SÉRIE CEPPAC 016 O Quebec e a Etnologia Indígena Cristhian T
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SÉRIE CEPPAC 016 O Quebec e a Etnologia Indígena Cristhian T
SÉRIE CEPPAC ISSN Formato Eletrônico 19822693 016 O Quebec e a Etnologia Indígena Cristhian T. da Silva Centro de Pesquisa e Pós-Graduação sobre as Américas Brasília 2008 1 Reitor da UnB: Roberto Aguiar (Pro-Tempore) Diretor do ICS: Gustavo Lins Ribeiro Diretora do CEPPAC: Sônia M. Ranincheski Editor da Série Ceppac: Cristhian T. da Silva A Série Ceppac é editada pelo Centro de Pesquisa e Pós-Graduação sobre as Américas (CEPPAC) desde 2006. Visa a divulgação de artigos, ensaios e dados de pesquisa nas Ciências Sociais na qualidade de textos de trabalho que estejam em diálogo ou sejam resultado das linhas de pesquisa do CEPPAC. A Série Ceppac incentiva e autoriza sua republicação. ISSN formato eletrônico 19822693 Série Ceppac, n. 016, Brasília: CEPPAC/UnB, 2008. Série Ceppac has been edited by the Graduate Center for the Comparative Research on the Americas (CEPPAC) since 2006. It aims at the dissemination of articles, essays and research data as working papers with a clear connection to CEPPAC's lines of investigation. Série Ceppac encourages and authorizes its republication. ISSN electronic format 19822693 Série Ceppac, n. 016, Brasília: CEPPAC/UnB, 2008. 2 O Quebec e a Etnologia Indígena Cristhian T. da Silva1 RESUMO O Quebec será enfocado neste artigo como uma província multicultural que se encontra polarizada etnicamente influindo nos processos de formação de um estilo de etnologia indígena nesta província canadense. Os dados aqui apresentados serão de três naturezas distintas: cronologia política, situação das relações interétnicas e demandas coletivas. Espera-se promover uma apresentação da peculiaridade da situação do Quebec para se pensar o desenvolvimento de estilos de etnologia indígena em contextos nacionais. PALAVRAS-CHAVE Quebec/Estilos de Etnologia/Índios ABSTRACT Quebec will be emphasized in this article as a multicultural province that is ethnically polarized in such a way to affect the formation processes of indigenous ethnology styles. The data presented here will have three distinct natures: political chronology, the interethnic relations situation and collective demands. It is hoped to promote a brief presentation of Quebec´s peculiarity to help us think about the development of styles of ethnology in national contexts. KEYWORDS Quebec/Styles of Ethnology/First-Nations Primeiramente gostaria de apresentar o caso do Quebec a partir de informações gerais que permitam construir referentes comuns para se compreender as questões, que em seguida, serão colocadas no que tange, principalmente, aos aspectos étnicos do estilo quebecois e anglófono de fazer etnologia indígena nesta província canadense. Os dados aqui apresentados de forma preliminar possuirão três naturezas distintas: cronologia política, situação das relações interétnicas e demandas coletivas. Desse modo, espera-se promover uma apresentação da peculiaridade da situação do Quebec para se pensar o(s) estilo(s) de etnologia indígena que ali se desenvolve(m).2 Começarei, então, pelo começo do Quebec costurando uma narrativa que, espero, consiga transmitir a complexidade de ser latino numa América anglófona, de ser ameríndio numa província francófona e, finalmente, de se fazer uma antropologia através da pluralidade de posicionamentos assumidos pelos antropólogos frente aos índios e vice-versa. 1 2 Professor Adjunto I, Centro de Pesquisa e Pós-Graduação sobre as Américas-CEPPAC. Cf. Savard, 1992 e Baines, 1996, para uma introdução à problemática que envolve índios e antropólogos no Quebec e no Canadá. 3 I A fundação da cidade de Quebec se dá em 1608. Trata-se dos primórdios da colonização francesa na América, chamada de Nova França. Porém, 150 anos depois, ocorre, em 1759 a rendição desta cidade aos conquistadores ingleses, cabendo à França, quatro anos depois, transferir formalmente o Canadá para a possessão inglesa através do “Tratado de Paris”. O caráter hegemonicamente bicultural na formação do Quebec está dado assim há dois séculos e meio, a despeito da presença indígena na região desde tempos imemoriais (existem hoje 40 comunidades indígenas reconhecidas sendo a maioria Cree, Mohawk, Micmac e Inuit). A polarização lingüístico-cultural no Canadá, e no Quebec em especial, entre anglófonos e francófonos institui desde então um meio de canalização dos conflitos que informam até hoje o conteúdo das demandas políticas e morais específicas da população multiétnica do Quebec, bem como as reações do resto do Canadá, majoritariamente anglófono, frente a estas reivindicações. De volta à cronologia, é digno de nota que em 1774, o Quebec consegue permissão formal para manter o credo católico, a tradição jurídica (o código civil napoleônico) e o francês como língua oficial, estabelecendo assim um período de quase um século de “consideração” das instituições francesas por parte do Canadá inglês. Entretanto, com a criação em 1867 do “Domínio do Canadá” pela coroa britânica reunindo sob um mesmo governo o High Canada (Ontario) e o Low Canada (Quebec), foram estabelecidas quatro províncias (entre elas o Quebec) na tentativa de dar um fim às disputas entre anglófonos e francófonos sobre quem deveria assumir a construção institucional do país, ou mais especificamente a formação do Estado canadense. Nesse momento, o Estado britânico instaura uma política de assimilação da população de origem francesa fazendo com que as instituições francesas no Canadá sofressem uma série de repressões. Em 1871 se inicia uma tendência por todo o Canadá de impor limitações ao uso do francês como língua nas escolas públicas, bem como de restringir ou mesmo extinguir o funcionamento de escolas católicas. Esta tendência perdura por quase cem anos, o que nos levaria a considerá-la um verdadeiro processo de aniquilamento da língua francesa como valor de referência cultural para os não-anglófonos. A começar pela província de New Brunswick (segunda maior população francófona do país), que adota essas medidas através do Common School Act e que foi seguida pela ilha de Prince Edward em 1877. Durante todo o período seguinte, se compararmos a situação dos francófonos fora do Quebec com a dos anglófonos dentro do Quebec, iremos nos deparar com uma importante diferença: no Quebec os anglófonos podem conduzir sua vida quase que totalmente em inglês enquanto a reciprocidade com os falantes do francês não ocorre. Nas palavras do professor Luís Roberto Cardoso de Oliveira (1999): “A falta de reciprocidade nesse sentido é vista como uma ofensa pelo Quebec. Quer dizer, não sendo um exemplo legítimo de discriminação direta, trata-se pelo menos de um ato inaceitável de desconsideração”. (:17) Essa desconsideração deve ser entendida aqui como o contrário lógico do reconhecimento moral e político do “outro”. Em meio a esse contexto politicamente conturbado vivido entre anglófonos e francófonos, os indígenas do Quebec, em particular, tiveram que lidar historicamente com diversas agências e ordenamentos coloniais conduzidos pelos europeus (ingleses ou franceses): Companhia da Baía de Hudson, Conselho dos Territórios do Norte-Oeste, Colônia da Terra Nova, Administração do Baixo Canadá, Província Unida do Canadá e 4 Província do Quebec. Dos 60.000 colonos estimados no início do processo de colonização europeu temos hoje cerca de seis a sete milhões de não-índios concentrados no Quebec. (Savard, 1992: 04) Nesse ínterim os nativos estão sempre às voltas com a definição de posicionamentos políticos e alianças perante os colonizadores adotando no ano de 1763 o seguinte lema: “os inimigos de nossos inimigos são nossos amigos”, quer dizer, vendo os ingleses como inimigos dos franceses, várias lideranças indígenas estabelecem tratados com os ingleses. (idem: 05) Este breve relato político-cronológico do Quebec não pretende de nenhum modo retratar as condições criadoras das formas de empatia ou antipatia entre as populações indígenas, os anglófonos e os francófonos no Quebec. Ao contrário, o que se deseja é simplesmente elucidar a anterioridade das alianças e desavenças envolvendo os “personagens” acima para compreendermos que o surto nacionalista no Quebec nos anos 80 e 90 surge menos como um fenômeno de “combustão espontânea” e mais como um lento aquecimento das relações. Se a combustão existe, ela não se dá, como vemos, espontaneamente, mas sim, pelo atrito, melhor dizer fricção, entre populações que disputam o controle do processo colonizador no país em geral e na província em particular. É no mínimo paradoxal que tal processo de fricção tenha redundado, nos anos 60, em uma revolução que recebeu o nome de “tranqüila”. O teor dessa revolução é dado pela identificação dos francófonos do Quebec a uma identidade quebecois e não mais “franco-canadense” ou canadien. Com isso se redimensiona um problema de assimilação, dos francófonos pelo Canadá hegemonicamente anglófono, para um problema de reconhecimento, pelos anglófonos, da soberania territorial da província do Quebec estabelecida sobre a maioria de falantes da língua francesa. Trata-se de um momento crítico no processo de construção da nação canadense, e por ser crítico é revelador das contradições que o constituem. Em 1962 se inicia o processo de negociação do patriamento da Constituição canadense. Os representantes do Quebec rejeitam os termos do patriamento da Constituição em 1964. Treze anos depois, em 1977, o Quebec promulga a Lei 101 que regulamenta o ensino e o uso da língua inglesa e francesa em três sentidos: 1) impedindo o acesso à escola de língua inglesa de 1º e 2º graus aos imigrantes e francófonos; 2) instituindo um processo de “afrancesamento” das empresas com mais de 40 empregados; e 3) impedindo a publicidade em idioma que não o francês. Antes da promulgação dessa lei, a visão dominante era de que a língua inglesa estava sobrepujando o francês que, então, corria sérios riscos de desaparecer, inicialmente em Montreal e no futuro na província como um todo. Acontece que o inglês não só era o idioma principal dos negócios, mas também era a primeira escolha dos imigrantes que integravam a sociedade quebequense (a origem desses imigrantes no século XX tem sido majoritariamente do Leste europeu, Oriente Médio e Sudeste asiático, em particular a Índia). Se esse espírito “salvacionista” da lei imperava no Quebec, as medidas que esta trazia foram recebidas negativamente no resto do Canadá e em 1988 o terceiro aspecto da lei 101 foi tido como inconstitucional. Nas palavras do professor Luís Roberto Cardoso de Oliveira (1999): Como tem sido apontado por vários autores as diversas posições políticas em defesa dos interesses do Quebec na federação canadense têm como ponto comum a preocupação com a sobrevivência do “fato francês” na América do Norte, e os conflitos com anglófonos (dentro e fora do Quebec) e alófonos (os imigrantes não identificados imediatamente com nenhum dos dois grupos lingüísticos dominantes no Canadá) têm encontrado no 5 chamado debate lingüístico seu principal canal de expressão. (: 06) Nesse contexto em que a língua se converte na fonte de significado e experiência de um povo, i.e., converte-se em símbolo da identidade quebecois, para nos servirmos da argumentação de Castells (1999), é possível notar a produção de uma “identidade de projeto” (Castells, 1999: 24) por parte da maioria da população francófona. Entretanto, deve-se ter em mente que se de um ponto de vista específico é possível pensar na identidade quebecois como um projeto, de outro, talvez o das populações indígenas no Quebec, esta mesma identidade esteja sendo construída na direção de uma identidade legitimadora, i.e., enquanto uma identidade introduzida pelas instituições dominantes da sociedade no intuito de expandir e racionalizar sua dominação em relação aos atores sociais. (idem: 24) Isto deve ser dito para que se rompa com modelos dicotômicos de descrição e explicação dos fatos relacionados ao nacionalismo no Quebec que tendem a enxergá-los exclusivamente sob a lente do bilingualismo. É nesse contexto de indiscutível pragmatismo alcançado com o exercício da autonomia lingüística por parte dos francófonos, para parafrasear Roberto Cardoso de Oliveira (1995) quando fala do seny Catalão, é que se pode notar quão forte a ideologia da “francofonidade” se constitui no elemento fundador da identidade quebecois, muito além do que a defesa do catolicismo ou das práticas jurídicas napolêonicas poderia ter alcançado.3 Luís Cardoso de Oliveira (1999: 17) encontra a eficácia da “francofonidade” na articulação de uma “retórica do ressentimento” frente ao resto do Canadá que permitiria a socialização do significado da experiência sentida e vivida por alguns francófonos como desconsideração, o que resulta numa compreensão intersubjetivamente compartilhada dessa desconsideração da língua francesa pelos anglófonos como um insulto. Julgo pertinente, nesse momento, e antes de prosseguirmos com a cronologia política que vimos fazendo, indagar, inspirado em Castells (1999: 48): como, a partir de quê, por quem e para quê uma identidade nacional é construída? Estas parecem ser as questões fundamentais tanto do ponto de vista prático quanto teórico e é quase desnecessário dizer que não se pretende dar conta delas nesse momento. Com esses comentários almejo apenas elucidar a complexidade do caso do Quebec, bem como a fecundidade das questões que se podem elaborar a partir dele, principalmente se enfocadas sob o ângulo do nacionalismo. Para citar Castells (1999) mais uma vez, deve-se ter em mente que: Nesse fin de siècle, a explosão dos movimentos nacionalistas, alguns deles responsáveis pela desconstrução de Estados multinacionais, outros pela construção de entidades plurinacionais, não está relacionada à formação de Estados clássicos, modernos, soberanos. Ao contrário, o nacionalismo aparenta ser uma grande força subjacente à constituição de quase-Estados, isto é, entidades políticas de soberania compartilhada, por meio de um modelo aprimorado de federalismo (como é o caso da (re)constituição canadense em processo ou da “nação de nacionalidades”, proclamada pela Constituição da Espanha de 1978 e amplamente difundida na prática durante a década de 90) ou de multilateralismo internacional (como na União Européia ou na renegociação da Comunidade de Estados Independentes das ex-repúblicas soviéticas). (: 48-49) 3 Não saberia dizer, entretanto, se uma comparação entre “francofonidade” e “catalanidade” nos traria elementos semelhantes que servem para a afirmação de um “ser francófono” ou um “ser catalão”. 6 Vejamos, a partir desse quadro esboçado por Castells, o processo, ainda em andamento, de constituição do quase-Estado quebecois. No dia 20 de maio de 1980 ocorre o primeiro referendum sobre a soberania do Quebec. Os federalistas – quer dizer, aqueles que não compartilham da idéia de um Quebec mais autônomo - ganharam folgadamente com 59,6% dos votos contra 40,4%. Vale lembrar que o processo de negociação do patriamento da Constituição canadense, iniciado na década de 60, é retomado nos anos oitenta, tendo sido mais uma vez rejeitado pelo Quebec dois anos depois da vitória federalista no referendum. Atualizava-se assim o dilema secular de manter o Quebec integrado politicamente, porém subjugado moralmente. É importante ter em mente que o Quebec não demandava independência da federação, mas sim condições específicas que garantissem a sobrevivência de sua particularidade cultural, ponto pouco compreendido pelo resto do Canadá. A demanda por tais condições redundou no acordo do lago Meech assinado no dia 30 de abril de 1987 e que tinha como contrapartida a subscrição do Quebec à Constituição patriada. Porém, em 1990, Manitoba e Newfoundland se recusam a ratificar o acordo do lago Meech provocando protestos no Quebec. Acontece que: Além de considerar a nova carta de direitos uma ameaça para sua sobrevivência cultural, a população franco-quebequense tende a interpretar a rejeição dos acordos do lago Meech e de Charlottetown como uma negação de sua identidade e, portanto, como atos de desconsideração ou como um insulto moral. (Cardoso de Oliveira, 1999: 13) Os resultados desse jogo que articula o plano da moral com o plano político implicam, cinco anos depois, em 1995, no segundo plebiscito sobre a soberania do Quebec, nesse momento, “... a proposta de dar ao governo quebequense um mandato para negociar com o Canadá uma nova relação de parceria política e econômica foi rejeitada por 50,6% a 49,4% dos votos.” (Cardoso de Oliveira, 1999: 12) O eleitorado era composto por 82% de francófonos (destes 61% votaram pelo SIM, i.e., a favor da soberania compartilhada) e 18% de anglófonos e alófonos (destes 90% votaram pelo NÃO, i.e., contra a soberania compartilhada). Um aspecto interessante desses dados remete às diferentes percepções por parte do eleitorado acerca das questões envolvidas. Para dimensionar este aspecto do caso do Quebec é preciso recorrer a dados elucidativos da segmentação étnica da sociedade quebequense. Desconsiderando a necessidade de contemporização dos últimos 25 anos, aproveito o trabalho de John Porter (1975) para proporcionar uma idéia do que seja o pluralismo étnico no Canadá e os dilemas aí presentes. Logo de início, Porter assinala a distintividade do Canadá amparado em um contraste com os Estados Unidos. Assim, se por um lado nota-se, em ambos os casos, populações minoritárias, extremamente visíveis como são a população negra nos EUA e a de origem francesa no Canadá, serem privadas dos insumos produzidos pela sociedade como um todo, além de sofrerem estigmatização ou depreciação moral, no Canadá, ao contrário do seu país vizinho, essa população minoritária possui um vasto potencial político de influenciar nas decisões nacionais, porém encontra na barreira lingüística a dificuldade de sua implementação. Como temos visto até aqui, fica evidente o fato de que o futuro das relações entre francófonos e anglófonos no Canadá recai sobre o sistema de relações interétnicas nas províncias – e é aqui que a participação de grupos de migrantes, bem como de populações indígenas, desempenham um papel crucial na ressignificação dos 7 argumentos acionados pelas etnias dominantes. Sua participação, ao que parece, foi determinante para a definição do resultado do último referendum, mas o que pensam essas populações de todo esse processo nacionalista quebecois? Ou talvez, possamos abordar esta questão a partir das reflexões que os próprios antropólogos canadenses tecem a respeito do problema. O próprio Rémi Savard, em quem tenho me pautado para a elaboração de parte desta argumentação assume, enquanto antropólogo quebecois a seguinte posição perante seus colegas da Universidade da Columbia Britânica no oeste do Canadá: Le résultat de toute cette histoire, c´est que le Québec est devenu la partie la plus à vif d´un pays dont le malaise généralisé tient à ce que as culture politique séculaire le rend inapte à concevoir le pluralisme, et qu´il semble avoir perdu tout dynamisme susceptible d´irriguer à nouveau un imaginaire politique créateur dont nous avons de plus en plus besoin pour sortir de cette crise qui n´en fini plus de finir. (1992: 06) O dilema que se impõe aqui foi bem notado por Porter e refere-se à difícil tarefa de equacionamento do multiculturalismo no interior de uma estrutura de poder bilíngüe. Isso elucida o fato de que a polarização entre francófonos e anglófonos no Canadá, e no Quebec em especial, promove uma hierarquia de desigualdades, i.e., uma estratificação étnica que é percebida de dentro pelos alófonos e indígenas, que então, não deixam de percebê-la como uma situação de dominação. O caráter contrastivo da identidade étnica quebecois que tende a negar uma suposta “anglofonidade” parece ser então percebida negativamente pelos demais não-francófonos no Quebec como indica o resultado do segundo referendum. Esta percepção implica em pelo menos três obstáculos distintos ao equacionamento do problema da sobrevivência do fato francês na América do Norte, obstáculos que trago aqui, amparado na análise de Luís Cardoso de Oliveira (1999: 08). 1) 2) 3) O primeiro obstáculo aponta para o fato de que a ausência de qualquer identidade da língua francesa com a forma de vida dos demais concidadãos não francófonos impossibilita de antemão visualizar a inserção plena do cidadão, quanto mais os indígenas, numa comunidade política determinada, qual seja, a quebecois. O segundo obstáculo ressalta que é muito difícil falar em integração a uma sociedade na qual se é visto como um estranho. Tudo isso lembra a importância dos símbolos identitários a serem minimamente compartilhados de maneira abrangente para que a idéia de comunidade política continue fazendo sentido. Finalmente, o terceiro obstáculo nos diz que se a “francofonidade” quebecois se constrói e consolida no contraste com o resto do Canadá anglófono, a retórica do ressentimento que passa a ser articulada só pode fazer sentido para aqueles que se sentem desconsiderados pela federação, onde essa mesma retórica passa a fazer sentido para os alófonos e indígenas num efeito reverso, qual seja, de se sentirem desconsiderados pelos francófonos. Desse modo, as ações de proteção da língua francesa promovidas pelo quase-Estado francófono do Quebec são sentidas negativamente pelos não-francófonos na e fora da província promovendo um déficit dialógico que inviabiliza: 1) o reconhecimento recíproco dos símbolos culturais específicos valorizados pelos cidadãos e segmentos étnicos da sociedade; e 2) as 8 possibilidades de distribuir os benefícios políticos e econômicos de uma possível soberania conquistada pelo Quebec no Quebec. Todas essas questões e obstáculos colocam os antropólogos que trabalham com populações indígenas no Quebec diante de verdadeiros dilemas de envolvimento. Dilemas porque problemas de difícil solução para os sujeitos de uma disciplina que se pretende universal, mas que somente se realiza de forma plural (cf. Peirano, 1992). Fatores determinantes desta pluralidade podem ser entrevistos no caso quebequense em que antropólogos de distintas origens lingüísticas vêem-se no interior de processos de construção de uma identidade particular - quebecois – sendo coagidos a assumir posições políticas frente às populações que estudam em contraste à essa identidade. É sobre este último ponto que passo a me deter neste momento. II Ao se analisar a literatura existente sobre as formas de relacionamento entre indígenas e antropólogos no Canadá nota-se uma temática recorrente nas avaliações destes últimos sobre suas próprias práticas diante da situação vivida pelas populações sujeito-objetos de suas pesquisas. Tais avaliações glosam sobre o imbricamento da prática antropológica com uma postura de “engajamento” ou “envolvimento” dos antropólogos na vida política indígena, o que por sua vez vem a dinamizar reflexões acerca das heranças coloniais da disciplina, como vimos mais acima na reflexão de Savard. O caso do Quebec, como vem sendo apresentado em linhas gerais, revela-se um “laboratório” interessante para se pensar os fatores condicionantes de novos estilos de etnologia indígena, seja em si mesmo seja em contraste com o resto do Canadá ou com outros Estados-nação.4 Em suma, trata-se de um contexto revelador do processo de politização da etnologia e de etnização dos antropólogos perante os indígenas. Apenas para apresentar um breve estado da arte da relação entre indígenas e antropologia no Canadá, antes de me reportar à situação específica do Quebec, proponho seguir a argumentação de Dyck (1990) a esse respeito. Partindo de um recorte temporal que vai desde o início dos anos 70 até o início dos 90 (do século XX), o autor começa com algumas considerações acerca do crescimento no número de publicações acadêmicas e não-acadêmicas sobre povos indígenas no Canadá. Atualmente, a preeminência, um dia gozada, dos antropólogos nesse campo de estudos tem sido disputada com outros agentes e agências, e mais importante, pelos próprios indígenas. Nesse sentido, Dyck propõe uma classificação dos estudos com populações nativas no Canadá sob três categorias: etnologia tradicional, estudos de aculturação e estudos sobre as relações entre indígenas e a sociedade nacional canadense. Fica explicitada nas duas primeiras categorias a influência da antropologia desenvolvida nos Estados Unidos, onde os estudos etnológicos tradicionais seguiriam a proposta de Franz Boas, centrada numa “etnografia de resgate” e em aspectos “tradicionais” e “autênticos” das culturas indígenas em vias de desaparecimento. Os estudos de aculturação, por sua vez, também orientados por conceitos cunhados na antropologia 4 A título de provocação eu diria que um exercício de comparação entre os estilos de etnologia indígena que ora se desenvolvem no Quebec e no caso brasileiro revelaria provavelmente diferentes arranjos teóricos, políticos e morais da antropologia nesses contextos em relação à matriz disciplinar eurocentrada da Antropologia (cf. Cardoso de Oliveira, 1988) e em resposta às demandas locais, regionais e nacionais, seja de índios como de não-índios. 9 nos Estados Unidos, promoveram, na análise de Dyck, uma verdadeira base fundacional para investigações etnográficas, orientadas principalmente por um eixo etnohistórico. A terceira categoria de estudos por sua vez, partiu do reconhecimento de tensões e problemas vividos no interior das comunidades, quando então os antropólogos passaram a abordar estas questões a partir de um envolvimento político e moral com as populações indígenas, com a sociedade canadense e com as agências estatais. Dyck aponta que na década de 70 os estudos antropológicos sobre populações indígenas foram conduzidos por antropólogos empregados por universidades, museus e agências governamentais e não é sem surpresa que se constata que a “tomada de consciência” por parte dos antropólogos acerca dos problemas vividos pelos indígenas se deu em função das posturas agressivas do Estado e de empresas na definição dos destinos destes. A controvérsia do White Paper (1969-1970), significou, nas palavras de Baines (1996): “uma espécie de „Decreto de Emancipação‟, que visava revogar a Ata Indígena e declarar o fim da responsabilidade do governo federal com relação aos povos indígenas, assim passando a administração de suas áreas às províncias.” (:10) Essa controvérsia, assim como a questão hidrelétrica em James Bay no Quebec, deu visibilidade à situação de dominação vivida pelos indígenas revelando a dimensão política das relações entre índios, Estado e empresas do setor elétrico. Nas palavras de Dyck (1990): ... anthropological fieldworkers suddenly found themselves obliged to take account of political issues and relationships which stretched far beyond traditional ethnographic locales such as traplines into new settings such as parliamentary committee hearings, courtrooms and corporate offices in Ottawa, Montreal, Vancouver and New York, and back again to local native communities (Salisbury 1986). To comprehend what has been happening at the local level anthropologists have had to move beyond the analytical frameworks and assumptions of both traditional ethnology and acculturation studies and to grapple with issues and institutions that, in turn, lead us into fields and arenas better known to practioners of other disciplines. (: 42) Ou ainda, nas palavras de Baines (1996): Vários (antropólogos entrevistados no Canadá) salientaram a controvérsia do “White Paper”, de 1969-70, como o ponto de mudanças fundamentais na etnologia indígena realizada no Canadá, de uma “etnografia de resgate” ou etnologia tradicional, estudos de aculturação, e estudos sobre as relações entre os povos aborígines e a sociedade canadense, para uma antropologia que tem que levar em consideração vários fatores novos. Por exemplo, as definições nativas a respeito de assuntos nativos, a necessidade do antropólogo negociar com os povos os termos de realização das pesquisas, situações que envolvem projetos de desenvolvimento econômico de grande escala e que envolvem as comunidades locais em eventos mundiais, o crescimento enorme do número de consultores antropológicos, processos de reivindicação territorial, política indígena, e um clima de críticas dirigidas à antropologia pelos povos nativos e por diversos agentes da sociedade nacional. (: 14) 10 O resultado desta postura de “obrigação em tomar conhecimento dos aspectos políticos” do campo foi a criação de novos tipos de situações de trabalho para os antropólogos, quando muitos se converteram em “consultores” ou “assessores” que tanto conduzem trabalhos demandados pelos indígenas quanto pelas agências estatais. Segundo Dyck trata-se de uma mudança na natureza do campo de estudo (1990: 43), porém, eu me perguntaria se isso reflete realmente uma “mudança do campo” ou seria uma mudança de percepção do que deve contar como campo. Neste último caso, a tomada de consciência por parte dos antropólogos no Canadá de que suas pesquisas não ocorriam em um vácuo político e moral parece ter sido um processo tardio se comparado com a velocidade em que o Estado tomava decisões sobre o destino das populações indígenas e como estas reagiam quase imediatamente e de forma organizada frente a estas decisões, como aponta Baines (1996): O “White Paper” foi fortemente criticado pelos aborígenes, que divulgaram seu “Red Paper”, passando a exigir uma reforma, e não a revogação, da Ata Indígena, e um reconhecimento mais explícito dos direitos indígenas na legislação canadense, o que foi parcialmente alcançado com a Ata Constitucional de 1982. Em 1969, agentes indigenistas foram retirados das reservas indígenas, numa tentativa de acabar com o paternalismo governamental, e, a partir de 1970, o governo passou a financiar organizações indígenas... . (: 10) Se nos voltarmos mais para a prática da etnologia indígena no Canadá, retornando à classificação inicial da Etnologia feita por Dyck, teremos ainda quatro subcategorias a considerar: 1) etnohistória, 2) etnologia, 3) estudos de comunidades, e 4) relações entre nativos e Estado. Lista a qual acrescentaria uma quinta subcategoria referente aos estudos conduzidos por “antropólogos nativos” no sentido mais restrito do termo. No interior destes campos da antropologia ocupados com e por indígenas no Canadá, Dyck identifica importantes avanços da disciplina, dentre os quais aproveito para ressaltar a importância dada à dimensão moral como um aspecto crucial das relações interétnicas. A apreensão desta dimensão por parte dos antropólogos se deu, em larga medida, pelo turning point promovido pelo White Paper, que parece ter colocado as diferentes abordagens das subcategorias listadas acima em constante processo de politização fazendo com que o desenvolvimento de uma abordagem estivesse profundamente imbricado no das demais. Partindo desta observação, creio ser interessante passar a abordar alguns aspectos do envolvimento político dos antropólogos em questões indígenas e pensar este envolvimento como constitutivo da dimensão moral sendo esta um campo semântico responsável pela crescente “reflexividade” na etnologia indígena que se faz no Canadá e, em especial, no Quebec entre antropólogos anglófonos, francófonos, alófonos e indígenas. Considerando, no caso, a situação dos antropólogos anglófonos e francófonos no Quebec, gostaria de ressaltar, partindo de uma reflexão de Baines (1996: 05), a necessidade de se considerar as representações que os antropólogos fazem acerca de si mesmos como surgindo em diversas formas, revelando uma perspectiva de membros de estados-nações imperialistas, no caso dos países de centro. Segundo Baines: “Essa maneira de se apresentar pode ser pertinente, também, para os antropólogos em nações 11 de colonização européia que pensavam seus países como extensões dos países de centro (...).” (: 05) Nesse sentido, ressalto que os vínculos nacionais das identidades sociais de antropólogos e indígenas repercutem nas possibilidades de envolvimento entre estes, o que vem a redimensionar a idéia de “antropólogos nativos” e fazer do envolvimento (moral e político) com populações indígenas uma questão dilemática, justamente porque, nas palavras de uma antropóloga canadense, abordar a questão indígena é considerar uma “questão de consciência do próprio país” (Sieciechoviwcz, 1993 apud Baines, 1996: 06) Não se está aqui, de forma alguma, diante de um problema novo. O antropólogo egípcio Hussein Fahim (1977) ao considerar a antropologia no Egito e Sudão propôs uma forma interessante de se considerar a importância simbólica da dimensão nacional na consciência e na prática antropológica, revelando ainda como as diferentes identificações do antropólogo com os interesses nacionais repercutem na sua forma de relacionamento com os “nativos”. Para Fahim: My understanding is that research conducted by anthropologists within the national boundaries of their countries should be labeled indigenous. I presume that under the phrase “indigenous anthropology” both ethnicity and nationality are implied, whereas the term “native” would reflect only an ethnic connotation. (: 81) A antropóloga Kirin Narayan (1993), por sua vez, questiona a fixidez da distinção entre antropólogos “nativos” e “não-nativos” e demonstra como é mais proveitoso pensar cada antropólogo em termos de identificações em mudança no interior de um campo de relações de poder onde comunidades se interpenetram (: 671), e propõe: “Rather than try to sort out who is authentically a „native‟ anthropologist and who is not, surely it is more rewarding to examine the ways in which each one of us is situated in relation to the people we study. (: 678) Inspirado por estas reflexões a situação da etnologia indígena e da própria antropologia que se faz no Quebec não necessariamente se constitui numa novidade, mas como um campo profícuo para se observar diferentes formas de envolvimento e identificação da disciplina com projetos nacionais e/ou comunitários repercutindo em distintos modos de se fazer etnologia com populações indígenas a partir dos vínculos nacionais que cada um dos agentes envolvidos (índios e antropólogos) assume em situação. Em seu estudo preliminar sobre os estilos de etnologia indígena no Canadá, que venho citando ocasionalmente, Baines (1996) comenta que poucos antropólogos, na década de 60, praticavam uma “antropologia de ação”5: Contudo, na década de 70, a questão do nacionalismo quebequense e o controle da economia de Quebec preocuparam muitos antropólogos. Assim, conforme Hedican (1995: 17-18), a controvérsia em volta do projeto hidrelétrico da Baía de James enfocou menos o contexto da questão 5 Conferir “Steps toward an anthropology of Quebec 1960-1980”, de Gerald Gold e Marc-Adélard Tremblay, publicado na coletânea Consciousness and Inquiry: Ethnology and Canadian Realities, organizado por Frank Manning (Ottawa: National Museums of Canada, 1983). 12 indígena e dos direitos aborígenes e mais o contexto do nacionalismo quebequense e a independência econômica do Quebec do Canadá anglófono. (: 16)6 Nesse sentido, é curioso notar que um projeto de “antropologia aplicada” foi desenvolvido por antropólogos de uma universidade anglófona no Quebec (McGill University) junto aos Cree. Porém, observa-se uma escassez de estudos sobre a situação de dominação vivida por estes grupos. Inseridos em um contexto politicamente sensível e conturbado como o do Quebec os antropólogos anglófonos desenvolveram um estilo etnográfico de trabalho de campo com curtas durações e que permitiam um acompanhamento intermitente da situação vivida pelos índios. Enquanto isso, antropólogos francófonos no Quebec viam a situação dos índios e de imigrantes como extremamente problemáticas, conduzindo-os a desenvolver outros campos de pesquisa que não o da etnologia indígena. (Baines, 1996: 21) Essas breves considerações, apesar de não passarem uma idéia suficientemente abrangente da complexidade das relações entre antropólogos e indígenas, servem ao menos para apresentar a dificuldade de se falar em um único estilo de etnologia no Canadá. Bem como, servem para indicar como perspectivas locais e nacionalistas entram em contradição com a perspectiva universalista assumida pela antropologia. Entretanto, o que me parece particularmente interessante nas situações acima citadas, consiste nas diferentes estratégias desenvolvidas pelos antropólogos para administrarem o grau de envolvimento que desejam ter e que são exigidos pelos indígenas como instância de negociação das condições para a pesquisa de campo. Nas palavras de Dyck e Waldram (1993): Because of its distinctive fieldwork methods and analytical approach (...), anthropology has had to confront a difficult methodological problem that other disciplines interested in public policy have largely ignored: the management of the operating distance created between a discipline and the people, practices, and processes it studies. Anthropologists have long struggled with the implications of two quite different ways of dealing with this problem. As a first option, anthropologists could seek to maintain the traditional conceptual distance between themselves above their subjects by a variety of means, including the use of non-reflexive concepts and measures, thereby placing themselves above their subjects, in a position of epistemological superiority. (...) The second option is to acknowledge these problems of distance and representation and to confront the impact of our investigations and writings on those whom we study (...). This approach recognizes the “interested” nature of all knowledge in such a manner as to assist the people we study (or with whom we work) to exercise greater control over managing their lives and social arrangements. (: 13-14) A estas duas opções parecem corresponder formas de posicionamento calcadas em distanciamento ou proximidade moral por parte dos antropólogos francófonos e 6 Em setembro de 1997, conforme o jornal Vancouver Sun, de Ottawa, lideranças das populações indígenas Cree e Inuit residentes próximas a Baía James alegam que a província do Quebec planeja uma “ocupação étnica” de seus territórios através do assentamento de 2.000 famílias não-indígenas na região para trabalhar no setor elétrico, mantendo atual a polêmica em torno do projeto de um Quebec autônomo e francófono e a preservação dos direitos indígenas. 13 anglófonos, respectivamente, frente à questão indígena no Quebec. Ambos os posicionamentos são condicionados, neste caso, pelos processos etnonacionalistas em vigor na província. As identificações nacionais dos agentes envolvidos, dimensão que parece polarizar em identidades contrastivas (anglófonos x francófonos, federalistas x nacionalistas etc.) as possibilidades de envolvimento com os povos indígenas, condiciona as possibilidades de pesquisa, assim como a escolha dos temas a serem pesquisados. Dito de outro modo, o caso do Quebec deixa explícita a dimensão étnica como uma dimensão organizacional dos estilos de etnologia indígena que podem se desenvolver com as populações nativas da província e no resto do Canadá. Bibliografia BAINES, S. G. Etnologia Indígena no Canadá: Primeiras Impressões. Antropologia n.º 196. Brasília: DAN/UnB, 1996. Série CARDOSO DE OLIVEIRA, L. R. Dois Pequenos Ensaios sobre Cultura, Política e Demandas de Reconhecimento no Quebec. Série Antropologia n.º 250. Brasília: DAN/UnB, 1999. CARDOSO DE OLIVEIRA, R. Sobre o pensamento antropológico. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1988. -----. Identidade Catalã e Ideologia Étnica”. Mana: Estudos de Antropologia Social, vol. 1, n.º 1, 1995. CASTELLS, M. O Poder da Identidade. SP: Paz e Terra, 1999. DYCK, N. Cultures, Communities and Claims: Anthropology and Native Studies in Canada. Canadian Ethnic Studies, XXII, 3, 1990. DYCK, N. & WALDRAM, J. Anthropology, Public Policy and Native Peoples in Canada. Montreal: McGill University Press, 1993. FAHIM, H. Foreign and Indigenous Anthropology: The Perspectives of an indigenous anthropologist. Journal of the Society for Applied Anthropology, vol. 36, n.º 02, Washington, 1977. NARAYAN, K. How Native is a „Native‟ Anthropologist?”. Anthropologist, vol. 95 (3), 1993. American PEIRANO, M. Uma antropologia no plural: Três experiências contemporâneas. Brasília: Ed. UnB, 1992. PORTER, J. Ethnic Pluralism in Canadian Perspective. Ethnicity: Theory and Experience. Glazer, N. & Moynihan, D. (eds). Cambridge, Mass.: Harvard University Press, 1975. SAVARD, R. Les autochtones du Québec dans la crise politique canadienne. Culture, XII (1), 1992. 14 SÉRIE CEPPAC Últimos números publicados 010. SOBRAL, Fernanda; RENNÓ, Lucio & SILVA, Cristhian T. da (orgs.). Paradigmas em Ciências Sociais: Cinco ensaios interdisciplinares – Textos de Le-lyne Paes Leme Vasconcelos Nunes; Ticiana Nascimento Egg; Daniel Capistrano; Renata Motta; Irmina Walczak. Série Ceppac, 2007, 68p. 011. CASTRO, Henrique Carlos de O. de. A Political and Cultural Cross-National Comparative Research as a Tool to Develop a Framework to Improve Social Policymaking. Série Ceppac, 2007, 9p. 012. VÁSQUEZ, Ladislao Landa. Los fantasmas de la subalternidad (La transformación de/en los discursos (sobre los) indígenas em América Latina). Série Ceppac, 2007, 26p. 013. MARTINS, Cristian F. Campos negros, sertões e favelas: Campo de reprodução da experiência subalterna na sociedade brasileira? Série Ceppac, 2007, 22p. 014. PINTO, Simone Rodrigues. Multiculturalismo e Pluralismo Jurídico na América Latina. Série Ceppac, 2008, 15p. 015. O‟DWYER, Eliane C. Profetismos e práticas de cura: Saber tradicional dos remanescentes de quilombo de Oriximiná-PA. Série Ceppac, 2008, 13p. 15 Instruções para os autores Para tornar mais eficiente o preparo de cada número da série, toda e qualquer matéria destinada à publicação deve ser enviada ao Editor da Série Ceppac por meio eletrônico (arquivo .doc, .rtf, .odt). As margens do texto deverão ser espaçosas (esquerda 3cm, direita 3cm, superior 2cm e inferior 2cm), espaço entre linhas “simples”, fonte “Times New Roman”, tamanho 12. O texto deverá ser entregue com alinhamento à “esquerda”. As citações com mais de quatro linhas devem ser destacadas do texto normal em um novo parágrafo e manter o espaço entre linhas “simples”. As notas de rodapé deverão ser breves e excluir simples referências bibliográficas; estas deverão ser incluídas no texto principal entre parêntesis, limitando-se ao sobrenome do autor, ano e páginas, por exemplo: (CARDOSO DE OLIVEIRA, 1998: 09). A referência bibliográfica completa deverá ser indicada na BIBLIOGRAFIA, conforme o seguinte modelo: Livro CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. O trabalho do antropólogo. São Paulo: Editora Unesp; Brasília: Paralelo 15, 1998. Capítulo de livro LÓPEZ, Claudia Leonor. Processos de formación de fronteras en la región del Alto Amazonas/Solimões: La historia de las relaciones interétnicas de los Ticuna. In: CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto & BAINES, Stephen G. (orgs.) Nacionalidade e etnicidade em fronteiras. Coleção Américas. Brasília: Editora UnB, 2005, pp. 55-83. Artigo científico CRESPO, Carolina. Del ocaso del pasado a la reliquia del presente: Una trayectoria de vida alrededor del arte rupestre em Patagonia argentina. Campos – Revista de Antropologia Social, 06/1-2, 2005, pp. 125-137. Página da internet KELLY, R. Electronic Publisching at APS: Its not just online journalism. APS News Online, Los Angeles, Nov. 1996. Disponível em: http://www.aps.org/apsnews/196/11965.html. Acessado em: 25 de novembro de 1998. Deve-se evitar o uso de negritos, itálicos e sublinhados, assim como o uso de tabulações que afetem a diagramação do texto e dos parágrafos. Os quadros, gráficos, figuras e fotos devem ser apresentados em folhas separadas, numerados e titulados corretamente, com indicação de seu lugar no texto e de forma pronta para impressão. Grato por sua colaboração com a Série Ceppac. 16