator que, associado aos supra citados, pode contribuir para a insatisfação dos funcionários, em função da sobrecarga de serviço o que leva a queda na qualidade dos serviços prestados pelos funcionários da instituição, e está relacionado à elevação dos níveis de absenteísmo, além de desorganizar o serviço. (DELGADO, 2005) É neste contexto que é colocado a proposta deste estudo, que teve como objetivo identificar e descrever o perfil das ausências, dos trabalhadores de enfermagem da Maternidade Climério de Oliveira, ocorridas no período compreendido entre 2003 e 2005. 2. A Profissionalização da Enfermagem no Brasil A Enfermagem é uma categoria profissional de grande destaque em função da representatividade numérica no conjunto dos trabalhadores da área da saúde. É composta verticalmente pelas categorias: de enfermeiro, de técnico de enfermagem, auxiliares de enfermagem, e parteiras de acordo com a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que regulamenta o exercício profissional, estabelecendo qualificações necessárias para os cargos de enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem e, parteiras. A força de trabalho em enfermagem conta ainda com um número expressivo de atendentes, que são contratados sob diversas denominações, sem nenhum tipo de trabalho formal, para a prestação de assistência de enfermagem. Os empregados na área de Enfermagem atingem o qualitativo de aproximadamente 685 mil trabalhadores, cerca de 63% do pessoal de saúde. Segundo o Artigo 2º da Lei que regulamenta o exercício profissional, “a enfermagem e suas atividades auxiliares somente podem ser exercidas por pessoas legalmente habilitadas e inscritas no Conselho Regional de Enfermagem com jurisdição na área onde ocorre o exercício”. No ano seguinte a Lei n° 7.498 foi regulamentada pelo Decreto n° 94.406, de 08 de junho de 1987, que definiu as funções de cada profissional dentro da enfermagem. 3. O Processo de Trabalho na Enfermagem Nos estabelecimentos de prestação de serviços de saúde em geral, a enfermagem se constitui na maior força de trabalho. Apesar da evolução das práticas científicas em administração, em muitas unidades hospitalares, ainda são utilizados princípios da administração propostos por Taylor e Fayol, os quais enfatizam a divisão e fragmentação do trabalho e a rigidez hierárquica. Nesse contexto o processo de enfermagem é desenvolvido através de tarefas com um rígido arcabouço hierárquico para o cumprimento de normas, rotinas, e regulamentos. Tudo isso associado à quantidade de pessoal insuficiente, e a situação de riscos ocupacionais aos quais estão expostos os profissionais, têm como conseqüência a insatisfação destes, fato que tem repercutido em elevado absenteísmo e afastamentos por doenças em diversas unidades hospitalares. 3.1. A Organização do Processo de Trabalho na Enfermagem No contexto da organização do trabalho a enfermagem sofre influência de duas Correntes da Teoria Geral da Administração: as teorias de Taylor e Fayol. (MELO, 1983) Taylor trabalhou com a divisão do trabalho e do rendimento individual de cada trabalhador em qualquer nível de desenvolvimento tecnológico, tendo em vista uma melhor organização do processo de trabalho e controle sobre o mesmo. Para isso instituiu três princípios básicos: dissolução do processo de trabalho das especialidades dos trabalhadores; separação da concepção e execução; utilização do monopólio do conhecimento para controlar cada fase do processo de trabalho e seu modo de execução. Fayol desenvolveu os princípios de Taylor e propôs os cinco princípios básicos da administração: planejamento, organização, coordenação, comando e fiscalização. Na enfermagem dois aspectos da Teoria de Taylor e Fayol se destacam: a delegação de funções e atividades conseqüentes da responsabilidade. Esta influência pode ser 2 1º Encontro Nordeste de Higiene Ocupacional observada na divisão do trabalho entre enfermeiros, técnicos, auxiliares e atendentes de enfermagem, com a separação entre as funções de coordenação e execução. Nesta proposta a rigidez da disciplina destaca-se na organização do trabalho, sendo que dos treze princípios propostos, oito relacionam-se com o caráter disciplinar, ou seja: autoridade, comando, subordinação, centralização, hierarquia, justiça, disciplina e ordem. A partir da década de 50 a enfermagem passa a ser influenciada pela Escola das Relações Humanas que adotava incentivos psicossociais ao trabalhador substituindo os incentivos econômicos. A Teoria proposta por Elton Mayo pregava a harmonia pelo uso da psicologia convertendo a resistência em problema da inadaptação pela manipulação dos conflitos por pessoal especializado em psicologia social e sociologia industrial (MELLO, 1983); em contraposição da teoria anterior que pregava o autoritarismo. São diversos os aspectos, que associados, podem interferir no processo saúde doença dos trabalhadores de enfermagem. Tratando-se especificamente do ambiente hospitalar, vários estudos têm descrito os tipos de riscos aos quais os trabalhadores estão expostos, tais como: riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos ou psicológicos. Em geral os trabalhadores de enfermagem estão submetidos a condições inadequadas de trabalho, contribuindo para o aparecimento de agravos à saúde, que podem ser de natureza física ou psicológica, podendo acarretar transtornos alimentares, de sono, eliminação, fadiga, agravos nos sistemas corporais, diminuição do estado de alerta, estresse, desorganização no meio familiar e neuroses, aparecimento de problemas ósteo-músculo-articulares relacionados a fatores ergonômicos, fatos que, muitas vezes, levam ao aparecimento de doenças ocupacionais / acidentes de trabalho ocasionando licenças para tratamento de saúde / absenteísmo. Para Barboza et al (2003) os agentes psicossociais causadores de danos à saúde dos trabalhadores de enfermagem associam-se ao contato freqüente com o sofrimento e a morte; a monotonia de atividades repetitivas e parceladas e turnos rotativos de trabalho; fadiga que leva ao estresse. 4. Considerações Básicas sobre Higiene Ocupacional e Saúde do Trabalhador 4.1. Definição de Higiene Ocupacional É a ciência e a arte voltadas para a antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos fatores de risco originados nos locais de trabalho e que podem prejudicar a saúde e o bem-estar dos trabalhadores, também tendo em vista o possível impacto nas comunidades vizinhas e no meio ambiente em geral. Definição da ACGIH (American Conference of Governmental Industrial Hygienists, EUA) 4.2. Objetivos Os objetivos da Higiene Ocupacional, segundo a Organização Mundial de Saúde são os seguintes: determinar e combater, no ambiente de trabalho, todos os riscos químicos, físicos, biológicos e psicossociais de reconhecida e presumida nocividade; conseguir que o esforço físico e mental, exigido de cada trabalhador para o exercício do trabalho, esteja adaptado às suas necessidades e limitações técnicas, anatômicas, fisiológicas e psicológicas; adotar medidas eficazes para proteger as pessoas que sejam especialmente vulneráveis às condições prejudiciais do ambiente de trabalho e reforçar sua capacidade de resistência; descobrir e corrigir as condições de trabalho que possam deteriorar a saúde dos trabalhadores, de modo a garantir que os índices de mortes ocasionadas pelo exercício do trabalho não seja superior ao do conjunto de população; orientar a administração das empresas e os trabalhadores no cumprimento de suas responsabilidades com a proteção e a promoção da saúde; aplicar nas empresas programas de ação sanitária que englobem todos os aspectos de saúde, o que ajudará o serviço público de saúde a elevar os padrões mínimos de saúde e coletividade. 4.3. Definição da Saúde do Trabalhador De uma forma abrangente podemos considerar a definição de Saúde da OMS (Organização Mundial de Saúde) que a expressa como sendo: “O estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de enfermidade”. Tal conceito nos demonstra um caráter subjetivo visto que é difícil quantificar o bem-estar, entretanto, isso favorece a compreensão de que é necessário atuar sobre todos os fatores que venham a interferir nesse estado. No ambiente de trabalho, esses fatores são chamados de riscos ocupacionais. A Saúde do Trabalhador pode ser considerada uma prática social que se institui no âmbito da saúde pública buscando contribuir para a transformação da realidade de saúde dos trabalhadores e, por extensão, da população em geral, a partir da compreensão dos processos de trabalho particulares, de forma articulada com o consumo de bens e serviços e o conjunto de valores, crenças, idéias e representações sociais próprios de um momento da história humana. (MENDES, 1999). 4.4. Definição de Doenças Ocupacionais As doenças do trabalho, ou doenças ocupacionais / profissionais, são aquelas decorrentes da exposição dos trabalhadores aos riscos ambientais, ergonômicos ou de acidentes. Elas se caracterizam quando se estabelece o nexo 3 1º Encontro Nordeste de Higiene Ocupacional causal entre os danos observados na saúde do trabalhador e a exposição a determinados riscos ocupacionais. Havendo o risco, este conseqüentemente poderá atuar sobre o organismo humano, alterando sua qualidade de vida. Esta alteração pode apresentar-se de diversas formas, a depender dos agentes atuantes, do tempo de exposição, das condições intrínsecas de cada indivíduo, bem como dos fatores ambientais em que este está inserido. A prevenção de riscos ocupacionais é a forma mais eficiente de promover e preservar a saúde e a integridade física dos trabalhadores, uma vez conhecido o nexo causal entre diversas manifestações de enfermidades e a exposição a determinados riscos, fica claro que, toda vez que se atua na eliminação ou neutralização desses riscos, está-se prevenindo uma doença ou impedindo o seu agravamento. A etapa de antecipação dos riscos é fundamental, envolve a análise de projetos de novas instalações, métodos ou processos de trabalho, ou de modificação dos já existentes, visando identificar os riscos potenciais e introduzir medidas de proteção para sua redução ou eliminação. Outra etapa do processo de prevenção é a de reconhecimento dos riscos. Nesse caso, o risco já está presente e será preciso intervir no ambiente de trabalho. Reconhecer os riscos é uma tarefa que exige observação cuidadosa das condições ambientais, caracterização das atividades, entrevistas e pesquisas. Infelizmente, há ocasiões em que os riscos são identificados após o comprometimento da saúde do trabalhador. 5. Higiene Ocupacional Aplicada à Área Hospitalar 5.1 Agentes e Fatores de Risco Agentes Químicos: substâncias químicas em forma sólida (poeiras), líquida (soluções) e gasosa (gases propriamente ditos e vapores de substâncias normalmente líquidas ou sólidas); Agentes Físicos: ruído, temperaturas extremas, radiações ionizantes e não-ionizantes; Agentes Biológicos: são vírus, bactérias, fungos, ácaros, toxinas e alergênicos derivados destes microorganismos; Fatores Ergonômicos: referem-se aos fatores necessários ao ajustamento ideal entre o homem e seu trabalho, e são de quatro tipos: biomecânicos: levantamento de peso, posturas inadequadas, movimentos repetitivos; ambientais: temperatura, umidade, ruído, contaminantes, geralmente associados a questões de conforto; sensoriais: cores e sinais auditivos; psicológicos: estresse, ritmo de trabalho, relacionamento. 6. Biossegurança É o conjunto de medidas de segurança que têm por objetivo reduzir a exposição dos empregados expostos aos agentes biológicos 6.1 Medidas de Biossegurança Lavagem das Mãos — antes e após qualquer procedimento; transporte do paciente infectado — só em casos extremos e a utilização de equipamento de proteção individual; cuidados com equipamentos e artigos — é considerado contaminado o artigo ou material que foi utilizado pelo paciente; roupas — as roupas utilizadas pelos pacientes devem ser consideradas contaminadas e tratadas como tal durante seu manuseio, transporte e processamento; talheres/louças/utensílios — não são necessárias precauções especiais para louças, talheres, copos. os cuidados devem ser referentes à lavagem com água quente e detergente; limpeza terminal — realizar desinfecção terminal após alta, transferência ou óbito; precauções básicas — as precauções básicas relacionam-se a: sangue, fluidos corporais, secreções e excreções independente de as mesmas conterem ou não sangue visível, contato com pele não íntegra, mucosas e membranas. Elas são designadas para reduzir riscos e transmissão de microorganismos conhecidos ou não; proteção respiratória/proteção ocular/proteção facial o uso de máscara, óculos e protetores de face são específicos para reduzir o risco de transmissão por patógenos em sangue fresco. A máscara cirúrgica é usada geralmente na proteção contra infecções transmitidas por gotículas, no contato de aproximadamente 03 metros do paciente com tosse e espirro; Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) — as principais funções dos EPI's (Equipamentos de Proteção Individual) são: redução da exposição humana aos agentes infecciosos; redução de danos ao corpo provocados por riscos físicos ou mecânicos; redução da exposição a produtos químicos e outros materiais tóxicos; redução da contaminação de ambientes em nível geral, eles podem ser classificados em três categorias: para prevenção de traumas físicos; para prevenir exposição a produtos químicos tóxicos; para prevenir exposição a agentes biológicos. 7. O Caso Maternidade Climério de Oliveira 7.1. Origem e Arquitetura Inaugurada em 30 de outubro de 1910, com fim específico de Maternidade/Escola, servindo também para dar assistência às mulheres carentes, a MCO assim como as maternidades construídas na mesma época, no Brasil, representava uma estrutura hierárquica dos espaços com uma distribuição que proporcionava uma possibilidade de um centro de atendimento médico obstétrico. Abrigada em um prédio projetado segundo o padrão pavilhonar dos hospitais europeus, onde a crença era de que o contágio se dá pelo ar, a Climério de Oliveira foi construída dispondo de todas as instalações necessárias à clínica e ao ensino — enfermarias, consultórios, salas de parto e cirurgia, instalações sanitárias, 4 1º Encontro Nordeste de Higiene Ocupacional cozinha e lavanderia, sediou, nas décadas de 50 e 60, o primeiro Centro de Reprodução Humana do Brasil, ganhando tanta notoriedade que fez com que a OMS — Organização Mundial de Saúde instalasse em suas dependências, na década de 70, o seu Centro de Pesquisa em Reprodução Humana da América Latina, dirigido pelo Professor Elsimar Coutinho. Quando da inauguração da UFBA — Universidade Federal da Bahia foi incorporada à mesma como Órgão Suplementar pelo Decreto n° 62.241, datado de 08 de fevereiro de 1968, vinculada à Faculdade de Medicina conforme resolução do Conselho Universitário. Sem ter como crescer, em espaço físico, foram feitas algumas reestruturações, criando-se uma biblioteca e um banco de leite humano. Além destas adaptações foram feitas reformas que não atendem aos princípios ergonômicos. No pavilhão das enfermarias os elevadores não funcionam de maneira adequada, o que obriga o transporte dos pacientes e seus alimentos pelas rampas, que com grande inclinação, dificultam o trabalho; distribuição hidráulica e sanitária inadequadas, nas enfermarias e no banco de leite, faz com que o banho dos nascituros e o despejo de águas oriundas da pasteurização tenham que ser feitos manualmente. Outro fator que dificulta o transporte no térreo do pavilhão das enfermarias é a irregularidade do piso, que foi construído seguindo o relevo do terreno. Extintores com validade vencida, fiação elétrica exposta também contribuem para a exposição ao risco, além do mal uso que muitos dos profissionais da área de enfermagem fazem dos EPI’s — Equipamentos de Proteção Individual. Fatores estes que mereceram, recentemente, notificação da ANVISA — Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Ao longo destes 95 (noventa e cinco) anos de existência, esta maternidade que contribuiu para a formação de inúmeros profissionais da área de saúde alcançou o sucesso criando o primeiro Curso Brasileiro de Residência Médica em Reprodução Humana e por meio do intenso intercâmbio internacional do seu corpo clínico, que permitiu a formação de mão-de-obra extremamente qualificada na atenção à saúde da mulher. A partir de 1984, com a saída do CEPARH — Centro de Pesquisa em Reprodução Humana houve uma grande redução nas doações e um conseqüente sucateamento progressivo de sua estrutura física e de equipamentos. 7.2. Processo Organizacional Atualmente a Maternidade conta em seu quadro de enfermagem com 21 (vinte e um) enfermeiros, 27 (vinte e sete) técnicos em enfermagem, 47 (quarenta e sete) auxiliares de enfermagem e quatro atendentes de enfermagem. Estes profissionais, por força da própria profissão, são submetidos a uma rígida hierarquia, onde as atividades mais intelectualizadas são destinadas aos mais qualificados — enfermeiros, enquanto que as atividades mais braçais como banho das pacientes e dos nascituros, troca de roupas, estão vinculadas aos auxiliares de enfermagem. Aos técnicos cabe a administração dos medicamentos e curativos. A carga horária regular para estes profissionais é de 30 (trinta) horas semanais, desenvolvidas em turnos de 6 (seis) horas; alguns trabalham em regime de 12 (doze) horas de trabalho por 24 (vinte e quatro) horas de repouso. 8. Objetivo Geral Analisar o perfil dos afastamentos entre profissionais de enfermagem da Maternidade Climério de Oliveira, localizada na região metropolitana de Salvador, estado da Bahia, no período compreendido entre 01/01/2003 e 31/12/2005. 9. Metodologia Foi realizado um estudo do tipo agregado1 observacional2 transversal3 sobre o perfil das ausências de trabalhadores do setor de enfermagem em uma maternidade pública, MCO — Maternidade Climério de Oliveira —, localizada no Município de Salvador, Estado da Bahia, no período compreendido entre 01/01/2003 a 31/12/2005, sendo solicitada, previamente, à Direção da Maternidade autorização para realização desta pesquisa. Para a realização da pesquisa foram empregadas as técnicas de análise documental e pesquisa bibliográfica. Foram utilizadas fontes de dados secundários tais como: relatórios expedidos pela SPE — Superintendência de Pessoal, bem como dados complementares, a estes relatórios, informados pela Gerência Administrativa da maternidade. Estes relatórios continham informações referentes à identificação de cada trabalhador, assim como a relação das faltas ao trabalho e a justificativa dos problemas responsáveis por estas. Os dados, então, foram tabulados, ordenados por 1 Para Almeida Filho e Rouquayrol (1999) os agregados de que trata a pesquisa epidemiológica são sempre referidos em uma base geográfica e temporal, constituindo em população no sentido estrito. Geograficamente podem ser classificados em estudos territoriais e estudos de agregados institucionais. 2 Diz respeito à posição do investigador (Almeida Filho e Rouquayrol, 1999). 3 Está relacionado a produção do dado estudado ser feita em um único momento no tempo, como se houvesse um corte no tempo. (Almeida Filho e Rouquayrol, 1999). 5 1º Encontro Nordeste de Higiene Ocupacional intermédio do Programa Microsoft Excel 2000 e, apresentados sob a forma de gráficos, com o intuito de apresentar, de forma clara e objetiva, ao leitor, os resultados obtidos por meio desta pesquisa. Paralelamente à análise documental foram realizadas visitas à Maternidade. O objetivo destas visitas foi de avaliar a estrutura física da edificação em que a maternidade está instalada, as condições ergonômicas dos postos de trabalho da área de enfermagem, as relações hierárquicas entre os trabalhadores desta área e, estabelecer uma possível relação com as ausências registradas nos documentos obtidos na SPE. 10. Resultados Foi possível identificar, através da análise dos documentos obtidos na SPE, Figura 1, das visitas realizadas e pelo número de leitos ofertados ─ sessenta e quatro ─, que a Maternidade Climério de Oliveira apresenta um quadro de trabalhadores de enfermagem suficiente para atender com eficácia às necessidades das parturientes, ou seja, não existe sobrecarga de trabalho em função do número de profissionais. Outro ponto importante é que estes profissionais possuem qualificação necessária à suas respectivas áreas de atuação e, que a depender da tarefa a ser executada têm autonomia para desempenhá-las sem que haja a necessidade de um acompanhamento mais específico de um profissional melhor qualificado, o que mesmo com a rigidez hierárquica, necessária à área em questão, demonstra uma relativa descentralização das ações, conferindo ao trabalhador uma maior responsabilidade e também uma maior auto-estima pelo trabalho realizado. Número e percentual de profissionais de Enfermagem por área 60 47 50 27 30 10 0 21,21% 20 27,27% 21 47,48% 40 Enfermeiros Técnicos em Enfermagem 4 4,04% Auxiliares de Enfermagem Atendentes de Enfermagem Figura 1 — Número e percentual de Profissionais de Enfermagem por área FONTE: Superintendência de Pessoal — SPE/UFBA/2005 Foi identificado também que a modalidade licença para tratamento de saúde, Figura 2, corresponde a mais de dezoito vezes o número de licenças para acompanhar doenças na família, quarenta vezes o número de licenças gestante e duzentas e duas vezes o número de licenças registradas com acidentes de trabalho. É estranho o fato de que em uma maternidade onde os profissionais da área de saúde, para realizar suas tarefas, estão constantemente sujeitos à infecções pelo contato com fluidos corporais, a acidentes com materiais perfuro-cortantes contaminados e a lesões físicas devido ao esforço físico realizado, o número de licenças relacionadas a acidente do trabalho seja da ordem de aproximadamente 0,45% (quarenta e cinco centésimos de por cento) do total de licenças registradas no período, ou seja, um valor insignificante para uma profissão susceptível a tantos riscos. 6 1º Encontro Nordeste de Higiene Ocupacional Licenças co ncedidas de 2003 a 2005 20 Ac ident e de Tr abalho 11 Tr at ament o de Saúde Doenç a na Famí lia 5 1 Gest ant e 1 Não Disc r iminada Figura 2 — Licenças concedidas de 2003 a 2005 FONTE: Superintendência de Pessoal — SPE/UFBA/2005 Como para o serviço público não há obrigatoriedade de notificação dos acidentes de trabalho junto aos órgãos competentes (DRT — Delegacia Regionais do Trabalho e INSS — Instituto Nacional de Seguridade Social), o grande número de licenças relacionadas a tratamento de saúde em detrimento das relacionadas a acidente de trabalho revela a existência de subnotificação de licenças. Pela análise dos afastamentos em relação à faixa etária dos profissionais, Figura 3, foi verificado que a idade média onde ocorre a maior concentração de afastamentos é de 43,29 anos, o que corresponde à faixa de 40 — 49 anos de idade, incluindo as extremidades. É perceptível também que dos 20 aos 45 anos de idade a curva de afastamentos é crescente — quadrantes III e II —, decrescendo dos 45 aos 70 — quadrantes I e IV. Profissionais afastados de 2003 a 2005 por faixa etária 35 31 30 II Quantidade 25 I 20 15 15 13 10 IV III 5 5 2 Faixa Etária 60-69 50-59 40-49 30-39 20-29 0 Média = 43,29 Figura 3 — Profissionais afastados de 2003 a 2005 por faixa etária FONTE: Superintendência de Pessoal — SPE/UFBA/2005 A fase crescente inicial — de 20 a 45 anos de idade —, é explicada pela adaptação à profissão e falta de experiência para desenvolver as tarefas requeridas, bem como o fato de que devido aos baixos salários estes profissionais procuram outras fontes de renda, o que acaba comprometendo sua saúde física e mental. A partir dos 45 anos de idade é decrescente, o que é explicado em função do profissional já possuir experiência suficiente para desenvolver suas tarefas, procurando agir de maneira a preservar sua própria saúde e, a habilidade para saber administrar mais de uma fonte de trabalho. 7 1º Encontro Nordeste de Higiene Ocupacional Afastamento acumulado por mês de 2003 a 2005 Quantidade 30 22 25 20 16 24 24 25 22 16 24 15 15 15 11 10 6 5 0 jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Mês Figura 4 — Afastamento acumulado por mês de 2003 a 2005 FONTE: Superintendência de Pessoal — SPE/UFBA/2005 Uma análise das licenças acumuladas, mês a mês, Figura 4, apresentou uma maior freqüência de afastamentos nos períodos de março a junho e outubro a novembro. Não existem dados que esclareçam tal distribuição de freqüência, porém esta sugere que em períodos que precedem o carnaval, as festas juninas e as festas natalinas, bem como os posteriores ao carnaval, o afastamento ao trabalho dos servidores da MCO aumenta de maneira considerável associado a um acréscimo na demanda de pacientes, o que acarreta sobrecarga de tarefas, não apenas por este fator, mas também pela carência de profissionais, tendo como conseqüência o aumento de possíveis doenças ocupacionais. 11. Considerações Finais Este trabalho teve por objetivo analisar o perfil dos afastamentos entre profissionais de enfermagem da Maternidade Climério de Oliveira, localizada na região metropolitana de Salvador, estado da Bahia, no período compreendido entre 01/01/2003 e 31/12/2005. Ao longo do trabalho, identificou-se que os registros documentais dos afastamentos entre trabalhadores de enfermagem da Maternidade Climério de Oliveira apresenta um número de licenças para tratamento de saúde vinte vezes maior que as licenças por acidente de trabalho, conforme visto na Figura 2. Esta informação sugere a existência de subnotificação de licenças, o que pode ter ocorrido em função da não obrigatoriedade de notificação dos acidentes de trabalho junto aos órgãos competentes (DRT — Delegacia Regionais do Trabalho e INSS — Instituto Nacional de Seguridade Social). Esta observação foi corroborada nas visitas realizadas à maternidade onde um grande número de trabalhadores da área de enfermagem apresentou queixas relacionadas a problemas ósteo-musculares. A maternidade que conta com mais de sessenta anos de existência, foi projetada segundo o padrão pavilhonar dos hospitais europeus e, por estar localizada em um local que não permite ampliação, passou por reformas que não atenderam aos princípios da ergonomia ─ no pavilhão das enfermarias, elevadores que não funcionam adequadamente obrigam o transporte das pacientes e seus alimentos por rampas, com o grande ângulo de inclinação, e pisos irregulares; também nas enfermarias e no banco de leite, distribuição hidráulica e sanitária inadequadas faz com que estes profissionais de enfermagem da maternidade tenham que carregar, em baldes, água para banho dos nascituros e de despejo oriundas da pasteurização ─ causando nestes trabalhadores problemas ósteo-musculares relacionados a fatores ergonômicos biomecânicos como levantamento de peso e posturas inadequadas. Nesta linha de argumentação, recomenda-se, como forma de contribuir para a redução dos afastamentos entre os profissionais de enfermagem da Maternidade Climério de Oliveira uma reestruturação dos postos de trabalho buscando corrigir os problemas com os equipamentos de transporte vertical ─ elevadores ─, a distribuição hidráulica e sanitária, bem como as depressões existentes nos pisos. Com relação à inclinação das rampas, pelo fato da construção não permitir ampliações e a alteração desta inclinação envolver modificações no projeto estrutural da edificação, sugerese mais uma vez investir em equipamentos de transporte vertical. Portanto, além do investimento em equipamentos de transporte vertical, defende-se adequar, ergonomicamente, os postos de trabalho da área de enfermagem da Maternidade Climério de Oliveira. 8 1º Encontro Nordeste de Higiene Ocupacional 12. Referências ALMEIDA FILHO, N. M.; ROUQUAYROL, M. Z. Elementos de Metodologia para a Pesquisa Epidemiológica. in: ROUQUAYROL, M. Z. Epidemiologia e Saúde. 5 ed. Rio de Janeiro: MEDSI, 1999.p.142-148. __________. Desenhos de Pesquisa em Epidemiologia. in: ROUQUAYROL, M.Z.Epidemiologia e Saúde. 5 ed. Rio de Janeiro: MEDSI, 1999.p.149-148-170. __________. Análise de Dados Epidemiológicos. in: ROUQUAYROL, M.Z.Epidemiologia e Saúde. 5 ed. Rio de Janeiro: MEDSI, 1999.p.149-171-181. BARBOZA, D. B, SOLER, ZASG. Afastamentos do trabalho na enfermagem: ocorrências com trabalhadores de um hospital de ensino. Rev. Latino-Americana de Enfermagem. Ribeirão Preto: 11 (2), 177-183, março-abril, 2003. BRASIL, LEI N. 7.498 de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da Enfermagem, e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF: 25 de jun, 1986. __________. DECRETO 94.406 de 08 de junho de 1987, que regulamenta a LEI N. 7498 de 25 de junho de 1986 e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF:08 de jun, 1987. __________. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar. Brasília: Secretaria de Assistência à Saúde; 2002. __________. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. PORTARIA N.° 485, DE 11 de novembro de 2005, que Aprova a Norma Regulamentadora n.º 32 Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF: 16 de novembro de 2005, Seção 1. BRASIL, LEI N. 6.514 de 22 de dezembro de 1977, que altera o Capítulo V do Título II da Consolidação das Leis do Trabalho, relativo à Segurança e Medicina do Trabalho. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF: 23 de dez, 1977. __________. PORTARIA 3.214 de 08 de junho de 1978, que aprova as Normas Regulamentadoras — NR, do Capítulo V do Título II da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF: 06 de jul, 1978. BITTENCOURT, C. M. Doenças do trabalho e o Exercício da Enfermagem. Salvador: 1993. 96p. Dissertação (Mestrado) – Escola de Enfermagem, Universidade Federal da Bahia. DELGADO, M. L.; OLIVEIRA, B. R. G. Perfil epidemiológico do adoecimento dos profissionais de enfermagem de um hospital universitário. Nursing, ed. Brasileira, 2005; 87: 365-370. FAIMAN, C. S.; DANESI, D., RIOS I. C., ZAHER, V. L. Os cuidadores: A prática clínica dos profissionais da saúde. Mundo, 2003; 27(2): 254-57. GASPAR, P. J. S. Enfermagem profissão de risco e de desgaste: perspectivas do enfermeiro do serviço de urgência. Nursing – ed. Portuguesa, Lisboa, Portugal: v.10 n.109. p. 24, mar.1997 LOPES, G. T.; SPINDOLA, T. MARTINS, E.R. O adoecer em Enfermagem segundo seus profissionais: estudos preliminares. Rev. Enfermagem UERJ, Rio de Janeiro: v.4 n.1, p. 9-18, maio, 1996. LUNARDI FILHO, W. D. Cultura e clima organizacional. Sinergia, 1994; 6:95-107. MARZIALE, M. H. P. Condições Ergonômicas da Situação de Trabalho, do Pessoal de Enfermagem, em uma Unidade de Internação Hospitalar. Ribeirão Preto: 1995 155p. Tese (Doutorado) – Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. MELO, C. M. M. A Divisão Social do Trabalho na Enfermagem: contribuição ao estudo. Salvador: 1983, 94p. Dissertação (Mestrado em Saúde Comunitária). Universidade Federal da Bahia. MENDES, R.; DIAS, E. C. Saúde dos Trabalhadores. in: ROUQUAYROL, M.Z.Epidemiologia e Saúde. 5 ed. Rio de Janeiro: MEDSI, 1999.p.431-456. PRAÇA N. S.; GRANDI, J.L. Enfermagem obstetrícia e a prevenção do risco ocupacional de contaminação pelo vírus HIV em centro obstetrício. Rev. Brasileira de Enfermagem 1989; 42:101-05. PITTA, A. Hospital, Dor e Morte como Ofício. São Paulo: HUCITEC, 1990. SELLI, L. Reflexão sobre o atendimento profissional humanizado. Mundo Saúde, 2003; 27(2): 248-53. 9