Enfermagem de Reabilitação - Counter

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Enfermagem de Reabilitação - Counter
1º CURSO DE PÓS-LICENCIATURA DE ESPECIALIZAÇÃO
EM ENFERMAGEM DE REABILITAÇÃO
Ano lectivo 2008/2009
ENFERMAGEM DE REABILITAÇÃO
ESECVP-OA
Enfª Manuela Sousa
Sumário
1 – Enquadramento Conceptual da Enfermagem de Reabilitação
1.1 – Quadros Teóricos da Enfermagem
1.2 – Teorias da Reabilitação
1.3 – Papéis da Enfermagem de Reabilitação
2 – Modelos Teóricos para a Prestação de Cuidados de
Enfermagem de Reabilitação
2.1 – Modelos Centrados no Cliente
2.2 – Modelos Centrados nos Serviços
2.3 – Modelos Centrados no Prestador
2.4 – Práticas de Colaboração
Sumário
3 – Função Respiratória e Reabilitação Pulmonar
3.1 – Anatmo-fisiologia da respiração
3.2 – Reeducação Funcional Respiratória / Cinesiterapia Respiratória
3.3 – Mecânica Ventilatória e seus componentes
3.4 – Dinâmica costal e diafragmática
3.5 – Princípios Gerais da Reeducação Funcional Respiratória
3.6 – Técnicas abdomino-diafragmáticas
3.7 – Etapas da Reeducação Funcional Respiratória
3.8 – Permeabilidade das Vias Aéreas
3.9 – Patologias Médicas
3.10 – Doente Cirúrgico
Enfermagem de Reabilitação
O que é?
Enquadramento Teórico da Enfermagem de
Reabilitação
Segundo Stryker (1977), a Enfermagem de
Reabilitação define-se como
”um processo criativo que começa nos cuidados
preventivos imediatos,
no primeiro estádio de doença ou acidente,
continua na fase de recuperação
e implica a adaptação de todo o ser a uma
nova vida” (p.15).
Qual o âmbito da Enfermagem de
Reabilitação?
Enquadramento Teórico da Enfermagem de
Reabilitação
O âmbito da Enfermagem de Reabilitação
vai desde a Prevenção Primária
até aos níveis agudos e sub-agudos,
e constitui a base da intervenção terciária
na comunidade e nas transacções ao
longo da vida.
Enquadramento Teórico da Enfermagem de
Reabilitação
A Enfermagem de Reabilitação baseia-se em
fundamentos teóricos e científicos na medida em
que se trabalha com os utentes para:
• Definir objectivos para níveis máximos de
interdependência funcional e actividades da vida
diária;
• Promover o auto-cuidado, prevenir complicações
e posterior deficiência;
Enquadramento Teórico da Enfermagem de
Reabilitação
• Reforçar comportamentos de adaptação positiva;
• Assegurar a acessibilidade e a continuidade de
serviços e cuidados;
• Advogar uma qualidade de vida óptima;
• Melhorar os resultados esperados;
• Contribuir para reformas no carácter, estrutura e
prestação de cuidados nos serviços de saúde.
Enquadramento Teórico da Enfermagem de
Reabilitação
Actualmente nos serviços de saúde, verifica-se
uma tendência para valorizar cada vez mais as
necessidades, preferências e consentimento
informado dos indivíduos e famílias.
É dada uma maior ênfase aos valores promotores
do auto-cuidado, participação do doente, bem
estar global, Cuidados Primários e Prevenção, e
aos atributos qualitativos dos cuidados.
Modelos Teóricos da Enfermagem de
Reabilitação
As Teorias e Modelos de Enfermagem fornecem
pontos-chave para demonstrar as relações entre
a prática, a educação, a investigação e a gestão.
O desenvolvimento teórico contribui para o corpo
unificado do conhecimento científico, proporciona
a autonomia profissional e promove a unificação
e comunicação entre colegas da profissão.
Modelos Teóricos da Enfermagem de
Reabilitação
Pode ser necessário que os Enfermeiros
de Reabilitação, a fim de responderem à
grande diversidade de actividades de
Enfermagem e opções de prática, bem
como às complexas necessidades dos
utentes, tenham que combinar Modelos
com formas diferentes de organização e
de pensamento.
Modelos Teóricos da Enfermagem de
Reabilitação- perspectiva histórica
A forma como os Enfermeiros pensam e o
que pensam, o que fazem e como o fazem,
tem evoluído num contexto de mudança
social ao longo dos tempos.
Os conhecimentos, valores e crenças também
mudaram e evoluíram de acordo com as
mudanças no mundo. Por ex. o trabalho de F. Nightingale
começou durante a guerra da Crimeia, o crescente número de
homens na Enfermagem, irá afectar a direcção do conhecimento,
anteriormente orientado pelo feminismo (Perkins, Bennett & Dorman,
1993), etc.
Modelos Teóricos da Enfermagem de
Reabilitação- perspectiva histórica
As questões e as direcções dos cuidados de
saúde como um sistema, também são
influenciadas por outros sistemas de uma
sociedade ou dos eventos mundiais.
A construção actual da incapacidade e a
acessibilidade ou alocação de recursos
determina, em grande parte, a natureza da
reabilitação e as crenças acerca das pessoas
com distúrbios crónicos, incapacitantes ou de
desenvolvimento, determinando o seu
tratamento.
Quadros Teóricos da Enfermagem
Martha Rogers
Suas ideias assentam na pessoa como um campo
energético, um sistema aberto em constante troca
com o meio; ou padrões de cura alternativos como
o Toque Terapêutico.
Definiu 3 princípios de homeodinâmica que
influenciaram a evolução dos seres humanos:
•Ressonância
•Progressão em espiral
•Integridade
Quadros Teóricos da Enfermagem
Rosemary Parse
Enfatizou a interacção entre o meio e a
pessoa, realçando a importância dos valores
culturais e familiares ao definir saúde e acções
de saúde.
Uma função chave da enfermagem
protagonizada por esta teórica, é ajudar os
utentes a aceitar a responsabilidade pela sua
própria saúde.
Quadros Teóricos da Enfermagem
Virgínia Henderson
Descreveu a saúde como a base da independência
para um indivíduo, na base dos seus 14
componentes dos cuidados de enfermagem básicos
(Henderson 1966).
Como educadora, contribuiu para a apreciação de
um nível profissional da prática de enfermagem, que
requer formação uma universitária, investigação e
interacção com outros profissionais de saúde.
Quadros Teóricos da Enfermagem
Ida Orlando
Introduziu as relações enfermeiro – utente, a
resposta do utente e a sua participação nos
cuidados.
Promoveu a Enfermagem como uma profissão
de saúde distinta, capaz de providenciar um
nível óptimo de cuidados.
Quadros Teóricos da Enfermagem
Hildegaarde Peplau
Promoveu uma formação universitária na
Enfermagem e reconheceu a importância de uma
clara definição das terapias clínicas da
Enfermagem na prática.
Conceptualizou um movimento de enfermagem
em direcção a uma progressão dos papéis
terapêuticos.
Quadros Teóricos da Enfermagem
Hildegaarde Peplau
Quando o enfermeiro inicia uma relação
terapêutica, inicia a relação desempenhando
um papel que vai progredindo de um estado
para outro:
Estranho
Apoiante
Professor
Líder
Substituto
Conselheiro
Quadros Teóricos da Enfermagem
Hildegaarde Peplau
A relação interpessoal compreende 4 fases
distintas mas interdependentes:
1.
2.
3.
4.
Orientação
Identificação
Exploração
Resolução
Quer os papéis relacionais quer os processos da
relação, são influenciados por factores culturais,
sociais e ambientais.
Quadros Teóricos da Enfermagem
Imogene King
Desenvolveu a teoria de prossecução de objectivos
e de modelos de sistemas.
Percepcionou 3 sistemas em interacção:
Pessoal
Interpessoal
Social
Os sistemas e as relações enfermeiro - doente
são percepcionados como meios essenciais para
atingir os objectivos.
Quadros Teóricos da Enfermagem
Imogene King
A teoria de King realça a importância de se
assegurar o respeito pelos direitos e valores
dos doentes, aquando dos estabelecimento de
objectivos.
Os conceitos do Modelos de Sistemas Abertos
de King são sistemas sociais, percepção,
saúde e relações interpessoais.
Quadros Teóricos da Enfermagem
Imogene King
Os conceitos podem ser utilizados na Enfermagem
de Reabilitação para:
• Estabelecer objectivos mútuos e realistas
• Identificar objectivos de curto e longo prazo e para toda
a vida
• Adoptar ou rever objectivos
• Participar com doentes e famílias
• Intercruzar com componentes do sistema interpessoal
como a comunicação, stress, interacções e transacções,
a fim de definir o sistema social do utente (King, 1968,1971).
Quadros Teóricos da Enfermagem
Imogene King
A transacção entre doente e enfermeiro ocorre
quando os objectivos comuns são atingidos
conforme o indicado pela satisfação do doente,
melhor aprendizagem, diminuição do stress e
ansiedade e a utilização dos papéis que vão de
encontro aos mesmos.
Só desta forma os recursos são usados com
vista à máxima funcionalidade independente
nas actividades de vida diária.
Quadros Teóricos da Enfermagem
Calista Roy
Concebia uma pessoa como um sistema
adaptativo.
A pessoa incapacitada vive mudanças que podem
afectar o seu auto-conceito e atrasar a adaptação
com sucesso à sua incapacidade (Trieschman, 1987).
O papel do Enfermeiro é ajudar o doente e família
com respostas positivas aos estímulos exteriores.
Quadros Teóricos da Enfermagem
Calista Roy
O Modelo de Adaptação de Roy identificou
quatro modos de adaptação nos doentes que se
estão a adaptar à perda e à mudança:
Necessidades fisiológicas
Auto-conceito
Domínio de papéis
Interdependência
Quadros Teóricos da Enfermagem
Myrna Levine
Para Levine a intervenção de enfermagem é
ajudar o doente a conservar a energia, bem como
a sua integridade estrutural, pessoal e social.
Uma saúde optimizada usaria princípios de
conservação, a fim de manter a função, o
equilibrio, a auto-identidade e a socialização
(Levine, 1967).
Quadros Teóricos da Enfermagem
Myrna Levine
Na Enfermagem de Reabilitação, a
conservação eficiente de energia é algo de
essencial a considerar aquando do
planeamento dos cuidados com um doente
que terá de lidar com a fadiga.
Quadros Teóricos da Enfermagem
Dorothea Orem
Define que o papel da Enfermagem, é de
assistência ao doente, com vista à máxima
independência ou uma morte digna.
Os múltiplos níveis de capacidade de
auto-cuidado dos doentes concebidos por Orem,
a atenção ao todo e as suas contribuições para a
educação do doente, são francamente
reconhecidas pelos Enfermeiros de Reabilitação.
Quadros Teóricos da Enfermagem
Dorothea Orem
A chave da utilização da teoria de auto-cuidado,
na Enfermagem de Reabilitação, está numa
avaliação criteriosa de cada categoria de
auto-cuidado.
Este modelo é utilizado por forma a planear
actividades que os doentes sejam capazes “de
iniciar e desempenhar por si, na manutenção da
vida, saúde e bem-estar”, numa base individual
(Orem, 1971/1980).
Quadros Teóricos da Enfermagem
Dorothy Johnson
O seu Modelo de Sistemas de Comportamento
interrrelaciona a pessoa, o meio e o contexto
sócio-cultural.
Os problemas de saúde ocorrem apartir da
pessoa ou do ambiente.
A Enfermagem deveria regular a manutenção do
equilibrio e estabilidade do doente, a fim de
satisfazer o subsistema das NHB.
Quadros Teóricos da Enfermagem
Dorothy Johnson
Contribuições para o pensamento de Enfermagem:
Atenção às respostas biopsicossociais
Atenção aos valores multiculturais e aos
efeitos do ambiente no comportamento
Centra-se no comportamento, mais do que
na doença
Redução do stress
Quadros Teóricos da Enfermagem
Dorothy Johnson
O seu modelo era suposto providênciar evidências
da Enfermagem como profissão, com as suas
próprias esferas de responsabilidade,
complementares, mas independentes da medicina.
Um Enfermeiro de Reabilitação recorre a princípios
deste modelo acerca dos papéis, quando faz
acordos com o doente ou família numa mudança
comportamental.
Quadros Teóricos da Enfermagem
Betty Neuman
Propôs um Modelo de Sistemas Total.
Traz conceptualizações epidemiológicas de níveis
de prevenção, linhas de defesa e de múltiplas
variáveis de volta à enfermagem.
Por todo o seu Modelo surgem conceitos como
adaptação, factores de stress, pessoa no seu
todo e intervenção preventiva (Neuman, 1989).
Quadros Teóricos da Enfermagem
Betty Neuman
O seu modelo apresenta a propriedade de poder
ser utilizado por equipas transdisciplinares por
todas as profissões de cuidados de saúde e ao
longo de todos os níveis e estados de cuidados.
Por ex. foi aplicado à gestão de caso a longo-prazo, para pessoas com deficiências que
vivessem na comunidade (Hoeman & Winters,
1990).
Quadros Teóricos da Enfermagem
Betty Neuman
Este Modelo de Sistemas de Cuidados de
Saúde é útil na Enfermagem de Reabilitação,
em programas complexos de cuidados, para
o planeamento de cuidados para toda a vida
e para a continuidade desde o início da lesão
ou doença, até à instituição ou comunidade.
Quadros Teóricos da Enfermagem
Nancy Roper
Desenvolveu um modelo para conceptualizar uma
“amálgama de actividades”, com as actividades de
vida diária (AVD) como critério para o modelo.
As AVD são todas as coisas que as pessoas fazem
na vida, num contínuo de depedência-independência.
Quando incapazes de realizar tais actividades
independentemente, necessitam de ajuda.
Quadros Teóricos da Enfermagem
Nancy Roper
As AVD separam-se em 2 grupos:
Necessárias à vida
Participação na vida
• Respiração
• Alimentação e deglutição
• Eliminação intestinal e vesical
• Sono e repouso
• Manutenção da integridade da pele
• Controlo da temperatura corporal
• Acessibilidade em casa e
comunidade
• Trabalho e lazer
• Sexualidade e função sexual
• Movimento
• Comunicação
• Higiene e arranjo pessoal
Quadros Teóricos da Enfermagem
Nancy Roper
Conceptualiza várias dimensões e muitas
actividades específicas que poderão relacionar-se
com cada actividade de vida.
Compartimentando esta complexidade, todas as
actividades estão interrelacionadas e afectam a
funcionalidade total. Por ex. aspectos físicos, psicológicos,
sociais, incapacidade ou deficiência, são aspectos que podem interferir
com o progresso em direcção à máxima independência de um doente.
Quadros Teóricos da Enfermagem de
Reabilitação
Compreender a fonte dos conceitos
utilizados para avaliar um doente,
confere credibidilidade e objectivo à
prática, e estabelece uma relação
entre teorias, acções e resultados.
Quadros Teóricos da Enfermagem de
Reabilitação
Os Enfermeiros de Reabilitação mais bem
sucedidos, são aqueles que estão preparados
para avaliar o sistema de cuidados de saúde
de uma outra cultura, o que significa uma
correcta avaliação do contexto, do processo,
do significado e de modelos de explicação,
antes de fazer quaisquer juízos ou iniciar
intervenções (Hoeman, 1989).
Quadros Teóricos da Enfermagem de
Reabilitação
No presente nível de desenvolvimento
teórico e de experimentação de conceitos,
nenhum modelo unificado ou combinação
de teorias, é adequado ou suficiente para
servir um paradigma único para a
enfermagem profissional.
Referências Bibliográficas
HOEMAN, Shirley P – Enfermagem de Reabilitação:
Aplicação e processo. 2ª ed. Loures: Lusociência,
2000.

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