Noções Básicas Sobre Estimulação Cardíaca Artificial

Transcrição

Noções Básicas Sobre Estimulação Cardíaca Artificial
Noções Básicas Sobre
Estimulação Cardíaca Artificial
Dr. Joubert Ariel Pereira Mosquéra
Hospital do Coração do Brasil
Indicações da ECA
• Sintomas associados à bradicardia ou pausas.
• Síncope, tonturas, dispnéia, cansaço, etc.
• Doença do nó-sinusal.
• Bloqueios átrio-ventriculares.
• Indicações ampliadas aos pacientes com ICC e
arritmias ventriculares malignas.
Histórico
Um dos primeiros pacientes a receber
estimulação cardíaca artificial por via
endocárdica .
Temas de Marcapasso, Melo CS.
Histórico
Sistema de estimulação externo com
eletrodo endocárdico por V. cefálica,
Junho de 1959.
Histórico
- Rune Elmqvist desenvolveu 1º. MP
- Implantado pelo Dr. Åke Senning, em 1958
- FC constante de 70-80 bpm.
- Bateria de Níquel – Cádmio
- Resina de epóxi
Histórico
Marcapasso Atômico:
- VOO
- Bateria de plutônio
- Fabricado em 1974
Histórico
• Baterias de Hg, NiCad  lítio-iodo
• Revestimento dos eletrodos  eugelol  silicone e
poliuretano
• Cápsulas do MP  epóxi e plástico  titânio e aço inoxidável
• Comando fixo (assíncrono)  demanda
• Frequência fixa  programação de frequência
• Fixação passiva  ativa
• Eletrodos com corticóides
• MP Unicamerais  Dupla câmara  MP multissítio
• Cardiodesfibriladores
• Parâmetros multiprogramáveis
Histórico
Redução do volume
Novas tecnologias
Eletrodos Unipolares e Bipolares
• Unipolar:
–
–
–
–
–
–
–
Apenas um pólo em contato com o miocárdio.
O pólo positivo é o próprio gerador.
Cuidado na troca → risco de assistolia.
Cuidado na programação → risco de assistolia.
Vetor grande → espícula visível.
Vetor grande → maior chance de interferências.
Eletrodos antigos.
• Bipolar:
–
–
–
–
Dois pólos em contato com o miocárdio (anel e ponta).
Espícula às vezes não visualizada.
Pouca interferência.
Eletrodos novos → dupla polaridade.
ECG e Marcapasso
• Sinal característico  “espícula”
• Tamanho depende da polaridade da estimulação.
• QRS alargado  despolarização ventricular pela
musculatura cardíaca.
• Tipicamente  padrão de BRE
• Lembrar:
– Ressincronizadores
– Estímulo septal
– Estímulo de VE
Implante em ponta VD
180 ms
Implante Septal
140 ms
In Melo, CS
In Melo, CS
Eletrodos de Fixação Ativa e Passiva
Freqüência Magnética
•
•
•
•
Todo MP tem sua FC magnética própria.
Varia de acordo com o fabricante e o modelo.
MP fica assíncrono.
Útil em cirurgias com eletrocautério em pacientes
dependentes do MP
• 3 funções principais:
– Verificar funcionamento do sistema;
– Verificar status da bateria;
– Reversão de taquiarritmias.
Obs: cuidado com CDI e Ressincronizador
IMÃ
Marcapassos
• Temporários
– Transvenosos
– Transcutâneos
– Epicárdicos
• Definitivos
– Endocárdicos
– Epicárdicos
Marcapasso Transcutâneo
Marcapasso Transcutâneo
• Placas adesivas sobre o precórdio
• Geradores produzem pulsos de alta tensão capazes
de comandar o coração sem contato direto
• Mal tolerado  necessário sedação
• Situações de extrema urgência  ponte para o
transvenoso
• Reserva de estimulação em situações de risco
(cirurgias, EEF, reversão de taquiarritmias)
Marcapasso Epicárdico
• Utilizado em toda cirurgia cardíaca.
• Finos eletrodos transfixados no epicárdio ventricular
(ocasionalmente nos átrios também).
• Polo + pode ser suturado no subcutâneo.
• Usado gerador temporário específico.
• Normalmente retirados no 4° PO por tração direta.
Marcapasso Transvenoso
• Forma útil e segura de estimulação temporária.
• Colocado através de punções ou dissecções venosas.
• Indicado em situações de emergência ou de forma
profilática em algumas condições.
MP Transvenoso - Indicações
• Controle de emergência de qualquer bradicardia sintomática;
• Como profilaxia em:
– IAM com bradicardia ou IAM anterior com bloqueio de ramo recente
ou BAV avançado;
– CATE direito em portador de BRE;
– Grandes cirurgias gerais em portadores de distúrbios do sistema
excito-condutor do coração;
– Testes farmacológicos.
• Disfunção de MP definitivo em paciente dependente;
• Procedimentos diagnósticos (EEF).
Marcapasso Transvenoso - Implante
• Guiado por radioscopia;
• Guiado pelo ECG;
• Às cegas.
Marcapasso Transvenoso - Implante
• Guiado pela radioscopia:
Marcapasso Transvenoso - Implante
• Guiados pelo ECG:
Alto
Médio
Baixo
Átrio direito
Ventrículo direito
Entrada/Ponta
Impactado
VSVD
Marcapasso Transvenoso - Complicações
•
•
•
•
•
•
•
•
Pneumotórax
Hemotórax
Hematoma
Perfuração miocárdica
Tamponamento cardíaco
Infecção
Inibição do foco de escape
Deslocamento
Marcapasso Definitivo
Técnica Endocárdica
• Incisão no sulco delto-peitoral.
• Dissecção até V. cefálica ou punção
da V. subclávia.
• Eletrodos posicionados no AD e VD
sob radioscopia direta.
• Gerador colocado no tecido
subcutâneo.
Técnica Endocárdica
Marcapasso Definitivo
Técnica Epicárdica
• Toracotomia.
• Eletrodo posicionado no epicárdio.
• Mais comum em crianças.
• Em adultos → mais usado durante
ressincronização cardíaca.
• Gerador colocado no tecido subcutâneo
subclavicular (algumas vezes no
abdome).
Tipos de Marcapasso
• Unicamerais
– Atriais
– Ventriculares
• Bicamerais
– Átrio-ventriculares
• Ressincronizadores (estimulação multissítio)
– Biatriais
– Bifocais
– Biventriculares
• Cardiodesfibriladores (CDI)
– Uni e bicamerais, com e sem ressincronizador
Cuidados pós-operatórios
 Repouso
do membro superior
 Curativo compressivo por 48 h
 ECG e radiografia de tórax no dia seguinte
 Antibioticoprofilaxia pode ser usada
 Após a alta hospitalar:




Repouso relativo por uma semana
Evitar esforços com o membro por um mês
Retirada dos pontos se necessário
Avaliação eletrônica em um mês
Conceitos Básicos Sobre Estimulação Cardíaca
Artificial
• Limiar de comando:
– Mínima energia suficiente para despolarizar (comandar) o coração.
– Quanto menor melhor.
• Limiar de sensibilidade:
– Máxima amplitude dos sinais elétricos do coração detectada pelo MP.
– Quanto maior melhor.
Limiar de Comando
- Aumento da frequência básica de estimulação para “comandar” o coração.
- Redução lenta e gradual da energia de estimulação.
4V
3V
2V
1V
0,5 V
Limiar de comando = 1 V
0,5 V
1V
3V
Limiar de Sensibilidade
Redução da freqüência básica de estimulação até o surgimento do ritmo próprio do
coração.
Aumento lento e gradual da sensibilidade.
1 mV
2 mV
3 mV
4 mV
Limiar de sensibilidade = 5 mV
5 mV
6 mV
Limiar de Sensibilidade
Quanto menor o valor numérico, mais sensível está o marcapasso:
- Risco de interferências.
Quanto maior o valor numérico, menos sensível está o marcapasso:
- Risco de não reconhecimento dos sinais próprios do coração.
- Risco de arritmias.
Parâmetros Programáveis
• FC
– Basic rate
– Upper rate
– Night program / Rest rate
• Intervalo AV (PV)
• Histerese, PVARP, etc
• Modo de Estimulação
Frequência Cardíaca
• Frequência básica (lower rate):
– FC mínima de estimulação do MP.
– FC espontânea acima da FB o MP se inibe.
– Normalmente 60 bpm.
• Frequência máxima (upper rate):
– FC máxima de seguimento do MP nos modos deflagrados (DDD,
VDD, VVT).
– FC máxima do sensor.
• Night program:
– Redução da FB durante a madrugada.
– Economia de bateria.
– Permitir maior incidência de ritmo próprio.
• Rest rate:
– Redução da FB durante período de repouso.
Conceitos Básicos
• Nomenclatura
– Primeira letra:
• Representa a câmara estimulada: A (átrio), V (ventrículo), D (átrio e
ventrículo) e O (nenhuma).
– Segunda letra:
• Identifica a câmara sentida: A, V, D e O (idem)
– Terceira letra:
• Indica a resposta do MP à detecção de um sinal natural: T (deflagração),
I (inibição), D (deflagração e inibição) e O (sem resposta).
– Quarta letra:
• Capacidades de programabilidade, se apresenta telemetria ou resposta
de freqüência: P (programável), M (multiprogramável), R (com resposta
de freqüência), C (telemetria) e O (nenhuma).
– Quinta letra:
• Identifica a presença ou não de funções antitaquicardia: P (pacing), S
(shock), D (pacing e Shock) e O (nenhuma)
Modos de Estimulação
• VVI:
– Estimula o ventrículo, sente-o inibe-se na
presença de um sinal ventricular próprio.
VVI
Modos de Estimulação
• AAI:
– Estimula o átrio, sente-o e inibe-se na
presença de um sinal atrial espontâneo.
Modos de Estimulação
• DDD:
– Estimula A e V, sente as duas câmaras,
deflagra em V quando sente o A e inibe o
estímulo atrial e ventricular quando sente o V.
– MP “fisiológico”.
Síndrome do Marcapasso
• Transmissão da despolarização ventricular aos átrios através
da via normal ou de um feixe anômalo, provocando
despolarização sincrônica destas câmaras.
• Pode manifestar-se clinicamente por:
–
–
–
–
–
Sintomas de baixo fluxo cerebral e sistêmico,
Desconforto cervical,
Cansaço,
Indisposição,
Palpitações.
• Correção:
– MP dupla câmara.
Onda “P” retrógrada
Arritmias e Marcapasso
• Arritmias induzidas pelo marcapasso
• Arritmias conduzidas pelo marcapasso
• Arritmias mediadas pelo marcapasso
Arritmias Induzidas Pelo Marcapasso
Perda de Sensibildade
Espícula sobre T
Arritmias Conduzidas Pelo Marcapasso
Início de Fibrilação Atrial
MP estimulando na FC máx programada.
RR pode ser irregular (sensibildade variada das ondas f)
Arritmias Mediadas Pelo Marcapasso
• TMP ou PMT.
• Paciente com condução VA:
– Nó AV com condução retrógrada (±30% dos BAVT’s).
– Feixe anômalo.
• Normalmente iniciada por ESV ou perda de captura atrial.
• P retrógrada detectada no canal atrial desencadeia uma
resposta ventricular que estimula retrogradamente o átrio e
assim sucessivamente.
• Pode ocorrer por “oversensing” atrial: detecção de onda T.
ESV
P retrógrada
IAV longo
P retrógrada
Oversensing de T
Marcapasso na
Insuficiência Cardíaca
Insuficiência Cardíaca
Pachón, JCM
Insuficiência Cardíaca
• Ressincronização:
– Sincronização das paredes ventriculares durante a
sístole para melhorar a performance cardíaca.
– Associada a melhor qualidade de vida e com redução
da mortalidade na IC.
Insuficiência Cardíaca
• Estimulação Bifocal direita:
– Estímulo de VSVD e ponta do VD.
– Usa MP e eletrodos convencionais ( custo).
– Poucos estudos.
Insuficiência Cardíaca
Insuficiência Cardíaca
Pachón, JCM
Insuficiência Cardíaca
• Estimulação Biventricular:
– Eletrodos em ponta VD e região póstero lateral VE por
veia cardíaca.
– Estimulação epicárdica.
– Alto custo.
– Maiores dificuldades técnicas.
– Às vezes – necessária toracotomia.
– Entretanto – benefícios comprovados ( capacidade
funcional,  qualidade de vida,  sobrevida).
Estimulação Biventricular
Venografia
Eletrodos posicionados
Antes ressincronização
Após ressincronização
Cardiodesfibriladores
Implantáveis
CDI
Cardiodesfibriladores Implantáveis
• Detecção e reversão de arritmias
ventriculares
– Underdrive e overdrive
– Choque
•
•
•
•
Melhora a sobrevida
Reduz risco de morte súbita cardíaca
Função marcapasso
Associados ou não aos ressincronizadores
Reversão de Arritmias
• Underdrive:
• Overdrive:
Overdrive
CDI
Cardioversão
TV
RS
20 J
Morte súbita
Desfibrilação

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