mulheres no congresso nacional
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mulheres no congresso nacional
Revista Ano 1 - número 02 - 2016 - R$ 12,90 Observatório Feminin Mulheres no Congresso Nacional A força e o perfil da bancada feminina na política brasileira EMBARQUE IMEDIATO Jericoacoara, no Ceará, é sinônimo de paraíso, simplicidade e deslumbramento Cirurgia plástica A relação de consumo entre paciente e cirurgião plástico Revista Ano 1 - número 02 - 2016 - R$ 12,90 Observatório Feminin Mulheres no Congresso Nacional A força e o perfil da bancada feminina na política brasileira EMBARQUE IMEDIATO Jericoacoara, no Ceará, é sinônimo de paraíso, simplicidade e deslumbramento Cirurgia plástica A relação de consumo entre paciente e cirurgião plástico 66 colunista editorial 4 editorial Muito se falou em “Primavera das Mulheres” nos últimos meses. A internet e os veículos de comunicação, em geral, viraram um campo de batalha a favor da militância feminista. A voz delas ganhou mais força e espaço no mundo. Foi um período de posicionamento e de transformação. Nós, do Observatório Feminino, nos sentimos parte desse empoderamento e recrutadores desses exércitos. Mas o caminho ainda é longo e, apesar de remeter à primavera, não é feito só de flores. Do esporte ao mundo corporativo, do seio familiar à política... Há muito para mudar. Em pleno 2016, menos de 10% das cadeiras dos congressistas brasileiros são ocupadas por mulheres. Uma conta amarga para um país que tem tantas heroínas capazes de construir uma própria história. Um país com nomes como o de Marta Freire, que entre 2010 e 2014 assumiu a função de defensora pública de Pernambuco, outorgando uma importante reforma da entidade; como o de Carlota Pereira de Queirós, primeira deputada federal do Brasil; como o de Maria da Penha, líder de movimentos de defesa dos direitos da mulher e vítima emblemática da luta contra a violência doméstica. Nomes de uma lista extensa que, não por acaso, inspirou a segunda edição da Revista OF, desde a matéria de capa, sobre o perfil das nossas congressistas, ao texto da deputada Terezinha Nunes, que comemora o direito ao voto feminino no Brasil. Esta revista é feita para vocês, para mim e para elas. Viva a nossa primavera! Ana Karla Gomes Publisher Revista Observatório Feminino No 02 Ana Karla Gomes é advogada especialista em processo civil pela UNICAP* e em direito penal pela UBA*, presidente do Instituto Jaboatão Criança, Publisher da Revista OF e editora executiva do Observatório Feminino. Trabalhou no TJPE* como assessora de desembargador criminal. * UNICAP - Universidade Católica de PE | *UBA - Universidade de Buenos Aires | *TJPE - Tribunal de Justiça de PE expediente 6 equipe expediente / colaboradores março/2016 Publisher Ana Karla Gomes Lulu Pinheiro Editora-Assistente Talita Corrêa Relações Públicas Rose Blanc Redação Estevão Soares Lúcia Helena Pinheiro Lins, conhecida por Lulu Pinheiro, é formada em comunicação social – publicidade e propaganda – pela Universidade Federal de PE e em direito pela Universidade Católica de PE. Fotógrafa há 15 anos à frente da Agência Portrait, Lulu contribuiu com as fotos da seção Agito Social. Projeto Gráfico SPOT Comunicação Direção de Arte Rosana Pereira Assistente de Arte Mariana Dias Consultoria Patricia Almeida Projetos Especiais Flavia Gozoli Colaboradores Josilene Corrêa (revisão), Gustavo Moura Lelis, Paloma Amorim, Teresinha Nunes,(textos). Lulu Pinheiro, Marcelo Ferreira (fotos) Tratamento de Imagens SPOT Digital Impressão e pré-impressão EGB Editora Gráfica Bernardi Ltda Atendimento ao Leitor [email protected] A Revsita OF é uma revista da empresa Observatório Feminino Serviços de Internet. Av. Bernardo Vieira de Melo, 3462, sl 1306. Edifício Vema Business Center, Piedade -Jaboatão dos Guararapes, PE. CEP: 54410-010. As matérias assinadas não expressam necessariamente a opinião da revista. A revista não se responsabiliza pelos preços, que podem sofrer alteração, nem pela disponibilidade dos produtos anunciados. 7 equipe Talita Corrêa Pós-graduanda em direitos humanos, Talita Corrêa é formada em jornalismo. Já atuou como repórter do jornal Extra do Rio de Janeiro e como editora de conteúdo web da Rede Globo. Foi colaboradora das revistas Continente e Vice, e agora é editora-assistente do Observatório. Patricia Almeida Rose Blanc Com mais de 10 anos de experiência em publicidade e mídia online, Patricia já esteve à frente de grandes negócios com empresas como Fhits, O2 Filmes, Vogue, Globo e Glamurama. E fez a consultoria geral desta edição a convite de Ana Karla Gomes. Rose Blanc é membro do Comitê Nacional de Cerimonial Público, chefe do Cerimonial da Prefeitura do Jaboatão dos Guararapes e relações públicas do Observatório Feminino. No OF, ela ainda assina matérias e séries especiais nas áreas de comportamento, decoração e gastronomia. Marcelo Ferreira Estevão Soares Marcelo Ferreira é repórter fotográfico da Prefeitura Municipal de Jaboatão dos Guararapes/PE há 8 anos. Tem longa experiência em cobertura de cerimônias matrimoniais. Formado em moda, Estevão Soares é consultor de imagem, personal stylist e colaborador do Observatório Feminino, na coluna Estilo. Agradecemos a colaboração dos parceiros: Madame Gateau, LPM Produções, Vinhos Rio Sol, Brava Digital e Redatoria. observatoriofeminino @observatoriofeminino ObsFeminino índice 8 índice 9 índice 10 Dicas OF 42 Cultura em cena 38 Perfil/Personalidade Uma lista com tudo que merece ser visto por aí Lia Araújo A empresária de moda que driblou a crise 12 Testamos 42 Embarque Imediato Cosmético Como funciona o creme com efeito botox instantâneo Jericoacoara A vila cearense que arrebata corações 14 Trend Itens-desejo Sugestões de produtos que são sinônimo de estilo 50 Giro Gastronômico 10 Kiko Selva Um papo de cozinha com o chef pernambucano 50 16 Estilo 54 Comportamento O que diz sua imagem Sogras e noras Clássica, contemporânea, poderosa ou casual? Os melindres de uma relação obrigatória 60 Colunas 22 Matéria de capa Reflexão: Fe-mi-nir Mulheres na política Ser feminista é estar à prova Um perfil do Congresso feminino Seus Direitos: Cirurgia plástica 34 Bem-Estar não é contrato de risco Doulas 66 Colunista OF O que é preciso para ser assistente de parto Direito pela metade 22 Artigo de Terezinha Nunes sobre o voto feminino 54 dicas 10 dicas novidades! Dos cinemas às livrarias, dos teatros à televisão, uma lista com tudo que merece ser visto por aí por Talita Corrêa Série de TV Jessica Jones: aposta da Netflix Série lançada pela Netflix no final de 2015, Jessica Jones ganhou um exército quase inesperado de fãs já na primeira temporada. Não foi por acaso. A ficção televisiva andava carente de heroínas como J.J., personagem tirada de um quadrinho estadunidense publicado pela Marvel Comics. Krysten Ritter, atriz que vive essa detetive particular cheia de traumas e superpoderes, começou 2016 garantindo que a produção vai ganhar uma segunda temporada. Livro “Um homem para cada ano que passei com você” O livro 32 – Um Homem para Cada Ano Que Passei com Você conta a história real de Isabel, uma mulher de meia-idade que passou 32 anos casada com o mesmo homem. Em meio a uma vida tradicional – com filhos e casa tranquila no interior paulista –, ela descobriu que foi traída mais de uma vez pelo companheiro. No lugar da dor ela colocou um desafio: ficar com um novo homem para cada ano em que passou casada. Autora: Isabel Dias Editora: Da Boa Prosa Edição: 1 11 Documentário Malala em doc O documentário Malala reconta parte da história de Malala Yousafzai, uma jovem paquistanesa atacada pelo Talibã por defender o direito das mulheres à educação. Seu ativismo lhe rendeu um Prêmio Nobel da Paz, em 2014, e a tornou um símbolo de luta e resistência ao redor do mundo. O trunfo do documentário é apresentar ao espectador o contexto de vida e a família em que Malala foi criada. Música Musical O Musical Mamonas Vinte anos após do desastre aéreo que matou os integrantes do grupo Mamonas Assassinas, os fãs de Dinho, Júlio Rasec, Alberto Hinoto, Samuel Reis e Sérgio Reis ganham a oportunidade de rever a história da banda de sucesso meteórico em O Musical Mamonas. Embora a primeira temporada de apresentações só tenha sido confirmada para a cidade de São Paulo, é muito possível que a produção, com direção geral de José Possi Neto, visite, ao longo de 2016, outras regiões do Brasil, diminuindo um pouco a saudade do público. Liniker Cru Liniker, músico de 20 anos nascido no interior de São Paulo (em Araraquara), é mais do que brincos grandes, batom vermelho, turbante, suingue de soul music, olhar seguro e voz única emproada. O garoto é uma das promessas da música brasileira, e suas influências de samba e jazz, performances teatrais e composições viscerais dão ao seu trabalho uma roupagem de black music pouco vista na “nova sonoridade” brasileira. Seu EP Cru, lançado no fim de 2015, tem mais de 1 milhão de acessos no YouTube. O resultado é uma turnê nacional confirmada em 2016 e outra internacional em vista, ao lado de sua banda, Liniker e os Caramelos. Cinema Carol Filme de Todd Haynes, Carol mostra o amor de duas mulheres numa Nova York dos anos 50. É o tipo de história que usa olhares, toques, gemidos e outras sutilezas para substituir diálogos inteiros. Trilha sonora, fotografia e a entrega sempre apaixonante das atrizes Cate Blanchett e Rooney Mara transformam o longa numa obra de entrelinhas inexplicáveis e poderosas. 12 dicas Rejuvenescimento sem agulhas Creme com efeito de botox instantâneo promete revolucionar o mercado cosmético Quando o assunto é vaidade, o mundo se divide entre quem já experimentou os milagres do botox, quem tem medo da dor e do efeito artificial das agulhas e quem não descarta a possibilidade de encarar a aplicação dele no rosto. Portanto, quando uma empresa do mercado estético promete apresentar um creme com efeito de botox instantâneo para reduzir olheiras, rugas, bolsas nos olhos e marcas de expressão após três minutos, muita gente fica animada para conhecer. Desde que a Vivify Cosmetics, empresa brasileira de dermocosméticos, lançou o Be Young, não se fala em outra coisa nos blogs de beleza. Mas será que essa novidade funciona mesmo? A gente tratou de descobrir. Primeiro, é preciso saber que um dos componentes essenciais para conseguir o resultado instantâneo prometido pelo produto é o argireline, um composto que ajuda a pele a produzir colágeno e a reduzir linhas de expressão, funcionando como um “botox sem agulhas”. Acredite: o efeito do creme pode durar até oito horas. A fórmula ainda possui 13 dicas minerais específicos para atingir áreas que perderam a elasticidade, promovendo um efeito tensor na pele, ou o famoso “efeito Cinderela”. Usado uma vez ao dia, por pelo menos um mês, o Be Young, que também funciona como um creme de tratamento duradouro, pode melhorar sua pele em até 30%. A gente amou os resultados imediatos e de curto e médio prazo do Be Young. Ele dá a sensação de que, graças ao mundo dos cosméticos, milagres da beleza realmente existem. Como usar o Be Young? Primeiro, limpe a pele com água e sabão e seque bem com a toalha. Depois, com leves “tapinhas”, aplique uma pequena camada de Be Young na região desejada. São recomendadas até três aplicações por dia, que devem ser feitas na área dos olhos (bolsa e linhas de expressão) e nas rugas e demais linhas de expressão, como contorno da boca, pescoço e colo. O que é o argireline? Ele é considerado, atualmente, o peptídeo mais poderoso e avançado do mercado de cosméticos para minimizar rugas. O argireline promove um tipo de relaxamento, inibindo temporariamente a ação de enzimas que provocam as contrações na pele. Ele ainda ajuda na produção de colágeno e na redução e prevenção das linhas de expressão e rugas. Posso usar maquiagem e protetor solar após aplicar o Be Young? Sim, após a pele absorver o produto. Mas é preferível que a maquiagem e o protetor não sejam em forma líquida. Posso usar o Be Young a partir de qual idade? O produto foi elaborado para atender as necessidades da pele a partir dos 25 anos. A formação de rugas e manchas faz parte do processo natural da pele, bem como a mudança de textura e perda de tonicidade. Quanto mais idade a pele tem, menor sua produção de colágeno e, consequentemente, menor a elasticidade dela – por isso é importante usar um cosmético que estimule a produção de colágeno. Pessoas com mais de 65 anos, fumantes e as quem têm a pele danificada pelo sol podem ter resultados menos efetivos. O importante é que o uso constante melhora a pele de um modo geral. O Be Young com 10 g rende mais de 50 aplicações. Produto aprovado pela Anvisa e testado dermatologicamente. Vendas: vivifycosmetics.com ou 0800 038 6098 (quem ligar neste número e disser que viu a matéria na revista OBSERVATÓRIO FEMININO terá um desconto especial). vivifycosmetics @vivifycosmetics 14 trend 15 trend Óculos de sol PatBo Nécessaire da Kipling O nécessaire Roozie Champagne Metal da Kipling é despojado, charmoso e prático. Perfeito para ajudar a organizar a bolsa de mão ou reunir coisas de viagem. R$ 199 Elysée, 50 ml, O Boticário do luxo ao básico Uma lista de “itens-desejo” do momento para mostrar que praticidade, estilo, conforto e charme podem andar juntos Biquíni Rush Praia Hot pants e top raízes com estampa Beija-Flor da marca Rush Praia. O conjuntinho é ideal para encher os dias de verão com conforto e colorido. R$ 150 O Elysée Eau de Parfum, de O Boticário, traz a sofisticação feminina marcada por notas de mandarina Orpur, maçã com canela e sândalo da Austrália em um fundo amadeirado. R$ 179 A PatBo, marca mais jovem e pop de Patricia Bonaldi, agora vem apostando em óculos e outros acessórios exclusivos. Os óculos de sol da sua primeira coleção seguiram a tendência das armações quadradas com lentes em dégradé. R$ 708 Sandália Sued, Luiza Barcelos Sandália meia pata com salto grosso, forrada em camurça com recorte frontal, tiras finas transpassadas e fechamento em fivela. As variações do vinho estão entre as promessas de 2016. R$ 299 Turenne Nano, Louis Vuitton Havaianas FARM Bloco de Cores A coleção de Alto Verão 2016 da Havaianas FARM chega com estampas inéditas. O mood praiano, vivo e cheio de boas energias, aparece bem nas Havaianas Bloco de Cores. R$ 54 Pulseira Animale A ideia da Animale era lançar, em 2015, uma coleção de joias com a cara do Dia dos Namorados. Mas a linha de peças com topázios pinks, lapidados em formato de corações, virou uma releitura atemporal – e “apaixonada” – das rivieras clássicas. R$ 6.590 A ultrafeminina Turenne Nano, em icônico canvas Monogram, é ideal para carregar itens essenciais, como celular, chaves e cartão de crédito, com conforto e sofisticação. Esta versão em miniatura da bolsa Turenne original é idêntica à versão maior, desde a costura. R$ 4.650 Porta-bijoux da Imaginarium Porta-bijoux todo feito em poliéster com acabamento acolchoado para você organizar seus brincos, anéis e colares e ganhar elogios. A estampa de flores e poás é para garantir o charme na decoração. R$ 49,90 16 estilo estilo Imagem pessoal O resultado de um casamento entre personalidade e estilo texto e ilustração Estevão Soares Que imagem você quer passar ao mundo? Esta pergunta envolve mais autoconhecimento e menos decisão do que a gente imagina. Nossa “assinatura pessoal” não diz respeito somente ao sapato que usamos e ao corte de cabelo que escolhemos. Ela fala sobre a maneira como vemos as coisas, como rimos, comemos, andamos e tratamos as pessoas. A reunião de todas essas características é um espe- lho da nossa essência e indica em que tribo nós melhor nos encaixamos quando o assunto é estilo. Não é uma questão de reforçar estereótipos, mas aceitar que, entra coleção, sai coleção, começa geração, sai geração, as mulheres ainda seguem traduzidas por quatro tipos básicos de retrato comportamental e estético. Já parou para pensar qual é o seu e de que modo você vem sendo fiel a ele? 17 18 estilo Clássica É uma mulher que não segue modismos, apesar de se permitir usufruir da moda quando lhe convém, mesclando um toque fashion, quando necessário, às suas produções. Ela busca usar roupas sempre bem cortadas, em tons preferencialmente neutros (a clássica adora usar preto, branco, bege e toda gama que agrega o chamado nude, bem como o cinza em todas as suas variações), tecidos finos em roupas duráveis. Vale destacar que essa mulher sempre prefere ter poucas peças, mas todas elas de extrema qualidade, em vez de guardar muitas opções “descartáveis” em seu acervo. A mulher clássica não quer ser igual a todo mundo. Seu senso apurado para peças bonitas e composições classudas a ajuda nessa missão. A clássica sempre conseguirá usar com muita propriedade roupas básicas, dando a elas uma leitura sofisticada e autoral, afinal, ela não abre mão de ser o que é, mesmo em se tratando de uma camiseta branca e um par de jeans: uma mulher com um senso estético apurado, de muita opinião e, geralmente, de personalidade forte. Contemporânea Moderna, essa mulher é antenada em todas as transformações que acontecem no mundo e está sempre aberta ao novo, conseguindo assimilar com uma rapidez peculiar todas as inúmeras informações apresentadas. Ela consegue se recriar a todo tempo. Destemida, costuma enfrentar de cara mudanças abruptas, como cortar ou pintar radicalmente o cabelo e dar ouvidos a quem ela quer ser naquele “A clássica sempre conseguirá usar com muita propriedade roupas básicas” momento. Ela é sensível, o que, aliás, é importante para o seu senso apurado para a ousadia. E não espera acontecer. Simplesmente faz. Inova. Para ela, é melhor combinar uma peça Giorgio Armani comprada em Milão com uma sem marca garimpada naquele brechó ou feirinha bem “hype”, que encontrou em uma de suas andanças pelo mundo. estilo 19 20 estilo 21 estilo Às vezes, as suas combinações não são entendidas. Mas quem disse que ela se importa? Afinal, a contemporânea é naturalmente desapegada a rótulos e inevitavelmente estará sempre com um olhar mais adiante no tocante a roupas e afins. Poderosa Ela nunca passa despercebida. Além de ser muito simpática, inevitavelmente exala uma sensualidade natural, que a acompanha não necessariamente nas roupas, mas nos gestos, como o falar, andar e conduzir uma simples conversa. Muito feminina, sempre optará por fugir de qualquer combinação que a faça parecer com uma “mocinha”. Ela tem a plena consciência de que é mulher e do poder que tem nas mãos pela condição que ocupa, por isso, dificilmente largará o salto alto, cores mais quentes como o vermelho e peças com a sensualidade no DNA, como saias lápis e vestidos que modelam o corpo. Ela não é periguete, nada contra esse tipo, que também poderia ser tratado aqui como um estilo. Mas a poderosa sabe dosar. Não peca por excesso e usa a roupa a seu favor. Ela se conhece e entende os pontos que precisa valorizar e escon- der em seu corpo. Não força a barra, simplesmente é exuberante, brilhando sempre com muito bom gosto. Casual Essa mulher é a personificação da alegria. Preza bastante pelo conforto, o que não quer dizer que seja desleixada. Conforto não é ir ao supermercado de pijama, mas abrir mão de certas vaidades, seja por falta de tempo ou de apego a elas. Seria inevitável lembrar da mulher carioca, a mais esporte dentre todas para mim. Pele dourada, cabelos soltos ao vento, pernas de fora e “pés no um banho de mar, um passeio sem destino certo, uma viagem repleta de aventura, sempre acompanhada de uma roupa levinha e charmosa em linho ou algodão, que reflete o seu espírito libertário, composto por acessórios charmosos que sempre conferem ao “conjunto da obra” um tom original. O amor que ela tem pela vida é – contagiante. “Ela tem a plena consciência de que é mulher e do poder que tem nas mãos” chão”. Sempre atenta à saúde – o corpo em dia é quase uma regra para ela e é parte importante do seu estilo –, essa mulher está ligada ao que come e aos cosméticos que costuma usar – nada de cheiros fortes, a fragrância tem que exalar o seu frescor. Ela dá valor às pequenas coisas: um pôr do sol na praia, 22 capa capa Congresso de Tejucuapo Um traçado da bancada feminina na atual política brasileira por Talita Corrêa Maria Camarão, Maria Quitéria, Maria Clara e Maria Joaquina. As Marias de Tejucupapo formaram, em 24 de abril de 1646, a primeira resistência coletiva feminina de que se tem notícia neste país. Foram elas que, há quatro séculos, num domingo sem homens no distrito pernambucano, colocaram um exército de invasores estrangeiros para correr de suas terras e figuraram, como heroínas, uma das mais famosas batalhas do Brasil Holandês. Dispostas a proteger suas casas, seus plantios de mandioca e suas famílias, as guerreiras camponesas puseram água para ferver, colocaram pimenta em tachos e panelas de barro e, escondidas em trincheiras, usaram essa mistura para atacar os olhos dos soldados inimigos. Saíram vitoriosas, sem saber, àquela, época, que já estreavam o jeito feminino brasileiro de guerrear e fazer política. Hoje, nesse começo lento de 2016, as mulheres representam mais da metade da população do Brasil. No Senado Federal, 12 cadeiras são ocupadas por elas. Na Câmara dos Deputa- 23 24 capa capa dos, 51 nomes formam uma tímida bancada feminina. Ou seja, temos, atualmente, 63 mulheres dentre as 594 cadeiras do Congresso Nacional (10,6%). Para quem é bom de contas, mas ruim em história, vale explicar: são essas mulheres que andam trabalhando nas trincheiras do parlamento e brigando para assumir as atuais lutas do país, mesmo sem dispor de arsenal igual aos dos homens. Mesmo sem contar com suas armas de posicionamento social, de credibilidade profissional e de força patriarcal. Mesmo sozinhas. São essas mulheres que, de um modo geral, estão buscando alternativas originais e forças quase intuitivas para driblar a “Hoje, muitas mulheres podem desenvolver seu potencial de gestão pública. E essa capacidade vai muito além das paredes do Congresso. Em São Paulo, por exemplo, a maioria das lideranças de bairro é formada por mulheres. Elas não só brigam pela melhoria da vida de sua família, mas de toda a comunidade. Cobram por vagas em escolas, como também estão atentas à verba que o município dispõe à educação. Enquanto era vereadora, recebia muitas mulheres em meu gabinete que reivindicavam acessos, tratamento adequado para o filho, transporte adaptado, medicamentos, igualdade... Elas carregavam consigo virtudes que todo político deveria ter: sensibilidade e forte envolvimento com questões sociais, características que, para muitos homens, exigem um esforço maior para aflorar. Meu objetivo é trabalhar por um Congresso que represente de fato a voz das pessoas, sem roubalheira e corrupção. A população brasileira está carente de bons exemplos na política e de um olhar mais humano para questões preponderantes, como a educação e a saúde.” Deputada Federal Mara Gabrilli (PSDB / SP) desigualdade de gênero e falta de espaço e representação na esfera pública. São elas que, com água fervente nas mãos, vêm incomodando e surpreendendo diariamente os militantes do machismo político. Esta matéria de capa da segunda revista OF é justamente um traçado do Congresso Nacional Feminino, o novo Congresso de Tejucupapo. Para construí -lo, entramos em contato, por e-mail ou telefone, diretamente ou através de assessoria, com todas as deputadas federais do país, e com parte das senadoras eleitas. Um trabalho de mais de três meses que ensaia, por fim, um perfil da congressista brasileira. Na Câmara dos Deputados, so- 25 Na página de abertura, a deputada federal Mara Gabrilli, do PSDB / SP. Abaixo deputada federal Elcione Barbalho capa 26 capa “O Congresso não só é predominantemente masculino, como também é ultraconservador. Pautas importantes como direitos sexuais e reprodutivos não encontram muto espaço para o necessário debate e, no contexto atual, prevalecem as pautas que em nada contribuem para o necessário e efetivo combate à desigualdade de gênero. Como relatora da Lei Maria da Penha, acredito ser fundamental manter essa pauta viva na política. As mulheres vítimas deste tipo de violência precisam, cada vez mais, encontrar serviços disponíveis para sua proteção e atendimento.” Deputada Federal Jandira Feghali (PCdoB / RJ) mos em grande número jovens e com DNA político na família. Isso significa, de um modo geral, que ainda, e infelizmente, dependemos muito dos homens para abrir as portas das candidaturas e fiar nossa credibilidade diante do eleitor brasileiro. Os exemplos são muitos: formada em direito, Bruna Furlan (PSDB-SP) foi reeleita deputada federal em 2014 e é filha do ex-prefeito de Barueri. Também formada em direito, Ana Perugini (PT-SP) ajudou a fundar o PT em Hortolândia (SP) e é mulher do ex-prefeito da cidade. Raquel Muniz (PSC -MG) é médica e primeira-dama de Montes Claros, em Minas “O número de mulheres no Parlamento brasileiro não reflete a nossa representação na sociedade. Este já é um primeiro grande desafio: aumentar a participação feminina na política e nas instâncias de poder. Além disso, enfrentamos os problemas que as mulheres enfrentam em seu cotidiano, nos lugares de trabalho ou estudo: expressões de machismo das mais variadas formas, somos subestimadas e temos que nos impor para garantir espaços e representação.” Deputada Federal Luciana Santos (PCdoB / PE) Gerais. A deputada Rejane Dias é mulher do governador eleito do Piauí, Wellington Dias. Renata Abreu (PTN-SP) é filha do ex-deputado José de Abreu e dirige o Centro de Tradições Nordestinas. Shéridan (PSDB -RR) foi secretária da Promoção Humana e Desenvolvimento em Roraima, de 2008 a 2014, no governo de José Anchieta, seu marido. Jornalista e filha do ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho (PR), Clarissa Garotinho (PR-RJ) é de Campos dos Goytacazes (RJ), cidade que tem sua mãe, Rosinha Garotinho, como prefeita. A deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) é formada em direito e filha do ex-deputado Roberto Jefferson. Além do estigma de deputadas -peixe (aquelas introduzidas na política por maridos ou pais), muitas das mulheres hoje eleitas precisam lidar com o posto infame de “musas da bancada”. 27 28 capa capa mulheres da política, também temos muita sensibilidade e privilégios em comum. “As mulheres ainda não têm no Brasil condição de concorrer em igualdade com os homens. Mas temos qualidades que não podem ficar de fora da vida política do país”, avalia a senadora Marta Suplicy (PMDB/SP), que tem reivindicado uma cota mínima de 30% das cadeiras nos parlamentos para mulheres e foi a primeira mulher vice-presidente do Senado Federal. Nossas histórias pessoais como mães, militantes feministas, atletas de superação e profissionais engajadas são panos de fundo poderosos para nossas propostas e nossas bandeiras no parlamento. Reeleita, Mara Gabrilli (PSDB-SP) é publicitária e psicóloga e se tornou vice-líder do PSDB na Câmara no primeiro mandato. Tetraplégica após sofrer acidente de carro aos 19 anos, ela foi secretária da Pessoa com Deficiência, vereadora de São Paulo e é fundadora do Instituto Mara Gabrilli, que defende os direitos das pessoas “A própria presença da mulher nos debates demonstra que ela não está ali apenas para esquentar uma cadeira. Ela quer participar dessas decisões. No meu caso, levo muito a sério o mandato, por exemplo, sendo assídua. É importante ter sido listada entre os 4% dos deputados que não registraram nenhuma falta em 2015, apesar dos problemas que enfrentei, de ter passado seis meses iniciais do mandato em uma cadeira de rodas, em função de uma cirurgia. Acho que isso é uma demonstração de que quero fazer diferença na política.” Deputada Federal Conceição Sampaio (PP/AM) Faz tempo que veículos de comunicação digital insistem em promover concursos de beleza com as representantes públicas, criando campanhas inúteis e constrangedoras, nas quais o contexto masculino raramente é inserido. Para algumas, o fardo é contornável. “Sou mulher e sou política, e tenho orgulho disso”, substancia a roraimense Sheridan, que não abre mão do batom vermelho, do salto alto, do cabelo escovado e das selfies no Instagram, onde tem quase 40 mil seguidores. Isso só prova que as antigas contendas da mulher brasileira são parecidas em todos os espaços – da Câmara à própria casa. Lidar com assédio moral, pormenorização de sua vaidade, desprezo intelectual, ridicularização e silenciamento é o calvário de todas. Mas, para além dos nossos entraves, como mulheres anônimas, e como 29 “Decidi desde o início lutar contra a sub-representatividade ao homenagear, com minha roupa de trabalho, as sufragistas. Assim como elas, decidi que o meu ‘uniforme’ seria o terno e gravata. Elas lutaram para que nós, mulheres, tivéssemos direito ao voto e, com isso, chegamos aqui. Agora é nossa vez de lutarmos por mais mulheres na política.” Deputada Federal Raquel Muniz (PSC / MG) 30 capa capa “Os desafios são parecidos com os que encontramos no mercado de trabalho. Primeiro, sua capacidade é questionada, embora ninguém o diga abertamente. E sendo jovem, mais ainda. Mas, aos poucos, a gente vai mostrando o nosso valor, nossa capacidade de articular, de criar projetos e discutir em pé de igualdade. Fora isso, temos como desafios a tripla jornada, de parlamentar, esposa e mãe. Tem uma frase que eu gosto muito. Quando a mulher entra na política, a política muda essa mulher, mas quando várias mulheres entram na política, são elas que mudam a política. Não desmerecendo os homens, a mulher é mais sensível, mais humana, mais disciplinada e mais preocupada com o amanhã.” Deputada Federal Renata Abreu (PTN / SP) com deficiência. De Curitiba (PR), a empresária Christiane Yared (PTN-PR) foi a candidata a deputada federal mais votada em seu estado, com 200.144 votos. Iniciou a trajetória política com a fundação do Instituto Paz no Trânsito, após perder um filho em 2009, em acidente que envolveu um ex-deputado estadual que dirigia embriagado. Jornalista, Eliziane Gama (PPS-MA) foi a candidata a deputada federal mais votada do Maranhão, com 133.575 votos. Após dois mandatos como deputada estadual, é presidente da Comissão de Meio Ambiente e já presidiu a CPI de Combate à Pedofilia e Abuso Sexual Infantil, a Comissão de Direitos da Mulher, a Comissão de Direitos Humanos e a Comissão de Infância, Juventude e Idoso. Essa nossa vivência pessoal é “O primeiro desafio é o de romper a invisibilidade. Os ternos e gravatas ocupam os espaços parlamentares de uma forma avassaladora. Fazerse respeitar pela competência necessita uma multipresença, opinandose sobre variados temas. Ser escutada exige mais do que falar, exige conhecimento, firmeza e articulação. Daí a importância de se garantir a presença da mulher nas estruturas de poder das casas legislativas. O fato de ser mulher não garante a diferença. Há muitas parlamentares mulheres que têm uma visão machista da vida. Há mulheres que se incorporam à política como parte de uma herança familiar. Fazem a diferença as mulheres que têm uma visão progressista e generosa do mundo e do país em que vivemos. Que compreende que a vida da mulher só melhora se a vida de todos também melhorar. A partir daí a mulher faz a diferença porque vive mais de perto o sofrimento cotidiano do que lhe está em torno.” Deputada Federal Jô Moraes (PCdoB/MG) 31 capa 32 capa 33 “Nosso principal desafio é aumentar nossa representatividade em todas as esferas de poder. Precisamos de equiparação, somos minoria absoluta, e é justamente por isso que, entre tantos de nossos projetos, ingressei com um projeto de lei que garanta que, se houver a saída de qualquer parlamentar do legislativo, a convocação deverá ser de uma suplente também do sexo feminino, independentemente de sua colocação, para preenchimento da vaga. Procuramos desenvolver um mandato plural, que atenda às necessidades de diversos segmentos da sociedade brasileira, porém, existe um olhar diferenciado em nossos projetos quando o assunto é a defesa dos direitos da mulher, e da mesma maneira, nas ações para coibir as práticas e endurecer as leis contra o racismo no Brasil. Represento a fatia que mais sofre discriminação, que é a mulher negra.” Deputada Federal Tia Eron (PRB / BA) rica e determinante não somente na proposição autoral de leis, mas também na discussão de pautas trazidas por nossos colegas homens. No final de 2015, por exemplo, quando o projeto que dificulta o aborto legal em caso de estupro foi apresentado pelo presidente da Casa, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), 27 das nossas deputadas se declararam contra o projeto; apenas quatro foram a favor – Dulce Miranda (PMDB-TO), Gorete Pereira (PR-CE), Renata Abreu (PTN-SP) e Shéridan (PSDB -RR) – e 19 não opinaram. Com opiniões e posicionamento quase sempre comprometidos, a mulher política – na Câmara, no Senado, na presidência e numa única vaga atual de governadora – age com conhecimento de causa. As trincheiras que se alarguem. Ainda vem muita resistência por aí. – “Para reverter essa situação secular de desigualdade é que se formou a Bancada Feminina na Câmara, cujo objetivo é fazer valer nossos direitos. Graças ao nosso empenho, o Parlamento tem produzido avanços significativos na legislação, e a Lei Maria da Penha, de 2006, representa um marco nessa luta. O combate às desigualdades salariais, a proteção da mulher no mercado de trabalho, a melhoria nas condições de saúde sexual e a ampliação dos direitos das empregadas domésticas estão entre os principais compromissos de nossa bancada.” Deputada Federal Alice Portugal (PCdoB / BA) 34 bem estar bem estar O que é preciso para ser uma doula Trabalhar com assistente de parto requer, mais do que amor e paciência, vontade de aprender e de se doar por Josilene Corrêa Doula. Essa palavra de origem grega, que significa “mulher que serve a outra mulher”, ficou mais conhecida nos últimos tempos, quando a importância do parto humanizado passou a ser discutida com afinco nas redes sociais e nos grupos feministas. As doulas costumam ser mais lembradas como “anjos das parturientes”. Aquelas que permanecem ao lado da mãe, com afeto, firmeza e paciência, desde as primeiras contrações até a primeira mamada do bebê. É impossível dizer, ao certo, quando a função das doulas surgiu, já que antes essa assis- tência era feita pelas mulheres da família das grávidas. Mas sabe-se que, mais ou menos na década de 70, a doulagem começou a virar uma profissão. Na prática, é um trabalho que surgiu da necessidade de preencher uma lacuna que estava perdida em meio à impessoalidade dos hospitais. A doula oferece suporte afetivo, físico, emocional e fornece todo o seu conhecimento para as mulheres, antes, durante e depois do parto, tirando dúvidas e orientando-as para esse momento único na vida delas, e proporcionando à gestante a experiência de parto mais positiva possível. 35 36 bem estar Para realizar esse serviço, ela precisa fazer um curso específico para que encontre a melhor forma de atender as necessidades da mulher que vive a expectativa de ser mãe. Geralmente, a parturiente fica assustada com o ambiente hospitalar e com medo da dor do parto, e a presença da doula dará apoio e segurança para enfrentar tudo com mais naturalidade. Mas o trabalho de uma doula também pode ser necessário bem antes disso, orientando os pais na escolha do parto, explicando as vantagens e desvantagens de cada tipo. Durante o parto, ela faz massagens relaxantes e ajuda a mulher a encontrar a melhor posição para o nascimento do bebê, ensinando técnicas de respiração para aliviar as dores. Ela também propõe outras medidas que podem “A doula dará apoio e segurança para enfrentar tudo com mais naturalidade” aliviar as dores e relaxar, como é o caso de um banho quentinho. E orienta o companheiro a oferecer apoio e conforto à mulher, pois a participação dele é muito importante nesse momento tão delicado, principalmente para as “marinheiras de primeira viagem”. Muitas mulheres sonham em ter um parto normal, mas ficam apavoradas diante da possibilidade de sentir dores insuportáveis e, assim que descobrem a gravidez, já deixam a cesariana agendada. A presença da doula dá suporte físico e emocional à gestante, fazendo com que ela reconsidere ter 37 bem estar Uma doula não pode substituir a presença de um médico ou de uma enfermeira na hora do parto um parto normal e vivencie essa experiência sem muitos traumas. Elas têm conseguido diminuir em 50% os índices de partos cesarianos, porque o apoio recebido aumenta as sensações de bem -estar da gestante. A atuação da doula é reconhecida e estimulada pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial de Saúde (OMS), considerando os inúmeros benefícios que ela traz. Benefícios estes que são comprovados cientificamente, surpreendendo pela redução das intervenções e complicações obstétricas. Seu papel é oferecer segurança e tranquilidade à parturiente, mas ela não substitui o médico nem a enfermeira. Segundo pesquisas, a presença de uma doula faz com que o parto seja mais rápido e necessite de menos intervenções médicas. Além disso, a presença dela reduz o risco da depressão pós-parto e a incidência de infecção, já que diminui o tempo de internação. Além dos benefícios citados, não podemos esquecer o incentivo ao resgate da tradição, segurança e simplicidade do parto normal. São várias as experiências favoráveis de partos com a participação de doulas, e se a mulher puder dispor desses serviços, vale a pena investir no seu bem-estar! Mariana Bahia ([email protected]) trabalha como doula, em Recife, há um ano e meio. Ela trabalhava como advogada, quando começou a militar no movimento do par- to humanizado. Depois de um ano largou a advocacia, fez o curso de doula no Gama, em São Paulo, e vem se dedicando a essa profissão com muito amor. Atualmente, arranja um tempinho para estudar enfermagem. Ela acredita que o suporte emocional é importantíssimo, pois ajuda a gestante a encarar o momento do parto com mais tranquilidade, já que elas podem não ter apoio da família e se sentir sozinhas nessa caminhada pela busca do parto normal. O trabalho de Mariana consiste em dois encontros antes do parto, o parto e um encontro pós-parto, custando R$ 1.000. Ela destaca que as doulas são as profissionais mais mal remuneradas do parto, já que são as primeiras a chegar e as últimas a sair. Segundo ela, os honorários no Recife giram em torno de R$ 600 a R$1.300. Para Mariana, é o boca a boca quem faz a doula se tornar conhecida, mas a rede social também contribui para isso. – Guia OF Contato de Mariana Bahia: [email protected] Ando (Associação Nacional de Doulas): www.doulas.org.br Alma Midwifery (centro americano de parto humanizado que ilustra a matéria): almamidwifery.com 38 perfil perfil 39 Trilhando a própria história Proprietária da Aramell, a empresária Lia Coutinho Araújo tira proveito da crise para se reinventar e reposicionar sua marca no mercado por Talita Correa fotos Gabriela Drewes Quando trocou o Ceará por São Paulo, para ficar mais perto dos seus concorrentes no ramo da moda, a empresária Lia Coutinho Araújo, 40 anos, sabia que o sucesso não viria a galope. Ao contrário, com formação em economia, Lia sempre escolheu planejamento, persistência e pés no chão para trilhar a própria história profissional. Em 2009, ao lado da irmã Márcia Meller, fundou a fábrica de moda feminina Aramell, com foco no private label, sendo responsável pela produção em larga escala de roupas para grandes marcas nacionais. A empresária mulher No fim de 2015, as sócias decidiram reposicionar a empresa, estudar o mercado e investir na criação de uma marca própria, de olho na nova identidade da mulher brasileira, cada vez mais versátil e independente. O resultado pode ser visto na coleção 2016 da Aramell, a primeira da grife, que traz peças feitas em diversas matérias-primas e estamparia, com qualidade e preço justo, segundo Lia. “Com a crise abalando todos os setores, sentimos que estávamos sendo muito afetadas. Nesse momento, resolvemos agir rapidamente, mudar o modelo de negócio e focar na marca Aramell, que todos esses anos ficou tímida, atrás de outras grandes marcas. Assim, resolvemos colocá-la no mercado, com uma identidade marcante. É um projeto embrionário, estamos na primeira coleção e atuando nos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Bahia, Es- pírito Santo, Tocantins, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina. Temos apostado muito, e nossa missão é sermos reconhecidas como uma marca de moda antenada e de qualidade, com preço acessível.” Nascida no Maranhão e com história profissional iniciada em Fortaleza, Lia procura colocar nas produções toda a influência de cores, conforto e criatividade que suas raízes nordestinas trazem. Mesmo com planos de expansão, a Aramell é uma referência de empresa familiar que deu certo, se reinventou e cresceu. A comunicação direta com o desejo da consumidora brasileira sinaliza a gestão detalhista e contumaz de Lia, com uma visão de negócios pragmática, mas também afetiva e sonhadora. perfil 40 A mulher empresária Eu sou... persistente, perfeccionista, determinada. Eu faço... o melhor da vida. Meu maior bem... é meu filho, minha família. O bom da vida... são os desafios. O melhor da minha profissão... é criar e se reinventar sempre. Tenho medo da... falta de humanidade e violência. Não dá para viver sem... família. Férias ideais... na Europa. Sinto falta... do mar. Um supérfluo necessário... óculos escuros. Um presente marcante... quando fiz 33 anos, minha irmã e meu cunhado fizeram um vídeo contando minha trajetória de vida. Foi muito emocionante! Destaque da moda nacional... gosto muito da Gloria Kalil. Lugar ideal para morar... onde exista qualidade de vida. Lugar ideal para trabalhar... na Aramell. Eu acredito... na força do pensamento. Moda é... bom senso. Se eu não fosse empresária... seria psicóloga. Estilo favorito... confortável. Meu guarda-roupa tem... cor. Na bolsa não falta... batom. Detesto... mentira, falsidade. Amo... o melhor da vida. No trabalho eu sou... perseverante, idealista, flexível. Em casa eu sou... despojada. Conselho que eu daria... persistir sempre, desistir nunca. “Resolvemos colocá-la no mercado, com uma identidade marcante” embarque imediato 42 Jeri é logo ali Por que as praias do vilarejo cearense arrebatam os corações de tantos viajantes por Talita Corrêa embarque imediato 43 44 embarque imediato embarque imediato “Jacaré tomando sol.” Ao pé da letra, esse é o significado do nome Jericoacoara. Ao pé do mar, com vista pras dunas e pras lagoas de geografia única, Jericoacora significa paraíso. Mas se você for do tipo de viajante apaixonado por praia e simplicidade, fique à vontade para chamar a pequena vila cearense de Jeri. Jeri merece, mas dispensa apresentações. Nos últimos anos, ela tem se tornado o destino preferido de famosos, de amigos à procura de aventura e de casais em lua de mel. De Fortaleza até lá são 300 quilômetros de estrada. De ônibus, contando as possíveis paradas programadas, esse percurso pode 45 durar até seis horas. Quando o itinerário acaba, na altura do município de Jijoca, o viajante ainda precisa subir numa jardineira e seguir mais uma hora “Fique à vontade para chamar a pequena vila cearense de Jeri” de passeio pelas dunas. Se ele for esperto, vai escolher fazer esse trajeto à noite, com o céu estrelado iluminando a paisagem e oferecendo o primeiro espetáculo da viagem. Com redes colocadas dentro da água, as lagoas são alguns dos atrativos mais especiais e famosos de Jericoacoara 46 embarque imediato “Além de sossego e descanso, Jeri também oferece adrenalina e agitação” Roteiro de paradas obrigatórias em Jeri: Duna do Pôr do Sol, Pedra Furada e Lagoa do Paraíso embarque imediato O esforço para ter Jeri nos braços termina aí. Depois de alcançar suas ruas de terra batida e com pouca iluminação, o viajante é capaz de se sentir isolado do mundo real. Mas, além de sossego e descanso, Jeri também oferece adrenalina e agitação. À noite, seu centrinho é movimentado por sotaques de todo o mundo e gente à procura de interação. O Samba Rock, bar mais animado do lugar, tem sempre na programação boa música ao vivo, do reggae à MPB. Pela manhã, os aventureiros podem encarar passeios de quadriciclo pelas dunas, aulas de kitesurf e mergulhos nas lagoas. Quem não gosta de esportes, mas faz questão de conhecer todos os pontos turísticos da região, deve contratar um bugueiro para conhecer a Lagoa do Paraíso, onde é possível deitar em redes instaladas dentro da água; a famosa árvore da preguiça, que é vista na horizontal, devido à transformação das dunas; e a também conhecida pedra furada, capaz de render registros incríveis. O valor desse passeio, que dura um dia inteiro de sol, é de R$ 300, e média, e todas as pousadas têm prestadores de serviços confiáveis para indicar. Na outra direção de Jeri, o turista pode fazer um trajeto que inclui o mangue seco, com uma incrível formação natural de raízes aéreas; um viveiro natural de cavalos marinhos; e a Duna do Funil, onde é possível se arriscar no esquibunda. 47 Para fechar a maratona de suspiros, vale uma paradinha na Duna do Pôr do Sol, onde o protagonista é, claro, o entardecer, que pode ser acompanhado de rodas de capoeira e de dança, ou de silêncio e contemplação. Depois de tanta energia gasta, Jericoacora não desaponta na hora de matar a fome. A vila é recheada de restaurantes dignos da alta gastronomia. O Bistrogonoff tem massa deliciosas, um pão artesanal da casa que derrete na boca e preços bem atrativos. Para quem quer mais opções para pesquisar, é bom anotar: o Na Casa Dela é sinônimo de aconchego, 48 embarque imediato embarque imediato 49 Essenza Hotel, Vila Kalango e pousada La Villa: hospedagens para todos os bolsos e públicos “Existe Jeri para todos os gostos, todos os bolsos e todos os corações” o Tamarindo tem um peixe tropical maravilhoso e o Gelato & Grano é parada obrigatória para quem gosta de sorvete na sobremesa. A variedade quando o assunto é hospedagem também é bem grande, desde hotéis luxuosos, como o Essenza, com piscina individuais nas varandas dos quartos, e diárias a partir de R$ 1.300, a opções mais rústicas, como a Vila Kalango e a La Villa, que chegam a custar menos da metade desse valor. Ou seja, existe Jeri para todos os gostos, todos os bolsos e todos os corações, desde que estes últimos sejam bem grandes... A paixão pela vila costu– ma ser arrebatadora. dicas Em Jeri não há bancos nem caixas eletrônicos, leve dinheiro em espécie para despesas menores e use cartão de crédito Guia OF Bistrogonoff Endereço: Beco do Guaxelo Telefone: 88 3669-2220 Facebook: Bistrogonoff Jericoacoara ou débito nas lojas e restaurantes. Dispense o salto alto. Jeri é toda de terra batida e o clima é de despojamento, mesmo à noite. Nas épocas chuvosas (de março a maio, ou um pouco antes), Jeri tem mais moscas e outros insetos. Leve repelente no nécessaire. La Villa Jericoacoara Endereço: Rua Nova Jeri, 17 Telefone: 88 9921-2947 lavilla-jeri.com Essenza Hotel Avenida Beira Mar, s/n Telefone: 88 99989-0040 essenzahotel.com.br Cooperativa dos Bugueiros Telefone: 88 9943-0999 50 giro gastronômico giro gastronômico 51 Requinte e simplicidade sem afetação A assinatura do chef Kiko Selva na alta gastronomia pernambucana texto Estevão Soares e Talita Corrêa A paixão de Kiko Selva pela gastronomia começou ainda na infância. O mais novo de três irmãos, o pernambucano sempre foi fã de programas de culinária, e passava horas diante da TV acompanhando programas como de Ofélia Anunciato e anotando todas as receitas. O encanto pelo mundo da cozinha foi precoce e legítimo, e não precisou de influência familiar. Kiko lembra que sua avó paterna era uma quituteira de mão cheia, com vários livros de receitas guardados, mas que ela morreu antes haver convívio entre os dois. “Quando ela fale- ceu, eu tinha 2 anos. Então, isso deve ser alguma coisa de sangue, que está lá”, aposta o chef. Apesar do incentivo do pai, que dizia “ainda vou abrir um restaurante para você”, Kiko chegou a viver um hiato nessa história de amor com as panelas na adolescência: “Acabei deixando a culinária de lado pelo fato de ter engordado muito. Cheguei a pesar 124 quilos. Foi por uma questão minha, pela busca deemagrecer e pela vaidade, que falaram mais alto naquele momento”. Na adolescência, fez um intercâmbio nos Estados Unidos e perdeu 30 quilos, já que andava diariamente um longo caminho entre a casa e a escola, enquanto no Brasil contava com mordomias como motorista particular. Ao voltar para o país em 1996, Kiko, já em forma, reatou com alta gastronomia e reacendeu a antiga paixão. O equilíbrio entre saúde e comida incluía uma rotina de exercícios na já extinta academia Performance, em Recife. A então dona da academia era Lilia Santos, empresária que montou a multimarcas Dona Santa | Santo Homem, regida ao lado da filha, Juliana Santos. E é justamente num cantinho da luxuosa maison da DSSH, giro gastronômico 52 na zona sul de Recife, que Kiko mantém, há seis anos, o badalado It Bistrô. A ideia original do restaurante é do chef Douglas Van Der Ley, com quem Kiko fez estágio. De estagiário a proprietário, é lá que hoje Kiko cria pratos cheios de personalidade e sabor – como o camarão indiano em crosta de coco com chutney de manga –, e emprega os conhecimentos que reuniu no curso de gastronomia e nas especializações que fez no Instituto Mause Sebbes , na Argentina. Sua marca, essa união de simplicidade e requinte sem afetação, como ele mesmo fala, já foi mais que aprovada pela equipe OF no final de 2015, quando oferecemos um chá da tarde a algumas amigas e parceiras e contamos com o menu elogiadíssimo de Kiko. Como começou sua história com o It? Na época, soube que o chef Douglas iria abrir o It e lhe pedi uma oportunidade de estágio, e ele me abriu as portas. A experiência durou uns sete meses. No período, Douglas tinha mil projetos, inclusive negócios em São Paulo e Salvador, e ele observou que eu tinha potencial, que cuidava do restaurante como da minha casa, o que talvez tenha dado tranquilidade para ele se afastar do negócio. Então Dona Lília e Juliana me convidaram para assumir. Um convite desafiador, que aceitei. O primeiro ano foi difícil, mas, com persistência e por acreditar que este é o meu trabalho, as coisas foram crescendo. giro gastronômico Udigendi dolorum ea nulpa dolecusti de lacesequia dolo corerspelia vent et harchicabore conseria dolorum commos dolorruptus de lit, aniatemped molorit quia seque sim ea que Você é sempre visto muito bem-vestido, circulando pelas altas rodas sociais. Qual o seu estilo quando o assunto é moda? Eu gosto da tradição com um pouco do arrojado, mas nunca fugindo do requinte, do clássico, nunca caminhando para algo muito diferente. “O primeiro ano foi difícil, mas, com persistência, as coisas foram crescendo” Como sua infância influenciou na construção da sua história profissional? Quando criança, não tive muito contato com pessoas da minha idade. Meus fins de semana eram no campo com pessoas mais velhas. Quando olho para trás, vejo que isso foi muito bom para ser o profissional que sou hoje. O Kiko Selva é diferente dentro e fora do restaurante? Por que sua timidez é uma questão tratada na análise quinzenalmente? É muito bom o reconhecimento pelo meu trabalho. A responsabilidade aumentou e os cabelos brancos também. Atuo em uma área onde coloco minha cara e habilidades à prova. O profissionalismo não me deixa sair do eixo ou ser prepotente. Mas eu me permito desestabilizar quando estou no divã. É lá que saio do trilho e procuro me ajustar. Na gastronomia sou mais extrovertido e comunicativo. Fora do restaurante, entre amigos e familiares, sou muito reservado, de hábitos caseiros. Gosto de viajar, estar na praia ou campo com meu cachorro, curtir um momento de paz ouvindo uma boa música e tomando um bom vinho. Prefiro mil vezes isso a ir a uma festa badalada. Conservador nas ideias, é no fogão que o chef inova, sem fugir da sua essência. A proposta do It não é uma experiência às cegas. A cada ano, mesmo com todas as dificuldades, o chef colhe frutos do seu esforço, com sua equipe de nove profissionais. Kiko Selva virou uma marca, e seus pratos – já falam muito sobre ele. 53 54 comportamento comportamento 55 Relacionamento de sogra x nora Estereótipos à parte, os entraves dessa relação antiga, delicada e inevitável por Rose Blanc Segundo pesquisas, o brasileiro considera a felicidade da família item primordial. No entanto, muitas mulheres reclamam de suas relações com a sogra. Será que essa relação é complicada apenas pela existência do estereótipo da madrasta perversa X princesa indefesa? Por que razão a sogra tem má reputação? Talvez a explicação seja histórica, já que o homem trazia a esposa para morar junto com a família, e a submissão da nora para com a sogra fazia com que a convivência nem sempre fosse das melhores. Devido à construção patriarcal que envolvia a instituição homem-mulher-família, as mulheres foram criadas para se casar e serem donas de casa, e os homens, para serem reflexão 56 provedores. O que acontecia era que, quando um dos que sustentam financeiramente a família começaram a sair de casa para formar um novo lar, a esposa ganhava status de dona da casa e consequentemente rival para aquela mãe, a qual ele deveria sustentar. Talvez isso também explique porque a relação das sogras com genros é melhor do que a das sogras com noras. Dentre as noras, a maior reclamação é que a sogra, se apro- veitando da autoridade de mãe, quer meter o bedelho na vida do filho: saber de tudo, criticar tudo o que for relacionado à esposa do seu filhote, que a nora ousou roubar! Sogras assim quase sempre querem ser as que fazem melhor, conhecem melhor, amam melhor etc. São mulheres castradoras e querem fazer parecer que a mulher que seu filho escolheu não tem virtudes. Em suma, aquela esposa não é suficientemente boa para seu filhinho querido... 57 Na verdade, seu relacionamento com sua sogra vai depender do link que ela estabeleceu com o filho durante toda a vida. Por exemplo: o filho chegou a certa idade, geralmente ente 20 e 25 anos, e a mãe não deixou que ele ganhasse autonomia tornando-se independente? Ou, ao contrário, cortou o cordão umbilical e aceitou que ele poderia ser feliz tendo outra mulher importante na sua vida – a esposa? Quando a relação mãe-filho é de possessividade, o filho pode se tornar um adulto inseguro, que sofre constantemente do conflito: ser leal e ficar do lado da mãe que o criou com tanto amor e zelo ou ficar com sua esposa, que, afinal, é estranha à família. Se esse filho for filho único, então, nossa senhora! Essas mães se consideram mais maternais que as outras. Mas vamos combinar... que amor é esse que não dá o direito ao filho a ter vida própria? Na verdade, na vida real, a mãe, por mais amorosa e ciumenta que seja, não precisa obrigatoriamente ser vista como possessiva ou neurótica. O filme A Sogra, com Jennifer Lopez e Jane Fonda, é um exemplo clássico da relação estereotipada – e às vezes cômica – entre sogras e noras E o filho não precisa ficar dividido entre o amor materno e o amor de sua mulher, pois são amores muito diferentes. O ideal seria que as mulheres no início de um relacionamento pudessem detectar em seu parceiro características de “filhinho da mamãe”, aquele que se recusa a ser independente, sem vida pessoal desatrelada da figura materna. Geralmente esses homens são mimados, presunçosos, narcisistas, e extremamente egoístas. Mas se o caso não for este? Se você encontrou um homem normal, vá em frente e encare a sogra numa boa, pois o ideal é não rotular a mãe de seu amado de megera só porque será sua sogra. Se não houver sinais negativos na criação, não se deixe influenciar pelo esteriótipo negativo “sogra versus nora”. Seria péssimo iniciar uma relação com sua sogra já imaginando dificuldades no relacionamento, isso comprometeria a capacidade de ver qualidades que provavelmente sua sogra terá. Se você procura uma relação familiar saudável, tanto com a sogra quanto com seu côn- “O filho não precisa ficar dividido entre o amor materno e o amor de sua mulher, pois são amores muito diferentes” 58 reflexão 59 juge, não deve permitir cair em armadilhas no dia a dia. Conviver é difícil, mas com paciência e sobretudo com amor, procure estabelecer certos limites, mantendo sua vida familiar harmoniosa. Aqui estão algumas dicas para lidar com situações que podem ajudá-la: “Conviver é difícil, mas com paciência e sobretudo com amor, procure estabelecer certos limites” No cinema, a briga entre sogra e nora tem final feliz e é conduzida com amor e humor. A vida real também pode ser assim Tome atitudes – Serve pra sogra palpiteira, que tenta resolver questões sem a autorização do casal. Se casa é sua e de seu marido, as regras também são. Coloque a sua opinião com firmeza, entretanto, com educação. Estabeleça certos limites – Eles servem para barrar educadamente a sogra intrometida. Combine estratégias com seu parceiro. Se sua sogra é ciumenta – Procure não ser sua rival. Deixe que seu marido a visite e se relacione como de costume. Com tato, demonstre que você não é uma ameaça. Sogra amiga da ex – Caso o assunto descambe para elogios à ex, saia de perto e deixe-a saber que você não gostou de presenciar o assunto. Aja com diplomacia, tentando trazê-la para o seu lado. Não bata de frente, finja-se de boba – Serve para estancar conflitos com sogras manipuladoras, que geralmente provocam a nora a toda hora. Deixe que suas palavras entrem por um ouvido e saia pelo ou- tro. Isso com certeza irá cansá-la, poupando a família de conflitos desnecessários. Elogie suas qualidades – Afinal, ela deve ter inúmeras prendas domésticas, inclusive culinárias. Aproveite! Torne-a necessária – Deixe-a viver sua vida de avó com seus filhos e de mãe com seu cônjuge. Faça-a uma aliada na ajuda com os netos, por exemplo. Amor ela tem de sobra, e não vão ser os momentos que ela irá passar junto às crianças que irão estragá-las. Sempre agradeça sua disponibilidade, lembrando que você também será vovó um dia. A coisa mais importante é permanecer aberta no relacionamento com sua sogra, mesmo que por vezes seja difícil. Ceda para o bem-estar da família. – reflexão reflexão 61 Ser feminista é estar à prova foto iStockphoto 60 por Talita Corrêa Feminismo. Do verbo ainda lutar. Do tempo não desistir. Do sujeito ela por ela. Do futuro quase perfeito. Do presente enfim. Feminismo. Do infinitivo não terminar. Do transitivo somente seguir. Do adjetivo do que é direito, do advérbio sem se resumir. Orgulhosamente. Insistentemente. O coletivo do eu. O singular do agora. O concordar com aqui. Feminismo. Nos livros das escolas, nas gramáticas dos ensinos, nas salas, nas praças, nas telas, nas câmaras, nas rodas, nos templos. Nas sílabas dos neologismos. Feminismo do substantivo não substituir. Do inflexível não sucumbir. Do pretérito consertado. Feminismo nas contas. Nos filmes. Feminismo acentuado. Feminismo sem graus nem classes. Sem relativos de superioridade. Feminismo de mães, de irmãs, de Estado e de sociedade. Feminismo pronomes. Por homens. Por nós. Feminismo por uma nova linguagem. Feminismo dos gêneros e do artigo A. Do latim. Do grego. Dos sem nação. Feminismo da língua, dos seios, dos corpos, da interjeição. Feminismo semântico, vocá- bulo, discutido, reformado. Feminismo-fonema, da rima com o que é respeitado. Preposição de. Propor ir. Propor ser. Propor ter. Antes de, durante, depois. Feminismo, sim. Prefixo de igualdade. Sufixo de justiça. Uma palavra primitiva. Um radical de coragem. Feminismo sem abreviações, sem preconceitos, sem inverdades. Feminismo inteiro do glossário. Das ruas, das letras, dos sinônimos de aprendizagem. Feminismo trava-língua, solta a mente, tira a crase. Feminismo afirmativo. Maiúsculo. Tônico. Redondo. Plural. Fe-mi-nir. seus direitos seus direitos foto iStockphoto 62 63 Cirurgia plástica não é contrato de risco O paciente insatisfeito com o resultado de um procedimento estético pode entrar na justiça contra o médico escolhido por Gustavo Moura Lélis Há muito que o Brasil passou a figurar entre os líderes mundiais em números de cirurgias plásticas por ano. Para se ter uma ideia, entre 2013 e 2014, os brasileiros chegaram a fazer quase 3 milhões de procedimentos desse tipo, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Por vezes, a cirurgia é programada com anos de antecedência, dado o elevado valor do procedimento e o grande peso emocional que envolve. Ademais, com a tecnologia hoje disponível, já se consegue simular virtualmente o resultado a ser alcançado, possibilitando ao paciente decidir pela realização do procedimento cirúrgico com mais segurança e programação. Entretanto, em alguns casos, o sonho de ver resolvido um problema estético termina em frustração, prejuízo à aparência 13- seus direitos ed02 V2.indd 62-63 ou mesmo à saúde do paciente, trazendo resultados bem diferentes daqueles previstos nas consultas e prometidos pelo médico. O que muitos não se dão conta é que, ao escolher o profissional para realização da cirurgia e acertar os detalhes, o paciente está celebrando um contrato “Ao acertar detalhes com o cirurgião, o paciente celebra um contrato” com o cirurgião, no qual ambas as partes assumem direitos e obrigações, ainda que não exista um instrumento formal, impresso e assinado por elas. Neste caso, não se trata de um contrato de risco, no qual o resultado não pode ser garantido, 3/3/16 15:17 64 “Entre 2010 e 2014, o número de ações movidas por erros médicos aumentou 140%” mas sim de um Contrato de Resultado, no qual o médico deve garantir a obtenção do resultado estético previamente ajustado com o paciente. Não se está dizendo aqui que o médico deverá entregar o resultado na forma como imaginada pelo paciente e, sim, que produza o que de fato foi informado ao paciente, considerando as características corporais do mesmo e os resultados que prometeu atingir. Fato é que, atualmente, muitas dessas insatisfações acabam sendo resolvidas com o intermédio do Poder Judiciário. Entre 2010 e 2014, o número de ações movidas por erros médicos gerais aumentou em 140% (cento e quarenta por cento)¹ no Superior Tribunal de Justiça. Nesses casos, o órgão costuma entender que a convenção firmada entre pacientes e médicos não é uma questão subjetiva, mas que envolve compromissos e expectativas verbalmente acordadas entre eles. A exemplo disso, em 2013, ao analisar um recurso (AREsp 328110) referente à ação de 13- seus direitos ed02 V2.indd 64-65 paciente insatisfeito com resultado de intervenção plástica, o STJ concluiu que “a cirurgia plástica estética é obrigação de resultado, uma vez que o objetivo do paciente é justamente melhorar sua aparência, comprometendo-se o cirurgião a proporcionar-lhe o resultado pretendido”. O desembargador Tasso Caubi Soares Debalary, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, ao proferir voto em outro caso² sobre danos decorrentes de procedimentos do tipo, afirmou que “na cirurgia plástica embelezadora, o profissional de medicina atuará sobre um corpo são, com objetivo de eliminar imperfeições, visando atingir o nível de satisfação do paciente sob o ponto de vista estético”. Tais decisões estão vinculadas ao conceito de Responsabilidade Civil, que, segundo o jurista Silvio Rodrigues, é a “obrigação que pode incumbir uma pessoa a reparar o prejuízo causado a outra, por fato próprio, ou por fato de pessoas ou coisas que dela dependam”³. Entretanto, é prudente res- 65 seus direitos foto iStockphoto seus direitos salvar que não serão todos os casos que implicarão no dever do médico em reparar o dano causado. Isso porque a eventual ocorrência de uma excludente de responsabilidade, como uma lesão motivada por um caso fortuito devidamente comprovado, nos quais os eventos danosos decorram de fatores externos e alheios à atuação do médico durante a cirurgia, indicará a inexistência de conduta culposa capaz de dar ensejo ao dever de indenizar. Pacientes e médicos devem, antes da realização do procedimento cirúrgico, deixar bem claro qual o resultado pretendido e qual é o resultado possível, evitando, assim, a oferta de um efeito impossível ou mesmo que venha trazer grave risco ao paciente, prevenindo que a relação entre os dois venha a ser questionada nos Tribunais. – Gustavo Lélis Moura de Oliveira, sócio do escritório Portela, Lélis & Oliveira Advogados sediado em Recife. 1. Fonte: Jornal O Estado de S. Paulo (Estadão), 20/03/2015. 2. Apelação Cível nº 70055663959 3. (RODRIGUES, Silvio. 2003, p. 6). 3/3/16 15:17 67 colunista Voto feminino Igualdade pela metade por Terezinha Nunes * “A mulher será livre somente no dia em que passar a escolher seus representantes”, vaticinou a jornalista Eugênia Moreyra ao protagonizar a campanha pelo voto feminino no Brasil na década de 20, ao lado de Bertha Lux e de Maria Lacerda de Moura. Primeira mulher a integrar o jornalismo brasileiro – pelo que se tem notícia –, Eugênia sonhava com um tempo, muito além daquele vivido no Brasil naquela época, a favor da garantia do voto para as mulheres, que só seria assegurado – e com limitações – em 1932, por meio de decreto do então presidente Getúlio Vargas. Hoje, se vivas estivessem, Eugênia, Bertha e Maria veriam que a liberdade para as mulheres então pleiteada ainda está pela metade. Afinal, além do direito ao voto, as mulheres e, certamente, elas pensavam assim, precisam garantir também a presença nos cargos eletivos, sobretudo nas casas legislativas, onde são feitas e aprovadas as leis que regem o funcionamento da sociedade. E, nesse campo, o Brasil ainda está devendo muito ao sexo feminino. Segundo país da América Latina a garantir o voto às mulheres – o primeiro foi o Equador –, o Brasil se antecipou na época até mesmo a países do primeiro mundo como França, Itália e Japão, que só aprovaram leis semelhantes na década de 40. Mesmo assim, estamos hoje muito abaixo da Itália, da França e do Equador no que se refere ao percentual de mulheres que ocupam vagas no parlamento – entre esses só ganhamos, e por pouco, do Japão. O Brasil se encontra na vexatória 158a posição na participação feminina no par- lamento entre 190 países que fazem parte do mais recente ranking elaborado pela União Interparlamentar (UIP ou IPU, inglês) com sede na Suíça, cujo objetivo é o de mediar contatos multilaterais entre parlamentares de todo o mundo. No levantamento elaborado com base em dados de 2010, o Brasil tinha naquele ano 8,6% de mulheres na Câmara dos Deputados, a França tinha 26,9%, a Itália, 31,4%, o Equador, 32,1% e o Japão, 8,1%. No mesmo ranking, na América Latina e no Caribe, só ganhamos, em participação das mulheres, de três países: Belize, Haiti e Colômbia. O que teria nos levado a quase parar no tempo se comparados os 84 anos entre a conquista do voto e o direito a ocupar espaços eletivos? Terezinha Nunes é presidente da Junta Comercial de Pernambuco e membro da Executiva Nacional do PSDB. Pa ra l e r o a r tig o na ín t e gra, ac e sse a n ossa ve r são dig i t al : www. obser vat ori ofemi ni no. bl og . br Se fosse uma simples bicicleta já bastaria... A marca de doces Madame Gâteau expande as atividades na capital pernambucana Madame Gâteau – Doces Artesanais, especializada em bolos decorados, doces e brownies de qualidade, agora está fornecendo seus produtos aos melhores restaurantes de Recife. Não é de hoje que se sabe que os doces da Madame Gâteau, confeitaria com loja, em São Paulo desde 2011 são especiais. Além de sofisticados, saborosos, são nutritivos e saudáveis! Isso mesmo, doces e saudáveis! 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