Informação, Cultura e Livre Expressão
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IMPRESSO Informação, Cultura e Livre Expressão www.jperegrino.com.br 1ª edição - Maio / 2000 Ribeirão Preto - Ano - Março/2004 - R$ 1,00 Ribeirão Preto - SP- SP - Ano IV IV - Nº- Nº 41 -11Setembro/2003 Mudança de hábitos Águas de março Beber água é um hábito saudável que deve ser desenvolvido por todas as pessoas. Todos nós sabemos o quanto é importante uma ingestão adequada de água diariamente, mas quase sempre negligenciamos. Todos os organismos vivos apresentam de 50% a 90% de água em si. O próprio corpo humano é constituído em 70% por água que, em constante movimento, hidrata, lubrifica, aquece, transporta nutrientes, elimina toxinas e repõe energia, entre inúmeras outras utilidades... Página 6 Após o temporal, a água em filetes continua a deslizar pela vidraça. Na TV o noticiário, inundações e desmoronamentos. As chuvas que caem, necessárias, às vezes enfurecidas provocam destruição e morte. No local do espetáculo: sob um barraco, a mãe e duas crianças soterradas. No outro, só as crianças, a mãe em desespero, ainda não concebe a perda, o irremediável. Na vidraça, lágrimas imagem da dor. Pobreza e desolação, retrato de uma sociedade injusta que ainda mantém a estrutura patriarcal... Página 7 Toxoplasmose: O gato é o grande vilão? A toxoplasmose é uma zoonose parasitária causada pelo protozoário Toxoplasma Gondii, responsável por causar lesões clínicas polissistêmicas. Este parasita possui distribuição em todas as áreas do mundo onde há gatos, pois estes são seus hospedeiros definitivos. O gato está relacionado com a produção e a eliminação dos oocistos (ovos) e perpetuação da doença. Ele ingere os oocistos que estão nos tecidos dos ratos, lagartixas, pássaros, baratas e também da carne crua e passa a eliminar os ovos nas fezes. Estes ovos têm que esporular no meio ambiente antes de se tornarem infectantes... Página 6 Patro Nia (*) Mulher-esqueleto e a solidão Era uma vez uma mulher. Ela havia feito alguma coisa que seu pai desaprovara. Nem ela mesma sabia do que se tratava e ele a lançara impiedosamente no mar. Os peixes devoraram sua carne e arrancaram seus olhos e ela ficou lá pobre esqueleto a rolar com as correntes... Este é um conto do povo Inuit - tribo do Canadá - de rara beleza que fala do maravilhoso sentimento da compaixão, compaixão que pode preencher o coração do pescador solitário e devolver a vida a uma mulher abandonada pelo pai à própria sorte... Página 12 Patro nia, kiu estas en la cielo, Via nomo estu sanktigita. Venu Via regno, plenumigu Via volo, Kiel en la cielo, tiel ankau sur la tero. Nian panon ciutagan donu al ni hodiau. Kaj pardonu al ni niajn suldojn, Kiel ankau Ni pardonas al niaj suldantoj. Kaj ne konduku nin en tenton, Sed liberigu nin de la malbono. (Sankta Mateo, 6:9-13) (*) Pai Nosso em Esperanto Página 9 Curso de Florais de Bach Objetivo - Promover um conhecimento das essências dos florais de Bach A quem se destina - Àqueles com interesse pessoal e profissional nas essências florais do Dr. Bach, para uso próprio e, em outras pessoas. Conteúdo - Visão da história e filosofia do Dr. Edward Bach, padrões Informações: (16) 621 8407 profissionais de prática, utilização das 38 essências dos florais de Bach, como e quando usar as essências no dia-a-dia e, estudos de casos e exemplos práticos. Facilitadora - Mariza Helena Ribeiro Facci Ruiz Practitioner pela Dr. Edward Bach Foundation. Programação - página 12 2 Ribeirão Preto - SP - Março/2004 Peregrino Informação, Cultura Editorial Mais uma vez comemora-se o dia Internacional das Mulheres e já dissemos em outra ocasião que nem preciso seria que tal dia existisse. Afinal de contas, não existe dia Internacional dos Homens. Seria um pedido de desculpa, um tapa-buraco? Na verdade é um pedido de desculpa, mas os homens nada têm a ver com isso, pelo menos não diretamente. É que em 1857, em 8 de março, em Nova Iorque, operárias têxteis entraram em greve reivindicando redução de horário de trabalho. Foram fechadas na fábrica onde ocorreu um incêndio que causou a morte de cerca de 130 mulheres. Anos depois em 1910, na Dinamarca em uma Conferência Internacional de mulheres, decidiu-se instituir um dia internacional em homenagem às mulheres vitimadas em 1857. Desde então, as representantes do sexo feminino de todo mundo são homenageadas a cada oito de março. Mulheres de todas as raças, de todos os povos, aproveitem! Aproveitem as mulheres do presente. Queremos homenagear, porém, nesta edição, mulheres que deixaram este mundo. Mulheres especiais cuja obra é eterna. Mulheres poetisas. Assim, damos presença a Elizabeth Barret Browning, poetisa inglesa e seus belíssimos poemas de amor (Como eu te amo? Deixa que eu te conte: Amo-te quando em largo, alto e profundo minh’alma alcança, se fugindo ao mundo, busca a origem do Ser, da Graça a fonte), chamamos Emily Dickinson, poetisa norte-americana em seu encontro com a luz (vai para seu encontro com a luz, sem dor, exceto por nós que lentos vadeamos o mistério, sobre o qual tu saltaste, veloz); convocamos Florbela Espanca, poetisa portuguesa (Luar, lírio que se esfolha... neve, que do céu anda perdida, asas leves d’anjo que pairando, reza pela terra adormecida).Tantas poderíamos convocar e todas acorreriam para homenagear um exemplo de mulher e poetisa, recentemente falecida. Com a palavra Hilda Hilst, através do poema transcrito abaixo: e Livre Expressão Pintor Henri Matisse (1869 – 1954), pintor, escultor e artista gráfico francês. No final da última década do século 19, Matisse começou a utilizar as cores suaves dos impressionistas e a pintar com crescente pureza e espontaneidade. Tornou-se conhecido em 1905 quando, junto a um grupo de amigos, apresentou suas obras numa exposição em Paris, ocasião em que receberam o apelido de fauvistas, daí o fauvismo, em virtude do brilho forte de suas cores. A partir de 1917, passou a maior parte do tempo na Riviera francesa; por isso, as obras sensuais ali produzidas – nus, naturezas-mortas com frutos e flores tropicais, e interiores resplandecentes – irradiam a luminosidade do sul. Também se dedicou à escultura e ilustrou livros. No final da vida, doente e acamado, fez recortes de papel colorido para criar composições abstratas. Polinésia, 1946 Nu azul, 1952 Poesia XXII Não me procures ali Onde os vivos visitam Os chamados mortos. Procura-me Dentro das grandes águas Nas praças Num fogo coração Entre cavalos, cães, Nos arrozais, no arroio Ou junto aos pássaros Ou espelhada Num outro alguém, Subindo um duro caminho Pedra, semente, sal Passos da vida. Procura-me ali. Viva. Mariza Helena Locais de Circulação Recado aos nossos Leitores e Colaboradores ARTIGOS – devem ter no máximo 500 palavras (3.000 caracteres, 40 linhas), ou uma página no formato A4, enviados digitados (e-mail ou disquete Word para Windows) ou datilografados. No artigo, deve também ser colocada uma sugestão bibliográfica, para complementação de leitura e, se o autor assim o desejar, seu e-mail para contato com os interessados no tema. DOWNLOADS - Disponibilizamos em nosso site, mais três arquivos para downloads: Filósofos, Mitologia e Recursos Literários Temas Abordados Bibliotecas, Casa da Cultura, Livrarias, Bancas de Jornais, Lojas de Produtos Naturais, de Vestuário, Clínicas de Estética, Academias Desportivas, de Artes Marciais e de Danças, Farmácias Homeopáticas, Fitoterápicas e de Manipulação, Profissionais Liberais (Médicos, Psicólogos, Engenheiros, Arquitetos, Advogados, etc...), Terapeutas, Escolas e Oficinas de Arte, Escolas de Línguas. Arte (Música, Pintura, Escultura, Arquitetura, Cinema), Ecologia, Misticismo, Ciência, Filosofia, Psicologia, História, Mitologia, Museus, Povos, Países e Costumes, Saúde, Literatura e outros que se enquadrem na filosofia de nosso periódico. JPeregrino Comunicação Visual Ltda. Assinatura 06 meses - R$15,00 / 12 meses - R$30,00 Direção José Roberto Ruiz - MTb 36.952 Redatora Mariza Helena R. Facci Ruiz [email protected] WebDesign Francisco G. R. Ruiz Suplemento - O Praticante Felício Bombonato Jr. Impressão Gráfica Spaço As idéias emitidas em artigos, matérias ou anúncios publicitários, são de responsabilidade de seus autores e, não são expressão oficial do informativo, salvo indicação explícita neste sentido. Endereço para correspondência: Av. Guilhermina Cunha Coelho, 350 A6 - City Ribeirão - Ribeirão Preto - SP 14021-520 - Telefone: (0**16) 621 9225 / 9992 3408 Site: www.jperegrino.com.br / e-mail: [email protected] Informação, Cultura e Livre Expressão Através dos telefones (0**16) 621 9225 / 9992 3408, pelo email: [email protected], ou deposite no Banco Itaú Ag. 0332 - Conta: 74194-1 e envie o comprovante do depósito juntamente com seus dados para Av. Guilhermina Cunha Coelho, 350 A6 - Ribeirão Preto - SP - CEP: 14021-520. JPeregrino (16) 621 9225 / Comunicação Visual Ltda. 9992 3408 e-mail: [email protected] Ribeirão Preto - SP - Março/2004 Peregrino Informação, Cultura Lendas e histórias das aves no Brasil Tanguru-Pará O japim tornara-se o horror da passarada. A floresta andava triste, sem canto, sem as melodias de que Tupã tanto gostava. Certa vez apareceu na região um pássaro novo, um gaviãozinho esperto, vivaz, alígero no vôo, mas de canto monótono e sem graça. Gostava pouco de amizades e, por dá cá aquela palha, zangava-se e brigava. Era deveras valente. Até o gavião real já o respeitava porque o cauré, assim se chamava o novo habitante das selvas, lhe dera uma surra de que saiu molestado e de asas derreadas. O cauré não enfrenta as aves mais fortes. Tem a sua tática. Voa e quando o gavião lhe vai no encalço, a águia, o condor, o abutre, ele manobra com assaz perícia no espaço, mete-se embaixo das asas do inimigo e, com o seu bico adunco e forte lhes corta os músculos propulsores, obrigando-os a abandonarem a luta e mesmo, muita vezes, a cairem no chão, semi-mortos. O cauré, então, desce e lhes come os olhos e as entranhas. É esse o pitéu que mais saboreia. O japim temia o cauré, mas lá um dia o seu instinto moleque levou-o a arremedar o valente gaviãozinho. O cauré partiu sobre ele, mas o malandro estava perto do ninhal, meteu-se no seu longo ninho e ficou aguardando os acontecimentos. O cauré empoleirou-se num galho, à espreita, como costuma fazer. Daí a momentos, porém, teve que abalar, porque uma nuvem de cabas lhe caiu em cima. As cabas são aliadas do japim. Onde há ninho de japim também há ninho de caba. Caba não canta, nem zune, tampouco, de modo que não tinha queixas do japim e era-lhe até um divertimento apreciar as troças do seu talentoso aliado. O tanguru-pará nunca se havia encontrado com o japim. Vivia lá para a sua banda, cantando baixinho e e Livre ensaiando passos de dança clássica, para um dia apresentar-se a Tupã, na certeza de o agradar e ser contratado para a corte celeste. Aconteceu, porém, que o japim, o avô dos japins, pois a família aumentara muito na terra, numa das suas viagens pela mata, ouviu aquele canto esquisito; foi-se aproximando, aproximando, e deu com o tanguru a cantarolar e saltitar no galho do pau. Achou aquilo engraçado e quis chegar-se e apresentar-se ao artista excêntrico, mas o seu diabólico instinto o traiu. Daí a pouco estava a arremedar o inofensivo tanguru. O tanguru era pacato, e por isso, quando se zangava, zangava mesmo. – Que é isso, camarada, por acaso me estou metendo na tua vida? – perguntou ao japim, que não fez caso e continuou no arremedo. O tanguru voa-lhe em cima e engalfinharam-se. A briga foi feia. As penas saltavam de ambos os contendores. Daí a instante chegavam os espectadores e a Animais brasileiros Macaco-aranha Nome popular: Macaco-aranha, cuatá Nome científico: Ateles paniscus Quanto pesa: 8 quilos Quanto vive: 20 anos O que come: Frutas, insetos, verduras Filhotes: Um, gestação de 139 dias O macaco-aranha tem esse nome por causa de seus longos braços, que são mais compridos do que as pernas e do que seu longo rabo, que também serve de braço. Com a cauda, esse macaco é capaz de pegar de uma espiga de milho até uma pipoca. As sete espécies desse macaco viviam do sul do México até o Estado do Rio, mas hoje só são encontradas de Mato Grosso para cima. É que, apesar de ter a cara enrugada como um velho, o macaco-aranha é jovial e brincalhão, fica manso com facilidade e, além disso, tem uma carne gostosa, que fez com que fosse muito caçado. Parecido com o homem, o macaco-aranha tem um polegar não muito desenvolvido, mas importante para usar a mão como um gancho, prendendo-se nos galhos quando salta de uma árvore para outra, no meio das copas, onde vive sempre em grupos. Ele também se parece com o homem quando bate palmas, o que um macaco-aranha que vive numa ilha do zoológico de São Paulo faz com freqüência, para chamar a atenção da criançada. É só o macaco-aranha adulto que faz brincadeiras; os filhotinhos ficam muito quietos, agarrados na barriga ou nas costas da mãe, que parece não sentir o peso do filho, quando salta de galho em galho. Como as matas onde vive esse macaco estão acabando, ele está sendo criado em cativeiro e, nos Estados Unidos, uma macaca teve gêmeos, o que é muito raro nessa espécie. Fonte: 100 Animais Brasileiros publicados no Estadão Luiz Roberto de Souza Queiroz 3 Expressão torcida era grande pelo tanguru, que num momento feliz conseguiu ferir o adversário no coração. O sangue espirrou e o japim caiu morto. A ovação da assistência coroou a vitória do tanguru-pará. Tupã, que a tudo assistira, falou: “De hoje em diante, todos os teus descendentes trarão no bico a marca desta vitória”. E é por isto que o tanguru-pará tem o bico vermelho. E é por isto, também, que os japins continuam a arremedar todos os pássaros, exceto o tanguru-pará. Fonte: http://jangadabrasil.com.br 4 Peregrino Informação, Cultura Livre Expressão A violência e suas causas É imperiosamente necessário realizarmos avaliações e discussões mais aprofundadas sobre as causas da violência e não somente debates sobre a viabilização de meios para o combate aos efeitos. É impossível falarmos sobre agressão, violações de direitos, sem considerar a vivência pela sociedade hodierna dos Valores Humanos. Coloco aqui reflexões frutos de vivência e convivências em mais de 30 anos de trabalho voluntário e profissional com as misérias sociais e a conseqüente violência. Podemos relembrar Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo”, para apreciarmos como boa parte da Sociedade, em todos os níveis sociais, está atrapalhada, arruinada, pervertida por falsos valores, que impedem a construção da harmonia e a conquista da paz. Consumismo, fugacidades, desorientação sexual que impele ao sexo irresponsável, exacerbado, gravidez precoce, drogas, vícios, e outras condutas, estimuladas pelo interesse do mercado/mídia, levam ao desequilíbrio pessoal e familiar. As conseqüências e a dor são maiores e mais evidentes quando agravadas pela fome e pelo baixo nível escolar. Revivendo Jean Piaget: “a criança, na fase da socialização doméstica - e hoje sabemos que tudo começa já no útero da mãe - modela tudo o que a sensibiliza, ou agride: acontecimentos caseiros, atos e opiniões, ética, religião, moral, preconceitos, agressões, tudo vai se modelando na argila plástica que é a mente infantil”. “Amor, Puro Amor”. Ah! suspiramos por Machado... Acredito serem duas as principais causas dos descaminhos: desestrutura familiar que causa violência física e/ou psicológica, e a corrupção generalizada. Perdemos grandes recursos que se investidos em educação minimizariam todas as causas. Durante três anos atendendo crianças e adolescentes vitimados, observei em mais de quinze mil atendimentos nos últimos anos; 99,9% são filhos de lares desestruturados. Desestrutura familiar é um tema complexo, cem páginas não bastariam para detalhar, analisar e tentar possíveis soluções. A falta de educação geral, desamor, os falsos valores, que passam de geração a geração, faz com que sejam várias as “fomes” na maioria dos lares. Uma das polêmicas é sobre assistência e assistencialismo. Alguns profissionais da área social, otimistas, acham que não devemos dar o pão e sim proporcionar cidadania. É obvio que devemos ensinar a pescar. Mas Cidadania e Ética são necessárias em todos os segmentos sociais, inclusive nos órgãos e equipamentos públicos, onde há velhos problemas: roubalheiras, alcoolismo entre funcionários, competição por cargos, funcionários sem capacitação, conselhos e comissões que e Livre Ribeirão Preto - SP - Março/2004 Expressão mesmo remunerados não funcionam bem. Sabemos que os mais infelizes elementos da sociedade, que não descobriram o Criador e as sábias Leis Universais, quadrilheiros, assassinos (não gosto de falar e escrever estas palavras), traficantes, geralmente foram crianças mal amadas e mal orientadas. E, hoje, entre as crianças que passam por toda espécie de abandono e descaso podem estar futuros “fernandinhos”. Entrevistas na imprensa, e em encontros de profissionais da área social, abordam quase sempre os efeitos. É necessário maturidade e atitudes para que soluções saiam do papel, inclusive o cumprimento do ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente, que já precisa ser revisto. O modernismo trouxe coisas boas: comunicação, descobertas, curas, conexão com o mundo. O homem confundiu liberdade e direitos com libertinagens, perdeu a noção da importância de viver e exemplificar a dignidade, autorespeito, amor próprio, amor ao corpo, responsabilidade, afeto. A grande virtude de nossa geração é o crescimento intelectual, o grande vício é a indiferença moral. Quantas crianças nascem hoje por amor entre um casal? Em lar pobre, mas com condições afetivas e psicológicas minimamente satisfatórias? Ouço falar em “novos tipos de família!”, ou seriam ajuntamentos? Temos o direito de refazer e melhorar a vida. A realidade mostra porém milhões de crianças jogadas de cá para lá, vivendo com avós cansados, madrastas, padrastos, pessoas estranhas, em curto período de tempo, sem orientação segura, sem rumo a seguir, sem limites. Se nestes lares houver fome, estupros, pais alcoólatras, viciados em bingo, erotismos, como a telinha mostra ser sinônimo de felicidade, as conseqüências são óbvias: crianças e adolescentes vitimados serão adotados pelas ruas, onde mandam os traficantes irmanados com corruptos. Li na Folha de 28/12/03 que o governo atendendo a pedidos de milhares de mães, vai rever a classificação de programas. Censura? Não! Limites e bom senso? Sim! A corrupção é velho e complexo problema, envolve mudanças culturais de toda a nação. Temos que lutar por justiça social, pela paz e pela cidadania, poderosas armas contra a violência, mas isto não será possível se não recuperarmos valores de comportamento e conduta, o respeito pela vida nossa e do outro. Vivemos uma grande miséria mental, muita teoria unida à burocracia inviabilizando ideais e soluções, inclusive o ECA. É preciso exercitar o “Amor ao Próximo como a si mesmo”, resgatar o sentido do verdadeiro amor, investirmos em educação geral para todos, de todas as idades, orientação de vida com amor ao Criador, à natureza. Paz que para mim é sinônimo de Felicidade, ou por muito tempo teremos que dar o pão e a educação conjuntamente, sem utopias e teorias que desprezam a realidade do atual contexto social que tende a perpetuar as misérias humanas. Colaboração: Cléo Reis ALARP- Academia de Letras e Artes de Ribeirão Preto, Academia Internacional de Ciências Humanísticas, Casa do Poeta / UEI Colabore com esta seção enviando textos para: [email protected] Edições no formato PDF Agora é possível você obter edições anteriores do Peregrino, ARL - Academia Ribeirãopretana de Letras, Veredas - Escola Waldorf “João Guimarães Rosa”, CPERP - Casa do Poeta e do Escritor de Ribeirão Preto e Grupo Flamboyant, basta acessar o nosso site - www.jperegrino.com.br e, clicar em “Edições em PDF”. Estes arquivos disponíveis no formato PDF, possibilitam sua visualização via browser ou a impressão / cópia em seu computador (através do download) do arquivo. Confira em nosso site - www.jperegrino.com.br Ribeirão Preto - SP - Março/2004 Peregrino Informação, Cultura e Livre 5 Expressão Assertividade, a arte da afirmação Para melhor entendermos a assertividade, vamos pensar que existam três tipos de pessoas: Sr. Bonzinho, Sr. Bravinho e Sr. Assertivo. O Senhor Bonzinho quase nunca consegue dizer o que pensa sentese inferior e acha que as outras pessoas têm mais valor que ele. Permite que os outros sempre ganhem como forma de tentar ser aceito. Faz de tudo para agradar a todos, chega até a ser servil. Diz “sim” quando na verdade queria dizer “não”. Quando o momento pede uma posição mais direta, ou defensiva, só consegue pensar em uma resposta boas horas depois (a ficha só cai mais tarde). Foge de qualquer tipo de conflito. É omisso. Não diz claramente o que quer. Tem medo, é inseguro e ansioso. O Senhor Bravinho coloca sempre seu desejo e sua vontade na frente das do outro. Autoritário. Não respeita os limites do outro e quer que sua vontade impere. Tem que ganhar de qualquer maneira, a vida para ele é uma competição onde só ele pode sair vencedor. Precisa sentir que domina a situação. Não ouve, interrompe e impõe sua opinião, chegando a gritar. Seu tom de voz é bem alto como forma de intimidar os outros. O Senhor Assertivo é aquele que afirma algo com muita segurança. A qualidade de ser assertivo está diretamente ligada à auto-estima, pois quem é assertivo: - Acredita profundamente no que diz, - É espontâneo e calmo, - Sabe dos seus direitos e dos direitos do outro, - Sabe seus limites e os respeita, - Não se deixa levar por chantagens, elogios e outras formas de manipulação, - É firme sem machucar ninguém, - Não permite que controlem sua vida, - É direto no que diz, fala de forma clara e com postura altiva, - É flexível, - Olha nos olhos o outro quando afirma algo em que acredita, - Ouve o outro com muita atenção e não fica afobado para interromper e mostrar seu ponto de vista, Magnanimidade - Amor 22 de Fevereiro a 21 de Março Peixes As Doze Virtudes Magnanimidade significa bondade, grandeza de alma. É uma virtude difícil de ser alcançada, pois exige um desprendimento muito grande, e muitas vezes, um esquecer de si. É entregar ao outro aquilo que ele realmente necessita sem, porém, esperar gratidão, compensação. Terrível, não? E um grande aprendizado! Logicamente é fácil dar o que se tem em excesso, ou aquilo que não serve mais para nós, ou nos desagrada. Mas doar livremente aquilo que o outro carece, não é tão fácil. Podemos também, vez ou outra abrir mão de alguma coisa com a intenção de nos mostrarmos bons, caridosos diante do mundo, pois, é inegável que atrás de muita filantropia pode-se esconder um extremo egoísmo, basta lembrarmonos de muitos políticos em campanha eleitoral. Porém, para que a magnanimidade torne-se uma virtude, é preciso haver solidariedade, interesse verdadeiro e respeito que possibilitem o espaço necessário, para consigo mesmo e também para outro ser expressar-se. Saberemos que somos capazes de uma atitude magnânima quando não houver arrependimento no pensamento, quando não houver pesar no sentir, e também quando não houver nenhum vacilar na vontade. Refletir sobre a magnanimidade é também pensar sobre a generosidade. Ser generoso é saber-se livre para fazer o bem e desejar fazê-lo. É esforçar-se para amar, amar o amor, e agir em conseqüência disso. Podemos pensar que o amor é o alvo e que a generosidade é o caminho. Os frutos que estão à espera dos generosos são o amor e a alegria. A generosidade nos leva em direção aos outros e em direção a nós mesmos, pois quando nos libertamos daquele egoísmo que não é sadio e que nos aprisiona, veremos que somos necessitados e dignos de nossa própria generosidade e uma vez em nós ela se derramará para o mundo. A qualidade transformada da magnanimidade é o amor. O amor nos faz generosos e a generosidade faz nascer o amor verdadeiro, por si mesmo e pelo outro. - Tem menos estresse, - Fala sem rodeios, é sincero e não tem inibições, sem ser agressivo. - Discute o assunto, tenta negociar e entrar em um acordo onde todos os lados ganhem. - Diz claramente o que quer e o que não quer, não deixando dúvidas, Algumas pessoas confundem o Sr. Assertivo com o Sr. Bravinho. Não são iguais de maneira alguma. Algumas pessoas agressivas se dizem assertivas, diretas ou verdadeiras demais. Talvez digam isso como forma de se desculparem pelo seu comportamento. Senhores Bonzinhos podem almejar uma forma mais rápida de serem assertivos e com isso escorregar para o lado agressivo. Colocam uma máscara de assertivo, e como esta não é uma mudança verdadeira, logo se vêem agindo de forma oposta ao seu jeito de ser. Para se tornar assertiva a pessoa deve primeiro se conhecer bem, elevar sua auto-estima e só assim poderá agir de acordo com o que verdadeiramente pensa. Desejo a todos nós neste mês um despertar para a generosidade, que possamos tentar, experimentar atitudes generosas, e de todo coração desejo que o amor possa revelar-se com toda força em nosso caminhar! “Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, porque cada pessoa é única e para nós nenhuma substitui a outra. Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, mas não vai sozinho, nem nos deixa a sós... Leva um pouco de nós mesmos e deixa um pouco de si mesmo. Há os que levam muito, mas não há os que levam nada. Há os que deixam muito, mas não há os que deixam nada. Esta é a mais bela responsabilidade de nossa vida: a prova tremenda de que cada um é importante e de que ninguém se aproxima do outro por acaso”. Charles Chaplin Colaboração: Leila Scaff Assistente Social, Profa. de Pintura em Madeira, Membro da Associação de Pedagogia Social com Base Antroposófica no Brasil [email protected] Para desenvolver sua assertividade é preciso ter uma atenção plena. Estar alerta 24 horas por dia em suas atitudes e mudá-las aos poucos, só assim a mudança será efetiva. Tenha coragem e tente mudar sua postura, seu tom de voz, sua maneira de se expressar. Preste atenção ao que lhe faz bem e o ao que lhe faz mal. Ouça sua voz interior. Dê-se valor, só assim você poderá se defender com convicção, pois nós só conseguimos agir em favor daquilo que realmente acreditamos. Assertividade aparece com treino e conforme você for praticando, notará que sua autoestima também melhorará. Assertividade e Auto-estima andam lado a lado e uma não vive sem a outra. Colaboração: Maria de Fátima Hiss Olivares Psicóloga Clínica [email protected] 6 Peregrino Informação, Cultura e Livre Ribeirão Preto - SP - Março/2004 Expressão Mudança de hábitos Dr. Ícaro Alves Alcântara Médico docente da disciplina Semiologia do UNICEUB - Centro Universitário de Brasília. Beber água é um hábito saudável que deve ser desenvolvido por todas as pessoas. Há cerca de um ano, atendi no HFA uma senhorita dos seus “quase 30 anos” com uma ENXAQUECA bastante comum: Cefaléia (Dor de cabeça). A paciente relatava que já havia passado por otorrino, oftalmo, neuro, clínico e até endocrinologista, com as prescrições dos mais diversos tratamentos e a presunção de várias hipóteses diagnósticas, sem qualquer melhora, entretanto. Durante sua consulta, entre várias perguntas habituais, questionei o quanto de ÁGUA ela bebia por dia e de que forma (ou seja, com qual periodicidade) Afirmou-me que bebia pouquíssima água, porque não sentia sede, principalmente à noite. Após várias outras perguntas, suspendi todos os medicamentos e disse-lhe que ela precisava apenas tomar água adequadamente. Um tanto quanto descrente, ela voltou para casa. Após apenas uma semana, retornou referindo que não sentia mais dor de cabeça, que seu intestino funcionava melhor e que sua disposição havia melhorado. Milagre? Não. Bom senso. Mudanças ou adequação de hábitos em nossas vidas. Todos nós sabemos o quanto é importante uma ingestão adequada de água diariamente, mas quase sempre negligenciamos. Todos os organismos vivos apresentam de 50% a 90% de água em si. O próprio corpo humano é constituído em 70% por água que, em constante movimento, hidrata, lubrifica, aquece, transporta nutrientes, elimina toxinas e repõe energia, entre inúmeras outras utilidades. Preconiza-se o número de 1 copo de 200ml de água por hora em que se estiver acordado. Assim sendo, a ingestão de água deve ser independente da sede, constante e rigorosa. E não adianta deixar para tomar os 2 a 3 litros necessários diariamente de uma só vez. Estudos mostram que o estômago capacita apenas 12ml/kg/hora, ou seja um adulto não conseguirá tomar mais de um litro de uma só vez sem “passar mal”. Se você ainda não se convenceu, observe: desvitalização dos cabelos; descamação do couro cabeludo; distúrbios de concentração; sono e memória, com perda da disposição para realização das atividades diárias, em virtude da Toxoplasmose: O gato é o grande vilão? A toxoplasmose é uma zoonose parasitária causada pelo protozoário Toxoplasma Gondii, responsável por causar lesões clínicas polissistêmicas. Este parasita possui distribuição em todas as áreas do mundo onde há gatos, pois estes são seus hospedeiros definitivos. O gato está relacionado com a produção e a eliminação dos oocistos (ovos) e perpetuação da doença. Ele ingere os oocistos que estão nos tecidos dos ratos, lagartixas, pássaros, baratas e também da carne crua e passa a eliminar os ovos nas fezes. Estes ovos têm que esporular no meio ambiente antes de se tornarem infectantes. Os hospedeiros intermediários, que podem ser a maioria das aves, anfíbios, peixes, répteis e mamíferos (incluindo os seres humanos), se infectam pela ingestão de oocistos esporulados oriundos das fezes dos gatos infectados, fechando, assim, o cicio evolutivo parasitário. Os gatos, após terem se infectado pela primeira vez, desenvolvem imunidade e em uma nova contaminação não eliminam mais oocistos, o que pode durar até seis anos. Acredita-se que apenas 1% da população felina esteja eliminando oocistos. circulação cerebral por baixa quantidade de água que faz o sangue ficar mais “viscoso” e “grosso”, de circulação mais lenta; Ressecamento dos olhos e tecido das vias aéreas que com baixa umidade, sofrem lesões com mais facilidade por ficarem mais frágeis, assim tornando-se mais propensos a inflamações e infecções; conjuntivites; sinusites; bronquites; pneumonias; Lesões da pele com aparecimento de cravos e espinhas pela não eliminação adequada das toxinas via pele e seu acúmulo local; queda e enfraquecimento dos pêlos; baixa produção de saliva; distúrbio no aproveitamento adequado de vitaminas e sais minerais, com excesso em alguns lugares e falta em outros, levando a cãibras, dormências, perdas de força muscular e problemas ósseos dentais; Respiração dificultada, por vezes levando à falta de ar, sobretudo nos exercícios físicos; constipação e por vezes, sangramento retal (devido a fezes ressecadas, endurecidas que lesam o tecido intestinal ao moverem-se em seu interior); impotência ou disfunções eréteis ou, no caso das mulheres, sangramentos vaginais. É certo que há água nos alimentos, mesmo os sólidos, mas a complementação da ingestão diária de água deve ser feita, periodicamente, conforme já disposto. Uma forma de se observar se a quantidade de água é adequada, é observar a cor da urina, que deve ser incolor. Quanto mais forte, pouca ingestão de água está sendo feita. Vale lembrar que é sempre bom evitar bebidas alcoólicas, ou não alcoólicas, que apesar de serem diuréticas evitam que se beba a água. Evite também, a ingestão de água pelo menos meia hora antes do almoço, para não prejudicar a digestão. Os gatos têm o hábito de limparse, não deixando restos de fezes pela pelagem, e enterram seus excrementos. A possibilidade de contaminação de seus proprietários é mínima ou inexistente. Acariciar um gato ou tê-lo como animal de companhia não representa perigo. Mordidas ou arranhões do gato também não transmitem toxoplasmose. Gestantes e pessoas com imunidade baixa (AIOS) devem pedir para outra pessoa limpar a caixa de areia do gato diariamente ou, inclusive, usar luvas. Ao mexer com terra, o uso de luvas também é indispensável. Após manipular carnes cruas, deve-se lavar com água e sabão, a pia, a tábua de carne e demais utensílios. A contaminação no homem acontece principalmente devido ao consumo de “in natura” (sem pasteurização), alimentaçao de carne crua ou mal cozida de cabra, ovelha, coelho, frango, boi e, principalmente, de suínos, salsichas, lingüiças produzidas artesanalmente e que não são fiscalizadas, água contaminada em lugares onde não há saneamento básico, areias e terras contaminadas com fezes animais doentes e também por infecção transplacentária. Desaconselhamos o uso de microondas para o cozimento de carnes, já que o calor não consegue fazer o cozimento igual (a temperatura ideal para o cozimento de carnes é de 67 ºC). Frutas e verduras devem ser bem lavadas. Para um melhor cuidado, não deixe seu gato sair para caçar, não dê carne crua, vísceras ou ossos. Uma curiosidade: Há trabalhos científicos evidenciando que muitos tratamentos com medicações orais, sobretudo anticoncepcionais, terapia de reposição hormonal e anti-hipertensivos não alcançam o devido sucesso em virtude da baixa ingestão de água por parte do paciente; isto se deveria tanto à má circulação da substância pelo corpo quanto à má absorção no intestino, processo este dependente da água como veículo de transporte para a substância. Fonte: Revista UNICEUB Ano IV - Abril 2003 - Nº 8 Colaboração: Dra. Sandra Barreto Prado Médica Veterinária Ribeirão Preto - SP - Março/2004 7 Peregrino Informação, Cultura e Livre Expressão Águas de março Após o temporal, a água em filetes continua a deslizar pela vidraça. Na TV o noticiário, inundações e desmoronamentos. As chuvas que caem, necessárias, às vezes enfurecidas provocam destruição e morte. No local do espetáculo: sob um barraco, a mãe e duas crianças soterradas. No outro, só as crianças, a mãe em desespero, ainda não concebe a perda, o irremediável. Na vidraça, lágrimas imagem da dor. Pobreza e desolação, retrato de uma sociedade injusta que ainda mantém a estrutura patriarcal. O que comemorar no dia Internacional da Mulher? É oportuna a reflexão sobre a posição feminina entre nós. Hoje, apesar dos avanços no campo legal, a mulher que conquistou o direito ao trabalho fora do lar, na verdade, se responsabiliza por dupla jornada. Raros são os casais que assumem em comum as tarefas domésticas. Além dos salários inferiores aos dos homens para o exercício da mesma função, há o assédio, freqüente e não denunciado, por temor ou vergonha. E o crime, impune, se reproduz. No lar, a violência, o espancamento e até a morte freqüentam o noticiário. O assassinato já foi justificado como “legítima defesa da honra” como Doca Street absolvido em 1979. Recente é o caso do promotor Igor Ferreira da Silva que matou a mulher grávida (1998) e continua foragido. Como chegamos a esse estado de coisas? Ao lado das comemorações de conquistas é preciso repensar essa estrutura perversa. Embora diferente do homem na sua missão, a mulher deve lutar por seus direitos e sua dignidade. Nas tradições religiosas a dignidade do homem e da mulher são semelhantes. Nos Upanishad, livros sagrados dos A Viagem “Vem surgindo ao longe no rio pelas pontas parece um navio vai sumindo, fugindo de mim no rastro o adeus já no fim” Pablo está sentado à beira da estrada, aguardando trabalho. O amigo Jesuíno está para passar com a carga.Tenta abotoar a camisa, nota que está sem botão.Olha as roupas amassadas e alisa com as mãos as dobras da calça, ajeitando-se para adquirir melhor aparência. Desde que Lia falecera não tinha mais ninguém que cuidasse de suas coisas. Pensa. A solidão e maus tratos o perseguem. Sobe no caminhão e arranja serviço para as próximas horas. Era “chapa”.Tinha sempre algum trocado no bolso, nunca o necessário para concretizar seu sonho de voltar à terra natal. Acomoda o corpo na boléia. Descarrega com o amigo até o meio da tarde. Apesar da idade, seu porte era forte, de musculatura encorpada. Desce da caçamba do caminhão e despede-se do compadre. Volta ao trevo de entrada, talvez arrumasse alguma coisa para amanhã cedo. Senta-se na pedra. Aperta os olhos miúdos em direção aos carros, atento à chegada de outro carregamento. Sente um cansaço, uma fraqueza irritante. Havia uma hora que era a do lobo. Assim como a caça sucumbe ao predador, não conseguimos fugir do lobo. É justamente nesta hora quando estamos enfraquecidos que ele envereda pelo nosso caminho, deixando um rastro lacônico de uivos sofridos de solidão. Observa mecanicamente o movimento, veículos de todos os tamanhos, o fim de tarde. Lá onde nascera, soprava por essa hora, a brisa do mar. Relembra o apito dos navios que atracavam no porto de Barcelona. Sente o aroma de lulas, seu prato preferido, ele as chamava de “baleitas”. Quando iria voltar? Acalentava a esperança de um dia rever Barcelona. Tinha um tio que enriquecera. Quem sabe ele poderia mandar-lhe uma passagem? Já não tem motivos para morar no Brasil. Depois da morte trágica de Lia, terminara de criar os filhos, e eles sumiram-se no mundo. Não lhe faziam caso, vez por outra mandavam notícias. De parentes só restara um primo da falecida, de casamento marcado. Dera-lhe acolhida por causa do isolamento em que vivia. Era terrível quando a noite chegava. Para dormir arrumava uma mulher ou outra, mas pela manhã estava sozinho novamente. O café frio descia pela barriga como um pedaço de gelo. Há alguns dias sente-se indisposto, podia ser gripe. A tosse era constante. Olha a noite, não se dera conta do tempo. Vedas, assim se faz o relato da criação: “No início nada existia. O ser surgiu do não-Ser.(...) Olhou e só se viu a si. Disse: Eu sou...Desejo outro. Fez-se do tamanho de um homem e duma mulher abraçados. Desdobrou-se em dois. Por isso, cada um não é mais que uma metade” Também na psicologia, Carl Gustav Jung fala de um – animus — lado masculino da mulher e da – anima — o lado feminino do homem. Estudos de antropólogos revelam que nas culturas onde a mulher exerce influência semelhante ao homem há mais harmonia. Entre os hopis, índios pueblos do Arizona, a sociedade é matrilinear e a criança é ensinada a cooperar. A poesia de Hilda Hilst nos fala dessa comunhão entre os sexos: “Desde sempre em mim. Desde Sempre estiveste. Nas arcadas do tempo Nas ermas biografias, neste adro solar No meu mudo momento Desde sempre, amor, redescoberto em mim”. Que as águas de Março tragam fartura na colheita de novas leis que aperfeiçoem o novo Código Civil e a eficácia na sua execução. Ao assumir a violência e a guerra, o homem abandonou o seu lado anima, que ele descubra em si esses valores. Que a sociedade seja tomada por um movimento mais harmônico e “feminino” em que o maior anseio seja o bem e a preservação da vida, e não objetivos imediatos e egoístas. Que as lágrimas sejam de alegria e realização. Chuvas benéficas de verão. Aquela dor no corpo volta a incomodar. Amanhã procuraria um médico, não tinha mesmo surgido nenhum trabalho. Passa a noite sonhando que o tio mandara buscá-lo. Afinal, era o único sobrinho morando fora da Espanha. Na consulta, desespera-se com o diagnóstico dado pelo médico Doença de Chagas. Seus dias estão contados. Pressente que mãos embaraçam o desenrolar do seu destino. A “bruja vieja”, da terceira Parca afia a tesoura para cortar seu fio de vida. Vai para casa e senta-se na cabeceira da mesa. Fica imaginando o que fazer. Passa no Banco e levanta o valor do saldo da pequena poupança. Sabia que não era o bastante para uma passagem. Cogita a possibilidade de ir num cargueiro como tripulante.O Doutor havia feito uma ressalva sobre trabalho – O senhor prolongará seu tempo de vida se guardar repouso! O seu serviço é pesado, exige esforço! Respeitar isso conta muito a seu favor. Iria morrer sem retornar a Barcelona? Lembra-se das economias que seu primo economizava para as núpcias. Fica inquieto procurando uma desculpa para si mesmo. Fala alto como se raciocinasse, achando que a mulher o escuta: -Tomo emprestado, chegando a Barcelona peço ao tio para ressarcir o primo. Junta sua tralha. O primo se ausentara por uns dias. Dirige-se ao Banco e resgata a conta conjunta que ele lhe confiara. Sente-se remoçar. Quem sabe na Espanha, avaliado por um bom especialista, não tivesse um destino diferente? Existem criaturas do Senhor com dedos angelicais que desenrolam nossos fios de vida. A esperança volta a povoar seus sonhos. Ri baixinho, iria enganar a “Bruja vieja” da terceira parca. Chega a sentir uma ponta de felicidade. No Aeroporto começa a suar em demasia. Entra no banheiro e passa o lenço molhado na nuca. Cai. Populares acodem-no. Chega a chamar o nome do primo, dos filhos... Ouve a voz de alguém à distância: - Vamos removê-lo... Foi um ataque cardíaco, fulminante, deve ter tido uma emoção forte... Avista uma luz bem longe... Aumenta de tamanho paulatinamente... Preenche todo o campo da sua visão... Repara num vulto que lhe estende a mão... Um torpor, uma alegria enche sua alma, reconhece Lia, sua mulher... Belmira I. M. Melchor Grupo Flamboyant [email protected] Yole Pagano [email protected] 8 Peregrino Informação, Cultura e Livre Ribeirão Preto - SP - Março/2004 Expressão Estar - Espaço para Tratamentos Alternativos de Ribeirão Programação 2004 - 1º Semestre Coordenação: Dra. Cláudia Cardoso Garcia Informações/ Programação dos Cursos Esperanto: comunicação para o mundo Curso Básico de Fitoterapia Esta será a segunda língua de todos os Povos. Possui gramática fácil e permite que você se comunique e faça amigos pela Internet em qualquer país do mundo. Prof.: Antônio Carlos Rodrigues Prado. Março: dias 6 e 20 das 8 às 12h Abril: dias 3 e 17 das 8 às 12h Maio: dias 8 e 22 das 8 às 12h Junho: dias 12 e 26 das 8 às 12h Investimento: R$40,00 por mês. O curso é composto de 9 módulos, um sábado por mês, das 8 às 18h com intervalo para almoço. módulo 1: Introdução e Histórico da fitoterapia (2h), Conhecimento popular das plantas medicinais (6h) - dia 27 de março. módulo 2: Classes de princípios ativos vegetais / Controle de qualidade (4 h); Nutracêuticos e Aromaterapia (4 h) - dia 24 de abril. módulo 3: Fitoterapia clínica: Dermatologia (4 h), Sistema endócrino (4 h) dia 29 de maio. módulo 4: Fitoterapia clínica: Odontologia (4 h), Sistema osteoarticular (4 h) - dia 3 de junho. módulo 5: Estudo de campo: Reconhecimento de plantas do cerrado mineiro com passeio a cachoeiras incluso - dia 31 de julho módulo 6: Fitoterapia clínica: Pediatria (4 h), Sistema digestivo (4 h) - dia 28 de agosto módulo 7: Fitoterapia clínica: Sistema respiratório (4 h), Sistema imunológico (4 h) - dia 25 de setembro módulo 8: Fitoterapia clínica: Sistema genito-urinário, Ginecologia/Obstetrícia (8 h) - dia 30 de outubro módulo 9: Fitoterapia clínica: Sistema cardiovascular (4 h), Sistema nervoso (4 h) - dia 2 7 de novembro Profas.: Cláudia Cardoso Garcia: Médica Fitoterapeuta Maria Mercedes Alves: Farmacêutica e Fitoterapeuta Investimento: 4 cheques pré datados de RS200,00 na inscrição. Obs.: poderão ser feitos módulos individuais a R$100,00 o módulo. A totalidade do ser O curso é dividido em 4 módulos, sendo 1 por mês: módulo 1: O Eu consigo mesmo (como desenvolver a auto-estima); módulo 2: O Eu com o outro (visa melhorar os relacionamentos); módulo 3: O Eu no mundo (desenvolver estratégias possíveis para realizar seus sonhos); módulo 4: O EU cósmico (como utilizar sua intuição). Poderão ser feitos módulos individuais. Profa.: Virgínia Teixeira Gazini Cardoso - Psicóloga Março: dias 9, 16,23 e 30 às 20h Abril: dias 6,13, 20 e 27 às 20h Maio: dias 4, 11, 18 e 25 às 20h Junho: dias 1,15, 22 e 29 às 20h Investimento: R$100,00 por mês / estudantes R$90,00. Assumindo o comando de sua vida Aprenda a lidar com suas dificuldades e sua auto-estima neste curso, redescobrindo-se e harmonizando corpo/mente. Profa.: Marilene Ribeiro Asevedo - Socióloga / Terapeuta Corporal Março: dias 13 das 8 às 17h e, 14 das 8 às 12h Investimento: R$50,00 Iniciação às danças circulares sagradas Atividade vivenciada em grupo. As danças sagradas desenvolvem a musicalidade, a integração e a serenidade. Incluso CD, apostila e Certificado. Profa.: Juliana Leonardi - Musicoterapeuta / Historiadora Abril: Nível 1 - dia 25 das 9 às 17h Investimento: R$120,00 ou 2 cheques de R$60,00 Encontros de danças circulares sagradas Profa.: Juliana Leonardi - Musicoterapeuta / Historiadora Março: dia 17 das 20 às 22h Abril: dia 14 das 20 às 22h Maio: dia 19 das 20 às 22h Junho: dia 16 das 20 às 22h Introdução a hipnoterapia Ericksoniana Curso direcionado para profissionais da área. Profa.: Virgínia Teixeira Gazini Cardoso - Psicóloga Maio: dias 14 das 20 à 22h30 e, 15 das 9 às 17h Investimento: R$180,00 / estudantes: R$160,00 Curso Básico de Mosaico A arte através dos cacos desenvolvendo sua imaginação e paciência, auxiliando no equilíbrio emocional. Profas. Valéria e Vânia Franco de Morais Abril: dia 3 e 17 das 14 às 17h Maio: dias 1 e 8 das 14 às 17h Investimento: R$80,00. Incluso material e apostila. Alimentação Natural Curso Básico de Feng Shui Aprenda a arte de cozinhar de maneira saudável e natural. Profa. Valéria Aparecida Vieira Março: dia 20 das 13h30 às 18h Abril: dia 18 das 8 às 12h Maio: dias 22 das 13h30 às 18h e, 23 das 8 às 12h (curso de 8 horas) Junho: dia 19 das 8 às 12h Investimento: R$38,00 nos meses de março, abril e junho; e R$50,00 no mês de maio. Organize o interior do seu lar através da antiga arte chinesa de harmonização de interiores que visa promover a saúde, as oportunidades e a prosperidade. Incluso apostila. Profa.: Ana Paula Corrêa. Abril: dia 4 das 9 às 17h com intervalo para o almoço Junho: dia 6 das 9 às 17h com intervalo para o almoço Investimento: R$90,00 ou dois cheques de R$45,00. Aulas Regulares Aulas oferecidas durante todo o ano por profissionais especializados, nas opções abaixo: Tai Chi Terças-feiras e quintas-feiras das 8 às 9h Tai Chi é vivenciado na China há cinco mil anos e o objetivo é trazer a harmonia, saúde e equilíbrio para o ser. Prof. Rita de Cássia Cabianca Berezowski Investimento: R$50,00 por mês. Dança do Ventre Segunda-feira às 14h, quarta-feira às 8h30 e sexta às 18h Aulas direcionadas para mulheres que tenham interesse em desenvolver suas características pessoais, artísticas e físicas através da dança. Prof. Érika Azzuz Investimento: R$45, 00 por mês 1 vez por semana Yoga 2 vezes por semana (diversos horários) Exercícios para o equilíbrio do corpo e da mente. Prof. Maria de Fátima Araújo Investimento: R$60, 00 por mês. Alongamento e Relaxamento para Terceira Idade Segunda-feira e quarta-feira das 7h30 às 8h30 Uma proposta para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Prof. Flauziane dos Santos Borges Investimento: R$40,00 Maiores detalhes e Inscrições: ESTAR - Espaço para Tratamentos Alternativos de Ribeirão Rua Alfredo Braghetto, 151 - Jardim Paulista - Ribeirão Preto - SP - cep: 14090-149 Telefone: (16) 3967 6890 / Telfax: (16) 624 2321 - e-mail: [email protected] Ribeirão Preto - SP - Março/2004 9 Peregrino Informação, Cultura Vida em Som: O Resgate do Potencial Curativo através da Música e do Movimento Musicoterapia A Musicoterapia é um processo terapêutico que tem por objetivo promover e facilitar as dinâmicas inter e intra pessoais do indivíduo, bem como desenvolver sua comunicação e auto-expressão, através de vivências e experiências sonoro-musicais.O cliente aprende a resignificar a vida e resgatar seu potencial curativo a partir de sua história musical e de sua identidade sonora única. Experiências de improvisação músicoinstrumental, de canções, com múltiplos meios e improvisações conduzidas, além de experiências de re-criação musical, composição e audição fazem parte, entre outros, dos principais métodos e intervenções utilizados em musicoterapia. Não é necessário conhecimento ou formação musical para poder vivenciar e participar da musicoterapia. O que há de tão singular em seu processo é justamente o fato das forças dinâmicas de mudança estarem centradas nas experiências do som, da beleza e da criatividade. Atendimentos Clínicos Grupos de Aprimoramento Pessoal Danças Circulares Sagradas As danças circulares representam uma retomada de antigas culturas e tradições que vivenciaram e manifestaram a intuição do sagrado por meio de movimentos em roda, cantos e celebrações que conectavam o homem com os “conteúdos primordiais” da sua própria alma. Bernhard Wosien (1908-1986), bailarino e coreógrafo alemão foi responsável pelas pesquisas iniciais e pelo resgate de importantes danças sagradas da Europa. Após a sua morte, a Fundação de Findhorn, na Escócia, continuou coordenando as pesquisas de Wosien e os trabalhos desenvolvidos por sua filha Maria-Gabriele Wosien. Atualmente diversas linhas e tradições vem sendo incorporadas no movimento das danças circulares no Brasil e no mundo. Benefícios das Danças Circulares Por ser uma atividade de grupo e vivenciada em círculo, as danças sagradas desenvolvem de forma suave e profunda o ritmo, a musicalidade, a coordenação motora, bem como a integração, a cooperação, a consciência de si como parte de um todo, a serenidade e a comunhão entre as pessoas. Iniciações Encontros para Aprimoramento Pessoal Juliana Leonardi musicoterapeuta clínica, historiadora arte-educadora e focalizadora de danças sagradas Bacharel e licenciada em História (UNICEUB-Brasília/DF) e Musicoterapia (UNAERP-Ribeirão Preto/SP). Formações em: Biopsicologia com Susan Andrews (EUA) Psicossomática (Instituto Lúmen) Psicoballet com Georgina Garcia (Cuba). Treinamento em danças sagradas com focalizadores do Brasil, Findhorn e Noruega. Bailarina integrante do grupo de dança flamenca “Luz Andaluz” em Ribeirão Preto. Cursos paralelos de arte-educação, cerâmica e artesanato (Otto Sirnes), pintura e mandalas (Nena Leonardi). Iniciada em Reiki níveis I e II com Nilva Murtha (Sistema Usui e Tibetano). Viveu 1 ano na comunidade do poeta e educador dinamarquês Nicolai Grundtivig (1783-1872), em Valdres, Noruega, onde participou de diversos cursos e seminários sobre educação para a paz e valores humanos. Cursos e seminários avançados em história das religiões com Victor Leonardi (UnB). Desenvolveu trabalhos sobre história oral e imaginário junto às comunidades budistas da Terra Pura, Zen e Tibetana de Brasília. Atualmente dedica-se a estudos e pesquisas sobre a pedagogia do deslumbramento e a arte espiritual de Nicolas Roerich. Coordena Grupos de Estudo sobre história da arte e história das religiões. Grupos de Aprimoramento em “pedagogia do deslumbramento” e o “feminino por meio das deusas” ESTAR - Espaço para Tratamentos Alternativos de Ribeirão Rua Alfredo Braguetto,151 - Jd. Paulista - Ribeirão Preto - SP Telefones.: (16) 3967-6890 / 624-2321 e Livre Expressão Patro Nia (*) Patro nia, kiu estas en la cielo, Via nomo estu sanktigita. Venu Via regno, plenumigu Via volo, Kiel en la cielo, tiel ankau sur la tero. Nian panon ciutagan donu al ni hodiau. Kaj pardonu al ni niajn suldojn, Kiel ankau Ni pardonas al niaj suldantoj. Kaj ne konduku nin en tenton, Sed liberigu nin de la malbono. (Sankta Mateo, 6:9-13) (*) Pai Nosso em Esperanto Esperanto O Esperanto é uma língua falada em todos os continentes do planeta. Ela tem pouco mais de cem anos e não possui qualquer vínculo político ou religioso, o que lhe confere um caráter neutro, dando-lhe condições de ser adotada como a segunda língua de cada povo. Possui gramática fácil, regular e planejada com apenas 16 regras básicas e pronúncia fonética, ideal para atender às exigências verbais do homem moderno. O aprendizado do Esperanto dispensa o conhecimento de qualquer outra língua e permite que você se comunique e faça amigos pela Internet em qualquer país, utilizando-o também para a elaboração de trabalhos científicos e teses. Você ampliará sua cultura, pois terá mais de 50 mil obras à sua disposição e tomará conhecimento de mais de 160 revistas e jornais de todo o mundo. Fará viagens internacionais com maior proveito, encontrando esperantistas aonde for. Einstein, Ghandi, Olavo Bilac e tantos outros já recomendavam o Esperanto na sua época. Observamos nas últimas décadas o aumento da violência e da dificuldade das pessoas falarem o que sentem e pensam o que gera insegurança e medo, sentimentos que levam a bloqueios no quinto chacra, região que corresponde à garganta e à tireóide. Isto aumentou muito o número de doenças que afetam estes locais. Com a facilidade de comunicação entre as pessoas, podemos ajudar a desbloquear o quinto chacra e amenizar estes problemas. A proposta do ESTAR é de harmonização e cura, o que me levou a colocar o Curso de Esperanto dentro da programação para poder auxiliar neste aspecto. Façam bom proveito! Dra. Cláudia Cardoso Garcia 10 Peregrino Informação, Cultura e Livre Ribeirão Preto - SP - Março/2004 Expressão A Casa Oito – a crise dos quarenta No artigo anterior vimos o signo de Escorpião e a sua função no desenvolvimento humano como uma preparação para tratarmos agora da entrada do momento de nossa idade na Casa 8, casa de Escorpião. E por que foi preciso fazer esta preparação? O que tem Escorpião de diferente, já que não fiz preparação nenhuma para as outras casas? Quando falamos de signo, nos referimos a processos internos, modos de comportamento gerados por uma determinada postura diante da vida. Quando falamos em casa, nos referimos a acontecimentos externos dos quais não temos o mínimo controle, que fogem à nossa possibilidade de escolha. No entanto, estes acontecimentos são o resultado de nossas escolhas anteriores feitas ao longo do tempo, que serviram em um dado momento e que agora precisam ser redimensionadas. E não é fácil percebermos que não somos tão maravilhosos quanto pensávamos, que muitas coisas não correm de acordo com nossos desejos e que muitas coisas que tínhamos feito com plena convicção agora parecem falsas e sem sentido. A sensação é a de que nosso mundo está desmoronando e que o túnel está fechado, sem deixar passar vislumbre algum de luz. É por isso que a casa oito Planta pouco conhecida no Brasil, o Endro também conhecido como Dill nos países de língua inglesa, é um condimento essencial na culinária do norte da Europa, principalmente na Noruega e Suécia. Nestes países o endro está como o orégano para o italiano. Difícil imaginar um salmão sem o endro, tanto as folhas frescas quanto as sementes secas. Utilizado há milhares de anos, as primeiras é a mais complexa, delicada e complicada de todas as outras doze casas, a que traz mais transformações e reorientações na nossa vida. A casa oito pertence ao grupo das casas fixas. Nessas casas procuramos dar uma forma segura e eficaz às idéias e impulsos. É nestas casas que consolidamos e amadurecemos as experiências pelas quais passamos. Dando um exemplo concreto: na Casa 2 queremos possuir algo que nos dê um sentido de valor. Tanto pode ser alguma coisa material como idéias, talentos, dons artísticos e mentais. Acreditamos que nossas posses ou talentos nos dão um sentimento de auto-estima e que não podemos viver sem eles. O mesmo acontece com as outras casas. Na Casa 5 desejamos ser poderosos, fortes e criativos e criamos uma imagem de nós mesmos de que somos empreendedores e auto-suficientes. Na Casa 8, alcançamos um status social, exercemos um papel na sociedade que nos dá segurança e a auto-estima depende dos títulos, dos cargos, da posição num grupo e do prestígio. E não gostamos de perder o que conquistamos. “Nas casas fixas não desejamos soltar nem dar o que conseguimos ou possuímos. Estamos convencidos de que temos que ter algo para ser alguém”. Nós nos agarramos aos nossos papéis sociais e a um determinado modo de ver a vida e não admitimos que possa haver outras possibilidades de orientação. Nós nos tornamos rígidos, cristalizados. Mas ao chegarmos à Casa 8 aos 42 anos, acontecem as primeiras crises sérias e levamos os maiores safanões de toda nossa vida. Neste momento, certos aspectos que tinham solidez e estavam firmemente estabelecidos devem morrer para que as forças evolutivas possam fazer o seu trabalho. Às vezes acontecem mudanças drásticas como divórcio, perda de emprego, perda dos bens. É muito comum surgirem as primeiras sensações de que o corpo está envelhecendo e pedindo cuidados. Também o corpo sofre com o colapso interno e sobrevêm crises de pânico, depressão, doenças cardíacas e uterinas, os músculos enrijecem, causando dores generalizadas, o esqueleto sofre, os ligamentos se rompem ou se fazem sentir doloridamente. Pela primeira vez percebemos a nossa finitude. O mais das vezes não se verificam acontecimentos no mundo externo, mas começamos a sentir que tudo em que acreditávamos e que nos dava segurança parece ter ruído, desmoronado. Os Endro - Anethum graveolens alusões desta planta foram feitas por egípcios, que a empregavam como planta medicinal. Em escavações em sítios arqueológicos romanos foram encontradas muitas sementes de endro, e os próprios gladiadores usavam muito desta semente em sua alimentação, pois acreditavam que ela podia aumentar a força física. Também foi usada na Idade Média para enfrentar as bruxarias. Os hebreus costumavam pagar o dízimo, sua obrigação religiosa, com o endro; os armênios também usavam com muita freqüência para condimentar seus pratos, sendo característico de sua culinária. A planta possui uma altura que varia de 20 cm até a 1 metro, dependendo muito da fertilidade do terreno. Planta herbácea, anual, de caule fino e oco, cujas folhas são parecidas com as do funcho. Os frutos são pequenos, do tipo denominado diaquênio, com sementes marrons quando maduras. O endro é encontrado vegetando espontaneamente em várias regiões do sul da Europa, no norte da África e Ásia. Vegeta em regiões onde predomina o clima tipo temperado. Atualmente o endro é cultivado em escala comercial em alguns países europeus, Paquistão, Alemanha, Romênia, Índia, Japão e Estados Unidos. O clima ideal para o endro é o do tipo mediterrâneo, planta extremamente resistente, adapta-se bem em vários tipos de clima. Necessita de muita irrigação e se faltar água pode levar a perda de quase toda a produção. O período de amadurecimento das sementes também é um momento bastante crítico, pois uma chuva ou vento mais forte pode derrubar todas as sementes, e perder toda a produção. A colheita deve ser da mesma forma que outras plantas aromáticas da família Umbelífera. Colhem-se as umbelas (inflorescências) que começaram a amadurecer, e leva-se para a secagem. Se passar da hora, ou seja, se esperar todas as sementes ficarem secas, além de perder aroma pela volatilização dos óleos, no momento de se cortar o ramo que prende a umbela na planta as sementes irão se desprender e cair ao chão. A parte mais valorizada são as sementes, que produzem um óleo de excelente qualidade, de odor agradável e característico. Já as folhas às vezes são utilizadas para a extração de óleo, mas este é de qualidade inferior, e não tão agradável assim. Como condimento a preferência também é pelas sementes, mas alguns pratos utilizam o endro fresco como decoração. Para fins medicinais pode-se utilizar a planta toda. O princípio ativo mais valorizado são os óleos essenciais, lembrando que óleo essencial é uma mistura de dezenas de substâncias químicas. Também encontra-se a presença de substâncias nitrogenadas, resinas, muscilagens e taninos, que são substâncias comuns em quase todos os vegetais. Planta muito usada para aliviar as dores causadas pelos gases intestinais, auxiliar no tratamento de doenças e inflamações da boca e para controlar o vômito. Existe uma citação na literatura onde esta planta é utilizada para o controle do soluço. Pegue 5 gramas de sementes de endro e prepare um chá em pilares que nos sustentavam estão por terra e nos sentimos inseguros, frustrados, sem parâmetros. É como se estivéssemos à deriva. Então, pela primeira vez nos perguntamos o verdadeiro sentido da vida. Trabalhar a Casa 8 com consciência é aprender a lidar com perdas inevitáveis, treinar o desapego e a entrega, exercitar o abrir mão, o deixar ir o que nos causa dor e frustração. É nos abrir a novas possibilidades, a novas maneiras de enxergar a vida e a nossa inserção na sociedade, é perceber que, se é muito bom ter, melhor ainda é ser. Ou ainda melhor é perceber que os dois juntos funcionam maravilhosamente e que um não exclui o outro!É nos desligar do pensamento orientado ao lucro, à competição e à posse de bens e pessoas e permitir que nossa consciência se abra para valores mais altos, mais independentes e mais criativos. Aí estaremos entrando já nos assuntos da Casa 9, que veremos no mês que vem. Colaboração: Regina Martins Tels.: (16) 636 3896 / 3023 2187 [email protected] 1 litro de água, e faça durante o dia bochechos e gargarejos. Pode-se beber um pouco deste chá para problemas estomacais e gases. O endro não é muito comum na culinária brasileira, provavelmente a grande maioria dos brasileiros nunca experimentou o seu sabor e nem sentiu os seus aromas. Muito empregado na Europa, principalmente na culinária dos países do norte da Europa. Pode-se usar as folhas frescas para condimentar molho branco, saladas e pepinos em conserva; as sementes secas podem ser empregadas no cozimento de beterrabas, repolhos e couve-flor, para aromatizar vinagres, óleos e picles. Para o preparo de um autêntico prato escandinavo, conhe-cido como gravad lax, pegue cerca de 400 a 800 gramas de salmão, e tire dois filés. Prepare à parte uma mistura de 1 colher de sopa cheia de sal, 1 colher de sopa de açúcar, 1 colher de chá de pimenta do reino preta inteira, uma colher de sopa de brandy e uma colher de sopa de folhas frescas de endro. Prepare este molho e coloque um pouco em uma vasilha pequena de porcelana e acomode uma fatia do salmão. Coloque mais um pouco da mistura e coloque por cima a outra parte do salmão, e despeje por cima o restante da mistura. É importante dividir em partes iguais a mistura a ser distribuída sobre o salmão, e na hora de colocar os pedaços de salmão deixar a pele voltada para fora. Envolva os pedaços com um filme plástico e coloque alguns pesos em cima. Leve à geladeira por 12 horas a 5 dias. Na hora de servir retire o salmão, fatie e sirva com pão fatiado e muita manteiga. Mostarda ou maionese com endro também é muito comum para acompanhar este prato. Colaboração: Ademar Menezes Jr Eng. Agrônomo – Especializado em Plantas Medicinais [email protected] Ribeirão Preto - SP - Março/2004 11 Peregrino Informação, Cultura e Livre Expressão Leitura Agenda Datas comemorativas - Março 05 08 12 14 20 21 22 26 27 - Nascimento de Heitor Villa Lobos – 1887. Dia Internacional da Mulher. Dia Nacional do Bibliotecário Dia Nacional da Poesia, Nascimento de Castro Alves – 1847. Início do Outono, Decreto Proíbe a Escravidão de Índios – 1662. - Fundação do Primeiro Jornal Brasileiro, Dia Internacional para Eliminação da Segregação Racial, Dia Mundial da Infância, Dia Florestal Mundial, Dia Universal do Teatro. - Dia Mundial da Água. - Dia dos Animais. - Dia Mundial do Teatro, Dia do Artista Circense, Dia do Circo Cursos, Palestras, Seminários e Workshops Março O professor atuando no ciberespaço – Nilbo Ribeiro Nogueira O Filósofo – Histórias de um pequeno pensador – Rosabela Paz Este livro discute a utilização da internet com fins pedagógicos, de tal forma que ela possa ser utilizada por todos os professores e não apenas pelos professores de informática. Questiona a sua utilização como mera fonte de coleta de dados e informações, ampliando as possibilidades desse novo espaço de aprendizagem principalmente no que se refere à autoria de projetos temáticos. Editora Érica Ltda. Tel.: (11) 295 3066 / Fax: (11) 217 4060 www.editoraerica.com.br Merlos, um espírito escocês que desencarnou ainda criança em um acidente de trem, diz não ter coragem de crescer. Um espírito brincalhão, alegre, inteligente, sabedor de grande filosofia. O acaso coloca-o em contato com Melissa, um espírito recémformado em biologia que desencarnou aos 23 anos. Através deste livro você tomará contato com as lições filosóficas e espirituais desse pequeno grande filósofo. Grupo Editorial Madras Tel.: (0**11) 6959 1127 - Fax.: (0**11) 6959 3090 www.madras.com.br A menstruação e seus mitos – Isabel Vasconcellos Poucas pessoas sabem que menstruação é algo bem recente. No passado, mal dava tempo para as mulheres menstruarem, entre uma gravidez, amamentação e outra gravidez. Reunindo informações de vários médicos especializados em saúde da mulher, a autora brinda as mulheres (e seus companheiros interessados) com exposições das questões relacionadas à menstruação. Entremeada com contos sobre mulheres, a narrativa flui de forma gostosa e envolvente, levando a informação e a oportunidade de conhecer mais, refletir e escolher: ser saudável e feliz. Editora Mercuryo Tel/Fax: (0**11) 5531 8222 / 5093 3265 www.mercuryo.com.br Música O tempo de cada um – Alceu Costa Filho A Mônada Hieroglífica – John Dee Afastados do trabalho mediúnico há anos – já em idade avançada – Antônio e Rita não sabem que o centro espírita e o abrigo de idosos, fundados por eles, estão entregues a colaboradores desinteressados em expandir a caridade. Solitário, o casal enfrenta dificuldades próprias da idade, longe de imaginar que uma inesperada visita os aguarda – os benfeitores espirituais. Petit Editora Tel.: (0**11) 6684 6000 www.petit.com.br Esta obra destaca a influência dos signos e a importância do Sol e da Lua para a Mônada, em conjunção com a proporção decimal da Cruz. O autor é um dos nomes mais famosos no ocultismo inglês. Foi educado em Cambridge. Ele se dedicou às pesquisas do oculto em especial a alquimia. Era um notável matemático, e colecionador de livros e manuscritos. Esta é uma obra de grande aprendizado, que revela descobertas a respeito dos símbolos. Grupo Editorial Madras Tel.: (0**11) 6959 1127 - Fax.: (0**11) 6959 3090 www.madras.com.br Florais – P. C. Bernardes Este CD traz melodias para equilibrar, inspiradas na terapia floral; foi inspirado no conceito básico da terapia floral que busca o equilíbrio interior, proporcionando ao ser humano uma melhor qualidade de vida.. É o resultado de uma intensa pesquisa realizada pelo músico sobre os Florais de Bach. O álbum traz músicas baseadas nos sete sentimentos básicos do ser humano e em seus grupos de florais correspondentes, estimula diferentes sensações em direção ao autoconhecimento. AzulMusic Telefax: (0**11) 5181 0610 www.azulmusic.com.br 06 – Curso de Esperanto – Inf.: (16) 3967 6890 / 624 2321. 09 – 19h30 - Palestra Trigueirinho – Inf.: (16) 625 5224 / 632 4095 / 3911 5520 09, 16, 23 e 30 – 20h - Curso “A totalidade do ser” – Módulo 1 – Inf.: (16) 3967 6890 / 624 2321. 13 e 14 – Curso “Assumindo o comando de sua vida” - Inf.: (16) 3967 6890 / 624 2321. 17 – das 20 às 22h – Encontro de danças circulares sagradas Inf.: (16) 3967 6890 / 624 2321. 20 – Curso “Alimentação natural” - Inf.: (16) 3967 6890 / 624 2321. 20 – das 9 às 11h – Palestra “Os princípios da Hatha-Yoga” – Inf.: Senac (16) 624 2900. 20 e 21 – Curso de Florais de Bach – Módulo I – Inf.: (16) 621 8407 / 9105 0529. 23 – 19h30 - Palestra Trigueirinho – Inf.: (16) 625 5224 / 632 4095 / 3911 5520. 27 – Curso Gigong – Inf.: (16) 3911 5096 / 3911 4010 / 9608 2697. 27 – Curso Básico de Fitoterapia – Módulo 1 - Inf.: (16) 3967 6890 / 624 2321. Abril 03 e 04 – Curso de Florais de Bach – Módulo II – Inf.: (16) 621 8407 / 9105 0529. 03 e 17 – Curso Básico de Mosaico - Inf.: (16) 3967 6890 / 624 2321. 04 – Curso Básico de Feng Shui - Inf.: (16) 3967 6890 / 624 2321. 06 – 19h30 - Palestra Trigueirinho – Inf.: (16) 625 5224 / 632 4095 / 3911 5520 06, 13, 20 e 27 – 20h - Curso “A totalidade do ser” – Módulo 2 – Inf.: (16) 3967 6890 / 624 2321. 14 - das 20 às 22h – Encontro de danças circulares sagradas Inf.: (16) 3967 6890 / 624 2321. 17 e 18 – Curso de Florais de Bach – Módulo III – Inf.: (16) 621 8407 / 9105 0529. 20 – 19h30 - Palestra Trigueirinho – Inf.: (16) 625 5224 / 632 4095 / 3911 5520 23 - 9h30 - Curso de Reiki Nível 3A - ABR - Inf.: (16) 639 4271 / 9993 2054 24 – Curso Básico de Fitoterapia – Módulo 2 - Inf.: (16) 3967 6890 / 624 2321. 24 e 25 – Curso de Reiki Nível 1 - ABR - Inf.: (16) 639 4271 / 9993 2054 25 – das 9 às 17h – Iniciação às danças circulares sagradas – Inf.: (16) 3967 6890 / 624 2321. 26 - 9h30 - Curso de Reiki Nível 2 - ABR - Inf.: (16) 639 4271 / 9993 2054 DIVULGAÇÃO A divulgação de Livros e CDs neste espaço é gratuita. Contate-nos para saber dos procedimentos através dos telefones: (16) 621 9225 9992 3408 GRATUITA 12 Peregrino Informação, Cultura Curso de Florais de Bach Os Sete Grupos dos Florais de Bach Objetivos do curso: • Trabalharemos as essências dos sete grupos dos Florais de Bach, através de teoria e de estudos de casos, estabelecendo similaridades e diferenças de forma a facilitar a prática terapêutica. • Utilizaremos também contos de fadas, mitos, textos literários, além de textos sobre florais, para que se perceba que por detrás do conteúdo apresentado há uma outra linguagem não verbal profundamente rica e instrumento primordial para que conheçamos a nós mesmos e aos outros. “Tudo o que temos de fazer é preservar nossa personalidade, viver nossa própria vida, ser o comandante de nosso próprio barco e tudo estará bem.” Dr. Edward Bach Facilitadora: Mariza Helena Ribeiro Facci Ruiz - BFRP Practitioner pela Dr. Edward Bach Foundation Escritora, Poetisa e Contadora de Estórias Pesquisadora de Mitos e Contos de fadas Estudiosa de Carl G. Jung Programação do 1º semestre de 2004 – Ribeirão Preto - SP Módulo I – dias 20 e 21 de março Módulo II – dias 3 e 4 de abril Módulo IV – dias 14 e 15 de maio Módulo VI – dias 5 e 6 de junho Módulo III – dias 17 e 18 de abril Módulo V – dias 29 e 30 de maio Módulo VII – dias 19 e 20 de junho Informações Mariza Helena Ribeiro Facci Ruiz (16) 621 8407 / 9105 0529 • As vagas são limitadas, faça sua inscrição com antecedência. e Livre Ribeirão Preto - SP - Março/2004 Expressão Florais – Mulher-esqueleto e a solidão Era uma vez uma mulher. Ela havia feito alguma coisa que seu pai desaprovara. Nem ela mesma sabia do que se tratava e ele a lançara impiedosamente no mar. Os peixes devoraram sua carne e arrancaram seus olhos e ela ficou lá pobre esqueleto a rolar com as correntes. Um dia um pescador solitário veio pescar naquela baía. Seu anzol foi descendo e descendo e ele encontrou algo. Deve ser um grande peixe, ele pensou. De fato era tão grande o peso daquilo que ele pensava ser um peixe que quando mais ele lutava mais aquilo se enredava na linha da rede que ele lançara ao mar. De repente ele se voltou para olhar a rede e deparou-se com aquele esqueleto, horrível. Ele a soltou do barco sem reparar que estava presa e remou, remou, desesperadamente para terra. Ao descer do barco ele verificou que aquela terrível coisa o acompanhara. Ele corria para casa e o esqueleto vinha atrás dele, ele gritava e ela o acompanhava, o tempo todo ali, enredada na vara de pescar. Finalmente ele chegou a seu iglu e atirou-se no chão, sentindo-se finalmente seguro. Então, ele acendeu sua lamparina de óleo de baleia e ela estava ali, jogada, amontoada num canto, um calcanhar sobre um ombro, um joelho preso nas costelas. Ele teve novamente medo, mas algo lhe aconteceu. Talvez fosse a expressão do esqueleto, se é que podem ter expressão. Talvez fosse a solidão em seu peito. O certo é que ele teve compaixão daquele ser e lentamente começou a desenredá-la. E cantava, cantava. Depois ele a cobriu com ternura. E ela pensava o tempo todo que queria ficar ali, aquecida, cuidada como jamais o fora. O homem teve sono e dormiu e enquanto dormia uma lágrima correu de seus olhos, talvez provocada pela compaixão, talvez provocada pelo coração finalmente pleno. A mulher-esqueleto viu a lágrima e aproximou-se, e bebeu a lágrima e quanto mais bebia, mais lágrimas saíam. Ela saciou sua sede de anos. Ela estendeu a mão e retirou de dentro do peito do homem seu coração. Ela começou a batucar nele pedindo por carne. Tum, Tum, carne, carne ela cantava em voz alta. E seu corpo mira- culosamente se enchia de carne. Quando finalmente recobrou seu corpo ela devolveu o tambor ao homem e deitou-se a seu lado. Pela manhã eles acordaram juntos e abraçados e não separaram mais. Este é um conto do povo Inuit tribo do Canadá - de rara beleza que fala do maravilhoso sentimento da compaixão, compaixão que pode preencher o coração do pescador solitário e devolver a vida a uma mulher abandonada pelo pai à própria sorte. Fala da capacidade de olhar para elementos estranhos vindos do inconsciente - das profundezas do mar - através do amor. Amor pelo que não é tão bonito em nós, amor pelo que não é tão bonito nos outros. Associamos o conto aos florais do grupo da solidão para pessoas que ficam isoladas: Impatiens, Heather e Water Violet que nos falam, em desarmonia, da incapacidade de olharmos para os outros com olhos regidos pelo coração. Em Impatiens porque estamos preocupados demais com a lerdeza do outro, temos pressa, muita pressa, não teríamos paciência para desenredar o pobre esqueleto! Em Heather porque queremos apenas falar de nós, porque não queremos ficar sozinhos, porque temos um buraco dentro de nós mesmos que não sabemos preencher, porque estaríamos preocupados com nosso próprio sofrimento e jamais com a pobre mulher-esqueleto! Em Water Violet porque não sabemos nos doar e nos distanciamos das pessoas, jamais compartilharíamos de nosso coração e de nossas lágrimas com outro ser! Em harmonia, porém, encontraríamos alguém com quem compartilhar nossa vida, uma mulher-amante, companheira para sempre. Encontraríamos alguém para que, batendo em cadência, as mínimas batidas de nosso tambor-coração se transformassem em louvor ao nosso irmão e a nós mesmos. Mariza HelenaRibeiro Facci Ruiz Practitioner pela Dr. Edward Bach Foundation e Membro da UBE [email protected]