2 série - Bem-vindo ao BrainHoney!
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2 série - Bem-vindo ao BrainHoney!
a 2 SÉRIE ENSINO MÉDIO Volume 2 EDUCAÇÃO FÍSICA Linguagens CADERNO DO PROFESSOR GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DA EDUCAÇÃO MATERIAL DE APOIO AO CURRÍCULO DO ESTADO DE SÃO PAULO CADERNO DO PROFESSOR EDUCAÇÃO FÍSICA ENSINO MÉDIO 2a SÉRIE VOLUME 2 Nova edição 2014 - 2017 São Paulo Governo do Estado de São Paulo Governador Geraldo Alckmin Vice-Governador Guilherme Afif Domingos Secretário da Educação Herman Voorwald Secretária-Adjunta Cleide Bauab Eid Bochixio Chefe de Gabinete Fernando Padula Novaes Subsecretária de Articulação Regional Rosania Morales Morroni Coordenadora da Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Professores – EFAP Silvia Andrade da Cunha Galletta Coordenadora de Gestão da Educação Básica Maria Elizabete da Costa Coordenadora de Gestão de Recursos Humanos Cleide Bauab Eid Bochixio Coordenadora de Informação, Monitoramento e Avaliação Educacional Ione Cristina Ribeiro de Assunção Coordenadora de Infraestrutura e Serviços Escolares Dione Whitehurst Di Pietro Coordenadora de Orçamento e Finanças Claudia Chiaroni Afuso Presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Educação – FDE Barjas Negri Senhoras e senhores docentes, A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo sente-se honrada em tê-los como colaboradores nesta nova edição do Caderno do Professor, realizada a partir dos estudos e análises que permitiram consolidar a articulação do currículo proposto com aquele em ação nas salas de aula de todo o Estado de São Paulo. Para isso, o trabalho realizado em parceria com os PCNP e com os professores da rede de ensino tem sido basal para o aprofundamento analítico e crítico da abordagem dos materiais de apoio ao currículo. Essa ação, efetivada por meio do programa Educação — Compromisso de São Paulo, é de fundamental importância para a Pasta, que despende, neste programa, seus maiores esforços ao intensificar ações de avaliação e monitoramento da utilização dos diferentes materiais de apoio à implementação do currículo e ao empregar o Caderno nas ações de formação de professores e gestores da rede de ensino. Além disso, firma seu dever com a busca por uma educação paulista de qualidade ao promover estudos sobre os impactos gerados pelo uso do material do São Paulo Faz Escola nos resultados da rede, por meio do Saresp e do Ideb. Enfim, o Caderno do Professor, criado pelo programa São Paulo Faz Escola, apresenta orientações didático-pedagógicas e traz como base o conteúdo do Currículo Oficial do Estado de São Paulo, que pode ser utilizado como complemento à Matriz Curricular. Observem que as atividades ora propostas podem ser complementadas por outras que julgarem pertinentes ou necessárias, dependendo do seu planejamento e da adequação da proposta de ensino deste material à realidade da sua escola e de seus alunos. O Caderno tem a proposição de apoiá-los no planejamento de suas aulas para que explorem em seus alunos as competências e habilidades necessárias que comportam a construção do saber e a apropriação dos conteúdos das disciplinas, além de permitir uma avaliação constante, por parte dos docentes, das práticas metodológicas em sala de aula, objetivando a diversificação do ensino e a melhoria da qualidade do fazer pedagógico. Revigoram-se assim os esforços desta Secretaria no sentido de apoiá-los e mobilizá-los em seu trabalho e esperamos que o Caderno, ora apresentado, contribua para valorizar o ofício de ensinar e elevar nossos discentes à categoria de protagonistas de sua história. Contamos com nosso Magistério para a efetiva, contínua e renovada implementação do currículo. Bom trabalho! Herman Voorwald Secretário da Educação do Estado de São Paulo A NOVA EDIÇÃO Os materiais de apoio à implementação do Currículo do Estado de São Paulo são oferecidos a gestores, professores e alunos da rede estadual de ensino desde 2008, quando foram originalmente editados os Cadernos do Professor. Desde então, novos materiais foram publicados, entre os quais os Cadernos do Aluno, elaborados pela primeira vez em 2009. Na nova edição 2014-2017, os Cadernos do Professor e do Aluno foram reestruturados para atender às sugestões e demandas dos professores da rede estadual de ensino paulista, de modo a ampliar as conexões entre as orientações oferecidas aos docentes e o conjunto de atividades propostas aos estudantes. Agora organizados em dois volumes semestrais para cada série/ ano do Ensino Fundamental – Anos Finais e série do Ensino Médio, esses materiais foram revistos de modo a ampliar a autonomia docente no planejamento do trabalho com os conteúdos e habilidades propostos no Currículo Oficial de São Paulo e contribuir ainda mais com as ações em sala de aula, oferecendo novas orientações para o desenvolvimento das Situações de Aprendizagem. Para tanto, as diversas equipes curriculares da Coordenadoria de Gestão da Educação Básica (CGEB) da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo reorganizaram os Cadernos do Professor, tendo em vista as seguintes finalidades: f incorporar todas as atividades presentes nos Cadernos do Aluno, considerando também os textos e imagens, sempre que possível na mesma ordem; f orientar possibilidades de extrapolação dos conteúdos oferecidos nos Cadernos do Aluno, inclusive com sugestão de novas atividades; f apresentar as respostas ou expectativas de aprendizagem para cada atividade presente nos Cadernos do Aluno – gabarito que, nas demais edições, esteve disponível somente na internet. Esse processo de compatibilização buscou respeitar as características e especificidades de cada disciplina, a fim de preservar a identidade de cada área do saber e o movimento metodológico proposto. Assim, além de reproduzir as atividades conforme aparecem nos Cadernos do Aluno, algumas disciplinas optaram por descrever a atividade e apresentar orientações mais detalhadas para sua aplicação, como também incluir o ícone ou o nome da seção no Caderno do Professor (uma estratégia editorial para facilitar a identificação da orientação de cada atividade). A incorporação das respostas também respeitou a natureza de cada disciplina. Por isso, elas podem tanto ser apresentadas diretamente após as atividades reproduzidas nos Cadernos do Professor quanto ao final dos Cadernos, no Gabarito. Quando incluídas junto das atividades, elas aparecem destacadas. Além dessas alterações, os Cadernos do Professor e do Aluno também foram analisados pelas equipes curriculares da CGEB com o objetivo de atualizar dados, exemplos, situações e imagens em todas as disciplinas, possibilitando que os conteúdos do Currículo continuem a ser abordados de maneira próxima ao cotidiano dos alunos e às necessidades de aprendizagem colocadas pelo mundo contemporâneo. Seções e ícones Leitura e análise Para começo de conversa Aprendendo a aprender Você aprendeu? ? ! Lição de casa Pesquisa individual O que penso sobre arte? Situated learning Pesquisa em grupo Learn to learn Homework Roteiro de experimentação Ação expressiva Pesquisa de campo Para saber mais Apreciação SUMÁRIO Orientação sobre os conteúdos do volume Tema 1 – Esporte – Tchoukball 8 10 Situação de Aprendizagem 1 – O tchoukball se parece com alguma coisa? Situação de Aprendizagem 2 – Para jogar tem de passar e se deslocar Atividade Avaliadora 14 16 22 Proposta de Situações de Recuperação 23 Recursos para ampliar a perspectiva do professor e do aluno para a compreensão do tema 23 Tema 2 – Corpo, saúde e beleza – Fatores de risco à saúde e doenças hipocinéticas Situação de Aprendizagem 3 – Avaliando riscos Atividade Avaliadora 25 29 39 Proposta de Situações de Recuperação 42 Recursos para ampliar a perspectiva do professor e do aluno para a compreensão do tema 43 Tema 3 – Mídias – A transformação do esporte em espetáculo televisivo Situação de Aprendizagem 4 – Qual é a diferença? Situação de Aprendizagem 5 – Do que se fala? Atividade Avaliadora 44 46 49 52 Proposta de Situações de Recuperação 52 Recursos para ampliar a perspectiva do professor e do aluno para a compreensão do tema 52 Tema 4 – Ginástica – Ginástica alternativa 54 Situação de Aprendizagem 6 – Ginástica alternativa: processo histórico e princípios Situação de Aprendizagem 7 – Vivências 59 56 Atividade Avaliadora 62 Proposta de Situações de Recuperação 64 Recursos para ampliar a perspectiva do professor e do aluno para a compreensão do tema 64 Tema 5 – Corpo, saúde e beleza – Exercício físico e prática esportiva em níveis e condições adequados 66 Situação de Aprendizagem 8 – “Eu me machuquei” – Lesões na prática de esportes e exercícios físicos 71 Situação de Aprendizagem 9 – Preparação adequada à prática de exercícios/ esportes 75 Atividade Avaliadora 80 Proposta de Situações de Recuperação 81 Recursos para ampliar a perspectiva do professor e do aluno para a compreensão do tema 81 Tema 6 – Contemporaneidade – Corpo, Cultura de Movimento e pessoas com deficiência 83 Situação de Aprendizagem 10 – Compreendendo e vivenciando o goalball Atividade Avaliadora 83 90 Proposta de Situações de Recuperação 90 Recursos para ampliar a perspectiva do professor e do aluno para a compreensão do tema 92 Quadro de conteúdos do Ensino Médio 94 ORIENTAÇÃO SOBRE OS CONTEÚDOS DO VOLUME Professor, este Caderno foi elaborado para servir de apoio ao seu trabalho pedagógico cotidiano com a 2a série do Ensino Médio. Os temas deste volume são enfocados com base na concepção teórica da disciplina, já explicitada anteriormente, fundamentada nos conceitos de Cultura de Movimento e Se-Movimentar. Assim, pretende-se que as Situações de Aprendizagem aqui sugeridas para os temas Esporte, Corpo, saúde e beleza, Mídias, Ginástica e Contemporaneidade possibilitem aos alunos confrontarem suas experiências de Se-Movimentar com importantes questões do mundo contemporâneo, gerando conteúdos mais próximos de suas vidas cotidianas. Espera-se, desse modo, contribuir para a construção de uma autonomia crítica e autocrítica no âmbito da Cultura de Movimento. Há ainda a expectativa de que o enfoque adotado para o desenvolvimento dos temas deste Caderno seja compatível com as intencionalidades do projeto político-pedagógico de cada escola. Neste volume da 2a série, o tema Esporte abordará uma modalidade ainda não conhecida dos alunos, o tchoukball, com a intenção de enfatizar os princípios técnico-táticos das modalidades esportivas coletivas e aplicá-los em outras modalidades, além de possibilitar aos alunos o conhecimento de uma atividade esportiva nova. É importante destacar que o projeto político-pedagógico da escola poderá optar por outra modalidade. O tema Corpo, saúde e beleza enfatiza os fatores de risco à saúde e as doenças hipocinéticas, com o objetivo de levar os alunos a identificar em seus próprios hábitos de vida os fatores de risco para as doenças hipocinéticas, capacitando-os a intervir nesses hábitos, de modo a valorizar a prática de atividades físicas/exercícios. Também serão abordados aspectos relativos à influência 8 que o meio ambiente (físico, econômico, sociocultural etc.) exerce sobre níveis e condições de prática do exercício físico em geral e do esporte em particular, destacando possíveis lesões que decorram de práticas em níveis e condições inadequadas. Pretende-se que os alunos identifiquem os fatores que predispõem ao surgimento ou agravo de lesões, bem como compreendam que os cuidados relacionados à preparação, necessários à prática de exercícios/esportes, podem atuar como fatores preventivos. O terceiro tema será abordado a partir do processo de transformação do esporte em espetáculo televisivo, mostrando como as mídias apropriam-se e trabalham com as informações esportivas. Pretende-se que os alunos sejam capazes de identificar, discriminar e criticar os significados/sentidos no discurso das mídias sobre o esporte, bem como cotejá-los com suas próprias experiências do Se-Movimentar. No tema Ginástica, sugere-se o trabalho com a ginástica alternativa e pretende-se que os alunos percebam os princípios e efeitos da ginástica não convencional. Para tanto, serão abordadas manifestações e representações ligadas ao processo histórico de alguns métodos de cuidados corporais, de caráter ao mesmo tempo pedagógico, terapêutico, artístico, lúdico e agônico. O conceito básico é o de que a percepção do movimento, e, portanto, a percepção do corpo, está associada ao autoconhecimento, por ser o corpo portador de memória, capacidade de adaptação e consciência. As Situações de Aprendizagem sugeridas para o tema Ginástica alternativa buscam possibilitar que os alunos diversifiquem, sistematizem e aprofundem suas experiências do Se-Movimentar no âmbito da ginástica, permitindo-lhes estabelecer novas significações. No tema Contemporaneidade, será abordada a questão das pessoas com deficiências Educação Física – 2a série – Volume 2 (física, auditiva, visual e intelectual), para que os alunos percebam que o jogo e o esporte podem ser praticados por pessoas com deficiência, mediante algumas adaptações. Sugere-se o goalball como exemplo de uma modalidade esportiva elaborada para deficientes visuais (pessoas cegas ou com baixa acuidade visual). A partir dessa modalidade, pretende-se que os alunos sejam capazes de reconhecer possibilidades de adaptação para pessoas com deficiência em outros elementos da Cultura de Movimento. As estratégias escolhidas – que incluem a realização de gestos/movimentos como a busca de informações, o debate, o relato das próprias percepções, projeção de vídeos etc. – possibilitam aos alunos a reflexão com base no confronto de suas próprias experiências de Se-Movimentar com a sistematização e o aprofundamento dos conhecimentos no âmbito da Cultura de Movimento. Os procedimentos propostos para a avaliação caminham na direção de uma avaliação integrada ao processo de ensino e aprendizagem, sem estabelecer procedimentos isolados e formais. As Atividades Avaliadoras devem favorecer a geração, por parte dos alunos, de informações ou indícios, qualitativos e quantitativos, verbais e não verbais, que serão interpretados pelo professor, nos termos das competências e habilidades que se pretende desenvolver em cada tema/ conteúdo. Privilegia-se a proposição de Situações de Aprendizagem que favoreçam a aplicação dos conhecimentos em situações reais e a elaboração de textos-síntese relacionados aos temas abordados. São também priorizados os questionamentos dirigidos aos alunos ao longo das aulas, para que se verifique a compreensão dos conteúdos e a aquisição das competências e habilidades propostas. A quadra é o tradicional espaço da aula de Educação Física, mas algumas Situações de Aprendizagem aqui sugeridas poderão ser desenvolvidas no espaço convencional da sala de aula, no pátio externo, na biblioteca, na sala de informática ou de vídeo, bem como em espaços da comunidade local, desde que compatíveis com as atividades programadas. Algumas etapas também podem ser realizadas pelos alunos como atividade extra-aula (pesquisas, produção de textos etc.). As orientações e sugestões a seguir têm por objetivo oferecer-lhe subsídios para o desenvolvimento dos temas apresentados. Não pretendem apresentar as Situações de Aprendizagem como as únicas a serem realizadas, nem restringir sua criatividade, como professor, para outras atividades ou para variações de abordagem dos mesmos temas. Nesse mesmo sentido, o Caderno do Aluno é mais um instrumento para servir de apoio ao seu trabalho e ao aprendizado dos alunos. Elaborado a partir do Caderno do Professor, esse material adicional não tem a pretensão de restringir ou limitar as possibilidades do seu fazer pedagógico. De acordo com o projeto político-pedagógico da escola e do planejamento do componente curricular, é possível que os temas nele elencados, selecionados entre os propostos no Caderno do Professor, não coincidam com as atividades que vêm sendo desenvolvidas na escola. Neste caso, a expectativa é subsidiar o seu trabalho para que as competências e habilidades propostas, tanto no Caderno do Professor quanto no Caderno do Aluno, sejam alcançadas. Para otimizar o tempo pedagogicamente necessário para a aula, o Caderno do Aluno apresenta as Situações de Aprendizagem de caráter teórico, também propostas no Caderno do Professor, como sugestões de pesquisa e atividades de lição de casa. Além disso, traz, em todos os volumes, dicas sobre nutrição e postura, a fim de contribuir para a construção da autonomia dos alunos, um dos princípios do Currículo da disciplina. Isto posto, professor, bom trabalho! 9 TEMA 1 – ESPORTE – TCHOUKBALL Como visto em outros Cadernos de outras séries/anos, esta proposta discute o esporte coletivo com base nos conceitos de Claude Bayer, que descreve seis princípios operacionais (três de ataque e três de defesa) comuns a todas as modalidades coletivas, sendo eles estruturados a partir de algumas invariantes, tais como a bola, o espaço de jogo, os adversários, os companheiros, o alvo e as regras. Conforme desenvolvido nas outras séries/ anos, no esporte coletivo a técnica e a tática são vistas como partes de um mesmo processo, indissociáveis na dinâmica do jogo, uma vez que os modos de fazer (técnica) dependem das razões para o fazer (tática). A técnica não existe sem a tática e vice-versa. O que deve ser feito em determinada situação de jogo é demandado pelas exigências da situação. Nessa concepção, praticar melhor uma determinada modalidade esportiva coletiva não implica somente acertar o alvo ou fazer mais pontos, mas realizar, de forma coletiva, ações que levem a um jogo mais inteligente do ponto de vista tático. Como neste Currículo não se pretende restringir as experiências dos alunos às quatro modalidades tradicionais da Educação Física escolar (futsal, handebol, basquetebol e voleibol), sugerimos, neste volume, uma modalidade esportiva coletiva desconhecida por boa parte deles: o tchoukball. Ressaltamos que a presença da modalidade coletiva tchoukball é uma opção entre outras modalidades entendidas como alternativas. Portanto, se o professor e os alunos desejarem, esta pode ser substituída. A intenção em desenvolver uma modalidade ainda desconhecida por parte dos alunos é a de estimulá-los a transferir para o tchoukball 10 os conhecimentos aprendidos em outras modalidades. Se os alunos conseguirem realizar essa transferência, espera-se que sejam capazes, nesse momento, de praticá-lo de modo mais estruturado em relação às séries/anos anteriores, tendo superado as fases de jogo anárquico e descentrado (GARGANTA, 1995). A intenção é permitir aos alunos dessa série uma compreensão técnico-tática cada vez melhor sobre o esporte coletivo, praticando-o de forma estruturada e elaborada. As Situações de Aprendizagem apresentadas a seguir dão alguns exemplos de intervenção. Inicialmente, são sugeridas atividades com grupos reduzidos, a fim de otimizar as ações, tanto de defesa como de ataque, estimulando nos alunos o contato com a bola e a comunicação com os colegas. Após a prática dos jogos com equipes reduzidas, serão realizados jogos com equipes completas, momento em que poderão ser vivenciadas algumas situações experimentadas anteriormente. Em todas as atividades, é importante trabalhar com variações de sua estrutura, em termos de utilização de diferentes materiais, número de participantes, alteração de regras etc. O tchoukball surgiu de reflexões e pesquisas do doutor Hermann Brandt, um médico suíço nascido em Genebra. No início da década de 1960, Brandt cuidou de muitos atletas que se lesionavam na prática de esportes, e essas lesões eram, em sua maioria, provenientes de agressões dos adversários – o que é comum em modalidades de contato. Segundo Brandt, os esportes não deveriam produzir campeões, mas contribuir para a construção de uma “sociedade humana digna”. Para isso, ele criou esse esporte, que seria uma mistura de pelota basca (esporte popular no País Basco, na Espanha, mas praticamente desconhecido no Brasil), handebol e voleibol. Educação Física – 2a série – Volume 2 quadro é parecido com uma pequena cama elástica virada para a quadra. Pela ausência de contato físico entre os participantes, essa modalidade é conhecida como o “esporte da paz”. © Paulo Leite O nome da modalidade faz alusão ao som produzido pelo contato da bola com o quadro de remissão (objeto usado como meio para atingir o alvo, que, no tchoukball, é qualquer parte do campo de jogo). Esse Figura 1 – Quadro de remissão. Ao criar esse novo esporte a partir de outros já existentes, Brandt diferenciou-o dos esportes mais conhecidos por quebrar alguns paradigmas. Primeiro, por não permitir o contato físico entre os jogadores sem estabelecer uma divisão do território de ataque e defesa, como acontece no voleibol, em que a rede faz a separação entre os adversários. Aqui, as duas equipes podem ocupar o mesmo espaço na quadra. Aliado a isso, está o segundo ponto diferencial: como não há contato físico, não é permitido interceptar ou roubar a bola do adversário. Só se recupera a bola em três situações: por consequência do erro de passe, da marcação de ponto ou de uma defesa após o arremesso, ao final de um ataque do adversário. A defesa sempre consiste em tentar re- cuperar a bola (rebote) após um arremesso da equipe adversária. Outra diferença das demais modalidades esportivas coletivas é que os dois quadros de remissão não representam o alvo a ser acertado. Porém, para que um ponto seja concretizado a partir de um arremesso (há outras formas de se conquistar um ponto que serão apresentadas adiante), é preciso que a bola toque no quadro. Dessa forma, acertar o quadro funciona como um meio para se conseguir os pontos. O alvo passa a ser a quadra toda, pois se pode arremessar em qualquer um dos dois quadros disponíveis. Como não há divisão de espaços de ataque e defesa, a equipe precisa estar atenta e muito bem distribuída pela quadra, além de 11 Destacamos as principais regras oficiais: f o jogo acontece em um terreno de 40 m × 20 m (quadra oficial); 20 m © Conexão Editorial realizar uma movimentação constante em função dos passes da equipe adversária, pois, para recuperar a bola, é preciso estar em boas condições para pegar o rebote. Quadro de remissão Zona proibida R=3m 40 m Figura 2 – Terreno de 40 m × 20 m em que acontece o jogo (quadra oficial). f a bola utilizada é a de handebol; f ao todo são nove jogadores em cada equipe; f para acertar o alvo (a quadra), é necessário arremessar a bola em qualquer um dos dois quadros de remissão (quadros de 1 m × 1 m, inclinados a 55°) dispostos na parte central da linha de fundo; f o arremesso não pode ser feito por trás do quadro (fora da quadra); f não há uma quadra ou um alvo específico a defender ou a atacar, pois os dois quadros podem ser utilizados por ambas as equipes; f em frente a cada quadro, há uma área frontal, ou zona proibida, em forma de semicírculo, com três metros de raio; f o jogador nunca pode invadir a área frontal com a bola ao finalizar, ao pegar o rebote, ao passar ou a recepcionar; depois de arremessá-la, caso o faça a partir de um salto, poderá entrar na área proibida, desde que sem a posse da bola; f a duração do jogo para os homens é de três tempos de 15 minutos cada um; para as mulheres e equipes mistas, de três tempos de 12 minutos cada um. 12 Os pontos: o simples fato de atingir o quadro não é suficiente para marcar pontos, pois ele funciona apenas como um meio para obter a pontuação. Para conquistar algum ponto a partir do arremesso, a bola deve tocar o quadro e cair em alguma parte da quadra (menos na área que fica em frente aos quadros, a zona proibida). Um jogador concede pontos à equipe adversária se: f não acertar o quadro após o arremesso; f após a finalização, a bola cair fora da quadra de jogo; f após a finalização, a bola acertar o seu corpo; f antes ou depois de arremessar, a bola cair dentro da área (zona proibida). Se, após o arremesso, a bola for recuperada pela equipe adversária, o jogo continuará normalmente. Após a concretização de um ponto, a equipe adversária deverá repor a bola atrás da linha de fundo. Os passes: somente passes aéreos são permitidos, e ninguém pode interceptar um passe. Educação Física – 2a série – Volume 2 f desloca-se driblando com a bola no chão ou no ar; f efetua o quarto passe; f de posse da bola, sai da quadra ou entra na zona proibida; f intercepta a bola (involuntariamente ou não) após um passe da equipe adversária; f deixa a bola cair no chão no momento de um passe ou recepção; f é tocado pela bola abaixo do nível da cintura (membros inferiores); f pega a bola após a finalização de sua equipe; f impede o deslocamento do adversário (segurando, agarrando, obstruindo a passagem etc.). É importante ressaltar que é possível adaptar as regras e os materiais, de acordo com as características dos alunos, o local da prática e o material disponível. A bola pode ser adaptada (diferentes tamanhos e pesos), assim como O material mais difícil de adaptar é o quadro, pois ele necessita de uma superfície que faça a bola ser impulsionada para longe. Uma alternativa viável é improvisar um minitramp que funcione como quadro, lembrando que ele precisa ter uma inclinação para que a bola seja projetada para a quadra. A construção de um quadro alternativo é interessante, podendo ser feito de madeira. Visualize um pequeno gol de futebol (conhecido como caixote) no qual a parte que sustenta a rede seria coberta por uma chapa de madeira (a parte quadriculada representada na figura). Também pode ser feito somente de uma chapa de madeira, que ficaria encostada à parede, não sendo necessária uma estrutura para sustentá-la. A área que fica em frente ao quadro pode ser a área do futsal ou ser adaptada com uma fita ou giz que permita sua visualização. 1m © Conexão Editorial As faltas: sempre que houver alguma violação das regras, as faltas deverão ser cobradas no local onde aconteceram ou onde a bola caiu. Ao repor a bola depois de alguma infração, o jogador não poderá arremessá-la diretamente no quadro, ou seja, é necessário executar, no mínimo, um passe antes da finalização. Se a bola tocar na borda do quadro após um arremesso, o ponto não será computado. Esse caso representará uma falta, e o jogo será reiniciado pela equipe adversária a partir do local onde a bola houver caído. Portanto, um jogador comete falta quando: o número de jogadores (não precisa ser o mesmo do oficial) ou o tamanho da quadra (que pode ser aumentado ou reduzido). A duração do jogo e o número de tempos também podem ser modificados. 1m Cada equipe pode passar a bola, no máximo, três vezes (como no voleibol), porém, sempre que a bola for recolocada em jogo ou recuperada a partir de uma defesa da equipe que foi atacada (pegar o rebote provocado após a bola bater no quadro), o primeiro passe não é contado. O jogador de posse da bola só pode dar três passes (como no handebol) antes de passá-la ou arremessá-la ao alvo, mas sem quicá-la. Figura 3 – Quadro de remissão. 13 SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 1 O TCHOUKBALL SE PARECE COM ALGUMA COISA? da dinâmica do tchoukball, a partir de algumas ações que já são do conhecimento deles. Esta Situação de Aprendizagem pretende desenvolver entre os alunos um entendimento Conteúdo e temas: a dinâmica geral do tchoukball. Competências e habilidades: transferir informações de outras atividades e/ou esportes para a prática do tchoukball; compreender a dinâmica básica do tchoukball. Sugestão de recursos: bolas de basquetebol e handebol, minitramp ou quadros alternativos de madeira. Desenvolvimento da Situação de Aprendizagem 1 Professor, solicite que os alunos analisem as imagens e respondam às questões apresentadas na seção “Para começo de conversa”, no Caderno do Aluno. A fim de que os alunos entendam a dinâmica do tchoukball, procure trabalhar algumas especificidades da modalidade, como a presença de passes somente aéreos, o limite de troca de passes e a ausência de contato com o adversário. Para isso, é importante propiciar que os alunos revivam algumas experiências com outros esportes, para que possam fazer a transferência de conhecimentos para o tchoukball. Pode-se aproveitar a ideia da “ponte aérea” presente no basquetebol e no handebol. Inicialmente, pode-se pedir aos alunos que façam passes, recebendo a bola no ar e arremessando-a de volta ao colega antes de aterrissar. Depois, eles podem receber os passes e tentar arremessar à cesta ou ao gol antes de aterrissar. Pode-se limitar o número de passes antes da conclusão. Também é importante desenvolver a atividade com e sem a presença do adversário. Tente aproximar gradativamente atividades realizadas ao contexto do jogo de tchoukball. Sempre que houver um conflito de regras e/ ou dificuldades para o entendimento do jogo, auxilie os alunos na resolução dos problemas. 14 Fotos: © Paulo Leite Etapa 1 – As particularidades do jogo Finalizações em jogo de tchoukball. Você já ouviu falar em tchoukball ? Já teve a oportunidade de praticar esse jogo? Neste Caderno, vamos conhecer esse jogo criado na década de 1960 por um médico Educação Física – 2a série – Volume 2 suíço, nascido em Genebra, chamado Hermann Brandt. Você sabe por que um médico resolveu criar um jogo? Durante sua vida profissional, Brandt demonstrou especial interesse pela medicina esportiva. Constatou que os traumas de atletas com lesões, na maioria das vezes, resultavam de agressões, comuns nas modalidades esportivas coletivas de contato. O tchoukball surgiu, então, como um esporte sem contato físico, tornando-se conhecido como “esporte da paz”. Nenhum ato de perturbação ou obstrução do adversário é permitido no jogo, tanto no ataque como na defesa. Vamos ver se você consegue responder a algumas perguntas sobre o tchoukball. Analise as imagens anteriores e responda: 1. A finalização no jogo de tchoukball é parecida com a de qual esporte que você conhece? ( X ) Handebol. ( ) Basquetebol. ( ) Voleibol. 2. O alvo, objetivo da finalização no tchoukball, é: ( ) o gol. ( X ) a quadra. ( ) a cesta. 3. O jogo de tchoukball é praticado: ( ) apenas por homens. ( ) apenas por mulheres. ( X ) por homens e mulheres. Etapa 2 – Agora sim, entendi a lógica geral desse jogo! Neste momento, altere o tamanho da quadra (aumentando-o ou reduzindo-o), para que os alunos percebam alguns fatores que interferem na estrutura e na dinâmica desse esporte. A seguir, auxilie os alunos a identificar e explicitar as dificuldades encontradas, estabelecendo algumas regras para uma nova vivência do jogo. Após algum tempo, os alunos poderão inferir, entre as regras sugeridas, quais são as mais coerentes e adequadas para propiciar maior dinamismo e melhoria da qualidade técnica e tática do jogo, definindo normas em relação ao espaço, ao tempo, ao número de participantes, às características do implemento (bola), ao número de infrações etc. Essas normas serão registradas e definidas como o código a ser respeitado por todos. Professor, faça uma reflexão com os alunos sobre as questões presentes na seção “Pesquisa individual”, no Caderno do Aluno. Por dentro do tchoukball O tchoukball é um esporte que vem conquistando cada vez mais adeptos no Brasil e no mundo por não permitir o contato físico entre os praticantes e possibilitar adaptações. Em 1971, foi criada a Federação Internacional de Tchoukball, que coordena a promoção e a difusão do esporte. No Brasil, a divulgação da modalidade esportiva ocorreu a partir de 1987 com a presença, em congressos e eventos, do então presidente da Federação Internacional de Educação Física, Sir John Andrews. Em São Paulo, a difusão do esporte começou na década de 1990 com Océlio Antônio Ferreira, que, ao voltar da Europa, passou a divulgá-lo. Que tal pesquisar um pouco sobre o tchoukball, para entendê-lo melhor, e assim praticá-lo com seus amigos da escola e do bairro? Você pode pesquisar em sites, revistas ou entrevistar pessoas que conheçam a modalidade. 15 Quando você concluir sua pesquisa, discuta com seus colegas as seguintes questões: 4. Qual é o tamanho da quadra? A área recomendada de jogo é um retângulo de 40 m x 20 m, com duas áreas proibidas. 1. O tchoukball é praticado com que tipo de bola? Pode-se jogar o tchoukball também em áreas de 30 m x 15 m ou de 20 m x 12 m. Bola de handebol. 5. Onde ficam os quadros de remissão? 2. Quantos jogadores compõem cada equipe? 9 em quadra e 3 reservas. 3. Quantos tempos são jogados e qual a duração de cada tempo? – Masculino: 3 tempos de 15 minutos cada um, com 5 minu- Os dois quadros de remissão (cada um com 1 m x 1 m e 55o de inclinação) são colocados no centro da linha de fundo da área (um de cada lado), equidistantes das linhas laterais (conforme ilustração da questão seguinte). Professor: relembramos que no jogo de tchoukball o alvo é a quadra, sem contar a zona proibida, e que os quadros de remissão servem para rebater a bola para o jogo. tos de intervalo entre um tempo e outro. – Feminino: 3 tempos de 12 minutos cada um, com 5 minutos de intervalo entre um tempo e outro. Isso vale também para A área tem 3 m de raio. © Hudson Calasans times mistos e times infantis. 6. Qual o tamanho do raio da área restrita (em vermelho) da quadra? 20 m Quadro de remissão Quadra de tchoukball. É claro que você, seus colegas e amigos podem fazer ajustes para jogar em áreas livres 40 m próximas à sua casa, assim como fazem com o futebol e/ou outras modalidades esportivas. SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 2 PARA JOGAR TEM DE PASSAR E SE DESLOCAR A intenção nesta Situação de Aprendizagem é construir o jogo de tchoukball por meio dos níveis de relação até o jogo propria- 16 mente dito, a fim de que os alunos conheçam e identifiquem os principais aspectos dessa modalidade. Educação Física – 2a série – Volume 2 Conteúdo e temas: princípios técnico-táticos do tchoukball. Competências e habilidades: identificar e aplicar em situações-problema os princípios técnico-táticos do tchoukball; analisar as diferentes possibilidades de espaço e número de participantes na organização do tchoukball; valorizar as diversas possibilidades dos sistemas de jogo e táticas como fator importante para a prática do tchoukball. Sugestão de recursos: bolas de diferentes tamanhos, pesos, bolas de basquetebol e handebol, arcos, minitramp ou quadro alternativo de madeira. Desenvolvimento da Situação de Aprendizagem 2 Etapa 1 – Eu-bola A princípio, podem ser utilizadas bolas de diferentes tamanhos e pesos e, posteriormente, podem ser realizadas vivências com bolas de handebol. Proponha atividades de condução, de recepção e de passes, sem se preocupar com as regras do tchoukball. O importante é que os alunos percebam a necessidade de dominar a bola de diferentes formas, fazendo várias ações. Essas situações de domínio de bola podem ser realizadas no início de várias aulas, servindo também como preparação para outras vivências. Etapa 2 – Eu-bola-colega(s) Neste momento, a intenção é o controle coletivo da bola, com um colega (duplas) e com grupos maiores (trios, quartetos, quintetos). A preocupação aqui ainda não deve ser a consecução do ponto, mas a movimentação coletiva do grupo, lembrando que a bola não poderá ser quicada ou conduzida como no handebol ou no basquetebol. O aluno de posse da bola poderá, no máximo, movimentar-se com três passadas, como no handebol. Várias atividades podem ser feitas com esse objetivo: troca de passes em duplas ou em trios, troca de passes com distâncias variadas, troca de passes sem que a bola toque o solo, deslocamentos em duplas ou em trios trocando passes, troca de passes em grupo utilizando mais de uma bola, lançamentos etc. Professor, solicite aos alunos que analisem a imagem e respondam às atividades presentes na seção “Lição de casa”, no Caderno do Aluno. Ainda sobre o tchoukball O tchoukball é um jogo que se assemelha a outros esportes, como o handebol e o voleibol, mas ele tem também muitos diferenciais interessantes. Vejamos alguns: as duas equipes podem circular pela quadra toda e atacar nos dois quadros de remissão; cada equipe tem no máximo três passes para arremessar no quadro de remissão; não pode haver contato físico; não é permitido interceptar ou roubar a bola do adversário. Como são convertidos os pontos? Quais situações constituem faltas? Descobrir isso será sua tarefa de casa. Responda às questões a seguir com base nas vivências das aulas de Educação Física ou pesquise em sites que forneçam informações sobre as regras do jogo. 1. Analise a imagem a seguir e assinale qual das situações indica o que deve acontecer com a bola no seu retorno para que o arremesso se transforme em ponto para a equipe do ataque. Pode haver mais de uma alternativa correta. 17 © Paulo Leite Jogo de tchoukball. A bola deve: ( X ) tocar a área de jogo, antes que um defensor a recupere. ( ) não atingir o quadro de remissão. ( ) cair dentro da área proibida (semicírculo) ou fora do campo. ( X ) tocar as pernas de um defensor. ( ) retornar sobre o próprio atacante. ( X ) tocar em um defensor sem que este consiga controlá-la, permitindo assim que ela caia no chão. 2. Com base na imagem, analise as três situações de jogo e assinale a alternativa que indica o procedimento que deve ser adotado em cada caso. a) A equipe azul arremessou a bola, que bateu no quadro e retornou para a quadra, mas a equipe amarela não a recuperou. I) Foi ponto, e a equipe azul deve reiniciar o jogo, posicionando-se atrás da linha de fundo. II) Foi ponto, e a equipe amarela deve reiniciar o jogo, posicionando-se na linha central da quadra. III) Foi ponto, e a equipe amarela deve reiniciar o jogo, posicionando-se atrás da linha de fundo. 18 b) Um parceiro da equipe azul recupera a bola no seu retorno, após o arremesso contra o quadro de remissão. I) A equipe amarela faz o contra-ataque. II) Foi falta, e a equipe amarela cobra a falta no local onde ela ocorreu. III) Foi falta, e a equipe amarela cobra a falta com lateral. c) Um jogador da equipe amarela reinicia o jogo arremessando a bola para um companheiro que está próximo dele e do quadro de remissão do último arremesso. Ao receber a bola, o jogador faz um tiro diretamente para o quadro, acertando-o. A bola vai ao chão sem recuperação da equipe azul. I) Não valeu o ponto. Foi falta, porque o jogador não tinha passado a linha central antes do arremesso. Reposição da bola pela equipe azul, no local onde a bola caiu. II) Ponto da equipe amarela. Reposição de bola pela equipe azul, atrás da linha de fundo. III) Não valeu o ponto. Foi falta, porque não foram feitos três passes. Reposição de bola pela equipe azul, na lateral da quadra. Educação Física – 2a série – Volume 2 Etapa 3 – Eu-bola-colega(s)-alvo Nesta etapa, a intenção é praticar o arremesso em direção ao quadro de remissão, para que se atinja o alvo: a quadra. Agora várias atividades de controle de bola podem ser utilizadas, associadas à finalização em direção ao quadro. Embora nesse nível de relação ainda não seja dada ênfase à marcação por parte dos jogadores adversários, já é possível a estruturação de situações de ataque com finalização. Alguns exemplos possíveis nesse nível de relação: © Paulo Leite f um aluno arremessando ao quadro, após receber a bola a partir de um passe curto ou de um passe longo; f dois, três ou mais alunos em deslocamento trocando passes e arremessando ao quadro; f a mesma atividade com um número de passes predefinido para o grupo antes do arremesso (por exemplo: de acordo com a regra, a equipe deve efetuar três passes antes de finalizar; porém, para trabalhar o deslocamento do aluno que está sem a bola, o professor pode aumentar ou reduzir o número de passes permitido pela regra); f as mesmas atividades anteriores, porém finalizando a partir de locais predefinidos (por exemplo: passar a bola para o companheiro que se encontra em melhor condição de arremesso ao quadro, do outro lado da quadra, nas laterais etc.); f dois alunos em deslocamento passando a um pivô, que distribui a bola para um dos dois finalizar. Figura 4 – Arremesso. Etapa 4 – Eu-bola-colega(s)-adversário(s) Neste nível de relação, propositadamente não será enfatizada a presença de alvo, a fim de estimular os alunos a vivenciarem situações de controle de bola (individual e coletivamente). Embora no tchoukball a presença do adversário não funcione a partir da relação de confronto direto, os exemplos a seguir permitirão o contato com ele. Pretende-se valorizar a linha de passe, e, nesse sentido, a presença do adversário faz que os alunos tomem decisões mais rapidamente. O importante é que os alunos, na defesa, desenvolvam ações cooperativas de cobertura para segurar (defender) a bola após o toque desta no quadro e, no ataque, criem 19 linhas de passe para gerar mais opções de jogo. Pode ser variada a composição de grupos, desde a formação de duplas até a formação de grupos maiores. Também pode haver desequilíbrio entre o número de atacantes e defensores, ora priorizando o ataque (situação de dois contra um ou de três contra dois), ora priorizando a defesa (situação de dois contra três ou de três contra quatro). Exemplos: f em equipe, os alunos praticam o “passa 10”. O objetivo é levar o objeto escolhido (bola, frisbee etc.) até um espaço delimitado, com um número definido de passes (dez). O aluno que está com a bola não pode se deslocar. Ressalte a necessidade de deslocamento dos alunos que estão sem a bola. Assim, ela pode ser interceptada durante um passe, mas nunca roubada diretamente da mão do adversário. Embora essa não seja uma característica do tchoukball, ela se torna necessária para trabalhar a linha de passe. Em nenhum passe a bola pode tocar o solo; se isso acontecer, a posse de bola será da outra equipe. Portanto, só se recupera a bola ao interceptá-la se o adversário cometer um erro de passe ou se o adversário marcar um ponto; f duas equipes de quatro alunos cada uma, em um espaço delimitado (pequeno), disputam uma bola, com o objetivo de criar linhas de deslocamento a partir da troca de passes. Cada vez que uma equipe alcançar cinco passes consecutivos, marca-se um ponto para a equipe. Quem está com a bola só pode executar três passadas antes de tocá-la para um companheiro. O adversário só pode roubar a bola durante a execução de um passe. Pode-se dificultar as ações a partir de uma alteração na regra, impedindo o retorno do passe ao mesmo jogador que o efetuou ou o deslocamento do jogador que está com a posse da bola. 20 Etapa 5 – Eu-bola-colega(s)-adversário(s)-alvo Esta etapa é similar à anterior; porém, agora há o alvo a ser alcançado pela equipe atacante e protegido pela equipe defensora. Esse nível de relação reproduz o jogo completo, com ações coletivas de ataque e de defesa. Porém, podem-se desencadear situações com outros alvos, a fim de estimular as ações de ataque e de defesa fora da situação normal e fazer que os alunos atentem para as ações cooperativas nos dois casos. Pode-se delimitar espaços de circulação tanto para o ataque como para a defesa. É possível também impedir que os alunos arremessem de longa distância, para estimular as ações de todos. Outra sugestão é que as tentativas de marcação de ponto só possam ser feitas se a bola cruzar o outro lado da quadra. Exemplos: f divididos em dois trios dispostos no centro da quadra, os alunos deverão, ao seu sinal, correr até a linha lateral e tocá-la com a mão. Aquele que voltar mais rápido pegará a bola e iniciará o ataque ao alvo. A equipe que está sem a bola deverá organizar sua defesa. Aqui, a redução do campo de jogo é importante para estabelecer a rápida resolução de problemas. Essa mesma atividade pode ser feita com diferentes composições; f como no tchoukball, pode-se atacar qualquer um dos dois quadros disponíveis, e não há somente uma metade da quadra para ser defendida; é importante trabalhar com os alunos a atividade dos “quadros móveis”, em que as equipes podem caminhar com seu quadro a fim de que a equipe adversária não o alcance; f treinar situação de ataque e de defesa diante do alvo, com diferentes composições (2 m × 1 m, 2 m × 2 m, 3 m × 2 m, 2 m × 3 m). © Paulo Leite Educação Física – 2a série – Volume 2 Figura 5 – Ataque e posicionamento da defesa. Etapa 6 – Jogos reduzidos Nesta etapa, são realizados jogos reduzidos de tchoukball em meia quadra, partindo das composições 3 m × 3 m, 4 m × 3 m, 3 m × 4 m, 4 m × 4 m etc. Os jogos reduzidos são excelentes oportunidades para os alunos compreenderem as demandas táticas e as exigências técnicas do jogo, uma vez que ocorrem em situações simplificadas, porém muito próximas da situação real de jogo. Procure interromper o jogo sempre que necessário, alertando os alunos para seu posicionamento e o de seus companheiros e adversários, bem como enfatizando as regras do tchoukball. Neste momento, deve-se também mostrar aos alunos variações táticas de posicionamento de defesa e de ataque. Professor, para que os alunos conheçam sobre o tchoukball de areia, solicite a leitura do texto na seção “Você sabia?”, no Caderno do Aluno. Você sabia? Tchoukball de areia © Paulo Leite Essa versão do tchoukball foi criada no início da década de 1990, no Brasil, expandindo-se posteriormente pelo resto do mundo. O campo do tchoukball de areia tem de 11 a 13 metros de largura por 21 a 23 metros de comprimento. A partida é realizada com cinco jogadores em cada equipe, com dois reservas, e a recomendação é de três tempos de 12 minutos cada um para adultos. As regras são semelhantes às do tchoukball de quadra, determinadas pela Federação Internacional de Tchoukball. Jogo de tchoukball de praia. 21 Etapa 7 – O jogo de tchoukball Após a realização de várias situações reduzidas, chegou a hora de trabalhar com o jogo propriamente dito. O jogo formal de tchoukball necessita de algumas regras básicas, mas nada impede que estas sejam adaptadas de acordo com as necessidades. Preocupe-se com a distribuição dos alunos em quadra, com o posicionamento defensivo para recuperar a bola após um arremesso do adversário etc. Ressalte a importância da linha de passe para que o jogo se consolide efetivamente. Caso considere necessário, interrompa o jogo a fim de orientar o posicionamento dos alunos, explicar os sistemas de jogo e problematizar as possibilidades de cada jogada. Professor, solicite aos alunos que assinalem com V ou F na atividade presente na seção “Você aprendeu?”, no Caderno do Aluno. Assinale cada informação com V (verdadeira) ou F (falsa): a) O tchoukball é conhecido como “esporte da paz”, por se tratar de uma modalidade na qual são proibidos o contato físico e as atitudes antiesportivas. ( V ) b) O jogo de quadra tem duração de três tempos de 15 minutos cada um, enquanto o tchoukball de areia tem duração de dois tempos de 12 minutos cada um. ( F ) c) Para marcar ponto, a equipe deve acertar o quadro; além disso, a bola deve retornar para a quadra, tocar o campo de jogo, sem que o defensor a pegue, tocar as pernas do defensor ou tocar o defensor sem que este possa controlá-la, deixando-a cair no chão. ( V ) d) Após o reinício do jogo, o primeiro arremesso pode ser feito em qualquer quadro, desde que a bola tenha cruzado a linha central. ( V ) e) O tchoukball nasceu no Brasil na década de 1960, criado por um médico suíço preocupado com o alto índice de lesões em atletas de esportes coletivos. ( F ) ATIVIDADE AVALIADORA Proponha situações encontradas no tchoukball, apresentando-as como problemas a serem discutidos, vivenciados e solucionados pelos alunos, por escrito ou mediante demonstração na quadra. Com isso, será possível avaliar, primeiro, a capacidade dos alunos em pensar taticamente o tchoukball. Mais do que a execução perfeita das ações específicas do jogo ou a verificação se a ação proposta culminou na consecução do ponto, valorize e avalie a compreensão dos 22 alunos da situação de jogo proposta, das iniciativas para solucioná-la e das sugestões dadas. Alguns exemplos: f Qual a melhor estratégia para uma equipe de tchoukball realizar uma situação de ataque quando o adversário tem menos jogadores para proteger o quadro? f Qual a melhor estratégia para uma equipe de tchoukball, em vantagem numérica de jogadores, realizar uma situação de defesa? Educação Física – 2a série – Volume 2 f Como uma equipe de tchoukball deveria se comportar, faltando pouco tempo para o término da partida, se estivesse perdendo o jogo? f Em quais aspectos o espaço físico é fator importante para garantir a organização do tchoukball? Como ocupá-lo melhor? f Vocês alterariam alguma regra do tchoukball? Qual? Por quê? Discuta com os alunos as respostas apresentadas e dê as orientações necessárias, garantindo que eles atentem para a organização tática coletiva do tchoukball. PROPOSTA DE SITUAÇÕES DE RECUPERAÇÃO Durante o percurso pelas várias etapas das Situações de Aprendizagem, alguns alunos podem não apreender os conteúdos nem desenvolver as habilidades da forma esperada. É necessário, professor, que outras Situações de Aprendizagem sejam propostas, permitindo ao aluno revisitar, de outra maneira, o processo. Tais estratégias podem ser desenvolvidas durante as aulas ou em outros momentos, individualmente ou em pequenos grupos, envolvendo todos os alunos ou apenas aqueles que apresentaram dificuldades. Um exemplo possível seria descrever para eles situações reais de partidas de tchoukball, colocando-os na condição de árbitros e pedindo sua opinião. Essa situação pode ser operacionalizada em forma de gincana, em que os vários grupos devem responder, atribuindo-se pontos para as respostas certas. O objetivo é que os alunos relembrem as regras do tchoukball. Essas situações podem ser vivenciadas e discutidas em grupos. RECURSOS PARA AMPLIAR A PERSPECTIVA DO PROFESSOR E DO ALUNO PARA A COMPREENSÃO DO TEMA Livros BAYER, Claude. O ensino dos desportos colectivos. Lisboa: Dinalivros, 1994. Discute o processo de ensino dos esportes coletivos, apresentando os princípios operacionais comuns às modalidades esportivas. GARGANTA, Júlio. Para uma teoria dos jogos desportivos colectivos. In: OLIVEIRA, José; GRAÇA, Amândio. O ensino dos jogos desportivos. 2. ed. Porto: Universidade do Porto, 1995. Propõe uma discussão sobre o proces- so de ensino-aprendizagem das modalidades esportivas coletivas. Artigos DAOLIO, Jocimar. Jogos esportivos coletivos: dos princípios operacionais aos gestos técnicos – modelo pendular a partir das ideias de Claude Bayer. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, São Caetano do Sul, v. 10, n. 4, 2002. p. 99-103. Disponível 23 em: <http://portalrevistas.ucb.br/index.php/ RBCM/article/view/478/503>. Acesso em: 12 nov. 2013. O artigo apresenta uma discussão sobre a aplicação dos pressupostos de Claude Bayer para o ensino do esporte coletivo. GIGLIO, Sérgio Settani. Tchoukball: que esporte é esse? Cadernos de Formação RBCE, v. 2, n. 1, jan. 2011, p. 56-68. Disponível em: <http://www.rbceonline.org.br/revista/index. php/cadernos/article/view/1208/614>. Acesso em: 6 mar. 2014. O artigo apresenta reflexões e possibilidades para o ensino do tchoukball, subsidiado pela perspectiva de “esporte coletivo” proposta no Currículo da rede pública estadual paulista. SILVA, Thatiana Aguiar Freire; ROSE JR., Dante de. Iniciação nas modalidades esportivas coletivas: a importância da dimensão tática. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, São Paulo, ano 4, n. 4, 2005. p. 71-93. Disponível em: <http://www. mackenzie.br/fileadmin/Graduacao/CCBS/ Cursos/Educacao_Fisica/REMEFE -4-42005/art5_edfis4n4.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2013. O artigo discute a iniciação esportiva 24 nas modalidades esportivas coletivas, valorizando a dimensão tática. Sites Atlas do esporte no Brasil. Disponível em: <http://www.atlasesportebrasil.org.br/ textos/85.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2013. Federação Internacional de Tchoukball (FITB). Disponível em: <http://www.tchoukball.org>. Acesso em: 12 nov. 2013. Regras do tchoukball. Disponível em: <http:// sites.amarillasinternet.com/tchoukball/o_jogo_e_ as_regras.html>. Acesso em: 12 nov. 2013. Tchoukball Difusão Brasil. Disponível em: <http://www.tchoukball.amawebs.com>. Acesso em: 12 nov. 2013. Esses sites oferecem algumas informações técnico-táticas e históricas sobre o tchoukball, além de informações sobre competições e outros assuntos. O professor também pode encontrar demonstrações de jogo em sites que disponibilizam vídeos na internet. Educação Física – 2a série – Volume 2 TEMA 2 – CORPO, SAÚDE E BELEZA – FATORES DE RISCO À SAÚDE E DOENÇAS HIPOCINÉTICAS Em uma abordagem mais moderna, a saúde é compreendida como uma condição humana com dimensões física, social e psicológica, caracterizada por um continuum com polos positivo e negativo associados aos aumentos na morbidade e/ou mortalidade das populações. Segundo dados do Ministério da Saúde (2006), as doenças do aparelho circulatório representam a principal causa de mortes para ambos os sexos em todas as regiões do Brasil (com exceção da Norte). Em segundo lugar, nas estatísticas, estão as mortes associadas a causas externas (especialmente acidentes e homicídios), entre os homens, e as neoplasias (câncer), entre as mulheres. As doenças do aparelho circulatório (doenças cardiovasculares) afetam tanto o coração – como na doença arterial coronariana e no infarto –, quanto os vasos sanguíneos, como na aterosclerose, no acidente vascular cere© CoverSpot/Alamy/Glow Images Conhecendo-se as principais causas de mortalidade, é importante identificar os fatores de risco ligados a elas. Conceituados como hábitos ou características pessoais que predispõem ao desenvolvimento de patologias, os fatores de risco podem ser divididos em não modificáveis (hereditariedade, sexo, envelhecimento e etnia) e modificáveis (fumo, álcool, drogas, sedentarismo, estresse e alimentação). Como são controlados pela manutenção ou pela mudança dos hábitos diários, os fatores modificáveis podem ser alvo de campanhas educacionais e de saúde que incentivem a adoção de um estilo de vida saudável. Figura 6 – Caminhar. 25 bral (AVC) ou encefálico (AVE) e na doença vascular periférica. Histórico familiar, gênero e envelhecimento destacam-se como os principais fatores de risco não modificáveis dessas doenças. O tabagismo, o sedentarismo, a dieta inadequada e os altos níveis de estresse são os principais fatores modificáveis. Além desses, doenças como diabetes e obesidade são fatores que contribuem para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, muitas vezes por estarem associadas a baixos níveis de atividade física e dietas inadequadas (ricas em gorduras). Mais importante do que estabelecer quais fatores são mais relevantes no comprometimento cardiovascular é entender como eles contribuem para o problema e estabelecer os cuidados que devem ser tomados para preveni-lo. Quanto aos fatores não modificáveis, é importante que se investigue o histórico familiar. A existência de casos de doenças ou de problemas cardiovasculares na família faz que uma atenção maior seja dedicada aos fatores de risco modificáveis à medida que a idade avança, especialmente entre os homens. O tabagismo, associado a uma alimentação/dieta desequilibrada que favoreça um nível elevado de colesterol sanguíneo, especialmente da lipoproteína de baixa densidade (LDL), além de níveis corporais baixos das vitaminas A, E e C, pode ocasionar lesão na parede das artérias e favorecer o surgimento da aterosclerose (placa de gordura na camada interna das artérias), condição altamente associada ao desenvolvimento das doenças cardiovasculares. Portanto, redução do tabagismo e melhor qualidade na composição da dieta, em particular no que se refere à ingestão de gordura e de vitaminas, exerceriam efeito protetor sobre o surgimento e o agravamento das doenças cardiovasculares. O sedentarismo talvez seja o fator de risco mais prevalente, o que está presente no maior 26 número de casos. Nas pessoas com hábitos sedentários, a aptidão cardiovascular diminui, sobrecarregando o aparelho circulatório durante a realização de atividades físicas. Em contrapartida, o exercício regular aumenta a resistência aeróbia, que promove adaptações nas artérias coronarianas (como aumento de seu diâmetro e diminuição de sua rigidez) e no coração, uma vez que o músculo cardíaco se fortalece. Essas alterações protegem contra distúrbios cardiovasculares. Além disso, pessoas ativas comumente mantêm os outros fatores de risco sob controle (tabagismo, alimentação e estresse). O estresse, por sua vez, diz respeito à maneira pela qual o organismo reage a qualquer estímulo, podendo ser positivo (“eustresse”, quando relacionado a estímulos que promovem adaptações positivas ao organismo, como a atividade física moderada) ou negativo (“distresse”, quando associado a estímulos prejudiciais ao organismo, como a dor). É difícil delimitar a participação do nível de estresse no risco de doenças cardiovasculares, visto que sob situações estressantes muitos indivíduos adotam hábitos pouco saudáveis (comem, fumam e bebem exageradamente, utilizam drogas, exercitam-se menos etc.). Sabe-se, porém, que há forte relação entre maiores níveis de estresse e cardiopatias em indivíduos que apresentam padrões de comportamento associados a ansiedade, agressividade, hostilidade, exigência e competitividade. Para esses indivíduos, tais riscos só poderão ser minimizados se houver mudança na forma de responder às situações de estresse, o que requer alteração de seu estilo de vida. Ao relacionarmos exercícios físicos com estresse, percebemos que as características da atividade geram consequências distintas. Quando o exercício envolve atividade física intensa, prolongada ou repetida, sem um intervalo adequado entre as sessões, o organismo é exposto a uma condição de estresse crônico, favorecendo o desenvolvimento de doenças. Em contrapartida, atividades físicas moderadas e/ou de cunho recreativo, praticadas com regularidade, Educação Física – 2a série – Volume 2 permitem ao organismo recuperar-se adequadamente entre uma sessão e outra, têm efeito tranquilizante associado à sensação de bem-estar, além de reações bioquímicas provocadas pelas endorfinas, que podem ajudar a reduzir os níveis de estresse. © John P. Kelly/The Image Bank/Getty Images sidade, diabetes e hipertensão, referidas como doenças hipocinéticas, o que sugere a adoção de um estilo de vida fisicamente mais ativo como fator de prevenção e promoção/manutenção de um bom estado de saúde. Figura 7 – Pedalar. A adoção de um estilo de vida fisicamente ativo é um fator importante para a manutenção de um bom estado de saúde. Porém, algumas condutas inadequadas ou prejudiciais à saúde podem estar atreladas à prática de exercícios físicos. Por exemplo: a ilusão de obter resultados melhores com maior rapidez compromete os benefícios pretendidos com a atividade física regular; dietas diversas, voltadas principalmente para a redução de peso corporal, e uso de suplementos alimentares, esteroides anabolizantes e outras formas de doping, adotados para potencializar os efeitos do treinamento físico e obter maior rendimento atlético, são igualmente comprometedores. Doenças hipocinéticas: obesidade, hipertensão e outras Conforme ressaltado, o sedentarismo é um dos fatores de risco de maior prevalência (número total de casos) na gênese de patologias que afetam negativamente a saúde, como obe- Manter-se fisicamente ativo implica maior envolvimento com a atividade física, que pode ser definida como qualquer movimento corporal produzido pela musculatura esquelética, que gera um gasto energético superior ao que se despende em repouso. Engloba, portanto, as atividades da vida diária, como tomar banho, vestir-se e comer, as tarefas domésticas, as atividades profissionais, o deslocamento e as atividades de lazer, incluindo exercícios físicos, dança etc. Para que a atividade física possa promover e manter benefícios à saúde, é necessário que se induzam adaptações positivas sobre o estado de aptidão física. Essas adaptações são feitas, sobretudo, pela prática de exercícios físicos, definidos como toda atividade física planejada, estruturada e repetitiva que tem por objetivo a melhoria e a manutenção da aptidão física. De acordo com Nahas (2013), considera-se sedentário o indivíduo que, no somatório das atividades físicas, apresenta um gasto energético semanal inferior a 500 kcal. Já o indivíduo que acumula um gasto energético semanal de pelo menos 1 000 kcal é considerado moderadamente ativo. Níveis moderados de atividade física podem reduzir de forma significativa o risco de doenças hipocinéticas (obesidade, hipertensão e outras). Portanto, identificar o perfil de atividade física de cada indivíduo e sua relação com o atual estado de saúde pode ser uma importante estratégia para a promoção de um estilo de vida fisicamente mais ativo e saudável. Níveis de atividade física e obesidade Atualmente, o aumento excessivo de peso devido ao acúmulo de gordura nas reservas corpo- 27 rais (obesidade) está associado principalmente à combinação de baixos níveis de atividade física com a alta ingestão calórica ou, especificamente, com a alta ingestão de gordura. Ao longo do processo de envelhecimento, é comum observar o aumento da gordura corporal em razão do sedentarismo progressivo. Ex-atletas também estariam propensos ao aumento da gordura corporal em virtude da redução do gasto calórico decorrente da diminuição do nível de atividade física sem a correta adequação na ingestão calórica. A evidente associação entre sedentarismo, alimentação inadequada e maior incidência e prevalência de obesidade torna necessária uma rotina fisicamente mais ativa, paralela a hábitos nutricionais adequados. Dessa forma, é possível prevenir e controlar o aumento do peso corporal e suas consequências negativas para a saúde, que causam maior risco de morbidade. Baixos níveis de atividade física podem contribuir indiretamente para o surgimento de quadros de diabetes associados ao maior acúmulo de gordura corporal e consequente aumento de peso. Mas, quando se pensa no diabetes, combater o sedentarismo é essencial para controlar a doença. O exercício físico, associado ou não a dietas especiais e ao uso de fármacos, como insulina e outros hipoglicemiantes, desempenha importante papel no controle da glicemia (taxa de açúcar no sangue), pois melhora os mecanismos de captação de glicose pelos órgãos, como o fígado e os músculos. Logo, um diabético fisicamente menos ativo pode encontrar maior dificuldade em controlar seus níveis glicêmicos, o que pode agravar a doença e facilitar o aparecimento de complicações agudas ou crônicas, como problemas renais, oculares e vasculares. Níveis de atividade física e hipertensão Participar de programas de exercícios físicos facilita o ajuste entre o gasto energético decorrente das atividades físicas e a ingestão calórica, o que é fundamental no controle da obesidade. Para a elaboração de um programa de exercícios adequado, devem-se considerar as características individuais, como disponibilidade de tempo e preferência motivacional por modalidades diversas (aeróbias e anaeróbias), a fim de serem definidas a intensidade e a duração das atividades. Níveis de atividade física e diabetes O diabetes mellitus é uma doença endócrino-metabólica caracterizada por altos níveis glicêmicos, decorrentes da ausência ou da baixa quantidade de insulina no sangue e/ou da ineficiência na ação da insulina. Atualmente, é uma das patologias mais prevalentes em todo o mundo, associada a altas taxas de morbidade e mortalidade. Quando o controle metabólico não é satisfatório, surgem complicações agudas e crônicas que provocam impactos econômico e social. 28 A hipertensão tem como característica o aumento da pressão sanguínea acima dos níveis considerados normais para cada faixa etária, gênero e estilo de vida. A pressão elevada provoca sobrecarga hemodinâmica, estimulando uma carga adicional no trabalho cardíaco e danos nas paredes internas dos vasos, especialmente nas artérias. Entre adultos, considera-se um indivíduo hipertenso quando sua pressão sanguínea constantemente atinge valores sistólicos acima de 140 mmHg ou valores diastólicos superiores a 90 mmHg. A hipertensão pode provocar diversas complicações vasculares, cardíacas, renais e cerebrais. Comparados a pessoas com pressão arterial normal, os hipertensos correm um risco sete vezes maior de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) e três vezes maior de ter infarto do miocárdio. Uma das consequências do baixo nível de atividade física é uma menor capacidade cardiovascular, o que pode sobrecarregar o sistema cardiocirculatório. Associados a fatores genéticos e nutricionais, o aumento de peso e © Ted Levine/Cusp/Corbis/Latinstock Educação Física – 2a série – Volume 2 Figura 8 – Alongar. o nível elevado de estresse podem predispor ao desenvolvimento da hipertensão. Em contraposição, alguns estudos têm demonstrado que a prática regular de exercícios de baixa a moderada intensidade e de longa duração age positivamente sobre a pressão sanguínea, diminuindo o risco de ocorrência de hipertensão. A Educação Física escolar tem papel fundamental na geração de hábitos que levem os alunos a adquirir um estilo de vida mais ativo e saudável. Ao se tornarem conscientes dos problemas causados por uma vida sedentária, eles podem incluir a atividade física em suas vidas. A discussão desse tema no ambiente de aula pode contribuir também para que os alunos sejam mais críticos em relação aos apelos das mídias quanto à ingestão de substâncias que provocam ganho de massa muscular ou redução de peso. Possibilidades interdisciplinares Professor, o tema Corpo, saúde e beleza – Fatores de risco à saúde e doenças hipocinéticas poderá ser desenvolvido de modo integrado com outras disciplinas, como Biologia e Geografia, uma vez que envolvem conteúdos relacionados a indicadores socioeconômicos e a taxas de mortalidade/morbidade. Converse com os professores responsáveis por essas disciplinas em sua escola. Essa iniciativa facilitará a compreensão dos conteúdos pelos alunos de forma mais global e integrada. SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 3 AVALIANDO RISCOS O objetivo desta Situação de Aprendizagem é o de estimular os alunos a realizar uma autoavaliação de seus hábitos de vida quanto aos fatores de risco que predispõem a doenças hipocinéticas. A princípio, eles farão um diagnóstico pessoal sobre as condições de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e hipocinéticas. Posteriormente, realizarão uma discussão sobre possíveis estratégias e mudanças em seus hábitos de vida para minimizar os fatores de risco, com destaque para a importância da prática de atividades físicas e de exercícios regulares adequados a cada um. 29 Conteúdo e temas: fatores de risco à saúde e doenças hipocinéticas; atividade física, sedentarismo e estado de saúde; fatores de risco associados à prática de exercícios físicos: dietas e suplementos alimentares, esteroides anabolizantes e doping. Competências e habilidades: identificar e reconhecer em seus próprios hábitos de vida os fatores de risco para as doenças hipocinéticas; identificar a relação entre baixos níveis de atividade física e doenças hipocinéticas; identificar os riscos à saúde relacionados a dietas, consumo de suplementos alimentares, uso de esteroides anabolizantes e outras formas de doping, em associação à prática de exercícios físicos; construir argumentação consistente e coerente na autoavaliação dos próprios hábitos de vida. Sugestão de recursos: balança antropométrica, fita métrica. Etapa 1 – Histórico familiar Após explicar o que são doenças cardiovasculares e hipocinéticas, oriente os alunos na aplicação de um questionário junto a seus familiares (pais, avós e tios), cujo objetivo é identificar se há, no histórico familiar, patologias que se encaixem nas duas categorias dessas doenças. O questionário deverá indagar sobre os seguintes problemas de saúde: diabetes, obesidade, colesterol elevado, pressão alta, acidente vascular cerebral (AVC), cardiopatias e outros problemas circulatórios. Os problemas relatados devem ser registrados, informando quais membros da família os apresentam ou já os apresentaram. Professor, faça uma reflexão com os alunos sobre as questões apresentadas na seção “Para começo de conversa”, no Caderno do Aluno. Você já ouviu falar dos efeitos nocivos da má alimentação e do sedentarismo? No ranking de mortalidade, as doenças cardiovasculares, para ambos os sexos, aparecem em primeiro lugar, seguidas de acidentes e homicídios, para homens, e câncer, para mulheres. 30 As doenças apresentam fatores de risco, ou seja, você está mais propenso a desenvolvê-las quanto mais desses fatores agrega. Há fatores de risco modificáveis (fumo, drogas, sedentarismo, alimentação, álcool e estresse) e não modificáveis (hereditariedade, envelhecimento, sexo e etnia). Você já conhece os benefícios do exercício físico para o controle da obesidade. Neste Caderno, vai saber um pouco mais sobre os benefícios do exercício físico para o controle da hipertensão arterial, do diabetes mellitus e dos níveis elevados de colesterol, uma vez que essas doenças têm maior prevalência sobre sedentários e, por isso, são chamadas de doenças hipocinéticas. © John Bavosi/SPL/Latinstock Desenvolvimento da Situação de Aprendizagem 3 Coração, veias e artérias. Educação Física – 2a série – Volume 2 Antes, verifique se você conhece o assunto que vamos tratar. Discuta com seus colegas as seguintes questões: 1. Você conhece pessoas com alguma dessas doenças? Resposta pessoal. 2. Que tipo de hábitos alimentares e de atividade física essas pessoas adotam? Infere-se que sejam sedentárias e que adotem hábitos alimentares inadequados. 3. O hipertenso, o diabético e/ou alguém com taxas elevadas de colesterol devem evitar que tipo de alimento? ansiedade e/ou irritabilidade constante; se costumam fazer exercícios regularmente etc. Solicite aos alunos, após os devidos esclarecimentos e orientações, que preencham o “Questionário de atividades físicas habituais” (cf. NAHAS, 2013), de modo a obter informações sobre quão fisicamente ativos eles se encontram. Professor, solicite aos alunos que circulem os pontos correspondentes a cada atividade respondida com SIM na seção “Pesquisa individual”, no Caderno do Aluno. Sal, açúcar e gordura animal, respectivamente. Alerta vermelho 4. Quais práticas podem ser adotadas para a promoção de saúde dessas pessoas? Exercício físico e controle alimentar. Etapa 2 – Alerta vermelho Solicite aos alunos que façam uma autoavaliação dos fatores de risco modificáveis relacionados às doenças cardiovasculares e hipocinéticas a que estão expostos em suas vidas cotidianas: fumo, álcool, drogas, sedentarismo, estresse e alimentação. Para identificar os fatores de risco, algumas questões podem ser feitas aos alunos: se fumam ou consomem álcool e com que frequência; qual o número de refeições diárias; se apresentam Na tabela a seguir você encontrará, na coluna da esquerda, afirmações sobre atividades diárias, e, na coluna da direita, os pontos correspondentes a cada atividade. Quais atividades fazem parte da sua vida diária? Para cada afirmação confirmada, assinale os pontos correspondentes na coluna da direita. Some os pontos e registre-os na linha abaixo da tabela, na página seguinte. O seu nível de atividade depende da soma total dos pontos. Recomenda-se que as pessoas procurem conquistar entre 12 e 20 pontos (moderadamente ativo) para estarem em uma faixa satisfatória de atividade física. Após completar a tabela, você encontrará um espaço para indicar sua classificação. 31 Questionário de Atividades Físicas Habituais1 Atividades ocupacionais diárias Pontos 1. Eu geralmente vou e volto do trabalho (ou escola) caminhando ou de bicicleta (ao menos 800 metros cada percurso) 3 2. Eu geralmente uso as escadas ao invés do elevador 1 3. Minhas atividades diárias podem ser descritas como: a) Passo a maior parte do tempo sentado e, quando muito, caminho distâncias curtas 0 b) Na maior parte do dia realizo atividades físicas moderadas, como caminhar rápido ou executar tarefas manuais 4 c) Diariamente realizo atividades físicas intensas (trabalho pesado) 9 Atividades de lazer Pontos 4. Meu lazer inclui atividades físicas leves, como passear de bicicleta ou caminhar (duas ou mais vezes por semana) 2 5. Ao menos uma vez por semana participo de algum tipo de dança 2 1 3 2 4 6. Quando sob tensão, faço exercícios para relaxar 7. Ao menos duas vezes por semana faço ginástica localizada 8. Participo de aulas de ioga ou tai-chi-chuan regularmente 9. Faço musculação duas ou mais vezes por semana 10. Jogo tênis, basquete, futebol ou outro esporte recreacional, 30 minutos ou mais por jogo: a) uma vez por semana 2 b) duas vezes por semana 4 c) três ou mais vezes por semana 7 11. Participo de exercícios aeróbicos fortes (correr, pedalar, remar ou nadar) 20 minutos ou mais por sessão: a) uma vez por semana 3 b) duas vezes por semana 6 10 c) três ou mais vezes por semana Total de pontos: ___________________________ . 1 Desenvolvido originalmente por Russel R. Pate (University of South Carolina, EUA). Traduzido e modificado por Markus Vinícius Nahas (NuPAF/UFSC) para uso educacional, servindo como estimativa do nível de atividade física habitual de adolescentes e adultos jovens. Essa versão do instrumento mostrou-se prática e fidedigna entre adolescentes e universitários. A soma dos pontos é uma unidade arbitrária. Fonte: NAHAS, Markus Vinícius. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. 6. ed. Londrina: Midiograf, 2013. p. 55. 32 Educação Física – 2a série – Volume 2 Agora confira a sua classificação. Se o resultado estiver entre: 21 ou mais pontos, sua classificação é: muito ativo. 0 e 5 pontos, sua classificação é: inativo. Se você alcançou menos de 12 pontos, o que pode fazer para reverter essa situação? Discuta com seus colegas e registre aqui algumas ideias. 6 e 11 pontos, sua classificação é: pouco ativo. 12 e 20 pontos, sua classificação é: moderadamente ativo. Esta atividade de caráter diagnóstico destina-se a obter a classificação do nível de atividade física do aluno. Observação: a seguir, no item “Você sabia?”, você encontrará informações sobre os níveis de atividade física e sua relação com hipertensão arterial, colesterol e diabetes mellitus. Professor, faça uma reflexão com os alunos sobre as considerações apresenta- das na seção “Você sabia?”, no Caderno do Aluno. Você sabia? Hipertensão arterial Dizemos que uma pessoa é hipertensa quando sua pressão arterial está acima de 140 mmHg × 90 mmHg (milímetros de mercúrio). Mas atenção! Essa referência é para pessoas com idade superior a 18 anos e deve se repetir por, pelo menos, três vezes consecutivas. Fumo, álcool, café, estresse e drogas podem ocasionar elevações da pressão arterial. © Ragnar Schmuck/Cusp/Corbis/Latinstock A maioria das pessoas nem sabe que é hipertensa; por isso, fique atento se alguém que você conhece apresentar os seguintes sintomas: forte dor de cabeça, tontura, visão turva, dor no peito, ansiedade e sensação de mal-estar, pois essa pessoa pode estar sofrendo uma crise hipertensiva. Negros, obesos e idosos são considerados grupos de risco para hipertensão arterial. Crises hipertensivas podem levar ao infarto e ao acidente vascular cerebral. Mas há tratamento e, por meio de medicação, também se pode levar uma “vida normal”. Diminuição da ingestão de sal, emagrecimento (se for obeso, ou estiver com sobrepeso) e exercícios físicos são essenciais para o sucesso desse tipo de tratamento. Aferição de pressão arterial. 33 O sedentarismo também é fator de risco para hipertensão: uma pessoa inativa tem menor resistência e, consequentemente, menor capacidade cardiorrespiratória. Um dos efeitos fisiológicos do exercício físico (especialmente os aeróbios, de longa duração e de baixa intensidade) é o efeito hipotensor (que diminui a pressão). Estudos mostram que, ao final do exercício, a pressão é menor do que antes de seu início. Portanto, invista na prevenção e pratique exercícios. Colesterol Você já deve ter ouvido alguém dizer que está com o “colesterol alto”. Esse diagnóstico, em geral, está relacionado ao risco de doenças cardíacas. Mas o que isso significa? Colesterol é uma doença? Não. Colesterol é uma substância (esterol) encontrada no organismo. Foi identificado, pela primeira vez, em pedras da vesícula biliar, por isso recebeu esse nome, já que chole, em grego, significa bile. É comum ouvir que o colesterol faz mal, mas isso só é verdade se estiver em excesso (hipercolesterolemia), pois ele cumpre outras funções no organismo, como auxiliar na formação das membranas celulares, na síntese de vitamina D e de vários hormônios, entre outras. O colesterol não é solúvel em água e, como é transportado pelo plasma sanguíneo (que contém água), precisa se ligar às lipoproteínas (hidrossolúveis) para “transitar” pelo corpo e cumprir suas funções. Existem várias lipoproteínas, mas duas delas, especialmente, estão relacionadas ao diagnóstico da hipercolesterolemia, uma vez que sua presença indica a existência de colesterol no sangue: LDL e HDL. Essas siglas estão em inglês, e as lipoproteínas são classificadas de acordo com a sua densidade, portanto, LDL é a lipoproteína de baixa densidade (Low Density Lipoprotein), conhecida como colesterol ruim, e HDL, a lipoproteína de alta densidade (High Density Lipoprotein), conhecida como colesterol bom. © Photo Researchers Inc/Getty Images Por que essa classificação em bom e ruim? Porque a LDL em excesso tende a se depositar nas paredes das artérias, obstruindo-as. Observe a imagem a seguir. Nela podemos ver o colesterol (amarelo) depositado na parede da artéria. Esse é o início da aterosclerose. Artéria com depósito de colesterol. 34 Educação Física – 2a série – Volume 2 E qual será a função da HDL? Remover a LDL, e por isso é chamada de colesterol bom. E de que maneira podemos diminuir o colesterol ruim e aumentar o bom? Nós produzimos a maior parte do colesterol, embora uma parcela (LDL) provenha da alimentação. Você é daqueles que come a gordura da picanha e a pele do frango, não dispensa uma linguicinha, ovos com bacon e adora um queijo amarelo? Pois é, o colesterol ruim está na gordura animal, ou seja, em carnes gordurosas, derivados de leite integral e ovos. Diminua a ingestão desse tipo de alimento e fique atento às dicas de nutrição nos Cadernos de Educação Física. © Dana Hoff/StockFood Creative/Getty Images © Ian O’Leary/Dorling Kindersley/Getty Images E como podemos elevar os níveis de HDL, o colesterol bom? Você já deve estar imaginando... Do mesmo modo que mantemos os níveis saudáveis de pressão arterial, diminuímos o estresse, controlamos o peso e também controlamos (agora você já sabe) os níveis de colesterol: com exercício físico. Para finalizar a coleção dos benefícios da prática de atividades físicas, você vai ver que elas são recomendadas também para os diabéticos. Comidas ricas em gordura saturada. Diabetes mellitus Quando alguém está com o açúcar no sangue constantemente alto ou com hiperglicemia, significa que essa pessoa tem diabetes. Há dois tipos de diabetes: tipo I, também conhecido por diabetes infantojuvenil, e tipo II, o diabetes da fase adulta. No tipo I, ocorre destruição das células que produzem a insulina (hormônio que regula o metabolismo dos açúcares), ou seja, o pâncreas não produz mais insulina ou o faz de forma insuficiente. No tipo II, a insulina é produzida, mas a sensibilidade celular para ela é baixa, ou seja, o organismo vai se tornando, aos poucos, resistente à insulina. O tipo II é o mais comum, e os fatores de risco no decorrer da vida são o sobrepeso e o sedentarismo. Os sinais de alerta para diabetes são: f sensação frequente de sede; f cansaço e fraqueza; f apetite alterado, ora faminto, ora sem fome; 35 f dor de cabeça frequente; f vertigens (ocasionais); f necessidade constante de urinar. O risco de doenças como acidente vascular cerebral, distúrbios renais, cegueira e problemas cardíacos é maior para os diabéticos. Como saber se a pessoa tem ou não diabetes? Além dos sintomas clínicos, avaliados por um profissional, é necessário mensurar o nível de glicemia; para isso, basta uma gotinha de sangue. Agora, já pensou não poder comer um docinho? Aí é que está: o tratamento inclui dieta – especialmente a diminuição do consumo de açúcares, o que, em geral, representa um transtorno para o portador (sobretudo para as crianças) – e exercício físico. Este auxilia no controle da glicemia (taxa de açúcar no sangue), uma vez que os mecanismos de captação de glicose pelos órgãos e músculos se tornam mais eficientes com a prática contínua de atividades. Portanto, quanto menos ativo, menor a captação de glicose e maior a chance de agravar a doença. © David Hay Jones/SPL/Latinstock Se houver histórico de diabetes na família, é importante: manter o peso na faixa recomendada, não fumar (isso é recomendado para todas as pessoas), praticar exercícios físicos e manter a pressão arterial sob controle. © Conexão Editorial Teste para mensurar o nível de glicemia. Etapa 3 – Meu IMC Figura 9 – Medida de circunferência da cintura. 36 Solicite aos alunos que registrem previamente seu peso corporal (em quilogramas), medido em balanças de farmácia ou na própria escola, caso esteja disponível uma balança antropométrica, e sua altura (em metros), para calcular seu Índice de Massa Corpórea – IMC (peso dividido pela altura ao quadrado). É recomendável fazer o cálculo no dia da aula, pois alguns alunos podem não Educação Física – 2a série – Volume 2 se lembrar da fórmula. Com os alunos munidos de algumas fitas métricas previamente solicitadas, oriente-os a realizar a medida de circunferência da cintura, atentando para o local e o posicionamento adequados da fita durante o cálculo da medida (menor perímetro logo abaixo da última costela). Professor, solicite aos alunos que assinalem as alternativas corretas nas questões apresentadas na seção “Você aprendeu?”, no Caderno do Aluno. Neste Caderno, você viu os fatores de risco para doenças hipocinéticas, e também que a adoção de hábitos saudáveis pode evitar o desencadeamento dessas doenças. Aproveite para verificar o que você aprendeu, escolhendo a alternativa correta nas questões a seguir. 1. É considerado o principal fator de risco modificável para a hipertensão arterial: a) b) c) d) o consumo de açúcar. ser negro, obeso ou idoso. o sedentarismo. a ingestão de glúten. 2. A lipoproteína, cujos níveis aumentam com o exercício físico, contribuindo para o fluxo livre do sangue nas artérias, é: a) b) c) d) o colesterol. a HDL. a insulina. a LDL. 3. Complete a frase a seguir com uma das alternativas. Quanto mais inativo eu sou... a) mais descansado eu fico. b) mais forte fica meu coração, pois é poupado. c) mais propenso fico a desenvolver doenças hipocinéticas. d) menos propenso fico a desenvolver doenças hipocinéticas. 4. Os alimentos que podem elevar as taxas de colesterol são ricos em: a) óleos vegetais, como de milho e canola. b) açúcares (carboidratos simples e complexos). c) farinhas refinadas e fibras. d) gordura animal. Etapa 4 – Meu perfil Para evitar constrangimentos, recomenda-se que cada aluno mantenha sigilo a respeito de seus próprios dados. Informe-os que valores de IMC iguais ou superiores a 27 kg/m 2 e valores de circunferência de cintura iguais ou superiores a 102 e 88 cm (padrão de distribuição de gordura central para homens e mulheres, respectivamente) estão relacionados a um maior risco para desenvolver doenças cardiovasculares, diabetes e certos tipos de câncer. Reitere para eles que, mesmo não apresentando os valores anteriormente mencionados, a presença de outros fatores, em especial sedentarismo, alimentação inadequada e histórico familiar de obesidade, aumenta o risco de desenvolver patologias. A seguir, proponha uma discussão sobre possíveis estratégias de mudanças nos hábitos de vida que poderiam ser adotadas para minimizar os fatores de risco. Destaque a importância de atividades físicas e exercícios regulares e adequados a cada um. Alerte, porém, os alunos para os riscos à saúde de condutas frequentemente associadas à prática de exercícios físicos que visam a acelerar ou a potencializar seus efeitos, como prática de dietas para fins diversos (aumento, manutenção ou redução do peso) e uso de suplementos alimentares, esteroides anabolizantes e outras formas de doping. 37 Professor, solicite aos alunos que completem a tabela e, depois, respondam às questões apresentadas na seção “Lição de casa”, no Caderno do Aluno. Meu perfil Os fatores de risco à saúde referem-se tanto aos hábitos como à hereditariedade. Na coluna da direita da tabela a seguir, você encontrará os fatores de risco relacionados aos hábitos e, na coluna da esquerda, os fatores de risco relacionados à hereditariedade. Pergunte a alguém mais velho da sua família (pai, mãe, tios ou avós) se eles têm conhecimento da ocorrência de alguma dessas doenças entre seus parentes. Para completar a tabela, você precisará do seu Índice de Massa Corporal (IMC) [peso/altura2] e da medida da circunferência da sua cintura. Essas duas medidas serão realizadas em aula. Você também precisará do resultado da pesquisa que fez para identificar quão ativo está. Cumpridas as etapas solicitadas, responda às perguntas que aparecem após a tabela. Se a sua tabela ficar em branco, não se preocupe. Isso é sinal de que você tem poucos fatores de risco à saúde ou nenhum. Ficha pessoal de fatores de risco à saúde Doenças hipocinéticas na família Diabetes ( ) Obesidade ( ) Colesterol elevado ( ) Pressão alta ( ) Acidente vascular cerebral ( ) Doenças do coração ( ) Outras doenças circulatórias ( ) IMC (em kg/m2) Fatores de risco na vida cotidiana Tabagismo ( ) Alcoolismo ( ) Sedentarismo ( ) Estresse ( ) Alimentação inadequada ( ) Outros ( ) Circunferência da cintura (em cm) Superior a 102 para o sexo masculino ( ) Superior a 88 para o sexo feminino ( ) Igual ou superior a 27 ( ) Atividades físicas habituais Inativo ( ) Pouco ativo ( ) 1. Quais fatores de risco estão sujeitos a algum tipo de controle, os hereditários ou os da vida cotidiana (hábitos)? Vida cotidiana (modificáveis). 2. Quais estratégias podem ser adotadas para o controle desses fatores de risco? Espera-se que o aluno perceba a possibilidade de atuar sobre os fatores de risco modificáveis e proponha estratégias, como a prática de exercícios físicos, a adoção de alimentação saudável etc. 38 Educação Física – 2a série – Volume 2 ATIVIDADE AVALIADORA Solicite aos alunos a redação de um texto autoavaliativo sobre os fatores de risco à saúde a que estão expostos, seguido de considerações sobre as possibilidades de alterar, ou manter, seus hábitos de vida, de modo a minimizar os fatores de risco e aumentar a prática de atividades físicas e exercícios. Verifique se os alunos selecionam, relacionam e interpretam de modo adequado as informações apresentadas no desenvolvimento do tema, elaborando argumentação consistente e coerente acerca de seus próprios hábitos de vida. Professor, nesse momento, faça uma reflexão com os alunos sobre as considerações apresentadas nas seções “Aprendendo a aprender”, “Para refletir”, “Tome nota!” e “Curiosidade”, no Caderno do Aluno. Coma menos açúcar Você gosta de doces? É provável que sua resposta tenha sido “sim”. E você sabe de onde vem o açúcar branco que usamos para adoçar os alimentos? O açúcar branco, também chamado de açúcar refinado, açúcar de mesa ou sacarose, pode vir da cana-de-açúcar ou da beterraba. Como no Brasil a cana-de-açúcar é plantada em grande quantidade, é dela que retiramos o açúcar. Cana-de-açúcar. © Nigel Cattlin/Alamy/Glow Images © Florian Werner/Look-foto/Latinstock O açúcar faz parte de um grupo de alimentos que chamamos de carboidratos. Esse grupo fornece a maior parte da energia de que nosso corpo precisa. Mas cuidado! O açúcar branco nos dá energia (combustível), mas não tem valor nutritivo. E isso acontece com todos os alimentos que têm sabor doce? Beterraba. Não é bem assim. Podemos encontrar na natureza um açúcar diferente e mais saudável, a frutose. Adivinhe onde nós a encontramos? Exatamente, nas frutas! 39 © Stefan Kolumban/Pulsar Imagens Frutas. Ao contrário do que ocorre com o açúcar branco, quando comemos uma fruta estamos recebendo energia e outros nutrientes importantes: as fibras (que fazem nosso intestino funcionar), as vitaminas e os minerais (que ajudam nosso organismo a combater doenças e a funcionar bem). Por esse motivo, as frutas são consideradas excelentes alimentos. Então, o açúcar branco faz mal à saúde? Quando o ingerimos em grande quantidade, sim. O açúcar é uma fonte muito grande de energia. Assim, se todo esse combustível não for consumido, ele será armazenado, gerando aumento de peso. Além disso, o açúcar branco causa problemas em nossos dentes, como as cáries, e diminui o apetite por alimentos mais saudáveis. Por dia, devemos comer, no máximo, uma porção de açúcar ou doces, ou seja, uma colher de sopa de açúcar. Alimentos doces mais saudáveis f f f f f f f f f f 40 Frutas frescas e secas. Frutas em compotas. Gelatina com frutas picadas. Sorvete de frutas e sorvete de iogurte. Sucos naturais e água de coco. Bolachas sem recheio. Barras de cereais. Cereais matinais (flocos de aveia e granola). Iogurtes. Bolos sem cobertura e recheio. Alimentos doces menos saudáveis f f f f f f f f f f Doces cristalizados e pipoca doce. Balas, pirulitos, confeitos e chicletes. Gelatina com leite condensado e cremes. Sorvetes comuns. Refrigerantes e sucos artificiais. Bolachas recheadas. Chocolates e bombons. Cereais muito açucarados. Leite condensado e creme chantili. Tortas e bolos com coberturas e recheios. Educação Física – 2a série – Volume 2 Para refletir f Quantos doces você já comeu hoje? E nesta semana? f Você prefere doces de frutas ou doces com açúcar branco? Tome nota! Agora você deve saber que: f devemos comer menos açúcar branco, pois ele pode provocar cáries e aumentar nosso peso; f o açúcar branco não tem nutriente nenhum, somente energia; f as frutas também são doces e dão ao nosso corpo, além de energia, vários nutrientes importantes, como vitaminas e minerais; f os doces que têm muito açúcar branco tiram o apetite por alimentos mais saudáveis. Curiosidade © Studio Bonisolli/Stockfood/Latinstock © Envision/Corbis/Latinstock Você sabia que uma colher de sopa de açúcar branco tem aproximadamente o mesmo valor energético que uma laranja? 41 PROPOSTA DE SITUAÇÕES DE RECUPERAÇÃO Durante o percurso pelas várias etapas da Situação de Aprendizagem, alguns alunos poderão não apreender os conteúdos da forma esperada. Faz-se então necessário criar outras Situações de Aprendizagem em que tais questões possam ser retomadas. Essas situações devem ser, de preferência, diferentes daquelas que geraram dificuldades para os alunos. Tais estratégias podem ser desenvolvidas durante as aulas ou em outros momentos, e podem envolver todos os alunos ou apenas aqueles que apresentaram dificuldades. Por exemplo, com base nas informações apresentadas ao longo das etapas, solicite aos alunos que entrevistem os professores da escola, procurando identificar algumas situações de risco à saúde e sugerindo algumas ações para alterar seus hábitos de vida, de modo a minimizar os fatores de risco e aumentar a prática de atividades físicas/exercícios. Oriente os alunos na interpretação dos dados coletados. Professor, solicite aos alunos que encontrem as palavras presentes na seção “Desafio!”, no Caderno do Aluno. Desafio! Encontre no diagrama 10 palavras que se referem ao tema “Corpo, saúde e beleza”. As palavras podem estar invertidas, na diagonal, na vertical ou na horizontal. Ao encontrar a palavra no quadro, risque-a da lista a seguir: Colesterol Diabetes Doença Estresse Hipertensão X A A R A U S A R I S M O Z X C Q A R J H L W U I K Y A B C O L E E R O P W S O B I R B R X A W H B X A H U Z M U D Ç T P V T C H A L R S F E S S E R T S E N A I G D I N Ç J Y N U I S X P Ç A Ç N E O D Z E A X T T L F G Z Ç A G H X P A H C L E Z X H Y U K E Q I T O J P B N M G V J J D V W B N G K H U R W E I Y I P O Z R S A S P C D N O F R T Y U I O Ç W A B N E Ç O V H G E D I A B E T E A Y B L P I O W R T L X N V I W O R G T O T I Q W E T U M Ç Ç B R Z B I E I R S à O T R E E R U Y I S P S E X I T E N S V P L B S G L J S S A A V Z Q R U T H 42 E D E N T V A R F P Hipocinéticas Obesidade Saúde Sedentarismo Tabagismo A A Ç N D X O Q P M F I T H J Educação Física – 2a série – Volume 2 RECURSOS PARA AMPLIAR A PERSPECTIVA DO PROFESSOR E DO ALUNO PARA A COMPREENSÃO DO TEMA Livros NAHAS, Markus Vinícius. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. 6. ed. Londrina: Midiograf, 2013. Trata de aspectos que contribuem para a qualidade de vida individual e coletiva, com base na relação entre atividade física, aptidão física e saúde, informando sobre fatores de risco à saúde. Fornece também instrumentos que podem ser reproduzidos e adotados para fins educacionais ou de pesquisa e que permitem levantar informações sobre condições de risco para o desenvolvimento de doenças ou agravos à saúde. NIEMAN, David C. Exercício e saúde: como se prevenir de doenças usando o exercício como seu medicamento. São Paulo: Manole, 1999. Trata de diversas patologias, indicando os fatores de risco envolvidos em seu desenvolvimento, em especial quanto aos níveis de atividade física, além de abordar aspectos referentes às características do exercício físico para prevenção, controle e/ou tratamento específicos para cada patologia. Periódicos Cadernos de Saúde Pública. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz. Disponível em: <http://www4. ensp.fiocruz.br/csp/>. Acesso em: 12 nov. 2013. Revista de Saúde Pública. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública – USP. Disponível em: <http://www.rsp.fsp.usp.br/mensagem/pub/bem vindo.php?tipo=0>. Acesso em: 12 nov. 2013. Apresentam vários artigos que abordam a relação entre diversos fatores de risco e doenças de grande prevalência no Brasil, considerando características regionais, associadas ao sexo e a diferentes faixas etárias. Sites Ministério da Saúde. Disponível em: <http:// portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/>. Acesso em: 12 nov. 2013. Fornece informações atualizadas sobre taxas de mortalidade e de prevalência relacionadas a causas diversas, segundo características regionais, relativas ao sexo ou a diferentes faixas etárias. Saúde em movimento. Disponível em: <http://www.saudeemmovimento.com.br/ saude/avaliation_fisica_i.htm>. Acesso em: 12 nov. 2013. Há um campo a ser preenchido para estimativa do gasto energético diário total por meio de informações detalhadas sobre as atividades físicas realizadas ao longo do dia, além do tempo despendido com o sono. 43 TEMA 3 – MÍDIAS – A TRANSFORMAÇÃO DO ESPORTE O esporte, atualmente, faz parte de uma vasta indústria do entretenimento/lazer, com grande impacto econômico, e transformou-se em um negócio com profundas implicações ideológicas, políticas e pedagógicas. Estima-se que a chamada “indústria esportiva” movimente em torno de US$ 1 bilhão por dia em todo o mundo. As mídias, com destaque para a televisão, desempenham papel decisivo nesse processo, cujo início coincide com a constatação da capacidade que tem o esporte de atrair espectadores. A partir do momento em que alguém se dispôs a pagar para assistir a um evento esportivo, abriu-se caminho para o financiamento do esporte profissional. Já no século XIX surgiram na Inglaterra os “espectadores-apostadores”, que faziam apostas nas lutas de boxe e nas corridas de rua. O espectador fiel a um dos competidores apareceu no início do século XX: trata-se do “torcedor”. A partir da década de 1960, com a popularização da televisão e o início das transmissões ao vivo de eventos esportivos (e os sistemas de © Felix Wirth/Solus-Veer/Corbis/Latinstock EM ESPETÁCULO TELEVISIVO Figura 10 – Telespectadores esportivos. satélite garantem que imagens e sons alcancem, simultaneamente, todo o planeta), o esporte transformou-se em um “telespetáculo”, ou seja, uma “[...] realidade textual relativamente autônoma face à prática ‘real’ do esporte, construída pela codificação e mediação dos eventos esportivos efetuados pelo enquadramento das câmaras televisivas, a edição das imagens e os comentários que se acrescentam a elas, que interpretam para o espectador o que ele está vendo [...]” (BETTI, 2001b, p. 126). “‘São apenas negócios’, conclui sobre o esporte um personagem do filme estrelado por Bruce Willis, The last boy scout (traduzido no Brasil por O último boy scout), um ex-atleta retirado dos campos de futebol americano por causa de uma lesão nos joelhos. O esporte espetáculo é trabalho e show; o atleta é um trabalhador e artista, sujeito a doenças ocupacionais e desemprego, como qualquer outro. Embora o esporte seja temática cada vez mais frequente nos filmes de Hollywood, o espetáculo esportivo é basicamente televisivo, assemelha-se mais a uma novela do que ao cinema ou teatro, com a vantagem, para a mídia eletrônica, de encontrar o cenário pronto, os atores ou atrizes contratados, o script esboçado; quer dizer, parte da conta já paga. O esporte é, cada vez mais, uma matéria para ‘marketeiros’, empresários, executivos das grandes redes de televisão.” Fonte: BETTI, Mauro. Educação física e sociologia: novas e velhas questões no contexto brasileiro. In: CARVALHO, Yara Maria de; RUBIO, Katia (Org.). Educação física e ciências humanas. São Paulo: Hucitec, 2001. p. 160. 44 Educação Física – 2a série – Volume 2 É esse texto audiovisual o produto vendido pelas mídias: o espetáculo esportivo em si e a “falação” (ECO, 1984, p. 220) sobre ele. Fala-se sobre tudo e sobre todos nos programas e noticiários esportivos, nas matérias jornalísticas e colunas de opinião dos jornais e revistas especializados e nas entrevistas com atletas. Além disso, o esporte é amplamente explorado pela publicidade, que vende não só os materiais esportivos propriamente ditos (bolas, vestimentas etc.), mas também serviços bancários e alimentos, associando-os a qualidades do esporte, como velocidade e energia. É importante compreender que o interesse das mídias pelo esporte não se fundamenta no interesse de estimular a prática esportiva, mas de vender a si próprias. Por sua vez, o esporte profissional tornou-se cada vez mais dependente da televisão, pois ela viabiliza os patrocinadores que financiam eventos, clubes e atletas, enquanto as mídias dependem do esporte para atrair e formar aficionados que consumam seus produtos. Essa lógica da espetacularização, ligada aos interesses econômicos das grandes empresas midiáticas e às possibilidades tecnológicas de produção e emissão de imagens, tem consequências importantes para o modo como entendemos, apreciamos e praticamos o esporte. Em primeiro lugar, destaca-se a fragmentação/descontextualização do fenômeno esportivo, quando eventos e fatos são extraídos do contexto mais amplo. A experiência global de quem pratica esporte é desconsiderada, pois esporte não é só vitória a qualquer custo, ganhar dinheiro e troféus, mas também sociabilização no confronto com outrem, prazer e ludicidade, vivências que não são privilegiadas pelas mídias. Já as manifestações de violência (quer da torcida, quer dos atletas), às vezes presentes em eventos esportivos, são objeto de destaque nas mídias, como cenas de brigas nos estádios de futebol, seja entre jo- gadores, seja entre torcidas rivais, que correm todo o mundo, induzindo-nos a acreditar que o futebol é um esporte violento. Em segundo lugar, constata-se que assistir a esportes pela televisão torna-se diferente da experiência de assistir aos eventos ao vivo, em estádios e ginásios, pois o que vemos na “telinha” é produto do olhar direcionado das câmeras, da opinião do comentarista, dos recursos tecnológicos, como a “câmera-lenta” e o “tira-teima”. A televisão tenta diminuir a distância entre essas duas experiências por intermédio de informações suplementares (closes, câmaras dispostas em diversos ângulos, microfones que captam sons no campo e na torcida etc.), dando ao telespectador “a ilusão de estar em contato perceptivo direto com a realidade, como se estivesse olhando através de uma ‘janela de vidro’”, quando aquele, na verdade, aprecia uma interpretação do evento esportivo, mediada pelos códigos e interesses televisivos (BETTI, 1998, p. 34). Há muitas diferenças na experiência de assistir ao esporte como testemunha corporalmente presente nos estádios e ginásios, de um lado, e pela televisão, de outro. Entre elas está a perda da autonomia visual do telespectador, que só pode ver o que lhe é mostrado. Nos esportes coletivos, por exemplo, na maior parte do tempo a câmera apenas segue a bola, prejudicando a visão mais global do evento. O telespectador também é privado da experiência do coletivo, pois, para quem está em um estádio de futebol, por exemplo, as manifestações da torcida afetam a avaliação da partida. Em terceiro lugar, observa-se que as mídias produzem um discurso hegemônico sobre o esporte. Para elas, esporte é predominantemente esforço máximo, busca da vitória a qualquer preço, dinheiro, campeões. Pouco espaço e tempo são dedicados, nos jornais, revistas, sites e emissoras de televisão, para abordagem das potencialidades do 45 esporte em promover valores ligados à saúde, ao lazer e à educação. Tudo isso leva também a implicações éticas, na medida em que as mídias passam a definir valores com relação ao esporte: o que é certo ou errado, legítimo ou ilegítimo. Muitas vezes, isso se processa em termos de dubiedade moral: por exemplo, uma falta violenta no futebol ora é apontada como ameaça ao espetáculo, ora como demonstração de eficiência do “zagueiro macho”. Por isso, a Educação Física, como disciplina escolar, precisa apostar no desenvolvimento da capacidade crítica dos alunos diante das mídias e “criticar”, ou seja, analisar os critérios que presidem os interesses das mídias no esporte. Para tanto, é preciso fornecer ao aluno do Ensino Médio os instrumentos para a realização de tal interpretação crítica, por meio da qual ele possa se compreender melhor como leitor, telespectador e torcedor, assim como ao próprio fenômeno esportivo. SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 4 QUAL É A DIFERENÇA? Esta Situação de Aprendizagem busca propiciar aos alunos a identificação e a reflexão sobre as diferenças entre as experiências de assistir a um evento esportivo presencialmente e pela televisão. Conteúdo e temas: diferentes experiências perceptivas: jogador, torcedor presencial e telespectador. Competências e habilidades: identificar e reconhecer as diferenças na percepção e na apreciação de um evento esportivo assistido presencialmente e pela televisão. Sugestão de recursos: aparelho de TV, equipamento de DVD, folhas de papel, canetas. Desenvolvimento da Situação de Aprendizagem 4 Etapa 1 – Com som e sem som Grave previamente, em equipamento de vídeo ou DVD, uma partida de alguma modalidade esportiva veiculada pela televisão, segundo a preferência dos alunos. Escolha um trecho de aproximadamente 15 minutos para exibir em aula. Prefira uma partida que não tenha tido grande repercussão, a fim de garantir que a maioria dos alunos não a tenha assistido. Escolha um trecho mais adequado ao objetivo desta Situação de Aprendizagem. Primeiro, dê informações sobre a partida que será exibida: equipes, data, campeonato 46 etc. Peça aos alunos que assistiram à transmissão televisiva quando foi realizado o jogo que não façam comentários nem anunciem o resultado final da partida. O trecho selecionado será exibido duas vezes. Na primeira, retire totalmente o som do aparelho de TV, de modo que os alunos assistam apenas às imagens. Peça àqueles que não assistiram à transmissão pela TV quando a partida foi realizada que manifestem suas impressões sobre o trecho assistido: se julgaram que a partida disputada foi emocionante ou monótona, se é possível prever o resultado da partida etc. Caso um ou mais alunos tenham assistido ao jogo por ocasião da sua realização, peça que descrevam sucintamente como ele se desenrolou e suas impressões. Educação Física – 2a série – Volume 2 Professor, nesse momento, faça uma reflexão com os alunos sobre as considerações apresentadas na seção “Para começo de conversa”, no Caderno do Aluno. O esporte de hoje é parte integrante da milionária indústria de entretenimento, que tem ficado cada vez mais atenta à “vocação” do esporte em atrair espectadores. Assim, ele foi impulsionado pelas mídias e sobretudo pela televisão, que o transformou em “telespetáculo”. Observe as propagandas dos eventos esportivos: elas anunciam apenas equipamentos esportivos e estímulos à prática de exer- cícios físicos ou “usam” os valores associados ao esporte (energia, velocidade, superação etc.) para vender até bebidas alcoólicas? Neste tema, vamos tratar da “falação esportiva”, da contribuição da mídia na formação de “fanáticos” dispostos a repetir os discursos e a consumir os produtos vinculados à imagem do seu time. Você já foi pego pela falação esportiva? © Tim Teebken/Photodisc/Getty Images No segundo momento, exiba o trecho da partida com o som. Peça aos alunos que prestem atenção na narração feita pelo locutor, nos comentários, nos sons de fundo (como a música, o barulho da torcida etc.). Depois, peça aos alunos que comparem o modo como perceberam e avaliaram a partida nas duas situações: com e sem som. Auxilie-os a perceber como a narração da partida e os comentários buscam construir um “drama” e criar expectativas no desenrolar da partida, de modo a estimular a emoção e prender a atenção do telespectador, e como inúmeros recursos (captação de sons dentro do campo e da torcida) procuram proporcionar ao telespectador a ilusão de que ele está no estádio ou ginásio. Por fim, peça aos alunos que anotem e descrevam com suas próprias palavras o(s) momento(s) que julgaram mais significativo(s), tanto no sentido da construção do drama como no da pretensa interatividade com o estádio. Tal descrição pode ser realizada com base no trecho exibido ou em outras partidas (desta ou de outra modalidade esportiva) a que tenham assistido na televisão. Solicite que alguns alunos sejam voluntários para expor suas descrições. Ao longo da sua vida escolar, nas aulas de Educação Física, você vivenciou diversas manifestações da Cultura de Movimento. A questão é que, se nos baseássemos apenas no esporte que é televisionado – no qual o que importa é quem ganhou e quem perdeu (afinal, há muito dinheiro envolvido) –, teríamos a impressão de que a prática esportiva é exclusividade dos atletas. Se você é praticante de alguma modalidade, conhece outros valores relacionados ao esporte: lazer, amizade, relaxamento e bem-estar, entre outros. Se ainda não é, comece logo; afinal, você já aprendeu os riscos que a inatividade pode trazer. 47 f Vocês concordam com esse texto? Por quê? Embora o tema do “futebol como telespetáculo” já tenha sido tratado na 8ª série/9º ano, é possível que o aluno ainda não tenha essa percepção sobre a espetacularização do esporte. A intenção é comparar essa resposta inicial com as respostas do “Você aprendeu?”. Etapa 2 – No estádio é diferente! Solicite previamente que os alunos, divididos em grupos, entrevistem uma ou duas pessoas (amigos, familiares etc.) que costumam frequentar estádios de futebol. Sugira que perguntem sobre: as sensações e emoções de torcer “ao vivo” pelo seu clube favorito; as manifestações e as reações da torcida diante dos lances e do desenrolar da partida; a descrição de situações e lances das partidas, em especial aquelas que normalmente não são objetos da transmissão televisiva (por exemplo: a movimentação no banco de reservas, faltas ocorridas longe de onde está a bola, reclamações dirigidas aos “bandeirinhas” etc.); e a movimentação tática global das equipes, que as câmaras televisivas dificilmente conseguem captar. Cada grupo apresentará as informações obtidas. Ao final, questione os alunos e procure destacar, com eles, quais aspectos da experiência de assistir a eventos esportivos de modo presencial são perdidos na transmissão televisiva. Professor, solicite aos alunos que realizem a pesquisa para que, a partir das respostas, possam observar o perfil do torcedor na seção “Pesquisa individual”, no Caderno do Aluno. 48 No estádio é diferente! © Chabruken/The Image Bank/Getty Images A partir dessas informações, discuta com seus colegas: Torcedores. Pode ser que você não frequente os estádios de futebol por receio do comportamento das torcidas, pelos altos preços dos ingressos ou, ainda, porque você mora numa cidade distante daquela do seu time do coração. Nesta atividade, o objetivo é conhecer as sensações dos torcedores que frequentam os estádios, assim como as cenas que a televisão não mostra. Para conhecer um pouco mais dessa paixão brasileira, sob o ponto de vista do torcedor, entreviste uma ou duas pessoas que costumam frequentar estádios de futebol. Como sugestão, oferecemos um roteiro, mas você pode acrescentar outras questões, se quiser. A partir das respostas dos entrevistados, você poderá observar o perfil do torcedor. 1. Por que assistir ao jogo no estádio, e não no conforto da sua casa, com a repetição dos lances mais importantes? 2. Que tipo de manifestações as torcidas apresentam nos lances em que discordam do árbitro, numa jogada bonita ou no bom ou mau desempenho do seu time? 3. Comente alguns lances que a televisão não costuma mostrar: a movimentação do banco Educação Física – 2a série – Volume 2 de reservas, os bandeirinhas, faltas sem bola, reclamações e movimentação tática ou alguma curiosidade de que você se recorde. As questões pretendem delinear o perfil do torcedor, além de estabelecer diferenças entre o espetáculo ao vivo e o transmitido pela televisão. SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 5 DO QUE SE FALA? O objetivo desta Situação de Aprendizagem é possibilitar a identificação dos sentidos predominantes no discurso do jornalismo esportivo, contrastando-os com as próprias experiências do Se-Movimentar dos alunos no esporte. Os alunos identifica- rão em matérias jornalísticas as categorias da “falação esportiva”. A seguir, ficarão claras as diferenças entre o discurso predominante do jornalismo sobre o esporte e as próprias experiências do Se-Movimentar no esporte. Conteúdo e temas: o esporte como negócio; significados/sentidos predominantes no discurso das mídias sobre o esporte: vitória ou derrota, rendimento máximo e recompensa extrínseca e intrínseca; dimensão ética do esporte profissional. Competências e habilidades: identificar e discriminar os significados/sentidos no discurso das mídias sobre o esporte; relacionar os significados/sentidos propostos pelas mídias com suas próprias experiências do Se-Movimentar no esporte; analisar criticamente matérias jornalísticas que tratem do esporte. Sugestão de recursos: folhas de papel, canetas. Desenvolvimento da Situação de Aprendizagem 5 Etapa 1 – Que falação! Selecione previamente algumas matérias jornalísticas sobre esporte provenientes de jornais, revistas e sites que se adequem aos objetivos desta Situação de Aprendizagem. Possivelmente será mais fácil encontrar matérias sobre o futebol de campo. Solicite aos alunos que, divididos em grupos, identifiquem as categorias da “falação esportiva”, com base nos textos apresentados a seguir. Algumas empresas jornalísticas disponibilizam matérias on-line. Há também diversos blogs que tratam de esporte. Alguns exemplos: f Folha de S.Paulo – Esportes. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/esporte/>. Acesso em: 12 nov. 2013. f O Estado de São Paulo – Esportes. Disponível em: <http://esportes.estadao.com.br/>. Acesso em: 12 nov. 2013. f UOL Esportes. Disponível em: <http://esporte.uol.com.br/blogs>. Acesso em: 12 nov. 2013. 49 A falação esportiva 1. “[...] A falação esportiva (ECO, 1984) informa e atualiza: quem ganhou, quem foi contratado ou vendido (e por quanto), quem se contundiu, e até sobre aspectos da vida pessoal dos atletas. Conta a história das partidas, das lutas, das corridas, dos campeonatos; uma história que é sempre construída e reconstruída, pontuada pelos melhores momentos – os gols, as ultrapassagens, os acidentes etc. Cria expectativas: quem será convocado para a seleção brasileira? A falação faz previsões: qual será o placar, quem deverá vencer. Depois, explica e justifica: por que tal equipe ou o atleta ganhou ou perdeu. A falação promete: emoções, vitórias, gols, medalhas. Cria polêmicas e constrói rivalidades: foi impedimento ou não? A falação critica: ‘fala mal’ dos árbitros, dos dirigentes, da violência. A falação elege ídolos: o ‘gênio’, o craque fora de série. Por fim, sempre que possível, a falação dramatiza. [...]” Fonte: BETTI, Mauro. Esporte na mídia ou esporte da mídia? Motrivivência, Florianópolis, n. 17, set. 2001. p. 108 -109. 2. “A falação expõe discursos de duplo padrão moral. No jogo da seleção, o centroavante brasileiro fez um gol com auxílio do braço, e o locutor agradeceu ao árbitro peruano: ‘Muchas gracias [nome do árbitro]! Gracias hermano!’. O jogador declarou em entrevista ao telejornal do horário nobre: ‘o artilheiro tem que fazer gol de qualquer jeito, não importa’. É a mesma falação que condena a violência, o doping, o suborno...” BETTI, Mauro. A janela de vidro: esporte, televisão e educação física. Campinas: Papirus, 1998. p. 70. Segundo Betti (1998), dinheiro e violência são outras temáticas recorrentes na “falação esportiva”. Há constantes referências a valores financeiros de compra e venda de jogadores, rendas das partidas, “bichos” etc. Faltas violentas, brigas entre jogadores ou nas torcidas e agressões a árbitros são Categoria da “falação esportiva” 50 No de ocorrências constantemente noticiadas. Sugere-se a elaboração de um quadro, no qual os alunos quantificarão a presença de cada categoria nas matérias examinadas e transcreverão frases características de cada uma, conforme tabela a seguir. Exemplos Informa e atualiza. “Fulano vai para o Vasco e sicrano volta ao Santos.” Conta a história. “São Paulo vence e sobe para o terceiro lugar.” Cria expectativas. “Corinthians a um passo do título.” Faz previsões. “Pelo histórico, Palmeiras deve vencer.” Explica e justifica. “Juiz erra e Flamengo perde jogo.” Promete. “O campeonato paulista promete ser sensacional.” Cria polêmicas e constrói rivalidades. “Técnico fala em ‘dar o troco’ ao arqui-inimigo.” Educação Física – 2a série – Volume 2 Critica. “A diretoria do clube é a culpada pelo fracasso do time.” Elege ídolos. “Com jogadas geniais, fulano promete ser novo Pelé.” Dramatiza. “Jogo dos desesperados define quem vai cair.” Dinheiro. “O título de campeão vai render R$ 50 mil para os jogadores.” Violência. “Zagueiro declara: se passar a bola, não passa o atacante.” Duplo padrão moral. “Goleador que é goleador faz gol até de mão.” Quadro 1. Após a apresentação dos dados de cada grupo, auxilie os alunos a perceber as ênfases do discurso do jornalismo esportivo que constroem um entendimento do que é o esporte e do que é ser atleta. Ao enfatizar o binômio “vitória ou derrota”, a necessidade de obter sempre o máximo rendimento físico-técnico e as recompensas extrínsecas (títulos, prêmios em dinheiro etc.), percebe-se que esse discurso não reflete toda a riqueza e todas as possibilidades da prática esportiva. Para evidenciar tal contraste, peça aos alunos que pensem e verbalizem a respeito de suas próprias experiências do Se-Movimentar no esporte: se nelas não há também outros interesses e valores, ligados às relações de amizade, relaxamento, ao prazer etc. Professor, identifique com os alunos as categorias da falação esportiva, apresentadas na seção “Lição de casa” (que contém o texto anterior A falação esportiva, e o Quadro 1), no Caderno do Aluno. Que falação! Será que aquilo que vemos e ouvimos nos jogos de futebol transmitidos pela TV fornece um amplo panorama sobre o que está acontecendo em tempo real, ou é um “recorte selecionado” de quem está transmitindo? Pense bem, as câmeras seguem a bola ou mostram os 22 jogadores ao mesmo tempo? Pois é, da mesma maneira que as imagens são selecionadas, também os comentários cumprem a função de transformar o futebol em espetáculo. Basta uma briga entre torcidas, um técnico que provoque o outro, uma celebridade na arquibancada, e o episódio gera assunto durante uma semana até o próximo jogo, que, a essa altura, já se tornou secundário. Nesta atividade, com base nas matérias esportivas levantadas por você (conforme solicitou seu professor), identifique as categorias da falação esportiva que mais se repetem nas matérias selecionadas. Para compreender melhor as categorias da falação, leia o texto e a tabela a seguir. É importante que retome algumas informações que foram discutidas anteriormente nas aulas de Educação Física. Professor, com base no texto A falação esportiva, que está na “Lição de casa”, solicite aos alunos que respondam às perguntas presentes na seção “Você aprendeu?”, no Caderno do Aluno. Com base no texto A falação esportiva, que está na seção “Lição de casa”, responda às perguntas a seguir. 51 1. Compare suas experiências com a prática esportiva e o esporte tratado como espetáculo, estabelecendo semelhanças e diferenças. 2. Leia o segundo texto de Mauro Betti, que está na seção “Lição de casa”, e comente-o. Espera-se que o aluno consiga identificar os discursos predo- ética do esporte profissional. Se for pertinente para o profes- minantes na mídia (resultado, recompensa, espetacularização sor, caberia relembrar as substâncias químicas utilizadas para etc.), e também estabelecer relações com as suas vivências. melhorar o rendimento do atleta. A intenção aqui é levantar uma discussão sobre a dimensão ATIVIDADE AVALIADORA Após o desenvolvimento do tema nas aulas, é importante que os alunos sejam capazes de ampliar essas reflexões para seu dia a dia. Solicite que observem atentamente os discursos da televisão e que analisem uma trans- missão esportiva. Na aula seguinte, peça que, em grupos, primeiro comparem as análises individuais e, depois, exponham-nas aos demais colegas. É importante que o professor ressalte os elementos trabalhados em aula. PROPOSTA DE SITUAÇÕES DE RECUPERAÇÃO Durante o percurso pelas várias etapas das Situações de Aprendizagem, alguns alunos poderão não apreender os conteúdos da forma esperada. Faz-se necessário, então, professor, criar outras Situações de Aprendizagem em que tais questões possam ser retomadas. Essas situações devem ser diferentes daquelas que geraram dificuldades para os alunos. Tais estratégias podem ser desenvolvidas durante as aulas ou em outros momentos, envolvendo todos os alunos ou ape- nas aqueles que apresentaram dificuldades. Por exemplo, a partir das informações apresentadas no desenvolvimento do tema, solicite aos alunos que observem as manchetes esportivas (pode ser pela internet, pela televisão ou apenas olhando as bancas de jornal), procurando destacar e interpretar as mensagens expressas, para posterior apresentação em aula. A partir da apresentação dos alunos, procure garantir que eles atentem para os conteúdos trabalhados no tema. RECURSOS PARA AMPLIAR A PERSPECTIVA DO PROFESSOR E DO ALUNO PARA A COMPREENSÃO DO TEMA Livros BETTI, Mauro. A janela de vidro: esporte, televisão e educação física. Campinas: Papirus, 1998. Propõe uma interpretação do discurso televisivo sobre o esporte e indica novas tarefas educacionais para a Educação Física, como a formação do telespectador crítico. ECO, Umberto. A falação esportiva. In: Viagem na irrealidade cotidiana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. p. 220-6. Texto que cria 52 o conceito de “falação esportiva” e suas relações com a prática do esporte. PIRES, Giovani de Lorenzi. Educação Física e o discurso midiático: abordagem crítico-emancipatória. Ijuí: Unijuí, 2002. Analisa as relações entre as mídias e a Cultura de Movimento/esportiva, visando à sistematização de um marco teórico que ofereça bases conceituais e metodológicas para uma intervenção pedagógica de cunho emancipatório no âmbito da Educação Física. Educação Física – 2a série – Volume 2 Artigos BETTI, Mauro. Educação física e sociologia: novas e velhas questões no contexto brasileiro. In: CARVALHO, Yara Maria de; RUBIO, Kátia (Orgs.). Educação física e ciências humanas. São Paulo: Hucitec, 2001. p. 155-169. BETTI, Mauro. Esporte na mídia ou esporte da mídia? In: Motrivivência, Florianópolis, ano XII, n. 17, set. 2001a. p.107-11. Disponível em: <https://journal.ufsc.br/index.php/ motrivivencia/article/viewFile/5929/5441>. Acesso em: 9 maio 2014. Partindo do pressu- posto de que todo esporte que está na mídia é, na verdade, um esporte da mídia, o autor descreve uma série de fatores que assim o caracterizam, concluindo com tópicos do que poderia ser o esporte na mídia. BETTI, Mauro. Mídias: aliadas ou inimigas da educação física escolar? In: Motriz, Rio Claro, v. 7, n. 2, jul./dez. 2001b. p. 125-9. Disponível em: <http://www.rc.unesp.br/ib/efisica/ motriz/07n2/Betti.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2013. Discute as relações entre as mídias e a Educação Física na escola, apresentando sugestões para o uso da TV/vídeo nas aulas. 53 TEMA 4 – GINÁSTICA – GINÁSTICA ALTERNATIVA Nas duas ou três últimas décadas, é bastante visível na sociedade brasileira o aumento do interesse por esportes e atividades físicas/exercício em geral, seja nas modalidades esportivas mais tradicionais (futebol, voleibol etc.), nas diversas ginásticas (aeróbica, localizada etc.), nos esportes radicais, seja pelas chamadas “práticas alternativas”, como pilates, tai chi chuan, ioga, massagem etc. Em outras palavras, o ato de movimentar-se, de fazer exercícios e colocar-se “em forma” está na ordem do dia, ocupando papel de destaque em qualquer discurso preocupado com a qualidade da vida, com a redução do estresse e com a promoção do “bem viver”. Nesse sentido, expressões como “o corpo é um todo”, “consciência do movimento” ou “consciência do corpo pelo movimento” ganham cada vez mais repercussão, especialmente entre os interessados na ginástica alternativa. A palavra “alternativa” significa “optativa”, aquilo que vai para “além do tradicional”, ou mesmo “fuga do tradicional”, pois se refere a uma mudança radical e profunda no planejamento, na tomada de decisão e na avaliação da Cultura de Movimento dos nossos tempos. É um “movimento” que nasceu com o ser humano, evoluiu com a civilização, perdeu-se no tempo e foi restaurado em função das necessidades, desejos e interesses do homem, da mulher, do adulto, do jovem, da criança, do idoso, das pessoas com deficiência, enfim, de toda a humanidade; das pessoas carentes e necessitadas de experiências que trouxessem de volta, em simbiose, a força e a sensibilidade. Afinal, os princípios da ginástica alternativa postulam que os praticantes sejam fortemente sensíveis e sensivelmente fortes. Para reforçar esses conceitos, levamos em conta que a força sem sensibilidade é truculência, e a sensibilidade sem força é pusilanimidade. Força e sensibilidade, firmeza e doçura, vigor e ternura são polos complementares de 54 uma práxis da ginástica (prática refletida), que busca oferecer um estado de fluxo (experiência máxima de realização) para os praticantes, cujos sentidos ficam inteiramente “antenados” na busca do prazer, da alegria, da felicidade e da realização. Seu conceito básico é o de que a percepção do movimento e, portanto, do corpo, está associada ao autoconhecimento do indivíduo, sobretudo por ser o corpo portador de memória, percepção, capacidade de adaptação e consciência. Não há registros precisos quanto à origem da ginástica enquanto prática alternativa; no entanto, há indícios e vestígios de mais de 5 mil anos, que remetem às civilizações chinesa, tailandesa, hindu, japonesa e egípcia, entre outras. No final do século XIX, François Delsarte, interessado no movimento intencionalmente expressivo, desenvolveu um trabalho corporal adotado por professoras norte-americanas e alemãs. Ao longo do tempo, esse trabalho recebeu diversas denominações, como ginástica respiratória, ginástica harmônica, ginástica orgânica, ginástica médica, ginástica de relaxamento, ginástica suave, ginástica holística, eutonia e antiginástica. Outro precursor das inúmeras terapias e cuidados corporais foi Wilhelm Reich, que, no século XX, destacou a importância da forma, da estrutura e da função do gesto na compreensão da postura e da atitude humana, fortalecendo a compreensão e a dimensão da ginástica alternativa. No Brasil, há mais de 50 anos, o dr. José Angelo Gaiarsa deu vida e dinâmica ao que chamou de Biomecânica Existencial, valorizando o olhar, o toque, a respiração, o movimento consciente, a propriocepção, a reversibilidade entre o tônus emocional e o tônus muscular, as expressões, as forças gravitacionais, antigravitacionais, tangenciais, secantes e as forças internas, juntando o mecânico e o humano da nossa espécie. Educação Física – 2a série – Volume 2 A ginástica alternativa popularizou-se no país na década de 1970, no bojo dos movimentos associados à contracultura, às artes marciais, à ioga e aos discursos do “bem-estar”, influenciando e sendo influenciada por eles. Atualmente, no Brasil e no mundo, a ginástica alternativa expandiu-se e diversificou-se em quantidade e qualidade: método pilates, neopilates, power-pilates, ioga, shiatsu, educação somática existencial, feldenkrais, bioenergética, rolfing, antiginástica, reflexologia, massoterapias, ginástica harmônica, danças circulares, cadeias musculares e articulares, método Mézières, método self-healing, contato e improvisação, ginástica brasileira (baseada na capoeira), eutonia, ginástica suave e muitos outros. Para Lorenzetto e Matthiesen (2008), as práticas alternativas permitem valorizar o sujeito-corpo-movimento como uma unidade harmônica e equilibrada, promovem o respeito pautado nas diferenças pessoais e interpessoais, além de conduzirem ao encontro consigo mesmo. Para o desenvolvimento do tema deste volume, propomos considerar três dos muitos princípios da ginástica alternativa: suavidade, holismo e ludicidade. Ainda que inter-relacionados, esses princípios possuem a sua especialidade. O princípio da suavidade preconiza a realização do movimento de forma leve, lenta e suave. Atualmente, a vida apresenta um altíssimo grau de velocidade: a informação é veloz, o esporte é veloz, o trabalho é veloz. A pressa impede a meditação, a contemplação e a possibilidade de gozar as belezas do cotidiano. A pressa cria o estresse negativo, um dos grandes males dos nossos tempos. O princípio do holismo pressupõe, durante a realização do movimento, a integração entre o psíquico e o somático. O termo vem do grego holos, que significa “o todo”, isto é, a personalidade global do ser humano, constituída pelo pensamento (ideias), pela emoção (sentimentos), pela sensação (órgãos do sentido), pela ação (deslocamentos e posições) e pela transcendência (vida espiritual). O princípio de ludicidade, por sua vez, procura garantir o prazer, a fruição e a alegria durante a realização dos movimentos. Está ligado à recreação, aos jogos, às brincadeiras, ao estado de fruição do ser humano, à felicidade. As atividades que integram a ginástica alternativa devem ser realizadas com economia de energia, pouca velocidade, baixo impacto, sobrecarga mínima ou inexistente e pequeno estímulo aeróbio. Além disso, devem: f objetivar o desenvolvimento pessoal e social (singularidade, autonomia, participação ativa, harmonia); f promover o bem-estar e autorrealização; f basear-se na diversidade, contemplando o cotidiano de cada um; f ser coeducativas, ou seja, integrar participantes de ambos os sexos; f desenvolver a amizade e a cooperação, podendo ser realizadas individualmente, em duplas e em grupos. Pela riqueza de potencialidades pedagógicas, a vivência da ginástica alternativa pode contribuir para a ampliação do conhecimento e para mais possibilidades da Cultura de Movimento. Possibilidades interdisciplinares O tema “Ginástica alternativa” poderá ser desenvolvido de modo integrado com a disciplina de Filosofia, na medida em que reflete sobre o “quem sou eu”; com Artes, na medida em que explora diferentes possibilidades de expressão artística; com Língua Portuguesa, ao proporcionar o registro da experiência vivida; e com História e Geografia, ao contextualizar seu surgimento e situá-la geograficamente. Converse com os professores responsáveis por essas disciplinas em sua escola. Essa iniciativa facilitará aos alunos a compreensão dos conteúdos de forma mais global e integrada. 55 SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 6 GINÁSTICA ALTERNATIVA: PROCESSO HISTÓRICO E PRINCÍPIOS O objetivo desta Situação de Aprendizagem é estimular um primeiro contato com o processo histórico da ginástica alternativa, para que os alunos percebam semelhanças e diferenças em relação a outras manifestações gímnicas. Os alunos pesquisarão e apreciarão seus diferentes contextos. Depois, deverão compará-la com outras manifestações da ginástica, bem como identificar aspectos pessoais e interpessoais relacionados à vivência da ginástica alternativa. Conteúdo e temas: a ginástica alternativa – processo histórico e contemporaneidade; princípios da ginástica alternativa: suavidade, holismo e ludicidade. Competências e habilidades: identificar manifestações da ginástica alternativa; comparar suas manifestações com outros métodos de ginástica, percebendo semelhanças e diferenças entre elas. Sugestão de recursos: livros; revistas; computador/internet; aparelho de som/CD. Desenvolvimento da Situação de Aprendizagem 6 Etapa 1 − Ginástica alternativa: origens Solicite aos alunos que, organizados em duplas ou trios, realizem uma pesquisa a respeito de manifestações da ginástica alternativa. Apresente um roteiro para a pesquisa, com itens como: f Nome da ginástica. f Local de origem/localidade geográfica. f Local da prática (praia, piscina, quadra, gramado, praça ou rua). f Tipo de piso necessário. f Espaço público ou privado. f Se utiliza música (se possível, peça que tragam gravações e/ou letras das músicas). f Vestimentas (se possível, peça que tragam imagens para a aula). f Principais passos/movimentos (descrição dos movimentos, preferencialmente com imagens). a identificarem semelhanças entre as modalidades de ginástica apresentadas, e agrupe-os com base nas características significativas. Estimule-os agora a trocar informações sobre as ginásticas pesquisadas, buscando evidenciar pontos em comum entre elas. Peça que escolham pelo menos uma forma de movimentação/vivência corporal que a caracterize para apresentação, de modo que todos possam vivenciá-la. Estimule-os a estabelecer comparações entre princípios, técnicas e exercícios da ginástica alternativa com outros tipos de ginástica, por exemplo os da ginástica aeróbica, tema já tratado em séries/anos e volumes anteriores. Se necessário, retome esses conteúdos. Professor, para que os alunos aprendam mais sobre e com a ginástica alternativa, cada grupo entrevistará uma ou mais pessoas que pratiquem uma das manifestações da atividade na seção “Pesquisa em grupo”, no Caderno do Aluno. Ginástica alternativa – origens Solicite às duplas/trios que apresentem sucintamente os dados básicos da sua pesquisa: nome, região, idioma, vestimentas etc. Auxilie os alunos 56 A fim de que a turma aprenda um pouco mais sobre e com a ginástica alternativa, Educação Física – 2a série – Volume 2 segundo a indicação do professor, cada grupo entrevistará uma ou mais pessoas que pratiquem uma das manifestações desse tipo de ginástica. Observe as diferenças e semelhanças entre elas. A seguir, há um roteiro que poderá ser utilizado. Ginástica alternativa Nome da atividade Idade e sexo do praticante Motivo da escolha/há quanto tempo pratica Local (geográfico) de origem (se o praticante não souber, o grupo precisa pesquisar) Local em que é praticada (piscina, praia, rua etc.) Tipo de piso (ou onde é praticada) Espaço: público ou privado Acompanhamento musical (se possível, leve a mídia ou as letras da música) Vestimentas (tente conseguir imagens) Principais movimentos (solicite que a pessoa descreva-os e, se possível, utilize imagens para ilustrar a descrição) Benefícios (segundo o entrevistado e informações colhidas pelo grupo) Seguindo a orientação do seu professor, socialize os resultados da entrevista de seu grupo com a classe. Depois, discuta com os grupos a seguinte questão: vocês encontraram semelhanças (técnicas, movimentos, objetivo etc.) entre a ginástica alternativa e as outras ginásticas já estudadas – localizada e/ou aeróbica? Explique. As entrevistas realizadas com o exemplo das ginásticas trazidas pelos alunos devem ser cotejadas, a fim de se estabelecer diferenças e semelhanças. Etapa 2 − Ginásticas alternativas: princípios Apresente o contexto e as relações históricas da ginástica alternativa, no Brasil e no mundo, tomando por base o texto introdutório deste tema e/ou a literatura aqui indicada. Relacione-os aos princípios de: suavidade (fluência contínua, meditação ativa, circularidade e descontração); holismo (o ser humano percebido como um todo) e ludicidade (presença da alegria e do prazer). A partir das informações e vivências apresentadas na etapa anterior, dê exemplos e faça associações com esses princípios. Professor, leia com os alunos o texto a seguir e identifique com eles os princípios descritos na atividade presente na seção “Para começo de conversa”, no Caderno do Aluno. 57 © Mango Productions/Corbis/Latinstock É cada vez maior o número de pessoas que buscam no exercício físico a redução do estresse, a consciência corporal, o equilíbrio emocional, enfim, qualidade de vida. Homem exercitando-se com fit ball. A fim de atender a tais necessidades, foi criada a ginástica alternativa, que recebeu essa denominação por representar uma mudança significativa na dinâmica da Cultura de Movimento atual. A ginástica alternativa não preconiza a superação, o rendimento, a apresentação em espetáculos, nem a melhora da execução, mas sim a busca de um bem-estar que se dá pelo (re)conhecimento de si, por meio da percepção do movimento e do corpo. 1. O tai chi chuan estilo Yang tem 103 posturas, que devem ser executadas sucessivamente de forma encadeada e ininterrupta, em ritmo lento. Deve haver coordenação entre a respiração e os movimentos realizados pelos membros superiores e inferiores. Além disso, é necessário um relaxamento muscular suficiente para a ação de cada uma das 103 posturas. Princípio: Suavidade. 2. Observe esta afirmação de Thérèse Bertherat (da antiginástica) sobre Françoise Mézières, criadora do método que leva seu nome: “‘Estudávamos o corpo músculo por músculo, osso por osso, mas jamais no seu conjunto. Sempre em partes separadas, e o mesmo nos tratamentos.’. É nesse momento que encontra Françoise Mézières, uma fisioterapeuta que havia elaborado uma visão revolucionária de anatomia. Uma visão do todo, enxergando o corpo como uma totalidade da qual cada elemento depende de outro.” Disponível em: <http://www.antigymnastique.com>. Acesso em: 28 abr. 2014. Princípio: Holismo. As atividades propostas são executadas em baixa velocidade, com leve estimulação aeróbia e sobrecarga baixa. Ao contrário do que se pode pensar, essa não é uma prática atual, nem um modismo. Há indícios que indicam sua presença nas civilizações chinesa, tailandesa, hindu e de outros povos que a praticam há cinco mil anos. No Brasil, esse tipo de ginástica popularizou-se na década de 1970, e, de lá para cá, tem se expandido. Sob a orientação do seu professor, você irá vivenciar três princípios da ginástica alternativa: suavidade, holismo e ludicidade. Com seus colegas, identifique e escreva o princípio correspondente às seguintes atividades: 58 3. Atividades recreativas, jogos e brincadeiras que trazem prazer e satisfação durante a execução dos movimentos. Princípio: Ludicidade. 4. Marque com um X as atividades que pertencem à ginástica alternativa: a) voleibol. b) ioga. c) futebol. d) danças circulares. e) ginástica aeróbica. f) antiginástica. g) forró. Educação Física – 2a série – Volume 2 SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 7 VIVÊNCIAS O objetivo desta Situação de Aprendizagem é propiciar a identificação dos principais movimentos e características da ginástica alternativa, com base em sua vivência e em reflexões sobre questões de gênero, intensidade, complexidade e dimensões que constituem o humano. A ginástica alternativa pode apresentar um sem-número de características (referentes à postura, ao visceral-orgânico, ao desenvol- vimento da capacidade aeróbia, à meditação, à criação contínua, à pluralidade cultural, à interdisciplinaridade, às terapias e às relações com outros métodos corporais). Porém, aqui, propõem-se práticas que permitam vivenciar os princípios relacionados à suavidade (a função do relaxamento e do alongamento), ao holismo (a função da inteireza humana) e à ludicidade (a alegria é o remédio!). Conteúdo e temas: suavidade – relaxamento e alongamento; holismo – a inteireza do ser humano; ludicidade – a alegria é o remédio. Competências e habilidades: apreciar e valorizar manifestações da ginástica alternativa em função das necessidades individuais e coletivas; perceber, analisar e diferenciar a movimentação própria da ginástica alternativa; identificar e analisar as questões de intensidade, globalidade e humor que permeiam a ginástica alternativa. Sugestão de recursos: aparelho de som/CD; TV/DVD; revistas; livros; fotos; computador/internet. Desenvolvimento da Situação de Aprendizagem 7 A seguir, sugira aos alunos alguns movimentos. Etapa 1 − Suavidade: relaxamento e alongamento f Uma caminhada rápida pelo espaço, com mudanças bruscas de direção, sem evitar trombadas e empurrões (situações de conflitos). Peça que diminuam a velocidade até chegar aos “movimentos em câmera lenta”, como se estivessem pisando em ovos, para não quebrá-los, ou pisando em folhas secas para não fazer barulho (resolução de problemas de movimento). Discuta as consequências orgânicas (alterações das frequências cardíaca e respiratória: aumento e diminuição), as noções de espaço e tempo que facilitam ou dificultam a movimentação, a intensidade utilizada (economia de energia), as boas maneiras, os direitos e deveres nas duas situações. Relacionar Solicite a algum aluno que demonstre a sua visão do que seja suavidade (fluência contínua, ausência de peso, descontração) de um movimento, ou sequência de movimentos, de uma postura, atitude, fato ou percepção. Na ausência de algum voluntário que faça a demonstração, utilize um site, um vídeo ou a foto de uma pessoa realizando gestos suaves. Enfatize a necessidade de os corpos se movimentarem em “marcha lenta”, já que a maioria das atividades da nossa vida cotidiana se dá em alta velocidade. 59 Ilustrações: © Conexão Editorial esses elementos ao trânsito, usando-o como exemplo, pode ser uma boa comparação. f Sugira aos alunos que empurrem, puxem, abanem, levantem, abaixem, girem, chutem o vento o mais lentamente possível, movimentando as pernas e braços (usar planos variados: alto, médio, baixo) e utilizem o equilíbrio estável ou recuperado (uma perna ou qualquer outra parte do corpo realiza a transferência de peso ao próximo apoio). Sem cair ou perder o equilíbrio, toca-se o chão e pode-se voltar ao apoio anterior. Por exemplo: movimentos do tai chi chuan. Peça que fechem os olhos de vez em quando, para aumentar a dificuldade. Discuta as posições da projeção vertical do centro geral de gravidade sobre as superfícies de apoio, bem como suas relações com “um ser humano centrado” e as consequências da perda e da recuperação do seu centro. Etapa 2 − Holismo: consciência corporal e inteireza humana Com base nas sugestões a seguir, utilize um site, um vídeo ou foto que apresente um movimento ou situação na qual se possa perceber alguém agindo na plenitude da sua personalidade, valendo-se de movimentos não estereotipados. f Proponha a realização de uma série de gestos pouco utilizados, não habituais, envolvendo, ao mesmo tempo, postura, atitude, medo, negligência, respiração, capacidades físicas, confiança, autoestima, noções de espaço e tempo. A iniciativa deve partir dos alunos, pois eles sabem o que é realmente novidade para eles. A atividade de “joão-balança” pode servir como exemplo. Cada vez que um colega amparar ou empurrar o outro, deverá fazê-lo com uma parte diferente do corpo (uma só mão, ombros, costas, pés). Discuta a dificuldade ou facilidade para realizar essa prática e qual o grau do seu envolvimento pessoal na tarefa. 60 Figuras 11 e 12 – “João-balança”. f Proponha aos alunos uma tarefa não muito comum em suas vidas. Informe que, para realizá-la a contento, é preciso despir-se da noção de ridículo e de realidade, e usar a imaginação em toda a sua plenitude. Por exemplo: “pense em uma idade (até 6 anos, no máximo)” e mexa-se de acordo com a idade escolhida (ou seja, como uma criança), ou “pense em você como uma criança ou bebê, como se o seu corpo todo fosse um brinquedo”. Após a movimentação, questione os alunos sobre as motivações que os levaram a escolher tal idade e os movimentos que realizaram, quais foram suas sensações (prazer, desconforto etc.), as dificuldades e/ou facilidades, e como perceberam a totalidade do corpo se movimentando. Ilustrações: © Conexão Editorial Educação Física – 2a série – Volume 2 Figura 13 – “Soco”. f Proponha aos alunos que formem duplas, a fim de dramatizar movimentos de boxe, da capoeira, do kung fu ou de outra luta. Enfatize a necessidade de proteção e segurança contínuas na execução dos “golpes”, principalmente se o colega perceber que o outro está distraído. Os golpes só devem ser dirigidos e desferidos nas palmas das mãos do colega. As duplas devem trocar de ação a cada minuto (ataque/defesa) e de parceiro a cada 2 minutos. Estimule-os a experimentar com duplas mistas, para que discutam entre eles as “supostas” fraqueza feminina e força masculina. Etapa 3 − Ludicidade: a alegria é o remédio Com base nas sugestões a seguir, mostre um vídeo ou uma foto sobre o título desta etapa ou solicite a um aluno que apresente um movimento ou situação, repletos de bom humor, alegria, prazer, harmonia, graça, naturalidade, em que se possam perceber a comunhão, a troca e aceitação da felicidade plena, pois rir é o melhor remédio. f Proponha aos alunos que formem trios, segurando-se ou apoiando-se pelos braços, mãos, costas ou pernas, e que experimentem diversas posições – de costas ou de frente, em pé, sentados ou deitados –, a uma distância segura que ofereça uma boa proteção contra quedas. O aluno que estiver no meio deverá realizar uma série de movimentos envolvendo equilíbrio apoiado pelos outros dois. O trio deverá montar “esculturas”, mantendo os olhos ora abertos, ora fechados. Ao término da atividade, discuta o grau de envolvimento pessoal, questões de segurança, humor, inventividade, temeridade e noção de aventura. Figura 15 – “Esculturas”. Figura 14 – “Abraço”. 61 tadas para o desenvolvimento dos princípios de ludicidade, suavidade e holismo. Como o objetivo dessas práticas é o desenvolvimento integral, e não apenas o benefício físico, você deve ter experimentado situações que lhe trouxeram sensações diferentes daquelas proporcionadas pelo exercício físico. Para refletir sobre suas percepções, responda às questões a seguir. © Conexão Editorial © Brad Swonetz/Corbis/Latinstock f Proponha aos alunos que formem duplas ou pequenos grupos: deitados, sentados, ajoelhados ou em pé. Um dos alunos deverá formar “vãos” ou “arcos” tocando o próprio pé, a barriga, a mão ou a cabeça. O parceiro deverá (lenta e cuidadosamente) passar pelo “vão” formado pelo colega, tomando cuidado para não machucá-lo. Figura 16 – “Passar pelos vãos”. f Proponha aos alunos que formem duplas. Um dos alunos deverá realizar movimentos variados, em diferentes posições, enquanto o outro deverá imitá-lo, como se estivesse olhando em um espelho. Depois de alguns minutos, peça aos alunos que invertam as posições. Professor, identifique e escreva com os alunos o princípio correspondente a cada atividade presente na seção “Lição de casa”, no Caderno do Aluno. Ioga. 1. Você sentiu dificuldades e/ou facilidades na realização dos movimentos da ginástica alternativa? Relate-as. 2. Você conseguiu perceber, durante as vivências, os princípios da ginástica alternativa? Quais? Em que situações? 3. O que você aprendeu ao vivenciar práticas da ginástica alternativa? Respostas pessoais que visam a identificar a percepção do É possível que você tenha vivenciado nas aulas de Educação Física algumas práticas vol- aluno sobre as sensações proporcionadas pela prática da ginástica alternativa. ATIVIDADE AVALIADORA Ao longo das Situações de Aprendizagem e etapas, procure avaliar se os alunos conseguem relacionar e comparar a ginástica alternativa com outras manifes- 62 tações mais tradicionais da ginástica em relação a suas origens geográficas e históricas, princípios orientadores, técnicas e exercícios. Educação Física – 2a série – Volume 2 Em relação às atividades sugeridas para o desenvolvimento dos princípios de suavidade, holismo e ludicidade, procure problematizar com os alunos algumas questões, como: f Quais foram as maiores facilidades e dificuldades na realização dos movimentos da ginástica alternativa? f Foi possível perceber, durante as vivências, as nuances de alguns princípios da ginástica alternativa? Explique. f Como foi a experiência de vivenciar alguns tópicos da ginástica alternativa? f Como os alunos percebem a possibilidade da prática da ginástica alternativa fora do ambiente da escola, ajudando-se mutuamente? Professor, chame a atenção dos alunos sobre as considerações presentes na seção “Curiosidade”, no Caderno do Aluno. Curiosidade © Sandra Baker/Alamy/Glow Images As danças circulares tal como as conhecemos na atualidade remetem aos momentos importantes da vida, marcam o pertencimento, a vivência e a partilha de crenças e valores. O coreógrafo alemão Bernhard Wosien foi um dos maiores estudiosos e difusores das danças circulares. Dança circular. © Keren Su/China Span/Getty Images Há uma grande variedade de práticas alternativas, que ora se assemelham aos movimentos das lutas, como o tai chi chuan, ora se aproximam das atividades rítmicas, como a dança circular. Na seção “Para saber mais”, você poderá conferir alguns sites para conhecer um pouco mais dessas práticas e experimentar outras possibilidades da Cultura de Movimento. Pessoas praticando tai chi chuan. 63 PROPOSTA DE SITUAÇÕES DE RECUPERAÇÃO Durante o percurso pelas várias etapas da Situação de Aprendizagem, alguns alunos poderão não apreender os conteúdos da forma esperada. É então necessário criar outras Situações de Aprendizagem em que o tema “Ginástica alternativa” e suas diferentes possibilidades possam ser problematizadas. Essas situações, de preferência, devem ser diferentes daquelas que geraram dificuldades para os alunos. Tais estratégias podem ser desenvolvidas durante as aulas ou em outros momentos, podem envolver todos os alunos ou apenas aqueles que apresentaram dificuldades. Uma sugestão é descrever para os alunos alguns tópicos de ginástica alternativa e solicitar-lhes que os realizem, colocando-os também na situação de observadores. Essa situação pode ser operacionalizada sob a forma de uma “sessão”, em que os alunos devem formar duplas ou pequenos grupos para executar os movimentos propostos. O objetivo é que os alunos relembrem os movimentos que representem a suavidade, o holismo e a ludicidade. Além disso, poderão ser propostas as seguintes atividades: f pesquisas em sites ou outras fontes para posterior apresentação; f observação de uma aula de ginástica alternativa (na escola ou fora dela), acompanhada de um roteiro de questões que auxilie o aluno na interpretação das atividades. RECURSOS PARA AMPLIAR A PERSPECTIVA DO PROFESSOR E DO ALUNO PARA A COMPREENSÃO DO TEMA Livros ALEXANDER, Gerda. Eutonia: um caminho para a percepção corporal. São Paulo: Martins Fontes, 1991. Parte do princípio de que a educação psicossomática do corpo afeta o todo emocional, cognitivo, social e físico humano, e, de volta, é afetada por ele. A eutonia baseia-se nas posições diagnósticas; na normalização da imagem corporal; no controle do tônus muscular, do peso, da fluência e do equilíbrio; na regularização da circulação; no domínio do espaço, do tempo e dos objetos; com o indivíduo em auto-observação constante. BERTHERAT, Thérèse; BERNSTEIN, Carol. O corpo tem suas razões: antiginástica e consciência de si. São Paulo: Martins Fontes, 1985. Este livro evidencia como é preciso ter coragem para observar o corpo na sua totalidade, e não de forma fragmentada. Caso con- 64 trário, as deformações físicas oriundas de uma visão parcial do corpo podem provocar deformações psíquicas. Como os músculos exercem uma resistência, podem “esmagar” o corpo e, consequentemente, podem “esmagar” a vida. EHRENFRIED, Lily. Da educação do corpo ao equilíbrio do espírito. São Paulo: Summus, 1991. Esta obra mostra que nem os esforços inúteis nem a imitação de modelos ou a repetição mecânica de um movimento poderiam melhorar corporalmente uma pessoa ou torná-la mais sensível e segura de si. Apenas um trabalho sutil de refinamento sensorial unindo a respiração, o equilíbrio e o tônus poderia melhorá-la no seu todo psicossomático. GAIARSA, José Angelo. A estátua e a bailarina. São Paulo: Ícone, 1995. O autor conta histórias para quem quer conhecer o corpo na sua totalidade – o seu e o do outro. Ele busca expli- Educação Física – 2a série – Volume 2 car a localização das expressões somáticas dos afetos, a transformação das posições corporais em expressões, os fenômenos psicológicos, a formação da personalidade e da consciência, fundando-se na motricidade. =pt&nrm=iso>. Acesso em: 6 mar. 2014. A autora faz uma reflexão sobre as possibilidades e explicações das danças circulares, tanto na formação dos professores quanto na formação dos alunos. LORENZETTO, Luiz Alberto; MATTHIESEN, Sara Quenzer. Práticas corporais alternativas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. Trata das práticas corporais alternativas e holísticas existentes nos campos da ginástica, da dança, do esporte, do jogo, da brincadeira e da luta, nas quais o corpo é tratado como um fator relacional, entrando harmonicamente em contato consigo mesmo, com os outros e com o meio ambiente. Sites Artigo Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan. Disponível em: <http://www.sbtcc.org.br>. Acesso em: 12 nov. 2013. Aborda a forma pela qual o tai chi chuan tem sido praticado pelos chineses por milhares de anos, seu fundamento filosófico, a maneira pela qual se desenvolveu como arte marcial e como tem sido transmitido de geração em geração. OSTETTO, Luciana E. Para encantar é preciso encantar-se: danças circulares na formação de professores. Caderno Cedes, Campinas, v. 30, n. 80, abr. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0101-32622010000100004&lng Antigymnastique. Disponível em: <http:// www.antigymnastique.com>. Acesso em: 28 abr. 2014. Com foco na antiginástica, responde a perguntas como: “Você conhece o seu corpo? Conhece-o realmente? Sabe que seu corpo é inteligente? Sabe que ele tem memória? Sabe que ele é maleável?”. 65 TEMA 5 – CORPO, SAÚDE E BELEZA – EXERCÍCIO FÍSICO E PRÁTICA ESPORTIVA EM NÍVEIS E CONDIÇÕES ADEQUADOS Em termos conceituais, o termo lesão caracteriza “qualquer descontinuidade traumática ou patológica do tecido, ou perda de função de uma parte” (BARBANTI, 1994, p. 179). Lesões esportivas, por sua vez, representam lesões traumáticas, geralmente musculoesqueléticas, associadas à prática de exercícios/esportes, podendo ser acidentais ou apresentar maior frequência em determinado esporte/exercício, conforme a especificidade do movimento realizado. O ambiente sociocultural é forte determinante das condições em que a prática de exercícios ou esportes é realizada. Ruas esburacadas, sujas e sem segurança, com prioridade para a circulação de automóveis (em detrimento da circulação de pedestres e ciclistas), pequena presença de áreas verdes (parques, praças), bem como de espaços e equipamentos públicos para o lazer, infelizmente, caracterizam uma parte das nossas cidades, atestando as deficiências das políticas públicas em relação à prática de esporte, aos espaços e à promoção para o lazer e projetos de urbanização. Entre os riscos associados à prática esportiva em tais espaços, destacam-se ferimentos e lesões musculoesqueléticas, ocasionados 66 por quedas (geralmente associadas aos jogos/ esportes) ou por impacto repetitivo (comum nas corridas) sobre o asfalto e/ou calçadas, bem como o risco de atropelamento por automóveis. © Acestock Limited/Alamy/Glow Images A prática de atividade física/exercício físico, seja voltada à melhoria da aptidão física relacionada à saúde, seja direcionada ao maior rendimento atlético, precisa desenvolver-se em níveis e condições adequados, a fim de que atinja os objetivos pretendidos, sem expor o organismo a lesões/ agravos que possam comprometer a saúde do praticante. Figura 17 – Ciclista com equipamento de segurança. Assim, alguns cuidados podem ser tomados de modo que se minimizem tais riscos, como a utilização de ruas sem saída, onde o fluxo e a velocidade média dos veículos tendem a ser menores, e sem buracos ou desníveis. Deve-se evitar a prática de ciclismo e de corridas/caminhadas em ruas e horários com maior fluxo de veículos, assim como em locais com iluminação deficiente, nos quais há menor visibilidade e, portanto, menor segurança. Além disso, é recomendável a utilização de calçados esportivos (tênis) durante a realização de atividades sob essas condições, especialmente em razão da firmeza/aspereza do piso. Educação Física – 2a série – Volume 2 Outro aspecto relativo ao ambiente sociocultural que interfere na prática de exercícios/ esportes diz respeito às pressões sociais exercidas no meio esportivo e que incentivam, por exemplo, a busca por resultados com rendimentos sempre maiores. O meio não esportivo também instiga as pessoas a seguirem padrões e exigências estéticas. No primeiro caso, os esportistas profissionais constituem o exemplo mais extremo, pois dependem de resultados para garantir sua sobrevivência e estão expostos às “cobranças” da mídia, da torcida, de dirigentes etc. Esse fator leva à alta exigência de rendimento físico e técnico, o que muitas vezes os expõem a situações de risco que resultam em lesões e agravos à sua condição de saúde, como elevado nível de estresse, uso de substâncias proibidas (doping) e/ou submissão a sessões árduas de treinamento sem a devida recuperação (overtraining ou excesso de treinamento). Fora do meio esportivo, os padrões de beleza exaltados pela mídia impelem homens e mulheres à adoção de condutas nem sempre saudáveis na busca pelo “corpo perfeito” (magro e “sarado”), o que resulta em agravos à saúde. Um exemplo é o uso de dietas não convencionais (desequilibradas) e/ou a prática excessiva de exercícios físicos. A relação entre a prática de exercícios/esportes e ambiente físico também é importante de ser observada. A exposição a fatores climáticos e à temperatura ambiente – a presença de chuva ou calor – requer a adoção de cuidados especiais para que a prática de exercícios/esportes nessas condições ocorra sem prejuízos à saúde do praticante. Em relação à chuva, o principal determinante para o risco de lesões são os pisos molhados e escorregadios, devendo-se evitar a realização de tais atividades com os pés descalços ou a utilização de calçados com solados de pouca aderência, sob o risco de ocorrerem desequilíbrios/ quedas e consequentes lesões traumáticas. © Terje Rakke/Getty Images Ademais, a sobrecarga contínua das estruturas osteomioarticulares e o contato físico (presente, sobretudo, nas modalidades coletivas e lutas) predispõem ao surgimento de lesões traumáticas − entorses, luxações, fraturas, contusões, distensões − que podem ser agravadas caso não ocorra recuperação adequada. Aqui, novamente a pressão social do meio pode apressar indevidamente o retorno à atividade, levando alguns atletas a intensificar o uso de fármacos (anestésicos, analgésicos, anti-inflamatórios), que mascaram a limitação imposta pela lesão, agravando o estado da lesão inicial, ou mesmo favorecendo o surgimento de novas lesões. Figura 18 – Atleta contundido. Em relação à temperatura ambiente, devem-se evitar os horários de maior incidência do sol (das 10h às 15h), em razão da maior elevação da temperatura corporal que acompanha a execução dos movimentos em condições de alta intensidade e/ou longa duração de atividades. Quando praticamos exercícios/ esportes, ocorre uma sobrecarga do sistema cardiovascular e dos mecanismos de transpiração. A desidratação e o maior gasto energético podem levar a distúrbios térmicos induzidos pelo calor e pela perda de água e/ou sal, como cãibras, síncope (perda momentânea da consciência), exaustão (fraqueza, fadiga/cansaço) e insolação (em ambiente aberto) ou intermação (ambiente fechado). Na impossibilidade de se exercitar fora do horário referido, algumas recomendações devem ser seguidas para minimizar possíveis 67 © Renata Mello/Pulsar Imagens O tipo de terreno (superfície e plano/inclinação) em que ocorre a prática de exercícios/ esportes também exerce influência sobre o risco de lesões musculoesqueléticas. Atividades que envolvem maior sustentação do peso corporal (com deslocamento através de corridas), quando realizadas em superfícies mais firmes (pavimentadas), desenvolvem maior equilíbrio e aderência mediante o uso de calçados adequados, mas induzem a um maior uso de força de impacto sobre as articulações. Já as superfícies irregulares (terra batida, grama, areia) exercem menor impacto sobre as articulações, mas conferem menor estabilidade durante a realização dos movimentos. Figura 19 – Atividades físicas em piso pavimentado. 68 © Adam Burton/Alamy/Glow Images distúrbios térmicos: antes, durante e após a realização de exercícios/esportes prolongados, consumir água ou bebidas com pouco teor de açúcar, e em temperatura entre 15 ºC e 22 ºC; utilizar camisetas de mangas curtas, folgadas e de cores claras, preferencialmente de algodão (permite maior troca e menor absorção de calor), ou outro tecido que facilite a transpiração, além de meias. Figura 20 – Corrida em solo irregular. Para que haja melhor aproveitamento das características positivas associadas às várias superfícies, propõe-se que atividades com maior variabilidade de movimentação, envolvendo frequentes mudanças de direção, como futebol, basquetebol, voleibol, handebol, tênis etc., sejam desenvolvidas em superfícies mais firmes, enquanto atividades que envolvem movimentação contínua sem mudanças de direção, como as corridas, sejam desenvolvidas em terrenos mais macios. Uma exceção, neste caso, são as superfícies de areia “fofa”, pois estas promovem maior sobrecarga e desgaste muscular. A inclinação do terreno é outra variável influente sobre a possibilidade de prevenir/ favorecer o surgimento de lesões. Quando realizadas sob mesma intensidade e frequência, atividades executadas em plano horizontal promovem menor sobrecarga sobre ossos, músculos e articulações e, consequentemente, menor nível de lesão, se comparadas com a realização em aclive (subida) e declives (descida), sendo esta última condição favorável a maior incidência e gravidade de lesões musculoesqueléticas. Recomenda-se, então, a redução da intensidade e frequência das atividades físicas/exercícios realizados em aclives e declives. Educação Física – 2a série – Volume 2 f f f f Nível de aptidão/condicionamento funcional. Aquecimento prévio. Alimentação balanceada. Utilização de vestuário/equipamento adequado e proteção. A execução de movimentos em intensidade, amplitude e frequência superiores à capacidade funcional do praticante está relacionada a maior risco de lesões musculoesqueléticas e sobrecarga cardiorrespiratória, o que pode acontecer mesmo com atletas bem condicionados. O problema pode ser mais grave nos chamados “esportistas de fim de semana”, ou seja, pessoas que não praticam atividades físicas com regularidade suficiente e para as quais a prática esportiva reveste-se de valores associados ao lazer. Desse modo, expõem-se à realização de atividades em níveis superiores às suas condições físicas, tornando-se mais suscetíveis a lesões musculoesqueléticas e a problemas cardiorrespiratórios. Em ambos os casos (atletas e não atletas), uma estratégia que pode ser adotada é a percepção individual sobre o esforço realizado, com o reconhecimento de sintomas indicativos de sobrecarga: f f f f rece a nutrição dos vários tecidos/órgãos envolvidos, em razão da maior circulação sanguínea para essas estruturas, assim como confere mais flexibilidade às estruturas musculoarticulares, permitindo atender uma maior demanda orgânica imposta pela atividade praticada. Em contrapartida, a ausência de aquecimento ou sua realização de forma indevida (muito leve ou muito forte) pode comprometer o rendimento tanto de atletas quanto de não atletas. Alimentar-se adequadamente antes, durante e/ou após a prática de exercícios/esportes, conforme o nível de exigência, garante o suprimento de nutrientes/energia para a realização destes e a reposição necessária para restabelecer a homeostase orgânica, deixando o organismo apto a realizar futuras sessões de atividade física. Por fim, a utilização de vestuário e equipamento de proteção, conforme a atividade praticada, é também importante para a prevenção de lesões musculoesqueléticas ou para minimizar sua gravidade quando ocorrerem. Embora choques mecânicos possam ser inerentes a determinadas modalidades esportivas, como corridas, futebol, skate, voleibol, boxe etc., o uso de calçados apropriados (tênis, chuteiras, sapatilhas), caneleiras, capacetes, joelheiras, protetores bucais, luvas etc. tende a reduzir a ocorrência e a gravidade das lesões. © Mika/Cusp/Corbis/Latinstock A atenção a alguns aspectos relacionados à preparação para a prática de exercícios/esportes pode atuar como fator preventivo da ocorrência de lesões/agravos à saúde. dificuldade em respirar; frequência cardíaca elevada; presença de dores musculoarticulares; fraqueza/descoordenação motora. Uma vez identificados tais sintomas, é necessário reduzir a intensidade da atividade, e, em caso de não desaparecimento destes, deve-se interrompê-la, especialmente se houver dores musculoarticulares ou fraqueza/descoordenação motora. A realização de aquecimento orgânico antes do início da prática de exercícios/esportes favo- Figura 21 – Lesão: ausência de equipamentos de proteção para os joelhos. 69 Em geral, as lesões musculoesqueléticas estão distribuídas entre agudas (que ocorrem subitamente) e crônicas (que levam longos períodos para se desenvolver), podendo acometer tecidos moles (nervos, vasos, pele, músculos, tendões, ligamentos, bursas etc.) ou tecidos duros (ossos). Comumente, atletas estão sujeitos a lesões agudas (por causa dos altos níveis de exigência) e crônicas (devido às sobrecargas constantes e lesões frequentes sem recuperação adequada), enquanto não atletas apresentam principalmente lesões agudas. Lesões mais comuns associadas à prática de exercícios/esportes Tipos/Regiões mais comuns Estruturas lesadas Contusões/coxa Pele, vasos, (“paulistinha”), perna. músculos. Causas Choques mecânicos como quedas, socos e pontapés. Classificação/Características Dor, inchaço e hematoma, incapacidade/impotência funcional. Entorses ou torções/tornozelos e joelhos. Ligamentos (principalmente), além de vasos. 1o grau: leve alongamento ligamentar e pequeno edema local. Movimentos impróprios 2o grau: ruptura parcial de um ligamento, para as articulações e/ou resultando num edema de proporções supeque excedam sua amplitude riores. normal. 3o grau: ruptura total do ligamento ou avulsão (extração) para fora do osso. Luxações ou deslocamentos/ombro, cotovelo, dedos e patela. Tecidos moles no entorno da articulação, especialmente cápsulas, vasos e ligamentos. Torção de uma articulação por fatores predisponentes (sexo, idade, tipo de articulação) e/ou determinantes (traumatismo). Parcial ou incompleta: os ossos saem do lugar e retornam rapidamente/espontaneamente (subluxação). Total ou completa: os ossos saem da posição e só retornam mediante ajuda. Distensões ou estiramentos/coxa (regiões anterior e posterior), panturrilha, tendão e calcâneo. Músculo e/ou tendão. Estruturas muito fracas e/ ou pouco flexíveis, estresse local por repetição, alongamento violento, isquemia, infecção ou contusão. 1o grau: leve estiramento muscular e/ou tendíneo. 2o grau: ruptura parcial do músculo ou tendão. 3o grau: ruptura total do músculo ou tendão ou ainda avulsão da inserção tendínea para fora do osso. Bursite/ombro e joelho. Bursa (cápsula). Irritações (atrito) ou golpes Dor e inchaço. contínuos. Tendões. Irritação por alongamento contínuo e excessivo, excesso de uso, em tendões fracos e duros. Dor. Acidentes traumáticos, esforços exagerados e repetitivos. Abertas: fraturas expostas. Fechadas: as estruturas fraturadas não se comunicam com o meio externo. Tendinite/tendões da patela, do e calcâneo, do bíceps e do manguito rotador (ombro). Fraturas/membros Ossos e superiores e inferiores. cartilagens. Quadro 2. Fonte: FLEGEL, Melinda J. Anatomia e terminologia das lesões no esporte. In: FLEGEL, Melinda J. Primeiros socorros no esporte: o mais prático guia de primeiros socorros para o esporte. São Paulo/Barueri: Manole, 2002. 70 Educação Física – 2a série – Volume 2 SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 8 “EU ME MACHUQUEI” – LESÕES NA PRÁTICA DE ESPORTES E EXERCÍCIOS FÍSICOS O objetivo desta Situação de Aprendizagem é identificar os tipos de lesões musculoesqueléticas mais comuns no meio esportivo e relacioná-los a possíveis influências do meio ambiente que predisponham seu surgimento, considerando os níveis e condições em que a prática de esportes/exercícios é realizada. Conteúdo e temas: lesões musculoesqueléticas – tipos, causas, características; fatores predisponentes do surgimento dessas lesões em atletas e não atletas: influências do meio ambiente físico e sociocultural. Competências e habilidades: identificar os tipos de lesões musculoesqueléticas mais comuns no meio esportivo, suas causas e características; relacionar possíveis influências do meio ambiente sobre a predisposição ao surgimento ou agravamento de lesões musculoesqueléticas entre atletas e não atletas. Sugestão de recursos: jornais; revistas; computador/internet. Etapa 1 − Lesões entre atletas Proponha aos alunos que, organizados em duplas, ou trios, busquem informações veiculadas pelas mídias sobre pelo menos dois casos (atuais ou não) de atletas, preferencialmente de modalidades esportivas diferentes, que tenham sofrido lesões realizando exercícios físicos ou práticas esportivas. Poderão ser registrados: o tipo de lesão sofrida; a região do corpo em que ocorreu; em que circunstâncias (em treinos/jogos ou fora destes); em qual modalidade esportiva ou tipo de exercício; e se o atleta entrevistado atribuiu uma possível causa ao surgimento da lesão (contato físico, esforço além da capacidade, falta de aquecimento prévio, condições do terreno etc.). Reúna os dados levantados por todos os grupos para que o conjunto seja analisado pela turma. O objetivo da análise deve ser o de comparar os pontos comuns, identificar as lesões mais frequentes e principais esportes/exercícios envolvidos, além de possíveis influências do meio ambiente que tenham predisposto o surgimento dessas lesões, considerando os níveis e as condições em que a prática de esportes/exercícios foi realizada. Professor, faça uma reflexão com os alunos sobre as considerações apresentadas nas questões presentes na seção “Para começo de conversa”, no Caderno do Aluno. © Clive Brunskill/Allsport Concepts/Getty Images Desenvolvimento da Situação de Aprendizagem 8 Atleta contundido. 71 As lesões esportivas estão associadas à prática de esportes ou de exercícios e, geralmente, acometem as estruturas musculoesqueléticas. Você já “virou o pé” praticando algum esporte? Dói só de olhar a imagem, não é mesmo? dições de segurança. A falta de ciclovias expõe os ciclistas a riscos de atropelamento e queda. © Hudson Calasans b) Negligência em relação aos equipamentos de segurança: ausência de capacetes e cotoveleiras para ciclistas e skatistas, de tênis com amortecimento para as pessoas que praticam atividades de impacto, bem como de vestimentas que absorvem o suor e liberam o calor. Dessa forma, os praticantes ficam expostos a lesões traumáticas, lesões por esforço repetitivo e mal-estar durante a atividade. c) Prática sem orientação profissional: os chamados “atletas de fim de semana” e pessoas que se autoprescrevem exercícios físicos suprimem as etapas de preparação para a prática de esportes e/ou exercícios físicos. Em virtude da falta de orientação, podem não observar os princípios de treinamento, tornando-se suscetíveis a lesões. Existem causas variadas para o surgimento de lesões que afetam tanto atletas como não atletas. Os atletas, entretanto, apresentam um suporte mais apropriado para o treinamento: piso adequado, acompanhamento multiprofissional permanente, equipamentos de ponta, alimentação monitorada etc. Esse suporte é necessário porque a performance exigida de um atleta é muito maior, e a sobrecarga contínua sobre as estruturas osteomioarticulares favorece o surgimento de lesões. As pessoas que praticam uma modalidade esportiva ou exercícios físicos (ainda que regularmente) em um contexto de lazer não sofrem pressão por resultados, a não ser por autoimposição ou para atingir determinados padrões estéticos. Contudo, as condições para a prática, em geral, apresentam inadequações, como: a) Falta de local apropriado: tanto no que se refere ao piso – como no caso dos corredores de rua que, com o tempo, desenvolvem lesões ocasionadas pelo impacto – como no que se refere às con- 72 © apply pictures/Alamy/Glow Images Entorse. Treino exaustivo. Vamos ver se você sabe em que níveis e condições os exercícios físicos devem ser praticados. Escolha a alternativa correta nas questões a seguir. 1. Cãibras, exaustão e insolação são distúrbios induzidos pela elevação da temperatura corporal. Por isso, devemos evitar a prática de exercícios físicos ao ar livre no período: Educação Física – 2a série – Volume 2 a) b) c) d) das 7h às 9h. das 17h às 20h. das 10h às 15h. após as 20h. 2. São aspectos preventivos à ocorrência de lesões em pessoas que praticam corrida: a) aquecimento prévio, alimentação e vestuário adequados e terreno plano e duro. b) alimentação e vestuário adequados e terreno plano e duro, sem desníveis. c) aquecimento prévio, alimentação e vestuário adequados e terreno macio, sem desníveis. d) aquecimento prévio, alimentação e vestuário adequados e terreno duro e com desníveis. 3. Algumas articulações são mais suscetíveis a lesões, de acordo com a modalidade. Com base nessa informação, é possível concluir que o futebol e o futsal: a) acarretam maior incidência de lesões de tornozelo e joelho. b) acarretam maior incidência de lesões nos membros superiores. c) acarretam, apenas, lesões traumáticas em virtude do contato com os adversários. d) são modalidades que acarretam, em geral, mais lesões que o voleibol. Etapa 2 − Lesões entre não atletas Solicite aos alunos, novamente organizados em grupos, que visitem academias, clubes e/ou associações esportivas para realizar entrevistas com não atletas, que praticam ou praticaram regularmente alguma modalidade esportiva (em contextos de lazer) ou exercício físico e apresentem histórico de lesões (pelo menos dois casos). Se necessário, faça contato prévio com as instituições, a fim de solicitar autorização para a realização das entrevistas. Os alunos deverão registrar: o tipo de lesão sofrida; a região do corpo em que ocorreu a lesão; sob que circunstâncias ela ocorreu; a modalidade esportiva ou tipo de exercício associado ao problema; e se o entrevistado atribui uma possível causa ao surgimento da lesão (contato físico, esforço além da capacidade, falta de aquecimento prévio, condições do terreno etc.). Reúna os dados levantados por todos os grupos para que o conjunto seja analisado pela turma. Na análise, deve-se comparar os pontos comuns, identificar as lesões mais frequentes e principais esportes/exercícios envolvidos, além de possíveis influências do meio ambiente que tenham predisposto o surgimento das lesões, considerando os níveis e condições em que a prática de esportes/exercícios foi realizada. A seguir, auxilie-os na comparação desses dados com aqueles obtidos na etapa anterior, ou seja, a comparação entre atletas e não atletas. Professor, coordene a pesquisa com os alunos das semelhanças entre as lesões de atletas e não atletas nas questões presentes na seção “Pesquisa em grupo”, no Caderno do Aluno. Lesões em atletas e não atletas Para identificar diferenças e semelhanças nas lesões ocorridas em atletas e praticantes de modalidades esportivas e/ou exercícios físicos, sugerem-se duas propostas de pesquisa. Seu professor organizará os grupos que farão a Proposta no 1 e a Proposta no 2, apresentadas a seguir: Proposta no 1 – Lesões em atletas Procure informações veiculadas pela mídia sobre lesões em atletas ocorridas em qualquer época, durante a prática esportiva. Selecione ao menos duas modalidades diferentes e observe as seguintes ocorrências, conforme o exemplo: 73 Tipo de mídia pesquisada: internet Modalidade: futebol Lesão: entorse Região do corpo: tornozelo Circunstância (treino/jogo): jogo do Campeonato Paulista Causa (uma ou mais, apontada pelo atleta): falta de aquecimento, terreno, contato físico, esforço excessivo etc. Feito o levantamento, procure identificar as lesões mais frequentes nas diversas modalidades e se algum fator ambiental contribuiu para que elas ocorressem. Proposta no 2 – Lesões em não atletas As mesmas questões serão apresentadas, desta vez, aos praticantes de modalidades esportivas e/ou exercícios físicos regulares, mas que o fazem em contexto de lazer. Caso você não conheça nenhum praticante, vá a um clube ou a uma academia para realizar a entrevista, mas lembre-se: você precisará da autorização do coordenador do lugar e a entrevista deverá ser agendada com antecedência. Entrevistado: Modalidade: Lesão: Região do corpo: Circunstância (lazer/academia/clube): Causa (uma ou mais, apontada pelo não atleta): Uma vez conhecidos os resultados de todas as pesquisas da turma, seu professor vai coordenar as atividades para que as semelhanças entre as lesões de atletas e não atletas possam ser comparadas e discutidas: a) Quais são as lesões mais frequentes? b) Quais são as regiões do corpo mais lesionadas em função da modalidade praticada? 74 c) As condições em que a prática foi executada influenciaram o surgimento da lesão? Em caso afirmativo, de que maneira? d) As causas que contribuíram para o surgimento da lesão são as mesmas entre atletas e não atletas? Em caso negativo, quais foram as diferenças? Este roteiro é proposto como forma de organizar os dados coletados pelos alunos. Se preferir, elabore outro roteiro que atenda melhor às expectativas de sua turma. Educação Física – 2a série – Volume 2 SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 9 PREPARAÇÃO ADEQUADA À PRÁTICA DE EXERCÍCIOS/ESPORTES Esta Situação de Aprendizagem busca evidenciar de que forma aspectos como níveis de aptidão/condicionamento funcional, realização de aquecimento prévio, alimentação balanceada e utilização de vestuário/ equipamento de proteção encontram-se re- lacionados à preparação adequada para a prática de exercícios/esportes, minimizando o risco de lesões/agravos. Seu objetivo é o de analisar como a infraestrutura disponível para essa prática interfere na ocorrência de lesões. Conteúdo e temas: efeitos dos níveis de aptidão funcional sobre a capacidade de desempenho em exercícios/esportes; influência do aquecimento prévio à atividade física; alimentação balanceada e exercício/esporte; utilização de vestuário e equipamento de proteção e risco de lesões; infraestrutura e sua influência sobre a prática de exercícios/esportes: espaço físico e equipamentos. Competências e habilidades: identificar como a capacidade funcional, o aquecimento prévio, a alimentação balanceada e o uso de vestuário adequado e equipamentos de proteção exercem influência sobre a prática segura de exercícios/esportes; relacionar aspectos da infraestrutura disponível com níveis e condições adequadas à prática de exercícios/esportes. Sugestão de recursos: material para pesquisa; cartolina; canetas hidrográficas; papel sulfite. Desenvolvimento da Situação de Aprendizagem 9 Etapa 1 − Níveis e condições adequados à exercitação física Organize os alunos em grupos, dirigindo-lhes perguntas que envolvam as possíveis influências exercidas sobre a prática de exercícios/esportes e o levantamento de aspectos importantes para a realização de atividades físicas, como: os diferentes níveis de capacidade funcional; realização de aquecimento prévio; estado alimentar e utilização de vestuário/ equipamentos. Peça aos grupos que destaquem pontos positivos ou adequados e negativos ou inadequados relacionados a cada um desses aspectos, reservando-lhes um tempo para registrar tais informações. Em seguida, peça aos grupos que apresentem e discutam os pontos destacados. Complemente as informações, se julgar necessário. Professor, faça uma reflexão com os alunos sobre as considerações apresentadas na seção “Você sabia?”, no Caderno do Aluno. Você sabia? Você sabia que existem diversas causas possíveis para o surgimento da cãibra? Esse espasmo muscular (muito) dolorido pode acometer qualquer músculo, mas é mais comum nos membros inferiores, em especial na panturrilha. Ela ocorre, com mais frequência, em duas situações bem distintas: durante o exercício físico intenso ou à noite, em repouso. 75 © SPL/Latinstock Atleta com cãibra. As cãibras podem ocorrer pela perda de cálcio, potássio, magnésio e outros sais, em decorrência do suor excessivo provocado por atividades de alta intensidade. Podem ocorrer, também, pelo uso de medicamentos, como contraceptivos, laxantes, anti-hipertensivos e diuréticos. Existem ainda causas biomecânicas e fatores neurais, mas a incidência nesses casos é menor. Mas o que fazer quando a cãibra “atacar”? Na fase aguda, ou seja, no momento em que ela estiver ocorrendo, deve-se alongar o músculo com muito cuidado, suavemente, conforme a imagem apresentada anteriormente. Se houver reincidência, será necessário examinar as causas a fim de eliminá-las. Se for identificado o déficit de cálcio, potássio e/ou outros sais, a suplementação oral resolverá o problema. Vale lembrar, também, que o consumo de álcool, café e nicotina pode predispor o indivíduo às cãibras musculares. No caso das cãibras noturnas, em geral, é aplicado tratamento medicamentoso. Para ambos os casos, procure orientação profissional; além disso, tente manter uma dieta balanceada e praticar exercícios sem exageros. Com esses cuidados, você provavelmente estará livre das cãibras musculares. Etapa 2 – Autoavaliação Solicite aos alunos que relatem por escrito ou verbalmente as práticas de exercícios/esportes vivenciadas por eles, assim como um histórico de lesões musculoesqueléticas associadas a tais práticas. Estimule-os a buscar relações com os aspectos abordados na etapa anterior, assim como com as características da infraestrutura disponibilizada ou utilizada para realização das práticas: adequação de espaço físico e equipamentos. Novamente, organize os alunos em grupos e proponha que avaliem os 76 riscos de lesões a que se encontram expostos, considerando todos os fatores envolvidos (meio sociocultural, ambiente físico e aspectos relacionados à preparação para a prática de exercícios/esportes). Por fim, peça-lhes que proponham sugestões e discutam estratégias e recomendações a serem seguidas para minimizá-los. Professor, faça uma reflexão com os alunos sobre a sua prática de exercícios físicos na atividade presente na seção “Você aprendeu?”, no Caderno do Aluno. Educação Física – 2a série – Volume 2 Autoavaliação Reflita sobre a sua prática de exercícios físicos. Você já sofreu alguma lesão? Quais foram os fatores envolvidos na ocorrência dessa lesão? Considerando o espaço físico, os equipamentos e a preparação para a prática, como você avaliaria os riscos a que está exposto? Que estratégias poderiam ser adotadas para diminuir ou extinguir esses riscos? A partir da sua autoavaliação, faça um texto em que exponha as questões apresentadas neste tema. Espera-se que os alunos tenham aprendido a importância dos fatores relacionados à preparação para a prática esportiva, como aquecimento, alimentação adequada, vestuário, equipamento de segurança e nível de aptidão física, bem cite que nas aulas do próximo tema (goalball ou outro que você estiver desenvolvendo) apliquem as condutas para prevenção de lesões, tanto no que se refere à preparação física que antecede a atividade (aquecimento global e específico), quanto às condições estruturais, ambientais etc. Aos alunos que não estiverem envolvidos com a prática de exercícios/esportes, solicite que façam um levantamento sobre os locais e espaços existentes no bairro para a realização de tais práticas, destacando as características de infraestrutura disponível. Em seguida, eles poderão avaliar os riscos de lesões a que se encontram expostas as pessoas que se utilizam dessa infraestrutura, além de discutir estratégias e recomendações a serem seguidas para minimizá-los. como os cuidados preventivos em relação à escolha do local para a prática, o horário mais adequado etc. Etapa 3 – A prevenção na prática Após as discussões realizadas sobre o tema, organize os alunos em pequenos grupos e soli- Professor, nesse momento retome com os alunos alguns conceitos e sugestões já abordados em volumes anteriores, apresentados na seção “Aprendendo a aprender”, no Caderno do Aluno. Postura e relaxamento Você já ouviu falar em lordose? Não? E em cifose? Também não? Em escoliose? Sim! Pode ser que você não se recorde de todos esses nomes, mas provavelmente já viu uma imagem da coluna vertebral. Ela é composta por 33 vértebras; a coluna tem curvas normais quando observada de lado, mas não tem curvas se observada por trás ou pela frente. © Paulo Manzi As curvas, vistas de perfil, são chamadas de lordose lombar, cifose e lordose cervical. Quando há uma acentuação dessas curvas, elas passam a se chamar hiperlordose ou hipercifose. Também é possível que haja uma diminuição dessas curvas. O desvio lateral da coluna, observado por trás ou pela frente, chama-se escoliose. É na infância e na adolescência, quando há um acentuado crescimento, que costumam surgir as principais alterações nas curvaturas da coluna vertebral. Curvas da coluna vertebral. 77 Como consequências, podem surgir disfunções da coluna que levam à manifestação de dores e incômodos ou mesmo a desgastes articulares. De qualquer forma, dor não é a condição normal do corpo humano. Se as dores existem, há necessidade de uma avaliação médica. Caso o problema seja de postura, exercícios físicos adequados e reeducação postural podem aliviar as dores. Se o problema for mais sério, haverá a orientação para tratamento. © Dex Image/Alamy/ Glow Images Que tal fazer alguns exercícios para aliviar as dores e o cansaço acumulado nas regiões que sofrem maior tensão em virtude dos desvios posturais? Procure criar um ambiente agradável, de preferência em silêncio ou com uma música suave, e com pouca luz. Experimente alguns desses exercícios. Você pode fazê-los sozinho, em casa, ou na escola, sob orientação do seu professor. Posição de relaxamento. © Paulo Manzi a) Deitado em decúbito dorsal, flexione os dois joelhos, mas mantenha os pés no chão. Procure sentir toda a sua coluna. Tente perceber se alguma parte não está encostada no chão e procure aproximá-la do solo. Exercícios de alongamento para a região lombar. Exercícios de alongamento para a região lombar. 78 © Paulo Manzi © Paulo Manzi b) A seguir, traga um dos joelhos para perto do peito, ajudando com as duas mãos. Verifique se as costas estão mais próximas do chão. Permaneça um pouco nessa posição, respirando lenta e profundamente. Repita o movimento com a outra perna. Faça isso algumas vezes, de forma lenta e concentrando-se nas costas. Por último, faça o movimento de aproximação dos dois joelhos, abraçando-os, se conseguir, e levando a testa para perto deles. Caso não consiga, vá até onde for possível ou peça ajuda para a alguém. Educação Física – 2a série – Volume 2 © Pixland/Thinkstock/Getty Images c) Deitado em decúbito dorsal, com as mãos na nuca ou com os braços afastados e estendidos para os lados (em forma de cruz), flexione os dois joelhos, com os pés no chão. Deixe os joelhos “caírem” lentamente para um dos lados, mantendo os ombros encostados no solo, até onde você conseguir chegar. Permaneça na posição por alguns segundos, respire profundamente várias vezes, expirando devagar e procurando relaxar o corpo. Retorne à posição inicial e repita os movimentos, agora deixando os joelhos “caírem” para o outro lado. Posição de relaxamento. © Michelangelo Gratton/The Image Bank/Getty Images d) Ajoelhe-se sobre um colchonete ou sobre um cobertor dobrado, se desejar, de forma que os joelhos fiquem um pouco afastados. Sente-se sobre os calcanhares, flexione o tronco para frente e coloque os braços para trás, ao lado das pernas. Procure se posicionar da forma mais confortável que conseguir, inclusive colocando a cabeça de lado. Tente relaxar o corpo nessa posição e sentir que a musculatura está sendo “puxada”, alongada. Permaneça na posição por algum tempo, até sentir a dor diminuir ou durante o tempo que suportar. O mais importante neste exercício é o relaxamento. É normal não conseguir relaxar nas primeiras vezes. Procure respirar pausadamente e solte o corpo aos poucos, prestando atenção se ele está cedendo mais e mais. Uma variação dessa posição é feita com os braços estendidos para a frente. Posição de relaxamento com os braços para a frente. 79 ATIVIDADE AVALIADORA Avalie se o material produzido contempla corretamente os fatores provenientes do meio ambiente físico e sociocultural que predispõem ao surgimento de lesões musculoesqueléticas. Analise também se estão sendo explicitados os aspectos relacionados à preparação para a prática de exercícios/esportes que podem atuar como fatores preventivos para a ocorrência de lesões/ agravos à saúde. Professor, auxilie os alunos na elaboração de cartazes ou folhetos explicativos, atividade presente na seção “Lição de casa”, no Caderno do Aluno. É hora de partilhar com a comunidade o que você aprendeu sobre as lesões esportivas. Elabore cartazes ou folhetos explicativos com informações sobre as lesões, formas de prevenção e condições adequadas para a prática de exercícios físicos. Veja um exemplo de folheto com frente e verso. Você pode variar a disposição ou acrescentar outras páginas, de acordo com a necessidade. 80 FRENTE TÍTULO Nome da escola Disciplina Componentes do grupo ANO © Clive Brunskill/Allsport Concepts/Getty Images Ao final das Situações de Aprendizagem, solicite aos alunos que elaborem folhetos informativos para serem distribuídos na comunidade escolar (quando possível, poderão ser distribuídos ao grande público), ou cartazes para afixar nas paredes da escola, desde que haja autorização, contendo esclarecimento e orientações sobre o tema das lesões e da prática do exercício físico em níveis e condições adequados. Disponibilize cartolinas, canetas hidrográficas de várias cores e papel sulfite. Solicite ou disponibilize aos alunos imagens que possam ilustrar os folhetos. Você também pode sugerir a eles que elaborem um blog como meio de divulgação. VERSO DESENVOLVIMENTO DO TEMA Existem softwares que podem ser usados para a confecção de folhetos, disponíveis em qualquer sistema operacional. Procure programas como esses em seu computador ou nos computadores da escola. Professor, se preferir pode aproveitar esse momento para realizar o fechamento do tema com a turma. Educação Física – 2a série – Volume 2 PROPOSTA DE SITUAÇÕES DE RECUPERAÇÃO Durante o percurso pelas várias Situações de Aprendizagem, alguns alunos poderão não apreender os conteúdos da forma esperada. É necessário, então, que outras Situações de Aprendizagem sejam propostas, permitindo ao aluno “revisitar” de outra maneira o processo. Tais estratégias podem ser desenvolvidas durante as aulas ou em outros momentos, em grupo ou individualmente, envolver todos os alunos ou apenas aqueles que apresentaram dificuldades. Por exemplo: f Apresentar um “estudo de caso”, com dados obtidos em uma entrevista com um ex-atleta que tenha encerrado sua carreira em decorrência de agravamento de lesão, identificando os fatores envolvidos. f Reelaborar, individualmente ou em grupo, o folheto informativo com esclarecimentos e orientações sobre o tema das lesões e da prática do exercício físico em níveis e condições adequados. RECURSOS PARA AMPLIAR A PERSPECTIVA DO PROFESSOR E DO ALUNO PARA A COMPREENSÃO DO TEMA Livros BARBANTI, Valdir José. Dicionário de educação física e do esporte. São Paulo: Manole, 1994. Apresenta definições e conceitos básicos relacionados à área de Educação Física/Esporte. FLEGEL, Melinda J. Anatomia e terminologia das lesões no esporte. In: FLEGEL, Melinda J. Primeiros socorros no esporte: o mais prático guia de primeiros socorros para o esporte. São Paulo: Manole, 2002, p. 27-41. Trata de forma sucinta das principais lesões musculoesqueléticas associadas à prática esportiva, abordando seus conceitos, causas e estruturas/regiões afetadas. FOSS, Merle L.; KETEYIAN, Steven J. Regulação da temperatura: exercício sob altas e baixas temperaturas. In: FOSS, Merle L.; KETEYIAN, Steven J. Fox. Bases fisiológicas do exercício e do esporte. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000, p. 463-489. Trata da interferência que o meio ambiente exerce sobre a prática de exercícios, em especial dos efeitos exercidos por altas temperaturas, destacando os distúrbios associados à lesão térmica e os cuidados a serem seguidos para evitá-los ou minimizá-los. Artigos DARIO, Bruno E. S.; BARQUILHA, Gustavo; MARQUES, Reinaldo M. Lesões esportivas: um estudo com atletas do basquetebol bauruense. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Porto Alegre, mai. 2010, vol. 31, n. 3, p. 205-215. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0101-32892010000300014&ln g=en&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 6 mar. 2014. Os autores apresentam as principais lesões que acontecem em jogadores de basquetebol e que podem alertar preventivamente outras modalidades esportivas. ROLLA, Ana Flávia Lage et al. Análise da percepção de lesões em academias de ginástica de Belo Horizonte: um estudo exploratório. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, Brasília, v. 12, n. 2, p. 7-12, jun. 2004. Disponível em: <http://portalrevistas. ucb.br/index.php/RBCM/article/viewFile/ 549/573>. Acesso em: 13 jan. 2014. Analisa a percepção dos alunos de academias de 81 ginástica com relação à ocorrência de lesões musculoesqueléticas e identifica os segmentos corporais mais acometidos, bem como os procedimentos adotados após a lesão. TEIXEIRA, Aleluia H. L. Cuidados durante a prática de atividade física: hidratação, vestuário, alimentação, dentre outros. Centro de Referência 82 Virtual do Professor – SEE-MG/2005. Disponível em: <http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_ crv/documentos/op/ef/educacaofisica/2010-08/ op-ef-ef-28.pdf>. Acesso em: 13 jan. 2014. Texto de caráter didático que apresenta orientações em relação a alguns aspectos relacionados à preparação para a prática de exercícios/ esportes. Educação Física – 2a série – Volume 2 TEMA 6 – CONTEMPORANEIDADE – CORPO, CULTURA DE MOVIMENTO E PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Nesta proposta de Educação Física para o Ensino Médio, os temas da Cultura de Movimento são tratados a partir de suas relações com questões atuais que dizem respeito ao mundo dos jovens. Em relação ao tema Contemporaneidade, é importante garantir que os alunos sejam capazes de perceber a importância do corpo como veículo de expressão de uma série de valores que representam diferenças, não só em relação às expressões corporais em si, mas também em relação aos significados por elas expressos. Assim, estimular os alunos a reconhecer as diferenças entre as expressões corporais contribui para evitar situações de preconceito e discriminação, e implica formar os jovens com atitudes e percepções positivas em relação às diferenças corporais. Espera-se que as vivências e discussões propiciadas pelas aulas de Educação Física no Ensino Médio contribuam para a formação de um jovem que, primeiro, reconheça o jogo, o esporte, a ginástica, a luta e a atividade rítmica como parte de sua Cultura de Movimento. Em segundo lugar, que seja capaz de interagir com esses elementos culturais de forma autônoma e crítica. Em terceiro lugar, que defenda a participação de todas as pessoas, sem qualquer discriminação. Assim, a Educação Física escolar exercerá seu papel educativo de propiciar a elaboração de novos conhecimentos aos alunos, além de vincular esse conhecimento às discussões contemporâneas de respeito às diferenças como forma de evitar preconceitos. Dessa maneira, estará de fato contribuindo para o Se-Movimentar dos alunos. Nessa perspectiva, levantar questões relacionadas a pessoas com deficiência é crucial, na medida em que houve uma valorização das políticas de inclusão. Particularmente nas aulas de Educação Física é importante que os jovens percebam que o jogo, o esporte, a ginástica, as lutas e a atividade rítmica podem ser vivenciados pelos alunos com deficiência, mediante algumas adaptações, possibilitando assim a união e a aproximação de pessoas com diferentes características e necessidades, em vez de gerar reações preconceituosas. Há várias modalidades esportivas direcionadas às pessoas com algum tipo de deficiência, eventualmente mencionadas pela mídia quando da proximidade dos Jogos Olímpicos, Pan-Americanos ou outras competições que atraem grande audiência. Nesse sentido, o Brasil já tem certa tradição quanto à participação em eventos esportivos internacionais, envolvendo modalidades paralímpicas. O goalball, uma modalidade esportiva elaborada para deficientes visuais (cegos ou com baixa visão), é aqui apresentado a título de exemplo. Seja qual for o conteúdo escolhido para o desenvolvimento do tema, propõe-se que, a partir dele, os alunos sejam levados a reconhecer as potencialidades de adaptação que existem em várias modalidades esportivas e jogos que podem ser praticados por pessoas com deficiência. SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 10 COMPREENDENDO E VIVENCIANDO O GOALBALL O objetivo desta Situação de Aprendizagem é possibilitar aos alunos a compre- ensão da dinâmica do goalball, destacando suas principais ações e permitindo apontar 83 adaptações para outros elementos da Cultura de Movimento. regra exige que os jogadores utilizem vendas de panos ou óculos de esqui, ou de natação, ambos opacos. Desse modo, quem possui acuidade visual regular não pode obter vantagem sobre um companheiro que não a possua. A percepção auditiva nessa modalidade esportiva é muito importante para a detecção da trajetória da bola e requer dos jogadores uma boa capacidade de orientação espacial. O silêncio é fundamental durante toda a partida, pois os jogadores precisam se orientar pelo som emitido pelos guizos da bola. O que é o goalball ? O goalball é um esporte que foi elaborado para deficientes visuais. Sua criação é atribuída ao austríaco Hanz Lorenzen e ao alemão Sepp Reindle, cuja intenção seria ajudar na reabilitação de soldados que haviam perdido a visão durante a Segunda Guerra Mundial. O goalball pode ser considerado um esporte coletivo em que participam duas equipes de três jogadores, com, no máximo, mais três reservas. Competem na mesma categoria jogadores classificados como B1, B2 e B3, segundo as normas de classificação da International Blind Sports Association (IBSA), separados por gênero, masculino e feminino. A bola possui um guizo em seu interior, que emite som quando em movimento, permitindo que o jogador tenha conhecimento de sua trajetória. Os jogadores se orientam pelo som e tentam impedir que a bola chegue até o gol, deitando-se na quadra na direção em que ela segue. Para a viabilização dos jogos basta uma quadra retangular dividida por uma linha central, com uma meta. A utilização de óculos e lentes de contato é vedada, bem como as próteses. A 84 Atualmente, 46 equipes masculinas e 43 femininas estão filiadas à Confederação Brasileira de Desportos para Cegos (CBDC). O Brasil conquistou alguns resultados importantes no goalball, com destaque para a medalha de prata nos Jogos Parapan-Americanos de 1995, na Argentina, a primeira classificação da equipe feminina para as Paralimpíadas em Atenas, na Grécia, durante o ano de 2004, e da equipe masculina em 2008, nas Paralimpíadas de Pequim, na China. © Fernando Favoretto O principal objetivo é que cada equipe arremesse a bola rasteira para o campo adversário e marque o maior número de gols em dois tempos de 10 minutos. Para atacar, o time pode arremessar a bola somente de forma rasteira, e cada jogador pode arremessá-la somente duas vezes seguidas. Por isso, poderá haver um rodízio entre os jogadores para cada novo ataque. Os limites da quadra são demarcados com fitas adesivas e barbantes para que os jogadores consigam se orientar. O espaço é equivalente a uma quadra comum de voleibol. O goalball chegou ao Brasil por volta de 1985, por intermédio do professor Steven Dubner, responsável pela inclusão de sua prática no Clube de Apoio à Deficiência Visual (Cadevi), em São Paulo. E, em 1987, foi realizado o Campeonato Brasileiro em Uberlândia, no Estado de Minas Gerais. Figura 22 – Conhecendo o goalball. Educação Física – 2a série – Volume 2 Conteúdo e temas: jogos e modalidades esportivas para pessoas com deficiências – dinâmica do jogo de goalball. Competências e habilidades: identificar a dinâmica do goalball e suas regras básicas; identificar e perceber diferentes sensações corporais, provenientes de limitações sensoriais e motoras: compreender e valorizar as características pessoais e interpessoais na prática de modalidades esportivas e jogos adaptados para pessoas com deficiência. Sugestão de recursos: bolas plásticas; bolas com guizo ou sinalizador sonoro; sacos ou sacolas de plástico; cones; vendas (retalhos de tecidos) para os olhos; barbante ou elástico. Desenvolvimento da Situação de Aprendizagem 10 Etapa 1 − O entendimento do jogo Apresente aos alunos imagens do goalball. A seguir, comente algumas características do jogo, como: objetivo; situações de ataque/defesa; espaço; atletas e materiais usados na prática do esporte. Após a apresentação, é importante que os alunos se expressem em relação ao que sabem e ao que compreenderam sobre as imagens apresentadas. Professor, solicite aos alunos que assinalem as alternativas corretas nas questões presentes na seção “Você aprendeu?”, no Caderno do Aluno. 1. O goalball é uma modalidade esportiva paralímpica praticada por pessoas com deficiência: a) b) c) d) visual. auditiva. física. múltipla. 2. As classes de deficiência são determinadas: a) b) c) d) pela organização do evento. por classificação funcional. por tipo de deficiência. por idade e gênero. 3. O jogo de goalball tem a duração de: a) 10 minutos, divididos de 5 minutos cada. b) 20 minutos, divididos de 10 minutos cada. c) 30 minutos, divididos de 15 minutos cada. d) 40 minutos, divididos de 20 minutos cada. em dois tempos em dois tempos em dois tempos em dois tempos 4. O goalball é jogado por: a) b) c) d) seis jogadores. cinco jogadores. quatro jogadores. três jogadores. 5. Joga-se o goalball: a) com vendas e uma bola com guizos internos. b) sem vendas e com uma bola de basquete. c) com vendas e uma bola de voleibol. d) sem vendas e com uma bola com guizos internos. Etapa 2 − Vivenciando o goalball Nesta etapa é importante organizar o espaço da quadra para que ocorram jogos simultaneamente. Durante os jogos é importante que todos os alunos vivenciem posições de ataque, defesa, e até mesmo sugiram a adaptação de regras. 85 Professor, solicite aos alunos que observem as imagens e completem a tabela presente na seção “Lição de casa”, no Caderno do Aluno. Você provavelmente vivenciará o goalball em suas aulas de Educação Física. Complete a tabela com as informações solicitadas a respeito dessa modalidade esportiva (seu professor poderá indicar outra modalidade adaptada para a pessoa com deficiência). Se precisar, pesquise na internet ou consulte seus professores e amigos. Fotos: © Fernando Favoretto Forme grupos com três alunos e dê início aos jogos simultâneos, ocupando todo o espaço da quadra. Proponha aos alunos (tanto da defesa como do ataque) a utilização de vendas nos olhos e uma bola com guizo ou envolvida por sacola plástica (é importante que a bola faça algum barulho quando lançada). Como metas, utilize cones com distância de 8 a 9 m um do outro. Para demarcar a altura das balizas, use um elástico, fita ou barbante. É importante apresentar algumas regras para os alunos: a forma de rolar a bola no chão, posição do corpo no ataque e na defesa. Peça aos alunos que assumam a posição deitada, sentada ou ajoelhada e fiquem na frente da baliza com cones. Figura 23 – Vivenciando o goalball. Após as vivências, converse com os alunos e pergunte sobre as estratégias que utilizaram enquanto jogavam, ressaltando formas de movimento e intencionalidade. Defesa no goalball. Goalball Criadores do esporte Praticado por pessoas com deficiência Área de competição Número de jogadores Característica da bola ou dos equipamentos Duração do jogo 86 Hanz Lorenzen (austríaco) e Sepp Reindle (alemão). Visual. 18 m de comprimento por 9 m de largura (igual à quadra de voleibol). Três jogadores em quadra e três na reserva. Bola com oito orifícios e com guizos internos. 20 minutos, divididos em dois tempos de 10 minutos cada, com 3 minutos de intervalo. Educação Física – 2a série – Volume 2 Objetivo do jogo Marcar o maior número de gols no tempo regulamentar do jogo, por meio de arremessos rasteiros. Regras básicas O uso de vendas é obrigatório; podem ser feitas no máximo três substituições no tempo regulamentar; os três jogadores atacam e defendem; a bola deve ser arremessada rasteira; se a equipe que atacar fizer barulho excessivo será penalizada com pênalti; a equipe/jogador tem dez segundos para arremessar a bola após o primeiro contato defensivo com ela; o jogador só pode arremessar a bola duas vezes seguidas; o jogador não pode tocar a venda sem autorização prévia do árbitro principal; no caso de um pênalti, apenas um jogador permanecerá em quadra para defendê-lo; a equipe atacante pode declinar de um pênalti, permanecendo com a posse de bola. Etapa 3 – Adaptando jogos e modalidades esportivas Professor, solicite que os alunos analisem as imagens e respondam às questões presentes na seção “Para começo de conversa”, no Caderno do Aluno. Organize os alunos em cinco ou seis grupos, que se responsabilizarão por elaborar e apresentar adaptações de espaço e material para alguns jogos e modalidades esportivas: basquetebol, voleibol, boliche, atletismo (corrida orientada ou lançamentos/arremessos), bocha. Sugira que os alunos escolham e vivenciem algumas dessas práticas adaptadas. © CPB/Maurício Pinheiro Depois, solicite que analisem aspectos comuns nas modalidades adaptadas, elencando algumas características. Discuta com a turma as implicações que o esporte e/ou o jogo de outro elemento cultural podem ter no cotidiano de pessoas com deficiência. © Michael Kooren/Reuters/Latinstock Você conhece alguma pessoa com deficiência? Provavelmente, sim. Mas você conhece pessoas com deficiência e que sejam atletas, ou que pratiquem esportes? Embora ainda haja uma visão preconceituosa e equivocada de que as pessoas com deficiência não conseguem praticar atividades físicas e esportivas, muitas delas têm se destacado nos Jogos Paralímpicos. Confira, nas imagens a seguir, a diversidade de práticas esportivas adaptadas que integram esses jogos. Figura 24 – Voleibol adaptado. Diferentes esportes paralímpicos. 87 Diferentes esportes paralímpicos. 88 © Gabe Palmer/Corbis/Latinstock © CPB/Saulo Cruz © CPB/Maurício Pinheiro © CPB/Maurício Pinheiro © CPB/Maurício Pinheiro © CPB/Pedro Rezende © Fernando Favoretto Educação Física – 2a série – Volume 2 Confira os esportes que integram as Paralimpíadas e que são praticados por pessoas com deficiência com graus variados de gravidade: atletismo, basquetebol em cadeira de rodas, bocha, ciclismo, esgrima, futebol de cinco, futebol de sete, goalball, halterofilismo, hipismo, judô, natação, remo, rúgbi em cadeira de rodas, tênis de mesa, tênis em cadeira de rodas, tiro, tiro com arco, vela e voleibol. Veja o quanto você aprendeu com as coisas que o cercam. Assinale as alternativas corretas. 1. O goalball é praticado, geralmente, por pessoas com deficiência: a) b) c) d) física. auditiva. intelectual. visual. 2. O basquetebol e o tênis (de campo) são esportes praticados por pessoas com deficiência: a) b) c) d) física. auditiva. intelectual. visual. 3. O futebol de cinco é praticado por pessoas com deficiência: a) b) c) d) física. auditiva. intelectual. visual. Professor, faça uma reflexão com os alunos sobre as considerações apresentadas na seção “Curiosidade”, no Caderno do Aluno. Curiosidade Classificação funcional Para todas as modalidades paralímpicas é feita uma avaliação funcional dos atletas. Com base nela, os atletas são enquadrados em uma classe. No caso do goalball, por exemplo, as classes vão de B1 a B3. Quanto maior a deficiência, menor a classe. No caso, temos atletas completamente cegos e atletas que possuem acuidade visual parcial. Nessa modalidade, a classificação é realizada verificando-se o melhor olho e o máximo de correção possível do problema. Outro exemplo é o atletismo, em que a classificação funcional é feita para provas de campo (F = field ) – arremessos, saltos e lançamentos; e de pista (T = track) – corridas de velocidade e de fundo. A avaliação é feita por testes de força muscular, de coordenação e funcional. Nessa modalidade, a classificação para as provas de campo é a seguinte: F11 a F13 (pessoas com deficiências visuais); F20 (pessoas com deficiências mentais); F31 a F38 (pessoas com paralisia cerebral); F40 (anões); F41 a F46 (amputados e outros) e F51 a F58 (competem em cadeiras de rodas). Para as provas de pista: T11 a T13 (pessoas com deficiência visual); T20 (pessoas com deficiências mentais); T31 a T38 (pessoas com paralisia cerebral); T41 a T46 (amputados e outros) e T51 a T54 (competem em cadeiras de rodas). Em “outros” são incluídas as pessoas com alguma deficiência locomotora. 89 ATIVIDADE AVALIADORA Os alunos poderão ser observados e avaliados em todos os momentos da Situação de Aprendizagem: quanto à compreensão das características do goalball, seu envolvimento nas discussões, suas condutas durante os jogos e as formas de participação na organização de outros jogos adaptados. Procure avaliar se, a partir das atividades realizadas, os alunos conseguem reconhecer as possibilidades de adaptação que existem em várias modalidades esportivas e jogos para pessoas com deficiência. Avalie também se os alunos são capazes de relacionar as atividades e debates empreendidos em aula com as discussões contemporâneas de respeito às diferenças como forma de evitar preconceitos. Professor, coordene a pesquisa com os alunos organizados em grupos a respeito de diferentes modalidades esportivas praticadas por pessoas com deficiência e peça que registrem o resultado no quadro presente na seção “Pesquisa em grupo”, no Caderno do Aluno. Seu professor irá pedir que, organizados em grupos, vocês pesquisem a respeito de diferentes modalidades esportivas praticadas por pessoas com deficiência. Concluída a pesquisa, elabore com seu grupo, embasado em uma das modalidades pesquisadas, uma experiência prática para ser vivenciada com sua turma, sob orientação de seu professor. Vejam as dicas de sites para a pesquisa na seção “Para saber mais”. Provavelmente, vocês terão a oportunidade de vivenciar o goalball na escola. Registrem o resultado da pesquisa no quadro a seguir. Modalidade pesquisada Regras básicas Espaço Material/equipamento Proposta de vivência PROPOSTA DE SITUAÇÕES DE RECUPERAÇÃO Durante o percurso pelas várias etapas das Situações de Aprendizagem, alguns alunos poderão não apreender os conteúdos da forma esperada. É necessário, então, criar outras Situações de Aprendizagem, diferentes daquelas já realizadas e que geraram dificuldades para os alunos. Tais estratégias podem ser desenvolvidas durante as aulas ou em outros momentos, envolver todos 90 os alunos ou apenas aqueles que apresentaram dificuldades. Por exemplo: f Com base em informações pesquisadas em sites e textos (indicados ou não por você), apresentar pelo menos uma modalidade esportiva ou jogo adaptado às deficiências sensorial ou física e ainda não vivenciado em aula. Educação Física – 2a série – Volume 2 f Indicar filmes que contemplem a deficiência visual ou outro tipo de deficiência, preferencialmente relacionados à Cultura de Movimento, para ser interpretados. Professor, solicite aos alunos que escrevam no diagrama os esportes paralímpicos destacados em negrito na seção “Desafio!”, no Caderno do Aluno. Desafio! Escreva, no diagrama, os esportes paralímpicos destacados em negrito. Respeite os cruzamentos. Atletismo Basquetebol em cadeira de rodas Bocha Ciclismo Esgrima Futebol de cinco Futebol de sete Goalball Halterofilismo Hipismo Judô Natação Remo Rúgbi em cadeira de rodas Tênis em cadeira de rodas e tênis de mesa Tiro e tiro com arco Vela Voleibol V J U D F R U L G B I E T N E B O U R T E E B O L S Q U D E S E E C T I E R R N I O C F O I R C L I G S M S O A L B M T N I I I O P I S M L L L S O O E H B à T T A B E A S O T Ç G M E D A F I A A L H O O O A V E L L C H A T A L E T I S M O 91 RECURSOS PARA AMPLIAR A PERSPECTIVA DO PROFESSOR E DO ALUNO PARA A COMPREENSÃO DO TEMA Livro OLIVEIRA FILHO, Ciro W.; ALMEIDA, José Júlio G. Pedagogia do Esporte: um enfoque para pessoas com deficiência visual. In: PAES, Roberto R. & BALBINO, Hermes F. Pedagogia do esporte: contextos e perspectivas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. p. 91-110. Neste capítulo, os autores apresentam informações sobre a deficiência visual e sugestões de tratamento pedagógico para diferentes modalidades esportivas. Artigo CRUZ, Gilmar de C.; FERREIRA, Júlio R. Processo de formação continuada de professores de Educação Física em contexto educacional inclusivo. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte. São Paulo, v. 19, n. 2, p. 163-80, abr./jun. 2005, p.163-80. Disponível em: <http://www. usp.br/eef/rbefe/article/view/16592>. Acesso em: 13 jan. 2014. O artigo apresenta informações sobre a necessidade de formação continuada de professores de Educação Física, além de contextualizar o tratamento dos conteúdos e as relações pessoais e interpessoais daqueles que compõem o cotidiano escolar. Revista 92 regras e eventos das modalidades esportivas paralímpicas. Comitê Paralímpico Internacional (International Paralympic Committee – IPC). Disponível em: <http://www.paralympic.org>. Acesso em: 12 nov. 2013. Informações e vídeos sobre diferentes modalidades esportivas. Confederação Brasileira de Basquetebol em Cadeira de Rodas – CBBC. Disponível em: <http:// www.cbbc.org.br>. Acesso em: 12 nov. 2013. Informações sobre histórico, regras e eventos sobre a modalidade. Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais – CBDV. Disponível em: <http://www.cbdv.org.br>. Acesso em: 14 jan. 2014. Informações sobre modalidades esportivas específicas para cegos. Entre Amigos. Disponível em: <http://www. entreamigos.com.br>. Acesso em: 14 jan. 2014. Sugestões de textos que abordam diversas deficiências. Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência – IBDD. Disponível em: <http:// www.ibdd.org.br>. Acesso em: 12 nov. 2013. Regras de jogos e modalidades esportivas adaptadas. ADAPTA. Periódico da Sociedade Brasileira da Atividade Motora Adaptada (Sobama). Disponível em: <http://www.rc.unesp.br/ib/efisica/ sobama/sobamaorg/inicio.htm>. Acesso em: 14 jan. 2014. Disponibiliza artigos que abordam diversas deficiências. Porta Curtas. Disponível em: <http:// portacurtas.org.br/>. Acesso em: 6 mar. 2014. Acesso a curtas-metragens que tratam de diferentes tipos de deficiência e a maneira pela qual eles são abordados na vida cotidiana. Sites Filmes Comitê Paralímpico Brasileiro – CPB. Disponível em: <http://www.cpb.org.br>. Acesso em: 9 maio 2014. Informações sobre histórico, Cordas (Cuerdas). Direção: Pedro Solís. Espanha. Animação (curta-metragem), 2014. 10 minutos. Livre. Essa premiada animação, Educação Física – 2a série – Volume 2 baseada em uma história real, retrata a história de amizade entre uma menina e um menino com paralisia cerebral, que vivem e estudam em um orfanato. A deficiência do menino não impede que compartilhem muitas experiências promovidas pelo respeito entre os dois. Mais informações no site oficial do curta-metragem. Disponível em: <http://cuerdasshort.com/>. Acesso em: 15 abr. 2014. Demolidor: o homem sem medo. Direção de Mark Steven Johnson. EUA, Aventura, 2002. 102 min. 12 anos. História em quadrinhos adaptada para as telas do cinema. Apresenta um garoto que, após um acidente, fica cego e desenvolve outros sentidos. Isso lhe confere “habilidades super-humanas” que serão utilizadas para proteger e defender uma cidade. Meu nome é Rádio. Direção de Michael Tollin. EUA, Drama, 2003. 109 min. 12 anos. O filme apresenta a relação entre um jovem negro com deficiência mental e um professor de Educação Física. A relação de amizade e respeito entre os dois não é aceita na comunidade em que vivem, fato que os leva a enfrentar conflituosas e constrangedoras situações também na escola. O enredo, entre outras finalidades, permite reafirmar a ideia de que, quando o professor cria um ambiente receptivo à diversidade, todos aprendem juntos. Uma história de luta. Direção de Stuart Gillard. EUA, Drama, 2003. 90 min. Livre. Apesar de ser cego, Jace nunca teve medo de desafios. Quando sua família, dentro dos Estados Unidos, se muda de Nova Iorque para Utah, o garoto tem de achar um jeito de ser aceito por seus novos colegas de escola. O jovem já havia experimentado a sensação de competência musical e procura a equipe de basquetebol, mas a solução parece estar no seu ingresso na equipe de luta da escola. 93 QUADRO DE CONTEÚDOS DO ENSINO MÉDIO 1a série Volume 1 Esporte – Modalidade coletiva: basquetebol – Sistemas de jogo e táticas em uma modalidade coletiva já conhecida dos alunos Corpo, saúde e beleza – Padrões e estereótipos de beleza corporal – Consumo e gasto calórico: alimentação, exercício físico e obesidade Atividade rítmica – Ritmo vital e ritmo como organização expressiva do movimento – Tempo e acento rítmicos Esporte – Modalidade individual: ginástica rítmica Ginástica – Práticas contemporâneas em academias: ginástica aeróbica, ginástica localizada e/ou outras Mídias – Significados/sentidos no discurso das mídias sobre a ginástica e o exercício físico – O papel das mídias na definição de modelos hegemônicos de beleza corporal Corpo, saúde e beleza – Capacidades físicas: conceitos e avaliação Esporte – Modalidade individual: tênis – Técnicas e táticas em uma modalidade ainda não conhecida pelos alunos Luta – Modalidade de luta pouco conhecida pelos alunos: boxe Contemporaneidade – Corpo, Cultura de Movimento, diferença, preconceito e expectativas de desempenho físico e esportivo como construções culturais Corpo, saúde e beleza – Princípios do treinamento físico: individualidade biológica, sobrecarga e reversibilidade Atividade rítmica – Manifestações rítmicas ligadas à cultura jovem: hip-hop e street dance Lazer e trabalho – Ginástica laboral: saúde e trabalho Corpo, saúde e beleza – Efeitos fisiológicos, morfológicos e psicossociais do treinamento físico – Exercícios resistidos (musculação): benefícios e riscos à saúde nas várias faixas etárias Contemporaneidade – Esportes radicais: criatividade sobre rodas Esporte – Sistemas de jogo e táticas em uma modalidade coletiva ainda não conhecida dos alunos Esporte – Modalidade “alternativa” ou popular em outros países: beisebol, badminton, frisbee ou outra Atividade rítmica – Manifestações e representações da cultura rítmica nacional ou de outros países Corpo, saúde e beleza – Atividade física, exercício físico e saúde Corpo, saúde e beleza – Fatores de risco à saúde: sedentarismo, alimentação, dietas e suplementos alimentares, fumo, álcool, drogas, doping e anabolizantes, estresse e repouso – Doenças hipocinéticas e relação com a atividade física e o exercício físico: obesidade, hipertensão e outras Lazer e trabalho – O lazer como direito do cidadão e dever do Estado Luta – Princípios orientadores, regras e técnicas de uma luta ainda não conhecida dos alunos Mídias – A transformação do esporte em espetáculo televisivo e suas consequências Ginástica – Ginástica alternativa: alongamento, relaxamento ou outra Corpo, saúde e beleza – Atividade física/exercício físico e prática esportiva em níveis e condições adequadas Contemporaneidade – Corpo, Cultura de Movimento, diferença e preconceito 94 3a série Corpo, saúde e beleza – Corpo e beleza em diferentes períodos históricos Ginástica – Práticas contemporâneas: ginástica aeróbica, ginástica localizada e/ou outras Volume 2 2a série Contemporaneidade – A virtualização do corpo na contemporaneidade Esporte, ginástica, luta e atividade rítmica – Organização de eventos esportivos e/ou festivais (apresentações) de ginástica, luta e/ou dança Lazer e trabalho – Espaços, equipamentos e políticas públicas de lazer – O lazer na comunidade escolar e em seu entorno: espaços, tempos, interesses e estratégias de intervenção Corpo, saúde e beleza – Estratégias de intervenção para promoção da atividade física e do exercício físico na comunidade escolar CONCEPÇÃO E COORDENAÇÃO GERAL NOVA EDIÇÃO 2014-2017 COORDENADORIA DE GESTÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – CGEB Coordenadora Maria Elizabete da Costa Diretor do Departamento de Desenvolvimento Curricular de Gestão da Educação Básica João Freitas da Silva Diretora do Centro de Ensino Fundamental dos Anos Finais, Ensino Médio e Educação Profissional – CEFAF Valéria Tarantello de Georgel Coordenadora Geral do Programa São Paulo faz escola Valéria Tarantello de Georgel Coordenação Técnica Roberto Canossa Roberto Liberato Smelq Cristina de 9lbmimerime :oeÅe EQUIPES CURRICULARES Área de Linguagens Arte: Ana Cristina dos Santos Siqueira, Carlos Eduardo Povinha, Kátia Lucila Bueno e Roseli Ventrella. Educação Física: Marcelo Ortega Amorim, Maria Elisa Kobs Zacarias, Mirna Leia Violin Brandt, Rosângela Aparecida de Paiva e Sergio Roberto Silveira. Língua Estrangeira Moderna (Inglês e Espanhol): Ana Beatriz Pereira Franco, Ana Paula de Oliveira Lopes, Marina Tsunokawa Shimabukuro e Neide Ferreira Gaspar. Língua Portuguesa e Literatura: Angela Maria Baltieri Souza, Claricia Akemi Eguti, Idê Moraes dos Santos, João Mário Santana, Kátia Regina Pessoa, Mara Lúcia David, Marcos Rodrigues Ferreira, Roseli Cordeiro Cardoso e Rozeli Frasca Bueno Alves. Área de Matemática Matemática: Carlos Tadeu da Graça Barros, Ivan Castilho, João dos Santos, Otavio Yoshio Yamanaka, Rosana Jorge Monteiro, Sandra Maira Zen Zacarias e Vanderley Aparecido Cornatione. Área de Ciências da Natureza Biologia: Aparecida Kida Sanches, Elizabeth Reymi Rodrigues, Juliana Pavani de Paula Bueno e Rodrigo Ponce. Ciências: Eleuza Vania Maria Lagos Guazzelli, Gisele Nanini Mathias, Herbert Gomes da Silva e Maria da Graça de Jesus Mendes. Física: Anderson Jacomini Brandão, Carolina dos Santos Batista, Fábio Bresighello Beig, Renata Cristina de Andrade Oliveira e Tatiana Souza da Luz Stroeymeyte. Química: Ana Joaquina Simões S. de Mattos Carvalho, Jeronimo da Silva Barbosa Filho, João Batista Santos Junior, Natalina de Fátima Mateus e Roseli Gomes de Araujo da Silva. Área de Ciências Humanas Filosofia: Emerson Costa, Tânia Gonçalves e Teônia de Abreu Ferreira. Geografia: Andréia Cristina Barroso Cardoso, Débora Regina Aversan e Sérgio Luiz Damiati. História: Cynthia Moreira Marcucci, Maria Margarete dos Santos Benedicto e Walter Nicolas Otheguy Fernandez. Sociologia: Alan Vitor Corrêa, Carlos Fernando de Almeida e Tony Shigueki Nakatani. PROFESSORES COORDENADORES DO NÚCLEO PEDAGÓGICO Área de Linguagens Educação Física: Ana Lucia Steidle, Eliana Cristine Budiski de Lima, Fabiana Oliveira da Silva, Isabel Cristina Albergoni, Karina Xavier, Katia Mendes e Silva, Liliane Renata Tank Gullo, Marcia Magali Rodrigues dos Santos, Mônica Antonia Cucatto da Silva, Patrícia Pinto Santiago, Regina Maria Lopes, Sandra Pereira Mendes, Sebastiana Gonçalves Ferreira Viscardi, Silvana Alves Muniz. Língua Estrangeira Moderna (Inglês): Célia Regina Teixeira da Costa, Cleide Antunes Silva, Ednéa Boso, Edney Couto de Souza, Elana Simone Schiavo Caramano, Eliane Graciela dos Santos Santana, Elisabeth Pacheco Lomba Kozokoski, Fabiola Maciel Saldão, Isabel Cristina dos Santos Dias, Juliana Munhoz dos Santos, Kátia Vitorian Gellers, Lídia Maria Batista BomÅm, Lindomar Alves de Oliveira, Lúcia Aparecida Arantes, Mauro Celso de Souza, Neusa A. Abrunhosa Tápias, Patrícia Helena Passos, Renata Motta Chicoli Belchior, Renato José de Souza, Sandra Regina Teixeira Batista de Campos e Silmara Santade Masiero. Língua Portuguesa: Andrea Righeto, Edilene Bachega R. Viveiros, Eliane Cristina Gonçalves Ramos, Graciana B. Ignacio Cunha, Letícia M. de Barros L. Viviani, Luciana de Paula Diniz, Márcia Regina Xavier Gardenal, Maria Cristina Cunha Riondet Costa, Maria José de Miranda Nascimento, Maria Márcia Zamprônio Pedroso, Patrícia Fernanda Morande Roveri, Ronaldo Cesar Alexandre Formici, Selma Rodrigues e Sílvia Regina Peres. Área de Matemática Matemática: Carlos Alexandre Emídio, Clóvis Antonio de Lima, Delizabeth Evanir Malavazzi, Edinei Pereira de Sousa, Eduardo Granado Garcia, Evaristo Glória, Everaldo José Machado de Lima, Fabio Augusto Trevisan, Inês Chiarelli Dias, Ivan Castilho, José Maria Sales Júnior, Luciana Moraes Funada, Luciana Vanessa de Almeida Buranello, Mário José Pagotto, Paula Pereira Guanais, Regina Helena de Oliveira Rodrigues, Robson Rossi, Rodrigo Soares de Sá, Rosana Jorge Monteiro, Rosângela Teodoro Gonçalves, Roseli Soares Jacomini, Silvia Ignês Peruquetti Bortolatto e Zilda Meira de Aguiar Gomes. Área de Ciências da Natureza Biologia: Aureli Martins Sartori de Toledo, Evandro Rodrigues Vargas Silvério, Fernanda Rezende Pedroza, Regiani Braguim Chioderoli e Rosimara Santana da Silva Alves. Ciências: Davi Andrade Pacheco, Franklin Julio de Melo, Liamara P. Rocha da Silva, Marceline de Lima, Paulo Garcez Fernandes, Paulo Roberto Orlandi Valdastri, Rosimeire da Cunha e Wilson Luís Prati. Física: Ana Claudia Cossini Martins, Ana Paula Vieira Costa, André Henrique GhelÅ RuÅno, Cristiane Gislene Bezerra, Fabiana Hernandes M. Garcia, Leandro dos Reis Marques, Marcio Bortoletto Fessel, Marta Ferreira Mafra, Rafael Plana Simões e Rui Buosi. Química: Armenak Bolean, Cátia Lunardi, Cirila Tacconi, Daniel B. Nascimento, Elizandra C. S. Lopes, Gerson N. Silva, Idma A. C. Ferreira, Laura C. A. Xavier, Marcos Antônio Gimenes, Massuko S. Warigoda, Roza K. Morikawa, Sílvia H. M. Fernandes, Valdir P. Berti e Willian G. Jesus. Área de Ciências Humanas Filosofia: Álex Roberto Genelhu Soares, Anderson Gomes de Paiva, Anderson Luiz Pereira, Claudio Nitsch Medeiros e José Aparecido Vidal. Geografia: Ana Helena Veneziani Vitor, Célio Batista da Silva, Edison Luiz Barbosa de Souza, Edivaldo Bezerra Viana, Elizete Buranello Perez, Márcio Luiz Verni, Milton Paulo dos Santos, Mônica Estevan, Regina Célia Batista, Rita de Cássia Araujo, Rosinei Aparecida Ribeiro Libório, Sandra Raquel Scassola Dias, Selma Marli Trivellato e Sonia Maria M. Romano. História: Aparecida de Fátima dos Santos Pereira, Carla Flaitt Valentini, Claudia Elisabete Silva, Cristiane Gonçalves de Campos, Cristina de Lima Cardoso Leme, Ellen Claudia Cardoso Doretto, Ester Galesi Gryga, Karin Sant’Ana Kossling, Marcia Aparecida Ferrari Salgado de Barros, Mercia Albertina de Lima Camargo, Priscila Lourenço, Rogerio Sicchieri, Sandra Maria Fodra e Walter Garcia de Carvalho Vilas Boas. Sociologia: Anselmo Luis Fernandes Gonçalves, Celso Francisco do Ó, Lucila Conceição Pereira e Tânia Fetchir. Apoio: Fundação para o Desenvolvimento da Educação - FDE CTP, Impressão e acabamento Esdeva Indústria GráÅca Ltda. GESTÃO DO PROCESSO DE PRODUÇÃO EDITORIAL 2014-2017 FUNDAÇÃO CARLOS ALBERTO VANZOLINI Presidente da Diretoria Executiva Mauro de Mesquita Spínola GESTÃO DE TECNOLOGIAS APLICADAS À EDUCAÇÃO Direção da Área Guilherme Ary Plonski Coordenação Executiva do Projeto Angela Sprenger e Beatriz Scavazza Gestão Editorial Denise Blanes Equipe de Produção Editorial: Amarilis L. Maciel, Ana Paula S. Bezerra, Angélica dos Santos Angelo, Bóris Fatigati da Silva, Bruno Reis, Carina Carvalho, Carolina H. Mestriner, Carolina Pedro Soares, Cíntia Leitão, Eloiza Lopes, Érika Domingues do Nascimento, Flávia Medeiros, Giovanna Petrólio Marcondes, Gisele Manoel, Jean Xavier, Karinna Alessandra Carvalho Taddeo, Leslie Sandes, Mainã Greeb Vicente, Maíra de Freitas Bechtold, Marina Murphy, Michelangelo Russo, Natália S. Moreira, Olivia Frade Zambone, Paula Felix Palma, Pietro Ferrari, Priscila Risso, Regiane Monteiro Pimentel Barboza, Renata Regina Buset, Rodolfo Marinho, Stella Assumpção Mendes Mesquita, Tatiana F. Souza e Tiago Jonas de Almeida. CONCEPÇÃO DO PROGRAMA E ELABORAÇÃO DOS CONTEÚDOS ORIGINAIS Filosofia: Paulo Miceli, Luiza Christov, Adilton Luís Martins e Renê José Trentin Silveira. COORDENAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DOS CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS DOS CADERNOS DOS PROFESSORES E DOS CADERNOS DOS ALUNOS Ghisleine Trigo Silveira Geografia: Angela Corrêa da Silva, Jaime Tadeu Oliva, Raul Borges Guimarães, Regina Araujo e Sérgio Adas. CONCEPÇÃO Guiomar Namo de Mello, Lino de Macedo, Luis Carlos de Menezes, Maria Inês Fini (coordenadora) e Ruy Berger (em memória). AUTORES Linguagens Coordenador de área: Alice Vieira. Arte: Gisa Picosque, Mirian Celeste Martins, Geraldo de Oliveira Suzigan, Jéssica Mami Makino e Sayonara Pereira. Educação Física: Adalberto dos Santos Souza, Carla de Meira Leite, Jocimar Daolio, Luciana Venâncio, Luiz Sanches Neto, Mauro Betti, Renata Elsa Stark e Sérgio Roberto Silveira. LEM – Inglês: Adriana Ranelli Weigel Borges, Alzira da Silva Shimoura, Lívia de Araújo Donnini Rodrigues, Priscila Mayumi Hayama e Sueli Salles Fidalgo. LEM – Espanhol: Ana Maria López Ramírez, Isabel Gretel María Eres Fernández, Ivan Rodrigues Martin, Margareth dos Santos e Neide T. Maia González. História: Paulo Miceli, Diego López Silva, Glaydson José da Silva, Mônica Lungov Bugelli e Raquel dos Santos Funari. Sociologia: Heloisa Helena Teixeira de Souza Martins, Marcelo Santos Masset Lacombe, Melissa de Mattos Pimenta e Stella Christina Schrijnemaekers. Ciências da Natureza Coordenador de área: Luis Carlos de Menezes. Biologia: Ghisleine Trigo Silveira, Fabíola Bovo Mendonça, Felipe Bandoni de Oliveira, Lucilene Aparecida Esperante Limp, Maria Augusta Querubim Rodrigues Pereira, Olga Aguilar Santana, Paulo Roberto da Cunha, Rodrigo Venturoso Mendes da Silveira e Solange Soares de Camargo. Ciências: Ghisleine Trigo Silveira, Cristina Leite, João Carlos Miguel Tomaz Micheletti Neto, Julio Cézar Foschini Lisbôa, Lucilene Aparecida Esperante Limp, Maíra Batistoni e Silva, Maria Augusta Querubim Rodrigues Pereira, Paulo Rogério Miranda Correia, Renata Alves Ribeiro, Ricardo Rechi Aguiar, Rosana dos Santos Jordão, Simone Jaconetti Ydi e Yassuko Hosoume. Língua Portuguesa: Alice Vieira, Débora Mallet Pezarim de Angelo, Eliane Aparecida de Aguiar, José Luís Marques López Landeira e João Henrique Nogueira Mateos. Física: Luis Carlos de Menezes, Estevam Rouxinol, Guilherme Brockington, Ivã Gurgel, Luís Paulo de Carvalho Piassi, Marcelo de Carvalho Bonetti, Maurício Pietrocola Pinto de Oliveira, Maxwell Roger da PuriÅcação Siqueira, Sonia Salem e Yassuko Hosoume. Direitos autorais e iconografia: Beatriz Fonseca Micsik, Dayse de Castro Novaes Bueno, Érica Marques, José Carlos Augusto, Juliana Prado da Silva, Marcus Ecclissi, Maria Aparecida Acunzo Forli, Maria Magalhães de Alencastro, Vanessa Bianco e Vanessa Leite Rios. Matemática Coordenador de área: Nílson José Machado. Matemática: Nílson José Machado, Carlos Eduardo de Souza Campos Granja, José Luiz Pastore Mello, Roberto Perides Moisés, Rogério Ferreira da Fonseca, Ruy César Pietropaolo e Walter Spinelli. Química: Maria Eunice Ribeiro Marcondes, Denilse Morais Zambom, Fabio Luiz de Souza, Hebe Ribeiro da Cruz Peixoto, Isis Valença de Sousa Santos, Luciane Hiromi Akahoshi, Maria Fernanda Penteado Lamas e Yvone Mussa Esperidião. Edição e Produção editorial: R2 Editorial, Jairo Souza Design GráÅco e Occy Design (projeto gráÅco). Ciências Humanas Coordenador de área: Paulo Miceli. Caderno do Gestor Lino de Macedo, Maria Eliza Fini e Zuleika de Felice Murrie. Catalogação na Fonte: Centro de Referência em Educação Mario Covas * Nos Cadernos do Programa São Paulo faz escola são indicados sites para o aprofundamento de conhecimentos, como fonte de consulta dos conteúdos apresentados e como referências bibliográficas. Todos esses endereços eletrônicos foram checados. No entanto, como a internet é um meio dinâmico e sujeito a mudanças, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo não garante que os sites indicados permaneçam acessíveis ou inalterados. * Os mapas reproduzidos no material são de autoria de terceiros e mantêm as características dos originais, no que diz respeito à grafia adotada e à inclusão e composição dos elementos cartográficos (escala, legenda e rosa dos ventos). * Os ícones do Caderno do Aluno são reproduzidos no Caderno do Professor para apoiar na identificação das atividades. S239m São Paulo (Estado) Secretaria da Educação. Material de apoio ao currículo do Estado de São Paulo: caderno do professor; educação física, ensino médio, 2a série / Secretaria da Educação; coordenação geral, Maria Inês Fini; equipe, Jocimar Daolio, Luciana Venâncio, Luiz Sanches Neto, Mauro Betti. - São Paulo: SE, 2014. v. 2, 96 p. Edição atualizada pela equipe curricular do Centro de Ensino Fundamental dos Anos Finais, Ensino Médio e Educação ProÅssional ¹ CEFAF, da Coordenadoria de Gestão da Educação Básica CGEB. ISBN 978-85-7849-629-6 1. Ensino médio 2. Educação física 3. Atividade pedagógica I. Fini, Maria Inês. II. Daolio, Jocimar. III. Venâncio, Luciana. IV. Neto, Luiz Sanches. V. Betti, Mauro. VI. Título. CDU: 371.3:806.90 Validade: 2014 – 2017