História

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História
História
Fascículo 10
Cinília Tadeu Gisondi Omaki
Maria Odette Simão Brancatelli
Índice
História Geral
Idade Antiga: A democracia escravista grega.......................................................................................1
Exercícios............................................................................................................................................4
Gabarito.............................................................................................................................................5
História Geral
Idade Antiga: A democracia escravista grega
“Há muitas maravilhas mas nenhuma é tão maravilhosa quanto o homem... homem de
engenho e artes inesgotáveis... soube aprender sozinho a usar a fala e o pensamento mais veloz que o
vento... sagaz de certo modo na inventiva além do que seria esperar e na destreza, que o desvia às
vezes a maldade, às vezes para o bem...”
Sófocles, Antígona 497-406 a.C.
“Foram as cidades-Estado gregas que, pela primeira vez na história, tornaram a escravidão
absoluta na forma e dominante na extensão, transformando-a, de forma de trabalho auxiliar e
complementar, em um sistemático modo de produção”.
Rezende Filho, Cyro de Barros. História Econômica Geral. São Paulo: Contexto, 1991, p.24.
“Temos um sistema político... que se chama democracia, pois se trata de um regime
concebido, não para uma minoria, mas para as massas. Em virtude das leis (...), todas as pessoas são
cidadãos iguais. Por outro lado, é conforme a consideração de que goza em tal ou tal domínio que
cada um é preferido para a gestão dos nossos negócios públicos, menos por causa da sua classe social
do que pelo seu mérito. E nada importa a pobreza: se alguém pode prestar serviço à Cidade, não é
disso impedido pela obscuridade de sua categoria. É como homens livres que administramos o
Estado... Obedecemos aos magistrados sucessivos, às leis e sobretudo, às que foram instituídas para
socorro dos oprimidos (...).”
Discurso de Péricles em 430 a.C. Freitas, Gustavo de. 900 textos e documentos de História. 2. Ed.
Lisboa: Plátano, 1977, v. I, p. 68.
Os textos acima destacam alguns dos mais importantes aspectos da Grécia antiga, o
antropocentrismo, o escravismo e a democracia.
Considerada como a mais expressiva civilização da antigüidade e fonte da cultura
ocidental, devido ao seu rico legado artístico, sua Filosofia e Política. Claramente observado no
Renascimento italiano, na Idade Moderna, que se inspirou em seus valores, colocando o homem,
novamente, no centro do mundo, limitado apenas pela sua razão e vontade. Dois de seus elementos
básicos merecem uma maior análise: o escravismo e a democracia.
Como a Península Balcânica não apresentasse condições ideais para a agricultura, os
gregos buscaram sua sobrevivência no mar, fundando colônias e desenvolvendo um intenso comércio
externo.
O crescimento da produção artesanal durante o período clássico dinamizou as práticas
comerciais internas e externas, na maioria das cidades-Estado (menos em Esparta). A nova realidade
fortaleceu a economia monetária, mas gerou novas necessidades: conquistar mais áreas consumidoras
e fornecedoras de produtos. Toda essa expansão e produção econômica só foi possível com o trabalho
escravo, utilizado nos mais variados setores e de forma predominante. Nascimento, dívidas e derrota
em guerras de conquistas eram as principais maneiras de se obter escravos na Grécia antiga.
Dividida em cidades-Estado, a Grécia não formou um Estado unificado, apesar da sua
unidade cultural. A autonomia política, econômica e social, gerou rivalidades e tensões internas, que
levaram a Grécia à decadência e ao domínio macedônico. Nesse sentido conhecer sua história política
exige o estudo de casos.
O conceito bem estruturado de cidadania, facilita o entendimento da democracia grega,
ou melhor, ateniense.
As reformas de Clístenes institucionalizaram a democracia em Atenas, após diferentes
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formas de governo (monarquia, oligarquia e tirania), atingindo seu apogeu no governo de Péricles
(século V a.C.).
Durante o “Século de Ouro” de Atenas (V a.C.) foi garantida a plena participação do
cidadão (entendido como todo aquele que dispunha de direitos políticos, ou seja, homens livres,
adultos, nascidos em Atenas e filhos de pai e mãe ateniense), por meio da igualdade de: direito de
todos perante a lei (isonomia), direito de acesso à palavra na Assembléia e nos negócios (isegoria) e
participação no poder (isocracia). Portanto a democracia ateniense era direta, enquanto a atual é
representativa.
A dívida das sociedades ocidentais ao legado grego é imensa, por ter: marcado o início
do pensamento racional, com seu desenvolvimento filosófico; ensinado a importância do equilíbrio, da
perspectiva e proporção, para as artes; exaltado por completo o homem, com toda sua plenitude e
vigor físico e introduzido os valores e princípios de cidadania e democracia.
Destaques da história grega antiga
Quadro natural
a. condições gerais explicam a tendência dos gregos de se voltarem mais para o exterior do que para o
interior
b. península cortada pelo golfo de Corinto
c. norte – Grécia Continental (área montanhosa e com planícies férteis e isoladas)
d. sul – Grécia Peninsular (litoral bem recortado, ideal para a navegação)
e. ilhas – Grécia Insular (Creta e várias ilhas no Egeu)
Divisão histórica
a. Período Pré-Homérico – formação e povoamento
b. Período Homérico – sistema gentílico
c. Período Arcaico – cidades-Estado (principais Atenas e Esparta)
d. Período Clássico – guerras, hegemonias e decadência
• Guerras Médicas ou Grego-Pérsicas
– gregos X persas
– principais batalhas – Maratona, Termópilas, Salamina e Platéia
– ofensiva grega – Liga militar de Delos (liderança ateniense, com o fim das lutas Atenas
transforma a Liga em instrumento de poder)
• hegemonia ateniense – período de maior esplendor de Atenas (“Século de Péricles”, V a.C.)
• Guerra do Peloponeso
– oposição grega liderada por Esparta à hegemonia ateniense
– Liga do Peloponeso X Atenas
– vitória de Esparta e início de sua hegemonia
• nova guerra interna, devido a oposição à hegemonia espartana
– Tebas X Esparta
– hegemonia tebana
• resultados das guerras internas e externas
– enfraquecimento das cidades-Estado
– invasão macedônica
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Paralelo: Atenas – Esparta
Atenas
Esparta
Localização
Península da Ática – litoral
Planície da Lacônia – interior
Povoamento
Pelágios, aqueus, jônios e eólios
Dórios, que ficaram com as melhores
terras e aqueus, que foram ou expulsos
para a periferia ou escravizados
Economia
Agricultura, comércio (interno e externo) e artesanato
Agricultura
Terra como propriedade privada
As terras centrais eram do Estado,
enquanto as periféricas eram privadas
Maior mobilidade
Pouca mobilidade
Divisão:
– eupátridas – grandes proprietários e com maior força
política
– georgóis – pequenos proprietários
– demiurgos – comerciantes e artesãos
– thetas – marginalizados
– metecos – estrangeiros
– escravos
Divisão:
– espartiatas – guerreiros de origem
dórica e elite política
– periecos – aqueus aliados
– hilotas – escravos
Objetivo central era o equilíbrio entre o corpo (atividades
físicas) e a mente (Filosofia)
Objetivo central era o de prepara bons
cidadãos e soldados para atender ao
Estado
Sociedade
Educação
Forte militarismo e civismo
Laconismo (falar pouco), xenofobia
(aversão aos estrangeiros) e xenelasia
(expulsão dos estrangeiros)
Política
Evolução:
monarquia (basileu) – oligarquia – tirania – democracia
Oligarquia
Legisladores:
• Drácon – leis escritas severas
• Sólon – isonomia (igualdade a todos perante a lei),
participação política segundo critério econômico e fim da
escravidão por dívidas
Tirania – tomada e exercício ilegal do poder, com apoio
popular
As poucas mudanças são explicadas pelo
objetivo de se preservar o status-quo, para
garantir a dominação da minoria sobre a
maioria
Governo mais conservador
Legislador – Licurgo
Psístrato – tirano que realizou muitas obras públicas,
dinamizou o comércio e realizou uma reforma
agrária. Sua administração deu as bases para
Clístenes montar a democracia
Democracia:
– direta
– participação política era um direito do cidadão
– apogeu durante o governo de Péricles (séc. V a.C.)
– ostracismo – exílio por dez anos dos cidadão considerados
nocivos ao Estado, sem confisco de seus bens
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Cultura
Religião
• politeísta, antropomórfica e sem dogmas
• deuses possuíam características humanas, mas eram imortais
• mitologia – conjunto de lendas que descrevem as aventuras dos deuses e heróis
• Jogos Olímpicos – realizados em Olímpia para homenagear Zeus
Arte
• direta relação com a religião
• exaltação do equilíbrio, harmonia e proporção
Teatro
• importante manifestação cultural;
• grande impulso com os concursos de tragédias nas festas em homenagem a Dionísio
• principais poetas trágicos – Ésquilo, Sófocles e Eurípedes
• comédias marcadas pela sátira contra figuras políticas e problemas gerais sociais
• principal autor de comédias – Aristófanes
Prof.a Cinília T. Gisondi Omaki
Exercícios
01. (Fuvest-95) “Usamos a riqueza mais como uma oportunidade para agir que como um motivo de
vanglória; entre nós não há vergonha na pobreza, mas a maior vergonha é não fazer o possível para
evitá-la... olhamos o homem alheio às atividades públicas não como alguém que cuida apenas de seus
próprios interesses, mas como um inútil... decidimos as questões públicas por nós mesmos, ou pelo
menos nos esforçamos por compreendê-las claramente, na crença de que não é o debate que é o
empecilho à ação, e sim o fato de não se estar esclarecido pelo debate antes de chegar a hora da
ação”.
Esta passagem de um discurso de Péricles, reproduzido por Tucídides, expressa:
a. os valores ético-políticos que caracterizam a democracia ateniense no período clássico.
b. os valores ético-militares que caracterizaram a vida política espartana em toda a sua história.
c. a admiração pela frugalidade e pela pobreza que caracterizou Atenas durante a fase democrática.
d. o desprezo que a aristocracia espartana devotou ao luxo e à riqueza ao longo de toda a sua
história.
e. os valores ético-políticos de todas as cidades gregas, independentemente de sua forma de governo.
02. (Vunesp-93) A civilização grega atingiu extraordinário desenvolvimento. Os ideais gregos de liberdade
e a crença na capacidade criadora do homem têm permanente significado. Acerca do imenso e
diversificado legado cultural grego, é correto afirmar que:
a. a importância dos jogos olímpicos limitava-se aos esportes.
b. a democracia espartana era representativa.
c. a escultura helênica, embora desligada da religião, valorizava o corpo humano.
d. os atenienses valorizavam o ócio e desprezavam os negócios.
e. poemas, com narrações sobre aventuras épicas, são importantes para a compreensão do período
homérico.
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03. (GV-93) “Representando pequeno número em relação às outras classes, eles estavam constantemente
preparados para enfrentar quaisquer revoltas, daí a total dedicação à arte militar. A agricultura, o
comércio e o artesanato eram considerados indignos para o (...), que desde cedo se dedicava às armas.
Aos sete anos deixava a família, sendo educado pelo Estado que procurava fazer dele um bom
guerreiro, ensinando-lhe a lutar, a manejar armas e a suportar as fadigas e a dor. Sua educação
intelectual era bastante simples (...). Aos vinte anos o (...) entrava para o serviço militar, que só deixaria
aos sessenta, passando a viver no acampamento, treinando constantemente para as coisas da guerra
(...). Apesar de ser obrigatório o casamento após os trinta anos, sua função era simplesmente a de
fornecer mais soldados para o Estado.”
A transcrição anterior refere-se aos cidadãos que habitavam:
a. Atenas.
b. Creta.
c. Esparta.
d. Chipre.
e. Roma.
04. (Fatec-96) “A cidade-Estado era um objeto mais digno de devoção do que os deuses do Olimpo, feitos
à imagem de bárbaros humanos. A personalidade humana, quando emancipada, sofre se não
encontra um objeto mais ou menos digno de sua devoção, fora de si mesma.”
Toynbee, Arnold J. Helenismo, história de uma civilização
Na antigüidade clássica, as cidades-Estado representavam:
a. uma forma de garantir territorialmente a participação ampla da população na vida política grega.
b. um recurso de expansão das colônias gregas.
c. uma forma de assegurar a independência política das cidades gregas entre si.
d. uma característica da civilização helenística no sistema político grego.
e. uma instituição política helenística no sistema político grego.
05. (GV-95) A Guerra do Peloponeso (431 a.C.- 404 a.C.), que teve importância fundamental na evolução
histórica da Grécia antiga, resultou, entre outros fatores, de:
a. um confronto econômico entre as cidades que formavam a Confederação de Delos.
b. um esforço da Pérsia para acabar com a influência grega na Ásia Menor.
c. um conflito entre duas ideologias: Esparta, oligárquica, e Atenas, democrática.
d. uma manobra de Esparta para aumentar a sua hegemonia marítima no mar Egeu.
e. uma tentativa de Atenas para fracionar a Grécia em diversas cidades-Estado.
Gabarito
01. Alternativa a.
O texto do enunciado é de Péricles, que governou Atenas durante o século V a.C.
(período Clássico), época de maior esplendor ateniense, tanto no campo das artes quanto na política.
Foi nesse contexto que a democracia ateniense atingiu sua plenitude, por meio do estabelecimento de
princípios como: isonomia, isegoria e isocracia. A participação era direta e sem restrições econômicas
aos cidadãos, que participavam igualmente na Assembléia.
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02. Alternativa e.
A violenta invasão dos dórios, no final do Pré-Homérico, provocou profundas mudanças
na vida dos gregos. Abandono das cidades (diáspora interna e externa), crise econômica, retrocesso
geral técnico e cultural e desenvolvimento do sistema gentílico (unidade de produção auto-suficiente,
propriedade coletiva dos bens de produção e chefia para o pater-famílias), caracterizaram o Homérico,
considerado por alguns historiadores como “Idade das Trevas” ou “Período Obscuro” da Grécia. Uma
importante fonte para o estudo do final do Pré-Homérico e do Homérico são os poemas épicos, em
particular os atribuídos a Homero. Os principais são a Ilíada, que relata a Guerra de Tróia e a Odisséia,
que conta a viagem de retorno do herói grego Ulisses, após participar da Guerra de Tróia.
03. Alternativa c.
O texto descreve claramente a educação em Esparta, que tinha como um de seus
objetivos formar bons cidadãos e leais soldados, para atender, exclusivamente, aos interesses do
Estado, que coordenava a formação dos jovens, selecionando os melhores e mais fortes. O espírito
crítico era limitado e pouco estimulado. Diferentemente da mulher ateniense, a espartana possuía
grande liberdade e direitos.
04. Alternativa c.
A formação das cidades-Estado corresponde ao período de desagregação do sistema
gentílico e seu crescimento está relacionado à expansão ampla das atividades econômicas. Cada pólis
possuía um governo autônomo, uma economia própria e total independência política em relação as
demais cidades-Estado. Principais exemplos: Atenas, Esparta, Corinto e Mileto.
05. Alternativa c.
A guerra contra os persas levou os gregos a formarem uma aliança militar, a Liga de
Delos, comandada por Atenas. Afastada a ameaça persa, não levou ao fim da Confederação, ao
contrário, Atenas transformou-a em instrumento particular de poder e fonte de riqueza. A nova
situação estabeleceu a hegemonia ateniense, que foi, imediatamente, combatida por Esparta,
provocando a Guerra do Peloponeso. A derrota ateniense permitiu que sua grande rival iniciasse uma
nova hegemonia. O quadro de lutas levou ao esgotamento e enfraquecimento de toda Grécia,
facilitando a invasão de Filipe II, rei da Macedônia.
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