Jejum Pré-anestésico: Qual o Período Ideal?
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Jejum Pré-anestésico: Qual o Período Ideal?
Revisão da Literatura Jejum Pré-anestésico: Qual o Período Ideal? Preoperative Fasting? What is the Ideal Period? Renata Navarro CASSU* Stelio Pacca Loureiro LUNA** CASSU, R.N.; LUNA, S.P.L. Jejum pré-anestésico: qual o período ideal? Rev Bras Med Vet – Pequenos Anim Anim Estim, Curitiba, v.1, n.1, p.58-61, jan./mar. 2003. Recentemente, muitos estudos têm questionado o período ideal de jejum pré-anestésico, a fim de que não se comprometa o conforto do paciente e não sejam elevados os riscos transoperatórios, sobretudo o risco da regurgitação gastroesofágica (RGE) e a possível pneumonia aspirativa. Este trabalho de revisão tem como objetivo salientar as principais causas de regurgitação transanestésica, assim como discutir os regimes adotados no jejum pré-anestésico. PALAVRAS-CHAVE: Jejum; Refluxo gastroesofágico/veterinária; Anestesia. *Professora Doutora do Departamento de Cirurgia e Anestesiologia Veterinária/Faculdade de Ciências Agrárias, Curso de Medicina Veterinária – UNOESTE; Rodovia Raposo Tavares, Km 572, Campus II, Limoeiro – CEP 19067-175, Presidente Prudente, SP; email: [email protected]. **Professor Doutor do Departamento de Cirurgia e Anestesiologia Veterinária – FMVZ – UNESP; e-mail: [email protected] MedveP - Revista Brasileira de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação, Curitiba, v.1, n.1, p.58-61, 2003 Jejum Pré-anestésico: Qual o Período Ideal? INTRODUÇÃO O jejum pré-operatório tem sido amplamente estudado com o objetivo de estabelecer-se um período ideal, a fim de que não se comprometa o conforto do paciente e não sejam elevados os riscos transoperatórios, sobretudo o risco da regurgitação gastroesofágica (RGE) e a possível pneumonia aspirativa. A RGE é um importante fator desencadeante de esofagite no cão e no gato (GALATOS & RAPTOPOULOS, 1995), a qual pode agravar-se, resultando em estenose esofágica (ZAWIE, 1987). Alguns casos de esofagite e estenose esofágica pós-anestésicas têm sido relatados em cães e gatos, sendo a ocorrência da RGE a principal causa (PEARSON et al., 1978). A incidência de RGE em humanos adultos é de 0 a 26%. No entanto, os valores mais elevados foram extraídos de estudos realizados há mais de 40 anos, nos quais foram utilizadas técnicas anestésicas atualmente em desuso. Em estudo realizado em cães, a RGE ocorreu em 16,3%, com incidência mais elevada em animais submetidos a períodos prolongados de jejum e pré-medicados com atropina (GALATOS & RAPTOPOULOS, 1995). A RGE não acarreta problemas graves ao paciente, no entanto o risco é mais elevado quando ocorre aspiração do conteúdo. Em casos de ocorrência de aspiração, o conteúdo gástrico passa através da laringe de modo a atingir os pulmões em 50 a 76% dos pacientes, porém seqüelas clínicas são pouco comuns (PHILLIPS et al., 1994). No final do século XIX, Lister sugeriu que, durante a preparação pré-operatória, poderia ser incluída a ingestão de um copo de chá, aproximadamente, 2 horas antes da indução da anestesia. Posteriormente, em 1946, Mendelson preconizou a prevenção da pnemonia aspirativa através da proibição da ingestão de líquidos orais e alimentos sólidos, tornando popular, a partir de então, o jejum pré-operatório (PHILLIPS et al., 1994). Normalmente, o período estabelecido é de aproximadamente 12 horas de jejum sólido e 4 a 6 horas de jejum hídrico, no entanto períodos prolongados de jejum para cirurgias eletivas podem ocasionar desconforto ao paciente, além de fome, sede, irritabilidade, com efeitos mais prejudiciais em crianças, possibilitando a ocorrência de desidratação, hipovolemia e hipoglicemia (GREEN et al., 1996). Nos últimos 20 anos, muitos trabalhos têm sugerido a necessidade de alterações nos protocolos usuais do jejum pré-operatório (GALATOS & RAPTOPOULOS, 1995; MANCHIKANTI et al., 1985; GREEN et al., 1996; EMERSON et al., 1998; FASTING et al., 1998). Vários estudos têm demonstrado que líquidos leves podem deixar o estômago entre 2 e 3 horas após a ingestão, tanto em crianças como em adultos (MINAMI & McCALLUM, 1984; MALTBY et al., 1986; HUTCHINSON et al., 1988; MEAKIN et al., 1987; SPLINTER et al., 1989; SOREIDE et al., 1995). Algumas pesquisas realizadas no homem têm sugerido a ingestão de refeições leves pela manhã em situações nas quais o procedimento cirúrgico será realizado no período da tarde (MILLER et al., 1993; CORBETT & MORTIMER, 1997). MILLER et al. (1993) não obtiveram diferenças significativas no volume e no pH do conteúdo gástrico, ao estudarem o período de jejum pré-anestésico entre 2 e 4 horas (média de 3,8 horas), comparativamente ao período convencional de 10 horas, em mulheres. Em estudo semelhante realizado em crianças, MEAKIN et al. (1987) compararam o jejum pré-operatório de 6 horas ou mais ao de 2 a 4 horas, no qual foi realizada a ingestão de 10ml/kg de suco de laranja (n=34) ou 2 biscoitos e suco de laranja (n=32). Os resultados evidenciaram a presença de partículas sólidas no conteúdo gástrico aspirado em 13 de 32 crianças que ingeriram biscoitos, entre 2 e 4 horas antes da indução anestésica, e em 3 crianças que ingeriram biscoitos por 6 horas antes da indução. Partículas sólidas não foram evidenciadas em jejuns superiores a 6 horas. THOMAS (1974), em estudo similar realizado com crianças entre 19 e 166 meses, comparou o jejum pré-operatório convencional à ingestão de leite de vaca 4 horas antes da indução anestésica, não sendo observadas diferenças entre os grupos com relação ao conteúdo gástrico aspirado (média de 6 a 8ml). O alimento sólido passa através do estômago de maneira não previsível, e o tempo de esvaziamento depende da composição do alimento. Carbohidratos, por exemplo, podem ser digeridos em poucas horas, enquanto, para a digestão protéica, o tempo requerido é mais longo. A ocorrência de RGE pode predispor o paciente à aspiração do conteúdo. O risco de aspiração pode ser aumentado por fatores fisiológicos, patológicos e farmacológicos. A motilidade gástrica pode encontrarse diminuída em pacientes idosos. No entanto, no homem o volume gástrico e o pH têm sido semelhantes aos dos pacientes jovens no momento da indução anestésica (MANCHIKANTI et al., 1985). A obesidade pode contribuir para o maior risco de regurgitação e aspiração, pois 75% dos obesos apresentam volume gástrico elevado e pH reduzido (VAUGHAN et al., 1975). Durante a gestação, ocorre redução do tônus do esfíncter esofágico inferior associada ao aumento da pressão intragástrica, elevando o risco de regurgitação, sendo sugerido por alguns autores a redução do tempo de esvaziamento gástrico durante toda a gestação (LEVY et al., 1994), enquanto outros autores acreditam que o risco torna-se aumentado apenas durante o trabalho de parto (WHITEHEAD et al., 1993). Pacientes portadores de obstrução intestinal, estenose de piloro, hérnia de hiato, gastrite e úlceras gástricas ou pacientes submetidos a vagotomia apresentam maior risco de regurgitação e aspiração do conteúdo gastroesofágico (BROCK-UTNE et al., 1977). MedveP - Revista Brasileira de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação, Curitiba, v.1, n.1, p.58-61, 2003 59 Jejum Pré-anestésico: Qual o Período Ideal? O tempo de esvaziamento gástrico também pode se apresentar reduzido na vigência de distúrbios eletrolíticos e uremia (McNAMEE et al., 1985). A capacidade normal secretória do estômago entre os períodos digestivos é refletida pela secreção de alguns mililitros por hora, no entanto, em situações de alterações emocionais intensas (estresse), essa secreção pode ser elevada em torno de 50ml por hora no homem. Adicionalmente, pode ocorrer elevação natural da secreção gástrica determinada por períodos prolongados de jejum, nos quais a média de produção de suco gástrico pode atingir 500ml por hora. O tônus do esfíncter esofágico inferior é influenciado pela acidez do suco gástrico de modo a ser reduzido com o aumento da mesma (CASTELL, 1975). GALATOS & RAPTOPOULOS (1995) observaram, em estudo realizado em cães sob diferentes regimes de jejum pré- anestésico, que os animais submetidos a jejuns prolongados (24 horas sólido, 2 horas hídrico) apresentaram maior incidência de regurgitação com aumento da acidez da secreção gástrica, em relação aos animais que receberam jejum alimentar entre 12 e 18 horas. Resultados similares foram encontrados por MANCHIKANTI et al. (1985), em pacientes humanos. Dessa forma, o período pré-anestésico, refletido pela ansiedade do paciente e necessidade de jejum préoperatório, constitui um importante estímulo para o desencadeamento da elevação da pressão intragástrica, através do aumento da secreção gástrica interna. Além disso, o tempo de esvaziamento gástrico também pode contribuir para o aumento da pressão intragástrica (HARDY, 1988). Alguns estudos têm sugerido que a dor e a ansiedade podem retardar o esvaziamento gástrico, além de alguns fármacos, como os analgésicos opióides (GAMBLE et al., 1976; TODD & NIMMO, 1983). TODD & NIMMO (1983), em estudo realizado em pacientes adultos, observaram redução significativa no tempo de esvaziamento gástrico após o uso da morfina como medicação pré-anestésica. Todos os fármacos utilizados rotineiramente para a medicação pré-anestésica possuem efeito depressor sobre o tônus do esfíncter esofágico inferior, facilitando a regurgitação (HARDY, 1988). Estudos realizados em cães não anestesiados têm demonstrado o efeito depressor sobre o tônus do esfíncter esofágico inferior de fármacos como a atropina, a xilazina e os derivados fenotiazínicos (STROMBECK & HARROLD, 1985). Entretanto, ROUSH et al. (1990) não obtiveram maior incidência de regurgitação com o uso de anticolinérgicos (atropina e glicopirrolato) em associação à acepromazina como medicação pré-anestésica em cães. GALATOS & RAPTOPOULOS (1995) obtiveram 16,3% de regurgitação gastroesofágica em 240 cães anestesiados. O tempo de jejum prolongado (24 horas de jejum sólido) e o uso de atropina na medicação pré-anestésica resultaram em maior incidência de refluxo, enquanto que o uso da propionilpromazina, petidina e diazepam foi associado à menor incidência 60 de refluxo. O uso isolado do agente anticolinérgico diminui a secreção de ácido gástrico, no entanto a concentração ácida não se faz necessariamente reduzida, possivelmente devido à inibição da secreção de bicarbonato e de íons hidrogênio (BROWN, 1990). No mesmo estudo, os cães que foram alimentados entre 2 e 4 horas antes da indução anestésica não apresentaram regurgitação gastroesofágica, porém a confirmação da segurança do curto período de jejum pré-anestésico não pôde ser determinada claramente, pois algumas mensurações mais precisas deveriam ser realizadas para maior esclarecimento, como a composição do alimento ingerido, o tempo de esvaziamento gástrico, o volume e o pH do conteúdo gástrico no momento da indução da anestesia. STROMBECK & HARROLD (1985) observaram aumento significativo na pressão exercida pelo esfíncter esofágico inferior entre 45 e 60 minutos após a ingestão de alimento sólido em cães. No entanto, não foi determinado o tempo exato de persistência dessa elevação. Da mesma forma, o uso do tiopental sódico em dose de 3mg/kg produz redução significativa sobre a barreira de pressão, o mesmo sendo determinado pelos agentes anestésicos inalatórios, como o enfluorano e o halotano (HARDY, 1988). Além das complicações inerentes à regurgitação e aspiração, outros estudos visaram à avaliação dos níveis sangüíneos de glicose após diferentes períodos de jejum pré-anestésico. Foi relatada incidência de 0 a 30% de hipoglicemia durante a anestesia (PHILLIPS et al., 1994). THOMAS (1974) observou que crianças com menos de 4 anos apresentavam-se hipoglicêmicas após períodos de 8 a 10 horas de jejum sólido. Entretanto, GRAHAM (1979) não observou o mesmo resultado em estudo similar. REDFERN et al. (1986) avaliaram a concentração de glicose sangüínea imediatamente após a indução anestésica e intra-operatória, em crianças submetidas a jejum durante a noite para cirurgias realizadas pela manhã (G1), e um segundo grupo foi submetido a jejum a partir das 8 horas da manhã para cirurgias realizadas no período vespertino (G2). Os resultados indicaram concentrações mais baixas de glicose após a indução anestésica nas crianças operadas à tarde em relação às operadas de manhã, após jejum realizado durante a noite, porém nenhum paciente apresentou-se hipoglicêmico. Essas variações podem ser explicadas devido a alterações nos níveis circulantes de insulina, pois existem evidências de maior resistência aos efeitos periféricos atribuídos à insulina durante o período da tarde (GIBSON et al., 1972). No entanto, WHICHELOW et al. (1974) não observaram diferenças na concentração sangüínea de insulina entre os períodos matutino e vespertino, com níveis de glicose mais baixos de insulina à tarde em relação ao período da manhã, após injeção de glicose. Outra possível explicação está relacionada aos níveis circulantes de cortisol. A concentração plasmática desse hormônio é mais elevada no período da manhã, podendo gerar hiperglicemia MedveP - Revista Brasileira de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação, Curitiba, v.1, n.1, p.58-61, 2003 Jejum Pré-anestésico: Qual o Período Ideal? devido ao aumento na atividade da enzima fosfatase 6 e glicose hepática, possivelmente devido à fosforilação intracelular mais lenta de glicose (GANONG, 1977). De maneira geral, a incidência de hipoglicemia após o jejum pré-anestésico parece ter baixa incidência em pacientes saudáveis (PHILLIPS et al., 1994). A desidratação pode ser decorrente de jejuns prolongados, mas é pouco significativa em jejuns hídricos de 4 horas. As conseqüências imediatas da desidratação são irritabilidade e desconforto, sem comprometimento hemodinâmico para pacientes saudáveis. Somente em pacientes comprometidos, o jejum hídrico pode produzir desidratação potencialmente significativa, sendo de suma importância a instituição de tratamento pré-operatório (PHILLIPS et al, 1994). CONSIDERAÇÕES FINAIS É difícil preconizar o tempo exato de jejum pré-anestésico, no entanto parece desnecessária a recomendação de períodos longos para pacientes saudáveis isentos de fatores predisponentes à RGE, sendo permitida a ingestão de líquidos entre 2 a 4 horas antes do procedimento (PHILLIPS et al., 1994). Devido às divergências entre os resultados e à escassez de pesquisas realizadas na Medicina Veterinária, investigações futuras podem ser desenvolvidas, visando ao maior esclarecimento do assunto. CASSU, R.N.; LUNA, S.P.L. Preoperative fasting? What is the ideal period? Rev Bras Med Vet – Pequenos Anim Anim Estim, Curitiba, v.1, n.1, p.58-61, jan./mar. 2003. Recently, several studies have questioned what would be the ideal period of pre-operative fasting, in order to preserve the well-being of the patient and decrease the likelihood of gastroesophageal reflux and aspiration pneumonia during the intraoperative period. This review article highlights the main causes of regurgitation and discusses several protocols of preoperative fasting. KEYWORDS: Fasting; Gastroesophageal reflux/veterinary; Anaesthesia. REFERÊNCIAS BROCK-UTNE, J.G.; MOSHAI, M.G.; DOWNING, J.W.; SPITAELS, J.M.; STIEBEL, R. Anaesthesia, v.32, p.53-57, 1993. CASTELL, D.O. The lower esophageal sphincter phisiologic and clinical aspects. Ann Intern Med, v.83, n.3, p.390-401, 1975. GALATOS, A.D.; RAPTOPOULOS, D. Gastro-oesophageal reflux during anaesthesia in the dog: the effect of preoperative fasting and premedication. Vet Rec, v.4, p.470483, 1995. GAMBLE, J.A.S. et al. Some pharmacological factors influencing the absorption of diazepam following oral administration. 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