Nos 150 anos da publicação de Alice no País das

Transcrição

Nos 150 anos da publicação de Alice no País das
especial
WALKING IN WONDERLAND
Nos 150 anos da publicação de Alice no País
das Maravilhas, voltamos no tempo em um
passeio pela Inglaterra de Lewis Carroll e os
lugares que inspiraram a criação do livro
Por Milene Cardoso e Claudio Mello, de Londres
102
Esqueça os reis do Iê, Iê, Iê, o Big Ben, o Manchester
United ou o chá das cinco. Aliás, o chá tudo bem
se, em vez de seguir a cordialidade britânica, vier
acompanhado de bastante nonsense e duas colheres
de insanidade. Ah, e nada de família real também.
Quem se senta à mesa é uma lebre, um chapeleiro
maluco e uma menininha perdida em seu próprio sonho.
104
Um pouco de ficção misturada à
realidade por meio de significados
ocultos e, voilà, o momento é
transformado em um clássico
atemporal capaz de alcançar um
público muito maior do que
as crianças do século 19.
Em algumas interpretações, o
sonho de Alice é uma metáfora
para uma jornada interior, em
direção às vontades incontroladas
do subconsciente. Em outras, não
passa de um combinação de histórias
contadas pelo matemático Charles
Dodgson, mais conhecido como
Lewis Carroll, para as filhas do
amigo em passeios de barco pelo
Rio Tâmisa. Fato é que alguma coisa
em Alice no País das Maravilhas
despertou tanta curiosidade, que,
mesmo depois de 150 anos de sua
publicação, o livro continua uma
febre mundial e se mantém como
um dos maiores clássicos infantis
de todos os tempos.
Não por menos, quem visita a
Inglaterra, mais especificamente a
região de Oxfordshire, depara-se
com uma quantidade gigantesca
de livros, quadros e produtos
relacionados ao universo de Alice.
Afinal, foi ali que tudo começou.
Portanto, passear por Oxford não
se resume a respirar o clima jovem
e intelectual das universidades
mais disputadas do mundo –
responsáveis pela formação de
nomes como Tony Blair, J. R. R.
Tolkien e Oscar Wilde.
Ao lado, igreja em estilo vitoriano em Leafield.
Na página ao lado, o vilarejo de Burford
passear por oxford
é retornar ao mundo
da pequena alice
105
É também um retorno à era vitoriana somado a um
passeio no tempo e espaço em que viveu o autor Lewis
Carroll e sua minimusa inspiradora, Alice Liddell.
Além de referências ao contexto político da Inglaterra,
como a relação entre a Rainha de Copas e a Rainha
Vitória, o autor se inspirou em referências e pessoas
que participavam de seu cotidiano para criar a história.
106
A Alice real era a quarta filha de
Henry Liddell, reitor da Christ
Church, uma das maiores faculdades
constituintes da Universidade de
Oxford, na qual Carroll estudou
e trabalhou. Dos encontros pelo
campus desenvolveu-se a amizade
entre ele e a família Liddell – em
especial Alice –, que se encantava
pelas histórias fantásticas contadas
pelo autor durante os longos passeios
pelo Tâmisa. Um em especial, no dia
4 de julho de 1862, encantou tanto
a pequena que, de um pedido para
que ele escrevesse as ideias daquela
tarde para ela, a história acabou se
transformando em um manuscrito
chamado As Aventuras de Alice
no Subsolo – e, posteriormente,
originaram as duas obras que
envolvem a menina: Alice no País das
Maravilhas e Através do Espelho e o
Que Alice Encontrou Por Lá.
Mary Prickett, a governanta da
família, sempre acompanhava os
passeios e, graças a seu trabalho de
supervisão, ganhou lugar na história
também: ajudou a compor a Rainha
de Copas, monarca com predileção
por decapitações. O Chapeleiro
Maluco, por sua vez, foi inspirado no
alfaiate e amigo da família, Thomas
Randall, que morava em Grandport
– também à beiro do rio – e possuía
uma loja na High Street. Passeando
pela pequena Oxford é possível ver
os locais que inspiraram o autor.
Por isso, uma passadinha na Alice’s
no interior da inglaterra,
cotswolds é formada por
vilarejos bucólicos
Ao lado, ponte no vilarejo de Bourton on
the water, em Cotswolds. Na página ao
lado, o edifício Radcliffe Camera, dentro
da Universidade de Oxford, que abriga
uma biblioteca
107
Shop acaba sendo obrigatória. Do
outro lado da rua da Christ Church,
essa loja vendia doces há mais de
100 anos. Lá é possível encontrar
presentes, calendários, decoração,
papelaria, diferentes edições,
roupas e tudo o que permeia o
universo mágico do conto.
Mas o ápice de tudo isso acontece
no primeiro sábado de julho,
quando é celebrado o Alice’s
Day, em comemoração ao
passeio de barco que originou o
manuscrito. Coordenados pelo
Museu de História, vários eventos
acontecem na cidade como leituras,
apresentações teatrais, discussões
e até piqueniques. Viu só? Oxford
vai além das universidades, dos
prédios cor de mel e dos estudantes
andando de bicicleta. E, para
aproveitar ao máximo o que ela
tem a oferecer, o melhor é decidir
entre os diversos formatos e
temas de tours disponíveis tanto
para famílias como grupos. O
tamanho da cidade é inversamente
proporcional à quantidade de
aventuras ali presentes, e, entre
fantasia e realidade, como toda boa
história, segue apenas aguardando
para ser contemplada.
O motivo pelo sucesso de Alice
propagar-se para várias partes do
mundo é mais complexo, mas pode
estar relacionado a percepções
sobre a essência britânica do livro.
Acima, entrada do hotel Old Swan and Minster Mill. Abaixo, hóspede joga criquete no mesmo hotel.
No detalhe, uma das casas bucólicas da região de Cotswolds. Na página ao lado, o vilarejo de Bulford
o interior da inglaterra
é perfeito para fazê-lo
esquecer qualquer stress
108
109
O País das Maravilhas tem jogos de croqué,
chás, uma rainha e empregados domésticos,
ou seja, expõe a visão nostálgica de uma
sociedade vitoriana idealizada. E são os mesmos
ingredientes que tornaram Harry Potter e a série
de TV Downton Abbey também fórmulas de sucesso.
110
Se esse for, de fato, um interesse
geral, então uma estendida até o
interior de Londres vai enriquecer
ainda mais essa viagem ao passado.
Longe das minas de carvão e
das grandes cidades, a região de
Cotswolds escapou dos efeitos
da industrialização, conseguindo
preservar seu modo de vida rural.
Toda a atmosfera já vem explicada
no próprio nome: Cots se refere às
ovelhas e Wolds às colinas suaves
que rodeiam sua extensão. Dá para
imaginar o cenário, né? Bucólica,
a região é formada por vilarejos
tipicamente ingleses, com nomes
retirados de contos de fadas.
Alguns deles, inclusive, foram
apelidados de Wooltowns, pois se
desenvolveram com o comércio de
lã. Passear por esses povoados vai
levar você à nostalgia dos chalés
de pedra cobertos de palha, dos
caminhos sinuosos percorridos por
ovelhas, dos moinhos de água e
dos monumentos históricos como
o colossal Palácio de Blenheim –
onde nasceu Winston Churchill – e
a Highgrove House, residência de
férias do Príncipe Charles. Aliás, a
visitação aberta ao jardim da casa
real é um espetáculo à parte, e
precisa ser reservada com meses de
antecedência.
Alugar um carro é a forma mais
fácil de conhecer Cotswolds,
uma vez que os vilarejos são bem
Ao lado, o restaurante CUT do 45 Park Lane.
Na página ao lado, a fachada do mesmo hotel,
que integra a seleta rede Dorchester Collection
moderno e bem localizado,
o 45 park lane é queridinho
de habitués londrinos
111
próximos uns dos outros e, por
serem pequenos, é possível visitar
vários no mesmo dia. Antiquários
e modestos cafés com mesinhas na
rua são pontos comuns em todos
eles. Burford, Bibury, Chipping
Campden, Cirencester e Bampton
(que serviu de locação para o
seriado Downton Abbey) são
algumas opções.
Vale ressaltar que, desde 1966,
Cotswolds é considerada como
Area of Outstanding Natural
Beauty (Área de Destacada Beleza
Natural) pelo governo do Reino
Unido. Além disso, tem sido um
local bastante visado por famosos
em busca de sossego. Kate Winslet,
Stella McCartney, Kate Moss, Hugh
Grant e Lily Allen são alguns nomes
que possuem lares por ali. Portanto,
ter uma casinha para chamar de sua
nessa região vai custar, no mínimo,
3 milhões de reais. A mais simples,
tá? O preço comum é bem mais alto,
e pode chegar a 30 milhões mesmo.
Mas quem liga para isso quando
se está em um país de maravilhas?
Afinal, tudo não passa de um sonho.
Não é mesmo?
No caminho para conhecer
melhor as maravilhas de Alice,
Londres é obviamente parada
obrigatória. Instalado no bairro
de Knightsbridge, área central da
cidade, o Jumeirah Carlton Tower
une elegância e comodidades
essenciais a uma hospedagem. Ao
todo são 216 quartos, sendo 58
suítes, e destaque para a Royal
Suite, que conta com mordomo
24 horas, moderna cozinha e sala
de jantar para até dez pessoas e
sistema de áudio visual Bang &
Ao lado, o edifício do Jumeirah Carlton Tower.
Na página ao lado, de cima para baixo, uma das
salas de tratamento do The Peak Health Club e
o Club Room, ambos no hotel Jumeirah
Olufsen. Além disso, o hotel conta
com um dos espaços de saúde
mais prestigiados da cidade, o
The Peak Health Club & Spa, que
oferece tratamentos relaxantes e
uma sala de ginástica completa.
O espaço relax também abriga o
The Club Room, perfeito para um
happy hour informal ou uma parada
rápida com pratos saudáveis. Já o
The Rib Room Bar & Restaurant
apresenta pratos da tradicional
culinária britânica pelas mãos
do chef Ian Rudge, que podem
ser harmonizados por vinhos e
champanhes de uma carta com mais
de 450 opções.
Contemporâneo e cheio de estilo,
o 45 Park Lane tem clientes cativos
em Londres por ser um hotelbutique bem exclusivo com apenas
45 apartamentos e suítes. Com
vista para o Hyde Park e integrante
da Dorchester Collection, o hotel
fica no bairro de Mayfair e tem
decoração moderna em todos os seus
ambientes. Ele conta com alguns
trunfos para conquistar a clientela,
entre eles o CUT, primeiro
restaurante da Europa do chef
Wolfgang Puck, uma steakhouse no
melhor estilo americano, e o Bar
45, cujo projeto foi assinado pelo
designer Thierry Despont.
o jumeirah carlton tower
é um dos bons hotéis de
luxo que a cidade oferece
guia top
Aonde ir
Passeios de barco em Oxford
oxfordrivercruises.com/oxfordexperience-tour
Blenheim Palace
blenheimpalace.com
Highgrove
highgrovegardens.com
Chic Outlet Bicester Village
bicestervillage.com
Onde ficar
Malmaison Oxford. Diárias a
partir de 334 libras em duplex
suítes. Reservas: 01865689944 ou
malmaison.com/locations/Oxford
Old Swan and Minster Mill.
The River Windrush, Cotswolds.
Diárias a partir de 169 libras.
Reservas: 01993 774441 ou
oldswanandminstermill.com
Jumeirah Carlton Tower. Diárias a
partir de 351 libras. Reservas: +44
(0)20 7235 1234 ou jumeirah.com
45 Park Lane. Diárias a partir de 590
libras. Reservas: +44 (0)20 7493
4545 ou dorchestercollection.com
114