Julho - Gazeta Valeparaibana
Transcrição
Julho - Gazeta Valeparaibana
Edição 68 Ano VI - Julho 2013 Distribuição Gratuita Vale do Paraíba Paulista - Litoral Norte Paulista - Região Serrana da Mantiqueira - Região Bragantina - Região Alto do Tietê História e Atualidade RECICLE INFORMAÇÃO: Passe este jornal para outro leitor ou indique o site Atualidades e Reflexões Pág.: 03 Pág.: 04 1932 e o Brasil de hoje: Política e Cidadania Pág.: 05 Educação é Progresso Pág.: 06 Contos, Lendas e Mitos Pág.: 07 A Cerca - Parte II Pág.: 08 E agora José? Pág.: 09 Maior Idade Penal Pág.: 10 Sobre Laicidade Pág.: 11 Socializando Ideias Pág.: 12 Nossas Crianças Pág.: 13 Política e Políticos Pág.: 14 No Brasil, no Estado de São Paulo, o feriado de 9 de julho, para o povo paulista, é uma ocasião para lembrar dos valores de liberdade, democracia e respeito à Constituição. Esses foram os ideais que levaram São Paulo a fazer a Revolução Constitucionalista de 1932 contra o Governo Provisório de Getulio Vargas, que dirigia o país como bem entendia, sem respeito à Constituição, à liberdade e à democracia. Nessa lembrança dos ideais que motivaram seus ancestrais, pais ou avós, a lutarem por um país melhor, com democracia e respeito às leis estabelecidas é provável que muitos paulistas (e brasileiros de outros Estados) façam uma comparação com o Brasil de hoje, pois são encontradas situações semelhantes como as que ocorreram em 1932, parecendo que a "História está se repetindo". Nossos Filhos Pág.: 15 Leia mais: Página 3 Universidade de Coimbra Pág.: 16 Datas importantes JULHO 01 - Dia Mundial das Bibliotecas 02 - Dia Internacional das Cooperativas 03 - Dia do Tratado da Cooperação Amazônica Promulgação da Lei Afonso Arinos (1951) 04 - Morte de Monteiro Lobato (1948) 05 - Dia do Hospital 06 - Criação do IBGE (1934) Morte de Castro Alves (1871) 07 - Nascimento de Artur Azevedo ((1855) Nascimento de Rodrigues Alves (1848) 08 - Dia do Esporte Amador, Cultura , Ciência 09 - Revolução Constitucionalista (1932) 10 - Dia Mundial da Lei e Dia da Pizza 11 - Dia Mundial da População 14 - Dia da Liberdade do pensamento 15 - Instalação Congresso Brasileiro (1890) 17 - Dia de Proteção das Florestas 18 - Coroação de D. Pedro II (1841) Morte de Castelo Branco (1967) 20 - Fundação da Academia Bras. Letras Dia Internacional do amigo 22 - Semana da Agricultura Criação do FMI ou IMF (1944) 26 - Nascimento de Cassiano Ricardo (1895) 29 - Nascimento da Princesa Isabel (1927) 30 - Nascimento de Mario Quintana (1906) 31 - Dia da Libertação dos Indígenas Brasil Nasc. de Ignácio de Loyola Brandão(1936) Agora a Gazeta Valeparaibana está online, trazendo diariamente todas as notícias relevantes nas áreas da Educação, Cultura, Meio Ambiente e Sustentabilidade Social Confira! www.gazetavaleparaibana.com Cidadania as revoluções necessárias EDUCAÇÃO NÃO É COMPETIÇÃO Cada vez mais aumenta o número de pessoas exigindo que se remunere os professores de acordo com que lecionam e que produzem mais. Todas as opiniões giram em torno de se remunerar os professores através de bônus e só teriam direito a aumento de salário os considerados com bom desempenho (produzem mais e melhor). E como saber qual o professor que trabalha melhor ou pior? Como saber o volume de trabalho do professor? Como saber se o atual professor está educando bem os seus alunos? Quais critérios a serem utilizados? Leia mais: Página 6 O Gigante Acordou (3ª. Versão) O GIGANTE ACORDOU: E não foi por causa de R$ 0,20 As manifestações em torno do aumento da passagem de ônibus pelo Brasil vêm demonstrando a insatisfação da população com o atual sistema de governo. O problema não vem sendo somente em torno do aumento, mas sim de um problema mais profundo: o sistema de coronelismo no Brasil. Leia mais: Página 9 A maioria das pessoas não quer realmente a liberdade, pois liberdade envolve responsabilidade, e a maioria das pessoas tem medo de responsabilidades. Sigmund Freud Este veículo, transcende a sala de aula como proposta para reflexão, discussão, interação e aprendizagem sobre temas dos projetos desenvolvidos pela Associação “Formiguinhas do Vale”, organização sem fins lucrativos , com ênfase em assuntos pontuais e inerentes à sustentabilidade social e ambiental. Filipe de Sousa e Meio Ambiente Formiguinhas do Vale www.formiguinhasdovale.org A Associação tem como principal objetivo interferir nas mudanças comportamentais da sociedade que o momento exige, no que tange a preservação ambiental, sustentabilidade e paz social, reflorestamento, incentivo à agricultura orgânica, hortas comunitárias e familiares, preservação dos ecossistemas, reciclagem e compostagem do lixo doméstico além, de incentivar a preservação e o conhecimento de nossas culturas e tradições populares. Formalizado através do Projeto Social ‘EDUCAR - Uma Janela para o Mundo’ e multiplicado e divulgado através deste veículo de interação. Projetos integrados: • Projeto “Inicialização Musical” Este projeto tem por finalidade levar o conhecimento musical, a crianças e adultos com o fim de formar grupos multiplicadores, sempre incentivando a música de raiz de cada região, ao mesmo tempo em que se evidenciam as culturas e tradições populares de cada região. Inicialmente iremos formar turmas que terão a finalidade de multiplicação do conhecimento adquirido, no projeto, em cada Escola e em suas respectivas comunidades. Projeto “Viveiro Escola Planta Brasil” • Este projeto visa a implantação de um Viveiro Escola, especializado em árvores nativas das Matas Atlântica e Ciliares. Nele nossas crianças irão aprender sobre os ecossistemas estudados, árvores nativas, técnicas de plantio e cuidados; técnicas de compostagem e reciclagem de lixo doméstico, etc. Tudo isto, integrando-se o teórico à prática, através de demonstrações de como plantar e cuidar, incentivando e destacando também, a importância da agricultura orgânica, hortas comunitárias e familiares. Serão formadas turmas que terão a finalidade de se tornarem multiplicadoras do conhecimento adquirido em cada comunidade. • Projeto “Arte&Sobra” • Projeto “SaciArte” Neste Projeto Social iremos evidenciar a necessidade da reciclagem, com a finalidade de preservação dos espaços urbanos e, como fator de geração de renda. Também serão formadas turmas multiplicadoras de conhecimento, que terão como função a formação de cooperativas ou grupos preservacionistas em suas comunidades. Este projeto é um formador de grupos musicais onde as culturas regionais e a música de raiz sejam o seu tema. Primeiramente será formado um grupo composto por crianças, adolescentes e adultos com responsabilidade de participação voluntária, no grupo da comunidade da Região Cajuru na Zona Leste de São José dos Campos. # SEJA UM VOLUNTÁRIO. Conheça !!! Fale conosco 0xx12 - 9114.3431 Acesse: http://www.formiguinhasdovale.org JULHO 2013 Gazeta Valeparaibana Página 02 Editorial Crônica Lei do caminhão de lixo O tempo anda escasso? Um dia peguei um táxi para o aeroporto, estávamos rodando na faixa certa quando um carro preto saiu de repente do estacionamento direto na nossa frente. Mas que tempo é este? E para que precisamos de tanto tempo assim? Há este frio para variar nos faz recolher. Mesmo assim caminhamos pelas ruas desvendando o mundo. O taxista pisou no freio bruscamente, deslizou e escapou de bater em outro carro, foi mesmo por um triz! Ando a colher estrelas que trazem o tempo dentro de si. O motorista desse outro carro sacudiu a cabeça e começou a gritar para nós nervosamente. Mas o taxista apenas sorriu e acenou para o cara, fazendo um sinal de positivo. E ele o fez de maneira bastante amigável. Indignado lhe perguntei: Porque você fez isto? Esse cara quase arruína seu carro, a nós e quase nos manda para o hospital ?!?! É as estrelas tem o tempo dentro delas. Houve um tempo que só havia dia e noite. Depois inventamos as ampulhetas. Surgiu o relógio de sol. E os animais não estão nem ai para eles só existem a noite e o dia. Ultimamente vejo a madrugada passar confesso que é meio a contra gosto. Prefiro uma boa noite de sono. Mas que correria é esta em que vivemos? Gosto de minhas caminhadas pela Mantiqueira sem preocupação com o tempo. Sem horários às vezes um amigo que gosta de se apressar vai junto. E ai faz valer um tempo chato. Foi quando o motorista do táxi me ensinou o que eu agora chamo de " A Lei do Caminhão de Lixo". Às vezes passo alguns segundos no inferno garanto-lhes é infernal… Ele explicou que muitas pessoas são como caminhões de lixo. E as madrugadas me fazem rever a vida toda que chato. O que passou simplesmente já foi. E não será diferente. Temos que viver nosso tempo. Este tempo em que escrevo. Este tempo de internet… De FaceBook … Momento de lazer enquanto não leio textos indicados por amigos. E ouço música em uma rádio. É a vida e o que fazemos de nosso escasso tempo? Andam por aí carregadas de lixo, cheias de frustrações, de raiva, traumas e desapontamento. A medida que suas pilhas de lixo crescem , elas precisam de um lugar para descarregar e as vezes descarregam sobre a gente. Nunca tome isso como pessoal. Isso não é problema seu! É dele! Apenas sorria, acene, deseje-lhes sempre o bem, e vá em frente. Não pegue o lixo de tais pessoas e nem o espalhe sobre as outras pessoas no trabalho, em casa ou nas ruas. Fique tranquilo...respire E DEIXE O LIXEIRO PASSAR. O princípio disso é que pessoas felizes não deixam os caminhões de lixo estragar seu dia. A vida é muito curta, não leve lixo com você! Limpe os sentimentos ruins, aborrecimentos do trabalho, picuinhas pessoais, ódio e frustrações. Ame as pessoas que te tratam bem. E trate bem as que não o fazem. A vida é dez por cento do que você faz dela e noventa por cento da maneira como você a recebe ! O tempo anda escasso? Às vezes é bom dormir. Planejar novos paços. Se o universo nos permitir. Realizar sonhos, criar novas utopias… As ideias muitas vezes se repetem mas fazem-se necessárias.Acabei de abaixar um programa que cria música quem sabe eu finalmente recriador de sons… Ir além das palavras, das imagens e criar uma sonoridade minha. Gastaria um tempo com isto. Gosto de gastar meu tempo em meditação. Em oração. Em busca de nosso pai que está em nós. Enfim o que é o tempo ? E o que fazemos de nosso tempo. Em nossa infância não chegávamos a pensar… Preciso reler Fernando Pessoa … Devo me ler me acessar. Enfim a meu tempo de escrever. E talvez um tempo de um leitor, Será que somos o tempo? O tempo anda escasso? E a o tempo do Eclesiastes … que nos fala do tempo … Que nos conta sobre a vida… Enfim o tempo anda escasso? João Carlos Faria Livrem-se dos lixos!! Arnaldo Jabor Rádio web CULTURAonline Brasil NOVOS HORÁRIOS e NOVOS PROGRAMAS Prestigie, divulgue, acesse, junte-se a nós ! A Rádio web CULTURAonline, prioriza a Educação, a boa Música Nacional e programas de interesse geral sobre sustentabilidade social, cidadania nas temáticas: Educação, Escola, Professor , Família e Sociedade. Uma rádio onde o professor é valorizado e tem voz e, onde a Educação se discute num debate aberto, crítico e livre. Mas com responsabilidade! Acessível no links: www.culturaonlinebr.org A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído mensalmente para download e Gazeta Valeparaibana visa a atender à Cidade de São Paulo e suas Regiões Metropolitanas. é um MULTIPLICADOR do Projeto Social Todas as matérias, reportagens, fotos e Vale do Paraíba Paulista, Serrana da Mantiqueira, Litoral Norte Paulista, “Formiguinhas do Vale” e está presente demais conteúdos são de inteira responBragantina e Alto do Tietê e ABC Paulista. mensalmente em mais de 80 cidades do Cone sabilidade dos colaboradores que Editor: Filipe de Sousa - FENAI 1142/09-J Leste Paulista, com distribuição gratuita em assinam as matérias, podendo seus Revisão de textos: Francisca Alves cerca de 2.780 Escolas Públicas e Privadas de conteúdos não corresponderem à Veículo divulgador da Associação Ensino Fundamental e Médio. opinião deste projeto nem deste Jornal. “Formiguinhas do Vale” “Formiguinhas do Vale” IMPORTANTE www.formiguinhasdovale.org CULTURAonline BRASIL Uma OSCIP - Sem fins lucrativos Gazeta Valeparaibana JULHO 2013 Página 03 História e Atualidade 1932 e o Brasil de hoje: as revoluções necessárias era para a área da saúde, para melhorar o atendimento à população, mas foi usado para outros fins), o aumento do IOF e tantos outros fatos que a imprensa noticia. O povo paga a conta de impostos que são cobrados, mas constata muita roubalheira do dinheiro público... Até quando o povo terá paciência com tanta coisa errada? As passeatas que estão ocorrendo em todo o país neste mês de junho de 2013 indicam que o povo está tendo consciência desses desmandos e não os aceita mais passivamente. Os slogans dos cartazes Por: Antonio de Andrade nas passeatas reivindicam um basta à corrupção e um anseio de todos por No Brasil, no Estado de São Paulo, mudanças que melhorem este país o feriado de 9 de julho, para o povo além de outros anseios do povo! paulista, é uma ocasião para lembrar Em 1932 o povo também perdeu a dos valores de liberdade, democracia paciência com os desmandos de um e respeito à Constituição. Esses foram governo comandado por Getulio Varos ideais que levaram São Paulo a gas, um governo que de início era profazer a Revolução Constitucionalista visório, mas parecia querer se perpede 1932 contra o Governo Provisório tuar no poder, adiando as mudanças de Getulio Vargas, que dirigia o país necessárias, como a elaboração de como bem entendia, sem respeito à uma nova Constituição. Hoje as notíConstituição, à liberdade e à democracias da imprensa, demonstram que cia. Nessa lembrança dos ideais que também ocorre um adiamento, para motivaram seus ancestrais, pais ou qualquer dia, protelando-se as reforavós, a lutarem por um país melhor, mas necessárias para o país, tributácom democracia e respeito às leis esria, de distribuição de renda, de detabelecidas é provável que muitos senvolvimento de empregos, etc., e paulistas (e brasileiros de outros Estaesse jogo de empurra para algum dia, dos) façam uma comparação com o é feito, conforme as notícias publicaBrasil de hoje, pois são encontradas das diariamente, porque gasta-se a situações semelhantes como as que maior parte do tempo em briguinhas ocorreram em 1932, parecendo que a políticas entre os que deveriam estar "História está se repetindo". trabalhando para essas reformas, paComo em 1932, no Brasil de hoje ralisando as votações e os trabalhos há um mal-estar nas pessoas, ocor- legislativos e ocupando o tempo do rendo um sentimento cívico de vazio, executivo para manter a maioria dos de indignação, de revolta e repugnân- políticos favoráveis a ele. cia em relação à muita coisa que tem Basta ligar a TV, ouvir rádios ou ocorrido no país. ler os jornais e revistas para se consNa atualidade esse sentimento é em tatar os fatos que levam a essa conrelação aos escândalos do mau uso clusão. Você, certamente irá lembrar ou gatunagem do dinheiro público, as de muitos fatos que tem presenciado notícias de corrupção, e as ações tanpela imprensa, provocando em você, to executivas quanto legislativas que e muitas outras pessoas, um sentiparecem não levar em conta o bem mento de revolta, de indignação e reestar do povo e do país. E o povo paspugnância por tudo isso que tem sabisa a ser usado apenas como marionedo. te, e no fim de tudo é ele quem paga No passado os políticos lutavam as contas de planejamentos falhos e por poder, no exemplo da "Política outras ações, dos impostos disfarçacafé com leite" que existia desde o dos (como o da CPMF que havia temImpério até 1932. Na atualidade, é pos atrás, imposto que originalmente difícil achar algum político que demonstre lutar pela melhoria da cidade onde vive, pelo Estado ou pelo Brasil, já que um grande número de políticos continua, como no passado, a lutar por poder, cada vez mais. Um bom exemplo dessa luta pelo poder é a busca de coalizões partidárias que se vê entre os Partidos, dentro de um sistema político de maiorias que existe no Brasil de hoje, visando geralmente a um Partido ter mais poder do que outros. Os vários escândalos e corrupções que os meios de comunicação revelam indicam que o objetivo desses maus políticos e de outras pessoas em cargos importantes que estão envolvidos nesses escândalos, não é de lutar pelo bem geral do povo e melhoria do país, como seria o ideal democrático, mas "o levar vantagem" do cargo ou posição que ocupam. Felizmente ainda são encontrados políticos, e pessoas em cargos importantes que lutam pelos ideais e objetivos para o qual foram eleitos ou os objetivos dos cargos que ocupam. ciário, do atual sistema político, do sistema tributário no qual não só o povo tenha que pagar impostos para sustentar os políticos e governo em seus vários níveis, mas em especial também aqueles que deveriam pagar impostos e não pagam, por exemplo, os Bancos que nada pagam conforme foi revelado certa vez por um alto membro do governo. E são necessárias muitas outras "revoluções", mudanças que o Congresso Nacional, as Assembléias Estaduais e as Câmaras Municipais e os políticos que foram eleitos para os diversos cargos federal, estadual ou municipal, podem e devem realizar se esses brasileiros cumprirem a finalidade para o qual foram eleitos pelo povo, se houver desejo de realmente se lutar pela melhoria do município, do Estado e do país. Mudanças que realmente tragam mais democracia social, mais condições econômicas e de emprego para o povo, diminuindo as gritantes desigualdades existentes no país, em especial as concentrações de renda nas Quando se pensa nos ideais de mãos de poucos. um país melhor que fez o povo paulisNessas "revoluções" necessárias, ta lutar em 1932, fica-se a refletir se modificando o que precisa ser modifios ensinamentos da História não fo- cado, é preciso que cada pessoa, inram assimilados pelos políticos brasi- clusive você leitor, faça a sua parte, leiros de hoje, eleitos para, em benefí- bem feita, dentro do seu âmbito de cio do povo, governar os municípios, ação, seja no lar, na escola, nas unios Estados ou o país. É provável que versidades, nas empresas, no comérmuitos poucos políticos brasileiros a- cio, no âmbito das sociedades civis, prenderam os ensinamentos históri- militares ou governamentais. Apesar cos! E essa constatação mostra que da onda de notícias sobre corrupções alguma "revolução" precisa ser feita descobertas e dos escândalos, geranpelo povo, afinal o verdadeiro poder do um estado emocional coletivo de está nas mãos do povo. repugnância podemos, como pessoas Mas uma "revolução" sem pegar e como sociedade, voltarmos a possuem armas como foi feito em 1932, ir certos valores positivos e saudáveis, mas pegar em outro tipo de "armas" individuais e coletivos. Vai depender para dizer um basta aos maus brasi- somente da vontade de cada um, e leiros que estão em cargos políticos, coletivamente, da vontade geral da podendo por exemplo, com um VOTO sociedade. MAIS CONSCIENTE e mais responsável nas épocas de eleição, retirar aqueles maus políticos que existirem no cenário municipal, Estadual ou no nacional ou reelegendo aqueles que realmente demonstram com suas ações patrióticas que lutam para o bem do município, do Estado e do país. As mudanças são possíveis de serem alcançadas e assim, se cada pessoa em seu âmbito de ação, realizar as ações que forem necessárias para as mudanças, nunca mais o povo, paulista e em sentido geral, o povo brasileiro irá precisar "pegar em armas" como ocorreu em 1932, para Outras "revoluções" precisam ocor- trazer melhorias para o Brasil. rer, como as reformas do sistema judi- CULTURAonline BRASIL mente assim conseguirá patrocinadores e valorizará seus espaços publicitários. EDUCAR Uma janela para o mundo CONSTITUIÇÃO FEDERAL Incisos IV, VI, VII, VIII e IX do art. 5º da Constituição Federal. Efetivamente os textos de tais incisos são os seguintes: IV – “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”; Todos sabemos que programas sobre educação onde se abordem verdades e se discuta o assunto de forma imparcial, suprapartidariamente e com ética são raros na mídia convencional. São raros porque infelizmente não dão IBOPE e a mídia convencional busca imagem e IBOPE, pois so- Nosso programa no ar todas as Quintas, das 20h às 22h e, o ouvinte poderá interagir com suas sugestões, críticas ou questionamentos. CULTURAonline BRASIL Apresentado pelo Prof. António Carlos Vieira CONHEÇA TODA A NOSSA PROGRAMAÇÃO Acesse e ajude a Educação no Brasil www.culturaonlinebr.org Gazeta Valeparaibana JULHO 2013 Página 04 Atualidades e Reflexões Brasil A plebe e a nobreza O Povo acordou!!! A esperança é que se abram os canais entre a plebe e o trono, o clamor popular encontre ouvidos no castelo, as demandas sejam prontamente atendidas 26/06/2013 Frei Betto Era uma vez um reino governado por um rei despótico. Sua majestade oprimia os súditos e mandava prender, torturar, assassinar quem lhe fizesse oposição. O reino de terror prolongou-se por 21 anos. Os plebeus, inconformados, reagiram ao déspota. Provaram que ele estava nu, denunciaram suas atrocidades, ocuparam os caminhos e as praças do reino, até que o rei perdesse a coroa. Vários ministros do rei deposto ocuparam sucessivamente o trono, sem que as condições econômicas dos súditos conhecessem melhoras. Decidiu-se inclusive mudar a moeda e batizar a nova com um título nobiliárquico: real. os afetava, o descaso da casa real e a inoperância de um SUStema que, com frequência, matava na fila o paciente em busca de cura. Os plebeus se queixavam. Mas a casa real não dava ouvidos, exceto aos aplausos refletidos nas pesquisas realizadas pelos arautos do reino. O castelo isolou-se do clamor dos súditos, sobretudo depois que o rei abdicou em favor da rainha. Infestado de crocodilos o fosso em torno, as pontes levadiças foram recolhidas e as audiências com os representantes da plebe canceladas ou, quando muito, concedidas por um afável ministro que quase nenhum poder tinha para mudar o rumo das coisas. Em meados do ano, a corte promoveu, com grande alarde, os jogos reais. Vieram atletas de todos os recantos do mundo. Arenas magníficas foram construídas em tempo recorde, e o tesouro real fez a alegria e a fortuna de muitos que orçavam um e embolsavam cem. Foi então que o caldo entornou. A plebe, inconformada com o alto preço dos ingressos e o aumento dos bilhetes de transporte em carroças, ocupou caminhos e praças. Pesou ainda a indignação frente a impunidade dos corruptos e a tentativa de calar os defensores dos direitos dos súditos contra os abusos dos nobres. Tal medida, se não trouxe benefícios expressivos à plebe, ao menos reduziu as turbulências que, com frequência, afetavam as finanA vassalagem queria mais: educação da quaças da corte. lidade à que se oferecia aos filhos da nobreAinda insatisfeita, a plebe logrou conduzir ao za; saúde assegurada a todos; controle do trono um dos seus. Uma vez coroado, o rei dragão inflacionário cuja bocarra voltara a voplebeu tratou de combater a fome no reino, mitar chamas ameaçadoras, capazes de calfacilitar créditos aos súditos, desonerar producinar, em poucos minutos, os parcos reais de tos de primeira necessidade, ao mesmo temque dispunha a plebe. po em que favorecia os negócios de duques, condes e barões, sem atender aos apelos dos Então a casa real acordou! Archotes foram servos que labutavam nas terras de extensos acesos no castelo. A rainha, perplexa, buscou feudos e clamavam pelo direito de possuir a conselhos junto ao rei que abdicara. Os preços dos bilhetes de carroças foram logo reduprópria gleba. zidos. O reino obteve, de fato, sucessivas melhoras com o rei plebeu. Este, porém, aos poucos Agora, o reino, em meio à turbulência, lembra deixou de dar ouvidos à vassalagem comum que o povo existe e detém um poder invencíe cercou-se de nobres e senhores feudais, de vel. O castelo promete abrir o diálogo com quem escutava conselhos e beneficiava com representantes da plebe. Príncipes hostis à recursos do tesouro real. Obras suntuosas rainha ameaçam tomar-lhe o trono. Paira no foram erguidas, devastando matas, poluindo horizonte o perigo de algum déspota se valer rios e, o mais grave, ameaçando a vida dos do descontentamento popular para, de novo, impor ao reino o regime de terror. primitivos habitantes do reino. Para assegurar-se no poder, a casa real fez um pacto com todas as estirpes de sangue azul, ainda que muitos tivessem os dedos multiplicados sobre o tesouro real. O povo precisa que o sol da liberdade brilhe em raios fúlgidos em todos os instantes de nossa vida. O penhor da igualdade tem que ser conquistado para todos, não apenas para as classes mais favorecidas. O povo brasileiro quer conquistar com Voz forte o solo do Brasil para os brasileiros. O povo brasileiro não aguenta mais que nossa grandeza seja espelhada para um futuro, nós brasileiros queremos reforma já, queremos justiça já, bradamos clamando por um país onde a corrupção praticada pelos nossos governantes seja extirpada do nosso meio. O Lábaro que ostentamos estrelado, só terá paz no futuro se as glórias forem conquistadas no presente, se os governantes desse país tiverem coragem política para fazer as reformas que o país urge e necessita, o coronelismo já ficou para trás é preciso olhar para o presente focado onde queremos levar nosso país no futuro. Em nome da justiça, da repudia a corrupção, de impostos mais justos e compatíveis com a capacidade do povo funcionar que a nação brasileira ergue da justiça a clava forte, provando que um brasileiro não foge à luta ordeira, pacífica clamando por respeito ao seu direito legítimo de protestar A esperança é que se abram os canais entre em favor da VIDA. a plebe e o trono, o clamor popular encontre ouvidos no castelo, as demandas sejam pron- Entre outras mil o Brasil é terra adorada, somos filhos deste tamente atendidas. solo mãe gentil, não aceitamos mais dormir em berço esSobretudo, dê a casa real ouvidos à voz dos plendido enquanto os maus governantes destroem o país, jovens reinóis que ainda não sabem como a democracia, o sonho fulgurante de prosperidade de nosso transformar sua indignação e revolta em pro- povo. postas e projetos de uma verdadeira democracia, para que não haja o risco de retorna- Democracia é liberdade, nenhum povo pode ser livre estanrem ao castelo déspotas corruptos e demago- do com as amarras da fome, das altas cargas de impostos, gos, lacaios dos senhores feudais e de casas da corrupção. reais estrangeiras. Do lado de fora do castelo, os plebeus sentiam-se contemplados por melhorias de vida, viam a miséria se reduzir, tinham até acesso a créditos para adquirirem carruagens próprias. Porém, uma insatisfação pairava no reino. Os vassalos eram conduzidos ao trabalho em carroças apertadas e pagavam caros reais pelo transporte precário. As escolas quase nada ensinavam além do beabá, e os cuidaFrei Betto é escritor, autor de “Aldeia do silêndos com a saúde eram tão inacessíveis quancio” (Rocco), entre outros livros. to as jóias da coroa. Em caso de doença, os súditos padeciam, além das dores do mal que BARBOSA ITO _______________________ ADVOCACIA EDERKLAY BARBOSA ITO OAB/SP 193.352 www.barbosaito.com.br O "Gigante adormecido" é constituído por pessoas que não suportam mais contemplar em " Berço Esplêndido " a vida passar e o tempo consumir o sonho de toda nação. O Gigante enfim acordou, mostrando seu heróico brado retumbar nas avenidas de todo país. Edifício Business Center Rua Sebastião Humel, nº.171 5º. Andar - Sala 501 - Centro São José dos Campos - SP CEP 12.210-200 TEL/FAX (0XX12) 3942.6245 Onde mora a liberdade, ali está a minha pátria. Benjamin Franklin Adaptação: Filipe de Sousa Gazeta Valeparaibana JULHO 2013 Página 05 Cidadania Democracia Representativa Democracia Participativa Por: Luigi Bobbio * Palestra proferida pelo Professor Italiano na Câmara Municipal de Porto Alegre, em 08 de junho de 2006, quando da sua única vinda ao Brasil para participar de debates envolvendo democracia, políticas publicas e participação popular. Por muitos anos acompanhei, mesmo que distante, a experiência do Orçamento Participativo (OP) que, particularmente, considero uma das experiências mais importantes de participação no mundo. É muito importante estar aqui em Porto Alegre. Assim pretendo falar muito brevemente porque preferiria muito mais escutá-los, até porque essa experiência é muito mais atrativa. O tema a que me foi proposto foi o de discutir a relação entre a democracia representativa e participativa. Esta relação é sempre muito difícil, pois sempre há em minha opinião, tensões entre o princípio representativo e o princípio participativo. Naturalmente é possível resolvê-las e encontrar pontos de equilíbrio, mas nunca se resolverão todas as questões de uma vez por todas. Queria repassar muito rapidamente cinco pontos fortes e cinco pontos fracos da democracia representativa. Mas antes disso, pretendo apresentar uma distinção que penso ser muito importante, ou seja, a distinção entre a política e as políticas públicas. Nós usamos sempre a mesma palavra “política”, para dizer “política” e “políticas públicas”, mas são duas coisas diferentes. A política é representada pela luta ou pela competição para a gestão do poder (do Município, do Estado, da Federação). As políticas, por outro lado, são as decisões que são tomadas para enfrentar problemas públicos. A política, no singular, é uma arena onde se confrontam os partidos. As políticas públicas são muitas, porque são tantos quantos são os problemas que afetam a coletividade: saúde, habitação, educação, segurança, entre outras. Então, se a política é uma e os problemas são muitos, como colocar juntas as duas coisas? A partir desta distinção, emergem cinco pontos fortes e cinco pontos de fracos da democracia representativa. Pontos Fortes: 1º – A democracia representativa tem uma legitimidade muito forte, porque se baseia sobre o número de votos que recebem os representantes. Os votos são contados e estão materializados, são dados objetivos. 2º – Na democracia representativa as decisões são tomadas por poucas pessoas: Vereadores, Deputados, Senadores, por isso há uma redução da complexidade da sociedade. 3º – A profissionalização: os representantes são especialistas da política. Trabalham quase em tempo integral na política. 4º – Os representantes podem ter uma visão do conjunto completa, e por isso podem superar os pontos de vistas particulares e específicos de cada comunidade. 5º – Os representantes têm certa liberdade de decisão, graças ao princípio da proibição do mandato imperativo. Pontos Fracos: A cada ponto forte, corresponde um defeito ou um ponto fraco. 1º – O mandato que os representantes recebem com o voto geralmente são pouco claros e incompletos. Os programas eleitorais geralmente não são completos e quase sempre os eleitores não os conhecem. Nos últimos anos, acredito um pouco em todos os lugares e também no Brasil, está existindo uma crescente personalização da política e por isso, os eleitores votam mais nas pessoas que nos programas. 2º – Como existem muitos problemas e muitas políticas públicas, dentro de uma assembléia representativa como o parlamento é impossível que seja representado todos os pontos de vista e todos os interesses relativos a todas as políticas, ou seja, muitos pontos de vista, muitos interesses, muitas comunidades, não entram na Câmara de Vereadores, nem entram na Assembleia Legislativa. 3º – Sobre a profissionalização. É verdade que os representantes são muito profissionais, mas a profissionalização tem mais haver com a política do que com as políticas, ou seja, os representantes tendem a se especializar e manter relações com outros Partidos, de aliança ou de confronto e geralmente o jogo da política se torna mais importante do que a capacidade de fazer políticas públicas, ou seja, de tomar decisões que dizem respeito à toda coletividade. 4º – Nas Assembléias Legislativas ou representativas existem agrupamentos de Partidos pré-constituídos; há uma maioria, há uma oposição. O que acontece é que quando se discute a escolha de uma determinada política pública, por exemplo, da saúde, escolas, das estradas, etc. Os Parlamentares que pertencem a base do governo tendem a votar à favor da proposta, ainda que não sejam totalmente de acordo e os Parlamentares da oposição votarão contra ainda que sejam bastante favoráveis. Em outras palavras, o fato de existir agrupamentos pré-constituídos torna difícil uma discussão mais aprofundada. 5º – A liberdade que têm os representantes seguidamente tendem a se direcionar para objetivos pessoais, de carreira política, do que escolhas que interessa a coletividade como um todo. Tenho a impressão de que esses pontos de fraqueza ou de crise da representação estão crescendo nos últimos anos, ou seja, a crise de representação está aumentando. Não saberia lhes informar se esse fenômeno também acontece no Brasil, mas na Itália tem aumentado notavelmente. Existem várias razões, mas acredito que o motivo principal, é que há 20 ou 30 anos atrás os Partidos Políticos eram capazes de estabelecer fortes ligações entre a sociedade civil e as instituições, enquanto que hoje, ao menos na Itália, não saberia informar se no Brasil, os Partidos estão muito mais fracos e a política muito mais personalizada, ou seja, conta mais as pessoas do que os Partidos Políticos. Para solucionar esses defeitos, em todos os países do mundo nos perguntamos sobre novas formas de participação. Eu não tenho nada a dizer para vocês porque a experiência de Porto Alegre é seguramente uma das mais importantes, porém há muitas experiências similares ainda que menos fortes e menos estruturadas, nas quais é confiado diretamente aos cidadãos de maneira organizada a possibilidade de tomar decisões importantes para a sua coletividade. Naturalmente isso cria uma tensão com os representantes, ou seja, entre a democracia representativa. Mas na democracia participativa também existem muitos problemas e dificuldades a serem solucionadas. De fato, a democracia participativa não procura substituir a democracia representativa, ambas podem conviver juntas, mas é uma convivência difícil. Poderia existir uma solução radical, ou seja, que os representantes oficiais, aqueles eleitos pelo povo, não tomassem mais eles as decisões, mas seriam aqueles que organizariam um procedimento formal para fazer com que as decisões sejam tomadas pelos cidadãos. Assim, haveria uma alteração no papel desempenhado pelos políticos, que não seriam mais aqueles que decidem pelos outros, mas aqueles que propõem métodos do trabalho, nos quais os cidadãos possam participar e tomar as decisões que lhes dizem respeito. Essas funções dos políticos seriam importantíssimas e penso que Porto Alegre é um exemplo extraordinário, porque acredito que com a experiência do Orçamento Participativo, houve de certa forma essa delegação popular. Construíram um método, que depois foi mudando com o tempo para confiar informalmente as decisões sobre o orçamento à cidadania, e isso me parece muito importante para a democracia. CURTA e participe de nossa página no FaceBook “Política e Cidadania” COLE no seu navegador o link abaixo https://www.facebook.com/groups/150403778428664/ PRESTE ATENÇÃO Somente com a legítima liberdade de expressão, pluralidade de informação, respeito a cidadania, e permanente vigilância contra as tentativas de cercear o Estado democrático de direito, é que poderemos pensar em transformar Regimes de Força, em Regimes de Direito. Diga não ao consumismo Paulo Miranda CONTATOS: 055 12 9114.3431 - Emails: CONTATO: [email protected] - PATROCÍNIOS: patrocí[email protected]: Gazeta Valeparaibana JULHO 2013 Página 06 Educação é progresso EDUCAÇÃO NÃO É COMPETIÇÃO melhor). Cada vez mais aumenta o número de pessoas exigindo que se remunere os professores de acordo com que lecionam e que produzem mais. Todas as opiniões giram em torno de se remunerar os professores através de bônus e só teriam direito a aumento de salário os considerados com bom desempenho (produzem mais e E como saber qual o professor que trabalha melhor ou pior? Como saber o volume de trabalho do professor? Como saber se o atual professor está educando bem os seus alunos? Quais critérios a serem utilizados? São perguntas que surgem quando se pensa em remunerar melhor os professores e saber se produzem mais. Para complicar, o que os professores ensinam e como ensinam só mostram os resultados alguns anos depois! A primeira vista se parece uma maneira justa de se estimular os que melhor lecionam e mais trabalham. Mas, as perguntas acima levam a outras perguntas igualmente importantes: como seria a remuneração desses professores? Só os considerados com bom desempenho? Todos com bom desempenho seriam premiados? Só alguns de acordo com as condições financeiras do tesouro (prefeituras, Estados e União)? Como medir o desempenho de um professor? Tendo em mente as perguntas anteriores, fiquei a lembrar de como eram incentivados, os alunos, quando estudava as primeiras séries (primário e ginasial). Era comum, naquela época, os melhores alunos receberem prêmios (equivalentes a bonificações que alguns professores, considerados melhores, recebem). Esses prêmios tinham várias modalidades, que foram sendo modificados e extintos com o passar do tempo. Podemos citar os tipos de premiações: aluno com melhor média/nota por disciplina, aluno com melhor média das turmas da mesma série e aluno com a melhor média do colégio. Vou citar as premiações mais comuns da época: os melhores alunos por disciplinas eram, geralmente, agraciados com livros das disciplinas que tiveram melhor rendimento. Essa forma de premiação era em sua grande maioria por iniciativa do próprio professor da disciplina. Existia casos do professor premiar o melhor alunos da disciplina nas turmas que lecionava e tinha alguns (caso raro) que premiava o melhor aluno de cada turma. bonificações (prêmios) para os que forem considerados melhores em uma avaliação feita para tal fim. Só que essas premiações ou bonificações tem o lado bom e o lado ruim. O lado bom é que realmente ela estimula aos que tem chance de ganhar o prêmio/bônus a estudarem mais para o caso dos alunos e no caso dos professores ele irá intensificar e fazer o possível para conseguir com que os alunos estudem e aprendam (só não sei como irão medir isso). Educação tem de vir do berço e cabe à família responsabilizar-se por isso! Se cada família praticasse esta máxima: Educar os filhos dentro de princípios morais e boas maneiras, com certeza não teríamos Professores frustrados e Mas, essas premiações estimulando uma concorrência exauridos devido a falta de educação como se fosse uma corrida tem o seu lado negativo. Os de muitas crianças e jovens. que vão conseguindo premiações irão cada vez mais se sentindo estimulados a tentar cada vez mais e os que Todos os dias em milhares de salas de não conseguem premiação durante algumas vezes se- aula espalhadas pelo Brasil e pelo guidas, passam a não se sentirem estimulados e a não mundo, crianças e jovens chegam ao ápice da mal criação destilando todo tentar por achar que nunca irão conseguir. tipo de impropérios nas dependências No caso dos professores a situação é mais agravante. da Escola e fora dela, comunicando-se Além do fato de se correr o risco dos professores se uns com os outros aos berros de forma sentirem desestimulados, tem o problema que os prorude e irônica, tratando mal os colefessores premiados passaram a tem melhores condigas, Professores e demais Funcionáções financeiras e consequentemente em condições de rios da Escola. se atualizarem melhor que os que nunca recebem boniÉ de conhecimento da grande maioria ficações ou mesmo qualquer aumento de salários. das pessoas que, devido ao fato da Esse método de bonificação já foi tentando na cidade criança ou jovem chegar na escola de New York (EUA) e foi retirado por que ocorreu justasem o mínimo de educação familiar, mente o contrário daquilo que previam e consequenteocorrem uma série de problemas que mente foi retirado justamente pela mentora do método desencadeiam a indisciplina e tumultuproposto. Depois de algum tempo, muitos professores am o andamento das atividades na começaram a mudar de profissão e os que ficaram não sala de aula, e que por esta razão, conseguiam fazer com os alunos passassem da fase de muitas vezes, inviabiliza que o aprendiAnalfabetismo Total e se criou um exército de Analfabezado ocorra de maneira satisfatória. tos Funcionais. Sob este ponto de vista seria apropriaNo Estado de São Paulo foi colocado uma avaliação do dizer que, neste caso, os pais são acompanhado de um sistema de bonificação responsáveis pela indisciplina e falta (semelhante ao colocado em New York) e mesmo asde educação dos filhos e portanto, desim o Ensino Público Paulista não consegue melhorar. vem ser responsabilizados por isso. Seria interessante um levantamento e análise de quantos professores foram exonerados e quantos pediram Reflita comigo, se as crianças e jovens chegassem com um mínimo de educaexoneração nos últimos três anos. ção de casa, dada pelos pais, boa parCertamente muitos professores estão pedindo exonerate dos problemas de indisciplina dentro ção e mudando para outras profissões e se continuada sala de aula estariam resolvidos. rem sendo tratados como profissionais em competição, Esse mínimo de educação envolveria como os únicos responsáveis pela total falta de qualidaque o aluno soubesse seis questões de do ensino e sem serem valorizados, muitos dos probásicas: fessores que ficaram trabalhando, ainda irão pedir exoPrincípios básicos de boas maneiras neração e mudarão de profissão. que todos devem trazer de casa: Antônio Carlos Vieira 1) Pedir “Por Favor” , diga “Obrigado”, Licenciatura Plena - Geografia “Com licença “ e manter sempre o conEmail: [email protected] trole emocional; 2) Falar educadamente, sem usar gírias, palavrões, ou expressões de baixo calão; 3) Tratar com respeito todos a sua volta e jamais falar de alguém pelas costas; Tinha a premiação dos melhores alunos por séries, os melhores alunos por séries e disciplinas e por consequência se escolhia o melhor aluno do ano letivo. Estes recebiam livros e medalhas de honra ao mérito. Em algumas ocasiões o melhores alunos do colégio eram premiados com valores em dinheiro. 4) Jamais usar de intimidação verbal ou física (bullyng) para conseguir o que deseja; O prêmio em dinheiro foi proibido nas escolas da Rede Pública e atualmente os livros são fornecidos gratuitamente pelos governos em suas diversas instâncias. Toda essa premiação era feita para incentivar aos alunos estudarem mais, e os alunos estudavam visando uma provável premiação. Claro que o efeito nem sempre era o esperado. Entretanto, para se tentar incentivar o professor trabalhar melhor (lecionar) estão se criando Se você tem filhos, conheça aqui um pouco mais sobre como lidar com isto 5) Ser íntegro: sustentar o que se diz e faz e sempre enfrentar as consequências de seus erros; “O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele.” Immanuel Kant CULTURAonline BRASIL Links de acesso: www.culturaonlinebr.org /// www.formiguinhasdovale.org 6) Jamais usar de mentiras, enganação e falsas acusações; Ahhh... Uma última dica: nunca superproteja os seus filhos e não acoberte os seus erros ou mentiras... Eles, como qualquer outro, são sujeito a falhas e erros e precisam arcar com as consequências disto... Gazeta Valeparaibana JULHO 2013 Página 07 Contos, Lendas e Mitos A Minha única Felicidade és Tu. Quanto às qualidades e aos defeitos, já que todos os temos, tenho mais dificuldade em falar deles, já que ninguém é bom juiz em causa própria. Contudo todas as minhas qualidades se fundirão numa só, a de te adorar e não amar a mais ninguém no mundo, anjo da minha vida. Quando estivermos unidos, só viveremos juntos, onde um irá, o outro seguirá, o que um quiser o outro também há de querer. Peço-te contudo que não me impeças de fumar, é o único vício a que me sinto seriaAté agora ainda nada te disse da mente preso. nossa vida de família. Devo dizer-te Quando se esteve no mar, quando algumas palavras para que saibas se viu a morte à frente dos olhos, com que contar. Temos uma vida quando se julga que nunca mais vemuito tranquila, vida que sempre deremos os nossos, o cigarro faz as sejei e a que estou realmente habituvezes de amigo e de companheiro, ado. fazendo voar os pensamentos trisA música ou o teatro vêm por vezes tes, da mesma maneira que o fumo interromper a monotonia desta vida se agita ao vento. quase monástica. Eu viajei bastante servindo na mariQuando vieres faremos mais ou me- nha, da qual encontrarás em mim o nos a mesma vida interrompendo no caráter bastante desenvolvido. Mas entanto a monotonia pelo teatro, pe- se o marinheiro gosta de fazer viaquenos serões musicais e mesmo gens, quem ele mais ama é quem o dançantes se isso te agradar. Sem conduz à felicidade. isso passaremos os nossos serões Fui marinheiro e no fundo da minha ao lado um do outro a conversar e a alma continuo a sê-lo e aprendi que dar graças ao bom Deus pela nossa a seguir à tempestade vem o bom felicidade. tempo, a seguir às infelicidades, a Devo também falar-te dos meus gos- felicidade. tos e das minhas qualidades tanto A minha única felicidade és tu. quanto posso conhecê-los. Sou um grande fumador, um caçador bastanDom Luis, in 'Carta a D. Maria Pia (1862) te bom, apaixonado pela música e Rei de Portugal (1861/1869) dançarino medíocre. Para suportar a sua própria história, cada um acrescenta-lhe um pouco de lenda. Marcel Jouhandeau A HISTÓRIA DA ÁGUIA Caipora É um Mito do Brasil que os índios já conheciam desde a época do descobrimento. Índios e Jesuítas o chamavam de Caiçara, o protetor da caça e das matas. É um anão de Cabelos Vermelhos com Pelo e Dentes verdes. Como protetor das Árvores e dos Animais, costuma punir o os agressores da Natureza e o caçador que mate por prazer. É muito poderoso e forte. Seus pés voltados para trás serve para despistar os caçadores, deixando-os sempre a seguir rastros falsos. Quem o vê, perde totalmente o rumo, e não sabe mais achar o caminho de volta. É impossível capturá-lo. Para atrair suas vítimas, ele, às vezes chama as pessoas com gritos que imitam a voz humana. É também chamado de Pai ou Mãe-do-Mato, Curupira e Caapora. Para os Índios Guaranis ele é o Demônio da Floresta. Às vezes é visto montando um Porco do Mato. um Rolo de Fumo para agradá-lo, no caso de cruzar com Ele. Nomes comuns: Caipora, Curupira, Pai do Mato, Mãe do Mato, Caiçara, Caapora, Anhanga, etc. Origem Provável: É oriundo da Mitologia Tupi, e os primeiros relatos são da Região Sudeste, datando da época do descobrimento, depois tornou-se comum em todo País, sendo junto com o Saci, os campeões de popularidade. Entre o Tupis-Guaranis, existia uma outra variedade de Caipora, chamada Anhanga, um ser maligno que causava doenças ou matava os índios. Existem entidades semelhantes entre quase todos os indígenas das Américas Latina e Central. Em El Salvador, El Cipitío, é um espírito tanto da floresta quanto urbano, que também tem as mesmos atributos do Caipora. Ou seja, pés invertidos, capacidade de desorientar as pessoas, etc. Mas, este El Cipitío, gosta mesmo é de seduzir as mulheres. Conforme a região, ele pode ser uma mulher de uma perna só que anda pulando, ou uma criança de um pé só, redondo, ou um homem gigante montado num porco do mato, e seguido por um cachorro Uma carta do Padre Anchieta da- chamado Papa-mel. tada de 1560, dizia: "Aqui há certos demônios, a que os índios Também, dizem que ele tem o pochamam Curupira, que os atacam der de ressuscitar animais mortos muitas vezes no mato, dando-lhes e que ele é o pai do moleque Saci açoites e ferindo-os bastante". Os Pererê. índios, para lhe agradar, deixavam nas clareiras, penas, esteiras Há uma versão que diz que o Caipora, como castigo, transforma os e cobertores. filhos e mulher do caçador mau, De acordo com a crença, ao en- em caça, para que este os mate trar na mata, a pessoa deve levar sem saber. Mas para chegar a essa idade, aos quarenta anos ela tem que tomar uma série e difícil decisão. Aos quarenta ela está com as unhas compridas e flexíveis, não consegue mais agarrar suas presas das quais se alimenta. O bico alongado se curva. Apontando contra o peito estão as asas, envelhecidas e pesadas em função da grossura das penas, e voar já é tão difícil. Então a águia só tem duas alternativas: Morrer, ou enfrentar um dolorido processo de renovação que irá durar cento e cinquenta dias. Esse processo consiste em voar para o alto de uma montanha e se recolher em um ninho próximo a um paredão onde ela não necessite voar. Então, após encontrar esse lugar, a águia começa a bater com o bico em uma parede até conseguir arrancá-lo. Por: Genha Auga Após arrancá-lo, espera nascer um bico, com o qual vai depois arrancar suas unhas. Quando as novas unhas começam a nascer, ela passa a arrancar as velhas penas. E só cinco meses depois sai o formoso voo de vitória, devemos nos desprender de lembranças, costumes, velhos hábitos que nos causam dor. Somente livres do peso do passado, poderemos aproveitar o resultado que A águia é a ave que possui maior longevidade da espécie. Chega a viver a renovação sempre nos traz. setenta anos. Texto Bíblico Utilizado: 2 Coríntios 5:17 CONTATOS: 055 12 9114.3431 - Emails: CONTATO: [email protected] - patrocí[email protected] Gazeta Valeparaibana JULHO 2013 Página 8 Histórias reais que o mundo conta A Cerca - Parte II De: Wilhelm Paul Von Grumbkow A escolha recaiu sobre um homem muito simpático e bem humorado, Boelhouwer era seu nome. Fomos nos apresentando, lembro-me de nomes como Butteling, Christofel, Elenbaas, Naerssen, Bochum, Boer, Brugman, Roggen, Bologne, de Luik, Everts, van Dongen, Klein e muitos outros. A maioria achava que a nossa prisão não iria durar mais que uns três meses. O mesmo achava os japoneses, como os vencedores da guerra. Aos poucos íamos conhecendo nossos colegas de cativeiro havia uma mistura de personalidades, pessoas simples, orgulhosas, das mais variadas profissões: advogados, técnicos, escriturários, balconistas, vendedores etc. O meu pai, aposentado, havia trabalhado na estrada de ferro, meu tio e meu irmão, que trabalhavam nas oficinas do exército holandês e eu, estudante de 3 a. serie do Colégio, fomos nos habituando uns aos outros e fizemos amizades. Havia no campo uma cozinha onde nosso próprio pessoal preparava a comida em tambores de ferro de 250 litros, a quantidade de alimentos, o sabor e a qualidade não eram ruins. A violação mais sentida por nós neste período foi a separação dos familiares e a perda da liberdade, o fato de que teríamos que dormir no chão ainda não era considerado tão ruim. Havia 1200 prisioneiros no nosso campo, não havia muitos de minha idade, os maiores estavam no exercito e os menores ainda não tinham sido aprisionados. Ansiávamos pelos dias de visita; não podíamos sair os três juntos, então, revezávamos. Meu tio tinha o tempo próprio. As conversas eram logicamente a respeito da situação e das dificuldades surgidas com a separação forçada. Sabíamos pouco sobre a guerra, já era difícil sintonizar uma emissora do exterior por causa do confisco de rádios de longo alcance e pela redução de energia. Alimentávamo-nos todos os dias, embora não fosse aquilo a que estávamos acostumados. Havia otimismo em torno do fim da guerra tanto pelo lado Japonês quanto pelo nosso. Os boatos que corriam, davam noticia de que iriam soltar os prisioneiros que moravam na cidade. do perdão, ajoelhou-se diante de nosso diretor prometendo melhorar o comportamento. Certo dia foi avisado de que teríamos que nos preparar para voltar para casa! Esperávamos apenas a confirmação pelo alto comando. O número de pessoas naquela condição era de 34. A noticia nos causou alegria e tristeza. Há pouco tempo tínhamos tido visitas e tínhamos doces, biscoitos e frutas que de comum acordo deixaríamos com os companheiros que ainda ficariam no campo. Tínhamos um camarada francês cujo nome era Bologne, era um professor e não tinha ninguém na cidade que fosse visitá-lo, muito do que tínhamos demos a ele. Não tínhamos nada para fazer e o tempo custava a passar. Antes, quando recebíamos visitas, tínhamos assuntos para comentar, mas não podíamos nos entregar aos nossos próprios pensamentos. Muitos companheiros trouxeram baralhos e outros passatempos quando entrou no campo, isto foi de grande ajuda. Christofel ensinou-me a jogar bridge, outro me ensinou xadrez. As visitas foram proibidas, a quantidade de comida reduzida e a qualidade pioraram, o que tínhamos antes foi cortado. Organizávamos competições, felizmente mantínhamos o moral alto. Permitiam-nos também, fazer um pouco de música e com a permissão do diretor do campo, foi organizado uma noite do HaO tempo foi passando e nada de soltura, até que wai! à tarde, veio à contra ordem, “nada de soltura”, podíamos desembrulhar tudo. Evidentemente, sem moças; mas alguns rapazes Foi grande a decepção, mas tínhamos que nos se fantasiaram com tal realismo, que na manhã conformar. Era possível que isto não passasse de seguinte os guardas passaram em revista todo o uma manobra dos japoneses para quebrar o nos- campo. Como nada foi encontrado, os rapazes so moral. tiveram que vestir novamente as fantasias usadas Esta situação repetiu-se por ainda duas vezes, para provar que não havia moças! não pensamos em pedir de volta o que tínhamos deixado para o Bologne. Havíamos combinado com os parentes em casa, que nós não iríamos mandar noticias por escrito e Ele surpreendeu-nos; devolveu-nos tudo! tampouco esperaríamos receber qualquer coisa, O gesto do francês fez nascer uma grande amiza- para não por em perigo a segurança de todos nós. de entre todos do abrigo! Os japoneses encaravam tudo, com muita desconfiança! Anteriormente, já havia descrito que o prédio havia sido uma escola, onde também funcionava um Praticavam barbaridades para extrair informações convento. O sistema hidráulico não tinha sido pre- ou confissões. visto para atender uma população tão grande, o Os restos de comida do campo eram recolhidos sistema de esgotos entrou em colapso. Cabia a pelo pessoal de limpeza de fora do campo; eles nós solucionarmos o problema. Entre os mais jo- tinham acesso à área da cozinha. vens formaram-se grupos para limpar os esgotos; Havia entre os prisioneiros, pessoas que contrae vigilantes para que, cada um que ocupasse o bandeavam cartas por intermédio deste pessoal, banheiro, o limpasse antes de sair. com parentes fora do campo, isto, apesar do perigo de serem descobertos. Não tínhamos ferramentas e enfiar a mão num ralo para desobstruí-lo virou rotina para mim. To- Começaram a aparecer percevejos, insetos cuja dos tinham que buscar água em baldes e despejá- origem desconhece, mas que aparecem quando los até limpar o vaso. Éramos todos iguais! não há limpeza regularmente. Poderiam ter entrado no campo entre as esteiras de palha, e as conA situação geral piorava a cada dia, mas ainda dições do campo, propiciaram a proliferação destínhamos comida suficiente. Havia alguns até que tes insetos, cuja resistência experimentou, colojogavam comida fora, dizendo não gostar. cando um punhado deles num pote de vidro; a maioria ainda estava viva duas semanas depois. Isto irritou a direção do campo, mas sobremaneira Aproximava-se o Natal de 1942. a nós próprios, os prisioneiros, e houve quem dissesse que haveria um dia em brigariam entre si A tristeza era muito grande; no entanto, muitos do para ver quem iria ficar com os últimos grãos do nosso abrigo, achavam que não deveríamos pastambor. ! Isto efetivamente aconteceu! sar o dia em branco. Diversas pessoas tinham saquinhos de primeiros socorros, onde havia algoAs visitas foram reduzidas a duas vezes por mês. dão, os que tinham dotes artísticos, bolaram uma O convento era um prédio de dois andares e fazia maneira de decorar o abrigo; houve uma cantoria parte também do campo. Do andar superior era discreta, após o que, cada um ficou entregue aos possível olhar para fora do campo por sobre a cer- seus próprios pensamentos. . . ca. A distância até a rua era muito grande não dava para mandar noticias. Era cada vez mais difícil vencer o tempo, era preciso usar a cabeça para inventar coisas para pasNum dia de visita, uma pessoa olhando pela jane- sá-lo; não tínhamos muitos recursos. la, de repente disse: - olhem as prostitutas... estão As cartas do baralho já estavam gastas, os jogos chegando; o infeliz não imaginava a reação que já não eram tão interessantes. desencadearia com tais palavras ! Se não houvesse intervenção, teria sido linchado, entretanto, não Alguém começou a lapidar pedras. ficou sem castigo: a comunicação com ele seria Eram pedras coloridas encontradas no meio de boicotada, seria considerado não existente. pedras de rio e que eram usadas para colocar nos Era proibido falar sobre a guerra apesar dos japoneses acharem que iam vencer em pouco tempo. As semanas foram passando e aos poucos a situação se modificando, também para o pessoal fora jardins das casas. do campo, a sobrevivência cada vez mais difícil. Parecia uma pena leve, mas não era; o elemento CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO não suportou sequer dois dias, chorando e pedin- CONTATOS: 055 12 9114.3431 - Emails: CONTATO: [email protected] - patrocí[email protected] Gazeta Valeparaibana JULHO 2013 Página 9 E agora José? municipais) que amarram também os autores de livros didáticos e manuais de ensino para que escrevam como o sistema público “propõe”, ou porque simplesmente não detêm o devido conhecimento para fazê-lo. É nesse sentido que propomos há algum tempo o ensino de Ciência Política na escola básica (http:// www.politicanaescolabasica.blogspot.com.br). Colocar como disciplina escolar, em um currículo, o ensino da legislação, das devidas funções do poder público, das diferenças entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, do que pode ou não pode um representante da população, enfim, do que é a política. Acreditamos piamente que essa nova conscientização política é um reflexo daqueles que escreveram a duras penas e pregaram aos quatro ventos a libertação do povo brasileiro (sobretudo durante os anos de ditadura militar). Se Paulo Freire, Caio Prado Jr., Milton Santos e tantos outros ainda estivessem vivos estariam orgulhosos em saber que seus trabalhos renderam resultados satisfatórios. Mas ainda há muito que fazer. O Gigante Acordou (3ª. Versão) O GIGANTE ACORDOU: E não foi por causa de R$ 0,20 As manifestações em torno do aumento da passagem de ônibus pelo Brasil vêm demonstrando a insatisfação da população com o atual sistema de governo. O problema não vem sendo somente em torno do aumento, mas sim de um problema mais profundo: o sistema de coronelismo no Brasil. Historicamente, o sistema político sempre foi controlado pelo topo da pirâmide, ou seja, pela elite brasileira. O tempo passou e a história do sistema político de “capitanias hereditárias” não mudou: a elite continuou no poder. Após a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, muitas águas rolaram: escolas foram abertas, a tecnologia entrou no país, novos mercados de trabalho foram abertos, o ensino superior cresceu, o consumo aumentou e tudo isso resultou na formação de uma nova classe média. A classe média, em termos vulgares, funciona como se fosse um sanduíche: é pressionado pelo pão de cima, e está em constante contato com a fatia do pão de base, ou seja, a classe trabalhadora baixa, o “povão”. Entretanto, como toda nova classe média, essa começou a se escolarizar e cobrar maiores benefícios do sistema público. Começaram cobrar melhores prestações de serviço e também passaram a querer participação política. No final do século XX despontaram intelectualmente personagens como Betinho, Florestan Fernandes, Paulo Freire, Caio Prado Jr., Milton Santos, Demerval Saviani e outros que influenciaram e influenciam a formação de professores críticos e ativos politicamente. Esses novos professores, também muitas vezes oriundos dessa nova classe média, começaram propagar as ideias de liberdade política e de justiça social. ado no consumo fácil e exacerbado, boa parte dela procurou também sua intelectualização, começaram a ler mais, a ter mais opinião e consequentemente, cobrar mais do sistema público. O desenvolvimento tecnológico, principalmente no que diz respeito ao chamado “Meio Técnico CientíficoInformacional” e o “fácil” acesso aos novos meios de comunicação permitiram que a troca de ideias e a produção de novas ideias fosse acelerada e que pudesse chegar a qualquer lugar, pois bem, é o que estamos vivenciando. Ainda que possamos estar vivenciando um novo capítulo da nossa história, ela começou a ser escrita. Escrita pela nova classe média, acompanhada daqueles que almejam também fazer parte dessa nova classe média (intelectual ou financeira), mas a voz, o grito ainda não chegou nas massas, na maioria da população. O nó na garganta ainda não se faz presente em muitas camadas da nossa sociedade, e é justamente neste ponto em que se faz necessária a atuação do professor enquanto um ótimo instrumento modificador da sociedade. É preciso fazer o “nó na garganta” chegar às camadas mais populares e “abrir os olhos” para que o cabresto imposto pelo populismo e pelas políticas de assistencialismo recentes esteja presentes em todos os segmentos da sociedade. Aí sim teremos uma nova revolução, consciente, crítica e politicamente participativa. Teremos novos tipos de candidatos às eleições, novos tipos de partidos políticos e quiçá o fim do sistema de coronelismo e feudalização do Sistema Público brasileiro, em que a corrupção impera e a impunidade é regra. O gigante está acordando, mas ainda não se levantou por completo, é necessário que o relógio despertador continue tocando. E não é por causa de R$ 0,20. * Ivan Claudio Guedes Geógrafo e Pedagogo. Especialista em Gestão Ambiental, Mestre em Geociências e doutorando em Geologia. Articulista e palestrante. [email protected] * Omar de Camargo Pregamos a formação de um professor progressista, Técnico Químico crítico e intelectualmente autônomo. Um professor po- Professor em Química. liticamente atuante. Um professor que possa trazer à Pós-Graduado em Química. tona a vida do sujeito para sala de aula, e não simplesmente que cumpra cegamente um currículo ou um conteúdo que é “apoliticamente” induzido através das orientações curriculares oficiais dos sistemas de ensino, Ambos apresentam o “Programa E Agora José?” aos sejam eles: Federal, Estaduais ou Municipais. domingos das 18h às 20h pela web rádio CULTURAonliNovamente trazemos a discussão do ensino da política ne Brasil http://www.culturaonlinebr.org/ para sala de aula, em forma de disciplina específica. Muitos professores e intelectuais acreditam que as disciplinas de História, Geografia, Sociologia e Filosofia deveriam fazer, e que não haveria necessidade de se incluir mais uma disciplina, mas diante de uma pesquisa empírica com várias escolas, vários docentes e mediante a análise de vários currículos, o que constatamos é que não o fazem. Não fazem por estarem amarrados a um currículo preDurante os primeiros anos do século XXI, vivenciamos a determinado (através dos Parâmetros Curriculares Naformação dessa nova classe média. É verdade que basecionais e/ou normas e decretos legislativos estaduais ou CONTATOS: 055 12 9114.3431 - Emails: CONTATO: [email protected] - patrocí[email protected] Gazeta Valeparaibana JULHO 2013 Página 10 Maior Idade REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL Genha Auga – Jornalista MTB: 15.320 pria sujeira para debaixo do tapete demonstrando uma total falta de respeito para com seu povo. Chegará o tempo em que haverá nas ruas, rebeliões por conta dos maus tratos e descaso daqueles que deveriam nos proteger e abraçar nossas causas. A redução da maioridade penal tem nuances que impedem a concretização desse anseio, pois no Brasil a maioridade penal tem como âncora a cláusula pétrea (dispositivo da constituição que não pode ser modificado), a partir da qual, aos 18 anos o sistema jurídico pode processar um cidadão como adulto consciente das consequências individuais e coletiva dos seus atos, enquanto a responsabilidade legal de suas ações ocorre abaixo dessa idade. Discute-se atualmente a redução da maioridade penal no Brasil, visto o aumento de crimes cometidos pelos menores que assumem delitos em nome dos adultos, o que os tornam ferramentas para “livrar a cara” dos maiores. Não há redução da maioridade penal no Brasil e em outros países, e sim, a idade mínima que marca o fim da inimputabilidade juvenil e onde começa a imputabilidade jurídica. Sua pena deveria ter continuidade após os 18 anos e, isso, aqui não aconteReduzir a maioridade seria a solução ou surtiria a- ce. A maioridade penal não coincide, necessariamente, penas o efeito de uma ameaça? com a maioridade civil, nem com as idades mínimas - “Olha lá hein! Agora você pode ser preso”. necessárias para votar, dirigir, trabalhar, casar. Mas irá? Em outros países a tolerância é zero para esses casos e aqui, os exterminadores agem cada vez mais com requintes de crueldades, causam pânico por todas as cidades acorrentando o cidadão em suas próprias casas. Enquanto perdemos o direito de ir e vir assegurado pela constituição, vemos cada vez mais remota a aplicação de punições a esses infratores. Apesar de esses países serem menores geograficamente e terem outras culturas, essa questão é resolvida com estratégias e táticas que viabilizam um sistema que obtém resultados favoráveis e mantém a segurança garantida como benefício à população. O que impede que os órgãos competentes daqui examinem essas políticas e sigam o que for bom, investindo e adequando aos nossos padrões? Incompetência... Mas a incompetência não pode prevalecer para nada fazer. A maioridade criminal é a idade na qual o sistema judiciário processa o acusado como adulto, na qual o acusado não tem qualquer tipo de proteção do sistema juvenil durante o processo e não recebe sentenças diferentes daquela dada a adultos e cumprirá qualquer sentença final como tal. Acontece que medidas socioeducativas, com finalidade de sanção como há em muitos países é o que deveria funcionar na Fundação Casa, antiga FEBEM, para onde são encaminhados os menores infratores, e esse indivíduo, abaixo da maioridade penal, estaria sujeito a punições mais leves como; advertências, atividades, trabalhos, fixando penalidades a um nível tendo em conta a gravidade do crime, os problemas de maturidade afetiva, psicológica e intelectual de cada um e projetos que os envolvessem em atividades profissionalizantes, artísticas e pedagógicas com acompanhamento social ou psicológico que possibilitassem sua inserção social. Pela falta de recursos, de profissionais capacitados, apoio aos familiares, segurança e por divergências políticas internas, preconceitos e desestrutura dos próprios agentes, essas instituições estão sempre à beira da falência e sem o menor interesse dos gestores administrativos e com justificativas descabidas do próprio governo. tecnologia e sem contar o grandioso número de forças policiais que estarão à disposição para um evento futebolístico. Futebol é bom e deve ser valorizado, mas não usado como bálsamo ou para tirar o foco de problemas que são prioridades da nação. O que há por trás desse desinteresse onde o caos da sociedade brasileira está visivelmente instalado e exposto mundialmente? Onde mais poderemos nos esconder e às nossas famílias que disputam seus filhos com as drogas e os perdem para os criminosos? Dessa forma se abrirão cada vez mais vagas nas prisões e faltarão espaços para túmulos nos cemitérios. Apresentemos sugestões até que consigamos atingir soluções ou então, teremos uma nação de bandidos e velhos, pois a cada dia, nossas crianças tornam-se reféns do crime e os velhos da corrupção. Nossos jovens morrem diariamente por serem ignorados pelos diversos setores civis responsáveis por garantir a eles; espaços, desenvolvimento e apoio dentro da sociedade. Não se pode reduzir a maioridade penal? Que nos tragam outras soluções; - Aumentem a pena para aquele que usar o menor para o crime. - Se não há escolas suficientes e os pais saem para trabalhar e deixam seus filhos sozinhos, porque não aumentar a maioridade para trabalhar ao invés de entregar nossas crianças para as ruas e aos traficantes. - Se o sub traficante é considerado infrator, independente das condições que o tornou assim, que se use o mesmo peso e medida para o traficante, independente dos relacionamentos que lhes permitem condições favoráveis dentro e fora das prisões, inclusive com voz de comando. Se ainda quisermos ser felizes para andarmos tranquilamente pelo nosso país e resgatar nossos direitos, não podemos continuar nos confrontando como inimigos. Pensar juntos poderá nos salvar antes que tenhamos que plantar mais árvores e nos escondermos entre elas com arco e flecha para enfrentar o inimigo que virá armado e a cavalo. Devemos fechar o cerco, debater com riqueza, ofeOu continuaremos a “dar banho em peixes”... recer alternativas, discordar. O que não significa ir às ruas apenas gritar sem embasamento e sem verificar politicamente todas as possibilidades. Todo Não me preocupo em reduzir o tempo de cidadão tem autoridade conferida para incitar disjuventude dos jovens, já estamos cussões, exigir um plano de ação com medidas du- Cadê o dinheiro para investir e resolver esse proacostumados a ver esta responsabilidade ras para aquilo que precisamos resolver com urgên- blema que vem se alastrando há anos nesse país? imposta a cada quatro anos. Até porque a Como constatação que essas desculpas são esfarcia. meu ver não mudaria muita coisa, visto que rapadas e desgastadas temos o exemplo da Copa esta medida é especifica e criteriosa. A sociedade clama por atenção política e ajuda pa- que em pouco tempo, surgiram recursos para consra sair dessa calamidade onde somos calados pela trução de estádios, meios de transportes, capacitaNatalino Gomes da Silva violência, enquanto as autoridades varrem sua pró- ção de pessoal, reformas em aeroportos, avanço de EDUCAR também é progresso - CULTURAonline BRASIL — todas as Quintas-Feiras — 20 horas JULHO 2013 Gazeta Valeparaibana Página 11 Sociedade O QUE É A LAICIDADE? A existência ou a inexistência de um deus são duas hipóteses igualmente inverificáveis do ponto de vista da razão, e igualmente inúteis para a gestão do interesse público. Indiferente e incompetente em matéria de doutrinas e crenças, o Estado laico só se ocupa do que releva do interesse público. A Laicidade é anticlerical? isenções de direitos a este ou aquele grupo de cidadãos. Nem discriminações, nem privilégios, esse é o lema de qualquer Estado garantindo a todos os cidadãos a igualdade de tratamento. E a tolerância? A tolerância pressupõe sempre que alguém tolera e que alguém é tolerado: em geral, uma maioria tolera as minorias. A Laicidade faz melhor: as leis que o povo se confere democraticamente são válidas para todos os cidadãos. Sendo a cidadania cega às diferenças, uma minoria não pode ser tratada diferentemente da maioria. Por princípio, a Laicidade garante a liberdade de crença e de culto dentro dos limites das leis comuns e da ordem pública. Entretanto, a Laicidade opõe-se ao clericalismo logo que este preconiza discriminações ou tenta apropriar-se da totalidade A Laicidade opõe-se ao multiculturalismo? ou de uma parte do espaço público. A Laicidade opõe-se também ao sistema de Não quando ele é de fato, mas sim quando é de «igrejas reconhecidas» em vigor na maior parte Direito. A Laicidade defende a multiplicidade das A Laicidade é a forma institucional que toma nas dos cantões suíços, e que confere às confissões culturas contra as tentativas de uniformização do sociedades democráticas a relação política entre o majoritárias privilégios escolares e fiscais discrimi- neoliberalismo, por exemplo. Enquanto fato, o multiculturalismo parece-nos uma oportunidade. cidadão e o Estado, e entre os próprios cidadãos. natórios. No início, onde esse princípio foi aplicado, a LaiciA Laicidade opõe-se à liberdade de expres- Pelo contrário, a teoria multiculturalista leva à desdade permitiu instaurar a separação da sociedade truição das sociedades democráticas, porque, parsão? civil e das religiões, não exercendo o Estado qualtindo do direito à diferença, que se aceita, visa dequer poder religioso e as igrejas qualquer poder Antes pelo contrário: a liberdade de expressão fender diferenças de direitos incompatíveis com a não é apenas uma condição necessária da Laici- igualdade, e que levam ao comunitarismo, quer político. dade, é a sua origem. Os inventores da separação dizer, à pretensão de certos grupos de escapar às Para garantir simultaneamente a liberdade de todas igrejas e do Estado contestaram as religiões leis comuns. dos e a liberdade de cada um, a Laicidade distinde Estado, muitas vezes protestantes, e foram gue e separa o domínio público, onde se exerce a O multiculturalismo é justamente a consequência perseguidos pelas suas ideias… cidadania, e o domínio privado, onde se exercem de um fracasso na definição de um espaço coas liberdades individuais (de pensamento, de O que ameaça a liberdade de expressão é portan- mum que ultrapasse as diferenças. consciência, de convicção) e onde coexistem as to o direito que se arrogam certos grupos de cendiferenças (biológicas, sociais, culturais). Perten- surar toda a opinião diferente a coberto de uma A vontade dos multiculturalistas de procurar a igualdade é legítima, mas os meios que se procendo a todos, o espaço público é indivisível: ne- dignidade ferida. nhum cidadão ou grupo de cidadãos deve impor A liberdade de expressão não deve conhecer ou- põem são contraproducentes: a discriminação positiva, que tende a restabelecer a igualdade comas suas convicções aos outros. tros limites além dos de ordem pública e de aten- pensando as desigualdades culturais, leva a efeiSimetricamente, o Estado laico proíbe-se de inter- tado aos bons costumes. Só devem ser proscritos tos perversos que reforçam a exclusão em vez de vir nas formas de organização coletivas (partidos, e perseguidos em justiça os insultos, as ameaças atenuá-la. O racismo das minorias contra a maioriigrejas, associações etc.) às quais qualquer cida- e as difamações contra indivíduos ou pessoas mo- a ou contra as outras minorias leva à guerra de dão pode aderir e que relevam do direito privado. rais. guetos. A Laicidade garante a todo o indivíduo o direito de O que é a Laicidade «plural» ou «aberta»? Toda a discriminação é por definição negativa. adotar uma convicção, de mudar de convicção, e Um slogan vazio de sentido e um absurdo concepde não adotar nenhuma. Para além das diferenças, nós acreditamos na utual. Confundindo pluralismo e pluralidade, preten- nidade fundamental do gênero humano. Ver em A Laicidade do Estado não é, portanto uma con- dem-se conceder direitos específicos a cada grucada homem um outro eu, eis aí todo o nosso provicção entre outras, mas a condição primeira da po que reclama uma identidade específica. grama. coexistência entre todas as convicções no espaço A expressão «laicidade plural» visa diabolizar a público. Parte superior do formulário Laicidade apresentando-a como dogmática. São Todavia, nenhuma liberdade sendo absoluta e to- os integristas e os relativistas quem utiliza esse do o direito supondo deveres, os cidadãos perma- termo. Ora são eles quem representa um risco Filipe de Sousa necem submetidos às leis que se deram a si pró- real para a diversidade de ideias e de pertenças: *Não me empurre a sua religião. Eu decido sobre isso sozinho. prios. os primeiros porque estão certos de possuir uma verdade incontestável, e querem impô-la pela oA Laicidade é anti-religiosa? pressão; os segundos porque acham todas as opiDe modo algum. Pode ser-se crente e laico, como niões contestáveis, e, portanto permutáveis. Ora, toda a sociedade necessita de um mínimo de prinse pode ser socialista ou liberal e democrata. A Laicidade não é irreligião: ela oferece mesmo a cípios prioritários. melhor proteção às confissões minoritárias, pois Racionalmente, não seria possível defender simulnenhum grupo social pode ser discriminado. taneamente um espaço público comum e conferir Numa sociedade movida à dinheiro e hipocrisia, encontramos pessoas propensas aos mais diversos rumos incluindo-se a devassidão. Cuidado com quem andas, pois tua companhia sumariza quem és. Não tenha medo de lutar pelo que acredita, apenas seja você, mesmo nos mais divergentes momentos que possam surgir. Fazendo isto, certamente afetará os que estão à tua volta que não gostam do que veem. Saberão fazer a triagem do joio e do trigo. Só tome cuidado com o lado com que ficará, pois uma escolha errada pode te afetar drasticamente. Pense no seu futuro. Sua escolha hoje, será o seu futuro amanhã. Seja feliz, haja com honestidade sempre. Mas acima de tudo, cuidado com o que te tornarás! Filipe de Sousa Programa: Noites de Domingo - Todos os Domingos ás 20 horas www.formiguinhasdovale.org /// CULTURAonline BRASIL /// http://www.culturaonlinebr.org Gazeta Valeparaibana JULHO 2013 Página 12 Socializando idéias Como a classe média alta brasileira é escrava do “alto padrão” dos supérfluos Por: Adriana Setti No ano passado, meus pais (profissionais ultra-bem-sucedidos que decidiram reduzir o ritmo em tempo de aproveitar a vida com alegria e saúde) tomaram uma decisão surpreendente para um casal – muito enxuto, diga-se – de mais de 60 anos: alugaram o apartamento em um bairro nobre de São Paulo a um parente, enfiaram algumas peças de roupa na mala e embarcaram para Barcelona, onde meu irmão e eu moramos, para uma espécie de ano sabático. Aqui na capital catalã, os dois alugaram um apartamento agradabilíssimo no bairro modernista do Eixample (mas com um terço do tamanho e um vigésimo do conforto do de São Paulo), com direito a limpeza de apenas algumas horas, uma vez por semana. Como nunca cozinharam para si mesmos, saíam todos os dias para almoçar e/ou jantar. Com tempo de sobra, devoraram o calendário cultural da cidade: shows, peças de teatro, cinema e ópera quase diariamente. Também viajaram um pouco pela Espanha e a Europa. E tudo isso, muitas vezes, na companhia de filhos, genro, nora e amigos, a quem proporcionaram incontáveis jantares regados a vinhos. Com o passar de alguns meses, meus pais fizeram uma constatação que beirava o inacreditável: estavam gastando muito menos mensalmente para viver aqui do que gastavam no Brasil. Sendo que em São Paulo saíam para comer fora ou para algum programa cultural só de vez em quando (por causa do trânsito, dos problemas de segurança, etc), mora- vam em apartamento próprio e quase supérfluos, reduziram assim os custos fixos e, mais leves, tornaram-se nunca viajavam. Milagre? Não. O que acontece é que, mais portáteis (este ano, por exemao contrário do que fazem a maioria plo, passaram mais três meses por dos pais, eles resolveram experimen- aqui, num apê ainda mais simples). tar o modelo de vida dos filhos em Por que estou contando isso a vobenefício próprio. “Quero uma vida cês? Porque o resultado desse expemais simples como a sua”, me disse rimento quase científico feito pelos um dia a minha mãe. Isso, nesse ca- pais é a prova concreta de uma teoriso, significou deixar de lado o altíssi- a que defendo em muitas conversas mo padrão de vida de classe média com amigos brasileiros: o nababesco alta paulistana para adotar, como padrão de vida almejado por parte da “estagiários”, o padrão de vida – mais classe média alta brasileira (que um austero e justo – da classe média europeu relutaria em adotar até por europeia, da qual eu e meu irmão uma questão de princípios) acaba fazemos parte hoje em dia (eu há gerando stress, amarras e muita dez anos e ele, quatro). O dinheiro complicação como efeitos colaterais. que “sobrou” aplicaram em coisas E isso sem falar na questão moral e social da coisa. prazerosas e gratificantes. Do outro lado do Atlântico, a coisa é bem diferente. A classe média europeia não está acostumada com a moleza. Toda pessoa normal que se preze esfria a barriga no tanque e a esquenta no fogão, caminha até a padaria para comprar o seu próprio pão e enche o tanque de gasolina com as próprias mãos. É o preço que se paga por conviver com algo totalmente desconhecido no nosso país: a ausência do absurdo abismo social e, portanto, da mão de obra barata e disponível para qualquer necessidade do dia a dia. Traduzindo essa teoria na experiência vivida por meus pais, eles reaprenderam (uma vez que nenhum deles vem de família rica, muito pelo contrário) a dar uma limpada na casa nos intervalos do dia da faxina, a usar o transporte público e as próprias pernas, a lavar a própria roupa, a não ter carro (e manobrista, e garagem, e seguro), enfim, a levar uma vida mais “sustentável”. Não doeu nada. Babás, empregadas, carro extra em São Paulo para o dia do rodízio (essa é de lascar!), casa na praia, móveis caríssimos e roupas de marca podem ser o sonho de qualquer um, claro (não é o meu, mas quem sou eu para discutir?). Só que, mesmo em quem se delicia com essas coisas, a obrigação autoimposta de manter tudo isso – e administrar essa estrutura que acaba se tornando cada vez maior e complexa – acaba fazendo com que o conforto se transforme em escravidão sem que a “vítima” se dê conta disso. E tem muita gente que aceita qualquer contingência num emprego malfadado, apenas para não perder as mordomias da vida. (enquanto mal têm tempo de usufruir tudo isso, de tanto que ralam para manter o padrão). É muito mais simples do que parece. Limpo o meu próprio banheiro, não estou nem aí para roupas de marca e tenho algumas manchas no meu sofá baratex. Antes isso do que a escravidão de um padrão de vida que não traz felicidade. Ou, pelo menos, não a minha. Essa foi a maior lição que aprendi com os europeus — que viajam mais do que ninguém, são mestres na arte do savoir vivre e sabem muito bem como pilotar um fogão e uma vassoura. PS: Não estou pregando a morte das empregadas domésticas – que precisam do emprego no Brasil –, a queima dos sofás em L e nem achando que o “modelo frugal europeu” funciona para todo mundo como receita de felicidade. Antes que alguém me acuse de tomar o comportamento de uma parcela da classe média alta paulistana como uma generalização sobre a sociedade brasileira, digo logo que, sim, esse texto se aplica ao pé da letra para um público bem específico. Também entendo perfeitamente que a vida não é tão “boa” para todos no Brasil, e que o “problema” que levanto aqui pode até soar ridículo para alguns – por ser menor. Minha intenção, com esse texto, é apenas tentar mostrar que a vida sempre pode ser menos complicada Alguns amigos paulistanos não se e mais racional do que imaginam as conformam com a quantidade de via- elites mal-acostumadas no Brasil. gens que faço por ano (no último ano foram quatro meses – graças também, é claro, à minha vida de freelancer). “Você está milionária?”, me perguntam eles, que têm sofás (em Uma vez de volta ao Brasil, eles sim- L, óbvio) comprados na Alameda Gaplificaram a estrutura que os cercava, briel Monteiro da Silva, TV LED últicortaram uma lista enorme de itens mo modelo e o carro do ano ATENÇÂO A Gazeta Valeparaibana, um veículo de divulgação da OSCIP “Formiguinhas do Vale”, organização sem fins lucrativos, somente publica matérias, relevantes, com a finalidade de abrir discussões e reflexões dentro das salas de aulas, tais como: educação, cultura, tradições, história, meio ambiente e sustentabilidade, responsabilidade social e ambiental, além da transmissão de conhecimento. Assim, publica algumas matérias selecionadas de sites e blogs da web, por acreditar que todo o cidadão deve ser um multiplicador do conhecimento adquirido e, que nessa multiplicação, no que tange a Cultura e Sustentabilidade, todos devemos nos unir, na busca de uma sociedade mais justa, solidária e conhecedora de suas responsabilidades sociais. No entanto, todas as matérias e imagens serão creditadas a seus editores, desde que adjudiquem seus nomes. Caso não queira fazer parte da corrente, favor entrar em contato. [email protected] Rádio web CULTURAonline Brasil Prestigie, divulgue, acesse, junte-se a nós. A Rádio web CULTURAonline BRASIL, prioriza a Educação, a boa Música Nacional e programas de interesse geral sobre sustentabilidade social, cidadania nas temáticas: Educação, Escola, Saúde, Cidadania, Professor e Família.Uma rádio onde o professor é valorizado e tem voz e, a Educação e o Brasil se discute num debate aberto, crítico e livre, com conhecimento e responsabilidade! Acessível no link: www.culturaonlinebr.org Gazeta Valeparaibana JULHO 2013 Página 13 Nossas crianças Homossexualidade: A Escola e o preconceito A homofobia está presente em todos os lugares, e nas escolas não é diferente. Sabemos que jovens, crianças e adolescentes, principalmente esses últimos, estão na fase de experimentar, onde tudo é um grande aprendizado e a diversidade desperta uma curiosidade instintiva. É uma fase de definições de identidade, de busca, e aquele que não se enquadra no conceito de gênero “macho ou fêmea” é repelido, causa medo e temor, pois a homofobia é o medo irracional ao homossexual, e esse medo causa violência, de forma que a pessoa parece querer se defender de algo que nem entende direito, e é como se, assim, ela estivesse protegida de ser homossexual também. O ambiente escolar é um local onde a homofobia se desenvolve. Ali ocorrem os excessos, as agressões verbais e físicas, os atos de violência, as ameaças aos homossexuais: o indivíduo sofre todo tipo de discriminação. A identidade apreciada é a heterossexual, nota-se que a heteronormatividade está arraigada, entranhada no cotidiano não só da escola, como da sociedade em geral. Incentiva-se o masculino; nesse universo não cabe nada que seja considerado feminino. Os sujeitos masculinos estão sempre sendo cobrados, seja por atitudes, gestos, falas e comportamentos que devem ser de “machos”, passando por constantes avaliações do grupo onde estão inseridos. faz parte da vida, e aquilo que não conhecemos ou não entendemos, não deve ser motivo de atituCurioso notar que esse mesmo grupo que cobra des preconceituosas. atitudes machistas o tempo todo também é cobrado, visto que são homens e são heterossexuais. Os homossexuais, assim como outras minorias Essa pressão contínua gera ansiedade, medos, e que sofrem com o preconceito e a discriminação, atitudes violentas. Por conta de ter que se defen- desafiam as pessoas e os educadores, pois tamder o tempo todo, esse comportamento causa so- bém nos fazem revisar nossos valores, conceitos frimento e leva a processos que desencadeiam a e preconceito. homofobia. A escola é um meio fácil para essa prática acontecer. Os profissionais da educação Fica evidente que tanto a escola como professotêm que entender que não cabe mais a omissão, res e pais não estão preparados para lidar com o não se pode mais ficar alheio e insensível às práti- assunto, apesar de esperarmos que seja no âmbicas homofóbicas. Tem-se que fazer o caminho to escolar onde se encontre o meio mais apropriacontrário e praticar a inclusão dessas minorias… do para a construção do conhecimento. Devido à Nesse quadro que se apresenta de maneira as- falta de oportunidades de questionar às sexualidasustadora, deve-se entender que os educadores des, ficam evidenciados também o desconhecinão podem carregar a culpa de uma escola que mento e a negligência com que o assunto é tratareproduz comportamentos e conceitos. do, até mesmo como forma de não levantar discussão de algo que gera polêmica e requer um Os professores têm seus valores e preconceitos posicionamento, o que, de uma maneira ou de ouque foram adquiridos ao longo da vida, e mudan- tra, acaba nos deixando vulneráveis. ças internas não são realizadas do dia para a noite, além, ainda, de existir o fator despreparo, há A diversidade sexual deve ser explorada pelo profalta de instrumentos adequados para tratar da fessor, ele deve levar o estudante a aprender a diversidade sexual. A sexualidade faz parte dos respeitar o diferente, através de ações que desParâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) (1997) pertem o desejo do aluno de querer entender e e entra como tema transversal: Orientação Sexu- participar de maneira sadia dessa nova percepal. No entanto, o assunto homossexualidade ainda ção. O trabalho de inclusão também deve ser reanão é abordado por todos os professores que tra- lizado com aqueles que se sentem excluídos do tam da ignorância sobre o tema, reproduzindo os convívio escolar por serem homossexuais, é funvalores e conceitos perpetrados pela sociedade damental que a escola oportunize a esses estudurante anos. dantes condições para que eles se sintam à vontade para se assumirem e se expressarem sem A homofobia deve ser combatida em todas as es- medos e sem constrangimentos. feras: política, social e cultural. Que a discussão deve ser realizada, não há dúvida, e ela deve co- A escola continua sendo um lugar de construção meçar cedo. O quanto antes discutir-se esse tema do conhecimento, para despertar o olhar crítico e em aula, mais tempo haverá para trabalhar esse questionador, de transformação social, que busca assunto e desenvolvê-lo de forma natural, inserin- uma sociedade mais reflexiva e melhor, que busca do-o no contexto da aula, da escola,da vida dos formar cidadãos conscientes dos seus direitos, estudantes como algo natural, criando assim, u- provocar, instigar, favorecer as transformações ma relação respeitosa para com o outro. Sempre pessoais e sociais. que o aluno tiver seu interesse despertado para o assunto, ou quando o professor tiver oportunidade Mariene Hildebrando para introduzir o tema homossexualidade, deve- Professora e especialista em Direitos Humanos mos fazê-lo, ajudá-los a entender que a diferença Email: [email protected] antigamente eram conhecidas como pessoas. E torcendo, claro, para que zinhas adoram chamar de “anjinhos”. “bem educadas” são coisa fora de esses casos indesviáveis não sejam E ai de quem encostar a mão nesses moda, para não dizer impraticáveis. perigosos. futuros pitboys. As escolas, por seu lado, são empresas. Precisam de luCom raríssimas exceções, a boa e- Contudo, quando os bem educados cro. ducação não resolve mais nada. Se tem filhos, a coisa se complica. Porvocê quer ser respeitado, você preci- que quem quer, foge dos outros, se Ninguém vai contra quem está pasa, hoje em dia, fazer três coisas – isola. Mas não dá para isolar as cri- gando e pagando bem. Entre desanão necessariamente nessa mesma anças do mundo. gradar os mal educados e os bem ordem: pagar, ameaçar ou agredir. educados, não há muito o que escoSensatez? polidez? esquece. As crianças terão obrigatoriamente lher. que conviver, durante anos a fio, com O fato é que, isto posto, quem rece- outras crianças e com os pais dessas Eis aí o dilema dos bem educados beu há umas boas décadas um tipo crianças, gente que se encontra alea- diante do assédio – inevitável – às de educação que preconizava o res- toriamente no mesmo colégio. O co- suas crianças: ter de ensiná-las a peito ao próximo, o “ceder a vez”, o légio, esse até pode ser escolhido, fazer tudo aquilo que lhes é mais a“falar baixo” e coisas assim, já perce- por critérios como excelência de en- bominável: revidar, agredir, desresbeu que não tem muito lugar na soci- sino, localização, preço. Os amigos peitar, tomar o lugar à força, despreedade. de nossos filhos, não. zar, debochar. O dilema da boa educação. Se existe uma coisa óbvia nesse mundo – sim, não serei leviano em colocar essa pecha apenas sobre o Rio de Janeiro, mesmo que aqui seja um lugar onde esse tipo de coisa se potencializa – é que as pessoas que É claro, há que se viver e na vida a gente convive obrigatoriamente com outras pessoas. Mas a maioria dos bem educados entende que não dá para se envolver com qualquer um. Com isso, o convívio naturalmente se restringe e a gente passa a tratar só o indispensável com a maioria das E aí dá-se a desgraça. Porque quem é bem educado é minoria. Crianças bem educadas são mais minoria ainda. A sobrevivência depende de usar as armas do adversário. E a escolha, ao final é entre dois sofrimentos. Ou se sofre por ser educado, ou por Uma criança bem educada é sim- não poder mais sê-lo. plesmente atirada a uma turba de monstrinhos que os paizinhos e mae- Por: VP www.formiguinhasdovale.org /// CULTURAonline BRASIL /// http://www.culturaonlinebr.org Gazeta Valeparaibana JULHO 2013 Página 14 Política e Políticos Breve História da Corrupção no Brasil Os primeiros registros de práticas de ilegalidade no Brasil, que temos registro, datam do século XVI no período da colonização portuguesa. O caso mais freqüente era de funcionários públicos, encarregados de fiscalizar o contrabando e outras transgressões contra a coroa portuguesa e ao invés de cumprirem suas funções, acabavam praticando o comércio ilegal de produtos brasileiros como pau-brasil, especiarias, tabaco, ouro e diamante. Cabe ressaltar que tais produtos somente poderiam ser comercializados com autorização especial do rei, mas acabavam nas mãos dos contrabandistas. Portugal por sua vez se furtava em resolver os assuntos ligados ao contrabando e a propina, pois estava mais interessado em manter os rendimentos significativos da camada aristocrática do que alimentar um sistema de empreendimentos produtivos através do controle dessas práticas. Um segundo momento refere-se a extensa utilização da mão-de-obra escrava, na agricultura brasileira, na produção do açúcar. De 1580 até 1850 a escravidão foi considerada necessária e, mesmo com a proibição do tráfico, o governo brasileiro mantinha-se tolerante e conivente com os traficantes que burlavam a lei. Políticos, como o Marquês de Olinda e o então Ministro da Justiça Paulino José de Souza, estimulavam o tráfico ao comprarem escravos recém-chegados da África, usando-os em suas propriedades. Apesar das denúncias de autoridades internacionais ao governo brasileiro, de 1850 até a abolição da escravatura em 1888, pouco foi feito para coibir o tráfico. Isso advinha em parte pelos lucros, do suborno e da propina, que o tráfico negreiro gerava a todos os participantes, de tal forma que era preferível ao governo brasileiro ausentar-se de um controle eficaz. Uma fiscalização mais rigorosa foi gradualmente adotada com o compromisso de reconhecimento da independência do Brasil. Um dos países interessados em acabar com o tráfico escravo era a Inglaterra, movida pela preocupação com a concorrência brasileira às suas colônias açucareiras nas Antilhas. Com a proclamação da independência em 1822 e a instauração do Brasil República, outras formas de corrupção, como a eleitoral e a de concessão de obras públicas, surgem no cenário nacional. A última estava ligada à obtenção de contratos junto ao governo para execução de obras públicas ou de concessões. O Visconde de Mauá, por exemplo, recebeu licença para a exploração de cabo submarino e a transferiu a uma companhia inglesa da qual se tornou diretor. Prática semelhante foi realizada por outro empresário brasileiro na concessão para a iluminação a gás da cidade do Rio de Janeiro, também transferida para uma candidato derrotado, e da mobilização popular (Revolução de 30), Getúlio Vargas tomou posse como presidente do país em 1930. Talvez essa tenha sido uma das mais expressivas violações dos princípios democráticos no país onde a fraude eleitoral serviu para a tomada de A corrupção eleitoral é um capítulo sin- poder. gular na história brasileira. Deve-se considerar que a participação na política re- Durante as campanhas eleitorais de presenta uma forma de enriquecimento 1950, um caso tornou-se famoso e até fácil e rápido, muitas vezes de não reali- hoje faz parte do anedotário da política zação dos compromissos feitos durante nacional: a “caixinha do Adhemar”. Adheas campanhas eleitorais, de influência e mar de Barros, político paulista, era cosujeição aos grupos econômicos domi- nhecido como “um fazedor de obras”, nantes no país (salvo raras exceções). seu lema era “Rouba, mas faz!”. A caixiNo Brasil Império, 1822-1889, o alista- nha era uma forma de arrecadação de mento de eleitores era feito a partir de dinheiro e de troca de favores. A transacritérios diversificados, pois somente ção era feita entre os bicheiros, fornecequem possuísse uma determinada renda dores, empresários e empreiteiros que mínima poderia participar do processo. A desejavam algum benefício do político. aceitação dos futuros eleitores dava-se a Essa prática permitiu tanto o enriquecipartir de uma listagem elaborada e exa- mento pessoal, para se ter uma idéia, em minada por uma comissão que também casa, Adhemar de Barros costumava julgava os casos declarados suspeitos. guardar para gastos pessoais 2,4 miEnfim, havia liberdade para se conside- lhões de dólares, quanto uma nova forrar eleitor quem fosse de interesse da ma de angariar recursos para as suas própria comissão. A partir disso ocorria o campanhas políticas. processo eleitoral, sendo que os agentes eleitorais deveriam apenas verificar a O período militar, iniciado com o golpe identidade dos cidadãos que constava na em 1964, teve no caso Capemi e Coroalista previamente formulada e aceita pela Brastel uma amostra do que ocultamente ocorria nas empresas estatais. Durante a comissão. década de 80 havia um grupo privado Com a República, proclamada em 1889, chamado Capemi (Caixa de Pecúlios, o voto de “cabresto” foi a marca registra- Pensões e Montepios), fundado e dirigida no período. O proprietário de latifún- do por militares, que era responsável dio apelidado de “coronel” impunha coer- pela previdência privada. O grupo era citivamente o voto desejado aos seus sem fins lucrativos e tinha como missão, empregados, agregados e dependentes. gerar recursos para manutenção do ProOutra forma constante de eleger o candi- grama de Ação Social, que englobava a dato era o voto comprado, ou seja, uma previdência e a assistência entre os partransação comercial onde o eleitor ticipantes de seus planos de benefícios e “vendia” o voto ao empregador. A forma a filantropia no amparo à infância e à mais pitoresca relatada no período foi o velhice desvalida. Este grupo, presidido voto pelo par de sapatos. No dia da elei- pelo general Ademar Aragão, resolveu ção o votante ganhava um pé do sapato diversificar as operações para ampliar o e somente após a apuração das urnas o suporte financeiro da empresa. Uma das coronel entregava o outro pé. Caso o inovações foi a participação em um concandidato não ganhasse o eleitor ficaria sórcio de empresas na concorrência para sem o produto completo. Deve-se consi- o desmatamento da área submersa da derar que a maior parte das cidades não usina hidroelétrica de Tucuruí (empresa possuía número de empregos suficiente estatal). Vencida a licitação pública em que pudessem atender a oferta de traba- 1980 deveria-se, ao longo de 3 anos, lhadores, portanto a sobrevivência eco- concluir a obra de retirada e de comercinômica do eleitor/empregado estava a- alização da madeira. O contrato não foi trelada a sujeição das vontades do coro- cumprido e o dinheiro dos pensionistas da Capemi dizia-se que fora desviado nel. para a caixinha do ministro-chefe do SisOutro registro peculiar desse período é o tema Nacional de Informações (SNI), “sistema de degolas” orquestrado por órgão responsável pela segurança naciogovernadores que manipulavam as elei- nal, general Otávio Medeiros que desejações para deputado federal a fim de ga- va candidatar-se à presidência do país. A rantir o apoio ao presidente, no caso resultante foi a falência do grupo CapeCampos Sales (presidente do Brasil de mi, que necessitava de 100 milhões de 1898 a 1902). Os deputados eleitos con- dólares para saldar suas dívidas, e o pretra a vontade do governo eram simples- juízo aos pensionistas que mensalmente mente excluídos das listas ou eram descontados na folha de pagamen“degolados” pelas comissões responsá- to para a sua, futura e longínqua, apoveis pelo reconhecimento das atas de sentadoria. Além do comprometimento apuração eleitoral. Todos os governos, de altos escalões do governo militar o caso revelou: a estreita parceria entre os até 1930, praticavam degolas. grupos privados interessados em desfruUma outra prática eleitoral inusitada o- tar da administração pública, o tráfico de correu em 1929, durante as disputas e- influência, e a ausência de ordenamento leitorais à presidência entre os candida- jurídico. tos Júlio Prestes (representante das oligarquias cafeicultoras paulistas) e Getú- Em 1980 o proprietário da Coroa-Brastel, lio Vargas (agregava os grupos insatisfei- Assis Paim, foi induzido pelos ministros tos com o domínio das oligarquias tradi- da economia Delfim Netto, da fazenda cionais). O primeiro venceu obtendo 1 Ernane Galvêas e pelo presidente do milhão e 100 mil votos e o segundo 737 Banco Central, Carlos Langoni, a concemil. Entretanto os interesses do grupo der à Corretora de Valores Laureano um que apoiava Getúlio Vargas, acrescido empréstimo de 180 milhões de cruzeiros. da crise da Bolsa de Nova York, que le- Cabe ressaltar que a Coroa-Brastel era vou à falência vários fazendeiros, resul- um dos maiores conglomerados privados tou numa reviravolta do pleito eleitoral. do país, com atuações na área financeira Sob acusações de fraude eleitoral, por e comercial, e que o proprietário da Corparte da aliança liberal que apoiava o retora de Valores Laureano era amigo companhia inglesa em troca de 120 mil libras. O fim do tráfico negreiro deslocou, na República, o interesse dos grupos oligárquicos para projetos de grande porte que permitiriam manter a estrutura de ganho fácil. pessoal do filho do chefe do SNI Golbery do Couto e Silva. Interessado em agradar o governo militar, Paim concedeu o empréstimo, mas após um ano o pagamento não havia sido realizado. Estando a dívida acumulada em 300 milhões de cruzeiros e com o envolvimento de ministros e do presidente do Banco Central, a solução encontrada foi a compra, por Paim, da Corretora de Valores Laureano com o apoio do governo. Obviamente a corretora não conseguiu saldar suas dívidas, apesar da ajuda de um banco estatal, e muito menos resguardar o prestígio dos envolvidos. A redemocratização brasileira na década de 80 teve seu espaço garantido com o fim do governo militar (1964-1985). Em 1985 o retorno dos civis à presidência foi possível com a campanha pelas DiretasJá, que em 1984 mobilizou milhares de cidadãos em todas as capitais brasileiras pelo direito ao voto para presidente. Neste novo ciclo político o Impeachment do presidente Collor constitui um marco divisor nos escândalos de corrupção. Durante as eleições para presidente em 1989 foi elaborado um esquema para captação de recursos à eleição de Fernando Collor. Posteriormente, foi revelado que os gastos foram financiados pelos usineiros de Alagoas em troca de decretos governamentais que os beneficiariam. Em abril de 1989, após aparecer seguidamente em três programas eleitorais, Collor já era um nome nacional. Depois que Collor começou a subir nas pesquisas, foi estruturado um grande esquema de captação de dinheiro com base em chantagens e compromissos que lotearam previamente a administração federal e seus recursos. Esse esquema ficou conhecido como “Esquema PC”, sigla baseada no nome do tesoureiro da campanha, Paulo César Farias, e resultou no impeachment do presidente eleito. Segundo cálculos da Polícia Federal estima-se que este esquema movimentou de 600 milhões a 1 bilhão de dólares, no período de 1989 (campanha presidencial) a 1992 (impeachment). Nossa breve história da corrupção pode induzir à compreensão que as práticas ilícitas reaparecem como em um ciclo, dando-nos a impressão que o problema é cultural quando na verdade é a falta de controle, de prestação de contas, de punição e de cumprimento das leis. É isso que nos têm reconduzido a erros semelhantes. A tolerância a pequenas violações que vão desde a taxa de urgência paga a funcionários públicos para conseguir agilidade na tramitação dos processos dentro de órgão público, até aquele motorista que paga a um funcionário de uma companhia de trânsito para não ser multado, não podem e não devem mais ser toleradas. Precisamos decidir se desejamos um país que compartilhe de uma regra comum a todos os cidadãos ou se essa se aplicará apenas a alguns. Nosso dilema em relação ao que desejamos no controle da corrupção é esquizofrênico e espero que não demoremos muito no divã do analista para decidirmos. Autora: Profa. Dra. Rita Biason Departamento de Relações Internacionais UNESP - Campus Franca CONTATOS: 055 12 9114.3431 - Emails: CONTATO: [email protected] - patrocí[email protected] Gazeta Valeparaibana JULHO 2013 Página 15 Nossos filhos Os filhos querem colo... Sempre! No dia 12 de maio de 2011, uma amiga do meu filho pulou do 8º andar do prédio onde morava na Rua Emiliano Perneta. Era uma adolescente. Tinha acabado de almoçar, estava com o uniforme do Colégio Bom Jesus, e a mochila nas costas, o que indicava que iria para o colégio à tarde, pois nas quartas e sextas eles têm aula o dia todo. Foi um choque para todos os colegas! Aí vem a pergunta: Por quê? Ela tinha apenas 15 anos. Que problemas uma menina de 15 anos pode ter? Fiz esta pergunta ao meu filho, e a resposta me deixou chocada... Ele me disse: - Mãe, eu acho que era falta de - Meu filho, você tem razão. É isso todos nós vamos tirar 10. Talvez, colo. mesmo... nem todos nós queiramos falar inglês! Questionei: E ele me interrompeu dizendo: Seus olhos cheios de lágrimas re- Como assim? Mãe, quando a gente chega em casa, o que mais a gente quer é o velavam a dor que sentia pela E ele me disse: morte da colega e, ao mesmo colo da mãe. Quando vai mal nas - Hoje em dia, os pais trabalham provas ou quando acontece algu- tempo, o quanto meu filho valoripraticamente o dia todo, sempre ma coisa ruim, a gente quer colo. zava a nossa família. Já fora de com a mesma desculpa de que Por que você acha que hoje tan- casa, ele voltou correndo e me querem dar aos filhos tudo aquilo tos jovens são quase revoltados? deu um forte abraço e me disse: que nunca tiveram e, na maioria Na maioria das vezes, eles estão - Mãe, obrigado por eu poder condas vezes, eles estão conseguin- querendo chamar a atenção, ser tar sempre com você nos maus do. Eles estão dando um estudo notados... Só que no lugar errado momentos...E, obrigado, também, no melhor colégio, cursos de idio- e de forma errada: na rua e com pelas broncas, pois sei que as mas, dinheiro para gastar no violência. mereço. shopping, um computador de última geração pro filho ficar enfiado - Dei um grande abraço em meu Depois que ele virou a esquina, em casa durante o pouco tempo filho, beijei-o com muito carinho. E fechei suavemente a porta, pensativa e convencida de que o temlivre que sobra, roupas, tênis, ce- lhe disse: lular, tudo muito caro, etc... E Meu filho, espero que a morte da po e o amor são os melhores insempre cobrando da gente boas Joana não tenha sido em vão, vestimentos que podemos fazer notas, pois estão investindo mui- pois quem sabe desta forma mui- pelos nossos filhos. O resto é conto... Na maioria das vezes, os pais tos pais vão repensar suas atitu- sequência. Nada é mais importante que estes meios essenciais panão têm mais tempo para os fi- des para com seus filhos! lhos, não conversam mais, não Ele olhou-me carinhosamente e ra a felicidade de nossos filhos. E, sem dúvida, só assim poderemos fazem um carinho... concluiu, antes de sair para a es- também ser felizes com a consciEle fez uma pausa. Eu estava bo- cola: ência tranquila de ter cumprido quiaberta com o que ele acabara Não somos máquinas, mãe. Não bem a nossa missão de pais. de falar-me e meus pensamentos somos todos iguais. Não é porque Recebi por e-mail de Rosamaria do foram a mil. Mal comecei uma fraBlog: http://rosacc60.blogspot.com. o filho da vizinha tira só dez que se: Nossa vida PARA REFLETIR Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos, e presentes não são promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança. E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão. Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais. Descobre que leva-se anos para construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da você não sabe para onde está indo, Descobre que só porque alguém não vida. qualquer lugar serve. o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém Aprende que verdadeiras amizades Aprende que, ou você controla seus não o ama com tudo o que pode, continuam a crescer mesmo a longas atos ou eles o controlarão, e que ser pois existem pessoas que nos amam, distâncias. E o que importa não é o flexível não significa ser fraco ou não mas simplesmente não sabem como que você tem na vida, mas quem vo- ter personalidade, pois não importa demonstrar ou viver isso. cê tem da vida. E que bons amigos quão delicada e frágil seja uma situasão a família que nos permitiram es- ção, sempre existem dois lados. Aprende que nem sempre é suficiencolher. te ser perdoado por alguém, algumas Aprende que heróis são pessoas que vezes você tem que aprender a perAprende que não temos que mudar fizeram o que era necessário fazer, doar-se a si mesmo. de amigos se compreendemos que enfrentando as consequências. os amigos mudam, percebe que seu Aprende que com a mesma severidamelhor amigo e você podem fazer Aprende que paciência requer muita de com que julga, você será em alqualquer coisa, ou nada, e terem prática. Descobre que algumas ve- gum momento condenado. bons momentos juntos. Descobre zes, a pessoa que você espera que o que as pessoas com quem você mais chute quando você cai, é uma das Aprende que não importa em quanse importa na vida são tomadas de poucas que o ajudam a levantar-se. tos pedaços seu coração foi partido, você muito depressa - por isso, semo mundo não para que você o conpre devemos deixar as pessoas que Aprende que maturidade tem mais a serte. amamos com palavras amorosas, ver com os tipos de experiência que pode ser a ultima vez que as veja- se teve e o que você aprendeu com Aprende que o tempo não é algo que mos. elas, do que com quantos aniversá- possa voltar para trás. Portanto, planrios você celebrou. te seu jardim e decore sua alma, ao Aprende que as circunstâncias e os invés de esperar que alguém lhe traambientes tem influência sobre nós, Aprende que há mais dos seus pais ga flores. mas nós somos responsáveis por em você do que você supunha. nós mesmos. Começa a aprender Aprende que nunca se deve dizer a E você aprende que realmente pode que não se deve comparar com os uma criança que sonhos são boba- suportar... Que realmente é forte, e outros, mas com o melhor que pode gens, poucas coisas são tão humi- que pode ir muito mais longe depois ser. Descobre que se leva muito tem- lhantes e seria uma tragédia se ela de pensar que não se pode mais. E po para se tornar a pessoa que quer acreditasse nisso. que realmente a vida tem valor e que ser, e que o tempo é curto. você tem valor diante da vida! Aprende que quando está com raiva Willian Shaskspear Aprende que não importa onde já tem o direito de estar com raiva, mas chegou, mas onde está indo, mas se isso não te dá o direito de ser cruel. www.formiguinhasdovale.org /// CULTURAonline BRASIL /// http://www.culturaonlinebr.org JUNHO - Festas Juninas - Nossas Tradições - Vamos curtir... Sustentabilidade Social e Ambiental - Educação - Reflorestamento - Desenvolvimento Sustentável - Cidadania Edição nº. 68 Ano VI - 2013 o ícone de uma cultura e de uma língua que é portuguesa, que ajudaram a modelar o mundo como o conhecemos. É uma coisa de uma dimensão extraordinária. Como reitor até me sinto pequenino perante uma coisa desta dimensão”, afirma. PORTUGAL A Universidade de Coimbra é símbolo de uma “cultura que teve impacto na humanidade”. UNESCO classifica universidade como ícone da cultura portuguesa no mundo Após quinze anos de um trajeto longo e complicado, a candidatura da Universidade de Coimbra foi reconhecida no sábado como Patrimônio Mundial da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), decisão tomada na 37ª sessão do Comitê do Patrimônio Mundial, em Phom Penh, no Camboja. Apesar dos últimos pareceres feitos pelo ICOMOS – órgão consultivo da UNESCO – que aconselhavam a não inscrição, já esta sessão, da Universidade de Coimbra (UC) na lista do patrimônio mundial, os vários representantes dos países do Comitê do Patrimônio Mundial foram unânimes no reconhecimento da valor da candidatura. Para além dos critérios no qual a candidatura vinha fundamentada, e que tinham que ver sobretudo com o valor patrimonial do conjunto de edifícios que integram a área da candidatura, foi acrescentando um terceiro critério que reconhece a UC como símbolo de uma “cultura que teve impacto na humanidade”, diz o reitor da Universidade de Coimbra, João Gabriel Silva. “Para mim, como reitor, isso ainda torna este momento mais emocionante e especial. O que foi distinguido hoje pela UNESCO não é apenas um conjunto de edifícios antigos e bonitos. A Universidade de Coimbra foi reconhecida como Clara Almeida Santos, vice-reitora para a Cultura e Comunicação, que está no Camboja a representar a universidade, diz ter ficado “comovida” com a forma como os delegados dos países membros do Comitê do Patrimônio Mundial, subscreveram a “inscrição imediata da Universidade de Coimbra na lista de Patrimônio Mundial”, apesar do parecer do ICOMOS. “E com intervenções que nos devem deixar extremamente orgulhosos, porque falaram na importância da universidade na divulgação da ciência e da língua portuguesa no mundo. O embaixador indiano referiu a importância da língua portuguesa como veículo de cultura e com uma influência expressiva na Índia. O embaixador tailandês agradeceu a Portugal ter levado as malaguetas para a Tailândia”, descreve. ainda mais na valorização e preservação deste patrimônio e de cuidá-lo para futuras gerações. É uma grande responsabilidade”, afirma, convidando a cidade a “festejar” a decisão da UNESCO. Esta classificação, segundo Pedro Machado “pode posicionar Coimbra, mais e melhor, naquilo que é o desafio dos mercados em matéria de competitividade e atratividade” na área do turismo. Também o ministro dos Negócios Estrangeiros, numa reação à Lusa, considerou que a classificação beneficiará “a economia, o turismo, o conhecimento e o cosmopolitismo” da cidade, mas que também é “muito prestigiante” para Portugal. Walter Rossa, catedrático de Arquitetura da Universidade de Coimbra, não foi apanhado de surpresa pelo anúncio da classificação. “Acompanhei de perto o trabalho e, como tal, estava absolutamente convencido de que ia ser classificada”. Para Rossa, a universidade “tem um valor absolutamente excepcional na história mundial”. Como um dos investigadores coresponsáveis, na Fundação Gulbenkian, pela criação do portal www.hpip.org, que inventaria o patrimônio português espalhado pelo mundo, destaca que “o império português foi um dos primeiros dois à escala mundial, mas enquanto os espanhóis tinham várias universidades, o português só tinha Coimbra. Do ponto de vista da formação de quadros para todo o império, é imbatível”, acentua. “Não há outra instituição universitária que tenha tido essa relevância”. “É um grande dia para Portugal e para Coimbra. A meritória candidatura a patrimônio mundial passou com brilho e beneficiará” a cidade em várias áreas, afirmou Paulo Portas numa declaração escrita. O ministro agradece “o trabalho impecável” não apenas do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), da Comissão Nacional da UNESCO e da embaixada, como também “o trabalho incessante dos promotores da ideia, desde a autarquia até à universidade". Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros acrescentou que esta distinção é um “reconhecimento internacional, que agora é muito justamente atribuído a Coimbra”. Para o ministério, constitui um “motivo de orgulho e regozijo” para a cidade e para o país e “dá conta da confiança da UNESCO na capacidade de o Estado para preservar o valor dos seus bens patrimoniais”. “Ficamos muito orgulhosos de ouvir 21 membros de países diferentes, de todas as partes do mundo, a defenderem a inscrição imediata da universidade na lista do Patrimônio Mundial porque reconheceram nela um valor excepcional”, acrescenta o presidente da autarJá o presidente da Entidade Regioquia de Coimbra, João Paulo Barnal de Turismo do Centro de Portubosa de Melo, que está também no gal, Pedro Machado, disse que a Camboja. classificação “é uma grande porta Para o autarca, a decisão da que se abre” para o turismo da ciUNESCO representa uma “enorme dade. “É uma excepcional notícia responsabilidade” para a cidade, Coimbra ter atingido este galarpara a universidade e para o país dão”, declarou Pedro Machado à de “fazer mais e melhor por este agência Lusa, realçando que a depatrimônio que foi hoje distingui- cisão do Comitê da UNESCO “é o do”. “Hoje chega ao fim um traba- reconhecimento de Coimbra pela lho de anos. Foi um trajeto difícil. sua história, pelo seu patrimônio” e Mas amanhã começa um novo de- pelo papel da sua universidade, safio: começa o trabalho da univer- fundada em 1290, “na formação de sidade, da cidade e das autorida- tantas gerações espalhadas pelo des nacionais de se empenharem mundo”. Daí considerar que, mais que o patrimônio edificado – “e eu sou arquiteto, portanto estou à vontade para o dizer” –, o que é “verdadeiramente importante” é o “patrimônio imaterial, o valor cultural simbólico que a Universidade de Coimbra tem a nível universal”. Para Coimbra, hoje, a classificação pela UNESCO significará, na visão de Walter Rossa, “uma responsabilização das entidades” perante a cidade, sua história e patrimônio, mas também dos cidadãos. “Estas distinções têm a enorme vantagem de os envolver nos processos de decisão e no dia-a-dia de gestão do patrimônio”. Tal pode ser muito importante numa cidade que precisa de “um grande impulso de regeneração urbana”. FONTE: http://fugas.publico.pt * Ortografia adaptada ao Português/Brasil CONTATOS: 055 12 9114.3431 - Emails: CONTATO: [email protected] - patrocí[email protected]