Estudos relacionados à medida da espessura de dobras cutâneas

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Estudos relacionados à medida da espessura de dobras cutâneas
..(.continuação parte 1)
Estudos relacionados à medida da espessura de dobras cutâneas
Tendo em vista a grande especificidade que as equações para predição de
gordura corporal guardam com relação às populações utilizadas para sua elaboração, parece
mais interessante evitar a margem de erro a que esta especificidade está associada quando
utilizamos tais equações em populações diferentes. Nesse sentido a obtenção de valores
normativos para espessura de dobras cutâneas e somatórias de dobras a partir de estudos
populacionais pode oferecer uma alternativa viável para o estudo da composição corporal.
A utilização dos valores individuais de dobras cutâneas tem sido
preconizada, também, para verificar a distribuição da gordura corporal e sua relação com
problemas para a saúde. Segundo BOUCHARD (1988), além da quantidade de tecido
adiposo, um importante desenvolvimento na área da composição corporal é o estudo da
distribuição da gordura pelo corpo.
FOX (1979) propôs valores para avaliar homens e mulheres, classificando
em magros, aceitáveis ou obesos, a partir de valores obtidos pela soma das dobras
abdominal, tríceps e subescapular; e MATHEWS (1980), apresentou , além dos valores de
somatória destas dobras, os valores individuais para a classificação dos indivíduos, da
mesma forma.
A soma das dobras cutâneas triciptal e subescapular foi considerada de alta
correlação com a gordura corporal total em um estudo realizado com 12.560.000 escolares
e adolescentes norte-americanos, pelo NCYFS (National Children and Youth Fitness
Study), (BLAIR, FALLS & PAIE, 1983).
CARTER & YUHASZ (1984), apresentaram valores médios para dobras
cutâneas do tríceps, subescapular, supraespinal e panturrilha medial, e para soma destas
quatro dobras em atletas do sexo feminino (n = 308) participantes dos jogos olímpicos da
Cidade do México (1968), de Munique (1972) e Montreal (1976); e atletas do sexo
masculino (n = 1690) incluindo também os jogos olímpicos de Roma (1960).
Adicionalmente, os autores apresentam grupos de referência medidos com a mesma
técnica, com a proposta de comparação. Estes grupos consistiam de 340 mexicanos de zona
urbana, 258 homens e 82 mulheres; e 247 estudantes universitários canadenses, sendo 153
homens e 94 mulheres.
A exemplo destes estudos, a maioria dos autores preocupa-se em propor
valores referenciais para crianças e adolescentes, ou atletas de diferentes modalidades
esportivas, porém são escassos estudos nesse sentido para adultos não atletas.
Com o objetivo de comparar os resultados de porcentagem de gordura
obtidos por metodologias diferentes, HEYTERS (1986) submeteu 53 estudantes esportistas,
de 18 a 26 anos de idade, a avaliação da composição corporal por intermédio da pesagem
hidrostática e, também, da utilização de 20 equações preditivas de gordura corporal por
meio de medidas de espessura de dobras cutâneas. Neste estudo o autor constatou que
apenas três das 20 equações utilizadas produziram resultados estatisticamente comparáveis
aos obtidos pela técnica densimétrica, e concluiu que é preferível a utilização de somatória
de dobras cutâneas comparada a valores de referência para verificar o nível de adiposidade
dos indivíduos, do que as equações preditivas.
LARSSON, SVÄRSUDD & WELIN (1987) indicaram maior associação
entre a gordura corporal localizada na região central do corpo e elevado risco de morbidade
e mortalidade cardiovascular. Para estes pesquisadores a soma das espessuras das dobras
cutâneas subescapular e suprailíaca está mais relacionada aos níveis de pressão arterial,
glicose sanguínea, colesterol e triglicérides sanguíneos.
GÓMEZ & ROMERO del SOL (1989), realizaram grande estudo
populacional em Cuba, com uma amostra de 11.912 indivíduos do sexo masculino com 20
a 59 anos de idade. Os resultados das dobras cutâneas triciptal e subescapular, e da
somatória das duas foram apresentados em Tabelas de percentis.
GÓMEZ & ROMERO del SOL (1990), apresentaram os valores individuais
das dobras cutâneas triciptal e subescapular, além da somatória das duas dobras, na forma
de Tabelas de percentis. Este estudo foi realizado com uma amostra de 19.750 mulheres
cubanas de 20 a 56 anos de idade.
MUST, DALLAL & DIETZ (1991) propuseram os valores obtidos no
NHANES I dos percentis 85 e 95 da dobra cutânea triciptal para diagnosticar obesidade e
superobesidade, respectivamente.
DEPARTAMENT OF THE ARTS, SPORT, THE ENVIRONMENT AND
TERRITORIES - DASET (1992), apresentou os resultados de um estudo populacional
realizado na Austrália, onde constam valores de soma das dobras cutâneas subescapular,
supraespinal e abdominal, na forma de Tabelas de percentil, para homens e mulheres,
divididos em 6 faixas etárias: 18 a 29, 30 a 39, 40 a 49, 50 a 59, 60 a 69, e 70 anos de idade
ou mais.
CRAWFORD
(1996),
propôs
valores
normativos
para
dados
antropométricos de meninos e meninas de 6 a 18 anos, incluindo medidas das dobras
cutâneas axilar medial, supraespinal, abdominal e coxa.
KATZMARZYK & MALINA (1998), entre outras medidas antropométricas,
utilizaram a somatória de seis dobras cutâneas (subescapular, abdominal, suprailíaca,
biciptal, triciptal e panturrilha medial) e a razão entre dobras de tronco e membros
(subescapular + abdominal + suprailíaca / biciptal + triciptal + panturrilha medial) para
comparar o comportamento de quantidade e distribuição de gordura corporal
entre
canadenses aborígines e descendentes de europeus.
OLDS & NORTON (2000) produziram um software para avaliação da
composição corporal que utiliza os valores percentílicos para somatórias de dobras cutâneas
obtidos no NHANES III (EUA) e DASET (Austrália) como referenciais para a avaliação da
quantidade e distribuição da gordura corporal.
No Brasil, encontramos vários estudos que apresentam valores absolutos ou
de somatórias, ou ainda média de dobras cutâneas como um aspecto da aptidão física
relacionada à saúde de grupos específicos, porém, na maioria das vezes, com crianças e
adolescentes, como: BÖHME & FREITAS (1989); GUEDES (1994b); GUEDES &
GUEDES (1991); PERES, BARBANTI, TRICOLI, FREITAS & GUEDES
(1992);
RASO, MATSUDO, MATSUDO & ANDRADE (1996); ROCHA, MATSUDO,
ANDRADE, FIGUEIRA JUNIOR & MATSUDO (1994); SILVA (1990); UEZU,
BOJIKIAN, MARTIN, PARRA, BERNADELI & BÖHME (2000). Em relação a adultos
são escassos estudos com esta temática, sendo que o QUADRO 2. apresenta alguns destes
estudos.
QUADRO 2 - Estudos brasileiros relacionados a valores individuais e de somatória de
dobras cutâneas em indivíduos adultos.
Autor
Local
Amostra
LOPES, NAHAS, DUARTE
& PIRES NETO (1995)
SC
192
homens
e
214
mulheres
RS e
SC
304
homens
X=
30,17
SP
172
homens
150
mulheres
X=
28,45
X=
25,02
PETROSKI
&
NETO (1996)
PIRES
SOUZA, MOLA, NEVES,
CAMPANELLI & MASSA
(1996)
Idade
(anos)
20-67
Apresentação de Dobras
Cutâneas
Média e desvio padrão para 5
dobras individuais e para 3
somatórias
identificando
distribuição
de
gordura
central, total e periférica:
∑3DC: SE, SI, AB (central)
∑2DC: TR, PM (periférica)
∑5DC: TR, SE, SI, AB, PM.
Média e desvio padrão para 9
dobras individuais: TR, SE,
BI, TX AM, SI, AB, CX,
PM.
Média e desvio padrão para
∑5DC: SI, AB, TR, CX, PM.
Como podemos perceber a espessura de dobras cutâneas aparece em muitos
estudos internacionais sem a utilização de equações de predição de composição corporal,
sendo apresentadas normalmente na forma de valores médios com seus respectivos desvios
padrão. Cabe destacar os estudos realizados em Cuba e na Austrália, que apresentam
valores de referência em Tabelas de percentil, o que facilita a análise e interpretação dos
resultados de cada dobra de acordo com a idade e o sexo do indivíduo avaliado.
No Brasil parece ser cultural a utilização de equações de predição de
densidade e porcentagem de gordura corporal, muitas vezes desconsiderando-se a validade
da equação escolhida em relação ao grupo ou indivíduo que se pretende avaliar. Um
exemplo claro disso é a equação proposta por FAULKNER (1968), que segundo
PETROSKI (1995b), é uma das equações mais utilizadas no Brasil, mesmo em sujeitos
com características completamente diferentes daquelas do grupo que deu origem à equação,
ocasionando elevados erros de predição.
Talvez a necessidade de apresentação de resultados de fácil entendimento,
como a porcentagem de gordura, expliquem a preferência pela utilização de equações de
predição e justifique a escassez de estudos com valores de somatória de dobras cutâneas e a
inexistência de estudos que proponham valores referenciais para tais somatórias em
indivíduos adultos.
3.4. Composição corporal e saúde
As quantidades dos diferentes componentes corporais sofrem alterações
durante toda a vida dos indivíduos, conferindo à composição corporal uma característica
dinâmica, que está associada a aspectos fisiológicos como crescimento e desenvolvimento,
e aspectos ambientais como estado nutricional e nível de atividade física.
De acordo com BÖHME (1993),
“A atividade física é considerada o processo do qual resultará o estado de
aptidão física do indivíduo, esta última considerada como produto. Os
benefícios para a saúde estão associados a ambos: a atividade física (como
processo) e a aptidão física (como produto). Assim sendo, quanto mais
atividade física for praticada, melhor aptidão física será desenvolvida e um
melhor estado de saúde resultará para o indivíduo”
PATE (1988), definiu aptidão física relacionada à saúde como “a capacidade
de: (a) realizar as atividades do cotidiano com vigor e energia; e (b) demonstrar traços e
capacidades associados a um baixo risco de desenvolvimento prematuro de distúrbios
orgânicos provocados pela falta de atividade física”.
Um bom nível de aptidão física pode proporcionar uma condição de bem
estar para os indivíduos, além de possibilitar a prevenção das doenças denominadas
“hipocinéticas”, as quais estão relacionadas com o estilo de vida sedentário. FREITAS,
MARQUES & MAIA (1997) relataram que as alterações no estilo de vida induzidas
recentemente pela redução do trabalho laboral e aumento do tempo livre para o lazer têm
conduzido a uma diminuição da atividade física habitual, enquanto BUNC, JANSA &
KLUKA (1997) relataram que o objetivo básico do desenvolvimento da aptidão física é
formar as reservas necessárias suficientes para diminuir os fatores de risco para a saúde que
emanam do estilo de vida contemporâneo, os quais começam a manifestar-se em maiores
proporções na meia-idade. Ainda neste contexto, GUEDES & GUEDES (1995a) afirmaram
que “a aptidão física relacionada à saúde abriga aqueles atributos biológicos que oferecem
alguma proteção ao aparecimento de distúrbios orgânicos provocados pelo estilo de vida
sedentário que se torna, portanto, extremamente sensível ao nível de prática da atividade
física”.
Como componentes da aptidão física relacionada à saúde, GUEDES &
GUEDES (1995b) consideraram aqueles voltados às dimensões morfológica, funcionalmotora, fisiológica e comportamental, sendo que, segundo estes autores, a dimensão
morfológica reúne aqueles componentes que se identificam com a composição corporal e a
distribuição da gordura corporal, os quais apresentam alguma relação com o melhor estado
de saúde.
Um dos principais interesses no conhecimento dos aspectos da composição
corporal está relacionado à possibilidade de estimativa da quantidade de gordura corporal e
sua possível relação com efeitos deletérios ao melhor estado de saúde. HEYWARD &
STOLARCZYK (1996), afirmaram que a obesidade é um sério problema de saúde, que
reduz a expectativa de vida pelo aumento do risco de desenvolvimento de doença arterial
coronariana, hipertensão arterial, diabetes tipo II, doença pulmonar obstrutiva, osteoartrite,
e certos tipos de câncer. Além dessas doenças, KOTECKI (1997), em um estudo de revisão
sobre a etiologia, o tratamento e a prevenção da obesidade, relatou que o excesso de
gordura corporal pode estar associado a uma série de outros problemas físicos que incluem
degeneração hepática, doenças da vesícula biliar, diminuição da função pulmonar,
anormalidades endócrinas, complicações obstétricas, traumas articulares pela sobrecarga,
gota, doenças cutâneas, proteinúria, aumento das concentrações de hemoglobina, e
possivelmente debilidade do sistema imunológico.
Neste sentido, são inúmeros os estudos que procuram associar estas e outras
doenças ao excesso e à distribuição da gordura corporal, bem como estudos para determinar
a prevalência de sobrepeso e obesidade em diferentes localidades, já que este fato pode ser
determinante para a saúde das populações.
Em estudo de revisão da literatura sobre obesidade e seus fatores de risco
associados, BLUMENKRANTZ (1997) relatou que os maiores riscos da obesidade para a
saúde aumentam numa relação curvilinear, com prevalências aumentando progressiva e
desproporcionalmente com o aumento da massa. O aumento da massa na fase adulta de
forma continuada por muitos anos traz inúmeros efeitos adversos. Homens com 20 % de
massa acima do ideal apresentam uma chance 20 % maior de morrer por todas as causas,
um aumento de 25 % nas chances de morrer por doença arterial coronariana, 10 % a mais
por acidente vascular cerebral, duas vezes mais risco de morrer por diabetes e 40 % mais
chances de desenvolver doenças da vesícula biliar; enquanto que homens com 40 % acima
da massa normal apresentam 55 % de aumento da mortalidade por todas as causas, 70 %
mais por doença arterial coronariana, 75 % mais por acidente vascular cerebral, e 400 % de
aumento na mortalidade por diabetes. O autor relatou ainda, que para adultos de 20 a 45
anos o sobrepeso é suficiente para multiplicar por seis a prevalência de hipertensão arterial
quando comparados a sujeitos com massa normal.
3.4.1. Prevalência de sobrepeso e obesidade
Define-se como sobrepeso aqueles valores de massa corporal que se
encontram entre a massa tida como normal e a obesidade, podendo ocorrer em função de
excesso de gordura corporal ou de valores elevados de massa magra, sendo que em estudos
populacionais normalmente associa-se o sobrepeso a excesso de tecido adiposo, pois
grandes quantidades de massa magra só são encontrados em atletas de determinadas
modalidades esportivas. Já a obesidade compreende apenas valores excessivos de gordura
corporal que estão fortemente associados ao aumento de fatores de risco para a saúde, bem
como dos índices de morbidade e mortalidade (NIH, 1998). As TABELAS 1 e 2
apresentam valores para classificação do sobrepeso e obesidade por meio do IMC e da
porcentagem de gordura.
TABELA 1 - Classificação do sobrepeso e obesidade pela porcentagem de gordura.
Adaptado de NIDDK (1993).
Leve
Moderada
Elevada
Mórbida
Mulheres
25 – 30 %
30 – 35 %
35 – 40 %
> 40 %
Homens
15 – 20 %
20 – 25 %
25 – 30 %
> 30 %
TABELA 2 - Classificação do sobrepeso e obesidade pelo IMC. Adaptado de WHO (1997).
Classe de Obesidade
Baixo Peso
Normal
Sobrepeso
Obesidade
Obesidade mórbida
I
II
III
IMC (kg/m2)
< 18,5
18,5 – 24,9
25,0 – 29,9
30,0 – 34,9
35,0 – 39,9
> 40
Muitos estudos têm sido realizados com o objetivo de determinar a
prevalência de sobrepeso e obesidade em diferentes localidades, e de verificar a tendência
dessa prevalência ao longo dos anos. Este fato se deve à estreita relação existente entre o
excesso de gordura corporal e condições adversas à saúde; e, segundo FLEGAL (1999), a
obesidade já atinge, em muitos locais, proporções epidêmicas, o que significa dizer que se
trata de uma característica das populações e não só dos indivíduos.
Para a determinação do sobrepeso e da obesidade a maior parte destes
estudos utiliza o IMC, pelo baixo custo operacional e pela grande facilidade em sua
obtenção. Embora sua utilização seja questionável na avaliação de indivíduos, para estudos
populacionais este índice constitui uma alternativa bastante válida, pois se uma população
apresenta valores elevados de IMC podemos afirmar que isso ocorre em função do excesso
do componente gordura corporal, já que na maioria das pessoas que apresentam excesso de
massa isso não ocorre por excesso de massa magra (SICHIERI, 1998).
Os levantamentos mais citados na literatura com relação à prevalência de
sobrepeso e obesidade são os realizados nos Estados Unidos iniciados na década de 60, que
incluem o National Health Examination Survey (NHES I; 1960-1962), e os National Health
and Nutrition Examination Surveys (NHANES I: 1971-1974; NHANES II: 1976-1980;
NHANES III: 1988-1994). Os resultados destes levantamentos transversais demonstraram
que houve uma tendência a manutenção da prevalência de sobrepeso (NHES I: 30,5 %;
NHANES I: 32,0 %; NHANES II: 31,5 %; e NHANES III: 32,0 %); entretanto, em relação
à obesidade a tendência foi de aumento, sobretudo entre o NHANES II e o NHANES III
(NHES I: 12,8 %; NHANES I: 14,1 %; NHANES II: 14,5 %; e NHANES III: 22,5 %).
Estes valores demonstram que 54,9 % dos americanos apresentavam sobrepeso ou
obesidade em 1994, valores extremamente preocupantes (FLEGAL et alii, 1998).
Inúmeros outros estudos têm sido conduzidos em vários países a fim de
verificar o comportamento do excesso de gordura corporal de suas populações. O
QUADRO 3 apresenta alguns estudos com este intuito, descrevendo o país de origem, o
local e período de realização, a amostra e os principais resultados encontrados.
QUADRO 3 - Estudos relacionados à prevalência de sobrepeso e obesidade.
Autor
Local
Período
MILLAR & STEPHENS
(1993)
Canadá
1985, 1991
Idade
(anos)
25-64
HODGE,
DOWSE,
TOELUPE,
COLLINS,
IMO & ZIMMET (1994)
Samoa
1978, 1991
25-74
BENNETT & MAGNUS
(1994)
Austrália
1980,
1983, 1989
25-64
SEIDELL,
VERSCHUREN,
KROMHOUT (1995)
Holanda
1987-1991
20-59
Israel
1970, 1986
50 ou
mais
Nova
Zelândia
1982,
1987, 1994
35-64
&
GOFIN,
ABRANSON,
KARK & EPSTEIN (1996)
SIMMONS,
SWINBURN
(1996)
JACKSON,
&
YEE
Comportamento da
Prevalência
Aumentou de 20 para 30%
em homens e de 14 para 20
% em mulheres.
Aumentou de 37,7 para 56,9
% em homens e de 58,5 para
74,3 % em mulheres.
Aumentou de 9,3 para 11,5
% em homens e de 8 para
13,2 % em mulheres.
Aumentou em 1,7 % para
homens e 1,9 % para
mulheres.
Aumentou de 11,9 para 15,8
% em homens e de 28,6 para
32,6 em mulheres.
Aumentou de 52,8 para
64,2 % em homens e de 36,5
para 44,9 % em mulheres,
incluindo
sobrepeso
e
obesidade.
SORENSEN, SABROE & Dinamarca
GILLMAN (1997)
1955,
1965,
1973-75
1980-81,
1993-94
18-26
AL-ISA (1997)
Kuwait
Reino
Unido
1980, 1995
16-64
OFFER (1998)
MOKDAD,
SERDULA,
DIETZ,
BOWMAN,
MARKS & KOPLAN
(1999)
EUA
1991-1998
18 ou
mais
RISICA,
SCHRAER,
EBBESSON, NOBMANN
& CABALLERO (2000)
Alaska
1994
24 ou
mais
18 ou
mais
Aumentou de 1,5 para 4,6
em
homens
jovens
candidatos ao serviço militar.
Aumentou em 20,6 % o
sobrepeso entre homens e em
15,4 entre mulheres, e
aumentou em 13,7 % a
obesidade entre homens e em
8,4 % entre mulheres.
Aumentou de 6 para 15 %
entre homens e de 8 para 17
% entre mulheres.
Aumentou de 12,0 para 17,9
%, com aumentos variando
com a região do país. O
menor aumento foi no estado
de Delaware (11,3 %) e o
maior na Georgia (101,8 %).
Apresentou
valores
de
sobrepeso de 27,9 % e 36,2
% e de obesidade de 32,8 %
e 15,6 %, para mulheres e
homens respectivamente.
Todos estes estudos apontam para um aumento dos índices de sobrepeso e obesidade ao
longo dos anos, o que demonstra as proporções epidêmicas que o excesso de gordura
corporal vem atingindo em vários países. Em alguns países a prevalência de sobrepeso e
obesidade já atinge mais da metade da população e, mesmo na Dinamarca onde os índices
ainda são muito baixos, há motivo para preocupação, pois se em homens jovens a
prevalência triplicou de 1965 para 1975, possivelmente outras faixas etárias e o sexo
feminino tenham acompanhado essa tendência.
No Brasil, há evidências de que os níveis de sobrepeso e obesidade venham
aumentando, a exemplo do que ocorre em outros países, porém são escassos os estudos em
nosso país que tratam desta problemática, e normalmente são constituídos de um único
corte transversal na população de regiões específicas.
COITINHO, LEÃO, RECINE & SICHIERI (1991), realizaram estudo
epidemiológico, em nível nacional, sobre as condições nutricionais da população brasileira
de adultos e idosos, que indicou que à época do levantamento cerca de 27 milhões de
brasileiros apresentavam sobrepeso, sendo que destes estimava-se que 6,8 milhões de
indivíduos fossem obesos.
LOLIO & LATORRE (1991), verificaram a prevalência de sobrepeso e
obesidade entre a população urbana da cidade de Araraquara, interior do estado de São
Paulo, de 18 a 74 anos de idade. Houve uma prevalência de sobrepeso de 26,9 % e 27,7 %
para homens e mulheres, respectivamente. Quanto à prevalência da obesidade, homens
apresentaram 10,2 % e mulheres apresentaram 14,7 %.
SICHIERI, COITINHO, LEÃO, RECINE & EVERHART (1994), baseados
em levantamentos realizados em 1974-75 e 1989, com indivíduos de 18 anos de idade ou
mais, apontaram um aumento na prevalência de obesidade de 2,5 % para 4,8 % no grupo
masculino e de 6,9 % para 11,7 % no grupo feminino.
GIGANTE et alii (1997), estudaram a prevalência de obesidade e os fatores
de risco associados, na população da cidade de Pelotas, interior do Rio Grande do Sul, com
idades entre 20 e 69 anos. A prevalência total da obesidade foi de 21 %, sendo que 25 %
das mulheres e 15 % dos homens estudados eram obesos.
MONTEIRO, BENÍCIO, CONDE & POPKIN (2000), analisaram a
tendência da prevalência de obesidade em adultos com mais de 20 anos de idade, nas
regiões nordeste e sudeste do Brasil. A partir de levantamento populacionais realizados em
1975 (n = 95.062), 1989 (n = 15.585) e 1997 (n = 10.680), estes pesquisadores verificaram
que de 1975 a 1989 a prevalência de obesidade aumentou acentuadamente tanto para
homens (de 2,4 % para 4,7 %) quanto para mulheres (de 7,0 % para 12,0 %). De 1989 a
1997,
comportamento
diferente
foi
encontrado,
enquanto
homens
continuaram
apresentando aumento da prevalência de obesidade (de 4,7 % para 6,9 %), as mulheres
apresentaram uma tendência à estabilização (de 12,0 % para 12,5 %). Chama a atenção,
neste estudo, que o aumento na obesidade de 1989 a 1997 tendeu a ser mais intenso nos
homens do que nas mulheres, nas populações rurais do que nas urbanas e nas famílias mais
pobres do que nas mais ricas; cabendo ressaltar, ainda, que mulheres de classes sociais mais
elevadas das regiões urbanas apresentaram uma redução de 28 % na prevalência da
obesidade (de 12,8 % para 9,2 %).
Tendo em vista o crescimento observado nos índices de obesidade ao redor
do mundo, parece necessário que sejam realizados mais estudos epidemiológicos no Brasil
com o objetivo de conhecer as reais condições de nosso país no que diz respeito a este mal,
pois isso facilitaria a proposição de programas de intervenção para o tratamento e
principalmente para a prevenção do sobrepeso e da obesidade.
3.4.2. Fatores de risco associados à obesidade
Mediante estudo de revisão da literatura sobre sobrepeso e obesidade e suas
relações com doenças crônico-degenerativas e outros males, SEIDELL, VISSCHER &
HOOGEVEEN (1999), verificaram que há predomínio de estudos nessa área com adultos
jovens e de meia idade, que vivem nos Estados Unidos ou na Europa, concluindo que
nessas populações níveis mais baixos de mortalidade estão associados com um IMC entre
18,5 kg/m2 e 25,0 kg/m2, enquanto que valores de IMC iguais ou superiores a 30 kg/m2
apresentam uma substancial elevação nos índices de mortalidade, 50 a 150 %. Porém os
autores acreditam que estes resultados não possam ser generalizáveis para outras
populações, suscitando novos estudos nesse sentido.
Inúmeros estudos têm sido desenvolvidos em vários países com o objetivo
de verificar as relações existentes entre o excesso de gordura corporal e doenças crônicodegenerativas. O QUADRO 4 apresenta alguns destes estudos com os seus principais
resultados.
QUADRO 4 - Estudos relacionados a excesso de gordura corporal e fatores de risco para
saúde.
Autor
Local
Amostra
MUELLER,
WEAR,
HANIS & EMERSON
(1991)
EUA
285 homens
672
mulheres
Idade
Achados
(anos)
15-74 Elevados
valores
de
circunferências e de dobras
cutâneas apresentaram grande
correlação
com
níveis
elevados de colesterol total,
HDL-colesterol, triglicérides,
glicose e pressão arterial,
independente do sexo e idade.
DENKE, SEMPOS
GRUNDY (1993)
&
EUA
4.834
homens
DENKE, SEMPOS
GRUNDY (1994)
&
EUA
5.348
mulheres
BUNOUT,
RUEDA,
AICARDI, HIDALGO &
KAUFFMANN (1994)
Chile
634 homens
148
mulheres
GIGANTE,
POST
&
(1997)
Brasil
1035
homens e
mulheres
BARROS,
OLINTO
SHAPER, WALKER & Inglaterra
WANNAMETHEE
(1997)
RABKIN,
CHEN,
LEITER,
LIU
&
REEDER (1997)
YUAN, ROSS, GAO &
YU (1998)
Canadá
China
BROWN, DOBSON & Austrália
MISHRA (1998)
7.735
homens
19.841
homens e
mulheres
18.244
homens
13.431
mulheres
20-74
Valores altos de IMC
mostraram grande associação
com níveis elevados de
triglicérides plasmáticos e de
colesterol total, e baixos
níveis de HDL-colesterol.
20-74 O excesso de peso apresentou
altas correlações com níveis
elevados de colesterol total,
LDL-colesterol, triglicérides e
baixos níveis de HDLcolesterol.
X = 44 A gordura corporal total e sua
distribuição
mostraram-se
associadas a fatores de risco
cárdio-vascular.
20-29 Estudando obesidade e fatores
de
risco
associados
verificaram que:
15 % dos não hipertensos
eram obesos enquanto 40 %
dos hipertensos eram obesos,
e 19 % dos não diabéticos
eram obesos enquanto 51 %
dos diabéticos eram obesos.
40-59 Estudo prospectivo de coorte
verificou que a mortalidade
foi aumentada nos homens
com IMC menor que 20
Kg/m2 e igual ou superior a 30
Kg/m2.
18-74 A prevalência de hipertensão
aumentou com o IMC, assim
como diabetes e dislipidemias.
45-64 Verificaram em um estudo
prospectivo de coorte um
aumento da mortalidade entre
os sujeitos com IMC > 26
Kg/m2, principalmente por
doenças cárdio e cérebrovasculares.
45-49 Prevalência de hipertensão e
diabetes,procedimentos
cirúrgicos:colecistotomia
e
histerectemia, e sintomas
como
dores
lombares
aumentaram com o IMC.
GUS,
MOREIRA,
PIMENTEL,
GLEISENER, MORAES
& FUCHS (1998)
REXRODE,
CAREY,
HENNEKENS,
WALTERS, COLDITZ,
STAMPFER, WILLETT
& MANSON (1998)
LEAN,
HAN
SEIDELL (1998)
&
FUJIMOTO,
BERGSTRON, BOYKO,
CHEN,
LEONETTI,
NEWELL-MORRIS,
SHOFER & WAHL
(1999)
SCHULTE, CULLEN &
ASSMANN (1999)
adultos Observaram
associação
positiva entre IMC > 27
Kg/m2 e a prevalência de
hipertensão arterial.
EUA
44.702
40-65 Em estudo prospectivo de
enfermeiras
coorte
verificaram
que
indicadores antropométricos
(circunferência da cintura e
Razão Cintura Quadril) estão
significantemente associados
com aumento do risco de
doença coronariana.
20-59 Valores de circunferência da
Holanda
5.887
cintura superiores a 102 cm
homens
7.018
para homens e 88 cm para
mulheres, ajustas para idade e
mulheres
estilo de vida, mostraram
associação com o aumento de
incidência de insuficiência
respiratória,
dor
lombar,
diabetes não dependente de
insulina e fatores de risco
cárdio-vascular.
EUA
175 homens adultos Em estudo longitudinal de 10
anos demonstraram que o
nipotecido
adiposo
visceral,
americanos
juntamente com a pressão
arterial e a glicose plasmática
é um importante fator de risco
independente
para
a
incidência
de
doença
coronariana nesta população.
X = 40,6 Encontraram
interação
Alemanha
16.288
X = 36,0 positiva
entre
IMC
e
homens
colesterol
total,
LDL7.328
colesterol e pressão arterial
mulheres
para ambos os sexos. Com o
aumento da idade e do IMC
houve aumento nos níveis
desses parâmetros.
Triglicérides aumentaram com
o IMC em ambos os sexos e
com a idade para as mulheres,
mas diminuíram no grupo de
homens idosos sobrepesados.
Brasil
1088
homens e
mulheres
GRANDI,
ZANZI,
PIANTANIDA,
GAUDIO, BERTOLINI,
GUASTI & VENCO
(2000)
Itália
TURCATO, BOSELLO,
Di
FRANCESCO,
HARRIS,
ZOICO,
BISSOLI, FRANCASSI
& ZAMBONI (2000)
EUA
3.5.
64 obesos, 30 - 36
sendo 32
hipertensos e
32
normotensos
146
mulheres
83
homens
A obesidade está associada
com a deterioração da função
diastólica
do
ventrículo
esquerdo tanto em indivíduos
hipertensos
quanto
em
normotensos, independente de
outros fatores hemodinâmicos,
como pressão artéria de 24
horas e freqüência cardíaca.
67 - 78 A distribuição da gordura
corporal está associada com
fatores de risco cardiovascular
em idosos, independente do
IMC, sendo a circunferência
abdominal e o diâmetro
abdominal sagital os melhores
indicadores antropométricos
de risco cardiovascular em
indivíduos idosos.
Comentários gerais da revisão de literatura realizada
É indiscutível que o excesso de gordura corporal apresenta relação direta
com uma série de fatores de risco para o aparecimento ou o agravamento de condições
desfavoráveis para a saúde. Em todos os artigos levantados, sem exceção, elevados níveis
de gordura corporal avaliados por IMC, espessura de dobras cutâneas, circunferências
corporais ou quaisquer outros métodos preditivos de sobrepeso e obesidade, apresentaram
elevadas correlações com altos níveis de pressão arterial, dislipidemias, doenças
coronarianas, entre outros problemas, contribuindo para o aumento da morbidade e
mortalidade destas populações.
Fazendo uma análise ampla desta revisão bibliográfica podemos concluir
que a avaliação da composição corporal é um importante instrumento de trabalho para os
profissionais de Educação Física e de outras áreas da saúde, devido à relação existente entre
a quantidade e a distribuição da gordura corporal e a aptidão física relacionada à saúde,
bem como a associação entre valores excessivos deste componente corporal com fatores
deletérios para a saúde.
É importante ressaltar que para esta avaliação atender aos objetivos que se
propõe devem ser utilizadas metodologias adequadas, que apresentem resultados válidos e
permitam uma interpretação segura dos mesmos. Em estudos populacionais o IMC atende
perfeitamente a estas necessidades, porém deixa a desejar quando é utilizado
individualmente. Esta limitação aponta para uma superioridade na qualidade da avaliação
quando realizada com outras medidas antropométricas, que não somente a massa e a
estatura. Neste sentido as equações de predição de gordura corporal ganharam muito espaço
entre os estudiosos da composição corporal e os profissionais que atuam na área clínica e
no campo. Porém, nem sempre se leva em consideração a especificidade que estas equações
apresentam em relação à população de origem, mesmo as equações generalizadas. Tal fato
pode ser responsável por elevados erros de predição.
Embora sejam relatadas na literatura mais de cem equações de predição de
densidade e gordura corporal, há apenas três pesquisadores que elaboraram equações
baseadas em estudos realizados em nosso país: GUEDES (1985), PETROSKI (1995) e
RODRIGUES AÑES (1997), sendo que em todos utilizou-se a pesagem hidrostática como
método de referência, porém o volume residual pulmonar não foi medido diretamente, mas
estimado, o que limita seus resultados. Independente desta limitação, esta iniciativa é
bastante elogiável e estes estudos apresentam uma grande importância na área da
composição corporal no Brasil.
Considerando esta pequena quantidade de equações nacionais e a
necessidade de validação de equações estrangeiras para grupos populacionais em nosso
país, o que nem sempre é possível, verifica-se a necessidade de métodos alternativos que
não estejam sujeitos aos elevados erros de predição encontrados quando são utilizadas
equações inadequadas.
Nesse sentido a utilização simplesmente dos valores absolutos de dobras
cutâneas pode significar um excelente parâmetro de acompanhamento de programas de
exercícios físicos e dietas, pela observação do aumento ou diminuição do valor das dobras
cutâneas. Além disso, a utilização da somatória de dobras cutâneas também possibilita a
verificação da quantidade e a tendência de distribuição da gordura corporal.
Tal alternativa só é limitada no que diz respeito à interpretação dos valores
individuais e de somatória de dobras cutâneas pela ausência, em nosso país, de valores
referenciais que permitam identificar se o valor encontrado é alto ou baixo para a idade e o
sexo do avaliado. Assim, parece de fundamental importância a realização de estudos que
apresentem tais padrões, o que justifica a necessidade deste estudo.
MATERIAL E MÉTODOS
Características da população estudada
A cidade de Santos localiza-se no litoral do Estado de São Paulo, tendo
como coordenadas geográficas uma latitude sul de 23º57’39’’, e uma longitude W. GR. de
46º20’01’’. Sua área total é de 280,9 km2, sendo que a população total conforme
informações da Contagem Nacional da População (IBGE, 1996) é de 412.243 habitantes,
sendo 192.795 do sexo masculino e 219.448 do sexo feminino, com uma média de 3,27
moradores por domicílio. Em relação à faixa etária objeto deste estudo, estima-se uma
população de 289.188 habitantes com 20 anos de idade ou mais, sendo 135.224 do sexo
masculino e 153.964 do sexo feminino.
Amostra
Para o desenvolvimento do estudo a amostra constou 1092 indivíduos
divididos em 5 grupos etários de cada sexo: 20 a 29,9 anos, 30 a 39,9 anos, 40 a 49,9 anos,
50 a 59,9 anos e 60 a 69,9 anos de idade, com idade decimal calculada segundo descrito por
ALEXANDER (1995). A TABELA 3 apresenta o número de sujeitos para cada faixa etária
e sexo.
TABELA 3 - Descrição da amostra por faixa etária e sexo, média e desvio padrão de idade.
Faixa Etária
20 a 29,9 anos
30 a 39,9 anos
40 a 49,9 anos
50 a 59,9 anos
60 a 69,9 anos
Total
Masculino
106
103
107
103
104
523
X + Sd
23,59 + 3,10
34,89 + 2,54
43,97 + 2,97
53,06 + 2,70
65,38 + 2,59
Feminino
117
116
131
103
102
569
X + Sd
23,42 + 3,11
34,52 + 2,67
44,50 + 2,74
53,73 + 2,93
65,78 + 2,99
A cidade foi dividida em cinco regiões, conforme TABELA 4, nas quais
foram sorteados logradouros e, nestes, foram sorteados os domicílios visitados, por meio da
utilização
de
uma
tabela
de
números
aleatórios
(CONTANDRIOPOULOS,
CHAMPAGNE, POTVIN, DENIS & BOYLE, 1997). O número de sujeitos avaliados
obedeceu às proporções relativas de habitantes de cada região, como apresentado na
TABELA 4.
Os domicílios sorteados foram visitados previamente por uma professora de
Educação Física e uma psicóloga, devidamente orientadas, que explicaram o propósito do
estudo e, quando houve anuência dos moradores, agendaram a data para a realização da
tomada das medidas. Na data agendada o domicílio foi visitado pela equipe: o autor do
trabalho, que realizou todas as medidas, e as duas profissionais citadas, que operaram o
computador e explicaram os resultados da avaliação. Foram avaliados todos os residentes
no domicílio que tinham entre 20 e 69,9 anos e se dispuseram a participar do estudo.
Quando houve recusa por parte dos moradores do domicílio sorteado, foi
visitado o domicílio de numeração imediatamente superior, procedendo-se assim tantas
vezes quantas fossem necessárias, até que houvesse o aceite por parte dos moradores.
Como uma forma de oferecer um retorno aos participantes da pesquisa,
imediatamente após a coleta de dados foi emitido e entregue um laudo com o resultado do
Índice Cintura Quadril (ICQ) e da porcentagem de gordura por meio das equações
generalizadas de JACKSON & POLLOCK (1978) para os homens e JACKSON,
POLLOCK & WARD (1980) para as mulheres, com a interpretação e explicação de seus
resultados e da possível relação com fatores de risco para a saúde.
TABELA 4 - Descrição da Amostra por região.
Região
Orla
Bairros Intermediários
Zona Noroeste
Morros
Centro
Habitantes
178.575
116.250
75.240
33.158
9.020
Amostra
473
308
199
87
25
Equipamentos
Foram utilizados neste estudo os seguintes equipamentos:
Estadiômetro portátil da marca Sanny ®, com 200 cm e divisões em mm.
Balança digital da marca Tanita ®, TBF 515, com carga máxima de 150kg e
divisões em 200 g.
Compasso de Dobras Cutâneas da marca Sanny ®, com força de pressão da
mola de aproximadamente 10 g/mm2 e divisões em 0,1 mm..
Computador Lap Top da marca Acer, modelo AcerNote Ligth.
Impressora da marca Canon, modelo BJC 1000.
Variáveis de estudo
Estatura – GORDON, CHUMLEA & ROCHE (1988):
O avaliado deve estar descalço ou com meias finas e o mínimo possível de
roupas para que a posição do corpo possa ser vista. O avaliado deve ficar em posição
anatômica sobre a base do estadiômetro que deve formar um ângulo reto com a borda
vertical do aparelho. A massa do avaliado deve ser distribuída em ambos os pés, e a cabeça
posicionada no Plano Horizontal de Frankfurt. Os braços livremente soltos ao longo do
tronco, com as palmas voltadas para as coxas. O avaliado deve manter os calcanhares
unidos e tocando a borda vertical do estadiômetro. As bordas mediais dos pés devem
formar um ângulo de aproximadamente 60º. Se o avaliado tem Genu Valgo os pés são
separados até que as bordas mediais dos joelhos estejam em contato, mas não sobrepostas.
As escápulas e o glúteo ficam em contato com a borda vertical do aparelho. Os calcanhares,
glúteos, escápulas e a porção posterior do crânio de alguns sujeitos não podem ser
colocados em um plano vertical enquanto mantêm uma razoável postura natural. Estes
indivíduos são posicionados, então, de forma que somente os glúteos, os calcanhares e o
crânio estejam em contato com a borda vertical do aparelho.
Ao avaliado é solicitado que realize uma inspiração profunda e que se
mantenha em posição completamente ereta sem que alterne a massa corporal sobre os
calcanhares. O cursor do aparelho é colocado sobre o ponto mais alto da cabeça com
pressão suficiente para comprimir o cabelo. A medida é registrada com uma aproximação
de 0,1 cm.
4.4.2. Massa corporal - GORDON et alii (1988):
O avaliado deve estar em pé, de cotas para a escala da balança, com
afastamento lateral dos pés, estando a plataforma entre os mesmos. Em seguida coloca-se
sobre e no centro da plataforma, na posição anatômica com a massa do corpo igualmente
distribuído entre ambos os pés, ereto e com o olhar num ponto fixo à sua frente. O avaliado
deve usar o mínimo de roupas possível e a medida é registrada com uma aproximação de
100 g.
4.4.3. Índice de massa corporal – IMC
O IMC será obtido através da divisão da massa em quilogramas pela estatura
em metros elevada ao quadrado.
4.4.4. Dobras cutâneas – COSTA (1999)
As medidas de dobras cutâneas devem sempre ser realizadas no hemicorpo
direito do avaliado, utilizando o dedo indicador e o polegar da mão esquerda para
diferenciar o tecido adiposo subcutâneo do tecido muscular. Aproximadamente um
centímetro abaixo do ponto de reparo pinçado pelos dedos deve-se introduzir as pontas do
compasso, para a execução da leitura deve-se aguardar em torno de dois segundos. Devido
a grande variabilidade das medidas de dobras cutâneas devem ser executadas três medidas
não consecutivas de cada dobra, adotando-se a medida intermediária. Quando são
encontradas diferenças superiores a 5 % entre uma medida e as demais realizadas no
mesmo ponto de reparo, uma nova bateria de medidas deve ser realizada.
As dobras cutâneas utilizadas neste estudo foram as seguintes:
- Triciptal (TR) - É medida na face posterior do braço, paralelamente ao eixo
longitudinal, no ponto que compreende a metade da distância entre a borda súpero-lateral
do acrômio e o olécrano.
- Subescapular (SE) - A medida é executada obliquamente em relação ao eixo
longitudinal, seguindo a orientação dos arcos costais, sendo localizada a dois centímetros
abaixo do ângulo inferior da escápula.
- Biciptal (BI) - É medida no sentido do eixo longitudinal do braço, na sua face
anterior, no ponto de maior circunferência aparente do ventre muscular do bíceps.
- Axilar média (AM) - É localizada no ponto de intersecção entre a linha axilar
média e uma linha imaginária transversal na altura do apêndice xifóide do esterno. A
medida é realizada obliquamente ao eixo longitudinal, com o braço do avaliado deslocado
para trás, a fim de facilitar a obtenção da medida.
- Torácica (TX) - É uma medida oblíqua em relação ao eixo longitudinal, na metade
da distância entre a linha axilar anterior e o mamilo, para homens, e a um terço da linha
axilar anterior, para mulheres.
- Suprailíaca (SI) - É obtida obliquamente em relação ao eixo longitudinal, na
metade da distância entre o último arco costal e a crista ilíaca, sobre a linha axilar medial. É
necessário que o avaliado afaste o braço para trás para permitir a execução da medida.
- Abdominal (AB) - É media aproximadamente a dois centímetros à direita da
cicatriz umbilical, paralelamente ao eixo longitudinal.
- Coxa (CX) - a espessura dessa dobra cutânea também é determinada paralelamente
ao eixo longitudinal, sobre o músculo reto femoral, no ponto médio entre o ligamento
inguinal e o bordo superior da patela.
- Panturrilha medial (PM) - com o avaliado sentado, joelho em 90º de flexão,
tornozelo em posição anatômica e o pé sem apoio, é determinado o valor da espessura dessa
dobra. Toma-se a dobra no sentido paralelo ao eixo longitudinal do corpo, na altura de
maior circunferência da perna, destacando-se a dobra com o polegar apoiado no bordo
medial da tíbia.
4.4.5. Somatórias de dobras cutâneas
Foram utilizadas combinações de dobras cutâneas com o intuito de analisar o
comportamento da gordura corporal em quantidade e distribuição, segundo a localização,
no tronco e nos membros, como segue:
- Gordura total:
- somatória de nove dobras cutâneas (∑9 = triciptal + subescapular + torácica +
biciptal + axilar medial + suprailíaca + abdominal + coxa + panturrilha medial)
- somatória de cinco dobras cutâneas (∑5 = triciptal + subescapular + suprailíaca +
abdominal + coxa), como uma alternativa com menor número de dobras mas que
pode representar bem a gordura subcutânea total, já que inclui dobras de tronco
(anterior, medial e posterior) e membros (superior e inferior).
- Gordura do tronco:
- somatória de cinco dobras cutâneas de tronco (∑5T = subescapular + axilar
medial + torácica + suprailíaca + abdominal).
- somatória de duas dobras cutâneas de tronco (∑2 = subescapular + suprailíaca).
- Gordura dos membros:
- somatória de quatro dobras cutâneas de membros (∑4M = triciptal + biciptal +
coxa + panturrilha medial).
Tratamento estatístico
Foram considerados os seguintes tipos de variáveis:
Qualitativas – grupos etários (5) e gênero (masculino e feminino).
Quantitativas – dobras cutâneas individuais (TR, SE, BI, TX, AM, SI, AB,
CX e PM) e somatórias de dobras cutâneas (∑9, ∑5, ∑5T, ∑2 e ∑4M).
Foram considerados 10 grupos na análise estatística:
Grupo 1 – Homens de 20 a 29,9 anos de idade
Grupo 2 – Homens de 30 a 39,9 anos de idade
Grupo 3 – Homens de 40 a 49,9 anos de idade
Grupo 4 – Homens de 50 a 59,9 anos de idade
Grupo 5 – Homens de 60 a 69,9 anos de idade
Grupo 6 – Mulheres de 20 a 29,9 anos de idade
Grupo 7 – Mulheres de 30 a 39,9 anos de idade
Grupo 8 – Mulheres de 40 a 49,9 anos de idade
Grupo 9 – Mulheres de 50 a 59,9 anos de idade
Grupo 10 – Mulheres de 60 a 69,9 anos de idade
Foi utilizada a análise descritiva unidimensional por meio de média, desvio
padrão, coeficiente de variação e valores máximo e mínimo de massa, estatura, IMC,
dobras cutâneas individuais e somatórias de dobras cutâneas, por grupo etário.
Quanto ao pressuposto da existência de distribuição normal dos dados, de
acordo com NETER, KUTNER, NASCHSTHEIM & WASSERMAN (1996), o Teorema
Limite Central garante que quando se tem uma amostra grande, independente da
distribuição da população original, a distribuição amostral da média é aproximadamente
Normal. Para confirmar tal pressuposto, utilizou-se também a análise gráfica (q-q plotGráfico de Probabilidade Normal), para cada variável estudada.
A verificação da diferença da adiposidade entre os sexos e entre as faixas
etárias para cada sexo foi realizada por análise de variância – ANOVA a dois fatores (sexo
e faixa etária) adotando-se o nível de significância de 5 % na análise dos dados (p < 0,05).
Foram construídas Tabelas de percentis para estabelecer-se valores
referenciais das dobras cutâneas individuais e para somatória de dobras cutâneas em relação
à faixa etária e sexo.
Na análise estatística foi utilizado o Pacote Estatístico “SPSS for Windows”
versão 8.0., além disso, na análise estatística inferencial contou-se com a orientação de
professores do SEA/IME/USP – Serviço de Estatística Aplicada do Instituto de Matemática
e Estatística da Universidade de São Paulo.
Delimitações do estudo
A amostra utilizada neste estudo foi constituída de moradores da cidade de
Santos – SP, independente de sua origem e do tempo de residência na cidade;
Participaram do estudo apenas indivíduos residentes nos domicílios
sorteados, que na data da visita tinham entre 20 e 69,9 anos de idade;
Todas as medidas foram realizadas pelo autor do estudo para que não
houvesse influência de diferenças interavaliadores na coleta de dados.
Limitações do estudo
a) A realização das avaliações esteve sujeita ao aceite dos moradores dos
domicílios sorteados;
b) A medida de dobras cutâneas foi realizada mesmo quando os valores eram
demasiadamente elevados, o que não é recomendável pela alteração na pressão
exercida pela mola do equipamento;
c) Os resultados obtidos não deverão ser generalizados para outras populações,
com características diferentes das observadas na população santista.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No intuito de propiciar uma compreensão mais ampla deste estudo, os resultados
foram dispostos em itens de acordo com os objetivos propostos inicialmente, e discutidos
simultaneamente à sua apresentação.
Primeiramente são apresentados os valores médios obtidos para cada uma das
variáveis do estudo, em cada faixa etária, para ambos os sexos; descrevendo-se assim o
comportamento da quantidade e distribuição da gordura corporal subcutânea de homens e
mulheres adultos. Tais médias constam nas FIGURAS 1 a 17, e os valores mínimo e
máximo, de média, mediana e desvio padrão são apresentados nos ANEXOS I a X. Na
seqüência, com o intuito de verificar a variabilidade dos dados para cada variável, por sexo
e faixa etária, são apresentados os gráficos “Box plot”, nas FIGURAS 18 a 27.
A análise do pressuposto de existência de distribuição normal dos dados, que foi
realizada pela análise gráfica (q-q plot) é apresentada nas FIGURAS 28 a 37.
A verificação da existência de diferença na quantidade e distribuição da gordura
corporal subcutânea em relação ao sexo e faixa etária foi realizada com base nas somatórias
de dobras cutâneas de tronco e de membros, por meio de análise de variância ANOVA a
dois fatores, utilizando-se o teste Post Hoc de Tukey para identificar, quando foi o caso,
onde ocorreram as diferenças. Tais resultados são apresentados nas TABELAS 5 a 13 e na
FIGURAS 38 a 44.
Por fim, são apresentados gráficos com as distribuições de percentis de valores
individuais de dobras cutâneas e de valores de somatórias de dobras cutâneas, nas
diferentes faixas etárias para cada sexo, nas FIGURAS 45 a 72, além das TABELAS de
distribuição dos percentis, nos ANEXOS XI a XX.
Análise descritiva
Observando os valores médios das variáveis estudadas verificamos que no
sexo masculino a massa apresentou uma elevação da primeira para a segunda faixa etária,
quando então tendeu a uma estabilização nas duas faixas etárias seguintes, apresentando
uma pequena queda na última faixa etária. Já em relação ao sexo feminino, a tendência à
elevação ocorreu da primeira até a terceira faixa etária, com uma posterior estabilização.
Tais resultados estão de acordo com os encontrados na literatura (ASSIS, MESA &
NUNES, 1999; FULWOOD, ABRAHAN & JOHNSON, 1981; GROOT, ENZI,
PERDIGAO & DEURENBERG, 1996; KUSHNER, 1993).
Quanto à medida de estatura, podemos verificar que o comportamento desta
variável foi semelhante para ambos os sexos, apresentando valores médios mais elevados
na primeira faixa etária e redução com o aumento da idade, atingindo os menores valores
médios na última faixa etária. Esta gradativa redução da estatura pode ser explicada por um
conjunto de fatores, como acentuação das curvaturas da coluna vertebral e achatamento dos
discos intervertebrais que acentuam-se com o passar dos anos, além de alterações
relacionadas com uma tendência secular. BORKAN, HULTS & GLYNN (1983), relataram
uma redução de 7,3 cm em homens entre 22 e 82 anos de idade, sendo que estes autores
estimaram que 3,0 cm (41 %) desta redução foram em função de tendência secular e 4,3 cm
devidos à idade. Em estudo longitudinal FLYNN, NOLPH, BAKER, MARTIN &
KRAUSE (1989), mostraram uma redução da estatura da ordem de 0,3 cm por década para
homens jovens e 0,8 cm por década para mulheres jovens, apresentando um aumento
gradual até atingir 1,4 cm e 3,3 cm por década, respectivamente, ao passar dos 60 anos de
idade. A estatura apresenta grande associação com o ano de nascimento, a região e as
condições de saúde e educação durante a infância, tanto para homens quanto para mulheres
(SILVENTOINEN, LAHELMA & RAHKONEN, 1999).
O IMC apresentou valores médios menores para as mulheres nas duas
primeiras faixas etárias, com valores semelhantes aos dos homens nas duas faixas
seguintes, superando-os na última faixa etária. Em ambos os sexos o IMC aumentou da
primeira até a terceira faixa etária, sendo mais acentuado o aumento no grupo feminino, a
partir daí tanto o grupo masculino quanto o feminino mantiveram os valores médios
estáveis, com os homens apresentando ligeira redução na última faixa etária, ao contrário
das mulheres que apresentaram aumento nesta faixa. Estes resultados são bastante
semelhantes aos encontrados em estudos que descrevem o comportamento do IMC em
relação ao sexo e faixa etária, como os realizados por JALKANEN, TUOMILEHTO,
NISSINEN & PUSKA (1989); KATZMARZYK, PÉRUSSE, RAO & BOUCHARD
(1999); LENTHE, DROOMERS, SCHRIJVERS & MACKENBACH (2000); TAYLOR,
KEIL, GOLD, WILLIANS & GOULDING (1998).
É importante ressaltar que de todas as variáveis estudadas estas três foram as
que apresentaram menor variabilidade dos resultados em todas as faixas etárias para ambos
os sexos, sendo que a estatura apresentou os menores coeficientes de variação, ficando
sempre abaixo de 5 %. Já a massa apresentou coeficientes de variação que foram de 14,84
% a 18,73 % para o sexo feminino e de 15,18 % a 18,54 para o sexo masculino. Os
coeficientes de variação do IMC estiveram entre 13,97 % e 17,11 % para o sexo feminino,
e entre 12,82 % e 16,38 % para o sexo masculino.
Observando o comportamento dos valores médios das dobras cutâneas
verificamos que o que parece diferenciar o grupo feminino do masculino é a gordura
periférica, pois em todas as faixas etárias as mulheres apresentaram valores médios maiores
que os homens para tríceps, bíceps, coxa e panturrilha medial. Em relação à gordura do
tronco, apenas na dobra cutânea torácica, a partir da segunda faixa etária, que os homens
apresentaram maior quantidade de gordura, sendo que para todas as demais dobras de
tronco os valores foram bastante semelhantes. Estes resultados corroboram os encontrados
por LOPES et alii (1995), ao estudarem a distribuição da gordura corporal subcutânea de
192 homens e 214 mulheres, servidores da Universidade Federal de Santa Catarina.
As somatórias de dobras cutâneas, em seus valores médios, confirmam
aquilo que foi encontrado nas médias de valores absolutos das dobras, ou seja, nas
somatórias que incluem somente dobras de tronco, que são ∑2 e ∑5T, homens e mulheres
estiveram próximos em todas as faixas etárias. Já na somatória que inclui somente dobras
cutâneas de membros, ∑4M, as mulheres apresentaram valores médios nitidamente
superiores aos dos homens em todas as faixas etárias. Esta superioridade na gordura
periférica por parte do sexo feminino acaba influenciando os resultados da gordura total,
tornando os valores médios de ∑5 e ∑9 maiores nas mulheres do que nos homens, em todas
as faixas etárias.
Observando o comportamento das somatórias de dobras cutâneas em relação
às diferentes faixas etárias percebemos que tanto homens quanto mulheres apresentaram
valores médios menores dos 20 aos 29,9 anos de idade, com elevação e estabilização da
quantidade de gordura nas faixas etárias posteriores e ligeira redução dos 60 aos 69,9 anos
de idade, para ∑2, ∑5T, ∑5 e ∑9; ocorrendo exceção no grupo feminino para ∑4M, em que
não houve redução na última faixa etária.
Tanto os valores absolutos das dobras cutâneas quanto suas somatórias
apresentaram grande variabilidade em seus resultados, para ambos os sexos, o que pode ser
verificado por elevados coeficientes de variação. A maior variabilidade foi encontrada nas
duas primeiras faixas etárias, com gradativa redução do coeficiente de variação nas faixas
etárias seguintes, o que indica maior heterogeneidade das medidas de dobras cutâneas em
adultos mais jovens e uma tendência a homogeneização destes valores com o aumento da
Massa (kg)
idade.
85,00
80,00
75,00
70,00
65,00
60,00
55,00
50,00
20 a 29,9
30 a 39,9
40 a 49,9
50 a 59,9
60 a 69,9
Masculino
74,63
79,82
79,78
78,98
76,54
Feminino
59,77
63,40
68,55
67,12
67,45
Faixa Etária
FIGURA 1 – Valores médios de massa corporal (kg) da população santista, de ambos os
sexos, divididos em faixas etárias.
Estatura (cm)
180,00
175,00
170,00
165,00
160,00
155,00
150,00
20 a 29,9
30 a 39,9
40 a 49,9
50 a 59,9
60 a 69,9
Masculino
173,83
172,80
170,28
168,17
166,86
Feminino
161,28
158,89
156,79
155,18
153,38
Faixa Etária
FIGURA 2 – Valores médios de estatura (cm) da população santista, de ambos os sexos,
divididos em faixas etárias.
IMC (kg/m2)
30,00
28,00
26,00
24,00
22,00
20 a 29,9
30 a 39,9
40 a 49,9
50 a 59,9
60 a 69,9
Masculino
24,16
26,28
27,03
27,45
26,92
Feminino
22,48
24,71
27,41
27,41
28,23
Faixa Etária
FIGURA 3 – Valores médios de IMC (kg/m2) da população santista, de ambos os sexos,
divididos em faixas etárias.
Tríceps (mm)
25,00
20,00
15,00
10,00
5,00
20 a 29,9
30 a 39,9
40 a 49,9
50 a 59,9
60 a 69,9
Masculino
11,08
11,26
12,96
12,16
11,02
Feminino
17,82
20,12
20,96
21,69
21,67
Faixa Etária
FIGURA 4 – Valores médios de dobra cutânea triciptal (mm) da população santista, de
Subescapular (mm)
ambos os sexos, divididos em faixas etárias.
30,00
25,00
20,00
15,00
10,00
20 a 29,9
30 a 39,9
40 a 49,9
50 a 59,9
60 a 69,9
Masculino
16,21
20,93
24,41
24,33
22,72
Feminino
18,52
20,88
24,60
26,41
24,19
Faixa Etária
FIGURA 5 – Valores médios de dobra cutânea subescapular (mm) da população santista,
de ambos os sexos, divididos em faixas etárias.
Axilar Média (mm)
25,00
20,00
15,00
10,00
5,00
20 a 29,9
30 a 39,9
40 a 49,9
50 a 59,9
60 a 69,9
Masculino
12,96
16,29
19,44
19,69
18,33
Feminino
14,51
16,62
20,38
21,56
20,76
Faixa Etária
FIGURA 6 – Valores médios de dobra cutânea axilar média (mm) da população santista, de
ambos os sexos, divididos em faixas etárias.
Torácica (mm)
20,00
15,00
10,00
5,00
0,00
20 a 29,9
30 a 39,9
40 a 49,9
50 a 59,9
60 a 69,9
Masculino
9,94
13,61
15,93
17,27
15,58
Feminino
9,51
10,26
11,15
11,68
12,31
Faixa Etária
FIGURA 7 – Valores médios de dobra cutânea torácica (mm) da população santista, de
ambos os sexos, divididos em faixas etárias.
Bíceps (mm)
15,00
10,00
5,00
0,00
20 a 29,9
30 a 39,9
40 a 49,9
50 a 59,9
60 a 69,9
Masculino
5,85
7,55
8,05
8,21
7,81
Feminino
8,75
10,09
11,76
12,58
11,86
Faixa Etária
FIGURA 8 – Valores médios de dobra cutânea biciptal (mm) da população santista, de
Suprailíaca (mm)
ambos os sexos, divididos em faixas etárias.
35,00
30,00
25,00
20,00
15,00
20 a 29,9
30 a 39,9
40 a 49,9
50 a 59,9
60 a 69,9
Masculino
21,97
26,92
29,31
28,06
22,88
Feminino
22,92
23,31
26,46
26,50
24,38
Faixa Etária
FIGURA 9 – Valores médios de dobra cutânea suprailíaca (mm) da população santista, de
ambos os sexos, divididos em faixas etárias.
Abdominal (mm)
40,00
30,00
20,00
10,00
20 a 29,9
30 a 39,9
40 a 49,9
50 a 59,9
60 a 69,9
Masculino
23,47
30,43
35,81
34,55
27,85
Feminino
24,70
26,49
31,99
34,21
35,18
Faixa Etária
FIGURA 10 – Valores médios de dobra cutânea abdominal (mm) da população santista, de
ambos os sexos, divididos em faixas etárias.
Coxa (mm)
35,00
30,00
25,00
20,00
15,00
10,00
20 a 29,9
30 a 39,9
40 a 49,9
50 a 59,9
60 a 69,9
Masculino
16,98
16,73
18,48
18,20
15,29
Feminino
28,53
30,69
32,45
31,71
31,65
Faixa Etária
FIGURA 11 – Valores médios de dobra cutânea da coxa (mm) da população santista, de
ambos os sexos, divididos em faixas etárias.
Panturrilha Medial (mm)
25,00
20,00
15,00
10,00
5,00
20 a 29,9
30 a 39,9
40 a 49,9
50 a 59,9
60 a 69,9
Masculino
10,93
10,96
11,36
10,91
9,70
Feminino
17,74
18,38
18,85
18,76
20,57
Faixa Etária
FIGURA 12 – Valores médios de dobra cutânea panturrilha medial (mm) da população
Somatória 2 (mm)
santista, de ambos os sexos, divididos em faixas etárias.
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
20 a 29,9
30 a 39,9
40 a 49,9
50 a 59,9
60 a 69,9
Masculino
38,18
47,85
53,73
52,39
45,60
Feminino
41,45
44,19
51,06
52,91
48,57
Faixa Etária
FIGURA 13 – Valores médios de somatória de dobras cutâneas - ∑2 (mm) da população
santista, de ambos os sexos, divididos em faixas etárias.
Somatória 5T (mm)
150,00
125,00
100,00
75,00
50,00
20 a 29,9
30 a 39,9
40 a 49,9
50 a 59,9
60 a 69,9
Masculino
84,56
108,17
124,91
123,91
107,36
Feminino
91,69
97,56
114,59
120,36
116,82
Faixa Etária
FIGURA 14 – Valores médios de somatória de dobras cutâneas - ∑5T (mm) da população
Somatória 4M (mm)
santista, de ambos os sexos, divididos em faixas etárias.
100,00
80,00
60,00
40,00
20,00
20 a 29,9
30 a 39,9
40 a 49,9
50 a 59,9
60 a 69,9
Masculino
44,84
46,51
50,86
49,48
43,82
Feminino
72,84
79,29
84,02
84,75
85,75
Faixa Etária
FIGURA 15 – Valores médios de somatória de dobras cutâneas - ∑4M (mm) da população
santista, de ambos os sexos, divididos em faixas etárias.
Somatória 5 (mm)
150,00
125,00
100,00
75,00
50,00
20 a 29,9
30 a 39,9
40 a 49,9
50 a 59,9
60 a 69,9
Masculino
89,72
106,26
120,98
117,30
99,76
Feminino
114,02
121,48
136,46
140,52
137,07
Faixa Etária
FIGURA 16 – Valores médios de somatória de dobras cutâneas - ∑5 (mm) da população
Somatória 9 (mm)
santista, de ambos os sexos, divididos em faixas etárias.
225,00
200,00
175,00
150,00
125,00
100,00
20 a 29,9
30 a 39,9
40 a 49,9
50 a 59,9
60 a 69,9
Masculino
129,40
154,68
175,76
173,39
151,18
Feminino
164,53
176,85
198,61
205,11
202,58
Faixa Etária
FIGURA 17 – Valores médios de somatória de dobras cutâneas - ∑9 (mm) da população
santista, de ambos os sexos, divididos em faixas etárias.
Na observação dos gráficos “Box plot” ficou patente que as somatórias que apresentaram
menor variabilidade para todos os grupos foram ∑2 e ∑4M, seguidas de ∑5T. Já em relação
a ∑5 e ∑9, que são justamente as somatórias que representam a quantidade total de gordura
corporal, pode-se verificar a presença de indivíduos afastando-se acentuadamente das
medianas. Nestas variáveis, homens de 20 a 29,9 anos de idade apresentaram maior
variabilidade nos dados do que mulheres na mesma faixa etária, fato que se repetiu nas
faixas de 30 a 39,9 anos e 50 a 59,9 anos de idade; invertendo-se tal comportamento nas
faixas etárias de 40 a 49,9 anos e de 60 a 69,9 anos de idade, onde os dados do grupo
feminino demonstraram maior variabilidade.
( continua parte 3....)