revista florescer pdf
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Florescer VIRE AQUI a revista digital da Almeida Flores OUTUBRO DE 2013 / EDIÇÃO DIGITAL Nº 2 Vendas “eu mereço” e a nova realidade no varejo Viva a primavera! E as plantas que atraem pássaros... Finados e a logística da comercialização de crisântemos Pequenos jardins caseiros promovem cosmética e medicina natural VIRE AQUI 3 Pág. 4 Pág. 7 As alstroemérias de Palmira Valente Uma cena da novela Sangue Bom, da Rede Globo, chamou a atenção do público em outubro: o clip gravado pela personagem Verônica – também conhecida como Palmira Valente, em um mar de alstroemérias. Para criar o cenário do clip de lançamento da carreira de Verônica como cantora, a artista floral Karina Saab envolveu a atriz Letícia Sabatella em um tapete de flores brancas. Karina espetou mais de 5.000 hastes para obter o resultado cênico, contrastando o branco das alstroemérias com o fundo negro. A novela, em fase final, divulga desde o dia 29 de abril o universo do cultivo e da comercialização de flores. A cenografia é preenchida com plantas da Cooperativa Veiling Holambra. A Floricultura Acácia Amarela e o florista Bento são o ponto central da trama, que tem as flores em evidência nos principais acontecimentos. Pág. 08 Mostra de ikebana em Curitiba Coluna do Augusto Aki: as vendas do tipo “eu mereço” Estética sem conservantes Pág. 17 Cliente do mês: Floricultura Capim Limão Pág. 20 Primavera/verão: estação dos pássaros Pág. 22 Crisântemos em vaso e o comércio de Finados Letícia Sabatella em cena de Sangue Bom. 4 5 Ikebana EVENTOS Flores da primavera brasileira inspiram ikebanas em Curitiba Fotos: Paulo de Siqueira Paulo de Siqueira Duas mestres de ikebana vindas do Japão fizeram uma demonstração de arranjos orientais da Escola Ohara em Curitiba no mês de outubro. Ito Teika e Susawa Motoko vieram a convite da Associação Cultural Ikebana Ohara-Ryu de Curitiba, a ACIOC. O evento foi em comemoração aos 20 anos da entidade, que ofereceu também ao público uma exposição de ikebanas no Memorial de Curitiba. A Revista Florescer acompanhou a rara demonstração das mestres, que fizeram vários estilos de arranjos a partir do tema “Brasil-Japão: Sinfonia Primaveril”. Um registro para inspirar nossos floristas a criar suas próprias composições com as plantas da primavera brasileira. Confira! Este é um arranjo do tipo Moribana clássico. Agapantos despontam entre as folhas. “Neste estilo, a flor é aproveitada de uma forma bastante natural” – explica Teika. Rosas brancas e folhas de filodendro complementam a criação. Esta composição, também do estilo Moribana, sugere uma paisagem, quase o recorte de uma cena da natureza. Galhos de pinus e folhas de santa-bárbara são presos ao kenzan no lado esquerdo do arranjo, representando a terra e a montanha na primavera. A estação é simbolizada pelo verde vivo e claro O arranjo com vaso redondo que pode ser apreciado por todos os lados foi composto com alstroemérias brancas, folhas dispostas em forma circular e mini antúrios, periquitos e caliandras vermelhos. A mestra Ito Teika explica que “vermelho e branco, no Japão, significam cores de felicidade”, e reforça que nesse tipo de arranjo, é muito importante ressaltar o “movimento circular” da composição. da santa-bárbara, em contraposição ao verde escuro do pinus- mais invernal. Musgos e samambaias complementam. “Na Escola Ohara, o musgo sempre é utilizado para representar a terra e a samambaia representa a sombra” – explica Teika. Do lado direito do vaso, água e pedras que extrapolam os limites do vaso reproduzem a água correndo da montanha para o lago. Uma orquídea, flor que desponta na natureza brasileira, preenche o centro do arranjo. Montanha, terra e plantas vão em direção à lagoa. “Toda a grande natureza é representada neste minúsculo vaso” – diz a mestre. 6 7 Um novo cenário para o varejo Esta é uma ikebana linear feita com flores e folhas de helicônia, proteáceas e camarões amarelos. “A característica desse arranjo é não inclinar as plantas para frente. Elas devem ficar emparelhadas de forma perpendicular ao vaso”. COLUNA DO AUGUSTO AKI Ikebana e seus estilos ORIGEM A ikebana surgiu no século VI como forma de oferenda em altares e templos para cultuar Buda. No começo, era praticada pelos monges e samurais e ganhou divulgação para o público em geral no Japão, a partir dos salões de chá, e depois nas escolas públicas. Possuía formas rígidas que com o tempo, foram se flexibilizando, o que originou vários estilos de arranjo. Alguns dos mais conhecidos são: RIKKA No arranjo Rikka pinheiros, pinus, cedros, bambus ou ciprestes são utilizados para representar paisagens e cenários naturais. NAGEIRE Neste arranjo a haste de cada flor fica isolada, a fim de mostrar seu crescimento natural. Realça a beleza da flor como se encontra na natureza. As partes são tão importantes quanto o arranjo como um todo. OHARA O estilo Ohara nasceu durante a abertura do Japão para o ocidente (1867 a 1912). Seu criador, Unshin Ohara, era escultor em Osaka. Mas sua saúde frágil acabou dando ao mundo um dos mestres mais notáveis do ikebana. Sua primeira peça (que inaugurava o formato conhecido como Moribana) chocou os mestres da época porque fugia do tradicional e, segundo eles, se assemelhava a madeira empilhada. SOGETSU O estilo Sogetsu começou em 1927 e é um dos mais recentes. Permite o uso de todo o tipo de material – a flor deixa de ser flor para se tornar arte, ganhando a personalidade do artista. MORIBANA Combina os estilos Rikka e Nageire, e sugere uma paisagem natural. IKENOBO É quase um jardim ou uma vista em É o mais antigo. Surgiu há quase miniatura, sempre em harmonia 500 anos. São arranjos de flores com o ambiente. devotados aos deuses e aos antepassados, normalmente compostos Fonte: www.ikebana.org.br, www. por galhos que saem do vaso sime- CHABANA artedeeducarcomarte.com.br, tricamente e recriam um conjunto Originou-se como parte da ceri- www.aidobonsai.com de paisagens. mônia do chá, no século XVI. Composta de uma ou duas flores ou galhos num pequeno recipiente. Até meados da década de 90 um lojista precisava ser diferenciado para ganhar dinheiro. Estávamos em um cenário de demanda, ou seja, mais compradores do que ofertantes. Ter o produto era o essencial. De lá para cá muita coisa mudou. Não só aumentou a oferta de produtos como também eles começaram a aparecer em diversos canais (supermercados, internet, informais, shoppings, etc.). O resultado disso é que tanto os produtos quanto as lojas tornaram-se GENÉRICOS. Isso mesmo. Assim como os remédios dessa categoria, a oferta passou a ser pressionada pelo preço e a diferenciação desmoronou. Passamos a fase do mercado ofertante, onde o cliente tem sempre outras opções. Nessa era, é o marketing e o empreendedorismo que farão a diferença. O problema é que a maioria de nós aprendeu a fazer varejo no cenário anterior e ainda não está preparado para esse novo mundo. Um cenário cruel: • A fidelidade foi embora • As margens foram embora • Os custos aumentaram • Os funcionários podem não estar sendo os mais produtivos • Faz-se mais com menos, e nessa correria, aumentam os erros. Você pode receber gratuitamente o formulário de autoavaliação de estratégia de mercado para aplicar na sua empresa. Basta mandar um email para nosso endereço. HÁ UMA LUZ.... Com o crescimento de renda da classe C houve mais dinheiro para o consumo. Essa mesma classe C também abriu novos negócios, e assim aumentou a massa de concorrentes, principalmente nos bairros e nas cidades pequenas. Esse consumo era básico no início dos anos 2000, mas depois vem evoluindo. É aí que começam a surgir as pistas de como você pode mudar esse jogo: • Como a vida está mais corrida, as pessoas querem mais conveniência e economizar tempo (oportunidade para serviços) • O crescimento da classe C aconteceu principalmente pelo ganho de renda da mulher (oportunidade para segmentar seu mercado) • As pessoas querem recompensas pelo esforço diário que a vida está exigindo. Surge uma nova e poderosa forma de consumo. É o consumo do EU MEREÇO. Ele está concentrado em segmentos como: moda. Tecnologia, relacionamento, bem estar e sexo (oportunidade para recompor a fidelidade através da geração de conteúdo sobre esses temas para diferenciar sua oferta e para personalizar sua relação com os consumidores). Os pequenos varejos dificilmente terão condições de ter o menor preço da cidade, pois, para isso, temos que ter logística para movimentar grandes volumes e como as lojas têm em média até 100m², isso fica impraticável. Assim, é na oferta direcionada e nos produtos especiais que estarão os focos para quem quer crescer e ganhar espaço sobre a concorrência. Para saber como chegar lá, você precisa começar com uma auditoria de seu modelo de negócios. Você pode aplicar o Modelo Canvas para analisar seu negócio. Veja vídeo em http://www.youtube. com/watch?v=CWvg_9XV87U Ser empresário é diferente de ser um empreendedor. Para isso é preciso entender que o marketing do seu negócio precisa mudar: 1) Antes era suficiente ter o produto em um local bem localizado. 2) Agora estamos na fase onde o relacionamento é gerado pelo fornecimento de conteúdo e o valor é construído pelas facilidades de compra. 3) Daqui a pouquinho o segredo estará centrado no acolhimento que as equipes oferecerem aos clientes e na diferenciação dos processos internos. Ser empresário é saber fazer isso acontecer! Capacite-se, supere-se e inove. Augusto Aki Consultor de foco no mercado www.negocioscomflores.com.br Foto: Paulo de Siqueira Os jardins caseiros e a estética sem conservantes Cintia M. de Siqueira Rosa, alecrim, camomila, lavanda, hortelã... Elas curam, acalmam, hidratam a pele e equilibram a saúde trazendo beleza e harmonia para o corpo e para os ambientes onde são cultivadas. Não é à toa que a artista plástica Janine Kuryu Anacleto foi à floricultura e investiu em mudas para forrar o jardim da casa onde vive em Pinhais, na região de Curitiba. O espaço não é muito grande, mas tem de tudo: babosa, lavanda, alecrim, hortelã, além de uma infinidade de temperos. E a pele dessa brasileira de traços orientais vai muito bem, obrigada: “faço sempre compressas de camomila para ali- viar as olheiras e uso a lavanda para limpar e acalmar a pele”. Marido de Janine, o empresário Marcelo Leonhardt é amigo fiel da babosa que decora o quintal: “consumo sempre o gel que tem dentro da folha da babosa quando tenho azia. Passa na hora, é um santo remédio” - conta. A relação entre plantas, beleza e saúde é milenar. A Babosa, segundo historiadores, é tida como o grande segredo cosmético de Cleópatra, no Antigo Egito. Já uma mistura de água de rosas, cera de abelha e óleo de oliva originou o primeiro creme facial do mundo, formulado pelo médico grego Cláudio Galeno, que viveu em Roma no século I d.C. Galeno batizou sua criação de Unguento Refrigerans, que tra- “ Consumo sempre o gel que tem dentro da folha da babosa quando tenho azia. Passa na hora, é um santo remédio. duzindo, significa “pasta refrescante”. E foi assim que nasceu a fitocosmética, aos poucos substituída pela indústria química e agora redescoberta por uma nova corrente de pesquisadores como a mestre em química Cassia Cubas Jonck. Ela especializou-se em cosméticos e plantas medicinais para dermatologia e criou uma linha de produtos de beleza feitos como o unguento de Galeno: à base de plantas. “Eu sempre convivi com pessoas que buscavam uma forma de vida mais saudável. Minha mãe teve câncer de mama quando eu tinha 11 anos e após ser desenganada pela medicina tradicional, ter sofrido muito com a cirurgia, a quimio e a radioterapia, voltou-se para os tratamentos alternativos, e foi o que a salvou. Os médicos não tinham dado a ela mais do que seis meses de vida. Já faz mais de 20 anos que isso aconteceu e ela ainda está aqui entre nós” - conta. A experiência concedeu a Cassia uma certeza: sim, plantas curam e prolongam a vida! E sem causar tantos danos ao corpo quanto os remédios e cosméticos tradicionais. “A validade dos cosméticos comuns gira em torno de 2 a 3 anos, o que os torna um investimento com baixo risco de perdas. Isso nos leva a ver produtos com até cinco tipos diferentes de conservantes, sem contar os antioxidantes e estabilizantes. Os conservantes têm a função principal antifúngica, ou seja, anti-vida, e existem estudos que provam que excesso de antioxidante tem efeito oxidante e isso causa envelhecimento” – explica Jonck. Um paradoxo escondido nas letras minúsculas das bulas de cremes, xampus e outros cosméticos industrializados... Ainda bem que, ao contrário do que faz a indústria da beleza, cuidar da pele com extratos vegetais ricos em substâncias criadas pela própria natureza para proteger as Foto: Paulo de Siqueira 9 10 11 plantas significa dobrar a proteção natural da pele, e o melhor: o efeito é de longo prazo, o que não acontece com os cosméticos comuns, que entregam resultado imediato mas causam envelhecimento com o passar dos anos. Em geral, os fitocosméticos levam um ou nenhum conservante em sua formulação, e possuem validade de 6 meses a um ano. Já as fórmulas caseiras feitas com as plantas do “jardim da beleza” devem ser utilizadas no mesmo dia em que forem preparadas. “Sempre use e descarte no mesmo dia, pois a tendência é ocorrer oxidação e formação de ácidos que queimam a pele. Nunca use frutas cítricas na pele e no cabelo, pois podem causar manchas quando reagem com o sol, mesmo um dia depois da aplicação” – alerta a especialista. Com esses pequenos cuidados, um espacinho qualquer no quintal ou mesmo um jardim dentro do apartamento, cultivado em vasos ou floreiras, pode se transformar em arsenal de beleza. Máscaras, decocções e infusões de ervas limpam, tonificam, refrescam e hidratam o corpo. Uma grande variedade de plantas com efeito cosmético e terapêutico está aí, disponível para decorar ambientes e esperando para tratar a pele ou ir para a panela como chá medicinal. As receitas são simples e as dicas podem ser repassadas, nos pontos de venda, aos clientes que aderirem à fitocosmética artesanal. E que tal criar um cantinho na floricultura ou no garden só com espécies para cultivar a horta da beleza? Por seu potencial cosmético e medicinal, as plantas são a principal fonte de vida em terapias como a medicina ayurvédica. Leia a entrevista sobre esse assunto na página 11, veja as receitas a seguir e...saúde! “ Nunca use frutas cítricas na pele e no cabelo, pois podem causar manchas quando reagem com o sol. ” Foto: Paulo de Siqueira RECEITAS DO JARDIM DA BELEZA Cintia de Siqueira Babosa ( Aloe vera ) – Rica em vitamina E, é ótima para hidratar o rosto, corpo e cabelo. A babosa pode ser cultivada em vasos. Não gosta de muita água. Deve ser irrigada duas vezes por semana. Utiliza-se o gel contido dentro da folha, que pode ser armazenado. Receita: 1 – Tire uma folha inteira de babosa 2 – Lave com 2 gotas de detergente 3 – Tire os espinhos laterais com uma faca 4 – Retire a camada amarelada do gel 5 – Corte o gel em cubinhos 6 – Enrole no papel filme 7 – Use 1 cubinho para hidratação facial 8 – Guarde o resto no congelador Camomila – Descansa os olhos, clareia olheiras e diminui irritações 12 e alergias da pele. A planta deve ser irrigada quatro vezes por semana. Na pele, age como calmante e refrescante. Também contém apigenina, um composto amarelo que realça e dá brilho aos cabelos loiros. Receita: 1 – Pegue 3 galhos de camomila e coloque em 1 saquinho de pano 2 – Adicione 250 ml de água 3 – Deixe o saquinho de molho na água por 2 horas na geladeira 4 – Faça compressas várias vezes ao dia 5 – Não precisa enxaguar Lavanda – Relaxante, a lavanda é um poderoso calmante para o corpo e a mente. Você pode retirar alguns galhos da sua lavanda, misturar na água, deixar agir por 30 minutos e depois aplicar no corpo. A planta deve ser irrigada quatro vezes por semana. Alface – Não serve apenas para comer, mas também para acalmar a pele. As mudas precisam de irrigação cinco vezes por semana. Receita: 1 – Junte 3 folhas de alface água 2 – Das folhas, faça um chá com 300 ml de água 3 – Aplique o chá ainda morno no rosto, com ajuda de gaze ou algodão 4 – Deixe agir por 20 minutos Hortelã – Além de fazer muito bem para a digestão, é usada na cosmética pra refrescar, limpar e melhorar a elasticidade da pele. A plantinha também precisa de rega frequente: cinco vezes por semana. Receita: 1 – Junte duas colheres de folhas frescas picadas de hortelã 2 – Ferva um copo de água e adicione a hortelã 3 – Deixe descansar por 30 minutos 4 – Aplique no rosto 5 – Não precisa enxaguar Malva – Poderoso emoliente. Além de cuidar da beleza, ela também é medicinal, agindo como um antisséptico. Pode ser usada para fazer gargarejo para acalmar irritações da boca e amigdalas. Irrigue a malva cinco vezes por semana. Receita de tônico facial: 1 – Junte duas colheres de folhas frescas picadas de malva 2 – Ferva um copo de água e adicione a malva 3 – Deixe descansar por 30 minutos 4 – Aplique no rosto 5 – Não precisa enxaguar Para os cabelos: podem ser lavados uma vez por semana com chá de: alecrim e sálvia (cabelos escuros), camomila ou calêndula (cabelos sensíveis e mistos), bardana (cabelo claro e oleoso), arnica (cabelo oleoso), hortelã (refresca e limpa), hamamelis e cavalinha (cabelos mistos a oleosos). As plantas realçam a cor, mas dificilmente colorem os fios brancos. Porém, cabelos que sofreram o tratamento de luzes ficam com a fibra capilar aberta, mais propensa a alterações de cor. Então, se quiser manter as luzes, use camomila ou bardana. Mas ser quiser escurecer os fios, use alecrim ou sálvia. Serviço: Cassia Jonck produz os fitocosméticos personalizados da marca InBell (http://www.inbell. blogspot.com.br/) sob encomenda. Contato pedidos: quimicassia@ gmail.com Telefones: GVT - (021) 2717-5333 / Tim - (021) 8191-3833 15 PLANTAS AROMÁTICAS: P ERFUME NATURAL NA DECORAÇÃO DE FESTAS E EVENTOS Paulo de Siqueira Em uma igreja em Brasília, no Distrito Federal, um aroma encanta os convidados durante a celebração de um casamento: é o alecrim do mato, ou do campo, que decora a igreja. O perfume da planta, que também é usada como tempero, se faz sentir em todo o ritual e se torna a sensação do momento. Já em um jantar na cidade de São Paulo, os noivos escolheram manjericão para decorar as mesas do salão. Queriam diferenciar na decoração e a planta foi eleita por causa do aroma característico. Marcelo Yamamura, produtor de plantas aromáticas, dentre as quais se incluem o alecrim e o manjericão, explica que esse tipo de planta é usado cada vez mais como decoração. “É comum, desde um ano atrás, receber pedidos de grandes encomendas para decorar festas e cerimônias de casamento. Nós que trabalhamos com elas, já estamos acostumados com os aromas, nem sentimos mais, mas quem não está, diz que é muito bom”. Yamamura trabalha no segmento há cinco anos em Holambra, São Paulo, e desde que iniciou, teve um crescimento de 400%. Ele explica ainda que nos últimos anos está acontecendo uma divulgação “natural”, em programas de televisão como o de Ana Maria Braga, na Rede Globo. Eles buscam se adaptar aos novos padrões culturais dos brasileiros, trazidos pela ascensão social de classes no país. “A culinária brasileira avançou bastante, está usando muitos condimentos diferenciados. Os brasileiros não ficam mais só na salsinha e cebolinha. Hoje, a nova Classe C mudou o estilo da comida brasileira, utilizando outros tipos de temperos”, diz. E falando em novos hábitos, além de decorar ambientes, plantas aromáticas também são usadas para garantir uma maior qualidade de vida. O brasileiro procura, mesmo que sua casa ou apartamento sejam pequenos, cultivá-las em vasos, canteiros externos, ou ainda, em jardins verticais. A vantagem, explica Yamamura, é que uma planta cultivada em casa é diferente das compradas em mercados ou na feira por estar 100% livre de agrotóxicos. Porém, como cultivar em casa esse tipo de planta? Muito simples, explica Yamamura. “É necessário que elas estejam em um ambiente de bastante iluminação. E tomem muito sol, pelo menos meio período. A rega deve ser moderada. Após a rega, é necessário deixar escorrer bem o excesso d’água. A adubação dever ser quinzenal, na proporção de 4 x 14 x 8. Pode ser usada também uma mistura de farinha de ostra com torta de mamona”. Mas é preciso atenção em plantas que são de sombra, como a hortelã, o poejo e a melissa. Elas não podem tomar a luz do sol diretamente e gostam da exposição solar no início da manhã. Manjericão, alecrim, salsão, hortelã, pimenta, sálvia, tomilho. Todos podem ser plantados em vasos, jardineiras ou jardins verticais. A melhor adubação é a orgânica. Sálvia e tomilho podem ser regados a cada dois dias. A pimenta gosta de bastante espaço. O salsão precisa ser regado diariamente, já o oréganos exige pouca água. O manjericão não desenvolve bem em temperaturas muito baixas. Já o alecrim é muito resistente e dispensa maiores cuidados. Com todas essas ervas, a casa fica cheirosa e a cozinha, sempre bem temperada. 17 F loricultura Capim Limão: Foto: Paulo de Siqueira Lasanhas, risos e flores... Paulo de Siqueira — Neiva, o rapaz que veio fazer a entrevista está aqui. — Ah! Entra, por favor. Enquanto ia conversar com a administradora da Floricultura Capim Limão, o rapaz observava Névio, o irmão de Neiva, ajeitando, compenetrado, alguns vasos de plantas na entrada da loja. Tudo tinha que estar bem organizado e harmônico para receber os primeiros clientes do dia. Fazia cinco anos que os dois irmão haviam decidido montar a Floricultura Capim Limão, que para a alegria deles, estava indo de vento em popa, graças ao bom atendimento que prestavam a seus clientes. Alguns deles nem eram do bairro Ahu: vinham de outras regiões de Curitiba, e voltavam só porque tinham gostado de conversar com os irmãos. Em sua mesa na sala da administração, que dá de frente para a janela onde se pode ver o interior da floricultura, Neiva vira para contar sua história. — Meu sobrenome é Brendler, é Alemão. Comecei no setor trabalhando com um cunhado, que tinha uma empresa de engenharia e nela, além dos trabalhos normais de engenharia, havia outros dois setores: um de comercialização de flores para consumidores finais e outro de paisagismo. Tornei-me respon- Foto: Paulo de Siqueira sável pela parte das flores. Antes de trabalhar na Arte Vegetal Jardins ela era uma vendedora experiente e por isso foi chamada para trabalhar na empresa do cunhado. Durante o tempo que trabalhou lá, adquiriu a experiência necessária para, mais tarde, junto com o irmão, abrir o seu próprio negócio. “Em dois mil e oito eu e meu marido começamos a buscar um terreno para alugar e construir as instalações necessárias para a floricultura. Andávamos de moto pela região, para ver qual terreno alugar. Quando víamos que algum era interessante, parávamos para olhar melhor e conversar com os vizinhos. Queríamos mais informações”. Depois de muito circular, encontraram um que parecia ser ideal. Ele ficava na rua Alberto Foloni. Tinha uma espécie de estacionamento que um rapaz cuidava. Foram conversar com o rapaz. — No mês que vem eu vou entregar o terreno para a proprietária. Ela mora a duas quadras daqui. O casal não teve dúvida, foram direto falar com a proprietária, dona Ariclê. — Olha, tem um pessoal lá no terreno que está difícil de tirar — disse a proprietária. — Estivemos lá conversando com o rapaz do estacionamento e ele falou que vai sair no mês que vem. — Nossa, que boa notícia! Então eu ligo para vocês. Dois meses passaram sem que Neiva tivesse notícias do terreno da senhora Ariclê. Quando ela e o marido estavam em uma imobiliária para fechar o contrato de aluguel de outro terreno, a proprietária ligou. - Ó, se vocês quiserem o terreno, venham aqui que a gente pode negociar. 18 “ Pago a vista para pegar os cinco por cento de desconto. Esse valor eu repasso para os clientes. ” Foto: Paulo de Siqueira O casal saiu correndo da imobiliária, sem assinar os papéis, e foi direto fechar negócio com Ariclê. O terreno dela era maior do que aquele que iriam alugar na imobiliária. Estão lá até hoje. E a escolha foi fundamental: um ponto de esquina na Alberto Foloni, onda passam muitos carros e com muitas vagas para estacionar na rua. Goethe escreveu que quando uma pessoa desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a força de sua alma, todo o universo conspira a seu favor. Com os irmãos Brendler, alemães como Goethe, foi assim... Quando estavam montando a loja, antes mesmo de ela ficar pronta, os vizinhos já começaram a comprar. Era o sinal que o negócio iria prosperar. Desde que iniciaram, nunca precisaram investir mais dinheiro na loja do que o ponta-pé inicial. A receita de sucesso de Neiva, que quando conta, ri e faz brilhar seus grandes olhos azuis, é a seguinte: — Não sei se é o certo para todo mundo, mas para mim funcionou: quando compro, pago tudo à vista. Não parcelo, não dou cheques prédatados. Aprendi isso com meu pai, que dizia que se tivesse dinheiro, comprava, se não tivesse, não comprava. Sigo essa regrinha básica dele, porque acho que cartão de crédito é um perigo... Também pago à vista para pegar os cinco por cento de desconto. Esse valor eu repasso para os clientes. Aqui na loja nossa política é de ter preços bem competitivos. Deu certo: no ano de 2012, Neiva e o irmão tiveram que ampliar as instalações, que hoje ocupam todo o terreno de dona Ariclê. A floricultura possui um quadro de de sete funcionários. Dentre eles estão o casal Paulo e Eliane, que foram os primeiros a chegar. Todos os dias, depois da escola, a filha do casal vai até a floricultura para almoçar e ficar com os pais. A equipe é como se fosse uma grande família. Todos almoçam juntos na cozinha que os irmão Brendler construíram para a equipe, riem e sentem prazer em trabalhar na Floricultura. Para celebrar essa amizade, às vezes Eliane prepara - para a alegria de todos, deliciosas lasanhas... Momentos felizes como as flores, momentos cheirando a massa caseira, a respeito e profissionalismo, a Capim Limão. Dados do setor Fonte: Ibraflor / Veiling Holambra O último boletim do Instituto Brasileiro de Floricultura, o IBraflor, divulgado em outubro, traz os números do comércio de flores em setembro de 2013. A venda de plantas de corte sofreu um pequeno decréscimo em relação ao mesmo mês do ano anterior, enquanto que as flores em vasos e as plantas ornamentais continuam crescendo. Setembro Entre as flores em vaso, as mais vendidas foram as kalanchoes (2.360.929 unidades), violetas PT11 (740.703), orquídeas phalaenopsis (421.296), lírios (299.954) e rosas-mini (268.503). Em termos de crescimento, o líder foi o antúrio, cuja venda subiu 36,2% em relação a setembro do ano passado. A venda de kalanchoes (+16,5%) e violetas (+13,9%) também cresceu no comparativo. Já as flores de corte com melhor desempenho foram as rosas Porcentagem 12/13 (5.791.460 unidades), alstroemérias (2.847.334) e lírios (1.025.142). Os maiores índices de crescimento foram o da alstroeméria, cuja venda aumentou 14,5% em relação a setembro de 2012, e o do crisântemo, que cresceu 6%. As plantas ornamentais com maior aceitação do consumidor foram as suculentas (199.645), ervas aromáticas (178.131) e cactus (147.372). Destaque para a palmeira, cuja venda aumentou 195,9% em relação a setembro do último ano. Quantidade 2013 Quantidade 2012 Flores de vaso +10,5% 6.763.764 6.118.401 Flores de corte -0,9% 13.762.504 13.890.287 +4,8% 1.502.536 1.433.200 Plantas ornamentais 21 Plantas que atraem pássaros: Afelandra-coral, alegria-dejardim, asistásia, ave-do-paraíso ou flor-do-paraíso (Strelitzia) brinco-de-princesa (Fuchsia), babosa, bromélia-imperial, caliandra, camará (Lantana), camarão amarelo, camarão-vermelho, esponjinha, kalanchoe, flor-de-maio ou de-outubro, helicônia, hibisco-colibri, ixora, ipê, jacobínia, jasmim amarelo, manto-rei, madressilva, primavera (Bougainvillea), russélia, sapatinho-de-judia, sininho ou lanterninha (Abutilon). Hibisco Bromélia Lantana Afelandra Helicónia Tumbérgia Russélia Jasmim amarelo Brinco-de-princesa Fonte: Sincomflores Primavera: estação dos pássaros A profusão de flores multicoloridas que brota no calor da primareva/verão é um paraíso dos pássaros. O cenário é ideal para atraí-los para as varandas, quintais e jardins das casas, das praças, dos canteiros públicos e das ruas. Para isso, basta escolher as espécies certas. Os pássaros possuem uma boa visão de cores, por isso, as flores que atraem as aves são sempre as muito coloridas. Em regra geral, toda flor que nos atrai, também atrai os pássaros, sejam rosas, crisântemos, violetas, orquídeas. Mas algumas outras espécies também têm esse efeito. As de cor amarela e vermelha, com tamanho grande, são preferidas pelos voadores, por conterem bastante néctar. O néctar é uma substância aquosa secretada por glândulas das plantas. Ele é utilizado por várias espécies de aves, insetos e mamíferos como fonte de água e carboidratos – energia. Essas glândulas, em muitas plantas, ficam nas flores, e ao buscar o néctar, os animais acabam arrastando com eles o pólen de uma flor para outra, realizando a polinização. De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecária, Embrapa, “a polinização é a transferência de grãos de pólen das anteras de uma flor para o estigma (parte do aparelho reprodutor feminino) da mesma flor ou de uma outra flor da mesma espécie. As anteras são os órgãos masculinos da flor e o pólen é o gameta masculino. Para que haja a formação das sementes e frutos é necessário que os grãos de pólen fecundem os óvulos existentes no aparelho reprodutor feminino”. Resumindo, é o sexo das flores. É para buscar o néctar, atuando como distribuidor natural de pólen, que o beija-flor, principal pássaro polinizador do planeta, desenvolveu o longo bico que consegue penetrar na flor para beber o néctar. A estação quente é propícia também para atrair belas borboletas e outros insetos. “Você quer atrair borboletas? Existem quatro ou cinco espécies bem específicas que são próprias para borboleta, como as lantanas. Beija-flores? Abélias, russélias e callistemons chamam esses pequenos pássaros. É uma dinâmica diferente no jardim: uma hora vem o beija-flor, noutra vêm as abelhas e em outra vêm as diferentes cores de borboletas” – diz o paisagista Guto Ciccarino. Algumas plantas, por proteção, produzem o néctar nas folhas e caules, e não nas flores. É o caso dos gêneros cróton e passiflora. Isso acaba atraindo formigas que atacam quaisquer outros insetos ou predadores para proteger sua fonte de açúcar. Na próxima edição, uma reportagem especial falará sobre as pragas da estação e como proteger nossas plantas. Por hora, veja ao lado as espécies mais indicadas para atrair pássaros polinizadores nos centros urbanos. Cardeal Amarelo Sanhaço-de-encontro 22 23 Finados Venda de crisântemos aumenta vinte vezes no feriado de Finados Cintia de Siqueira Trabalho. Muito trabalho. Semanas antes do feriado de Finados, toda a cadeia de produção, distribuição e comercialização de flores está mobilizada, funcionando a todo o vapor. Na distribuidora Almeida Flores, em Colombo, uma logística especial foi estruturada para garantir o fornecimento de crisântemos em vaso – de longe, a flor mais Foto: Paulo de Siqueira vendida na data. “Nós vendemos três, quatro mil vasos por semana. Com a proximidade do dia de Finados, passamos a vender 80 mil vasos. Então a logística é estrondosa. Você tem que ter uma estrutura de espaço físico de barracão, de transporte, de pessoas. Até o próprio cliente, a floricultura, precisa de um espaço físico diferenciado para esse momento” – explica Wagner Almeida, proprietário da distribuidora. Com o volume vinte vezes maior que o normal, o trabalho de distribuição aos pontos de venda começou dez dias antes do feriado. A equipe de funcionários tra- balha ininterruptamente, 24 horas por dia. Neste ano, para garantir o abastecimento, a frota de 25 caminhões foi ampliada para 40, com o aluguel de 15 veículos especialmente para a data. Como o crisântemo em vaso ocupa um espaço considerável, uma carreta transporta 7200 vasos, um truque, 4300, um Toco 2500 e uma Kombi, 240 vasos. A venda na distribuidora para Finados equivale, então, a 11 carretas ou 333 Kombis. Os crisântemos brancos e amarelos - os mais vendidos, respondem por 50 a 60% do volume transportado. E o tamanho mais procurado pelo consumidor é o pote número 15. Foto: Paulo de Siqueira Finados e a dengue é praticamente zero hoje. Vende-se menos em Finados do que no dia a dia. Em compensação, de quinze anos para cá, o crisântemo em vaso só vem crescendo, porque ele não usa água, ele é terra, é substrato. Então ele está só ganhando espaço. Não é à toa que, a cada ano, a proDe acordo com o distribuidor, dução de crisântemos em vaso vem quinze anos atrás as flores de corte crescendo de 10 a 20%, tranquilaeram preferidas pelo consumidor mente” – explica Almeida. no dia de Finados. Vendia-se muito gladíolo - a palma tradicional, o Prazo para Limpeza de túmucrisântemo e outras espécies corlos tadas. Mas com o aumento do número de casos de dengue em todo O prazo para as famílias limpao país, o comportamento do con- rem, pintarem ou fazerem reparos sumidor mudou: o hábito de levar em túmulos para Finados encerflores de corte aos cemitérios caiu ra no dia 30. “No dia 31, não será muito porque o consumidor se permitida a lavação de túmulos, conscientizou de que manter flores somente será permitida a limpeza em vasos com água pode contribuir com pano úmido e cera”, informa a para a proliferação do mosquito diretora do departamento de Seraedes aegypti, causador da doença. viços Especiais da Secretaria Mu“Inclusive a venda da flor de corte nicipal do Meio Ambiente, Patrícia Carneiro. A manutenção só poderá ser retomada após o feriado. Ela informa ainda que, no dia de Finados (02/11), os portões dos cemitérios estarão abertos das 7h às 18 horas. Os cemitérios em Curitiba Curitiba possui 19 cemitérios particulares e quatro municipais. O São Francisco de Paula é o cemitério mais antigo da cidade, fundado em 1853. Ele contém 5,7 mil túmulos e 74,7 mil sepultados. Criado em 1950, o Cemitério do Boqueirão conta com aproximadamente 5,8 mil túmulos e 39,2 mil sepultados. O Santa Cândida, inaugurado em 1957, possui atualmente 8,6 mil túmulos e 106,4 mil sepultados. O Água Verde, inaugurado em 1888, tem aproximadamente 12 mil túmulos e 96,9 mil sepultados. Fonte: Serviço Funerário Municipal