Mensagens de Boas Novas - Volume 10
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Mensagens de Boas Novas - Volume 10
REVISTAANUAL Editora RESTAURAÇÃO Volume 10 Junho 2013 a Maio 2014 "O qual (Jesus Cristo) convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princípio." (Atos 3:21). A Editora Restauração é uma entidade sem fins lucrativos criada com o propósito de bem utilizar os recursos de comunicação disponíveis para publicar todo tipo de material que seja útil à restauração e edificação da Igreja de Jesus Cristo. O sustento espiritual e material desta entidade depende exclusivamente das orações e doações feitas pelos santos que forem tocados pelo Senhor para contribuírem com este ministério. O material publicado pela Editora Restauração é isento de reserva de direitos autorais estando, portanto, desde já liberado para a reedição e reprodução por qualquer pessoa que deseje participar deste trabalho. Agradecemos a Deus por nos confiar este importante ministério, que certamente contribuirá com a preparação da Noiva para a vinda do Rei e Senhor Jesus Cristo. O Editor. www.editorarestauracao.com.br M Bo en as sag en N ov s as de Atos 3:21 Boletins “Mensageiro das Boas Novas” Números 217 a 228 PUBLICAÇÕES DA EDITORA RESTAURAÇÃO O QUE É O EVANGELHO? Evangelho quer dizer "boas-novas". As boas-novas a respeito de Jesus Cristo, o Filho de Deus, são-nos apresentadas por quatro autores: Mateus, Marcos, Lucas e João, embora exista só um Evangelho, a bela história da salvação por Jesus Cristo, nosso Senhor. A palavra "Evangelho" nunca é usada no Novo Testamento para referir-se a um livro. Significa sempre "boas-novas". Quando falamos do Evangelho de Lucas, devemos compreender que se trata, das boas-novas de Jesus Cristo conforme foram registradas por Lucas. Entretanto, desde os tempos antigos o termo "evangelho" tem sido usado com referência a cada uma das quatro narrativas da vida de Cristo. Originalmente essas boas-novas eram transmitidas pela palavra falada. Os homens iam de lugar em lugar contando a velha história. Depois de algum tempo fez-se necessário um registro escrito. Mais de uma pessoa tentou fazê-lo, mas sem êxito. Veja o que Lucas diz: “Visto que muitos têm empreendido fazer uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, segundo no-los transmitiram os que desde o princípio foram testemunhas oculares e ministros da palavra, também a mim, depois de haver investido tudo cuidadosamente desde o começo, pareceu-me bem, ó excelentíssimo Teófilo, escrever-te uma narração em ordem para que conheças plenamente a verdade das coisas em que foste instruído” (Lucas 1:1-4). Há somente um Evangelho, apresentado de quatro maneiras. Quatro retratos de Cristo são focalizados. Eles apresentam uma Personalidade, mais do que a história conjunta de uma vida. (Extraído do livro “Estudo Panorâmico da Bíblia” de Henrietta C. Mears) Livretos Betânias Verdadeiras - T.Austin Sparks A Última Chamada - Stephen Kaung O Senhorio de Cristo - Stephen Kaung O Tempo da Cruz - Watchman Nee Betânia - Frank Viola O Seu Cristo é Muito Pequeno - Frank Viola Restaurando a Expressão da Igreja Volume 1 A Ceia do Senhor Partes 1 a 5 Restaurando a Expressão da Igreja Volume 2 O Batismo Partes 1 a 4 Fora do Arraial - Hamilton Smith Uma Nova Visão da Igreja Como Família - Frank Viola A Identidade do Testemunho da Igreja - Gino Iafrancesco Há Um Combate a Ser Combatido! - J.C. Metcalfe A Que Devemos Ser Leais - William Macdonald A Vontade de Deus Para a Mulher Cristã - Vários Autores Divórcio e Recasamento - Shawn Abigail A Verdade Acerca do Natal - Autor Desconhecido Não Deixe a Congregação - J. Preston Eby A Salvação da Alma - Watchman Nee Livros A Noiva do Cordeiro - Hamilton Smith A Gloriosa Liberdade dos Filhos de Deus - S. Kaung O Filho de Deus - Hamilton Smith Sede Vós Pois Perfeitos - Stephen Kaung Conversa Franca com Pastores - Frank Viola A Plenitude de Cristo - Stephen Kaung Pequenos Artigos Sobre a Igreja - Hamilton Smith Restauração - Stephen Kaung Você quer Realmente Começar Uma Igreja em Casa? - Frank Viola O Reino e a Igreja - Stephen Kaung Rios de Águas Vivas - Ruth Paxson O Reino de Deus - Stephen Kaung Chamados para a Santidade - Ruth Paxson Meditações Sobre o Reino - Stephen Kaung Eu Edificarei a Minha Igreja - Stephen Kaung A Cruz - Stephen Kaung Pegadas - Stephen Kaung Revistas O Vencedor - Volumes 1 a 10 Mensagens de Boas Novas - Volumes 1 a 10 Todas as publicações se encontram disponíveis na página da internet www.editorarestauracao.com.br camente cortado de toda economia de Satanás. No final de sua carta aos Gálatas, Paulo afirma isso muito claramente. "Mas longe esteja de mim gloriar-me senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo" (Gal. 6:14). Notou algo marcante quanto a este versículo? Com relação ao mundo, ele fala dos dois aspectos da obra da cruz já mencionados em nosso capítulo anterior. "Fui crucificado para o mundo" é uma afirmativa que vemos ser facilmente adaptável à nossa compreensão de estarmos crucificados com Cristo, como definido em passagens tais como Romanos 6. Mas aqui também está dito: especificamente que "O mundo foi crucificado para mim". Quando Deus vem a você e a mim com a revelação da obra terminada de Cristo, Ele não apenas mostra a nós mesmos crucificados lá na cruz, mostra-nos também o nosso mundo ali. Se você e eu não podemos escapar ao julgamento da cruz, então nem o mundo pode escapar a esse julgamento. Será que eu realmente já compreendi isso? Essa é a questão. Quando eu compreendo, não tento repudiar um mundo que amo, vejo que a cruz o repudiou. Não tento escapar a um mundo que se agarra a mim; vejo que através da cruz eu escapei. Como tantas outras coisas na vida cristã, a forma da libertação do mundo vem a ser uma surpresa para muitos de nós, pois está em grande desigualdade com os conceitos naturais do homem. O homem procura resolver o problema do mundo afastando-se fisicamente do que ele considera a zona de perigo. Mas a separação física não traz a separação espiritual; e o contrário também é verdadeiro, que o contato físico com o mundo não compele à captura espiritual pelo mundo. Escravidão espiritual ao mundo é fruto de cegueira espiritual, e a libertação é o resultado de ter nossos olhos abertos. Não importa quão próximo possa ser externamente o nosso contato com o mundo, somos libertos do seu poder quando verdadeiramente compreendemos sua natureza. O caráter essencial do mundo é satânico; é inimizade para com Deus. Compreender isso é encontrar libertação. Permita-me perguntarlhe: qual a sua ocupação? Mercador? Médico? Não se afaste dessas vocações. Simplesmente, escreva: o comércio está sob sentença de morte. A medicina está sob sentença de morte. Se fizer isso com sinceridade, sua vida será mudada dai em diante. No meio de um mundo sob julgamento por sua hostilidade a Deus, você saberá o que é viver como alguém que Livro Indicado Para a Leitura do Mês O livro de Apocalipse revela que Satanás estabelecerá seu reino do anticristo no mundo político, religioso e comercial. Neste tripé de política, religião e comércio, seu reino encontrará sua última expressão violenta. Ao entrar em contato com qualquer uma das unidades de seu sistema, deveríamos pensar nisso duas vezes para que, inadvertidamente, não sejamos encontrados ajudando a construir seu reino. O mundo jaz no maligno. O mundo está condenado. O mundo crucificou Jesus. Assim, todo aquele que ama o mundo torna-se inimigo de Deus. Qual, então, é o segredo para manter nossa vida e coisas materiais na vontade de Deus? Watchman Nee responde. Leia este livro. Seja livre! Este livro pode ser adquirido através do site: http://www.editoradosclassicos.com.br/ Este boletim é distribuido gratuitamente. Toda correspondência e doação para custear a sua publicação deve ser enviada para: Editora Restauração - "O mensageiro das Boas Novas” Caixa Postal: 1945 - Curitiba - Paraná - Brasil - CEP 80.011-970 e-mail: [email protected] Jesus O mensageiro das BOAS NOVAS Ano XV n° 217 Junho 2013 “Todos ficaram cheios do Espírito Santo“ A PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO A.J.Gordon Imediatamente após o Seu batismo, lemos: “Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi guiado pelo mesmo Espírito, no deserto” (Lc 4.1). O mesmo registro se faz a respeito dos discípulos no cenáculo, imediatamente após a descida do Espírito: “Todos ficaram cheios do Espírito Santo” (At 2.4). O assunto tratado nessas passagens em nada parece diferente daquilo que, em outras passagens das Escrituras, se chama de receber o Espírito Santo. É uma experiência que pode ser repetida, e certamente o será, se estivermos vivendo no Espírito. Mas é claramente uma experiência de alguém que já se converteu. Isso fica evidente na vida de Paulo. Se, conforme citamos mais para o início deste capítulo, o recebimento do Espírito está associado sempre e inseparavelmente à conversão, alguém poderá com razão perguntar por que uma conversão tão marcante e radical como a do apóstolo aos gentios precisa ser seguida de uma experiência como a mencionada em Atos 9.17: “Saulo, irmão, o Senhor me enviou, a saber, o próprio Jesus que te apareceu no caminho por onde vinhas, para que recuperes a vista e fiques cheio do Espírito Santo”. Parece que temos aqui uma clara indicação para aquilo que constantemente aparece nas Escrituras, tanto na doutrina como na experiência, algo divinamente distinto da conversão e posterior a ela, experiência que temos chamado de receber o Espírito Santo. Podemos chamá-la também, apropriadamente, de “revestimento de poder”; repare a frequência com que, em todo o livro de Atos, poderosas obras e poderosos discursos estão relacionados a essa experiência. “Então, Pedro, cheio do Espírito Santo, lhes disse: Autoridades do povo e anciãos...” (At 4.8) é o prefácio de um dos mais A PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO (continuação) A.J.Gordon poderosos sermões desse apóstolo. todos ficaram cheios do Espírito Santo e, com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus” (At 4.31) é um registro semelhante. elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo” diz a narrativa da escolha dos diáconos, em Atos 6.5. “Estêvão, cheio do Espírito Santo” é a tônica desse grande sermão do mártir. Esse enchimento do Espírito assinala uma decisiva e muito importante crise na vida cristã, é o que concluímos da história da conversão do apóstolo, a que acabamos de nos referir. Mas, como já dissemos, estamos longe de afirmar que essa é uma experiência que ocorre uma vez para sempre, como parece ser o caso do selo. Assim como as palavras “regeneração” e “renovação”, quando usadas pelas Escrituras, assinalam respectivamente a concessão da vida divina como possessão permanente e o seu aumento por meio de repetidas transmissões, quando somos selados recebemos o Espírito Santo uma vez para sempre, recebimento esse que pode ser seguido de repetidos enchimentos. É razoável concluir isso, uma vez que nossa capacidade está sempre aumentando e nossa necessidade sempre de novo aparece, conforme Godet expõe de forma tão bela: “O homem é um vaso destinado a receber a Deus, um vaso que precisa ser ampliado na proporção em que se enche, e precisa ser cheio à medida que se amplia”. E mesmo assim confessamos aqui certo grau de incerteza quanto ao uso dos termos e se os dois que estamos considerando são exatamente a mesma coisa. Creio que devemos, por isso, fazer uma pausa e orar, uma vez que “nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente” (1 Co 2.12). Que o bendito Revelador e Intérprete possa não somente nos revelar nosso privilégio e herança no Espírito Santo, mas nos ensinar a denominar e distinguir os termos pelos quais essas bênçãos nos são transmitidas. Embora o fato a respeito do qual estamos falando pareça indubitável, a sua explicação está longe de ser fácil. Por essa razão, não podemos considerar de pouco valor um consenso de opinião a esse respeito por parte daqueles que têm afinal de contas, é um pouco mais do que métodos mundanos? Permita-me recordar-lhes as palavras de Jesus em Mateus 11:18, 19: "Pois veio João, que não comia nem bebia e dizem: tem demônio. Veio o Filho do homem, que come e bebe, e dizem: Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores!" Alguns pensam que João Batista nos oferece uma receita para escapar ao mundo, mas "não comia nem bebia" não é cristianismo. Cristo veio comendo e bebendo e isso é cristianismo! O apóstolo Paulo fala das "ordenanças do mundo", e define-as como "não manuseies isto não proves aquilo, não toques aquilo outro" (Col. 2:20, 21). Assim, a abstinências é nada mais nada menos do que mundana, e que esperança há, no uso de ordenanças mundanas, de escapar do sistema do mundo? Contudo quantos cristãos sinceros estão renunciando a toda sorte de prazeres mundanos na esperança de assim ficarem libertos do mundo! Você pode construir uma cabana de eremita em algum lugar remoto, pensando escapar ao mundo retirando-se para lá, mas o mundo o seguirá até mesmo ali. Seguirá sua pista e o encontrará, não importando onde você se esconda. Nossa libertação do mundo começa, não com a nossa desistência disso ou daquilo, mas com o enxergarmos com os olhos de Deus, que é um mundo sob sentença de morte, como na ilustração com a qual abrimos este capítulo, "caiu, caiu a grande Babilônia!" (Ap. 18:2). Agora uma sentença de morte está sempre passada, não sobre os mortos, mas sobre os vivos. E em certo sentido o mundo é uma força viva hoje, perseguindo e procurando incansavelmente seus vassalos. Mas, embora seja verdade que quando é pronunciada a sentença a morte ainda pertence ao futuro, ainda assim é certa. Uma pessoa sob sentença de morte, não tem futuro além dos limites de uma cela condenada. Do mesmo modo o mundo estando sob sentença, não tem futuro. O sistema mundial ainda não foi "golpeado", como dizemos, e terminado por Deus, mas o golpeamento é uma questão já decidida. Faz toda diferença para nós se vemos isso. Algumas pessoas procuram a libertação do mundo no ascetismo e como o Batis- ta, não comem nem bebem. Isso hoje é budismo, não cristianismo. Como cristãos nós comemos e bebemos, mas o fazemos na compreensão de que o comer e beber pertencem ao mundo, e, como eles estão sob a sentença de morte, não tem poder sobre nós. Suponhamos que as autoridades municipais de Shangai decretem que a escola onde você está empregado deve ser fechada. Assim que toma conhecimento dessa notícia, você percebe que não há futuro naquela escola para você. Continua trabalhando lá por um tempo, mas não constrói nada para o futuro ali. Sua atitude para com a escola muda no momento em que fica sabendo que deve ser fechada. Ou, para usar outra ilustração, suponha que o governo decida fechar certo banco. Você se apressaria a depositar nele uma grande importância de dinheiro para salvá-lo do colapso? Não, você não depositaria ali nem mais um centavo, desde que saiba que não tem futuro. Você não deposita nada, porque não espera nada dele. E podemos com justificativa dizer que o mundo está sob uma ordem de fechamento. Babilônia caiu quando seus defensores guerrearam com o Cordeiro, e quando por Sua morte e ressurreição Ele os superou como o Senhor dos senhores e Rei dos reis (Ap. 17:14). Não há futuro para ela. Uma revelação da cruz de Cristo implica para nós na descoberta desse fato, que através dela tudo o que pertencia ao mundo está sob sentença de morte. Continuamos vivendo e utilizando as coisas do mundo, mas não podemos construir qualquer futuro com elas, pois a cruz destruiu toda esperança que tínhamos nelas. A cruz de nosso Senhor Jesus podemos na verdade afirmar, arruinou nossas expectativas quanto ao mundo, não temos nada por que viver nele. Não existe um verdadeiro caminho de salvação do mundo que não principie com tal revelação. Precisamos apenas tentar escapar do mundo fugindo dele, para descobrir o quanto nós o amamos, e o quanto ele nos ama. Podemos fugir para onde quisermos para evitá-lo, mas ele certamente nos encontrará. Mas perdemos inevitavelmente todo interesse pelo mundo, e este perde seu poder sobre nós, assim que descobrirmos que o mundo está condenado. Compreender isso é ser automati Pois certamente precisamos construir. O Éden era um jardim sem muralhas artificiais para conservar fora os inimigos; por isso Satanás pôde entrar. Deus pretendia que Adão e Eva "o guardassem" (Gn. 2:15), eles próprios constituindo-se numa barreira moral contra ele. Hoje, por meio de Cristo, Deus planeja um Éden no coração de Seu povo redimido, ao qual, em triunfante realidade, Satanás finalmente não terá qualquer acesso moral. "Nela nunca jamais penetrará coisa alguma contaminada, nem o que pratica abominação e mentira; mas somente os inscritos no livro da vida do Cordeiro". Muitos de nós concordaríamos que foi dada uma revelação especial da Igreja de Deus ao apóstolo Paulo. De igual modo, sentimos que Deus deu a João uma compreensão especial da natureza das coisas do mundo. Na verdade, kosmos é peculiarmente uma palavra de João. Os outros evangelhos usam-na apenas quinze vezes. Mateus nove, Marcos e Lucas três vezes cada, enquanto Paulo emprega-a 47 vezes em oito cartas. Mas João usa-a 105 vezes ao todo, 78 em seu evangelho, 24 em suas epístolas e mais três vezes emApocalipse. Em sua primeira epístola, João escreve: "porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo" (2:16). Nestas palavras que refletem com tanta clareza a tentação de Eva (Gn. 3:6), João define as coisas do mundo. Tudo o que pode ser incluído na concupiscência ou desejo primitivo, tudo o que excita ambição gananciosa, e tudo o que desperta em nós a soberba ou deslumbramento da vida, todas essas coisas são parte do sistema satânico. Talvez quase não seja necessário considerar mais detalhadamente os dois primeiros, mas contemplemos o terceiro por um momento. Tudo o que provoca soberba em nós, é do mundo. Proeminência, riquezas, realizações, isto o mundo aplaude. Os homens ficam legitimamente orgulhosos do sucesso. Contudo, João denomina tudo o que traz essa sensação de sucesso como "do mundo". Portanto, cada sucesso que experimentamos (eu não estou sugerindo que deveríamos ser fracassados) reclama de nós, por um instante, a humilde confissão de sua pecaminosidade inerente, pois onde quer que tenhamos encontrado o sucesso, até certo ponto entramos em contato com o sistema mundial. Sempre que sentimos complacência quanto a alguma realização, podemos saber de imediato que tocamos o mundo. Podemos saber, também, que nos colocamos sob o julgamento de Deus, pois não temos já concordado que o mundo todo está sob julgamento? Agora (e vamos tentar assimilar este fato) aqueles que percebem isso e confessam sua necessidade estão desse modo protegidos. Mas o problema é, quantos de nós estão conscientes disso? Mesmo aqueles dentre nós que vivem na separação de suas casas particulares estão tão propensos a serem presas da soberba da vida, quanto os que têm grande sucesso público. Uma mulher em uma modesta cozinha pode tocar o mundo e sua complacência mesmo enquanto estiver preparando a refeição diária ou entretendo convidados. Toda glória que não é para a glória de Deus é vanglória, e são surpreendentes os sucessos insignificantes que podem causar vanglória. Onde quer que encontremos o orgulho, encontramos o mundo, e há uma perda imediata de nosso relacionamento com Deus. Oh, que Deus nos abra os olhos para vermos claramente o que é o mundo! Não apenas as coisas más, mas todas aquelas que nos afastam tão gentilmente de Deus, são unidades daquele sistema que é antagônico a Ele. Contentamento na realização de um trabalho tem o poder de se colocar de imediato entre nós e Deus. Pois se é soberba da vida e não o louvor a Deus que desperta em nós, podemos saber com certeza que tocamos o mundo. Dessa forma, há uma necessidade constante de vigiar e orar, se quisermos manter pura comunhão com Deus. Qual é então o modo de escapar a essa cilada que o diabo colocou para enganar o povo de Deus? Primeiro, digo enfaticamente que não escaparemos pelo fato de fugirmos. Muitos pensam que podemos escapar do mundo, procurando abster-nos das coisas do mundo. Isso é tolice. Como poderíamos nós escapar ao sistema do mundo usando o que, pensado com mais cuidado e pesquisado com mais devoção sobre o assunto. Essa é a nossa justificativa para as inúmeras citações que introduzimos neste capítulo, por crer que o Espírito Santo provavelmente Se dará a entender por meio daqueles que mais O honram ao buscar a Sua direção e iluminação. Numa recente obra sobre o assunto, na qual se uniram de forma harmoniosa tanto a erudição quanto o discernimento espiritual, o autor coloca da seguinte forma as suas conclusões: “Parece-me sem dúvida nenhuma, como assunto de experiência tanto dos cristãos de nossos dias quanto dos cristãos da Igreja primitiva, da forma que está registrado nos escritos inspirados, que, em adição ao dom do Espírito recebido na conversão, há outra bênção correspondente em seus sinais e efeitos à bênção recebida pelos apóstolos no dia de Pentecostes uma bênção que precisa ser pedida e esperada por aqueles que já são cristãos e que pode ser descrita com a linguagem empregada no livro de Atos dos Apóstolos. O que quer que seja essa bênção, ela é uma direta ligação com o Espírito Santo; uma experiência que pode ser descrita pela expressão 'ser cheio do Espírito'.Assim como aconteceu com os cristãos primitivos, assim também ocorre conosco: o enchimento sobrevém quando há especial necessidade dele... E há uma ocasião em que essa bênção ocorre pela primeira vez. Essa primeira vez é uma crise espiritual que se torna referência para toda a sua vida espiritual futura. Talvez fique a dúvida sobre como chamar essa crise, ou pelo menos qual é o nome que as Escrituras nos autorizam dar a ela... Quer se esteja consciente disso ou não, toda a nova vida se deve à vinda do Espírito Santo na alma, com novo poder; e quanto mais conscientemente se entende isso, mais se encontra o Espírito Santo em Seu devido lugar em nosso coração. É somente quando Ele é conscientemente aceito em todo o Seu poder que se pode dizer que fomos tanto 'batizados' como 'cheios' com o Espírito Santo. Devo acrescentar que é possível afirmar que Deus desde o começo ofereceu ao Seu próprio povo uma posição mais elevada nesse assunto do que eles têm sido capazes de ocupar, pelo fato de que a plenitude do Espírito foi e é oferecida a cada pessoa na conversão; e que é unicamente por causa da falta de fé que as sub Jesus sequentes efusões do Espírito Santo se tornaram necessárias”. Parece claro, da exortação encontrada na Epístola aos Efésios, que o enchimento do Espírito nos pertence como privilégio da aliança, a qual evidentemente se aplica a todos os cristãos: “E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18). O uso passivo do verbo aqui é muito sugestivo. A vontade rendida, o corpo submisso, o coração esvaziado são os grandes requisitos para que Ele entre. E quando Ele vier e encher o crente, o resultado é uma espécie de atividade passiva, como alguém que foi moldado e controlado, em vez de alguém que controla suas próprias ações. Sob a influência de bebida forte, há uma efusão de tudo que o espírito mau inspira frivolidade, profanação e conduta desordenada. “Sejam homens embriagados de Deus”, diz o apóstolo; “permitam que o Espírito de Deus os controle de tal forma que vocês transbordem em salmos e hinos e cânticos espirituais”. Se um entusiasmo divino desses possui seus perigos, cremos que são menos temíveis do que o moderantismo que torna os servos de Deus satisfeitos com a letra das Escrituras, desde que essa letra seja manejada com habilidade e de forma sistemática, em vez de conceder ao Espírito o principal lugar como o inspirador e o gerador de todo serviço cristão. ! Livro Indicado Para a Leitura do Mês Você descobrirá que a leitura e meditação cuidadosas deste livro farão você conhecer o Senhor mais intimamente, além de tornar o seu andar e o seu trabalho com Ele mais produtivos. Este livro pode ser adiquirido no site: www.editoradosclassicos.com.br Este boletim é distribuido gratuitamente. Toda correspondência e doação para custear a sua publicação deve ser enviada para: Editora Restauração - "O mensageiro das Boas Novas” Caixa Postal: 1945 - Curitiba - Paraná - Brasil - CEP 80.011-970 e-mail: [email protected] O mensageiro das BOAS NOVAS Maio 2014 Ano XVI n° 228 “Não ameis o mundo“ CRUCIFICADO EM MIM Wachman Nee Separação para Deus, separação do mundo, é o primeiro princípio do viver cristão. Na revelação de Cristo feita a João, foram mostrados dois extremos irreconciliáveis, dois mundos que moralmente eram pólos opostos. Ele foi primeiro transportado no Espírito para um deserto, para ver Babilônia, mãe das meretrizes e abominações da terra (Ap. 17:3). Foi então levado no mesmo Espírito para uma grande e alta montanha, para dali contemplar Jerusalém, a noiva, a esposa do Cordeiro (Ap. 21:10). O contraste é claro, e dificilmente poderia ser mais explicitamente declarado. Quer sejamos Moisés ou Balaão, para termos a visão que Deus tem das coisas, precisamos ser levados como João para um pico de montanha. Muitos não podem ver o plano eterno de Deus, ou se o veem entendem-no apenas com árida doutrina, porque se satisfazem em permanecer nas planícies. Pois a compreensão jamais pode tocar-nos; só a revelação o faz. Do deserto podemos ver algo da Babilônia, porém necessitamos de revelação espiritual para ver a Nova Jerusalém de Deus. Uma vez que a avistemos, jamais seremos os mesmos novamente. Portanto, como cristãos nós confiamos tudo a essa abertura de olhos, mas para experimentá-la precisamos estar preparados para renunciar aos níveis comuns e subir. A meretriz Babilônia é sempre "a grande cidade" (Ap. 16:19, etc.), com ênfase em seus feitos de grandeza. A Nova Jerusalém é, ao contrário, "a cidade santa" (Ap. 21:2, 10), com a ênfase correspondente em sua separação para Deus. Ela é "de Deus" e está preparada para "seu esposo". Por essa razão, ela tem a glória de Deus. Essa é uma questão de experiência para todos nós. Santidade em nós é o que é de Deus, o que está totalmente separado para Cristo. Segue a regra de que somente o que se originou do céu retorna para lá; pois nada mais é santo. Retire-se esse princípio de santidade, e estamos instantaneamente em Babilônia. Dessa forma, sucede que a muralha é o primeiro aspecto da cidade em si que João menciona em sua descri-ção. Há portas fazendo provisão para as obras de Deus, porém a muralha tem prioridade. Pois, repito, separação é o primeiro princípio da vida cristã. Se Deus quer Sua cidade com suas medidas e Sua glória naquele dia, então precisamos construir aquela muralha nos corações humanos agora. Na prática isto quer dizer que devemos guardar como precioso tudo o que é de Deus, e recusar e rejeitar tudo o que é da Babilônia. Com isso, não estou me referindo à separação entre cristãos. Não ousamos excluir nossos próprios irmãos, mesmo quando não podemos participar de algumas coisas que eles fazem. Não, devemos amar e receber nossos irmãos cristãos, mas sermos em princípio inflexíveis em nossa separação do mundo. Em seus dias, Neemias conseguiu reconstruir a muralha de Jerusalém, mas apenas enfrentando grande oposição. Pois Satanás odeia a separação. Ele não pode suportar a separação do homem para Deus. Por isso, Neemias e seus companheiros armaram-se, e assim equipados para a guerra, assentaram pedra por pedra. Este é o preço da santidade, para o qual devemos estar preparados. pela submissão ao batismo de arrependimento, apesar de não haver pecado. Como recompensa por Sua obediência, Ele teve o selo de aprovação do Pai. Ele recebeu uma nova comunicação do poder da vida celestial. Além daquilo que Ele já havia experimentado, a presença e o poder residente do Pai tomaram posse d'Ele e O equiparam para Sua obra. A liderança e o poder do Espírito se tornaram Seus de maneira mais consciente do que antes (Lc 4:1, 14, 22); Ele estava agora ungido com o Espírito Santo e com poder. Apesar de batizado, Ele ainda não podia batizar outros. Primeiro, no poder de Seu batismo, Ele deveria enfrentar a tentação e vencê-la. Ele teria que aprender a obediência e sofrimento e, através do Espírito eterno, oferecer-se a Si mesmo como sacrifício a Deus e à Sua vontade – somente então Ele receberia o Espírito Santo como recompensa da Sua obediência (At 2:33) com o poder de batizar todos os que pertencem a Ele. A vida de Jesus ensina-nos o que é o batismo do Espírito. É mais do que a graça pela qual nos voltamos para Deus, somos salvos e buscamos viver como filhos de Deus. Quando Jesus lembrou Seus discípulos da profecia de João (At 1:4-5), eles já eram participantes da graça. O batismo com o Espírito significava algo mais. Seria a presença consciente do Senhor glorificado descendo dos céus para habitar em seus corações. Seria a participação deles no poder de Sua nova vida. Era um batismo de regozijo e poder.Tudo o que eles haveriam de receber em sabedoria, coragem e santidade tinha suas raízes nisso: o que o Espírito foi para Jesus quando Ele foi batizado, o vínculo vivo com o poder e a presença do Pai, Ele seria para os discípulos. Através do Espírito, o Filho manifestaria a si mesmo, e o Pai e o Filho fariam morada neles. “Aquele sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo” (Jo 1:33). Esta palavra é para nós assim como foi para João. Para sabermos o que significa o batismo do Espírito e como haveremos de recebê-lo, devemos olhar para Aquele sobre quem o Espírito desceu e pousou. Devemos ver Jesus batizado com o Espírito Santo. Ele necessitava desse batismo, foi preparado e rendeu-se a ele. Foi através do poder do Espírito Santo que Ele deu Sua vida e então ressuscitou dos mortos. O que Jesus tem a nos dar, Ele primeiramente recebeu e pessoalmente apropriou-se; o que Ele recebeu e ganhou para Si mesmo foi totalmente para nosso benefício. Permita, então, que Ele lhe dê esta dádiva. A respeito desse batismo do Espírito, há questões que se levantam. Nem todas terão as mesmas respostas. Foi o derramamento do Espírito no Pentecostes o completo cumprimento da promessa? Foi ele o único batismo do Espírito, dado de uma só vez à recém-nascida Igreja? Ou devem também as descidas do Espírito Santo sobre os discípulos (At 4); sobre os samaritanos (At 8); sobre os gentios na casa de Cornélio (At 10); e sobre os doze discípulos em Éfeso (At 19). ! Livro Indicado Para a Leitura do Mês Através do tempo houve cristãos que encontraram a Deus, conheceram-nO e, através da fé, tiveram a certeza de que eram agradáveis a Deus. O propósito do Filho de Deus, quando veio à Terra revelando o Pai, era que a comunhão com Deus e a certeza de Seu favor pudessem se tornar o gozo permanente de cada filho de Deus. Jesus foi exaltado ao trono da glória, após Sua ressurreição, a fim de enviar o Espírito Santo para habitar em nós, para que pudéssemos conhecer a verdadeira comunhão com Deus. Deveria ser uma das marcas da nova aliança que cada um de seus membros passasse a andar em comunhão pessoal com Deus. Este livro pode ser adquirido através do site: http://www.editoradosclassicos.com.br/ Este boletim é distribuido gratuitamente. Toda correspondência e doação para custear a sua publicação deve ser enviada para: Editora Restauração - "O mensageiro das Boas Novas” Caixa Postal: 1945 - Curitiba - Paraná - Brasil - CEP 80.011-970 e-mail: [email protected] Jesus O mensageiro das BOAS NOVAS Julho 2013 Ano XV n° 218 “Transformados de glória em glória“ UMA DECISÃO IMPORTANTE David W. Dyer Logo após a criação deste mundo, o Deus da glória manteve um solene conselho consigo mesmo. Seguindo esta respeitosa conferência, Ele fez o seguinte pronunciamento : “Vamos fazer o homem á nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gen 1:26). Isto é algo de grande significado. O criador de todo o Universo decidiu moldar um ser que se assemelhasse a Ele próprio. Ora, porque Deus fez algo assim? Porque Ele faria uma criatura que pode ser descrita como uma representação miniaturizada Dele mesmo? Certamente devemos concluir que é mais do que uma fantasia passageira, mas que nosso Deus tinha em Sua mente um propósito glorioso. O homem não era um experimento, uma reflexão tardia ou simplesmente um novo tipo de criatura com a qual Ele povoaria a Terra. Pelo contrário, quando formou o homem, Deus estava estabelecendo um insondável plano que emanou das profundezas de Seu coração. Consequentemente, o homem é uma criatura única nos desígnios do Todo-poderoso. Ele foi o único ser criado com o grande privilégio de ser feito á imagem e semelhança do Deus Altíssimo. Verdadeiramente nós fomos feitos de “maneira terrível e maravilhosa” (Salmo 139:14). Deus iniciou a Sua criação da raça humana com um único indivíduo : Adão. Entretanto, conforme Ele contemplava Sua criação (para a maioria da qual Ele antes pronunciara que era “muito bom” (Gen 1:31), Ele notou que algo estava faltando. Sua atenção se centralizou na falta de um elemento que Ele, evidentemente, considerou ser uma importante deficiência–Adão não tinha esposa. Foi neste contexto que Deus proferiu algumas palavras que são especialmente importantes e que, creio eu, revelam-nos algo sobre Seu próprio coração. Ele disse: “Não é bom que o homem esteja só” (Gen 2:18). Porque Deus faria tal coisa? Porque Ele faria tanto esforço para criar Adão e, então, assim que o trabalho terminou, declará-lo inacabado? Um incidente como este deve ser mais do que simples coincidência. Parece possível que, enquanto Ele pronunciava esta sentença sobre o primeiro homem, Ele estava externando um ardente desejo que sentia bem profundo em Seu próprio coração. Poderia ser que nosso Deus não gosta de estar sozinho? Poderia ser que Ele deseja uma união íntima com um ser como Ele mesmo? Podemos nós compreender desta eloquente pintura que talvez nosso Deus pretenda se casar? Aresposta a esta questão é, indubitavelmente, sim. Fora de dúvidas, Deus está nos falando através desta passagem, sobre algo que está no fundo de Seu coração. UMA DECISÃO IMPORTANTE (continuação) David W. Dyer Mantendo este pensamento em mente, vamos examinar juntos mais um pouco das Escrituras e ver como elas na verdade dão suporte a tal hipótese. Um pouco depois de ter feito o primeiro homem, Deus declara seu trabalho incompleto e, então, decide edificar uma noiva para Adão. Entretanto, em vez de começar imediatamente o trabalho, Ele fez uma coisa incomum. Primeiro, Ele trouxe todos os animais diante dos olhos deAdão eAdão deu nome a eles. Mas, nós lemos, “não foi encontrada uma adjutora comparável a ele” (Gen 2:20). Que interessante é esta afirmação! Parece que Deus não estivesse simplesmente solicitando a Adão que nomeasse os animais como uma pequena tarefa antes de seu casamento, mas, mais importante, Ele estava procurando por uma adjutora adequada para ele. Ele e Adão estavam juntos examinando todos estes pássaros e feras á procura de uma companheira adequada. Entretanto, nenhuma pôde ser encontrada. Claro que estou certo que muitas destas criaturas eram muito agradáveis. Imagino que algumas pareciam bem atraentes, graciosas e fofinhas. Mas, de algum modo, algo não estava certo. Nenhuma delas poderia provocar uma resposta dentro deste homem. Então, conforme já discutimos, Deus pôs-se a trabalhar para remediar a situação. Posteriormente, quando Adão acordou, ele foi presenteado com uma bela visão. A mulher que Deus havia feito estava diante dele. Conforme ele a olhou encantado, algo se agitou nos mais profundos recantos de seu coração. Algo dentro de seu peito respondeu a esta nova criatura. Então este sentimento poderoso, que ele nunca sentira antes, foi expresso por estas palavras: “Esta sim é osso dos meus ossos e carne de minha carne.” (Gen 2:23). Ela era como Ele mesmo. Ela era tudo o que as outras criaturas não poderiam ser para ele. Agora ele havia encontrado uma semelhante com a qual ele iria se unir em uma união íntima. Tudo isso tem uma importante aplicação em nossa discussão sobre Deus e suas intenções. Veja você, embora Ele seja circundado por miríades de anjos, embora a Sua criação completa permaneça diante Dele, nenhuma destas outras criaturas é adequada para proporcionar a intimidade e o companheirismo que Ele deseja. Nenhuma delas poderia ocupar esta posição porque elas não eram semelhantes a Ele mesmo. Assim como Adão não pôde encontrar uma companheira entre os animais, mas teve que esperar até que Deus preparasse uma esposa para ele, assim também Nosso Senhor está procurando por “alguém”– sua futura noiva – de quem Ele possa dizer: “Ela é como eu, osso dos meus ossos e carne de minha carne”. Queridos amigos, isto é muito mais do que apenas uma aula sobre história antiga. Aqui mesmo encontramos uma ilustração eloquente, profética, de um importante princípio espiritual. O desígnio de Deus para o Universo é que apenas criaturas similares podem ser companheiras ou se casar. Somente seres que são semelhantes têm permissão para ter este tipo de união íntima. Pássaros se acasalam com pássaros, gado com gado, peixe com peixe e assim por diante– cada um segundo a sua própria espécie (Gen 1:21,24). Esta verdade é claramente vista na ilustração que acabamos de rever, da: “... porei dentro de vós espírito novo; ... porei dentro de vós o meu Espírito...”. Oremos para que retenhamos a maravilhosa bênção do Espírito de habitação até que todo nosso ser seja aberto à plena revelação do amor do Pai e da graça de Jesus Cristo. Essas palavras repetidas de nosso texto: “dentro de vós; dentro de vós” estão entre as palavras-chave da nova aliança. A palavra traduzida como dentro não é uma preposição, mas a mesma que aparece aqui e em outras partes como “seu íntimo” e “pensamento íntimo” (Sl 5:9 e 49:11). “... porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim” (Jr 32:40). Deus criou o coração do homem para Sua habitação. O pecado entrou e o corrompeu. O Espírito de Deus empenhou-se em recuperar a posse. Na encarnação e expiação de Cristo a redenção foi obtida e o reino de Deus estabelecido. Jesus pôde dizer: “Porque o reino de Deus está dentro de vós” (Lc 17:21). É dentro que devemos procurar pelo cumprimento da nova aliança, a aliança não de ordenanças, mas de vida. No poder de uma vida eterna, a lei e o temor de Deus devem ser estampados em nosso coração; o Espírito do próprio Cristo deve habitar dentro de nós como o poder de nossas vidas. Não somente no Calvário, na ressurreição ou no trono deve ser vista a glória de Cristo, o conquistador, mas em nosso coração. Dentro de nós deve estar a verdadeira manifestação da realidade e glória de Sua redenção. Dentro de nós, no íntimo de nosso ser, está o santuário oculto onde a arca da aliança é aspergida com o sangue. Ela contém a lei escrita num manuscrito eterno pelo Espírito de habitação, e onde, através do Espírito, o Pai e o Filho vêm agora habitar. O Batismo do Espírito Houve duas coisas que João Batista pregou a respeito da pessoa de Cristo. Primeiro que Ele era o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo e, segundo, que Ele batizaria Seus discípulos com o Espírito Santo e com fogo. O sangue do Cordeiro e o batismo do Espírito eram as duas verdades centrais de seu credo e pregação. Elas são, de fato, inseparáveis. A Igreja não pode realizar sua obra em poder, nem o seu Senhor exaltado pode ser glorificado nela a menos que o sangue como a pedra fundamental e o Espírito como a pedra angular sejam plena- mente pregados. Isto nem sempre tem sido feito, mesmo entre aqueles que de todo o coração aceitam as Escrituras como seu guia.Apregação do Cordeiro de Deus, Seu sofrimento, expiação, perdão e a paz através d'Ele são mais facilmente compreendidos e mais prontamente influenciam nossos sentimentos do que a verdade espiritual do batismo, habitação e liderança do Espírito Santo. O derramamento do sangue de Cristo aconteceu na Terra; foi algo visível e evidente e, em virtude dos sinais, completamente inteligível. O derramamento do Espírito aconteceu do céu, um mistério divino e oculto. O derramar do sangue foi para os impiedosos e rebeldes; o dom do Espírito, para o obediente e amoroso discípulo. Não é de admirar que a Igreja, frequentemente deficiente em amor e obediência, considere mais difícil receber a verdade do batismo do Espírito do que a da redenção e perdão. E ainda assim, Deus não desejava isso. A promessa do Antigo Testamento fala do Espírito de Deus dentro de nós. O precursor (João Batista) seguiu a mesma linha e não pregou o Cordeiro remidor sem deixar de nos dizer até onde chegaria nossa redenção e como o supremo propósito de Deus seria cumprido em nós. O pecado trouxe não somente culpa e condenação, mas degeneração e morte. Incorreu não somente na perda do favor de Deus, como também nos fez inadequados para a comunhão divina. Sem comunhão, o Amor que criou o homem não poderia estar satisfeito. Deus nos queria para Ele mesmo – nosso coração, afetos, personalidade íntima e nosso verdadeiro ser – uma morada para Seu amor, um templo para Seu louvor. A pregação de João incluiu tanto o começo como o fim da redenção: o sangue do Cordeiro foi para purificar o templo de Deus e restaurar o Seu trono dentro do coração. Somente o batismo no Espírito Santo e Sua plena habitação podem satisfazer o coração de Deus e do homem. Jesus daria somente aquilo que recebeu. Porque o Espírito pousou n'Ele quando foi batizado, Ele poderia batizar com o Espírito. O Espírito descendo e habitando n'Ele significava que Ele havia nascido do Espírito Santo; no poder do Espírito havia crescido; havia entrado na humanidade livre de pecado, e agora havia vindo a João para cumprir toda a lei da justiça Espírito. A primeira é a obra do Espírito Santo pela qual Ele nos convence do pecado, leva-nos ao arrependimento e à fé em Cristo, e concede-nos uma nova natureza. O crente torna-se um filho de Deus, um templo adequado para a habitação do Espírito. Onde a fé é exercida, a segunda metade da promessa será cumprida tão seguramente quanto a primeira. Entretanto, enquanto o crente olha somente para a regeneração e renovação trabalhados em seu espírito, não chegará à pretendida vida de alegria e força. Mas quando ele aceita a promessa de Deus de que há algo mais que a nova natureza, que há o Espírito do Pai e do Filho para nele habitar, ali se abre uma maravilhosa perspectiva de santidade e bênção. Seu desejo será conhecer esse Espírito Santo, como Ele trabalha e o que Ele requer de nós, bem como saber como poderá experimentar Sua habitação e a plena revelação do Filho de Deus, já que esta é a obra que Ele deseja realizar. Certamente, esta questão é frequentemente formulada: “Como são cumpridas essas duas partes da divina promessa? Simultânea ou sucessivamente?”. A resposta é muito simples: do lado de Deus a dupla dádiva é simultânea. Deus dá a Si mesmo e Tudo que Ele é. Assim foi no dia de Pentecostes: os três mil receberam um novo espírito pelo arrependimento e a fé; e no mesmo dia em que foram batizados receberam o Espírito de habitação como o selo de Deus sobre sua fé. Através da palavra dos discípulos, o Espírito realizou uma maravilhosa obra entre as multidões, mudando disposições, corações e espíritos. Quando, pelo poder desse novo Espírito que estava neles operando, creram e confessaram, receberam também o batismo do Espírito Santo. Hoje, quando o Espírito de Deus move-Se poderosamente e a Igreja vive em Seu poder, os novos convertidos já podem receber, desde o início de sua vida cristã, o selo e habitação evidentes e conscientes do Espírito.Temos, todavia, indicações nas Escrituras de que pode haver circunstâncias, dependendo da unção do pregador ou da fé dos ouvintes, nas quais as duas metades da promessa não estão tão intimamente ligadas. Assim foi com os crentes em Samaria, convertidos após a pregação de Felipe (At 8:5-17), e também com os convertidos que Paulo encontrou em Éfeso (At 19:1-7). Nesses casos a experiência dos próprios apóstolos foi repetida. Eles foram reconhecidos como homens regenerados antes da morte de nosso Senhor (At 20:22), mas foi no Pentecostes que a outra promessa foi cumprida: “Todos ficaram cheios do Espírito Santo…” (At 2:4). O que foi visto neles – a graça do Espírito dividida em duas manifestações separadas – pode ocorrer ainda hoje. Quando nem na pregação da Palavra ou no testemunho dos crentes a verdade do Espírito de habitação é claramente proclamada, não devemos ficar admirados de que o Espírito seja somente conhecido e experimentado como o Espírito de regeneração, da nova vida. Sua presença e habitação permanecerão um mistério. Mesmo quando o Espírito de Cristo em toda a Sua plenitude é derramado uma única vez como Espírito de habitação, Ele é recebido e apropriado somente na medida de fé alcançada pelo crente. O Espírito primeiro opera de fora, sobre e dentro dos crentes em palavras e obras, antes que Ele habite neles e se torne sua possessão pessoal interna. Devemos fazer distinção entre o trabalhar e a habitação do Espírito. Geralmente se admite na igreja que o Espírito Santo não recebe o reconhecimento que Lhe pertence como sendo igual ao Pai e ao Filho. Ele é, afinal, a pessoa divina unicamente através de quem o Pai e o Filho podem ser verdadeiramente possuídos e conhecidos. Nos tempos da Reforma, o evangelho de Cristo tinha que ser defendido do terrível equívoco que fez da justiça humana (boas obras) o terreno de sua própria aceitação. A salvação pela graça divina tinha de ser sustentada. Às épocas que se seguiram foi confiado o compromisso de edificar sobre esse fundamento e divulgar o que as riquezas da graça fariam pelo crente. A Igreja descansou alegremente naquilo que recebeu (salvação pela graça), mas o ensino daquilo que o Espírito Santo faz a cada crente através de Sua liderança, santificação e fortalecimento não teve o lugar que deveria ter em nossas doutrinas e vida. De fato, se revisarmos a história da Igreja, perceberemos que muitas verdades importantes, claramente reveladas nas Escrituras, foram desprezadas e esquecidas, mas apenas apreciadas por uns poucos cristãos isolados. Oremos para que Deus, em Seu poder, conceda um poderoso operar do Espírito em Sua Igreja; para que cada filho de Deus (Lev 20:15,16). Portanto, de acordo com Sua própria lei, Deus só pode ter uma união íntima com um ser como Ele mesmo. Para que Ele possa se casar, precisa encontrar um ser que seja seu semelhante. Muitos dos detalhes contidos nas primeiras páginas do Gênesis confirmam esta suposição de que Deus tem, e, na verdade tem tido desde o princípio, um desejo ardente por uma companheira íntima. O leitor casual pode facilmente olhar para estes itens como sendo insignificantes. Entretanto, aqui nos primeiros capítulos do Gênesis, são reveladas algumas indicações claras e substanciais de todas as intenções futuras de Deus no que diz respeito ao homem. No início da Bíblia encontramos o casamento original. O primeiro homem, Adão, encontra e se casa com uma linda mulher edificada por Deus para ele. E, se nós lermos a estória até o final, descobriremos que a Bíblia também acaba com um casamento. Jesus Cristo, “o último Adão”, recebe uma noiva que foi especialmente preparada para Ele. Agora, nos registros bíblicos há muitos paralelos entre estes dois casamentos. De fato, estes dois paralelos são tão impressionantes que sou forçada a concluir que os relatos de Gênesis devem ser considerados fortemente proféticos. Deus, na introdução de Seu livro, colocou nas primeiras páginas uma profecia completa que ainda hoje está sendo cumprida pelo Seu povo. Parte desta profecia concernente a Adão e á criação de Eva, nós já examinamos. Mas, conforme olhamos mais adiante, descobrimos ainda mais indicações maravilhosas dos desígnios de Deus. Devemos notar que Deus provocou um “profundo sono” em Adão – um estado semelhante á morte – no qual Deus traba- lhou nele (Gen 2:21). Enquanto ele estava nesta condição, uma incisão foi feita em seu lado e Deus removeu algo (nossas traduções dizem que foi uma costela). Então, desta parte de Adão, Deus “construiu” (Heb) uma mulher para ele. De maneira semelhante, Nosso Senhor Jesus entrou na morte por nós, na cruz. Lá, seu lado também foi trespassado e algo veio para fora daquele lado – “sangue e água” (João 19:34). É com esta substância eterna que fluiu do lado de nosso Salvador, que Deus está “construindo” (Mateus 16:18) a noiva de Cristo, a mulher eterna que irá morar com Ele para sempre. Conforme começamos a ler as primeiras páginas do Livro, encontramos um jardim magnífico. Este jardim foi o cenário do primeiro casamento. Saindo deste jardim flui um rio e, no meio do jardim, cresce uma árvore chamada “a árvore da vida” (Gen 2:9). Somando a isto, o texto menciona que nesta Terra há um abundante suprimento de ouro, de algo chamado “bdélio” e de ônix (Gen 2:11,12). No final do livro, nos relatos do Apocalipse, algo de grande esplendor e glória é descrito. É a cidade que é o cenário do último e mais glorioso casamento do Universo. Mas nós observamos que aquela cidade contém muitos dos mesmos elementos contidos no jardim. Onde uma vez nós lemos sobre ouro enterrado no chão no paraíso, agora vemos uma cidade inteira irradiando o esplendor dourado e tendo sua rua pavimentada com a mesma substância. As pedras de ônix descritas no jardim podem agora ser vistas com muitas outras pedras preciosas, polidas, perfeitas e incrustadas num muro glorioso circundando a estrutura inteira. Este muro, adornado com “toda espécie de pedras preciosas” (Apocalipse 21:19,20) é o símbolo de todos os verdadeiros crentes em seu Jesus estado transformado, glorificado. Na Nova Jerusalém, também há um rio. Este é um rio de uma cristalina “água da vida” que jorra de debaixo do trono de Deus e do Cordeiro. Este rio, talvez espiritualmente De Glória Em Glória relacionado àquele que vimos no princípio, é agora disponível para todo aquele que quiser “vir e beber”. É aqui uma representação da vida do próprio Deus para o qual nós podemos vir e nos satisfazer. Não apenas isto, mas a árvore da vida que aparece no princípio, agora está crescendo abundantemente em ambos os lados do rio com seus doze frutos (um fruto para cada mês) livremente disponíveis para todos. Mesmo as folhas desta árvore são importantes: elas providenciam cura para as nações. Agora, não vamos esquecer o “bdélio”. Esta palavra é encontrada no capítulo 2 versículo 12. Frequentemente lemos sobre ela neste verso, mas o que é isto? Se você não sabe, então está em boa companhia. Mesmo os eruditos conhecedores da Bíblia e os tradutores realmente não sabem. De fato, o significado é tão obscuro que eles emprestaram do latim a palavra “bdélio” em vez de usar uma palavra de língua portuguesa. Um dos melhores jeitos para determinar o significado e uma palavra é descobrir como ela é usada em qualquer outro lugar na Bíblia. Então podemos usar este método para a nossa pesquisa averiguação. O outro único lugar em que aparece esta palavra é em conexão com o “pão celestial”, o maná que é descrito como sendo pequeno, branco e redondo (Ex 16:14,31) e da cor do “bdélio” (Num 11:7). Portanto, eu gostaria de sugerir que esta palavra “bdélio” poderia se referir ao que hoje nós conhecemos como “pérola”–algo pequeno, branco e redondo. De fato, dois antigos documentos traduzem esta palavra “pérola.” Então, já que os eruditos bíblicos realmente não sabem o que esta substância é e já que, como você vai ver logo, esta tradução se harmoniza tão bem com outras partes da palavra de Deus, eu creio que pode ser aceitável adotar este significado. Livro Indicado Para a Leitura do Mês Este livro traz uma abordagem séria e uma nova perspectiva para muitos conceitos ensinados na Igreja evangélica de nossos dias. Você encontrará tópicos que além de profunda reflexão, abrirão espaço para uma compreensão muito mais ampla do que provavelmente você ouviu até agora. Se você tem fome de conhecimento de Deus e um coração aberto e sincero para receber Sua verdade, temos total confiança que Ele usará este livro para revelar-se de maneira mais completa e poderosa a você. Este livro pode ser adiquirido no site: www.graodetrigo.com Este boletim é distribuido gratuitamente. Toda correspondência e doação para custear a sua publicação deve ser enviada para: Editora Restauração - "O mensageiro das Boas Novas” Caixa Postal: 1945 - Curitiba - Paraná - Brasil - CEP 80.011-970 e-mail: [email protected] ! O mensageiro das BOAS NOVAS Ano XVI n° 227 Abril 2014 “Porei dentro de vós espírito novo“ UM NOVO ESPÍRITO, E O ESPÍRITO DE DEUS Andrew Murray Deus revelou a Si mesmo em duas grandes alianças. Na velha temos o tempo da promessa e da preparação; na nova, o cumprimento e a posse. Em harmonia com a diferença entre as duas dispensações, há uma dupla obra do Espírito de Deus. No Antigo Testamento temos o Espírito de Deus vindo sobre as pessoas e trabalhando nelas em momentos e de maneiras especiais: operando de cima, de fora e de dentro. No Novo temos o Espírito Santo entrando nelas e habitando dentro delas: operando de dentro, de fora e por cima. Na anterior temos o Espírito de Deus como o Santo e TodoPoderoso; na última temos o Espírito do Pai de Jesus Cristo. A diferença entre as faces da dupla obra do Espírito Santo não deve ser vista como se, com o fechamento do Antigo Testamento, a antiga terminasse e, no Novo, não houvesse mais obras de preparação. De maneira nenhuma. Assim como houve no Antigo Testamento benditas antecipações da habitação do Espírito de Deus, também no Novo o duplo operar ainda continua. Devido à falta de conhecimento, fé ou fidelidade, o crente de hoje pode receber somente um pouco mais do que a medida do Antigo Testamento do operar do Espírito. O Espírito de habitação foi, de fato, dado a cada filho de Deus, e ainda assim este pode experimentar apenas um pouco mais do que a primeira metade da promessa. Um novo espírito nos é dado na regeneração, mas podemos conhecer quase nada do Espírito de Deus como sendo uma pessoa viva que habita dentro de nós. A obra do Espírito de nos convencer do pecado e da justiça, em Sua direção ao arrependimento, fé e novidade de vida é a obra preparatória. A glória distintiva da dispensação do Espírito é Sua divina habitação pessoal no coração do crente, onde Ele pode lhe revelar plenamente o Pai e o Filho. Somente quando os cristãos entenderem isso estarão aptos a clamar pela plena bênção preparada para eles em Cristo Jesus. Nas palavras de Ezequiel encontramos, surpreendentemente expressa em uma promessa, a dupla bênção concedida por Deus através de Seu Espírito. A primeira é: “... porei dentro de vós espírito novo...”; isto é, nosso próprio espírito será renovado e vivificado pelo Espírito de Deus. Quando isso estiver terminado, haverá a segunda bênção: “Porei dentro de vós o meu Espírito...” para habitar nesse novo espírito. Deus deve residir em uma habitação. Ele teve que criar o corpo de Adão antes que pudesse soprar o Espírito de vida nele. Em Israel, o tabernáculo e o templo tiveram que ser terminados antes que Deus pudesse enchê-los. De maneira semelhante, um novo coração é dado e um novo espírito é posto dentro de nós como a condição indispensável para a habitação do próprio Espírito de Deus dentro de nós. Encontramos o mesmo contraste na oração de Davi; primeiro: “cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável.”; e depois: “... nem me retires o teu Santo Espírito” (Sl 51:1011). Veja o que está indicado nas palavras “o que é nascido do Espírito é espírito” (Jo 3:6) Aí está o Espírito divino dando à luz o novo espírito. Os dois são também distintos: “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8:16). O nosso espírito é o espírito renovado, regenerado. O Espírito de Deus habita em nosso espírito, ainda que distinto desse, mas testifica nele, com ele e através dele. A importância de reconhecer essa distinção pode ser facilmente percebida. Seremos, então, capazes de entender a verdadeira comer em qualquer parte do pasto que escolherem. O Pastor Celestial faz o mesmo com as Suas ovelhas. Esse princípio também é verdadeiro para os reis terrenos. Um rei dá as leis básicas ao seu povo para promover a harmonia em seu reino. Ele não dá regras prescritas, detalhadas para governar cada decisão que o povo em sua nação tomará. Ele lhes dá leis amplas para seguirem; não dá instruções específicas para a vida cotidiana. Assim também acontece com o nosso Rei Celestial. Do mesmo modo, um pai sábio dará aos seus filhos muita instrução quando são muito jovens. Ele supervisionará praticamente tudo o que os filhos fazem. Mas ele tem um alvo em mente: o pai sábio está tentando treinar seu filho para que ele seja igualmente capaz de tomar decisões por si mesmo. Quando o filho cresce e amadurece, a supervisão paternal se torna cada vez menor e a liberdade do filho para decidir sozinho se torna cada vez maior.Assim se forma a responsabilidade do filho. Consequentemente, se os pais treinaram bem seus filhos, eles serão capazes de julgar segundo o treinamento paternal que foi depositado neles. Eles serão treinados para tomar decisões certas e sábias. Eles serão capazes de fazer julgamentos sólidos baseados no treinamento que receberam. O nosso Pai Celestial age da mesma forma. Você está compreendendo as metáforas aqui? O Senhor conduz os seus filhos como um Pastor, um Rei e um Pai. Como Pastor, Ele nos conduz para pastagens verdes e fora de perigo. Mas Ele permite grande liberdade de escolha dentro das pastagens verdes. Como Rei, Ele dá ao Seu povo princípios espirituais para governar suas vidas por meio deles. Mas esses princípios são amplos e permitem muita liberdade de escolha. Como Pai, Ele dá muitas instruções aos Seus filhos quando são jovens. Mas depois Ele espera que amadureçam, e parte da maturidade é a capacidade de tomar decisões que estejam em harmonia com a mente e o coração de Deus. A NECESSIDADE CRUCIAL DE ENTENDIMENTO Salmos 32:8-9 sublinha o ponto que estou tentando construir. O Senhor diz através do salmista: Instruir-te-ei e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; guiar-te-ei com os meus olhos. Não sejais como o cavalo, nem como a mula, que não têm entendimento, cuja boca precisa de cabresto e freio, para que não se atirem a ti. O cavalo e a mula não têm nenhuma compreensão. Eles não têm nenhum discernimento. Eles não têm nenhum juízo. Como não têm nenhuma compreensão, precisam ser puxados por freios e rédeas para a esquerda e para a direita e direcionados para onde devem seguir em cada situação. O Senhor diz ao Seu povo: “Eu lhes ensinarei qual caminho seguir. Não sejam como o cavalo e a mula que não têm nenhuma compreensão”. Há uma grande necessidade de entendimento entre o povo do Senhor hoje. Um grande número de cristãos absorveu uma doutrina que essencialmente lança fora o elemento do entendimento e os reduz a um cavalo ou mula que esperam que Deus os puxe para a esquerda e para a direita dizendo: “Vá por aqui; vá por ali. Vá aqui; vá ali. Isso é o que você deve fazer nessa situação. Isso é o que você não deve fazer nessa situação”. E o Senhor diz ao Seu povo: “Não sejais como estes”. O ponto da passagem é simplesmente este: Deus ensina, instrui e nos guia dando entendimento. Por isso, busque o entendimento. E isso nos leva ao versículo inicial: Irmãos, NÃO SEJAIS MENINOS NO ENTENDIMENTO, mas sede meninos na malícia e ADULTOS NO ENTENDIMENTO (1 Co Livro Indicado Para a Leitura do Mês Imagine um pátio de estacionamento público, por favor! Observe que um pátio de estacionamento tem limites. Pelos limites ficamos sabendo onde o pátio começa e onde ele termina. Sabemos o que está dentro e fora dele. A beleza do pátio de estacionamento é a liberdade que ele apresenta. Há muitas escolhas dentro dele. Os motoristas podem escolher livremente entre as muitas vagas para estacionar. Desde que uma vaga de estacionamento não esteja ocupada, nem reservada para pessoas especiais, os motoristas podem escolher livremente em qual vaga desejam estacionar o seu carro. Quero investigar o tema da vontade de Deus um pouco mais fundo considerando bem o primeiro mandamento que Deus deu ao homem. Essa foi a primeira vez que Deus revelou a Sua vontade a um ser humano. E creio que ela está cheia de discernimento. Este livro pode ser adquirido através do site: http://www.livraria.editorarestauracao.com.br/ Este boletim é distribuido gratuitamente. Toda correspondência e doação para custear a sua publicação deve ser enviada para: Editora Restauração - "O mensageiro das Boas Novas” Caixa Postal: 1945 - Curitiba - Paraná - Brasil - CEP 80.011-970 e-mail: [email protected] Jesus O mensageiro das BOAS NOVAS Agosto 2013 Ano XV n° 219 “Buscai primerio o Reino de Deus“ VENCEDORES James T. Harman Muitos cristãos na Igreja de hoje têm sido ensinados que se eles aceitaram a Jesus Cristo como seu Salvador, então são automaticamente vencedores. Infelizmente isso não é totalmente verdadeiro. Admitimos que receber a Cristo é vital para se tornar um vencedor, mas na verdade é apenas o primeiro passo. VENCE O MUNDO “… porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é o que vence o mundo, senão aquele que crê ser Jesus o Filho de Deus?” (1 Jo 5.45). É nessa epístola de João que a palavra “vence” é usada pela primeira vez. João está nos dizendo que somente os que são nascidos de Deus e creem que Jesus é o Filho de Deus vencem o mundo por sua fé. Tudo o que é exigido para vencer o mundo é a fé do cristão em Jesus Cristo. VENCE A CARNE E O DIABO Mas para ser considerado um vencedor bem-sucedido no Tribunal de Cristo o cristão deve também ser capaz de vencer a carne e o diabo. “… porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo” (1 Jo 2.16). “… porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes” (Ef 6.12). Uma vez que a pessoa recebe a Cristo como seu Salvador pessoal, ela vence o mundo por sua fé em Jesus. Para a alma do cristão, a batalha começa nesse ponto (veja o Capítulo 3). A carne quer satisfazer a si mesma e a natureza carnal tentará destruir a alma do cristão. Lembre-se de que o alvo da nossa fé é a salvação da nossa alma: “… obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa alma” (1 Pd 1.9). A fim de ser um vencedor bemsucedido no Tribunal de Cristo, o cristão precisa assegurar que sua alma está salva tendo vitória sobre sua carne e a natureza carnal. Só quando os três forem vencidos (o mundo, a carne e a natureza carnal) é que o cristão será considerado verdadeiramente um vencedor. Isso requer uma vitória diária que não findará até que a jornada da vida seja completada. VENCEDORES (continuação) James T. Harman A MOTIVAÇÃO PARA SER UM VENCEDOR Até aqui só consideramos duas das sete igrejas do livro de Apocalipse que sofreram consequências negativas por sua incapacidade de serem vencedoras. Voltemos nossa atenção às muitas e maravilhosas recompensas que podem ser obtidas por aqueles cristãos que são bem sucedidos em vencer o mundo, a carne e o diabo. O livro de Apocalipse usa o termo “vencer” seis vezes. As cinco primeiras são para as cinco igrejas restantes e a última está no penúltimo capítulo do livro. R E C O M P E N S A S PA R A O S VENCEDORES “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, darlhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus” (Ap 2.7). “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, darlhe-ei do maná escondido, bem como lhe darei uma pedrinha branca, e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe” (Ap 2.17). “Ao vencedor, que guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei autoridade sobre as nações” (Ap 2.26). “Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais sairá; gravarei também sobre ele o nome do meu Deus, o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que desce do céu, vinda da parte do meu Deus, e o meu novo nome” (Ap 3.12). “Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar- se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono” (Ap 3.21). “O vencedor herdará estas coisas, e eu lhe serei Deus, e ele me será filho” (Ap 21.7). É essencial que todos os cristãos entendam o que está sendo prometido àqueles que são vencedores. O Deus do Universo está oferecendo recompensas extraordinárias e fantásticas aos bem sucedidos em vencer o mundo, a carne e o diabo. Os cristãos que forem bem sucedidos em vencer receberão recompensas que estão além da compreensão da nossa mente morta. Lembre-se de que a capa deste livro mostra uma foto da Via Láctea e que o nosso sistema solar é apenas uma pequena parte dessa vasta galáxia. E a Via Láctea é apenas uma galáxia em um Universo de bilhões de galáxias. Jesus está oferecendo aos cristãos a incrível possibilidade de sentar com Ele no Seu trono e receber a autoridade para governar as nações. O Deus do nosso imenso Universo está nos dando privilégios quase inacreditáveis. Se a Igreja de Jesus Cristo compreendesse essas escrituras incríveis, ela poderia ser transformada. Com tais oportunidades tão importantes que serão concedidas àqueles que forem vencedores, como os cristãos podem ter certeza de que serão bem sucedidos? SENDO UM VENCEDOR Ser um vencedor é todo o significado de ser cristão.Aprender a ser um sentença para descobrir a vontade de Deus para a sua vida) são modos muito imaturos e loucos de tentar determinar a vontade de Deus em uma decisão. Em resumo, vi cristãos cometerem alguns dos erros mais estúpidos em sua vida tentando interpretar impressões internas e decifrar sinais externos. Não me envergonho de dizer que cometi o mesmo erro. A DOUTRINA PRODUZ FALSA CULPA, MEDO, DÚVIDA E CONFUSÃO A visão do trilho de trem produz falsa culpa, medo, dúvida e confusão quando a vontade de Deus não é claramente conhecida. Encontrei muitos cristãos que sofriam de uma ressaca crônica de culpa porque sentiam que deixaram escapar a vontade de Deus por tomarem uma decisão pessoal. Jack foi dominado pela culpa porque não conseguiu descobrir a vontade de Deus sobre qual colégio frequentar. Essa doutrina produz a falsa culpa de que alguém não é suficientemente espiritual para receber uma clara orientação em cada decisão. Ela produz o medo de se ter deixado escapar a vontade de Deus. Ela cria confusão quando a pessoa pensa que recebeu um sinal ou impressão interna, apenas para descobrir depois que o determinado sinal ou impressão não vieram de Deus. Essa doutrina também produz dúvida sobre o amor de Deus no tocante à Sua promessa de prover e cuidar dos Seus filhos. Lamentavelmente, tenho observado que alguns cristãos naufragaram na fé por causa dessa questão. Vi-os agonizar a ponto de questionarem a sua salvação. Eles concluem que se fossem salvos, Deus lhes mostraria sobrenaturalmente o que deveriam fazer em cada circunstância. Agora quero que você esteja ciente de uma coisa. Falarei um pouco sobre o pecado, na tentativa de libertar muitos da falsa culpa. Segundo o Novo Testamento, o pecado é a transgressão da Lei (1 Jo 3:4). Se você transgredir a Lei de Deus, você pecou. O que diz a Lei de Deus? “Não roubarás.” Se eu roubar a sua marmita, cometo um pecado. O Senhor Jesus Cristo nos disse que toda a Lei, todas as 613 regras, está coberta por um preceito (Mt 7:12; 22:36-40). Paulo e Tiago repetem o Senhor (Rm 13:810; Tg 2:8). João também diz a mesma coisa (1 Jo 15). O Senhor disse que o amor cumpre toda a Lei. Ele cumpre toda ela. O que é o amor? O amor é a própria natureza de Deus. O nosso Deus, em Sua essência, é amor. O amor é beneficiar outros à custa de alguém. A maior demonstração de amor é a cruz de nosso Senhor. O amor cumpre todas as demandas de Deus. E o pecado é a transgressão da Lei. Consequentemente, se você anda em amor, não pode pecar. Por quê? Porque o amor cumpre a Lei. Se eu amo você, eu não o roubarei. Se eu amo você, não irei matá-lo. Se eu amo você, não cometerei adultério com o seu cônjuge. Se eu amo você, não cobiçarei o que você possui. Se eu amo você, não perderei minha paciência e o amaldiçoarei. Se eu amo você, não mentirei, enganarei, depreciarei, aviltarei ou insultarei você. O amor cumpre a Lei. Incidentalmente, se me deparo com uma oportunidade clara de amá-lo, podendo ajudá-lo numa necessidade conhecida, e eu deliberada e astutamente me recuso, também peco. Esse é o ensinamento de Tiago (Tg 4:17). Tendo isso como pano de fundo, o que estou a ponto de dizer deve trazer libertação a muita gente. Se você ignora a vontade de Deus sobre certa decisão e não está em desacordo com o amor em relação a essa decisão, então não pode pecar nessa decisão! Se não estiver violando o amor em nenhum ponto com respeito a uma decisão, então você não peca. Colocando de forma diferente, se o seu motivo, a sua intenção, o seu alvo, a sua ação, a sua reação e a sua atitude em uma decisão tomada não estiver violando o amor, então você não peca nessa decisão. Você pode tomar uma decisão tola, uma decisão estúpida. Você pode tomar uma decisão que lamentará por muitos anos. Mas se você não violou o amor ao tomar essa decisão, então não pecou ao fazê-lo. Você só pode pecar se andar fora do amor. E isso pode penetrar em seus motivos, suas atitudes e nos meios para o fim. Você está percebendo o que estou tentando dizer aqui? Se estiver, deve se sentir um tanto aliviado agora mesmo. Estou tentando libertar a sua mente do conceito que diz que se você tomar uma decisão e Deus não lhe der uma revelação sobre qual é a Sua vontade nessa decisão, então você peca de qualquer maneira. Isso simplesmente não é verdade. A DOUTRINA É INCONSISTENTE COM A RELAÇÃO DE DEUS COM O SEU POVO A visão do trilho de trem da vontade de Deus é inconsistente com a relação de Deus para conosco. Deixe-me esclarecer isso um pouco. Como um pastor conduz as suas ovelhas? Ele as conduz para aquelas áreas onde estarão seguras. E quando conduz as ovelhas para áreas de perigo, fica muito perto delas. Quando um pastor conduz suas ovelhas a pastagens verdes, ele estabelece limites para elas. Com a sua vara especificará por onde as ovelhas não devem passar, para que não sejam apanhadas por lobos. A vara traz as ovelhas de volta se elas se desviarem. Mas o pastor não indica as partes específicas da grama na pastagem que cada ovelha deve comer. Em vez disso, ele dá às ovelhas um limite espaçoso de pastagem. Enquanto elas estiverem permitiu. 3. A Vontade Moral de Deus. Também chamada de a “vontade perfeita” de Deus. É a Sua almejada vontade no que refere ao comportamento do homem. Enquanto a Sua vontade soberana está escondida de nós, a Sua vontade moral está revelada. A vontade moral de Deus diz respeito ao que Ele deseja no tocante à conduta dos seres humanos. A Sua vontade moral se aplica a todas as pessoas igualmente. Por exemplo: a Escritura diz que Deus deseja que ninguém pereça, mas que todos recebam a vida eterna. A vontade moral e perfeita de Deus é que todas as pessoas se acheguem ao Seu Filho. Mas a Sua vontade soberana ou permissiva permite que eles O rejeitem. 4. A Vontade de Deus na Distribuição dos Seus Dons e Chamamentos na Sua Igreja. Por ser a Cabeça da Sua Igreja, Jesus Cristo decidiu que lugar os membros do Seu Corpo ocuparão. O Senhor distribui a Sua chamada e os Seus dons aos membros do Seu Corpo segundo a Sua vontade. Visto que cada crente é um membro diferente do Corpo (alguns são mãos, outros são pés, etc. – 1 Co 12), a Sua vontade acerca dos dons e chamamentos difere de pessoa para pessoa. Por essa razão, Paulo muitas vezes disse que era um “apóstolo segundo a vontade de Deus”. Nem todo cristão tem o mesmo dom ou chamamento. A cada membro do Corpo é dado um chamamento e um dom diferente segundo a vontade de Deus. Além disso, o Senhor muitas vezes dirigirá os Seus servos com respeito a Sua obra. A maior parte da liderança do Espírito na vida de Jesus e dos apóstolos (inclusive Paulo) foi por esse motivo. Tinha a ver com o ministério. Esses são os quatro usos da frase a vontade de Deus na Escritura. Desafio você a dar uma olhada nos textos mencionados no Apêndice. Se você ler cada um deles no contexto, descobrirá que a frase a vontade de Deus nunca se refere a um plano específico, individual e diferente de cristão para cristão. Em outras palavras, a doutrina que ensina que Deus tem um plano detalhado para a sua vida e que envolve cada decisão que você sempre terá que tomar não tem nenhuma base bíblica. A DOUTRINA É INATINGÍVEL Essa doutrina também é inatingível. Embora possa ser crida e ensinada, ela simplesmente não pode ser vivida. Ainda tenho de encontrar uma pessoa que de fato viva esse ensinamento. Posso usar como prova os acontecimentos da sua vida nesta manhã. Sobre o acordar, você decidiu se iria se levantar da cama ou tirar uma soneca. Você pode ter decidido o que faria enquanto estava deitado. Então decidiu para que lado da cama jogaria suas pernas. Depois decidiu o que faria logo que saísse da cama. Talvez fosse entrar no banheiro e escovar os dentes. Talvez fosse tomar um banho. Talvez fosse caminhar para outra sala e ter comunhão com o Senhor. Você tomou alguma decisão. Se tomou um banho, decidiu lavar ou não seu cabelo com xampu , fazer ou não a barba. Depois decidiu que lado do seu corpo lavaria primeiro. Você então resolveu quando se vestiria. E assim decidiu o que vestir. Você também escolheu em qual pé colocaria a meia, se de fato decidiu usar meias. Você então decidiu que sapato calçaria e também qual pé seria calçado primeiro. Em seguida decidiu se tomaria o café da manhã. Se você tomou seu café, decidiu onde o tomaria, o que comeria e como prepararia o alimento. Se você saiu para comer, também escolheu o lugar, em que parte se sentaria, o que pediria e como pediria. Você decidiu exatamente quanto dar de gorjeta. Ponto: Você tomou inúmeras decisões esta manhã. Agora, gostaria de declarar que ninguém pediu ao Senhor para mostrar-lhe a Sua vontade em cada decisão que acabei de mencionar. E se você me disser: “Irmão Frank, o Senhor me guiou em cada decisão que você acaba de mencionar. Consultei a Deus sobre a Sua vontade antes que tomasse cada uma dessas decisões, e o Espírito conduziu-me nas escolhas que foram feitas”, então eu tenho apenas uma resposta: você precisa de um ajustador de cabeça imediatamente porque ela não está parafusada corretamente. Além do mais, você tem um problema, para dizer a verdade. O meu ponto é que esta doutrina é simplesmente inatingível. A DOUTRINA ESTIMULAA IMATURIDADE Cresci com a visão do trilho de trem da vontade de Deus na maior parte da minha vida cristã. A minha observação é que ela estimula a total imaturidade. Vi muitos irmãos e irmãs cristãos que seguiram essa doutrina tomarem algumas das decisões mais tolas e esquisitas. Eu poderia ouvir algumas delas agora. “Irmão Frank, eu estava do lado de fora sentado ao sol, meditando em uma decisão diante de Deus. Olhei e vi um raminho se movendo; era Deus me dando um sinal para fazer assim e assim.” A crença de que Deus tem uma vontade individual para a sua vida, a qual você deve descobrir, também fez com que muitos cristãos colocassem a porção de lã do lado de fora. Eu mesmo fui culpado disto no passado. Logo descobri que essa não é uma prática da Nova Aliança. Na verdade, só aconteceu uma vez no Antigo Testamento. E as condições eram drasticamente diferentes da forma que os cristãos utilizam a porção de lã hoje (se você não souber o que é “colocar uma porção de lã”, leia Juízes 6). Lançar a sorte (o que nunca foi praticado depois de o Espírito Santo ter descido no Pentecostes) e jogar “Roleta da Bíblia” (folhear as páginas, parar e aleatoriamente colocar seu dedo em uma vencedor pode levar uma vida inteira de testes e provações que o Senhor usa para revelar do que é realmente feito um crente. Embora milhares de livros tenham sido escritos sobre esse assunto importante, apenas uns poucos escritores cristãos modernos iluminaram as Escrituras, que são tão vitais para a Igreja moderna conhecer e entender. Está além da esfera deste limitado estudo investigar todos os detalhes de ser um vencedor. O propósito deste livro é alertar a Igreja para a importância do Reino na esperança de que os leitores iniciem a sua própria exploração das Escrituras, que no final os conduzirá a uma vida de fidelidade e obediência. Para ajudar o leitor nessa jornada é importante reconhecer que ser um vencedor só pode ser realizado pelo poder sobrenatural de Deus na vida do cristão. Ser um vencedor não pode ser alcançado pelo poder da vontade ou pela força da sua carne. Para ser um vencedor o cristão terá de aprender que esse poder sobrenatural é manifestado em sua vida através de três meios principais. VENCENDO PELA CRUZ A cruz de Jesus Cristo representa o fundamento total da nossa fé. Ela representa a morte, a dor e o sofrimento que Jesus suportou por nós. Jesus ganhou a vitória na cruz, e para sermos cristãos vencedores precisamos estar dispostos a sofrer por Sua causa e aprender a morrer para o ego. “Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl 2.19b-20). “E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências” (Gl 5.24). Como cristãos precisamos aprender a lição que Paulo está ensinando às igrejas da Galácia. Somente experimentando a morte da nossa carne é que permitiremos que o poder sobrenatural da vitória de Cristo na cruz se torne a nossa vitória. Permitindo que Sua vida controle nossa vida podemos experimentar o Seu poder vencedor. VENCENDO PELA PALAVRA Quando Jesus foi tentado por Satanás, Ele usou a Palavra de Deus para vencer Suas três provas (Mt 4.4-10): “Jesus, porém, respondeu: Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mt 4.4). “Respondeu-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus” (Mt 4:7). “Então, Jesus lhe ordenou: Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto” (Mt 4.10). Aqui Jesus nos mostrou que podemos usar a Palavra de Deus para vencer as provas do adversário. Ele nos ensina que precisamos viver pela Palavra (toda palavra que procede da boca de Deus) para não permitirmos que o adversário nos engane para fazer provas tolas e finalmente para adorarmos e servirmos o Senhor e não sermos capturados pelas ofertas atraentes do adversário. Além do exemplo do nosso Senhor em vencer Satanás pela Palavra de Deus, o apóstolo Paulo nos lembra: “Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que Jesus qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração” (Hb 4.12). O cristão só pode aprender a ser um vencedor pela imersão na Palavra. Deus vai então usar o tempo que gastamos para ensinar e revelar o necessário para crescermos e nos tornarmos os vencedores que Ele quer que sejamos. Gastar tempo com a Palavra de Deus é vital para sermos vencedores. VENCENDO PELO ESPÍRITO O último meio para vencer o mundo, a carne e o diabo é pelo poder sobrenatural do Espírito de Deus: “Prosseguiu ele e me disse: Esta é a palavra do Senhor a Zorobabel: Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zc 4.6). “Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne” (Gl 5.16). “Agora, pois, já nenhuma conde- nação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito” (Rm 8.1 ‒ ARC). A fim de ser um vencedor, o cristão deve permitir que o Espírito de Deus controle suas atividades diárias. Lembrese de que todos os cristãos têm três partes: espírito, alma e corpo (1 Ts 5.23). Uma vez que a pessoa nasce de novo, o Espírito Santo passa a morar no crente. Para ser um vencedor, o cristão deve permitir que o Espírito Santo tome o comando. A natureza carnal e a carne da pessoa resistirão e lutarão contra os desejos do Espírito Santo, e ser um vencedor só acontecerá se o Espírito Santo tiver permissão para dominar. A vitória sobre a carne só pode ser conquistada pelo poder sobrenatural do Espírito de Deus. O Senhor quer que todos os cristãos provem a doce vitória que é efetuada pelo andar no Espírito e ser cheio do Espírito, conforme Ele dirige e capacita o nosso andar diário. Livro Indicado Para a Leitura do Mês Uma vez que uma pessoa é salva, a prioridade número um deve ser buscar entrar no Reino através da salvação da sua alma. Ela é descrita como um corredor em uma corrida buscando um prêmio representado por uma coroa que durará para sempre. O ensino "tradicional" sobre "O REINO” tornou a Igreja cativa à crença de que todos os cristãos governarão e reinarão com Cristo, não importa se tenham vivido uma vida fiel e obediente ou se tenham sido indolentes e indiferentes com os talentos que Deus lhes deu. Descubra a importante verdade enquanto ainda é tempo. Este livro pode ser adiquirido no site: www.livraria.editorarestauracao.com.br Este boletim é distribuido gratuitamente. Toda correspondência e doação para custear a sua publicação deve ser enviada para: Editora Restauração - "O mensageiro das Boas Novas” Caixa Postal: 1945 - Curitiba - Paraná - Brasil - CEP 80.011-970 e-mail: [email protected] O mensageiro das BOAS NOVAS Ano XVI n° 226 Março 2014 “Entendei qual seja a vontade do Senhor“ FICANDO PRESO A UM TRILHO DE TREM Frank Viola Gostaria de focar numa doutrina que é muito popular entre os cristãos hoje. É a doutrina que ensina que Deus tem um plano maravilhoso e detalhado para a sua vida. Que Ele tem um propósito perfeito e individual para cada cristão que envolverá toda decisão a ser tomada. Essa vontade perfeita se parece com um trilho de trem. Se você perder a vontade perfeita de Deus, terminará em um lugar realmente ruim. A maneira para você descobrir a vontade de Deus é lendo a sua Bíblia, seguindo as impressões interiores (normalmente em forma de “testes” ou “inspiração“) e decifrando os sinais externos. Recuso essa ideia de várias maneiras. A DOUTRINA NÃO É BÍBLICA Em primeiro lugar, você não pode encontrar o suporte bíblico dessa doutrina. A idEia de que Deus tem um plano único, detalhado, prescrito para cada crente individualmente não existe na Escritura. A frase a vontade de Deus é usada em quatro sentidos diferentes em toda a Bíblia. Eles são como se segue (ver o Apêndice para as referências da Escritura): 1. A Vontade Eterna de Deus. Essa é a vontade central, completamente consumadora e governante de Deus. Ela é o Seu alvo central e intenção final. É ela que governa todas as Suas atividades. Paulo refere-se a ela como o propósito eterno (Ef 3). Deus tem uma vontade única que O leva a fazer tudo o que faz. Ela é o alvo final da criação e da redenção e que está por trás do universo. Deus escondeu a Sua vontade por muitas eras, ocultou-a sob um mistério e a escondeu no Seu Filho. O Todo-Poderoso decidiu não revelá-la a qualquer criatura, incluindo os Seus santos anjos. Em vez disso, o Senhor, em Suas admiráveis misericórdias, esperou. Ele esperou por muitas eras. E pelo que esperou? Esperou até que um vaso singular nascesse, a quem concederia o privilégio único de conhecer e de viver no segredo revelado do Seu próprio coração. Esse vaso é a Igreja, e ela inclui você e eu! O verdadeiro mistério das eras, o Seu propósito eterno, o Seu plano derradeiro, “o mistério da Sua vontade” foi dado a Paulo de Tarso para entregar ao povo de Deus nesta era! Que tremendo privilégio e honra nós temos como cristãos. Foi-nos dado o privilégio tanto de conhecer como de viver no mistério da criação e na vontade por trás de tudo isso (para uma discussão detalhada sobre o propósito eterno, ver o meu livro From Eternity To Here (Da Eternidade atéAqui), capítulo 4). 2. A Vontade Soberana de Deus. Também chamada de a “vontade permissiva” de Deus. Essa vontade está oculta ao homem. Tudo o que Deus faz ou permite é a Sua vontade soberana. Deus é onipotente, isto é, Ele tem todo o poder. Ele pode fazer qualquer coisa que seja possível ser feita. Mas Deus também é onisciente, isto é, Ele sabe todas as coisas. Ele sabe tudo antes, durante e depois que acontece. Portanto, vamos voltar à eternidade passada. Nosso Deus, que sabe todas as coisas, vê o futuro antes de criar o universo. Todos os eventos se revelam diante dos Seus olhos. Ele vê cada ato que todo ser humano alguma vez cometerá. Ele também tem todo o poder, o que significa que pode mudar algo que vê antes que aconteça. Assim, se perco um botão da minha camisa amanhã, Deus o viu na eternidade passada. Mas Ele também teve o poder de mudar este evento antes que acontecesse. Consequentemente, porque Deus é onisciente (Ele sabe todas as coisas, inclusive os eventos futuros) e é onipotente (Ele pode mudar o que vê), então a perda do meu botão foi a Sua vontade soberana. A onipresença de Deus ligada com a Sua onipotência significa que Ele predetermina todas as coisas que acontecem. Essa é a Sua vontade soberana ou permissiva. Você entendeu isso? Como você pode conhecer a vontade soberana de Deus? Você pode conhecer apenas partes dela se Ele sobrenaturalmente as revelar. Caso contrário, leia um livro de história! Se o livro for exato, você acaba de descobrir a vontade soberana de Deus no passado. Portanto, Deus é soberano. Se algo acontecer, é a Sua vontade porque Ele o viu e o Jesus Assim através das respostas graciosas do Senhor a Pedro aprendemos o caráter espiritual deste serviço, o fim que ele tem em vista, e a maneira da sua realização. Infelizmente havia um dos presentes para quem ele não teria nenhum significado: pois o Senhor tem de dizer: “Vocês estão limpos, mas nem todos. Pois ele sabia quem iria traí-lo, e por isso disse que nem todos estavam limpos” (NVI). O traidor nunca tinha sido “banhado”. Ele não era regenerado, e como tal nunca sentiria a necessidade, nem conheceria a renovação do serviço gracioso do Senhor. (Versos 12-17). Tendo terminado este serviço e retomado ao Seu lugar à mesa, o Senhor nos dá instrução adicional quanto ao serviço do lava-pés. Embora seja essencialmente Seu próprio serviço, ainda assim é algo que Ele muitas vezes executa por intermédio de outros. Por essa razão somos colocados sob a obrigação, e nos é dado o privilégio, de lavar os pés uns dos outro. Um serviço abençoado, executado, não procurando corrigir um ao outro (embora seja necessário de vez em quando), muito menos repreendendo um ao outro, mas ministrando Cristo um ao outro, pois somente um ministério de Cristo trará renovo a uma alma fadigada. Anos depois da cena no átrio superior o apóstolo Paulo nos contará que uma das qualificações de uma viúva piedosa é que lavou os pés de santos (1 Tm 5:10). Isso seguramente não implica que ela foi simplesmente uma repreensora do mal, ou censora dos erros, mas antes que renovou o espírito abatido dos santos vindo de Cristo com um ministério de Cristo. Onésiforo não lavou os pés do apóstolo Paulo, pois dele o apóstolo pode escrever: “Porque muitas vezes me recreou, e não se envergonhou das minhas cadeias” (2 Tm 1:16)? Por outro lado, Filemom não levou a cabo esta obrigação em relação aos seus irmãos, pois a ele Paulo pode dizer: “Porque por ti, as entranhas dos santos foram recreadas (Fm 7)? Não foi o Senhor mesmo que diretamente levou a cabo este serviço abençoado quando falou com Seu fadigado servo Paulo durante a noite, dizendo: “Não temas... porque Eu sou contigo” (At 18:9, 10)? Além disso, o lava-pés não apenas ministra renovação à alma afadigada, mas alegra o coração daquele que leva a cabo o serviço, pois o Senhor pode dizer: “Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes”. Livro Indicado Para a Leitura do Mês O título, “As Últimas Palavras”, foi escolhido por ser suficientemente amplo para incluir a última oração bem como os últimos discursos. Nessas últimas palavras ouvimos, como alguém disse: “A voz de Jesus alongada por todas as eras, tão fresca hoje... quanto foi ali no átrio superior em Jerusalém. Ela tem uma linguagem intensamente humana em seus tons de compaixão e afeto; contudo em revelação e autoridade não menos distintamente divina”. Este livro pode ser baixado através do site: http://www.editorarestauracao.com.br/ Este boletim é distribuido gratuitamente. Toda correspondência e doação para custear a sua publicação deve ser enviada para: Editora Restauração - "O mensageiro das Boas Novas” Caixa Postal: 1945 - Curitiba - Paraná - Brasil - CEP 80.011-970 e-mail: [email protected] ! O mensageiro das BOAS NOVAS Ano XV n° 220 Setembro 2013 “Eu edificarei a Minha Igreja“ CRISTO: A ROCHA DA IGREJA Watchman Nee “Quem Dizeis que EU SOU?” Quem dizem os homens ser o Filho do homem?” Essa foi a pergunta que o Senhor Jesus fez aos Seus discípulos. Não havia nenhuma dúvida de que Ele era o Filho do homem. Tanto judeus como gentios O reconheciam e confessavamNo como tal. A questão levantada agora não era se o Senhor Jesus era o Filho do homem, mas quem esse Filho do homem era. O Senhor não se importava em saber o que os homens estavam falando a Seu respeito — quer bem quer mal; Ele simplesmente estava querendo saber quem o povo estava dizendo que Ele era. O que, então, o povo estava dizendo acerca Dele? Aqueles que se Lhe opunham diziam que Ele estava possuído de demônios ou que era um glutão e beberrão de vinho. Não vamos dar crédito nenhum a essas palavras blasfemas. Mas entre aqueles que tinham bons sentimentos para com Ele, diferentes pontos de vista eram sustentados. Uns diziam que Ele era João Batista; alguns, que Ele era Elias, e outros, Jeremias ou algum dos profetas. Nicodemos disse que Ele era um mestre que veio da parte de Deus (Jo 3.2); a mulher samaritana junto ao poço disse que Ele era um profeta (4.19). Quem era esse Filho do homem? Diferentes pessoas sustentavam diferentes pontos de vista. Mas a questão colocada pelo Senhor Jesus não parou nesse ponto. O que Ele realmente desejava saber era isto: quão diferente a visão dos discípulos era da visão das outras pessoas? Ele desejava especialmente saber que diferença a confissão de Pedro sobre Ele tinha das opiniões do povo. O que Ele estava tentando focalizar era o seguinte: “O povo diz que Eu sou tal tipo de pessoa, mas o que vocês dizem de Mim? Vocês, que são chamados Meus discípulos, quem dizem que Eu Sou?” Essa era a verdadeira questão que Ele tinha em mente. Simão Pedro respondeu a pergunta de Jesus. Ele disse ao Senhor: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.” Sua resposta foi muito clara. Nela, Pedro confessou duas coisas acerca do Senhor: primeiro, ele confessou Jesus como Cristo, e, segundo, que Jesus é o Filho de Deus. Quanto à pessoa do Senhor Jesus, Ele é o Filho de Deus, mas quanto a Sua obra, Ele é o Cristo de Deus. 0 Filho refere-se ao que Ele é; o Cristo refere-se ao que Ele faz. Filho indica Sua relação com o próprio Deus, enquanto Cristo fala do Seu relacionamento com o plano de Deus. Quando se fala da pessoa do Senhor, Ele é mencionado como sendo o Filho do Deus vivo, CRISTO: A ROCHA DA IGREJA (continuação) Watchman Nee mas quando se fala da obra do Senhor, Ele é referido como Cristo — Ele é o Cristo do Deus vivo, o Ungido que é especialmente apontado para cumprir o plano de Deus. Essa, portanto, é a confissão de Pedro, a qual também é a nossa confissão sobre o Senhor Jesus. Depois da confissão de Pedro, o Senhor Jesus falou a ele, dizendo: “Bemaventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas Meu Pai, que está nos céus”. Tal confissão não se originou na mente de Pedro nem foi aprendido por ele por meio de outra pessoa, mas foi revelado pelo Pai que está nos céus. O Senhor prosseguiu com mais declarações: “Pois Eu também te digo”. Ele primeiro mostrou a Pedro de onde viera aquela confissão e, então, levou Seus discípulos a verem a grandeza do efeito dessa confissão. O que o Senhor disse aos discípulos? “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”. Essa declaração, por parte de nosso Senhor, nos mostra o que é o fundamento da Igreja. Quão excessivamente importante é esse assunto para a fé cristã. Ele é o núcleo de todas as questões. O que, então, é o fundamento da Igreja? O Senhor nos sugere aqui que a Igreja é edificada sobre o que Ele chama de “esta pedra”. Portanto, o fundamento da Igreja é “esta pedra” da qual o Senhor fala. O Que ESTA PEDRA Indica? O que, exatamente, a expressão “esta pedra” indica? Pois, a menos que saibamos o que essa frase significa, não seremos capazes de compreender o que é o fundamento da Igreja nem de vermos claramente como a Igreja é edificada. A pedra nada mais é do que a confissão que Pedro faz concernente ao Senhor - e o que ele confessa é que o Senhor é o Cristo, o Filho do Deus vivo. E a Igreja é edificada exatamente sobre essa confissão: ela é edificada sobre a confissão do homem e do conhecimento do Senhor Jesus. Essa confissão de Pedro não lhe foi mostrada por carne e sangue, antes ela foi da revelação de Deus. Portanto, aquilo que Pedro recebeu não é nos moldes do Cristianismo tradicional. Não foi porque as pessoas disseram a Pedro que Jesus era o Cristo que ele dizia que Jesus era o Cristo. Nem era porque as pessoas lhe diziam que Jesus era o Filho do Deus vivo que ele, então, dizia que Jesus era o Filho do Deus vivo. Nem tampouco Pedro gastou tempo em pesquisas e pensamentos até ele mesmo chegar à conclusão de que Jesus era o Cristo, o Filho do Deus vivo. Esse conhecimento não procedeu dos próprios pensamentos de Pedro nem foi sugerido por outras pessoas, mas veio diretamente por meio da revelação do Pai que está nos céus. Essa confissão não foi baseada em opinião pessoal nem em ensinamentos humanos, mas na revelação de Deus sobre Seu Filho ao espírito de Pedro. Somente dessa maneira ele pôde saber que Jesus é o Cristo de Deus e o Filho de Deus. Assim sendo, a Igreja é edificada sobre essa confissão, uma confissão baseada na revelação de Deus que mostra aos homens a pessoa e a obra de Cristo. Quando o Pai que está nos céus revela Seu Filho a Pedro, Ele leva Pedro a ver que Jesus é, de fato, o Filho de Deus e também o Cristo de Deus. Portanto, quan Senhor no meio dos Seus santos reunidos em Jerusalém. Mais uma vez, as palavras do Senhor aos de Laodicéia não estabelecem esta dupla verdade, quando Ele pode dizer: “Se alguém ouvir a Minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele Comigo”? Além disso, parece que o lava-pés não é estritamente um símbolo do serviço do nosso Senhor como Advogado, nem da Sua graça sacerdotal, embora de fato participe da natureza de ambos. A obra sacerdotal do Senhor tem em vista a nossa fraqueza: a advocacia do Senhor trata com pecados reais. O lava-pés remove o embotamento da alma, e a dureza das afeições que podem surgir na atividade da vida diária, e as quais eficazmente impedem a comunhão com Cristo onde Ele está. O cansaço e a fraqueza do corpo podem nos impedir de sermos testemunhas de Cristo aqui; então a graça sacerdotal de Cristo está ativa para nos sustentar em nossa fraqueza. Infelizmente podemos falhar e pecar, e não estarmos mais qualificados para testemunhar de Cristo; então o Advogado restaura a alma. Se, contudo os afetos tiverem se esfriado, embora possa não haver nada para inquietar a consciência, haverá um estorvo grave à comunhão com Cristo, e logo o serviço do lava-pés entra para retirar o estorvo. Há, além disso, a outra diferença entre advocacia e lava-pés, que, ao passo que a advocacia restaura as nossas almas no lugar onde estamos, o lava-pés restaura o nosso espírito à comunhão com Cristo no lugar onde Ele está. Nos dias da jornada de Israel era incumbência dos sacerdotes lavarem seus pés antes que entrassem no tabernáculo. Eles de fato poderiam ser dignos para o povo, o acampamento e o deserto, mas a dignidade para a presença do Senhor somente pode ser assegurada pela lavagem dos pés. Por isso o propiciatório estava antes da porta do tabernáculo (Ex 30:17-21; Ex 40:30-32). (Versos 9-11). Qual então é a natureza do serviço que é simbolizado pelo lava-pés? A resposta à primeira observação de Pedro mostrou que ele tem um significado espiritual, a resposta à sua segunda palavra nos diz a finalidade que ele tem em vista; a resposta à sua última observação indicará mais claramente a natureza, ou maneira do serviço. Pedro, tendo obtido algum vislumbre da bem-aventurança do lava-pés, agora volta à sua confissão muito determinada de que o Senhor nunca lavará os seus pés. Movido pelo seu verdadeiro afeto ao Senhor, e com a impulsividade característica ele diz: “Senhor, não só os meus pés, mas também as mãos e a cabeça”. Qualquer que seja a ignorância que a sua observação denuncia, certamente ela expressa um afeto que merece a parte com Cristo. O Senhor responde: “Quem já se banhou precisa apenas lavar os pés; todo o seu corpo está limpo. Vocês estão limpos, mas nem todos” (NVI). Na Escritura a água muitas vezes é usada como um símbolo do efeito purificador da Palavra de Deus. Na conversão a Palavra é aplicada pelo poder do Espírito, produzindo uma mudança completa, e comunicando uma nova natureza, que altera inteiramente os pensamentos, palavras e ações do crente – uma mudança representada pelas palavras do Senhor de que “já os banhou”. Não pode haver repetição desta grande mudança, mas os assim banhados podem algumas vezes se tornar entorpecidos no espírito. Assim como os pés do viajante estão sujos e fadigados pelo pó da estrada, o crente, em contato com a esfera cotidiana, os deveres da vida familiar e as pressões da vida dos negócios, bem como o conflito contínuo com o mau, muitas vezes pode estar fadigado no espírito e assim impedido de ter comunhão com Cristo em Suas coisas. Não é que ele tenha feito algo que a consciência tivesse de prestar conta, pedindo pela confissão e obra do Advogado, mas o seu espírito está fadigado e precisa ser renovado, e tal renovação Cristo se encanta em dar se nós apenas colocarmos nossos pés em Suas mãos. Voltando-nos a Ele que renovará as nossas almas se apresentando diante de nós, em toda a Sua perfeição, através da Palavra. O LAVA-PÉS – JOÃO 13:2-17 (continuação) Hamilton Smith Aquele que tem todo o amor em Seu coração. Assim aconteceu que, movido por um coração de amor, Aquele que tem todo o poder em Suas mãos tomará naquelas mesmas mãos os pés sujos dos Seus exaustos discípulos. Aquele que é o Senhor de todos se torna o servo de todos. (Versos 4, 5). Para executar este gracioso serviço “Levantou-se da ceia”. Ele se levantou da ceia pascal dos judeus, a qual fala da Sua associação conosco no Reino glorioso (Lc 22:15, 16) para fazer aquilo que leva à nossa comunhão com Ele nas glorias celestiais. Na perfeição da Sua graça Ele cinge-se para este último ato de serviço, e, derramando água em uma bacia, começou a lavar os pés dos discípulos e enxuga-los com uma toalha com a qual estava cingido. (Versos 6, 7). “Aproximou-se pois de Simão Pedro, que Lhe disse”. Se outros aceitam o serviço do Senhor em admirável silêncio, Pedro, impelido pelo seu caráter enérgico, expressa todos os seus pensamentos. Três vezes ele fala, a cada vez expondo sua ignorância da mente do Senhor. A sua primeira declaração depreca o serviço humilde do Senhor: a segunda declaração o recusa completamente: na última declaração impulsivamente se submete ao serviço, mas, de uma forma que o despojaria de todo o seu profundo significado. Ainda, como alguém disse. “Se fomos advertidos pelos erros dos discípulos muito mais a nós instruem as respostas que os corrigem.” Na resposta do Senhor aprendemos o profundo significado espiritual deste último ato de serviço. Para Pedro foi incompreensível que o Senhor da glória tivesse que se inclinar para lavar aqueles pés afadigados. Por essa razão a sua primeira declaração é um protesto misturado com surpresa – “Senhor, Tu lavasme os pés?” O Senhor responde: “O que Eu faço não o sabes agora, mas tu o saberás depois”. Assim aprendemos que, naquele momento, não foi possível para os discípulos discernirem o significado espiritual do ato do Senhor. Depois, quando veio o Espírito, tudo seria manifesto. Claramente então aprendemos que este serviço não foi, como muitas vezes é dito, para ensinar uma lição de humildade por um ato de suprema humilhação da parte do Senhor. Não haveria nenhuma necessidade de Pedro esperar por um dia mais adiante para discernir a humildade do ato. As suas próprias declarações mostram que a humilhação do Senhor foi mais importante em seus pensamentos naquele momento. (Verso 8). Não amedrontado pela resposta do Senhor, que deveria ter advertido Pedro para ficar em silêncio até a plena iluminação, ele agora ousadamente diz: “Nunca me lavarás os pés”. O Senhor, em Sua paciente graça, passando por cima do desprezo, corrige a impulsividade de Pedro dizendo: “Se Eu te não lavar, não tens parte Comigo”. Tão breve é a resposta, podemos ver, agora que o Espírito foi dado, que ela apresenta o significado espiritual do lava-pés. Aprendemos que ela simboliza o serviço presente do Senhor pelo qual retira do nosso espírito tudo o que impediria de termos parte com Ele. Vamos observar que o Senhor não diz, parte em Mim. Precioso de fato é o serviço do lava-pés e, contudo, isso nunca asseguraria ter “parte em Cristo”. Para isso a obra maior da Cruz foi necessária, a qual, uma vez realizada nunca pode ser repetida. Por esta obra maior a parte em Cristo foi assegurada para sempre a todo crente. O lava-pés é a demonstração simbólica na terra de um serviço contínuo no céu – um serviço que permite aos crentes na terra manter comunhão com Cristo no céu: pois as palavras do Senhor “parte Comigo” não significam a comunhão com Ele, naquela santa cena de afeição na casa do Pai? Há, de fato, o abençoado fato de que o Senhor se aproxima de nós e tem comunhão conosco em nossa casa, como na ocasião quando Ele entrou na casa em Emaús, mas a parte com Ele, conduz ao pensamento ainda mais abençoado de que podemos ter comunhão com Ele em Sua casa, como foi o caso com os discípulos de Emaús quando, na mesma noite, encontraram o do o Senhor subsequentemente declara aos Seus discípulos que “sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja”, essa pedra refere-se diretamente ao que Pedro acaba de confessar, mais precisamente a: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Isso é tanto revelação de Deus como a confissão do homem. Em resumo, “esta pedra” não é nada mais do que o próprio Cristo. A pedra é Cristo, o Filho do Deus vivo. Com referência à pessoa do Senhor, Ele é o Filho de Deus. Esse conhecimento é absolutamente necessário aos homens. Conhecer o Senhor não está tão relacionado ao que sabemos de Seus feitos conforme narrado nos Evangelho, mas, sim, a conhecê-Lo como o Filho de Deus. Aquilo que os homens vêem, ouvem e tocam não é suficiente, pois Cristo é muito mais do que isso - Ele é nada menos que o Filho do Deus vivo. Quão demasiado fácil é reconhecê-Lo como Filho do homem tanto Seus amigos como os adversários confessavam-No e ainda O confessam como tal. Mas aqueles que receberam revelação de Deus, somente eles O conhecem como o Filho de Deus. A ROCHA É o que Pedro Confessa A Igreja é edificada sobre essa rocha, a qual é Cristo, o Filho de Deus. Essa rocha é a revelação que Deus deu aos homens, e essa rocha é a confissão do homem depois de ele ter recebido a revelação. Precisamos ver que a própria confissão é também muito importante. Quando nosso Senhor Jesus esteve na terra, Ele repetidamente disse: “Eu sou” (ver Jo 8.24 ). Ao ouvirmos isso, nós cremos, e Ele, então, fica muito satisfeito em nos ouvir dizer: “Tu és”! Sabemos que há uma declaração que Deus ama ouvir-nos fazer, que é dizermos a Ele: “Tu és”, e dizermos ao Filho: “Tu és Senhor!”. Esta importante expressão, “Jesus é Senhor!”, pode ser a mais poderosa declaração. Algumas vezes, quando as coisas estão em confusão e Satanás zomba de você, dizendo que você agora está desamparado, tudo que você precisa fazer — mesmo que não possa orar num momento como esse — é simplesmente declarar. Proclame alto: “Jesus é Senhor!” e você verá instantaneamente que coisas confusas são nada e que a zombaria de Satanás também nada é. Quando está sendo severamente tentado, você deveria levantar-se e falar essa palavra. Quer seja em seu próprio quarto, quer seja numa reunião de oração, você deveria dizer: “Jesus é Senhor!” — por meio do que você está dizendo a Ele: “Tu és”. O Senhor ama ouvir tal declaração, e, como resultado, nós somos interiormente fortalecidos. O Senhor Jesus deleita-se em ouvir esse “Tu és!” — se não fosse assim, por que Ele perguntaria aos discípulos quem era? Que utilidade tem interrogar os discípulos se eles não sabem? Também porque perguntar se eles sabem? O Senhor Jesus fez essa pergunta porque Ele desejava muitíssimo ouvir Pedro falar sobre isso. Conservemos em mente que o fundamento da Igreja não é estabelecido somente sobre a revelação que Deus dá, mas é também estabelecido sobre a declaração de Pedro após ter ele recebido a revelação. Uma vez que Deus revelou Seu Filho - Sua Obra-prima - a nós, declaramos o que Deus revelou e confessamos a confissão que Ele nos deu: confessamos Jesus como o Filho de Deus e O confessamos como o Cristo. Isto é o que a Igreja é: a voz de Cristo que Ele deixou sobre a terra. Deus coloca a igreja na terra para declarar e confessar Cristo. Seria totalmente inaceitável Pedro meramente dizer em seu Jesus coração: “Eu creio que o Senhor tem poder e que Ele reina. Eu creio que o Senhor é glorioso.” Não seria suficiente Pedro apenas dizer: “Senhor, eu creio em Ti em meu coração.” O que o Senhor pergunta é: “E vós, quem dizeis vós que Eu sou?” “Vós” aqui aponta para os discípulos. Portanto, esperava-se que eles falassem o que pensavam. O que tem de ser declarado? “Dizeis (...) que Eu sou” equivale a dizer, a confessar o próprio Senhor, a dizer quem o Senhor é. Vamos prestar atenção a essa palavra. Nós precisamos lembrar mais uma vez que a Igreja é edificada sobre nossa confissão acerca do Senhor: “Sobre esta pedra edificarei a Minha igreja, e as portas do inferno [Hades] não prevalecerão contra ela”. Se não virmos o relacionamento entre a Igreja e as portas do Hades, podemos não perceber a importância de o Senhor ter usado a palavra “dizeis”; podemos pensar que crer no coração é suficiente ou que apenas orar seja adequado. Mas se virmos que a Igreja existe para deter as portas do Hades, então, aprecia- remos quão cheia de vida e poder e autoridade é essa declaração de quem Jesus de Nazaré é. Muitos podem testificar das numerosas vezes em que eles encontraram dificuldades contra as quais fé e oração não pareciam produzir nenhum efeito vitorioso, até que, um dia, eles se levantaram e declararam: “Jesus, Tu és Senhor, Tu és Rei, Tu esmagaste o diabo debaixo dos Teus pés e Tu destruíste todas as obras do inimigo!” Assim que essa declaração foi feita, eles foram notavelmente fortalecidos. Nessa situação, a melhor oração não é a de petição; a melhor oração é a do tipo que declara: “Tu és!” “Tu és!” é a declaração de fé da Igreja. Nós podemos reiterar que a Igreja é edificada não somente sobre a revelação de Deus, mas também sobre a declaração dos homens sobre a revelação que receberam. A declaração como um resultado de revelação é cheia de valor espiritual. Ela tem o poder espiritual para sacudir o Hades. Livro Indicado Para a Leitura do Mês Quando começamos a conhecer a Deus, Seu propósito estabelecido na eternidade e Seu trabalho ao longo das eras, percebemos quão especiais são as visões que Deus nos revela na carta de Paulo aos efésios. Ele teve um plano e uma vontade. Necessitamos ver hoje, especialmente nesse tempo do fim, como Deus concluirá o Seu propósito; pois, quando uma obra não estiver ligada ao Seu plano, ela não pode ser vista como obra de Deus. Mas, não há nenhuma maneira de se conhecer a Deus e Sua eterna vontade a não ser por meio de revelação. Portanto, a questão hoje é: "Você viu? Os olhos do seu coração foram abertos por Deus? " Este livro pode ser adiquirido no site: www.editoradosclassicos.com.br Este boletim é distribuido gratuitamente. Toda correspondência e doação para custear a sua publicação deve ser enviada para: Editora Restauração - "O mensageiro das Boas Novas” Caixa Postal: 1945 - Curitiba - Paraná - Brasil - CEP 80.011-970 e-mail: [email protected] O mensageiro das BOAS NOVAS Fevereiro 2014 Ano XVI n° 225 “A Palavra que sai da Minha boca, não voltará vazia“ O LAVA-PÉS – JOÃO 13:2-17 Hamilton Smith O Senhor não podia mais ser o companheiro de Seus discípulos na peregrinação deles pela terra, contudo, Ele não deixará de ser o servo deles em Seu novo lugar no céu. Assim, na cena que se segue, descrita nos versos 2 a 17, temos um ato de graça o qual, enquanto fecha o serviço amoroso do Senhor pelos Seus na terra, prenuncia Seu serviço vindouro pelos Seus quando assume Seu novo lugar na glória. Se Ele não puder mais ter parte conosco pessoalmente no caminho da humilhação, tornará possível a nós termos parte com Ele em Seu lugar na glória. Este, julgamos, é o significado deste ato gracioso do lava-pés. Por toda a Sua vida perfeita a mente em Cristo Jesus era de sempre esquecer-se de Si mesmo no serviço amoroso pelos outros: e neste último ato, embora consciente da negra sombra da cruz, o Senhor ainda está se esquecendo de Si mesmo para servir aos Seus. Os versos 2 e 3 introduzem este humilde serviço mostrando, por um lado, a sua profunda necessidade, e por outro, a perfeita capacidade do Senhor para o serviço. A necessidade do lava-pés é tornada manifesta já que os discípulos serão deixados em um mundo no qual o diabo e a carne se combinam em hostilidade mortal a Cristo. A referência à traição de Judas nesta cena inicial, assim como também à negativa de Pedro um pouco depois, mostram claramente que a carne, seja no pecador ou no santo, é somente material para o diabo usar. A indulgência não julgada da carne tinha aberto o coração de Judas para as sugestões do diabo. Trair o próprio amigo, e isso também pelo símbolo do amor, é repulsivo até para o homem natural; mas o poder dominante que deseja satisfazer a concupiscência, prepara o coração para acolher uma sugestão que é estranha à natureza, e só pode vir do diabo. Na presença dessa temerosa exposição do poder da carne e do diabo, a perspectiva de ser deixado em um mundo mau, com a carne interior e o diabo exterior, pode bem assustar o coração dos discípulos. Ao mesmo tempo, contudo, o nosso coração é sustentado por ser dirigido da carne e do diabo para Cristo e o Pai, para aprender que “o Pai entregou tudo” nas mãos de Cristo. Grande poder está nas mãos do diabo que nos odeia; mas “todo poder” está nas mãos de Cristo que nos ama. Nem é apenas que “todo poder” tenha sido dado a Cristo, mas que estava indo para o lugar de poder – Ele veio de Deus estava indo para Deus. Enquanto sentia com Sua sensibilidade perfeita a infidelidade de um falso discípulo, e a negativa vindoura de um verdadeiro, Ele, sem embargo, se moveu na calma conscientização de que todo poder estava em Suas mãos, e que ia para o lugar de poder. Da mesma forma que Ele nos deixaria passar por um mundo mau conscientes de que Ele tem todo o poder e está no lugar de exercer o poder. Além disso, não apena o Senhor está no lugar de poder, com todo o poder, mas, na cena que segue, Ele permitirá que saibamos que Se deleita em usar o poder a nosso favor. Jesus mais gostamos, isso será reconhecido como perder a alma por amor a Ele. Va m o s r e c o n h e c e r q u e o significado de ganhar a alma hoje se aplica igualmente ao ganhar a alma no futuro; e o significado de perder a alma agora é o mesmo que perder a alma no futuro. Seus significados devem permanecer os mesmos. Em outras palavras, perder a alma por amor ao Senhor denota a recusa de permitir que ela seja gratificada e favorecida hoje, e perder a alma no futuro significa negar-lhe satisfação e desfrute no reino. Quando aquele dia vier, ou seja, quando o reino chegar, algumas pessoas terão a sua alma satisfeita enquanto outras terão sua alma insatisfeita. Todo aquele que nesta era satisfez os desejos de sua alma com excessivo desfrute além das necessidades naturais não terá nada no reino futuro. Igualmente, todo aquele que por amor ao Senhor perdeu essas coisas nesta era será plenamente satisfeito no reino da era vindoura. Todo aquele que vencer o mundo será recompensado no reino. Isto é absolutamente certo. A salvação do espírito é concedida no momento em que cremos no Senhor. A salvação da alma depende do que fazemos hoje. Caso você ame roupas, comidas e amigos e tem tudo isso para satisfação de sua alma, dixe-me dizer-lhe com a autoridade do Senhor que você perderá a glória do reino. “Bem-aventurados vós, os que agora tendes fome, porque sereis fartos. Bem-aventurados vós, os que agora chorais, porque haveis de rir”, diz o Senhor (Lc 6:21), mas “ai de vós, os que estais agora fartos!” (Lc 6:25). Por que os que estão fartos são desventurados? Porque eles já estão satisfeitos agora. Por que os que choram são abençoados? Porque eles serão satisfeitos no futuro. Esta, então, é a diferença entre o ai e a bemaventurança. Livro Indicado Para a Leitura do Mês O assunto abordado nestas páginas é comumente omitido pelo povo de Deus. Contudo, somos definitivamente informados pelo Senhor com esta palavra: “… a salvação preparada para revelar-se no último tempo. Obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa alma” (1 Pe 1:5, 9). Como o fim está muito próximo, é incumbência dos cristãos saber o que é a salvação da alma. Na primeira parte deste presente volume, Watchman Nee apresenta-nos o significado, o meio e a manifestação da salvação da alma: o significado é negar-se, o meio é a cruz e a manifestação é o Reino. Na segunda parte ele aborda o mesmo assunto de maneira mais profunda, mas de uma perspectiva diferente, mostrando a esfera da salvação do crente, o segredo de uma vida vitoriosa e a fé pela qual se vive essa vida. Este livro pode ser adquirido através do site: http://www.livraria.editorarestauracao.com.br/ Este boletim é distribuido gratuitamente. Toda correspondência e doação para custear a sua publicação deve ser enviada para: Editora Restauração - "O mensageiro das Boas Novas” Caixa Postal: 1945 - Curitiba - Paraná - Brasil - CEP 80.011-970 e-mail: [email protected] O mensageiro das BOAS NOVAS Ourtubro 2013 Ano XV n° 221 “Somos sempre entregues à morte por causa de Jesus“ O CAMINHO DA CRUZ DeVern F. Fromke Primeiramente aprendemos a apropriar-nos da obra da Cruz; depois, à medida que a cruz vai sendo gravada no nosso coração, aprendemos o caminho da cruz. Na apropriação, a ênfase é colocada naquilo que o homem recebe. O princípio da cruz gravada no coração do homem, por sua vez, enfatiza aquilo que o Pai recebe através de Seus filhos. Na experiência, esses dois aspectos da obra da cruz não precisam necessariamente ocorrer separados, mas cada um deles deve ter sua obra específica na vida do crente que almeja andar no supremo caminho de viver para Deus. Pode-se dizer que o cristão começou a andar no caminho da cruz quando a cruz, para ele, não é mais algo externo apenas, mas tornou-se operante em seu interior. Ao invés de enfatizar aquilo que o homem recebe, a ênfase agora está na concretização do SUPREMO PROPÓSITO DO PAI na Cruz. Quando recebemos revelação acerca do caminho da cruz, percebemos imediatamente o quanto esse aspecto da verdade tem sido negligenciado. O escritor de Hebreus devia ter isso em mente quando disse: Por isso pondo de parte os princípios elementares da doutrina de Cristo, deixemo-nos levar para o que é perfeito... (Hb 6:1). Ao que parece, o apóstolo Paulo quer enfatizar que este caminho da cruz é, claramente, a razão evidente por que o seu próprio ministério é frutífero e eficaz: Porque nós, que vivemos, somos sempre entregues à morte POR CAUSADE JESUS, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal. De modo que em nós opera a morte; mas em vós a vida. (2 Co 4:11,12). Essa afirmação de Paulo pode parecer bastante estranha para aqueles que estão sempre procurando obter e ainda não compreenderam a importância daquilo que Deus poderia receber através de suas vidas. Obviamente eles não podem nem apreciar, nem entender o propósito de vida de Paulo. De alguma forma eles não captaram a importância de uma pequena frase que Paulo continuamente enfatiza. Essa frase é usada em um contexto semelhante em sua carta aos Romanos: POR AMOR DE TI... fomos considerados como ovelhas para o matadouro (Rm 8:36). Diariamente somos entregues à morte POR CAUSA DE JESUS (2 Co 4:11). Antigamente víamos todas as coisas para o nosso bem. Todavia, agora, à medida que andamos neste caminho, passamos a interpretar essa operação de morte como algo que sofremos POR CAUSADE JESUS. Que grande privilégio nós temos! Deus escolheu-nos e nos destinou para que fôssemos vasos transparentes com o objetivo de mostrar o tesouro celestial - vasos através dos quais Ele pudesse continuamente revelar para os outros o morrer do Senhor Jesus. O que parece ser o nosso morrer é realmente o morrer do Senhor Jesus em nós. Essa operação de morte torna-se o meio de vida para todo aquele O CAMINHO DA CRUZ (continuação) DeVern F. Fromke que recebe essa revelação. A RAZÃO DE UMA VIDA INFRUTÍFERA Muitos dos filhos de Deus aproximam-se do caminho da Cruz hesitantes e confusos. Sem entender o que estava na mente de Deus antes da Queda, nem a filosofia de vida celestial, essas pessoas ficam horrorizadas ao pensar em uma constante operação da morte. "Eu não estou pronto para andar nesse caminho, eu desejo vida abundante e alegria - não morte". Uma carta escrita por um estudante de uma escola cristã revela o espírito do cristianismo moderno: "Desde que estou longe de casa e da minha comunidade as coisas estão ficando mais claras para mim. Tenho visto muitas pessoas aparentemente dispostas a servir ao Senhor desde que isso não exija delas sacrifício algum. Isso, a princípio, deixou-me bastante chocado. Talvez eu estivesse sendo muito limitado ao escolher abrir mão de meus direitos e, voluntariamente, permitir a operação de morte como havia sido ensinado. Eu via como as pessoas gastavam o dinheiro de Deus em coisas extravagantes. Me senti tentado a viver daquela forma. Mas então o Senhor permitiu-me ver como essas vidas eram infrutíferas. Aqueles que viviam como se fossem reis muito pouco sabiam acerca do caminho da cruz ". A VIDA DIVINA NÃO PODE SER USADA Andar no supremo caminho da realização e experimentar o viver através da vida de Outro não é o caminho mais fácil, mesmo que você esteja cercado por cristãos. Muitos ficam chocados ao descobrir que estão em um outro caminho, porque há somente um modo pelo qual a vida de Cristo pode ser vivida: para Deus e sendo derramada para os outros. No momento em que pensarmos que podemos acomodar-nos e usá-lo (Sua vida) para o nosso próprio bemestar, Ele (Sua vida) não estará à nossa disposição para este fim. A vida divina não atua dessa forma. Se continuarmos a interpretar o Calvário para o nosso próprio benefício, significa que ainda não fomos libertos do mundo. Mesmo que compartilhemos acerca dos benefícios com os perdidos, nós estamos fazendo isso da nossa própria maneira, preservando nosso direito de reinar. Multidões de crentes estão cativos a este sistema mundano de segurança e recompensa. Deus espera acabar com essa escravidão quando eles chegarem ao fim de seus próprios caminhos. Todavia Ele nunca irá impor Seu caminho para quem quer que seja. É nosso privilégio e alegria poder escolher andar no caminho onde a vida é para Ele. O PASSADO E O PRESENTE Do ponto de vista de Deus, a obra da cruz foi concluída de ama vez por todas. Nós sempre devemos fazer essa distinção. Quando reconhecemos a morte de Cristo para nós e nossa morte com Ele, usamos o tempo passado, dizendo com Paulo: Eu fui crucificado... Nosso velho homem foi crucificado... Reconhecei a vós mesmos...mortos... Nesses e em muitos outros exemplos, Paulo descreve nossa união juntamente com Ele. Nós somos libertados da culpa do pecado e do seu poder reconhecendo nossa identificação com a obra consumada de Cristo na Cruz. Isso é algo consumado, devemos considerar como algo que ocorreu no passado. Algumas pessoas confundem isso com uma outra afirmação de Paulo e acham que somos chamados a morrer diariamente para o pecado. NÃO! Paulo insiste em que nós estamos mortos para o pecado. Desde o momento em que tomamos conhecimento da obra redentora de Cristo e dela nos apropriamos considerandoa nossa, estamos mortos para o pecado. Em qualquer disputa com Satanás, em qualquer tentativa de manifestação da carne nós lembramos da primeira vez que reconhecemos nossa inclusão nessa obra. É sempre passado! Conclu- satisfazer nossas luxúrias, não estamos tomando a cruz. Não podemos determinar quem deve vestir tal roupa, comer tal tipo de comida ou viver em tal tipo de casa; mas qualquer um que desejar extrair extrema satisfação dessas coisas não toma a cruz. Ninguém se atreve a dizer o que você deve ter ou o que não deve ter. Ao contrário, você é quem deve perguntar se sua alma extrai prazer e satisfação dessas coisas. Qualquer coisa que supra suas necessidades é permitida por Deus. Roupa, comida e abrigo são coisas legítimas. No Antigo Testamento podemos ver Deus provendo essas coisas para os filhos de Israel. Portanto, Ele nunca pretendeu ter seus filhos totalmente ocupados com este assunto. Se procurarmos por absoluto prazer nessas áreas não estaremos tomando a cruz. Quão frequentemente as pessoas não estão vestidas para proteger o corpo e não estão comendo para satisfazer sua fome, mas para buscar puro prazer. Todas as necessidades naturais devem ser supridas, mas a luxúria proveniente da carne não deve ser satisfeita. Nada deve ser em excesso. Deus realmente interfere na roupa, comida, moradia e viagem do homem? De fato Ele interfere. E a interferência se constitui na cruz. Vamos ilustrar este assunto. Quando Adão estava no Jardim do Éden, todas as suas provisões necessárias eram devidamente supridas. Ele poderia comer os frutos de todas as árvores, exceto o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Então ele comeu dessa árvore porque seu fruto proibido era bom para comer e agradável para os olhos e não porque ele iria preencher sua necessidade natural; isso se tornou uma luxúria para ele. O que Deus permite está restrito à necessidade natural; qualquer coisa que exceda isso é impróprio e considerado como coisa do mundo, como roupa, comida e abrigo; e por esta razão devemos buscar somente o suprimento das necessidades e não a gratificação das concupiscência. Devemos considerar a vontade de Deus como regra absoluta nessas coisas. De outra maneira, poderemos seguir a vontade da carne tanto nos satisfazendo completamente como também maltratando nosso corpo como se fôssemos mais santos que os outros. Precisamos entender que nenhum extremo é aprovado por Deus em Sua Palavra: Ele nem nos diz para desfrutarmos das coisas deste mundo nem nos declara que o ascético maltrato do corpo tem algum valor contra a satisfação da carne (ao contrário, compare 1 João 2:14-15 e Colossenses 2:23). “Quem acha a sua vida perdê-laá; quem, todavia, perde a vida por minha causa achá-la-á” (Mt 10:39). Esse verso conclui a passagem de Mateus 10 que estávamos estudando. O que então significa tomar a cruz? Significa que uma pessoa perde sua vida da alma por amor a Cristo, é ferida em seu coração por amor a Cristo e sofre angústia e tristeza – tudo isso é perder a alma. Algumas pessoas se recusam a sofrer ou disciplinar seu desejo emocional; e por permitirem que sua alma desfrute excessivamente, certamente a perderão. Perder a alma por amor ao Senhor não é deixa-la ser satisfeita em suas exigentes luxúrias e deleites. Se por amor a Cristo A SALVAÇÃO DA ALMA - SEU MEIO: A CRUZ Watchman Nee que nosso próprio pai, mãe ou filho? Se no mundo você ama mais uma pessoa do que o Senhor, não está pronto para ser Seu discípulo. Para ser discípulo de Cristo você precisa amar completamente o Senhor. Esta é a condição para ser Seu discípulo. É completamente impossível para você amar o Senhor e outra pessoa igualmente ao mesmo tempo. “… e quem não toma a sua cruz e vem após mim não é digno de mim” (v. 38). Esse verso resume o que foi dito antes – esta é a cruz! O que significa tomar a cruz? O Senhor não disse que aquele que não toma sua carga e O segue não é digno d'Ele. Não, Ele disse que quem não toma a sua cruz e O segue não é digno d'Ele. Uma carga não é uma cruz. Carga é algo inevitável; cruz, no entanto, está sujeita à escolha da pessoa e portanto pode ser evitada. O que a primeira cruz na história foi, assim devem ser as incontáveis pequenas cruzes que vêm depois dela; assim como a cruz original foi escolhida pelo Senhor, a cruz de hoje também precisa ser escolhida por nós. Algumas pessoas assumem que estão carregando a cruz sempre que passam alguma privação ou se encontram angustiadas. No entanto, isso não é verdade porque isso pode naturalmente acontecer com qualquer pessoa, até mesmo com aqueles que não são crentes. Todas as cruzes que alguém toma precisam ser escolhidas por ele. No entanto, é preciso guardar-se de um erro aqui: não se deve criar cruzes para si mesmo. Devemos tomar a cruz, não criá-la. É um grande engano considerar continuação tudo o que recai sobre nós como cruz para tomarmos. Qualquer cruz que nós mesmos criamos não é reconhecida como cruz a ser tomada. Então, o que é uma cruz? Deve ser parecida com o que o Senhor mesmo disse: “Meu Pai… faça-se a tua vontade” (Mt 26:42). Ele disse ao Seu Pai para não responder conforme a vontade do Filho, mas conforme a vontade do Pai. Isto é a cruz. Tomar a cruz é escolher a vontade que o Pai decidiu. Posso dizer sinceramente que se nós não escolhemos a cruz diariamente, não temos cruz para carregar. Se o Senhor tivesse esperado até que a cruz viesse até Ele aqui na Terra, como seria possível para Ele ter sido o Cordeiro imolado desde antes da fundação do mundo? Pois Ele não tinha escolhido a cruz no céu quando estava lá e então “a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens”? “… e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz” (Fp 2:7-8)? Nosso Senhor realmente escolheu a cruz. “Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la” (Jo 10:18). De acordo com o mesmo princípio, nossa cruz deve ser algo que nós mesmos escolhemos. Nas áreas de vestuário, alimento e moradia também temos escolha. Podemos escolher o que vestir, o que comer e como morar. A intensidade com que buscamos essas coisas deve se limitar apenas às nossas necessidades naturais nessas áreas. Se buscamos essas coisas para Quando Paulo disse: eu morro diariamente, ele não estava afirmando que nós somos chamados para morrer diariamente para o pecado. É justamente neste ponto que muitos confundem a obra da cruz com o caminho da Cruz. O primeiro é uma realidade passada a qual nós reconhecemos. O segundo é uma realidade presente da qual compartilhamos continuamente com Cristo. Jesus, o último Adão, entrou no mundo sem pecado, ele necessitava somente seguir o caminho da cruz. Ele disse: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me (Lc 9:23). Esse versículo é, com frequência, utilizado erroneamente para ensinar que através de alguma medida de autodisciplina o homem pode levar à morte o velho eu negando-se diariamente. Isso anula completamente a graça de Deus! Nós devemos manter os dois aspectos da verdade em seus devidos lugares. Dois homens diferentes estão envolvidos. O Senhor Jesus identificou-se com a raça humana, incluiu-nos nele mesmo e levounos à sepultura. Agora Deus considera que nós não somente estamos mortos, mas também sepultados. Esse foi o fim da raça deAdão. Jesus foi o último Adão. Agora nós fomos ressuscitados de entre os mortos e estamos vivos no Senhor Jesus, que é também o segundo Homem. Nós com Ele somos uma nova criação - um homem completamente novo. O velho homem em Adão experimenta a obra da cruz. O novo homem em Cristo é chamado a andar no caminho da cruz. Nós consideramos que estamos mortos para o velho Adão, baseando-nos na obra consumada de Cristo, sempre no passado. Nós agora compartilhamos diariamente no novo Homem daquele caminho de vida divino, o qual opera morte em nós, mas vida nos outros. Essa mesma verdade pode ser explicada por outra ilustração: nós nos entregamos a Deus para que, como um grão de trigo, possamos ser plantados na morte a fim de produzir muito fruto. Paulo refere-se a este novo homem quando diz: Levando sempre no corpo o morrer de Jesus para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal. Deus somente deposita o tesouro celestial no novo homem. Supor que Ele colocaria esse tesouro em qualquer outro recipiente é interpretar as Escrituras erroneamente. Consideremos mais cuidadosamente quatro porções das Escrituras, frequentemente interpretadas como se estivessem relacionadas com o velho homem, mas que, na verdade, aplicam-se ao novo homem. É o novo homem que, por causa do ministério, fica exposto a perigos a toda hora. Por essa razão, Paulo diz: Eu morro diariamente. O contexto é bastante claro. Não há referência quanto ao morrer para o pecado. O apóstolo fala de seu desejo diário de arriscar sua vida pelo evangelho. A passagem diz: ...se os mortos não ressuscitam... por que também nós nos expomos a perigos a toda hora? ... Dia após dia morro! ... Se como homem lutei em Éfeso com feras, que me aproveita isso? Se os mortos não ressuscitam... (1 Co 15:30-32). T. A. Hegre escreve: "Seria necessário o maior exercício da imaginação e a maior liberdade na exegese para aplicar esta frase, Eu morro dia a dia à morte ao pecado. Ela não se refere ao pecado...mas ao desejo de Paulo em sacrificar sua vida para que outros possam viver". Outra passagem frequentemente interpretada como sendo relacionada à morte para o pecado encontra-se em João 12:24. Jesus disse: Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer produz muito fruto. Qualquer fazendeiro planta boa semente - semente que possui vida em seu interior. A semente não é plantada para a purificação, mas para a produção. Nós somos como sementes em Suas mãos. MORTOS - MAS AINDA MORRENDO Durante muitos anos, eu fiquei intrigado com o desejo de Paulo expresso em Filipenses 3:10. Seis anos antes dele escrever isso, ele testificou: Eu fui crucificado com Cristo Jesus O CAMINHO DA CRUZ (continuação) DeVern F. Fromke (nele) - eu compartilhei de Sua crucificação; não sou mais eu quem vive, mas Cristo, o Messias, vive em mim; e a vida que agora tenho no corpo eu vivo pela fé - por apegar-me e confiar (completamente) - no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim. (G1 2:20 trad.A. N.). Por que motivo alguém que testificou a respeito de tal morte iria mais tarde dizer: ...para o conhecer e o poder de sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte; para de algum modo alcançar a ressurreição dentre os mortos (Fp 3:10, 11)? Se alguém está morto, será que não está morto? Como então Paulo pode desejar morrer novamente ou continuar a morrer? Antes de entender a distinção que fizemos anteriormente eu não podia compreender que Paulo não mais estava falando a respeito do morrer do velho homem. Ele está falando como o novo homem de Deus - é propósito seu preencher o que resta das aflições de Cristo na minha carne, a favor do seu corpo, que é a igreja... (Cl 1:24). À medida que ele compartilhasse mais profundamente dos sofrimentos de Cristo, conformando-se ao caminho da cruz, ele conheceria mais completamente o poder da ressurreição. Nós também temos a mesma alegria e privilégio de sermos identificados com o Senhor Jesus em ministério. Em 2 Co 1:8-9 (trad. A. N.), temos outra passagem que explica essa verdade: Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a natureza da tribulação que nos sobreveio na [província da] Ásia, porquanto foi acima de nossas forças, a ponto de desesperarmos até da [própria] vida. Contudo, já em nós mesmos tivemos a própria sentença de morte; para que não confiemos em nós, e, sim, no Deus que ressuscita os mortos. No que diz respeito à ressurreição, a conformidade com a morte na Cruz significa uma fraqueza cada vez maior em nós mesmos e não um crescente sentimento de força! Nosso desejo natural é sentir que somos fortes e que podemos fazer isto ou aquilo. Fraqueza é o caminho da cruz, pois vivemos pela vida e força de Outro. ! Livro Indicado Para a Leitura do Mês Se você perder de vista a perspectiva eterna, você perderá o tema principal deste livro e a intenção primeira do autor. Temos como propósito tirar o leitor do aspecto temporal e levá-lo ao eterno, de forma que ele se torne capaz de compartilhar do ponto de vista de Deus. Somente quando uma pessoa começa em Deus a enxergar Seu Supremo propósito, ela pode ter perspectiva, consciência ou expectativas corretas. Este livro pode ser adiquirido no site: www.revistaimpacto.com.br Este boletim é distribuido gratuitamente. Toda correspondência e doação para custear a sua publicação deve ser enviada para: Editora Restauração - "O mensageiro das Boas Novas” Caixa Postal: 1945 - Curitiba - Paraná - Brasil - CEP 80.011-970 e-mail: [email protected] O mensageiro das BOAS NOVAS Ano XVI n° 224 Janeiro 2014 “Quem quiser salvar a sua alma perdê-la-á“ A SALVAÇÃO DA ALMA - SEU MEIO: A CRUZ Watchman Nee “Quem acha a sua vida perdê-laá; quem, todavia, perder a vida por minha causa achá-la-á.” (Mt 10:39) “Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada” (Mt 10:34). Por que o Senhor disse isso dessa forma? Porque todos pensam que Ele veio trazer paz para a Terra. Para corrigir esse conceito, Ele diz abertamente aos Seus ouvintes que não veio trazer a paz, mas a espada. Mais tarde veremos que essa paz mencionada aqui não se refere ao assunto de paz e ausência de guerra entre as nações no mundo; antes, refere-se a certas situações e relacionamentos na família. “… não vim trazer paz, mas espada” – o que significa essa palavra? Por espada o Senhor não tem em mente uma arma usada em combate ou no campo de batalha. Ele simplesmente declara que veio trazer uma espada para a Terra. Simeão não disse a Maria, logo após o nascimento de Jesus, que “uma espada traspassará a tua própria alma, para que se manifestem os pensamentos de muitos corações” (Lc 2:35)? Em Mateus 10 o uso da palavra espada tem o mesmo significado. Significa que ao longo da vida de uma pessoa ela pode não navegar em calmaria, mas terá dificuldades como se fosse uma espada traspassando sua alma. Por isso o que o Senhor está tentando dizer é que Ele veio não para nos fazer desfrutar, mas para nos ferir. “Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra” (Mt 10:35). Esse verso começa com conjunção “pois”, indicando que as palavras seguintes explicam a palavra “espada” mencionada no verso anterior. Naturalmente falando, o relacionamento entre pai e filho é geralmente considerado muito agradável, mas esse relacionamento agora será marcado pela alienação. A filha será alheia à sua mãe, a nora será alheia à sogra e assim por diante. “Assim, os inimigos do homem serão os da sua própria casa” (v. 36). Ter um inimigo é ter amargura. Os da sua própria casa, os quais você ama, virarão as costas para você, ferindo seu coração. Agora haverá hostilidade e rancor no seu lar. “Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim…” (v. 37). Duas vezes nesse verso Jesus menciona as palavras “não é digno”. Você já perguntou por que devemos amar mais o Senhor do Jesus QUAL É O CAMINHO DA FÉ EM TEMPOS DE RUÍNA? A. Ladrierre decorre da vontade própria do homem, sem ter em conta a vontade de Deus. Apartar-se, pois, da iniquidade é separar-se, é colocar à parte de tudo o que o homem estabeleceu por sua própria vontade na grande casa: sistemas e ordenanças. No tempo dos reformadores, aqueles que estavam esclarecidos pela Palavra de Deus retiraram-se do vasto sistema de iniquidade que tinha invadido a Igreja. Pelo menos neste aspecto eles obedeceram à ordem do apóstolo. Por que então restabelecer em seguida outros sistemas com o nome de igrejas reformadas, luteranas, nacionais, livres, independentes, etc? E verdade que estas não contêm em si as abominações de Roma, mas nem por isso deixam de ser o fruto da vontade do homem, e não fazem senão introduzir a confusão na Igreja. Achamos, porventura, vestígio algum de uma tal ordem de coisas nas Escrituras? Em nossos dias, como já vimos, o que não abrigam essas diversas denominações de protestanismo? Racionalismo, incredulidade, negação das verdades capitais do cristianismo, falsos mestres, homens semelhantes a Hime- neu e a Fileto, que transformaram a fé, sem contar toda uma série de aberrações com que topamos a cada passo. Não é isto a iniquidade? E para honra do Senhor esta manifestação da vontade do homem, que pretende estabelecer regras e ordem aí, onde Deus nada estabeleceu; ou se constitui ele em juiz da Palavra de Deus para a interpretar e agir do modo que quer? Que devo, pois, fazer, senão purificarme, apartando-me dessas coisas? Esta é a minha responsabilidade perante Deus, se quero ser 1 obediente. Posso reconhecer os verdadeiros cristãos que se encontrem entre outros em todos esses sistemas e seitas, mas, por mais abnegados que sejam, não devo segui-los na sua posição antiescriturística. Tenho de me separar de tudo o que não está estabelecido por Deus, de tudo o que a Sua Palavra não sancionou — e isto embora pareça ser algo positivo. É a iniquidade, e eu não poderia juntar-me a ela sem dela participar. Possa todo cristão honesto que lê estas linhas, interrogando a sua própria consciência, exclamar: “Estarei eu bem certo de ter aprovação da Palavra de Deus, permanecendo ligado a este ou àquele sistema religioso?” ! Livro Indicado Para a Leitura do Mês Os tempos são difíceis (2 Timóteo 3:1). No que concerne às coisas da fé, é importante que o cristão saiba qual o caminho que Deus indicou, para que o trilhe na devida obediência. Esse caminho, que expressa a vontade de Deus. evidentemente só pode ser reconhecido pela leitura e meditação das Escrituras divinamente inspiradas. Suponho que o leitor também esteja convencido de que a Palavra de Deus é a autoridade suprema, a única norma à qual todo cristão deve submeter-se. Pois bem. Todo aquele que examinar as Escrituras com atenção não terá como não se impressionar pelo contraste existente entre a Igreja, tal como apresentada no Novo Testamento, e o estado da cristandade em nossos dias. O autor aponta esse contraste e, apresentando a Igreja segundo os pensamentos de Deus, indica o modo que estes ainda podem ser postos em prática nos tempos atuais. Nossa única referência para essa prática é a infalível Palavra de Deus. Estamos dispostos a examiná-la e agir com fidelidade aos seus ensinos? Este livro pode ser adquirido através do site: http://www.literaturacrista.com.br/ Este boletim é distribuido gratuitamente. Toda correspondência e doação para custear a sua publicação deve ser enviada para: Editora Restauração - "O mensageiro das Boas Novas” Caixa Postal: 1945 - Curitiba - Paraná - Brasil - CEP 80.011-970 e-mail: [email protected] O mensageiro das BOAS NOVAS Novembro 2013 Ano XV n° 222 “É Deus quem nos justifica“ É DEUS QUEM JUSTIFICA C.H. Spurgeon É uma coisa maravilhosa ser justificado ou ser transformado. Se nunca tivéssemos quebrado as leis de Deus, não necessitaríamos de justificação. Aquele que tem sempre feito as coisas que deveria, e nunca fez nada daquilo que não deveria ter feito, é justificado pela lei. Mas, estou plenamente certo de que você não é nenhum desses tipos. Você é muito honesto para pretender ser sem pecado, e, portanto precisa ser justificado. Agora, justificar-se a si mesmo, simplesmente, é um ato autoenganador. Portanto, não o tente. Nunca valerá a pena. Se pedir a alguns amigos seus para justificá-lo, que poderão fazer? Poderá ser que alguns deles falem bem de você por pequenos favores, e outros o caluniem por muito pouco. Os seus julgamentos não valem muito. Nosso título diz: “É Deus quem justifica” (Romanos 8:33). Isto é muito mais que um assunto. É um fato espantoso, que deverá ser considerado com atenção. Venha e veja. Em primeiro lugar, ninguém além de Deus teria pensado em justificar para sempre aqueles que são culpados. Eles têm vivido em franca rebelião. Praticaram o mal com ambas as mãos e têm ido de mal a pior. Voltam ao pecado mesmo depois de o terem abandonado, embora constrangidos a deixálo por algum tempo. Eles quebraram a Lei e menosprezaram o Evangelho. Recusaram as proclamações da misericórdia e persistiram na perversão. Como podem ser perdoados e justificados? Seus companheiros, infelizes por eles, dizem: “Eles são casos sem esperança.” Mesmo os cristãos olham para eles com tristeza, em vez de esperança. Porém não é assim o seu Deus. Ele, no esplendor de Sua graça eletiva, tendo escolhido alguns antes da fundação do mundo, não descansará até que os tenha justificado e preparado para serem aceitos em amor. Não está escrito?: “E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; a esses também glorificou” (Romanos 8:30). Assim você vê que existem aqueles que o Senhor justifica. Por que não estaríamos eu e você entre eles? Ninguém, exceto Deus, jamais teria pensado em justificar-me. Eu sou um milagre para mim. Não duvido de que a graça seja vista, assim, por outros. Olhe para Paulo de Tarso espumando pela boca de raiva contra os servos de Deus. Como um lobo faminto, atormentava as ovelhas e os carneiros, a torto e a direito. Entretanto, Deus o derrubou na estrada para Damasco e mudou o seu coração. Deus justificou-o plenamente, tanto que em pouco tempo este homem se tornou o maior pregador da justificação pela fé que jamais viveu. Ele, com frequência, deve ter-se maravilhado de que tenha sido justificado pela É DEUS QUEM JUSTIFICA (continuação) C.H. Spurgeon fé em Jesus Cristo, pois fora uma pessoa determinadamente convencida de que salvação era pelas obras de Lei. Ninguém, exceto Deus, jamais teria pensado em justificar um homem como Saulo, o perseguidor. Porém, o Senhor Deus é glorioso na graça. Mesmo que alguém tenha pensado em justificar o ímpio, ninguém, senão Deus, poderia fazê-lo. É inteiramente impossível para qualquer pessoa perdoar ofensas que não houvessem sido cometidas contra elas. Uma pessoa ofendeu você grandemente. Pode perdoá-la e espero que o faça, porém uma terceira não pode perdoá-la por você. Se uma afronta lhe é feita, o perdão deve vir de você. Se pecarmos contra Deus, está no poder de Deus perdoar, porque o pecado é contra Deus. É isto que Davi diz no Salmo 51:4: “Contra Ti, contra Ti, somente pequei, e fiz o que é mal perante os Teus olhos...”, pois só Deus, contra quem a ofensa é cometida, pode livrar da ofensa. Aquilo que devemos a Deus nosso grande Criador Ele pode perdoar, se isto lhe aprouver. E se Ele perdoa a dívida, ela está perdoada. Ninguém, senão o grande Deus contra quem temos cometido pecado pode anulá-lo. Vejamos, portanto, de que modo vamos a Ele e procuramos misericórdia em Suas mãos. Não nos deixemos conduzir, à parte, por aqueles a quem nos teríamos confessado; não têm a autoridade na Palavra de Deus para suas pretensões. Porém, mesmo se fossem ordenados para pronunciar a absolvição em nome de Deus, ainda seria melhor para nós irmos ao Grande Senhor através de Jesus Cristo, o Mediador, e procurar e achar o perdão em suas mãos, visto que estamos certos de que este é o verdadeiro caminho. Substituir o Cristianismo envolve muitos riscos. É preferível você mesmo cuidar dos assuntos da sua alma a deixá-los nas mãos de outros. Somente Deus pode justificar o ímpio, mas o faz com perfeição. Ele lança nossos pecados para trás de Suas costas; Ele os anula. Ele diz que apesar de serem procurados depois não serão encontrados. Com nenhuma òutra razão para isto, senão por Sua própria infinita bondade, Ele preparou um caminho glorioso pelo qual pode tornar pecados escarlates tão brancos como a neve. Ele pode remover para longe as transgressões como distantes são o ocidente. Ele diz: “Eu jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniquidades”. (Hebreu 10:17) Vai a uma extensão de pôr fim ao pecado. Um dos antigos exclamou em admiração: ''Quem, ó Deus, é semelhante a Ti, que perdoas a iniquidade, e que Te esqueces da rebelião do restante da Tua herança? O Senhor não retém a Sua ira para sempre, porque tem prazer na benignidade” (Miquéias 7:18). Não estamos agora falando da justiça, nem de Deus negociando com os homens de acordo com o que eles merecem. Se você negociar com o justo Senhor em termos de lei, a ira eterna o ameaçará, porque é isto que merece. Bendito seja Seu nome, porque Ele não tem negociado conosco conforme os nossos pecados. Mas Ele negocia em termos de graça e infinita compaixão e diz: “Eu os receberei... Eu voluntariamente os amarei” (Oséias 14:2-4). Acredite, porque certamente é verdade que o grande Deus é capaz de tratar o pecador com abundante misericórdia. Sim, Ele é capaz de tratar os pecadores como se tivessem sido sempre fiéis. Leia cuidadosamente a parábola do filho pródigo, e veja como o pai perdoador recebeu o andarilho, com muito amor, como se nunca se tivesse ausentado, e nunca se tivesse prostituído com rameiras. Levou isto tão longe que o irmão mais velho começou a em Cristo Jesus” (2 Tm 3:13-15). Ora, as coisas que Timóteo tinha aprendido, tinha-as recebido de Paulo, o apóstolo do Senhor. E nós temos os escritos inspirados de Paulo que agora fazem parte das santas epístolas, das Sagradas Escrituras de que ele fala a Timóteo (veja-se 2 Pe 3:15-16).Asubmissão às Escrituras é, pois, a salvaguarda contra o erro; e elas são a verdadeira e única regra para o cristão. A sua autoridade é suprema, porque são inspiradas por Deus, e próprias para ensinar e instruir na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito. O apóstolo Pedro, na sua segunda epístola, em que fala também dos falsos mestres e do mal que se introduzia no meio dos fiéis, dirige de igual modo os seus olhares para a palavra profética, e exorta-os a recordaremse das palavras dos profetas e daquilo que o Senhor e Salvador disse pelos apóstolos (2 Pe 1:19; 3:1-2). Judas fala da mesma maneira (versículo 17). Ora, estas palavras dos apóstolos também nós as temos no Novo Testamento! O nosso guia para nos fazer conhecer o caminho de Deus através do estado de coisas em que nos encontramos não são, portanto, as tradições, os mandamentos de homens, os arranjos humanos, por muito acertados que possam parecer, mas é a infalível Palavra de Deus. Leitores amigos, vocês creem que o Novo Testamento, do mesmo modo que o Antigo, é a palavra inspirada de Deus? Creem que lhe devem inteira e implícita obediência? Então, em caso afirmativo, é somente a ela que vocês devem seguir neste importante assunto — e ela lhes dará, para tanto, todas as diretrizes necessárias. O fundamental é prestar a devida atenção ao que ela diz e obedecer-lhe com simplicidade, sem se deixar perturbar por suposições, por ideias preconcebidas, por hábitos e por laços formados talvez desde longa data. É preciso estar decidido, custe o que custar, a permanecer fiel a Deus e à Sua Palavra. Seguir o Caminho traçado por Deus Posto isto, qual é o caminho traçado para a fé pela Palavra de Deus? Para o conhecermos, retomemos a passagem de 2 Tm 2:17- 22, de que falamos a propósito do mal que o apóstolo previa e que começava já a manifestar-se naquele tempo. Sejam quais forem a ruína e a confusão, “o fundamento de Deus” permanece inabalável. O seu selo tem duas faces e duas divisas. Por um lado “o Senhor conhece os que são seus”. Ele os distingue, no meio da infidelidade geral. Este é o lado de Deus. Mas há outro: o da responsabilidade individual no meio do mal. E eis aqui, a tal respeito, o princípio da maior importância para todo cristão desejoso de obedecera Deus: “Qualquer que profere o nome de Cristo [ou: do Senhor] aparte-se da iniquidade” (grifo do autor). Assim, todo aquele que se intitula do Senhor, por outras palavras, todo aquele que se diz cristão está no dever de se retirar de tudo o que não estiver de harmonia com a vontade de Deus, expressa por intermédio da Sua Palavra. Importa compreender bem o alcance desta ordem: “Aparte-se da iniquidade”. Observemos desde já que a igreja exterior, isto é, o conjunto dos que se dizem cristãos, é considerada uma grande casa — uma habitação humana, onde se encontram misturados vasos para honra e vasos para desonra. Como já fizemos notar, esta casa, descrita em 1 Timóteo 3, na qual ainda reinava a ordem, não é já “a Casa de Deus”, o templo onde não devem encontrar-se senão vasos santos. Ora o cristão — quero dizer, aquele que o é não somente de nome, mas de fato e de verdade — encontra-se, com efeito, nesta grande casa. Mas se ele é fiel, se quer ser, ele próprio, um vaso de honra, santificado, idôneo ao Senhor, então tem a responsabilidade de obedecer à Palavra, que lhe prescreve que se aparte da iniquidade, que se purifique, separando-se dos vasos de desonra. Ainda aqui procuremos bem compreender: não é somente do mal moral que temos de nos separar e andar em pureza e santidade de vida, nem que devemos romper as relações com aqueles que levam uma conduta mundana ou escandalosa. O apóstolo tem em vista outro mal: é aquele que vem de homens que seguem os seus próprios pensamentos e se apartam da verdade. “Ainiquidade” é, com efeito, tudo o que QUAL É O CAMINHO DA FÉ EM TEMPOS DE RUÍNA? A. Ladrierre Mesa do Senhor, que era uma. Em nossos dias, na ruína e na confusão universais da cristandade, dá-se precisamente o contrário. Uma alma é convertida e deseja servir o Senhor. Aonde irá ela? Com quem vai reunirse? Pergunto ainda: Será que isto é coisa de pouca importância aos olhos do Senhor? Estamos nós obrigados, para resolver uma tal questão, a examinar e a pesar os argumentos que cada igreja ou seita apresenta, não nos dando, afinal, por onde escolher, senão entre opiniões humanas? Ou então seria preciso ir com todos, indiferentemente, como se a verdade se encontrasse em toda parte — ou antes, em parte nenhuma? Não, e bendito seja Deus por isso! Ele não nos deixou, nem para esta questão nem para a da salvação, entregues a nós próprios, isto é, dirigirmo-nos segundo as nossas próprias luzes. Importa à Sua glória, como convém à Sua sabedoria e ao Seu amor, que andemos, em relação a tudo, no caminho que Ele traçou para nós. Rogo, pois, encarecidamente a cada um dos meus leitores que procure dar-se bem conta do que tem de fazer para obedecer a Deus no que se refere a este importante assunto. O que temos dito acerca da confusão que reina na cristandade mostra bem a necessidade que temos de estar devidamente esclarecidos a tal respeito. O nascimento, as circunstâncias, o apego àquilo que foi o instrumento da nossa conversão ou aos cristãos que estimamos, ou ainda uma certa inclinação por estas ou aquelas formas podem ter contribuído para que nos congreguemos a uma denominação qualquer, mas a nossa responsabilidade perante Deus é de nos interrogarmos: “Estou eu onde Deus me quer? É esta uma congregação instituída segundo a Sua vontade? Juntando-me a ela ou nela permanecendo é a Palavra do Senhor que estou seguindo?” AAutoridade da Palavra Para responder a essas questões é necessário resolver primeiro estas: “Qual é a regra da verdade? Onde se encontra a pedrade-toque divina? Como poderei conhecer com exatidão o pensamento de Deus?” Pois bem, caro leitor, dá-se precisamente o mesmo que se dá para a questão da sua salvação: é a Palavra de Deus que lhe faz conhecer o Seu pensamento e que é a regra da verdade. Ela é a suprema autoridade para nos conduzir; é o Espírito Santo que nos ajuda a compreendê-la e a aplicá-la à nossa alma e à nossa vida. A única pedra-de-toque para saber se a minha conduta é conforme a vontade de Deus é a Sua Palavra, são as Sagradas Escrituras. As mesmas passagens das Escrituras que nos advertem do mal que tendia a introduzir-se ou se havia já introduzido na Igreja, nos dão a conhecer este recurso único e plenamente suficiente. Que diz Paulo aos anciãos de Éfeso, depois de os ter advertido dos perigos que ameaçavam a Igreja? Para conjurar esses perigos remete-os a um Papa ou a um concilio “infalíveis”? Diz-lhes que façam uma constituição de fé, ou que elejam um sínodo ou um presbítero? Não! Eis o que ele lhes apresenta como único e infalível recurso e salvaguarda para todos os tempos e todas as circunstâncias: “Encomendo-vos a Deus e à palavra da sua graça, a ele que é poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os santificados” (At 20:32). Deus, agindo pelo Seu Espírito, e Sua Palavra como guia no meio das dificuldades (Hb 4:12) e como arma contra os artifícios do inimigo (Ef 6:17) não são suficientes? Achamos a mesma situação na segunda epístola a Timóteo. A ruína da Igreja tinha já começado e ainda devia crescer muito. A que o abnegado servo do Senhor recomenda ou remete os fiéis a fim de se preservarem das seduções do mal? A autoridade suprema e à inteira suficiência da Palavra de Deus. Escutemos-lo: “Os homens maus e enganadores”, diz, “irão de mal para pior, enganando e sendo enganados” e isto na cristandade, porque não se trata aqui dos judeus nem do mundo pagão. Que fazer então em tais circunstâncias? Eis a resposta: “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste. E que, desde a tua meninice sabes as sagradas letras, que podem amor. Ainda que culpado possa ser, se somente voltar-se para o seu Deus e Pai, Ele o tratará como se nunca houvesse cometido erro; Ele o verá como justo e, consequentemente, fechará um acordo privado com você. Que diz disto? Você não vê por que eu quero claramente demonstrar que coisa esplêndida é que ninguém exceto Deus pensaria em justificar o ímpio, que ninguém exceto Deus poderia fazê-lo, que só o Senhor pode realizálo? Veja como o apóstolo coloca o desafio: “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica" (Romanos 8:33). Se Deus justificou o homem foi bem feito; foi corretamente feito; foi perfeitamente feito; foi eternamente feito. Li uma declaração numa revista, cheia de veneno contra o Evangelho e aqueles que o pregam. Diz que mantemos um tipo de teoria pela qual imaginamos que o pecado pode ser removido do homem. Não mantemos teoria, proclamamos um fato. O mais grandioso fato debaixo do céu é este: Cristo, pelo Seu precioso sangue, realmente livra do pecado. E Deus, por amor de Cristo, trata os homens em termos de misericórdia divina, perdoa pecadores e justifica-os não de acordo com alguma coisa que Ele veja ou preveja que achará neles, mas de acordo com a riqueza da Sua misericórdia, que repousa em Seu coração. Isto temos pregado, pregamos e pregaremos enquanto vivermos. “ É Deus quem justifica o ímpio.” Ele não se envergonha da fazê-lo, nem nós de pregá-lo. A justificação, que vem do próprio Deus, está fora de questionamento. Se o juiz me absolve, quem poderá condenar-me? Se a mais alta corte no universo pronunciou-me justo, quem acrescentará alguma coisa a minha acusação? A justificação de Deus é resposta suficiente para uma consciência despertada. O Espírito Santo, pelos seus meios, derrama paz sobre nossa natureza integral, e não ficamos temerosos. Com esta justificação, podemos responder a todos os rugidos e injúrias de Satanás e aos homens ímpios. Assim, estaremos preparados para morrer. Assim, corajosamente nos levantaremos, outra vez, e enfrentaremos a última grande corte de justiça. “Valente me levanto naquele grande dia, Pois quem a acrescentará a minha culpa? Porquanto absolvido sou pelo meu Senhor Da tremenda culpa da maldição do pecado. ” Zizendorf O Senhor pode fazer desaparecerem todos os seus pecados. Não atiro no escuro quando digo isto: “Todo o pecado e blasfêmia se perdoará aos homens” (Mateus 12:31). Apesar de estar atolado até ao pescoço em crime, Ele pode, com uma palavra, remover a contaminação e dizer: “Quero, sê limpo” (Mateus 8:3). O Senhor é grande perdoador. “Eu acredito em absolvição de pecados.” E você? Ele pode, mesmo nesta hora, pronunciar a sentença: “Teus pecados estão perdoados; vai em paz." Se Ele faz isso, nenhum poder no céu ou na terra ou debaixo dela pode colocar você sob suspeita, muito menos sob a ira. Não duvido do poder do onipotente amor. Você poderia não perdoar seu companheiro que lhe houvesse ofendido como você ofendeu Deus. Mas não deve medir Deus com a sua medida de capacidade. Seus pensamentos e caminhos são muito acima dos nossos, como os céus estão acima da terra. “Bem”- diria você - “seria um grande milagre se o Senhor me perdoasse”. De fato, seria um supremo milagre. Entretanto, é provável que Ele o faça, porque Ele faz “coisas tão grandiosas, que não se podem esquadrinhar” (Jó 5:9), as quais não percebemos. Eu mesmo estava assaltado com Jesus É DEUS QUEM JUSTIFICA (continuação) C.H. Spurgeon um horrível sentimento de culpa, o qual fez da minha vida uma miséria. Mas, quando ouvi a ordem: “Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os confins da terra; porque eu sou Deus, e não há outro” (Isaías 45:22), olhei e num instante o Senhor me justificou. Jesus Cristo, crucificado por mim, foi o que eu vi, e essa visão deu-me tranquilidade. Quando os que foram picados pelas impetuosas serpentes no deserto olharam para a serpente de metal, foram imediatamente sarados. Da mesma forma, fui sarado quando olhei para o Salvador crucificado. O Espírito Santo que me capacitou para crer e deu-me paz através da crença. Senti-me tão seguro de estar perdoado, como antes havia - me sentido seguro da condenação. Tinha certeza dá minha condenação porque a Palavra de Deus o declarara, e a minha consciência sustentava o testemunho disto. Porém, quando o Senhor me justificou, obtive a certeza pelos mesmos testemunhos. A palavra do Senhor na Escritura diz: “Quem crê nele não é julgado” (João 3:18). Minha consciência sustenta o testemunho de que creio e que me perdoando Deus é justo. Assim, tenho o testemunho do Espírito Santo e da minha própria consciência, e estes dois concordam. Oh, como desejaria que você tivesse recebido a prova de Deus neste aspecto, e então breve teria também o testemunho em si mesmo! Atrevo-me a dizer que um pecador justificado por Deus sustenta mesmo um passo mais firme do que um homem honrado, justificado pelas suas obras, se tal existe. Nunca poderíamos estar certos de que teríamos obras suficientes. Nossa consciência sempre estaria inquieta por temer que caíssem e teríamos somente o veredicto tremendo de um falível julgamento por esperar. Porém, quando o próprio Deus justifica, e o Espírito Santo sustenta o depoimento disto, dandonos paz com Deus, então sentimos que o assunto está seguro e firmemente liquidado, e ficamos tranquilos. Nenhuma língua pode descrever a profundidade dessa calma que vem à alma que recebeu a paz de Deus, a qual excede todo o entendimento. ! Livro Indicado Para a Leitura do Mês Neste livro, C.H. Spurgeon delineou o plano da salvação, numa linguagem simples que todos podem entender e serem guiados pelo Mestre. Qualquer tentativa de alcançar a Deus, baseada em nossos próprios esforços, trará uma autojustificação e frieza de coração. É pela graça e misericórdia de Deus que o coração arde em gratidão pelo amor de Deus. O objetivo deste clássico é de resumir o último grito de Spurgeon para o leitor: ”Encontre-me no Céu!!” Este livro pode ser adiquirido no site: http://danprewan.com.br/ Este boletim é distribuido gratuitamente. Toda correspondência e doação para custear a sua publicação deve ser enviada para: Editora Restauração - "O mensageiro das Boas Novas” Caixa Postal: 1945 - Curitiba - Paraná - Brasil - CEP 80.011-970 e-mail: [email protected] O mensageiro das BOAS NOVAS Dezembro 2013 Ano XV n° 223 “Assim diz o Senhor: Ponde-vos no caminho“ QUAL É O CAMINHO DA FÉ EM TEMPOS DE RUÍNA? A. Ladrierre Ainda que o estado da Igreja seja deplorável, como fica demonstrado, e a ruína e a confusão se façam sentir por todo o lado e se acentua em cada vez mais, não devemos fechar os olhos ao que Deus opera em Sua graça soberana, mesmo em tempos como este, que agora atravessamos. Além da Reforma, tem havido, em diferentes épocas — e também em nossos dias — avivamentos em que muitas almas têm encontrado a salvação. Atualmente mesmo está sendo desenvolvida uma grande atividade para evangelizar. Sem dúvida, seria desejável que esta obra prosseguisse, mas de maneira mais geral e mais de harmonia com a Palavra de Deus e os exemplos que ela apresenta, pois, frequentemente, apela-se mais aos sentimentos do que à consciência. Por isso a pouca profundidade e realidade nos resultados. Muitas vezes ainda procuramos antes uma melhoria na conduta exterior, de modo que a evangelização acaba por se tornar filantropia. Todavia, e seja como for, há conversões — e Deus seja bendito por elas! — porque o Espírito Santo, descido à Terra no dia de Pentecostes (At 2), age soberanamente e, para a glória de Cristo, salva as almas, conduzindo-as a Ele, apesar das deficiências dos homens e da ruína da Igreja. A Salvação, e depois? Mas ser salvo já será tudo? Não! Quando uma alma é convertida ao Senhor, ainda fica por resolver a questão da sua conduta. A partir desse momento, a alma não pertence mais a si própria, mas simAquele que por ela morreu e ressuscitou. Já não deve, pois, viver para si própria, mas para Ele (2 Co 5:15). Todo o cristão honesto compreende que, nascido de Deus, tem de levar como indivíduo uma vida santa, consagrada ao seu Salvador, em obediência à Sua Palavra. Mas isto ainda não é tudo! A obediência não compreende a separação daquilo que não é segundo a vontade de Deus e o cumprimento daquilo que Lhe é agradável na vida individual. Há outra parte da conduta do cristão que não importa menos: Ele não é chamado para ficar só. Ele agora é filho de Deus, e, por esse motivo, faz parte de uma família; ele agora é membro do corpo de Cristo, foi constituído adorador de Deus, para Lhe render culto em Espírito e em verdade com os outros adoradores. Faz parte da casa espiritual, do sacerdócio santo, para oferecer a Deus sacrifícios espirituais (1 Jo 3:1; Rm 12:5; Jo 4:23-24; 1 Pe 2:5). Portanto, a questão que agora se põe, ou que deveria pôr-se, para todo novo convertido e para todo cristão é esta: “Com quem me reunirei para prestar culto a Deus? Onde se encontra atualmente a congregação segundo a vontade de Deus e o pensamento de Cristo?” E isto não é, estejamos certos disso, algo indiferente a Deus nem ao bem e ao progresso da alma. No princípio da cristandade, esta questão nem sequer se punha. Não havia senão os judeus, os pagãos e a Assembleia de Deus (1 Co 10:32). Um convertido dentre os judeus ou dentre os pagãos encontrava-se, necessariamente, fazendo parte da Assembleia ou Igreja. Reunia-se, pois, com os cristãos da localidade onde se encontrava, rendia culto ao Senhor com eles, tomava lugar com eles à