Como é e o que pensa Fátima Bernardes
Transcrição
Como é e o que pensa Fátima Bernardes
IMPRENSA www .revistaimprensa .com .br ANO XI AGOSTO 1998 N° 131 R$ 4,0 0 ti ular d o Jornal Naciona l Como é e o que pensa Fátima Bernardes, apresentador a do maior telejornal do Brasi l João Pedro Stédile ataca jornalistas e donos de jorna l Os segredos de um bom infográfic o Cobertura da Copa: o gol de ouro da imprensa Capa DE Como é e o que pensa Fátima Bernardes, titular, ao lad o por Dalila Magaria n Era o fim de tarde do dia 13 de março deste an o quando um aviso de mensagem começou a piscar nas telas dos terminais de computador da Red e Globo, instalados na emissora do Jardim Botâni co, dando conta da chegada de mais um comunicado através d o sistema de correio eletrônico . Não deveria ser um alerta muito diferente dos demais, especularam alguns dos funcionários on line naquele instante - de fato, tais bilhetes eram, em geral , meros lembretes sobre plantões, avisos sobre missas de sétimo dia, recados de achados e perdidos, alterações de horários, e até o anúncio de algum colega ansioso por vender o carro ou compra r um telefone celular. Mas o bilhete virtual em questão estava destinado a atrair a atenção mais do que de costume, graças a um a singela linha de assunto, escrita em letras maiúsculas no cabeçalho : `Nova Escala de Apresentadores' . Sem disfarçar a curiosidade, repórteres, editores, e produtores de cada uma das redações da Central Globo de Jornalismo acessaram quase ao mesmo tempo o comunicado que tinha como 32 remetente seu diretor geral, o jornalista Evandro Carlos de Andrade . Estavam finalmente dissipadas todas as dúvidas e boatarias das últimas semanas : Fátima Bernardes seria mesmo a nov a estrela do Jornal Nacional, assumindo, ao lado do marido, o jornalista William Bonner, a bancada do programa mais visto em todo o território brasileiro . Algumas horas antes, naquele mesmo dia, numa reunião a portas fechadas com o editor executivo Carlos Schroeder, a jornalista tomava conhecimento da promoção, e de que estaria deixando para outra apresentadora a tarefa de ancorar o Fantástico, aos domingos, para o qual retornara fazia pouc o mais de um mês, após o término de sua licença-maternidade . A decisão da direção da casa também incluía a dança dos apresentadores dos demais telejornais, como a passagem do Jornal Hoje das mãos de Mônica Waldvogel para Sandra Annemberg, a substituição de Carlos Nascimento por Carlos Tramontina à frente do SPTV 1' Edição, além de outras mudança s regionais de menor impacto . Mas a ida de Fátima Bernarde s era, sem trocadilhos, a notícia mais surpreendente do dia, justamente em razão das diversas sinalizações feitas num passa do recente de que a Rede Globo não desejaria repetir a receit a IMPRENSA - AGOSTO 1998 Ak■. +r V EN C 1o marido William Bonner, do maior telejornal do Brasi l do SBT, que tem no comando de seu principal noticiário o s jornalistas Eliakim Araújo e Leila Cordeiro, igualmente casa dos fora da tela . "Mas a direção também nunca disse que isso seria um impedimento", afirma Fátima Bernardes, que estreou na nov a função no dia 30 de março, apresentada pela voz do locuto r em off logo após a vinheta musical do jornal . "Esta não é a primeira vez que William e eu trabalhamos juntos . Fizemos o Jornal da Globo durante quatro anos, e muita gente nem sabi a que éramos casados . Nunca tratamos o jornal como nossa sal a de visitas ." Pelo sim ou pelo não, a primeira providência tomada pelo casal de jornalistas foi encerrar o capítulo de entre vistas à imprensa tendo como pano de fundo a vida em família . Tarefa das mais difíceis, levando-se em consideração, principalmente, o nascimento dos trigêmeos Beatriz, Laura e Vinícius, no dia 21 de outubro do ano passado, concebidos po r inseminação artificial . Mesmo assim, tanto um quanto outro mantêm os pés bem firmes na decisão . "Não vou falar nad a sobre a Fátima", avisava educadamente William Bonner, recusando também ao pedido do fotógrafo para posar ao lad o da esposa . IMPRENSA - AGOSTO 1998 De bailarina a estagiári a Justiça seja feita . Ambas as carreiras ascenderam sem qu e houvesse uma interferência mútua ou o trânsito de informaçõe s privilegiadas dentro da emissora . Fátima, que ao ingressar n a Rede Globo ainda era casada com um engenheiro, conhece u William Bonner em novembro de 89, três anos depois de te r sido contratada para trabalhar como repórter, oriunda de u m curso para recém-formados . Retornando um pouco mais ness e túnel do tempo, a detentora do cetro do carisma e da simpati a do jornalismo global nunca imaginara tornar-se um a apresentadora conhecida por milhões de telespectadores, don a de um salário estimado em R$ 40 mil mensais (embora ela s e recuse a informar o valor exato), e respeitada por uma equipe d e veteranos colegas globais . O que Fátima Bernardes almejava, de fato, era dar prosseguimento à sua carreira como bailarina, assim como várias outras jovens de sua geração, que lecionavam para crianças e remendavam suas sapatilhas de ponta . Fátima estudou dança durante 17 anos mas, diferentemente de outras mocinhas nascida s no Méier, um bairro carioca de classe média, admite não te r sentido medo ao abandonar o certo pelo duvidoso, quando vi u 33 curiosamente, antes de conseguir realizar se u desejo, o anúncio de um curso de telejornalismo da Rede Globo lhe saltou aos olhos . Eram 400 inscritos e, ao final das cinco pro vas, restaram apenas 25 . "Acho que passe i porque já estava empregada e feliz, sem pre tensão nenhuma a não ser a de aprender alg o de novo ." Tsc, tsc . Ao fazer a primeira re portagem de campo do curso de telejornalismo, apaixonou-se irreversivelmente pela câmera . "Aquele imediatismo todo me fascinou . Se fosse de verdade e não um simples treino , a matéria poderia ter ido ao ar na mesma hora , ou até sair ao vivo, do lugar onde eu estava" , diz no mesmo tom de entusiasmo de quem, à época, acabou conquistando uma das única s três vagas disponíveis para os alunos classificados . A verdade diante da camera Fátima passou o primeiro mês como estagiária do Fantástico, mas não teve corage m de abandonar o jornal . Mantinha a rotina do trabalho diur na faculdade de Comunicação o prenúncio de uma nov a no nos cadernos de bairros com o plantão televisivo, à noi . "No fundo eu achava que iria continuar escrevencarreira do sobre dança . Jamais pensei que poderia parar na televite . Só abandonou o Globo no terceiro mês do contrato , quando bateram o martelo em seu período de experiência . são", afirma . Seu único contato com o vídeo costumav a E, apesar da pouca intimidade com o veículo, a repórte r ser as gravações dos recitais de balé, exibindo coreografiiniciante já chamava a atenção pela forma como se comuas e sem abrir a boca . nicava com a câmera : a informação dita sem rodeios, o A nota oito de um professor da faculdade para a redaestilo despojado, a postura decidida . "Minhas duas primei ção de um press release foi o primeiro insight de que su a ras tentativas de falar para a câcarreira como bailarin a mera foram um fiasco, até qu e ficaria estampada apenas "No primeiro 'vivo', quando o Ci d me lembrei de enxergá-la com o no álbum de família . Moreira me chamou, a chuva tinh a se estivesse relatando uma his"Aquela nota me estimuborrado o papel e eu não conseguia ler . tória para minha própria mãe . E lou a diminuir o ritmo da s aulas de dança e a me insPor sorte, um carro passou boiando . . . " assim que faço até hoje . Par a chegar ao telespectador e se r crever num estágio d o aceito, tem de passar verdade " jornal O Globo", recorda-se . Foi justamente o balé, curioTrabalhar ao vivo é o grande "barato" de Fátima Bersamente, que deu a ela o empurrãozinho que faltava para a . Ela jamais gostou de decorar os textos, e é um a . "Levei um grupo de alunos para dança r nardes decisão definitiva expert do improviso, mesmo naqueles momentos em qu e no projeto Aquarius e lá conheci o pessoal do departamentudo parece dar errado . "Quando você decora o que va i to de promoções do mesmo jornal . Eles me propusera m dizer não consegue trocar a palavra belo por bonito se pre trocar o estágio por uma vaga como free-lancer. Então de" cisar", argumenta . Sua capacidade de atuar diante de situcidi aceitar . ações repentinas, no entanto, não a impediu de passar por Como a primeira matéria nenhum jornalista esquece , algumas saias justas no início da carreira . Uma delas acon Fátima recorda-se perfeitamente da sua : foi destacada par a teceu em 1988, durante o primeiro "vivo" que fazia para o cobrir uma disputa de futebol de salão num torneio inter. "Por sorte eu sem Jornal Nacional, durante a enchente que atingiu o Rio de colegial promovido pelo próprio jornal pre adorei esportes e entendia quase tudo sobre futebol . Janeiro . "Por causa da pressão de fazer o meu primeir o vivo de rede, resolvi escrever o texto todo . Mas quando o Fiz a matéria e o editor aprovou . Acabou sendo a minh a Cid Moreira me chamou, a chuva tinha borrado todo o primeira reportagem assinada ." Fátima terminou a faculpapel e eu não conseguia ler nada . Por sorte, um carro l dade na Escola de Comunicação Social da UFRJ, no fina Brasília apareceu boiando atrás de mim e serviu com o de 1983, e durante o ano seguinte continuou como free tema para disfarçar o esquecimento . " Outra sessão d e lancer até que, em 1985, conseguiu ser contratada para o s adrenalina ocorreu durante a cobertura de uma rebelião cadernos de bairros do mesmo jornal . "Eu adorava o trabade presos em Bangu . "Eu dizia para a câmera que aind a lho e nem reclamava de fazer plantão aos sábados e dohavia dezenas de famílias aguardando informações al i mingos cobrindo a folga de todo mundo . Mas meu grande em frente, mas quando olhei para trás o portão estav a sonho era passar para os cadernos principais, ir para o Glovazio . Todo mundo tinha ido assistir ao jornal atrás d o bão ." caminhão da Globo ." Foi salva, uma vez mais, pel a Empenho não lhe faltou durante o ano seguinte mas, Fátima: "O JN é sinônimo de notícia para milhões de pessoas " 34 IMPRENSA - AGOSTO 1998 Cenas da vida de Fátim a r Aos 2 anos, o sorriso espontâneo e cativante que lhe daria o cetro de carisma e simpatia na Globo Os sonhos para o futuro da pequena Fátima aos 10 anos ainda eram ligados só ao bal é No início da carreira na TV, cabelos longos. Em 91 foi a precursora do corte curto Anos depois da primeira matéria , sobre futebo l de saião, a cobertura da Copa de 94 nos EUA Antes de fazer a primeira cobertura do carnaval carioca, pesquisou tud o sobre essa festa popular e as escolas de samb a IMPRENSA - AGOSTO 1998 35 improvisação e a aparência de quem seria incapaz de conta r prejudicar a voz", diz Fátima repetindo o famoso enunciado uma mentira, por mais inocente que fosse . "Corrigi rápid o da fonoaudióloga Glorinha Beuttenmüller, de quem recebe u dizendo que há poucos minutos eles estavam ali ." ensinamentos preciosos . "Deixei de fazer as passagens co m A frente do Jornal Nacional, Fátima dá boa noite aos teos pés virados para fora, como uma bailarina . Esse tipo d e lespectadores com a mesma naturalidade com que cumpripostura causa desconforto no público", exemplifica . menta os colegas nos corredores da emissora. O tom é o mesDisciplina, eis outra de suas virtudes . Fátima Bernarde s mo, o sorriso é idêntico . Fátima costuma arrebanhar em torsegue religiosamente a cartilha proposta pela emissora, e omino de si um grande número de admiradores e colegas, assi m te-se sobre temas destinados a provocar polêmica . "Não fal o como recebe cartas e cartões de fãs entusiasmados com su a nada sobre a linha editorial do Jornal Nacional nem sobre os performance no vídeo - homens e mulheres de todas as ida colegas de trabalho ." Tanta diplomacia lhe valeu um telefodes, e de todos os cantos do país . nema de Lillian Witte Fibe logo após o anúncio de sua pro A correspondência não chega a bater o recorde da casa, moção ao JN. "Lillian disse que ficou satisfeita com a escodestinado aos atores e atrizes das novelas que têm início juslha e não tive nenhum problema em substituí-Ia", coment a tamente após o jornal que Fátima apresenta . Mas tem com o Fátima sobre a colega, que retornou a São Paulo para aprecaracterística comum os elogios e os inúmeros pedidos d e sentar o Jornal da Globo . ajuda para casos variados, como o desemprego, o sumiço de A jornalista também não faz críticas à emissora onde trauma pessoa ou a intenção de conseguir uma reportagem cobalha . Ao contrário, considera o JN um sinônimo de notíci a munitária . Há também um sem-número de apaixonados, al para milhões de pessoas com acesso limitado a outro tipo de guns maníacos que escrevem poesias e fazem colagens co m veículo de comunicação . "Moramos num país onde nem tod o as fotografias de Fátima publicadas em revistas e jornais, e mundo pode ler jornal . Quando dou uma notícia quero que as ainda quem lhe peça singelos favores, como o de reve lar o nome da música que ela dançou numa das campanhas de final de ano da Rede Globo . A quem possa interessar, a canção era `Cheek to Cheek' . Sua aparição a bordo de um vestido vermelh o e sapatos de balé foi um sucesso, sem dúvida, que tiro u do marasmo aquele dezembro de 1991 . Fátima fazi a parte do elenco global convocado pelo diretor Maurício Shermann para revelar talentos secundários (o u menos conhecidos) para o grande público, e saiu-se tã o bem em seu número de sapateado que acabou virand o a revelação de toda a campanha do "Tente, Invente" . "Não tenho a menor dúvida de que ter estudado danç a me ajuda até hoje a manter baixa a adrenalina das re portagens •", diz ela . O nascimento dos trigêmeos provocou outra avalanche de cartas na emissora . Votos de boa sorte, oraçõe s para a saúde dos bebês e presentes infantis, sapatinhos dezenas deles - chegaram até Fátima . Apesar de se dize r satisfeita com a manifestação de carinho, tanto ela quanto William Bonner não costumam responder a qualquer tip o Projeto para o futuro : um programa de variedade s de carta . "Além de perigoso eu estaria incentivando o mundo fantasioso dessas pessoas", pondera . pessoas me entendam . A função da televisão não é aprofundar o fato, mas despertar o interesse sobre ele ." Fátima tamA ilusão do carnava l bém não faz questão de receber o título de âncora - muito A jornalista prefere envolver-se mais de perto com outr o pelo contrário . "O que me faz feliz não é dar minha própri a tipo de ilusão - a do carnaval . Ao lado de Fernando Vanucci , opinião, mas transmitir informação suficiente para que as pesfoi dela o posto de comentarista do carnaval carioca desde 1995 . soas possam ter as delas ." Seu primeiro contato profissional com plumas e paetês aconteA rotina dentro do Jornal Nacional tem início às 14 hoceu quando ela ainda trabalhava nos cadernos de bairros de O ras, durante a reunião de pauta, da qual participa ativamente . Globo . "Os editores me fizeram desfilar na União da Ilha para Cabe também a Fátima editar as duas sessões de chamada s descrever a emoção de sair em uma escola", comenta . Como para o jornal que vão ao ar no final da tarde, um trabalh o repórter de televisão, Fátima cobria os desfiles todos os anos , pouco prolongado, porém considerado por ela como de ex mas nunca lhe ocorrera ter de "animar a festa" . trema importância . "As chamadas são um convite diário ao Recorreu à iniciativa de pesquisar tudo o que pudesse sotelespectador. Fico chateada quando chamamos alguma coibre os bastidores do carnaval e das escolas do grupo especia l sa e a notícia chega da rua diferente, porque as pessoas espepara ter o que falar durante as duas madrugadas de desfile . ram para conferir aquilo que você disse", admite . Acertou no alvo, apesar de ter ficado completamente rouc a Desde que se tornou mãe, Fátima reconhece que teve auao final da tarefa, resultado de pura tensão . "Era a primeir a mentada sua sensibilidade para alguns temas, como a série provez que eu falava sem olhar para a câmera, e isso costuma duzida sobre a seca do Nordeste e os dramas infantis . Antes d e 36 IMPRENSA - AGOSTO 1998 Fátima no estúdio do Jornal Nacional : "Quando dou uma notícia, quero que as pessoas entendam " Amâncio Bernardes, de 62 anos, militar reformado, para assistir às partidas de futebol, com total apoio da mãe, Eunice, de 55 . Aos 35 anos, nascida no dia 17 de setembro, Fátima Bernardes tem apenas uma irmã, Vânia . Ela é bioquímica e farmacêutica, tem 32 anos, é casada e mora, coincidentemente, na França, o país da Copa . Nada mais compreensível que Fátima tivesse até mesmo cogitado a hipó tese de levar os bebês para atravessar o Atlântico . "Depois mudamo s A busca da informaçã o de idéia. Não faria sentido tirá-los da rotina e levá-los para um lugar susceptível a atentados terroristas", capitulou . Fátima reconhece-se como uma jornalista full time, do tip o A família nunca foi exatamente rica, mas Fátima estudo u que pensa em pautas e notícias mesmo durante um modesto pas num colégio público considerado de bom nível, o Pedro II, e seio com os trigêmeos pela pracinha . "Jornalismo não se aprende na escola . A pessoa nasce com esse tipo de vocação . As veze s pôde matricular-se em cursos de línguas . Domina bem o inglês, penso que nunca vou conseguir ler um jornal sem ter vontade d e mas derrapa no francês, que faz planos de completar . Se voltass e ao passado, ela garante que cogitaria a possibilidade de envolmeter o bedelho na notícia " No período da manhã, no amplo apartamento onde a famíli a ver-se mais de perto com o jornalismo esportivo, embora divirtavive, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, Fátima passa o s se comentando que foi um fracasso como atleta na escola . "E u não servia nem para jogar queiolhos pelos quatro jornais mai s importantes do país, ou procura mada . A bola não ia longe ." De "Fico chateada quando a notíci a informações do dia anterior vi a olho no futuro, porém, ela não chega da rua diferente da chamada . admite pensar em qualquer outr a Internet . Gosta de acompanhar as As pessoas esperam o noticiári o revistas semanais, algumas publiprofissão fora o jornalismo . para conferir aquilo que você disse" Como variação, talvez desejasse cações femininas e a literatur a um programa de variedades, algo médica, além de ter-se acostumaonde pudesse desenvolver o que tem de sobra : a simpatia e a do a ler revistas sobre puericultura . "Assinei também uma revista especializada na educação de gêmeos que descobri na Internet" , desenvoltura diante das câmeras . "Não é um projeto concreto, mas quando me perguntam o que faria fora de um jornal digo qu e acrescenta. Não deixa de causar espanto a habilidade que Fátim a gostaria de fazer um programa em que eu seria simplesmente eu . demonstra ao conciliar sua rotina profissional à vida doméstica , Gosto de conversar, de gente e de tratar com as pessoas. " particularmente depois da chegada dos trigêmeos . Ela não está só, naturalmente . Do mesmo modo como aconte Não chega a ser uma solicitação explícita à emissora . "Gosceu durante a rápida estadia com William Bonner num spa d o to do que eu faço e, como todo funcionário, um dia sonh o interior de São Paulo, tanto os sogros quanto os próprios pais d a ganhar mais", comenta uma Fátima brincalhona, que já come jornalista são requisitados para prestar reforço extra ao staff de mora 11 anos de Rede Globo . Não gosta de fazer planos a duas babás e a empregada . Durante o período de licença-materni longo prazo . "Prefiro planejar o dia seguinte, fazer minha s dade (ela ausentou-se do Fantástico no dia 3 de agosto), Fátima listas de compras e tarefas, mas nada muito longe . Sou virginidedicou-se integralmente aos trigêmeos, admitindo, na volta, que ana", explica . Seja como for, é bom continuar prestando atenjá estava com saudades do trabalho. "Para mim foi um alívio não ção às insistentes mensagens piscando nas telas dos computa precisar ir à França trabalhar durante a Copa e assim ficar perto da s dores da mais poderosa emissora de televisão do País . Pode se r crianças . Por outro lado, senti uma dorzinha no peito . Adorei parti que elas apenas dêem conta de mais um objeto perdido, a dat a cipar da cobertura das Olimpíadas e da Copa de 94" . de um casamento ou o número de um telefone à venda . Mas , Torcedora do Vasco, Fátima sempre foi a companheira do pai, por via das dúvidas . . . na bancada prateada do Jornal Nacional, quinze minutos ante s de entrar no ar, durante a tarde Fátima prefere assistir a todas as reportagens em VT para evitar o excesso de comoção diante das câmeras . "Apenas a rotina do dia-a-dia ajuda a filtrar as notícias menos felizes, mas não me armo . Gosto de ver o jornal como um telespectador comum", analisa . x IMPRENSA - AGOSTO 1998 37