saúde notícias 12 de julho 2015

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saúde notícias 12 de julho 2015
Jornal do Commercio - PE
12/07/2015 - 08:17
Calazar se espalha e ganha prioridade
LEISHMANIOSE Doença, que teve aumento de 140% no número de casos, foi incluída
no Programa Sanar. Goiana, novo polo industrial da Zona da Mata, e outros 10
municípios terão reforço nas ações
Veronica Almeida
Em Atapuz, um vilarejo no litoral de Goiana, Zona da Mata Norte, um "mosquito de
asinha" provoca sofrimento e morte ao longo do tempo. Sem parentesco com o Aedes
aegypti (transmissor de dengue), quase invisível, e de hábitos outrora silvestres, vem se
urbanizando, como aconteceu em outros lugares do Brasil na onda gigante de
desmatamento. Nessa interação, com a ajuda de cachorros e da histórica negligência da
saúde pública, propaga calazar, a leishmaniose visceral. O problema é desconhecido
pela maioria, mas bastante grave para quem é obrigado a conviver com ele.
Goiana tende a uma expansão urbana em razão do crescimento industrial (ganhou
montadora de veículos e indústria de hemoderivados). Esse e mais dez municípios são
agora prioritários para o controle da doença em Pernambuco: Tamandaré, Caruaru,
Salgueiro, Lagoa Grande, Santa Maria da Boa Vista, Petrolina, Ourucuri, Santa Cruz,
Carnaubeira e Serra Talhada. No ano passado, os casos humanos cresceram 140% no
Estado, forçando o governo a incluir a enfermidade no alvo do programa Sanar, de
ações contra outras negligenciadas como esquistossomose, tuberculose, Chagas,
verminoses e hanseníase.
"Vamos acompanhar esses municípios mais de perto, oferecendo orientação técnica por
meio das Gerências Regionais de Saúde (Geres)", explica o coordenador do Sanar,
Alexandre Menezes. Em Goiana, esse apoio chega por meio de testes rápidos,
distribuídos pelo Ministério da Saúde e usados na população canina. Depois de
confirmar por outro exame a parasitose no cão, os agentes da saúde pública pedem a
autorização do dono para praticar a eutanásia, feita sob anestésico e com injeção.
Quando não há permissão, o criador precisa assinar termo em que se compromete a
isolar o animal. Pela atuação das entidades de defesa dos animais o procedimento foi
modificado ao longo do tempo. "O cachorro é um reservatório do parasita e dele são
geradas novas infecções", explica o diretor de Vigilância à Saúde do município, Márcio
Silva.
Em Atapuz, em toda rua há sempre alguém com história de adoecimento. "Meu filho
ficou muito mal e ainda tem o coração inchado", conta Cássia Torres, dona de casa.
Édson tem hoje 11 anos, mas adoeceu antes dos 2. A mãe não cria cachorros, pois teme
que ele volte a adoecer. Não há novos casos humanos este ano na cidade, só de cães,
confirmados também por pesquisa anterior da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o que
mantém o risco. Muitos morreram naturalmente antes da proposta de eliminação bater
na porta do dono. "Ele começou a defecar sangue, estava com as mãos inchadas, as
unhas grandes e parou de comer. Morreu dias depois", contou a dona de casa Fernanda
Escorel quando o coordenador do Programa de Leishmaniose do município, Sérgio
Florêncio, visitou sua casa com o veterinário. Segundo agentes de saúde, há pessoas que
se negam a entregar o animal doente ou antecipam a morte do bicho. A vizinha de
Fernanda permitiu que a cadela Chayene entrasse para a lista dos eliminados.
Em 2014, três pessoas da cidade tiveram calazar e uma delas, uma criança com menos
de um ano, morreu. Residia no Beco do Honório, em Barra de Catuama, onde 37
pessoas tiveram sinais da doença oito anos atrás, cinco delas com infecção devidamente
confirmada. "Quase morro, perdi muito peso, fiquei com a barriga inchada. Fui salvo
porque passei três meses no Hospital Oswaldo Cruz", conta o eletricista Gleibson Silva,
25. O filho da mulher dele não teve a mesma sorte. Morreu em 2014.
Jornal do Commercio - PE
12/07/2015 - 08:17
Estudo tenta indicar controle mais eficiente
Pesquisas desenvolvidas na unidade da Fundação Oswaldo Cruz no Recife tentam
esclarecer melhor os hábitos do flebótomo (o transmissor da leishmaniose não é
mosquito), um futuro controle biológico sem uso de inseticida químico e a validade dos
testes de diagnóstico para animais e humanos.
"A eutanásia deveria ser considerada uma opção, não obrigação. Sob o ponto de vista de
controle, não existem dados científicos concretos, indicando que ajuda a controlar a
leishmaniose canina ou humana. Vários cães desprotegidos (sem repelentes) continuam
a se infectar todos os dias", diz o pesquisador Filipe Dantas-Torres, do Departamento de
Imunologia da Fiocruz.
Ele explica que há outros reservatórios além dos cães. Os eliminados, lembra, são
rapidamente substituídos por outros suscetíveis. Alternativas de proteção seriam
coleiras repelentes e vacinas, disponíveis só em lojas de produtos veterinários. No
Brasil, é proibido o uso da droga glucantime para tratar os bichos doentes, como medida
de precaução para não atrapalhar o tratamento de humanos. O uso irregular poderia
gerar parasitas resistentes à droga. Recentemente, em Campo Grande (MS), o sacrifício
de cães foi proibido por decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, a partir de
uma ação civil pública ajuizada por uma ONG.
O controle biológico do parasita em estudo pela Fiocruz em Pernambuco refere-se ao
uso de um fungo, explica Luciana Figueredo, pesquisadora visitante da instituição.
TEGUMENTAR
Dantas-Torres também comanda pesquisa em 24 aldeias indígenas da etnia Xukuru, no
Agreste de Pernambuco. A região vivenciou um surto da forma cutânea da doença em
2012, quando 25 casos foram confirmados. Eco-epidemiologia da leishmaniose
tegumentar observa as espécies de leishmânia presentes nos insetos, cães e no homem,
assim como a cadeia alimentar do flebótomo. Também verificará a aplicabilidade da
urina como amostra biológica para o diagnóstico das leishmanioses em humanos.
Jornal do Commercio - PE
12/07/2015 - 08:17
Projeto cria banco de remédios
Ayrton Maciel
Um banco de medicamentos para formar estoque de remédios não totalmente
consumidos, em bom estado e que estejam dentro da data de validade, oriundos de
doações de pessoas físicas e jurídicas e que serão disponibilizados para a população.
Um banco que será monitorado por profissionais das áreas médica e farmacêutica, que
terão a atribuição de fazer a classificação e verificar o conteúdo e o prazo de validade
dos remédios doados. A ideia está contida em projeto de lei na Assembleia Legislativa,
protocolado há 12 dias, e começará a tramitar na Comissão de Constituição, Legislação
e Justiça (CCLJ) na volta do recesso parlamentar, marcado para 3 de agosto.
O Banco de Medicamentos de Pernambuco visa recolher remédios em bom estado de
conservação, inclusive a embalagem, que preservem a bula e que estejam com prazo
mínimo de 40 dias antes da data do vencimento. A proposta quer estimular as pessoas e
empresas a doarem os medicamentos que frequentemente sobram nos tratamentos e
ficam sem utilidade nas residências e nas farmácias dos ambulatórios de trabalho.
Bancos de medicamentos já existem em alguns Estados, a exemplo do Rio Grande do
Sul e do Rio de Janeiro, como entidades sociais ou como suporte a associações de
idosos. Recebem doações de sobras de remédios, classificam por produto ativo e
distribuem com pessoas que necessitam e que são cadastradas. Pelo projeto na Alepe do deputado Eduíno Brito (PHS) -, os medicamentos deverão ser controlados pelo
respectivo nome genérico e ter uma relação de similaridade nominal (nome comercial e
genérico). E só serão fornecidos, dependendo da existência em estoque, através da
receita médica original.
A proposta determina que o Banco de Medicamentos deverá ter quadro de pessoal
técnico e local próprio disponibilizados pela Secretaria Estadual de Saúde. "Há uma
grande quantidade de medicamentos que não são consumidos em sua totalidade, sendo
desperdiçados, indo muitas vezes para o lixo. O projeto quer atender às pessoas
necessitadas e diminuir os desperdícios", destaca o deputado.
Jornal do Commercio - PE
12/07/2015 - 08:17
Voz do Leitor
Saúde é prioridade?
Ter assistência médica é um direito humano prioritário, mas não em Pernambuco. Há
anos vivemos sem atendimento de qualidade no Estado. Faltam leitos, medicamentos,
alimentos, maternidades, equipamentos para a realização de exames complexos etc. O
que precisa ser feito para o governo de Pernambuco priorizar a saúde nas ações e não
somente no discurso? Janice Albuquerque – [email protected]
Diario de Pernambuco - PE
12/07/2015 - 08:05
Cartas e Emails
Dengue
Não acredito no registro do estado, de que 11 pessoas morreram por dengue
hemorrágica. Os hospitais públicos não têm nenhuma infra-estrutura para atender a
demanda da população. Além disso, falta médico nos atendimentos. As UPAs não
funcionam corretamente. Na minha opinião, acho que o governo tem que ser mais
transparente na divulgação oficial das mortes ocorridas por essa epidemia em vez de
enganar o cidadão por dados que não são verdadeiros, informados pela sua Secretária
Estadual de Saúde. Manoel Limoeiro – Recife
Jornal do Commercio - PE
12/07/2015 - 08:17
Mais um larvicida contra o Aedes
No Jardim Botânico do Recife, pesquisadores testam potencial tóxico da Piperaceae,
conhecida como erva de rato
Claudia Parente
Pesquisa feita em parceria pelo Jardim Botânico do Recife (JBR) e Laboratório de
Ecologia Química da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) com plantas da
família Piperaceae pode resultar num larvicida biológico para eliminar as larvas do
Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue. Os pesquisadores estão estudando o
potencial tóxico de espécies que ocorrem em abundância na reserva florestal. Artigo
com primeiros resultados será publicado ainda este mês em revista científica
internacional.
O pesquisador do JBR Marcelo Agra explica que o estudo tem três vertentes: avaliar o
potencial alelopático das Piperaceae (processo pelo qual a planta libera substâncias
químicas, alterando o desenvolvimento de outra espécie), a toxidade e o potencial
larvicida. Para o Jardim Botânico, interessa especialmente a pressão que essas plantas conhecidas, popularmente, como erva de rato - exercem sobre outras espécies nativas.
"Queremos saber se elas inibem a germinação e desenvolvimento de outros vegetais
para tentar entender o que ocorre na mata", informa.
Os primeiros resultados indicaram que a piper, como chama Afonso, está afetando
outras espécies plantadas no Jardim Botânico, que deixam de crescer por causa dos
compostos liberados. O potencial de toxidade também se mostrou elevado e
pesquisadores começam a se preparar para avaliar a eficiência das Piperaceae no
combate às larvas do Aedes aegypti. Outras espécies também serão pesquisadas.
"Queremos identificar uma planta com potencial para produzir um larvicida natural tão
eficiente quantos os químicos", revela Afonso. Ele informa que já existe um biológico,
criado pelo laboratório Farmanguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz. "Mas ele é feito a
partir de uma bactária, a Bacillus thuringiensis israelensiso (BTI)."
A parceira de Afonso Agra nessa pesquisa, a chefe do Laboratório de Ecologia Química
da UFPE, Daniela Ferraz Navarro, já percorreu um longo caminho em busca de um
inimigo mortal para o Aedes. Agora, está estudando plantas variadas da família
Piperaceae para verificar a atividade larvicida e a deterrência de oviposição (impedir as
fêmeas de pôr larvas). "O Jardim Botânico fornece as amostras e nós fazemos a
identificação química do óleo e os testes biológicos", explica.
Em 2009, Daniela publicou artigo na revista Bioresource Technology sobre a atuação
larvicida da Piper marginatum, da família Piperaceae. A pesquisa dela mostrou que o
óleo essencial da folha da planta podia ajudar a controlar a disseminação de larvas do
Aedes. Esse óleo pode ser usado em vasos de flores e nos recipientes que acumulam
água de jarros de plantas. "Muitas pessoas não sabem, mas no vaso que elas colocam em
cima da mesa com flores também são encontradas larvas do Aedes", revela.
Daniela Navarro diz que já foi comprovada a eficiência do óleo como inibidor da
oviposição da fêmea do mosquito. "Quando elas sentem a presença do óleo na água, não
põem ovos no local", explica. Os testes com o produto mostraram outra vantagem. "Se
ficar algum ovo, quando a larva eclode, acaba morrendo." A pesquisadora não quis
adiantar detalhes sobre o estudo feito com extrato das plantas enviadas pelo JBR nem
informar as espécies. "Ainda este mês vamos publicar um artigo em revista científica
com essas informações", promete.
Diario de Pernambuco - PE
12/07/2015 - 08:05
Escolas recebem palestras de drogas
Estudantes recebem informações sobre causas e efeitos do uso da maconha, crack,
lança-perfume e outros tipos de drogas
Alunos de escolas públicas e particulares do Grande Recife estão recebendo orientações
sobre prevenção ao uso de drogas. Tem sido cada vez maior a procura dos colégios pela
palestra realizada por servidores da Polícia Federal. Segundo a PF, mais de 100 escolas
foram visitadas e mais de 10 mil alunos assistiram às palestras do início de 2014 até este
mês. Tipos de drogas, causas e consequências do uso, os danos causados à saúde e uma
demonstração com a participação de cães farejadores têm sido apresentados nas escolas.
“Nossas palestras são realizadas em escolas, igrejas, associações, órgãos públicos e até
em empresas. Faz parte das ações preventivas para evitar que crianças e adolescentes
entrem no mundo das drogas. As palestras podem ser agendadas por telefone”, explica o
chefe de comunicação social da PF, Giovani Santoro. No mês passado, um colégio
particular tradicional da Zona Norte do Recife solicitou a realização da palestra por duas
vezes para seus alunos dos 1º e 2º anos do ensino médio.
Segundo Giovani Santoro, os estudantes que assistem às palestras recebem informações
sobre efeitos e consequências do uso da maconha, crack, lança-perfume, cola de
sapateiro, drogas sintéticas, álcool e cigarro. “Os alunos tiram dúvidas nas
apresentações. De acordo com a faixa etária do público, o tempo e os temas da palestra
são ajustados. Às vezes, os estudantes são muito pequenos e em outras escolas já são
adolescentes”, conta Santoro. Um dos momentos em que os estudantes ficam mais
atentos é na demonstração dos cães farejadores procurando drogas.
Folha de Pernambuco - PE
12/07/2015 - 07:32
Manteiga com ácido graxo pode ajudar
Pesquisa do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo sugere que o
enriquecimento de manteiga com um tipo de ácido graxo encontrado na gordura de
lacticínios - o ácido linoleico conjugado - pode ser útil para pacientes coma doença de
Alzheimer. Testes com ratos mostraram que uma dieta com a manteiga modificada
aumentou a atividade de uma enzima, chamada fosfolipase A2, que está ligada à
memória.
A fosfolipase atua sobre gorduras que constituem as membranas celulares e os ácidos
graxos, que funcionam como mediadores na formação da memória. Em pacientes sem a
doença, as membranas celulares são fluidas e renovadas normalmente. Em pacientes
com Alzheimer, são rígidas e dificultam liberação de ácidos graxos como o linoleico.
Ao enriquecer a manteiga, aumenta-se a atividade dessa enzima contribuindo para a
memória.
“Essa enzima é alterada em pacientes com Alzheimer. Então, começamos a olhar que
poderia estar alterado nesses pacientes em relação ao metabolismo de fosfolipase”, disse
a chefe do Laboratório de Neurociências, Led Talib. Os estudos com essa enzima são
feitos há pelo menos 15 anos. O trabalho foi publicado, em abril deste ano, no periódico
científico Journal of Neural Transmission.
Os resultados com ratos indicam que a dieta enriquecida é eficaz para tratamento do
estágio inicial da doença. Ainda serão feitos mais teste com animais.