Edição 36 - Entre Irmãos

Transcrição

Edição 36 - Entre Irmãos
A chave de cada degrau é o próprio aspirante. Não é o temor a Deus que representa o
começo da Sabedoria, mas o conhecimento do Eu, que é a própria Sabedoria.
Professor Henrique José de Souza
A
brimos esta edição parabenizando a todos da família verdadeiros balcões de interesses pessoais, que apadrinham
Revista Arte Real, composta por leitores, profanos com o objetivo de se beneficiarem comercial ou
colaboradores e patrocinadores, que, nesses três anos profissionalmente, que, ostentando botons e insígnias na lapela,
de convivência, direta ou indiretamente, puderam, de forma tentam abrir caminho em empresas e órgãos públicos, são os
muito positiva, contribuir nessa breve, porém profícua grandes responsáveis por essa dura realidade.
O incentivo ao estudo e à pesquisa, a conscientização do
caminhada. Auguramos vida longa para este veículo de
informação, que, por vir cumprindo, fidedignamente, com nosso papel dentro e fora de nossos Templos têm sido a bandeira
seus propósitos, tem conquistado o carinho e a confiança de que ousamos empunhar nessa Trajetória de Luz.
Muitas Lojas, ainda, estão repousando em seus recessos
todos.
A ousadia de se criar uma revista, comprometida com maçônicos, como preparação para mais um ano de atividades,
a cultura maçônica, surgiu na tentativa de conscientização de que ora se inicia. Um bom momento para refletirmos sobre nossa
que nossa Ordem, fundamentalmente, é uma Escola de postura como Maçom, nossa imensa responsabilidade na
Iniciação, tendo como propósito a elevação do estado de avaliação de novos membros para a Ordem, e a singular
oportunidade para nos conscientizarmos, de fato, quanto ao
consciência de seus membros.
Influenciados por uma sociedade capitalista, que nosso papel de iniciados.
Nesta edição de aniversário, a coluna Matéria da Capa
exalta o material e incentiva o consumismo desvairado,
traz “Uma Trajetória de Luz”, uma narração
muitos de nossos Irmãos desprovidos do
sobre a origem e os propósitos de nossa
espírito maçônico têm feito de nossa
“Sigo impávido na certeza de
Revista nesses três anos de existência, que se
Sacrossanta Instituição um “clube de
que posso e devo deixar um
completam
em
24
de
fevereiro.
serviços”, a fim de atender seus interesses
mundo bem melhor do que
Corroborando com o que já falamos sobre
comerciais, profissionais e pessoais.
encontrei. Louco sonhador? iniciação, destaco duas matérias: “A Iniciação
Lamentavelmente, esses pseudoiniciados
Talvez. Omisso, jamais!”
Real” e “Desvelando a Verdadeira
têm trazido outros tantos que adentram à
Iniciação”, respectivamente, de José Inácio
Maçonaria sem o menor propósito de
Revista Arte Real
da Silva Filho e Antonio Castaño Ferreira.
aprendizado moral, sequer filosófico e
A matéria “A Inteligência Espiritual”, na coluna
espiritual.
Já não bastassem as profanações que fazem na Destaques, mostra-nos o encontro de duas paralelas, ciência e
ritualística, algumas Lojas, definitivamente, aboliram o Quarto religião, aspectos do dealbar da Era de Aquarius, a inédita
de Hora de Hora de Estudos, preferindo usá-lo naquilo que aceitação científica de conceitos que, antes, eram-lhe totalmente
ficou popularmente conhecido, por “Momento Etílico”, após a antagônicos.
O crescimento nos últimos anos do sistema de Rito
Sessão. Fruto disso são Aprendizes e Companheiros
desmotivados, Mestres despreparados, e Veneráveis Mestres e inglês, no Brasil, levou-nos a publicar a matéria do Irmão Rui
Vigilantes, Luzes da Loja, administrando na mais densa Ferreira da Silva, intitulada “Real Arco – Supremo Grande
Capítulo”, a fim de elucidar nossos leitores.
escuridão da ignorância maçônica.
Desejamos que, no retorno das atividades de nossas
Esse quadro atual muito nos preocupa, pois
Lojas
maçônicas,
possamos, de fato, exercer nossa função de
entendemos que Iniciação é o passo mais sério que se pode
dar na vida, contraindo-se, com sua profanação, construtores sociais e, principalmente, de verdadeiros Iniciados.
Permitam-me encerrar este Editorial parafraseando, na
conscientemente ou não, carma terrível. É o ato de “Iniciar
uma Ação” de transformação interna, de superação de nossas versão maçônica, o grande presidente americano John Fitzgerald
tendências negativas, transmutando-as em positivas, a fim de Kennedy: “Não pergunte o que a Maçonaria poderá fazer por
encontrarmos nosso Mestre interno, nosso verdadeiro “Eu”. você, mas o que você poderá fazer pela Maçonaria”. Por
Mas, para tanto, durante nossa vereda iniciática, precisamos consequência, o que você poderá fazer pela humanidade, por um
nos conhecer profundamente, à guisa da frase pitagórica: mundo mais justo e digno, mesmo que os frutos de suas ações
sejam tardios e saboreados pelas gerações vindouras.
“Homem, conhece-te a ti mesmo!”
Esses pseudoiniciados, que fazem de suas Lojas
Temos dito! ?
a
b
Capa – Uma Trajetória de Luz – 3 Anos........................Capa
Editorial.....................................................................................2
Matéria da Capa – Uma Trajetória de Luz...........................3
Destaques
– A Iniciação Real.....................................................................5
– Inteligência Espiritual..........................................................6
– Sócrates e a Metafísica..........................................................7
Os Grandes Iniciados - Odin..................................................8
Ritos Maçônicos - Real Arco – Supremo Grande Capítulo10
Trabalhos
- Desvelando a Verdadeira Iniciação........................................11
- O Segredo Maçônico e a Via de Dignificação do Homem.13
- O Poder da Criação do Homem...........................................14
Reflexões - Ontem e Amanhã.................................................15
Boas Dicas - Eventos Culturais / Edições Anteriores..........15
Uma Trajetória de Luz
A
o criarmos a Revista Arte Real, jamais poderíamos
imaginar a trajetória que a mesma encetaria ao
longo desses três anos de existência.
A Revista que, desde sua criação, tem tratado a
cultura maçônica com a seriedade que merece, nasceu
pouco tempo depois de nossa chegada, em definitivo, ao
Sul de Minas, onde, buscando melhor qualidade de vida e
aspirando a dedicar maior parte de tempo à nossa vereda
iniciática, trocamos a cidade maravilhosa do Rio de
Janeiro, título, que nos leva a refletirmos se, nos dias
atuais, ainda, merece ostentar, devido à lamentável
violência em todos os sentidos, pela
tranquilidade da sacrossanta cidade
de São Lourenço, nas Minas Gerais.
As experiências, adquiridas
durante outros três anos em que
tivemos a oportunidade de produzir
o periódico “InforMaçons”, que se
tornou órgão oficial de divulgação de
nossa Loja de origem (A∴R∴B∴L∴
S∴ Igualdade nº 93, GLMERJ,
Oriente do Rio de Janeiro), além de
mais
cinco,
produzindo
o
informativo “O Arauto”, ligado à Sociedade Brasileira de
Eubiose-RJ, foram fundamentais para que, em 24 de
fevereiro de 2007, sentíssemo-nos seguros para criarmos a
Revista Maçônica Virtual Arte Real. Às vésperas das
calendas da antiga Roma, portanto, antecedendo a 1º de
março daquele ano, distribuímos sua primeira edição pela
Internet, através de nossa, então, modesta carteira de
pouco mais de 2.000 e-mails de Irmãos maçons.
Por ser uma Revista, que não possui vínculo com
Francisco Feitosa
qualquer Loja ou Obediência Maçônica, pôde, muito bem,
utilizar-se da liberdade para abordar os mais variados temas,
muitos deles polêmicos, mantendo, sempre, uma postura
imparcial.
Seu principal objetivo é estimular o estudo e a
pesquisa no seio das Lojas maçônicas, além de servir de
fonte de consulta aos nossos diletos leitores. Durante essa
curta, porém próspera existência, transformou-se em um
referencial dentre as diversas revistas maçônicas existentes,
as quais, também, muito têm contribuído para a exaltação da
cultura.
A seriedade e o alto grau de
responsabilidade com que os temas são
tratados, além do respeito aos nossos
leitores, levaram a Revista Arte Real a
conquistar espaço considerável na
imprensa maçônica. Fato, que veio a se
concretizar, em 15 de dezembro de
2007, antes mesmo de completar seu
primeiro ano de existência, quando
recebeu o reconhecimento e registro na
respeitável
ABIM
–
Associação
Brasileira de Imprensa Maçônica –
presidida pelo incansável Antônio Carmo Ferreira, escritor,
acadêmico e atual Grão-Mestre do GOIPE.
De publicação mensal, chega a 36 edições
ininterruptas, que bateram à caixa de e-mails de nossos
diletos leitores, sempre, às vésperas do início do mês. Desses,
recebemos, mensalmente, inúmeras mensagens, em que
fazem questão de expressar suas opiniões, críticas e
considerações, que muito nos auxiliam no aprimoramento
desse nobre trabalho.
O resultado de tudo isso se traduziu em números
e nos chegou como uma avalancha. Dos cerca de 2.000
leitores na primeira edição, antes de fecharmos o ano de
2009, tivemos a grata alegria e a responsabilidade de
ostentar a invejável carteira de mais de 14.026 e-mails, que
nos recebem diretamente.
Devido a esse grande sucesso, muitos Irmãos nos
solicitaram disponibilizar nossa Revista para download,
como atrativo, em seus sites maçônicos, o que temos
atendido com enorme prazer. Várias listas de discussão
maçônica, pela Internet, também, distribui nossa Revista
aos seus membros, o que faz sua abrangência, em todo
Brasil e no exterior, chegar a números incalculáveis.
Ousadamente, mas convicto de que se trata de um
trabalho altruístico, abraçamos, denodadamente, seus
custos e a grande responsabilidade de sua produção, no
que se refere a pesquisas, diagramação, editoração gráfica
e de imagens. A partir da edição nº 10 (dez/07), recebemos
o inestimável reforço do nosso querido parceiro em vários
projetos culturais, nosso Irmão João Camanho, “expert”
na língua portuguesa, o qual tem elevado o grau de
excelência desse trabalho, sempre, com olhar atento e
precisão cirúrgica em suas correções ortográficas.
Temos convicção de que o mérito desse crescente
sucesso não pertence só a nós. Os Irmãos colaboradores,
que nos enviam seus textos, os quais passam por criterioso
processo de seleção, merecem uma generosa e merecida
fatia.
O objetivo de nossa Revista é, e sempre será, a
exaltação da cultura, portanto a distribuímos
gratuitamente. É óbvio que, mesmo se tratando de uma
revista eletrônica, sua produção gera certos custos, que
optamos por absorver.. Já, em sua segunda edição, três
Irmãos firmaram conosco uma parceria, anunciando suas
empresas; vale citar que dois deles se mantêm como
nossos parceiros culturais, até hoje.
Nossos patrocinadores, entendendo que a Revista
Arte Real é de fundamental importância como veículo de
divulgação da cultura maçônica e, devido a sua enorme
abrangência, uma ótima vitrina para divulgar suas
empresas, produtos e serviços, têm sido solidários e
fraternos, contribuindo através de seus anúncios, com
a
parte dos custos de sua produção.
Tivemos a honra de anunciar vários lançamentos de
livros, em sua maioria de cunho maçônico, abrindo um
espaço cultural para escritores exporem suas obras. Criamos
a coluna Boas Dicas, a fim de indicar sites, livros e distribuir
alguns e-books. A coluna Informe Cultural foi criada, a fim
de servir de espaço para divulgar eventos em prol da
cultura, campanhas sociais e a publicação de matérias que
venham estimular o trabalho altruístico e o interesse pelo
estudo e pela pesquisa.
Com a criação da coluna Ritos Maçônicos, na 4ª
edição, pudemos enveredar em pesquisas sobre uma
infinidade de Ritos praticados por nossa Ordem, levando,
com isso, nossos leitores a entenderem melhor o Rito
praticado em suas Lojas, induzindo-os a pesquisarem quanto
à origem de algumas modificações que os mesmos vieram
sofrendo.
Em meio à entrada da Era de Aquarius, fomos
intuitivamente levados a criar, desde a 10ª edição, a coluna
Os Grandes Iniciados, a fim de facilitar a compreensão de
todos com relação ao surgimento cíclico de um Mestre de
Sabedoria, um Avatara, apresentando-O, através de sua Vida
e Obra e retirando os tênues véus que cobrem a manifestação
da Divindade no plano físico, em auxílio à evolução humana.
Assim, chegamos à 36ª edição, em sendo vontade do
G∴A∴D∴U∴ e dos Mestres de Sabedoria, para cujos
desígnos essa Revista busca ser um canal, alçaremos voos
bem mais altaneiros.
O aniversário é nosso, mas o presente pertence a
todos nós que, direta ou indiretamente, esforçamo-nos para a
construção de um mundo melhor, para edificação de uma
Ordem mais atuante e digna de um glorioso passado.
A Revista Arte Real acredita e trabalha por dias
melhores, pois, jamais, permitiu, ao longo de sua existência,
que o desânimo, a fraqueza e a omissão tomassem parte em
suas linhas. Acreditamos, piamente, que, para que não
sejamos parte do problema, mister se faz que sejamos parte
da solução!
Feliz aniversário a todos nós, e que venham novos
desafios, pois deles fazemos a razão de nossa existência,
consequentemente, escrevendo nossa história nessa
Trajetória de Luz! ?
b
A Iniciação Real
A
Maçonaria adquiriu o seu aspecto iniciático a partir do
século XVIII. A singela recepção das Lojas operativas foi
transformando-se, o ritual foi enriquecendo-se e
complicando-se a Liturgia, durante todo o século XIX, até chegar
à Iniciação Maçônica atual com o seu brilhante cortejo simbólico.
Na verdade, o que a Ordem Maçônica pretende, através
da Iniciação, é dar ao iniciado uma responsabilidade maior não
somente como ser humano com vida espiritual, mas também
como homem e cidadão. E isso os antigos o faziam por meio de
ritos iniciáticos. Os iniciados eram submetidos a exercícios
mentais e intelectuais e, pela meditação e a concentração, eram
conduzidos paulatinamente, ao despertar de uma vida interior
intensa e, assim, a uma compreensão melhor da vida.
Diz Aryan, na introdução ao Livro "La Masoneria Oculta
y la Iniciacion Hermética", de J. M. Ragon, que "os ritos não teriam
nenhuma utilidade se os seus ensinamentos caíssem como água
numa ânfora quebrada”. O seu objetivo consiste em relembrar ao
iniciado que deve dar, cada vez mais, predomínio à vida interior
do que à atração dos sentidos. A promessa do Maçom de ser bom
cidadão, de praticar a fraternidade não quer dizer outra coisa.
Diodoro da Sicília dizia que "aqueles que participavam dos
Mistérios tornavam-se mais justos, mais piedosos e melhores em
tudo". Por isso, o primeiro passo da vida iniciática é a entrada em
câmara ou cripta onde hão de morrer as paixões, para que o
aspirante possa ser admitido no reino da Luz. Como dizia, há
séculos, Plutarco: "Morrer é ser iniciado".
Há duas espécies de iniciação: a Real e a Simbólica. A
primeira, segundo escreve A. Gédalge no "Dicionário Rhea", é o
resultado de um processo acelerado de evolução que leva o
Iniciado a realizar, em si mesmo, o que o homem atual deverá
ser num futuro, que não pode ser calculado. A segunda é,
apenas, a imagem da iniciação real.
Referindo-se à Iniciação Simbólica, o Manual de
Instrução do Primeiro Grau da Grande Loja de França, citado
por Paul Naudon em "La Franc-Maçonnerie et le Divin", assim
se expressa: "Os ritos iniciáticos não têm nenhum valor sacramental.
O profano que foi recebido Maçom, de acordo com as formas
tradicionais, não adquiriu, só por esse fato, as qualidades que
distinguem o pensador esclarecido do homem ininteligente e grosseiro.
O cerimonial de recepção tem valor, unicamente, como encenação de
um programa que importa ao Neófito seguir, para entrar na posse de
todas as suas faculdades".
Pela iniciação simbólica, segundo o sentido etimológico
a
José Inácio da Silva Fº
dado por JULES BOUCHER, no livro "Simbólica Maçônica", o
"iniciado" é aquele que foi "colocado no caminho". Paul Naudon, em
"La Franc-Maçonnerie", referindo-se à iniciação simbólica, assim
escreve:
"O objetivo da iniciação formal é conduzir o indivíduo ao
Conhecimento por uma iluminação interna. É a razão pela qual a
Maçonaria usa símbolos para provocar essa iluminação, por aproximação
analógica. Vemos, assim, que os verdadeiros segredos da Maçonaria são
aqueles que não se dizem ao adepto e que ele deve aprender a conhecer pouco
a pouco, soletrando os símbolos".
Não existe nisso nenhum incitamento à pura
contemplação interior, à êxtase, ao misticismo... "Cabe ao neófito
descobrir o segredo. Dentro da noite de nossas consciências, há
uma centelha que nos basta atiçar para transformá-la em luz
esplêndida. A busca dessa Luz é a Iniciação".
"Nessa marcha ascensional em direção à Luz, onde a via
intuitiva parece primordial, é evidente que a razão não pode ser
afastada. Em todos os ritos, a Maçonaria a evoca sem cessar. É a
lição dos símbolos, entre outras, a do compasso, que se aplica,
particularmente, ao volume da Lei Sagrada, símbolo da mais alta
espiritualidade, à qual aspira o Maçom."
Essas ideias e pensamentos têm o objetivo fraterno e leal
de incutir nos recém-iniciados o verdadeiro espírito maçônico; de
fazê-los ver a responsabilidade assumida perante a família dos
Irmãos conhecidos e desconhecidos espalhados pelo orbe da Terra.
Que todos nós, indistintamente, aprendamos a conhecer o
espírito maçônico, afastando-nos da falsa ciência e do sectarismo,
combatendo e esclarecendo todo cérebro denegrido pelo
obscurantismo, para que possamos tornar-nos dignos de ser uma
dessas Luzes ocultas que iluminam a humanidade. Os verdadeiros
sinais pelos quais se reconhece o Maçom não são outros senão os atos
da vida real, já nos ensinava o Irmão Oswald Wirth. O Maçom há que
agir equitativamente como homem que cuida de se comportar para
com outrem, como deseja que se proceda a seu respeito. O Maçom
distingue-se dos profanos por sua maneira de viver. Se não viver
melhor que a massa frívola ou devassa, a sua pretensa iniciação na
arte de viver revela-se fictícia, a despeito das belas atitudes que finge.
Esforcemo-nos para que sejamos reconhecidos não pelo
toque, pelo sinal ou pela palavra, mas por nossas ações no âmbito
maçônico, social e profissional. "Sejamos homens de elite, sábios ou
pensadores, erguidos acima da massa que não pensa", porque
somente desse modo é que poderemos alcançar a Iniciação Real,
digna de poucos. ?
b
Sócrates e a Metafísica
P
rimeiro, façamos a pergunta: O que é metafísica?
Quem nos responde é o filósofo espanhol Garcia
Morente: “Metafísica é a parte da filosofia que responde
ao problema da existência, da autêntica e verdadeira existência,
da existência em si”.
Se a metafísica é a parte da filosofia que responde
ao problema da existência, não é difícil deduzir-se que
metafísica nada mais é que uma “ciência” construída pela
razão. Por isso é que a razão, partindo dos conceitos
metafísicos, pretende conhecer todos os seres da natureza.
Através de Sócrates, percebe-se que o que há de
mais importante na metafísica é a origem e a função dos
conceitos.
O ser precisa ser expresso em esquema conceitual
a fim de que fique clara a sua evidência para a razão. Cada
vez que a razão conceitua, parte para a elaboração de uma
nova realidade do ser.
Os conceitos primordiais da metafísica são as
categorias: substância, quantidade, qualidade, relação,
lugar, tempo, ação e paixão. Portanto, as categorias
significam os conceitos que a razão adota para conhecer,
apreender e julgar a realidade.
Segundo Aristóteles, Sócrates é o inventor do
raciocínio indutivo, sendo, assim, o iniciador da
metafísica. Com ele, o pensamento encaminha-se para a
aprendizagem do conhecer mediante conceitos: indução e o
conceitos, duas coisas que se referem ao ponto de partida da
ciência.
Daqui se infere que o grande processo filosófico de
Sócrates procura aparar todas as arestas que a ideia da
coisa possa conter, a fim de poder atribuir-lhe aquilo que
seja meramente acidental.
O entendimento imediato ou mediato da coisa
depende da clareza maior ou menor do conceito.
Conceituar é uma arte, e Sócrates usou-a de maneira
genial. Ele se socorre das mais variadas formas de
definição, sem nunca perder de vista a lógica conceitual.
Daí a meticulosidade de que ele lança mão para
conhecer bem a coisa a ser definida. Quando define um
objeto, ocorre-lhe o mesmo propósito de fazer, com o
mundo moral, o que os geômetras fazem com o mundo
das figuras físicas. Em primeiro plano, Sócrates examina
cuidadosamente o objeto em estudo, tendo por mira
analisá-lo sob todos os aspectos, procurando visualizá-lo
de todos os ângulos possíveis, separando o que é
meramente acidental daquilo que é objetivo e realmente
essencial. Ele tem uma visão muito ampla de enorme
quantidade de propósitos, de resoluções e de ações que se
Raimundo Rodrigues
apresentam aos seres, no
mundo moral.
Que
faz
então?
Procura reduzir ao mínimo
esses
propósitos,
de
resoluções, colocando a
clareza do seu pensamento
acima dos meandros da
linguagem, que nem sempre
reflete o pensamento com
objetividade.
Quando
Sócrates
pergunta o que é a verdade, ou o que é a coragem, ou o que é
a justiça, deseja saber, conceitualmente, o que é a justiça, o
que é a coragem, o que é a verdade.
Para os gregos, quando se indaga “o que é”, pede-se
que se “dê a razão de”. Para tanto, é necessário que se
aplique o entendimento, a intuição intelectual, para que se
possa chegar à razão que explique o que é a verdade, o que é
a coragem, o que é a justiça, encontrando uma fórmula
racional que seja capaz de abarcar, completa e inteiramente,
a palavra justiça, a palavra coragem, a palavra verdade, sem
deixar um ângulo sequer fora do estudo.
É isso que Sócrates faz; razão por que, a partir dele, a
filosofia assume não só uma forma variável, mas também um
caráter de racionalidade até ali, ainda, não alcançado.
Não nos podemos esquecer de que, dessa forma,
Sócrates se opõe às artimanhas dos sofistas que,
habitualmente, conforme pregam, usam as palavras para
substituir os conceitos. Vamos repetir fórmula velha e
conhecida, mas nem sempre examinada com cuidado:
Sócrates estuda, sempre e meticulosamente, a essência de
cada coisa. Ora, se seu ponto de partida é a conceituação,
isso significa que a “teoria dos conceitos” leva à “teoria das
essências”, tornando quaisquer processos pesquisados,
lógicos, arrimados na razão e no raciocínio. Aí chegamos à
chamada “teoria do conhecimento”.
A teoria do conhecimento, até certo ponto, é de uma
simplicidade a toda prova. Que significa conhecer? Já vimos
que conhecer significa formar conceitos. Mas... e o que é
conceito? Seria bom, nesse ponto em que nos encontramos,
fazer uma análise perfunctória do que seja conceito. Tudo
aquilo que o espírito concebe, tudo aquilo que o espírito
entende é conceito. Assim, de imediato, entende-se que
conceito é ideia, é juízo, é opinião formada. Transportandonos aos oásis da filosofia, concluímos que conceituar é
estabelecer características determinadas para aquilo que
cada uma das essências vê realizar-se na substância.
Não se pode e não se deve desfitar os olhos de que há
dois tipos de conceito: conceito empírico, próprio da
experiência, e o conceito puro, próprio da filosofia. O
conceito empírico tem uma medida para cada elemento da
realidade que ele classifica. Já o conceito puro é a percepção
da realidade na intuição do sentido. O conceito demonstra
que o interesse do pensamento se dirige imediatamente para
a coisa intuída. Cabe ao pensamento a busca da realidade
intuída. Assim, as imagens criadas pelo pensamento em
junção com a realidade recebem o nome de ideias. Kant
a
afirma que ideia é um conceito necessário de razão.
Por isso, o filósofo busca fazer com que ocorra a união
entre o pensamento e a realidade. Quando se filosofa, a ideia
está, obrigatoriamente, em tudo o que pensamos. À medida que
o pensamento aumenta seu poder de conhecimento, ele se
transforma em ideia. Ter ideia é ter o conhecimento da
realidade. Todo homem que pensa é sempre um homem de
ideias. O que não pensa é vazio delas. O saber nada mais é que
o armazenamento espiritual de uma gama extraordinária de
conceitos. Quem os possuiu mais que Sócrates? ?
b
Inteligência Espiritual
C
om o dealbar da Era de Aquarius, a ciência dos
homens, a cada dia, apresenta uma nova descoberta
no que se refere às potencialidades inerentes ao ser
humano. Está mais do que evidente a chegada do Novo
Ciclo, rasgando conceitos do passado, quebrando tabus e
apresentando uma repaginação do “Livro da Vida” na
história da humanidade. Os tempos são chegados, à guisa de
uma preparação para uma nova época, para o surgimento de
uma Nova Civilização, a qual terá
como objetivo o despertar do estado
de consciência focado no mental
abstrato, o quinto princípio.
Pelo
menos,
para
a
humanidade comum, já que, para os
postulantes
à
Iniciação
nas
verdadeiras
Ordens
Iniciáticas,
através
dos
processos
nelas
praticados, o despertar desse
potencial é, absolutamente, normal,
gradual e constante, durante seu
processo evolutivo.
A ciência atual, antes,
motivada, pura e simplesmente, pelo
progresso material, começa a se curvar a esses novos
valores, já, há muito, ensinados, nas Escolas de Mistérios
da Antiguidade que, visam à evolução do homem como
um todo, principalmente, em seu aspecto espiritual.
Essa terceira modalidade de avaliação da
inteligência humana, juntando-se as anteriores (Quociente
de Inteligência e Inteligência Emocional), estão,
diretamente, relacionadas à trilogia que forma o ser
humano, em físico, psíquico e espiritual, respectivamente.
Abaixo transcrevemos uma matéria publicada em
vários sites na Internet sobre a “descoberta”, à luz da
ciência, de um novo tipo de inteligência, a Espiritual.
“No livro QS - Inteligência Espiritual”, a física e
Francisco Feitosa
filósofa americana Dana Zohar aborda um tema tão novo quanto
polêmico: a existência de um terceiro tipo de inteligência que
aumenta os horizontes das pessoas, torna-as mais criativas e se
manifesta em sua necessidade de encontrar um significado para a
vida. Ela baseia seu trabalho sobre Quociente Espiritual (QS) em
pesquisas, só há pouco divulgadas, de cientistas de várias partes do
mundo, que descobriram o que está sendo chamado "Ponto de
Deus" no cérebro, uma área, que seria responsável pelas
experiências espirituais das pessoas.
O assunto é tão atual, que foi
abordado em recentes reportagens de capa
pelas revistas americanas Neewsweek e
Fortune. Afirma Dana: "A inteligência
espiritual coletiva é baixa na sociedade
moderna.
Vivemos
numa
cultura
espiritualmente estúpida, mas podemos
agir para elevar nosso quociente
espiritual". Aos 57 anos, Dana vive em
Inglaterra com o marido, o psiquiatra Ian
Marshall, co-autor do livro, e com dois
filhos adolescentes. Formada em física pela
Universidade de Harvard, com pósgraduação no Massachusetts Institute of
Tecnology (MIT), ela, atualmente, leciona na universidade inglesa
de Oxford. É autora de outros oito livros, entre eles, O Ser
Quântico e A Sociedade Quântica, já traduzidos para português.
QS - Inteligência Espiritual já foi editado em 27 idiomas, incluindo
o português (no Brasil, pela Record). Dana tem sido procurada por
grandes companhias interessadas em desenvolver o quociente
espiritual de seus funcionários e dar mais sentido ao seu trabalho.
Ela falou à Revista Exame, em Porto Alegre, durante o 300º
Congresso Mundial de Treinamento e Desenvolvimento da
International Federation of Training and Development
Organization (IFTDO), organização fundada na Suécia, em 1971,
que representa 1 milhão de especialistas em treinamento em todo o
mundo. Eis os principais trechos da entrevista:
O que é inteligência espiritual? É uma terceira
inteligência, que coloca nossos atos e experiências num contexto
mais amplo de sentido e valor, tornando-os mais efetivos. Ter alto
quociente espiritual (QS) implica ser capaz de usar o espiritual
para ter uma vida mais rica e mais cheia de sentido, adequado senso
de finalidade e direção pessoal. O QS aumenta nossos horizontes e
nos torna mais criativos. É uma inteligência que nos impulsiona. É
com ela que abordamos e solucionamos problemas de sentido e
valor. O QS está ligado à necessidade humana de ter propósito na
vida. É ele que usamos para desenvolver valores éticos e crenças que
vão nortear nossas ações.
De que modo essas pesquisas confirmam suas ideias
sobre a terceira inteligência? Os cientistas descobriram que
temos um "Ponto de Deus" no cérebro, uma área nos lobos
temporais que nos faz buscar um significado e valores para
nossas vidas. É uma área ligada à experiência espiritual. Tudo
que influencia a inteligência passa pelo cérebro e seus
prolongamentos neurais. Um tipo de organização neural
permite ao homem realizar um pensamento racional, lógico. Dá
a ele seu QI, ou inteligência intelectual. Outro tipo permite
realizar o pensamento associativo, afetado por hábitos,
reconhecedor de padrões, emotivo. É o responsável pelo QE, ou
inteligência emocional. Um terceiro tipo permite o pensamento
criativo, capaz de insights, formulador e revogador de regras. É
o pensamento com que se formulam e se transformam os tipos
anteriores de pensamento. Esse tipo lhe dá o QS, ou inteligência
a
espiritual.
Qual a diferença entre QE e QS? É o poder transformador.
A inteligência emocional me permite julgar em que situação eu me
encontro e me comportar apropriadamente dentro dos limites da
situação. A inteligência espiritual me permite perguntar se quero
estar nessa situação particular. Implica trabalhar com os limites da
situação. Daniel Goleman, o teórico do Quociente Emocional, fala
das emoções. Inteligência espiritual fala da alma. O quociente
espiritual tem a ver com o que algo significa para mim, e não
apenas como as coisas afetam minha emoção e como eu reajo a isso.
A espiritualidade sempre esteve presente na história da
humanidade. No início do século XX, o QI era a medida definitiva
da inteligência humana. Só em meados da década de 90, a
descoberta da inteligência emocional mostrou que não bastava o
sujeito ser um gênio se não soubesse lidar com as emoções. A
ciência começa o novo milênio com descobertas que apontam para
um terceiro quociente, o da inteligência espiritual. Ela nos ajudaria
a lidar com questões essenciais e pode ser a chave para uma nova
era no mundo dos negócios. Dana Zohar identificou dez qualidades
comuns às pessoas espiritualmente inteligentes. Segundo ela,
“essas pessoas: praticam e estimulam o autoconhecimento
profundo; são idealistas; têm capacidade de encarar e utilizar a
adversidade; são holísticas; celebram a diversidade; têm
independência; perguntam sempre "por quê?"; têm capacidade de
colocar as coisas num contexto mais amplo; têm espontaneidade e
compaixão”. ?
b
Odin
E
m todas as épocas e países, tem surgido esse Édipo, o
Manu, ou a potência espiritual, que preside o
complexo trabalho oculto de arregimentação e seleção
das mônadas para a formação das raças. São os gigantescos
místicos e pensadores, os gênios de primeira grandeza da
Ciência e da Arte, as Altas Vozes da mente iluminada, que
descortinam as renascenças, que lançam o germem das ideias
impulsionadoras da grande roda do progresso.
O termo “Manu” provém do radical sânscrito
“man”, que significa “aquele que pensa” e, portanto, dirige.
Dessa palavra, apossou-se a terminologia teosófica para
designar o chefe de uma raça, o fundador de um povo, seu
patriarca, o legislador máximo. O termo raça, tratado aqui,
não tem a ver com a pigmentação de pele, etnia, etc., e sim
com o conceito com que o estudo da antropogênese divide
em sete fases ou momentos (raças-raízes), a trajetória da
mônada humana, durante
um sistema de evolução
Odin, considerado
como o condutor dos celtas
primitivos nos países nórdicos
(Noruega, Dinamarca, Países
Baixos, Irlanda, Bretanha,
Gales e Islândia), é classificado
na categoria de Manu parcial,
como foram Jeoshua Ben
Pandira, Orfeu, Menés e
outros. Um Manu parcial tem
potencial de 25 a 75% da
consciência divina no ciclo e,
geralmente, inicia as subraças.
Deixou gravadas, nas rochas, as mais puras e
espirituais
doutrinas
científico-religioso-primitivas,
contendo as mesmas ideias da cosmogênese védica e da
ciência moderna.
Teria sido ele, então, o portador das sementes da 4ª
sub-raça céltica para a 5ª sub-raça ariana (uma raça-raiz é
subdividida em sete sub-raças).
No mito nórdico, conforme Moniz, Odin foi
gerado por Bor e Bestla, representando as ideias básicas de
luz e trevas e do princípio andrógino. Foi, com a ajuda de
seus irmãos Vili (vontade) e Vé (sacerdote do templo), que
a tríade construiu o cosmo. Depois de criarem o cosmo,
verificando que sua obra estava incompleta, resolveram
fazer o homem (ask) com a madeira
de um freixo, e a mulher (embla),
com um amieiro (ou com um olmo).
Odin deu-lhes a vida e a alma; Vili, a
razão e o movimento, e Vé, os
sentidos, a fisionomia expressiva e o
dom da palavra. Aos dois foi dada
como moradia Midgard, a Terra. A
humanidade descende deles.
Semelhantemente,
Eliade,
referindo-se à cosmogonia dos
antigos germanos, também, cita Odin
como criador do primeiro casal
humano, partindo de duas árvores,
askr e embla. Foi ajudado por
Hoenir, que lhe forneceu a
inteligência, e por Lodhur, os
sentidos e a feição antropomorfa.
Ambas as versões têm a
representação da Divindade como
uno-trino e o ser humano polarizado
e constituído por vários veículos.
Odin ou Vótan (Wotan, Wodan), na mitologia
germânica, é, talvez, a mais antiga figura, a mais conhecida.
Segundo Blavatsky, Odin "poderia ser o próprio nome de
Deus que, com tanta alteração encontrada nas diversas
línguas, poderia ser decomposto em O'din, o Deus (ver
Eddas). Era chefe da sociedade divina; o mais sábio, mais
inteligente, o senhor da magia, da ciência suprema e da
poesia, mas, também, o deus da guerra.
No papel de "condutor da caça selvagem", era
representado como um sombrio cavaleiro vestido com um
grande manto flutuante, cavalgando ora um ginete
branco, ora um negro. Mais tarde, quando sua
a
superioridade se afirmou sobre as demais divindades, ele
aparece vestido com couraça brilhante (às vezes com
capacete de ouro) e armado da lança mágica.
No Asgard (mundo dos deuses), junto ao seu trono,
estão dois corvos - Hugin, entendimento, e Munnin, a
memória - pousados em seus ombros, e que segredando-lhe
tudo o que averiguavam durante o dia, quando percorriam o
mundo. Vê-se, nessa citação, a ideia do Senhor das
Eternidades, do Pai que de tudo toma conhecimento,
servindo-se de um entendimento perfeito e de uma memória
lúcida para agir com amor e justiça.
Conforme os Eddas, a "bisavó" dos cantos
escandinavos, publicados em 1643, Odin é o principal
deus na mitologia escandinava O'din, o Deus, ciência ou sabedoria.
Sendo o pai dos deuses e da divina
sabedoria, no panteão escandinavo, é
idêntico a Hermés ou Mercúrio da
antiguidade romana; a Buda, no
orientalismo moderno, e ao Marte
escandinavo.
Além de deus da guerra, OdinWotan é, também, deus dos mortos.
Tinha o poder de se transformar à
vontade;
podia
assumir
formas
diferentes e se misturava à vida dos
mortais.
Protege, por meios mágicos, os
grandes heróis. Entre os favoritos,
menciona-se a raça dos volsungs ou
velsungos.
Entretanto,
apresenta
comportamento
contraditório,
por
abater os seus protegidos, explicado
pela necessidade de reunir os
combatentes mais temíveis, com vistas
à batalha escatológica do Rägnarok. Esses guerreiros
notáveis, tombados em combate, eram conduzidos ao palácio
celeste, Valhalla (Wallallah - O Vale de Allah ou de Deus,
para onde seus guerreiros e heróis eram conduzidos pelas
Walkyrias). Valquírias, "aquelas que escolhem os mortos no
campo de batalha", eram espíritos fornecedores dos mortos,
conforme Eliade. ?
*compilação de matérias de autoria de Angelina Debesys e Noemy
Martari e Silva Santos publicadas na Revista Dhâranâ, edição 242,
de fevereiro de 2003, órgão oficial da Sociedade Brasileira de
Eubiose.
b
Real Arco – Supremo Grande Capítulo
N
ovo, Porém Antigo. Esse foi o título do artigo
publicado sobre o Real Arco na Revista Engenho &
Arte, do verão de 2000, parodiando o lema do
Grande Oriente do Brasil. De lá para cá, muita coisa
aconteceu para acender o interesse dos Maçons brasileiros
sobre esse último caminho regular da Franco-Maçonaria.
A Grande Loja Unida da Inglaterra, no âmbito do
Grande Oriente do Brasil, está incentivando a criação de
Capítulos do Arco Real em língua portuguesa. A GLMESP
criou um Grande Capítulo do Arco Real inglês, através da
Grande Loja da Espanha, para o Estado de S. Paulo. Da
mesma forma, os três Capítulos do Real Arco americano,
que haviam feito uma petição ao Grande Capítulo Geral
de Maçons do Real Arco Internacional, receberam sua
Carta Patente para o Supremo Grande Capítulo de
Maçons do Real Arco do Brasil. Assim, de repente, os
Maçons brasileiros estão recebendo notícias sobre algo
meio desconhecido, e é mais do que natural que estejam,
ao mesmo tempo, confusos e curiosos.
O Arco Real inglês já existia no Brasil há algum
tempo, com seus Capítulos sempre vinculados a uma Loja
Simbólica. Isso porque, pelo Artigo II do Tratado de União
de 1813, origem da United Grand Lodge of England, o
Arco Real inglês é parte dos Graus Simbólicos,
constituindo-se num Grau lateral, complemento do Grau
de Mestre Maçom. Diz o Artigo que “a pura Maçonaria
Antiga consiste de três graus e mais nenhum, isto é, os de
Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom, incluindo a
Suprema Ordem do Sagrado Arco Real”.
Foi a maneira sutil de harmonizar os pontos de
vistas antagônicos para que as Grandes Lojas rivais
(Antigos e Modernos), aceitassem a união. Os estudos,
para unificar o ritual dos Graus Simbólicos, culminaram
na primeira exibição do novo ritual simbólico inglês, em
23 de agosto de 1815. A primeira Loja de Instrução, The
Lodge of Stability, funcionou a partir de 1817. Mas o Arco
Real inglês, em sua nova forma, só iria ganhar um ritual
impresso em 1834.
O Real Arco americano, sem problemas, chegou à
sua forma atual em 1797, ao mesmo tempo que os Graus
Simbólicos, todos organizados por Thomas Smith Webb.
Na verdade, os americanos tinham resolvido,
pragmaticamente, seus impasses bem antes de 1813. Como
Rui Ferreira da Silva
a Maçonaria já estava estruturada nos Graus Simbólicos, não
havia mais o que mexer. Assim, os Graus Capitulares, tanto
do Rito de York quanto do Rito Escocês Antigo e Aceito,
foram organizados numa estrutura simples e sequencial,
acima dos Graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre. O
Lado Escocês da famosa ilustração da Escada Maçônica vai
do 4º ao 33º, enquanto o Lado York vai de Mestre de Marca,
o primeiro Grau do Real Arco, a Cavaleiro Templário, o mais
elevado.
Real Arco ou Arco Real? Tanto faz. Desde os
primórdios do Real Arco americano no Brasil, foi mantida a
tradição do título adotado pelo Capítulo pioneiro, Jerusalém,
do Paraná. Como os Companheiros da versão inglesa
adotam Arco Real, a própria nomenclatura ao mesmo tempo
guarda a semelhança e estabelece certa diferença. Vejamos
quais são: o Real Arco americano, de quatro graus, é
Maçonaria Capitular, com estrutura, liturgia e organização
próprias. Forma um todo sequencial, cronológico e
harmonioso. Não está ligado às Lojas Simbólicas e nada tem
a ver, administrativamente falando, com as Obediências
Simbólicas, a não ser relações fraternas e respeitosas.
O Arco Real inglês é uma extensão lateral do Grau de
Mestre Maçom, complementa, estado ligado sempre a uma
Loja Simbólica, ficando, portanto, sujeito à Obediência
Simbólica que o abriga; apesar das diferenças estruturais,
lembramos que tanto a essência como a origem de ambas as
versões é a mesma.
O início do Real Arco Americano, no Brasil, deu-se
com o Capítulo José Guimarães Gonçalves nº 1, de Maçons
do Real Arco, instalado pelo Capítulo Jerusalém em 8 de
maio de 1993, um tributo à coragem e à capacidade de
realização do Irmão José Nunes dos Santos. Recebeu sua
Carta Constitutiva definitiva em outubro de 1997,
diretamente do General Grand Chapter of Royal Arch
Masons International. Do Capítulo José Guimarães
Gonçalves, surgiram mais dois Capítulos: Thomas Smith
Webb, no Rio Grande do Sul, em 1997, e Keystone, no Estado
do Rio de Janeiro, em 2000.
Embora antigo nos Estados Unidos, o Real Arco
americano é novo entre nós. Jóias, aventais, alfaias, rituais,
instruções e mais toda a parafernália, necessária à
realização das cerimônias, tudo teve que ser criado e
produzido, seguindo a orientação do General Grand
Chapter Americano. Além disso, organizaram-se
calendários anuais, preparam-se eventos litúrgicos e
sociais. Sem falar na preparação dos formulários para
remessa da capitação anual, redigidos em inglês, em
formulário próprio, trabalho para apavorar qualquer
Secretário. Por isso, para fazer crescer o Real Arco no
Brasil, tornou-se imperioso criar uma estrutura central
nacional para ajudar na divulgação, na administração e na
liturgia, dando suporte efetivo na educação dos Maçons
do Real Arco e na criação de novos Capítulos.
Assim, no dia 15 de novembro de 2000, de acordo
com as tradições maçônicas, os representantes dos três
Capítulos originais fizeram uma petição ao General Grand
Chapter para a criação do Supremo Grande Capítulo de
Maçons do Real Arco do Brasil, cuja fundação, para os
efeitos legais, oficializou-se no dia 1º de janeiro de 2001. A
Constituição e o Regulamento do Supremo Grande
Capítulo foram registrados no Registro de Pessoas
Jurídicas do Rio de Janeiro. Tivemos, finalmente, a honra
de receber a Carta Constitutiva do Supremo Capítulo,
outorgada no dia 24 de maio de 2001, assinada pelo
Grande Sumo Sacerdote Geral, Companheiro William
Schoene. Atualmente, existem 40 Capítulos no Brasil.
O título de quem alcança o Grau de Maçom do
Real Arco é Companheiro, derivado Companion (termo
inglês derivado do latim “cum panis” - aquele com quem
se reparte o pão). Ao terminar os três primeiros Graus,
Mestre de Marca, Past Master e Mui Excelente Mestre, o
Mestre Maçom recebe um Certificado. Quando alcançar o
último Grau Capitular, receberá o Diploma e seu Cadastro
de Maçom do Real Arco.
No Real Arco, estimula-se um clima de respeito,
a
propício ao diálogo e ao aprendizado. Os ensinamentos são
discutidos livremente, sem qualquer imposição dogmática,
como é próprio a homens livres e de bons costumes. Até
porque – e esse é um dos motivos de fascínio do Real Arco –
estamos todos aprendendo e construindo. Dentro desse
princípio, o Brasil, único em sua pluralidade de Ritos
regulares – Adonhiramita, Francês ou Moderno, Escocês
Antigo e Aceito, Schröder, York (ritual Emulação), Brasileiro
e, agora, também, Escocês Retificado – oferece uma
esplêndida oportunidade de aprendizado. Muitas vezes, o
Maçom percebe, em outro Rito, aquilo que não ficara de todo
explicado no seu Rito de origem. Por isso, o Real Arco, no
Brasil, não só está aberto a Maçons de todos os Ritos e de
todas as Obediências regulares, como também incentiva o
estudo e a análise.
Os Graus do Real Arco - o Grau de Mestre de Marca
resgata uma das tradições operativas mais singelas e
significativas da Idade Média. O Mestre de Marca passa a
identificar-se como o faziam nossos antepassados, que
construíram as magníficas catedrais góticas.
O Grau de Past Master é um privilégio para o Mestre
Maçom, porque, no começo, o Real Arco era prerrogativa
exclusiva de Mestres Eleitos ou Instalados.
O Grau de Mui Excelente Mestre é o único Grau
Maçônico, de qualquer Rito, que fala da terminação do
Templo de Salomão e dedicação a Ele. Sua nobreza e carga
emocional o tornam uma das mais belas etapas da Senda
Maçônica.
O Grau de Maçom do Real Arco coroa, de forma
grandiosa, os conhecimentos do Mestre Maçom. É o
momento em que a Lenda do Templo é concluída em
magnífico esplendor.
O Real Arco traz a Maçons de todos os Ritos, uma
nova compreensão do Simbolismo. Leva-nos a pensar, a
comparar e a entender. Conduz-nos à emoção e ao
encantamento. Eleva-nos, cada um de nós, a uma dimensão
inteiramente nova. ?
b
Desvelando a Verdadeira Iniciação
S
abem todos os Iniciados que não é possível alcançar a Suprema
Aspiração, a realização interior, se o discípulo não se apoiar numa
tradição organizada, que lhe sirva de base, a fim de poder enfrentar as
forças adversas do meio em que vive. Essa tradição não deve ser
exclusivamente de ordem social e moral, senão de ordem oculta.
Os que sabem as coisas secretas falam, veladamente, da Comunhão das
Almas Santas ou da Comunhão dos Santos, como diz a Igreja Católica,
servindo de eco a um conhecimento mais antigo, que ela, cujo sentido
verdadeiro lhe escapa completamente. Isso quer dizer que cada Aspirante à
Verdade, que tenta o Caminho Direto, mais fino que o fio de uma navalha,
precisa se apoiar numa força, criada através dos séculos pelos seus
inumeráveis predecessores nessa vereda espinhosa.
Cada homem, que se faz Mestre Perfeito, deixa, no ambiente terreno, o
resultado de seus tremendos e perseverantes esforços, com um poder espiritual
consciente, que se une aos dos demais Irmãos de todas as épocas, como
um influxo vivo, verdadeira torrente espiritual, dirigida para um determinado
Antonio Castaño Ferreira
sentido, constituindo o Poder Espiritual de determinada Série
de Seres, que se sucederam ininterruptamente como Mestre e
Discípulo, o que constitui o elemento fundamental de todas as
iniciações. Esse influxo, essa torrente espiritual remonta à
origem das coisas.
Os Gurus, perfeitos conhecedores das Leis da evolução,
dizem não ser possível ao homem alcançar a iluminação, sem
que esteja ligado a essa torrente ininterrupta, através da qual são
comunicados ao discípulo graus, que variam segundo as
iniciações ascendentes. Essas Consagrações são definitivas,
porque ligam o discípulo a um Poder infinitamente superior ao
que, nele, possa existir de mais elevado. Nessas iniciações, sãolhe dados símbolos, palavras e determinados gestos, linguagem
veiculadora desse pacto, tacitamente assumido para com a
tradição iniciática a que se ligou. Assim, ninguém pode evoluir
até a libertação, num curto período de tempo, sem esse auxílio
indispensável. Tal auxílio é uma verdadeira transferência dessa
Torrente Espiritual, que o Mestre faz ao discípulo, quando lhe
confere determinada Iniciação. Por isso mesmo, o Mahatma KutHumi, diz que os discípulos são
envolvidos pelo ambiente do
Mestre, para que todas as suas
possibilidades, boas ou más, se
manifestem.
Certos Místicos do Oriente
nos falam, como já foi dito, do
Círculo das Almas Perfeitas, com
as quais os candidatos à Iniciação
entram
em
contato,
para
alcançarem proteção e auxílio em
suas lutas sempre árduas e cheias
de perigo. Esse contato não é o
resultado de nenhuma cerimônia
de evocação de almas de seres falecidos, senão a elevação do
Aspirante ao nível altíssimo das esferas espirituais onde
gravitam essas Almas.
Assim, quanto mais antiga for a tradição esotérica a
que se liga o Postulante, mais fácil é sua luta pela conquista da
iluminação. Quando, entretanto, liga-se a tradições
reconstituídas ou corrompidas, sua luta se torna mais árdua,
não conseguindo, na maior parte dos casos, chegar a seu
elevado objetivo.
Cada grau, que o discípulo, alcança é expresso na
Linguagem Universal do Verbo, por uma palavra que sintetiza
todo o Poder da Torrente Espiritual a que está ligado. São as
Palavras Sagradas, as Palavras de Passe. Elas são de um
enorme poder no Mundo Oculto, por isso mesmo, são
comunicadas pelo Mestre ao Discípulo, de boca a ouvido, na
hora da Sagração. Todas palavras se derivam de uma única, da
Palavra Inefável, a Palavra Perdida, simbolizada pelo AUM. O
verdadeiro segredo ligado a tal Palavra constitui o fruto da
mais elevada iniciação. Mas, para que, um dia, o discípulo
possa alcançá-la, é indispensável o apoio espiritual da
Tradição Oculta, a fim de que, assim fortalecido, possa
enfrentar, com possibilidade de vitória, as forças antagônicas
que tentam afastá-lo de seu objetivo.
Como os iniciados criaram um Poder Espiritual Ativo,
a humanidade, na sua inconsciência, também, gera um poder
incomensurável, formado pelas suas ações, seus pensamentos,
a
palavras e paixões de ordem inferior. Desse poder, servem-se
algumas criaturas para a realização de seus desejos, ódios,
vinganças etc., quando aprendem os processos de entrarem em
contato com essa força, através, também, de certas iniciações, tão
conhecidas dos denominados Magos Negros. Esse Poder,
formado pela coletividade, pelos seus impulsos contrários à Lei,
considerado Mal pelos espiritualistas, também, tem uma
consciência constituída pelos múltiplos agregados das ações
nocivas dos homens em todos os planos de sua atividade. Esse
Poder é o tão falado Guardião do Umbral, a terrível Potestade,
que deve ser vencida por todo candidato à Magia Branca. Como
o discípulo, durante milênios sem conta, concorreu mais para
esse Poder do que para a Torrente Espiritual da Boa Lei, é claro
que fica muito mais ligado a ele pelos poderosos laços das más
ações, que praticou, do que pelas suas vagas aspirações ao Bem
Supremo, que caracterizava o outro polo. É esse o motivo pelo
qual se torna difícil ao homem libertar-se da soberania do
Guardião do Umbral.
É essa libertação preliminar a que visam as provas
iniciáticas, impostas ao discípulo.
Assim, o discípulo sozinho, tendo,
apenas, por apoio o Poder
Espiritual da Tradição a que se
filiou, deve cortar, um por um,
todos os laços que o prendiam ao
Egrégora Negro.
Podemos,
agora,
compreender por que os Iniciados
não podem, de modo algum,
interferir nessa luta de vida ou
morte em que o discípulo se
empenha. Com o choque, que ele
estabelece com o Guardião do
Umbral, todas as más qualidades afloram ao campo consciente
do discípulo, do mesmo modo que o contato com a Torrente
Espiritual faz desabrochar as sementes do bem, que nele
porventura existam, de forma a despertar, na sua alma, as duas
tendências que se defrontam e se digladiam, até que uma delas
sucumba para sempre.
Por isso disse Kut-Humi: “O discípulo deverá,
unicamente entregue a seus próprios esforços, escolher o
caminho da direita ou da esquerda; fazendo-se por si só um
Adepto da Boa Lei ou um Mago Negro, dependendo,
exclusivamente, de si próprio a escolha do Caminho”. ?
*O autor pertenceu às fileiras da Sociedade Brasileira de Eubiose,
sendo um renomado instrutor e palestrante.
b
O Segredo Maçônico e a Via de Dignificação do Homem
Getúlio Medeiros
S
egredo é tudo aquilo que não pode ser revelado, a não
ser sob a forma de contos, alegorias e parábolas de cunho
genérico, ministrados de modo exotérico - termo
derivado da raiz grega, ex (para fora) + odos (caminho) = saída à massa popular (“não deem aos cães o que é santo, nem atirem
pérolas aos porcos; eles poderiam pisá-las com os pés e, virando-se,
despedaçar vocês”, Mateus 7:6).
Para os poucos iniciados, contudo, o ensinamento
esotérico – es (para dentro) + odos (caminho) = entrada. Era
individualista e místico: “Quando Jesus ficou sozinho, os que
estavam com ele, junto aos Doze, perguntaram o que significavam as
parábolas. Jesus disse para eles: Para vocês (os discípulos), foi dado o
mistério do Reino de Deus; para os que estão fora (os profanos), tudo
acontece em parábolas, para que olhem, mas não vejam, escutem, mas
não compreendam, para que não se convertam e não sejam perdoados”
(Marcos 4:10-12).
Já que a Maçonaria se define como “(…) sistema de
moral, velado por alegorias e ilustrado por símbolos”, nada mais justo
do que lhe conferir o caráter secreto, inerente a qualquer ordem
iniciática. Aliás, pela mesma razão, secretos eram os Mistérios
Antigos, incluindo-se aqueles dos primitivos cristãos, que, para
se distinguir dos pagãos, tinham suas fórmulas de mútuo
reconhecimento e, ademais, reuniam-se em células, o que, hoje,
pode ser denominado Capítulo ou Loja.
Dentro desse aspecto hermético, nunca é demais
lembrar a similitude entre o segredo iniciático da Maçonaria
Especulativa com os mistérios da doutrina, estabelecida pelo
filósofo e matemático grego Pitágoras de Samos, cujas ideias
originais incluem o significado vibracional e metafísico dos
números e o conceito abstrato de que a realidade, em que se
incluem música e astronomia, é, em nível mais profundo,
matemática por sua própria natureza; o uso da filosofia como
meio de purificação espiritual; o destino celestial do espírito e a
possibilidade de ascensão em união com esse princípio divino; a
atração de certos símbolos, por vezes místicos, tais como a
“tetraktys” (em grego: uma figura triangular consistente de dez
pontos ordenados em quatro filas, com uma, duas, três e quatro
pontos em cada fila); a proporção áurea e a harmonia das
esferas; o teorema pitagórico; a determinação no sentido de que
os membros da ordem observassem a estrita lealdade e o
segredamento.
Em seu esforço ingente para dignificar a existência
humana e incutir-lhe uma consciência reflexiva, forçando-o a
levantar templos à virtude e cavar masmorras aos vícios, o
ideário maçônico especulativo responsabiliza-se por três tarefas,
que, individualmente, representam sucessivas etapas em
a
direção ao escopo final.
A primeira delas é trabalhar no interior de suas Lojas,
aperfeiçoando o caráter de seus membros com o diuturno
desbastar da Pedra Bruta, muito embora se saiba que, depois de
polida, muitas voltam ao estágio inicial de brutalidade.
A segunda tarefa, ainda mais complexa, é relacionar-se com
o mundo profano, propagando comedidamente seus atos sem
impor-lhe os ideais maçônicos ou revelar-lhe a fonte secreta de onde
se originam aqueles, ou melhor, a Maçonaria deve ser sentida por
toda parte, mas em nenhum lugar ela deve ser desvelada.
A terceira tarefa, essa jamais poderá ser atingida, pois se
centra no campo da atividade política, com o objetivo de
aperfeiçoar o poder político governamental (executivo, legislativo e
judiciário), colocando-se Maçons (não profanos de avental) em
posições de comando, sendo que, na medida do possível, o público
nunca deveria saber que são Maçons.
Nesse aspecto, a atividade proposta, nunca antes
alcançada, deveria preceder-se do segredo esotérico no interior das
Lojas, e a ação política, no âmbito dos três poderes republicanos,
de forma sutil e secreta.
Em outras épocas, a Maçonaria Especulativa tomou as
rédeas da política internacional, especialmente, nos principais
movimentos revolucionários que sacudiram a Europa e o mundo
desde 1789, com o louvor de que, sempre, houve o segredo cercando
todas essas atividades, uma vez que ela jamais foi mencionada na
imprensa, e os livros de História são silentes quanto ao poder e à
influência da Ordem. Reportagens sobre encontros e congressos
maçônicos não são disponibilizados para o grande público.
Hoje, sabe-se que o Tratado de Versalhes de 1919, assinado
pelas potências europeias depois de encerrada, oficialmente, a
Primeira Guerra Mundial, em continuidade ao Armistício de 1918,
firmado em Compiègne (França), foi, diretamente, inspirado pela
Maçonaria. Suas cláusulas foram trabalhadas em uma grande
conferência internacional maçônica, que tomou lugar em 28, 29 e
30 de junho de 1917, no Quartel General do Grande Oriente da
França, na Rue Cadet, em Paris.
Essa conferência foi cuidada por representantes das
principais Lojas de países aliados e neutros - Itália, Suíça, Bélgica,
Sérvia, Espanha, Portugal, Argentina, Brasil, Estados Unidos (de
onde duas Lojas em Arkansas e Ohio, não representadas,
enviaram cordiais saudações) e assim por diante; somente a
Grande Loja da Inglaterra não esteve representada.
A continuidade de todo esse trabalho depende de nós;
isoladamente, por nossos atos, ou, coletivamente, por intermédio
de uma intervenção maçônica segura em defesa da Pátria e da Lei:
Et pluribus unum, (De todos, um). ?
b
O Poder da Criação do Homem
E
necessário ao homem entrar em contato consigo
mesmo, de forma profunda e permanente,
levando-o à libertação do atraso ao qual se
submete, fruto tão somente das impressões autocriadas
desde os primórdios. Para tanto, é prudente apreciar o que
já se conquistou: do simples agrupar-se em bando
primitivo à complexa convivência na sociedade
contemporânea; do manuseio do fogo pré-histórico à
combustão que impulsiona os meios de transporte atuais;
da formação rudimentar da comunicação ao moderno e
sofisticado sistema de informações online; da imagem
animalesca natural que o precedeu à escultural silhueta,
deliberadamente
manipulada
e
tão
avidamente
perseguida; ou, resumidamente, do
sonho à realização de tudo quanto
lhe foi possível empreender. Ele
pode bem mais, todavia não
acredita, porquanto não ousa pensar
a respeito. Pois, a partir do momento
em que investir em impensados
terrenos, ali certamente lhe renderão
novos e interessantes resultados.
Assim procede-se desde o advento
dos primeiros traços da inteligência.
Logo, à exceção dos recursos
naturais, todo o resto foi inventado
para fins da adaptação humana (e,
também, atender à obsessão pelo
conforto que, hoje, faz adoecer pela
acomodação física, intelectual e
espiritual),
obedecendo
às
informações genéticas que, sempre,
impuseram a sobrevivência, o
aperfeiçoamento e a continuidade
transmitida às gerações posteriores. Emerge, portanto, a
perspectiva de que o homem possui imenso poder de
criação. Embora soe óbvia tal afirmação, ela é
desconhecida ou duvidosa para grossa parte da
população, haja vista poucos se darem conta de que
carregam consigo tamanha capacidade criadora. Ela,
ainda, permanece no campo do mistério. Muito do que se
concretiza, ainda, diz respeito aos desejos inconsequentes,
sem a devida consciência daquilo que deve ser
ambicionado, e do correspondente e necessário grau de
empenho e persistência, levando muitos a desistir das suas
a
Armando Corrêa de Siqueira Neto
realizações. De um lado, há desejos concretizados
inadequadamente, e, de outro, existem aqueles que são
abandonados durante a sua própria gestação.
A questão, contudo, não se encerra. Deve-se considerar,
ainda, que as invenções geradas pelo homem podem ruir de
modo igualmente poderoso, deixando-o à mercê do fracasso –
ainda que possa recuperar-se posteriormente e prosseguir a sua
jornada. Refiro-me ao fato de as invenções serem, apenas,
efeitos causados pelas ideias humanas, e, como tal, serem
frágeis, pois elas são sólidas só na aparência. Basta analisar a
falta de controle existente nas sociedades ao redor do mundo, a
corrupção alastrada e a violência (maneira pela qual se expressa
o nosso lado primitivo, ainda, muito presente) atestam,
facilmente, tal descontrole e a pretensa
solidez (além da infantilidade na escala
evolutiva). Tal autoengano é necessário
em razão da esperança depositada na
ordem das coisas. Do contrário, perderse-ia a fé e o rumo. Apegamo-nos,
vigorosamente, ao jogo tecido pela teia
da autoilusão. No entanto, os exageros
voltados ao conforto egoísta têm se
sobrepujado
às
necessidades
comunitárias,
dificultando,
exageradamente, a manutenção das
conquistas inventadas. Ou seja, muito
desejo
tanto
egoísta
quanto
inconsequente produziu-se nos últimos
tempos, levando, doentiamente, o
convívio social ao sufocamento.
Entretanto, só o homem,
inventor da atual situação, pode
modificar o cenário. Mas é preciso
convencer-se disso primeiramente,
pois, infelizmente, os poucos desejos de transformação
favorável, percebidos por hora, são abortados pela descrença
que se instalou ferozmente através de outros tantos
inconsequentes. Reflexão, consciência e ação podem mudar,
profundamente, o que se tem em mira. Eis o poder de
criação do homem, que só pode ser percebido mediante o
testemunho consciente do seu autor.
*Armando Corrêa de Siqueira Neto é psicólogo (CRP 06/69637),
palestrante, professor e mestre em Liderança. Coautor dos livros
Gigantes da Motivação, Gigantes da Liderança e Educação 2006.
E-mail: [email protected]
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Ontem e Amanhã
“Só existem dois dias do ano sobre os quais nada pode ser feito: um deles se chama ontem;
o outro, amanhã. Portanto, hoje é o dia certo para você amar, sonhar, ousar, produzir e, acima de tudo, acreditar ...”
Dalai Lama
Hoje vou apagar do meu calendário dois dias: Ontem e Amanhã! Ontem foi para aprender! Amanhã será uma
consequência do que posso fazer hoje. Hoje enfrentarei a vida com a convicção de que este dia nunca mais retornará.
Hoje é a última oportunidade que tenho de viver intensamente, já que ninguém me assegura que amanhã verei o
amanhecer. Hoje terei coragem para não deixar passar as oportunidades que se apresentam, que são as minhas chances de
triunfar! Hoje aplicarei a minha riqueza mais apreciada: O meu tempo! Meu trabalho mais transcendental: A minha vida!
Passarei cada minuto apaixonadamente para transformar este dia num único e no melhor dia da minha vida! Hoje
vencerei cada obstáculo que surgir no meu caminho acreditando que vencerei!
Hoje resistirei ao pessimismo e conquistarei o mundo com um sorriso, com uma atitude positiva, esperando
sempre o melhor! Hoje farei de cada humilde tarefa uma sublime expressão!
Hoje terei meus pés sobre a terra compreendendo a realidade! E as estrelas cintilarão para inaugurar o meu futuro.
Hoje usarei o meu tempo para ser feliz! Deixarei as minhas pegadas e a minha presença nos corações queridos!
Venha viver comigo uma nova estação onde sonharemos que tudo a que nos propomos pode ser possível! E
ousaremos brindar a próxima manhã com a certeza de um dia melhor.
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Eventos Culturais b
Vem aí o XV Encontro Nacional da Cultura Maçônica. De 8 a 10 de abril, em Brasília. Esse evento tem o apoio cultural da
Revista Arte Real.
a Arte Real – Edições Anteriores
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As edições anteriores se encontram disponíveis para download em vários sites maçônicos e, também, no site www.entreirmaos.net
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rte Real é uma Revista maçônica virtual, de publicação mensal, fundada
em 24 de fevereiro de 2007, com registro na ABIM – Associação Brasileira
de Imprensa Maçônica – 005-JV, que se apresenta como mais um canal de
informação, integração e incentivo à cultura maçônica, sendo distribuída,
diretamente, via Internet, para 14.158 e-mails de Irmãos de todo o Brasil e,
também, do exterior, além de uma vasta redistribuição em listas de discussões,
sites maçônicos e listas particulares de nossos leitores. Sentimo-nos muitíssimo
honrados em poder contribuir, de forma muito positiva, com a cultura maçônica,
incentivando o estudo e a pesquisa no seio das Lojas e fazendo muitos Irmãos
repensarem quanto à importância do momento a que chamamos de “¼ de Hora
de Estudos”. Obrigado por prestigiar esse altruístico trabalho.
Editor Responsável, Diagramação, Editoração Gráfica e Distribuição: Francisco Feitosa da Fonseca - M∴I∴ - 33º
Revisão Ortográfica: João Geraldo de Freitas Camanho - M∴I∴ − 33º
Colaboradores nesta edição:
Angelina Debesys – Antonio Castaño Ferreira – Armando Corrêa de Siqueira Neto - Getúlio Medeiros – José Inácio da
Silva Filho – Noemy Martari e Silva Santos – Raimundo Rodrigues – Rui Ferreira da Silva
Empresas dos Irmãos Patrocinadores:
Arte Real Software – Bisotto Imóveis - CH Dedetizadora – CONCIV - CFC Objetiva Auto Escola – Decisão Gestão Empresarial - Dirija
Rent a Car – Empório Bacellar - Formadores de Opinião - Gráfica Everesty – Ideal Despachos Aduaneiros Ltda – Kit
Market - López y López Advogados – Olheiros.com – Pousada Mantega - Qualizan – Reinaldo Carbonieri
Eventos – Saneartec - Santana Pneus – Studio Allegro - Sysprodata.
Contatos:
MSN - [email protected] E-mail – [email protected] Skype – francisco.feitosa.da.fonseca
( (35) 3331-1288 / 8806-7175
As edições anteriores estão disponíveis para download em vários sites maçônicos, assim como, em nosso
Portal Entre Irmãos - http://www.entreirmaos.net ?
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