Baixar - Hospital São Luiz
Transcrição
Baixar - Hospital São Luiz
A doença de ser só Estudos indicam que viver sozinho é tão prejudicial quanto fumar ou abusar do álcool Tristeza, substantivo masculino Depressão pós-parto começa a ser diagnosticada entre os homens n º 4 | j u l h o - se t e mbro | 20 1 2 Um novo começo Técnicas modernas diminuem a rejeição nos transplantes; maior desafio agora é aumentar as doações carta ao leitor A doença de ser só Estudos indicam que viver sozinho é tão prejudicial quanto fumar ou abusar do álcool Tristeza, substantivo masculino Depressão pós-parto começa a ser diagnosticada entre os homens nº 4 | julho - se te mbro | 20 1 2 Um novo começo Técnicas modernas diminuem a rejeição nos transplantes; maior desafio agora é aumentar as doações A atuação da Rede D’Or São Luiz neste ano tem se marcado não só pela fusão e incorporação de novos hospitais, mas pela expansão e melhoria dos já existentes. Como mostram as notas da seção acontece na rede, várias unidades estão passando por reformas e ampliações – com acréscimos de leitos, compra de equipamentos e inauguração de novas alas. No Prontolinda, por exemplo, estão sendo investidos R$ 15 milhões na criação de um prédio anexo aos atuais, que contará com um bloco para cirurgias e emergência geral. Nas melhorias, destaca-se uma inovação na gestão hospitalar brasileira: a adoção de um sistema que diminui radicalmente o tempo de espera para o primeiro atendimento no pronto-socorro. A metodologia, chamada Smart Track, primeiramente foi adotada nas unidades Anália Franco e Itaim do São Luiz, em São Paulo – nas quais a espera nos horários de pico caiu de duas horas para 20 minutos. Agora, é implementada na unidade Morumbi e será adotada em todos os hospitais da Rede, até o fim deste ano. Portanto, quando o Brasil sediar a próxima Copa do Mundo, em 2014, a Rede D’Or estará preparada. É uma dor de cabeça a menos para o ortopedista Romeu Krause, do Hospital Esperança, no Recife. Ele coordenará a área médica da Copa na capital pernambucana, como conta a reportagem da seção diagnóstico. Além desses temas, esta edição da SuaSaúde também aborda assuntos ainda pouco explorados na medicina. A seção viver bem mostra as conclusões de um amplo estudo sobre hábitos alimentares – e uma das principais delas é que apenas contar calorias não é um bom jeito de perder peso. Na especial, reunimos algumas pesquisas que indicam que, além das atividades físicas e da alimentação, há outro fator básico para a saúde humana: manter relações sociais sólidas. A solidão é tão prejudicial quanto fumar 15 cigarros por dia. Em primeiros cuidados, abordamos um outro aspecto da depressão pós-parto: ela também afeta os homens. A Rede D’Or São Luiz tem investido não só na incorporação de novos hospitais, mas também na expansão e na melhoria dos já existentes. Várias unidades estão sendo reformadas e ampliadas Boa leitura! Expediente SuaSaúde é uma publicação trimestral desenvolvida pela PrimaPagina e pela BuonoDisegno, sob coordenação da Diretoria de Marketing da Rede D’Or São Luiz • Diretoria de Marketing Claudio Tonello • Marketing Regionais SP e PE George Maeda, Alexandre Volcian, Debora Rodrigues, Kelly Magalhães e Alexandre Siqueira • Marketing Regional RJ Daniel Werneck e Nereida Cavalcanti • Presidente do Conselho Editorial Ruy Bevilacqua • Conselho Editorial Jorge Moll, José Roberto Guersola, Claudio Tonello, Newton Takashima, Rodrigo Gavina, Alexandre Loback, Jorge Moll Neto, João Pantoja, Lucio Auler e Luiz Della Negra. Produção e edição PrimaPagina (www.primapagina.com.br), rua Jesuíno Arruda, 797, conj. 91, CEP 04532-082, São Paulo, SP, tel. (11) 3512-2100, fax (11) 3512-2105 / e-mail: [email protected] • Equipe editorial Ricardo Meirelles e Bernardo Ramos (editores), Bruno Meirelles, Chico Spagnolo e Paula Montefusco • Projeto gráfico e diagramação BuonoDisegno (www.buonodisegno.com.br), tel. (11) 3512-2122 • Arte Renata Buono, Luciana Sugino, Renata Lauletta, Isabela Berger • Tratamento de imagem Renata Lauletta • Impressão Gráfica Eskenazi • Editor responsável José Roberto de Toledo (DRT-DF 2623/88) • Foto da capa Sebastian Kaulitzki/Shutterstock SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 1 sumário 2 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz 04 10 16 22 34 40 44 50 acontece na rede Saiba o que há de novo nos hospitais da Rede D’Or medicina avançada Nos transplantes, sobra técnica e faltam doações viver bem Só você apenas somar calorias, a conta para emagrecer não fecha solidão Relacionar-se pouco é tão prejudicial à saúde quanto beber muito planeta saudável Quer fazer sua parte na reciclagem? Veja o que pode e o que não pode ser reaproveitado diagnóstico O médico Romeu Krause treinou nos gramados para destacar-se na ortopedia emergência Quando a alergia sai do controle e o corpo se descontrola rodando por aí A modernidade dos prédios, a beleza do lago, o balanço do blues – tudo num só lugar, Chicago 28 56 primeiros cuidados O parto altera hormônios da mãe, mas às vezes o pai é que fica deprimido unidades e médicos Os hospitais Rede D’Or e os profissionais que contribuíram com esta edição SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 3 acontece na rede Copa Star Instituto D’Or Hospital de luxo em Copacabana Uma jornada para disseminar conhecimento Com investimento de R$ 130 milhões, a Rede D’Or São Luiz começou a construir o hospital de luxo Copa Star, em Copacabana, no Rio de Janeiro. A unidade tem como foco o atendimento em oncologia e cardiologia para usuários de planos de saúde top e livre escolha e deve ficar pronta até 2014. Terá 127 leitos – 46 de terapia intensiva, capazes de prestar tratamentos de emergência personalizados, radioterapia, ressonância magnética e hemodinâmica. O Copa Star também abrigará salas inteligentes, nas quais haverá um robô que faz cirurgias guiadas por comandos. Em sua sétima edição, a Jornada Rede D’Or São Luiz deste ano acontecerá em 6 de outubro, no hotel Royal Tulip, no bairro de São Conrado, no Rio. O evento tem como objetivo reunir médicos, pesquisadores e estudantes de medicina do sexto período para debater e apresentar novas técnicas no tratamento e diagnóstico de doenças relacionadas a cardiologia, neurologia, neuropsiquiatria, oncologia, emergência, medicina interna, terapia intensiva e pediatria. As inscrições serão gratuitas e poderão ser feitas pelo site do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (http://idor.org), que organiza a Jornada. HOSPITAL E MATERNIDADE BRASIL / HOSPITAL E MATERNIDADE ASSUNÇÃO Fotos Divulgação Parceria com Fleury no ABC Hospital viValle Tratamento avançado para o coração O Hospital viValle, em São José dos Campos (SP), passou a contar com um setor dedicado a diagnósticos e procedimentos cardíacos pouco invasivos. Batizada de Centro Cardiovascular Avançado, a nova área conta com diversos equipamentos de alta tecnologia, entre eles o Artis Zee, da Siemens, capaz de captar imagens tomográficas tridimensionais sem emitir muita radiação. Nos 500 metros quadrados da unidade, há três leitos privativos, com espaço para acompanhantes, onde o paciente pode aguardar exames ou se recuperar após cirurgias. 4 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz Rede D’Or São Luiz Estão agora sob coordenação do grupo Fleury Medicina e Saúde as análises laboratoriais e os serviços de imagem feitos nas unidades da Rede D’Or São Luiz no ABC paulista – os hospitais e maternidades Brasil (Santo André) e Assunção (São Bernardo do Campo). O grupo vai atuar por meio da marca A+. Em breve, reforçando a parceria entre as duas empresas, o Fleury vai prestar esses serviços em todos os hospitais da Rede. Apoio a esporte e cultura no Rio Depois de fazer o atendimento médico das etapas infantil e adulta da Corrida de São Sebastião, no início do ano, a Rede D’Or São Luiz ampliou o apoio a iniciativas culturais no Rio de Janeiro. Os hospitais do Grupo prestam assistência emergencial ao projeto da Secretaria de Turismo intitulado Anfitriões do Futuro, que leva alunos do ensino fundamental público para visitar os pontos turísticos da cidade. Além disso, desde maio a Rede é mantenedora do Theatro Net Rio, próximo ao Hospital Copa D’Or, e patrocina o musical “O Mágico de Oz”, que estreou em junho no Teatro João Caetano. SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 5 Acontece na rede Hospital Prontolinda No Prontolinda, novo prédio até 2013 O processo de expansão do Hospital Prontolinda, em Olinda (PE), está em sua etapa final. No primeiro semestre do ano que vem, deverá ser inaugurado um prédio de seis andares, ao lado dos atuais. O novo anexo, que recebe aporte de R$ 15 milhões, terá um bloco para cirurgias, uma emergência geral e um centro administrativo. Com isso, o hospital terá 220 leitos na enfermaria geral e 48 na UTI. “Atualmente atendemos cerca de 12 mil pessoas por mês na nossa emergência. A expectativa é que esse número aumente para 14 mil”, diz a diretora do Prontolinda, Luciene Melo. Hospital São Luiz/ Morumbi HOSPITAL E MATERNIDADE SÃO LUIZ Sistema de atendimento ágil se expande na Rede 6 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz Algumas unidades da Rede D’Or São Luiz passaram a adotar um modelo humanizado de UTI. Nesse sistema, há acomodação para acompanhante (que pode ficar 24 horas ao lado do paciente) e maior liberdade de visitas ao longo do dia, para aumentar a interação entre a família e o paciente. A estrutura também é diferenciada. Há várias janelas, para que o enfermo possa acompanhar a passagem do dia, leitos individuais, banheiros individuais, quartos com cromoterapia e local para colocar porta-retrato, de modo a tornar o ambiente mais familiar. Se o paciente fizer aniversário dentro da UTI, é feita uma comemoração, com a participação dos parentes – ele recebe um bolo, preparado pelo serviço de nutrição, e o momento é registrado em fotografias mesmo que o paciente esteja inconsciente, para que posteriormente tenha condição de ver que a data não passou em branco. Essas mudanças aumentam o bem-estar. A experiência recente tem mostrado que o tempo de permanência na UTI tem diminuído: o enfermo consegue ser liberado mais rapidamente. HOSPITAL SÃO MARCOS Técnicas avançadas contra queimaduras Hospital e Maternidade Brasil UTI ampliada em Santo André O Hospital e Maternidade Brasil, de Santo André (SP), inaugurou, em julho, 17 unidades de internação e 24 leitos de UTI. O investimento, de R$ 6 milhões, reduz a carência de atendimento especializado em cardiologia e neurologia na região e faz parte de “um projeto cujo foco é ter 40% dos leitos do hospital reservados para a UTI”, segundo o diretor do Brasil, Luiz Antonio Della Negra. Até setembro, a unidade receberá uma nova área voltada a ressonância, diagnóstico da mulher e tomografia. O número de casos de queimaduras relacionadas às festas juninas, em especial a de São João, aumentou 20% neste ano, em comparação com o ano passado, segundo médicos do Hospital São Marcos, associado da Rede D’Or São Luiz no Recife. Os registros indicam que as ocorrências envolveram ferimentos mais profundos, provocados por fogos de artifício. Por outro lado, a medicina está mais preparada para atender esses casos. “As cirurgias realizadas hoje têm técnicas bem avançadas, algumas complexas, outras simples, mas todas podem trazer melhorias para o paciente”, diz o cirurgião plástico Marcelo Borges, dos hospitais São Marcos e Esperança. “Às vezes, apenas uma atenção médica, a humanização, já pode amenizar o trauma. Tratamentos psicológicos são essenciais durante muito tempo.” Fotos Divulgação O Smart Track – sistema que, nos horários de pico, diminuiu de duas horas para 20 minutos o tempo médio do primeiro atendimento nas unidades Anália Franco e Itaim do São Luiz, em São Paulo – agora também está disponível no pronto-socorro do Morumbi. Nesse modelo, a triagem dos pacientes é feita com mais agilidade por uma equipe multiprofissional. Se o quadro for classificado como simples ou como dependente de uma avaliação mais profunda, o paciente é encaminhado para salas onde passa por cuidados específicos. “Mantemos um excelente nível para os pacientes graves e conseguimos oferecer atendimento em tempo menor nos outros casos”, afirma o diretor geral da Rede D’Or São Luiz, Rodrigo Gavina. Paulatinamente, o Smart Track será implantado em todas as unidades do Grupo. Humanizada e eficiente SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 7 acontece na rede Mais leitos e melhores equipamentos Divulgação HOSPITAL ESPERANÇA O Hospital Esperança, do Recife, inaugurou 15 leitos de apartamentos privativos e 24 leitos de enfermarias, além de novas unidades de terapia intensiva cardiológica (15 leitos) e pediátrica (10). Foi criada ainda uma área exclusiva para a pediatria (11 leitos) e mais 29 quartos privativos. Com isso, a instituição passa a contar com 243 leitos – número que deve aumentar já em outubro, com a entrega de 29 apartamentos no quinto andar. Também foram implantadas normas de segurança usadas nos melhores centros hospitalares do mundo, sistema de gerenciamento de risco, equipamentos que deixam de gerar resíduos químicos e que reduzem pela metade a carga de radiação para pacientes. Hospital Copa D’Or Hospital santa luzia Histórias que curam Feijoada do bem 8 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz O Hospital Santa Luzia, de Brasília, ajudou a patrocinar a sexta edição do Feijão Solidário, uma feijoada beneficente cujos recursos são destinados a instituições sociais do Distrito Federal. O evento, organizado pelo programa Correio Braziliense Solidário, faz parte de um conjunto de ações responsáveis por captar verba para 17 creches da região, que atendem 2 mil crianças de até 5 anos, e para um lar de idosos que abriga 60 pessoas. CAM/Carlos Moura O Hospital Copa D’Or começou a participar, em agosto, de uma ação em que voluntários treinados contam histórias para pessoas internadas. Trata-se do projeto Viva e Deixe Viver, do Instituto Rio de Histórias. “Entendemos que, além de amenizar as sensações desagradáveis da hospitalização, essa atividade em muito pode contribuir para a humanização do ambiente de nosso hospital”, afirma a psicóloga chefe e responsável pelo projeto no Copa D’Or, Fernanda Saboya. Outras unidades da Rede mantêm iniciativas semelhantes, como o Rios D’Or e o Barra D’Or. medicina avançada por Cláudia Zucare Boscoli Jeffrey Collingwood/Shutterstock Dar, receber e convencer As técnicas para reduzir a rejeição em transplantes de órgãos e tecidos evoluíram; agora, é preciso aprimorar o trabalho com as famílias dos potenciais doadores 10 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 11 as vésperas do Natal de 1954, o norte-americano Richard Herrick ganhou um presente inédito – para ele e para o mundo. Numa operação de cinco horas e meia, recebeu o rim de seu irmão gêmeo, Ronald. O procedimento liderado pelo cirurgião Joseph Murray, em Boston, resultou no primeiro transplante de sucesso da história. A façanha daria oito anos de sobrevida a Richard e o Prêmio Nobel para Murray. Desde então, a medicina tem avançado bastante. Não apenas do ponto de vista exclusivamente cirúrgico, mas também, e sobretudo, no pós-transplante, na diminuição da rejeição. O sucesso se deve, antes de tudo, à descoberta dos antígenos de histocompatibilidade (moléculas que determinam a compatibilidade dos tecidos para os transplantes) e à obtenção de drogas imunossupressoras. Os imunossupressores são medicamentos que enfraquecem o sistema imunológico para que não rejeite o órgão doado. A cortisona foi o primeiro remédio desse tipo, mas a ampla gama de efeitos colaterais limitou seu uso. A azatioprina, mais específica, foi identificada em 1959, mas a descoberta da ciclosporina, em 1970, permitiu expandir de modo significativo os transplantes entre doadores-receptores menos compatíveis. A década de 1980 foi marcada por mais dois avanços: a padronização da retirada de múltiplos órgãos – que estabeleceu normas para a prática e colaborou para a formação médica – e o desenvolvimento de uma solução de conservação de órgãos e tecidos (batizada de UW-Belzer), capaz de aumentar Luis Louro/Shutterstock N O Brasil bateu seu recorde de procedimentos em 2011 (47.108) e diminuiu em 23% a lista de espera para significativamente receber órgãos. Mas cerca sua vida útil. de 70 mil pacientes ainda Atualmente, 80% dos casos de transplanaguardam na fila 12 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz tes são bem sucedidos – o paciente volta totalmente à sua rotina de antes da doença. Já podem ser transplantados coração, rim, fígado, pulmão, pâncreas, intestino, córnea, medula óssea, pele, valva cardíaca, ossos e esclera ocular, entre outros órgãos ou tecidos. Um único doador é capaz de salvar ou melhorar a qualidade de vida de cerca de 25 pessoas. pedras no caminho Esse tipo de procedimento está plenamente consolidado no Brasil – somos o segundo do mundo em volume de transplantes, atrás apenas da Espanha. No ano passado, o país bateu recorde de doações e cirurgias (foram 47.108 procedimentos) e conseguiu reduzir em 23% o número de pacientes na lista de espera por órgãos e tecidos. De 2003 para 2011, mais que dobrou o número de doadores. E, em 95% dos casos, todo o tratamento foi gratuito. Tantos bons resultados devem ser comemorados, mas ainda estão distantes do ideal. Cerca de 70 mil pacientes aguardam na fila de doações que, em alguns casos, pode durar mais de três anos. A meta do governo é, até 2015, atingir a marca de 15 doadores por milhão de habitantes (em 2011, foram 11, e, em 2003, apenas cinco; na Espanha, são 35). O que é preciso para isso? “O programa nacional de transplantes tem organização exemplar. No papel, está tudo muito bem desenhado. Mas é preciso fazer essa máquina andar, e, muitas vezes, são as pequenas pedras no caminho que atrapalham”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), José Osmar Medina Pestana. Na teoria, o sistema deveria funcionar seguindo um passo a passo. Primeiro, a equi- pe médica constata a morte encefálica do possível doador, por meio de dois exames clínicos (com intervalos de seis horas entre eles e feitos por dois médicos diferentes e sem ligação com a equipe de transplantes), além de um exame gráfico, que comprove que não existe mais irrigação do cérebro. Após a verificação da morte encefálica, o médico deve telefonar para a Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos de seu estado, informando nome, idade, causa da morte e hospital onde o paciente está internado. Essa notificação é compulsória e independente do desejo familiar de doação ou da possibilidade de o potencial doador converter-se em doador efetivo. Paralelamente, a família do paciente deve ser procurada. Por meio de entrevista, parentes de até segundo grau podem liberar a doação. Depois da autorização, são feitos vários exames no doador, e só então tem início uma complexa corrida contra o tem- po para captação e destinação dos órgãos e tecidos – as listas de espera seguem uma ordem cronológica ou, em alguns casos, como o de fígado, atendem os pacientes de acordo com a gravidade da doença, sempre dando prioridade a menores de 18 anos e descartando da lista os receptores incompatíveis. Na prática, nem todos os passos são obedecidos. Por exemplo, de cada oito potenciais doadores de órgãos no país, apenas um é notificado às centrais. “Qualquer coisa pode comprometer o programa. São diversas regiões, diversas cidades, diversos hospitais. Cada localidade encontra um tipo de problema. Em um lugar, o empecilho é o transporte do órgão, em outro, o transporte da equipe ou a difícil localização do doador”, enumera Pestana. Outra falha recorrente, segundo Rafael Paim, vice-presidente nacional e diretor da unidade Rio de Janeiro da Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos (Adote), é Cirurgiões e psicólogos Um transplante é frequentemente uma cirurgia complexa. Por isso, não são todos os hospitais que conseguem se habilitar para fazer esse tipo de procedimento. Uma das exceções é o Hospital Quinta D’Or, no bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Lá são feitos entre oito e dez transplantes de fígado por ano. A equipe que realiza esse tipo de cirurgia conta com sete cirurgiões, dez médicos clínicos (entre hepatologistas, intensivistas e infectologistas) e sete anestesistas, e é coordenada por Lúcio Pacheco, vice-presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). “Na sala de operação, participam dois anestesistas, quatro cirurgiões e dois instrumentadores. Para integrar a equipe, os médicos precisam de pelo menos um ano de experiência com esses procedimentos, enquanto os anestesistas necessitam de seis meses”, explica Pacheco. O hospital oferece ainda apoio psicológico. Esse serviço ajuda a preparar o paciente, que geralmente está fragilizado por ter de enfrentar a fila de espera pelo fígado. “Costumo dizer que fazer um transplante é como se preparar para uma maratona. A pessoa precisa estar bem emocionalmente e com todos os órgãos funcionando de forma perfeita, exceto o que será substituído”, completa o cirurgião. SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 13 Yuri Arcurs/Shutterstock Serviço Informações e notificações sobre transplantes • Central Nacional de Transplantes: Tel.: (61) 3652379 E-mail: [email protected] • Sistema Nacional de Transplantes: Tel.: (61) 3152021 E-mail: [email protected] • Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO): Tel.: (11) 2831753 E-mail: [email protected] Site: www.abto.org.br o despreparo para manter a irrigação dos órgãos e tecidos antes da retirada. “Muitos não estão treinados o suficiente para manter pressão e temperatura em alguém que já morreu”, afirma. Mas o ponto mais delicado, segundo os especialistas, é o despreparo das equipes para obter autorização da família para doação. Uma pesquisa feita no ano passado pela ABTO revelou que metade dos pedidos é negada. “Não acredito que falte doador no Brasil. O que falta é doação. Nós temos, inclusive, estudos em que mais de 64% da população se autodeclara doadora. O que acontece é que, muitas vezes, o profissional que vai fazer o comunicado não sabe se colocar, falta com a delicadeza, não compreende que a família está em luto”, avalia Paim. E complementa: “Com treino, é possível chegar a números semelhantes aos da Espanha, em que a taxa de negativa familiar é de 15% e há casos de médicos que nunca ouviram um não sequer”. Como não existe documento que valide a opção do paciente por ser doador, a autorização vem sempre da família. E num momento delicado: a idade média de doadores no Brasil é de 40 anos – ou seja, são pessoas jovens, geralmente vítimas de morte súbita. “Quando uma família diz ‘não’, não é por dogma, por crença religiosa. É porque, simplesmente, o doador não deixou isso claro. Por isso, quando me perguntam ‘como eu faço para ser doador?’, respondo: diga isso para a sua família”, afirma Pestana, da ABTO. Em alguns casos, é possível doar em vida. Parentes de até quarto grau e cônjuges A metade dos pedidos de doação é negada pela família. Para especialista, falta preparo aos profissionais que entram em contato com parentes de possíveis doadores 14 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz podem disponibilizar um dos rins, medula óssea e parte do fígado, do pulmão ou do pâncreas. Não parentes só podem ser doadores com autorização judicial. O doador é submetido a uma série de exames para que o procedimento não comprometa sua saúde. futuro No longo prazo, as pesquisas com células-tronco são a grande aposta. Iniciativas de várias partes do mundo buscam viabilizar a criação de órgãos e tecidos em laboratório, diminuindo o risco de rejeição, já que tais células seriam capazes de produzir órgãos geneticamente idênticos. Em 2010, foi inaugurado, em Madri, um laboratório para criação de órgãos bioartificiais com células-tronco. A expectativa é usá-los em transplantes em 2020. Um passo importante entre a pesquisa e a aplicação foi dado neste ano, quando cientistas japoneses anunciaram a criação de um fígado humano a partir de células-tronco. No Brasil, as pesquisas deslancharam com a aprovação da Lei de Biossegurança, em 2005. Lilyana Vynogradova/Shutterstock viver bem por Noelly Russo conta Não põe na Pesquisa que acompanhou 120 mil pessoas por até 20 anos reforça o que alguns nutricionistas já pregam: contar calorias não é o melhor método para emagrecer 16 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 17 A velha máxima de que qualidade é mais importante do que quantidade ganhou comprovação científica. Pelo menos no que diz respeito aos hábitos alimentares. A nova orientação de nutricionistas e grupos especializados em reeducação alimentar é deixar a contagem de calorias em segundo plano e simplesmente eliminar de uma vez da rotina as comidas que não são saudáveis. “Essa é uma verdade de que os nutricionistas já suspeitavam. Não adianta nada comer pouco, se o alimento não for nutritivo. Não adianta nada você ingerir 1.200 calorias de frituras, por exemplo”, explica o professor de Nutrição João Felipe Mota, da Universidade Federal de Goiás. “Isso não quer dizer que comer em excesso um alimento saudável está liberado”, pondera. O maior reforço a essa concepção veio de uma pesquisa publicada no ano passado e realizada por cinco departamentos ligados às áreas de saúde e medicina da Universidade de Harvard, em Cambridge, nos Estados Unidos. Trata-se de um acompanhamento dos hábitos de 120.877 médicos, enfermeiros, dentistas e veterinários por 12 a 20 anos. Com o grande número de participantes e o longo período de monitoramento, foi possí- vel identificar o que mais influencia a perda e – sobretudo – o ganho de peso. Assim, o estudo lança perspectivas sobre o modo de encarar a obesidade, apontada pela Organização Mundial da Saúde como uma das mais graves epidemias do século 21. Segundo estimativas da OMS, o número de obesos no mundo chegará a 1,5 bilhão em 2015. A tendência deve agravar os efeitos a que o excesso de peso está associado, como doenças cardiovasculares, diabetes do tipo 2 (adquirido, não o de origem genética) e problemas na coluna e nos ossos. O resultado apontou que, a cada quatro anos, os voluntários ganharam, em média, 1,5 quilo; em 20 anos, os participantes haviam engordado em média 8 quilos. “Não adianta nada comer pouco, se o alimento não for nutritivo”, explica o professor de Nutrição João Felipe Mota, da Universidade Federal de Goiás Alimentos in natura geralmente são melhores que Fotos Shutterstock os processados, que costumam ter grande quantidade de sódio 18 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz “Ninguém engorda 10, 20 quilos de um dia para outro. São pequenos ganhos que se acumulam ao longo dos anos. Por isso dietas restritivas e impossíveis de serem seguidas estão cada vez mais em desuso. É fundamental entender o processo de ganho de peso como uma síndrome e combatê-la como um todo”, diz Mota. O estudo de Harvard aponta exatamente isso. Entre as conclusões está a de que, como o ganho de peso é multifacetado, é impossível isolar apenas um dos fatores como principal responsável. Não se deve, por exemplo, atribuí-lo apenas à ingestão de determinada quantidade de calorias por dia. Resultados como esses fizeram com que dietas tradicionais, mundialmente aceitas, alterassem seus métodos. Os Vigilantes do Peso, um dos mais reconhecidos grupos de apoio à reeducação alimentar, é o maior exemplo dessa mudança. Sua estratégia tradicional incluía a contagem de calorias na tabela de alimentação, mas atualmente coloca ênfase na qualidade. Considera também a velocidade da metabolização de alimentos e a capacidade metabólica do corpo para digeri-los. Um exemplo é o suco de laranja e a própria fruta. Meio copo de suco vale 3 pontos pelo novo método dos Vigilantes, enquanto uma laranja vale zero. A fruta é rica em fibras, componentes fundamentais para uma boa digestão. O suco tem muito menos quantidade desse nutriente e, por isso, é digerido com mais rapidez e transforma-se logo em açúcar. vade-retro, batata frita “O alto consumo de frituras, bebidas adoçadas, refrigerantes, salgadinhos de pacote e fast food, aliado à vida sedentária, tem contribuído para a piora do estado de saúde dos brasileiros de todas as idades”, reforça a nutricionista Sonia Tucunduva Philippi, professora e pesquisadora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. São esses os tipos de alimentos condenados pelo estudo norte-americano. A batata frita é a campeã de restrições no levantamento. Sozinha, foi responsável por as pessoas ganharem 1,5 quilo, em média, durante quatro anos. A batata, por si só, vira açúcar rapidamente no organismo; somada ao óleo usado na fritura, torna-se quase uma ogiva calórica. Outros “vilões” detectados por Harvard foram bebidas adoçadas com açúcar, carne vermelha (com gordura), carne vermelha processada, batatas em geral, doces e sobremesas, frituras, sucos concentrados e manteiga. Laticínios não tiveram impacto no ganho de peso, de acordo com a avaliação. No Brasil não é muito diferente. “O brasileiro está comendo de forma inadequada tanto em qualidade como em quantidade, além de ser sedentário”, diz Sonia, uma das criadoras de uma versão da pirâmide alimentar adaptada à realidade brasileira e utilizada pelo Ministério da Saúde. Lá, aponta a docente da USP, recomenda-se que “todos os grupos de alimentos são importantes e devem ser SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 19 Se no dia a dia a alimentação é importante, quando se está doente os cuidados precisam ser redobrados. Por isso, a dieta, fator fundamental para a recuperação, é elaborada sempre de forma personalizada, levando em conta os hábitos alimentares, o estado nutricional e a enfermidade do paciente. A nutricionista Adriana Martins Mesquita, gerente corporativa de Hotelaria da Rede D’Or São Luiz, diz que uma dieta hospitalar pode diferir da convencional tanto na composição quanto na consistência (devido a dificuldades de mastigação, deglutição ou digestão). “A alteração na consistência é necessária em algumas doenças, após cirurgias ou em alterações fisiológicas próprias da idade, como acontece na alimentação infantil ou para idosos.” As mudanças nutricionais estão geralmente ligadas ao controle de patologias. O Hospital São Luiz, de São Paulo, e outras unidades da Rede têm guias com as principais dietas terapêuticas e suas indicações – um instrumento para orientar nutricionistas e médicos. Pacientes com doenças de fígado, por exemplo, recebem alimentos com menos gordura. Em qualquer caso, é importante que um nutricionista acompanhe o processo, pois é comum a falta de apetite na internação. “A baixa aceitação de comida pode ser prejudicial à recuperação. Muitas vezes é necessária uma suplementação. A orientação se mostra relevante mesmo após o paciente sair do hospital, pois às vezes ele precisa manter uma dieta restrita”, completa Adriana. 20 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz além do exercício Apesar de o brasileiro estar mais gordo, o levantamento da Vigitel aponta que estamos nos exercitando um pouquinho mais. Em 2006, 14% dos entrevistados declararam praticar algum tipo de atividade física; no ano passado, o número passou para quase 16%. Os dados da Vigitel sinalizam a mesma conclusão do estudo norte-americano: a de que, sozinho, o exercício não funciona. Harvard comprovou que quem se exercita e controla a alimentação perde mais peso. Mas as pessoas que praticam atividade física e mantêm no cardápio os vilões da alimentação continuam engordando. Uma rotina equilibrada é a chave para o sucesso, segundo Sonia. “As necessidades calóricas são individuais e variam de acordo com sexo, idade, peso, estatura e atividade física”, observa. Em qualquer caso, porém, os alimentos regionais in natura devem ser sempre incentivados. “Há necessidade de aumentar o consumo de frutas, legumes, verduras e grãos integrais.” Não surpreende, portanto, que os alimentos apontados pelo estudo dos Estados Unidos como campeões para a perda de peso sejam exatamente os desses últimos grupos citados pela pesquisadora. De qualquer modo, outra conclusão dos especialistas de Harvard é que não é só a alimentação que leva as pessoas a engordarem. Sedentarismo, tabagismo e consumo excessivo de bebidas alcoólicas estão entre os fatores que contribuem para os quilinhos a mais. A privação ou o excesso de sono e o número de horas que se passa assistindo à TV também foram considerados “culpados” de contribuir com a epidemia de obesidade que se verifica hoje em praticamente todos os países. Para o sono, a recomendação é manter as tradicionais oito horas por dia. Dormir demais ou de menos implica aumentar a predisposição a engordar. Quem dorme pouco produz menos leptina, hormônio responsável pela sensação de saciedade, e mais cortisol, o hormônio do estresse. Essa combinação (menos leptina e mais cortisol) contribui para o aparecimento de gordura corpórea e aumento da fome. “Recomendam-se oito horas de sono por dia, seis refeições diárias – sendo café da manhã, almoço e jantar, intercaladas por lanches – e no mínimo 30 minutos de atividade física diária. As atividades de trabalho devem ser intercaladas por momentos para comer e se exercitar”, diz Sonia. Devem ser levados em consideração ainda os fatores emocionais ligados à alimentação. “As pessoas comem por prazer e para a manutenção do estado de saúde. Mas situações como alegria, tristeza ou depressão podem desencadear estados compulsivos, aumentando ou diminuindo o consumo alimentar”, afirma a professora da USP. “Todos devem ficar atentos e aprender a se conhecer para saber o que o corpo está sinalizando, se é fome, compulsão ou carências emocionais. Nesse caso, é fundamental procurar apoio de médico e nutricionista”, recomenda Sonia. O excesso de peso pode ser evitado com pequenas mudanças de hábitos. Mota afirma que um dos erros comuns nas dietas tradicio- A nais é achar que o paciente é capaz de suportar alterações drásticas de uma só vez. “De nada adianta tentar convencer uma pessoa que toma duas latas de refrigerante por refeição a cortar tudo de uma vez. O ideal é ir aos poucos”, sugere o professor da Universidade Federal de Goiás. “Assim, numa primeira etapa, ele consegue diminuir o consumo, para depois aprender a comer sem beber nada. Pequenas mudanças têm mais chances de se tornarem permanentes do que as grandes. Essas, ninguém suporta. Uma refeição deve ser prazerosa, não uma tortura”, salienta. pesquisa mostra que as pessoas que praticam atividade física, mas mantêm o hábito de comer ingredientes pouco saudáveis, continuam engordando Aleksandr Stennikov/Shutterstock Feita sob medida consumidos nas refeições principais todos os dias. Quanto mais colorido o prato, mais diversificada e nutritiva a alimentação.” Um levantamento realizado em 2011 pela Vigilância de Fatores de Risco para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, indicou que praticamente metade dos brasileiros está acima do peso. A proporção de gordinhos e obesos passou de 42,7%, em 2006, para 48,5% no ano passado. Mota, da Federal de Goiás, aponta o aumento no consumo de alimentos processados como uma das causas para as novas circunferências. Muitos deles contêm alta concentração de sódio, usado para conservação, e descartam nutrientes importantes dos alimentos in natura com base nos quais são preparados. “O prato típico do brasileiro – arroz com feijão, salada e uma proteína – era adequado e perfeito para nossa população. Agora, a falta de tempo para preparar os alimentos, a facilidade de encontrar produtos prontos e o preço mais baixo dos alimentos industrializados mudaram isso.” SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 21 especial por Manuel Alves Filho Doença da solidão Fekete Tibor/Shutterstock Relações sociais frouxas são tão ruins para a saúde quanto o tabagismo e o abuso do álcool 22 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 23 Um trabalho que avaliou 148 pesquisas sobre o tema detectou Saúde Ocupacioque cultivar uma sólida nal, detectou que homens solitários rede de amizades pode tinham cinco vezes aumentar a sobrevida mais chances de morem 50% rer de doença do fígado 24 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz do que os casados ou que moravam com outra pessoa. Entre as mulheres, o risco é 2,4 vezes maior para as solteiras. No Brasil, tais estudos ainda não são tão frequentes, observa a psicóloga Tereza Etsuko da Costa Rosa, pesquisadora do Instituto de Saúde (IS) da Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo. A tese de doutorado dela, defendida em 2005 na Universidade Lightpoet/Shutterstock S empre que assuntos ligados à preservação da saúde e combate às doenças vêm à tona, duas recomendações surgem invariavelmente: adotar uma dieta balanceada e praticar exercícios físicos. De acordo com pesquisas científicas recentes, uma terceira providência também poderia contribuir para tornar a vida ainda mais longa, saudável e agradável – cultivar boas relações sociais. Estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Brigham Young, nos Estados Unidos, sugere, por exemplo, que ter uma sólida rede de parentes, amigos e vizinhos pode aumentar as chances de sobrevivência em 50%. Para os especialistas norte-americanos, a solidão pode ser tão prejudicial ao ser humano quanto o tabagismo. As investigações em torno do vínculo das redes sociais com certos níveis de doença e saúde remontam ao clássico estudo sociológico sobre o suicídio conduzido por Émile Durkheim (1858-1917) no final do século 19. Já naquela época, o francês, um dos pais da sociologia moderna, considerava que atentar contra a própria vida não estava associado somente a uma decisão individual, mas também ao enfraquecimento da coesão da sociedade, que se tornava menos solidária. Com o decorrer dos anos, novas pesquisas, feitas principalmente no exterior e a partir dos anos 1980, confirmaram que a presença ou ausência de relações sociais afetava a saúde dos indivíduos. O estudo norte-americano, publicado na prestigiada revista Public Library of Science Medicine, analisou 148 trabalhos sobre o tema, que envolviam 308.849 participantes. A revisão bibliográfica identificou que viver sozinho é tão arriscado para a saúde quanto fumar 15 cigarros por dia ou abusar de bebidas alcoólicas. Aliás, uma pesquisa sobre hábitos etílicos, conduzida pelo Instituto Finlandês de de São Paulo (USP), é uma das poucas no país sobre o assunto. O trabalho tratou, entre outros aspectos, da influência das redes sociais no estado nutricional de idosos no município de São Paulo. Conforme o estudo, aqueles que mantinham sólidas relações com parentes e amigos apresentavam uma dieta mais adequada. Os mecanismos pelos quais o apoio social influencia a saúde ainda não estão suficientemente esclarecidos, avalia Tereza Rosa. “Alguns autores consideram que o apoio social teria um efeito amortecedor. Ou seja, protegeria os indivíduos das consequências patogênicas ligadas a eventos estressantes. Outra corrente, porém, de- fende que o apoio social tem um efeito direto, independente dos níveis de estresse do indivíduo. Tal hipótese sugere que a proteção se daria através da regulação social de determinados hábitos (consumo de álcool e tabaco, por exemplo) e do fornecimento de informações e recursos materiais”, explica. O psicólogo John Cacioppo, diretor do Centro de Neurociência da Universidade de Chicago, vê relação ainda mais direta: em entrevistas, ele tem comentado que a sensação de solidão seria responsável por elevar a quantidade do hormônio do estresse, o cortisol, que aumenta a pressão arterial. Para psicólogo da Universidade de Chicago, a sensação de solidão eleva os níveis do hormônio do estresse, que aumenta a pressão arterial forma e papel Mas por que as redes sociais seriam tão importantes? Teresa Rosa observa que a maioria dos autores identifica estruturas e funções específicas nesses laços. Eles abrangem, por exemplo, o papel social que a pessoa desempenha num determinado grupo e a frequência e a intensidade de seus contatos com SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 25 Se manter relações sociais sólidas é benéfico à saúde, ajudar os outros significa mais do que isso: traz uma sensação de prazer semelhante à de comer chocolate ou fazer sexo, indica estudo liderado pelo neurocientista Jorge Moll, pesquisador e presidente do Instituto D’Or de Ensino e Pesquisa (Idor), ligado à Rede D’Or São Luiz. Para chegar a essa conclusão, sua equipe contou com 19 voluntários no Brasil, na Alemanha, na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos, que receberam o equivalente a US$ 128, em 2006. Eles se submeteram a um exame de ressonância magnética enquanto decidiam se ficavam com o dinheiro ou davam parte dele. Todos decidiram contribuir – os valores ficaram entre US$ 21 e US$ 80. A ressonância indicou que a doação ativa uma parte do cérebro chamada mesolímbica, relacionada ao sistema de recompensa. Essa região é responsável pela liberação da dopamina, substância que causa sensações de prazer e euforia – como ao fazer sexo ou ao comer algo apetitoso. “O ser humano é tanto egoísta quanto altruísta por natureza. Temos a capacidade e a tendência para ambos”, diz o neurocientista. “Situações que envolvem outros em situação muito difícil nos mobilizam, evocam compaixão e altruísmo. Tais respostas já foram estudadas em experimentos, e mostram que áreas cerebrais envolvidas em sensação de satisfação e apego são ativadas em tais contextos”, explica. 26 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz de asma a alucinação Os benefícios proporcionados pelas relações interpessoais estão relacionados à própria natureza do homem, que é um ser essencialmente social, como assinala o psiquiatra e psicoterapeuta Fernando Portela Câmara, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria. “A linguagem, a cultura, o conhecimento e o conceito de pessoa e mundo, além da própria consciência, são processos que emergem da vida social”, afirma. “Nosso cérebro não funcionaria no nível em que estamos, se não estivéssemos conectados com outras pessoas. A função social é uma propriedade do cérebro. Basta ver que, quando ela é prejudicada, surgem distúrbios como o autismo e o marasmo [depressão grave e letal em crianças abandonadas sem contato humano]”. Por isso, argumenta Portela, pessoas solitárias estão mais sujeitas a doenças como depressão e a fenômenos delirantes e alucinatórios. Não é raro que também apresentem dissociações que se manifestam na criação de figuras imaginárias, com as quais mantêm até mesmo relações sexuais igualmente fantasiosas. “A asma psicogênica e até mesmo doenças orgânicas como infecções respiratórias, colites [inflamação intestinal] e artrites também podem estar associadas aos indivíduos que vivem de forma solitária”, aponta o psiquiatra. Kristo-Gothard Hunor/Shutterstock Além de saudável, prazeroso os demais integrantes desse mesmo grupo. “As relações sociais podem ser formais ou informais. As relações formais estão relacionadas com o papel desempenhado pelo indivíduo na sociedade, e incluem contatos com médicos, dentistas, professores, advogados etc. As informais, tidas como de maior importância pessoal e afetiva, são compostas pelos vínculos com familiares, amigos, vizinhos e colegas de trabalho. Desse modo, ao ‘medirmos’ a estrutura da rede social, nós podemos avaliar o nível de isolamento ou integração de uma pessoa”, comenta. Já a função das redes compreende dimensões como o apoio social, as relações de tensão e a ancoragem social. Dito de modo simplificado, são os modos pelos quais amigos, parentes e vizinhos fornecem apoio emocional e material, bem como aconselhamentos e oportunidades de integração social – através de atividades de lazer, por exemplo. “As pesquisas têm evidenciado que o tamanho, a coesão e o tipo de relacionamento presente na rede social de uma pessoa são fatores que influenciam o recebimento dos apoios”, reforça a psicóloga. A família, por ser o contexto social mais próximo dos indivíduos, tem grande relevância para a saúde. O estado conjugal também é uma variável importante. “A maior longevidade de pessoas casadas quando comparada com a das solteiras tem sido repetidamente evidenciada”, destaca Rosa. A pesquisadora do IS observa, ainda, que os estudos têm demonstrado que a prática de atividades solitárias, como ver televisão, ouvir rádio ou ler, está mais associada com o aumento do que com a diminuição da mortalidade. “Esse resultado sugere que a mera atividade de diversão não tem efeito na redução do risco de morrer. O efeito benéfico, portanto, parece vir da atividade que envolve algum contato com outras pessoas”, diz. As relações sociais são especialmente importantes para os idosos, que precisam de companhias estáveis para trocar experiências e buscar solidariedade Na opinião do especialista, as relações sociais são mais importantes na adolescência e na terceira idade. Os adolescentes são indivíduos em pleno desenvolvimento da afetividade e da sexualidade e, assim, precisam do contato com seus pares e do comportamento tribal para concluir sua maturação, diz Portela. “O jovem necessita ritualizar o comportamento em grupo, incorporando sensações de contato e ativando circuitos neuro-hormonais. É um imperativo psicobiológico”, detalha. Já os idosos sentem necessidade de companhias estáveis para dividir seus temores, trocar experiências, estimular o raciocínio, bus- car solidariedade e também angariar ajuda material, quando necessário. Àqueles que têm círculos sociais muito restritos, Portela recomenda uma mudança de comportamento. Essas pessoas devem participar, pelo menos uma vez por semana, de atividades nas quais possam se reunir com parentes, amigos ou conhecidos, para colocar a conversa em dia, assistir a partidas de futebol, promover churrasco etc. “Participar de ações comunitárias ou sociais, seja da igreja ou da associação de bairro, assim como realizar algum trabalho voluntário, também são práticas recomendáveis”, aconselha o psiquiatra. Questionado sobre se considera que o crescimento das relações virtuais, intermediadas por tecnologias como o computador e o telefone celular, pode representar um empecilho ao estreitamento do contato presencial entre as pessoas, Portela responde que não. “As relações sociais e familiares evoluem com a sociedade. No passado, o artesão vivia com sua família nos fundos da loja. Todos estavam sempre juntos. Depois, veio a sociedade industrial, na qual os pais saíam de casa para trabalhar. Agora, os pais ficam em casa trabalhando pela internet, mas também permanecem conectados à família. Não há mudança substancial”, sustenta. SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 27 primeiros cuidados por Cláudia Zucare Boscoli O parto é dela, a tristeza é dele Pojoslaw/Shutterstock Antes só estudada em mulheres, a depressão pós-parto acomete um em cada dez homens que ganham filhos, segundo estudo da Associação Médica dos Estados Unidos 28 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 29 D esânimo, tristeza, sentimento de inutilidade, alterações de sono e apetite. Se tais sintomas se juntam à existência, em casa, de um bebê de poucos meses de vida, o diagnóstico aponta para depressão pós-parto – afinal, o nascimento da criança produz reviravoltas hormonais na mãe. A grande novidade sobre o tema é que a medicina e a psicologia já estudam tal patologia também nos homens. Se hoje a sociedade comemora o maior envolvimento deles com os filhos desde a gestação, tal avanço no relacionamento familiar tem desdobramentos psíquicos até então só experimentados por mulheres. “Antigamente, ninguém se preocupava em observar o papel do pai e sua participação no pós-parto. Acredito que não apenas o diagnóstico é novo, mas a própria patologia é nova, pois remete a uma maior implicação do psiquismo paterno com o nascimento do bebê e o puerpério [período de cerca de 40 dias após o parto]”, analisa a professora Milena da Rosa Silva, do Departamento de Psicanálise e Psicopatologia do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS). A obstetra Bia Porto, do Hospital Assunção, instituição da Rede D’Or São Luiz em São Bernardo do Campo (SP), concorda: “A depressão pós-parto feminina já é estabelecida, e o homem nunca havia sido o foco. Só agora eles passam a pedir ajuda nesse sentido”. “Alguém que ganha um filho precisa colocar seu narcisismo em segundo plano. Isso pode gerar transtornos de ansiedade, compulsões e depressão pós-parto, entre outros problemas”, complementa Milena. A depressão pós-parto masculina acomete um em cada dez pais de recém-nascidos no mundo todo, de acordo com publicação recente do The Journal of American Medical Association, uma das mais importantes do mundo na área da Medicina. O ápice da depressão ocorre geralmente entre o terceiro e o sexto mês após o parto, quando a incidência sobe para 25% – ou seja, um em cada quatro pais apresenta a doença. Esse período, justifica o estudo, é justamente aquele em que termina o corre-corre inicial com a chegada do bebê e o homem começa a se questionar sobre O sofrimento é maior entre o terceiro e o sexto mês após o parto, quando o corre-corre inicial já terminou e o pai se questiona sobre como ajudar a casa, a esposa e o filho 30 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz Jodi Baglien Sparkes/Shutterstock vida nova Culturalmente, a chegada de um filho é repleta de expectativas positivas. Na prática, porém, é um período de profundas modificações no equilíbrio do lar – o que é natural e necessário, de acordo com os especialistas. “Quando nasce um bebê, principalmente o primeiro filho, parece que tudo é festa. Mas a vida do casal se transforma radicalmente. O bebê requer toda a atenção, principalmente da mãe, que é a responsável pela amamentação durante o dia e a noite. É natural que o pai se sinta excluído e não consiga saber onde se encaixa”, avalia Bia Porto. SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 31 tamento do problema. Com o agravante de que a depressão pós-parto não afeta apenas o pai, a mãe ou ambos: tem reflexos também na saúde mental da criança (quando acomete homens, em geral tem um impacto ainda maior sobre bebês do sexo masculino). O diagnóstico é sempre mais simples se o paciente já tem histórico de depressão. Mas, além dos sintomas típicos da doença, há outros alertas mais sutis que não podem ser deixados de lado. O paciente tende a, por exemplo, trabalhar demais ou fazer atividades com a finalidade inconsciente de escapar da vida doméstica (como assistir a televisão ou praticar esporte em excesso), abusar de bebidas alcoólicas ou medicamentos, ferir-se ou sofrer acidentes com frequência ou apresentar atitudes hostis, descontroladas ou impulsivas (um caso extraconjugal ou o abandono familiar justamente no pós-parto). “Nos homens, são mais frequentes a irritabilidade, a ansiedade evidenciada por inquietude motora, e a agressividade. É muito comum também o uso de bebida alcoólica”, diz a psicóloga Luciana de Ávila Quevedo, da Universidade Católica de Pelotas, no Rio Grande do Sul. Há também fatores de risco que podem predispor à depressão pós-parto, como presença de sintomas depressivos durante a gestação, problemas de infertilidade, dificuldades na gravidez, perda de pessoas queridas, perda de um filho anterior, bebê com anomalias, desarmonia conjugal e matrimônio firmado em decorrência da gravidez. Mas não apenas pais, mães e familiares devem ficar atentos aos sintomas da doença. O obstetra Pedro Ferreira Awada, do Hospital Brasil, instituição Quando a mãe fica deprimida, o risco de isso ocorrer também com o pai duplica. A depressão de como prover a casa, um cônjuge tende a fazer como ajudar a esposa com que o outro também e como ter uma participação ativa na criação sofra mais Yanik Chauvin/Shutterstock do filho, apesar das demandas do trabalho. Muitos também não conseguem aceitar bem as mudanças da mulher em relação à sexualidade, provenientes das variações hormonais. Já no caso das mães (grupo em que 15% são diagnosticadas com depressão pós-parto), as razões da patologia costumam estar mais associadas a alterações hormonais, condição psíquica, gestação múltipla (situação em que há maior exigência do casal), fertilidade assistida e bebês com problemas de saúde. Vale ressaltar que, logo após o nascimento da criança, cerca de 60% das mães sofrem do chamado “baby blues”, um forte estado melancólico decorrente unicamente da queda do estrogênio – e que é passageiro. Quando a mãe fica deprimida, o risco de isso ocorrer também com o pai duplica. “É mais provável que o pai desenvolva depressão pós-parto se a mãe tem”, observa a professora da Federal do Rio Grande do Sul. Ela tem duas hipóteses para isso. “Uma é que a depressão em um cônjuge torna a relação mais difícil, o que acarreta sofrimento ao outro. A outra é que, geralmente, os casais são compostos por pessoas com os mesmos traços de personalidade, ou seja, com características e fragilidades semelhantes”, diz Milena. diagnóstico Por conta da pressão social, muitos pacientes relutam em admitir que precisem de ajuda. Isso dificulta o diagnóstico precoce e, em consequência, o tra32 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz de Santo André (SP) associada à Rede D’Or São Luiz, chama a atenção para o despreparo da própria classe médica para detectar a depressão pós-parto, seja em mulheres ou homens. “Não é um tema novo para o médico, mas é um tema complicado. Até porque o ensino médico ocorre no serviço público, e o retorno da paciente não ocorre sempre com o mesmo profissional. Ou seja, não se cria um vínculo”, afirma. “É preciso ter uma relação médico-paciente muito boa com o casal, não só com a mulher”, reitera Bia Porto, do Hospital Assunção. “O obstetra deve perceber se a dinâmica do casal é problemática, se o pai é ausente. É importante perguntar se está tudo bem e fazer o encaminhamento correto para psicólogos”, recomenda. tratamento O tratamento da depressão pós-parto, tanto em homens quanto em mulheres, combina psicologia e psiquiatria. O psiquiatra pode entrar com a medicação, caso seja necessário, e o psicólogo com a dinâmica psíquica que desencadeou a depressão. “Caso contrário, como se vê com muita frequência, o paciente pode passar anos tomando medicação antidepressiva sem ter a menor ideia do que causou o humor depressivo”, alerta a psicanalista Vera Iaconelli, do Instituto Sedes Sapientiae e do Instituto Gerar de Psicologia Perinatal. Dentro de casa, o apoio ao tratamento deve ser dado por meio de compreensão e apoio às atividades do dia a dia. “O casal precisa se ajudar nos cuidados com a casa e com o bebê, mas sem exigências de posturas idealizadas. Principalmente as mulheres devem deixar as coisas fluírem porque, nos homens, a ficha demora mesmo a cair”, aconselha Pedro Awada. O tratamento combina psicologia e psiquiatria, tanto para os homens quanto para as mulheres. Em alguns casos, é necessário tomar medicamentos SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 33 Fotos Shutterstock planeta saudável por Chico Spagnolo Do lixo às prateleiras 34 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz Os números de reciclagem do Brasil são até bons, mas ainda há muito que melhorar. Veja como você pode ajudar nisso apenas descartando os detritos de maneira correta SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 35 Fotos Shutterstock A s mudanças climáticas são frequentemente associadas a picos nevados derretendo, ondas enormes no oceano, secas em rincões africanos ou nordestinos. Nada, portanto, muito ligado aos moradores das grandes cidades. Essa é uma visão equivocada, que não considera que o desenvolvimento sustentável é um processo que envolve diversas etapas. Uma delas é a reciclagem, cuja importância já foi percebida pelo Brasil. Prova disso são os números divulgados neste ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apurou as porcentagens de material reaproveitado no país. O grande destaque fica por conta das latinhas de alumínio (98,2%), mas as proporções para latas de aço, vidro e papel giram em torno de 50%, de acordo com os Indicadores de Desenvolvimento Sustentável 2012. Apesar das cifras, há muito que fazer. Um levantamento da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) mostra que, em 2011, mais de 23 milhões de toneladas de lixo seguiram para locais inapropriados e outras 6,4 milhões sequer foram coletadas. Segundo o diretor executivo da associação, Carlos Silva Filho, essas quantidades seriam capazes de encher, respectivamente, 56 piscinas olímpicas por dia ao longo de um ano e 45 estádios do Maracanã. Há vários motivos para esse desperdício. Um deles é que a reciclagem, no Brasil, tem sido carregada nas costas (muitas vezes literalmente) pelos catadores – são eles os principais responsáveis pelo lado positivo dos indicadores reunidos pelo IBGE. “A maioria do material que se recicla no Brasil chega às cooperativas mais pelas mãos de catadores de lixo do que pela coleta seletiva”, afirma o coordenador de Conteúdo do Instituto Akatu, Estanislau Maria. “Atualmente, já temos mais de 800 mil pessoas nessa função, escolhida puramente por necessidade”, comenta. O papel deles é especialmente relevante no reaproveitamento das latinhas de alumínio, que, deixadas ao deus-dará, podem levar até 100 anos para se decompor. “É muito mais fácil transformá-las novamente em um recipiente do que pegar a bauxita, purificá-la, produzir a barra de alumínio e, então, fechar a etapa produzindo a lata, processo que gasta 20 vezes mais energia quando comparado com o da que é recolhida”, compara Estanislau Maria. É preciso, no entanto, que o material chegue até os catadores – e é aqui que você entra. Embora reduzir o consumo e o desperdício Números divulgados este ano pelo IBGE mostram que o Brasil recicla quase todo seu alumínio (98%) e cerca da metade do aço, do vidro e do papel que seja ainda mais importante, separar o lixo é fundamental. E mais fácil do que se pensa. “Muitos reclamam que precisam comprar diversas lixeiras e separar cada um dos materiais. Outra desculpa é o espaço para instalar essa coleta em casa e o tempo que se gasta para a triagem. Na verdade, o cidadão só precisa de dois lixos: um para o material orgânico e o outro para o reciclável, já que são as cooperativas que fazem a separação”, explica o coordenador do Akatu. O próximo passo é saber o que pode e o que não pode ser reciclado. Veja os itens principais. consome 36 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz A maior parte do material reaproveitado no Brasil chega às cooperativas por meio dos catadores. A coleta seletiva ainda representa pouco da reciclagem no país plástico Como regra, é reciclável – e não precisa separar por tipo. “Para se ter ideia, a garrafa PET tem três tipos de plástico: um para a tampa, outro para a embalagem e outro para o rótulo. Todos são recicláveis, mas é impensável que alguém, em casa, faça essa divisão”, diz Estanislau Maria. As cooperativas é que farão isso. Vale lembrar que o Brasil é o segundo maior coletor de plástico (reaproveita 54%), que pode ficar até 200 anos na natureza. isopor O isopor tem plástico em sua composição – portanto, também é reciclável. Mas questões econômicas travam sua coleta: é um material leve e que ocupa muito espaço – os catadores teriam de juntar uma grande quantidade para conseguir algum dinheiro. “Por isso, o melhor é separá-lo em casa e encaminhá-lo diretamente a um posto de coleta”, sugere o representante do Akatu. A localização de tais pontos pode ser obtida no portal do Compromisso Empresarial Para a Reciclagem (www.abrelpe.org. br) ou no site Rota da Reciclagem (www.rotadareciclagem.com. br). Este tem inclusive um aplicativo para iPhone, disponível na loja virtual da Apple, que indica os locais de coleta. embalagens Em geral, são de papelão, plástico ou vidro, todos recicláveis. Mas precisam estar limpas. “Se a caixa de pizza, por exemplo, estiver suja, com restos de alimentos, é considerada lixo sujo, ou seja, não é reciclável. Isso também funciona para o guardanapo e o papel higiênico”, diz Estanislau Maria. “Aconselho a passar uma água nas embalagens, até mesmo com um pouco de sabão. Produtos que chegam às cooperativas sujos não são encaminhados para a reciclagem”. papel Ainda há alguma polêmica sobre o reaproveitamento desse item. Não há um SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 37 A Rede D’Or São Luiz tem, há quatro anos, um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde. A estratégia foi responsável por reciclar, nesse período, 800 toneladas de lixo – 13% do total gerado pelos hospitais do grupo. O material é enviado a empresas que, com o apoio de cooperativas, separam os restos e os encaminham para diversas indústrias, explica a diretora de Gestão de Infraestrutura e Riscos, Cristina Heringer. “Com eles, são produzidos mangueiras de irrigação, sacos de lixo, papel toalha e até mesmo sabão ou biodiesel, feitos com o óleo de cozinha”, afirma. Os produtos metálicos “são destruídos e tornam-se insumo exclusivo para siderurgia”, completa. O programa instalou lixeiras específicas (aquelas coloridas, para descarte separado de papel, vidro, plástico e metal) nas unidades da Rede e investe em educação ambiental, principalmente a respeito do despejo de lixo infectante. “Além de receberem instruções específicas sobre seu próprio local de trabalho, os colaboradores participam de reuniões sobre o tema, que é constantemente atualizado”. Essa prática ajudou a aumentar os índices de reciclagem e inspirou uma postura ecológica nos funcionários, mesmo fora do trabalho. “A política educativa incita o desenvolvimento da responsabilidade social e a mudança de hábito, já que, ao se preocupar mais com as próprias gerações de resíduo, eles contribuem para ajudar o país nessa luta”, comenta Cristina. 38 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz lixo eletrônico Como frequentemente envolvem riscos ambientais específicos, a melhor maneira de despejá-lo é procurar centros de reciclagem especiais para esse tipo de resíduo ou entrar em contato com as empresas produtoras dos celulares, computadores e televisores – e até mesmo de lâmpadas fluorescentes, que não contam como lixo de vidro. “Até 2014, as empresas serão obrigadas a coletar o material e reutilizá-lo”, adianta Estanislau Maria. remédio A lógica é semelhante: trata-se de um tipo particular de lixo e, portanto, merece destino à parte. O correto é, quando vencidos, tirar dragas e comprimidos das embalagens (estas, aliás, podem ser recicladas normalmente) e levá-los a uma farmácia, que os encaminhará para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). óleo de cozinha Um litro de óleo pode contaminar até 18 mil litros de água, se despejado de maneira incorreta. “Quando você manda para o ralo da pia, ele pode grudar na tubulação e endurecer, o que fará com que o encanamento fique entupido. Separe o líquido em garrafas e leve-o para grandes redes de supermercado, que costumam coletá-lo e encaminhá-lo para virar sabão ou biodiesel”, sugere o representante do Akatu. kongsky/Shutterstock Restos viram sabão e insumo industrial protocolo que avalie quanto de energia se gasta para produzi-lo ou reaproveitá-lo. “É certo que o reciclado gasta muitos elementos químicos e muita energia, mas não é possível comparar esses dados com a fabricação do papel branco. Também é preciso derrubar o mito de que a sua produção causa desmatamento. As árvores destinadas ao papel são plantadas em áreas degradadas e não pressionam novas derrubadas da Mata Atlântica”, afirma. diagnóstico por Bruno Meirelles 40 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz medicina e esporte sempre caminharam de mãos dadas. Se, por um lado, a prática de atividade física é uma recomendação médica frequente, por outro, os atletas muitas vezes precisam recorrer à ciência para tratar suas lesões. Não por acaso, ex-futebolistas famosos, como Sócrates, conciliaram as duas carreiras, e Tostão obteve o diploma assim que pendurou as chuteiras. Nascido em 1947, em Vitória de Santo Antão, a 53 quilômetros do Recife, o ortopedista Romeu Krause também está ligado a esses dois universos. Quando ingressou na Faculdade de Ciências Médicas de Pernambuco, aos 19 anos, achou por bem optar por um deles: a preferência ficou com o consultório e os hospitais, mas ele jamais abandonou completamente os gramados. O gosto por futebol começou em sua cidade natal, predominantemente rural. Quando tinha 10 anos, sua família mudou-se para a capital do estado – o pai, dentista, desejava dar uma educação melhor para os filhos. Abriu-se então uma nova oportunidade. Torcedor do Náutico, o jovem logo ingressou nas categorias de base do seu clube do coração. As boas atuações como meia-esquerda lhe renderam uma convocação para a seleção pernambucana juvenil. “Naquela época não havia banco de reservas, e os atletas que não estavam entre os 11 que iam a campo se somavam às revelações da base para disputar uma partida preliminar, chamada de aspirantes. Joguei várias vezes nessas ocasiões”, relembra. Sua grande paixão, porém, sempre foi a medicina – embora ninguém na família tivesse antes optado por essa profissão. Assim, Maíra Erlich Romeu Krause chegou a jogar pela seleção pernambucana de futebol, na categoria juvenil. Saiu dos campos para entrar na medicina, mas não largou o esporte: virou ortopedista e vai coordenar a área médica no Recife durante a Copa do Mundo Entre o consultório eo gramado SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 41 Fotos Maíra Erlich Krause em seu consultório, com medalhas que ganhou no futebol e placa da Sociedade Brasileira de Ortopedia, da qual chegou a ser presidente, em 2009 “A carreira de casa pela primeira vez, quando foi aprovado jogador é muito curta. juntou-seoutroobstáno vestibular, no ficulo: a morte de seu nal dos anos 60, e A do médico dura a vida meses depois. viu que os estutoda. Mas, acima disso tudo, pai, “Vim a Pernambudos lhe tomariam meu objetivo sempre foi co, para o enterro, e muito tempo, foi sem grandes difiminimizar o sofrimento cheguei a pensar em não voltar mais para o culdades que abriu das pessoas” Rio. Mas o meu orientamão de seguir no futebol. “A carreira de jogador é muito curta. A do médico dura a vida toda. Mas, acima disso tudo, meu objetivo sempre foi minimizar o sofrimento das pessoas, por isso não me arrependo da escolha”, conta Krause. O vínculo com o esporte, a partir da universidade, se daria por meio da ortopedia, área em que fez residência. Isso se deu no Rio de Janeiro, não sem alguns percalços. Krause mudou-se para as terras cariocas em 1971 – nunca antes havia saído de Pernambuco. À natural ansiedade de quem se afasta de 42 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz dor na residência disse que eu precisava seguir em frente para dar uma vida melhor para a minha família. Disse até que um dia eu me tornaria presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia”, recorda. Krause voltou então ao Rio, rendendo-se àquelas palavras de incentivo – e proféticas: ele de fato presidiu a SBO, em 2009. Levando ao pé da letra a ideia de residência, passou a morar no próprio Hospital Municipal Jesus, na Vila Isabel. Com seu jeito de matuto do interior, adaptou-se à capital fluminense. “Nas minhas folgas, saía com minha noiva para comer um prato-feito com refrigerante. Curti muito essa fase no Rio de Janeiro, realmente é uma cidade maravilhosa.” De volta ao Recife, o ortopedista resolveu encarar um novo desafio. Partiu para sua primeira viagem internacional, dessa vez levando esposa, sogra e seus dois filhos, então com três e quatro anos. O destino era a Inglaterra, onde passaria dois anos se especializando em cirurgia do joelho. “Quando eu voltei, estava começando a cirurgia de artroscopia no Brasil. Essa nova técnica mudou tudo, pois o procedimento deixou de ser invasivo, o que facilitou bastante a recuperação dos pacientes”, diz. Para o ortopedista, que trabalha no Hospital Esperança, associado à Rede D’Or São Luiz, hoje as condições de diagnóstico e recuperação são muito superiores às que se tinham antes, e o país se tornou referência em cirurgia do joelho – muitos especialistas do exterior vêm para cá trocar informações. “Nossa principal deficiência ainda é na pesquisa, mas, em relação a procedimentos e pessoal, não há ninguém na nossa frente”. O avanço abriu um grande campo de atuação, especialmente na medicina esportiva, e Krause passou a trabalhar frequentemente com jogadores de futebol, tendo sido, inclusive, médico do Náutico. “Trabalhei com jogadores que tiveram graves lesões de ligamento. Gente que só tinha 10% de chance de voltar a atuar, mas acabou conseguindo.” Sua relação com os gramados, porém, não é apenas profissional. Além das tradicionais peladas de final de semana, que Krause disputou por muito tempo, todas as amizades que criou no esporte fazem com que ele seja convidado frequentemente para comentar partidas para emissoras de rádio e televisão do Recife. O envolvimento com o mundo do futebol ainda lhe garantiu um convite da Confede- Coordenar a área médica da ração Brasileira de FuHoje, a maioria das tebol (CBF): o ortopessoas não escolhe Copa do Mundo vai pedista do Hospital médico por confiar significar preocupar-se não onele, Esperança vai cooravalia Krause; só com jogadores, mas denar a área médica distância de casa e da Copa do Mundo também com turistas, diz o horário disponíno Recife. “Será um vel contam mais. O ortopedista do Hospital principal, grande desafio, pois que é o proteremos que nos preocufissional de saúde tratar Esperança par não apenas com os atletas, mas também com os milhares de turistas que acompanharão o evento”, prevê. médico e paciente Krause afirma que gosta de dedicar sua vida não apenas a atender os pacientes, mas também a formar novos ortopedistas. “Quando recebemos residentes, minha preocupação é mostrar como se relacionar com o paciente. Busco resgatar aquele antigo conceito de médico de confiança da família, que acabou se perdendo com o tempo.” os doentes numa relação de proximidade, acaba ficando de lado. Por isso, quando está com os jovens residentes, o ortopedista busca ensiná-los a se colocar na posição do paciente. “O interessante é que muitos dos que passam pela residência comigo se tornam propagadores dessa proposta”, conta. “Sempre digo que não é preciso ter pressa, pois o reconhecimento financeiro vem naturalmente, com o tempo. O mais importante é ter a profissão de que gosta e dedicar-se cada dia mais a ela.” SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 43 emergência por Sara Duarte Feijó A ação depois da reação Jordache/Shutterstock Coceira pelo corpo, falta de ar e inchaço na boca, nos olhos e na garganta podem ser sintomas de anafilaxia, um choque alérgico grave que, se não tratado a tempo, pode levar à morte 44 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 45 P ara muitas pessoas, principalmente aquelas que têm histórico de alergia, a expressão choque anafilático é um fantasma. A ideia de tomar uma injeção ou de levar uma picada de inseto e sofrer uma reação abrupta, que cause falta de ar, queda de pressão e inchaço ou sufocação na garganta soa aterradora. Mas é possível evitar que aconteça o pior, reconhecendo os sintomas e sabendo o que fazer em caso de emergência. Na medicina, essa forma aguda de alergia é chamada de anafilaxia. Ela tem vários estágios; só o mais grave deles, que causa problemas cardiovasculares e pode levar à morte, é chamado choque anafilático. Parcela significativa dos casos de anafilaxia decorre de reação relacionada ao anticorpo IgE, que o sistema imunológico dos indivíduos alérgicos produz. Geralmente, a crise começa logo após a ingestão de algum alimento potencialmente alergênico ao qual o indivíduo tem sensibilidade, como frutos do mar e crustáceos, ou após ferroadas de insetos como abelhas, formigas, vespas e marimbondos. Também pode ocorrer como uma reação adversa à aplicação de medicamentos como penicilina ou contraste iodado (substância utilizada em exames de ressonância magnética). Em casos raros, é deflagrada pelo látex ou mesmo alérgenos ocupacionais (substâncias que a pessoa manuseia no dia a dia, como tintas, vernizes e produtos químicos). O anestesiologista Gustavo Barata, do Santa Luzia, hospital de Brasília associado à Rede D’Or São Luiz, explica que a anafilaxia é uma reação imunológica exagerada e imprevisível, que pode ocorrer até mesmo em pessoas sem histórico de alergia. Estatisticamente, a taxa de prevalência é de 0,05% a 2% (o que representa de 50 a 2 mil episódios para cada grupo de 100 mil indivíduos). “A anafilaxia começa com urticária e inchaço das mucosas da boca, dos olhos e da garganta e pode evoluir para complicações graves”, diz Barata. 46 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz Estudo da Unifesp aponta que 45,1% das alergias são causadas por uso de remédios Fotos Shutterstock “Diante desses sintomas, a pessoa tem de ser levada imediatamente a um pronto-socorro.” No hospital, todo paciente que já tenha tido uma reação alérgica deve relatar isso antes de receber medicação ou fazer exame com contraste iodado. “A equipe de enfermagem tem de fazer um questionário e anotar no prontuário todas as substâncias às quais ele é alérgico. Isso impedirá que lhe seja dada medicação que provoque anafilaxia”, afirma. Uma pesquisa conduzida pela Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (Asbai) levantou as principais causas dessa síndrome no país. O estudo analisou 113 casos, de pacientes com 8 meses a 83 anos. Os médicos detectaram três principais grupos de agentes desencadeantes: medicamentos (45,1%), veneno de insetos (18,5%) e alimentos (18,5%). Não foi identificado o agente desencadeante em 12 episódios (10,6%). Outros dez pacientes sofreram anafilaxia induzida por mais de um motivo. Esse primeiro levantamento epidemiológico sobre anafilaxia já feito no Brasil demonstrou que reações adversas a medicamentos, portanto, são a principal causa do problema. Entre os fármacos que costumam ser associados à síndrome estão analgésicos e anti-inflamatórios não hormonais (como a aspirina), derivados do ácido propiônico (como Cataflam e Scaflam) e antibióticos derivados da penicilina. Segundo Dirceu Solé, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) que liderou o estudo, os agentes que deflagram a anafilaxia costumam variar conforme a idade dos pacientes. Em bebês e crianças em idade pré-escolar, predominam alimentos como leite de vaca, ovo, castanhas e soja. Crianças maiores desenvolvem reações a alimentos, mas também a ferroadas de insetos; já adolescentes e adultos costumam ser os mais afetados por respostas adversas a remédios. “Em geral, a pessoa toma esses medicamentos por conta própria e só descobre que é alérgica quando ocorre a crise”, afirma Solé. “Por isso é tão importante evitar a automedicação.” Há quatro graus de anafilaxia, dependendo da gravidade dos sintomas, segundo o imunologista Clóvis Eduardo Galvão, membro da diretoria da Asbai. No primeiro Em geral, as reações alérgicas agudas em crianças pequenas são causadas por alimentos; nas maiores, por ferroadas de insetos; em adolescentes e adultos, por medicamentos Atenção aos sintomas A Organização Mundial de Alergia elaborou um guia para ajudar os pacientes a reconhecer os sintomas de choque anafilático. Os sinais podem aparecer imediatamente após o contato com o agente causador da alergia ou até mesmo horas depois. Portanto, diante de dois ou mais dos problemas abaixo, procure imediatamente um pronto-socorro 01. A anafilaxia geralmente começa com urticária (vermelhidão e muita coiceira) e rash cutâneo (formação de placas ou manchas avermelhadas na pele) 02. Em seguida, o paciente começa a ficar com a respiração mais curta, chiado no peito e rouquidão 03. 04. É comum a ocorrência de inchaço nos lábios, olhos e garganta (edema de glote) Em alguns casos, principalmente em bebês, pode ocorrer hipotonia, que é a diminuição do tônus muscular 05. A falta de oxigenação pode deixar a pessoa com uma coloração arroxeada 06. 07. A súbita queda de pressão costuma provocar desmaio Também podem ocorrer dores abdominais, incontinência urinária, vômito e diarreia SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 47 O estudo feito pela Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (Asbai) revelou que os pacientes só costumam procurar o alergologista após ter dois ou mais episódios de anafilaxia. Mas com uma criança esse desleixo pode ser fatal. Se a alergia for muito forte e ela já tiver sido internada com choque anafilático, não basta tratá-la com antialérgicos orais. O mais prudente é ter sempre à mão uma dose de 0,15 mg de adrenalina injetável, que vem pronta para aplicação. “Os pais devem avisar à professora que o filho é alérgico e deixar a medicação disponível nos lugares mais frequentados por ele: a escola, a casa da avó ou dos amigos”, recomenda o professor Dirceu Solé, da Unifesp. “Caso ele tenha outra crise, será preciso aplicar-lhe adrenalina imediatamente.” Conhecido pelo nome comercial de Epipen, esse medicamento importado é vendido por R$ 650 a caixa com duas unidades. 48 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz Brian Maudsley/Shutterstock Em crianças, problema exige cuidado redobrado Nos casos mais graves, em que ocorre o choque anafilático, há queda de pressão e comprometimento cardiovascular estágio, a pessoa sente urticária e mal-estar; no segundo, apresenta inchaço na boca, nos olhos e na laringe e tem também falta de ar. No estágio 3, sofre com falta de ar, edema de glote, diarreia e vômito. E no 4, ocorre o choque anafilático propriamente dito, com queda de pressão, insuficiência respiratória e comprometimento cardiovascular, que podem levar à morte. “Nos estágios 1 e 2, a administração de remédios anti-histamínicos e corticoides, aliada à inalação, pode frear o processo”, diz Galvão. “Mas, nos estágios 3 e 4, é necessária a administração imediata de adrenalina, o único medicamento capaz de reverter rapidamente os sintomas mais graves.” Érica Imanishi, alergista e imunologista do viValle, hospital de São José dos Campos (SP) associado à Rede D’Or São Luiz, explica que, após receber a medicação adequada, é imprescindível que o paciente permaneça em observação em um hospital. “Mes- mo que a pessoa pareça ter se recuperado, ela inspira cuidados médicos. Em cerca de 20% dos casos, a anafilaxia se repete em um prazo de até 12 horas após a primeira crise”, explica. Outra medida obrigatória, segundo Erica, é procurar um alergologista imediatamente após a alta. “É preciso tentar descobrir o quanto antes qual o agente causador”, adverte. Somente sabendo o que desencadeou a síndrome é possível definir o tratamento adequado para cada paciente. Se a alergia tiver sido provocada por veneno de inseto, por exemplo, pode-se recorrer à imunoterapia, feita com doses reduzidas dessa mesma substância. Se a causa tiver sido um medicamento, a melhor medida de prevenção é comunicar todos os familiares e andar sempre com um aviso plastificado na carteira, que servirá de alerta em caso de mal súbito. Para alergias provocadas por alimento, o único antídoto é manter distância dele. rodando por aí por Bernardo Ramos Jill Battaglia/Shutterstock Chicago reúne, em uma mesma cidade, características da agitada Nova York e da despojada São Francisco 50 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 51 A Grandes prédios e largas avenidas lembram a Big Apple; o Lago Michigan traz um toque californiano White Sox e Cubs (beisebol) e Chicago Bulls (basquete). Em frente ao United Center, onde o Bulls disputa seus jogos no campeonato nacional de basquete, a NBA, existe uma bela estátua em homenagem a Michael Jordan, considerado por muitos americanos o maior esportista do século passado. O ambiente não é um prato cheio apenas para os fãs dessas modalidades. Quem pratica corrida, por exemplo, pode ser protagonista. A maratona de Chicago é uma das principais do circuito mundial. Na edição deste ano, em 6 de outubro, serão 45 mil competidores percorrendo 42 quilômetros por entre as várias atrações da cidade. Ainda não fez sua inscrição? Então esqueça. As vagas se esgotaram em fevereiro. Detalhe: em apenas seis dias. No inverno, o cenário é completamente diferente. Os termômetros podem marcar até 15 ºC negativos. Aí, os corredores dão lugar aos patinadores, que podem praticar o esporte no gelo ao ar livre. beleza e melodia Um dos locais mais impressionantes de Chicago é o rio de mesmo nome, que corta a cidade, inclusive o centro, compondo uma bela paisagem entre os arranha-céus da região. Na verdade, trata-se de um conjunto de riachos e canais que forma um braço d’água de cerca de 250 quilômetros. No dia de Saint Patrick (17 de março), santo padroeiro dos irlandeses, o rio Chicago recebe uma tinta verde. Uma atração a mais na cidade. Outra curiosidade é que ele teve seu fluxo natural alterado por um processo de engenharia no século 19. Antes, desembocava no Lago Michigan. Por razões de escoamento de esgoto, passou a fluir rumo ao rio Mississipi, no interior dos Estados Unidos. No verão, uma excelente pedida são os parques. Afinal, esta é a cidade que tem a maior área reservada a esse tipo de instalação no Estados Unidos, com 30 km2. Destaque para o Grant Park e o Millennium Park. Este últi- Foto Shutterstock Cidade em um Jardim. A Cidade dos Grandes Ombros. A Cidade do Vento. São três dos apelidos que Chicago recebeu ao longo dos anos. Todos justos e conhecidos. O que pouca gente sabe é que a terceira cidade mais populosa dos Estados Unidos, com cerca de 2,7 milhões de habitantes, é linda. Porque é uma metrópole que tem um quê de ambiguidade. Afinal, reúne características da supercontemporânea Nova York e aspectos de São Francisco, cujo ambiente despojado é a antítese da movimentada Big Apple. Em Chicago, há grandes avenidas, como a sofisticada Michigan, que, com suas vitrines das grifes mais desejadas do mundo, poderia dar a um desavisado a sensação de estar na famosa Quinta Avenida, sinônimo de luxo e ostentação. Também não faltam por ali os arranha-céus, outra marca registrada de Nova York. Haja vista que o maior prédio dos Estados Unidos está em Chicago: a Willis Tower, antes conhecida como Sears Tower, com 442 metros de altura. Era o maior edifício do mundo até 1998, quando os malaios inauguraram as torres gêmeas da Petronas Tower, em Kuala Lumpur. Logo em frente à Willis Tower está a Jackson Boulevard. Caminhando por ela, chega-se à Lake Shore, espécie de Vieira Souto de Chicago – essa avenida margeia o Lago Michigan, que mais parece o mar. Até ondas se formam na praia da cidade. No verão, várias pessoas praticam esportes por ali, tornando o ambiente ainda mais parecido com o de alguma cidade californiana, como São Francisco. Aliás, o esporte é uma grande vocação local. Os torcedores são fanáticos pelos times que disputam as ligas profissionais dos Estados Unidos – Chicago Bears (futebol americano), Paraíso dos maratonistas Não apenas os turistas são atraídos pelos encantos de Chicago. Ela também é uma das cidades preferidas pelos maratonistas, por conta do seu clima ameno e do percurso plano. É lá que acontece uma das cinco mais importantes corridas de rua do mundo, ao lado das de Londres, Boston, Berlim e Nova York. Foi esse conjunto de fatores que levou o cardiologista Marcelo Franco, diretor operacional da Rede D’Or São Luiz, a escolher a cidade para disputar sua primeira prova de 42 quilômetros. “Comecei a correr faz três anos, com o objetivo de participar da corrida de São Silvestre. Desde então, nunca mais parei”, afirma ele, que já disputou 12 meias-maratonas (21 quilômetros). Por experiência própria – e conhecimento médico – Franco explica que, antes de se aventurar por desafios mais longos, é necessário começar com distâncias menores, de cinco e dez quilômetros. “Correr uma maratona é uma decisão que precisa ser tomada seis meses antes, pois precisa de muito treinamento e de uma preparação gradual”, comenta. Antes de iniciar os preparativos, é importante passar por avaliação cardiovascular, ortopédica, além de consultar um nutricionista. Franco recomenda também contar com a assessoria de técnico de corrida, que vai fazer uma programação de treinos personalizada. Arranha-céus, parques e casas de espetáculos: as várias faces de umas das mais interessantes cidades dos estados unidos 52 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 53 Rudy Balasko/Shutterstock Onde ficar The Peninsula Hotel mais luxuoso da cidade, é nele que as estrelas de Hollywood se hospedam quando visitam Chicago. 1080 East Superior Street. www.thepeninsula.com/Chicago. Tel. (1-312) 337-2888. Holiday Inn Express Chicago – Magnificent Mile Um confortável três estrelas, com diárias acessíveis, localizado no centro da cidade e próximo de importantes pontos turísticos. 640 North Wasbah Avenue. www.hiexpress.com/hotels/us/ en/chicago/chimm/hoteldetail. Tel. (1-312) 787-4030. Club Quarters, Central Loop Uma boa opção para quem viaja a trabalho, conta com centro de negócios e sala de conferências. 111 West Adams Street. www. clubquarters.com/loc_chicago. php. Tel. (1-312) 214-6400. Onde comer Buddy Guy’s Legends Este bar, fundado por um dos maiores guitarristas do mundo, é o melhor lugar para ouvir o genuíno blues de Chicago e saborear a culinária crioula, típica do sul dos Estados Unidos. 700 South Wasbah Avenue. www.buddyguy. com. Tel. (1-312) 427-1190. Alinea Um dos mais sofisticados da cidade, o restaurante do chef Grant Achatz foi o único de Chicago a receber três estrelas na edição de 2012 do Guia Michelin. 1723 North Halsted. www.alinearestaurant.com. Tel. (1-312) 867-0110. 54 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz Um dos destaques mo foi inaugurado em 2004, no centro financeiro da cidade. Com 100 mil m2, é uma das principais atrações turísticas de Chicago. Mesmo no inverno, ele tem seu chamariz: abriga, por exemplo, o rinque de patinação no gelo a céu aberto. O turista que andar por lá vai se deparar com uma das esculturas modernas mais conhecidas do país, o Cloud Gate, que ganhou o apelido de “escultura de feijão”, devido ao seu formato peculiar. Sua estrutura prateada reflete os arranha-céus da região, num bonito espelhamento. No Millennium Park também está o Jay Pritzker Pavillion, um auditório ao ar livre com acústica perfeita, mesmo aos ouvidos de quem assiste aos concertos sentado no gramado. Por falar em música, a Cidade do Vento trouxe ao mundo um dos maiores tesouros da arte norte-americana. Trata-se do blues, estilo musical imortalizado nos acordes de gênios como B. B. King. Em Chicago, tudo começou no início dos anos 40, quando foi deflagrado um movimento de migração do sul dos Estados Unidos para Illinois. Eram negros que viam naquela região uma esperança de vida nova, longe das condições precárias e da segregação racial que enfrentavam em estados como Louisiana, Mississippi e Alabama. Com eles, levaram violas e acordes precursores das notas que formariam o mundialmente conhecido Blues de Chicago. Esse estilo formou baluartes melódicos como Robert Johnson e Muddy Waters, que influenciaram músicos do outro lado do Oceano Atlântico – uns tais ingleses chamados The Beatles e The Rolling Stones. É claro, portanto, que existem N opções para curtir um bom blues na cidade. O Buddy Guy’s Legends é uma das melhores. O lendário guitarrista que dá nome ao bar costuma aparecer de vez em quando para mostrar seus dotes musicais. Pratos baseados na culinária crioula do sul dos Estados Unidos também são uma atração. Dançar, passear, ouvir, correr, patinar, admirar. São verbos conjugados com prazer em Chicago. da metrópole, a willis tower (à esquerda) foi o edifício mais alto do mundo até 1998 unidades e colaboradores Hospital Endereço Telefone Unidades D’Or Hospital Barra D’Or Hospital Copa D’Or Hospital Quinta D’Or Hospital Rios D’Or Hospital Norte D’Or Hospital Niterói D’Or Av. Ayrton Senna, 2541, Barra da Tijuca | Rio de Janeiro/RJ | CEP 22775-002 Rua Figueiredo de Magalhães, 875, Copacabana | Rio de Janeiro/RJ | CEP 22031-011 Av. Almirante Baltazar, 435, São Cristóvão | Rio de Janeiro/RJ | CEP 20941-150 Estrada dos Três Rios, 1366, Freguesia (Jacarepaguá) | Rio de Janeiro/RJ | CEP 22745-005 Rua Carolina Machado, 38, Cascadura | Rio de Janeiro/RJ | CEP 21350-135 Av. Sete de Setembro, 301, Santa Rosa (Icaraí) | Niterói/RJ | CEP 24230-251 Tel.: (021) 2430-3600 Tel.: (021) 2545-3600 Tel.: (021) 3461-3600 Tel.: (021) 2448-3600 Tel.: (021) 3747-3600 Tel.: (021) 3602-1400 Unidades São Luiz Endereços dos hospitais que fazem parte da Rede D’Or São Luiz Hospital e Maternidade São Luiz – Itaim Hospital São Luiz Morumbi Hospital e Maternidade São Luiz – Anália Franco Rua Dr. Alceu de Campos Rodrigues, 95, Vila Nova Conceição | São Paulo/SP | CEP 04544-000 Tel.: (011) 3040-1100 Rua Eng. Oscar Americano, 840, Morumbi | São Paulo/SP | CEP 05673-050 Tel.: (011) 3093-1100 Rua Francisco Marengo, 1312, Jardim Anália Franco | São Paulo/SP | CEP 03313-001 Tel.: (011) 3386-1100 Rua São Francisco Xavier, 390, Tijuca | Rio de Janeiro/RJ | CEP 20550-013 Rua Francisco Real, 752, Bangu | Rio de Janeiro/RJ | CEP 21810-042 Rua Lúcio de Mendonça, 56, Tijuca | Rio de Janeiro/RJ | CEP 20270-040 Rua Olinda Ellis, 93, Campo Grande | Rio de Janeiro/RJ | CEP 23045-160 Rua Silva Gomes, 77, Cascadura | Rio de Janeiro/RJ | CEP 21350-080 Estr. do Realengo, 1336, Padre Miguel | Rio de Janeiro/RJ | CEP 21810-122 Rua Luis Beltrão, 147, Vila Valqueire | Rio de Janeiro/RJ | CEP 21321-230 Tel.: (021) 3978-6400 Tel.: (021) 2401-5220 Tel.: (021) 2176-8800 Tel.: (021) 2414-3600 Tel.: (021) 3296-5400 Tel.: (021) 3423-9800 Tel.: (021) 3369-9650 Rua Cel. Fernando Prestes, 1177, Centro | Santo André/SP | CEP 09020-110 Tel.: (011) 2127-6666 Av. João Firmino, 250, Assunção | São Bernardo do Campo/SP | CEP 09810-250 Rua das Perobas, 344, Jabaquara | São Paulo/SP | CEP 04321-120 Rua das Perobas, 295, Jabaquara | São Paulo/SP | CEP 04321-120 Avenida Lineu de Moura, 995, Jd Urbanova, São José dos Campos | São Paulo | CEP 012244-380 Tel.: (011) 4344-8000 Tel.: (011) 5018-4000 Tel.: (011) 5018-4000 Tel.: (012) 3924-4900 Pernambuco Hospital Esperança Hospital Prontolinda Hospital São Marcos Rua Antônio Gomes de Freitas, 265, Ilha do Leite | Recife/PE | CEP 50070-480 Av. José Augusto Moreira, 810, Casa Caiada | Olinda/PE | CEP 53130-410 Av. Portugal, 52, Boa Vista | Recife/PE | CEP 52010-010 Tel.: (081) 3131-7878 Tel.: (081) 3432-8000 Tel.: (081) 3217-4444 Distrito Federal Hospital Santa Luzia Hospital do Coração do Brasil SHLS 716, conjunto E | Brasília/DF | CEP 70390-902 SHLS 716, conjunto G, lote 6 | Brasília/DF | CEP 70390-902 Tel.: (061) 3445-6000 Tel.: (061) 3213-4000 Unidades Associadas Rio de Janeiro Hospital Badim Hospital Bangu Hospital Israelita Hospital Joari Hospital Provita Hospital Real Hospital Rio de Janeiro São Paulo Hospital e Maternidade Brasil Hospital e Maternidade Assunção Hospital Nossa Senhora de Lourdes Hospital da Criança Hospital viValle Profissionais da Rede D’Or São Luiz que colaboraram nesta edição ANA GARGALAK Gerente da Qualidade Hospital e Maternidade Brasil CARLOS JORGE LOTFI Diretor de unidade Hospital e Maternidade São Luiz - Anália Franco ANTôNIO CLáUDIO JAMEL COELHO Cirurgião gástrico Hospital Badim / Hospital Barra D’Or DARIO FORTES FERREIRA Coordenador de unidade Hospital São Luiz Morumbi BERNARDO LIBERATO Coordenador de unidade neurointensiva Hospital Copa D’Or FELIPE ERLICH Coordenador de Radioterapia Hospital Quinta D’Or 56 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz GRAZIELA LOPES DEL BEN Neonatologista Hospital e Maternidade São Luiz HAGGÉAS FERNANDES Coordenador de UTI Hospital e Maternidade Brasil KARLA MOTTA Gerente da Qualidade Hospital Prontolinda LUCAS LEITE RIBEIRO Ortopedista Hospital São Luiz Morumbi MARÍLIA TEIXEIRA DE BRITO Coordenadora de Pediatria Hospital Esperança PAULO MAURÍCIO CHAGAS BRUNO Diretor clínico Hospital viValle LUIZ VICENTE BERTI Cirurgião gástrico Hospital e Maternidade São Luiz - Itaim MIGUEL ANTÔNIO MORETTI Chefe de Cardiologia Hospital e Maternidade São Luiz - Anália Franco RITA DE CÁSSIA DOS SANTOS FERREIRA Pneumologista Hospital Esperança RODRIGO GAVINA Diretor geral Rede D’Or São Luiz MARCIA MARIA DA COSTA Coordenadora da Maternidade Hospital e Maternidade São Luiz - Itaim PAULO BARBOSA Ortopedista Hospital Quinta D’Or TATIANA ALVAREZ Coordenadora de Centro Cirúrgico Hospital Rios D’Or