Baixar - Hospital São Luiz

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Baixar - Hospital São Luiz
A doença de ser só Estudos indicam que viver sozinho é tão prejudicial quanto fumar ou abusar do álcool
Tristeza, substantivo masculino Depressão pós-parto começa a ser diagnosticada entre os homens
n º 4 | j u l h o - se t e mbro | 20 1 2
Um novo começo
Técnicas modernas diminuem a rejeição nos transplantes;
maior desafio agora é aumentar as doações
carta ao leitor
A doença de ser só Estudos indicam que viver sozinho é tão prejudicial quanto fumar ou abusar do álcool
Tristeza, substantivo masculino Depressão pós-parto começa a ser diagnosticada entre os homens
nº 4 | julho - se te mbro | 20 1 2
Um novo começo
Técnicas modernas diminuem a rejeição nos transplantes;
maior desafio agora é aumentar as doações
A
atuação da Rede D’Or São Luiz neste ano tem se marcado não
só pela fusão e incorporação de novos hospitais, mas pela expansão e melhoria dos já existentes. Como mostram as notas da seção acontece na rede, várias unidades estão passando por
reformas e ampliações – com acréscimos de leitos, compra de equipamentos e inauguração
de novas alas. No Prontolinda, por exemplo, estão sendo investidos R$ 15 milhões na criação
de um prédio anexo aos atuais, que contará com um bloco para cirurgias e emergência geral.
Nas melhorias, destaca-se uma inovação na gestão hospitalar brasileira: a adoção de um
sistema que diminui radicalmente o tempo de espera para o primeiro atendimento no pronto-socorro. A metodologia, chamada Smart Track, primeiramente foi adotada nas unidades
Anália Franco e Itaim do São Luiz, em São Paulo – nas quais a espera nos horários de
pico caiu de duas horas para 20 minutos. Agora, é implementada na unidade Morumbi e será adotada em todos os hospitais da Rede, até o fim deste ano.
Portanto, quando o Brasil sediar a próxima Copa do Mundo, em 2014, a Rede
D’Or estará preparada. É uma dor de cabeça a menos para o ortopedista Romeu
Krause, do Hospital Esperança, no Recife. Ele coordenará a área médica da Copa na capital pernambucana, como conta a reportagem da seção diagnóstico.
Além desses temas, esta edição da SuaSaúde também aborda assuntos ainda pouco explorados na medicina. A seção viver bem mostra as conclusões de
um amplo estudo sobre hábitos alimentares – e uma das principais delas é que
apenas contar calorias não é um bom jeito de perder peso. Na especial, reunimos
algumas pesquisas que indicam que, além das atividades físicas e da alimentação, há
outro fator básico para a saúde humana: manter relações sociais sólidas. A solidão é tão
prejudicial quanto fumar 15 cigarros por dia. Em primeiros cuidados, abordamos um outro
aspecto da depressão pós-parto: ela também afeta os homens.
A
Rede D’Or São
Luiz tem investido não
só na incorporação de novos
hospitais, mas também na
expansão e na melhoria dos já
existentes. Várias unidades estão
sendo reformadas e
ampliadas
Boa leitura!
Expediente
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Luiz • Diretoria de Marketing Claudio Tonello • Marketing Regionais SP e PE George Maeda, Alexandre Volcian, Debora Rodrigues, Kelly Magalhães
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Editorial Jorge Moll, José Roberto Guersola, Claudio Tonello, Newton Takashima, Rodrigo Gavina, Alexandre Loback, Jorge Moll Neto, João Pantoja, Lucio
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Roberto de Toledo (DRT-DF 2623/88) • Foto da capa Sebastian Kaulitzki/Shutterstock
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 1
sumário
2 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
04
10
16
22
34
40
44
50
acontece
na rede
Saiba o que há
de novo nos
hospitais da
Rede D’Or
medicina
avançada
Nos transplantes,
sobra técnica e
faltam doações
viver bem
Só você apenas
somar calorias,
a conta para
emagrecer
não fecha
solidão
Relacionar-se
pouco é tão
prejudicial à
saúde quanto
beber muito
planeta
saudável
Quer fazer
sua parte na
reciclagem? Veja
o que pode e o
que não pode ser
reaproveitado
diagnóstico
O médico Romeu
Krause treinou
nos gramados
para destacar-se
na ortopedia
emergência
Quando
a alergia sai
do controle
e o corpo se
descontrola
rodando por aí
A modernidade
dos prédios, a
beleza do lago, o
balanço do blues
– tudo num só
lugar, Chicago
28
56
primeiros
cuidados
O parto altera
hormônios da
mãe, mas às vezes
o pai é que fica
deprimido
unidades
e médicos
Os hospitais
Rede D’Or e os
profissionais que
contribuíram
com esta edição
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 3
acontece na rede
Copa Star
Instituto D’Or
Hospital de luxo em Copacabana
Uma jornada para
disseminar conhecimento
Com investimento de R$ 130 milhões, a Rede D’Or São Luiz começou a construir o hospital de luxo Copa Star, em Copacabana, no Rio de Janeiro. A unidade tem como foco o atendimento em oncologia e cardiologia para usuários de planos
de saúde top e livre escolha e deve ficar pronta até 2014. Terá 127 leitos – 46 de terapia intensiva, capazes de prestar
tratamentos de emergência personalizados, radioterapia, ressonância magnética e hemodinâmica. O Copa Star também
abrigará salas inteligentes, nas quais haverá um robô que faz cirurgias guiadas por comandos.
Em sua sétima edição, a Jornada Rede D’Or São Luiz deste ano acontecerá em
6 de outubro, no hotel Royal Tulip, no bairro de São Conrado, no Rio. O evento
tem como objetivo reunir médicos, pesquisadores e estudantes de medicina
do sexto período para debater e apresentar novas técnicas no tratamento e
diagnóstico de doenças relacionadas a cardiologia, neurologia, neuropsiquiatria, oncologia, emergência, medicina interna, terapia intensiva e pediatria. As
inscrições serão gratuitas e poderão ser feitas pelo site do Instituto D’Or de
Pesquisa e Ensino (http://idor.org), que organiza a Jornada.
HOSPITAL E MATERNIDADE
BRASIL / HOSPITAL E MATERNIDADE
ASSUNÇÃO
Fotos Divulgação
Parceria com Fleury
no ABC
Hospital viValle
Tratamento avançado para o coração
O Hospital viValle, em São José dos Campos (SP), passou a contar com um
setor dedicado a diagnósticos e procedimentos cardíacos pouco invasivos.
Batizada de Centro Cardiovascular Avançado, a nova área conta com diversos
equipamentos de alta tecnologia, entre eles o Artis Zee, da Siemens, capaz
de captar imagens tomográficas tridimensionais sem emitir muita radiação.
Nos 500 metros quadrados da unidade, há três leitos privativos, com espaço
para acompanhantes, onde o paciente pode aguardar exames ou se recuperar após cirurgias.
4 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
Rede D’Or São Luiz
Estão agora sob coordenação do
grupo Fleury Medicina e Saúde as
análises laboratoriais e os serviços
de imagem feitos nas unidades da
Rede D’Or São Luiz no ABC paulista – os hospitais e maternidades
Brasil (Santo André) e Assunção
(São Bernardo do Campo). O grupo
vai atuar por meio da marca A+.
Em breve, reforçando a parceria
entre as duas empresas, o Fleury
vai prestar esses serviços em todos
os hospitais da Rede.
Apoio a esporte e cultura no Rio
Depois de fazer o atendimento médico das etapas infantil e adulta da Corrida
de São Sebastião, no início do ano, a Rede D’Or São Luiz ampliou o apoio a
iniciativas culturais no Rio de Janeiro. Os hospitais do Grupo prestam assistência emergencial ao projeto da Secretaria de Turismo intitulado Anfitriões do
Futuro, que leva alunos do ensino fundamental público para visitar os pontos
turísticos da cidade.
Além disso, desde maio a Rede é mantenedora do Theatro Net Rio, próximo
ao Hospital Copa D’Or, e patrocina o musical “O Mágico de Oz”, que estreou
em junho no Teatro João Caetano.
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 5
Acontece na rede
Hospital Prontolinda
No Prontolinda, novo prédio até 2013
O processo de expansão do Hospital Prontolinda, em Olinda (PE), está em sua
etapa final. No primeiro semestre do ano que vem, deverá ser inaugurado um
prédio de seis andares, ao lado dos atuais. O novo anexo, que recebe aporte de
R$ 15 milhões, terá um bloco para cirurgias, uma emergência geral e um centro administrativo. Com isso, o hospital terá 220 leitos na enfermaria geral e
48 na UTI. “Atualmente atendemos cerca de 12 mil pessoas por mês na nossa
emergência. A expectativa é que esse número aumente para 14 mil”, diz a diretora do Prontolinda, Luciene Melo.
Hospital São Luiz/
Morumbi
HOSPITAL E MATERNIDADE SÃO LUIZ
Sistema de
atendimento ágil se
expande na Rede
6 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
Algumas unidades da Rede D’Or São Luiz passaram a adotar um modelo humanizado de UTI. Nesse sistema, há acomodação
para acompanhante (que pode ficar 24 horas ao lado do paciente) e maior liberdade de visitas ao longo do dia, para aumentar
a interação entre a família e o paciente.
A estrutura também é diferenciada. Há várias janelas, para que o enfermo possa acompanhar a passagem do dia, leitos individuais, banheiros individuais, quartos com cromoterapia e local para colocar porta-retrato, de modo a tornar o ambiente mais
familiar. Se o paciente fizer aniversário dentro da UTI, é feita uma comemoração, com a participação dos parentes – ele recebe
um bolo, preparado pelo serviço de nutrição, e o momento é registrado em fotografias mesmo que o paciente esteja inconsciente, para que posteriormente tenha condição de ver que a data não passou em branco.
Essas mudanças aumentam o bem-estar. A experiência recente tem mostrado que o tempo de permanência na UTI tem diminuído:
o enfermo consegue ser liberado mais rapidamente.
HOSPITAL SÃO MARCOS
Técnicas avançadas contra queimaduras
Hospital e Maternidade Brasil
UTI ampliada em Santo André
O Hospital e Maternidade Brasil, de Santo André (SP), inaugurou, em julho, 17
unidades de internação e 24 leitos de UTI. O investimento, de R$ 6 milhões, reduz
a carência de atendimento especializado em cardiologia e neurologia na região
e faz parte de “um projeto cujo foco é ter 40% dos leitos do hospital reservados
para a UTI”, segundo o diretor do Brasil, Luiz Antonio Della Negra.
Até setembro, a unidade receberá uma nova área voltada a ressonância, diagnóstico da mulher e tomografia.
O número de casos de queimaduras relacionadas às festas juninas, em
especial a de São João, aumentou 20% neste ano, em comparação com
o ano passado, segundo médicos do Hospital São Marcos, associado da
Rede D’Or São Luiz no Recife. Os registros indicam que as ocorrências
envolveram ferimentos mais profundos, provocados por fogos de artifício.
Por outro lado, a medicina está mais preparada para atender esses
casos. “As cirurgias realizadas hoje têm técnicas bem avançadas, algumas complexas, outras simples, mas todas podem trazer melhorias
para o paciente”, diz o cirurgião plástico Marcelo Borges, dos hospitais
São Marcos e Esperança. “Às vezes, apenas uma atenção médica, a humanização, já pode amenizar o trauma. Tratamentos psicológicos são
essenciais durante muito tempo.”
Fotos Divulgação
O Smart Track – sistema que, nos
horários de pico, diminuiu de duas
horas para 20 minutos o tempo
médio do primeiro atendimento nas unidades Anália Franco e
Itaim do São Luiz, em São Paulo
– agora também está disponível
no pronto-socorro do Morumbi.
Nesse modelo, a triagem dos pacientes é feita com mais agilidade
por uma equipe multiprofissional.
Se o quadro for classificado como
simples ou como dependente de
uma avaliação mais profunda, o
paciente é encaminhado para salas
onde passa por cuidados específicos. “Mantemos um excelente nível
para os pacientes graves e conseguimos oferecer atendimento em
tempo menor nos outros casos”,
afirma o diretor geral da Rede
D’Or São Luiz, Rodrigo Gavina.
Paulatinamente, o Smart Track
será implantado em todas as unidades do Grupo.
Humanizada e eficiente
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 7
acontece na rede
Mais leitos e melhores equipamentos
Divulgação
HOSPITAL ESPERANÇA
O Hospital Esperança, do Recife, inaugurou 15 leitos de apartamentos privativos e 24 leitos de enfermarias, além de novas unidades de
terapia intensiva cardiológica (15 leitos) e pediátrica (10). Foi criada
ainda uma área exclusiva para a pediatria (11 leitos) e mais 29 quartos privativos. Com isso, a instituição passa a contar com 243 leitos
– número que deve aumentar já em outubro, com a entrega de 29
apartamentos no quinto andar.
Também foram implantadas normas de segurança usadas nos melhores
centros hospitalares do mundo, sistema de gerenciamento de risco,
equipamentos que deixam de gerar resíduos químicos e que reduzem
pela metade a carga de radiação para pacientes.
Hospital Copa D’Or
Hospital santa luzia
Histórias que curam
Feijoada do bem
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O Hospital Santa Luzia, de Brasília, ajudou a patrocinar a sexta edição do Feijão
Solidário, uma feijoada beneficente cujos recursos são destinados a instituições
sociais do Distrito Federal. O evento, organizado pelo programa Correio Braziliense Solidário, faz parte de um conjunto de ações responsáveis por captar
verba para 17 creches da região, que atendem 2 mil crianças de até 5 anos, e
para um lar de idosos que abriga 60 pessoas.
CAM/Carlos Moura
O Hospital Copa D’Or começou
a participar, em agosto, de uma
ação em que voluntários treinados
contam histórias para pessoas
internadas. Trata-se do projeto
Viva e Deixe Viver, do Instituto
Rio de Histórias. “Entendemos que,
além de amenizar as sensações
desagradáveis da hospitalização,
essa atividade em muito pode
contribuir para a humanização
do ambiente de nosso hospital”,
afirma a psicóloga chefe e responsável pelo projeto no Copa
D’Or, Fernanda Saboya.
Outras unidades da Rede mantêm
iniciativas semelhantes, como o
Rios D’Or e o Barra D’Or.
medicina avançada por Cláudia Zucare Boscoli
Jeffrey Collingwood/Shutterstock
Dar,
receber e
convencer
As técnicas para reduzir a rejeição em
transplantes de órgãos e tecidos evoluíram;
agora, é preciso aprimorar o trabalho com
as famílias dos potenciais doadores
10 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 11
as vésperas
do Natal de 1954, o norte-americano Richard
Herrick ganhou um presente inédito – para ele e para o mundo. Numa operação de
cinco horas e meia, recebeu o rim de seu
irmão gêmeo, Ronald. O procedimento liderado pelo cirurgião Joseph Murray, em
Boston, resultou no primeiro transplante
de sucesso da história. A façanha daria oito anos de sobrevida a Richard e o Prêmio
Nobel para Murray.
Desde então, a medicina tem avançado
bastante. Não apenas do ponto de vista exclusivamente cirúrgico, mas também, e sobretudo, no pós-transplante, na diminuição da rejeição. O sucesso
se deve, antes de tudo, à
descoberta dos antígenos de histocompatibilidade (moléculas
que determinam a
compatibilidade
dos tecidos para
os transplantes) e
à obtenção de drogas
imunossupressoras.
Os imunossupressores
são medicamentos que enfraquecem o sistema imunológico para que
não rejeite o órgão doado. A cortisona foi o
primeiro remédio desse tipo, mas a ampla
gama de efeitos colaterais limitou seu uso. A
azatioprina, mais específica, foi identificada
em 1959, mas a descoberta da ciclosporina,
em 1970, permitiu expandir de modo significativo os transplantes entre doadores-receptores menos compatíveis.
A década de 1980 foi marcada por mais
dois avanços: a padronização da retirada de
múltiplos órgãos – que estabeleceu normas
para a prática e colaborou para a formação
médica – e o desenvolvimento de uma solução de conservação de órgãos e tecidos (batizada de UW-Belzer), capaz de aumentar
Luis Louro/Shutterstock
N
O
Brasil bateu seu
recorde de procedimentos
em 2011 (47.108) e diminuiu
em 23% a lista de espera para
significativamente
receber órgãos. Mas cerca sua
vida útil.
de 70 mil pacientes ainda
Atualmente, 80%
dos casos de transplanaguardam na fila
12 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
tes são bem sucedidos – o
paciente volta totalmente à sua
rotina de antes da doença. Já podem ser
transplantados coração, rim, fígado, pulmão, pâncreas, intestino, córnea, medula
óssea, pele, valva cardíaca, ossos e esclera
ocular, entre outros órgãos ou tecidos. Um
único doador é capaz de salvar ou melhorar
a qualidade de vida de cerca de 25 pessoas.
pedras no caminho Esse tipo de procedimento está plenamente consolidado
no Brasil – somos o segundo do mundo em
volume de transplantes, atrás apenas da Espanha. No ano passado, o país bateu recorde
de doações e cirurgias (foram 47.108 procedimentos) e conseguiu reduzir em 23% o
número de pacientes na lista de espera por
órgãos e tecidos. De 2003 para 2011, mais que
dobrou o número de doadores. E, em 95%
dos casos, todo o tratamento foi gratuito.
Tantos bons resultados devem ser comemorados, mas ainda estão distantes do ideal.
Cerca de 70 mil pacientes aguardam na fila
de doações que, em alguns casos, pode durar mais de três anos. A meta do governo é,
até 2015, atingir a marca de 15 doadores por
milhão de habitantes (em 2011, foram 11, e,
em 2003, apenas cinco; na Espanha, são 35).
O que é preciso para isso? “O programa
nacional de transplantes tem organização
exemplar. No papel, está tudo muito bem
desenhado. Mas é preciso fazer essa máquina andar, e, muitas vezes, são as pequenas
pedras no caminho que atrapalham”, afirma o presidente da Associação Brasileira de
Transplante de Órgãos (ABTO), José Osmar
Medina Pestana.
Na teoria, o sistema deveria funcionar
seguindo um passo a passo. Primeiro, a equi-
pe médica constata a morte encefálica do
possível doador, por meio de dois exames
clínicos (com intervalos de seis horas entre
eles e feitos por dois médicos diferentes e
sem ligação com a equipe de transplantes),
além de um exame gráfico, que comprove que
não existe mais irrigação do cérebro. Após
a verificação da morte encefálica, o médico
deve telefonar para a Central de Notificação,
Captação e Distribuição de Órgãos de seu
estado, informando nome, idade, causa da
morte e hospital onde o paciente está internado. Essa notificação é compulsória e
independente do desejo familiar de doação
ou da possibilidade de o potencial doador
converter-se em doador efetivo.
Paralelamente, a família do paciente deve
ser procurada. Por meio de entrevista, parentes de até segundo grau podem liberar
a doação. Depois da autorização, são feitos
vários exames no doador, e só então tem
início uma complexa corrida contra o tem-
po para captação e destinação dos órgãos e
tecidos – as listas de espera seguem uma ordem cronológica ou, em alguns casos, como
o de fígado, atendem os pacientes de acordo
com a gravidade da doença, sempre dando
prioridade a menores de 18 anos e descartando da lista os receptores incompatíveis.
Na prática, nem todos os passos são obedecidos. Por exemplo, de cada oito potenciais
doadores de órgãos no país, apenas um é
notificado às centrais. “Qualquer coisa pode comprometer o programa. São diversas
regiões, diversas cidades, diversos hospitais.
Cada localidade encontra um tipo de problema. Em um lugar, o empecilho é o transporte do órgão, em outro, o transporte da
equipe ou a difícil localização do doador”,
enumera Pestana.
Outra falha recorrente, segundo Rafael
Paim, vice-presidente nacional e diretor da
unidade Rio de Janeiro da Aliança Brasileira
pela Doação de Órgãos e Tecidos (Adote), é
Cirurgiões
e psicólogos
Um transplante é frequentemente uma cirurgia complexa. Por isso, não são todos os
hospitais que conseguem se
habilitar para fazer esse tipo
de procedimento.
Uma das exceções é o Hospital Quinta D’Or, no bairro de
São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Lá são feitos entre oito
e dez transplantes de fígado
por ano. A equipe que realiza
esse tipo de cirurgia conta com
sete cirurgiões, dez médicos
clínicos (entre hepatologistas,
intensivistas e infectologistas)
e sete anestesistas, e é coordenada por Lúcio Pacheco, vice-presidente da Associação
Brasileira de Transplante de
Órgãos (ABTO).
“Na sala de operação, participam dois anestesistas, quatro
cirurgiões e dois instrumentadores. Para integrar a equipe,
os médicos precisam de pelo
menos um ano de experiência
com esses procedimentos, enquanto os anestesistas necessitam de seis meses”, explica
Pacheco.
O hospital oferece ainda apoio
psicológico. Esse serviço ajuda a preparar o paciente, que
geralmente está fragilizado
por ter de enfrentar a fila de
espera pelo fígado. “Costumo
dizer que fazer um transplante
é como se preparar para uma
maratona. A pessoa precisa
estar bem emocionalmente
e com todos os órgãos funcionando de forma perfeita,
exceto o que será substituído”,
completa o cirurgião.
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 13
Yuri Arcurs/Shutterstock
Serviço
Informações e notificações
sobre transplantes
• Central Nacional de
Transplantes:
Tel.: (61) 3652379
E-mail: [email protected]
• Sistema Nacional de
Transplantes:
Tel.: (61) 3152021
E-mail: [email protected]
• Associação Brasileira de
Transplantes
de Órgãos (ABTO):
Tel.: (11) 2831753
E-mail: [email protected]
Site: www.abto.org.br
o despreparo para manter a irrigação dos
órgãos e tecidos antes da retirada. “Muitos
não estão treinados o suficiente para manter pressão e temperatura em alguém que
já morreu”, afirma.
Mas o ponto mais delicado, segundo os especialistas, é o
despreparo das equipes
para obter autorização
da família para doação. Uma pesquisa
feita no ano passado
pela ABTO revelou
que metade dos pedidos é negada.
“Não acredito que
falte doador no Brasil. O
que falta é doação. Nós temos, inclusive, estudos em que
mais de 64% da população se autodeclara
doadora. O que acontece é que, muitas vezes,
o profissional que vai fazer o comunicado
não sabe se colocar, falta com a delicadeza,
não compreende que a família está em luto”,
avalia Paim. E complementa: “Com treino,
é possível chegar a números semelhantes
aos da Espanha, em que a taxa de negativa
familiar é de 15% e há casos de médicos que
nunca ouviram um não sequer”.
Como não existe documento que valide a
opção do paciente por ser doador,
a autorização vem sempre da
família. E num momento
delicado: a idade média de doadores no
Brasil é de 40 anos
– ou seja, são pessoas jovens, geralmente vítimas de
morte súbita.
“Quando uma família diz ‘não’, não é por dogma, por crença religiosa. É
porque, simplesmente, o doador
não deixou isso claro. Por isso, quando me
perguntam ‘como eu faço para ser doador?’,
respondo: diga isso para a sua família”, afirma Pestana, da ABTO.
Em alguns casos, é possível doar em vida. Parentes de até quarto grau e cônjuges
A
metade dos
pedidos de doação é
negada pela família. Para
especialista, falta preparo aos
profissionais que entram em
contato com parentes de
possíveis doadores
14 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
podem disponibilizar um dos rins, medula
óssea e parte do fígado, do pulmão ou do
pâncreas. Não parentes só podem ser doadores com autorização judicial. O doador é
submetido a uma série de exames para que
o procedimento não comprometa sua saúde.
futuro No longo prazo, as pesquisas com
células-tronco são a grande aposta. Iniciativas de várias partes do mundo buscam
viabilizar a criação de órgãos e tecidos em
laboratório, diminuindo o risco de rejeição, já que tais células seriam capazes de
produzir órgãos geneticamente idênticos.
Em 2010, foi inaugurado, em Madri, um
laboratório para criação de órgãos bioartificiais com células-tronco. A expectativa é
usá-los em transplantes em 2020. Um passo
importante entre a pesquisa e a aplicação
foi dado neste ano, quando cientistas japoneses anunciaram a criação de um fígado
humano a partir de células-tronco.
No Brasil, as pesquisas deslancharam
com a aprovação da Lei de Biossegurança,
em 2005. Lilyana Vynogradova/Shutterstock
viver bem por Noelly Russo
conta
Não põe na
Pesquisa que acompanhou 120 mil pessoas por até
20 anos reforça o que alguns nutricionistas já pregam:
contar calorias não é o melhor método para emagrecer
16 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 17
A
velha máxima de que qualidade é
mais importante do que quantidade ganhou comprovação científica. Pelo menos no que diz respeito aos hábitos alimentares. A
nova orientação de nutricionistas e grupos especializados em reeducação alimentar é deixar a contagem de calorias em segundo
plano e simplesmente eliminar de uma vez da rotina as comidas
que não são saudáveis.
“Essa é uma verdade de que os nutricionistas já suspeitavam. Não adianta nada
comer pouco, se o alimento não for nutritivo. Não adianta nada você ingerir 1.200
calorias de frituras, por exemplo”, explica
o professor de Nutrição João Felipe Mota,
da Universidade Federal de Goiás. “Isso
não quer dizer que comer em excesso um
alimento saudável está liberado”, pondera.
O maior reforço a essa concepção veio de
uma pesquisa publicada no ano passado e
realizada por cinco departamentos ligados
às áreas de saúde e medicina da Universidade de Harvard, em Cambridge, nos Estados
Unidos. Trata-se de um acompanhamento
dos hábitos de 120.877 médicos, enfermeiros,
dentistas e veterinários por 12 a 20 anos.
Com o grande número de participantes e o
longo período de monitoramento, foi possí-
vel identificar o que mais influencia a perda
e – sobretudo – o ganho de peso.
Assim, o estudo lança perspectivas sobre
o modo de encarar a obesidade, apontada
pela Organização Mundial da Saúde como
uma das mais graves epidemias do século
21. Segundo estimativas da OMS, o número
de obesos no mundo chegará a 1,5 bilhão em
2015. A tendência deve agravar os efeitos a
que o excesso de peso está associado, como
doenças cardiovasculares, diabetes do tipo
2 (adquirido, não o de origem genética) e
problemas na coluna e nos ossos.
O resultado apontou que, a cada quatro
anos, os voluntários ganharam,
em média, 1,5 quilo; em 20
anos, os participantes haviam engordado em média 8 quilos.
“Não
adianta
nada comer pouco,
se o alimento não for
nutritivo”, explica o professor
de Nutrição João Felipe
Mota, da Universidade
Federal de Goiás
Alimentos in
natura geralmente
são melhores que
Fotos Shutterstock
os processados,
que costumam ter
grande quantidade
de sódio
18 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
“Ninguém engorda 10, 20 quilos de um dia para outro. São pequenos ganhos que se acumulam ao longo dos anos. Por isso dietas
restritivas e impossíveis de serem seguidas estão cada vez mais
em desuso. É fundamental entender o processo de ganho de peso
como uma síndrome e combatê-la como um todo”, diz Mota. O
estudo de Harvard aponta exatamente isso.
Entre as conclusões está a de que, como o ganho de peso é multifacetado, é impossível isolar apenas um dos fatores como principal responsável. Não se deve, por exemplo, atribuí-lo apenas à
ingestão de determinada quantidade de calorias por dia.
Resultados como esses fizeram com que dietas tradicionais,
mundialmente aceitas, alterassem seus métodos. Os Vigilantes
do Peso, um dos mais reconhecidos grupos de apoio à reeducação
alimentar, é o maior exemplo dessa mudança. Sua estratégia
tradicional incluía a contagem de calorias na tabela
de alimentação, mas atualmente coloca ênfase
na qualidade. Considera também a velocidade
da metabolização de alimentos e a capacidade metabólica do corpo para digeri-los.
Um exemplo é o suco de laranja e a
própria fruta. Meio copo de suco vale 3
pontos pelo novo método dos Vigilantes,
enquanto uma laranja vale zero. A fruta é
rica em fibras, componentes fundamentais
para uma boa digestão. O suco tem muito
menos quantidade desse nutriente e, por isso, é digerido com mais rapidez e transforma-se
logo em açúcar.
vade-retro, batata frita “O alto consumo de frituras,
bebidas adoçadas, refrigerantes, salgadinhos de pacote e fast food,
aliado à vida sedentária, tem contribuído para a piora do estado de
saúde dos brasileiros de todas as idades”, reforça a nutricionista
Sonia Tucunduva Philippi, professora e pesquisadora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.
São esses os tipos de alimentos condenados pelo estudo norte-americano. A batata frita é a campeã de restrições no levantamento. Sozinha, foi responsável por as pessoas ganharem 1,5
quilo, em média, durante quatro anos. A batata, por si só, vira
açúcar rapidamente no organismo; somada ao óleo usado na fritura, torna-se quase uma ogiva calórica.
Outros “vilões” detectados por Harvard foram bebidas adoçadas com açúcar, carne vermelha (com gordura), carne vermelha
processada, batatas em geral, doces e sobremesas, frituras, sucos
concentrados e manteiga. Laticínios não tiveram impacto no ganho de peso, de acordo com a avaliação.
No Brasil não é muito diferente. “O brasileiro está comendo de
forma inadequada tanto em qualidade como em quantidade, além
de ser sedentário”, diz Sonia, uma das criadoras de uma versão da
pirâmide alimentar adaptada à realidade brasileira e utilizada pelo
Ministério da Saúde. Lá, aponta a docente da USP, recomenda-se
que “todos os grupos de alimentos são importantes e devem ser
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 19
Se no dia a dia a alimentação é importante, quando se está doente os
cuidados precisam ser redobrados.
Por isso, a dieta, fator fundamental
para a recuperação, é elaborada
sempre de forma personalizada,
levando em conta os hábitos alimentares, o estado nutricional e
a enfermidade do paciente.
A nutricionista Adriana Martins
Mesquita, gerente corporativa de
Hotelaria da Rede D’Or São Luiz,
diz que uma dieta hospitalar pode
diferir da convencional tanto na
composição quanto na consistência
(devido a dificuldades de mastigação, deglutição ou digestão).
“A alteração na consistência é necessária em algumas doenças, após
cirurgias ou em alterações fisiológicas próprias da idade, como
acontece na alimentação infantil
ou para idosos.” As mudanças nutricionais estão geralmente ligadas
ao controle de patologias.
O Hospital São Luiz, de São Paulo,
e outras unidades da Rede têm
guias com as principais dietas
terapêuticas e suas indicações
– um instrumento para orientar
nutricionistas e médicos. Pacientes com doenças de fígado, por
exemplo, recebem alimentos com
menos gordura.
Em qualquer caso, é importante
que um nutricionista acompanhe
o processo, pois é comum a falta de apetite na internação. “A
baixa aceitação de comida pode ser prejudicial à recuperação.
Muitas vezes é necessária uma
suplementação. A orientação se
mostra relevante mesmo após o
paciente sair do hospital, pois às
vezes ele precisa manter uma dieta restrita”, completa Adriana.
20 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
além do exercício Apesar de o brasileiro estar mais gordo,
o levantamento da Vigitel aponta que estamos nos exercitando
um pouquinho mais. Em 2006, 14% dos entrevistados declararam
praticar algum tipo de atividade física; no ano passado, o número
passou para quase 16%.
Os dados da Vigitel sinalizam a mesma conclusão do estudo norte-americano: a de que, sozinho, o exercício não funciona. Harvard
comprovou que quem se exercita e controla a alimentação perde
mais peso. Mas as pessoas que praticam atividade física e mantêm
no cardápio os vilões da alimentação continuam engordando.
Uma rotina equilibrada é a chave para o sucesso, segundo Sonia. “As necessidades calóricas são individuais e variam de acordo
com sexo, idade, peso, estatura e atividade física”, observa. Em
qualquer caso, porém, os alimentos regionais in natura devem ser
sempre incentivados. “Há necessidade de aumentar o consumo
de frutas, legumes, verduras e grãos integrais.”
Não surpreende, portanto, que os alimentos apontados pelo estudo dos Estados Unidos como campeões para a perda de peso sejam
exatamente os desses últimos grupos citados pela pesquisadora.
De qualquer modo, outra conclusão dos especialistas de Harvard
é que não é só a alimentação que leva as pessoas a engordarem.
Sedentarismo, tabagismo e consumo excessivo de bebidas alcoólicas estão entre os fatores que contribuem para os quilinhos a
mais. A privação ou o excesso de sono e o número de horas que se
passa assistindo à TV também foram considerados “culpados” de
contribuir com a epidemia de obesidade que se verifica hoje em
praticamente todos os países.
Para o sono, a recomendação é manter as tradicionais oito horas
por dia. Dormir demais ou de menos implica aumentar a predisposição a engordar. Quem dorme pouco produz menos leptina,
hormônio responsável pela sensação de saciedade, e mais cortisol,
o hormônio do estresse. Essa combinação (menos leptina e mais
cortisol) contribui para o aparecimento de gordura corpórea e
aumento da fome.
“Recomendam-se oito horas de sono por dia, seis refeições
diárias – sendo café da manhã, almoço e jantar, intercaladas por
lanches – e no mínimo 30 minutos de atividade física diária. As
atividades de trabalho devem ser intercaladas por momentos
para comer e se exercitar”, diz Sonia.
Devem ser levados em consideração ainda os fatores emocionais ligados à alimentação. “As pessoas comem por prazer e para
a manutenção do estado de saúde. Mas situações como alegria,
tristeza ou depressão podem desencadear estados compulsivos, aumentando ou diminuindo o consumo
alimentar”, afirma a professora da USP.
“Todos devem ficar atentos e aprender a
se conhecer para saber o que o corpo está
sinalizando, se é fome, compulsão ou carências emocionais. Nesse caso, é fundamental procurar apoio de médico e nutricionista”, recomenda Sonia.
O excesso de peso pode ser evitado com
pequenas mudanças de hábitos. Mota afirma
que um dos erros comuns nas dietas tradicio-
A
nais é achar que o paciente é capaz de suportar alterações drásticas de uma só vez.
“De nada adianta tentar convencer uma
pessoa que toma duas latas de refrigerante por refeição a cortar tudo de uma vez. O
ideal é ir aos poucos”, sugere o professor
da Universidade Federal de Goiás.
“Assim, numa primeira etapa, ele consegue diminuir o consumo, para depois aprender a comer sem beber nada.
Pequenas mudanças
têm mais chances de
se tornarem permanentes do que
as grandes. Essas,
ninguém suporta.
Uma refeição deve
ser prazerosa, não uma
tortura”, salienta.
pesquisa mostra
que as pessoas que
praticam atividade física,
mas mantêm o hábito de
comer ingredientes pouco
saudáveis, continuam
engordando
Aleksandr Stennikov/Shutterstock
Feita sob medida
consumidos nas refeições principais todos os dias. Quanto mais
colorido o prato, mais diversificada e nutritiva a alimentação.”
Um levantamento realizado em 2011 pela Vigilância de Fatores
de Risco para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, indicou que praticamente metade
dos brasileiros está acima do peso. A proporção de gordinhos e
obesos passou de 42,7%, em 2006, para 48,5% no ano passado.
Mota, da Federal de Goiás, aponta o aumento no consumo de
alimentos processados como uma das causas para as novas circunferências. Muitos deles contêm alta concentração de sódio,
usado para conservação, e descartam nutrientes importantes dos
alimentos in natura com base nos quais são preparados.
“O prato típico do brasileiro – arroz com feijão, salada e uma
proteína – era adequado e perfeito para nossa população. Agora, a falta de tempo para preparar os alimentos, a facilidade de
encontrar produtos prontos e o preço mais baixo dos alimentos
industrializados mudaram isso.”
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 21
especial por Manuel Alves Filho
Doença da solidão
Fekete Tibor/Shutterstock
Relações sociais frouxas são tão ruins para a saúde quanto
o tabagismo e o abuso do álcool
22 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 23
Um
trabalho que
avaliou 148 pesquisas
sobre o tema detectou
Saúde Ocupacioque cultivar uma sólida
nal, detectou que
homens
solitários
rede de amizades pode
tinham cinco vezes
aumentar a sobrevida
mais chances de morem 50%
rer de doença do fígado
24 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
do que os casados ou que
moravam com outra pessoa. Entre as mulheres, o risco é 2,4 vezes maior
para as solteiras.
No Brasil, tais estudos ainda não são tão
frequentes, observa a psicóloga Tereza Etsuko da Costa Rosa, pesquisadora do Instituto de Saúde (IS) da Secretaria de Estado
de Saúde de São Paulo. A tese de doutorado
dela, defendida em 2005 na Universidade
Lightpoet/Shutterstock
S
empre que assuntos ligados à preservação
da saúde e combate às doenças vêm à tona, duas recomendações
surgem invariavelmente: adotar uma dieta balanceada e praticar
exercícios físicos. De acordo com pesquisas científicas recentes,
uma terceira providência também poderia contribuir para tornar a vida ainda mais longa, saudável e agradável – cultivar boas relações sociais. Estudo desenvolvido por pesquisadores da
Universidade Brigham Young, nos Estados Unidos, sugere, por
exemplo, que ter uma sólida rede de parentes, amigos e vizinhos
pode aumentar as chances de sobrevivência em 50%. Para os especialistas norte-americanos, a solidão pode ser tão
prejudicial ao ser humano quanto o tabagismo.
As investigações em torno do vínculo das
redes sociais com certos níveis de doença e
saúde remontam ao clássico estudo sociológico sobre o suicídio conduzido por Émile
Durkheim (1858-1917) no final do século
19. Já naquela época, o francês, um dos
pais da sociologia moderna, considerava
que atentar contra a própria vida não estava
associado somente a uma decisão individual,
mas também ao enfraquecimento da coesão da
sociedade, que se tornava menos solidária. Com o
decorrer dos anos, novas pesquisas, feitas principalmente
no exterior e a partir dos anos 1980, confirmaram que a presença
ou ausência de relações sociais afetava a saúde dos indivíduos.
O estudo norte-americano, publicado na prestigiada revista Public
Library of Science Medicine, analisou 148 trabalhos sobre o tema,
que envolviam 308.849 participantes. A revisão bibliográfica identificou que viver sozinho é tão arriscado para a saúde quanto fumar
15 cigarros por dia ou abusar de bebidas alcoólicas. Aliás, uma pesquisa sobre hábitos etílicos, conduzida pelo Instituto Finlandês de
de São Paulo (USP), é uma das poucas no
país sobre o assunto. O trabalho tratou, entre outros aspectos, da influência das redes
sociais no estado nutricional de idosos no
município de São Paulo. Conforme o estudo,
aqueles que mantinham sólidas relações
com parentes e amigos apresentavam uma
dieta mais adequada.
Os mecanismos pelos quais o apoio social influencia a saúde ainda não estão suficientemente esclarecidos, avalia Tereza
Rosa. “Alguns autores consideram que o
apoio social teria um efeito amortecedor.
Ou seja, protegeria os indivíduos das consequências patogênicas ligadas a eventos
estressantes. Outra corrente, porém, de-
fende que o apoio social tem um efeito direto, independente dos
níveis de estresse do indivíduo. Tal hipótese sugere que a proteção se daria através da regulação social de determinados hábitos
(consumo de álcool e tabaco, por exemplo) e do fornecimento de
informações e recursos materiais”, explica.
O psicólogo John Cacioppo, diretor do Centro de Neurociência da Universidade de Chicago, vê relação ainda mais direta: em
entrevistas, ele tem comentado que a sensação de solidão seria
responsável por elevar a quantidade do hormônio do estresse, o
cortisol, que aumenta a pressão arterial.
Para psicólogo da
Universidade de
Chicago, a sensação
de solidão eleva os
níveis do hormônio
do estresse, que
aumenta a pressão
arterial
forma e papel Mas por que as redes sociais seriam tão importantes? Teresa Rosa observa que a maioria dos autores identifica
estruturas e funções específicas nesses laços. Eles abrangem, por
exemplo, o papel social que a pessoa desempenha num determinado grupo e a frequência e a intensidade de seus contatos com
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 25
Se manter relações sociais sólidas é
benéfico à saúde, ajudar os outros
significa mais do que isso: traz uma
sensação de prazer semelhante à
de comer chocolate ou fazer sexo,
indica estudo liderado pelo neurocientista Jorge Moll, pesquisador
e presidente do Instituto D’Or de
Ensino e Pesquisa (Idor), ligado à
Rede D’Or São Luiz.
Para chegar a essa conclusão, sua
equipe contou com 19 voluntários
no Brasil, na Alemanha, na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos,
que receberam o equivalente a US$
128, em 2006. Eles se submeteram a um exame de ressonância
magnética enquanto decidiam se
ficavam com o dinheiro ou davam
parte dele. Todos decidiram contribuir – os valores ficaram entre
US$ 21 e US$ 80.
A ressonância indicou que a doação ativa uma parte do cérebro
chamada mesolímbica, relacionada
ao sistema de recompensa. Essa
região é responsável pela liberação da dopamina, substância que
causa sensações de prazer e euforia – como ao fazer sexo ou ao
comer algo apetitoso.
“O ser humano é tanto egoísta
quanto altruísta por natureza. Temos a capacidade e a tendência
para ambos”, diz o neurocientista. “Situações que envolvem outros em situação muito difícil nos
mobilizam, evocam compaixão e
altruísmo. Tais respostas já foram estudadas em experimentos,
e mostram que áreas cerebrais
envolvidas em sensação de satisfação e apego são ativadas em
tais contextos”, explica.
26 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
de asma a alucinação Os benefícios proporcionados pelas relações interpessoais estão relacionados à própria natureza
do homem, que é um ser essencialmente social, como assinala o
psiquiatra e psicoterapeuta Fernando Portela Câmara, membro
da Associação Brasileira de Psiquiatria. “A linguagem, a cultura,
o conhecimento e o conceito de pessoa e mundo, além da própria
consciência, são processos que emergem da vida social”, afirma.
“Nosso cérebro não funcionaria no nível em que estamos, se não
estivéssemos conectados com outras pessoas. A função social é
uma propriedade do cérebro. Basta ver que, quando ela é prejudicada, surgem distúrbios como o autismo e o marasmo [depressão
grave e letal em crianças abandonadas sem contato humano]”.
Por isso, argumenta Portela, pessoas solitárias estão mais sujeitas a doenças como depressão e a fenômenos delirantes e alucinatórios. Não é raro que também apresentem dissociações que
se manifestam na criação de figuras imaginárias, com as quais
mantêm até mesmo relações sexuais igualmente fantasiosas. “A
asma psicogênica e até mesmo doenças orgânicas como infecções
respiratórias, colites [inflamação intestinal] e artrites também
podem estar associadas aos indivíduos que vivem de forma solitária”, aponta o psiquiatra.
Kristo-Gothard Hunor/Shutterstock
Além de saudável,
prazeroso
os demais integrantes desse mesmo grupo. “As relações sociais
podem ser formais ou informais. As relações formais estão relacionadas com o papel desempenhado pelo indivíduo na sociedade,
e incluem contatos com médicos, dentistas, professores, advogados etc. As informais, tidas como de maior importância pessoal
e afetiva, são compostas pelos vínculos com familiares, amigos,
vizinhos e colegas de trabalho. Desse modo, ao ‘medirmos’ a estrutura da rede social, nós podemos avaliar o nível de isolamento
ou integração de uma pessoa”, comenta.
Já a função das redes compreende dimensões como o apoio
social, as relações de tensão e a ancoragem social. Dito de modo
simplificado, são os modos pelos quais amigos, parentes e vizinhos
fornecem apoio emocional e material, bem como aconselhamentos e oportunidades de integração social – através de atividades
de lazer, por exemplo. “As pesquisas têm evidenciado que o tamanho, a coesão e o tipo de relacionamento presente na rede social
de uma pessoa são fatores que influenciam o recebimento dos
apoios”, reforça a psicóloga.
A família, por ser o contexto social mais próximo dos indivíduos,
tem grande relevância para a saúde. O estado conjugal também é
uma variável importante. “A maior longevidade de pessoas casadas
quando comparada com a das solteiras tem sido repetidamente
evidenciada”, destaca Rosa.
A pesquisadora do IS observa, ainda, que os estudos têm demonstrado que a prática de atividades solitárias, como ver televisão, ouvir rádio ou ler, está mais associada com o aumento do que
com a diminuição da mortalidade. “Esse resultado sugere que a
mera atividade de diversão não tem efeito na redução do risco de
morrer. O efeito benéfico, portanto, parece vir da atividade que
envolve algum contato com outras pessoas”, diz.
As relações sociais são especialmente importantes para os idosos, que precisam de companhias estáveis para trocar experiências e buscar solidariedade
Na opinião do especialista, as relações
sociais são mais importantes na adolescência e na terceira idade. Os adolescentes
são indivíduos em pleno desenvolvimento
da afetividade e da sexualidade e, assim,
precisam do contato com seus pares e do
comportamento tribal para concluir sua
maturação, diz Portela. “O jovem necessita ritualizar o comportamento em grupo,
incorporando sensações de contato e ativando circuitos neuro-hormonais. É um
imperativo psicobiológico”, detalha. Já os
idosos sentem necessidade de companhias
estáveis para dividir seus temores, trocar
experiências, estimular o raciocínio, bus-
car solidariedade e também angariar ajuda
material, quando necessário.
Àqueles que têm círculos sociais muito
restritos, Portela recomenda uma mudança
de comportamento. Essas pessoas devem
participar, pelo menos uma vez por semana, de atividades nas quais possam se reunir com parentes, amigos ou conhecidos,
para colocar a conversa em dia, assistir a
partidas de futebol, promover churrasco
etc. “Participar de ações comunitárias ou
sociais, seja da igreja ou da associação de
bairro, assim como realizar algum trabalho
voluntário, também são práticas recomendáveis”, aconselha o psiquiatra.
Questionado sobre se considera que o
crescimento das relações virtuais, intermediadas por tecnologias como o computador
e o telefone celular, pode representar um
empecilho ao estreitamento do contato presencial entre as pessoas, Portela responde
que não. “As relações sociais e familiares
evoluem com a sociedade. No passado, o
artesão vivia com sua família nos fundos da
loja. Todos estavam sempre juntos. Depois,
veio a sociedade industrial, na qual os pais
saíam de casa para trabalhar. Agora, os pais
ficam em casa trabalhando pela internet, mas
também permanecem conectados à família.
Não há mudança substancial”, sustenta.
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 27
primeiros cuidados por Cláudia Zucare Boscoli
O parto é dela, a
tristeza é dele
Pojoslaw/Shutterstock
Antes só estudada em mulheres, a depressão pós-parto
acomete um em cada dez homens que ganham filhos, segundo estudo
da Associação Médica dos Estados Unidos
28 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 29
D
esânimo, tristeza, sentimento de
inutilidade, alterações de sono e apetite. Se tais sintomas se juntam à existência, em casa, de um bebê de poucos meses de vida, o
diagnóstico aponta para depressão pós-parto – afinal, o nascimento
da criança produz reviravoltas hormonais na mãe. A grande novidade sobre o tema é que a medicina e a psicologia já estudam tal
patologia também nos homens.
Se hoje a sociedade comemora o maior envolvimento deles com
os filhos desde a gestação, tal avanço no relacionamento familiar
tem desdobramentos psíquicos até então só experimentados por
mulheres. “Antigamente, ninguém se preocupava em observar o
papel do pai e sua participação no pós-parto. Acredito que não
apenas o diagnóstico é novo, mas a própria patologia é nova, pois
remete a uma maior implicação do psiquismo paterno com o nascimento do bebê e o puerpério [período de cerca de 40
dias após o parto]”, analisa a professora Milena da
Rosa Silva, do Departamento de Psicanálise e
Psicopatologia do Instituto de Psicologia da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRS).
A obstetra Bia Porto, do Hospital Assunção, instituição da Rede D’Or São Luiz em
São Bernardo do Campo (SP), concorda: “A
depressão pós-parto feminina já é estabelecida, e o homem nunca havia sido o foco. Só
agora eles passam a pedir ajuda nesse sentido”.
“Alguém que ganha um filho precisa colocar
seu narcisismo em segundo plano. Isso pode
gerar transtornos de ansiedade, compulsões
e depressão pós-parto, entre outros problemas”, complementa Milena.
A depressão pós-parto masculina acomete
um em cada dez pais de recém-nascidos no
mundo todo, de acordo com publicação recente do The Journal of American Medical
Association, uma das mais importantes do
mundo na área da Medicina. O ápice da depressão ocorre geralmente entre o terceiro e
o sexto mês após o parto, quando a incidência
sobe para 25% – ou seja, um em cada quatro pais apresenta a doença. Esse
período, justifica o estudo,
é justamente aquele em
que termina o corre-corre inicial com a
chegada do bebê e
o homem começa a
se questionar sobre
O
sofrimento é
maior entre o terceiro e
o sexto mês após o parto,
quando o corre-corre inicial já
terminou e o pai se questiona
sobre como ajudar a casa,
a esposa e o filho
30 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
Jodi Baglien Sparkes/Shutterstock
vida nova Culturalmente, a chegada de um filho é
repleta de expectativas positivas. Na prática, porém, é um período
de profundas modificações no equilíbrio do lar – o que é natural
e necessário, de acordo com os especialistas. “Quando nasce um
bebê, principalmente o primeiro filho, parece que tudo é festa.
Mas a vida do casal se transforma radicalmente. O bebê requer
toda a atenção, principalmente da mãe, que é a responsável pela
amamentação durante o dia e a noite. É natural que o pai se sinta
excluído e não consiga saber onde se encaixa”, avalia Bia Porto.
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 31
tamento do problema. Com o agravante de
que a depressão pós-parto não afeta apenas
o pai, a mãe ou ambos: tem reflexos também na saúde mental da criança (quando
acomete homens, em geral tem um impacto ainda maior sobre bebês do sexo
masculino).
O diagnóstico é sempre mais simples se o
paciente já tem histórico de depressão. Mas, além dos
sintomas típicos da
doença, há outros
alertas mais sutis que não podem
ser deixados de lado.
O paciente tende a, por
exemplo, trabalhar demais ou
fazer atividades com a finalidade inconsciente de escapar da vida doméstica (como
assistir a televisão ou praticar esporte em
excesso), abusar de bebidas alcoólicas ou
medicamentos, ferir-se ou sofrer acidentes com frequência ou apresentar atitudes
hostis, descontroladas ou impulsivas (um
caso extraconjugal ou o abandono familiar
justamente no pós-parto). “Nos homens,
são mais frequentes a irritabilidade, a ansiedade evidenciada por inquietude motora,
e a agressividade. É muito comum também
o uso de bebida alcoólica”, diz a psicóloga
Luciana de Ávila Quevedo, da Universidade
Católica de Pelotas, no Rio Grande do Sul.
Há também fatores de risco que podem
predispor à depressão pós-parto, como
presença de sintomas depressivos durante a gestação,
problemas de infertilidade, dificuldades na
gravidez, perda de
pessoas queridas,
perda de um filho
anterior, bebê com
anomalias, desarmonia conjugal e matrimônio firmado em
decorrência da gravidez.
Mas não apenas pais, mães
e familiares devem ficar atentos aos
sintomas da doença. O obstetra Pedro Ferreira Awada, do Hospital Brasil, instituição
Quando
a mãe fica
deprimida, o risco de
isso ocorrer também com
o pai duplica. A depressão de
como prover a casa,
um cônjuge tende a fazer
como ajudar a esposa
com que o outro também
e como ter uma participação ativa na criação
sofra mais
Yanik Chauvin/Shutterstock
do filho, apesar das demandas do trabalho. Muitos também
não conseguem aceitar bem as mudanças
da mulher em relação à sexualidade, provenientes das variações hormonais.
Já no caso das mães (grupo em que 15% são
diagnosticadas com depressão pós-parto),
as razões da patologia costumam estar mais
associadas a alterações hormonais, condição
psíquica, gestação múltipla (situação em
que há maior exigência do casal), fertilidade
assistida e bebês com problemas de saúde.
Vale ressaltar que, logo após o nascimento
da criança, cerca de 60% das mães sofrem
do chamado “baby blues”, um forte estado melancólico decorrente unicamente da
queda do estrogênio – e que é passageiro.
Quando a mãe fica deprimida, o risco de
isso ocorrer também com o pai duplica. “É
mais provável que o pai desenvolva depressão
pós-parto se a mãe tem”, observa a professora da Federal do Rio Grande do Sul. Ela
tem duas hipóteses para isso. “Uma é que a
depressão em um cônjuge torna a relação
mais difícil, o que acarreta sofrimento ao
outro. A outra é que, geralmente, os casais
são compostos por pessoas com os mesmos
traços de personalidade, ou seja, com características e fragilidades semelhantes”,
diz Milena.
diagnóstico Por conta da pressão social, muitos pacientes relutam em admitir
que precisem de ajuda. Isso dificulta o diagnóstico precoce e, em consequência, o tra32 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
de Santo André (SP) associada à Rede D’Or
São Luiz, chama a atenção para o despreparo da própria classe médica para detectar a
depressão pós-parto, seja em mulheres ou
homens. “Não é um tema novo para o médico, mas é um tema complicado. Até porque
o ensino médico ocorre no serviço público,
e o retorno da paciente não ocorre sempre
com o mesmo profissional. Ou seja, não se
cria um vínculo”, afirma.
“É preciso ter uma relação médico-paciente muito boa com o casal, não só com
a mulher”, reitera Bia Porto, do Hospital
Assunção. “O obstetra deve perceber se a
dinâmica do casal é problemática, se o pai
é ausente. É importante perguntar se está
tudo bem e fazer o encaminhamento correto
para psicólogos”, recomenda.
tratamento O tratamento da depressão pós-parto, tanto em homens quanto em
mulheres, combina psicologia e psiquiatria.
O psiquiatra pode entrar com a medicação,
caso seja necessário, e o psicólogo com a
dinâmica psíquica que desencadeou a depressão. “Caso contrário, como se vê com
muita frequência, o paciente pode passar
anos tomando medicação antidepressiva
sem ter a menor ideia do que causou o humor depressivo”, alerta a psicanalista Vera
Iaconelli, do Instituto Sedes Sapientiae e
do Instituto Gerar de Psicologia Perinatal.
Dentro de casa, o apoio ao tratamento deve
ser dado por meio de compreensão e apoio
às atividades do dia a dia. “O casal precisa
se ajudar nos cuidados com a casa e com
o bebê, mas sem exigências de
posturas idealizadas. Principalmente as mulheres
devem deixar as coisas fluírem porque,
nos homens, a ficha
demora mesmo a
cair”, aconselha Pedro Awada. O
tratamento
combina psicologia
e psiquiatria, tanto para
os homens quanto para as
mulheres. Em alguns casos,
é necessário tomar
medicamentos
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Fotos Shutterstock
planeta saudável por Chico Spagnolo
Do lixo às prateleiras
34 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
Os números de reciclagem do Brasil são até bons, mas ainda há muito que melhorar.
Veja como você pode ajudar nisso apenas descartando os detritos de maneira correta
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 35
Fotos Shutterstock
A
s mudanças climáticas são frequentemente associadas a picos nevados derretendo, ondas enormes
no oceano, secas em rincões africanos ou nordestinos. Nada, portanto, muito ligado aos moradores das grandes cidades. Essa é
uma visão equivocada, que não considera que o desenvolvimento
sustentável é um processo que envolve diversas etapas. Uma delas é a reciclagem, cuja importância já foi percebida pelo Brasil.
Prova disso são os números divulgados neste ano pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apurou as porcentagens de material reaproveitado no país. O grande destaque
fica por conta das latinhas de alumínio (98,2%), mas as proporções para latas de aço, vidro e papel giram em torno de 50%, de
acordo com os Indicadores de Desenvolvimento Sustentável 2012.
Apesar das cifras, há muito que fazer. Um levantamento da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos
Especiais (Abrelpe) mostra que, em 2011, mais de 23 milhões de
toneladas de lixo seguiram para locais inapropriados e outras 6,4
milhões sequer foram coletadas. Segundo o diretor executivo da
associação, Carlos Silva Filho, essas quantidades seriam capazes de encher, respectivamente, 56 piscinas olímpicas por
dia ao longo de um ano e 45 estádios do Maracanã.
Há vários motivos para esse desperdício. Um
deles é que a reciclagem, no Brasil, tem sido
carregada nas costas (muitas vezes literalmente) pelos catadores – são eles os principais responsáveis pelo lado positivo dos
indicadores reunidos pelo IBGE. “A maioria
do material que se recicla no Brasil chega às
cooperativas mais pelas mãos de catadores
de lixo do que pela coleta seletiva”, afirma o
coordenador de Conteúdo do Instituto Akatu,
Estanislau Maria. “Atualmente, já temos mais de
800 mil pessoas nessa função, escolhida puramente
por necessidade”, comenta.
O papel deles é especialmente relevante no reaproveitamento
das latinhas de alumínio, que, deixadas ao deus-dará, podem levar
até 100 anos para se decompor. “É muito mais fácil transformá-las
novamente em um recipiente do que pegar a bauxita, purificá-la,
produzir a barra de alumínio e, então, fechar a etapa produzindo
a lata, processo que gasta 20 vezes mais energia quando comparado com o da que é recolhida”, compara Estanislau Maria.
É preciso, no entanto, que o material chegue até os catadores – e
é aqui que você entra. Embora reduzir o consumo e o desperdício
Números
divulgados este ano
pelo IBGE mostram que
o Brasil recicla quase todo
seu alumínio (98%) e cerca
da metade do aço, do
vidro e do papel que
seja ainda mais importante, separar o
lixo é fundamental.
E mais fácil do que
se pensa. “Muitos reclamam que precisam
comprar diversas lixeiras e
separar cada um dos materiais.
Outra desculpa é o espaço para instalar
essa coleta em casa e o tempo que se gasta para
a triagem. Na verdade, o cidadão só precisa
de dois lixos: um para o material orgânico
e o outro para o reciclável, já que são as cooperativas que fazem a separação”, explica
o coordenador do Akatu.
O próximo passo é saber o que pode e o
que não pode ser reciclado. Veja os itens
principais.
consome
36 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
A maior parte do
material reaproveitado
no
Brasil chega às
cooperativas por meio
dos catadores.
A coleta seletiva ainda
representa pouco da
reciclagem no país
plástico Como regra, é reciclável – e não precisa separar por
tipo. “Para se ter ideia, a garrafa PET tem três tipos de plástico:
um para a tampa, outro para a embalagem e outro para o rótulo.
Todos são recicláveis, mas é impensável que alguém, em casa, faça
essa divisão”, diz Estanislau Maria. As cooperativas é que farão
isso. Vale lembrar que o Brasil é o segundo maior coletor de plástico (reaproveita 54%), que pode ficar até 200 anos na natureza.
isopor O isopor tem plástico em sua composição – portanto,
também é reciclável. Mas questões econômicas travam sua coleta: é um material leve e que ocupa muito espaço – os catadores
teriam de juntar uma grande quantidade para conseguir algum
dinheiro. “Por isso, o melhor é separá-lo em casa e encaminhá-lo diretamente a um posto de coleta”, sugere o representante do
Akatu. A localização de tais pontos pode ser obtida no portal do
Compromisso Empresarial Para a Reciclagem (www.abrelpe.org.
br) ou no site Rota da Reciclagem (www.rotadareciclagem.com.
br). Este tem inclusive um aplicativo para iPhone, disponível na
loja virtual da Apple, que indica os locais
de coleta.
embalagens Em geral, são de papelão,
plástico ou vidro, todos recicláveis. Mas
precisam estar limpas. “Se a caixa de pizza,
por exemplo, estiver suja, com restos de
alimentos, é considerada lixo sujo, ou seja, não é reciclável. Isso também funciona
para o guardanapo e o papel higiênico”, diz
Estanislau Maria. “Aconselho a passar uma
água nas embalagens, até mesmo com um
pouco de sabão. Produtos que chegam às
cooperativas sujos não são encaminhados
para a reciclagem”.
papel Ainda há alguma polêmica sobre
o reaproveitamento desse item. Não há um
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 37
A Rede D’Or São Luiz tem, há quatro
anos, um Plano de Gerenciamento
de Resíduos de Serviços de Saúde. A estratégia foi responsável
por reciclar, nesse período, 800
toneladas de lixo – 13% do total
gerado pelos hospitais do grupo.
O material é enviado a empresas
que, com o apoio de cooperativas,
separam os restos e os encaminham para diversas indústrias,
explica a diretora de Gestão de
Infraestrutura e Riscos, Cristina
Heringer. “Com eles, são produzidos mangueiras de irrigação, sacos
de lixo, papel toalha e até mesmo
sabão ou biodiesel, feitos com o
óleo de cozinha”, afirma. Os produtos metálicos “são destruídos e
tornam-se insumo exclusivo para
siderurgia”, completa.
O programa instalou lixeiras específicas (aquelas coloridas, para
descarte separado de papel, vidro,
plástico e metal) nas unidades da
Rede e investe em educação ambiental, principalmente a respeito
do despejo de lixo infectante. “Além
de receberem instruções específicas sobre seu próprio local de
trabalho, os colaboradores participam de reuniões sobre o tema,
que é constantemente atualizado”.
Essa prática ajudou a aumentar
os índices de reciclagem e inspirou
uma postura ecológica nos funcionários, mesmo fora do trabalho.
“A política educativa incita o desenvolvimento da responsabilidade
social e a mudança de hábito, já
que, ao se preocupar mais com
as próprias gerações de resíduo,
eles contribuem para ajudar o país nessa luta”, comenta Cristina.
38 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
lixo eletrônico Como frequentemente envolvem riscos
ambientais específicos, a melhor maneira de despejá-lo é procurar
centros de reciclagem especiais para esse tipo de resíduo ou entrar
em contato com as empresas produtoras dos celulares, computadores e televisores – e até mesmo de lâmpadas fluorescentes, que
não contam como lixo de vidro. “Até 2014, as empresas serão obrigadas a coletar o material e reutilizá-lo”, adianta Estanislau Maria.
remédio A lógica é semelhante: trata-se de um tipo particular
de lixo e, portanto, merece destino à parte. O correto é, quando
vencidos, tirar dragas e comprimidos das embalagens (estas, aliás, podem ser recicladas normalmente) e levá-los a uma farmácia, que os encaminhará para a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa).
óleo de cozinha Um litro de óleo pode contaminar até 18
mil litros de água, se despejado de maneira incorreta. “Quando
você manda para o ralo da pia, ele pode grudar na tubulação e
endurecer, o que fará com que o encanamento fique entupido.
Separe o líquido em garrafas e leve-o para grandes redes de supermercado, que costumam coletá-lo e encaminhá-lo para virar
sabão ou biodiesel”, sugere o representante do Akatu. kongsky/Shutterstock
Restos viram sabão
e insumo industrial
protocolo que avalie quanto de energia se gasta para produzi-lo
ou reaproveitá-lo. “É certo que o reciclado gasta muitos elementos químicos e muita energia, mas não é possível comparar esses dados com a fabricação do papel branco. Também é preciso
derrubar o mito de que a sua produção causa desmatamento. As
árvores destinadas ao papel são plantadas em áreas degradadas
e não pressionam novas derrubadas da Mata Atlântica”, afirma.
diagnóstico por Bruno Meirelles
40 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
medicina e esporte sempre caminharam de mãos dadas.
Se, por um lado, a prática de atividade física é uma recomendação
médica frequente, por outro, os atletas muitas vezes precisam
recorrer à ciência para tratar suas lesões. Não por acaso, ex-futebolistas famosos, como Sócrates, conciliaram as duas carreiras, e Tostão obteve o diploma assim que pendurou as chuteiras.
Nascido em 1947, em Vitória de Santo Antão, a 53 quilômetros
do Recife, o ortopedista Romeu Krause também está ligado a esses
dois universos. Quando ingressou na Faculdade de Ciências Médicas de Pernambuco, aos 19 anos, achou por bem optar por um
deles: a preferência ficou com o consultório e os hospitais, mas ele
jamais abandonou completamente os gramados.
O gosto por futebol começou em sua cidade natal, predominantemente rural. Quando tinha 10 anos, sua família mudou-se para
a capital do estado – o pai, dentista, desejava dar uma educação
melhor para os filhos. Abriu-se então uma nova oportunidade. Torcedor do Náutico, o jovem logo ingressou nas categorias de base do
seu clube do coração. As boas atuações como meia-esquerda lhe
renderam uma convocação para a seleção pernambucana juvenil.
“Naquela época não havia banco de reservas, e os atletas que não
estavam entre os 11 que iam a campo se somavam às revelações da
base para disputar uma partida preliminar, chamada de aspirantes.
Joguei várias vezes nessas ocasiões”, relembra.
Sua grande paixão, porém, sempre foi a medicina – embora ninguém na família tivesse antes optado por essa profissão. Assim,
Maíra Erlich
Romeu Krause
chegou a jogar
pela seleção
pernambucana de
futebol, na
categoria juvenil.
Saiu dos campos
para entrar na
medicina, mas
não largou o
esporte: virou
ortopedista e vai
coordenar a área
médica no Recife
durante a Copa
do Mundo
Entre
o consultório
eo
gramado
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 41
Fotos Maíra Erlich
Krause em seu consultório, com medalhas que ganhou no futebol e placa da Sociedade Brasileira de Ortopedia, da qual chegou a ser presidente, em 2009
“A
carreira de
casa pela primeira vez,
quando foi aprovado
jogador
é
muito
curta.
juntou-seoutroobstáno vestibular, no ficulo: a morte de seu
nal dos anos 60, e
A do médico dura a vida
meses depois.
viu que os estutoda. Mas, acima disso tudo, pai,
“Vim a Pernambudos lhe tomariam
meu objetivo sempre foi co, para o enterro, e
muito tempo, foi
sem grandes difiminimizar o sofrimento cheguei a pensar em
não voltar mais para o
culdades que abriu
das pessoas”
Rio. Mas o meu orientamão de seguir no futebol. “A carreira de jogador
é muito curta. A do médico dura a
vida toda. Mas, acima disso tudo, meu objetivo sempre foi minimizar o sofrimento
das pessoas, por isso não me arrependo da
escolha”, conta Krause.
O vínculo com o esporte, a partir da universidade, se daria por meio da ortopedia, área
em que fez residência. Isso se deu no Rio de
Janeiro, não sem alguns percalços. Krause
mudou-se para as terras cariocas em 1971
– nunca antes havia saído de Pernambuco.
À natural ansiedade de quem se afasta de
42 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
dor na residência disse que
eu precisava seguir em frente para
dar uma vida melhor para a minha família.
Disse até que um dia eu me tornaria presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia”, recorda.
Krause voltou então ao Rio, rendendo-se
àquelas palavras de incentivo – e proféticas:
ele de fato presidiu a SBO, em 2009. Levando
ao pé da letra a ideia de residência, passou a
morar no próprio Hospital Municipal Jesus,
na Vila Isabel. Com seu jeito de matuto do
interior, adaptou-se à capital fluminense.
“Nas minhas folgas, saía com minha noiva
para comer um prato-feito com refrigerante. Curti muito essa fase no Rio de Janeiro,
realmente é uma cidade maravilhosa.”
De volta ao Recife, o ortopedista resolveu encarar um novo desafio. Partiu para
sua primeira viagem internacional, dessa
vez levando esposa, sogra e seus dois filhos,
então com três e quatro anos. O destino era
a Inglaterra, onde passaria dois anos se especializando em cirurgia do joelho.
“Quando eu voltei, estava começando a
cirurgia de artroscopia no Brasil. Essa nova
técnica mudou tudo, pois o procedimento deixou de ser invasivo, o que facilitou
bastante a recuperação dos pacientes”, diz.
Para o ortopedista, que trabalha no Hospital Esperança, associado à Rede D’Or São
Luiz, hoje as condições de diagnóstico e recuperação são muito superiores às que se
tinham antes, e o país se tornou referência
em cirurgia do joelho – muitos especialistas
do exterior vêm para cá trocar informações.
“Nossa principal deficiência ainda é na pesquisa, mas, em relação a procedimentos e
pessoal, não há ninguém na nossa frente”.
O avanço abriu um grande campo de atuação, especialmente na medicina esportiva, e
Krause passou a trabalhar frequentemente
com jogadores de futebol, tendo sido, inclusive, médico do Náutico. “Trabalhei com
jogadores que tiveram graves lesões de ligamento. Gente que só tinha 10% de chance
de voltar a atuar, mas acabou conseguindo.”
Sua relação com os gramados, porém,
não é apenas profissional. Além das tradicionais peladas de final de semana, que
Krause disputou por muito tempo, todas as
amizades que criou no esporte fazem com
que ele seja convidado frequentemente para
comentar partidas para emissoras de rádio
e televisão do Recife.
O envolvimento com o mundo do futebol
ainda lhe garantiu um convite da Confede-
Coordenar
a área médica da
ração Brasileira de FuHoje, a maioria das
tebol (CBF): o ortopessoas não escolhe
Copa do Mundo vai
pedista do Hospital
médico por confiar
significar preocupar-se não onele,
Esperança vai cooravalia Krause;
só com jogadores, mas
denar a área médica
distância de casa e
da Copa do Mundo
também com turistas, diz o horário disponíno Recife. “Será um
vel contam mais. O
ortopedista do Hospital principal,
grande desafio, pois
que é o proteremos que nos preocufissional de saúde tratar
Esperança
par não apenas com os atletas,
mas também com os milhares de
turistas que acompanharão o evento”, prevê.
médico e paciente Krause afirma
que gosta de dedicar sua vida não apenas
a atender os pacientes, mas também a formar novos ortopedistas. “Quando recebemos
residentes, minha preocupação é mostrar
como se relacionar com o paciente. Busco
resgatar aquele antigo conceito de médico
de confiança da família, que acabou se perdendo com o tempo.”
os doentes numa relação de
proximidade, acaba ficando de lado.
Por isso, quando está com os jovens residentes, o ortopedista busca ensiná-los a
se colocar na posição do paciente. “O interessante é que muitos dos que passam
pela residência comigo se tornam propagadores dessa proposta”, conta. “Sempre
digo que não é preciso ter pressa, pois o
reconhecimento financeiro vem naturalmente, com o tempo. O mais importante
é ter a profissão de que gosta e dedicar-se
cada dia mais a ela.” SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 43
emergência por Sara Duarte Feijó
A ação
depois da
reação
Jordache/Shutterstock
Coceira pelo corpo, falta de ar e inchaço na boca,
nos olhos e na garganta podem ser sintomas de anafilaxia,
um choque alérgico grave que, se não tratado a tempo,
pode levar à morte
44 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 45
P
ara muitas pessoas, principalmente aquelas
que têm histórico de alergia, a expressão choque anafilático é um
fantasma. A ideia de tomar uma injeção ou de levar uma picada de
inseto e sofrer uma reação abrupta, que cause falta de ar, queda de
pressão e inchaço ou sufocação na garganta soa aterradora. Mas é
possível evitar que aconteça o pior, reconhecendo os sintomas e
sabendo o que fazer em caso de emergência.
Na medicina, essa forma aguda de alergia é chamada de anafilaxia. Ela tem vários estágios; só o mais grave deles, que causa problemas cardiovasculares e pode levar à morte, é chamado choque
anafilático. Parcela significativa dos casos de anafilaxia decorre de
reação relacionada ao anticorpo IgE, que o sistema imunológico
dos indivíduos alérgicos produz.
Geralmente, a crise começa logo após a ingestão de algum alimento potencialmente alergênico ao qual o indivíduo tem sensibilidade, como frutos do mar e crustáceos, ou após ferroadas de insetos
como abelhas, formigas, vespas e marimbondos. Também pode
ocorrer como uma reação adversa à aplicação de medicamentos
como penicilina ou contraste iodado (substância utilizada em exames de ressonância magnética). Em casos raros, é deflagrada pelo
látex ou mesmo alérgenos ocupacionais (substâncias que a pessoa
manuseia no dia a dia, como tintas, vernizes e produtos químicos).
O anestesiologista Gustavo Barata, do Santa Luzia, hospital de
Brasília associado à Rede D’Or São Luiz, explica que a anafilaxia é
uma reação imunológica exagerada e imprevisível, que pode ocorrer
até mesmo em pessoas sem histórico de alergia. Estatisticamente,
a taxa de prevalência é de 0,05% a 2% (o que representa de 50 a 2
mil episódios para cada grupo de 100 mil indivíduos). “A anafilaxia
começa com urticária e inchaço das mucosas da boca, dos olhos e
da garganta e pode evoluir para complicações graves”, diz Barata.
46 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
Estudo da
Unifesp
aponta que
45,1% das
alergias são
causadas
por uso de
remédios
Fotos Shutterstock
“Diante desses sintomas, a pessoa tem de ser
levada imediatamente a um pronto-socorro.”
No hospital, todo paciente que já tenha tido
uma reação alérgica deve relatar isso antes
de receber medicação ou fazer exame com
contraste iodado. “A equipe de enfermagem
tem de fazer um questionário e anotar no
prontuário todas as substâncias às quais ele
é alérgico. Isso impedirá que lhe seja dada
medicação que provoque anafilaxia”, afirma.
Uma pesquisa conduzida pela Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia
(Asbai) levantou as principais causas dessa
síndrome no país. O estudo analisou 113 casos, de pacientes com 8 meses a 83 anos. Os
médicos detectaram três principais grupos
de agentes desencadeantes: medicamentos
(45,1%), veneno de insetos (18,5%) e alimentos (18,5%). Não foi identificado o agente
desencadeante em 12 episódios (10,6%).
Outros dez pacientes sofreram anafilaxia
induzida por mais de um motivo.
Esse primeiro levantamento epidemiológico sobre anafilaxia já feito no Brasil demonstrou que reações adversas a medicamentos, portanto, são a principal causa do
problema. Entre os fármacos que costumam
ser associados à síndrome estão analgésicos
e anti-inflamatórios não hormonais (como
a aspirina), derivados do ácido propiônico
(como Cataflam e Scaflam) e antibióticos
derivados da penicilina.
Segundo Dirceu Solé, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) que
liderou o estudo, os agentes que deflagram
a anafilaxia costumam variar conforme a
idade dos pacientes. Em bebês e crianças em
idade pré-escolar, predominam alimentos
como leite de vaca, ovo, castanhas e soja.
Crianças maiores desenvolvem reações a
alimentos, mas também a ferroadas de insetos; já adolescentes e adultos costumam
ser os mais afetados por respostas adversas
a remédios. “Em geral, a pessoa toma esses
medicamentos por conta própria e só descobre que é alérgica quando ocorre a crise”,
afirma Solé. “Por isso é tão importante evitar
a automedicação.”
Há quatro graus de anafilaxia, dependendo da gravidade dos sintomas, segundo o imunologista Clóvis Eduardo Galvão,
membro da diretoria da Asbai. No primeiro
Em geral, as reações alérgicas agudas em crianças pequenas são causadas por alimentos; nas maiores, por ferroadas de insetos; em adolescentes e adultos, por medicamentos
Atenção aos sintomas
A Organização Mundial de Alergia elaborou um guia para ajudar os pacientes a reconhecer os sintomas de choque anafilático.
Os sinais podem aparecer imediatamente após o contato com o agente causador da alergia ou até mesmo horas depois. Portanto, diante
de dois ou mais dos problemas abaixo, procure imediatamente um pronto-socorro
01. A anafilaxia
geralmente
começa com
urticária
(vermelhidão e
muita coiceira)
e rash cutâneo
(formação
de placas
ou manchas
avermelhadas
na pele)
02.
Em seguida, o
paciente começa
a ficar com a
respiração mais
curta, chiado
no peito e
rouquidão
03.
04. É comum a
ocorrência de
inchaço nos
lábios, olhos e
garganta (edema
de glote)
Em alguns casos,
principalmente
em bebês,
pode ocorrer
hipotonia, que é
a diminuição do
tônus muscular
05.
A falta de
oxigenação
pode deixar a
pessoa com
uma coloração
arroxeada
06. 07. A súbita
queda
de pressão
costuma
provocar
desmaio
Também podem
ocorrer dores
abdominais,
incontinência
urinária, vômito
e diarreia
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 47
O estudo feito pela Associação
Brasileira de Alergia e Imunopatologia (Asbai) revelou
que os pacientes só costumam
procurar o alergologista após
ter dois ou mais episódios de
anafilaxia.
Mas com uma criança esse
desleixo pode ser fatal. Se a
alergia for muito forte e ela já
tiver sido internada com choque
anafilático, não basta tratá-la com antialérgicos orais. O
mais prudente é ter sempre à
mão uma dose de 0,15 mg de
adrenalina injetável, que vem
pronta para aplicação.
“Os pais devem avisar à professora que o filho é alérgico e
deixar a medicação disponível
nos lugares mais frequentados por ele: a escola, a casa
da avó ou dos amigos”, recomenda o professor Dirceu
Solé, da Unifesp. “Caso ele
tenha outra crise, será preciso aplicar-lhe adrenalina
imediatamente.”
Conhecido pelo nome comercial de Epipen, esse medicamento importado é vendido
por R$ 650 a caixa com duas
unidades.
48 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
Brian Maudsley/Shutterstock
Em crianças,
problema
exige cuidado
redobrado
Nos casos mais graves, em que ocorre o choque anafilático, há queda de pressão e comprometimento cardiovascular
estágio, a pessoa sente urticária e mal-estar;
no segundo, apresenta inchaço na boca,
nos olhos e na laringe e tem também falta
de ar. No estágio 3, sofre com falta de ar,
edema de glote, diarreia e vômito. E no 4,
ocorre o choque anafilático propriamente
dito, com queda de pressão, insuficiência
respiratória e comprometimento cardiovascular, que podem levar à morte.
“Nos estágios 1 e 2, a administração de
remédios anti-histamínicos e corticoides,
aliada à inalação, pode frear o processo”, diz
Galvão. “Mas, nos estágios 3 e 4, é necessária
a administração imediata de adrenalina, o
único medicamento capaz de reverter rapidamente os sintomas mais graves.”
Érica Imanishi, alergista e imunologista
do viValle, hospital de São José dos Campos
(SP) associado à Rede D’Or São Luiz, explica
que, após receber a medicação adequada,
é imprescindível que o paciente permaneça em observação em um hospital. “Mes-
mo que a pessoa pareça ter se recuperado,
ela inspira cuidados médicos. Em cerca de
20% dos casos, a anafilaxia se repete em
um prazo de até 12 horas após a primeira
crise”, explica. Outra medida obrigatória,
segundo Erica, é procurar um alergologista
imediatamente após a alta. “É preciso tentar descobrir o quanto antes qual o agente
causador”, adverte.
Somente sabendo o que desencadeou a
síndrome é possível definir o tratamento
adequado para cada paciente. Se a alergia
tiver sido provocada por veneno de inseto,
por exemplo, pode-se recorrer à imunoterapia, feita com doses reduzidas dessa mesma
substância. Se a causa tiver sido um medicamento, a melhor medida de prevenção é
comunicar todos os familiares e andar sempre com um aviso plastificado na carteira,
que servirá de alerta em caso de mal súbito.
Para alergias provocadas por alimento, o
único antídoto é manter distância dele. rodando por aí por Bernardo Ramos
Jill Battaglia/Shutterstock
Chicago reúne, em
uma mesma cidade,
características
da agitada Nova York
e da despojada
São Francisco
50 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 51
A
Grandes
prédios
e largas
avenidas
lembram a
Big Apple;
o Lago
Michigan
traz um
toque
californiano
White Sox e Cubs (beisebol) e Chicago Bulls
(basquete). Em frente ao United Center, onde o Bulls disputa seus jogos no campeonato
nacional de basquete, a NBA, existe uma bela
estátua em homenagem a Michael Jordan,
considerado por muitos americanos o maior
esportista do século passado.
O ambiente não é um prato cheio apenas
para os fãs dessas modalidades. Quem pratica
corrida, por exemplo, pode ser protagonista.
A maratona de Chicago é uma das principais
do circuito mundial. Na edição deste ano, em
6 de outubro, serão 45 mil competidores percorrendo 42 quilômetros por entre as várias
atrações da cidade. Ainda não fez sua inscrição? Então esqueça. As vagas se esgotaram
em fevereiro. Detalhe: em apenas seis dias.
No inverno, o cenário é completamente
diferente. Os termômetros podem marcar
até 15 ºC negativos. Aí, os corredores dão
lugar aos patinadores, que podem praticar
o esporte no gelo ao ar livre.
beleza e melodia Um dos locais mais
impressionantes de Chicago é o rio de mesmo nome, que corta a cidade, inclusive o
centro, compondo uma bela paisagem entre os arranha-céus da região. Na verdade,
trata-se de um conjunto de riachos e canais
que forma um braço d’água de cerca de 250
quilômetros. No dia de Saint Patrick (17 de
março), santo padroeiro dos irlandeses, o
rio Chicago recebe uma tinta verde. Uma
atração a mais na cidade.
Outra curiosidade é que ele teve seu fluxo
natural alterado por um processo de engenharia no século 19. Antes, desembocava no
Lago Michigan. Por razões de escoamento de
esgoto, passou a fluir rumo ao rio Mississipi,
no interior dos Estados Unidos.
No verão, uma excelente pedida são os parques. Afinal, esta é a cidade que tem a maior
área reservada a esse tipo de instalação no
Estados Unidos, com 30 km2. Destaque para
o Grant Park e o Millennium Park. Este últi-
Foto Shutterstock
Cidade em um Jardim. A Cidade dos
Grandes Ombros. A Cidade do Vento. São três dos apelidos que
Chicago recebeu ao longo dos anos. Todos justos e conhecidos. O
que pouca gente sabe é que a terceira cidade mais populosa dos
Estados Unidos, com cerca de 2,7 milhões de habitantes, é linda.
Porque é uma metrópole que tem um quê de ambiguidade. Afinal, reúne características da supercontemporânea Nova York e
aspectos de São Francisco, cujo ambiente despojado é a antítese
da movimentada Big Apple.
Em Chicago, há grandes avenidas, como a sofisticada Michigan,
que, com suas vitrines das grifes mais desejadas do mundo, poderia
dar a um desavisado a sensação de estar na famosa Quinta Avenida,
sinônimo de luxo e ostentação.
Também não faltam por ali os arranha-céus, outra marca registrada de Nova York.
Haja vista que o maior prédio dos Estados
Unidos está em Chicago: a Willis Tower, antes conhecida como Sears Tower, com 442
metros de altura. Era o maior edifício do
mundo até 1998, quando os malaios inauguraram as torres gêmeas da Petronas Tower,
em Kuala Lumpur.
Logo em frente à Willis Tower está a Jackson Boulevard. Caminhando por ela, chega-se à Lake Shore, espécie de Vieira Souto de
Chicago – essa avenida margeia o Lago Michigan, que mais parece o mar. Até ondas se
formam na praia da cidade. No verão, várias
pessoas praticam esportes por ali, tornando o
ambiente ainda mais parecido com o de alguma cidade californiana, como São Francisco.
Aliás, o esporte é uma grande vocação local.
Os torcedores são fanáticos pelos times que
disputam as ligas profissionais dos Estados
Unidos – Chicago Bears (futebol americano),
Paraíso
dos maratonistas
Não apenas os turistas são
atraídos pelos encantos de
Chicago. Ela também é uma
das cidades preferidas pelos
maratonistas, por conta do seu
clima ameno e do percurso
plano. É lá que acontece uma
das cinco mais importantes
corridas de rua do mundo, ao
lado das de Londres, Boston,
Berlim e Nova York.
Foi esse conjunto de fatores
que levou o cardiologista Marcelo Franco, diretor operacional
da Rede D’Or São Luiz, a escolher a cidade para disputar
sua primeira prova de 42 quilômetros. “Comecei a correr faz
três anos, com o objetivo de
participar da corrida de São
Silvestre. Desde então, nunca
mais parei”, afirma ele, que já
disputou 12 meias-maratonas
(21 quilômetros).
Por experiência própria – e
conhecimento médico – Franco
explica que, antes de se aventurar por desafios mais longos,
é necessário começar com distâncias menores, de cinco e
dez quilômetros. “Correr uma
maratona é uma decisão que
precisa ser tomada seis meses
antes, pois precisa de muito
treinamento e de uma preparação gradual”, comenta.
Antes de iniciar os preparativos, é importante passar por
avaliação cardiovascular, ortopédica, além de consultar um
nutricionista. Franco recomenda
também contar com a assessoria de técnico de corrida, que
vai fazer uma programação de
treinos personalizada.
Arranha-céus, parques e casas de espetáculos: as várias faces de umas das mais interessantes cidades dos estados unidos
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Rudy Balasko/Shutterstock
Onde ficar
The Peninsula
Hotel mais luxuoso da cidade, é
nele que as estrelas de Hollywood
se hospedam quando visitam Chicago. 1080 East Superior Street.
www.thepeninsula.com/Chicago.
Tel. (1-312) 337-2888.
Holiday Inn Express Chicago
– Magnificent Mile
Um confortável três estrelas, com
diárias acessíveis, localizado no
centro da cidade e próximo de
importantes pontos turísticos.
640 North Wasbah Avenue.
www.hiexpress.com/hotels/us/
en/chicago/chimm/hoteldetail.
Tel. (1-312) 787-4030.
Club Quarters, Central Loop
Uma boa opção para quem viaja
a trabalho, conta com centro de
negócios e sala de conferências.
111 West Adams Street. www.
clubquarters.com/loc_chicago.
php. Tel. (1-312) 214-6400.
Onde comer
Buddy Guy’s Legends
Este bar, fundado por um dos
maiores guitarristas do mundo,
é o melhor lugar para ouvir o genuíno blues de Chicago e saborear
a culinária crioula, típica do sul
dos Estados Unidos. 700 South
Wasbah Avenue. www.buddyguy.
com. Tel. (1-312) 427-1190.
Alinea
Um dos mais sofisticados da cidade, o restaurante do chef Grant
Achatz foi o único de Chicago a
receber três estrelas na edição
de 2012 do Guia Michelin. 1723
North Halsted. www.alinearestaurant.com. Tel. (1-312) 867-0110.
54 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
Um dos destaques
mo foi inaugurado em 2004, no centro financeiro da cidade. Com
100 mil m2, é uma das principais atrações turísticas de Chicago.
Mesmo no inverno, ele tem seu chamariz: abriga, por exemplo, o
rinque de patinação no gelo a céu aberto.
O turista que andar por lá vai se deparar com uma das esculturas modernas mais conhecidas do país, o Cloud Gate, que ganhou o
apelido de “escultura de feijão”, devido ao seu formato peculiar. Sua
estrutura prateada reflete os arranha-céus da região, num bonito
espelhamento. No Millennium Park também está o Jay Pritzker
Pavillion, um auditório ao ar livre com acústica perfeita, mesmo
aos ouvidos de quem assiste aos concertos sentado no gramado.
Por falar em música, a Cidade do Vento trouxe ao mundo um
dos maiores tesouros da arte norte-americana. Trata-se do blues,
estilo musical imortalizado nos acordes de gênios como B. B. King.
Em Chicago, tudo começou no início dos anos 40, quando foi
deflagrado um movimento de migração do sul dos Estados Unidos
para Illinois. Eram negros que viam naquela região uma esperança
de vida nova, longe das condições precárias e da segregação racial
que enfrentavam em estados como Louisiana, Mississippi e Alabama. Com eles, levaram violas e acordes precursores das notas
que formariam o mundialmente conhecido Blues de Chicago. Esse
estilo formou baluartes melódicos como Robert Johnson e Muddy
Waters, que influenciaram músicos do outro lado do Oceano Atlântico – uns tais ingleses chamados The Beatles e The Rolling Stones.
É claro, portanto, que existem N opções para curtir um bom blues
na cidade. O Buddy Guy’s Legends é uma das melhores. O lendário
guitarrista que dá nome ao bar costuma aparecer de vez em quando para mostrar seus dotes musicais. Pratos baseados na culinária
crioula do sul dos Estados Unidos também são uma atração.
Dançar, passear, ouvir, correr, patinar, admirar. São verbos conjugados com prazer em Chicago. da metrópole,
a willis tower
(à esquerda) foi o
edifício mais
alto do mundo
até
1998
unidades e colaboradores
Hospital
Endereço
Telefone
Unidades D’Or
Hospital Barra D’Or
Hospital Copa D’Or
Hospital Quinta D’Or
Hospital Rios D’Or
Hospital Norte D’Or
Hospital Niterói D’Or
Av. Ayrton Senna, 2541, Barra da Tijuca | Rio de Janeiro/RJ | CEP 22775-002
Rua Figueiredo de Magalhães, 875, Copacabana | Rio de Janeiro/RJ | CEP 22031-011 Av. Almirante Baltazar, 435, São Cristóvão | Rio de Janeiro/RJ | CEP 20941-150
Estrada dos Três Rios, 1366, Freguesia (Jacarepaguá) | Rio de Janeiro/RJ | CEP 22745-005
Rua Carolina Machado, 38, Cascadura | Rio de Janeiro/RJ | CEP 21350-135
Av. Sete de Setembro, 301, Santa Rosa (Icaraí) | Niterói/RJ | CEP 24230-251
Tel.: (021) 2430-3600
Tel.: (021) 2545-3600
Tel.: (021) 3461-3600
Tel.: (021) 2448-3600
Tel.: (021) 3747-3600
Tel.: (021) 3602-1400
Unidades São Luiz
Endereços dos hospitais que fazem parte da Rede D’Or São Luiz
Hospital e Maternidade
São Luiz – Itaim
Hospital São Luiz
Morumbi
Hospital e Maternidade
São Luiz – Anália Franco
Rua Dr. Alceu de Campos Rodrigues, 95, Vila Nova Conceição | São Paulo/SP | CEP 04544-000
Tel.: (011) 3040-1100
Rua Eng. Oscar Americano, 840, Morumbi | São Paulo/SP | CEP 05673-050
Tel.: (011) 3093-1100
Rua Francisco Marengo, 1312, Jardim Anália Franco | São Paulo/SP | CEP 03313-001
Tel.: (011) 3386-1100
Rua São Francisco Xavier, 390, Tijuca | Rio de Janeiro/RJ | CEP 20550-013
Rua Francisco Real, 752, Bangu | Rio de Janeiro/RJ | CEP 21810-042
Rua Lúcio de Mendonça, 56, Tijuca | Rio de Janeiro/RJ | CEP 20270-040
Rua Olinda Ellis, 93, Campo Grande | Rio de Janeiro/RJ | CEP 23045-160
Rua Silva Gomes, 77, Cascadura | Rio de Janeiro/RJ | CEP 21350-080
Estr. do Realengo, 1336, Padre Miguel | Rio de Janeiro/RJ | CEP 21810-122
Rua Luis Beltrão, 147, Vila Valqueire | Rio de Janeiro/RJ | CEP 21321-230
Tel.: (021) 3978-6400
Tel.: (021) 2401-5220
Tel.: (021) 2176-8800
Tel.: (021) 2414-3600
Tel.: (021) 3296-5400
Tel.: (021) 3423-9800
Tel.: (021) 3369-9650
Rua Cel. Fernando Prestes, 1177, Centro | Santo André/SP | CEP 09020-110
Tel.: (011) 2127-6666
Av. João Firmino, 250, Assunção | São Bernardo do Campo/SP | CEP 09810-250
Rua das Perobas, 344, Jabaquara | São Paulo/SP | CEP 04321-120
Rua das Perobas, 295, Jabaquara | São Paulo/SP | CEP 04321-120
Avenida Lineu de Moura, 995, Jd Urbanova, São José dos Campos | São Paulo | CEP 012244-380
Tel.: (011) 4344-8000
Tel.: (011) 5018-4000
Tel.: (011) 5018-4000
Tel.: (012) 3924-4900
Pernambuco
Hospital Esperança
Hospital Prontolinda
Hospital São Marcos
Rua Antônio Gomes de Freitas, 265, Ilha do Leite | Recife/PE | CEP 50070-480
Av. José Augusto Moreira, 810, Casa Caiada | Olinda/PE | CEP 53130-410
Av. Portugal, 52, Boa Vista | Recife/PE | CEP 52010-010
Tel.: (081) 3131-7878
Tel.: (081) 3432-8000
Tel.: (081) 3217-4444
Distrito Federal
Hospital Santa Luzia
Hospital do Coração do Brasil
SHLS 716, conjunto E | Brasília/DF | CEP 70390-902
SHLS 716, conjunto G, lote 6 | Brasília/DF | CEP 70390-902
Tel.: (061) 3445-6000
Tel.: (061) 3213-4000
Unidades Associadas
Rio de Janeiro
Hospital Badim
Hospital Bangu
Hospital Israelita
Hospital Joari
Hospital Provita
Hospital Real
Hospital Rio de Janeiro
São Paulo
Hospital e Maternidade
Brasil
Hospital e Maternidade
Assunção
Hospital Nossa Senhora de Lourdes
Hospital da Criança
Hospital viValle
Profissionais da Rede D’Or São Luiz que colaboraram nesta edição
ANA GARGALAK
Gerente da Qualidade
Hospital e Maternidade
Brasil
CARLOS JORGE LOTFI
Diretor de unidade
Hospital e Maternidade
São Luiz - Anália Franco
ANTôNIO CLáUDIO
JAMEL COELHO
Cirurgião gástrico
Hospital Badim / Hospital
Barra D’Or
DARIO FORTES
FERREIRA
Coordenador de unidade
Hospital São Luiz Morumbi
BERNARDO LIBERATO
Coordenador de unidade
neurointensiva
Hospital Copa D’Or
FELIPE ERLICH
Coordenador de
Radioterapia
Hospital Quinta D’Or
56 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
GRAZIELA LOPES DEL
BEN
Neonatologista
Hospital e Maternidade
São Luiz
HAGGÉAS FERNANDES
Coordenador de UTI
Hospital e Maternidade
Brasil
KARLA MOTTA
Gerente da Qualidade
Hospital Prontolinda
LUCAS LEITE RIBEIRO
Ortopedista
Hospital São Luiz Morumbi
MARÍLIA TEIXEIRA DE
BRITO
Coordenadora de Pediatria
Hospital Esperança
PAULO MAURÍCIO
CHAGAS BRUNO
Diretor clínico
Hospital viValle
LUIZ VICENTE BERTI
Cirurgião gástrico
Hospital e Maternidade
São Luiz - Itaim
MIGUEL ANTÔNIO
MORETTI
Chefe de Cardiologia
Hospital e Maternidade
São Luiz - Anália Franco
RITA DE CÁSSIA DOS
SANTOS FERREIRA
Pneumologista
Hospital Esperança
RODRIGO GAVINA
Diretor geral
Rede D’Or São Luiz
MARCIA MARIA DA
COSTA
Coordenadora da
Maternidade
Hospital e Maternidade
São Luiz - Itaim
PAULO BARBOSA
Ortopedista
Hospital Quinta D’Or
TATIANA ALVAREZ
Coordenadora de Centro
Cirúrgico
Hospital Rios D’Or

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