Embalagens Plásticas
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Embalagens Plásticas
EMBALAGENS Uso de PET cresce em substituição a tradicionais embalagens em vidro EMBALAGENS PLÁSTICAS Vantagens sobre outras fazem crescer o uso Lilian Araujo L eveza, inquebrável, maior segurança no envase, flexibilidade de design, reciclável e ainda com alto potencial de crescimento, são características que estimulam, cada vez mais, a indústria de embalagens a optar pelas resinas termoplásticas. A substituição de outras matérias-primas pelo plástico já é uma tendência identificada tanto pela indústria transformadora e pelos fabricantes das resinas quanto pela própria indústria alimentícia. A capacidade de aumento da demanda nacional pode ser identificada quando com26 parada aos números externos. No Brasil, o consumo de termoplásticos chegou a 3,06 milhões de toneladas em 2003, volume muito inferior em relação às grandes empresas internacionais. Entre elas a Basell, com mais de 12 milhões de t/ano, e a Dow com 9,5 milhões de t/ano. Internamente, o consumo per capita de polietilenos, por exemplo, atingiu a casa de 10 kg/habitante em 2001. Enquanto isso, nos Estados Unidos, no mesmo ano, o volume chegava a 44 kg/hab. A diferença estimula as indústrias a investirem no segmento e desenvolverem projetos que incentivem o processo de substituição de algumas matérias-primas pela resina termoplástica. O aumento da demanda na última década - que passou de 1,5 milhão de t em 1993 para pouco mais de 3 milhões de t no ano passado também demonstra isso. Para assessorar as empresas transformadoras no que diz respeito ao desenvolvimento de novos conceitos tecnológicos e de designs das embalagens, a Braskem, maior petroquímica de primeira e segunda geração do País, investiu num moderno BRASIL ALIMENTOS - nº 25 - Maio/Junho de 2004 Centro de Tecnologia e Inovação (CTI). Instalado em Triunfo (RS), o centro conta com um ativo de US$ 100 milhões em modernos equipamentos laboratoriais, plantas pilotos e mais de 150 técnicos especializados. O CTI Braskem oferece aos clientes da companhia serviços e apoio na busca de novas embalagens, que tenham como características principais a qualidade, design diferenciado e a praticidade. Para o diretor do centro tecnológico, Luis Fernando Cassinelli, as embalagens devem seguir as necessidades do consumidor, sendo mais práticas. “As embalagens stand up pouch - embalagens em filme laminado (poliéster + polietileno) -, por exemplo, seguem essa tendência, substituindo algumas aplicações tradicionais”, diz Luis Cassinelli, diretor do CTI Braskem Cassinelli. Para atualizar e manter modernas tecnologias, a empresa investe anualSubstituindo o vidro mente US$ 10 milhões no CTI de Triunfo. Criado em 2002, o centro já recebeu mais As vantagens proporcionadas pelo plásde 1,4 mil solicitações e conta com mais de tico levaram a Unilever Bestfood, gigan100 patentes. “O trabalho básico do centro é te do setor alimentício, a substituir a traidentificar oportunidades existentes e dicional embalagem, em vidro, da maiotransformá-las rapidamente em produtos para nese Hellmann’s, por polietileno tereftao mercado brasileiro”, explica Cassinelli. Den- lato (PET). O desenvolvimento foi feito tre as patentes Braskem, está uma à base de pela também multinacional Amcor PET polipropileno (PP), desenvolvida em parce- Packaging, que conta com 50 fábricas no ria com o Instituto de Pesquisas Nucleares mundo e centros de pesquisa em da Universidade de São Paulo (Ipen/USP). Manchester, Michigan, nos Estados UniPelo processo, a resina passa por uma irradi- dos, e em Brecht, na Bélgica. ação, tornando-se num tipo de espuma dez De acordo com o diretor comercial da vezes mais leve que o PP tradicional e com Amcor Pet no Brasil, Ricardo Vaz, o laboracinco vezes mais resistência em comparação tório norte-americano da companhia é um à versão comum. Essa tecnologia pode ain- dos mais bem equipados para desenvolvida, entre outras aplicações, ser utilizada em mento de embalagens PET no mundo. Denembalagens alimentícias, do tipo freezer/microondas. Patenteado, o novo polipropileno irradiado é comercializado pela paulista Embrarad - Empresa Brasileira de Radiações. Segundo o diretor do CTI Braskem, a companhia apresentará outras novidades ainda este ano. “Serão lançamentos que vão dar outras características de performance para o mercado brasileiro”, acrescenta. A Braskem conta também com parcerias entre diversos órgãos, como Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT/SP), Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/ USP), Universidade Federal de São Carlos (Usfcar) e Universidade Luterana do Brasil (Ulbra/RS). Potes Sonoco: reutilizáveis BRASIL ALIMENTOS - nº 25 - Maio/Junho de 2004 tre as ferramentas disponíveis no centro de pesquisa, está a estereolitografia (SLA), que cria modelagens tridimensionais para o desenvolvimento de amostras pilotos de embalagens. As amostras são envasadas, rotuladas e fechadas para serem testadas junto aos consumidores. A tecnologia disponível faz parte da estratégia da Amcor Pet em oferecer embalagens que atraiam o consumidor para a marca de seus clientes. “O consumidor leva o produto para casa, por isto a performance e a funcionalidade da embalagem devem ajudar a convertê-lo em consumidor fiel da marca. Por esse motivo, a Amcor sempre pensa além da embalagem, procurando, sempre junto dos clientes, desenvolver e atender a todos os requisitos necessários para a embalagem percorrer todos os caminhos até o consumidor final”, detalha Vaz. A variedade tecnológica é outro ponto objetivado pela Amcor. A experiência da companhia no segmento envolve ainda reciclagem, envase a quente, revestimentos multicamadas e embalagens reutilizáveis. Na indústria alimentícia mundial, a Amcor PET oferece embalagens para manteiga de amendoim, óleos comestíveis, temperos para salada e maionese. “Na linha para produtos envasados a quente, as embalagens Amcor suportam temperaturas até 93ºC, sem risco de distorção”, exemplifica o diretor comercial. Segundo Vaz, esse tipo de embalagem permite a pasteurização e o envase, por exemplo, de picles no próprio frasco. “Estamos com diversos desenvolvimentos nos segmentos alimentício, farmacêutico, cosmético, higiene e limpeza, bebidas alcoólicas, entre outros. Mas ainda não podemos divulgar”, acrescenta o executivo. Características como o aumento da segurança na operação do envase e a redução dos custos proporcionados pelo uso do plástico, em substituição ao vidro, também foram ressaltadas pelo gerente de marketing da Olveplast - Olvebra Embalagens Plásticas, Marshal Pepeliascov. A companhia, criada há 14 anos para aperfeiçoar as atividades do grupo Olvebra, lançou, recentemente, um pote plástico de 500g para maionese. O diferencial é que a empresa está produzindo 27 EMBALAGENS a nova embalagem em dois tipos de resinas: em PET e polipropileno biorientado. “Através de uma tecnologia avançada, a Olveplast lança a embalagem pote para maionese em dois tipos de resinas plásticas, sendo mais flexível e diversificada”, ressalta. Pepeliascov destaca, ainda, que as embalagens Olveplast “ possuem alto brilho e alta transparência, os quais se acentuam ao contato com o produto, podendo ainda serem pigmentadas, nas mais variadas cores”. A diversidade das cores e das formas é uma exigência crescente no mercado de embalagens. A Sonoco For-Plas sabe disso, pois atua, desde 1899, no desenvolvimento de embalagens. Há 30 anos a tecnologia Sonoco se uniu à For-plas para formar uma joint-venture da indústria da transformação de plásticos. Na lista de clientes da companhia estão importantes empresas, dentre as quais Nestlé, Kraft Foods, Procter & Gamble, Unilever e Sara Lee. Na área de plásticos, a Sonoco ForPlas lançou, recentemente, uma embalagem para sobremesa que se destaca tanto pela resistência quanto pelo visual. Coloridas, as embalagens são mais atraentes, o que estimula o reuso das mesmas após o consumo do produto, mantendo a marca do cliente junto ao consumidor. A diversidade nas cores também estão presentes nas tampas Sonoco For-Plas, com opção de opacidade, detalhes de superfície e gravação em relevo. A disputa por um mercado que movimenta mais de R$ 25 bilhões por ano leva as empresas brasileiras de embalagens a buscar a excelência em produção, tecnologia e design. Esse é o objetivo da Sinimplast, tradicional empresa brasileira fabricante de embalagens plásticas sopradas, que investiu R$ 13,1 milhões em 2002 na ampliação e renovação do seu parque industrial e na abertura de fábricas no Rio de Janeiro (RJ) e Abreu e Lima (PE). Em 2003, a empresa investiu mais de R$ 6 milhões em novas ampliações. Atualmente, está capacitada a produzir frascos de até 20 litros e um total de mais de um bilhão de frascos/ano, utilizando, aproximadamente, 28 mil t de resinas. A empresa conta hoje com cerca de 1 mil funcionários e mais de 80 máquinas sopradoras, divididos entre os 44 mil m² de área construída, no total das seis unidades industriais. 28 Nova embalagem para diferentes mercados Gomes da Costa: do aço ao plástico Inovação, qualidade, profissionalismo e eficiência são alguns critérios buscados pela Sinimplast. Em 20 anos de atividades, desenvolveu mais de 2 mil tipos de embalagens. Nos últimos dez anos, investiu cerca de R$ 70 milhões em tecnologia, equipamentos, desenvolvimento e pesquisa, recursos humanos e tem planos de expansão. A Sinimplast conta também com um departamento de engenharia e com uma equipe técnica especializada, que acompanha as novas tendências nacionais e internacionais da indústria de transformação do plástico. De acordo com o diretor industrial, Henrique Ballvé, “a satisfação do cliente é a prioridade máxima. Conseguimos flexibilidade industrial para produzir exatamente o que o cliente deseja, na qualidade e na forma”. A exemplo disso, está a embalagem promocional do Guaraná Antarctica Caçulinha, “Bichinhos do Projeto Amigos da Natureza”, cujo desenvolvimento técnico da embalagem foi feito pela Sinimplast. “Rec e b e mo s u m mo l de p i l o t o e pesquisamos tecnologia para produzir e cortar o frasco. O principal objetivo era ter a parte de cima do produto com encaixe perfeito à parte de baixo, permitindo à criança abrir e fechar a embalagem quantas vezes ela quiser”, conta Vanda Saraiva, superintendente da filial Osasco (SP). Tradicional empresa do ramo de pescados enlatados, a Gomes da Costa lançou, recentemente, a versão de embalagem de 1 kg de atum. Com a novidade, a empresa ingressa no ramo de food service - alimentação fora do lar -, oferecendo o produto em embalagem stand up pouch, em plástico aluminizado. Um processamento térmico diferenciado mantém a umidade e a textura do atum, dispensando a adição de líquido de cobertura. Prática de se manusear, a embalagem proporciona ainda o aproveitamento total do conteúdo, não havendo necessidade de escorrer o óleo do alimento. Segundo José Eduardo Simão, presidente da Gomes da Costa, a empresa investiu em pesquisa e tecnologia para desenvolver a embalagem ideal para o setor de food service. “Este é um dos resultados de três anos de investimentos em modernização e tecnologia, que somaram US$ 2,5 milhões”, revela. Entre as facilidades incorporadas à nova embalagem, está o sistema de abertura que dispensa o uso de instrumentos de corte, bastando rasgá-lo no local indicado. A embalagem stand up pouch diferencia-se ainda por ocupar menos espaço nas prateleiras, pesar menos que as embalagens tradicionais e, quando vazia, ser de fácil eliminação. Válido por um ano, o atum dispensa refrigeração enquanto fechado. Depois de aberto, pode ser mantido na própria embalagem, devidamente fechada e sob refrigeração, por até 72 horas. Outra empresa a mudar a embalagem dos produtos que fabrica, para ingressar em novos segmentos, é a Homemade, fa b r ic a nt e de ge l é ia s. As ge l é ia s Homemade passam a ser encontradas em blister de poliestireno de 15 gramas, com fechamento em alumínio/poliéster. Fabricada pela Coexpan, a embalagem é direcionada tanto para hotéis, restaurantes, empresas aéreas e restaurantes, quanto ao consumidor que tem uma família pequena ou mora sozinho. Segundo Edoardo Magli, sócio-diretor da empresa, a embalagem blister foi idealizada para atender a demanda de públicos distintos, ampliando a participação da companhia em diversas áreas. ❖ BRASIL ALIMENTOS - nº 25 - Maio/Junho de 2004