Para duplicar faturamento, McCain mira mercado brasileiro

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Para duplicar faturamento, McCain mira mercado brasileiro
Para duplicar faturamento, McCain
mira mercado brasileiro
Após completar 20 anos de atuação no Brasil, no fim de 2012, a McCain Foods - líder mundial
em produção e venda de batatas pré-fritas congeladas - tem planos ousados para o País. A
importância do mercado brasileiro, aliada a dificuldades de importação do produto fabricado na
Argentina, motivou a empresa canadense a determinar a transferência de sua sede regional de
Buenos Aires para São Paulo e a contratar, para o cargo de diretor executivo, um brasileiro. A
meta do grupo é duplicar o faturamento global em cinco anos.
No ano passado, disputas aduaneiras entre Argentina e Brasil atrapalharam as vendas da
McCain e chegaram a paralisar as operações da unidade da empresa em Balcarce, na Argentina.
O mercado brasileiro é o destino de 65% da produção da fábrica, que destina os outros 35% ao
mercado interno e a países vizinhos, como Paraguai, Uruguai, Chile, Venezuela, Colômbia,
Bolívia e Peru.
Gigante argentino El Tejar concentra suas atenções no Brasil
Em uma medida similar à adotada pelo gigante da soja El Tejar, a McCain colocou um CEO
brasileiro, Paolo Andra Picchi, ex-Danone, no comando das operações regionais. Em entrevista
ao jornal La Nación, em abril, Picchi garantiu, porém, que o foco no Brasil não implica em uma
saída da Argentina. Segundo ele, apesar dos custos crescentes no país de Cristina Kirchner, a
batata argentina é uma das melhores do mundo, com qualidade superior àquela produzida no
Brasil.
Trajetória
Conforme Graziela Bueno, diretora de Marketing da McCain Brasil, a chegada da empresa ao
País, na década de 90, ocorreu em uma época em que o consumo de batata congelada inexistia.
Tanto restaurantes quanto consumidores tinham o hábito de descascar as batatas para fritar.
A McCain passou a atuar no Brasil em 1992 e, três anos depois, investiu 160 milhões de dólares
na inauguração da unidade em Balcarce, na Argentina, para atender ao Mercosul. Em 1997, o
consumo era de 300 gramas per capita. Dez anos depois, foi atingida a marca de 700 gramas.
Esse índice mais do que dobrou em 2012, atingindo 1,5 quilo per capita. Apesar do crescimento,
segundo Graziela, há ainda uma grande distância de países europeus, cuja média é de 15 quilos
per capita.
Estruturada no mercado brasileiro, a McCain estabeleceu, como meta, ampliar a presença no
prato do cidadão, no qual proteínas, arroz e feijão têm a preferência. Estimativas da empresa
indicam que 80% da população consome batata frita e que, na média, esse consumo ocorre uma
vez por semana. Para vencer os desafios de expansão, a transferência da sede da empresa
cumpriria papel importante.
Os planos da empresa são ousados, com uma proposta de duplicação de tamanho em cinco anos,
de US$ 6 bilhões a US$ 12 bilhões de faturamento. Para sua concretização, a América Latina é
um mercado essencial. Assim, em 2012, a McCain anunciou a compra da divisão de batatas da
empresa Belga PinguinLutosa por US$ 290 milhões. A aquisição foi considerada vital para os
planos de expansão internacional. Na época, as vendas da PinguinLutosa no Brasil
correspondiam a 10% do que a McCain comercializa no País.
Mercado
O mercado brasileiro se fortalece com o avanço das indústrias de batatas pré-fritas. Há,
atualmente, uma indústria na Bahia e outra em Minas Gerais. Altos subsídios praticados na
Europa, contudo, possibilitam que a batata importada chegue mais barata ao Brasil, mesmo com
a taxação.
O País ocupa a 19ª colocação no ranking mundial, produzindo cerca de 1% do total de batatas,
conforme a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). A liderança
é da China, com 74,7 milhões de toneladas (23% do total produzido), seguida por Índia (11%),
Rússia (7%) e Ucrânia (6%).
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que a área do cultivo de
batata na safra 2011/12 foi de 133.284 hectares: 9% menor do que a anterior. Já a produção caiu
7% e somou 3,62 milhões de toneladas. Minas Gerais lidera nos dois rankings, com 29% da área
cultivada e 33% do total produzido. Nas cinco primeiras posições, aparecem ainda, pela ordem,
São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás.

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