Aspectos gerais sobre Etnopedologia

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Aspectos gerais sobre Etnopedologia
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DO SOLO
Aspectos gerais sobre
Etnopedologia
Raiana Lira Cabral
Orientador: Ângelo Giuseppe Chaves Alves, Dr.
Co-orientador: Mateus Rosas Ribeiro Filho, Dr.
Recife, 2009
Aspectos gerais sobre Etnopedologia
Aspectos conceituais
ETNOPEDOLOGIA
Refere-se ao conjunto de estudos interdisciplinares
dedicados ao entendimento das interfaces
existentes entre os solos, a espécie humana e os
outros componentes dos ecossistemas.
Alves e Marques, 2004
Aspectos gerais sobre Etnopedologia
Aspectos conceituais
GEOGRAFIA FÍSICA E RURAL
PESQUISAS COM
SOLOS
CIÊNCIA DO
SOLO
ETNOPEDOLOGIA
ANTROPOLOGIA
SOCIAL
AGRONOMIA
ETNOECOLOGIA E AGROECOLOGIA
ETNOECOLOGIA E ETNOPEDOLOGIA
Adaptado de Barrera-Bassols e Zinck (2003); Alves (2004)
Aspectos gerais sobre Etnopedologia
Aspectos históricos
Surgimento das etnociências
• Nova abordagem antropológica;
Conklin (1954, 1955), Frake (1962;1964), Sturtevant (1964)
Estudos etnoecológicos com os Hanunóo
Williams e Ortiz Solorio (1981)
Taxonomia Asteca
Vasili Dokuchaev (Século XIX) – Pedologia Moderna
“Chernozem”; “Solods”; “Solonetz”; “Gley”
Aspectos gerais sobre Etnopedologia
Aspectos históricos
Etnopedologia no Brasil
Posey (1986) – Estudos etnoecológicos com os índios
Kayapó;
Moran (1977) – Etnogronomia;
Oliveira (1988) – primeira definição brasileira para
etnopedologia;
Marques (1995; 2001) – Arcabouço teórico geral e
original na etnoecologia.
Aspectos gerais sobre Etnopedologia
Aspectos históricos
No mundo havia um total de 432 produções em 2002
Produção científica sobre etnopedologia
(Barrera-Bassols e Zinck, 2002)
Barrera-Bassols e Zinck (2002)
Arquivo pessoal (2009)
Aspectos gerais sobre Etnopedologia
Aspectos metodológicos
Não há um caminho único para usar a abordagem
etnopedológica, mas um desafio contínuo.
Tríade “K-C-P”
Kosmos: sistema de crenças; domínio cultural
Corpus: repertório de conhecimentos; domínio
epistemológico
Praxis: operações práticas; domínio produtivo
Toledo (2002); WinklerPrins e Sandor (2003);
WinklerPrins e Barrera-Bassols (2004); Alves e Marques (2005);
Práticas
[A]
Saberes
[B]
Crenças
[C]
Práticas
[A’]
Saberes
[B’]
Crenças
[C’]
Apropriação material [A, A’]
Apropriação cognitiva [B, B’]
Apropriação simbólica [C, C’]
Adaptado de Toledo (2000)
Arquivo pessoal (2007)
Etnoecologia abrangente (Marques 1995, 2001)
Saber local
Saber local
Saber formal
Saber formal
Arquivo pessoal (2007)
Aspectos gerais sobre Etnopedologia
Aspectos utilitários
Classificação de solos
Critérios para classificação:
Cor > textura > consistência > teor de umidade > matéria orgância
> topografia da paisagem > drenagem > fertilidade > produtividade
> condições para trabalho > profundidade > temperatura do solo>
sabor.
Conhecimento para além da superfície solo
Contribuições para o desenvolvimento do SiBCS
Localização de “manchas” de solo
Níveis categóricos
Barrera-Bassols e Zinck (2003) ; Alves (2004, 2007)
Arquivo pessoal (2007)
Aspectos gerais sobre Etnopedologia
Aspectos utilitários
Classificação de solos e Manejo para agricultura
Ambientes quentes e úmidos – conservação da fertilidade ou restauração
de áreas, além de seleção de variedades adaptadas e usar a associações
de culturas
Mudanças de cor no solo
Ambientes quentes e secos – as estratégias incluem a proteção do
solo contra erosão, controle da salinização, controle de manutenção da
umidade e eliminação de sedimentos transportados por rios
intermitentes.
Ambientes frios e secos – técnicas concentradas na proteção do
solo contra erosão e no reparo causados por desastres naturais sobre a
fertilidade do solo.
Zimmerer (1991); Tabor et al. (1992); Fisher (1993); Critchley et al. (1994);
Reij et al. (1996); Fujisaka et al. (1996); Barrera-Bassols e Zinck (2003); Araújo (2007).
Aspectos gerais sobre Etnopedologia
Aspectos utilitários
Classificação de solos obtidos nos registros históricos
Através de registros pictóricos (glifos) do século XVI verificou-se que
os camponeses da América Central classificavam solos em quatro
táxons genéricos graças a percepção da paisagem ao seu redor.
Willliams (1981);Winklerprins e Barrera-bassols (2003); Alves (2005)
Taxonomia do solo pelos Nahua
Winklerprins e
Barrera-bassols (2003)
Aspectos gerais sobre Etnopedologia
Aspectos utilitários
Classificação de solos e Mapeamento
Estudo com os Uapixana, revelou 8 tipos básicos de solo e facilitou o
mapeamento convencional dos solos, especialmente no
reconhecimento de inclusões e associações de solos.
Terra Amarela, Roxa e
afloramentos de rocha
Terra Roxa
Terra Preta
Estopa Preta
Terra
Amarela
Terra Arenosa
Preta e Branca
Diagrama esquemático de alguns dos solos presentes na TI Malacacheta, reconhecidos pelos índios
Uapixana.
Vale Jr et al .(2007)
Imii Pudiidiza’u (Terra Roxa) + Imii Wyzda’u (Terra Amarelada)
Imii Katy Bara Pudiidiu Naik Baraka’u (Terra Arenosa Preta e Branca)
Imii Kaxidia’u (Estopa Preta)
Imii Pudiidiu (Terra Preta)
Imii Pudiidiza’u (Terra Roxa)
Imii Wyzadaza’u Rik Pudiidiu (Associação de Terra Amarela, Roxa e afloramentos de rocha)
Imii Wyza’u (Terra Vermelha)
Imii Wyzda’u (Terra Amarelada)
Katy Bara Pudiidiu (Barro Arenoso)
Vale Jr et al
.(2007)
Aspectos gerais sobre Etnopedologia
Aspectos utilitários
Utilização para fins não agrícolas
Produção de cerâmica Artesanal
Indicativo de sedentarização humana.
Distinções e Classificação baseados na localização do
material para produção
Barro (barro-de-loiça ou barro-de-louça).
Indicações de solos ainda desconhecidos pelos cientistas
Queiroz e Norton(1992); Alves (2004; 2005)
Arquivo pessoal (2009)
(2007)
Arquivo pessoal (2007)
Aspectos gerais sobre Etnopedologia
Aspectos utilitários
Utilização para fins não agrícolas
Uso do solo para alimentação - Geofagia
Humana direta
Animal
Solos constituídos por caulinita, ilita e esmectita
Fornecimento de nutrientes
Palatabilidade
Browman e gundersen (1993); Mahaney (2005);
Symes (2006); Yanai (2009)
Suplemento tradicional à dieta
de mulheres grávidas no Haiti.
National Geografic (2008)
Ariana Cubillos (2008)
“ A vida vinda do viver do barro é tão terra que iguala
[o homem a terra.
Tanto que o homem parece ter brotado da terra
[e dela sobreviver.”
Fernando Spencer
Grata pela atenção!
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Arquivo pessoal (2007)

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