Julho - Gazeta Valeparaibana

Transcrição

Julho - Gazeta Valeparaibana
Edição 68 Ano VI - Julho
2013
Distribuição Gratuita
Vale do Paraíba Paulista - Litoral Norte Paulista - Região Serrana da Mantiqueira - Região Bragantina - Região Alto do Tietê
História e Atualidade
RECICLE INFORMAÇÃO: Passe este jornal para outro leitor ou indique o site
Atualidades e Reflexões
Pág.: 03
Pág.: 04
1932 e o Brasil de hoje:
Política e Cidadania
Pág.: 05
Educação é Progresso
Pág.: 06
Contos, Lendas e Mitos
Pág.: 07
A Cerca - Parte II
Pág.: 08
E agora José?
Pág.: 09
Maior Idade Penal
Pág.: 10
Sobre Laicidade
Pág.: 11
Socializando Ideias
Pág.: 12
Nossas Crianças
Pág.: 13
Política e Políticos
Pág.: 14
No Brasil, no Estado de São
Paulo, o feriado de 9 de julho,
para o povo paulista, é uma
ocasião para lembrar dos valores de liberdade, democracia e respeito à Constituição.
Esses foram os ideais que
levaram São Paulo a fazer a
Revolução Constitucionalista
de 1932 contra o Governo
Provisório de Getulio Vargas,
que dirigia o país como bem
entendia, sem respeito à
Constituição, à liberdade e à democracia. Nessa lembrança dos ideais que motivaram seus ancestrais, pais ou avós, a lutarem por um
país melhor, com democracia e respeito às leis estabelecidas é provável que muitos paulistas (e brasileiros de outros Estados) façam
uma comparação com o Brasil de hoje, pois são encontradas situações semelhantes como as que ocorreram em 1932, parecendo que
a "História está se repetindo".
Nossos Filhos
Pág.: 15
Leia mais: Página 3
Universidade de Coimbra
Pág.: 16
Datas importantes
JULHO
01 - Dia Mundial das Bibliotecas
02 - Dia Internacional das Cooperativas
03 - Dia do Tratado da Cooperação Amazônica
Promulgação da Lei Afonso Arinos (1951)
04 - Morte de Monteiro Lobato (1948)
05 - Dia do Hospital
06 - Criação do IBGE (1934)
Morte de Castro Alves (1871)
07 - Nascimento de Artur Azevedo ((1855)
Nascimento de Rodrigues Alves (1848)
08 - Dia do Esporte Amador, Cultura , Ciência
09 - Revolução Constitucionalista (1932)
10 - Dia Mundial da Lei e Dia da Pizza
11 - Dia Mundial da População
14 - Dia da Liberdade do pensamento
15 - Instalação Congresso Brasileiro (1890)
17 - Dia de Proteção das Florestas
18 - Coroação de D. Pedro II (1841)
Morte de Castelo Branco (1967)
20 - Fundação da Academia Bras. Letras
Dia Internacional do amigo
22 - Semana da Agricultura
Criação do FMI ou IMF (1944)
26 - Nascimento de Cassiano Ricardo (1895)
29 - Nascimento da Princesa Isabel (1927)
30 - Nascimento de Mario Quintana (1906)
31 - Dia da Libertação dos Indígenas Brasil
Nasc. de Ignácio de Loyola Brandão(1936)
Agora a Gazeta Valeparaibana está
online, trazendo diariamente todas as
notícias relevantes nas áreas da
Educação, Cultura, Meio Ambiente e
Sustentabilidade Social
Confira!
www.gazetavaleparaibana.com
Cidadania
as revoluções necessárias
EDUCAÇÃO NÃO É COMPETIÇÃO
Cada vez mais aumenta o número de pessoas exigindo que se remunere os professores de acordo com que lecionam e que produzem mais. Todas as opiniões giram em torno de se remunerar os
professores através de bônus e só teriam direito a aumento de salário os considerados com bom desempenho (produzem mais e melhor).
E como saber qual o professor que trabalha melhor ou pior?
Como saber o volume de trabalho do professor?
Como saber se o atual professor está educando bem os seus alunos?
Quais critérios a serem utilizados?
Leia mais: Página 6
O Gigante Acordou (3ª. Versão)
O GIGANTE ACORDOU:
E não foi por causa de R$ 0,20
As manifestações em
torno do aumento da
passagem de ônibus
pelo Brasil vêm demonstrando a insatisfação da
população com o atual
sistema de governo. O
problema não vem sendo somente em torno
do aumento, mas sim de um problema mais profundo: o sistema de coronelismo no Brasil.
Leia mais: Página 9
A maioria das pessoas não quer realmente a
liberdade, pois liberdade envolve
responsabilidade, e a maioria das pessoas tem
medo de responsabilidades.
Sigmund Freud
Este veículo, transcende a sala de aula como proposta para reflexão, discussão, interação e aprendizagem sobre
temas dos projetos desenvolvidos pela Associação “Formiguinhas do Vale”, organização sem fins
lucrativos , com ênfase em assuntos pontuais e inerentes à sustentabilidade social e ambiental.
Filipe de Sousa
e
Meio
Ambiente
Formiguinhas do Vale
www.formiguinhasdovale.org
A Associação
tem como principal objetivo interferir nas mudanças comportamentais da sociedade que o momento
exige, no que tange a preservação ambiental, sustentabilidade e paz social, reflorestamento, incentivo à agricultura orgânica, hortas comunitárias e familiares, preservação
dos ecossistemas, reciclagem e compostagem do lixo doméstico além, de incentivar a
preservação e o conhecimento de nossas
culturas e tradições populares. Formalizado
através do Projeto Social ‘EDUCAR - Uma
Janela para o Mundo’ e multiplicado e divulgado através deste veículo de interação.
Projetos integrados:
•
Projeto
“Inicialização Musical”
Este projeto tem por finalidade levar o
conhecimento musical, a crianças e adultos
com o fim de formar grupos multiplicadores,
sempre incentivando a música de raiz de
cada região, ao mesmo tempo em que se
evidenciam as culturas e tradições populares de cada região. Inicialmente iremos formar turmas que terão a finalidade de multiplicação do conhecimento adquirido, no
projeto, em cada Escola e em suas respectivas comunidades.
Projeto
“Viveiro Escola Planta Brasil”
•
Este projeto visa a implantação de um
Viveiro Escola, especializado em árvores
nativas das Matas Atlântica e Ciliares. Nele
nossas crianças irão aprender sobre os
ecossistemas estudados, árvores nativas,
técnicas de plantio e cuidados; técnicas de
compostagem e reciclagem de lixo doméstico, etc. Tudo isto, integrando-se o teórico à
prática, através de demonstrações de como
plantar e cuidar, incentivando e destacando
também, a importância da agricultura orgânica, hortas comunitárias e familiares. Serão
formadas turmas que terão a finalidade de
se tornarem multiplicadoras do conhecimento adquirido em cada comunidade.
•
Projeto “Arte&Sobra”
•
Projeto “SaciArte”
Neste Projeto Social iremos evidenciar
a necessidade da reciclagem, com a finalidade de preservação dos espaços urbanos
e, como fator de geração de renda. Também
serão formadas turmas multiplicadoras de
conhecimento, que terão como função a formação de cooperativas ou grupos preservacionistas em suas comunidades.
Este projeto é um formador de grupos
musicais onde as culturas regionais e a música de raiz sejam o seu tema. Primeiramente será formado um grupo composto por
crianças, adolescentes e adultos com responsabilidade de participação voluntária, no
grupo da comunidade da Região Cajuru na
Zona Leste de São José dos Campos.
# SEJA UM VOLUNTÁRIO. Conheça !!!
Fale conosco
0xx12 - 9114.3431
Acesse: http://www.formiguinhasdovale.org
JULHO 2013
Gazeta Valeparaibana
Página 02
Editorial
Crônica
Lei do caminhão de lixo
O tempo anda escasso?
Um dia peguei um táxi para o aeroporto, estávamos rodando
na faixa certa quando um carro preto saiu de repente do estacionamento direto na nossa frente.
Mas que tempo é este? E para que precisamos de tanto tempo assim?
Há este frio para variar nos faz recolher. Mesmo assim caminhamos pelas ruas desvendando o mundo.
O taxista pisou no freio bruscamente, deslizou e escapou de
bater em outro carro, foi mesmo por um triz!
Ando a colher estrelas que trazem o tempo dentro de si.
O motorista desse outro carro sacudiu a cabeça e começou a
gritar para nós nervosamente.
Mas o taxista apenas sorriu e acenou para o cara, fazendo
um sinal de positivo. E ele o fez de maneira bastante amigável.
Indignado lhe perguntei: Porque você fez isto? Esse cara
quase arruína seu carro, a nós e quase nos manda para o
hospital ?!?!
É as estrelas tem o tempo dentro delas.
Houve um tempo que só havia dia e noite.
Depois inventamos as ampulhetas.
Surgiu o relógio de sol.
E os animais não estão nem ai para eles só existem a noite e o dia.
Ultimamente vejo a madrugada passar confesso que é meio a contra gosto.
Prefiro uma boa noite de sono.
Mas que correria é esta em que vivemos?
Gosto de minhas caminhadas pela Mantiqueira sem preocupação com o tempo. Sem
horários às vezes um amigo que gosta de se apressar vai junto. E ai faz valer um
tempo chato.
Foi quando o motorista do táxi me ensinou o que eu agora
chamo de " A Lei do Caminhão de Lixo".
Às vezes passo alguns segundos no inferno garanto-lhes é infernal…
Ele explicou que muitas pessoas são como caminhões de
lixo.
E as madrugadas me fazem rever a vida toda que chato.
O que passou simplesmente já foi. E não será diferente.
Temos que viver nosso tempo.
Este tempo em que escrevo.
Este tempo de internet… De FaceBook … Momento de lazer enquanto não leio textos
indicados por amigos.
E ouço música em uma rádio.
É a vida e o que fazemos de nosso escasso tempo?
Andam por aí carregadas de lixo, cheias de frustrações, de
raiva, traumas e desapontamento.
A medida que suas pilhas de lixo crescem , elas precisam de
um lugar para descarregar e as vezes descarregam sobre a
gente.
Nunca tome isso como pessoal.
Isso não é problema seu! É dele!
Apenas sorria, acene, deseje-lhes sempre o bem, e vá em
frente.
Não pegue o lixo de tais pessoas e nem o espalhe sobre as
outras pessoas no trabalho, em casa ou nas ruas. Fique tranquilo...respire E DEIXE O LIXEIRO PASSAR.
O princípio disso é que pessoas felizes não deixam os caminhões de lixo estragar seu dia.
A vida é muito curta, não leve lixo com você!
Limpe os sentimentos ruins, aborrecimentos do trabalho, picuinhas pessoais, ódio e frustrações.
Ame as pessoas que te tratam bem. E trate bem as que não o
fazem.
A vida é dez por cento do que você faz dela e noventa por
cento da maneira como você a recebe !
O tempo anda escasso?
Às vezes é bom dormir. Planejar novos paços. Se o universo nos permitir.
Realizar sonhos, criar novas utopias…
As ideias muitas vezes se repetem mas fazem-se necessárias.Acabei de abaixar um
programa que cria música quem sabe eu finalmente recriador de sons…
Ir além das palavras, das imagens e criar uma sonoridade minha.
Gastaria um tempo com isto. Gosto de gastar meu tempo em meditação. Em oração.
Em busca de nosso pai que está em nós.
Enfim o que é o tempo ?
E o que fazemos de nosso tempo.
Em nossa infância não chegávamos a pensar…
Preciso reler Fernando Pessoa …
Devo me ler me acessar.
Enfim a meu tempo de escrever. E talvez um tempo de um leitor,
Será que somos o tempo?
O tempo anda escasso?
E a o tempo do Eclesiastes … que nos fala do tempo …
Que nos conta sobre a vida…
Enfim o tempo anda escasso?
João Carlos Faria
Livrem-se dos lixos!!
Arnaldo Jabor
Rádio web
CULTURAonline Brasil
NOVOS HORÁRIOS e NOVOS PROGRAMAS
Prestigie, divulgue, acesse, junte-se a nós !
A Rádio web CULTURAonline, prioriza a Educação, a boa Música Nacional e programas
de interesse geral sobre sustentabilidade social, cidadania nas temáticas: Educação,
Escola, Professor , Família e Sociedade.
Uma rádio onde o professor é valorizado e tem voz e, onde a Educação se discute num
debate aberto, crítico e livre. Mas com responsabilidade!
Acessível no links: www.culturaonlinebr.org
A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído mensalmente para download e
Gazeta Valeparaibana
visa a atender à Cidade de São Paulo e suas Regiões Metropolitanas.
é um MULTIPLICADOR do Projeto Social
Todas as matérias, reportagens, fotos e
Vale do Paraíba Paulista, Serrana da Mantiqueira, Litoral Norte Paulista,
“Formiguinhas do Vale” e está presente
demais conteúdos são de inteira responBragantina e Alto do Tietê e ABC Paulista.
mensalmente em mais de 80 cidades do Cone
sabilidade dos colaboradores que
Editor: Filipe de Sousa - FENAI 1142/09-J
Leste Paulista, com distribuição gratuita em
assinam as matérias, podendo seus
Revisão de textos: Francisca Alves
cerca de 2.780 Escolas Públicas e Privadas de
conteúdos não corresponderem à
Veículo divulgador da Associação
Ensino Fundamental e Médio.
opinião deste projeto nem deste Jornal.
“Formiguinhas do Vale”
“Formiguinhas do Vale”
IMPORTANTE
www.formiguinhasdovale.org
CULTURAonline BRASIL
Uma OSCIP - Sem fins lucrativos
Gazeta Valeparaibana
JULHO 2013
Página 03
História e Atualidade
1932 e o Brasil de hoje:
as revoluções necessárias
era para a área da saúde, para melhorar o atendimento à população, mas
foi usado para outros fins), o aumento
do IOF e tantos outros fatos que a imprensa noticia.
O povo paga a conta de impostos
que são cobrados, mas constata muita
roubalheira do dinheiro público... Até
quando o povo terá paciência com
tanta coisa errada? As passeatas que
estão ocorrendo em todo o país neste
mês de junho de 2013 indicam que o
povo está tendo consciência desses
desmandos e não os aceita mais passivamente. Os slogans dos cartazes
Por: Antonio de Andrade
nas passeatas reivindicam um basta à
corrupção e um anseio de todos por
No Brasil, no Estado de São Paulo, mudanças que melhorem este país
o feriado de 9 de julho, para o povo além de outros anseios do povo!
paulista, é uma ocasião para lembrar
Em 1932 o povo também perdeu a
dos valores de liberdade, democracia
paciência com os desmandos de um
e respeito à Constituição. Esses foram
governo comandado por Getulio Varos ideais que levaram São Paulo a
gas, um governo que de início era profazer a Revolução Constitucionalista
visório, mas parecia querer se perpede 1932 contra o Governo Provisório
tuar no poder, adiando as mudanças
de Getulio Vargas, que dirigia o país
necessárias, como a elaboração de
como bem entendia, sem respeito à
uma nova Constituição. Hoje as notíConstituição, à liberdade e à democracias da imprensa, demonstram que
cia. Nessa lembrança dos ideais que
também ocorre um adiamento, para
motivaram seus ancestrais, pais ou
qualquer dia, protelando-se as reforavós, a lutarem por um país melhor,
mas necessárias para o país, tributácom democracia e respeito às leis esria, de distribuição de renda, de detabelecidas é provável que muitos
senvolvimento de empregos, etc., e
paulistas (e brasileiros de outros Estaesse jogo de empurra para algum dia,
dos) façam uma comparação com o
é feito, conforme as notícias publicaBrasil de hoje, pois são encontradas
das diariamente, porque gasta-se a
situações semelhantes como as que
maior parte do tempo em briguinhas
ocorreram em 1932, parecendo que a
políticas entre os que deveriam estar
"História está se repetindo".
trabalhando para essas reformas, paComo em 1932, no Brasil de hoje ralisando as votações e os trabalhos
há um mal-estar nas pessoas, ocor- legislativos e ocupando o tempo do
rendo um sentimento cívico de vazio, executivo para manter a maioria dos
de indignação, de revolta e repugnân- políticos favoráveis a ele.
cia em relação à muita coisa que tem
Basta ligar a TV, ouvir rádios ou
ocorrido no país.
ler os jornais e revistas para se consNa atualidade esse sentimento é em
tatar os fatos que levam a essa conrelação aos escândalos do mau uso
clusão. Você, certamente irá lembrar
ou gatunagem do dinheiro público, as
de muitos fatos que tem presenciado
notícias de corrupção, e as ações tanpela imprensa, provocando em você,
to executivas quanto legislativas que
e muitas outras pessoas, um sentiparecem não levar em conta o bem
mento de revolta, de indignação e reestar do povo e do país. E o povo paspugnância por tudo isso que tem sabisa a ser usado apenas como marionedo.
te, e no fim de tudo é ele quem paga
No passado os políticos lutavam
as contas de planejamentos falhos e
por poder, no exemplo da "Política
outras ações, dos impostos disfarçacafé com leite" que existia desde o
dos (como o da CPMF que havia temImpério até 1932. Na atualidade, é
pos atrás, imposto que originalmente
difícil achar algum político que demonstre lutar pela melhoria da cidade
onde vive, pelo Estado ou pelo Brasil,
já que um grande número de políticos
continua, como no passado, a lutar
por poder, cada vez mais. Um bom
exemplo dessa luta pelo poder é a
busca de coalizões partidárias que se
vê entre os Partidos, dentro de um
sistema político de maiorias que existe
no Brasil de hoje, visando geralmente
a um Partido ter mais poder do que
outros. Os vários escândalos e corrupções que os meios de comunicação
revelam indicam que o objetivo desses maus políticos e de outras pessoas em cargos importantes que estão
envolvidos nesses escândalos, não é
de lutar pelo bem geral do povo e melhoria do país, como seria o ideal democrático, mas "o levar vantagem" do
cargo ou posição que ocupam. Felizmente ainda são encontrados políticos, e pessoas em cargos importantes
que lutam pelos ideais e objetivos para o qual foram eleitos ou os objetivos
dos cargos que ocupam.
ciário, do atual sistema político, do
sistema tributário no qual não só o
povo tenha que pagar impostos para
sustentar os políticos e governo em
seus vários níveis, mas em especial
também aqueles que deveriam pagar
impostos e não pagam, por exemplo,
os Bancos que nada pagam conforme
foi revelado certa vez por um alto
membro do governo. E são necessárias muitas outras "revoluções", mudanças que o Congresso Nacional, as
Assembléias Estaduais e as Câmaras
Municipais e os políticos que foram
eleitos para os diversos cargos federal, estadual ou municipal, podem e
devem realizar se esses brasileiros
cumprirem a finalidade para o qual
foram eleitos pelo povo, se houver
desejo de realmente se lutar pela melhoria do município, do Estado e do
país. Mudanças que realmente tragam
mais democracia social, mais condições econômicas e de emprego para
o povo, diminuindo as gritantes desigualdades existentes no país, em especial as concentrações de renda nas
Quando se pensa nos ideais de mãos de poucos.
um país melhor que fez o povo paulisNessas "revoluções" necessárias,
ta lutar em 1932, fica-se a refletir se modificando o que precisa ser modifios ensinamentos da História não fo- cado, é preciso que cada pessoa, inram assimilados pelos políticos brasi- clusive você leitor, faça a sua parte,
leiros de hoje, eleitos para, em benefí- bem feita, dentro do seu âmbito de
cio do povo, governar os municípios, ação, seja no lar, na escola, nas unios Estados ou o país. É provável que versidades, nas empresas, no comérmuitos poucos políticos brasileiros a- cio, no âmbito das sociedades civis,
prenderam os ensinamentos históri- militares ou governamentais. Apesar
cos! E essa constatação mostra que da onda de notícias sobre corrupções
alguma "revolução" precisa ser feita descobertas e dos escândalos, geranpelo povo, afinal o verdadeiro poder do um estado emocional coletivo de
está nas mãos do povo.
repugnância podemos, como pessoas
Mas uma "revolução" sem pegar e como sociedade, voltarmos a possuem armas como foi feito em 1932, ir certos valores positivos e saudáveis,
mas pegar em outro tipo de "armas" individuais e coletivos. Vai depender
para dizer um basta aos maus brasi- somente da vontade de cada um, e
leiros que estão em cargos políticos, coletivamente, da vontade geral da
podendo por exemplo, com um VOTO sociedade.
MAIS CONSCIENTE e mais responsável nas épocas de eleição, retirar
aqueles maus políticos que existirem
no cenário municipal, Estadual ou no
nacional ou reelegendo aqueles que
realmente demonstram com suas ações patrióticas que lutam para o bem
do município, do Estado e do país.
As mudanças são possíveis de
serem alcançadas e assim, se cada
pessoa em seu âmbito de ação, realizar as ações que forem necessárias
para as mudanças, nunca mais o povo, paulista e em sentido geral, o povo
brasileiro irá precisar "pegar em armas" como ocorreu em 1932, para
Outras "revoluções" precisam ocor- trazer melhorias para o Brasil.
rer, como as reformas do sistema judi-
CULTURAonline BRASIL
mente assim conseguirá patrocinadores e valorizará seus espaços
publicitários.
EDUCAR
Uma janela para o mundo
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Incisos IV, VI, VII, VIII e IX do art. 5º da Constituição Federal.
Efetivamente os textos de tais incisos são os seguintes:
IV – “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício
dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis
e militares de internação coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e
recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”;
Todos sabemos que programas
sobre educação onde se abordem
verdades e se discuta o assunto
de forma imparcial, suprapartidariamente e com ética são raros na
mídia convencional.
São raros porque infelizmente não
dão IBOPE e a mídia convencional
busca imagem e IBOPE, pois so-
Nosso programa no ar todas as
Quintas, das 20h às 22h e, o ouvinte poderá interagir com suas
sugestões, críticas ou
questionamentos.
CULTURAonline BRASIL
Apresentado pelo
Prof. António Carlos Vieira
CONHEÇA TODA A NOSSA
PROGRAMAÇÃO
Acesse e ajude a Educação
no Brasil
www.culturaonlinebr.org
Gazeta Valeparaibana
JULHO 2013
Página 04
Atualidades e Reflexões
Brasil
A plebe e a nobreza
O Povo acordou!!!
A esperança é que se abram os canais entre a plebe e o trono, o clamor popular encontre ouvidos no castelo, as demandas
sejam prontamente atendidas
26/06/2013
Frei Betto
Era uma vez um reino governado por um rei
despótico. Sua majestade oprimia os súditos
e mandava prender, torturar, assassinar
quem lhe fizesse oposição. O reino de terror
prolongou-se por 21 anos.
Os plebeus, inconformados, reagiram ao déspota. Provaram que ele estava nu, denunciaram suas atrocidades, ocuparam os caminhos
e as praças do reino, até que o rei perdesse a
coroa.
Vários ministros do rei deposto ocuparam sucessivamente o trono, sem que as condições
econômicas dos súditos conhecessem melhoras. Decidiu-se inclusive mudar a moeda e
batizar a nova com um título nobiliárquico:
real.
os afetava, o descaso da casa real e a inoperância de um SUStema que, com frequência,
matava na fila o paciente em busca de cura.
Os plebeus se queixavam. Mas a casa real
não dava ouvidos, exceto aos aplausos refletidos nas pesquisas realizadas pelos arautos
do reino.
O castelo isolou-se do clamor dos súditos,
sobretudo depois que o rei abdicou em favor
da rainha. Infestado de crocodilos o fosso em
torno, as pontes levadiças foram recolhidas e
as audiências com os representantes da plebe canceladas ou, quando muito, concedidas
por um afável ministro que quase nenhum
poder tinha para mudar o rumo das coisas.
Em meados do ano, a corte promoveu, com
grande alarde, os jogos reais. Vieram atletas
de todos os recantos do mundo. Arenas magníficas foram construídas em tempo recorde,
e o tesouro real fez a alegria e a fortuna de
muitos que orçavam um e embolsavam cem.
Foi então que o caldo entornou. A plebe, inconformada com o alto preço dos ingressos e
o aumento dos bilhetes de transporte em carroças, ocupou caminhos e praças. Pesou ainda a indignação frente a impunidade dos corruptos e a tentativa de calar os defensores
dos direitos dos súditos contra os abusos dos
nobres.
Tal medida, se não trouxe benefícios expressivos à plebe, ao menos reduziu as turbulências que, com frequência, afetavam as finanA vassalagem queria mais: educação da quaças da corte.
lidade à que se oferecia aos filhos da nobreAinda insatisfeita, a plebe logrou conduzir ao
za; saúde assegurada a todos; controle do
trono um dos seus. Uma vez coroado, o rei
dragão inflacionário cuja bocarra voltara a voplebeu tratou de combater a fome no reino,
mitar chamas ameaçadoras, capazes de calfacilitar créditos aos súditos, desonerar producinar, em poucos minutos, os parcos reais de
tos de primeira necessidade, ao mesmo temque dispunha a plebe.
po em que favorecia os negócios de duques,
condes e barões, sem atender aos apelos dos Então a casa real acordou! Archotes foram
servos que labutavam nas terras de extensos acesos no castelo. A rainha, perplexa, buscou
feudos e clamavam pelo direito de possuir a conselhos junto ao rei que abdicara. Os preços dos bilhetes de carroças foram logo reduprópria gleba.
zidos.
O reino obteve, de fato, sucessivas melhoras
com o rei plebeu. Este, porém, aos poucos Agora, o reino, em meio à turbulência, lembra
deixou de dar ouvidos à vassalagem comum que o povo existe e detém um poder invencíe cercou-se de nobres e senhores feudais, de vel. O castelo promete abrir o diálogo com
quem escutava conselhos e beneficiava com representantes da plebe. Príncipes hostis à
recursos do tesouro real. Obras suntuosas rainha ameaçam tomar-lhe o trono. Paira no
foram erguidas, devastando matas, poluindo horizonte o perigo de algum déspota se valer
rios e, o mais grave, ameaçando a vida dos do descontentamento popular para, de novo,
impor ao reino o regime de terror.
primitivos habitantes do reino.
Para assegurar-se no poder, a casa real fez
um pacto com todas as estirpes de sangue
azul, ainda que muitos tivessem os dedos
multiplicados sobre o tesouro real.
O povo precisa que o sol da liberdade brilhe em raios fúlgidos em todos os instantes de nossa vida. O penhor da igualdade tem que ser conquistado para todos, não apenas
para as classes mais favorecidas. O povo brasileiro quer
conquistar com Voz forte o solo do Brasil para os brasileiros.
O povo brasileiro não aguenta mais que nossa grandeza
seja espelhada para um futuro, nós brasileiros queremos
reforma já, queremos justiça já, bradamos clamando por um
país onde a corrupção praticada pelos nossos governantes
seja extirpada do nosso meio.
O Lábaro que ostentamos estrelado, só terá paz no futuro
se as glórias forem conquistadas no presente, se os governantes desse país tiverem coragem política para fazer as
reformas que o país urge e necessita, o coronelismo já ficou
para trás é preciso olhar para o presente focado onde queremos levar nosso país no futuro.
Em nome da justiça, da repudia a corrupção, de impostos
mais justos e compatíveis com a capacidade do povo funcionar que a nação brasileira ergue da justiça a clava forte,
provando que um brasileiro não foge à luta ordeira, pacífica
clamando por respeito ao seu direito legítimo de protestar
A esperança é que se abram os canais entre
em favor da VIDA.
a plebe e o trono, o clamor popular encontre
ouvidos no castelo, as demandas sejam pron- Entre outras mil o Brasil é terra adorada, somos filhos deste
tamente atendidas.
solo mãe gentil, não aceitamos mais dormir em berço esSobretudo, dê a casa real ouvidos à voz dos plendido enquanto os maus governantes destroem o país,
jovens reinóis que ainda não sabem como a democracia, o sonho fulgurante de prosperidade de nosso
transformar sua indignação e revolta em pro- povo.
postas e projetos de uma verdadeira democracia, para que não haja o risco de retorna- Democracia é liberdade, nenhum povo pode ser livre estanrem ao castelo déspotas corruptos e demago- do com as amarras da fome, das altas cargas de impostos,
gos, lacaios dos senhores feudais e de casas da corrupção.
reais estrangeiras.
Do lado de fora do castelo, os plebeus sentiam-se contemplados por melhorias de vida,
viam a miséria se reduzir, tinham até acesso
a créditos para adquirirem carruagens próprias.
Porém, uma insatisfação pairava no reino. Os
vassalos eram conduzidos ao trabalho em
carroças apertadas e pagavam caros reais
pelo transporte precário. As escolas quase
nada ensinavam além do beabá, e os cuidaFrei Betto é escritor, autor de “Aldeia do silêndos com a saúde eram tão inacessíveis quancio” (Rocco), entre outros livros.
to as jóias da coroa. Em caso de doença, os
súditos padeciam, além das dores do mal que
BARBOSA ITO
_______________________
ADVOCACIA
EDERKLAY BARBOSA ITO
OAB/SP 193.352
www.barbosaito.com.br
O "Gigante adormecido" é constituído por pessoas que
não suportam mais contemplar em " Berço Esplêndido " a
vida passar e o tempo consumir o sonho de toda nação. O
Gigante enfim acordou, mostrando seu heróico brado retumbar nas avenidas de todo país.
Edifício Business Center
Rua Sebastião Humel, nº.171
5º. Andar - Sala 501 - Centro
São José dos Campos - SP
CEP 12.210-200
TEL/FAX (0XX12) 3942.6245
Onde mora a
liberdade, ali
está a minha
pátria.
Benjamin Franklin
Adaptação: Filipe de Sousa
Gazeta Valeparaibana
JULHO 2013
Página 05
Cidadania
Democracia Representativa
Democracia Participativa
Por: Luigi Bobbio
* Palestra proferida pelo Professor Italiano na Câmara Municipal de Porto Alegre, em 08 de junho de 2006, quando
da sua única vinda ao Brasil para participar de debates
envolvendo democracia, políticas publicas e participação
popular.
Por muitos anos acompanhei, mesmo que distante, a experiência do Orçamento Participativo (OP) que, particularmente, considero uma das
experiências mais importantes de participação no mundo. É muito importante estar
aqui em Porto Alegre. Assim pretendo falar muito brevemente porque preferiria muito
mais escutá-los, até porque essa experiência é muito mais atrativa.
O tema a que me foi proposto foi o de discutir a relação entre a democracia representativa e participativa. Esta relação é sempre muito difícil, pois sempre há em minha
opinião, tensões entre o princípio representativo e o princípio participativo. Naturalmente é possível resolvê-las e encontrar pontos de equilíbrio, mas nunca se resolverão todas as questões de uma vez por todas.
Queria repassar muito rapidamente cinco pontos fortes e cinco pontos fracos da democracia representativa. Mas antes disso, pretendo apresentar uma distinção que
penso ser muito importante, ou seja, a distinção entre a política e as políticas públicas.
Nós usamos sempre a mesma palavra “política”, para dizer “política” e “políticas públicas”, mas são duas coisas diferentes. A política é representada pela luta ou pela
competição para a gestão do poder (do Município, do Estado, da Federação). As políticas, por outro lado, são as decisões que são tomadas para enfrentar problemas
públicos. A política, no singular, é uma arena onde se confrontam os partidos.
As políticas públicas são muitas, porque são tantos quantos são os problemas que
afetam a coletividade: saúde, habitação, educação, segurança, entre outras.
Então, se a política é uma e os problemas são muitos, como colocar juntas as duas
coisas? A partir desta distinção, emergem cinco pontos fortes e cinco pontos de fracos da democracia representativa.
Pontos Fortes:
1º – A democracia representativa tem uma legitimidade muito forte, porque se baseia
sobre o número de votos que recebem os representantes. Os votos são contados e
estão materializados, são dados objetivos.
2º – Na democracia representativa as decisões são tomadas por poucas pessoas:
Vereadores, Deputados, Senadores, por isso há uma redução da complexidade da
sociedade.
3º – A profissionalização: os representantes são especialistas da política. Trabalham
quase em tempo integral na política.
4º – Os representantes podem ter uma visão do conjunto completa, e por isso podem
superar os pontos de vistas particulares e específicos de cada comunidade.
5º – Os representantes têm certa liberdade de decisão, graças ao princípio da proibição do mandato imperativo.
Pontos Fracos:
A cada ponto forte, corresponde um defeito ou um ponto fraco.
1º – O mandato que os representantes recebem com o voto geralmente são pouco
claros e incompletos. Os programas eleitorais geralmente não são completos e quase sempre os eleitores não os conhecem. Nos últimos anos, acredito um pouco em
todos os lugares e também no Brasil, está existindo uma crescente personalização
da política e por isso, os eleitores votam mais nas pessoas que nos programas.
2º – Como existem muitos problemas e muitas políticas públicas, dentro de uma assembléia representativa como o parlamento é impossível que seja representado todos os pontos de vista e todos os interesses relativos a todas as políticas, ou seja,
muitos pontos de vista, muitos interesses, muitas comunidades, não entram na Câmara de Vereadores, nem entram na Assembleia Legislativa.
3º – Sobre a profissionalização. É verdade que os representantes são muito profissionais, mas a profissionalização tem mais haver com a política do que com as políticas, ou seja, os representantes tendem a se especializar e manter relações com outros Partidos, de aliança ou de confronto e geralmente o jogo da política se torna
mais importante do que a capacidade de fazer políticas públicas, ou seja, de tomar
decisões que dizem respeito à toda coletividade.
4º – Nas Assembléias Legislativas ou representativas existem agrupamentos de Partidos pré-constituídos; há uma maioria, há uma oposição. O que acontece é que
quando se discute a escolha de uma determinada política pública, por exemplo, da
saúde, escolas, das estradas, etc. Os Parlamentares que pertencem a base do governo tendem a votar à favor da proposta, ainda que não sejam totalmente de acordo
e os Parlamentares da oposição votarão contra ainda que sejam bastante favoráveis.
Em outras palavras, o fato de existir agrupamentos pré-constituídos torna difícil uma
discussão mais aprofundada.
5º – A liberdade que têm os representantes seguidamente tendem a se direcionar
para objetivos pessoais, de carreira política, do que escolhas que interessa a coletividade como um todo.
Tenho a impressão de que esses pontos de fraqueza ou de crise da representação
estão crescendo nos últimos anos, ou seja, a crise de representação está aumentando. Não saberia lhes informar se esse fenômeno também acontece no Brasil, mas na
Itália tem aumentado notavelmente.
Existem várias razões, mas acredito que o motivo principal, é que há 20 ou 30 anos
atrás os Partidos Políticos eram capazes de estabelecer fortes ligações entre a sociedade civil e as instituições, enquanto que hoje, ao menos na Itália, não saberia informar se no Brasil, os Partidos estão muito mais fracos e a política muito mais personalizada, ou seja, conta mais as pessoas do que os Partidos Políticos.
Para solucionar esses defeitos, em todos os países do mundo nos perguntamos sobre novas formas de participação. Eu não tenho nada a dizer para vocês porque a
experiência de Porto Alegre é seguramente uma das mais importantes, porém há
muitas experiências similares ainda que menos fortes e menos estruturadas, nas
quais é confiado diretamente aos cidadãos de maneira organizada a possibilidade de
tomar decisões importantes para a sua coletividade.
Naturalmente isso cria uma tensão com os representantes, ou seja, entre a democracia representativa. Mas na democracia participativa também existem muitos problemas e dificuldades a serem solucionadas.
De fato, a democracia participativa não procura substituir a democracia representativa, ambas podem conviver juntas, mas é uma convivência difícil.
Poderia existir uma solução radical, ou seja, que os representantes oficiais, aqueles
eleitos pelo povo, não tomassem mais eles as decisões, mas seriam aqueles que
organizariam um procedimento formal para fazer com que as decisões sejam tomadas pelos cidadãos. Assim, haveria uma alteração no papel desempenhado pelos
políticos, que não seriam mais aqueles que decidem pelos outros, mas aqueles que
propõem métodos do trabalho, nos quais os cidadãos possam participar e tomar as
decisões que lhes dizem respeito.
Essas funções dos políticos seriam importantíssimas e penso que Porto Alegre é um
exemplo extraordinário, porque acredito que com a experiência do Orçamento Participativo, houve de certa forma essa delegação popular.
Construíram um método, que depois foi mudando com o tempo para confiar informalmente as decisões sobre o orçamento à cidadania, e isso me parece muito importante para a democracia.
CURTA e participe de nossa página no FaceBook “Política e Cidadania” COLE no seu navegador o link abaixo
https://www.facebook.com/groups/150403778428664/
PRESTE ATENÇÃO
Somente com a legítima liberdade de
expressão, pluralidade de
informação, respeito a cidadania, e
permanente vigilância contra as
tentativas de cercear o Estado
democrático de direito, é que
poderemos pensar em transformar
Regimes de Força, em Regimes de
Direito.
Diga não ao consumismo
Paulo Miranda
CONTATOS: 055 12 9114.3431 - Emails: CONTATO: [email protected] - PATROCÍNIOS: patrocí[email protected]:
Gazeta Valeparaibana
JULHO 2013
Página 06
Educação é progresso
EDUCAÇÃO NÃO É COMPETIÇÃO
melhor).
Cada vez mais aumenta o número de pessoas exigindo que
se remunere os professores de
acordo com que lecionam e
que produzem mais. Todas as
opiniões giram em torno de se
remunerar os professores através de bônus e só teriam direito a aumento de salário os
considerados com bom desempenho (produzem mais e
E como saber qual o professor que trabalha melhor ou
pior?
Como saber o volume de trabalho do professor?
Como saber se o atual professor está educando bem os
seus alunos?
Quais critérios a serem utilizados?
São perguntas que surgem quando se pensa em remunerar melhor os professores e saber se produzem mais.
Para complicar, o que os professores ensinam e como
ensinam só mostram os resultados alguns anos depois!
A primeira vista se parece uma maneira justa de se estimular os que melhor lecionam e mais trabalham.
Mas, as perguntas acima levam a outras perguntas
igualmente importantes: como seria a remuneração
desses professores?
Só os considerados com bom desempenho?
Todos com bom desempenho seriam premiados?
Só alguns de acordo com as condições financeiras do
tesouro (prefeituras, Estados e União)?
Como medir o desempenho de um professor?
Tendo em mente as perguntas anteriores, fiquei a lembrar de como eram incentivados, os alunos, quando
estudava as primeiras séries (primário e ginasial).
Era comum, naquela época, os melhores alunos receberem prêmios (equivalentes a bonificações que alguns
professores, considerados melhores, recebem). Esses
prêmios tinham várias modalidades, que foram sendo
modificados e extintos com o passar do tempo. Podemos citar os tipos de premiações: aluno com melhor
média/nota por disciplina, aluno com melhor média das
turmas da mesma série e aluno com a melhor média do
colégio.
Vou citar as premiações mais comuns da época: os melhores alunos por disciplinas eram, geralmente, agraciados com livros das disciplinas que tiveram melhor rendimento. Essa forma de premiação era em sua grande
maioria por iniciativa do próprio professor da disciplina.
Existia casos do professor premiar o melhor alunos da
disciplina nas turmas que lecionava e tinha alguns
(caso raro) que premiava o melhor aluno de cada turma.
bonificações (prêmios) para os que forem considerados
melhores em uma avaliação feita para tal fim.
Só que essas premiações ou bonificações tem o lado
bom e o lado ruim. O lado bom é que realmente ela estimula aos que tem chance de ganhar o prêmio/bônus a
estudarem mais para o caso dos alunos e no caso dos
professores ele irá intensificar e fazer o possível para
conseguir com que os alunos estudem e aprendam (só
não sei como irão medir isso).
Educação tem de vir do berço e cabe à
família responsabilizar-se por isso! Se
cada família praticasse esta máxima:
Educar os filhos dentro de princípios
morais e boas maneiras, com certeza
não teríamos Professores frustrados e
Mas, essas premiações estimulando uma concorrência
exauridos devido a falta de educação
como se fosse uma corrida tem o seu lado negativo. Os
de muitas crianças e jovens.
que vão conseguindo premiações irão cada vez mais se
sentindo estimulados a tentar cada vez mais e os que Todos os dias em milhares de salas de
não conseguem premiação durante algumas vezes se- aula espalhadas pelo Brasil e pelo
guidas, passam a não se sentirem estimulados e a não mundo, crianças e jovens chegam ao
ápice da mal criação destilando todo
tentar por achar que nunca irão conseguir.
tipo de impropérios nas dependências
No caso dos professores a situação é mais agravante.
da Escola e fora dela, comunicando-se
Além do fato de se correr o risco dos professores se
uns com os outros aos berros de forma
sentirem desestimulados, tem o problema que os prorude e irônica, tratando mal os colefessores premiados passaram a tem melhores condigas, Professores e demais Funcionáções financeiras e consequentemente em condições de
rios da Escola.
se atualizarem melhor que os que nunca recebem boniÉ de conhecimento da grande maioria
ficações ou mesmo qualquer aumento de salários.
das pessoas que, devido ao fato da
Esse método de bonificação já foi tentando na cidade
criança ou jovem chegar na escola
de New York (EUA) e foi retirado por que ocorreu justasem o mínimo de educação familiar,
mente o contrário daquilo que previam e consequenteocorrem uma série de problemas que
mente foi retirado justamente pela mentora do método
desencadeiam a indisciplina e tumultuproposto. Depois de algum tempo, muitos professores
am o andamento das atividades na
começaram a mudar de profissão e os que ficaram não
sala de aula, e que por esta razão,
conseguiam fazer com os alunos passassem da fase de
muitas vezes, inviabiliza que o aprendiAnalfabetismo Total e se criou um exército de Analfabezado ocorra de maneira satisfatória.
tos Funcionais.
Sob este ponto de vista seria apropriaNo Estado de São Paulo foi colocado uma avaliação
do dizer que, neste caso, os pais são
acompanhado de um sistema de bonificação
responsáveis pela indisciplina e falta
(semelhante ao colocado em New York) e mesmo asde educação dos filhos e portanto, desim o Ensino Público Paulista não consegue melhorar.
vem ser responsabilizados por isso.
Seria interessante um levantamento e análise de quantos professores foram exonerados e quantos pediram Reflita comigo, se as crianças e jovens
chegassem com um mínimo de educaexoneração nos últimos três anos.
ção de casa, dada pelos pais, boa parCertamente muitos professores estão pedindo exonerate dos problemas de indisciplina dentro
ção e mudando para outras profissões e se continuada sala de aula estariam resolvidos.
rem sendo tratados como profissionais em competição,
Esse mínimo de educação envolveria
como os únicos responsáveis pela total falta de qualidaque o aluno soubesse seis questões
de do ensino e sem serem valorizados, muitos dos probásicas:
fessores que ficaram trabalhando, ainda irão pedir exoPrincípios básicos de boas maneiras
neração e mudarão de profissão.
que todos devem trazer de casa:
Antônio Carlos Vieira
1) Pedir “Por Favor” , diga “Obrigado”,
Licenciatura Plena - Geografia
“Com licença “ e manter sempre o conEmail: [email protected]
trole emocional;
2) Falar educadamente, sem usar gírias, palavrões, ou expressões de baixo calão;
3) Tratar com respeito todos a sua volta e jamais falar de alguém pelas costas;
Tinha a premiação dos melhores alunos por séries, os
melhores alunos por séries e disciplinas e por consequência se escolhia o melhor aluno do ano letivo. Estes
recebiam livros e medalhas de honra ao mérito. Em algumas ocasiões o melhores alunos do colégio eram
premiados com valores em dinheiro.
4) Jamais usar de intimidação verbal
ou física (bullyng) para conseguir o
que deseja;
O prêmio em dinheiro foi proibido nas escolas da Rede
Pública e atualmente os livros são fornecidos gratuitamente pelos governos em suas diversas instâncias.
Toda essa premiação era feita para incentivar aos alunos estudarem mais, e os alunos estudavam visando
uma provável premiação. Claro que o efeito nem sempre era o esperado. Entretanto, para se tentar incentivar
o professor trabalhar melhor (lecionar) estão se criando
Se você tem filhos, conheça
aqui um pouco mais sobre
como lidar com isto
5) Ser íntegro: sustentar o que se diz e
faz e sempre enfrentar as consequências de seus erros;
“O homem não é nada além daquilo
que a educação faz dele.”
Immanuel Kant
CULTURAonline BRASIL
Links de acesso: www.culturaonlinebr.org /// www.formiguinhasdovale.org
6) Jamais usar de mentiras, enganação e falsas acusações;
Ahhh... Uma última dica: nunca superproteja os seus filhos e não acoberte
os seus erros ou mentiras... Eles, como qualquer outro, são sujeito a falhas
e erros e precisam arcar com as consequências disto...
Gazeta Valeparaibana
JULHO 2013
Página 07
Contos, Lendas e Mitos
A Minha única Felicidade és Tu. Quanto às qualidades e aos defeitos,
já que todos os temos, tenho mais
dificuldade em falar deles, já que
ninguém é bom juiz em causa própria. Contudo todas as minhas qualidades se fundirão numa só, a de te
adorar e não amar a mais ninguém
no mundo, anjo da minha vida.
Quando estivermos unidos, só viveremos juntos, onde um irá, o outro
seguirá, o que um quiser o outro
também há de querer. Peço-te contudo que não me impeças de fumar,
é o único vício a que me sinto seriaAté agora ainda nada te disse da mente preso.
nossa vida de família. Devo dizer-te
Quando se esteve no mar, quando
algumas palavras para que saibas
se viu a morte à frente dos olhos,
com que contar. Temos uma vida
quando se julga que nunca mais vemuito tranquila, vida que sempre deremos os nossos, o cigarro faz as
sejei e a que estou realmente habituvezes de amigo e de companheiro,
ado.
fazendo voar os pensamentos trisA música ou o teatro vêm por vezes tes, da mesma maneira que o fumo
interromper a monotonia desta vida se agita ao vento.
quase monástica.
Eu viajei bastante servindo na mariQuando vieres faremos mais ou me- nha, da qual encontrarás em mim o
nos a mesma vida interrompendo no caráter bastante desenvolvido. Mas
entanto a monotonia pelo teatro, pe- se o marinheiro gosta de fazer viaquenos serões musicais e mesmo gens, quem ele mais ama é quem o
dançantes se isso te agradar. Sem conduz à felicidade.
isso passaremos os nossos serões
Fui marinheiro e no fundo da minha
ao lado um do outro a conversar e a
alma continuo a sê-lo e aprendi que
dar graças ao bom Deus pela nossa
a seguir à tempestade vem o bom
felicidade.
tempo, a seguir às infelicidades, a
Devo também falar-te dos meus gos- felicidade.
tos e das minhas qualidades tanto
A minha única felicidade és tu.
quanto posso conhecê-los. Sou um
grande fumador, um caçador bastanDom Luis, in 'Carta a D. Maria Pia (1862)
te bom, apaixonado pela música e Rei de Portugal (1861/1869)
dançarino medíocre.
Para suportar a sua própria história, cada um
acrescenta-lhe um pouco de lenda.
Marcel Jouhandeau
A HISTÓRIA DA ÁGUIA
Caipora
É um Mito do
Brasil que os
índios já conheciam desde a época do
descobrimento. Índios e
Jesuítas o chamavam de Caiçara,
o protetor da caça e das matas.
É um anão de Cabelos Vermelhos
com Pelo e Dentes verdes. Como
protetor das Árvores e dos Animais, costuma punir o os agressores da Natureza e o caçador que
mate por prazer. É muito poderoso e forte.
Seus pés voltados para trás serve
para despistar os caçadores, deixando-os sempre a seguir rastros
falsos. Quem o vê, perde totalmente o rumo, e não sabe mais
achar o caminho de volta. É impossível capturá-lo. Para atrair
suas vítimas, ele, às vezes chama
as pessoas com gritos que imitam
a voz humana. É também chamado de Pai ou Mãe-do-Mato, Curupira e Caapora. Para os Índios
Guaranis ele é o Demônio da Floresta. Às vezes é visto montando
um Porco do Mato.
um Rolo de Fumo para agradá-lo,
no caso de cruzar com Ele.
Nomes comuns: Caipora, Curupira, Pai do Mato, Mãe do Mato,
Caiçara, Caapora, Anhanga, etc.
Origem Provável: É oriundo da
Mitologia Tupi, e os primeiros relatos são da Região Sudeste, datando da época do descobrimento, depois tornou-se comum em
todo País, sendo junto com o Saci, os campeões de popularidade.
Entre o Tupis-Guaranis, existia
uma outra variedade de Caipora,
chamada Anhanga, um ser maligno que causava doenças ou matava os índios. Existem entidades
semelhantes entre quase todos os
indígenas das Américas Latina e
Central. Em El Salvador, El Cipitío, é um espírito tanto da floresta
quanto urbano, que também tem
as mesmos atributos do Caipora.
Ou seja, pés invertidos, capacidade de desorientar as pessoas, etc.
Mas, este El Cipitío, gosta mesmo
é de seduzir as mulheres.
Conforme a região, ele pode ser
uma mulher de uma perna só que
anda pulando, ou uma criança de
um pé só, redondo, ou um homem
gigante montado num porco do
mato, e seguido por um cachorro
Uma carta do Padre Anchieta da- chamado Papa-mel.
tada de 1560, dizia: "Aqui há certos demônios, a que os índios Também, dizem que ele tem o pochamam Curupira, que os atacam der de ressuscitar animais mortos
muitas vezes no mato, dando-lhes e que ele é o pai do moleque Saci
açoites e ferindo-os bastante". Os Pererê.
índios, para lhe agradar, deixavam nas clareiras, penas, esteiras Há uma versão que diz que o Caipora, como castigo, transforma os
e cobertores.
filhos e mulher do caçador mau,
De acordo com a crença, ao en- em caça, para que este os mate
trar na mata, a pessoa deve levar sem saber.
Mas para chegar a essa idade, aos quarenta anos ela tem que tomar uma
série e difícil decisão. Aos quarenta ela está com as unhas compridas e flexíveis, não consegue mais agarrar suas presas das quais se alimenta.
O bico alongado se curva.
Apontando contra o peito estão as asas, envelhecidas e pesadas em função
da grossura das penas, e voar já é tão difícil.
Então a águia só tem duas alternativas: Morrer, ou enfrentar um dolorido
processo de renovação que irá durar cento e cinquenta dias.
Esse processo consiste em voar para o alto de uma montanha e se recolher
em um ninho próximo a um paredão onde ela não necessite voar. Então,
após encontrar esse lugar, a águia começa a bater com o bico em uma parede até conseguir arrancá-lo.
Por: Genha Auga
Após arrancá-lo, espera nascer um bico, com o qual vai depois arrancar suas unhas. Quando as novas unhas começam a nascer, ela passa a arrancar
as velhas penas. E só cinco meses depois sai o formoso voo de vitória, devemos nos desprender de lembranças, costumes, velhos hábitos que nos
causam dor.
Somente livres do peso do passado, poderemos aproveitar o resultado que
A águia é a ave que possui maior longevidade da espécie. Chega a viver a renovação sempre nos traz.
setenta anos.
Texto Bíblico Utilizado: 2 Coríntios 5:17
CONTATOS: 055 12 9114.3431 - Emails: CONTATO: [email protected] - patrocí[email protected]
Gazeta Valeparaibana
JULHO 2013
Página 8
Histórias reais que o mundo conta
A Cerca - Parte II
De: Wilhelm Paul Von Grumbkow
A escolha recaiu sobre um homem muito simpático e bem humorado, Boelhouwer era seu nome.
Fomos nos apresentando, lembro-me de nomes
como Butteling, Christofel, Elenbaas, Naerssen,
Bochum, Boer, Brugman, Roggen, Bologne, de
Luik, Everts, van Dongen, Klein e muitos outros. A
maioria achava que a nossa prisão não iria durar
mais que uns três meses. O mesmo achava os
japoneses, como os vencedores da guerra. Aos
poucos íamos conhecendo nossos colegas de cativeiro havia uma mistura de personalidades, pessoas simples, orgulhosas, das mais variadas profissões: advogados, técnicos, escriturários, balconistas, vendedores etc.
O meu pai, aposentado, havia trabalhado na estrada de ferro, meu tio e meu irmão, que trabalhavam nas oficinas do exército holandês e eu, estudante de 3 a. serie do Colégio, fomos nos habituando uns aos outros e fizemos amizades.
Havia no campo uma cozinha onde nosso próprio
pessoal preparava a comida em tambores de ferro
de 250 litros, a quantidade de alimentos, o sabor e
a qualidade não eram ruins.
A violação mais sentida por nós neste período foi
a separação dos familiares e a perda da liberdade,
o fato de que teríamos que dormir no chão ainda
não era considerado tão ruim.
Havia 1200 prisioneiros no nosso campo, não
havia muitos de minha idade, os maiores estavam
no exercito e os menores ainda não tinham sido
aprisionados.
Ansiávamos pelos dias de visita; não podíamos
sair os três juntos, então, revezávamos.
Meu tio tinha o tempo próprio.
As conversas eram logicamente a respeito da situação e das dificuldades surgidas com a separação
forçada.
Sabíamos pouco sobre a guerra, já era difícil sintonizar uma emissora do exterior por causa do
confisco de rádios de longo alcance e pela redução de energia.
Alimentávamo-nos todos os dias, embora não fosse aquilo a que estávamos acostumados.
Havia otimismo em torno do fim da guerra tanto
pelo lado Japonês quanto pelo nosso.
Os boatos que corriam, davam noticia de que iriam soltar os prisioneiros que moravam na cidade.
do perdão, ajoelhou-se diante de nosso diretor
prometendo melhorar o comportamento.
Certo dia foi avisado de que teríamos que nos
preparar para voltar para casa!
Esperávamos apenas a confirmação pelo alto comando. O número de pessoas naquela condição
era de 34. A noticia nos causou alegria e tristeza.
Há pouco tempo tínhamos tido visitas e tínhamos
doces, biscoitos e frutas que de comum acordo
deixaríamos com os companheiros que ainda ficariam no campo. Tínhamos um camarada francês
cujo nome era Bologne, era um professor e não
tinha ninguém na cidade que fosse visitá-lo, muito
do que tínhamos demos a ele.
Não tínhamos nada para fazer e o tempo custava
a passar. Antes, quando recebíamos visitas, tínhamos assuntos para comentar, mas não podíamos
nos entregar aos nossos próprios pensamentos.
Muitos companheiros trouxeram baralhos e outros
passatempos quando entrou no campo, isto foi de
grande ajuda. Christofel ensinou-me a jogar bridge, outro me ensinou xadrez.
As visitas foram proibidas, a quantidade de comida reduzida e a qualidade pioraram, o que tínhamos antes foi cortado.
Organizávamos competições, felizmente mantínhamos o moral alto. Permitiam-nos também, fazer um pouco de música e com a permissão do
diretor do campo, foi organizado uma noite do HaO tempo foi passando e nada de soltura, até que wai!
à tarde, veio à contra ordem, “nada de soltura”,
podíamos desembrulhar tudo.
Evidentemente, sem moças; mas alguns rapazes
Foi grande a decepção, mas tínhamos que nos se fantasiaram com tal realismo, que na manhã
conformar. Era possível que isto não passasse de seguinte os guardas passaram em revista todo o
uma manobra dos japoneses para quebrar o nos- campo. Como nada foi encontrado, os rapazes
so moral.
tiveram que vestir novamente as fantasias usadas
Esta situação repetiu-se por ainda duas vezes, para provar que não havia moças!
não pensamos em pedir de volta o que tínhamos
deixado para o Bologne.
Havíamos combinado com os parentes em casa,
que nós não iríamos mandar noticias por escrito e
Ele surpreendeu-nos; devolveu-nos tudo!
tampouco esperaríamos receber qualquer coisa,
O gesto do francês fez nascer uma grande amiza- para não por em perigo a segurança de todos nós.
de entre todos do abrigo!
Os japoneses encaravam tudo, com muita desconfiança!
Anteriormente, já havia descrito que o prédio havia sido uma escola, onde também funcionava um Praticavam barbaridades para extrair informações
convento. O sistema hidráulico não tinha sido pre- ou confissões.
visto para atender uma população tão grande, o Os restos de comida do campo eram recolhidos
sistema de esgotos entrou em colapso. Cabia a pelo pessoal de limpeza de fora do campo; eles
nós solucionarmos o problema. Entre os mais jo- tinham acesso à área da cozinha.
vens formaram-se grupos para limpar os esgotos; Havia entre os prisioneiros, pessoas que contrae vigilantes para que, cada um que ocupasse o bandeavam cartas por intermédio deste pessoal,
banheiro, o limpasse antes de sair.
com parentes fora do campo, isto, apesar do perigo de serem descobertos.
Não tínhamos ferramentas e enfiar a mão num
ralo para desobstruí-lo virou rotina para mim. To- Começaram a aparecer percevejos, insetos cuja
dos tinham que buscar água em baldes e despejá- origem desconhece, mas que aparecem quando
los até limpar o vaso. Éramos todos iguais!
não há limpeza regularmente. Poderiam ter entrado no campo entre as esteiras de palha, e as conA situação geral piorava a cada dia, mas ainda dições do campo, propiciaram a proliferação destínhamos comida suficiente. Havia alguns até que tes insetos, cuja resistência experimentou, colojogavam comida fora, dizendo não gostar.
cando um punhado deles num pote de vidro; a
maioria ainda estava viva duas semanas depois.
Isto irritou a direção do campo, mas sobremaneira Aproximava-se o Natal de 1942.
a nós próprios, os prisioneiros, e houve quem dissesse que haveria um dia em brigariam entre si A tristeza era muito grande; no entanto, muitos do
para ver quem iria ficar com os últimos grãos do nosso abrigo, achavam que não deveríamos pastambor. ! Isto efetivamente aconteceu!
sar o dia em branco. Diversas pessoas tinham saquinhos de primeiros socorros, onde havia algoAs visitas foram reduzidas a duas vezes por mês. dão, os que tinham dotes artísticos, bolaram uma
O convento era um prédio de dois andares e fazia maneira de decorar o abrigo; houve uma cantoria
parte também do campo. Do andar superior era discreta, após o que, cada um ficou entregue aos
possível olhar para fora do campo por sobre a cer- seus próprios pensamentos. . .
ca. A distância até a rua era muito grande não dava para mandar noticias.
Era cada vez mais difícil vencer o tempo, era preciso usar a cabeça para inventar coisas para pasNum dia de visita, uma pessoa olhando pela jane- sá-lo; não tínhamos muitos recursos.
la, de repente disse: - olhem as prostitutas... estão As cartas do baralho já estavam gastas, os jogos
chegando; o infeliz não imaginava a reação que já não eram tão interessantes.
desencadearia com tais palavras ! Se não houvesse intervenção, teria sido linchado, entretanto, não Alguém começou a lapidar pedras.
ficou sem castigo: a comunicação com ele seria Eram pedras coloridas encontradas no meio de
boicotada, seria considerado não existente.
pedras de rio e que eram usadas para colocar nos
Era proibido falar sobre a guerra apesar dos japoneses acharem que iam vencer em pouco tempo.
As semanas foram passando e aos poucos a situação se modificando, também para o pessoal fora
jardins das casas.
do campo, a sobrevivência cada vez mais difícil.
Parecia uma pena leve, mas não era; o elemento
CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO
não suportou sequer dois dias, chorando e pedin-
CONTATOS: 055 12 9114.3431 - Emails: CONTATO: [email protected] - patrocí[email protected]
Gazeta Valeparaibana
JULHO 2013
Página 9
E agora José?
municipais) que amarram também os autores de livros
didáticos e manuais de ensino para que escrevam como
o sistema público “propõe”, ou porque simplesmente
não detêm o devido conhecimento para fazê-lo.
É nesse sentido que propomos há algum tempo o ensino de Ciência Política na escola básica (http://
www.politicanaescolabasica.blogspot.com.br). Colocar
como disciplina escolar, em um currículo, o ensino da
legislação, das devidas funções do poder público, das
diferenças entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, do que pode ou não pode um representante da
população, enfim, do que é a política.
Acreditamos piamente que essa nova conscientização
política é um reflexo daqueles que escreveram a duras
penas e pregaram aos quatro ventos a libertação do
povo brasileiro (sobretudo durante os anos de ditadura
militar). Se Paulo Freire, Caio Prado Jr., Milton Santos e
tantos outros ainda estivessem vivos estariam orgulhosos em saber que seus trabalhos renderam resultados
satisfatórios. Mas ainda há muito que fazer.
O Gigante Acordou (3ª. Versão)
O GIGANTE ACORDOU:
E não foi por causa de R$ 0,20
As manifestações em torno do aumento da passagem
de ônibus pelo Brasil vêm demonstrando a insatisfação
da população com o atual sistema de governo. O problema não vem sendo somente em torno do aumento,
mas sim de um problema mais profundo: o sistema de
coronelismo no Brasil.
Historicamente, o sistema político sempre foi controlado pelo topo da pirâmide, ou seja, pela elite brasileira.
O tempo passou e a história do sistema político de
“capitanias hereditárias” não mudou: a elite continuou
no poder.
Após a Constituição da República Federativa do Brasil
de 1988, muitas águas rolaram: escolas foram abertas, a
tecnologia entrou no país, novos mercados de trabalho
foram abertos, o ensino superior cresceu, o consumo
aumentou e tudo isso resultou na formação de uma
nova classe média. A classe média, em termos vulgares,
funciona como se fosse um sanduíche: é pressionado
pelo pão de cima, e está em constante contato com a
fatia do pão de base, ou seja, a classe trabalhadora baixa, o “povão”. Entretanto, como toda nova classe média, essa começou a se escolarizar e cobrar maiores benefícios do sistema público. Começaram cobrar melhores prestações de serviço e também passaram a querer
participação política.
No final do século XX despontaram intelectualmente
personagens como Betinho, Florestan Fernandes, Paulo
Freire, Caio Prado Jr., Milton Santos, Demerval Saviani e
outros que influenciaram e influenciam a formação de
professores críticos e ativos politicamente. Esses novos
professores, também muitas vezes oriundos dessa nova
classe média, começaram propagar as ideias de liberdade política e de justiça social.
ado no consumo fácil e exacerbado, boa parte dela procurou também sua intelectualização, começaram a ler
mais, a ter mais opinião e consequentemente, cobrar
mais do sistema público.
O desenvolvimento tecnológico, principalmente no que
diz respeito ao chamado “Meio Técnico CientíficoInformacional” e o “fácil” acesso aos novos meios de
comunicação permitiram que a troca de ideias e a produção de novas ideias fosse acelerada e que pudesse
chegar a qualquer lugar, pois bem, é o que estamos vivenciando.
Ainda que possamos estar vivenciando um novo capítulo da nossa história, ela começou a ser escrita. Escrita
pela nova classe média, acompanhada daqueles que
almejam também fazer parte dessa nova classe média
(intelectual ou financeira), mas a voz, o grito ainda não
chegou nas massas, na maioria da população. O nó na
garganta ainda não se faz presente em muitas camadas
da nossa sociedade, e é justamente neste ponto em que
se faz necessária a atuação do professor enquanto um
ótimo instrumento modificador da sociedade.
É preciso fazer o “nó na garganta” chegar às camadas
mais populares e “abrir os olhos” para que o cabresto
imposto pelo populismo e pelas políticas de assistencialismo recentes esteja presentes em todos os segmentos
da sociedade. Aí sim teremos uma nova revolução,
consciente, crítica e politicamente participativa. Teremos novos tipos de candidatos às eleições, novos tipos
de partidos políticos e quiçá o fim do sistema de coronelismo e feudalização do Sistema Público brasileiro,
em que a corrupção impera e a impunidade é regra.
O gigante está acordando, mas ainda não se levantou
por completo, é necessário que o relógio despertador
continue tocando.
E não é por causa de R$ 0,20.
* Ivan Claudio Guedes
Geógrafo e Pedagogo. Especialista em Gestão Ambiental, Mestre em Geociências e doutorando em Geologia.
Articulista e palestrante.
[email protected]
* Omar de Camargo
Pregamos a formação de um professor progressista, Técnico Químico
crítico e intelectualmente autônomo. Um professor po- Professor em Química.
liticamente atuante. Um professor que possa trazer à Pós-Graduado em Química.
tona a vida do sujeito para sala de aula, e não simplesmente que cumpra cegamente um currículo ou um conteúdo que é “apoliticamente” induzido através das orientações curriculares oficiais dos sistemas de ensino,
Ambos apresentam o “Programa E Agora José?” aos
sejam eles: Federal, Estaduais ou Municipais.
domingos das 18h às 20h pela web rádio CULTURAonliNovamente trazemos a discussão do ensino da política ne Brasil http://www.culturaonlinebr.org/
para sala de aula, em forma de disciplina específica.
Muitos professores e intelectuais acreditam que as disciplinas de História, Geografia, Sociologia e Filosofia deveriam fazer, e que não haveria necessidade de se incluir mais uma disciplina, mas diante de uma pesquisa empírica com várias escolas, vários docentes e mediante a
análise de vários currículos, o que constatamos é que
não o fazem.
Não fazem por estarem amarrados a um currículo preDurante os primeiros anos do século XXI, vivenciamos a
determinado (através dos Parâmetros Curriculares Naformação dessa nova classe média. É verdade que basecionais e/ou normas e decretos legislativos estaduais ou
CONTATOS: 055 12 9114.3431 - Emails: CONTATO: [email protected] - patrocí[email protected]
Gazeta Valeparaibana
JULHO 2013
Página 10
Maior Idade
REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL
Genha Auga – Jornalista MTB: 15.320
pria sujeira para debaixo do tapete demonstrando
uma total falta de respeito para com seu povo. Chegará o tempo em que haverá nas ruas, rebeliões
por conta dos maus tratos e descaso daqueles que
deveriam nos proteger e abraçar nossas causas.
A redução da maioridade penal tem nuances que
impedem a concretização desse anseio, pois no
Brasil a maioridade penal tem como âncora a cláusula pétrea (dispositivo da constituição que não pode ser modificado), a partir da qual, aos 18 anos o
sistema jurídico pode processar um cidadão como
adulto consciente das consequências individuais e
coletiva dos seus atos, enquanto a responsabilidade legal de suas ações ocorre abaixo dessa idade.
Discute-se atualmente a redução da maioridade
penal no Brasil, visto o aumento de crimes cometidos pelos menores que assumem delitos em nome
dos adultos, o que os tornam ferramentas para
“livrar a cara” dos maiores.
Não há redução da maioridade penal no Brasil e em
outros países, e sim, a idade mínima que marca o
fim da inimputabilidade juvenil e onde começa a
imputabilidade jurídica. Sua pena deveria ter continuidade após os 18 anos e, isso, aqui não aconteReduzir a maioridade seria a solução ou surtiria a- ce.
A maioridade penal não coincide, necessariamente,
penas o efeito de uma ameaça?
com a maioridade civil, nem com as idades mínimas
- “Olha lá hein! Agora você pode ser preso”.
necessárias para votar, dirigir, trabalhar, casar.
Mas irá?
Em outros países a tolerância é zero para esses
casos e aqui, os exterminadores agem cada vez
mais com requintes de crueldades, causam pânico
por todas as cidades acorrentando o cidadão em
suas próprias casas. Enquanto perdemos o direito
de ir e vir assegurado pela constituição, vemos cada vez mais remota a aplicação de punições a esses infratores.
Apesar de esses países serem menores geograficamente e terem outras culturas, essa questão é resolvida com estratégias e táticas que viabilizam um
sistema que obtém resultados favoráveis e mantém
a segurança garantida como benefício à população.
O que impede que os órgãos competentes daqui
examinem essas políticas e sigam o que for bom,
investindo e adequando aos nossos padrões?
Incompetência...
Mas a incompetência não pode prevalecer para
nada fazer.
A maioridade criminal é a idade na qual o sistema
judiciário processa o acusado como adulto, na qual
o acusado não tem qualquer tipo de proteção do
sistema juvenil durante o processo e não recebe
sentenças diferentes daquela dada a adultos e
cumprirá qualquer sentença final como tal.
Acontece que medidas socioeducativas, com finalidade de sanção como há em muitos países é o que
deveria funcionar na Fundação Casa, antiga FEBEM, para onde são encaminhados os menores
infratores, e esse indivíduo, abaixo da maioridade
penal, estaria sujeito a punições mais leves como;
advertências, atividades, trabalhos, fixando penalidades a um nível tendo em conta a gravidade do
crime, os problemas de maturidade afetiva, psicológica e intelectual de cada um e projetos que os envolvessem em atividades profissionalizantes, artísticas e pedagógicas com acompanhamento social ou
psicológico que possibilitassem sua inserção social.
Pela falta de recursos, de profissionais capacitados,
apoio aos familiares, segurança e por divergências
políticas internas, preconceitos e desestrutura dos
próprios agentes, essas instituições estão sempre à
beira da falência e sem o menor interesse dos gestores administrativos e com justificativas descabidas
do próprio governo.
tecnologia e sem contar o grandioso número de forças policiais que estarão à disposição para um evento futebolístico.
Futebol é bom e deve ser valorizado, mas não usado como bálsamo ou para tirar o foco de problemas
que são prioridades da nação.
O que há por trás desse desinteresse onde o caos
da sociedade brasileira está visivelmente instalado
e exposto mundialmente?
Onde mais poderemos nos esconder e às nossas
famílias que disputam seus filhos com as drogas e
os perdem para os criminosos?
Dessa forma se abrirão cada vez mais vagas nas
prisões e faltarão espaços para túmulos nos cemitérios.
Apresentemos sugestões até que consigamos atingir soluções ou então, teremos uma nação de bandidos e velhos, pois a cada dia, nossas crianças
tornam-se reféns do crime e os velhos da corrupção. Nossos jovens morrem diariamente por serem
ignorados pelos diversos setores civis responsáveis
por garantir a eles; espaços, desenvolvimento e apoio dentro da sociedade.
Não se pode reduzir a maioridade penal? Que nos
tragam outras soluções;
- Aumentem a pena para aquele que usar o menor
para o crime.
- Se não há escolas suficientes e os pais saem para
trabalhar e deixam seus filhos sozinhos, porque não
aumentar a maioridade para trabalhar ao invés de
entregar nossas crianças para as ruas e aos traficantes.
- Se o sub traficante é considerado infrator, independente das condições que o tornou assim, que se
use o mesmo peso e medida para o traficante, independente dos relacionamentos que lhes permitem
condições favoráveis dentro e fora das prisões, inclusive com voz de comando.
Se ainda quisermos ser felizes para andarmos tranquilamente pelo nosso país e resgatar nossos direitos, não podemos continuar nos confrontando como
inimigos. Pensar juntos poderá nos salvar antes
que tenhamos que plantar mais árvores e nos escondermos entre elas com arco e flecha para enfrentar o inimigo que virá armado e a cavalo.
Devemos fechar o cerco, debater com riqueza, ofeOu continuaremos a “dar banho em peixes”...
recer alternativas, discordar. O que não significa ir
às ruas apenas gritar sem embasamento e sem verificar politicamente todas as possibilidades. Todo
Não me preocupo em reduzir o tempo de
cidadão tem autoridade conferida para incitar disjuventude dos jovens, já estamos
cussões, exigir um plano de ação com medidas du- Cadê o dinheiro para investir e resolver esse proacostumados a ver esta responsabilidade
ras para aquilo que precisamos resolver com urgên- blema que vem se alastrando há anos nesse país?
imposta a cada quatro anos. Até porque a
Como constatação que essas desculpas são esfarcia.
meu ver não mudaria muita coisa, visto que
rapadas e desgastadas temos o exemplo da Copa
esta medida é especifica e criteriosa.
A sociedade clama por atenção política e ajuda pa- que em pouco tempo, surgiram recursos para consra sair dessa calamidade onde somos calados pela trução de estádios, meios de transportes, capacitaNatalino Gomes da Silva
violência, enquanto as autoridades varrem sua pró- ção de pessoal, reformas em aeroportos, avanço de
EDUCAR também é progresso - CULTURAonline BRASIL — todas as Quintas-Feiras — 20 horas
JULHO 2013
Gazeta Valeparaibana
Página 11
Sociedade
O QUE É A LAICIDADE?
A existência ou a inexistência de um deus são duas hipóteses igualmente inverificáveis do ponto de
vista da razão, e igualmente inúteis para a gestão
do interesse público. Indiferente e incompetente
em matéria de doutrinas e crenças, o Estado laico
só se ocupa do que releva do interesse público.
A Laicidade é anticlerical?
isenções de direitos a este ou aquele grupo de
cidadãos. Nem discriminações, nem privilégios,
esse é o lema de qualquer Estado garantindo a
todos os cidadãos a igualdade de tratamento.
E a tolerância?
A tolerância pressupõe sempre que alguém tolera
e que alguém é tolerado: em geral, uma maioria
tolera as minorias. A Laicidade faz melhor: as leis
que o povo se confere democraticamente são válidas para todos os cidadãos. Sendo a cidadania
cega às diferenças, uma minoria não pode ser tratada diferentemente da maioria.
Por princípio, a Laicidade garante a liberdade de
crença e de culto dentro dos limites das leis comuns e da ordem pública. Entretanto, a Laicidade
opõe-se ao clericalismo logo que este preconiza
discriminações ou tenta apropriar-se da totalidade
A Laicidade opõe-se ao multiculturalismo?
ou de uma parte do espaço público.
A Laicidade opõe-se também ao sistema de Não quando ele é de fato, mas sim quando é de
«igrejas reconhecidas» em vigor na maior parte Direito. A Laicidade defende a multiplicidade das
A Laicidade é a forma institucional que toma nas dos cantões suíços, e que confere às confissões culturas contra as tentativas de uniformização do
sociedades democráticas a relação política entre o majoritárias privilégios escolares e fiscais discrimi- neoliberalismo, por exemplo. Enquanto fato, o
multiculturalismo parece-nos uma oportunidade.
cidadão e o Estado, e entre os próprios cidadãos. natórios.
No início, onde esse princípio foi aplicado, a LaiciA Laicidade opõe-se à liberdade de expres- Pelo contrário, a teoria multiculturalista leva à desdade permitiu instaurar a separação da sociedade
truição das sociedades democráticas, porque, parsão?
civil e das religiões, não exercendo o Estado qualtindo do direito à diferença, que se aceita, visa dequer poder religioso e as igrejas qualquer poder Antes pelo contrário: a liberdade de expressão fender diferenças de direitos incompatíveis com a
não é apenas uma condição necessária da Laici- igualdade, e que levam ao comunitarismo, quer
político.
dade, é a sua origem. Os inventores da separação dizer, à pretensão de certos grupos de escapar às
Para garantir simultaneamente a liberdade de todas igrejas e do Estado contestaram as religiões leis comuns.
dos e a liberdade de cada um, a Laicidade distinde Estado, muitas vezes protestantes, e foram
gue e separa o domínio público, onde se exerce a
O multiculturalismo é justamente a consequência
perseguidos pelas suas ideias…
cidadania, e o domínio privado, onde se exercem
de um fracasso na definição de um espaço coas liberdades individuais (de pensamento, de O que ameaça a liberdade de expressão é portan- mum que ultrapasse as diferenças.
consciência, de convicção) e onde coexistem as to o direito que se arrogam certos grupos de cendiferenças (biológicas, sociais, culturais). Perten- surar toda a opinião diferente a coberto de uma A vontade dos multiculturalistas de procurar a igualdade é legítima, mas os meios que se procendo a todos, o espaço público é indivisível: ne- dignidade ferida.
nhum cidadão ou grupo de cidadãos deve impor A liberdade de expressão não deve conhecer ou- põem são contraproducentes: a discriminação positiva, que tende a restabelecer a igualdade comas suas convicções aos outros.
tros limites além dos de ordem pública e de aten- pensando as desigualdades culturais, leva a efeiSimetricamente, o Estado laico proíbe-se de inter- tado aos bons costumes. Só devem ser proscritos tos perversos que reforçam a exclusão em vez de
vir nas formas de organização coletivas (partidos, e perseguidos em justiça os insultos, as ameaças atenuá-la. O racismo das minorias contra a maioriigrejas, associações etc.) às quais qualquer cida- e as difamações contra indivíduos ou pessoas mo- a ou contra as outras minorias leva à guerra de
dão pode aderir e que relevam do direito privado. rais.
guetos.
A Laicidade garante a todo o indivíduo o direito de O que é a Laicidade «plural» ou «aberta»?
Toda a discriminação é por definição negativa.
adotar uma convicção, de mudar de convicção, e
Um
slogan
vazio
de
sentido
e
um
absurdo
concepde não adotar nenhuma.
Para além das diferenças, nós acreditamos na utual. Confundindo pluralismo e pluralidade, preten- nidade fundamental do gênero humano. Ver em
A Laicidade do Estado não é, portanto uma con- dem-se conceder direitos específicos a cada grucada homem um outro eu, eis aí todo o nosso provicção entre outras, mas a condição primeira da po que reclama uma identidade específica.
grama.
coexistência entre todas as convicções no espaço
A
expressão
«laicidade
plural»
visa
diabolizar
a
público.
Parte superior do formulário
Laicidade apresentando-a como dogmática. São
Todavia, nenhuma liberdade sendo absoluta e to- os integristas e os relativistas quem utiliza esse
do o direito supondo deveres, os cidadãos perma- termo. Ora são eles quem representa um risco Filipe de Sousa
necem submetidos às leis que se deram a si pró- real para a diversidade de ideias e de pertenças: *Não me empurre a sua religião. Eu decido sobre
isso sozinho.
prios.
os primeiros porque estão certos de possuir uma
verdade incontestável, e querem impô-la pela oA Laicidade é anti-religiosa?
pressão; os segundos porque acham todas as opiDe modo algum. Pode ser-se crente e laico, como niões contestáveis, e, portanto permutáveis. Ora,
toda a sociedade necessita de um mínimo de prinse pode ser socialista ou liberal e democrata.
A Laicidade não é irreligião: ela oferece mesmo a cípios prioritários.
melhor proteção às confissões minoritárias, pois Racionalmente, não seria possível defender simulnenhum grupo social pode ser discriminado.
taneamente um espaço público comum e conferir
Numa sociedade movida à dinheiro e hipocrisia, encontramos pessoas propensas aos mais diversos rumos incluindo-se a devassidão. Cuidado com quem andas, pois tua companhia sumariza quem és. Não tenha medo de lutar pelo que acredita,
apenas seja você, mesmo nos mais divergentes momentos que possam surgir. Fazendo isto, certamente afetará os que estão à tua
volta que não gostam do que veem. Saberão fazer a triagem do joio e do trigo. Só tome cuidado com o lado com que ficará, pois
uma escolha errada pode te afetar drasticamente.
Pense no seu futuro. Sua escolha hoje, será o seu futuro amanhã.
Seja feliz, haja com honestidade sempre.
Mas acima de tudo, cuidado com o que te tornarás!
Filipe de Sousa
Programa: Noites de Domingo - Todos os Domingos ás 20 horas
www.formiguinhasdovale.org /// CULTURAonline BRASIL /// http://www.culturaonlinebr.org
Gazeta Valeparaibana
JULHO 2013
Página 12
Socializando idéias
Como a classe média alta
brasileira é escrava do
“alto padrão” dos supérfluos
Por: Adriana Setti
No ano passado, meus pais
(profissionais
ultra-bem-sucedidos
que decidiram reduzir o ritmo em
tempo de aproveitar a vida com alegria e saúde) tomaram uma decisão
surpreendente para um casal – muito
enxuto, diga-se – de mais de 60 anos: alugaram o apartamento em um
bairro nobre de São Paulo a um parente, enfiaram algumas peças de
roupa na mala e embarcaram para
Barcelona, onde meu irmão e eu moramos, para uma espécie de ano sabático.
Aqui na capital catalã, os dois alugaram um apartamento agradabilíssimo
no bairro modernista do Eixample
(mas com um terço do tamanho e um
vigésimo do conforto do de São Paulo), com direito a limpeza de apenas
algumas horas, uma vez por semana.
Como nunca cozinharam para si
mesmos, saíam todos os dias para
almoçar e/ou jantar. Com tempo de
sobra, devoraram o calendário cultural da cidade: shows, peças de teatro, cinema e ópera quase diariamente. Também viajaram um pouco pela
Espanha e a Europa. E tudo isso,
muitas vezes, na companhia de filhos, genro, nora e amigos, a quem
proporcionaram incontáveis jantares
regados a vinhos.
Com o passar de alguns meses,
meus pais fizeram uma constatação
que beirava o inacreditável: estavam
gastando muito menos mensalmente
para viver aqui do que gastavam no
Brasil. Sendo que em São Paulo saíam para comer fora ou para algum
programa cultural só de vez em
quando (por causa do trânsito, dos
problemas de segurança, etc), mora-
vam em apartamento próprio e quase supérfluos, reduziram assim os custos fixos e, mais leves, tornaram-se
nunca viajavam.
Milagre? Não. O que acontece é que, mais portáteis (este ano, por exemao contrário do que fazem a maioria plo, passaram mais três meses por
dos pais, eles resolveram experimen- aqui, num apê ainda mais simples).
tar o modelo de vida dos filhos em Por que estou contando isso a vobenefício próprio. “Quero uma vida cês? Porque o resultado desse expemais simples como a sua”, me disse rimento quase científico feito pelos
um dia a minha mãe. Isso, nesse ca- pais é a prova concreta de uma teoriso, significou deixar de lado o altíssi- a que defendo em muitas conversas
mo padrão de vida de classe média com amigos brasileiros: o nababesco
alta paulistana para adotar, como padrão de vida almejado por parte da
“estagiários”, o padrão de vida – mais classe média alta brasileira (que um
austero e justo – da classe média europeu relutaria em adotar até por
europeia, da qual eu e meu irmão uma questão de princípios) acaba
fazemos parte hoje em dia (eu há gerando stress, amarras e muita
dez anos e ele, quatro). O dinheiro complicação como efeitos colaterais.
que “sobrou” aplicaram em coisas E isso sem falar na questão moral e
social da coisa.
prazerosas e gratificantes.
Do outro lado do Atlântico, a coisa é
bem diferente. A classe média europeia não está acostumada com a moleza. Toda pessoa normal que se
preze esfria a barriga no tanque e a
esquenta no fogão, caminha até a
padaria para comprar o seu próprio
pão e enche o tanque de gasolina
com as próprias mãos. É o preço que
se paga por conviver com algo totalmente desconhecido no nosso país:
a ausência do absurdo abismo social
e, portanto, da mão de obra barata e
disponível para qualquer necessidade do dia a dia.
Traduzindo essa teoria na experiência vivida por meus pais, eles reaprenderam (uma vez que nenhum
deles vem de família rica, muito pelo
contrário) a dar uma limpada na casa
nos intervalos do dia da faxina, a usar o transporte público e as próprias
pernas, a lavar a própria roupa, a não
ter carro (e manobrista, e garagem, e
seguro), enfim, a levar uma vida mais
“sustentável”. Não doeu nada.
Babás, empregadas, carro extra em
São Paulo para o dia do rodízio (essa
é de lascar!), casa na praia, móveis
caríssimos e roupas de marca podem
ser o sonho de qualquer um, claro
(não é o meu, mas quem sou eu para
discutir?).
Só que, mesmo em quem se delicia
com essas coisas, a obrigação autoimposta de manter tudo isso – e administrar essa estrutura que acaba se
tornando cada vez maior e complexa
– acaba fazendo com que o conforto
se transforme em escravidão sem
que a “vítima” se dê conta disso. E
tem muita gente que aceita qualquer
contingência num emprego malfadado, apenas para não perder as mordomias da vida.
(enquanto mal têm tempo de usufruir
tudo isso, de tanto que ralam para
manter o padrão).
É muito mais simples do que parece.
Limpo o meu próprio banheiro, não
estou nem aí para roupas de marca e
tenho algumas manchas no meu sofá
baratex. Antes isso do que a escravidão de um padrão de vida que não
traz felicidade. Ou, pelo menos, não
a minha. Essa foi a maior lição que
aprendi com os europeus — que viajam mais do que ninguém, são mestres na arte do savoir vivre e sabem
muito bem como pilotar um fogão e
uma vassoura.
PS: Não estou pregando a morte das
empregadas domésticas – que precisam do emprego no Brasil –, a queima dos sofás em L e nem achando
que o “modelo frugal europeu” funciona para todo mundo como receita de
felicidade. Antes que alguém me acuse de tomar o comportamento de uma parcela da classe média alta paulistana como uma generalização sobre a sociedade brasileira, digo logo
que, sim, esse texto se aplica ao pé
da letra para um público bem específico.
Também entendo perfeitamente que
a vida não é tão “boa” para todos no
Brasil, e que o “problema” que levanto aqui pode até soar ridículo para
alguns – por ser menor.
Minha intenção, com esse texto, é
apenas tentar mostrar que a vida
sempre pode ser menos complicada
Alguns amigos paulistanos não se e mais racional do que imaginam as
conformam com a quantidade de via- elites mal-acostumadas no Brasil.
gens que faço por ano (no último ano
foram quatro meses – graças também, é claro, à minha vida de freelancer). “Você está milionária?”, me
perguntam eles, que têm sofás (em
Uma vez de volta ao Brasil, eles sim- L, óbvio) comprados na Alameda Gaplificaram a estrutura que os cercava, briel Monteiro da Silva, TV LED últicortaram uma lista enorme de itens mo modelo e o carro do ano
ATENÇÂO
A Gazeta Valeparaibana, um veículo de divulgação da OSCIP “Formiguinhas do Vale”, organização sem fins lucrativos, somente publica
matérias, relevantes, com a finalidade de abrir
discussões e reflexões dentro das salas de aulas, tais como: educação, cultura, tradições, história, meio ambiente e sustentabilidade, responsabilidade social e ambiental, além da transmissão de conhecimento.
Assim, publica algumas matérias selecionadas
de sites e blogs da web, por acreditar que todo o
cidadão deve ser um multiplicador do conhecimento adquirido e, que nessa multiplicação, no
que tange a Cultura e Sustentabilidade, todos
devemos nos unir, na busca de uma sociedade
mais justa, solidária e conhecedora de suas responsabilidades sociais.
No entanto, todas as matérias e imagens serão
creditadas a seus editores, desde que adjudiquem seus nomes.
Caso não queira fazer parte da corrente, favor
entrar em contato.
[email protected]
Rádio web
CULTURAonline Brasil
Prestigie, divulgue, acesse,
junte-se a nós.
A Rádio web
CULTURAonline BRASIL, prioriza a Educação, a boa Música
Nacional e programas de interesse geral sobre sustentabilidade social,
cidadania nas temáticas:
Educação, Escola, Saúde,
Cidadania, Professor e Família.Uma rádio onde o professor
é valorizado e tem voz e, a Educação e o Brasil se discute
num debate aberto, crítico e
livre, com
conhecimento e responsabilidade!
Acessível no link:
www.culturaonlinebr.org
Gazeta Valeparaibana
JULHO 2013
Página 13
Nossas crianças
Homossexualidade:
A Escola e o preconceito
A homofobia está presente em todos os lugares, e
nas escolas não é diferente. Sabemos que jovens,
crianças e adolescentes, principalmente esses
últimos, estão na fase de experimentar, onde tudo
é um grande aprendizado e a diversidade desperta uma curiosidade instintiva. É uma fase de definições de identidade, de busca, e aquele que não
se enquadra no conceito de gênero “macho ou
fêmea” é repelido, causa medo e temor, pois a
homofobia é o medo irracional ao homossexual, e
esse medo causa violência, de forma que a pessoa parece querer se defender de algo que nem
entende direito, e é como se, assim, ela estivesse
protegida de ser homossexual também.
O ambiente escolar é um local onde a homofobia
se desenvolve. Ali ocorrem os excessos, as agressões verbais e físicas, os atos de violência, as ameaças aos homossexuais: o indivíduo sofre todo
tipo de discriminação. A identidade apreciada é a
heterossexual, nota-se que a heteronormatividade
está arraigada, entranhada no cotidiano não só da
escola, como da sociedade em geral. Incentiva-se
o masculino; nesse universo não cabe nada que
seja considerado feminino. Os sujeitos masculinos
estão sempre sendo cobrados, seja por atitudes,
gestos, falas e comportamentos que devem ser de
“machos”, passando por constantes avaliações do
grupo onde estão inseridos.
faz parte da vida, e aquilo que não conhecemos
ou não entendemos, não deve ser motivo de atituCurioso notar que esse mesmo grupo que cobra des preconceituosas.
atitudes machistas o tempo todo também é cobrado, visto que são homens e são heterossexuais. Os homossexuais, assim como outras minorias
Essa pressão contínua gera ansiedade, medos, e que sofrem com o preconceito e a discriminação,
atitudes violentas. Por conta de ter que se defen- desafiam as pessoas e os educadores, pois tamder o tempo todo, esse comportamento causa so- bém nos fazem revisar nossos valores, conceitos
frimento e leva a processos que desencadeiam a e preconceito.
homofobia. A escola é um meio fácil para essa
prática acontecer. Os profissionais da educação Fica evidente que tanto a escola como professotêm que entender que não cabe mais a omissão, res e pais não estão preparados para lidar com o
não se pode mais ficar alheio e insensível às práti- assunto, apesar de esperarmos que seja no âmbicas homofóbicas. Tem-se que fazer o caminho to escolar onde se encontre o meio mais apropriacontrário e praticar a inclusão dessas minorias… do para a construção do conhecimento. Devido à
Nesse quadro que se apresenta de maneira as- falta de oportunidades de questionar às sexualidasustadora, deve-se entender que os educadores des, ficam evidenciados também o desconhecinão podem carregar a culpa de uma escola que mento e a negligência com que o assunto é tratareproduz comportamentos e conceitos.
do, até mesmo como forma de não levantar discussão de algo que gera polêmica e requer um
Os professores têm seus valores e preconceitos posicionamento, o que, de uma maneira ou de ouque foram adquiridos ao longo da vida, e mudan- tra, acaba nos deixando vulneráveis.
ças internas não são realizadas do dia para a noite, além, ainda, de existir o fator despreparo, há A diversidade sexual deve ser explorada pelo profalta de instrumentos adequados para tratar da fessor, ele deve levar o estudante a aprender a
diversidade sexual. A sexualidade faz parte dos respeitar o diferente, através de ações que desParâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) (1997) pertem o desejo do aluno de querer entender e
e entra como tema transversal: Orientação Sexu- participar de maneira sadia dessa nova percepal. No entanto, o assunto homossexualidade ainda ção. O trabalho de inclusão também deve ser reanão é abordado por todos os professores que tra- lizado com aqueles que se sentem excluídos do
tam da ignorância sobre o tema, reproduzindo os convívio escolar por serem homossexuais, é funvalores e conceitos perpetrados pela sociedade damental que a escola oportunize a esses estudurante anos.
dantes condições para que eles se sintam à vontade para se assumirem e se expressarem sem
A homofobia deve ser combatida em todas as es- medos e sem constrangimentos.
feras: política, social e cultural. Que a discussão
deve ser realizada, não há dúvida, e ela deve co- A escola continua sendo um lugar de construção
meçar cedo. O quanto antes discutir-se esse tema do conhecimento, para despertar o olhar crítico e
em aula, mais tempo haverá para trabalhar esse questionador, de transformação social, que busca
assunto e desenvolvê-lo de forma natural, inserin- uma sociedade mais reflexiva e melhor, que busca
do-o no contexto da aula, da escola,da vida dos formar cidadãos conscientes dos seus direitos,
estudantes como algo natural, criando assim, u- provocar, instigar, favorecer as transformações
ma relação respeitosa para com o outro. Sempre pessoais e sociais.
que o aluno tiver seu interesse despertado para o
assunto, ou quando o professor tiver oportunidade Mariene Hildebrando
para introduzir o tema homossexualidade, deve- Professora e especialista em Direitos Humanos
mos fazê-lo, ajudá-los a entender que a diferença Email: [email protected]
antigamente eram conhecidas como pessoas. E torcendo, claro, para que zinhas adoram chamar de “anjinhos”.
“bem educadas” são coisa fora de esses casos indesviáveis não sejam E ai de quem encostar a mão nesses
moda, para não dizer impraticáveis.
perigosos.
futuros pitboys. As escolas, por seu
lado, são empresas. Precisam de luCom raríssimas exceções, a boa e- Contudo, quando os bem educados cro.
ducação não resolve mais nada. Se tem filhos, a coisa se complica. Porvocê quer ser respeitado, você preci- que quem quer, foge dos outros, se Ninguém vai contra quem está pasa, hoje em dia, fazer três coisas – isola. Mas não dá para isolar as cri- gando e pagando bem. Entre desanão necessariamente nessa mesma anças do mundo.
gradar os mal educados e os bem
ordem: pagar, ameaçar ou agredir.
educados, não há muito o que escoSensatez? polidez? esquece.
As crianças terão obrigatoriamente lher.
que conviver, durante anos a fio, com
O fato é que, isto posto, quem rece- outras crianças e com os pais dessas Eis aí o dilema dos bem educados
beu há umas boas décadas um tipo crianças, gente que se encontra alea- diante do assédio – inevitável – às
de educação que preconizava o res- toriamente no mesmo colégio. O co- suas crianças: ter de ensiná-las a
peito ao próximo, o “ceder a vez”, o légio, esse até pode ser escolhido, fazer tudo aquilo que lhes é mais a“falar baixo” e coisas assim, já perce- por critérios como excelência de en- bominável: revidar, agredir, desresbeu que não tem muito lugar na soci- sino, localização, preço. Os amigos peitar, tomar o lugar à força, despreedade.
de nossos filhos, não.
zar, debochar.
O dilema da boa educação.
Se existe uma coisa óbvia nesse
mundo – sim, não serei leviano em
colocar essa pecha apenas sobre o
Rio de Janeiro, mesmo que aqui seja
um lugar onde esse tipo de coisa se
potencializa – é que as pessoas que
É claro, há que se viver e na vida a
gente convive obrigatoriamente com
outras pessoas. Mas a maioria dos
bem educados entende que não dá
para se envolver com qualquer um.
Com isso, o convívio naturalmente se
restringe e a gente passa a tratar só
o indispensável com a maioria das
E aí dá-se a desgraça. Porque quem
é bem educado é minoria. Crianças
bem educadas são mais minoria ainda.
A sobrevivência depende de usar as
armas do adversário.
E a escolha, ao final é entre dois sofrimentos.
Ou se sofre por ser educado, ou por
Uma criança bem educada é sim- não poder mais sê-lo.
plesmente atirada a uma turba de
monstrinhos que os paizinhos e mae- Por: VP
www.formiguinhasdovale.org /// CULTURAonline BRASIL /// http://www.culturaonlinebr.org
Gazeta Valeparaibana
JULHO 2013
Página 14
Política e Políticos
Breve História
da
Corrupção no Brasil
Os primeiros registros de práticas de ilegalidade no Brasil, que temos registro,
datam do século XVI no período da colonização portuguesa. O caso mais freqüente era de funcionários públicos, encarregados de fiscalizar o contrabando e
outras transgressões contra a coroa portuguesa e ao invés de cumprirem suas
funções, acabavam praticando o comércio ilegal de produtos brasileiros como
pau-brasil, especiarias, tabaco, ouro e
diamante. Cabe ressaltar que tais produtos somente poderiam ser comercializados com autorização especial do rei, mas
acabavam nas mãos dos contrabandistas. Portugal por sua vez se furtava em
resolver os assuntos ligados ao contrabando e a propina, pois estava mais interessado em manter os rendimentos significativos da camada aristocrática do que
alimentar um sistema de empreendimentos produtivos através do controle dessas práticas.
Um segundo momento refere-se a extensa utilização da mão-de-obra escrava, na
agricultura brasileira, na produção do
açúcar. De 1580 até 1850 a escravidão
foi considerada necessária e, mesmo
com a proibição do tráfico, o governo
brasileiro mantinha-se tolerante e conivente com os traficantes que burlavam a
lei. Políticos, como o Marquês de Olinda
e o então Ministro da Justiça Paulino José de Souza, estimulavam o tráfico ao
comprarem escravos recém-chegados
da África, usando-os em suas propriedades. Apesar das denúncias de autoridades internacionais ao governo brasileiro,
de 1850 até a abolição da escravatura
em 1888, pouco foi feito para coibir o
tráfico. Isso advinha em parte pelos lucros, do suborno e da propina, que o tráfico negreiro gerava a todos os participantes, de tal forma que era preferível ao
governo brasileiro ausentar-se de um
controle eficaz. Uma fiscalização mais
rigorosa foi gradualmente adotada com o
compromisso de reconhecimento da independência do Brasil. Um dos países
interessados em acabar com o tráfico
escravo era a Inglaterra, movida pela
preocupação com a concorrência brasileira às suas colônias açucareiras nas
Antilhas.
Com a proclamação da independência
em 1822 e a instauração do Brasil República, outras formas de corrupção, como
a eleitoral e a de concessão de obras
públicas, surgem no cenário nacional. A
última estava ligada à obtenção de contratos junto ao governo para execução
de obras públicas ou de concessões. O
Visconde de Mauá, por exemplo, recebeu licença para a exploração de cabo
submarino e a transferiu a uma companhia inglesa da qual se tornou diretor.
Prática semelhante foi realizada por outro empresário brasileiro na concessão
para a iluminação a gás da cidade do Rio
de Janeiro, também transferida para uma
candidato derrotado, e da mobilização
popular (Revolução de 30), Getúlio Vargas tomou posse como presidente do
país em 1930. Talvez essa tenha sido
uma das mais expressivas violações dos
princípios democráticos no país onde a
fraude eleitoral serviu para a tomada de
A corrupção eleitoral é um capítulo sin- poder.
gular na história brasileira. Deve-se considerar que a participação na política re- Durante as campanhas eleitorais de
presenta uma forma de enriquecimento 1950, um caso tornou-se famoso e até
fácil e rápido, muitas vezes de não reali- hoje faz parte do anedotário da política
zação dos compromissos feitos durante nacional: a “caixinha do Adhemar”. Adheas campanhas eleitorais, de influência e mar de Barros, político paulista, era cosujeição aos grupos econômicos domi- nhecido como “um fazedor de obras”,
nantes no país (salvo raras exceções). seu lema era “Rouba, mas faz!”. A caixiNo Brasil Império, 1822-1889, o alista- nha era uma forma de arrecadação de
mento de eleitores era feito a partir de dinheiro e de troca de favores. A transacritérios diversificados, pois somente ção era feita entre os bicheiros, fornecequem possuísse uma determinada renda dores, empresários e empreiteiros que
mínima poderia participar do processo. A desejavam algum benefício do político.
aceitação dos futuros eleitores dava-se a Essa prática permitiu tanto o enriquecipartir de uma listagem elaborada e exa- mento pessoal, para se ter uma idéia, em
minada por uma comissão que também casa, Adhemar de Barros costumava
julgava os casos declarados suspeitos. guardar para gastos pessoais 2,4 miEnfim, havia liberdade para se conside- lhões de dólares, quanto uma nova forrar eleitor quem fosse de interesse da ma de angariar recursos para as suas
própria comissão. A partir disso ocorria o campanhas políticas.
processo eleitoral, sendo que os agentes
eleitorais deveriam apenas verificar a O período militar, iniciado com o golpe
identidade dos cidadãos que constava na em 1964, teve no caso Capemi e Coroalista previamente formulada e aceita pela Brastel uma amostra do que ocultamente
ocorria nas empresas estatais. Durante a
comissão.
década de 80 havia um grupo privado
Com a República, proclamada em 1889, chamado Capemi (Caixa de Pecúlios,
o voto de “cabresto” foi a marca registra- Pensões e Montepios), fundado e dirigida no período. O proprietário de latifún- do por militares, que era responsável
dio apelidado de “coronel” impunha coer- pela previdência privada. O grupo era
citivamente o voto desejado aos seus sem fins lucrativos e tinha como missão,
empregados, agregados e dependentes. gerar recursos para manutenção do ProOutra forma constante de eleger o candi- grama de Ação Social, que englobava a
dato era o voto comprado, ou seja, uma previdência e a assistência entre os partransação comercial onde o eleitor ticipantes de seus planos de benefícios e
“vendia” o voto ao empregador. A forma a filantropia no amparo à infância e à
mais pitoresca relatada no período foi o velhice desvalida. Este grupo, presidido
voto pelo par de sapatos. No dia da elei- pelo general Ademar Aragão, resolveu
ção o votante ganhava um pé do sapato diversificar as operações para ampliar o
e somente após a apuração das urnas o suporte financeiro da empresa. Uma das
coronel entregava o outro pé. Caso o inovações foi a participação em um concandidato não ganhasse o eleitor ficaria sórcio de empresas na concorrência para
sem o produto completo. Deve-se consi- o desmatamento da área submersa da
derar que a maior parte das cidades não usina hidroelétrica de Tucuruí (empresa
possuía número de empregos suficiente estatal). Vencida a licitação pública em
que pudessem atender a oferta de traba- 1980 deveria-se, ao longo de 3 anos,
lhadores, portanto a sobrevivência eco- concluir a obra de retirada e de comercinômica do eleitor/empregado estava a- alização da madeira. O contrato não foi
trelada a sujeição das vontades do coro- cumprido e o dinheiro dos pensionistas
da Capemi dizia-se que fora desviado
nel.
para a caixinha do ministro-chefe do SisOutro registro peculiar desse período é o tema Nacional de Informações (SNI),
“sistema de degolas” orquestrado por órgão responsável pela segurança naciogovernadores que manipulavam as elei- nal, general Otávio Medeiros que desejações para deputado federal a fim de ga- va candidatar-se à presidência do país. A
rantir o apoio ao presidente, no caso resultante foi a falência do grupo CapeCampos Sales (presidente do Brasil de mi, que necessitava de 100 milhões de
1898 a 1902). Os deputados eleitos con- dólares para saldar suas dívidas, e o pretra a vontade do governo eram simples- juízo aos pensionistas que mensalmente
mente excluídos das listas ou eram descontados na folha de pagamen“degolados” pelas comissões responsá- to para a sua, futura e longínqua, apoveis pelo reconhecimento das atas de sentadoria. Além do comprometimento
apuração eleitoral. Todos os governos, de altos escalões do governo militar o
caso revelou: a estreita parceria entre os
até 1930, praticavam degolas.
grupos privados interessados em desfruUma outra prática eleitoral inusitada o- tar da administração pública, o tráfico de
correu em 1929, durante as disputas e- influência, e a ausência de ordenamento
leitorais à presidência entre os candida- jurídico.
tos Júlio Prestes (representante das oligarquias cafeicultoras paulistas) e Getú- Em 1980 o proprietário da Coroa-Brastel,
lio Vargas (agregava os grupos insatisfei- Assis Paim, foi induzido pelos ministros
tos com o domínio das oligarquias tradi- da economia Delfim Netto, da fazenda
cionais). O primeiro venceu obtendo 1 Ernane Galvêas e pelo presidente do
milhão e 100 mil votos e o segundo 737 Banco Central, Carlos Langoni, a concemil. Entretanto os interesses do grupo der à Corretora de Valores Laureano um
que apoiava Getúlio Vargas, acrescido empréstimo de 180 milhões de cruzeiros.
da crise da Bolsa de Nova York, que le- Cabe ressaltar que a Coroa-Brastel era
vou à falência vários fazendeiros, resul- um dos maiores conglomerados privados
tou numa reviravolta do pleito eleitoral. do país, com atuações na área financeira
Sob acusações de fraude eleitoral, por e comercial, e que o proprietário da Corparte da aliança liberal que apoiava o retora de Valores Laureano era amigo
companhia inglesa em troca de 120 mil
libras. O fim do tráfico negreiro deslocou,
na República, o interesse dos grupos
oligárquicos para projetos de grande porte que permitiriam manter a estrutura de
ganho fácil.
pessoal do filho do chefe do SNI Golbery
do Couto e Silva.
Interessado em agradar o governo militar, Paim concedeu o empréstimo, mas
após um ano o pagamento não havia
sido realizado. Estando a dívida acumulada em 300 milhões de cruzeiros e com
o envolvimento de ministros e do presidente do Banco Central, a solução encontrada foi a compra, por Paim, da Corretora de Valores Laureano com o apoio
do governo. Obviamente a corretora não
conseguiu saldar suas dívidas, apesar da
ajuda de um banco estatal, e muito menos resguardar o prestígio dos envolvidos.
A redemocratização brasileira na década
de 80 teve seu espaço garantido com o
fim do governo militar (1964-1985). Em
1985 o retorno dos civis à presidência foi
possível com a campanha pelas DiretasJá, que em 1984 mobilizou milhares de
cidadãos em todas as capitais brasileiras
pelo direito ao voto para presidente. Neste novo ciclo político o Impeachment do
presidente Collor constitui um marco divisor nos escândalos de corrupção.
Durante as eleições para presidente em
1989 foi elaborado um esquema para
captação de recursos à eleição de Fernando Collor. Posteriormente, foi revelado que os gastos foram financiados pelos usineiros de Alagoas em troca de
decretos governamentais que os beneficiariam. Em abril de 1989, após aparecer
seguidamente em três programas eleitorais, Collor já era um nome nacional. Depois que Collor começou a subir nas pesquisas, foi estruturado um grande esquema de captação de dinheiro com base
em chantagens e compromissos que lotearam previamente a administração federal e seus recursos. Esse esquema
ficou conhecido como “Esquema PC”,
sigla baseada no nome do tesoureiro da
campanha, Paulo César Farias, e resultou no impeachment do presidente eleito.
Segundo cálculos da Polícia Federal estima-se que este esquema movimentou de
600 milhões a 1 bilhão de dólares, no
período de 1989 (campanha presidencial) a 1992 (impeachment).
Nossa breve história da corrupção pode
induzir à compreensão que as práticas
ilícitas reaparecem como em um ciclo,
dando-nos a impressão que o problema
é cultural quando na verdade é a falta de
controle, de prestação de contas, de punição e de cumprimento das leis. É isso
que nos têm reconduzido a erros semelhantes. A tolerância a pequenas violações que vão desde a taxa de urgência
paga a funcionários públicos para conseguir agilidade na tramitação dos processos dentro de órgão público, até aquele
motorista que paga a um funcionário de
uma companhia de trânsito para não ser
multado, não podem e não devem mais
ser toleradas. Precisamos decidir se desejamos um país que compartilhe de uma regra comum a todos os cidadãos ou
se essa se aplicará apenas a alguns.
Nosso dilema em relação ao que desejamos no controle da corrupção é esquizofrênico e espero que não demoremos
muito no divã do analista para decidirmos.
Autora: Profa. Dra. Rita Biason
Departamento de Relações Internacionais
UNESP - Campus Franca
CONTATOS: 055 12 9114.3431 - Emails: CONTATO: [email protected] - patrocí[email protected]
Gazeta Valeparaibana
JULHO 2013
Página 15
Nossos filhos
Os filhos querem colo...
Sempre!
No dia 12 de maio de 2011, uma
amiga do meu filho pulou do 8º
andar do prédio onde morava na
Rua Emiliano Perneta. Era uma
adolescente. Tinha acabado de
almoçar, estava com o uniforme
do Colégio Bom Jesus, e a mochila nas costas, o que indicava que
iria para o colégio à tarde, pois
nas quartas e sextas eles têm aula o dia todo. Foi um choque para
todos os colegas!
Aí vem a pergunta: Por quê? Ela
tinha apenas 15 anos. Que problemas uma menina de 15 anos
pode ter? Fiz esta pergunta ao
meu filho, e a resposta me deixou
chocada...
Ele me disse:
- Mãe, eu acho que era falta de - Meu filho, você tem razão. É isso todos nós vamos tirar 10. Talvez,
colo.
mesmo...
nem todos nós queiramos falar
inglês!
Questionei:
E ele me interrompeu dizendo:
Seus olhos cheios de lágrimas re- Como assim?
Mãe, quando a gente chega em
casa, o que mais a gente quer é o velavam a dor que sentia pela
E ele me disse:
morte da colega e, ao mesmo
colo da mãe. Quando vai mal nas
- Hoje em dia, os pais trabalham provas ou quando acontece algu- tempo, o quanto meu filho valoripraticamente o dia todo, sempre ma coisa ruim, a gente quer colo. zava a nossa família. Já fora de
com a mesma desculpa de que Por que você acha que hoje tan- casa, ele voltou correndo e me
querem dar aos filhos tudo aquilo tos jovens são quase revoltados? deu um forte abraço e me disse:
que nunca tiveram e, na maioria Na maioria das vezes, eles estão - Mãe, obrigado por eu poder condas vezes, eles estão conseguin- querendo chamar a atenção, ser tar sempre com você nos maus
do. Eles estão dando um estudo notados... Só que no lugar errado momentos...E, obrigado, também,
no melhor colégio, cursos de idio- e de forma errada: na rua e com pelas broncas, pois sei que as
mas, dinheiro para gastar no violência.
mereço.
shopping, um computador de última geração pro filho ficar enfiado - Dei um grande abraço em meu Depois que ele virou a esquina,
em casa durante o pouco tempo filho, beijei-o com muito carinho. E fechei suavemente a porta, pensativa e convencida de que o temlivre que sobra, roupas, tênis, ce- lhe disse:
lular, tudo muito caro, etc... E Meu filho, espero que a morte da po e o amor são os melhores insempre cobrando da gente boas Joana não tenha sido em vão, vestimentos que podemos fazer
notas, pois estão investindo mui- pois quem sabe desta forma mui- pelos nossos filhos. O resto é conto... Na maioria das vezes, os pais tos pais vão repensar suas atitu- sequência. Nada é mais importante que estes meios essenciais panão têm mais tempo para os fi- des para com seus filhos!
lhos, não conversam mais, não Ele olhou-me carinhosamente e ra a felicidade de nossos filhos. E,
sem dúvida, só assim poderemos
fazem um carinho...
concluiu, antes de sair para a es- também ser felizes com a consciEle fez uma pausa. Eu estava bo- cola:
ência tranquila de ter cumprido
quiaberta com o que ele acabara Não somos máquinas, mãe. Não bem a nossa missão de pais.
de falar-me e meus pensamentos somos todos iguais. Não é porque
Recebi por e-mail de Rosamaria do
foram a mil. Mal comecei uma fraBlog: http://rosacc60.blogspot.com.
o filho da vizinha tira só dez que
se:
Nossa vida
PARA REFLETIR
Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença, entre
dar a mão e acorrentar uma alma. E
você aprende que amar não significa
apoiar-se, e que companhia nem
sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são
contratos, e presentes não são promessas. E começa a aceitar suas
derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma
criança.
E aprende a construir todas as suas
estradas no hoje, porque o terreno do
amanhã é incerto demais para os
planos, e o futuro tem o costume de
cair em meio ao vão.
Depois de um tempo você aprende
que o sol queima se ficar exposto por
muito tempo. E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se
importam... E aceita que não importa
quão boa seja uma pessoa, ela vai
feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso. Aprende que
falar pode aliviar dores emocionais.
Descobre que leva-se anos para
construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode
fazer coisas em um instante, das
quais se arrependerá pelo resto da você não sabe para onde está indo, Descobre que só porque alguém não
vida.
qualquer lugar serve.
o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém
Aprende que verdadeiras amizades Aprende que, ou você controla seus não o ama com tudo o que pode,
continuam a crescer mesmo a longas atos ou eles o controlarão, e que ser pois existem pessoas que nos amam,
distâncias. E o que importa não é o flexível não significa ser fraco ou não mas simplesmente não sabem como
que você tem na vida, mas quem vo- ter personalidade, pois não importa demonstrar ou viver isso.
cê tem da vida. E que bons amigos quão delicada e frágil seja uma situasão a família que nos permitiram es- ção, sempre existem dois lados.
Aprende que nem sempre é suficiencolher.
te ser perdoado por alguém, algumas
Aprende que heróis são pessoas que vezes você tem que aprender a perAprende que não temos que mudar fizeram o que era necessário fazer, doar-se a si mesmo.
de amigos se compreendemos que enfrentando as consequências.
os amigos mudam, percebe que seu
Aprende que com a mesma severidamelhor amigo e você podem fazer Aprende que paciência requer muita de com que julga, você será em alqualquer coisa, ou nada, e terem prática. Descobre que algumas ve- gum momento condenado.
bons momentos juntos. Descobre zes, a pessoa que você espera que o
que as pessoas com quem você mais chute quando você cai, é uma das Aprende que não importa em quanse importa na vida são tomadas de poucas que o ajudam a levantar-se. tos pedaços seu coração foi partido,
você muito depressa - por isso, semo mundo não para que você o conpre devemos deixar as pessoas que Aprende que maturidade tem mais a serte.
amamos com palavras amorosas, ver com os tipos de experiência que
pode ser a ultima vez que as veja- se teve e o que você aprendeu com Aprende que o tempo não é algo que
mos.
elas, do que com quantos aniversá- possa voltar para trás. Portanto, planrios você celebrou.
te seu jardim e decore sua alma, ao
Aprende que as circunstâncias e os
invés de esperar que alguém lhe traambientes tem influência sobre nós, Aprende que há mais dos seus pais ga flores.
mas nós somos responsáveis por em você do que você supunha.
nós mesmos. Começa a aprender Aprende que nunca se deve dizer a E você aprende que realmente pode
que não se deve comparar com os uma criança que sonhos são boba- suportar... Que realmente é forte, e
outros, mas com o melhor que pode gens, poucas coisas são tão humi- que pode ir muito mais longe depois
ser. Descobre que se leva muito tem- lhantes e seria uma tragédia se ela de pensar que não se pode mais. E
po para se tornar a pessoa que quer acreditasse nisso.
que realmente a vida tem valor e que
ser, e que o tempo é curto.
você tem valor diante da vida!
Aprende que quando está com raiva
Willian Shaskspear
Aprende que não importa onde já tem o direito de estar com raiva, mas
chegou, mas onde está indo, mas se isso não te dá o direito de ser cruel.
www.formiguinhasdovale.org /// CULTURAonline BRASIL /// http://www.culturaonlinebr.org
JUNHO - Festas Juninas - Nossas Tradições - Vamos curtir...
Sustentabilidade Social e Ambiental - Educação - Reflorestamento - Desenvolvimento Sustentável - Cidadania
Edição nº. 68
Ano VI - 2013
o ícone de uma cultura e de uma
língua que é portuguesa, que ajudaram a modelar o mundo como o
conhecemos. É uma coisa de uma
dimensão extraordinária. Como reitor até me sinto pequenino perante
uma coisa desta dimensão”, afirma.
PORTUGAL
A Universidade de Coimbra é
símbolo de uma “cultura que teve
impacto na humanidade”. UNESCO classifica universidade como
ícone da cultura portuguesa no
mundo
Após quinze anos de um trajeto
longo e complicado, a candidatura
da Universidade de Coimbra foi
reconhecida no sábado como Patrimônio Mundial da UNESCO
(Organização das Nações Unidas
para a Educação, Ciência e Cultura), decisão tomada na 37ª sessão
do Comitê do Patrimônio Mundial,
em Phom Penh, no Camboja.
Apesar dos últimos pareceres feitos pelo ICOMOS – órgão consultivo da UNESCO – que aconselhavam a não inscrição, já esta sessão, da Universidade de Coimbra
(UC) na lista do patrimônio mundial, os vários representantes dos
países do Comitê do Patrimônio
Mundial foram unânimes no reconhecimento da valor da candidatura.
Para além dos critérios no qual a
candidatura vinha fundamentada, e
que tinham que ver sobretudo com
o valor patrimonial do conjunto de
edifícios que integram a área da
candidatura, foi acrescentando um
terceiro critério que reconhece a
UC como símbolo de uma “cultura
que teve impacto na humanidade”,
diz o reitor da Universidade de Coimbra, João Gabriel Silva.
“Para mim, como reitor, isso ainda
torna este momento mais emocionante e especial. O que foi distinguido hoje pela UNESCO não é
apenas um conjunto de edifícios
antigos e bonitos. A Universidade
de Coimbra foi reconhecida como
Clara Almeida Santos, vice-reitora
para a Cultura e Comunicação,
que está no Camboja a representar
a universidade, diz ter ficado
“comovida” com a forma como os
delegados dos países membros do
Comitê do Patrimônio Mundial,
subscreveram a “inscrição imediata
da Universidade de Coimbra na
lista de Patrimônio Mundial”, apesar do parecer do ICOMOS.
“E com intervenções que nos devem deixar extremamente orgulhosos, porque falaram na importância
da universidade na divulgação da
ciência e da língua portuguesa no
mundo. O embaixador indiano referiu a importância da língua portuguesa como veículo de cultura e
com uma influência expressiva na
Índia. O embaixador tailandês agradeceu a Portugal ter levado as
malaguetas para a Tailândia”, descreve.
ainda mais na valorização e preservação deste patrimônio e de
cuidá-lo para futuras gerações. É
uma grande responsabilidade”, afirma, convidando a cidade a
“festejar” a decisão da UNESCO.
Esta classificação, segundo Pedro
Machado “pode posicionar Coimbra, mais e melhor, naquilo que é o
desafio dos mercados em matéria
de competitividade e atratividade”
na área do turismo.
Também o ministro dos Negócios
Estrangeiros, numa reação à Lusa,
considerou que a classificação beneficiará “a economia, o turismo, o
conhecimento e o cosmopolitismo”
da cidade, mas que também é
“muito prestigiante” para Portugal.
Walter Rossa, catedrático de Arquitetura da Universidade de Coimbra, não foi apanhado de surpresa
pelo anúncio da classificação.
“Acompanhei de perto o trabalho e,
como tal, estava absolutamente
convencido de que ia ser classificada”. Para Rossa, a universidade
“tem um valor absolutamente excepcional na história mundial”. Como um dos investigadores coresponsáveis, na Fundação Gulbenkian, pela criação do portal www.hpip.org, que inventaria o
patrimônio português espalhado
pelo mundo, destaca que “o império português foi um dos primeiros
dois à escala mundial, mas enquanto os espanhóis tinham várias
universidades, o português só tinha Coimbra. Do ponto de vista da
formação de quadros para todo o
império, é imbatível”, acentua.
“Não há outra instituição universitária que tenha tido essa relevância”.
“É um grande dia para Portugal e
para Coimbra. A meritória candidatura a patrimônio mundial passou
com brilho e beneficiará” a cidade
em várias áreas, afirmou Paulo
Portas numa declaração escrita. O
ministro agradece “o trabalho impecável” não apenas do Ministério
dos Negócios Estrangeiros (MNE),
da Comissão Nacional da UNESCO e da embaixada, como também “o trabalho incessante dos
promotores da ideia, desde a autarquia até à universidade".
Em comunicado, o Ministério dos
Negócios Estrangeiros acrescentou que esta distinção é um
“reconhecimento internacional, que
agora é muito justamente atribuído
a Coimbra”. Para o ministério,
constitui um “motivo de orgulho e
regozijo” para a cidade e para o
país e “dá conta da confiança da
UNESCO na capacidade de o Estado para preservar o valor dos
seus bens patrimoniais”.
“Ficamos muito orgulhosos de ouvir 21 membros de países diferentes, de todas as partes do mundo,
a defenderem a inscrição imediata
da universidade na lista do Patrimônio Mundial porque reconheceram nela um valor excepcional”,
acrescenta o presidente da autarJá o presidente da Entidade Regioquia de Coimbra, João Paulo Barnal de Turismo do Centro de Portubosa de Melo, que está também no
gal, Pedro Machado, disse que a
Camboja.
classificação “é uma grande porta
Para o autarca, a decisão da que se abre” para o turismo da ciUNESCO representa uma “enorme dade. “É uma excepcional notícia
responsabilidade” para a cidade, Coimbra ter atingido este galarpara a universidade e para o país dão”, declarou Pedro Machado à
de “fazer mais e melhor por este agência Lusa, realçando que a depatrimônio que foi hoje distingui- cisão do Comitê da UNESCO “é o
do”. “Hoje chega ao fim um traba- reconhecimento de Coimbra pela
lho de anos. Foi um trajeto difícil. sua história, pelo seu patrimônio” e
Mas amanhã começa um novo de- pelo papel da sua universidade,
safio: começa o trabalho da univer- fundada em 1290, “na formação de
sidade, da cidade e das autorida- tantas gerações espalhadas pelo
des nacionais de se empenharem mundo”.
Daí considerar que, mais que o patrimônio edificado – “e eu sou arquiteto, portanto estou à vontade
para o dizer” –, o que é
“verdadeiramente importante” é o
“patrimônio imaterial, o valor cultural simbólico que a Universidade
de Coimbra tem a nível universal”.
Para Coimbra, hoje, a classificação
pela UNESCO significará, na visão
de Walter Rossa, “uma responsabilização das entidades” perante a
cidade, sua história e patrimônio,
mas também dos cidadãos. “Estas
distinções têm a enorme vantagem
de os envolver nos processos de
decisão e no dia-a-dia de gestão
do patrimônio”. Tal pode ser muito
importante numa cidade que precisa de “um grande impulso de regeneração urbana”.
FONTE: http://fugas.publico.pt
* Ortografia adaptada ao Português/Brasil
CONTATOS: 055 12 9114.3431 - Emails: CONTATO: [email protected] - patrocí[email protected]