Financiamento de Infraestrutura a partir do mercado de capitais no
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Financiamento de Infraestrutura a partir do mercado de capitais no
Ministério da Fazenda Secretaria de Acompanhamento Econômico Coordenação-Geral de Estruturação de Projetos e Financiamentos Arthur Cury dos Santos Lopes FINANCIAMENTO DE INFRAESTRUTURA A PARTIR DO MERCADO DE CAPITAIS NO BRASIL Brasília 2013 Sumário 1 Introdução ............................................................................................................................. 1 2 O Mercado Financeiro ......................................................................................................... 2 3 O Mercado de Capitais ........................................................................................................ 4 3.1 O Mercado de Capitais no Brasil .................................................................................... 4 3.2 O Mercado Integrado Latino-americano ......................................................................... 6 4 Mercado de Debêntures no Brasil ...................................................................................... 7 5 Debêntures Incentivadas ....................................................................................................10 5.1 Legislação ......................................................................................................................10 5.2 Fluxo de aprovação dos projetos ................................................................................... 12 5.3 Situação atual das emissões .......................................................................................... 13 5.4 Principais problemas ..................................................................................................... 14 5.5 Ações mitigadoras e possibilidades de aprimoramento do modelo .............................. 15 6 Setor de Infraestrutura ...................................................................................................... 18 6.1 Logística e Transporte ................................................................................................... 18 6.2 Mobilidade Urbana ....................................................................................................... 19 6.3 Energia .......................................................................................................................... 20 6.4 Telecomunicações ......................................................................................................... 21 6.5 Radiodifusão ................................................................................................................. 22 6.6 Saneamento Básico ....................................................................................................... 22 6.7 Irrigação ........................................................................................................................ 23 7 Conclusão ............................................................................................................................ 25 Referências Bibliográficas .................................................................................................... 27 Anexos .................................................................................................................................... 28 1 1 Introdução Este artigo tem, primeiramente, como objetivo introduzir alguns conceitos básicos do mercado financeiro no Brasil e fazer comparações aos de outros países que apresentam um sistema financeiro mais desenvolvido ou que tenham elaborado medidas inovadoras para seu desenvolvimento. Esse estudo tem propósito informativo para servir de apoio aos outros tópicos que serão posteriormente discutidos mais a fundo. O objeto principal de estudo é analisar as alternativas de financiamento para o desenvolvimento do setor de infraestrutura no Brasil, em especial, analisar a Lei 12.431/11, o Decreto nº 7.603/11 e a Lei nº 12.715/12, que tiveram o intuito de fomentar as emissões das debêntures incentivadas, uma vez que os recursos públicos, via bancos oficiais, são atualmente os maiores financiadores dos projetos e o volume dos investimentos é bastante significativo para esse setor. Dentro do conjunto de análises desenvolvidas, serão estudadas algumas das medidas que vêm sendo implementadas e sugeridas alternativas para sua boa gestão e estruturação. 2 2 O Mercado Financeiro O mercado financeiro brasileiro é composto por diversas instituições financeiras, como bancos comerciais, caixas econômicas, bancos de investimento e de desenvolvimento, sociedades corretoras e fundos de investimento. Essas instituições operam de acordo com as normas definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é composto pelo Ministro da Fazenda, que preside o Conselho, pelo presidente do Banco Central do Brasil - BCB e pelo Ministro do Planejamento. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) exerce o papel de fiscalizadora no mercado de capitais. Dentre suas atribuições, constam o estímulo à formação de poupança e sua aplicação em valores mobiliários, a asseguração e fiscalização do funcionamento eficiente das bolsas de valores, do mercado de balcão e das bolsas de Mercadorias e Futuros, garantir o acesso do público a informações sobre os valores mobiliários negociados e sobre as companhias que os tenham emitido, entre outras1. Junto à CVM, o BACEN celebrou um convênio que estabelece algumas medidas regulamentadoras e cooperadoras entre as duas instituições. Essas medidas se baseiam na manifestação prévia do BACEN a respeito de normas a serem editadas pela CVM, na manifestação prévia da CVM a respeito de normas a serem editadas pelo BACEN, no intercâmbio de informações referentes a atividades desempenhadas nos mercados financeiros e de capitais, no acesso recíproco a sistemas de informação administrados por eles e na cooperação nas ações de supervisão relacionadas aos fundos de investimento2. O mercado financeiro pode ser dividido em quatro categorias: mercado de crédito, mercado monetário, mercado de câmbio e mercado de capitais. O mercado de crédito tem como principais instrumentos ou títulos a caderneta de poupança, que representa principal recurso para o financiamento de investimentos de infraestrutura habitacional, e o certificado de depósito bancário (CDB), que é um dos principais recursos utilizados pelos bancos para a captação de recursos. O mercado monetário apresenta como principal propósito o equilíbrio das reservas de moeda entre os agentes da economia, tendo como característica específica as operações de 1 2 http://www.portaldoinvestidor.gov.br/menu/primeiros_passos/papel_CVM.html http://www.bcb.gov.br/pre/acordos_e_convenios/Convenio%20BCB%20CVM%20assinado.pdf 3 curtíssimo prazo. As operações mais típicas desse mercado são os certificados de depósito interbancário (CDI), que são idênticos ao CDB, porém estão restritas ao mercado interbancário, e as operações de mercado aberto, que tem como principais títulos os emitidos pelo Tesouro Nacional, como por exemplo, as Letras do Tesouro Nacional (LTN), as Letras Financeiras do Tesouro (LFT) e as Notas do Tesouro Nacional (NTN). O Banco Central é o responsável por exercer o controle da liquidez desses títulos. O mercado de câmbio realiza as trocas de moedas estrangeiras, que suprem as necessidades de viagens e do comércio exterior. Só estão autorizadas de realizar as operações de câmbio as instituições com permissão do Banco Central. Por fim, porém de maior importância para o escopo deste artigo, trataremos nos próximos tópicos do mercado de capitais com maior enfoque em nosso país. 4 3 O mercado de capitais 3.1 Mercado de capitais no Brasil O mercado de capitais no Brasil é formado por um conjunto de instituições que investem e se financiam através da negociação de valores e títulos mobiliários. Os principais títulos negociáveis nesse mercado são as ações, que representam frações das empresas que podem ser compradas, títulos de dívida, mais conhecidos como debêntures, que representam o financiamento das empresas a partir de investidores, bônus de subscrição e outros valores mobiliários. O agente regulamentador do mercado de capitais é a Comissão de Valores Mobiliários - CVM, criada pela Lei nº 6.385/76, que tem como função regrar e promover o mercado de valores mobiliários. Outros agentes importantes para o seu funcionamento são as bolsas de valores, pois são os locais onde ocorrem as negociações dos títulos e valores mobiliários e são os responsáveis pela sua liquidez. A BM&FBOVESPA, localizada em São Paulo, é a única bolsa de valores no Brasil e está entre uma das maiores do mundo em valor de mercado. Dados levantados no final do mês de abril de 2013 mostram o ranking das bolsas de valores mundiais, seguidas de seus respectivos valores de mercado e do número de empresas listadas (Anexo 1). A BM&FBOVESPA se encontra em 12º lugar, com valor de mercado de US$1.242 bilhões e com 366 companhias listadas, abaixo de outras Bolsas, como a NYSE Euronext (EUA), que apresenta valor de mercado de US$15.572 bilhões, 2.326 companhias listadas e está classificada em 1º lugar no ranking, e a NYSE Euronext (Europa), que apresenta valor de mercado de US$3.016 bilhões, 1.064 empresas listadas e está classificada em 5º lugar3. O mercado de capitais é dividido em mercado primário e mercado secundário. O mercado primário é onde o valor ou título mobiliário é negociado pela primeira vez, ou seja, é quando uma empresa faz uma oferta pública na bolsa de valores e o investidor compra o título representativo de parte da empresa, denominada de ação, de parte da dívida da empresa, denominada de debênture, ou do direito de comprar ou vender futuramente parte dela por um 3 http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/voce-e-o-dinheiro/files/2013/05/Ranking-Bolsas-Abr-13.jpg 5 determinado preço, denominado de derivativo. Esse mercado é o único em que as empresas emissoras dos títulos são capitalizadas. O mercado secundário tem como característica as negociações realizadas entre os investidores dentro ou fora da bolsa de valores, esse último mais conhecido como mercado de balcão pelos agentes de mercado e geralmente é operado por corretoras especializadas. Essa categoria também diz respeito à liquidez dos títulos mobiliários, que representa a facilidade e a rapidez com que eles são convertidos em capital fora do prazo de vencimento, em casos como o de debêntures e de derivativos, e a qualquer momento no caso de ações. Outro ponto importante para ser abordado sobre o mercado secundário é que ele não tem vínculos com a capitalização da empresa ou com o patrimônio líquido dela, pois o título somente muda de mãos de um investidor para o outro, sendo que a empresa passa a ser apenas o papel de troca, não participando diretamente da negociação. A BM&FBOVESPA contempla suas empresas listadas em cinco segmentos. Eles são o Bovespa Mais, Nível 1, Nível 2, Novo Mercado e o segmento tradicional, que não foi criado junto aos outros. Cada segmento estabelece regras específicas para que as empresas possam fazer parte deles4. Embora não seja obrigatória a inclusão das companhias nesses grupos, o fato de pertencer a um deles tem como consequência a atração de mais investidores. Empresas listadas nesses segmentos tendem a ser mais atrativas pelos direitos e garantias, adicionais aos do segmento tradicional, que os investidores passam a ter e pela melhor qualidade de informações que são transmitidas a eles. Essas vantagens são filtradas por agências de rating que passam a ter nos seus relatórios uma melhor avaliação da companhia. O segmento Novo Mercado permite somente a presença de ações ordinárias (ON) na composição da empresa, que são as ações que possuem direito a voto, o Nível 2 permite a existência de ações ON e preferenciais (PN) com direito adicionais, sendo que as ações PN são as que garantem recebimento de dividendos, o Nível 1 permite ações ON e PN conforme a legislação, o Bovespa Mais permite a negociação e emissão somente das ações ON, no entanto, permite a existência das ações PN, e o segmento Tradicional que permite as ações ON e PN conforme a legislação. Embora o Nível 1 e o segmento Tradicional apresentem as mesmas restrições nesse aspecto, outras muitas características são atribuídas a esses segmentos (Anexo 2). O objetivo do mercado de capitais é reunir os recursos financeiros da sociedade, representados pela poupança, para as empresas se financiarem ou para outras atividades 4 http://www.bmfbovespa.com.br/empresas/pages/empresas_segmentos-de-listagem.asp 6 econômicas. O baixo nível de poupança no Brasil é um dos fatores que compromete o desenvolvimento do mercado de capitais, além de uma fraca cultura de investimentos em bolsas representada pelo país. 3.2 Mercado Integrado Latino-americano O Chile, Peru e Colômbia criaram o Mercado Integrado Latino-Americano (MILA) a fim de unir as suas respectivas bolsas de valores para criar um mercado de capitais integrado. O MILA deu início às suas operações em Maio de 2011, no entanto, apresentando suas entidades jurídicas e operacionais independentes. Os principais propósitos para sua criação foram o de oferecer uma maior oferta de valores aos investidores e de melhorar as fontes de financiamento aos emissores. A rapidez dos fluxos de capitais entre os países consequentes à unificação atraiu parte significativa dos pequenos investidores, que antes não dispunham dessas condições para investir fora do país e que também foram beneficiados pela maior quantidade de opções para a diversificação de suas carteiras, desse modo, trazendo maior liquidez para o mercado. No momento, a união conta com 553 empresas listadas, sendo que a participação Chilena é de 46,34%, a Colombiana é de 34,07% e a Peruana de 19,59%, representando um valor total de mercado de USD $699.121 milhões. O MILA vem disposto a crescer sustentavelmente e competir com as maiores bolsas da América Latina, como a Bovespa, em São Paulo, e a BVM, do México, embora esse seja o primeiro passo para uma possível integração com outros países. O Brasil pode ser um deles, pois o país se encontra em um período de grande necessidade de liquidez em seus títulos e valores mobiliários para a realização de obras de infraestrutura. Além disso, traria uma maior movimentação de capital5. Essa integração resultaria em menores custos de financiamento, maiores facilidades para o ingresso no mercado de capitais para pessoas físicas e melhor aceitação de ofertas públicas para os países participantes6. 5 6 Robert Tornabell, professor de finanças da Escola de Negócios ESADE, da Espanha. Diana P. Piedrahíta, coordenadora do Laboratório Financeiro da Universidade EAFIT, da Colômbia. 7 4 Mercado de debêntures no Brasil Debêntures são valores mobiliários que representam dívidas emitidas por uma empresa a fim de captar recursos para se financiar, podendo ser de médio ou longo prazo. Elas podem ser emitidas pelas Sociedades Anônimas (SA) com capital fechado ou aberto, sendo que apenas as de capital aberto podem realizar ofertas públicas, uma vez que foram registradas na CVM e seguem suas orientações normativas. As emissões são descritas pelas escrituras de emissão, que apresentam as condições sob as quais as debêntures foram emitidas, sendo especificados os direitos que o debenturista passa a ter, os deveres da emissora e outras informações, como o montante e a quantidade dos títulos, as datas de emissão e vencimento, os juros e as condições de amortização. As debêntures podem ser conversíveis ou não conversíveis no seu vencimento. As conversíveis representam a possibilidade de serem convertidas em ações da empresa no seu vencimento, sendo feitas, em muitos casos, quando surge a incapacidade de pagar as dívida ou para aumentar o seu capital próprio, enquanto que as não conversíveis apenas amortizam o valor integral do empréstimo feito pelo debenturista na data de emissão. Vale ressaltar que as debêntures podem ser também perpétuas, ou seja, sem prazo de vencimento. Outra classificação é a que as separam em nominativas e escriturais. As nominativas são emissões que são controladas e registradas pela empresa emissora e as escriturais são administradas por instituições autorizadas pela CVM para realizar esse serviço. Além das categorias tratadas acima, as debêntures se diferenciam em quatro espécies de acordo com suas garantias. As debêntures de garantia real têm direito de posse de todos os ativos da empresa emissora ou de terceiros, sendo descritos todos os ativos garantidos na escritura de emissão, e nas de garantia flutuante, o debenturista tem privilégio sobre os ativos da empresa, no entanto, os seus bens não ficam vinculados à emissão das debêntures, permitindo as emissoras negociarem seus ativos até o vencimento. As outras duas espécies não dão direito a garantia sobre as debêntures, mas ainda se diferenciam em quirografárias e subordinadas. As quirografárias não apresentam garantia sobre nenhum ativo da empresa emissora, no entanto, ainda têm direito sobre o capital social da empresa, embora se igualando na mesma situação de todos os credores quirografários. As subordinadas, diferente das 8 quirografárias, não apresentam direito nem mesmo no capital social da empresa, assumindo a preferência da distribuição para os acionistas, caso ocorra a sua liquidação. O mercado contempla emissões de debêntures públicas e privadas. As públicas são feitas por companhias abertas e necessitam ter registro na CVM, enquanto que as emissões privadas podem ser feitas sem o registro na CVM, por se tratar de um pequeno número de investidores. No entanto, vamos dar mais enfoque às emissões públicas nesse artigo, devido ao objeto de estudo tratar-se majoritariamente de grandes empresas com grande número de investidores. Em uma emissão pública de debêntures, deve-se contratar uma instituição financeira para a estruturação e coordenação do processo de emissão. Na maioria dos casos é contratado um banco de investimento líder e, adicionalmente, outros bancos co-líderes, que têm o papel de auxiliar em algumas funções específicas de maior experiência, embora isso não seja obrigatório. Corretoras ou distribuidoras de títulos e valores mobiliários podem ser alternativas nessa etapa. A Lei das Sociedades Anônimas (Lei nº 6.404/76), que descreve a regulamentação de emissões de debêntures em geral, exige que em todos os casos de emissão deva haver um agente fiduciário que seja responsável por proteger os direitos e interesses dos debenturistas. O Agente Fiduciário pode ser pessoa física ou jurídica e precisa ser autorizado pelo Banco Central para exercer essa função. Ele tem poderes representativos sobre um conjunto de investidores, sendo responsável por fiscalizar o cumprimento das características da escritura de emissão e enviar relatórios de acompanhamento, podendo também convocar a Assembleia Geral Extraordinária (AGE). Além das instituições financeiras acompanhadoras e estruturadoras do processo e a presença obrigatória do Agente Fiduciário, as emissoras contratam serviços de agências de rating e empresas de consultoria, em muitos casos, para ajudar nas emissões. As agências de rating classificam as empresas de acordo com o risco de não serem honrados os compromissos firmados com os debenturistas. Essa classificação promove a transparência com os investidores e, consequentemente, dá credibilidade à empresa emissora, tornando os investidores mais aptos a investir na empresa. Empresas de consultoria muitas vezes também fazem parte do processo de emissão, pois dão suporte estratégico para a empresa na análise do momento e do modo em que a emissão vai ser efetuada, por exemplo. 9 As debêntures podem ser negociadas no mercado secundário pelas bolsas ou pelo mercado de balcão, igualmente aos outros títulos ou valores mobiliários, sendo esse último o mais utilizado. O mercado de balcão é caracterizado por qualquer negociação de títulos fora das bolsas de valores, sendo que a CVM o fiscaliza. A principal entidade regulamentadora desse mercado, tratando-se especificamente de debêntures, é o Sistema Nacional de Debêntures (SND). Essa entidade realiza a custódia das emissões de debêntures e o registro e liquidação das operações de mercado secundário e eventos dos ativos7, tornando mais atrativas as emissões de debêntures no mercado primário, devido à sua liquidez e à gradual redução dos custos para entrar nesse mercado. 7 http://www.debentures.com.br/processodeemissao/mercadosecundario.asp# 10 5 Debêntures Incentivadas Através do tópico estudado anteriormente, que introduz os conceitos de debêntures no Brasil, pode-se concluir que esses títulos de dívida são meios adequados para as empresas captarem recursos para o desenvolvimento de seus projetos, primeiramente, por serem títulos de longo prazo, facilitando sua liquidação pelas empresas emissoras, e por serem complementares aos empréstimos feitos para projetos de infraestrutura pelos bancos estatais, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Brasil (BB) e Caixa Econômica Federal (CEF), que atualmente fomentam grande parte dessa demanda. No entanto, esse mercado se mostra pouco desenvolvido frente ao crescimento do número de obras e projetos que vêm sendo requeridos nos últimos anos no Brasil. Tendo em vista as vantagens de se ter um mercado de debêntures desenvolvido e os atuais problemas que o atravancam, o Governo Federal, através da Lei nº 12.431/11, criou as debêntures incentivadas de infraestrutura (DI), objeto o qual estudaremos nesse tópico. 5.1 Legislação A Lei nº 12.431/11 teve como principal mudança, no que diz respeito ao mercado de debêntures, a diminuição da alíquota do Imposto de Renda sobre os rendimentos com a compra de debêntures de uma empresa que tenha intuito de levantar capital para realizar investimentos em obras de infraestrutura. As alíquotas do Imposto de Renda para pessoas físicas e investidores estrangeiros foram reduzidas a zero, enquanto que para pessoas jurídicas a alíquota foi fixada em 15%. Para a concessão de emissões de debêntures com esses benefícios foi estabelecida a necessidade de formação de uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) pela empresa emissora8, de modo a não correr riscos financeiros sobre seu patrimônio durante sua realização e podendo assumir a forma de companhia aberta, com valores mobiliários admitidos a negociação no mercado. Outra imposição é de que o capital levantado seja 8 Companhia instituída para a realização de um único projeto 11 estritamente voltado para projetos de investimento em infraestrutura ou na produção econômica intensiva em pesquisa, desenvolvimento e inovação. Até setembro de 2012, caso o capital levantado com as emissões de debêntures incentivadas não fosse alocado em projetos de infraestrutura, era devida uma multa de 20% sobre o montante total aplicado sobre o emissor pela Receita Federal do Brasil (RFB). Foi estabelecido para a concessão dessas emissões, que as debêntures deverão ter prazo médio mínimo de quatro anos, só podendo ser emitidas até 31 de Dezembro de 2015, e serem remuneradas por taxa de juros prefixada, vinculada a índice de preço ou taxa referencial (TR)9. Após cinco meses a aprovação da Lei nº 12.431/11, o Decreto nº 7.603/11 foi publicado para definir os critérios para a aprovação dos investimentos em infraestrutura e em produção econômica intensiva em pesquisa, desenvolvimento e inovação. O art. 2º do Decreto lista os setores considerados prioritários para os investimentos em infraestrutura, no qual se encontram os setores de logística e transporte, mobilidade urbana, energia, telecomunicações, radiodifusão, saneamento básico e irrigação. O Decreto estabelece que a SPE responsável pelo projeto deve submetê-lo para aprovação do ministério setorial. O art. 4º ainda estabelece que o titular do ministério setorial deverá editar portarias de modo a disciplinar os critérios básicos para a concessão do incentivo tributário ao projeto de investimento, bem como os mecanismos para o seu acompanhamento. Além de regulamentar a Lei nº 12.431/11, o Decreto reforça alguns pontos já levantados e que continuarão a ser seguidos, como o da necessidade da criação da SPE para a aprovação do projeto de investimento e a data limite para a realização das emissões. Visto que mesmo com a Lei nº 12.431/11 e com o Decreto nº 7.603/11 não foi possível tornar o mercado de debêntures atraente, foi promulgada uma nova lei, a 12.715/12, que faz adequações à Lei nº 12.431/11, tendo em vista a necessidade de atração de mais emissores e investidores a esse mercado. No que diz respeito às debêntures de infraestrutura, as mudanças mais importantes foram nos possíveis emissores dessas debêntures, na ampliação da utilização dos recursos, na multa aplicada ao emissor e nos incentivos aos investidores (Anexo 3). Pela Lei nº 12.431/11, apenas as SPEs podiam emitir debêntures incentivadas. A Lei nº 12.715/12 autorizou que concessionárias, permissionárias ou autorizatárias de serviços públicos e holdings que controlam as SPEs também possam fazer emissões. Na Lei de 2011, a utilização dos recursos levantados pelas emissões só podiam ser gastos com as despesas dos projetos de 9 http://www.anbima.com.br/informe_legislacao/2011_007.asp 12 infraestrutura. Agora, com a nova lei, esses recursos podem ser também utilizados para pagar despesas e empréstimos tomados até dois anos antes das emissões. A multa aplicada sobre o emissor que alocar os recursos levantados com as emissões em outros projetos não relacionados com os de infraestrutura dentro dos setores considerados como prioritários mudou de 20% do montante total captado para somente 20% do montante não aplicado no projeto. Para incentivar investidores a participar do mercado de debêntures, foram ampliados alguns de seus benefícios. O investidor estrangeiro antes tinha alíquota zero de IR, agora ele também tem essa alíquota para o imposto sobre operações financeiras (IOF). As pessoas físicas tinham alíquota zero de IR para rendimentos sobre as debêntures de infraestrutura, agora também têm essa alíquota de IR para ganhos de capital. Por fim, todos os investidores passaram a ter mais garantia sobre o benefício fiscal, devido ao fato de que mesmo que os emissores apliquem o capital em projetos não priorizados pelos ministérios, os debenturistas continuarão a ter as mesmas alíquotas de imposto10. 5.2 Fluxo de aprovação dos projetos A aprovação de projetos considerados como prioritários em infraestrutura é condicionada aos ministérios setoriais. Treze portarias foram criadas para a normatização dos procedimentos e critérios para a autorização dos projetos. Dentre elas se encontram a Portaria nº 009, do Ministério dos Transportes (MT), publicada em 27/01/12, a Portaria nº 18, da Secretaria de Aviação Civil (SAC), criada em 23/01/12, a Portaria nº 9, da Secretaria de Portos (SEC/Portos), criada em 02/02/12, as Portarias nº 47 e nº 90, do Ministério de Minas e Energia (MME), criadas em 06/02/12 e 02/03/12, respectivamente, a Portaria nº 528, do Ministério da Integração Nacional (MINT), criada em 13/09/12, a Portaria nº 868, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), criada em 23/11/12, a Portaria nº 330, Ministério das Comunicações (MCOM), criada em 05/07/12, e as Portarias nº 481 e nº 482, do Ministério das Cidades (MCID), criadas em 25/09/1211. Embora as funções das portarias ministeriais tenham como base a aprovação, acompanhamento, implementação ou regulamentação dos projetos considerados como 10 11 https://www.fazenda.gov.br/portugues/documentos/2013/road_show_infraestrutura_no_brasil_2013.pdf http://www.anbima.com.br/informe_legislacao/arqs/PortariasMinisteriais_%2012431_Requisitos.pdf 13 prioritários em infraestrutura, elas não seguem uma padronização dos procedimentos requeridos às emissoras. A Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda – SEAE/MF realizou estudo com o intuito de analisar as disparidades dos procedimentos exigidos por cada ministério setorial para que, com isso, fosse também identificadas as dificuldades encontradas pelas SPEs. A partir deste estudo pode-se observar que, quanto aos formulários e anexos complementares, todas as portarias os requerem, embora não apresentando um padrão fixo. Elas requerem também documentos constitutivos, certidões federais e CNPJ da SPE ou do grupo, salvo o MINT, que ainda exige a regularidade FGTS, Alvará, Licença Ambiental, CADIN, Certidão IBGE, entre outros. O estabelecimento do prazo para a conformidade documental se mostra bastante desuniforme, variando de dez a trinta dias. A categoria relativa às declarações de usos dos recursos e das fontes utilizadas é exigida anualmente pelas portarias, tendo que ser enviado para o ministério concessor e para o Ministério da Fazenda (MF), exceto a SAC, que ainda pede que a declaração seja encaminhada para a ANAC, o MCTI, que pede que seja encaminhada para a FINEP, o MINT, que não exige o envio ao MF e o MME, que não exige o envio anual dessas declarações a nenhum Ministério. Quanto a solicitação de pareceres de auditores independentes, somente a SAC possibilita sua necessidade, sendo que a exigência é feita pela ANAC. Em contraste aos diferentes procedimentos, todas as Portarias requerem um relatório de debenturistas do Agente Fiduciário, sem exceções. Essas disparidades seguem em outras categorias das solicitações, como por exemplo, na quantidade de projetos priorizados, na necessidade de detalhamento de conceitos técnicos, do repasse de obrigações para Agências de Governo e da presença de Instituição de Comissão Gestora. 5.3 Situação atual das emissões Após serem elaboradas as leis incentivadoras para as emissões de debêntures em projetos de infraestrutura prioritários, ocorreu quatorze emissões de debêntures incentivadas (Anexo 4). Pode-se observar que, apesar de as debêntures incentivadas serem destinadas aos projetos de infraestrutura, algumas companhias que não apresentavam seus projetos nos setores prioritários foram autorizadas a fazer essas emissões. A Minerva S/A, por exemplo, é 14 uma empresa do setor alimentício que foi autorizada a emitir debêntures incentivadas. Isso se deve ao art. 1º da Lei nº 12.431/11, de que as empresas que emitiram ou adquiriram títulos ou valores mobiliários após a data 01/01/11, estariam permitidas a trazer recursos do exterior para o Brasil, através de operações de swap, desse modo, obtendo benefícios tributários e trazendo mais capital para o país. Outro exemplo de emissão de debêntures feita para trazer capital estrangeiro para o país e se beneficiar da tributação foi a OGX Petróleo que, apesar de atuar nos setores de infraestrutura prioritários, trouxe capital emitido em bônus no exterior para o Brasil. 5.4 Principais problemas O mercado de debêntures de infraestrutura, após os incentivos e benefícios dados aos investidores, teve um crescimento abaixo do esperado. Pelas previsões do BNDES, no ano de 2013, o mercado deveria estar girando ao menos R$10 bilhões, meta distante do alcançado12. Embora não esteja estagnado e tenha crescido paulatinamente ao longo de sua criação, esperava-se que o mercado de debêntures incentivadas se alavancaria ao ponto de dar grande suporte aos bancos estatais, que, no momento, são os maiores credores dos financiamentos de obras de infraestrutura. Através dos estudos feitos nos tópicos anteriores, é possível citar principais problemas que vêm limitando o desenvolvimento desse instrumento financeiro. Os processos de aprovação das emissões de debêntures incentivadas apresentam-se bastante desuniforme entre os ministérios (anexo 5). Essa distinção entre os procedimentos exigidos por cada portaria implica em altos custos para as companhias emissoras, por terem que, em muitas vezes, responder a não só um ministério e terem que contratar especialistas em casos de serem exigidas, por exemplo, de solicitar pareceres de auditores independentes, apresentar regularidade FGTS, Certidão IBGE, CADIN, Alvará e Licença Ambiental. A demora para que os projetos sejam considerados como prioritários13 é também bastante criticada pelos emissores. Em resumo, a não uniformidade nos procedimentos relativos à priorização dos projetos de infraestrutura junto aos ministérios setoriais culmina na geração de custos de transação. 12 13 Valor - 04/07/13 Everthon Novaes Vieira, sócio de transações da Ernst & Young. 15 Outro problema relativo à captação de recursos via debêntures para o financiamento de projetos de infraestrutura é baixa atratividade no início desses projetos, principalmente quando se trata de investimentos green-field. Por se tratarem de obras de grande porte e que demandam muito tempo para sua finalização e maturação do negócio, o risco envolvido é maior. Por isso, os investidores preferem investir apenas nos últimos anos do projeto, quando o mesmo já se encontra bastante desenvolvido e com baixos riscos de não ser concluído. Esse comportamento dos investidores é considerado problemático para o desenvolvimento das obras e do mercado de debêntures, pois as companhias não têm como se financiar nas primeiras etapas do projeto, tendo que recorrer aos bancos estatais. A incerteza e a falta de segurança percebida pelos investidores são causas desse comportamento. A situação do mercado secundário também se apresenta como um empecilho para a atratividade das debêntures de infraestrutura. Como vimos anteriormente, o mercado secundário é o lugar onde os títulos são negociados sem a interação da empresa emissora, de modo a poderem ser liquidados a qualquer hora. No entanto, esse mercado, devido ao baixo número de investidores, se encontra pouco desenvolvido e com baixa liquidez, não sendo de total garantia a possibilidade de negociar uma debênture antes do prazo de vencimento, diferente dos títulos do Tesouro Direto, que possibilitam a liquidação dos títulos todas as semanas. 5.5 Ações mitigadoras e possibilidades de aprimoramento do modelo Visto os principais problemas que se apresentam como barreiras para o desenvolvimento do mercado de debêntures incentivadas, a seguir, serão estudadas e analisadas algumas das medidas que vêm sendo desenvolvidas para o aprimoramento do modelo. Com o objetivo de solucionar os problemas consequentes dos procedimentos desuniformes, que impactam em altos custos para as companhias emissoras, a Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE), fez uma nova proposta para padronizar os documentos, fichas cadastrais e critérios, de maneira a trazer mais eficiência na aprovação dos projetos, no que diz respeito ao tempo para sua aprovação, nos custos incorridos e no 16 planejamento por parte das companhias. O roteiro proposto para os ministérios setoriais se baseia, primeiramente, na caracterização da SPE, onde serão computados seus dados gerais, e no histórico dela. As metas e objetivos devem ser solicitadas, assim como a localização, aspectos ambientais, aspectos de engenharia e o quadro de usos e fontes. Dados contábeis, como demonstrações dos fluxos de caixa e indicadores econômicos e financeiros do projeto também são requeridos. Por fim, devem ser anexados outros documentos necessários para a análise, tais como Contrato Social, Ata da Assembleia Geral e Estatutos Sociais. Vale lembrar que esse roteiro deve ser seguido por todos os Ministérios para que a uniformidade dos procedimentos seja efetiva. O BNDES, em 04/07/13, publicou uma nova proposta a ser implementada no mercado de debêntures incentivadas, visando incentivar os investidores a investir não só nas últimas etapas do projeto, mas também nas fases iniciais dele. Essa proposta diz respeito a uma garantia que o BNDES concederia caso o projeto não fosse desenvolvido conforme o esperado. Essa garantia seria realizada com a liquidação do título do investidor. Além da proposta feita pelo BNDES para incentivar investimentos nas primeiras etapas dos projetos, priorizar as concessões de emissões de debêntures incentivadas para projetos com modalidade de planta brownfield é uma alternativa. As plantas brownfield correspondem a projetos que já construídos e, possivelmente, em operação. O risco, dessa forma, é mitigado. Projetos convencionais de duplicação de estrada, por exemplo, são considerados como brownfield, pois já apresentam uma estrutura pronta, não incorrendo em maiores riscos. O oposto à modalidade de plantas brownfield são as de greenfield, que apresentam uma nova estrutura, com novos desafios e, como consequência disso, maiores incertezas. O investimento em plantas brownfield pode fazer com que o investidor se sinta mais certo de que o projeto vai ser concluído, desse modo, investindo inclusive nas suas etapas iniciais. Em 2009, por intermédio da ANBIMA e de outras entidades foi proposta a criação do Fundo de Apoio a Liquidez (FAL) e o Fundo de Garantia de Liquidez (FGL). O FAL tinha como proposta assegurar a liquidez dos títulos de renda fixa, dentre eles as debêntures incentivadas, tendo como fontes de suprimento o BNDES, bancos comerciais e recursos privados, que atuariam como cotistas e teriam suas rentabilidades vinculadas com as transações de compra e venda dos títulos. No entanto, o FAL agiria de forma temporária até que fosse estabelecida determinada fluidez do mercado secundário. O FGL seria uma etapa 17 subsequente ao FAL e teria a função de formador de preços dos títulos de renda fixa, embora só fosse acionado no momento em que a função do FAL já fosse sucedida. 18 6 Setor de infraestrutura Cerca de R$1,26 trilhão está previsto como montante total de investimento no setor de infraestrutura até o ano de 2017. O setor de óleo e gás é o que receberá mais investimentos, na ordem de R$511,6 bilhões, seguido do setor de transportes, energia, industrial, saneamento, infraestrutura esportiva, infraestrutura habitacional e outros. Do total de investimentos em projetos de infraestrutura, R$668 bilhões se referem a obras que estão em andamento, enquanto que R$592 bilhões ainda não saíram do papel14. Nos tópicos seguintes serão introduzidos os setores de infraestrutura considerados como prioritários pelo Decreto nº 7.603/11, seguidos das suas situações atuais e dos projetos que serão desenvolvidos. 6.1 Logística e Transporte O setor de logística e transporte vem chamando bastante atenção nos últimos anos devido à importância que ele apresenta e à série de problemas quanto ao seu desenvolvimento frente às necessidades requeridas pelo país. Os problemas mais preocupantes desse setor estão nos tempos das viagens e nos acidentes ocorridos. Esses problemas geram custos adicionais para as empresas e implicam perda de competitividade. Com o objetivo de solucioná-los, em 2006, o Ministério dos Transportes, em cooperação com o Ministério da Defesa, criou o Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT). Com a matriz de transportes concentrada majoritariamente em rodovias, estas trazem várias dificuldades: (i) problemas vinculados ao desenvolvimento do modal; (ii) maior dispêndio de tempo; e (iii) maior probabilidade de ocorrência de acidentes. Tais fatores tornaram-se importantes gargalos para o desenvolvimento da economia brasileira, pois tratamse de restrições de oferta. O PNLT, tendo em vista esse desbalanceamento na matriz de 14 Revista Valor Econômico Setorial “Infraestrutura”, junho de 2013. 19 transportes, busca desenvolver outros meios de transporte, como o portuário, ferroviário e aéreo. De acordo com a Associação Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção (Sobratema), até 2017, o Governo licitará R$355,92 bilhões em projetos no setor de transportes. Dentre as metas dos projetos de investimentos, R$64,06 bilhões serão destinados à duplicação de 5,7 mil quilômetros de estrada e em melhorias na sua infraestrutura, R$92,53 bilhões para a ampliação da malha ferroviária em 50% e R$106,77 bilhões serão investidos em portos e hidrovias. Dentre os projetos no setor de transportes, o Trem de Alta Velocidade (TAV) é o de maior investimento, sendo aplicados R$33,1 bilhões15. 6.2 Mobilidade Urbana Quase 80% da população brasileira vive nas cidades, enquanto que em outros países esse número está previsto para acontecer só em 205016. Essa concentração da população nas cidades dificulta a mobilidade nelas, gerando trânsito e superlotações caso não haja um sistema de transporte coletivo ou de vias urbanas adequado. Os projetos de mobilidade urbana, em sua maioria, estão relacionados à expansão das linhas de transportes coletivos já existentes, ao desenvolvimento de meios de transporte inovadores e à integração de todos eles. São diversas as obras que vêm sendo desenvolvidas no Brasil para o melhor desenvolvimento desse setor. O Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) apresenta planos de obras nas cidades de Brasília, Maceió, Rio de Janeiro, contando com seis linhas, no Estado de São Paulo, com uma linha ligando Santos a São Vicente e outras linhas na cidade de São Paulo, onde servirá de complemento para a ligação entre as linhas de metrô. O VLT já se encontra em funcionamento no Ceará, com o nome de Metrô do Cariri, ligando as cidades de Crato e Juazeiro do Norte, entre outros que ainda estão em fase de estudo. 15 http://www.valor.com.br/brasil/2888848/investimentos-em-infraestrutura-devem-alcancar-r-1240-tri-ate2017 16 Luís Ramos, diretor de relações institucionais da Bombardier para América do Sul e Europa Meridional. 20 O Bus Rapid Transit (BRT) é um sistema de transporte coletivo que visa minimizar impactos ambientais e congestionamentos e trazer maior segurança aos passageiros. Ele tem previsões para sua instalação em quatorze cidades do Brasil até o início da Copa do Mundo de 2014, sendo que já estão em obras algumas linhas em cidades como São Paulo e Brasília, fora Curitiba que já apresenta um sistema de BRT desde 1979. No entanto, não se sabe ao certo a data de conclusão dessas obras, podendo ser entregues após a Copa do Mundo. Além desses projetos, em São Paulo estão sendo construídas duas linhas de monotrilho. A linha-15 prata, que vai do Ipiranga até Cidade Tiradentes, e a linha-17 ouro, que vai do Jabaquara até o Morumbi, sendo integradas com as linhas de metrô. Com esses projetos em construção e as linhas adicionais de metrô que também vêm sendo construídas, o mercado ferroviário urbano brasileiro, que hoje representa R$1,15 bilhões por ano de investimentos, representará cerca de R$3 bilhões por ano até 201717. Quanto ao setor de ônibus na cidade de São Paulo, 147 quilômetros de corredores de ônibus na cidade e 12 terminais serão licitados com o prazo de conclusão dos projetos até o fim de 2016. Planos de longo prazo prevêem a implantação de 460 quilômetros de corredores de ônibus nos próximos 12 anos18. 6.3 Energia O setor de energia elétrica é dividido em três segmentos que se complementam para a entrega final da energia ao consumidor. O primeiro é a geração, que pode ser feita através de fontes não renováveis, como o petróleo, carvão mineral e gás natural, ou por fontes renováveis, como a biomassa, hidrelétricas e energia eólica, sendo mais comuns no Brasil o uso da geração hidráulica, com 70,1%, do gás natural, com 7,9% e da biomassa, com 6%, considerando apenas a oferta nacional19. 17 Idem. Jilmar Tatto, secretário municipal de Transportes na cidade de São Paulo. 19 http://www.mme.gov.br/mme/galerias/arquivos/publicacoes/BEN/3_-_Resenha_Energetica/1__Resenha_Energetica.pdf 18 21 A segunda e terceira etapas estão vinculadas com o processo de entrega de energia ao consumidor, que são nomeadas de transmissão e distribuição. A transmissão é o transporte da energia entre dois pontos, a usina e os centros de distribuição, enquanto que a última é o transporte dos centros de distribuição aos consumidores finais. O setor de energia elétrica vai receber investimentos de R$167,141 bilhões até o ano de 2017. Do montante total investido, R$120 bilhões serão destinados a projetos de geração de energia elétrica, na sua maioria fontes renováveis. Outros R$14,6 bilhões vão ser empregados no novo ciclo de planejamento do sistema de transmissão de energia elétrica, apresentando como destaque do Programa de Expansão da Transmissão (PET 2013-2017), entidade responsável para alocar os investimentos nesse segmento, a expansão da linha de transmissão associada à usina hidrelétrica de Belo Monte20. 6.4 Telecomunicações O setor de Telecomunicações é dividido em três segmentos, dentre eles, o segmento de serviços de telecomunicações, que inclui como subsegmentos os serviços de telefonia fixa, comunicação móvel, comunicação multimídia, TV por assinatura, radiodifusão e outros serviços, o segmento de produtos e serviços para as prestadoras de serviços de telecomunicações, que apresenta como categorias de produtos os terminais de acesso, as redes de telecomunicações, a infraestrutura, os fios e cabos e os componentes, partes e peças, enquanto que como categorias de serviços apresenta o provimento de capacidade espacial, serviços de implantação de redes de telecomunicações, serviços de operação e manutenção, sistemas de suporte a operação e outros serviços, como consultorias, treinamentos e suporte a vendas, e, por fim, o segmento de serviços de valor agregado, que são classificados em provedores de acesso à internet, centrais de atendimento e outros serviços, como serviços de localização e rastreamento por satélite21. 20 http://www.businessreviewbrasil.com.br/money_matters/setor-eletrico-vai-receber-r-146-bi-ate-2017 http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ved=0CC4QFjAA&url=http%3A%2 F%2Fwww.telebrasil.org.br%2Fcomponent%2Fdocman%2Fdoc_download%2F234-o-setor-detelecomunicacoes-no-brasil-2011out&ei=EL_uUbOIB5CE9gT55oCAAQ&usg=AFQjCNFu9xFmya4CS7n5txcKsEx4SJIpuQ&bvm=bv.49641647,d.eWU 21 22 Investimentos nesse setor estão girando em torno de R$25 bilhões por ano22 e devem continuar assim até o término da Copa do Mundo de 2014, devido à necessidade de elaborar a tecnologia 4G e de atingir a meta de quatro milhões de usuários, estabelecida pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Além dessa tecnologia, o Ministério das Comunicações criou o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), que tem como meta quarenta milhões de acessos fixos de banda larga até 2014. 6.5 Radiodifusão Conforme visto no tópico anterior, o setor de radiodifusão está incluso no setor de telecomunicações como um subsegmento. Esse setor corresponde ao serviço de transmissão de sons e imagens direta e livremente aos receptores. Concessionárias de Rádios AM e FM e concessionárias de TV são os principais agentes desse serviço. O BNDES criou o Programa de Apoio à Implantação do Sistema Brasileiro de TV Digital (PROTVD) em 2007. Esse programa tem como objetivo, na área de radiodifusão, apoiar empresas geradoras, transmissoras e retransmissoras que implementem o Sistema Brasileiro de TV Digital na modalidade de transmissão terrestre (SBTVD-T)23. O orçamento para esse programa é de R$1 bilhão e terá vigência até 31 de dezembro de 2013. 6.6 Saneamento Básico Dados de 2010 do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) apontam que mais de 60% do esgoto coletado não recebe nenhum tipo de tratamento e que a rede de esgotos só atende a apenas 46,2% da população brasileira, enquanto que dados de 2011 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) apontam que 92,45% dos domicílios particulares localizados em áreas urbanas estão ligados à rede geral de 22 Rogerio Ronan, diretor da Deloitte e especialista na indústria de mídia e telecom da consultoria. http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Apoio_Financeiro/Programas_e_Fundos/ Protvd/protvd_radiodifusao.html 23 23 abastecimento de água e, quando considerados também os domicílios de área rural, esse número cai para 83,53%24. A Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (SNSA), órgão do Ministério das Cidades, vem implantando o Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB) para até 2033 universalizar a coleta e tratamento de esgoto e cobertura dos sistemas de água. Para sua implementação serão investidos durante o período de vinte anos cerca de R$508,5 bilhões25. As maiores obras de saneamento encontram-se nos Estados de São Paulo, com o Programa Metropolitano de Águas; no Rio de Janeiro, com o Saneamento dos Municípios do Entorno da Baía de Guanabara; em Minas Gerais, com a ampliação dos investimentos em estações de tratamento de esgotos; no Estado de Pernambuco, com a Adutora do Agreste; e no Ceará, com o Cinturão de Águas do Ceará. 6.7 Irrigação O setor de irrigação no Brasil apresenta como maior investidor o setor privado. No entanto, o setor público vem aumentando cada vez mais seus investimentos, financiando cerca de R$2 bilhões para obras de irrigação nas últimas três décadas, o que correspondeu a 200 mil hectares. O potencial do país para esse setor, contudo, ainda não é aproveitado ao máximo, uma vez que apenas 3,5 milhões de mais de 20 milhões de hectares disponíveis para a agricultura são devidamente irrigados. A região nordeste do Brasil apresenta o foco de maior preocupação para o desenvolvimento do setor no país. Com a escassez de água devido ao clima semiárido em sua maior parte, os recursos para irrigação se limitam ao Rio São Francisco, que, embora seja o rio principal e de mais fácil acesso para a região, ainda se encontra distante de muitos dos locais irrigatórios que dependem dele. Além disso, essa dependência implica em altos custos para o desenvolvimento de meios de conexão entre o rio e os destinos necessitados. 24 Valor Econômico Setorial “Infraestrutura”, junho 2013. http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2013/06/10/aprovacao-do-plano-nacional-de-saneamentobasico-preve-investimento-de-r-508-5-bi 25 24 Uma nova Proposta de Emenda à Constituição (PEC 368/09) vem sendo discutida a respeito da prolongação do período vigente da lei que destina 50% dos investimentos em irrigação para o Nordeste, preferencialmente nas áreas de clima semiárido, e 20% para o Centro-Oeste. Essa proposta tem como um dos propósitos gerar mais empregos, modernizar a produção, reduzir os desequilíbrios regionais e estimular a inclusão social no campo. Ela tinha duração até 2013, mas, se aprovada a PEC 368/09, ela terá duração até 202326. 26 9 http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=660175&filename=PEC+368/200 25 7 Conclusão Este trabalho teve como objetivo estudar alternativas para o financiamento das grandes obras e projetos que são necessários ao desenvolvimento do Brasil. A demanda crescente por obras de infraestrutura decorre principalmente dos grandes eventos que serão sediados no Brasil no ano de 2014, com a Copa do Mundo, e 2016, com as Olimpíadas. Dentre as formas de financiamento vistas nesse trabalho, podem ser citadas ao menos duas de grande destaque. Os bancos estatais, tendo como maior representante no financiamento das obras de infraestrutura o BNDES, e as debêntures, que são títulos de dívida de longo prazo negociados no mercado de capitais entre investidores e companhias emissoras. No entanto, os bancos estatais se apresentam como os maiores financiadores de longo prazo, quando comparados com outros instrumentos financeiros, como as debêntures. A maior participação desses bancos está sendo vista como um problema para o Governo, pois seus empréstimos repercutem em um aumento da dívida pública. Essa atividade nem sempre foi considerada como problemática, no entanto, com a crescente demanda por financiamentos de obras de infraestrutura, a dívida pública alcançou patamares muito elevados, mostrando-se necessárias alternativas. Com a quantidade de obras planejadas para esse período de grandes eventos, o Governo, já apresentando dificuldades para oferecer recursos para todas as frentes, apresentou uma Medida Provisória que tem como intuito incentivar o desenvolvimento do mercado de capitais, em especial das emissões de debêntures. A Lei nº 12.431/11, criadora das debêntures incentivadas, apresentou como principais características a redução da taxação do IR para pessoas físicas e estrangeiros a zero e para pessoas jurídicas a 15%, com a condição de que o capital levantado pelas companhias emissoras fosse investido em infraestrutura e de que teria que ser formada uma SPE para a concessão da emissão com esses benefícios. Poucos meses após a aprovação da Lei, o seu decreto regulamentador (Decreto nº 7.603/11) foi editado. Esse Decreto tinha como principal propósito determinar quais setores de infraestrutura seriam considerados como prioritários para a emissão das debêntures incentivadas. Assim, foram estabelecidos os setores de logística e transporte, mobilidade urbana, energia, telecomunicações, radiodifusão, saneamento básico e irrigação. Mais tarde, em 2012, outros incentivos foram dados aos emissores por meio da Lei nº 12.715/12. Mesmo com todos os benefícios dados aos emissores 26 de debêntures que investiriam em projetos de infraestrutura considerados prioritários, esse mercado não cresceu como o esperado. Através dos estudos feitos ao longo desse trabalho, puderam ser identificados alguns dos problemas para essas leis não terem gerado efeitos tão atrativos. Dentre eles, viu-se que os procedimentos desuniformes das portarias dos ministérios para a concessão de emissões geraram altos custos para as SPEs; a falta de liquidez dos títulos no mercado secundário tornaram as debêntures incentivadas menos atrativas pelo maior risco que os investidores passam a ficar expostos; a falta de atratividade nas primeiras etapas do projeto faz com que os emissores não consigam financiar seus projetos nesse período; dentre outros problemas. Algumas das ações mitigadoras para o aprimoramento do modelo de debêntures incentivadas foram apresentadas no trabalho. A padronização dos procedimentos para a solicitação das emissões e os fundos de garantia e de apoio à liquidez podem ser boas alternativas para os problemas apresentados. Pode-se concluir que as propostas para melhorias do mercado de debêntures incentivadas devem se convergir na ideia de que a incerteza por parte dos investidores seja minimizada, desse modo, tornando-o mais atrativo. Foram vistos alguns dos investimentos nos setores considerados prioritários de infraestrutura que estão sendo elaborados. Por meio deles, cerca de R$1,26 trilhão serão investidos até 2017. Isso reforça a ideia de que o desenvolvimento do mercado de capitais é necessário para o financiamento das obras. Caso contrário, caso os bancos públicos sejam responsáveis pela grande maioria dos financiamento, poderemos ter importantes impactos em termos de aumento da dívida pública. 27 Referências Bibliográficas http://www.ibgc.org.br/Home.aspx http://www.ibgc.org.br/PerguntasFrequentes.aspx http://www.debentures.com.br/downloads/textostecnicos/cartilha_debentures.pdf http://www.eps.ufsc.br/disserta98/serra/cap2.htm https://www.mycap.com.br/universidade-mycap/biblioteca/Mercado-de-Capitais.aspx http://www.oeconomista.com.br/mercado-de-capitais-2/ http://www.bmfbovespa.com.br/pt-br/a-bmfbovespa/download/merccap.pdf http://www.mercadomila.com/ http://www.wharton.universia.net/index.cfm?fa=viewArticle&id=1979&language=portugues e Valor Econômico Setorial – Infraestrutura, edição de junho de 2013 Valor Econômico – Finanças, edição de 4 de julho de 2013 http://www.anbima.com.br/informe_legislacao/2011_006.asp http://www.transportes.gov.br/conteudo/36391 https://www.fazenda.gov.br/portugues/documentos/2013/road_show_infraestrutura_no_brasil _2013.pdf http://www.portaldoinvestidor.gov.br/menu/primeiros_passos/papel_CVM.html http://www.bcb.gov.br/pre/acordos_e_convenios/Convenio%20BCB%20CVM%20assinado.p df 28 Anexos Anexo 1 – Ranking Mundial das Bolsas de Valores Ranking 04/2013 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º Bolsa NYSE Euronext (EUA) Nasdaq (EUA) Tokio SE (Japão) London SE (Inglaterra) NYSE Euronext (Europa) HKSE (Hong Kong) Shanghai SE (China) TMX (Canadá) Deutsche Börse (Alemanha) ASX (Austrália) SIX Swiss Exchange (Suiça) BM&FBovespa (Brasil) Capitalização de mercado (US$ bilhões) 15.572 5.105 4.223 3.822 3.016 2.883 2.488 2.086 1.566 1.513 1.397 1.242 Fonte: World Federation of Exchange Companhias listadas 2.326 2.570 2.323 2.740 1.064 1.558 954 3.964 739 2.048 283 366 29 Anexo 2 – Comparativo dos segmentos de listagem Comparativo dos Segmentos de Listagem Características das Ações Emitidas Percentual Mínimo de Ações em Circulação (free float) Distribuições públicas de ações Vedação a disposições estatutárias (a partir de 10/05/2011) Composição do Conselho de Administração Vedação à acumulação de cargos (a partir de 10/05/2011) Obrigação do Conselho de Administração (a partir de 10/05/2011) NOVO MERC ADO NÍVEL 2 NÍVEL 1 BOVESPA MAIS TRADICI ONAL Permit e a existên cia somen te de ações ON Permite a existênci a de ações ON e PN (com direitos adiciona is) Permit e a existên cia de ações ON e PN (confor me legislaç ão) Somente ações ON podem ser negociadas e emitidas, mas é permitida a existência de PN Permite a existênci a de ações ON e PN (conform e legislação ) 25% de free float até o 7º ano de Não há No mínimo 25% de free listagem, regra float ou condições mínimas de liquidez Esforços de dispersão Não há regra acionária Limitação de voto inferior a 5% do capital, quorum Não há regra qualificado e "cláusulas pétreas” Mínimo de 5 membros, dos quais pelo menos 20% devem ser Mínimo de 3 membros independentes (conforme legislação) com mandato unificado de até 2 anos Presidente do conselho e diretor presidente ou principal executivo pela Não há regra mesma pessoa (carência de 3 anos a partir da adesão) Manifestação sobre qualquer Não há regra oferta pública de aquisição de 30 Demonstrações Financeiras ações da companhia Traduzidas para o Conforme legislação inglês Reunião pública anual e calendário de eventos Obrigatório corporativos Política de negociação de Divulgação adicional de informações (a partir valores mobiliários e de 10/05/2011) código de conduta 100% para ações 80% ON e PN para 100% 100% ações para ON para Concessão de Tag Along ações (confor ações ON e ON me 80% legislaç para PN ão) (até 09/05/2 011) Facultativo Não há regra 80% para ações ON 100% para (conform ações ON e legislação ) Obrigatori edade em Obrigatoriedade Confor caso de em caso de Oferta pública de aquisição de ações no me fechament fechamento de mínimo pelo valor econômico legislaç o de capital ou saída ão capital ou do segmento saída do segmento Faculta Obrigatóri Adesão à Câmara de Arbitragem do Mercado Obrigatório tivo o Conform e legislação Facultativ o Fonte: http://www.bmfbovespa.com.br/empresas/pages/empresas_segmentos-de-listagem.asp 31 Anexo 3 – Tabela comparativa da lei 12.431/11, Decreto 7.603/11 e lei 12.715/12 Lei 12.431/11 e Decreto 7.603/11 Lei 12.715/12 Emissor Sociedades de Propósito Específico (SPE), concessionárias Sociedades de Propósito Específico de serviços públicos e holdings (SPE) controladoras das SPEs e das concessionárias Instrumento Investimento Debêntures projetos de infraestrutura Propósito despesas relativas ao projeto a despesas relativas ao projeto a desenvolver e outras despesas e desenvolver empréstimos contraídos até 2 anos antes da emissão Multa em caso de investimentos indevidos 20% do montante total captado com o capital levantado 20% do montante captado não investido no projeto Setores de infraestrutura logística e transporte, mobilidade urbana, energia, telecomunicações, prioritários radiodifusão, saneamento básico e irrigação Aprovação Remuneração Prazo médio Incentivos debenturistas Outras características Ministérios Setoriais pré fixada, índice de preço ou taxa referencial (TR) maior que 4 anos Estrangeiros → 0% de IR para rendimentos e ganhos de capital e 0% de IOF Estrangeiros → 0% de IR para Pessoas Físicas → 0% IR para rendimentos e ganhos de capital rendimento e ganhos de capital aos Pessoas Físicas → 0% IR para Pessoas Jurídicas → 15% IR rendimento Obs: o benefício fiscal ao Pessoas Jurídicas → 15% IR investidor prevalece mesmo que a SPE emissora realize investimentos fora do escopo do projeto recompra pelo emissor permitida somente após 2 anos; ausência de compromisso de revenda pelo debenturista; pagamento de juros no mínimo semestral; negociação somente em mercados regulamentados 32 Anexo 4 – Debêntures emitidas com as normas do art.2º da lei 12.431/11 Fonte: http://www.debentures.com.br/ 33 Anexo 5 – Quadro comparativo das exigências feitas por cada portaria ministerial SAC/PR MT SEC/PORTOS MME MCTI MCOM MINT MCID Estabelecimento de prazo para 20 dias 10 dias 15 dias conformidade documental 20 dias Sim, delegado Sim, Envio anual do para a Sim, inclusive Não inclusive Quadro de Usos ANAC, ao MF ao MF e Fontes inclusive ao MF 30 dias 10 dias 10 dias Sim, delegado Sim, para a inclusive Sim FINEP, ao MF inclusive ao MF 30 dias Sim, inclusive ao MF Possibilidade de solicitação de Sim, via Não pareceres de ANAC auditores independentes Não Não Não Não Não Não Detalhamentos de conceitos Não técnicos Não Não Não Sim Não Sim Não