aspectos técnicos e econômicos da agricultura orgânica

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aspectos técnicos e econômicos da agricultura orgânica
Texto elaborado e publicado em 2002
ASPECTOS TÉCNICOS E ECONÔMICOS DA AGRICULTURA
ORGÂNICA: OPORTUNIDADES, ENTRAVES E POTENCIAIS1
Eli Lino de Jesus2
INTRODUÇÃO
Em anos recentes, o crescimento do mercado e da produção de produtos
orgânicos a taxas de 30 a 50% ao ano (Lampkin, 1999) pode ser explicado por
diversas razões, entre elas: a) demanda dos consumidores por alimentos mais
saudáveis e nutritivos; b) necessidade da construção de um modelo de
desenvolvimento rural mais harmônico e sustentável, mas também c) o objetivo dos
agricultores e comerciantes de maximizarem seus lucros, obtendo prêmios por
produtos diferenciados no mercado.
Fenômenos recentes ocorridos principalmente na União Européia, como a
doença da “Vaca Louca” e a febre aftosa, somados às intensas discussões políticoeconômicas e técnico-científicas em torno dos organismos geneticamente
modificados, têm levado os consumidores em todo o mundo a buscarem uma maior
qualidade em sua alimentação. Neste contexto é que a Agricultura Orgânica (AO) se
coloca, de forma definitiva, como uma importante opção no cenário agrícola nacional
e internacional, merecendo algumas reflexões sobre seus aspectos técnicos e
econômicos, avaliando-se algumas contradições e algumas oportunidades, além de
possíveis entraves e potenciais. Evidentemente, estas questões são aqui tratadas de
forma resumida, sem nenhuma pretensão de esgotar este debate, nem de propor
soluções definitivas, caso elas venham a existir.
ALGUNS ASPECTOS HISTÓRICOS
A AO surgiu no cenário internacional já há muitos anos, sendo considerado um
marco fundamental o lançamento do famoso livro de Sir Albert Howard, “An
Agricultural Testament”, em 1940. No entanto, os trabalhos de Howard com AO
foram iniciados muito antes, no início do século passado na Índia, onde Howard
trabalhava como cientista do sistema de pesquisa agrícola inglês, visto ser a Índia, à
época, uma colônia do Império Britânico (Jesus, 1985, 1996). Em torno do trabalho
de Howard, organiza-se na Inglaterra um movimento muito importante, liderado pela
“Soil Association”, fundada em 1946, e que buscava estabelecer uma clara ligação
entre a forma como os alimentos são produzidos, a saúde humana e o equilíbrio
ambiental. A “Soil Association” também estabeleceu os primeiros padrões para a
produção de alimentos orgânicos (Lampkin, 1994a). Não é objetivo deste artigo
1
Artigo publicado em “Programa de Defesa Ambiental:Textos Orientadores”. Brasília:
MMA/FNSA, pp. 201-220, 2002.
2
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Agronomia – Ciência do Solo pela UFRRJ/ Embrapa
Agrobiologia. Consultor Autônomo em Agroecologia. ([email protected])
1
Texto elaborado e publicado em 2002
apresentar as diversas correntes, escolas, ou linhas filosóficas das formas de
agricultura não convencionais, entre elas a AO, as quais surgiram como uma reação
aos métodos agrícolas modernos ou industriais, pois são muitas (Biodinâmica,
Biológica, Regenerativa, Natural, Permacultura, etc.). Aos interessados em
aprofundar este assunto, recomenda-se, entre outros, os seguintes autores: Jesus
(1985, 1996a, 1996b); Bonilla (1992); Ehrlers (1999) e Assis (2002).
O livro de Howard esteve também ligado ao nascimento do movimento de AO
nos EUA, pois foi a partir de sua leitura que Rodale iniciou seus trabalhos, os quais
deram origem a uma série de eventos importantes, como a revista “Organic
Gardening”, uma editora com uma série enorme de publicações, além dos centros de
pesquisa, entre eles, Kutztown, em Emmaus, Pennsylvania, em associação com a
universidade deste estado americano. A IFOAM, Federação Internacional para os
Movimentos de AO, fundada em 1972, com sede em Tholey-Theley, na Alemanha, já
há muitos anos é responsável pelo estabelecimento dos padrões internacionais para
a produção, venda e estocagem de produtos orgânicos.
No Brasil, o movimento de AO, assim como as diversas outras correntes ou
linhas filosóficas, passou a ter maior visibilidade nos anos 70s e principalmente nos
anos 80s, com a organização dos três encontros de Agricultura Alternativa (1981,
1987 e 1989), coordenados pela FEAB (Federação das Associações de Engenheiros
Agrônomos do Brasil) e pela FEEAB (Federação dos Estudantes de Agronomia do
Brasil). Embora as primeiras iniciativas de produção e comercialização tenham
surgido já nos anos 70s (Conatura-RJ, em 1979 e Coolméia-RS, em 1978), o
mercado de produtos orgânicos passou a consolidar-se nos anos 90s, com uma
melhor estrutura de comercialização e investimentos no setor (Jesus, 1996a). Já nos
anos 80s, surge, em 1985, no Rio de Janeiro a ABIO (Associação de Agricultores
Biológicos do Estado do Rio de Janeiro) e em São Paulo, em 1989, a AAO
(Associação de Agricultura Orgânica), com o objetivo de apoiar, assessorar,
comercializar e, posteriormente, certificar a produção orgânica.
Na área da pesquisa agrícola e da formação am AO, destacam-se, no Brasil, a
Embrapa Agrobiologia, que partindo de estudos de microbiologia do solo e
principalmente de fixação biológica de nitrogênio, além da utilização de matéria
orgânica, converteu-se em anos recentes num centro de pesquisa de AO e
Agroecologia, tendo instituído, juntamente com a UFRRJ e a PESAGRO-RJ, a
“Fazendinha km 47”, uma unidade de pesquisa que se destina ao estudo e difusão
da AO, estabelecida em 1993. Em 1995, começou a funcionar na UFRRJ, em seu
Instituto de Agronomia, Departamento de Fitotecnia, o primeiro curso de pósgraduação em Agroecologia do Brasil, já com cerca de 15 teses de mestrado e
doutorado defendidas ou em andamento. Na UFSC, no CCA (Centro de Ciências
Agrárias), funciona o Curso de Pós-Graduação em Agroecossistemas, no qual
também têm sido estudados e difundidos métodos de agricultura mais equilibrados e
em especial voltados às pequenas propriedades, tão comuns em Santa Catarina e
em muitas regiões do Rio Grande do Sul e do Paraná. Em outras universidades,
como na ESALQ-USP e na UNICAMP, existem já há algum tempo disciplinas que
enfocam a produção orgânica (ESALQ) ou a Agroecologia (UNICAMP).
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ALGUNS ASPECTOS TÉCNICOS
A IFOAM (Federação Internacional dos Movimentos de Agricultura Orgânica),
assim estabelece seus princípios para a produção orgânica:
a.
Produzir alimentos de elevada qualidade nutricional, em quantidade
suficiente.
b.
Trabalhar a favor dos sistemas naturais, e não contra os mesmos,
buscando a sua dominação.
c.
Manter e aumentar a fertilidade dos solos.
d.
Utilizar o máximo possível, os recursos renováveis do próprio local.
e.
Trabalhar na reciclagem máxima possível, buscando sistemas de
circuito fechado, no que se refere à matéria orgânica e aos nutrientes.
f.
Dar aos animais as condições de vida que lhes permitam desempenhar
todos os aspectos de comportamento que lhes são inerentes.
g.
Evitar todas as formas de poluição que possam advir das técnicas
agrícolas.
h.
Manter a diversidade genética dos sistemas agrícolas e de suas
vizinhanças, incluindo a proteção das espécies silvestres de plantas e de
animais.
i.
Permitir aos agricultores um retorno adequado e satisfatório pela sua
atividade, o que inclui um ambiente seguro de trabalho.
j.
Considerar os aspectos mais amplos dos impactos sociais e ambientais
da atividade agrícola.
Seria necessário um espaço muito maior do que se dispõe aqui para descrever
o grande número de técnicas utilizadas na AO, no entanto, apresenta-se um resumo
de algumas delas, aplicadas com o objetivo de alcançar os princípios acima
estabelecidos, ou pelo menos, aproximar-se dos mesmos:
ADUBAÇÕES ORGÂNICAS
Constituem a base da fertilidade dos solos e podem ser realizadas de diferentes
maneiras, seja através da aplicação direta de esterco animal, seja através da sua
compostagem, ou mesmo com o uso de Adubos Verdes, especialmente as
leguminosas, as quais incorporam grandes quantidades de nitrogênio aos sistemas
agrícolas. Outra forma é o uso de adubos orgânicos líquidos, biodigeridos ou não,
aplicados ao solo com equipamentos especiais.
A utilização do adubo orgânico resultante da reciclagem do lixo urbano
domiciliar, infelizmente, é muito pouco praticada no Brasil, pois os processos de
coleta e disposição de lixo são muito primitivos, o que impede a sua utilização
agrícola.
O uso criterioso dos adubos orgânicos permite a reciclagem e a melhoria das
condições dos solos (químicas, físicas e biológicas). A utilização dos fertilizantes
minerais, permitidos pelas normas gerais da AO, como os termofosfatos, os fosfatos
naturais, as farinhas de ossos, o calcário, etc., permitem uma nutrição vegetal e
animal equilibrada e garantem produtividades muito próximas àquelas obtidas nos
sistemas de produção agrícola industriais.
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ROTAÇÃO DE CULTURAS
Este é outro princípio fundamental da AO, pois garante um melhor equilíbrio
ecológico. Era uma prática muito utilizada, especialmente na Europa, mas que foi
abandonada com a modernização, que trouxe os produtos químicos, tanto os
fertilizantes industrializados de alta solubilidade, quanto os agrotóxicos, os quais
acompanhados de diversas práticas, permitiram um maior controle do ambiente,
levando à adoção das monoculturas, como uma regra geral. Outra conseqüência da
utilização intensiva dos fertilizantes foi o abandono da associação agricultura e
pecuária, a qual aumentava a biodiversidade e o equilíbrio ecológico, além de
permitir a reciclagem da matéria orgânica.
Entre alguns dos princípios importantes da rotação de culturas, Lampkin
(1994a), com algumas modificações, ressalta:
a. Espécies com sistema radicular profundo deveriam seguir aquelas com
sistema radicular superficial.
b. Deve-se alternar espécies com elevada biomassa radicular com outras de
baixa biomassa, com o objetivo de estimular a mesofauna (p. ex. minhocas).
É o caso da rotação de culturas anual com uma cobertura de
gramíneas/leguminosas (p. ex. trevo/azevém).
c. Espécies com alta capacidade de fixação de nitrogênio devem fazer parte
do sistema no sentido de buscar a independência de fontes externas de N.
d. Deve-se buscar proteger ao máximo o solo.
e. Deve-se buscar um arranjo vegetal, nas rotações, que possa suprimir ou
evitar a ocorrência de doenças vegetais, através das plantas companheiras e
dos sinergismos positivos.
f.
Deve-se buscar um equilíbrio entre as espécies comerciais, as espécies
utilizadas para a melhoria do sistema (e.g. leguminosas) e as pastagens,
respeitando as condições do mercado.
g. Adotar práticas de cultivo mínimo de plantio direto.
CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS
Este é outro pilar fundamental da AO, assim como a fertilização orgânica e o
manejo das espécies no sistema através da rotação de culturas. É certamente o
maior problema da agricultura moderna, pois é no controle das pragas, doenças e
invasoras que se utiliza uma enorme quantidade de produtos de alta toxicidade ao
homem e ao ambiente. Na AO, os problemas com pragas e doenças são
minimizados, exatamente pelo maior equilíbrio, dada a maior diversidade de
espécies, variedades e a presença dos animais. O uso de variedades resistentes ou
adaptadas é uma providência lógica, embora muitas variedades desenvolvidas
através dos princípios da Revolução Verde (alta resposta aos insumos de alta
solubilidade) sejam ainda capazes de produzir razoavelmente sob manejo orgânico.
Entretanto, há muita pesquisa e investimento, agora até de grandes grupos, no
desenvolvimento de variedades melhor adaptadas às condições da AO.
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Mesmo assim, caso surjam problemas mais graves, há algumas práticas e
produtos que podem ser utilizados e que são aceitos pela legislação da internacional
(IFOAM, Codex Alimentarius) e nacional (Instrução Normativa do MMA - Ministério
da Agricultura e do Abastecimento). Segundo Lampkin (1994a), os extratos vegetais
(confrei, nim, cavalinha, cebola, fumo, urtiga, camomila, etc) são utilizados com
sucesso no controle de diversas pragas (p. ex. pulgões, ácaros e tripes). Produtos
como o Agrobio ou Supermagro, além de promoverem um controle de algumas
doenças vegetais, também funcionam como adubações foliares. Ingham (2000)
descreve o uso de “chá de composto” no controle de antracnose, requeima, míldio,
etc.
As tradicionais calda sulfocálcica e calda bordalesa são permitidas sob certas
circunstâncias e controle, pois enxofre e cobre podem acumular-se nos solos
(Lampkin, 1994a).
Os controles biológico e microbiológico constituem outras possibilidades, mas
como na AO há uma grande preocupação com o equilíbrio ecológico, este tipo de
controle é estimulado e ocorre freqüentemente. O uso de alguns produtos, como o
Bacillus thuringiensis, é permitido sob certas condições, mas crescem as evidências
do surgimento de insetos resistentes a esse agente de controle (Lampkin, 1994a).
CONTROLE DE INVASORAS
O controle de plantas invasoras é outra área fundamental e de impossível
inserção na AO, pois o uso de herbicidas, que revolucionou o controle das ervas
invasoras, não é permitido. O elevado custo da mão-de-obra, nos países
desenvolvidos, torna obrigatória a utilização da mecanização, havendo uma
infinidade de tipos de cultivadores, utilização de fogo para queima das invasoras, uso
de cobertura morta, uso de cobertura viva, etc.
O plantio direto sem o uso de herbicidas, assim como as técnicas de cultivo
mínimo, são algumas das importantes opções de que dispõem os praticantes da AO
em sua luta contra as invasoras. Estas técnicas foram inicialmente utilizadas apenas
na produção de cereais, como o milho, a soja, o trigo, etc., mas atualmente diversos
trabalhos estão desenvolvendo sua aplicação em olerícolas (Vittoi, 2002).
Segundo Lampkin (1994a), nas propriedades cultivadas organicamente há a
presença de muitas ervas invasoras, sendo que poucas apresentam problemas
econômicos em relação à produção agrícola, e as que apresentam problemas são as
mesmas que predominam nos sistemas convencionais. Desta forma, o uso dos
herbicidas promove e seleciona as espécies dominantes, destruindo aquelas de
baixa importância econômica, mas de elevado interesse ecológico.
Em Países menos desenvolvidos, nos quais a mão-de-obra é abundante e
relativamente barata, é possível controlar as invasoras com custos compatíveis,
utilizando-se as técnicas acima descritas, assim como a mão-de-obra disponível.
MANEJO ANIMAL
Com relação ao manejo animal, há menos estudos no Brasil do que no caso
dos vegetais. Mesmo assim, há uma tradição no uso da pastagem, ao contrário do
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Texto elaborado e publicado em 2002
que ocorre na Europa e em muitas regiões dos EUA, tendo sido exatamente o uso
excessivo de alimentos protéicos e de origem animal uma das causa da “Doença da
Vaca Louca”. O sistema de pastoreio rotativo, conhecido como “Pastoreio Racional
Voisin”, que alguns preferem chamar de “Pastoreio Rotativo Voisin”, constitui um
método muito eficaz, equilibrado e eficiente de produzir laticínios e carne, havendo
muita experiência acumulada, em especial nos Estados do Sul (RS e SC,
principalmente) sendo o CCA-UFSC uma referência no tema, através dos trabalhos
de diversos professores (Pinheiro Machado, Vicenzzi, Schmidt e Ribeiro entre
outros). Na UPF (Passo Fundo, RS) há uma série de trabalhos realizados pelos
professores Sório e Hoffmann.
Com relação ao tratamento das doenças, começam a surgir diversos
profissionais da Medicina Veterinária que utilizam a Homeopatia para o tratamento
animal, aliada a outros métodos, com resultados animadores.
A CERTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO ORGÂNICA
A certificação da produção orgânica constitui um dos aspectos importantes da
AO, pois ela garante, ou pelo menos deveria garantir, a autenticidade e a segurança
aos consumidores. No Brasil, travou-se, e ainda trava-se, longo debate a respeito da
certificação, pois além de diversos interesses envolvidos, há o problema da baixa
renda da produção familiar que precisa ser enfrentado. Para a exportação, não há
possibilidade de escapar da certificação oficial, mas para a venda no mercado
nacional, vem funcionando uma certificação “informal” e gratuita, como a realizada,
entre outros, pela EPAGRI-SC. Outra experiência inovadora é a Rede Ecovida de
Agroecologia, também de Santa Catarina, que promove a chamada “certificação
participativa”. Para a exportação, esta “certificação participativa” poderia enfrentar
problemas com a legislação, pois a mesma exige que os organismos certificadores
não participem da produção/distribuição, nem serviços ou assistência técnica
(Campanhola & Valarini, 2001).
Atualmente, segundo Ormond et al. (2002), atuam no Brasil cerca de 17
certificadoras de produtos orgânicos, como pode ser visto na Tabela 1.
Em 1993, ao final do governo Itamar Franco, foi lançada pelo Ministério da
Agricultura uma proposta de normalização para a produção orgânica, através de uma
Portaria, que causou intenso debate entre as entidades envolvidas com a produção e
assessoria na área da AO e do desenvolvimento rural. Esta Portaria acabou não
entrando em vigor, mas desencadeou um processo que culminou com a elaboração
da Instrução Normativa nº 7, de 17/05/1999, que constitui o amparo legal
governamental para a produção, o processamento, a fiscalização, o controle e a
certificação da AO no Brasil. Também foi instituído o Órgão Colegiado Nacional de
Produtos Orgânicos Vegetais e Animais (designado em 27/11/2000, pela Portaria nº
42 do Secretário da Defesa Vegetal do Ministério da Agricultura e do Abastecimento),
assim como os Colegiados Estaduais, que deverão ser estabelecidos por suas
respectivas Secretarias da Agricultura. Esses órgãos são responsáveis pelo
credenciamento das instituições certificadoras (Campanhola & Valarini, 2001).
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Texto elaborado e publicado em 2002
Tabela 1. Certificadoras que atuam com Agricultura Orgânica no Brasil
Certificadoras
Local na Rede/ Endereço Eletrônico
AAO (São Paulo)
www.aao.org.br
www.agriculture.gouv.fr
www.abio.org.br
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
www.coolmeia.com.br
[email protected]
www.ibd.com.br
[email protected]
[email protected]
www.mokitiokada.org.br
www.certificacionoia.com
[email protected]
[email protected]
AB (Paris, França)
ABIO (Niterói,RJ)
ANC (Campinas, SP)
APAN (São Paulo, SP)
BCS (Piracicaba, SP)
Chão Vivo (Sta.Maria do Jetibá, ES)
Coolmeia (Porto Alegre, RS)
FVO (Recife, PE)
IBD (Botucatu, SP)
IHAO (Chapada dos Guimarães, MT)
IMO Control do Brasil (São Paulo, SP)
MOA (Rio Claro, SP)
OIA (São Paulo, SP)
Sapucaí (Pouso Alegre, MG)
SKAL (Barreiras, BA)
Fonte: Ormod et al., 2002.
ALGUNS ASPECTOS ECONÔMICOS
Na União Européia, o mercado de produtos orgânicos já movimenta algo em
torno de US$7,3 bilhões e, mundialmente, algo em torno de US$ 15,6 bilhões. O
número de propriedades, na Europa, já passou de 6.300, em 1985, para mais de
100.000, em 1998. Espera-se que, em 2005, 10% de toda a agricultura da Europa
Ocidental, seja orgânica. A Áustria praticamente já alcançou este patamar e a Suíça
e a Suécia, estão próximas deste valor (Lampkin, 1999).
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Texto elaborado e publicado em 2002
A situação da AO nos EUA, embora consideravelmente mais desenvolvida do
que na maioria dos países subdesenvolvidos, quando comparada com a Europa, não
deixa de transparecer um menor desenvolvimento, já que a enorme área agrícola
norte-americana, aliada ao gigantesco mercado, faria supor uma maior área.
Comparando-se dados da tabela 2 de 1997 dos EUA, com dados da tabela 3, da
Europa, em 1995, vemos que países de pequenas dimensões, como a Áustria e
mesmo a Alemanha, apresentavam áreas cultivadas com AO superiores àquelas dos
EUA (Lampkin, 1999; Greene, 2001).
Tabela 2. Agricultura orgânica, biológica, ecológica e biodinâmica na
União Européia (UE) e outros países europeus, em hectares.
País
Áustria
Alemanha
Bélgica
D
i
n
a
m
a
r
c
a
Espanha
Finlândia
França
Grécia
Holanda
Irlanda
Itália
Luxemburgo
Portugal
Suécia
Reino Unido
UE
Noruega
Suíça
Islândia
Liechtenstein
Bulgária
Chipre
1985
1987
10.000
29.100
500
293.877
276.718
1.371
4.340
28.000
2.140
17.000
1.000
45.000
0
2.450
1.000
5.000
350
200
4.500
6.000
111.580
500
3.000
n. d.
n. d.
n. d.
n. d.
28.000
85.000
3.500
11.000
5.000
115.000
500
3.000
56.751
32.476
963.124
7.000
25.000
n. d.
n. d.
n. d.
n. d.
8
1995
345.377
389.693
6.4
18
64.329
2001 *
271.959
546.023
20.
263
165.258
152.
105
102.335
165.405
60.307
12.385
10.000
334.176
594
9.191
117.669
106.000
2.301.363
11.706
71.790
n. d.
n. d.
n. d.
n. d.
380.8
38
147.423
370.000
24.800
27.820
32.355
1.040.377
1.030
50.002
171.682
527.323
3.777.144
20.523
95.000
3.400
690
500
52
Texto elaborado e publicado em 2002
Rep. Tcheca
Estônia
Hungria
Letônia
Lituânia
Malta
Polônia
Romênia
Eslováquia
Eslovênia
Turquia
Total Geral
n.
n.
n.
n.
n.
n.
n.
n.
n.
n.
n.
n.
d.
d.
d.
d.
d.
d.
d.
d.
d.
d.
d.
d.
n.
n.
n.
n.
n.
n.
n.
n.
n.
n.
n.
n.
d.
d.
d.
d.
d.
d.
d.
d.
d.
d.
d.
d.
n. d.
n. d.
n. d.
n. d.
n. d.
n. d.
n. d.
n. d.
n. d.
n. d.
n. d.
n. d.
165.699
9.872
47.221
20.000
4.709
0
22.000
1.000
60.000
5.200
21.000
4.140.101
Lampkin, 1999; para 1998, eram previstos, mais de 3.000.000 ha na UE,* Estimativa Schmidt e Willer (Stiftung Ökologie &
Landbau), 2001. n. d. : não disponível
Tabela 3. Agricultura Orgânica nos EUA.
Certificadoras
EUA (Total) Acres
EUA (Total )
Hectares:
40
40
Área com
Agricultura
Orgânica
850.177
209.994
Área com
Pastagem (Nat.
ou Artificial)
496.385
122.607
Área
Total
1.346.558
332.600
Fonte: Greene, 2001 (ERS, USDA (Economic Research Service, United States Department of Agriculture, 1997).
Observação: para transformar acre em hectares, usou-se: acre x 0,247 = hectare.
Segundo Pollan (2001), o mercado de produtos orgânicos nos EUA estaria
movimentando cerca de US$ 7 bilhões anualmente, deixando efetivamente de ser
encarado como uma abordagem romântica da agricultura e passando a ser
considerado como um importante e crescente “nicho” de mercado, no qual grandes
empresas querem investir. Este mesmo autor afirma que os produtos geneticamente
modificados têm provocado uma verdadeira corrida dos consumidores aos produtos
orgânicos, pois desta forma eles têm a segurança de estarem consumindo alimentos
isentos de modificações transgênicas.
No Brasil, segundo Darolt (2001), a situação em termos de agricultores
credenciados na produção orgânica seria aquela apresentada na Tabela 4, onde se
observa o número de produtores, mas não a área. Verifica-se nesta Tabela que o
destaque é para os Estados do centro-sul do Brasil, coincidentemente local onde
foram desenvolvidas as primeiras experiências brasileiras com AO. Além disso,
percebe-se ainda que o Paraná detém atualmente mais da metade dos produtores
orgânicos certificados do país, fato este que está relacionado ao desenvolvimento
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Texto elaborado e publicado em 2002
recente da produção orgânica de soja neste Estado, a ponto desta cultura ser hoje o
principal produto orgânico exportado pelo Brasil.
Tabela 4: Estados brasileiros e número de agricultores orgânicos certificados.
Estado
Número de Produtores Certificados
Paraná
2.400
Rio Grande do
Sul
800
São Paulo
800
Rio de Janeiro
120
Espírito Santo
100
Santa Catarina
100
Distrito Federal
50
Outros
130
Total
4.500
Fonte: Darolt (2001).
Infelizmente, as estatísticas brasileiras nesse sentido são escassas e pouco
confiáveis, na medida em que o crescimento do movimento de agricultura nãoconvencional tem sido muito intenso em anos recentes. Durante os anos 90s, o
crescimento desses movimentos dava-se a taxas de cerca de 10% ao ano, mas a
partir do final da última década as taxas pularam para cerca de 50% ao ano,
impulsionadas pela conscientização dos consumidores, pela maior organização dos
produtores e consultores, pelo sistema de credenciamento e certificação, assim
como pela legislação em vigor. Além disso, fenômenos como o da “Vaca Louca” e da
Febre Aftosa na Europa, além do debate sobre os alimentos transgênicos, têm
propiciado uma maior visibilidade aos produtos orgânicos.
Segundo o IBD (1999), estariam sendo certificados 30.000 ha na América
Latina, correspondentes a 1.500 produtores, com uma receita anual de cerca de R$
40.000.000,00/ano. Esta informação é compatível com os dados de Darolt (2001),
que relata serem 2.000 produtores e 60.000 ha certificados, mostrando uma rápida
evolução de 1999 para 2001. Entre os produtos certificados (IBD, 1999), os principais
são: açúcar, suco de laranja, soja, óleo de dendê, café, hortaliças, banana, tangerina,
mate, acerola e guaraná.
Além dos produtos agrícolas em si, os insumos “orgânicos” também começam a
constituir um mercado importante, com adubos foliares, compostos, produtos para
controle de insetos e doenças, fortalecedores vegetais, entre outros. Ainda segundo
o IBD (1999), as propriedades certificadas na América Latina estão localizadas na
Argentina, Bolívia, Brasil, México e República Dominicana.
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Texto elaborado e publicado em 2002
A ECONOMICIDADE DA AGRICULTURA ORGÂNICA
Uma avaliação econômica atual dos sistemas orgânicos de produção é
dificultada pelo fato de que os dados disponíveis na literatura representam um outro
momento, no qual a valorização dos produtos orgânicos não era tão expressiva.
Lampkin (1994) afirma que, para o Reino Unido, os sistemas orgânicos de produção
são mais diversos quando comparados com os sistemas convencionais, e
apresentam uma menor produtividade (Tabela 5). Os custos de mão-de-obra são
mais elevados, mas eles não seriam compensados pela diminuição dos custos dos
insumos, aplicados nos sistemas convencionais. Em alguns casos, na Inglaterra, é
possível aos produtores orgânicos atingirem uma renda semelhante àquela dos
produtores convencionais, mas para alguns tipos de cultivos de cereais, alguns
produtos hortícolas e para produção intensiva de animais, há ainda uma diferença de
rentabilidade econômica, mais favorável aos sistemas convencionais.
Tabela 5. Comparação das produtividades de propriedades orgânicas e
convencionais na Grã-Bretanha (ano 1989).*
Cultura
Orgânico**
-1
Convencional***
Relação (Conv.=100)
-1
(t.ha )
(t.ha )
Trigo
Inverno
de
3,73
6,16
61
Trigo
Primavera
de
3,24
4,95
65
Cevada
Inverno
de
3,09
5,31
58
Aveia
3,59
4,41
81
Feijão
1,97
2,96
66
Batata
18,98
51,27
37
Cenoura
19,19
-
-
Cebola
27,41
49,47
55
* Fonte: Fonte: Murphy (1992) citado por Lampkin, 1994.
** Cultivos orgânicos produzidos em propriedades parcialmente ou totalmente orgânicas.
*** Cultivos convencionais produzidos em propriedades parcialmente orgânicas.
Na Alemanha, por outro lado, Padel & Zerger (1994) afirmam que, em média, as
propriedades em produção orgânica são tão rentáveis quanto aquelas em produção
11
Texto elaborado e publicado em 2002
convencional (Tabela 6). As menores produtividades das culturas aráveis são
compensadas pelos menores custos dos insumos e pelos preços mais elevados,
obtidos pelos produtos orgânicos. Na produção de leite, as menores produtividades
são compensadas pelos menores custos dos insumos, sendo a produção leiteira
uma atividade tão excepcional, que em alguns casos a rentabilidade pode ser
mantida sem acesso aos preços especiais dos produtos orgânicos. No entanto, é
preciso lembrar que as propriedades orgânicas apresentam menores lotações
(animais por hectare), além de oferecerem menores retornos por hectare. Poucas
informações quanto ao mercado de produtos orgânicos estão disponíveis a respeito
de outras produções animais.
Tabela 6. Margem bruta da produção agrícola e leiteira de propriedades orgânicas
comparadas com propriedades convencionais no norte da Alemanha
(1991/92).*
-1
Atividade
Agrícola
Orgânica (MA. ha )**
Trigo de Inverno
2.812
1.548
182
Centeio
Inverno
de
2.597
999
260
Trigo
Primavera
de
2.158
1.218
177
Aveia
2.304
831
277
Outros Cereais
2.431
-
-
Feijão
1.857
967
192
Batata
11.584
4.983
232
Cenoura
11.644
-
-
Outras olerícolas
2.285
-
-
3.322
2.279
146
Leite
Convencional
-1
(MA.ha )***
(MA.vaca
-
12
Relação
(Convencional=100)
Texto elaborado e publicado em 2002
1
***)
* Fonte: Padel e Zerger, 1994
** Marcos alemães por hectare
*** Marcos alemães por vaca.
Ainda segundo Padel & Zerger (1994), os maiores custos com mão-de-obra e
maquinaria não representam aspectos acessórios dos sistemas orgânicos de
produção, mas precisam ser vistos como diferenças estruturais desses sistemas.
Anderson (1994) relata que, nos EUA, as propriedades orgânicas, em média,
apresentam-se ligeiramente menos rentáveis do que as propriedades convencionais.
Embora, em muitos casos, as menores produtividades dos sistemas orgânicos
possam ser equilibradas pelos menores custos de produção. Os programas agrícolas
federais têm historicamente incentivado os agricultores a utilizar os recursos naturais
além de sua capacidade de renovação, usar áreas marginais e grandes quantidades
de insumos químicos, muitas vezes de forma ineficiente.
Segundo o mesmo autor, as leis agrícolas mais recentes começaram a
estabelecer pagamentos aos agricultores que estão vinculados à conservação
ambiental. Entretanto, os agricultores orgânicos ainda estão fora desses benefícios.
Sua única vantagem é o fato dos consumidores concordarem em pagar um preço
extra, um “prêmio”, em apoio ao uso de métodos produtivos ambientalmente mais
adequados.
Considera-se que se o desgaste dos recursos naturais fosse incluído nos
cálculos de rentabilidade, a AO ou a Agricultura de Baixo-Uso-de-Insumos (chamada
em alguns círculos de Sustentável), nos EUA, poderia ser tão competitiva, ou mesmo
superior, aos sistemas agrícolas convencionais, com o que concordam Anderson
(1994) e Faeth et al. (1991). Estes últimos autores realizaram uma contabilidade
ambiental de diferentes sistemas de produção e concluíram que um superavit pode
transformar-se facilmente num déficit, caso sejam incorporados os custos ambientais
causados pelas formas de produção da agricultura convencional.
Dados obtidos do mercado norte americano (Greene, 2001) comparam a renda
de produtores de milho. A produção orgânica proporciona cerca de 4,00 US$ por
“bushel” de milho (R$ 390,00 por tonelada) contra 1,67 US$ por “bushel” de milho
(R$160,00 por tonelada) produzido de forma convencional.
No Brasil, vantagens competitivas da AO podem ser percebidas pelo preço de
mercado da soja orgânica, que é de aproximadamente US$ 16,00 por saca (em
setembro 2001), contra cerca de US$ 9,00 por saca obtidos com a soja
convencional, ou seja, uma diferença de 66,7%. Não por acaso, esta é a cultura com
maior área orgânica cultivada atualmente no País.
Em relação ao cultivo de hortaliças, base das experiências precursoras em AO
no Brasil, Ndiaye et al. (1999) verificaram que o impacto do manejo orgânico sobre o
resultado econômico pode, em muitos casos, ser mais interessante, não só devido
ao menor uso de insumos industrializados, como também aos melhores resultados
de produtividade. Seus dados mostraram que entre sete hortaliças produzidas
organicamente, quatro apresentaram produtividades superiores ao padrão
convencional. A mesma observação foi feita por Reydon et al. (1999) com a
produção orgânica de café, na qual os custos de produção foram reduzidos, a partir
da adoção de métodos alternativos de controle fitossanitários.
13
Texto elaborado e publicado em 2002
Além disso, é importante comentar, como afirma Bateman (1994), que uma
avaliação econômica envolve diversos aspectos ligados à sociedade e não apenas o
lucro, não sendo, portanto, o mesmo que uma avaliação financeira. Assim, mesmo
que a AO seja eventualmente inviável financeiramente, há razões, especialmente
ambientais, para que seja estimulada e incentivada.
Carmo e Magalhães (1998) em extenso trabalho sobre AO no Brasil, concluem
que de modo geral, a AO e as formas não convencionais de agricultura são
eficientes, tanto tecnicamente, quanto economicamente. No entanto, esta eficiência
estaria muito mais associada aos preços diferenciados obtidos pelos produtos
orgânicos ou ecológicos no mercado, do que efetivamente às diferentes em seus
métodos e processos. Desta forma, algumas propriedades que praticam AO, mesmo
obtendo menores produtividades, ou apresentando determinadas deficiências
técnicas, conseguem viabilizar-se, através dos prêmios obtidos no mercado.
O MERCADO ORGÂNICO: IDEOLOGIA VERSUS REALIDADE
A discussão sobre o mercado de produtos orgânicos encerra uma velha fratura
dentro dos movimentos de agricultura não-convencional. Em boa parte, a origem
destes movimentos esteve sempre ligada à contestação dos sistemas dominantes,
não apenas do ponto de vista tecnológico, mas também socioeconômico, cultural,
ambiental, etc. Neste aspecto, para diversas correntes do movimento “rebelde”, o
sistema capitalista sempre foi considerado pouco confiável e, em casos extremos,
até mesmo como um “inimigo”. Entretanto, o capitalismo tem demonstrado um
dinamismo, uma flexibilidade e uma capacidade de adaptar-se às diferentes
transformações culturais e sociais, que não foi apresentada pelos sistemas políticos
não-capitalistas, vide o desmoronamento do Bloco Soviético, principal país do
“socialismo real”.
É interessante também notar que, dentre todas as diferentes correntes de
agricultura não-convencional (Orgânica, Biológica, Biodinâmica, Ecológica, Natural,
etc.), nenhuma delas surgiu dentro do chamado “socialismo real”, sendo que nesses
sistemas os modelos agrícolas foram caracterizados pela violenta adoção de
métodos e práticas de dominação, controle e submissão da natureza, sendo a
grande propriedade, a monocultura, o uso de máquinas, agrotóxicos, fertilizantes
solúveis, práticas tão comuns quanto em países capitalistas mais avançados.
Segundo Shannin (1999), o uso de insumos, na ex-União Soviética, continuou
aumentando, mesmo quando já não havia aumentos nas produtividades, o que
apenas confirma as dificuldades do “socialismo real”, tanto quanto do capitalismo, em
equacionar os problemas agrícolas juntamente com os problemas ambientais3.
A China constitui uma exceção a esta regra, pois criou um modelo agrícola
muito em função de suas diferentes realidades locais e baseado na reciclagem de
nutrientes, inclusive com o desenvolvimento de sistemas como o biogás/biodigestor.
Entretanto, com o fim da era “Mao”, iniciada em fins dos anos 70s por Deng Xiao
3
O desastre do Mar de Aral, a intensa poluição industrial, o acidente nuclear de Tchernobil, são mais
alguns exemplos da falta de consciência e controle ambiental, que predominava nos países do
“socialismo real”.
14
Texto elaborado e publicado em 2002
Ping, os métodos da agricultura industrial foram maciçamente difundidos na China,
com conseqüências ainda imprevisíveis para a sustentabilidade agrícola e a
segurança alimentar de longo prazo (Chang, 1992).
Outra exceção no mundo do “socialismo real” é Cuba, que após o
desmoronamento da União Soviética e da “cortina de ferro”, viu-se tolhida da
cooperação internacional e foi dado o início ao “período especial”, que incluiu entre
suas diretrizes, o estabelecimento de um modelo agrícola sustentável, tendo sido
escolhida a Agroecologia como o novo paradigma a ser adotado em toda a
agricultura cubana, constituindo-se num exemplo único e num verdadeiro
“laboratório” em larga escala, com resultados animadores conforme apresentados
por Rosset (1993) e Jesus (1994).
É evidente que para uma boa parte dos movimentos de agricultura nãoconvencional, por terem uma origem ligada à contestação do sistema dominante, o
fato da AO tornar-se um cobiçado “nicho” de mercado de grandes grupos capitalistas
causa uma espécie de frustração, algo semelhante àquela causada pela
transformação dos movimentos de contracultura dos anos 60s em fonte de lucro e
exploração capitalista. No Brasil, este é um fenômeno relativamente recente, em
função do mercado de produtos orgânicos só ter alcançado maior visibilidade mais
recentemente, mas nos países desenvolvidos este embate vem sendo enfrentado há
algum tempo.
De um lado estão os que defendem uma relação mais pessoal entre
consumidores e produtores, que podem ser chamados de “ambientalistas puristas”,
de outro, há aqueles que têm uma visão de expansão do mercado ou do “negócio
orgânico”, apregoando a certificação dos produtores e o credenciamento de
instituições certificadoras. Para estes, o mercado é o propulsor do movimento
orgânico, de forma que somente com a certificação/credenciamento e ampliação
deste mercado será possível uma diminuição dos preços e uma massificação deste
tipo de agricultura, com conseqüências positivas locais, regionais e globais. Há ainda
aqueles oriundos do movimento político de base, que apregoam a revolução social e
sentem-se incomodados com as ações de comércio e mercado de produtos
orgânicos. Estes últimos constituem os chamados “ecossocialistas” (Figura 1).
Percepções Relativas ao Mercado de Produtos Orgânicos
EcoSocialistas
Ambientalistas
Negócio
Puristas
Orgânico
15
Texto elaborado e publicado em 2002
Figura 1. Correntes relativas as diferentes percepções da função do mercado de
produtos orgânicos.
Este embate opôs em algum momento a IFOAM (Federação Internacional de
Movimentos de Agricultura Orgânica) e as organizações ligadas ao movimento
Biodinâmico, na Europa, de um lado, e de outro, as instituições de cunho mais
socialista, na Espanha e especialmente na América Latina, como o MAELA
(Movimento Agroecológico Latino Americano). Enquanto o MAELA, passada a “onda”
da ECO-92, vai ficando cada vez menos atuante e menos articulado, a IFOAM vai
firmando-se, na medida em que o mercado orgânico vai ganhando mais visibilidade e
ocupando espaço nos meios de comunicação de massa e nas gôndolas das grandes
redes de supermercados.
Os limites da produção orgânica poderiam ser criticamente avaliados e, num
ponto extremo, poderíamos imaginar um produtor que não hesitaria em mudar seu
sistema de produção, ao descobrir a possibilidade de vender seus produtos por um
preço cerca de dez vezes maior. Este agricultor passaria a substituir o NPK pelo
composto orgânico e pela cama de aviário, cinzas e termofosfato ou fosfato de rocha.
Para o controle de pragas e doenças, aplicaria o arsenal de produtos permitidos nas
normas de produção orgânica. Mas, continuaria a explorar um sistema com baixa
diversidade e até mesmo com uma monocultura. Continuaria a manter uma relação
trabalhista convencional, assim como as outras relações intra e extra propriedade.
Poderia ser o caso de uma exploração orgânica “elitista”, mas não seria sustentável.
Não é possível pensar uma exploração agrícola sem mercado, mas há que se
repensar a forma de relacionamento com este mercado. Nesse sentido, é
interessante analisar a figura do mercado “justo” (fair trade) que tem ganhado força
em alguns países europeus. Este segmento não dá uma importância grande ao
controle rigoroso da presença de agrotóxicos, mas tem uma predileção por produtos
produzidos pela agricultura familiar, por camponeses e assentados.
Organizar esta produção é realmente um desafio, pois há grande necessidade
de recursos a serem concedidos a fundo perdido. Esta demanda choca-se com as
diretrizes neoliberais de abertura de mercados, atualmente predominantes, de forma
que somente seria possível a ampliação significativa deste mercado se as seguintes
condições fossem asseguradas:
a.
Que os países ricos cumprissem seus compromissos assumidos na ONU,
destinando parte de seu PIB ao desenvolvimento das nações menos
desenvolvidas (apenas os países da Escandinávia aproximam-se destas
metas).
16
Texto elaborado e publicado em 2002
b.
Que boa parte dos fundos aplicados no desenvolvimento fosse direcionada
à capacitação do desenvolvimento do "mercado justo" e não apenas à
capacitação técnica.
c.
Que os países pobres tivessem como meta dar aos seus agricultores as
condições e os conhecimentos que permitissem um modelo de produção
sustentável, baseado em processos agroecológicos, e paralelamente
pudessem garantir processos de comercialização que permitissem ao
agricultor apropriar-se de uma maior parcela dos lucros gerados por sua
atividade.
O discurso da AO, considerada como um empreendimento, um negócio, é de
certa forma chocante para os primeiros adeptos do movimento em torno das formas
não-convencionais de agricultura, que foram oriundos de movimentos ambientalistas
e socialistas extremamente críticos em relação ao capitalismo, os quais sentem um
enorme desconforto com o lucro e com o modus operandi desse sistema. O
crescimento da produção orgânica que vai sendo dominado por grandes redes de
supermercados e grandes redes atacadistas, ou mesmo por pequenas empresas que
vêm se firmando neste mercado, provoca um certo descontentamento nesses
setores mais ligados a uma certa nostalgia em relação ao movimento “vanguardista”
dos anos 60s e 70s, que desbravaram, com muita dificuldade, os caminhos da AO
(Assis, 2002)
Desconfortos à parte, estamos submetidos e vivemos sob um regime capitalista
e se quisermos o avanço e a evolução das formas de agricultura não-convencionais,
não poderá ser por outra via, que não através da organização da produção e da
distribuição desses produtos através do mercado. A carência de cooperativas ou
associações de consumo e de produção que funcionem a contento, infelizmente,
impedem modelos e formas de organização, as quais mesmo sob sistemas
capitalistas, poderiam representar alternativas muito interessantes, inclusive unindo
os consumidores e os produtores, como demonstram algumas experiências na
América
do
Norte
(“Consumers
Supported
Agriculture”)
(consultar:
www.umass.edu/umext/csa/ ).
No modelo de comercialização de produtos orgânicos, há a presença dos
certificadores entre os intermediários e os comerciantes finais. Estes certificadores
são responsáveis por garantir a qualidade orgânica e a ausência de agrotóxicos nos
sistemas produtivos, visto ser este o quesito mais valorizado pelos consumidores
deste “nicho” de mercado. Evidentemente, a presença deste “elemento a mais” no
processo provoca um encarecimento dos produtos orgânicos, mas não é o único
fator responsável por esse sobrepreço. O outro, se refere a uma questão de
oportunidade, explorada pelos produtores–intermediários e comerciantes. Isto é,
17
Texto elaborado e publicado em 2002
algum agente do mercado (consumidor) está disposto a pagar um preço maior por
um produto diferenciado (orgânico) e algum outro agente de mercado (produtor) está
disposto a produzir esses produtos (orgânicos), seja por razões filosóficas ou
ideológicas, ou puramente econômicas.
Esta questão – preço mais elevado do produto orgânico do que seu equivalente
convencional –, tem sido o maior problema ligado ao mercado de produtos orgânicos,
tanto do ponto de vista da ampliação do mercado (do lado dos consumidores),
quanto da crítica dos movimentos ecossocialistas.
Um argumento bastante eficiente desses movimentos críticos é o de que a
produção de alimentos deveria ser direcionada à alimentação da população brasileira
e não à exportação. Neste ponto, esta crítica faz coro à outra crítica, mais tradicional,
de que o país produz alimentos, mas possui entre seus habitantes uma larga
presença de famintos e mal nutridos, devendo ocupar-se do abastecimento interno,
antes da exportação. Esta crítica está correta, no entanto, percebe-se que há muito
mais um problema de acesso aos alimentos, isto é, um problema de renda, do que
um problema de produção.
Produzir alimentos não significa exatamente alimentar a população, pois os
caminhos da distribuição e do consumo estão dissociados, uma vez que para
consumir é preciso ter renda. A soja, por exemplo, é em boa parte exportada para
alimentar frangos, suínos e bovinos na Europa, e não diretamente para alimentar
seres humanos. Evidentemente, esses animais serão consumidos, na forma de
carne, ovos, leite e laticínios. Parte desta soja, quer direta ou indiretamente, poderia
ser destinada à alimentação de brasileiros, mas a falta de renda interna faz com que
seja exportada, atendendo aos mercados internacionais.
Dessa forma, a crítica de que primeiro dever-se-ia alimentar a população
brasileira para somente depois pensar em exportar a produção orgânica não traduz
efetivamente o funcionamento do mercado, pois os agricultores, intermediários e
comerciantes, incluindo-se aqui os exportadores, dispondo de um mercado que lhes
pague um preço diferenciado, tratarão de maximizar sua renda, atendendo a este
mercado.
Outro problema, transformado em severa crítica aos modelos de produção
orgânica, é o que a caracteriza como tendo um cunho elitista. Neste caso, o que se
afirma é que, ao estabelecer um mercado diferenciado, convencional versus
orgânico, cria-se com o sobrepreço deste último uma sociedade na qual alguns (a
elite, seja econômica ou intelectual) têm acesso a um produto privilegiado, enquanto
que a população em geral terá que se conformar com o consumo de um produto
carregado com agrotóxicos e excesso de fertilizantes solúveis. É uma lógica
perversa, mas quanto mais descontrole há no mercado em geral, mais é valorizado o
mercado diferenciado e maiores preços podem ser atingidos pelos produtos
orgânicos. Esta crítica não é gratuita, pois num supermercado do Rio de Janeiro
(abril de 2002) pode ser observado o preço do tomate orgânico, embalado e selado,
de R$ 8,00 por kg, enquanto que o tomate convencional, nas mesmas condições
(embalado e selado) custava R$ 1,86 por kg. Será que o produtor orgânico está
recebendo este suave “sobrepreço” de 430% ? Certamente ele recebe, quando
muito, um sobrepreço na faixa de 30%, ficando o restante para os intermediários e
comerciantes.
18
Texto elaborado e publicado em 2002
Ormond et al. (2002) observam que enquanto que em alguns países europeus
os sobrepreços ou os “prêmios” recebidos pelos produtores orgânicos oscilaram
entre 14% e 90%, no Brasil constatou-se que em cerca da metade dos produtos
pesquisados o sobrepreço passava de 100%, e em cerca de 27% dos produtos
pesquisados, os sobrepreços passavam de 200%, sendo que nas feiras livres os
preços tendem a ser mais baixos do que nas grandes redes de supermercados.
É necessário lembrar que a informação desempenha aqui um papel muito
importante, tanto com relação aos consumidores (Assis et al., 1995), quanto com
relação aos agricultores (Assis, 2002). Junto aos primeiros verifica-se a necessidade
de aumentar o nível de esclarecimento dos consumidores em relação aos problemas
de
contaminação,
atualmente
verificados
nos
alimentos
produzidos
convencionalmente, de forma que estes possam perceber a importância de influírem,
através de mecanismos da sociedade organizada, na formulação de políticas que
favoreçam a difusão de sistemas orgânicos de produção.
Já no que se refere aos agricultores, esta importância se deve, sobretudo, às
dificuldades de acesso à informação pelos agricultores familiares, conforme ressalta
Assis (2002), na medida em que se considera este tipo de produtor mais afeito a
contribuir para uma produção orgânica que não fique restrita aos “nichos” de
mercado.
CONCLUSÕES
Modelos agrícolas não convencionais já se apresentam hoje como opção
economicamente viável ao modelo industrial de agricultura, ao mesmo tempo que
tem tido resultados extremamente animadores em termos de mercado. Este último
fato tem gerado diferentes reações nos movimentos de agricultura não-convencional,
determinando um embate entre três diferentes tendências aqui denominadas de
ecossocialista, ambientalista purista, e negócio orgânico.
Considera-se que este conflito tem se travado de forma extremamente emotiva,
o que não permite um debate construtivo para a busca da sustentabilidade da
agricultura. A análise que se faz é de que no sistema capitalista não é possível à
agricultura, enquanto atividade econômica, estar dissociada do mercado. O
relacionamento com o mercado, no entanto, não deve ser o único objetivo da AO,
nem a exploração dos “nichos” elitizados. Deve-se buscar a eficiência econômica,
mas sem perder de vista uma visão mais abrangente da inserção da AO nos
processos de desenvolvimento rural.
Para isto, faz-se necessário o estabelecimento de associações entre
agricultores isoladamente ou com consumidores, que possibilitem o aumento da
19
Texto elaborado e publicado em 2002
escala de produção da AO, de forma que esta não tenha sua comercialização restrita
apenas a determinados “nichos” de mercado.
Espera-se, dessa forma, que seja possível desenvolver uma AO que, ao buscar
eficiência econômica, não seja dissociada das questões ambientais e sociais, pois
estes foram os principais motivos para o surgimento dos movimentos de agricultura
não-convencional.
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