Leia - Associação Brasileira de Angus
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Impresso Maio / Junho de 2011 Especial 1 9912270051 – DR/RS Associação Brasileira de Angus CORREIOS MAIO / JUNHO DE 2011 - ANO 12 - Nº 52 INFORMATIVO OFICIAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANGUS 2 Maio / Junho de 2011 Associação Brasileira de Angus Coordenação - gerente da ABA Juliana Brunelli de Moraes [email protected] Jornalistas Responsáveis - editores Eduardo Fehn Teixeira - MTb/RS 4655 e Horst Knak - MTB/RS 4834 Reportagem: Eduardo Fehn Teixeira Edição: Horst Knak Colaboradores: jornalistas Alexandre Gruszynski, Ana Esteves Luciana Radicione e colunistas convidados Diagramação: Jorge Macedo Departamento Comercial: Luana Rosales 51 3231.6210 // 51 8116.9784 Edição, Diagramação, Arte e Finalização Agência Ciranda - Fone 51 3231.6210 Av. Getúlio Vargas, 908 - conj. 502 CEP 90.150-002 - Porto Alegre - RS www.agenciaciranda.com.br [email protected] Associação Brasileira de Angus Largo Visconde do Cairu, 12 / conj. 901 CEP 90.030-110 - Porto Alegre - RS www.angus.org.br [email protected] Fone: 51 3328.9122 * Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores. Foto de Capa: Luiz Amaral/ABA LEIA NESTA EDIÇÃO EDITORIAL DESTAQUE A Feicorte vem aí Foco na qualidade do gado e da carne A raça Angus navega em águas tranquilas e céu de brigadeiro. Depois de muitos anos de intenso trabalho de seleção genética e ações promocionais, o gado Angus, que agora desfila na principal vitrine da pecuária de elite do Brasil, a Feicorte, em São Paulo, comemora destacadas conquistas, em segmentos de vital importância para o desenvolvimento e consolidação de uma raça de corte no Brasil. Depois de bater recordes com as vendas de sêmen em 2010 (quando foi responsável por 83,52% do mercado de sêmen de raças européias), faz crescer com vitalidade o seu programa de carne de qualidade. O Programa Carne Angus Certificada, da Associação Brasileira de Angus, que se por um lado inaugura remunerações e premiações inéditas a seus produtores, através dos frigoríficos parceiros no Brasil, de outro coloca seus cortes tipificados de uma carne de maciez e sabor inigualáveis à disposição de consumidores mais exigentes, em gôndolas de grandes grupos de supermercados e balcões frigorificados de casas e boutiques de carnes nos principais centros do País. Neste e nos próximos anos, o grande desafio que está HUMOR Diretoria Biênio 2011/2012 Diretoria Executiva Diretor Presidente Paulo de Castro Marques Diretor 1ºVice Presidente José Roberto Pires Weber Diretor Vice Presidente Mariana Franco Tellechea Diretor Vice Presidente Eduardo Macedo Linhares Diretor Vice Presidente Valdomiro Poliselli Junior Diretor Financeiro Reynaldo Titoff Salvador Diretor Administrativo Marco Antônio Gomes da Costa Diretor de Marketing Felipe Moura Diretor de Núcleos Sérgio Colaço da Silva Diretor Programa Carne Angus Certificada Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Mello Conselho de Administração Membros Eleitos Antônio Maciel Neto Renato Zancanaro Renato Ramirez Antonino de Souza Dornelles Carlos Alberto Martins Bastos Membros Natos – (Ex-Presidentes da ABA) Angelo Bastos Tellechea Antônio Martins Bastos Filho Fernando Bonotto Hermes Pinto José Roberto Pires Weber Reynaldo Titoff Salvador José Paulo Dornelles Cairoli Joaquim Francisco B. de Assumpção Mello Conselho Fiscal Membros Efetivos João Francisco Bade Wolf Ronaldo Zechlinski de Oliveira Fábio Luiz Gomes Membros Suplentes Roberto Soares Beck Frederico Fittipaldi Pons Elio Sacco Conselho Técnico Susana Macedo Salvador – Presidente [email protected] José Fernando Piva Lobato Ricardo Macedo Gregory Rogério Rotta Assis Roberto Vilhena Ângela Linhares Amilton Cardoso Elias - Representante ANC [email protected] colocado para a raça Angus, seus técnicos e criadores, é desenvolver e difundir uma genética nacional, adaptada aos trópicos e capaz de produzir carne de qualidade em quantidade, democratizando o consumo interno e qualificando o produto para o atendimento das demandas internacionais. 3 CONSELHO TÉCNICO Ultrassonografia 4 Os desafios do novo CT 6 Touros Registrados 8 CARNE ANGUS Marfrig amplia bonificações 12 NOTÍCIAS DO ANGUS O movimento da raça 16 REPORTAGEM DE CAPA Acabamento de Carcaças Renovado e contando com a participação de técnicos e criadores renomados, o Conselho Técnico da Angus tem agora a missão de tocar à frente este projeto da genética nacional, capaz de atender aos imensos rebanhos zebuínos que estão localizados em regiões quentes e úmidas do Brasil Central e que clamam por genética de alta produtividade e produtora de carcaças e carne de maior qualidade. EXPOSIÇÕES RANQUEADAS Boa leitura, em mais esta edição cuidadosa e diversificada em assuntos que por certo interessam ao mundo Angus. José Azhaury Macedo Linhares 22 ExpoLondrina 2011 28 Exposição de Uruguaiana 34 LEILÕES CHANCELADOS Catanduva e Umbu 39 PERFIL 44 OPINIÃO Potencial reprodutivo 38 Planteis, selecionadores 40 Paulo de Castro Marques Pecuária exige união 46 Presidente da Associação Brasileira de Angus Caminho da Sustentabilidade 47 DESTAQUE Maio / Junho de 2011 3 Na Feicorte, a XI Exposição Nacional Angus Cerca de 200 animais Angus (machos e fêmeas) formarão as filas de pista nos julgamentos da raça, em ambiente “indoor”, no moderno Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo, SP. “Esperamos receber criadores e expositores dos estados do RS, MG, SP, MS, PR e RJ, anuncia, otimista, o selecionador Renato Ramirez, presidente do Núcleo Paulista dos Criadores de Angus, que juntamente com a Associação Brasileira de Angus (ABA), realizam a 11ª Exposição Nacional Angus, durante a 17ª edição da Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne (Feicorte), de 13 a 17 de Junho. O norte-americano Mark McCully, convidado pela ABA para conduzir os Julgamentos de Classificação, elegerá os campeões Angus na quarta etapa no calendário oficial da entidade, nos dias 15 e 16 de junho, sempre com início às 9h. Técnico da “Certified Angus Beef” - subsidiária da associação norte-americana de Angus- McCully atua pela primeira vez no Brasil, e já apontando os melhores animais numa importante prova que integra o Ranking Oficial da Raça no País. “A escolha do experiente técnico norteamericano para conduzir os julgamentos na Feicorte e Nacional de Angus dimensiona o ganho de visibilidade da raça no Brasil e também frente a países de forte tradição em Angus”, aponta Renato Ramires. Já o presidente da ABA, selecionador Paulo de Castro Marques, lembra que a raça vive um momento extremamente positivo no Brasil e já ocupa a primeira colocação entre as raças taurinas de corte em venda de sêmen – tendo comercializado cerca de 1,8 milhão de doses em 2010. “Num mercado interno aquecido, a Feicorte e Nacional de Angus por certo vão alavancar a consolidação da raça Angus entre os produtores brasileiros”, avalia o dirigente. A ABA estará nesta Feicorte com uma grande estrutura, inclusive colocando técnicos à disposição de investidores e visitantes, para tirar dúvidas e dar sugestões sobre a eficiente genética Angus. Entre as ações previstas, destaque para degustação da carne Angus, que tem como meta apresentar aos presentes as qualidades da carne Angus em termos de sabor e maciez. Também estão previstas palestras direcionadas aos pecuaristas e técnicos sobre as vantagens competitivas da utilização da genética Angus na produção pecuária. O Leilão Prime Angus, programado para as 20 horas do dia 15 (quarta-feira), promete ser um dos pontos altos da programação Angus. Chancelado pela ABA, é promoção conjunta da Casa Branca Agropastoril, Agropecuária Fumaça, Agropecuária HR e 3E Agropecuária, inclusive com a oferta de animais que estarão na pista de Julgamentos da mostra. “Fora do Rio Grande do Sul, esta é a exposição mais importante da raça no País, e é nosso compromisso participar de forma bastante profissional”, qualifica o presidente da ABA. Fotos: ABA/Divulgação Mark McCully Renato Ramires Jr. Paulo de Castro Marques 4 Maio / Junho de 2011 CONSELHO TÉCNICO Ultrassonografia chega para ficar Uma tecnologia que há muitos anos é usada como ferramenta de diagnóstico na medicina humana tem conquistado cada vez mais espaço no meio pecuário. O exame de ultrassom para avaliação de carcaças de bovinos, com vistas ao melhoramento genético, chegou para ficar e tem conquistado cada vez mais adeptos em todo o Brasil. O professor doutor Saulo da Luz e Silva, do departamento de Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP) afirma que ultrassonografia é uma tecnologia que tem sido amplamente utilizada nas mais variadas áreas, tanto para análise de tecidos biológicos quanto de diferentes materiais. O especialista explica que o princípio dessa ferramenta para avaliação de carcaça em tecidos biológicos - entre eles os bovinos - é que as ondas de ultrassom geradas pelo equipamento penetram nos tecidos e são refletidas em diferentes intensidades, de acordo com a resistência - tecnicamente chamada de impedância acústica - de cada um deles. “Essa diferença de densidade de cada estrutura permite diferenciar, por exemplo, músculo, ossos ou gordura”, diz. Jaime Tarouco, um dos maiores especialistas brasileiros em ultrassom Por Ana Esteves O s equipamentos utilizados são os mesmos adotados para avaliações em seres humanos, porém menos sofisticados. Como são utilizados em condições mais “rústicas”, precisam ser portáteis e resistentes. O principal diferencial dos equipamentos para avaliação de carcaça de bovinos é que os mesmos precisam de um transdutor - é um dispositivo que recebe um sinal e o retransmite - de maior tamanho, para que seja possível uma avaliação correta das características de interesse. “Esse acessório é fundamental para que se possa fazer a avaliação e é a parte mais cara de todo o equipamento, em torno de US$ 17 mil”, explica Silva. No caso da avaliação de carcaça com a finalidade de utilizar as informações em programas de melhoramento genético, é necessário ainda o uso de um microcomputador e um software Saulo da Luz e Silva: Equipamentos de ultrassom usados em bovinos são semelhantes aos dos humanos adequado para que as imagens obtidas com o ultrassom sejam armazenadas e posteriormente interpretadas. “O maior benefício dessa tecnologia é a possibilidade de avaliação de características relacionadas ao rendimento e a qualidade da carne em animais vivos e jovens, o que anteriormente só era possível com o abate dos animais”, diz Silva. Com essa ferramenta, podem-se avaliar características de carcaça em animais de alto valor genético de forma rápida com um custo relativamente baixo, se comparado a outras técnicas utilizadas anteriormente, como o teste de progênie ou o abate comparativo. O especialista informa que através da ultrassonografia podem ser avaliadas diversas características, mas que as mais importantes, que são efetivamente utilizadas em programas de melhoramento genético são: área de olho de lombo, espessura de gordura subcutânea, percentagem de gordura intramuscular e espessura de gordura sobre o músculo Biceps femoris. processo de resfriamento na indústria USP de Pirassununga, em colaboNo caso da área de olho de lombo frigorífica. ração com a Ufrgs, de Porto Alegre, é analisado o músculo Longissimus O terceiro elemento de destaque estão desenvolvendo pesquisas para também conhecido como contrafilé nas análises por ultrassom se refere à criação de um software que realize – cuja medida é tirada entre a 12ª e percentagem de gordura intramuscu- essa avaliação. a 13ª costelas. Essa característica tem lar – também conhecida como marOutro aspecto analisado se refere à sido utilizada como um critério de moreio da carne. Essa característica espessura de gordura sobre o músculo seleção para obter animais com maior está relacionada com a quantidade Biceps femoris – mais conhecida como quantidade de músculos, ou seja, está de gordura intramuscular contida no espessura de gordura na picanha, essa diretamente relacionada à muscula- contrafilé e possui grande importância avaliação tem por objetivo determinar tura total das carcaças dos animais e para alguns mercados consumidores, a espessura de gordura subcutânea consequentemente com o peso total como o norte-americano, canadense, na região do traseiro do animal. Essa dos cortes comercializáveis, que é australiano e japonês. “A gordura característica pode ser utilizada como a característica um indicador de realmente de precocidade. interessa a inNo entanto, ela Atualmente, os softwares utilizados pela avaliação dústria. “No é muito imporpor ultrassom são importados. O desafio agora entanto, a seletante quando se é desenvolver programas nacionais ção de animais trata da avaliatendo como ção de animais base apenas jovens, princiessa característica pode levar a animais intramuscular está associada à maior palmente reprodutores criados a de maior tamanho adulto e maior maciez, sabor e suculência da carne e campo, que apresentam baixa variação exigência de manutenção, podendo é particularmente importante de ser de gordura no contrafilé. “Como a causar problemas em rebanhos criados avaliada em raças de origem britâni- deposição de gordura ocorre primeia pasto no médio-longo prazo.” ca, que possuem um alto potencial ramente na região do traseiro quando Já a espessura de gordura existente genético para produzir esse tipo de comparada a região lombar (contrafisobre o músculo Longissimus é uma gordura”, disse Silva. Para avaliação lé), é possível detectar diferenças entre característica importante, pois está dessa característica, especificamente, os animais em idade mais jovens para relacionada com precocidade dos ani- é necessária a utilização de softwa- essa característica.” mais, ou seja, se dois animais de um res especificamente desenvolvidos A presidente do Conselho Técmesmo rebanho que foram criados em para essa finalidade, que a partir de nico da Associação Brasileira dos condições semelhantes apresentam análises de características específicas Criadores de Angus (ABA) Susana diferenças em relação à espessura de da imagem de ultrassom estimam a Macedo Salvador lembra que, com gordura, pode-se dizer que aquele quantidade de gordura. Os softwares o uso dessa tecnologia, toda a cadeia que apresenta maior espessura de utilizados para avaliação dessa carac- produtiva da carne sai beneficiada, gordura é um animal mais precoce. terística são todos importados e quem desde o produtor até o consumidor Essa característica também é impor- os utiliza deve pagar royalties para as final. “Passamos a ter dados objetivos tante no momento do abate, pois é empresas que os desenvolveram. No sobre rendimento de carcaça, pelo fundamental para evitar problemas de Brasil, o Laboratório de Avaliação qual o produtor é remunerado e, além “endurecimento” da carne durante o Animal e Qualidade da Carne da disso, contamos com informações que CONSELHO TÉCNICO nos permitem selecionar os melhores animais, visando incrementar a qualidade da carne, fator que também beneficia o consumidor”, diz Susana. A especialista lembra que as medições são feitas a campo e, após, enviadas para o programa de melhoramento. Para participar do programa, os animais precisam ser avaliados pelo Promebo e ter no máximo 22 meses. “São os que vão gerar as DEPs, que são os índices usados para selecionar”, diz a presidente. Segundo ela, as medidas de ultrassom ainda contam com um número pequeno de adeptos, cenário que, na opinião de Susana, tende a mudar neste ano, em função do subsídio que a associação está dando para os produtores, no sentido de gerar maior número de animais avaliados. “A associação paga a coleta de dados para tomada de imagens, o que representa cerca de R$ 10,00 por animal avaliado.” Em função dessa iniciativa, a associação já verifica aumento do interesse dos produtores em fazer esse tipo de avaliação. “Neste ano vamos ter maior número de animais analisados, em volume crescente, e à medida que dados vão sendo mais usados vai havendo interesse e demanda maior, mais motivação.” Saulo da Luz e Silva lembra que, no Brasil, essa tecnologia está disponível aos criadores desde a metade dos anos 90, mas somente nos últimos 10 anos tem havido um maior interesse dos criadores brasileiros em utilizar essa tecnologia. No Brasil, nos estados do sul, principalmente no Rio Grande do Sul é que os criadores têm utilizado essa ferramenta com maior intensidade, principalmente por ser a região onde estão concentradas as raças britânicas e europeias, que sempre deram maior ênfase a avaliação de características de carcaça e qualidade de carne. No sudoeste do Brasil, alguns programas de melhoramento genético de zebuínos já incorporaram as características de carcaça como critérios de seleção. Maio / Junho de 2011 5 Workshop vai discutir importância da avaliação de bovinos de corte A relevância do uso do ultrassom para a avaliação de carcaças com vistas à qualidade da carne será o tema central do I Workshop Internacional de Avaliação Animal que será realizado em meados deste ano, em Porto Alegre. A intenção dos organizadores é reunir pesquisadores com integrantes da cadeia produtiva como a indústria e criadores de Angus e demais raças britânicas. “O objetivo é apresentar técnicas modernas e também discutir a forma e o impacto da aplicação dessas tecnologias sobre o desempenho dos animais”, diz o professor doutor do departamento de Zootecnia da Ufrgs, Jaime Tarouco. Um dos temas centrais será a visão da indústria sobre o uso da técnica e da importância da metodologia para a obtenção de cortes de qualidade . “Eles vão nos dizer qual o tipo de carcaça que eles querem, e com isso orientar o produtor. Hoje se fala de qualidade, mas não se tem uma base, um tipo de animal”, detalha Tarouco. Além disso, os participantes poderão ter uma visão geral sobre como está o uso da técnica de ultrassonografia nos Estados Unidos e que reflexos a tecnologia já apresenta em termos de qualidade de carne naquele país. “Para tal, vamos contar com o diretor da Ultrasound Guidelines Coucil (UGC), Michael Tess, que é o responsável pela interface entre os produtores e a UGC, conselho que certifica os técnicos que são habilitados para trabalhar com ultrassom.” Outro assunto será o processo centralizado de interpretação de imagem, que será feito por vários laboratórios, como da Ufrgs e USP, além de dois particulares. Durante o workshop, também serão certificados técnicos de laboratório, iniciativa que segundo Tarouco terá uma repercussão altíssima, uma vez que os dados coletados no Brasil poderão ser utilizados e comparados com os dos Estados Unidos, Austrália e Canadá. “Com a certificação será possível internacionalizar a informação, pois essas imagens serão aceitas por qualquer programa, por serem feitas por técnicos que são aptos e avaliados constantemente.” 6 CONSELHO TÉCNICO Maio / Junho de 2011 Novo Conselho e os grandes desafios do mercado Fotos: Horst Knak / Agência Ciranda José Fernando Lobato Foto: Divulgação Roberto Vilhena Susana Macedo Salvador A consolidação da genética genuinamente nacional, com a identificação de reprodutores Angus adaptados aos trópicos úmidos, a seleção por ultrassom e por pelo curto e liso figuram entre as prioridades do novo Conselho Técnico da ABA, que se reuniu pela primeira vez em meados de maio. O novo Conselho Técnico da ABA, que se reuniu pela primeira vez em maio, visivelmente prima pelo rigor de seus integrantes, todos profissionais de sucesso no ramo – seja como criadores, ou como pesquisadores em universidades brasileiras ou consultores de renome. Os principais objetivos do novo Conselho, resume a presidente Susana Macedo Salvador, são a incorporação de novas ferramentas de seleção genômica para avaliação de carcaças incluindo o uso do ultrassom, a atualização do regulamento de exposições e do ranking da raça e a formatação do Sumário de Touros Consolidado, integrando animais avaliados do Brasil, Argentina e Uruguai. O Conselho Técnico – presidido por Susana Salvador – é integrado por Ângela Linhares – Médica-veterinária ligada à Gap Genética, José Fernando Piva Lobato – professor universitário (Ufrgs), doutor em produção animal pela Universidade de Melbourne, Ricardo Macedo Gregory – expresidente do CT, Roberto Vilhena Vieira – zootecnista, consultor em pecuária de corte, jurado de várias raças, com mestrado pela USP, Rogério Rotta Assis – produtor rural, ligado à Estância Tradição, e Amilton Elias, representante da ANC. A valorização da genética nacional, sem dúvida, também é uma das prioridades da atual gestão. “Vamos investir em testes de progênie, provas zootécnicas, como por exemplo o da CRV Lagoa, para oferecer aos criadores maior número de opções na hora de escolher touros adequados ao nosso meio de produção”, diz Susana. O próprio Sumário Consolidado – que deve sair até outubro deste ano – vai agregar confiabilidade aos dados, já que conterá um número muito maior de animais avaliados para qualidade de carcaça – especialmente pelo volume de animais argentinos. Os testes para animais cruzados também estão na pauta, o que virá a favorecer produtores que trabalham com cruzamentos e engorda – dentro do Programa Carne Angus. “Vamos monitorar dados de produção – envolvendo a ABA, a pesquisa, o produtor e o frigorífico – toda a cadeia produtiva da carne”, resume Susana. A integração com as associações uruguaia e argentina tomou corpo nas últimas gestões da ABA – via troca de experiências – e agora promete nortear também a seleção genética. “O convênio na área de ultrassonografia foi o primeiro passo e agora vamos iniciar a integração dos bancos de dados”, explica Susana Salvador. Ela salienta ainda a grande importância de profissionais do setor – enquadrados com uma espécie de consultores - como o brasileiro Jaime Tarouco, especialista em ultrassonografia, o argentino Horácio Guitou e o Grupo GenSys, empresa especializada em avaliações genética, que vai processar estes dados. Dizendo-se honrado pelo convite, o consultor Roberto Vilhena observa que o grande desafio colocado para a raça Angus é contribuir diretamente para a produção de carne de qualidade. O volume de animais está no Centro-Oeste e o objetivo é produzir um animal meio sangue cada vez melhor. Para Vilhena, a pecuária brasileira utiliza muita informação de fora, mas precisa gerar informação própria, que seja adequada ao sistema pecuário nacional: “temos uma pecuária única, totalmente a pasto e nossa genética deve ser diferente dos países do norte, adequada aos trópicos”. O trabalho técnico da Associação é muito sério e importante, entende o conselheiro, voltado para o mercado e deve garantir lucro ao usuário. A bonificação de 8% para pelos frigoríficos é algo real, o aumento da comercialização de sêmen e touros registrados são outros elementos que fazem girar o sistema de produção. “O produtor precisa do retorno ao capital investido, sob pena de buscar outras alternativas mais rentáveis e de aplicação mais fácil”, observa o especialista, com mais de 10 anos de atuação no mercado pecuário. Segundo ele, todas as experiências de sucesso na pecuária precisam ser aproveitadas para alavancar o sistema produtivo. “Se dermos as ferramentas, vamos trazer para dentro do Programa Carne Angus o produtor profissional que busca encurtar o ciclo e aumentar seus lucros”, resume. Desde já, Roberto Vilhena Vieira, formado pela Universidade de Viçosa e ligado à Universidade de São Paulo (USP), está desenvolvendo contatos com a área da pesquisa nacional, em busca de trabalhos em andamento ou de identificar pesquisadores que possam gerar trabalhos específicos em nosso meio de produção da pecuária de corte. “Temos muito terreno a desbravar, mas é um desafio gostoso e de futuro promissor”, garante Vilhena. - O Angus deve assumir sua condição de participar, de promover a seleção animal, adequado aos trópicos e subtrópico, contribuindo para a produção de carne, a produtividade dos rodeios de cria, puros ou em cruzamentos. Esta é a função que o conselho técnico da Angus precisa assumir, na opinião do professor e pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), José Fernando Piva Lobato. “Precisamos buscar animais funcionais, com adaptação ao meio e de alta produtividade, sem nunca esquecer que o principal meio à disposição da pecuária brasileira é uma região de alta temperatura e alta umidade”, sublinha. Para José Fernando Lobato, o sucesso da expansão do Angus nos rebanhos comerciais depende de uma regra básica: as vacas cruzas Angus precisam ficar nos rebanhos para gerar as próximas gerações. E os animais precisam ser testados e suas performances identificadas. Outra decisão importante é a ênfase ao pelo curto e liso, o que indica animais mais indicados às regiões tropicais. A medição do olho de lombo possibilita a produção de cortes maiores e rentáveis para a cadeia produtiva. Outra linha de pesquisa e melhoramento é a resistência ao carrapato, um sério problema nas principais regiões tropicais. Aos 63 anos, Lobato crê que todos os dados produzidos pela pesquisa só terão reflexos na pecuária se houver efetiva participação do produtor. “O criador / produtor deve se conscientizar de que precisa participar para entender os programas de melhoramento e tirar proveito deles”, sentencia. O que este produtor quer e precisa, de fato, é agregar valor econômico aos investimentos em genética e tecnologia. Entre as características de valor econômico, Lobato relaciona como fundamentais o peso ao nascer, à desmama, ao sobreano e idade adulta, que devem ser somadas à área de olho de lombo, espessura ideal de gordura subcutânea, adaptação aos trópicos e a busca por animais de pelo curto e liso. Buscar esta fórmula ideal, que não existe pronta e precisa ser buscada pela pesquisa integrada na cadeia produtiva, e será o desafio do Angus para as próximas décadas. Novo assistente técnico Jean Carlos dos Reis Soares é o novo integrante da equipe da Associação Brasileira de Angus. Ele vai atuar como assistente técnico ligado ao departamento de Melhoramento Genético e ao Programa Carne Angus Certificada da ABA. Médico veterinário formado em 2003 pela Ulbra, de Canoas, RS, Jean foi responsável técnico do campus experimental da Ulbra, em Montenegro, RS, estabelecimento que se dedica à criação de diversas espécies animais, com destaque aos bovinos Angus. Atualmente Jean cursa Mestrado em Produção Animal no Departamento de Zootecnia da Ufrgs, em Porto Alegre, RS, sob orientação do professor (e tradicional colaborador do jornal Angus@newS) Júlio O. J. Barcellos e integra o Nespro. Seu e-mail de contato é [email protected] Maio / Junho de 2011 7 8 CONSELHO TÉCNICO Maio / Junho de 2011 Foto: ABA / Divulgação Reprodutores: tendência para seleção cada vez mais apurada O que é um touro registrado Para receber o registro genealógico, o animal é selecionado desde, no mínimo, seus avós, sofrendo a pressão de seleção imposta pelo criador, onde só os melhores animais de cada geração são utilizados para gerar a próxima, são submetidos a inspeção técnica, onde características fenotípicas raciais e funcionais são consideradas pelo inspetor zootécnico e em muitos casos, ainda avaliados no programa de melhoramento genético da entidade – Promebo. As crescentes exigências do mercado consumidor, com relação a carnes de melhor qualidade, e as preferências dos criadores profissionais e responsáveis, com relação ao aprimoramento da raça e dos seus rebanhos, levaram à rejeição completa da utilização de touros sem registro para formação de planteis ou para a produção de animais para abate. A opinião unânime entre pecuaristas que levam a sério sua profissão é de que atualmente é inadmissível usar touros sem registro num criatório. Mal comparando, seria a utilização de carros sem direção numa prova de alta velocidade - tipo uma fórmula 1 da pecuária, que exige resultados pontuais e sempre lucrativos. CA. Então isto é muito relativo, mas quanto melhor e mais testado for o animal melhores serão os resultados que ele irá apresentar”, conclui. O técnico da Associação Brasileira de Angus e criador, Flávio Montenegro Alves, titular da Cabanha Santo Antão, de Alegrete, RS, com sua experiência garante que o touro CA funciona muito bem num >>> Fotos: Horst Knak / Agência Ciranda melhores e mais testados animais vão ter a preferência dos criadores porque a raça não pode estagnar. Se não pensarmos na nossa raça no longo prazo, estaremos trabalhando contra nós mesmos,” afirma ela. Esta criadora, que usa o Promebo há mais de 20 anos, destaca que na Quiri são usados touros CA, duplo CA e PO, mas que cada caso é um caso, cada criador sabe das suas necessidades, tem suas metas e conhece o seu rebanho. Assim pode usar um ou outro tipo de touro de acordo com o que pretende conseguir. “Qualquer animal registrado sempre agrega um ganho genético ao rebanho e muitas vezes um animal CA não alcançou a dupla marca por uma questão de detalhes, mas ele pode ser tão melhorador num plantel quanto um duplo destaque é de Fernando Costa Beber, da Fazenda Pulqueria, de São Sepé, que se dedica à terminação de animais para abate. Com a experiência de invernador ele afirma que para isso são necessários touros melhoradores nos rebanhos de reprodução, o que garante a melhor progênie, a melhor carne e o melhor retorno no menor espaço de tempo. A posição do titular da Fazenda Pulqueria é respaldada por Clóvis Gonçalves da Silva, da Cabanha Santa Nélia, de Jaguarão. A Santa Nélia que seleciona Angus desde 1980 só trabalha com fêmeas de plantel próprio e compra machos para os acasalamentos. ”Nossa seleção é muito rigorosa. Nos nossos plantéis o animal só pode falhar uma vez em toda sua vida reprodutiva,“ conta Clóvis. Por isso ele preconiza o uso de animais com avaliação do Promebo, que a Santa Nélia usa desde o início da sua seleção, tanto na reposição das fêmeas quanto para os machos. ”Todas as nossas fêmeas são CA ou duplo CA porque os dupla marca são indiscutíveis e se destacam como uma ferramenta fundamental num criatório”, afirma ele. A tendência que se observa no mercado produtor de Angus para a produção de carne, e, obviamente, para a seleção genética de reprodutores e matrizes, está cada vez mais voltada ao aprimoramento genético dos animais, visando uma evolução constante do criatório. Os esforços para se obter mais precocidade, maior ganho de peso através da melhor conversão alimentar, maciez de carne e pureza genética dos produtos são a tônica entre os criadores, que fogem de uma situação de comodismo e evitam a estagnação dos rebanhos mesmo em um estágio considerado de boa qualidade. Quem exemplifica esta tendência é Vivian Potter, da Agropecuária Quiri, de Dom Pedrito, que trabalha com rebanhos comerciais para a produção de touros para uso próprio e para venda. Segundo ela, não se pode ser imediatista, mas deve-se pensar a médio e longo prazos. ”Cada vez mais temos que ser selecionadores para a raça. Ao longo do tempo os rebanho comercial. “ O que não se admite num criatório Angus é o uso de qualquer reprodutor que não tenha passado pela avaliação de um técnico e não seja reconhecido pela ABA,” comenta. Para agregar valor genético mais rápido e melhor para o rebanho, só usando animais tatuados com o reconhecimento técnico da Associação, opina o administrador da PAP Villamil de Castro, de Dom Pedrito, Arthur Villamil de Castro. A propriedade produz reprodutores para uso próprio e para venda, tendo comercializado animais a preços superiores aos valores de mercado por causa do cuidado com a genética empregada, garante Arthur. Segundo o administrador, a ênfase na PAP é pela utilização dos melhores touros, por isso priorizam o uso de animais mais testados, que garantem a transmissão das melhores qualidades da raça e garantem o melhor desempenho aos seus produtos. “Num rebanho comercial, é muito importante que os animais respondam rápido pela conversão alimentar adquirindo peso, velocidade de acabamento e camada uniforme e macia de gordura”. O Fernando Beber Vivian Pötter Flávio Alves CARNE Maio / Junho de 2011 9 10 Maio / Junho de 2011 CONSELHO TÉCNICO Foto: Divulgação O valor do touro Angus dupla marca Somos os maiores exportadores de carne bovina do mundo em volume, mas no que diz respeito ao mercado de carne de qualidade ainda temos muito que melhorar se quisermos conquistar mais espaço. A opinião é de uma pecuarista pioneira nos testes de performance realizados no Estado, testes que ela considera a ferramenta mais importante para o aprimoramento das qualidades melhoradoras para os rebanhos e por conseqüência para a qualidade da carne. “A nossa carne ainda não tem a padronização que podemos e precisamos alcançar e o caminho mais curto para esta padronização é através de animais que provaram seu desempenho em testes de aptidão e que conseguiram a dupla marca tatuada no lombo”. A autora dessas declarações é a tradicional selecionadora de Angus Carla Sandra Staiger Schneider, titular da Cabanha Santa Bárbara, de São Jerônimo RS. F alando com a experiência de quem usa os testes de performance desde 1974 - o Promebo iniciou na Cabanha Santa Bárbara e na Cabanha Azul naquele ano – Carla Sandra só utiliza touros com dupla marca no seu plantel e faz testes de performance tanto nos machos como nas fêmeas. Ela tem uma opinião forte no sentido de que os criadores precisam focar seus esforços em obter resultados úteis, como fazem os criadores norte americanos, que já avaliavam e conheciam as qualidades melhoradoras dos animais através de testes de aptidão antes da década de 70. “Em 1970 visitei algumas fazendas nos Estados Unidos para comprar ani- mais e conheci lá o que eram os testes de performance. Antes de mostrar o gado nas mangueiras o criador levava o interessado ao escritório da fazenda e mostrava as DEPs dos animais. Aqui no Brasil naquela época nem se sabia o que eram DEPs”, comenta a pecuarista. Por isso, ao iniciarem os testes do Promebo ela foi a primeira a aderir à novidade. Para Carla Sandra, não existem condições de o criador corrigir os animais só no olho: “são necessárias a avaliação técnica e as perfomances para se conseguir uma padronização adequada”, conclui. O técnico da ABA, jurado e titular da Cabanha Santo Antão, de Alegrete, RS, Flávio Montenegro Alves, destaca que os animais que recebem a dupla marca são os mais produtivos e transmitem suas características à progênie. “As qualidades são herdáveis e a dupla marca certifica que o animal é diferenciado em relação aos outros da mesma raça que só tem a marca da raça”, enfatiza. Enquanto a tatuagem simples identifica o fenótipo do animal, a dupla identifica o genótipo, diz ele. Afirmando que sua opinião é suspeita ao falar sobre este assunto porque é o direcionamento que sempre empregou no seu criatório, o titular da tradicional Cabanha Umbu, de Uruguaiana, Angelo Bastos Tellechea acredita que quanto mais se seleciona, avalia, testa, se faz exames e os técnicos da Associação ratificam os resultados, melhor é o produto que se oferece ao mercado. “É tranquilidade para quem oferta e para quem compra e usa”, destaca ele, do alto do seu preparo técnico e experiência como meticuloso selecionador de Angus. A Umbu utiliza o Promebo há mais de 20 anos, utilizando os serviços do professor Walter Ney Louzada Ribeiro e com exames andrológicos completos. A avaliação de área de lombo através de ultrassonografia é feita em dois momentos - no desmame e no sobreano - para garantir resultados mais completos sobre o desempenho do animal. Ângela Linhares Silva, da GAP Genética, de Uruguaiana, destaca que o touro de dupla tatuagem é reconhecido pelo seu mérito genético de perfomance. “Estes animais dão a certeza que irão agregar valor na genética do seu rebanho porque possuem todas as características econômicas que se destacam no gado de corte e os seus produtos serão superiores”, observa ela. Como conseqüência, o valor destes animais nos leilões atinge um patamar cerca de 20% superior aos de tatuagem simples, o que tem sido observado nos eventos da Gap Genética. A tendência, porém, segundo Ângela é que este percentual tenha um aumento gradativo, à medida que mais criadores buscam este tipo de animal para melhorar seus rebanhos. A Gap também só utiliza dupla tatuagem nos seus plantéis e quando compra animais de outros criadores só compra os “deca 1”, ou seja, aqueles classificados entre os 10 melhores, finaliza. O técnico da ABA, Fernando Velloso, que vem realizando um importante trabalho de orientação aos criadores de Angus e aos novos investidores na raça especialmente no Brasil Central, comenta que os compradores mais exigentes já estão dando preferência a este tipo de touro registrado e controlado, porque ele garante o retorno. “E isto não é uma questão nacional. No mundo inteiro, em todos os países desenvolvidos, os animais que passaram por testes de aptidão valem mais. Eles são touros superiores dentro da sua geração”, destaca. Segundo o técnico, dentro de algum tempo este tipo de animal vai valer mais que os touros premiados em exposições. Velloso informa que isto já está acontecendo nos países mais desenvolvidos e acredita que o processo de modernização que já se faz sentir em setores da pecuária nacional. “Temos que chegar a uma escala ‘macro’ como já se verifica nos criatórios internacionais de ponta, que é onde temos que chegar. Somente assim alcançaremos uma situação semelhante, já que o Brasil e a Argentina estão um pouco atrasados nesse processo”, critica ele, chamando a atenção dos criadores. Maio / Junho de 2011 11 12 Maio / Junho de 2011 CARNE Marfrig incrementa bonificações do Programa Carne Angus Fotos: ABA / Divulgação Os criadores gaúchos que participam do Programa Carne Angus Certificada, da Associação Brasileira de Angus (ABA), e comercializam seus animais nas plantas industriais do Frigorífico Marfrig no Rio Grande do Sul, passaram a contar a partir de 11 de abril deste ano com um incremento nas bonificações. Parceira da ABA, a empresa frigorífica além de estender os incentivos que já vinha concedendo agora para animais de menor peso - 180 kg de carcaça para os machos e 170 kg para as fêmeas, passa a valorizar os animais superprecoces, ampliando ainda as premiações, que subiram em média 2% em todas as categorias. Por Alexandre Gruszynski A Nova tabela de premiação Marfrig segue o sistema de sua versão anterior, apresentando premiações progressivas por qualidade, onde são consideradas características de peso, idade e grau de acabamento das carcaças. Fêmeas a preço de machos Nos machos os produtores podem receber sobrepreço de até 8%. E agora as fêmeas passam a ser cotadas a preço de machos, agregando ainda mais uma premiação que pode chegar a até 8%. A bonificação abrange todos os animais que se enquadrarem dentro das especificações raciais do Programa Carne Angus Certificada, a saber: Angus definidos, cruzamentos com raças européias com mínimo de 50% de sangue Angus; cruzamento com zebuínos e raças sintéticas com mínimo de 5/8 de sangue Angus. Exigências Mas para faturar mais por seus animais, é preciso que os produtores forneçam um produto à altura, em termos de qualidade e acabamento. Para alcançar as premiações da tabela, os animais precisam apresentar um acabamento mínimo de 3mm de gordura (gordura mediana). Entretanto, fêmeas com acabamento superior são ainda mais valorizadas. E visando fortalecer ainda mais o crescimento da raça no Estado gaúcho, o sistema de premiação implantado pelo Marfrig RS também valoriza animais acima de 4 dentes, dentro das mesmas condições de acabamento e padrão racial. A tabela conta ainda com valorização diferenciada para animais habilitados à exportação para União Européia – “Lista Trace”, que alcançam sobrepreços em torno de 1% a 2% sobre a tabela Angus, conforme a categoria. Segundo Luciano Andrade, gerente de Fomento do Marfrig, os novos valores de remuneração para o Rio Grande do Sul representam o reconhecimento da empresa ao comprometimento dos criadores que acreditaram e aderiram ao programa, na parceria da indústria com a AB Parceria solidificada Falando de uma outra iniciativa implantada no RS neste ano, que inclusive foi destaque na edição anterior do Angus@newS – Programa Marfrig Fomento RS – Luciano Andrade destaca que o Programa de Fomento Angus do Grupo Marfrig reforça ainda mais a parceria com a ABA, através de seu Programa Carne Angus Certificada. “Além de colocar a mais apurada tecnologia de produção de carne (com uso de IATF) ao alcance dos produtores, participamos da maioria das feiras de terneiros de Outono, atraindo novos fornecedores e divulgando a importância do Programa Carne Angus Certificada, que aliado ao trabalho de marcas de carne especiais do Marfrig, aumenta o portfólio de produtos ao mercado gaúcho e nacional”, diz o dirigente do Marfrig. Mudança no mercado A valorização das fêmeas através de pagamento diferenciado e igualadas aos preços dos machos é destacada pelo presidente da ABA, Paulo de Castro Marques. Ele acredita que isto vai ocasionar uma mudança no mercado, que sempre valorizou mais o macho em detrimento da fêmea. Marques cumprimenta o Marfrig, que aposta na parceria com produtores de carne de qualidade, caso da Angus. Leves mas de valor! Já a valorização dos animais de menor peso de carcaça na nova tabela de bonificações foi comemorada pelo coordenador técnico do Programa Carne Angus Certificada e também subgerente da ABA, Fábio Medeiros. Ele lembra que antes os animais abatidos precocemente só obtinham premiação se tivessem peso acima de 225 kg. “O aumento das bonificações paralelamente à redução do peso mínimo é um avanço para a raça e incentiva os produtores integrados ao Programa Carne Angus, e premia aqueles produtores que apostam na produção de animais superprecoces”, comenta o técnico, no que é respal>>> PADRÃO ANIMAL SELECIONADO Idade Acabamento RS ANGUS E RED ANGUS definidos Cruzamentos com zebuínos e raças sintéticas: mínimo de 5/8 de “sangue” Angus. Cruzamentos com raças européias: mínimo 50 % de “sangue” Angus. Até 30 meses – 4 dentes Mínimo de gordura MEDIANA (>3mm) Sexo Fêmeas e Machos CASTRADOS Padrão racial Sudeste e Centro-Oeste ANGUS E RED ANGUS definidos Cruzamentos com zebuínos: mínimo de 50% de “sangue” Angus. Cruzamentos com raças européias: mínimo 50 % de “sangue” Angus. Até 24 meses – 2 dentes* Mínimo de gordura MEDIANA (>3mm) Fêmeas e Machos CASTRADOS * Machos INTEIROS – Dente Leite Maio / Junho de 2011 13 14 CARNE Maio / Junho de 2011 >>> dado pelo criador Rodrigo Cestari, da Fazenda Pesqueira, de Camaquã, RS. “Eu que trabalho com animais mais jovens, não conseguia, no programa anterior operado no Marfrig, obter a bonificação. Agora, pelo contrário, posso vender meus machos com 180 kg e fêmeas com 170 e ter a remuneração diferenciada concedida pela empresa, e que está muito boa”, conclui. O titular da Fazenda das Pedras, de Cachoeira do Sul, RS, e da Fazenda Vitória, de Carazinho, RS, Reneu Ries, compartilha da mesma opinião. “Este programa veio preencher a lacuna que existia para valorizar animais jovens e de alta qualidade”, aponta. O criador lembra que a pecuária moderna está reduzindo cada vez mais a idade dos animais para abate e isto foi reconhecido no programa de bo- nificações, tanto quanto a valorização das fêmeas, igualando-as aos preços de machos. O Programa Carne Angus Certificada atua nas unidades do Marfrig de Bagé, Capão do Leão, Alegrete e São Gabriel no Rio Grande do Sul. Nas unidades do Brasil Central, localizadas nos estados de São Paulo e Goiás, o Marfrig também conta com sistemas de premiação e valorização do Angus e suas cruzas. Seguindo a mesma filosofia de premiação por qualidade, porém com padrão animal diferenciado e adequado as características daquelas regionais – Cruzamento Industrial – o Marfrig também trabalha com tabelas progressivas de premiação por qualidade. Machos podem obter premiações de até 6% sobre o índice Esalq e as fêmeas preço de macho mais até 5%. TABELA MARFRIG SUDESTE E CENTRO-OESTE SEXO MACHOS SEXO FÊMEAS PESO MÍNIMO 240kg 225 a 239,9kg Fora das categorias acima GORDURA INIFORME 6% 5% GORDURA MEDIANA 2% 2% 0% 0% PESO MÍNIMO 240kg 225 a 239,9kg 195 a 224,9kg Fora das categorias acima GORDURA INIFORME @ BOI + 5% @ BOI + 4% @ BOI GORDURA MEDIANA @ BOI + 1% @ BOI + 1% @ VACA + 3% 0% 0% * % sobre a @ de vaca gorda comercializada PREMIAÇÃO ANGUS MARFRIG SUL A partir de 11 de abril de 2011 CARNE Maio / Junho de 2011 15 16 Teste Angus: Embrapa Sul anuncia vencedores Maio / Junho de 2011 O Angus@newS estava “na boca da rotativa” para impressão quando nos foram antecipados os resultados básicos do primeiro Teste de Avaliação de Touros Angus realizado pela Embrapa CPP Sul (Centro de Avaliação Pecuária Sul), de Bagé, RS. Os resultados completos da prova foram anunciados em concorrido dia de campo, realizado dia 2 de junho, na Embrapa, em Bagé, RS, coordenado pelo destacado pesquisador Dr. Joal Brazzale Leal. Este trabalho será tema de ampla reportagem em nossa próxima edição, que deverá circular bem antes da Expointer, e que também deverá apresentar ao mercado grandes novidades. NOTÍCIAS DA ABA Segundo Paulo de Castro Marques, presidente da ABA, unir o conhecimento da Embrapa com a seleção genética Angus promovida pela associação é muito importante e com certeza agrega qualidade às ações realizadas com a raça. “O encontro realizado em Bagé comprova que os criadores da região Sul estão interessa- 1º lugar: TAT 615 - Estância Santa Eulália – Joaquim Francisco B. A. Mello – Pelotas, RS 2º lugar: TAT 2049 – Estância Acácia - Álvaro Augusto de Almeida Salles – Dom Pedrito, RS 3º lugar: TAT T49 – Cabanha Paipasso – Corrêa Osório Agropecuária – Livramento, RS 4º lugar: TAT 1300 - Estância Santa Eulália – Joaquim Francisco B. de A. Mello – Pelotas, RS 5º lugar: TAT TE 1628 – Cabanha Umbu – Ângelo Bastos Tellechea – Uruguaiana, RS dos em melhorar a genética do plantel, buscando em instituições como a Embrapa formas de incrementar o manejo”, destaca. Confira aqui os principais vencedores. A prova classificou os animais em Elite, Superior e Comercial. Os cinco primeiros colocados são considerados Animais Elite: Joal Brazzale Leal coordenou o Teste de Avaliação da Embrapa Sul Fotos: ABA / Divulgação Angus Show movimentou Paraná O Angus Show, evento promovido no final de maio em Cascavel pelo Núcleo de Criadores de Angus do Oeste do Paraná, em conjunto com a Sociedade Rural Oeste e Associação Brasileira de Angus (ABA), reuniu mais de 250 participantes e mesclou aspectos técnicos e promocionais da raça Angus com uma destacada mostra de exemplares Angus da região, premiados em exposições como a Expo Londrina, em Maringá e em Guarapuava, todas no Paraná. A raça atrai cada vez mais criadores no Oeste paranaense, com ênfase a produtores que buscam a multiplicação de animais de alta qualidade genética, proporcionando o consequente aumento da oferta de carne bovina de padrão superior. O ponto alto foi a apresentação de animais da Fazendas Stein e da Fazenda Rio da Paz, que representam o potencial genético da raça naquela região do País. Foi destaque a fêmea Paineiras Brigadier Karol, eleita Reservada de Grande Campeã da mais importante exposição do calendário Angus no Paraná, a Expo Londrina 2011. Na promoção da raça e geração de informação produtiva aliada à genética Angus, o Angus Show teve palestra do veterinário Fernando Velloso, técnico da ABA. “Os três estados do Sul, devido às condições climáticas, são especialmente vocacionados para o desenvolvimento da genética Angus. Devido à estrutura fundiária e localização estratégica em relação às regiões mais quentes do País, a região Oeste do Paraná pode ocupar posição de liderança como gerador e fornecedor de genética para cruzamentos industriais”, disse enfatizou Velloso. O Angus Show também marcou os 11 anos de fundação do Núcleo Angus do Oeste do Paraná. Para o presidente do núcleo, selecionador Cristopher Filippon, nesse período o núcleo já promoveu 23 julgamentos e 21 leilões, com a venda de 500 reprodutores e 1.500 animais de cruzamento. O evento foi concluído com uma degustação da carne Angus. Novos associados da ABA Até o final do mês de março, a ABA passou a contar com estes novos associados. A todos, os votos de uma criação sólida, duradoura e muito lucrativa com a raça Angus. São eles: Didimo Santana Fernandes Junior - Fazenda Santana, Loamda, PR; Fabiano Lopes de Almeida Costalunga - Cabanha Jarunã, Cachoeira do Sul, RS; Itamar José dos Santos, IJS, Passo Fundo, RS; José César Suslik, Estância San Juan, Porto Alegre, RS; Lana Michelini Lanna, Porto Alegre, RS; Mireya Carmem Bofill Irigoyen Matas, Estância São Vicente, Itaqui, RS; Setimo Alvarino Biazus, Cabanha Setenta, Caxias do Sul, RS; Thereza Cristina Koefender, Fazenda Palmeira, Rio Pardo, RS. Confira as parciais do Ranking Angus 2011 Apresentamos, a seguir, as colocações “parciais” que ocupam os competidores do Ranking Nacional da Raça Angus, coordenado pela Associação Brasileira de Angus (ABA). Outras informações podem ser obtidas pelo fone: 51.3328.9122 ou pelo e-mail: [email protected]. Ranking Nacional 2011 – Criador Argola Ranking Nacional 2011 – Expositor Argola 1. CABANHA RINCÓN DEL SARANDY (40) 2364 1. CABANHA RINCÓN DEL SARANDY (40) 2000 2. LUIZ ANSELMO CASSOL (140) 2353 2. ANTÔNIO MACIEL NETO (77) 1765 3. ANTÔNIO MACIEL NETO (77) 2177 3. ELOY TUFFI (150) 1536 4. ELOY TUFFI (150) 1486 4. PARC. CABANHA DA CORTICEIRA E GB AGROPECUÁRIA (7821) 1409 5. ROBERTO SOARES BECK- ESTÂNCIA DO ESPINILHO (238) 911 5. LUIZ ANSELMO CASSOL (140) 1056 6. RECONQUISTA AGROPECUÁRIA LTDA (121) 785 6. ROBERTO SOARES BECK- ESTÂNCIA DO ESPINILHO (238) 911 7. 3 E AGROPECUÁRIA LTDA - EPP (363) 661 7. RECONQUISTA AGROPECUÁRIA LTDA (121) 733 8. JOÃO VIEIRA DE MACEDO NETO (108) 656 8. 3E AGROPECUÁRIA LTDA - EPP (363) 537 9. PAULO DE CASTRO MARQUES (270) 334 9. PAULO DE CASTRO MARQUES (270) 528 10. AGROPECUÁRIA FUMAÇA (8) 245 10. PARC. RINCON DEL SARANDY E PAULO DE CASTRO MARQUES (7827) 315 NOTÍCIAS DA ABA Maio / Junho de 2011 17 18 Maio / Junho de 2011 NOTÍCIAS Feiras de terneiros gaúchas comprovam a valorização da genética Angus Foto: ABA / Divulgação e valores até 4,20/kg vivo, comprovando a valorização de exemplares com genética Angus que poderão futuramente ser direcionados para o Programa Carne Angus Certificada”, enfatizou a veterinária Juliana Brunelli, gerente da ABA. Santana do Livramento A 3ª Feira de Terneiros Britânicos de Livramento, RS, promovido pelo Sindicato Rural do município em parceria com as empresas Balcão Agronegócios e Cambará Remates, concretizou a venda de 747 machos (com destaque para os Angus), que saíram pelo preço médio de R$ 1.290,00/por cabeça, além de 1.054 fêmeas vendidas pela média de R$ 1.777,00. A cada ano os terneiros (bezerros) de genética Angus – os Terneiros Angus Certificados – fazem mais sucesso nas chamadas feiras de terneiros de Outono, tradicionalmente realizadas em vários municípios, especialmente do Rio Grande do Sul, e estendendo-se também por áreas de pecuária de Santa Catarina e do Paraná. Esses terneiros são certificados pela Associação Brasileira de Angus (ABA), e via de regra concentram a preferência do mercado comprador, registrando preços acima da média, tanto para machos quando para fêmeas. 100% ANGUS, O TOP Vamos dar o start neste flash sobre a valorização dos bezerros gaúchos através da 9ª Feira de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas 100% Angus, realizada durante a Fenasul, no parque de exposições Assis Brasil, em Esteio, RS, no dia 26 de maio. Promoção da Associação Brasileira de Angus (ABA), juntamente com a Federação da Agricultura do RS (Farsul) e Santa Úrsula Remates, a oferta de 750 terneiros - todos Angus e cruzas com expressiva participação de animais certificados -, teve pista limpa e ágil, comprovando a concetração de demanda sobre este tipo específico de bezerros. O valores que foram cotados mostram o sucesso do evento. Os machos saíram de pista à média de R$ 4,19 o kg vivo, o que é bem superior aos R$ 3,80 que vem sendo obtidos nas demais feiras do Interior gaúcho. O lote campeão terneiro Angus Definido, certificado, foi comercializado ao preço de R$ 4,76 / kg vivo. Já as terneiras saíram vendidas à média de R$ 3,73 o kg vivo e as novilhas fizeram média de R$ 3,58 o kg vivo. A venda mais valorizada foi de 20 vaquilhonas prenhes, por R$ 1.440,00 cada exemplar, arrematadas pelo produtor gaúcho Luiz Duarte. Zona Sul A seguir, uma rezenha de algumas das feiras realizadas no Sul do Brasil, começando pela Zona Sul. No Leilão Influência 2011, realizado em 27 de abril, na região Sul do Rio Grande do Sul, a Fazenda Calafate, de Genuíno Farias Ferreira, de Pelotas, RS, e Campos da Barra, de Rio Grande, RS, associadas ao Núcleo Sudeste de Angus, venderam a totalidade de suas ofertas, com excelentes resultados. A Calafate ofertou 70 terneiros Angus certificados, com média de R$ 760,00 por animal e pico de R$ 855,00 por cabeça (R$ 4,28/kg vivo) – este lote foi adquirido por Erico Ribeiro, da Fazenda Retiro, de Pelotas, RS. Já a Estância Campos da Barra, de Ronaldo Z. de Oliveira, ofertou 50 terneiros, vendidos por R$ 532,00/cabeça (R$ 3,94/kg vivo). Os lotes foram arrematados por Carlos Weymar, de Pelotas, RS e Julio de Araújo Lara, de São Lourenço do Sul, RS. Dom Pedrito O remate promovido pela PAP Villamil de Castro, de Dom Pedrito, RS, comercializou 1.113 terneiros, sendo 873 machos e 205 fêmeas. O resultado apurado com as vendas dos lotes de terneiros Angus certificados registrou média geral de R$ 4,07/kg vivo, valor superior à média global dos machos do leilão, cotados a R$ 3,80/kg vivo. “Vendemos um lote de 20 terneiros Angus certificados para a GAP Genética, de Uruguaiana, RS, pelo preço médio de R$ 4,15/ kg vivo”, comemorou Villamil. Em Bagé A 37ª Feira Oficial de Outono de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas promovida pelo Sindicato Rural de Bagé, RS, reuniu criatórios de nove diferentes localidades para venda de 2.744 animais. O preço médio foi de R$ 3,57/kg vivo pelos machos e R$ 2,84/kg vivo para as fêmeas. O lote de 23 machos Angus certificados vendido pela criadora Maria Tereza Gonçalves foi o que obteve a maior cotação do remate, vendido pela média de R$ 4,67/kg vivo. “Na feira de terneiros de Bagé mais de 60% da oferta eram de animais Angus ou cruzas Angus de alta qualidade e liquidez total em pista. Alguns lotes Angus Certificados chegaram a R$ 710,00 por cabeça Lavras do Sul Algumas das feiras de maior destaque ocorreram em Dom Pedrito, RS, quando a Fazenda Colorado, do 2º Distrito de Lavras do Sul, RS, apresentou um lote de terneiras Angus que registrou o preço de R$ 4,39 o quilo vivo. Também durante a exposição de Lavras do Sul, a Colorado teve o lote mais valorizado, igualmente entre os terneiros Angus Certificados, chegando à cotação de R$ 4,19 pelo quilo vivo. “Esses valores provam todo o nosso investimento em genética Angus”, destaca o criador Eduardo Lanna, proprietário da Fazenda Colorado. No total, na Feira de Dom Pedrito foram vendidos 585 animais, com faturamento de R$ 364.185,00. E na Exposição de Lavras do Sul, foram arrematados 3.620 animais, com arrecadação de R$ 2.369.360,00. Em Caçapava Durante a 31ª Feira de Terneiros de Outono de Caçapava do Sul, ocorrida também na primeira quinzena de maio, a Cabanha Estrela Dalva apresentou o lote de terneiros mais pesados do evento. “O lote de 10 terneiros Angus, com peso médio de 240 kg, foi vendido à cotação média de R$ 4,04 o quilo vivo”, informa Giovana Evangelista, uma das proprietárias da cabanha. Dos 1.324 animais ofertados em Caçapava do Sul, em 107 lotes, 51 terneiros Angus pertenciam à Cabanha Estrela Dalva, que participou do evento pela segunda vez. O total arrecadado foi de R$ 928.740. A média por cabeça foi de R$ 701,50 reais ou R$ 3,78 o quilo vivo. Em Camaquã A Cabanha Bons Ventos, de Sérgio Colaço, também diretor de Núcleo da Associação Brasileira de Angus (ABA), teve o lote mais pesado, no início de maio, durante a 31ª feira de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas do município. “Em apenas um lote eu fiz média de 256 kg por terneiro e no outro 248 kg por animal”, orgulha-se o criador, que trabalha com genética Angus. Ao todo foram 710 animais ofertados, dos quais 464 eram Angus puro sangue e 90 Angus cruzados. A média do remate foi de R$ 3,70 o quilo vivo, e o total arrecadado na feira atingiu 460.270,00. O lote mais valorizado de terneiros foi levado pelo produtor Hugo Bartz, arrematado pela média de R$ 1.000,00 por cabeça. Uruguaiana A Exposição de Uruguaiana, na Fronteira Oeste gaúcha, que se realizou na primeira quinzena de maio, foi palco do Remate de Produção da Estância Itapitocay, onde 1.948 terneiros foram levados a leilão. Do total de animais, 1.741 eram da raça/ genética Angus, sendo 760 fêmeas e 981 machos. O faturamento do remate da raça Angus da Estância Itapitocay alcançou R$ 1.367.000,00. “Até agora superamos em quase 30% o número de vendas de terneiros Angus na comparação com o mesmo período de 2010. O mercado está extremamente aquecido e a busca por animais jovens da raça Angus está em alta, por isso estamos colhendo bons frutos em relação as várias feiras que tivemos esse ano”, avaliou o técnico da ABA, Renato Paiva. Já o criador uruguaianense Angelo Antonio Bastos, da Itapitocay, que reúne em seu rebanho uma invejável qualidade e quantidade de vacas Angus, e se especializou na produção de terneiros Angus, que são Certificados pela ABA, não se arrepende do foco que escolheu para seu trabalho em pecuária. “Criamos Angus há muitos anos e sempre soubemos o que muitos estão descobrindo agora: que Angus é a melhor genética para produzir”, observou. Maio / Junho de 2011 19 20 Maio / Junho de 2011 NOTÍCIAS DA ABA Encontro Técnico do World Angus Secretariat – WAS A Associação Argentina de Angus será a anfitriã do Encontro Técnico do World Angus Secretariat, que se realiza de 8 a 15 de outubro de 2011, em Buenos Aires. Segundo o presidente da AnGus Argentina, Alberto Guil, a Reunião Técnica do WAS 2011, da qual participarão todos os países criadores de Angus, será uma oportunidade para conhecer as novidades da raça no mundo e os últimos avanços na seleção genética por marcadores moleculares, entre outros temas de vanguarda. Simultaneamente, os organizadores programaram a 33º Exposição Nacional Angus de Primavera, a 12º Exposição Nacional do Terneiro Angus e a Expo-Genética Angus, que vai oferecer interessantes oportunidades comerciais através da venda de sêmen, embriões e reprodutores, informa o coordenador da Comissão Organizadora WAS 2011, Alejandro Salemme. Desde 1879, quando foram importados a Argentina os primeiros reprodutores Angus de pedigree, o crescimento da raça neste país tem sido constante. Pelas extraordinárias aptidões reprodutivas, produtivas e pela insuperável qualidade de sua carne, a raça Angus foi ganhando espaço tornando-se a mais difundida do país (mais da metade das 50 milhões de cabeças do rebanho bovino nacional tem sangue Angus pura ou em elevada mestiçagem), sendo reconhecida como A Raça Líder da pecuária argentina. Para os que pretendem aliar trabalho ao lazer, a reunião do Secretariado Internacional tem uma programação muito interessante, que inclui o coquetel de abertura, visitas a cabanhas dedicadas à criação de Angus e ao Mercado de Liniers, concluindo com o jantar de encerramento com leilão de genética. No âmbito do turismo, a cidade de Buenos Aires é um prato cheio. Afinal, é uma das mais atrativas da América Latina por seu dinamismo e esplendor, possui um patrimônio arquitetônico impressionante, suas construções históricas, bem como sua intensa vida cultural, onde brilha o tango com todo o seu charme e história, ou admirar o melhor pólo do mundo. A programação também permite a visitação a outras atrações turísticas, algumas delas declaradas pela UNESCO Patrimônio da Humanidade. Confira no site http://www. wasargentina2011.com/index.php outros detalhes da programação e faça já sua agenda. PROGRAMAÇÃO Sábado 8 de outubro Recepção no Aeroporto Internacional de Ezeiza Coquetel de boas-vindas no Palácio Duhau – Park Hyatt Domingo 9 de outubro Visita da cidade, almoço, Campeonato Aberto de Pólo no Tortugas Country Club Segunda-feira 10 de outubro Reunião Técnica WAS e almoço Conferência SNPs a cargo de Jerry Taylor e Horacio Guitou no Palácio Duhau - Park Hyatt Jantar de Gala no Zanjón de Granados Terça-feira 11 de outubro Visita ao Mercado de Liniers; Visita à Cabanha La Llovizna e à Cabanha La Pastoriza Quarta-feira 12 de outubro Visita à Cabanha Três Marias e à Estância Santa Dominga, Quinta-feira 13 de outubro Visita à Cabanha Las Blancas, e à 1ª Exposição Nacional AnGus 2011 e Exposição Genética AnGus Sexta-feira 14 de outubro Visita à 1ª Exposição Nacional AnGus 2011 e Exposição Genética AnGus Jantar de encerramento com Leilão Genético Sábado 15 de outubro Regresso a Buenos Aires / Final do programa Araucária: a nova parceira da Angus A Araucária Genética Bovina passa agora a integrar o seletivo grupo de empresas “Parceiras da Associação Brasileira de Angus (ABA)”, juntando-se às tradicionais Novartis e CRI. A Araucária junta-se à ABA numa parceria focada no fortalecimento da raça Angus por meio de ações publicitárias e promocionais, divulgando o trabalho que a empresa realiza no mercado de sêmen de qualidade, que proporciona ao criador um melhor desempenho na formação de reprodutores da raça e também da cadeia produtiva da carne, a partir de uma genética altamente selecionada. Para a gerente da ABA, Juliana Brunelli, esta parceria deverá resultar em benefícios para a entidade e para a empresa, assim como para os associados da ABA e para todo o mercado. Vai alavancar a divulgação da raça, sua qualidade genética e de carcaça por todo o Brasil. “Empresas do perfil da Araucária, com um trabalho sólido na busca da comercialização de genética de animais comprovadamente superiores, que agregam valor ao produtor na cadeia pecuária é que queremos ao nosso lado”, comemora a Gerente da ABA. Para o diretor presidente da Araucária Genética, Marcelo Vezozzo, que recentemente esteve no Reino Unido onde realizou visitas técnicas aos principais criatórios da raça Angus, o Angus tem um apelo enorme no mercado por ser uma raça total, isto é, completa da genética até o prato. “Essa raça é a número 1 entre as raças européias do mundo. Pelo fato do Angus realmente produzir carne de qualidade, essa parceria irá somente agregar valor aos nossos produtos”, avaliou o dirigente. Núcleos Angus - Confira aqui a relação dos Núcleos de Criadores, filiados à Associação Brasileira de Angus Núcleo de Criadores de Angus de Santana do Livramento Presidente: Fernando Osório Município/UF: Santana do Livramento/RS Telefone: 0xx (55)32421009 E-mail: [email protected] Núcleo Regional de Criadores de Aberdeen Angus de Bagé Presidente: Alfredo Pinheiro Município/UF: Bagé/RS Telefone: 0xx (53)32422714 Núcleo de Criadores de Aberdeen Angus de Alegrete Presidente: Quirino de Araújo Carvalho Neto Município/UF: Alegrete/RS Telefone: 0xx (55)34223216 E-mail: [email protected] Núcleo Centro Angus Presidente: Angelo Domigos Zanella Cachoeira do Sul/RS Telefone: 0xx (51)99961275 E-mail: [email protected] Núcleo de Criadores de Aberdeen Angus de Dom Pedrito Presidente: José Roberto Pires Weber Dom Pedrito/RS Telefones: 0xx (53)32432045 E-mail: [email protected] Núcleo Itaquiense de Criadores de Angus Presidente: Ruy Alves Filho Itaqui/RS Telefones: 0xx (55)34331499 E-mail: [email protected] Núcleo Sudeste de Criadores de Angus Presidente: Ana Carolina Issler Ferreira Kessler Pelotas/RS Telefone: 0xx (53)32230594 E-mail: [email protected] Núcleo Centro-Litorâneo dos Criadores de Aberdeen Angus Presidente: João Francisco Bade Wolf Município/UF: Porto Alegre/RS Telefone: 0xx (51)30289799 E-mail: [email protected] Núcleo de Criadores de Angus de Quaraí Presidente: Henrique Pinto Lamego Município/UF: Quaraí/RS Endereço: Rua Francisco Carlos Reverbel, 862, CEP: 97560-000 Telefones: 0xx (55)34231847 E-mail: [email protected] Núcleo Central de Angus – Santa Maria Presidente: Claudia de Scalzilli e Souza Santa Maria/RS Telefone: 0xx (55)32212859 E-mail: [email protected] Núcleo Centro Oeste de Criadores de Angus do Rio Grande do Sul Presidente: Fernando Gonçalves Santiago/RS Telefones: 0xx (55)32519502 E-mail: [email protected] Núcleo de Criadores de Aberdeen Angus de São Borja Presidente: Miguel Lopes de Almeida São Borja/RS Telefone: 0xx (55)34311954 E-mail: [email protected] Núcleo de Criadores de Angus do Planalto Médio do RS Presidente: Pedro Luiz Herter Tupanciretã/RS Telefones: 0xx (55)32721403 E-mail: [email protected] Núcleo Serrano de Criadores de Angus em Vacaria Presidente: Alaor Martins Duarte Vacaria/RS Telefones: 0xx (54)32322523 Núcleo Angus Três Fronteiras Presidente: Sérgio Tellechea Uruguaiana/RS Telefones: 0xx (55)34115601 E-mail: [email protected] Núcleo de Criadores de Angus do Oeste do Paraná Presidente: Cristopher Filippon Cascavel/PR Telefones: 0xx (45)32225816 E-mail: [email protected] Núcleo Paranaense de Criadores de Aberdeen Angus Presidente: Carlos Eduardo dos Santos Galvão Bueno Londrina/PR Telefones: 0xx (43)33264417 E-mail: [email protected] Núcleo de Criadores de Angus dos Campos Gerais Presidente: Rafael Justus Buhrer Ponta Grossa/PR Telefones: 0xx (42)32394702 E-mail: [email protected] Núcleo Catarinense de Criadores de Angus Presidente: Neslon Serpa Florionópolis/SC Telefones: 0xx (48)30288077 E-mail: [email protected] Núcleo de Criadores de Angus de São Paulo Presidente: Renato Ramires Jr São José do Rio Pardo/SP Telefones: 0xx (19)36084231 Site: www.angussaopaulo.com.br E-mail: [email protected] Qualquer informação poderá ser obtida com Sheila Simioni, do Atendimento ao Associado da Associação Brasileira de Angus – Fone: 51.3328.9122 – Fax: 51.3028.3675 [email protected] - www.angus.org.br Maio / Junho de 2011 21 22 REPORTAGEM Maio / Junho de 2011 A rentabilidade extra está nas mãos do produtor! Foto: ABA / Divulgação Jaime Tarouco, especialista em ultrassonografia Apresentar a carcaça ideal para o frigorífico, visando ao abate dentro das exigências do Programa Carne Angus Certificada da Associação Brasileira de Angus (ABA), é tarefa que está nas mãos do produtor. Ele faz a lição de casa e depois recebe seu prêmio. Mas o que vem sendo verificado em alguns casos é que as exigências de acabamento de carcaça não estão sendo atingidas fazendo com que os produtores percam a oportunidade de agregar valor a seu produto. Por Eduardo Fehn Teixeira & equipe E m ascensão desde o ano passado, o preço do boi tem superado as expectativas dos produtores brasileiros. A rentabilidade da pecuária no Brasil, de ciclo completo e de recria/ engorda estiveram, respectivamente, em 5,76% e 5,07% no ano passado. No entanto, o produtor que investe na terminação de suas carcaças que serão remetidas à indústria pode elevar esses índices, com bonificações que alcançam 8% para os machos e 14% para fêmeas, no programa de carne de qualidade da ABA. O acabamento da carcaça está ligado à qualidade da carne que chegará ao consumidor. Para tanto, a indústria exige grau de acabamento que mede a quantidade e a distribuição da gordura presente no depósito subcutâneo do animal (gordura de cobertura da carcaça). A gordura é uma característica importante na qualidade da carne na hora do consumo (é do marmoreio que vem a maciez e o sabor), ainda que o grau de acabamento de uma carcaça seja bem mais complexo do que simplesmente avaliar a espessura de gordura de cobertura. O professor do Departamento de Zootecnia da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Jaime Tarouco (especialista na ultrassonografia de carcaça), explica que o grau de acabamento de um animal e a sua carcaça envolvem o tecido adiposo (gordura) presente em outros locais de deposição. “Geralmente, estes sítios de deposição de gordura estão correlacionados. A alteração em um determinado depósito é acompanhada pelos demais”, examina o técnico. A tensão exercida pelos depósitos de gordura sobre o tecido conjuntivo torna os colágeno/reticulina mais susceptíveis ao vapor e sujeitos ao processo de gelatinização quando do preparo da carne com calor. A gordura ao redor das fibras musculares diminui a extensão da coagulação da proteína e também o endurecimento, que ocorrem quando a carne é bem assada. Esta gordura, diz Tarouco, é importante para a suculência porque a célula de gordura deste depósito apresenta maior quantidade de água que as dos demais depósitos. A gordura presente nos três depósitos na carcaça (intermuscular, subcutâneo e intramuscular), seu teor e a qualidade da gordura (composição de ácidos graxos) são todos importantes para o sabor da carne. “O grau de acabamento de uma carcaça é complexo, mas é uma característica fundamental para a remuneração monetária dada para uma carcaça”, alerta o professor. O coordenador técnico do Programa Carne Angus Certificada e subgerente da Associação Brasileira de Angus (ABA), Fábio Medeiros, observa que o produtor que utiliza a genética Angus pode, através dos programas Fábio Medeiros de premiação dos parceiros da ABA, obter percentuais de sobrepreço efetivamente superiores às margens médias alcançadas na pecuária em geral. “A obtenção destas premiações depende, entretanto, do enquadramento dos animais ou não no programa, onde os critérios de raça, idade e grau de acabamento devem ser atingidos simultaneamente. E isso está 100% na mão do produtor”, condiciona o técnico, em tom de alerta. Produtor perde de ganhar Os dados confirmam que o produtor está “dormindo no ponto”. Num levantamento de dados realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná, em 2010, em uma planta industrial daquele estado, de mais de 10 mil carcaças de ambos os sexos (machos e fêmeas) mais de 50% das fêmeas e 49% dos machos tinham mais de trinta meses de idade. Menos de 2% das carcaças de ambos os sexos tinham conformação subconvexa e somente 19,3% das fêmeas e 14,7% dos machos apresentavam mais de 4 milímetros de espessura de gordura (tipo mediano). Jaime Tarouco aponta que no Rio Grande do Sul estima-se que em torno de 40% dos animais abatidos nos programas de carnes de qualidade de raças do estado, apresentem dificuldade em alcançar um grau de acabamento mínimo para evitar problemas nos processos tecnológicos dentro da indústria e qualidade potencial de consumo desta carne, e desta forma, os produtores deixam de contar com estas premiações.. Fotos: Horst Knak / Agência Ciranda Luciano Andrade, do Marfrig >>> Maio / Junho de 2011 23 24 Maio / Junho de 2011 REPORTAGEM Foto: AML Pecuária / acervo particular Falta de preparo ou de informação? Um dos principais frigoríficos do País, o Marfrig (parceiro da ABA no Programa Carne Angus Certificada), observa entre seus fornecedores a dificuldade do produtor, de uma forma geral, em apresentar uma qualidade de carcaça ideal de seu rebanho para abate. O gerente de fomento à pecuária da empresa, Luciano Andrade, explica que a perda da indústria está ligada à agregação de valor à carne. Andrade argumenta que se o animal não atende aos preceitos estabelecidos pelas normas de classificação, a indústria não consegue, por sua vez, atender ao mercado mais exigente, que lhe dá mais retorno, que é o da alta gastronomia e seus partos nobres, bem como churrascarias. “Temos compromisso com o fornecimento à altura da marca. Um corte só receberá o selo de carne Angus, por exemplo, se atender à padronização de gordura que a carne - a carcaça - deve ter. Picanha, fraldão, maminha, tem que ter a gordura, mesmo que o consumidor a retire do prato depois”, sentencia Andrade. Sem o acabamento necessário, a carcaça é rebaixada para produção de cortes com menor valor agregado. Fotos: Horst Knak / Agência Ciranda “Nosso padrão de certificação exige enquadradas no Programa Carne ária Sul, de Bagé, RS, Danilo Sant’ um mínimo de 3mm de cobertura Angus Certificada ao mesmo preço Anna. “Objetivamente, a melhor para a certificação da Carne Angus. dos machos, a valorização de fêmeas forma de acabar o animal é cuidando O Novilho Angus Certificado deve com padrão racial para o programa de da pastagem que ele come”, lança. atingir simultaneamente os critérios carne foi notória nas feiras de OutoAlgumas regiões do País, conforde raça, idade, conformação e aca- no, alerta o especialista. me revela Sant’ Anna, são direcionabamento”, explica Fábio Medeiros, das ao confinamento, como o Centro responsável pelo Programa de Carnes Todos ganham! Oeste, pela falta de opção de tipos de da ABA. “Essa é uma parceria que beneficia pastagem. Ainda assim, apenas 2% O professor da Unipampa, pes- o produtor de gado para abate, o pro- das mais de 40 milhões de cabeças quisador em qualidade de carne e ca- dutor de terneiros e terneiras (bezerros abatidas por ano no Brasil são de anideias produtivas pecuárias, e consultor e bezerras), a ABA, os frigoríficos e o mais provenientes de confinamento. dos programas O especialista de carnes de gridefine que todo Oscar Vicente Y Silva - Perico fe do Frigorífico Objetivamente, a melhor forma de dar o acabamento no animal o ciclo de vida Silva (parceiro do animal deve a pastagem cultivada, mas neste caso é cuidar da pastagem que ele come. Sem este acabamento, o animal da ABA no Proser observado, o animal precisa entrar no período de acaba sendo rebaixado e o produtor perde a bonificação grama Carne e não apenas terminação com pelo menos 300 kg, Angus Certifio período que a suplementação entraria de forma cada), Fabiano antecede sua estratégica nos últimos 30 dias antes Vaz, alerta que muitos lotes com exce- consumidor, no final da cadeia, que venda ao frigorífico. do abate e o desempenho pode chegar lente padrão racial e desenvolvimento já demonstrou que remunera a qualiEle acrescenta que animais cria- em torno de 1,2 kg de ganho de peso de carcaça acabam sendo prejudicados dade das carnes de grife. É melhor es- dos com pastagem nativa podem por dia. “Tem que pensar o animal em acabamento em função da busca perar um pouco mais, investir melhor obter ótimos ganhos. Mas a pastagem desde seu nascimento. Planejamento é do produtor por um giro de capital no acabamento do gado, mas ganhar precisa ser bem cuidada, adubada. tudo. E a pastagem é fundamental que maior. “É fazer a fila andar mais rá- mais”, acrescenta o também consultor “Tem programas que bonificam pelo seja de qualidade. Não adianta gastar pido do campo ...”. do Frigorífico Silva e pertencente ao fato do animal ter sido criado apenas com suplementação se a pastagem não No entanto, o produtor precisa mesmo grupo de pesquisa de Vaz, com pastagem nativa. O produtor vai for boa”, aponta. pensar além, acredita Vaz. A partir do Ricardo Zambarda. Ele lembra que, agregando essas características e só A técnica da Suplementação em ajuste do contrato entre o Frigorífico em 2010, quase 1/5 dos animais com tem a ganhar”, observa, lembrando pastejo ainda traz como vantagens o Silva e a ABA em fevereiro deste ano, padrão racial e dentição foram des- que cuidar do solo e da qualidade das aumento da capacidade de suporte quando foi acertado que o frigorífico classificados por falta de acabamento folhas é fundamental. da pastagem, permitindo uma maior passaria a remunerar fêmeas jovens na carcaça. Outra alternativa, conforme o lotação e melhor aproveitamento da Ambos os pesquisadores lembram pesquisador, é alternar a nativa com forragem, em muitos casos melhoria Foto: AML Pecuária / acervo particular ainda que o recebimento de carcaças mal acabadas frustra também o varejista, que fica sem o produto que precisa para atender seus clientes. “Nesse sentido, é complicado fidelizar o consumidor, que algumas vezes não encontra na gôndola o produto que provou e havia gostado. E quando não existe consumidor fidelizado, uma cadeia produtiva se torna frágil e oneroMarcelo Linhares: sa, pois as marcas possuem custos fixos o segredo são de marketing, embalagens, logística e pastagens bem contratos”, lembra Vaz. cuidadas, campo Confinamento e suplementação nativo e forrageiras, com suplementação ajudam no acabamento do animal, a cocho mas não são as únicas opções. Devem principalmente na ser usados de forma estratégica, segunterminação Fernando Beber: boa oferta de pasto garante novilhos bem acabados do o pesquisador da Embrapa Pecu- REPORTAGEM do desempenho (GMD) além da maior velocidade de terminação observa. A busca através da genética Duas características são importantes na busca da carcaça ideal: a observância da área de olho de lombo (AOL) e a espessura da gordura subcutânea do animal (EGS). Quem ensina é professor do departamento de zootecnia da UFRGS e membro do Conselho Técnico da ABA, José Fernando Piva Lobato. Essas duas características estão relacionadas, explica o mestre, enfatizando que quanto maior a AOL, menor a EGF e melhor é o rendimento da carcaça, que apresentará maior quantidade de cortes carniceiros. “Para tanto, deve-se observar o peso ao nascer até o sobreano, quando se pode fazer uma avaliação dos índices de carcaça”, ressalva. Lobato lembra que nem sempre animais grandes são sinônimo de bom rendimento. Característica que a veterinária e presidente do Conselho Técnico da ABA, Susana Macedo Salvador, também observa. Ela diz que o produtor precisa buscar animais adequados a seu tipo de produção. Um animal maior, requer maior quantidade de alimento, exemplifica, de forma simples. “Não existe um tamanho certo e sim um biotipo adequado, que deve ser observado para cada propriedade”, diz Susana, que também é experiente selecionadora de Angus. Ela complementa que na seleção genética dos animais cuja cruza renderá crias com potencialidade carniceira, o ideal é escolher um reprodutor com bons índices de precocidade e bons dados de gordura subcutânea. Selecionar reprodutores com base em seus índices de carcaça para AOL e EGS é fundamental. Hoje, já estão à disposição dos produtores dados de reprodutores e sêmen avaliados pelo Promebo para estas características. A EGS é uma característica fundamental quando se pretende agregar precocidade (facilidade) de terminação em seu rebanho. Utilizando animais melhoradores para esta característica é possível melhorar sensivelmente a facilidade de terminação dos produtos do rebanho destaca o subgerente da ABA Programa Carne Angus, Fábio Medeiros. Lucro certo e suplementando Ainda que esteja na região da Campanha do RS, onde a seca está castigando produtores e dificultando a terminação dos animais, o proprietário da estância Vista Alegre do Ponche Verde, Antônio Carlos Vicente e Silva (Perico), respeita todo o ciclo dos animais, voltando seus cuidados para atingir uma terminação que lhe garanta a bonificação que está sendo oferecida pelos frigoríficos. Dos 850 animais que oferta por temporada à indústria, no Programa Carne Angus Certificada, cerca de 90% conseguem atingir bonificação. Para tanto, seus animais saem do desmame já com 200 Kg e vão para a terminação com suplementação a campo. “O produtor tem que pensar que a suplementação tem um custo mais alto, mas o retorno é melhor. Ainda mais com o cenário atual em que o preço do boi vem aumentando e a tendência é seguir bem”, adianta. Manejo é o segredo Não muito longe dali, em Santana do Livramento, também na Fronteira gaúcha, a AML Agropecuária forma fila aos exemplos de boa terminação de carcaças, com resultados animadores nos programas de bonificação dos frigoríficos parceiros da ABA. Marcelo Linhares, administrador da fazenda, conta que o manejo é o segredo do sucesso. “As pastagens são bem cuidadas, usamos campo nativo e forrageiras e usamos suplementação a cocho, principalmente na terminação. Os animais nascem em Livramento, mas são terminados em uma outra propriedade em Manoel Viana. “A gente dá preferência para animais precoces. É importante pensar na genética para produzir crias com bom rendimento”, sinaliza o produtor. Comida, o caminho do acabamento ideal Para o produtor Fernando Beber, que já teve animal de seu rebanho campeão do concurso de melhor carcaça, promovido pela ABA, o segredo para o acabamento ideal se traduz em uma palavra: comida. Adepto das pastagens cultivadas para alimentar seu rebanho, Beber diz que há um costume arraigado no gaúcho de que o gado deve ser alimentado com pastagem nativa apenas, o que não prepararia o animal a ponto da carcaça receber bonificação dos frigoríficos. “A pastagem nativa é boa para usar com as crias por um tempo. Depois é necessário uma pastagem artificial/cultivada e para acabamento, na maioria das vezes, é preciso suplementação”, diz o proprietário da Estância Pulqueria, de São Sepé, RS. Ele comenta que em países desenvolvidos como a Austrália e os Estados Unidos há duas profissões distintas: o criador e o terminador, que muitas vezes são concorrentes. “Aqui o criador quer fazer a termi- nação, mas não quer gastar, por isso acaba não conseguindo um resultado satisfatório. A pastagem nativa não é o suficiente o ano inteiro. É necessário investir para obter retorno”, garante o experiente produtor. Manejo é a chave do sucesso E o diretor do Programa Carne Angus Certificada da ABA, Joaquim Mello, enfatiza que é possível sim Maio / Junho de 2011 fazer uma terminação correta somente com pastagem cultivada. Sem suplementação. “Mas neste caso, precisa muita eficiência na área de manejo. E aí vai do conhecimento e da experiência do produtor”, condiciona ele, que já por duas vezes venceu o concurso de carcaças da ABA e é considerado um dos melhores produtores e terminadores de gado selecionado que entrega animais para abate no 25 Programa Carne Angus. “O caminho está no animal jovem, de boa genética e com bom padrão de carcaça. É preciso ter claro o foco do produtor. Com que tipo de animal ele vai trabalhar. Quando mais jovem o animal, maior é a necessidade de alimento de qualidade”, ensina Mello, que é proprietário da Estância Santa Eulália, com sede em Pelotas, RS. Foto: ABA / Divulgação Joaquim Mello: é possível fazer a terminação com pastagem de alta qualidade VEJA AQUI ALGUNS EXEMPLOS/SIMULAÇÕES SIMULAÇÃO 1 - MACHO Considerando ... Animal - um macho de 4 dentes com peso de carcaça de 225 kg Preços: R$ 6,50 para machos e R$ 6,10 para fêmeas SISTEMA: Tabela de Premiação Marfrig RS. Ao entregar um animal com acabamento 2 ao invés de 3, o produtor deixa de receber R$ 87,75/Cabeça. Numa carga de 22 animais, são R$ 1.930,50 SIMULAÇÃO 2 – FÊMEA Considerando ... Animal - uma fêmea de 4 dentes com peso de carcaça de 225 kg Preços: R$ 6,50 para machos e R$ 6,10 para fêmeas SISTEMA: Tabela de Premiação Marfrig RS Ao entregar um animal com acabamento 2 ao invés de 3, o produtor deixa de receber R$ 165,90/Cabeça. Numa carga de 22 animais, são R$ 3.649,80 26 Maio / Junho de 2011 NOTÍCIAS DA ABA Feiras de Terneiros têm palestras do Programa Marfrig Fomento A Marfrig iniciou no mês de março de 2011 a divulgação e implantação do Programa de Fomento Angus no Rio Grande do Sul, para valorizar a carne e destacar a qualidade da carcaça desses animais. A iniciativa, que conta com o apoio da ABA, visa fortalecer a integração entre indústria e produtor, por meio de reuniões com os produtores de terneiros e invernadores das principais regiões produtoras de carne de qualidade do Estado. “Nossa parceria com o projeto se dá pelo fornecimento de material genético para inseminação artificial e para Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), além da coordenação de serviços e apuração dos dados para as reuniões”, detalhou o sócio diretor da Alta Progen, Fábio Barreto. Dentro da agenda de reuniões de divulgação do Programa de Fomento Angus, os detalhes sobre o funciona- mento do programa, bonificações aos produtores de Angus no Marfrig e alguns resultados dos abates do Programa de Carne Angus da ABA tem despertado interesse de produtores das principais praças de gado de corte do Rio Grande do Sul, agrupando cerca de 120 pecuaristas por evento, emvolvendo as cidades de Uruguaiana e Livramento, explicou o gerente de fomento da Marfrig, Diego Brasil. Segundo Fábio Schuler Medeiros, subgerente da ABA - Programa Carne Angus Certificada, que participa das principais reuniões da agenda, a iniciativa de estimular o emprego de tecnologia e o investimento do produtor de terneiros na genética Angus, que agrega produtividade e valorização ao produto, é vista como muito positiva. A entidade busca dar sua contribuição, levando até o pecuarista o direcionamento para o produto ideal que cada vez mais está sendo valorizado pela indústria da carne e pelo consumidor. O Programa Marfrig Fomento Angus é um trabalho de base que visa ampliar a oferta de matéria-prima que vai abastecer a indústria nos próximos anos e orientar os produtores para as atuais tendências do negócio da carne. É, portanto, o reconhecimento da Marfrig sobre a qualidade da carne Angus, produto que tende a ter cada vez mais valorização dentro do mercado. Para a divulgação do evento, Fábio Barreto está trabalhando na promoção do projeto nas feiras das principais cidades produtoras de gado de corte do Rio Grande do Sul. “Nessas feiras a Alta Progen monta um stand com a Marfrig e promove a degustação de carne Angus e apresentando o Programa de Fomento da Marfrig”. “O fato de o Marfrig apoiar o Seminário produção de carne de qualidade As tendências na produção de carne de qualidade, a importância da padronização dos animais, a precocidade de acabamento e melhor remuneração dos pecuaristas despertam o interesse da pecuária moderna e por isso foram destacados pela Associação Brasileira de Angus – ABA, no Seminário Produção Carne de Qualidade durante a ExpoLondrina 2011. Com a participação superior a 150 pessoas, o Seminário registrou significativa participação de universitários da região paranaense, produtores e técnicos. “O público se interessou pelas palestras técnicas sobre IATF (Inseminação Artificial a Tempo Fixo) e Ultrassonografia, o que é extremamente positivo para a construção de profissionais cada vez mais capacitados”, afirma Fábio Schuler Medeiros, subgerente da ABA e coordenador técnico do Programa de Carne Angus Certificada. O executivo enalteceu a importância da próatividade da cadeia produtiva frente às ameaças de mercado, e as grandes oportunidades que a produção de carne de qualidade com a raça Angus e do cruzamento industrial com a raça proporciona. “Os consumidores do Brasil querem carne com qualidade e esta característica está disponível nos cortes da Carne Angus Certificada”, ressalta. Com a modernização, o produtor consegue abater um animal com um bom peso em um menor espaço de Degustação na Expolondrina A Associação Brasileira de Angus (ABA) destacou as qualidades da carne Angus Certificada com uma nova estratégia de marketing que promove a degustação de carne da marca Seara Angus, produzida pelo Grupo Marfrig, durante os leilões da ExpoLondrina 2011. A iniciativa foi realizada em parceria com as leiloeiras Programa Remates e Rural Business Leilões, com apoio do Marfrig. A ABA disponibilizou Carne Angus aos produtores de gado de corte que visitam a exposição e participam dos remates. “O objetivo é mostrar aos pecuaristas o potencial de qualidade da raça e seu sabor diferenciado”, explica Fábio Schuler Medeiros, subgerente da ABA e coordenador técnico do Programa de Carne Angus Certificada. No momento da degustação, a pessoa recebe uma amostra de carne e uma mensagem: “Agora você entendeu porque Angus é a raça que mais cresce no Brasil”. No outro lado do cartão, lê-se: “O gado Angus é o mais valorizado do Brasil. Comercializando seus novilhos junto aos parceiros do Programa Carne Angus você conta com bonificações especiais”. Durante os eventos, os técnicos da raça nos leilões explicam o diferencial e o potencial da raça quanto à cria, recria, engorda e cruzamentosz. tempo, além de diminuir o custo de produção e agregar qualidade ao produto final. As vantagens da ultrassonografia de carcaça foi um dos temas que mais chamou a atenção no local. Por meio da tecnologia é possível identificar com segurança e precisão a qualidade do animal para a precocidade e qualidade da carne. “O que queríamos era mostrar aos presentes que investir em tecnologia no campo é fundamental para um retorno na propriedade”, completa Fábio. O Seminário Produção Carne de Qualidade foi promovido pela Associação Brasileira de Angus com apoio da Mammele Assessoria, Marfrig, Ouro Fino, Ultrabeef, Rural Business Leilões, CRI e Novartis. produtor com financiamentos sem juros, em um programa onde ele pode aumentar seu proveito tanto fornecendo animais para engorda, terneiros ou novilhos magros, como animais gordo e maior remuneração mantida pela empresa nos animais Angus no abate, está se transformando numa ferramenta de trabalho que pretende melhorar a rentabilidade da propriedade”, destacou Diego. Um reflexo muito claro disto é a maior valorização por terneiros da raça Angus e suas cruzas, que se enquadram no Programa Carne Angus Certificada. De acordo com o gerente de fomento, em algumas feiras de terneiros da região tem-se encontrado preços 9% acima da média para animais de genética britânica, quando comparados a terneiros que não se enquadram no padrão racial. Com esta rodada de encontros com produtores a Marfrig pretende preparar o mercado gaúcho para utilizar a ferramenta do Programa de Fomento Angus, na temporada de monta da primavera, quando é encontrada uma maior disponibilidade de matrizes para reprodução, assim como reforçar no mercado a proposta de trabalhar com carne de qualidade certificada angus, na busca de produtos de qualidade diferenciada. “O produtor que aderir ao programa ganha em todos os aspectos econômicos e sociais da empresa. É importante ressaltar que esse fomento Angus no Rio Grande do Sul promove a interação de todos os elos da cadeia produtiva da carne, onde a indústria e o fornecedor estão juntos para que o consumidor ganhe na parceria”, finaliza Fábio Barreto. Acesse o site www.marfrig.com.br/ fomento para maiores informações. Confinamento em evento da Scot e Coan A Associação Brasileira de Angus (ABA) patrocinou o 6º Encontro Confinamento: Gestão Técnica e Econômica, realizado entre os dias 6 e 7 de abril, no Centro de Convenções de Ribeirão Preto (SP), em inciativa da Coan Consultoria e Scot Consultoria. “Os animais com genética Angus são desejados pelos confinadores por sua precocidade de acabamento, o que se traduz em maior velocidade de terminação e menos dias na etapa final da produção”, ressalta Fábio Medeiros, subgerente da ABA. Técnicos do Programa Carne Angus Certificada detalharam o desempenho do Angus em confinamento, bem como os programas de premiação diferenciada a estes animais nos frigoríficos parceiros. Fábio Medeiros destacou que, com a genética Angus, a indústria obtém carcaças de qualidade superior e melhor acabadas e a carne produzida, em função do marmoreio característico da raça, é mais macia e suculenta, sendo altamente valorizada pelos consumidores mais exigentes”. No Programa com a Marfrig no Brasil Central, por exemplo, os machos podem atingir prêmios de até 6% e as fêmeas até preço de macho + 5%, variando de acordo com o peso e grau de acabamento. Virtual Angus Produção confirma bom momento Angus Promoção da parceria entre a HR, 3E Agropecuária, Agropecuária Fumaça e Casa Branca Agropastoril, o Leilão Virtual Angus Produção 2011, ocorrido na noite do dia 21 de Abril, vendeu ao todo 64 lotes de fêmeas Angus PO e Red Angus PO. A fatura fechou no total de R$ 272.640,00, com média por lote de R$ 4.260,00. O lote 47, formado por três animais de propriedade da 3E Agropecuária, foi o mais valorizado do remate, adquirido pelo valor total de R$ 15.120,00 (média de R$ 5.040,00), pelo comprador Comercial Agropecuária Netos Dias Ltda. Já o maior comprador foi Antônio Machado de Oliveira Filho com compras somadas de R$ 48.960,00 e o maior vendedor Agropecuária Fumaça, com vendas totais de R$ 86.880,00. Demanda aquecida no Leilão Santa Clara e convidados Excelente média de preços dos animais Angus e Cruza Angus no 32º Leilão de Elite Santa Clara e Convidados, realizado em São Borja, RS, em meados de abril. Foram comercializados todos os produtos da raça colocados à venda. O leilão incluiu outras raças bovinas e também equinos, obtendo faturamento total de R$ 890 mil, segundo informou o proprietário da Santa Clara, selecionador Edmundo Barbará Ferreira. Maio / Junho de 2011 27 28 Maio / Junho de 2011 EXPOSIÇÕES Londrina mostrou crescimento da raça Fotos: Devanir Parra/ABA Por Eduardo Fehn Teixeira - enviado especial A importante Expo Londrina 2011, que este ano teve o slogan “o show de quem produz”, em sua 51ª edição, foi realizada de 7 a 17 de abril, no parque de exposições Governador Ney Braga, em Londrina, PR. Integrante do circuito do Ranking Angus e totalmente coordenada e organizada pela Associação Brasileira de Angus (ABA), a mostra de Angus aconteceu no chamado Segundo Turno da exposição, de 12 a 17 de abril. A mostra de Angus deste ano em Londrina recebeu 159 animais, entre machos e fêmeas, apresentados por 29 expositores do Rio Grande do Sul, do Paraná, de São Paulo e de Minas Gerais. A programação foi intensa e variada. No dia 12, no recinto Milton Alcover, a ABA realizou o Seminário sobre Produção Carne; O Jurado Norman Catto no grande momento - o tapa no quadril consagra um campeão no dia 14, às 9 horas, promoveu o Curso de Jurado Jovem, no mesmo dia às 17h aconteceu o julgamento dos lotes ofertados no leilão e às 20h foi realizado o 4º Leilão Conexão Angus (chancelado pela ABA). Os julgamentos de machos Angus de argola foram no dia 15, às 10h, na pista central do parque. Também no dia 15, às 20h, ocorreu o 1º Leilão Royal Angus (chancelado pela ABA) e os julgamentos de fêmeas de argola foi feito às 10h do dia 16 de abril, também na pista central do parque. Nos eventos, várias degustações da macia e saborosa Carne Angus, organizadas pelo Programa Carne Angus Certificada, e a confraternização e entrega de prêmios ocorreu a partir das 18h do dia 16 de abril, no Estande Angus. O jurado entre o presidente Paulo Marques e Tito Mondadori EXPOSIÇÕES Maio / Junho de 2011 29 Machos e fêmeas encheram a pista e prenderam a atenção dos criadores Fotos: Devanir Parra/ABA A pesar da forte presença de criadores paulistas e paranaenses, premiados nas fêmeas, foram os animais apresentados por selecionadores gaúchos que, via de regra, ainda roubaram a cena nos julgamentos de machos na Expo Londrina. A genética Angus do Rio Grande do Sul prevaleceu nos machos da raça, e nas apresentações das filas de fêmeas o sucesso de selecionadores paulistas e paranaenses evidenciaram que Angus é uma raça de abrangência nacional. A Expo Londrina é uma exposição ranqueada da Associação Brasileira de Angus (ABA), que sem dúvida é uma das mais importantes do circuito da raça no Brasil. Vitórias nos machos O touro ASD TE751 Payador, de Antonino de Souza Dorneles, proprietário da Estância Olhos d’Água, em Alegrete, RS, ficou com o título de Grande Campeão Angus da mostra, numa pista pesada e que mostrou muita qualidade ao jurado escocês/argentino Norman Catto. O selecionador Antonino, que foi a Londrina junto com o filho, o técnico e experimentado cabanheiro Átila Dorneles, não arredou pé da beira da pista, no atento acompanhamento de todos os passos do jurado, e festejou a vitória. O Reservado de Grande Campeão foi Rincón Craque 1373, da Cabanha Rincón del Sarandy, de Uruguaiana, RS, da selecionadora gaúcha Cláudia Silva, que acompanhada da presidente do Conselho Técnico da ABA, criadora Susana Salvador (leia-se Cia Azul, do Alegrete, RS), também teve toda a atenção, vibrando com a vitória. E o Terceiro Melhor Macho foi ASD 1000 TE Zorzal, também apresentado por Antonino Dorneles. O brilho e quantidade de fêmeas Neste setor, o destaque maior foi do dedicado criador paulista Antonio Maciel Neto, titular da FSL Angus Itu - Fazenda São Luiz, Itu, SP. Ele vibrou à beira da pista quando o jurado apontou sua fêmea FSL I Ellys 770 como a Grande Campeã Angus da Expo Londrina. Mais que satisfeito, Maciel Neto deu um forte abraço em seu técnico, Dan Ariel Szmaruk, sendo também cumprimentado pelos criadores pela importante vitória. Mas a Reservada Grande Campeã foi a grande surpresa da tarde no parque de Londrina. A fêmea Paineiras Brigadier ficou com o cobiçado título. Foi levada à pista pelo novo criador de Angus e tradicional cruzador Rogério Francisco Stein, proprietário das Fazendas Stein, Nova Laranjeiras / Cascavel, PR. Ele festejou em grande estilo, com toda a sua família, à beira da pista, num misto de surpresa e felicidade. E o título de 3ª Melhor Fêmea da mostra foi para Rincón Marqueza del Sarandy, da parceria do atual presidente da ABA, o mineiro Paulo de Castro Marques, titular da Casa Branca Agropastoril, com a gaúcha Cláudia Silva, da premiada Rincón del Sarandy, de Uruguaiana, RS. A fêmea foi apresentada em pista pelo exímio puxador e cabanheiro Ignácio Tellechea, filho mais velho de Cláudia. Norman Catto: trabalho íngreme, debaixo de um solaço Debaixo de sol forte e tempo muito quente e abafado, o jurado de Angus da Expo Londrina, o escocês radicado na Argentina Norman Catto, teve muito trabalho na escolha das filas de campeões. Segundo ele, além da genética excepcional, os machos eram muito jovens, o que indica longa carreira em pistas de julgamentos pelo Brasil. Acentuou que o Grande Campeão e o Reservado contavam com menos de três anos de idade e que o 3º Melhor Macho era ainda um bezerro recém desmamado, com apenas sete meses de idade. Mas se nos machos as disputas foram acirradas, nas fêmeas a pista pesou ainda mais, tanto pela qualidade como pelo número de animais. Catto observou que não conhecia a pista de Londrina, mas que cada vez que vem ao Brasil vê cada vez menos animais não tão bons. Em Londrina, percebeu a presença de vários novos criadores, já com animais que considerou no caminho correto dentro do que se busca na raça. Atribuiu este acerto aos técnicos que estão orientando os criadores. Disse ter visto especialmente nas fêmeas animais com diferenças acentuadas e chamou a atenção dos criadores para o preparo. “É sempre recomendável errar pelo excesso do que pela falta de preparo quando se tratam de animais de pista”, enfatizou. Novos criadores animados com a raça ro de nosso plantel”, comentou Letycia, cuja meta é a produção de touros para o mercado na região. “Sabemos que existe demanda e vamos nos dedicar para disseminar ainda mais a boa genética Angus. Achamos interessante nos julgamentos o uso de um jaleco que é igual para todos os puxadores dos animais, o que não revela ao jurado a propriedade dos exemplares”, falaram os animados novos criadores de Angus, que também realizaram compras na Expo Londrina. Na pesquisa, deu Angus Zootecnista, com mestrado em Melhoramento Animal e especializada em Bem Estar Animal, Ana Lúcia Spironelli também decidiu apostar em Angus. “Fiz uma criteriosa pesquisa nos meios de pecuária e entre técnicos e, como resposta, tive que Angus é a melhor genética”, apontou, entusiasmada com o plantel que começou a formar há cerca de dois anos em sua Fazenda Santa Marta, na localidade de Irerê, próximo a Londrina, PR. Ana Lúcia não é bem o que se poderia chamar de marinheira de primeira viagem. Vem de família do campo e na fazenda apostam em cruzamentos para a produção de gado comercial há duas décadas. “Mas já temos 50 exemplares puros em nosso plantel Angus e nossa meta é chegar a 100 matrizes”. Ela expôs um animal em Londrina e, além dos cruzamentos industriais, quer passar a se dedicar ao Angus puro, visando a produção de matrizes e de reprodutores para ofertar ao mercado. Ana Lúcia pertence ao Núcleo Feminino do Agronegócio, que promove reuniões periódicas em São Paulo, SP, para debater assuntos do setor. Fotos: Eduardo Fehn Teixeira / Agência Ciranda Francisco Antonio Santos Mendes, natural de Palmas, SC, mas há muitos anos estabelecido em Água Doce, SC, onde junto com a filha, Marina Letycia, tocam a Fazenda São Raimundo, eram personagens bastante atuantes e atentos a tudo que acontecia envolvendo a raça Angus na Expo Londrina. Há cerca de quatro anos iniciaram a criação de Angus registrado. “Mas desde 81 usamos sêmen Angus para cruzamentos. Optamos por Angus porque precisávamos padronizar o rebanho e tivemos sucesso”, disse Marina Letycia. Tanto pai como a filha fizeram questão de participar do curso de Jurado Jovem promovido pela Associação Brasileira de Angus (ABA) e observaram que ficaram atentos aos itens “critérios de julgamento e postura do jurado”. “Estar no curso e acompanhar os julgamentos à beira da pista foi importante para treinar o olho. É mais um norte para o apu- Francisco Antonio Santos Mendes e a filha, Marina Letycia Ana Lúcia Spironelli >>> 30 EXPOSIÇÕES Maio / Junho de 2011 Cruzas Angus valorizadas no Conexão Angus Fotos: Devanir Parra/ABA O 4º Leilão Conexão Angus, evento chancelado pela Associação Brasileira de Angus (ABA) e focado no tipo de animal adequado à praça de Londrina – cruzamentos industriais com Angus – foi realizado com largo sucesso na noite de 14 de abril, no Recinto de Leilões Abdel Karim Janene, durante a Expo Londrina. Totalmente organizado pelo médico veterinário Antônio Francisco Chaves Neto (Toninho), técnico da ABA baseado em Arapongas, PR, o pregão reuniu três vendedores de Angus PO e 22 produtores de cruzamentos com Angus. C om enorme sucesso, numa pista veloz, alegre e limpa, o Conexão Angus negociou 17 touros Angus PO pela média de R$ 12.575,29, totalizando R$ 213.780,00 neste setor, e mais 688 produtos Cruza Angus comercializados ao preço médio R$ 1.052,00, num valor total de R$ 724.444,00. Atuou ao martelo o leiloeiro Roberto Leão, com o bastidor a cargo da leilo- eira Rural Business. “Esse leilão nasceu com a meta de fomentar e de difundir o casamento perfeito: Angus x Zebu – neste casamento, os padrinhos oferecem naturalmente aos noivos o presente chamado heterose”, define Toninho, arrematando que o Conexão Angus é uma ferramenta para que os usuários da genética Angus comercializem seus produtos para compradores de todo o Brasil. Conforme o técnico, os bons resultados do pregão devem-se ao excelente trabalho primeiramente reunindo animais de produtores de ponta, depois com a produção dos animais ofertados e aos resultados e valor agregado que esses produtos proporcionam aos seus compradores. Para ele, o sucesso da promoção é todo dos vendedores e dos compradores. “Tivemos vários casos elogiáveis, como por exemplo o da Fazenda Modelo, que ofertou 80 novilhas meio sangue Angus, que depois de caminharem cinco quilômetros de um campo para outro no MS, viajaram mais mil quilômetros para encher os olhos dos compradores na pista de Londrina”, enfatizou. Ele também destacou a participação das alianças mercadológicas do Paraná – a Coopcarnes, de Londrina, participantes que com esforço cederam lotes para apoiar o evento, também a Cooperaliança, de Guarapuava, PR, que foi um dos bons compradores e os frigoríficos Marfrig e VPJ, entre outros. Conforme Antonio Chaves Neto, a qualidade do Conexão Angus melhora ano a ano e nesta edição foi uma superação, graças a uma inovação criada a partir da terceira edição: com o apoio da ABA, que cede os técnicos que trabalham junto Antônio Chaves Neto - Toninho OS PREMIADOS Os julgamentos dos lotes, realizado pelos técnicos da Aba que atuaram no evento, tiveram os seguintes resultados: Lote Campeão Bezerra Adolpho Fonseca Paranaguá – Produtor Coopcarnes Lote Reservado Campeão Bezerra José Carlos Penacchi e Outros Lote Campeão Bezerro Adolpho Fonseca Paranaguá – Produtor Coopcarnes Lote Reservado Campeão Bezerro José Carlos Penacchi e Outros Lote Campeão Novilha Ricardo Antonioli Grassano Lote Reservado Campeão Novilha Ricardo Antonioli Grassano Lote Campeão Garrote Agropecuária Laffranchi Lote Reservado Campeão Garrote Isabel Alzira de Oliveira Bessa – Produtor Coopcarnes Paulo Marques: o avanço da raça no Brasil Royal Angus promoveu a raça na Expo Londrina O 1º Leilão Royal Angus, promoção conjunta da Reconquista Agropecuária, do selecionador gaúcho José Paulo Dornelles Cairoli, de Alegrete, RS, e da Cabanha da Corticeira, de Luis Anselmo Cassol, de São Borja, RS, chancelado pela Associação Brasileira de Angus (ABA) e realizado na noite de 15 de abril, no recinto Horácio Sabino Coimbra, durante a Expo Londrina, representou mais um sucesso da genética Angus na feira paranaense. Comandado pelo leiloeiro Guilherme Minssen, com o bastidor a cargo da Premier Leilões, o pregão, que ofertou fêmeas selecionadas Angus, prenhezes e sêmen do grande campeão da Exponter 2010, cravou médias de R$ 12 mil, fechando com faturamento superior aos R$ 400 mil. A fêmea Reconquista 1777 Rabisca N. Worth Nostradamus foi o destaque do evento. à Expo Londrina, foram realizados os julgamentos de quatro categorias de animais: bezerros, bezerras, garrotes e novilhas. “E criamos prêmios que foram entregues aos proprietários dos lotes vencedores na pista, antes do início do remate. Isso não só criou um clima favorável à promoção, como também serviu para orientação aos compradores”, declarou. Fêmeas, Prenhezes e sêmen foram negociados por R$ 400 mil Paulo Marques, José Paulo Cairoli e Luis Anselmo Cassol O presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA), Paulo de Castro Marques, que esteve muito presente, conversando com todos os criadores durante todos os momentos da importante feira de Londrina, destacou a crescente presença de selecionadores de Angus, especialmente do Sudeste e Centro Oeste. “O Angus é a raça mais importante do Rio Grande do Sul e tem destaque cada vez maior no Paraná e em São Paulo. Porém, é muito agradável constatar o avanço da raça no Brasil Central. Isso apenas confirma o que dizemos sempre: o Angus é a raça perfeita para o cruzamento industrial com o zebu”, frisou. Para o dirigente, a raça Angus propiciou uma exposição fantástica em Londrina. É um orgulho para a raça e para a ABA ter na pista animais de genética excepcional, vindos de várias propriedades espalhadas por Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Minas Gerais”, disse, orgulhoso, Paulo Marques. >>> EXPOSIÇÕES Maio / Junho de 2011 31 Vitória Angus nas avaliações de carcaças A raça Angus mostrou durante a Expo Londrina por que é considerada a produtora da melhor carne do mundo. Nos julgamentos de novilhos gordos no recinto Abdelkarim Janene, Abate Técnico e Avaliação de Carcaças, provas realizadas durante a mostra nos dias 13 a 15 de abril, sob a coordenação da Sociedade Rural do Paraná (promotora da feira), a Angus venceu quatro e ficou em segundo lu- gar em uma das cinco categorias que integraram a competição, bastante técnica e acompanhada de perto pelo subgerente da Associação Brasileira de Angus (ABA) e coordenador do Programa Carne Angus Certificada da entidade, Fábio Medeiros, juntamente com o técnico da ABA, Antonio Chaves Neto. Integraram a competição 34 animais jovens, sendo 24 exemplares representantes da genética Angus, pertencentes a produtores da Cooperaliança – Guarapuava, PR; Coopcarnes – Arapongas, PR e Marfrig Confinamentos. A ABA foi representada no corpo de jurados da prova pelo zootecnista Tito Mondadori, técnico da entidade. Esses julgamentos, conforme o técnico da ABA Antonio Chaves Neto, foram realizados em duas etapas. Na primeira, o fenótipo do animal é avaliado por cinco juízes e Fotos: Devanir Parra/ABA Curso de Jurado Jovem atraiu 22 participantes representa 40% da nota. A segunda etapa é a avaliação da carcaça no frigorífico. Houve desossa de um animal no parque, quando todos os cortes também foram avaliados. As avaliações envolveram análises técnicas pré e pós abate para análise dos quesitos: morfologia e conformação frigorífica, peso, rendimento de carcaça, área de olho de lombo, espessura de gordura subcutânea, marmoreio e rendimento de carcaças, além de outras características. “Esse é mais um exemplo da aptidão do Angus para o cruzamento industrial e do comprometimento dos criadores com as metas que estão sendo focadas na raça. Os resultados comprovam a excelente conformação da raça, além da precocidade e do acabamento. Isso sem contar a qualidade da carne, que é incomparável”, definiu o presidente da ABA, Paulo de Castro Marques. Seminário debate carne de qualidade Ao final do curso, Luiz Sérgio de Faria, técnico da ABA, entrega um dos prêmios “O objetivo maior deste curso não é a formação de jurados, mas sim mostrar às pessoas interessadas como são escolhidos os campeões Angus”, sai dizendo o seríssimo Flávio Montenegro Alves, técnico da Associação Brasileira de Angus (ABA) e um dos integrantes da equipe que realizou no dia 9 de abril, durante a 51ª Expo Londrina, em Londrina, PR, o IV Curso de Jurado Jovem. Evento importante que integrou a programação da ABA na destacada feira paranaense, o curso chamou a atenção dos interessados na raça e reuniu 22 participantes efetivos entre produtores, estudantes e criadores especialmente do Paraná e de Santa Catarina. Com segmentos teóricos e práticos, contou ainda com apresentações da gerente da ABA, Juliana Brunelli, e de Fábio Medeiros, subgerente da ABA Programa Carne Angus Certificada. As palestras trataram de assuntos como padrão racial, introdução ao julgamento de animais Angus e programas da ABA, entre outros temas. linha na escolha dos animais do início ao final de seu trabalho”, sintetiza Flávio Alves, alegando ser indispensável que o jurado também seja campeiro, que tenha conhecimento da performance da raça na área de produção de campo, porque ao escolher os melhores animais na pista, precisa valorizar o animal no campo, na sua função. “Não basta que o exemplar seja bonito, chamativo. Ele precisa cumprir a sua função zootécnica”, diz o especialista. Mas além do trabalho da seleção dos melhores animais em pista, Flávio Alves chamou a atenção dos participantes do curso para algo que considera primordial para um jurado: “Não basta conhecer a raça. O jurado tem que ter postura e perfil adequados à função. Ele precisa ser imparcial, sério, correto e muito tranquilo em relação às suas decisões, pois está analisando o trabalho de anos do produtor”, sacramenta o técnico, que também já atuou como jurado de classificação em várias importantes exposições da raça. Performance no campo “O importante é que o jurado atente às características e fundamentos buscados na raça e que siga a mesma Novidade O IV Curso de Jurado Jovem da ABA apresentou uma novidade importante para o aprendizado dos participantes. Nas edições anteriores, os alunos recebiam os bovinos fora de ordem e, com o conhecimento obtido nas aulas teóricas, tinham de colocar os animais na ordem correta de premiação, seguindo a cartilha da associação. Já em Londrina, tiveram também que argumentar, falando sobre as características dos animais escolhidos, de conformidade com o que foi ensinado no curso. “E para não haver interferência, cada um foi ouvido individualmente”, informa Flávio Alves. Os campeões O três primeiros colocados no curso foram Bruno Grein, de Itaiópolis, SC; Francisco Antonio Santos Mendes, de Água Doce, SC, e Eder Eduardo Bublitz, de Cascavel, PR. “Participar pela primeira vez desse curso e já obter uma excelente classificação foi muito gratificante. Há muito tempo trabalho com a raça Angus e esse prêmio me motiva a investir cada vez mais no aprendizado”, disse Bruno Grein, 21 anos, acadêmico de medicina veterinária e primeiro colocado do curso. Os participantes premiados no curso são convidados a auxiliar os jurados oficiais da ABA nas pistas de julgamentos em todo o País. As tendências na produção de carne de qualidade, a padronização dos animais, a precocidade de acabamento e uma melhor remuneração dos pecuaristas foram os temas básicos do Seminário sobre Produção de Carne de Qualidade, que a ABA promoveu no dia 12 de abril, na Expo Londrina, reunindo mais de 150 participantes. Idealizado pelo técnico da ABA Antonio Francisco Chaves Neto e focado num público formado por produtores rurais, técnicos e estudantes de ciências agrárias, conforme Fábio Medeiros, subgerente da ABA e coordenador técnico do Programa Carne Angus Certificada, os técnicos da Ultrabeef realizaram demonstração prática de avaliação de carcaças pela técnica de ultrassonografia em animais vivos, que segundo o dirigente, foi um dos destaques do evento. Os benefícios da ferramenta IATF (inseminação artificial em tempo fixo), que pode ser adotada em todo o País, considerada como um salto no melhoramento genético, foi um dos temas do evento; Tendências na produção de carne de qualidade; Vantagens da ultrassonografia de carcaça no melhoramento genético e no confinamento; e palestra sobre o Projeto Fomento Marfrig, que tem como base a padronização dos animais a partir da genética diferenciada e a consequente melhor remuneração dos produtores, estão entre os temas que foram tratados no encontro, que contou com o apoio da Ouro Fino Saúde Animal, Ultrabeef, Frigorífico Marfrig, Mamelle Assessoria e Programa Carne Angus Certificada. >>> 32 Maio / Junho de 2011 EXPOSIÇÕES DADOS DOS ANIMAIS CAMPEÕES DE LONDRINA GRANDE CAMPEÃO BOX: 163 Nome: ASD TE751 PAYADOR Tat: TE751 Nasc: 29/04/2008 Idade: 1079 Dias Registro: O128668 Pai: TRES MARIAS 6241 PAYADOR TE Peso: 1153 Mãe: OTTONO B1120 TE ASPRILLA Perimetro Escrotal : 44 ALT: 1,45 DENTE: 6 FRAME: 6,00 Expositor: ANTONINO SOUZA DORNELES Estabelecimento: ESTÂNCIA OLHOS D’ÁGUA, ALEGRETE /RS RESERVADO GRANDE CAMPEÃO BOX: 159 Prêmio Nome: RINCÓN CRAQUE 1373 DEL SARANDY Tat: 1373 Nasc: 04/09/2008 Idade: 951 Dias Registro: O127588 Pai: PASTORIZA 565 BRIGADIER TE Peso: 1046 Mãe: SARABANA 117 TE FANTA Perimetro Escrotal : 45,5 ALT: 1,45 DENTE: 4 FRAME: 6,00 Expositor: CABANHA RINCON DEL SARANDY Estabelecimento: CABANHA RINCON DEL SARANDY, URUGUAIANA /RS 3º MELHOR MACHO BOX: 116 Prêmio Nome: ASD 1000 TE ZORZAL Tat: TE1000 Nasc: 06/09/2010 Idade: 219 Dias Registro: O142075 Pai: TRES MARIAS 6301 ZORZAL TE Peso: 370 Mãe: ASD 782 PAYADOR PCH ORIGEM Perimetro Escrotal: 28 ALT: 1,15 DENTE: DL AOL: 76,90 EGS: 6,00 P8: 6,50 FRAME: 5,00 Expositor: ANTONINO SOUZA DORNELES Estabelecimento: ESTÂNCIA OLHOS D’ÁGUA, ALEGRETE /RS GRANDE CAMPEÃ BOX: 66 Prêmio Nome: FSL I ELLYS 770 Tat: I 770 Nasc: 15/10/2009 Idade: 545 Dias Registro: O134790 Pai: SAV HEAVY HITTER 6347 Peso: 551 Mãe: FSL D EURECA TE E25 ALT: 1,30 DENTE: DL AOL: 75,10 EGS: 10,80 P8: 17,80 FRAME: 6,00 Expositor: FSL ANGUS ITU LTDA. Estabelecimento: FAZENDA SÃO LUIZ, ITÚ/SP RESERVADA GRANDE CAMPEÃ BOX: 93 Prêmio Nome: PAINEIRAS BRIGADIER Tat: 1594 Nasc: 08/11/2008 Idade: 886 Dias Registro: O131270 Pai: PASTORIZA 565 BRIGADIER TE Peso: 645 Mãe: PAINEIRAS STRYKER 1326 Est. Gest.: C/Cria ALT: 1,36 DENTE: 4 FRAME: 6,50 Expositor: ROGÉRIO FRANCISCO STEIN Estabelecimento: FAZENDA STEIN, NOVA LARANJEIRAS /PR 3ª MELHOR FÊMEA BOX: 100 Prêmio Nome: RINCÓN MARQUEZA DEL Tat: 1349 Nasc: 15/08/2008 Idade: 971 Dias Registro: O127490 Pai: PASTORIZA 565 BRIGADIER TE Peso: 718 Mãe: RINCÓN BARTOLITA 804 DEL SARANDY Est. Gest.: Prenha ALT: 1,33 DENTE: 2 FRAME: 6,00 Expositor: PARC. PAULO MARQUES E RINCON DEL SARANDY Estabelecimento: FAZENDA ÁGUA LIMPA, FAMA /MG Fotos: Devanir Parra/ABA Grande Campeão Reservado de Grande Campeão Terceiro Melhor Macho Grande Campeã Reservada de Grande Campeã Terceira Melhor Fêmea Inédito: Angus na Superagro 2011 Isso mesmo. Pela primeira vez a destacada exposição estadual mineira Superagro 2011 contou com a presença, a título promocional, de um grupo de animais selecionados Angus, apresentados na mostra pela Casa Branca Agropastoril, de Fama, MG. “Levamos esses animais a esta exposição para mostrar aos criadores, que ficaram bastante interessados na raça Angus, não muito conhecida por lá”, observou o proprietário da Casa Branca selecionador Paulo de Castro Marques. Atual presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA), Marques igualmente expôs exemplares Angus, que chamaram a atenção dos criadores, na importante exposição de Uberaba, MG, conhecida como a capital do zebu. Campeões na vitrine Na Superago 2011, realizada de 25 de maio a 5 de junho, no parque de exposições da Gameleira/Expominas, em Belo Horizonte, MG, a Casa Branca apresentou quatro animais Angus. Dois tourinhos de plantel e mais a fêmea Electra - Grande Cam- peã da Nacional de Angus 2010 na Feicorte – e o touro vermelho PWM Ilustre, Grande Campeão de Araçatuba 2010 estiveram na vitrine. “Na Superagro houve um grande interesse por esses animais, tanto para utilização em cruzamentos industriais como para uso de touros Angus em vacas de leite, visando o aproveitamento do bezerro e também das fêmeas, boas de leite”, pontua Gustavo Nehemy Faria, Gerente de Angus da Casa Branca Agropastoril, que esteve na mostra prestando informações aos interessados. Foto: Carlos Lopes/Jol Multiple RELATÓRIO ANUAL Maio / Junho de 2011 33 34 EXPOSIÇÕES Maio / Junho de 2011 Na Expo Outono de Uruguaiana, a nata do Angus Fotos: Elder Filho/ABA Por Eduardo Fehn Teixeira - enviado especial A nimais que mais parecem ter sido feitos na forma, tamanha a padronização e a qualidade racial. Assim tem sido, ano a ano, e foi novamente agora, nas pesadas filas de pista da 9ª Exposição de Outono de Uruguaiana, a 3ª etapa do Ranking Nacional Angus. Realizada em conjunto pela Associação Brasileira de Angus (ABA) e o Núcleo Três Fronteiras de Criadores de Angus, de 10 a 15 de maio, no parque de exposições do Sindi- cato Rural daquele município da Fronteira Oeste gaúcha, a mostra reuniu 109 animais (67 fêmeas e 42 machos), expostos por 19 criadores, todos do Rio Grande do Sul. Melhor parecia impossível O presidente do Núcleo Três Fronteiras, selecionador Sérgio Tellechea, ficou surpreso que edição após edição, a qualidade sempre cresce. “Os Ignácio Tallechea e Renato Pinto Paiva na entrega de prêmios julgamentos foram decididos nos detalhes”, diz ele, avaliando que, a cada realização, parece que o apuro dos animais alcançou o limite. “Parece que melhor é impossível. Mas aí vem o ano seguinte, e se descobre que a representação ficou ainda melhor. Que é mesmo uma prévia da Expointer”, orgulhase o dirigente. Na mesma linha argumenta o técnico da ABA responsável pela organização funcional da exposição. Renato Pinto Paiva, que inclusive secretariou os julgamentos de classificação e participou, junto com Ignácio Silva Tellechea Sérgio Tellechea, presidente do Núcleo Três Fronteiras Sérgio Tellechea, de todos os momentos da promoção, observou que há nove anos, quando da preparação para a primeira edição, a exposição realmente deu muito trabalho. “Havia certa dúvida entre os criadores sobre a importância da participação e da efetiva realização da exposição nesta época”, lembra ele. “Mas depois que foi feita a primeira edição, as incertezas se tornaram vibração pura, e aí foi só repetir suces- sos, ano a ano”, descreve o satisfeito Paiva. Os selecionadores Antonio Martins Bastos Filho (Antoninho Bastos, que além de criador é jurado internacional de Angus), que junto com o experiente Ângelo Bastos Tellechea, acompanharam atentamente os desdobramentos das filas Angus, até o tapa no quarto que marcou os grandes campeonatos, se apressaram em certificar que “o foco da raça hoje é nacional, e todos os criadores estão alinhados em metas comuns na busca do tipo ideal de Angus”. Em Uruguaiana, o frame esteve entre cinco e seis, biotipo que se mostra ideal para a raça. EXPOSIÇÕES Maio / Junho de 2011 35 Ariel Macagno mostrou a que veio Fotos: Elder Filho/ABA Em Uruguaiana, o nível Angus e a perfeita atuação do jurado argentino Nelso Ariel Macagno foram unanimidades marcantes. Ali se viram alguns dos melhores exemplares Angus das mais conceituadas cabanhas da região da Fronteira gaúcha (berço da raça no Brasil), além de uma atuação tranqüila, segura e impecável de Macagno na eleição dos campeões. Com simpatia e humildade, ele mostrou por que é considerado um dos mais experientes jurados da raça na América Latina, com três participações na apuradíssima exposição de Palermo, em Buenos Aires, na Argentina, e ainda presenças marcantes como jurado nas pistas de Angus da Expointer, em Esteio, RS, em Londrina, PR e mais recentemente em Avaré, SP. Pudera. Ele fez seu primeiro julgamento em Palermo, aos tenros 14 anos, em pista para treinamento de jovens jurados. Está à frente da Cabaña Coni Antú e julga há mais de 20 anos. Pela segunda vez atuando como jurado na Expo Outono de Uruguaiana (atuou antes em 2009), Macagno enfatizou o ganho genético e a padronização dos animais. “Percebi a evolução”, resumiu, observando que o que mais gostou na fila de fêmeas foi que todas tinham o mesmo tipo, e todas com frame 5 a 5,5. Deu o prêmio para uma vaca que estava com cria ao pé e prenha. “Mas qualquer das três finalistas poderia ser a grande campeã”, sentenciou. Nos machos, pista também pesada, final com seis bons touros, onde a exemplo das fêmeas, o jurado alegou que qualquer deles merecia o título máximo, tal a qualificação. Joaquín Juarez, Ariel Macagno, Sérgio Tellechea e Renato Paiva Onde estão os pioneiros, também há novos Caren Ferreira do Nascimento e Licério Vicente Padoin Henrique e Vanessa Feldman, da Cabanha Passo Largo Isso mesmo. Lá pelas bandas da Fronteira Oeste Gaúcha também tem novos criadores de Angus. Aliás, dizem que é o que mais tem ... É o caso de Frederico Pons, da Cabanha Santa Ângela, de Uruguaiana, RS. Ele cria Angus, de plantel, há cerca de três anos. Se rendeu à raça graças aos argumentos do tio, Antoninho Martins Bastos Filho. “Inclusive já fazem três anos que vendo fêmeas no remate dele, lá na São Bibiano”, informou. Mas contou que já lidava com Angus PC desde 2007. Está investindo na produção de reprodutores para seu uso e também para ofertar ao mercado. Frederico já participa do Programa Carne Angus Certificada, da Associação Brasileira de Angus (ABA), entregando animais para abate no Frigorífico Marfrig. Levou animais para Uruguaiana e, ao lado da esposa Andressa, não tirava o olho da pista, nos dois dias de julgamentos. “A genética Angus vai conquistar todo o Brasil”, avisa ele. Da terra de outra raça Igualmente colados na pista de Uruguaiana e fazendo contatos com outros criadores estavam o médico Licério Vicente Padoin e sua esposa, a psicóloga Caren Ferreira do Nascimento. São donos da Cabanha Virgínia, de Júlio de Castilhos (terra berço de uma outra raça ...), onde começaram a criar Angus em 2009. “Fomos apresentados ao Felipe Cassol, da Frederico Pons e esposa Cabanha da Corticeira, pelo técnico da ABA Joel Scroferneker, e por aí a coisa se desenvolveu mais fácil”, acusaram. Eles tem planos ousados. Desenvolvem agricultura na região de Júlio de Castilhos e querem disseminar a genética Angus naquela zona do Estado, “onde ainda há muito espaço a ser ocupado”, dizem os dois, mais que enfezados. “Por lá existem alimentação boa e barata (grãos) e também muita pastagem”, revelam Caren e Licério, que trabalham na cabanha com 18 animais e já apresentaram na expo de Uruguaiana um casal para julgamento. Segurança e resultado Mas a moçada Angus não parou por aí. Também de olhos colados nas eleições do jurado argentino Ariel Macagno estava o casal Henrique e Vanessa Feldman, da Cabanha Passo Largo (Norberto Feldman), que viajaram de Cachoeira do Sul para “treinar o olho no Angus da Fronteira”. Eles começaram em 2009 e entre Angus e Brangus já são 100 matrizes. “Chegamos no Angus porque percebemos que é mesmo a raça certa para produzir com segurança e resultado”, afirma Henrique. 36 EXPOSIÇÕES Maio / Junho de 2011 Vendas e confraternização Fotos: Gabriel Becco e Elder Filho/ABA Foi no sábado, dia 14, à noitinha, na pista do parque de exposições de Uruguaiana. O remate, organizado pelo Núcleo Três Fronteiras, teve o comando do martelo à cargo do leiloeiro Fábio Crespo, com o bastidor pela leiloeira Tellechea & Bastos. Em ambiente alegre e bastante amistoso, o pregão, praticamente simbólico e com a renda revertida ao Núcleo Três Fronteiras, negociou, conforme o diretor da Tellechea & Bastos, Pedro Tellechea, um total de R$ 9 mil, com a venda de 11 pacotes de 10 doses de sêmen e de duas aspirações de FIV. Os produtos vendidos foram doados pelas empresas: Embrio Sul (aspirações de fiv), e doses de sêmen por Alta/Ciale, ABS Pecplan, C.O.R.T Genética Brasil, Semex, Slução Genética e Genética Global. Fotos: Elder Filho/ABA Grande Campeão Reservado de Grande Campeão Terceiro Melhor Macho Grande Campeã Reservada de Grande Campeã Terceira Melhor Fêmea DADOS DOS ANIMAIS CAMPEÕES DE URUGUAIANA GRANDE CAMPEÃO BOX: 104 Nome: PAINEIRAS LUCKY ZORZ Tat: TE5294 Nasc: 15/10/2009 Idade: 576 Dias Registro: O136796 Pai: TRES MARIAS 6301 ZORZAL TE Peso: 838 Mãe: PAINEIRAS GRAN CANYON DOROTHY 4469 TEI Perimetro Escrotal : 43 ALT: 1,39 DENTE: DL AOL: 69,00 EGS: 5,80 P8: 11,00FRAME: 6,00 Expositor: LILA FRANCO TELLECHEA Estabelecimento: CABANHA PAINEIRAS Cidade: URUGUAIANA /RS RESERVADO GRANDE CAMPEÃO BOX: 118 Nome: ASD TE751 PAYADOR Tat: TE751 Nasc: 29/04/2008 Idade: 1110 Dias Registro: O128668 Pai: TRES MARIAS 6241 PAYADOR TE Peso: 1225 Mãe: OTTONO B1120 TE ASPRILLA Perimetro Escrotal : 42 ALT: 1,50DENTE: 4 FRAME: 6,00 Expositor: ANTONINO SOUZA DORNELES Estabelecimento: ESTÂNCIA OLHOS D’ÁGUA Cidade: ALEGRETE /RS 3º MELHOR MACHO BOX: 117 Nome: RINCÓN CRAQUE 1373 DEL SARANDY Tat: 1373 Nasc: 04/09/2008 Idade: 982 Dias Registro: O127588 Pai: PASTORIZA 565 BRIGADIER TE Peso: 1135 Mãe: SARABANA 117 TE FANTA Perimetro Escrotal : 45 ALT: 1,45 DENTE: 4 FRAME: 6,00 Expositor: CABANHA RINCON DEL SARANDY Estabelecimento: CABANHA RINCON DEL SARANDY Cidade: URUGUAIANA /RS GRANDE CAMPEÃ BOX: 67 Nome: LC SPERANZA FIV S150 Tat: TES150 Nasc: 13/04/2009 Idade: 761 Dias Registro: O132393 Pai: TRES MARIAS 7033 CANDOMBE 6164 TE Peso: 624 Mãe: RINCÓN HERANÇA TE011 ROB DEL SARANDY Est. Gest.: C/Cria ALT: 1,31 DENTE: DL AOL: 71,00 EGS: 6,00P8: 11,00 FRAME: 5,00 Expositor: LUIZ ANSELMO CASSOL Estabelecimento: CABANHA DA CORTICEIRA Cidade: SÃO BORJA /RS RESERVADA GRANDE CAMPEÃ BOX: 73 Nome: ESPINILHO TE33 Tat: TE33 Nasc: 01/09/2008 Idade: 985 Dias Registro: O131128 Pai: SAV NET WORTH 4200 Peso: 736 Mãe: OTTONO B1558 TE LÁBIA Est. Gest.: C/Cria ALT: 1,33 DENTE: 4 FRAME: 5,00 Expositor: ROBERTO SOARES BECK Estabelecimento: ESTÂNCIA DO ESPINILHO Cidade: CRUZ ALTA /RS 3ª MELHOR FÊMEA BOX: 32 Prêmio Nome: LC TIFANI T1192 CANDOMBE Tat: T1192 Nasc: 04/05/2010 Idade: 375 Dias Registro: O141994 Pai: TRES MARIAS 7033 CANDOMBE 6164 TE Peso: 411 Mãe: QUITELA 539 DA CORTICEIRA ALT: 1,16 DENTE: DL AOL: 51,00 EGS: 7,50 P8: 10,00 FRAME: 4,00 Expositor: LUIZ ANSELMO CASSOL Estabelecimento: CABANHA DA CORTICEIRA Cidade: SÃO BORJA /RS Maio / Junho de 2011 exposições 37 Sangue novo no Outono Angus Show O 7º Outono Angus Show, realizado de 25 a 28 de maio, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, RS, durante a Fenasul, foi abrilhantado este ano com o retorno da promoção do Leilão Red Concert, com oferta de Angus selecionado da Cabanha Catanduva, que aconteceu na noite de 27, no parque (e que teve também o leilão Catanduva Crioulos, no dia 26, com oferta de equinos Crioulos), integrando a programação do evento. Sangue novo, que deu vitalidade aos resultados financeiros da exposição neste ano. O Angus Show, somando todas as vendas (menos as de Crioulos), totalizou R$ 773.930,00. A exposição Outono Angus Show teve a participação de 11 expositores, que levaram à pista de julgamentos 49 animais de argola, e de mais dois expositores que apresentaram cinco trios (15 animais) de Angus rústicos. A raça contou ainda com a realização, com amplo sucesso (veja na reportagem sobre Feiras de Terneiros, nesta edição), Grande Campeão da Feira de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas 100% Angus. Marques presente Participante ativo dos principais momentos da mostra, o presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA), Paulo de Castro Marques, elogiou a dedicação do Núcleo Centro Litorâneo de Angus (promotor da exposição juntamente com a ABA), dirigido pelo criador João Wolf, que segundo o dirigente da ABA, cativou a atenção de criadores da região e também de outros pontos do Estado gaúcho. “Precisamos de núcleos tão fortes e eficientes quanto a raça Angus, para promover a genética em todos os cantos do País”, destacou. Ele também elogiou os animais expostos, que “estavam de acordo com o tipo de Angus que precisa ser buscado na atualidade”, disse Marques. Jurado internacional O selecionador uruguaianense Antonio Martins Bastos Filho, consagrado jurado internacional de Angus, apontou os campeões do Angus Show. “Deixo meus parabéns aos criadores proprietários dos exemplares expostos nesta exposição. Os animais estão no biótipo correto e são legítimos propagadores da genética Angus”, definiu Reservado de Grande Campeão Antoninho. Novo criador Alguns novos criadores de Angus surgiram neste Angus Show. Entre eles está Flávio Gomes de Oliveira, proprietário da Fazenda Santa Clara, em Caxias do Sul, na região serrana do RS. “Procuro participar e estar de olho, na busca de novos animais”, revelou. Ele trabalha junto com a esposa, Caroline Golin Porto. São veterinários por formação e já detém um plantel de 47 animais selecionados. “Nosso foco é a produção de terneiros, que é um mercado diferenciado”, anunciou Flávio, observando que em pouco tempo já vão estar fornecendo novilhos para abate no Programa Carne Angus Certificada. Os negócios Apregoados pelo leiloeiro Gui- Grande Campeã lherme Minssen, o remate do evento, realizado na tarde de 28 de maio, na pista de rústicos do parque de Esteio, RS, totalizou R$ 82.250,00, com a comercialização de 35 animais Angus. As fêmeas PC se venderam à média de R$ 1.975,00; as fêmeas PO foram valorizadas á média de R$ 3,75 mil e os touros PO foram cotados à média de R$ 5,9 mil. Um touro PO, que foi um dos destaques da tarde, foi arrematado por João Wolf, da Cabanha dos Tapes, por R$ 6,75 mil. Este touro foi apresentado à venda pelo Haras Warszawski, de Léo Warszawski. Nas fêmeas, a venda da tarde ficou por conta da Cabanha M3K, do selecionador Lindo Cristaldo, que apresentou o exemplar arrematado por Paulo de Castro Marques pela soma de R$ 5,25 mil. Reservada de Grande Campeã DADOS DOS ANIMAIS CAMPEÕES DO OUTONO ANGUS SHOW GRANDE CAMPEÃ Nome: ESPINILHO TE33 Tat: TE33 Nasc: 01/09/2008 Idade: 997 Dias Registro: O131128 Pai: SAV NET WORTH 4200 Peso: 740 Mãe: OTTONO B1558 TE LÁBIA Est. Gest.: C/Cria ALT: 1,34 DENTE: 4 FRAME: 5,50 Expositor: ROBERTO SOARES BECK Estabelecimento: ESTÂNCIA DO ESPINILHO Cidade: CRUZ ALTA /RS RESERVADA GRANDE CAMPEÃ Nome: ESPINILHO TE 78 Tat: TE78 Nasc: 05/05/2010 Idade: 386 Dias Registro: O142065 Pai: PASTORIZA 565 BRIGADIER TE Peso: 446 Mãe: RINCÓN BALONÊ 955 ALT: 1,26 DENTE: DL FRAME: 6,00 Expositor: ROBERTO SOARES BECK Estabelecimento: ESTÂNCIA DO ESPINILHO Cidade: CRUZ ALTA /RS 3ª MELHOR FÊMEA Nome: MAYA TE131 FLORIDA Tat: TE131 Nasc: 26/07/2009 Idade: 669 Dias Registro: O136378 Pai: SAV 8180 TRAVELER 004 Peso: 674 Mãe: CATANDUVA IMPALA STRYKER 4128TE68 Est. Gest.: Prenha ALT: 1,36 DENTE: R2 FRAME: 7,00 Expositor: ZULEIKA BORGES TORREALBA Estabelecimento: CABANHA DA MAYA Cidade: BAGÉ /RS GRANDE CAMPEÃO Nome: BB DON QUIXOTE QUEBRANTADOR Tat: 730 Nasc: 28/08/2009 Idade: 636 Dias Registro: O136828 Pai: RUBETA 4444 QUEBRANTADOR TE Peso: 792 Mãe: BB TAPIOCA QUEBRACHO 386 Perímetro Escrotal : 39,5 ALT: 1,35 DENTE: DL FRAME: 5,00 Expositor: FÁBIO GOMES, FABIANA GOMES E ZULEIKA TORREALBA Estabelecimento: CABANHA CATANDUVA Cidade: CACHOEIRA DO SUL/RS RESERVADO GRANDE CAMPEÃO Nome: MAYA 97 ELEUTÉRIO BRIGADIER Tat: 97 Nasc: 08/10/2008 Idade: 960 Dias Registro: O128233 Pai: PASTORIZA 565 BRIGADIER TE Peso: 984 Mãe: MAYA 33 CAMÉLIA JOÃO LANO NANINE Perímetro Escrotal : 41,5 ALT: 1,40 DENTE: 6 FRAME: 5,50 Expositor: ZULEIKA BORGES TORREALBA Estabelecimento: CABANHA DA MAYA Cidade: BAGÉ /RS 3º MELHOR MACHO Nome: MAUFER 014 TE KILA ZORAL Tat: 014TE Nasc: 21/06/2010 Idade: 339 Dias Registro: O141964 Pai: TRES MARIAS 6301 ZORZAL TE Peso: 490 Mãe: ASD 618 MAJOR GEMADA KILA Perímetro Escrotal : 32 ALT: 1,22 DENTE: DL FRAME: 5,00 Expositor: MAURÍCIO E FERNANDO L. WEIAND Estabelecimento: CABANHA MAUFER Cidade: CRUZEIRO DO SUL /RS RÚSTICOS MACHOS PO TRIO GRANDE CAMPEÃO Lote 2 (tat.: WP008, WP010, WP013) – expositor: Cabanha HT Angus, Fazenda do Butiá – Camaquã/RS TRIO RESERVADO GRANDE CAMPEÃO Lote 1 (tat.: WP026, WP028, WP029) – expositor: Cabanha HT Angus, Fazenda do Butiá – Camaquã/RS MELHOR TOURO RÚSTICO PO Lote 1 – Tat.: WP028 – expositor: Cabanha HT Angus, Fazenda do Butiá – Camaquã/RS MACHOS PC TRIO GRANDE CAMPEÃO Lote 3 (tat.: 115, 116, 158) – expositor: Carlos Inácio Talavera Campos, Agropecuária Albardão – Santa Vitória do Palmar/RS TRIO RESERVADO GRANDE CAMPEÃO Lote 4 (tat.: 095, 0107, 098) – expositor: Carlos Inácio Talavera Campos, Agropecuária Albardão – Santa Vitória do Palmar/RS MELHOR TOURO RÚSTICO PC Lote 3 Tat.: 158 – expositor: Carlos Inácio Talavera Campos, Agropecuária Albardão – Santa Vitória do Palmar/RS FÊMEAS PC TRIO GRANDE CAMPEÃO Lote 5 (tat.: 2956, 2959, 2967) – expositor: Carlos Inácio Talavera Campos, Agropecuária Albardão – Santa Vitória do Palmar/RS MELHOR FÊMEA RÚSTICA PC: Lote 5 Tat.: 2956 – expositor: Carlos Inácio Talavera Campos, Agropecuária Albardão – Santa Vitória do Palmar/RS 38 Maio / Junho de 2011 artigo O Potencial Reprodutivo dos Touros A predição do potencial reprodutivo do touro, utilizado na monta natural, vem sendo avaliada pelo exame andrológico desde a década de 20, contudo ainda existem limitações nesse tipo de avaliação da fertilidade. Esse tema, ora esquecido na academia e pelos pecuaristas, voltou com força por ocasião do XIX Congresso de Reprodução Animal, que ocorreu de 25 a 27 de maio deste ano, em Recife. Nele foi evidente que o cuidado com os touros precisa ser considerado como de grande relevância, pois na monta a campo, ele é o responsável por mais de 90% dos bezerros nascidosl. Por Sílvio Renato Oliveira Menegassi 1 Vanessa Peripolli 1 & Júlio O.J. Barcellos 2 O potencial reprodutivo do touro é a soma de fatores inerentes à reprodução, como idade a puberdade, qualidade do sêmen, perímetro escrotal, libido e habilidade física. Destes, a idade à puberdade e o perímetro escrotal (PE) têm forte componente tem alta herdabilidade e influencia o potencial das filhas desses reprodutores. Além do mais, características comportamentais entre os animais possibilitam diferentes respostas dentro dessas potencialidades dos touros. O manejo inadequado também pode interferir na resposta dessas potencialidades, bem como o ambiente e suas adversidades. O uso inadequado dos machos aumenta a demanda de touros, ocasionando a utilização de reprodutores sem seleção pela fertilidade e precocidade, características que podem ser mensuradas por meio do exame andrológico. Avaliam-se neste exame o sêmen, a biometria testicular, o comportamento sexual e os aspectos físicos dos touros, que invariavelmente, trabalham a campo e são extremamente exigidos a montar mais de uma vez, em mais de uma vaca em cio, muitas vezes ao dia. As variações encontradas entre os autores reforçam a necessidade de se realizar o exame andrológico periodicamente. Estas variações são conseqüências da grande gama de informações obtidas através deste exame, pois nele são considerados: a idade do touro, a raça, o estágio e o local em que se encontra a propriedade avaliada, as etapas realizadas neste exame e mesmo o técnico que o realiza, mostrando que a reprovação de touros inaptos está sujeito a muitas variáveis, e por isso a necessidade de periodicamente serem avaliadas. Além disso, durante o período de reprodução podem ocorrer algumas patologias nos touros que estão sendo utilizados, pois quando mais um touro trabalha, maior sua suscetibilidade de ser acometido, principalmente por lesões de caráter físico, doenças parasitárias, ou por doenças infectocontagiosas. (Veja gráfico 1) Os efeitos da qualidade do sêmen do touro na eficiência reprodutiva do rebanho de cria são bem documentados, mas modestamente entendidos. Nossa habilidade para usar in vitro a avaliação do sêmen e predizer a fertilidade potencial de uma amostra desse sêmen, raramente explica mais do que 50% a 60% desta variação entre touros. Na Austrália, pesquisadores deixaram bem clara a dificuldade de selecionar touros pela fertilidade, por ser esta multifatorial. Quando 235 touros previamente selecionados quanto à fertilidade foram acasalados em 10 diferentes lotes de multi-touros, foi verificado que 14% O prognóstico da fertilidade dos touros pode apresentar resultados variados no campo, pois como já foi mencionado, alterações degenerativas testiculares, em função de fatores climáticos estressantes podem permitir que o diagnóstico reprodutivo seja alterado durante o período da estação de monta. Outra possibilidade é quanto ao número de vacas, efetivamente ciclando no rebanho. Se esse índice for baixo, as taxas de prenhez obtidas pelo desempenho de touros excelentes e regulares podem ser semelhantes. Quando se usam múltiplos touros em rebanhos de cria, como acontece no Brasil, com relação touro /vacas muitas vezes inapropriadas, touros de alto desempenho compensam touros de baixo desempenho, quando estes não possuem hierarquia sobre aqueles. Em várias partes do mundo se percebe que, apesar de todo o conhecimento técnico Figura 1: “Para a otimização de um touro como multiplicador de fertilidade em um rebanho de cria, o manejo, talvez seja o que necessite do maior ajuste, pois vários fatores interferem: sanidade, genética, nutrição, comportamento e ambiente; e constata-se que cada vez mais, precisamos saber mais sobre essas inter-relações para que o fator econômico (rentabilidade) seja atendido e assim tenhamos a sustentabilidade do sistema”. dos touros geraram 30% de bezerros, 58% dos touros geraram 10% ou menos de bezerros, e 6% dos touros não geraram nenhum bezerro, demonstrando que em regiões tropicais como a Austrália e o Brasil*, a morfologia espermática, quando dentro de padrões estabelecidos (com mais de 75% de espermatozóides sem alteração) foi à característica que melhor explicou o nascimento dos bezerros. Os autores também concluíram que nenhum fator isolado pode ser utilizado como preditor da fertilidade. Destacamos aqui que os fatores climáticos podem ocasionar, muitas vezes, degenerações testiculares, tornando os touros subférteis e/ ou inférteis. adquirido, muitas vezes seleciona-se touros que no campo, não apresentam o desempenho esperado. Isto seria explicado pelos altos percentuais de reprovação de touros encontrados, quando se realiza a etapa do exame comportamental (libido e habilidade física), etapa esta nem sempre realizada pelos veterinários, o que ocasiona um vazio no nascimento dos bezerros. A falta de libido e de habilidade física apresenta taxa de reprovação significativa entre os touros, tanto quanto as demais etapas do exame andrológico (exame clínico geral, especial e seminal). Isto demonstra a importância da verificação de patologias pertinentes a esta etapa do exame, pois ao deixar de realizá-la, o veterinário pode incorrer em erros que só poderão ser recompensados na próxima temporada de acasalamento. Além disso, avaliações mais criteriosas e predição de fertilidade potencial individual de touros vêm sendo sugeridas através de provas complementares, procurando-se medidas associadas a marcadores de alta fertilidade no sêmen como: Proteínas Ligadoras de Fosfolipídios (BSPs), Proteínas Ligadas a Heparina, Prostaglandina D Sintetase, Osteopontina, Fosfolipase A2 entre outras, que atuam na capacitação do espermatozóide desde o ejaculado até o trato reprodutivo da fêmea. Com o propósito de obter resultados que demonstrem maior repetibilidade na avaliação da morfologia tanto quanto na função espermática, diversas técnicas laboratoriais têm sido desenvolvidas. Surgiram sistemas que utilizam a análise computadorizada de imagens, métodos de “coloração” empregando corantes fluorescentes (sondas fluorescentes) em microscopia de epifluorescência ou citometria de fluxo, que aumentaram a possibilidade de uma análise mais criteriosa da integridade estrutural dos espermatozóides. Componentes moleculares dos espermatozóides, ou dos meios que os cercam, influenciam a capacidade fecundante destas células. Dado tal conceito, proteínas do plasma seminal modulam cruciais funções e processos da reprodução, como a motilidade e capacitação espermática, proteção celular, reação acrossômica e fertilização. Defende-se que há um número limitado de mecanismos pelos quais a membrana do espermatozóide pode responder a desafios deletérios, levando a uma trilha previsível de biomarcadores detectáveis. Desafios potenciais incluem elementos patogênicos, especialmente vírus, que podem danificar o espermatozóide diretamente, além de serem transmitidos no sêmen com implicações importantes para a reprodução natural e artificial. As relações entre índices de fertilidade e proteínas seminais em determinadas espécies indicam que estas têm o potencial de serem identificadas como marcadores bioquímicos da capacidade reprodutiva do macho. Além disso, parece claro que a seleção de futuros touros através do uso de marcadores moleculares, ferramenta de fundamental importância nas biotecnologias agora aplicadas, também à fertilidade dos machos, possibilitará, além do ganho genético, a redução no tempo de seleção desses touros. * NESPRO-UFRGS: www.nespro.ufrgs.br 1 Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Faculdade de Agronomia – UFRGS/NESPRO. E-mail*: [email protected] 2 D.Sc. Professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Coordenador do NESPRO Maio / Junho de 2011 39 Catanduva Red Concert: O requinte da Angus Fotos: Divulgação A venda de 50% da terneira (bezerra) “Catanduva Unique TE 418F” por R$ 96 mil, foi o grande destaque de pista do seletivo Leilão Catanduva Red Concert, cuja quarta edição foi realizada na noite de 27 de maio, durante o Outono Angus Show (Fenasul), no restaurante internacional do Parque Assis Brasil, em Esteio, RS. Com seis meses de idade e irmã da campeoníssima “Catanduva Mandala”, “Unique” foi adquirida pela Cabanha TNT, de Bagé, RS, de propriedade do carioca Gonsalo Torrealba. Antes de o animal ser apresentado na pista pelo leiloeiro Guilherme Minssen, o promotor do pregão, selecionador Fábio Gomes, proprietário da Cabanha Catanduva, de Cachoeira do Sul, RS, havia informado que a renda da venda da terneira teria como destino o Instituto do Câncer Infantil de Porto Alegre. E o lance surpreendeu a todos os presentes, numa platéia formada por selecionadores de Angus de todo o Brasil. “Estou muito emocionado e agradecido pela valorização deste animal, especialmente porque este valor será doado a uma instituição de tamanha importância para a sociedade como o Instituto do Câncer Infantil”, declarou Gomes. O remate teve faturamento de R$ 691.680,00, com a comercialização de 38 matrizes prenhas de 2 e 3 anos, doadoras comprovadas e vacas com cria. Mas entre outros destaques realizados na pista, ênfase também para a tradicional fala de Fábio Gomes, Eduardo Xavier e Fabiana Gomes que num flash de amplo domínio das palavras realizou profunda análise do mercado Angus de elite, falando também de seu trabalho e da qualidade da carne Angus, das ações de mercado da Associação Brasileira de Angus, do futuro da raça e da dedicação dos criadores de Angus no Brasil. E foi igualmente ponto alto da promoção organizada por Fábio Gomes e sua filha Fabiana, considerada de muito bom gosto pela maioria dos participantes, a apresentação do conjunto Tango’s Show, que mostrando Fábio Gomes alguns clássicos da cultura musical argentina, encantou a todos. Outros pontos altos do leilão foram os exemplares “Catanduva Foja Bay Nost 798 TE” e “Catanduva 533 Latina Delegado”, vaca doadora símbolo de fertilidade da Catanduva com produção de cerca de 15 de embriões viáveis por coleta e mãe de “WAF Miss Brazil”, novilha sensação do Fórum Mundial do Angus ocorrido no Canadá em 2009. Ambos os exemplares foram adquiridos por R$ 57,6 mil. Novidade também foi uma oferta importante de matrizes da Argentina, criadas a partir de parcerias e atuações da Cabanha Catanduva naquele país com a Cabaña Santa Sergia e com a Cabaña Casamu, ambas localizadas na província de Buenos Aires. O leilão negociou ainda fêmeas importadas do Uruguai da Cabanha La Coqueta, de propriedade de Fábio Gomes e vencedora de 11 grandes campeonatos nos 10 anos em que apresentou animais na concorrida Exposição do Prado, em Montevideu. Cabanha Umbu: bons negócios no “Vendas Diretas” Animais avaliados, selecionados, aprovados e devidamente registrados formara a oferta de mais um “Vendas Diretas”, o inovador modelo de comercialização desenvolvido pela Cabanha Umbu, de Uruguaiana, RS, que teve mais uma edição em 15 de maio. O evento, capitaniado pelo proprietário da Umbu, o tradicional selecionador de Angus Ângelo Tellechea, foi realizado no final da Expo Outono de Uruguaiana, no Local Umbu, próximo àquela cidade. Médias da hora Totalizou R$ 104.580,00, com a venda de 18 exemplares, em sua maior parte animais rústicos selecionados. Os touros tatuados PP fizeram média de R$ 6,77 mil, os machos PC foram valorizados em R$ 5,9 mil e uma fêmea saiu vendida por R$ 4.020,00. Modelo de sucesso Ângelo Tellechea observa que considerando os indicativos que tinha, de solicitações do mercado, incluindo um bom número de novos cadastros e de efetivos clientes, avalia que o volume de vendas esteve de acordo com a realidade do mercado. “Muitos de nossos clientes estão vinculados à orizicultura, que como é sabido, vive um de seus piores momentos, influenciando os resultados das vendas”, argumenta o criador. E diz ainda que o modelo – de Vendas Diretas – que vem utilizando para as negociações com o mercado neste Outono é positivo e terá continuidade. “Basta ver, por exemplo, o volume de novos clientes que surgiram”, diz o selecionador uruguaianense de Angus. Angelo (no detalhe acima) recebeu os clientes na propriedade 40 Maio / Junho de 2011 ARTIGO Plantéis, selecionadores e a produção de touros Fotos: Divulgação Por Fernando Furtado Velloso A produção de touros tornou-se para alguns produtores uma alternativa para aumentar seus resultados em pecuária de corte, pois é crescente a necessidade de reprodutores e um touro de qualidade pode alcançar ou superar o valor de 3 ou 4 novilhos prontos para abate. Desta forma, um bovino com a mesma idade (2 anos) pode ser comercializado por 3 ou 4 vezes o valor de um outro bovino para o abate. O propósito deste artigo é discutir alguns pontos básicos na produção de genética que parecem estar meio esquecidos ou até desconsiderados por alguns produtores que se aventuram no gado registrado e na produção de touros. Os rebanhos registrados, comumente denominados de “plantéis”, devem ser núcleos de animais com produção controlada e com qualidades superiores aos rebanhos comerciais (gado geral). Pressupõe-se que em um grupo de animais que se faz uma boa seleção multiplicando os superiores e descartando os inferiores estaremos avançando a cada geração para animais mais produtivos e eficientes. Como produto final, podemos retirar a parte superior dos machos e ofertá-los no mercado como touros e os demais como bons novilhos. Sendo os touros parte do resultado dos plantéis, eles carrearão bons genes para os produtores de terneiros/novilhos que os adquirirem. Existe uma diferença muito grande entre “rebanho registrado” e “rebanho selecionado”. Ter registro genealógico dos animais é simplesmente saber quem é quem e, quem é filho de quem. O registro genealógico é uma ferramenta para nos auxiliar a melhor selecionar nossos rebanhos, mas não é por si só garantia de genética superior. Já, ter um rebanho selecionado é rotineiramente controlar o desempenho dos animais e com esta informação multiplicar o superior e abater o inferior. O próprio nome dado aquele que se dedica a plantéis é “selecionador” e a palavra já diz tudo. Parece simples, mas afirmo que é menos feito do que deveria. De outra parte, temos disponível atualmente um ferramental tecnológico que vem a contribuir, mas em alguns casos se sobrepõe ao básico. Dou como exemplo o uso de marcadores moleculares, a ultrassonografia de carcaças, a Transferência de Embriões ou Fertilização In Vitro (FIV). Todas estas tecnologias são válidas, mas em muitas situações recebem mais atenção do que o básico que deveria ser bem feito. Tenha indicadores para seu rebanho, descarte as fêmeas com problemas reprodutivos, descarte as sobre a cadeia da carne é muito grande e esta os touros podem ser parecidos em um remate, fêmeas com baixa produção de leite, identifique conclusão me leva a outra questão: a produção mas a segurança para bons investimentos aos as mães superiores, identifique as famílias mais de genética é uma especialização em pecuária, compradores de touros virá da confiança no produtivas. Feito isto, aí sim, vamos pensar em assim como a produção de sementes é uma es- processo de seleção de cada rebanho. Não é de novas tecnologias para multiplicar o conhecido pecialização do agricultor. Aquele que domina graça que muitos remates tem superado muito ou para conhecer ainda melhor nosso plantel. a lavoura e tem boa produtividade passa a ser a média do mercado de reprodutores, e notem No afã da corrida tecnológica, muitos se per- produtor de semente. No caso dos touros não que nestes leilões os animais não são necessadem em meio a tantas opções e não fazem o vemos exatamente este cenário, mas sim a forte riamente os mais pesados da temporada ou os básico e fundamental em um plantel. presença de “novos pecuaristas” que já iniciam a mais premiados, mas sim daquelas criações A função de um plantel é de altíssima re- sua exploração com a produção de genética. onde o comprador de touro vê consistência levância, pois os reprodutores distribuídos em Este processo todo está mais avançado em nos conceitos. diversos rebanhos irão influenciar a formação parte dos países que são fornecedores de genéA notícia boa é que o mercado já está valoe desempenho do gado de nosso país. Não tica de bovinos de corte ao Brasil (Ex: Estados rizando os projetos de seleção sérios e consisesqueça que metade da genética de todo o seu Unidos, Canadá e até Europa). Uma das prin- tentes. As centrais de inseminação usam como rebanho vem dos touros! Eles são os verdadeiros cipais razões que indico para este diferencial é critério para escolha de touros mais o perfil provedores de genes e de um indivíduo pode- o alto custo da mão de obra nestes locais e o dos projetos de seleção do que premiações ou mos esperar mais de 100 filhos em sua vida conseqüente trabalho direto do proprietário na simplesmente o fenótipo dos animais. Observe produtiva. Divido as responsabilidades de um fazenda. Como o proprietário vive mais o dia quantos touros hoje estão nas baterias das cenplantel em três grandes áreas: a dia do rebanho e seus problemas a seleção trais em função da identidade com o rebanho a) Animais eficientes para o produtor – ge- acaba sendo mais efetiva. A preocupação com de origem e em função de indicadores técnicos nética de vacas de (índices, DEPs, etc). baixa manutenção O mercado de reproduO produtor ainda se apega muito ao visual dos animais, e o e com boa produtores é de fato entusiasmante ção de leite, de facie pode ser uma muito boa fenótipo pode nos dar indicações das virtudes e deficiências dos lidade de parto, de alternativa para aumentar a animais, mas nada melhor do que estabelecer um processo de seleção rentabilidade de explorações terneiros com bom ganho de peso, de pecuárias, porém como em contínuo, sério e consistente, baseado em indicadores técnicos novilhos com facitodas as áreas da economia o lidade de apronte consumidor está mais bem (precoces), etc; facilidade de parto, temperamento, eficiência informado e mais exigente (que bom). Fala-se b) Animais eficientes para a indústria – ge- reprodutiva e adaptação, por exemplo, são bem tanto em “agregar valor” e a produção de renética de carcaças pesadas, de boa conformação, maiores, pois além dos prejuízos financeiros produtores é uma das tentativas de agregação de alta padronização e de boa cobertura de envolvidos existem implicações importantes de valor em bovinos de corte. Há um espaço gordura (terminação); em cuidados, manejo e trabalho com os ani- grande para ser ocupado no fornecimento de c) Animais que sirvam ao consumidor – so- mais. E quem faz este trabalho diretamente é genética de qualidade, mas genética alicerçada mente teremos cumprido com nosso trabalho se o proprietário. em trabalhos sérios e princípios sólidos em o bife que chegar à mesa for macio, suculento Ainda nos apegamos muito ao visual dos seleção animal. Dito isto: mãos à obra. É hora e saboroso. Garantir a manutenção e melhoria animais, e o fenótipo pode nos dar indicações de selecionar, descartar, multiplicar, acasalar, do produto final é que nos manterá como pro- das virtudes e deficiências dos animais, mas medir, remedir e assim tomar decisões acertadas dutores de gado. nada melhor que um processo de seleção con- para o seu rebanho e para os rebanhos de seus Observe que são muitas características para tínuo e bem feito. Observe que temos que en- clientes. (publicado também na revista AG estarmos atentos e que muitas delas podem ser tender a produção de genética com um processo Leilões/março/2011) até correlacionadas negativamente (ex: vacas de de melhoria contínua e que a continuidade baixa manutenção e carcaças pesadas, indivíduos nos trará ganho genético e de fato touros que Médico-Veterinário (CRMV RS 7238) com grande ganho de peso e facilidade de termi- contribuam com os produtores. Muitos reba- Inspetor Técnico ABA nação, etc). Note que a compreensão necessária nhos podem ser próximos em seu visual e até www.assessoriaagropecuaria.com.br OPINIÃO Maio / Junho de 2011 41 Uma dura conquista, que não está sendo consolidada pelos produtores Por Mário Saraiva G. de Macedo H á dez anos, época em que gerenciávamos o Departamento de Extensão Rural do então Frigorífico Mercosul, no Rio Grande do Sul, a Associação Brasileira de Angus (ABA) deu início ao trabalho de base, que resultaria na efetiva implantação do Programa Carne Angus Certificada. Por iniciativa de um grupo de produtores com visão inovadora, como Reynaldo Salvador, Vivian Potter, Oscar “Perico” Silva, entre outros... Estabelecíamos o padrão a ser certificado, como certificar, produzir, etc. Enquanto todos queriam receber diferenciais por seu produto, a Angus inovava, solicitando uma verba que iria para uma agência de propaganda, parte para divulgar a raça e parte para divulgar a carne Angus. A meu ver, este foi o grande salto, pois sempre defendi que, “primeiro temos que criar a demanda por um determinado produto, para depois cobrar por ele. Deixem o consumidor pedir o produto no mercado, que os diferenciais aparecerão”. Aqueles que viveram esta etapa lembraram isso. Em 2004 começava a ser produzida a carne Angus Zaffari, a primeira carne certificada pela Angus. Através do trabalho visionário do então Presidente da ABA, Reynaldo Tittof Salvador, chegava ao supermercado um produto que não tinha diferencial de preço ao produtor, nem custo à indústria, pois esta investia em marketing de seu produto. Além de unir a força dos produtores à empresa frigorífica. Os diferenciais vieram e em volumes consideráveis, fruto da qualidade inegável da carne Angus e de um trabalho competente de diretorias da ABA que se seguiram. Sempre enfocando a “Carne Certificada” como a grande alavanca para a genética. Assim, contando com pessoas de grande capacidade e dedicação, casos de Fernando Velloso, Márcia Barcelos, Fábio Medeiros, entre ou- tros, foi elaborado um dos melhores programas de certificação do mundo. Sendo constantemente auditado pela certificadora “Ausmeat”, mantendo seu status de “Acreditação Internacional - Ausqual”. Tudo isso fez com que consumidores e frigoríficos disputassem com grande voracidade o produto representado pela “Carne Certificada Angus”. No RS as empresas frigoríficas chegam a dar incentivos que vão de 3% a 10% na remuneração dos produtores integrados ao Programa Carne Angus, conforme os atributos que apresentados por seus produtos para abate. São bonificados raça, idade, acabamento e rastreabilidade. Cada um com uma remuneração adicional para ser produzida, como desejavam os idealizadores do programa. Estes requisitos, a gestão de cada propriedade é que definirá qual ou quais buscar. A grande questão para refletir é “se estamos preparados para atender à demanda dos mercados criados para nosso produto”. Observando as declarações dos encarregados em abastecer os programas, fiquei realmente espantado com o volume de perdas de animais na hora da certificação. Sempre de- fendi o uso de gestão qualificada na propriedade rural. Creio que é hora de revisarmos com mais afinco esta premissa. O mercado ofertando até 10% sobre o preço base de um animal gordo (gordura 3 mm a cima) e produtores a enviarem seus animais sem o acabamento necessário. Sinceramente tenho dificuldade de compreender uma gestão que permita deixar de ganhar tanto dinheiro. Buscamos diferenciais para custear o investimento necessário à produção, e quando os temos disponíveis, não aproveitamos o benefício. Um produtor não atingir a bonificação máxima, até é admissível, mas não receber “nada” por dias de espera para enviar o produto ao abate, é mesmo muito difícil de compreender, de aceitar. A carcaça para se trabalhar esta cara, os insumos também. Assim, como vamos vender (entregar para o abate) um animal onde não tiramos o máximo proveito? No abate do mês de março último, numa planta frigorífica do RS, 38,14% dos animais jovens (de até quatro dentes), não foram aproveitados pelo Programa Carne Angus por falta de acabamento de gordura na carcaça. Sabemos o quanto é difícil preparar, como exige o Programa, um animal jovem para abate. E por isso mesmo é tão importante retirarmos o máximo de cada produto entregue à indústria. Deixar de receber o diferencial que precisamos para cobrir os elevados custos, verdadeiramente não é admissível. Como produtores, devemos ter a consciência de que temos um cliente para atender satisfatoriamente. Não só o consumidor final, mas a indústria que acredita no potencial e qualidade de nossa produção. Não podemos firmar compromissos de entrega que muitas vezes não conseguiremos cumprir. O olhar para fora da porteira torna-se cada vez mais importante. Com a consolidação de mercados consumidores, a atenção do produtor deve ser redobrada. Conquistar um novo mercado é difícil, mas reconquistá-lo é tarefa muito mais dura. Não podemos nos esquecer do tempo gasto para chegar até aqui: uma década de trabalho. Temos a obrigação de manter, de consolidar os ganhos obtidos e, por certo, de melhorar sempre. Zootecnista - Especialísta em Gestão em Agronegócio 42 Maio / Junho de 2011 PARCEIROS Como ler a Prova Americana e o que priorizar na escolha de um Touro Por Marcos Fernandes da Silveira 1 e Marcelo Maronna Dias 2 A escolha do touro para utilizar em um rebanho está entre as decisões mais importantes que os produtores tomam em suas atividades. Isto é justificável, pois a descendência deixada por um único animal influirá diretamente no resultado econômico da atividade. Quando falamos em touros de IA provados com (DEP’s), baseamos a seleção nos descendentes comparados em vários rebanhos e ambientes distintos. Uma escolha por determinada genética é permanente e ficará no rebanho por várias gerações através de suas filhas até que se introduza um novo touro neste rebanho. Fala-se muito de gestão e tecnologia e dentro deste raciocínio, as provas de touros com informações de diferenças esperadas nas progênies (EPD’s) e informações de DNA aumentam a complexidade nos processos de seleção, mas nos dão mais chances de acertar. Espera-se que ao escolher touros melhoradores, os produtores possam aumentar a performance de seus animais com maiores pesos a desmama e abate com animais mais precoces e adaptados. A grande questão é de como fazer isto e que ferramentas podemos nos valer para tentar minimizar os erros quando da eleição de determinado reprodutor. Assim sendo vamos tentar entender as provas americanas: Como somos da equipe CRI Genética Brasil Ltda., usaremos exemplos de touros que esta empresa comercializa no Brasil. À primeira vista as provas de touro assustam realmente. É um aglomerado de números, sem referência de unidade de medida e, para complicar mais, vêm precedidos de siglas. Aí o produtor, que tem que saber do manejo, do mercado, do clima, dos insumos, dos funcionários e também se obriga a saber que a “DEP” de “PN” de 0,3 do touro Bando 9074 é um ótimo número ainda mais com uma “AC” de 0,95! Tamanha é a confusão que muitos criadores acabam por levar em conta somente o número que eles entendem bem: o preço. E o curioso é que é para os dois lados; alguns querem o sêmen mais barato, mas outros querem o mais caro, supondo que este seja o melhor. Mas eis que até aí o mercado de genética é confuso. Muitas vezes, touros excepcionais podem ser comercializados a preços baixos, pois também são ótimos produtores de sêmen. Ou seja, seu preço fica menor se ele tiver mais esta virtude genética, enquanto outro pode ser mais apreciado se tiver esta limitação de fertilidade. Coisas do mercado e a velha lei de oferta e procura... A prova de touro é o resultado estatístico do desempenho dos touros e seus familiares, principalmente dos filhos. Através da avaliação destes animais se “espera” tal resultado para esta ou aquela característica. Um touro com uma boa prova para ganho de peso será aquele animal cuja família teve bons resultados de peso ao desmame (PD) e ao ano (P Ano). Desta forma, se “espera” que as vacas inseminadas com esta genética produzam filhos com uma “diferença” positiva para ganho de peso. Mas “diferença” de quem? Dos filhos de outros touros. Por isso chamamos de DEP (Diferença Esperada de Progênie). É o quanto esperamos que a Progênie (filhos) de um touro seja de diferente dos outros. Por exemplo, o touro Stout tem DEP de peso ao ano de +128 Libras (58kg) enquanto o Traveler 004 tem +103 libras (46kg). Simplificando, se espera que os filhos do Stout tenham, em média, algo em torno de 12 kg a mais que os do Traveler. A medida em libra é porque os estadunidenses gostam de complicar mesmo; medem peso em libra, altura em pés e temperatura em Fahrenheit. Pronto, agora você já entende o princípio básico da prova. Só nos resta decifrar a prova em si. As legendas das Fotos: ABA / Divulgação siglas devem aparecer em algum local do catálogo; normalmente no começo ou no fim. A prova de touro é apresentada da esquerda para a direita como se fosse uma linha de tempo na vida do animal. Começa ao nascimento com facilidade de parto direta (FPD) e o peso ao nascer (PN). Quanto mais baixo o peso ao nascer, melhor; menor chance de problemas ao parto. Normalmente, animais de baixo PN terão alta FPD; mas não obrigatoriamente. O FPD é o quanto o touro gera de distocia; partos assistidos. Posteriormente, vêm as características de peso ao desmame e ao ano (PD) e (P ANO). Seguidas de altura ao ano e circunferência escrotal. Como os animais que permanecem na fazenda são as fêmeas. As características que seguem ao ano são as maternais. Começamos com facilidade de parto de fêmeas (FPF). Não confunda com a facilidade de parto direta! Na FPF avaliamos a chance das FILHAS do touro ter partos fáceis; não assistidos. No mesmo grupo de características maternais temos leite. Mas como medir o leite de uma vaca de corte? Se não as ordenhamos, só podemos estimar sua produção pelo peso dos seus filhos ao desmame. Quanto mais pesados os bezerros, logicamente mais leite a mãe produziu. Mas, cuidado! Alguns produtores procuram sempre touros que aumentem leite! Vacas que produzem muito leite têm mais dificuldade de repetir prenhês, pois são mais exigentes em alimentação justamente pela quantidade de nutrientes consumidos pelo úbere. Em seguida, temos Peso Adulto (PA) e Altura Adulta (AA), que são as medições da progênie desses touros ao atingir a maturidade. Animais com maiores PAs e AAs tem maior capacidade de produzir carcaças pesadas, contudo, tendem a ser mais tardios em acabamento. Animais grandes tendem a crescer por mais tempo, o que pode não ser positivo economicamente, pois demoram demais para serem terminados. Como selecionamos animais pelo ganho de peso, a tendência é a seleção de animais grandes, por isso são fundamentais estas DEPs. Muita gente avalia o “frame” (tamanho relativo à idade) do touro, porém os dados do indivíduo são bem menos representativos do que as DEPs em relação à sua genética. O frame, assim como as outras características do indivíduo, devem ser avaliadas em animais jovens que ainda não tenham boa acurácia nas DEPs. E o que diabos é acurácia (AC)? Precisão. A precisão ou a confiabilidade de uma DEP é determinada pela quantidade de filhos e fazendas em que a genética de um animal foi testada. Quanto mais filhos testados em diferentes ambientes um touro tiver, maior a acurácia dos seus dados será. Lógico; se um touro é provado em várias condições gerando vários filhos, podemos confiar muito mais do que outro que tenha dois ou três filhos. Por isso, cuidado ao utilizar touros jovens! Temos também as características de carcaça: Peso de Carcaça (PC), Marmoreio (gordura intramuscular), AOL (área a olho de lombo) e gordura. Embora ainda estejamos longe das premiações do mercado americano por carcaça, é interessante observar estas DEPs; nelas está realmente o rendimento e a qualidade do produto final. Por fim, no quadro da direita, temos índices que são um combinado de outras característica para facilitar a interpretação e correlação dos diferentes dados. E como saber quando um touro é bom para uma característica? Você já viu que o Matrix, por exemplo, tem 106 libras de Peso ao Ano. Isso é bom? Um recurso muito prático e rápido é o “TOP”. Ele é TOP 5% para peso ao ano, isto significa que ele é superior a 95% dos touros Angus americanos para esta característica. Para peso ao desmame ele é TOP 4%; ou seja, superior a 96% da população. Estas comparações são feitas anualmente, e, em algum lugar do catálogo, deve aparecer os resultados gerais da raça Angus na última primavera. Assim você sabe a posição do animal em relação à média da raça. Importante! Não compare dados de raças diferentes nem de angus vermelho e preto no catálogo americano! Nos EUA, Red Angus e Aberdeen Angus são avaliados por associações diferentes como se fossem raças diferentes, portanto um número não pode ser diretamente comparado ao outro! O catálogo deve ser uma ferramenta utilizada pelo produtor juntamente com o seu controle de rebanho. Saber o que se precisa melhorar e qual estratégia utilizar já facilita bastante a escolha de um reprodutor. Converse com seu representante para saber que genética utilizar para atingir seus objetivos. A utilização de programas internos de controle e programas estatísticos como o PROMEBO (Programa de Melhoramento Bovino), também ajudam a focar nos pontos específicos. Quanto mais dados o produtor conseguir interpretar e correlacionar, maior a chance de obter um rebanho adaptado ao seu ambiente e/ou mercado. Desta forma, ele pode utilizar a genética para melhorar seu lucro e compra de sêmen deve ser encarada como investimento de longo prazo em seu rebanho. 1 Médico veterinário, criador e representante da CRI Genética Brasil no RS 2 Supervisor regional da CRI Genética Brasil no RS e SC PARCEIROS Maio / Junho de 2011 43 Previna a Tristeza Parasitária para não “chorar” as perdas depois Por Octaviano Alves Pereira Neto E ste tema volta com frequência às rodas de conversa, tanto de produtores quanto de técnicos, especialmente pelos prejuízos causados. O assunto é mesmo relevante, pois as perdas são expressivas e envolvem a queda na produtividade, óbitos de animais, custos adicionais com tratamentos e mão de obra e um intenso estresse em todos da fazenda. A Tristeza Parasitária Bovina (TPB) é um complexo de duas doenças: a babesiose e a anaplasmose. Elas podem ocorrer tanto de forma associada como isolada, porém os sintomas são bastante semelhantes e as medidas de controle também. Bem conhecida dos pecuaristas, em especial os que trabalham com raças européias, apresenta alta prevalência nas propriedades rurais, demonstrando que o simples fato de “conhecer” não resulta em ações efetivas para prevenir os surtos. É a típica situação na qual “sabe-se que pode acontecer, mas pouco é feito para evitá-la”. A chave na prevenção dos surtos de TPB está no controle do carrapato. Os produtores devem entender que a doença tem um forte componente causa – efeito, ou seja, quando tem alta infestação de carrapatos há massiva inoculação dos agentes da doença e surgem os surtos. Este problema cresce na medida em que avançam os problemas da resistência aos carrapaticidas. Durante o inverno há uma menor taxa de infestação dos bovinos e, assim, um menor desafio com a queda nas defesas do organismo contra a babesia. A este fenômeno chama-se instabilidade enzoótica. O problema está exatamente nesta flutuação, pois quando a infestação se intensifica, a partir da primavera (alto desafio), começam a aparecer os surtos (devido à baixa imunidade). Este maior desafio ocorre geralmente no outono, quando os carrapatos apresentam alta infestação na pastagem. A redução efetiva na população de carrapatos, ou seja, o controle real destes parasitos se refletirá em um menor número de casos de TPB. Além disso, o produtor irá gozar de todos os demais benefícios de ter produtividade sem as perdas causadas pelo parasitismo. Foto: Octaviano Pereira / Divulgação A alta infestação no outono aumenta os riscos para a Tristeza Alguns produtores e técnicos imaginam que “mantendo” os carrapatos irão prevenir a quebra de imunidade. Eu costumo perguntar: fazendo isso, o número de casos de TPB cai à zero? Os animais ficam realmente protegidos ou mesmo assim ocorrem casos de TPB, inclusive com morte de animais? E o rebanho parasitado pelo carrapato, sofre perdas na produtividade? As repostas, em geral, são que se seguem os surtos de TPB, portanto, é ineficaz já que o carrapato é a causa do problema e seu controle parte crucial da solução. O mesmo pode ocorrer quando se “carrapateia” os animais. Na prática a campo, não existe parâmetros seguros de infestação que dêem garantias se os animais estão ou não protegidos. É comum ocorrer surtos de TPB durante este processo, seja por descontrole e excessiva exposição dos animais aos carrapatos ou por alta virulência da cepa, gerando perdas produtivas. O uso de carrapaticidas convencionais, que agem em todas as fases do parasito, pode impedir que haja a inoculação os agentes da TPB, não estimulando a imunidade nos bovinos. Uma alternativa para prevenir este tipo de problema são os chamados Reguladores do Desenvolvimento de Insetos (IGR), como é o Acatak® (fluazuron), que controlam o carrapato, sem impedir a imunização contra a TPB, principalmente por Babesia bovis, o agente mais perigoso. Estes produtos permitem que as larvas, que vem do pasto, piquem o animal, estimulando a imunidade e morrendo apenas na fase de ninfas. Nestas duas etapas (larva e ninfa) os prejuízos causados pelo carrapato são mínimos, pois o maior consumo de sangue é feito só pela fase adulta, antes de cair no solo, porém é suficiente para manter a imunidade, sem as perdas causadas pelo parasitismo, ou seja, um benefício duplo. Pense nisso! Méd. Vet., Mestre em Zootecnia Gerente Técnico – Bovinos Novartis Saúde Animal Ltda. ® Marca Registrada Novartis, AG, Basiléia, Suíça. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo desta publicação sem a autorização da Novartis Saúde Animal 44 PERFIL Maio / Junho de 2011 Engenheiro por formação, invernador por tradição Fotos: Horst Knak/ Agência Ciranda José Azhaury, esposa, a filha Elizabeth e genro Jorge Torelly Descendente de uma tradicional família de pecuaristas da fronteira oeste gaúcha, a família Macedo, que tem um histórico de mais de três gerações na lida com rebanhos de gado de corte, o Dr. José Azhaury Macedo Linhares, proprietário da AML Agropecuária, de Santana do Livramento, foi o ilustre personagem escolhido para esta edição do Perfil do Criador. Embora sua formação acadêmica seja voltada às ciências exatas, com graduação em engenharia civil, o Dr. Azhaury acabou dando a sua vida profissional o seguimento da atividade que moldou a história dos seus antepassados. A pecuária de cria recria e engorda, para o fornecimento de animais aos abatedouros. Por Alexandre Gruszinky R econhecido e conceituado no meio agropecuário gaúcho como um grande criador e invernador, o Dr. Azhaury já carrega na sua bagagem de vida a experiência de mais de meio século na lida com o gado a campo. Sua trajetória como pecuarista e o início da transição da carreira profissional de engenheiro para criador remonta ao ano de 1955. Ele conta que naquela época, logo depois de formado, estava ocorrendo uma baixa nas atividades da engenharia civil nas grandes cidades. Por isso decidiu abrir frentes de trabalho nas pequenas cidades da região da fronteira, trabalhando em projetos para construção de barragens, estradas, etc. Nessa atividade foi convidado pelo seu tio, Lauro Macedo, da Cabanha Azul, para executar alguns projetos naquela propriedade. Logo depois, ao surgir uma oportunidade para o cargo de gerente da empresa, assumiu a função, se estabelecendo em Santana do Livramento com a responsabilidade de fornecer gado para o Frigorífico Swift Armour. Nova Carreira Esta atividade representou o marco inicial de uma nova carreira e sua posterior opção pela atividade de criador e invernador ao invés de cabanheiro. “Por trabalhar direto com o gado para abate, não adquiri o espírito cabanheiro, mas o espírito invernador e automaticamente me dirigi para a produção do boi”, comenta. Acrescenta, porém, que o grande sucesso da pecuária atual se deve à seleção que se faz nas cabanhas. Afirma que o cabanheiro é um herói que nem sempre tem a rentabilidade que deveria ter. Acrescenta que devido ao grande trabalho de marketing e valorização da raça Angus que vem sendo realizado de forma extremamente eficiente pela Associação Brasileira de Angus (ABA), somado às características superiores da carne desse animal, está havendo um reconhecimento por parte dos frigoríficos que estão remunerando de forma diferenciada os criadores de Angus e assim motivando toda a cadeia produtiva da raça. “Uma vez não importava se tinha qualidade ou não, o boi entrava na vala comum dos frigoríficos, mas agora não é mais assim”, lembra o invernador. Proprietário de quatro fazendas, para o trabalho de cria e recria ele usa a fazenda sede, a Cerro Chato, e as fazendas Concórdia e Sociedade, todas em Santana do Livramento, uma região de campos de basalto que o invernador considera uma das melhores pastagens nativas para bovinos. A terminação dos animais ele faz na fazenda São José, de campos agrícolas no município de Manuel Viana, onde tem cultura de arroz e soja. “Quando a folha da soja fica amarela se planta aveia e azevém. Depois da colheita da soja já podemos colocamos os bois de sobreano no pasto”. Para acelerar a engorda o invernador usa silagem de grão úmido de milho, que também é plantado na propriedade. Nesse sistema ele realiza a safra do gado com animais de 20 a 26 meses com média de peso em torno de 450 quilos. Resultados O experiente invernador destaca que, “a associação entre a pecuária e a agricultura permite acelerar o processo de produção e ampliar os bons resultados na atividade”. É utilizada a inseminação artificial para as vaquilhonas de primeira cria e vacas com terneiro ao pé. Para garantir as prenhezes, usa a monta natural, com 4 a 6% de touros por potreiro. Os touros a campo são selecionados dentro da sua própria produção, sempre com vistas à melhoria da qualidade da carne. Com esse processo, já ganhou vários prêmios em concursos de carcaça. “Isto é importante porque me sinto recompensado pelo esforço e tenho o reconhecimento do frigorífico pela qualidade do meu produto”, acrescenta ele. Ao longo dessa história de mais de meio século no universo pecuário e com um sistema de produção voltado à eficiência, a raça padrão do seu criatório, como não poderia deixar de ser, é a Angus que tem desempenhado um papel de relevante destaque na realização dos seus bons resultados. Um pequeno rebanho de Brangus e outro de Braford completam seu sistema de criação. Este “engenheiro de bombachas”, como ele se auto-denomina, já não participa do dia-a-dia das atividades das suas fazendas, função que passou para o genro, Jorge Torelly e o filho Marcelo Linhares, ambos formados em Administração de Empresas, e aos quais ele também atribui o sucesso do seu criatório. Foto: Acervo particular/divulgação Campeiro por excelência, José Azhaury vem se destacando no concurso de Carcaças Angus PARCEIROS Maio / Junho de 2011 45 A evolução do Angus na Europa Por Marcelo Vezozzo R ecentemente, estive no Reino Unido para uma visita técnica aos principais criatórios da raça Angus. Sempre procuramos importar material genético de excelente qualidade. Por isso, visitei propriedades rurais e avaliei mais de 100 reprodutores, previamente escolhidos pelas suas EBV´s (DEP´s). Na oportunidade, selecionamos cerca de 30 touros com base no melhor percentil (EBV), morfologia de progenitor, ascendência e descendência familiar, funcionalidade, desempenho e adaptabilidade da progênie. A visita técnica foi coordenada por Rob Wills, diretor da UK Sires Service – considerada uma das maiores centrais de inseminação artificial em bovinos do mundo e que é parceira comercial da Araucária Genética. Entre os criatórios visitados os destaques foram para o Blackhaugh Angus Herd; o Threeburnford Angus Herd; o Tofts Angus; o Melview Angus Herd; o Nightingale Angus; o Lockerley Angus Herd; o Warrrenho Angus e o Rosemead Angus. Percorremos estas propriedades em busca de animais com frame entre 4 e 7, de excelente conformação, equilibrados e de boas linhagens para atender ao mercado brasileiro, principalmente em programas de cruzamento com o zebu. São touros para as mais diversas condições de clima e ambiente, ou seja, de frame baixo para uso no Pantanal, no Brasil Central, nos pampas gaúchos; de frame alto para o Pará e o Nordeste; e reprodutores para serem utilizados em confinamento ou em projetos com novilho precoce, super precoce e hiper precoce. Na Europa pude constatar também que em áreas de muito frio, geada, de extrema rusticidade, os animais que fomos buscar são criados a campo, selecionados com pelagem curta e apresentam ótima adaptação ambiental. E devido à mão-de-obra cara e ao elevado custo de produção, o criatório tem que ser eficiente para sobreviver economicamente. É este DNA que estamos trazendo para o Brasil. A genética Angus está em franca expansão no Reino Unido. Ela está entre as três principais raças. O consumo da carne Angus está crescendo mundialmente, principalmente por causa do programa Angus Certified Beef e de investimentos na mídia, utilizando personalidades da TV. Muitos rebanhos foram dizimados, no passado, por questões sanitárias e tiveram que ser refeitos. Os pecuaristas europeus optaram por uma nova seleção com base nos critérios técnico e econômico. Além disso, eles adotaram um programa de rastreabilidade por indivíduo e uma maior integração entre todos os segmentos da cadeia produtiva, desde a genética até a comercialização da carne. A Associação de Angus do Reino Unido também fez um trabalho de fomento, divulgando estes projetos. Tudo isto contribuiu para que a raça se destacasse no continente europeu. Outro diferencial técnico que trouxe maior visibilidade para a raça foi a utilização do Breedplan, um programa que reúne mundialmente todas as avaliações genéticas (EBV´s) e é uma ferramenta importante para quem a emprega pois facilita a compactação e a divulgação simultânea destas informações. Atualmente, a maioria dos países já aderiu ao programa, como a Austrália, a Nova Zelândia, a África do Sul, a Escócia, a Irlanda e a Inglaterra. Argentina, Canadá e EUA estão indiretamente ligados ao processo. Além disso, é visível, tanto lá como aqui no nosso território brasileiro, que a busca pela qualidade da carne é intensa. E pelo que eu pude verificar in loco, o Angus pode e vai atender com eficiência este mercado. Médico veterinário e diretor-presidente da Araucária Genética Bovina 46 Maio / Junho de 2011 ARTIGO A pecuária exige união, ainda! Por Leonardo T. Campos Revisando meus recortes, encontrei um artigo do nosso já saudoso professor Fries, que eu procurava já faz algum tempo, publicado na Zero Hora, caderno Campo e Lavoura, coluna Opinião, em 15/01/1993. O título era “A pecuária exige união”. Ainda precisamos de união, certamente. Dizia o mestre, com algumas observações minhas colocadas entre parênteses: “É necessária uma evolução constante e acelerada para que a pecuária de corte gaúcha (hoje falamos em nível de Brasil, em pecuária nacional) possa competir no mercado mundial. O Brasil tem uma necessidade anual de 200 mil touros por ano (atualmente 300 a 400 mil touros), mas boa fatia deste mercado será conquistada por países do Mercosul (atualmente para consolidar o Mercosul, numa atitude fraternal - ou seria paternal? - estes países são considerados nossos parceiros). Se não houver profissionalização, nem carne bovina vamos produzir mais.” (Nos anos recentes nos tornamos o maior exportador mundial de carne bovina, atingindo uma razoável profissionalização no setor pecuário). “Hoje existe uma régua útil e confiável para medir diferenças genéticas entre rebanhos e identificar os melhores indivíduos de uma população. A idéia é utilizar esta tecnologia numa grande população, acelerar o melhoramento através da maior pressão seletiva e obter ganhos de escala para poder agredir o mercado com um marketing de substancia. Por isso, é necessário unir os criadores com os mesmos objetivos.” Fries comentava uma visita feita aos Leachmans, a convite de uma empresa nacional, destacando o trabalho de seleção e cruzamentos desenvolvidos, integrando 25 produtores associados e o grande remate anual realizado em evento técnico-comercial, onde comercializavam 1.200 touros. Ele observava, num comparativo com o esquema Leachman, o que nos parece ser válido ainda hoje, que “as cabanhas americanas costumam comercializar entre 60 e 80 touros por ano. E são obrigadas a gastar 25% de suas entradas brutas nos remates em marketing, se quiserem sobreviver. Isto porque não possuem a escala para fazer frente aos custos do necessário marketing, ou por realizarem um marketing vazio, com exigências de mercado não cumpridas.” E prosseguia questionando: “Aqui no Brasil a situação é muito diferente?” Nos primórdios dos programas independentes de melhoramento, como Condomínio Delta G e Natura, entre os diversos atualmente estabelecidos, ensinava que “a idéia fundamental é reunir a maior população possível de animais das raças trabalhadas; para prosperar é necessário haver uma postura onde o geral prevaleça sobre o particular e os benefícios sejam distribuídos conforme o esforço e mérito de cada participante. As metas técnicas e comerciais mínimas seriam capazes de agregar os criadores em torno das raças selecionadas.” Como metas técnicas citava: 1) Acelerar a taxa de ganho genético anual para características de importância econômica. 2) Abrir e aumentar a população sob análise/seleção, capaz de receber os Certificados de Produção – CPs (ou atualmente, no caso da raça Angus, podemos falar na dupla marca seletiva). 3) Desenvolver junto ao mercado o conceito de só adquirir reprodutores com especificações objetivas para as características de interesse e com garantias de superioridade genética. Sem citar os programas independentes (ou grupos de produtores unidos) que ele na época destacava, apresentava as metas comerciais, que exigem, no caso, vendas conjuntas e seguindo os seguintes caminhos: 1) Conquistar e consolidar posições para as raças selecionadas no Brasil Central, num primeiro estágio. 2) Promover um marketing institucional em conjunto. 3) Aquisição, desenvolvimento e importação conjunta de insumos, equipamentos e tecnologias. 4) Contratação de um técnico para gerenciar escritório geral e operação de sistema de controle. Os critérios para participar seriam os seguintes: 1) Aceitar as decisões genéticas centralizadas. 2) Possuir profissional da área em tempo integral e sistema de controle de produção. 3) Ter mais de 50% da produção de pai conhecido. 4) Possuir rebanhos grandes, com no mínimo 300 vacas Foto: ABA / Divulgação O Brasil tem uma necessidade anual de 300 a 400 mil touros controladas; ou toda a produção controlada, ou formar condomínios. 5) Executar, pelo menos por 2 anos, um controle de produção na propriedade, tipo o Promebo. 6) Possuir 50 filhas em controle de touros usados em comum pelo programa. (O próprio Sumário de Touros se constitui na lista de touros usados e provados com boa acurácia). 7) Direcionar 50% do uso de sêmen ou das montas (acasalamentos dirigidos). 8) Ter um sistema de produção de 1 ou 2 anos - 2 anos como mínimo - (visando acelerar o progresso genético através de menor intervalo entre gerações das fêmeas). Concluindo, constatamos que a pecuária ainda precisa de união, de cooperação, entre todos os segmentos da cadeia produtiva. Em alguns setores a produção de carne bovina evoluiu, se profissionalizou. Mas em outros o progresso não foi tão significativo. Atualmente, com o avanço da genômica, pesquisadores e geneticistas do mundo inteiro destacam a necessidade de união dos criadores e associações em nível nacional, regional ou mesmo global, não deixando valiosas informações fenotípicas e genotípicas (ou genômicas) numa caixa preta e na mão de poucos grupos multinacionais, que estão se insinuando na área de melhoramento do gado de corte. [email protected]} Coordenador Técnico do Promebo® Circular Promebo Maio/2011 A nova edição do Sumário de Touros da ANC já está sendo preparada. Seu lançamento, como de praxe, ocorrerá durante a próxima Expointer. Solicitamos aos nossos usuários encaminharem, com a maior brevidade possível, os dados de desmama e pós-desmama (ano ou sobreano) dos animais controlados. DATA LIMITE PARA O SUMÁRIO DE TOUROS 2011: Alertamos que a data limite para seu recebimento será 20 de junho de 2011. Quanto antes recebermos os dados, melhor. Criadores que remeterem os dados após esta data receberão seus relatórios normalmente, porém, não poderemos garantir a inclusão destas informações no Sumário de Touros 2011. DIVULGAÇÃO DE LOGOMARCAS e ANÚNCIOS: A ANC oferecerá novamente aos seus clientes a oportunidade de divulgação de suas logomarcas e anúncios institucionais das cabanhas ou de leilões nesta publicação. Nos próximos dias estaremos informando procedimentos e valores de investimento para efetivação deste serviço. Lembramos que como uma oferta adicional aos criadores que prestarem sua colaboração com o anúncio, não lhes será cobrado o valor referente à logomarca. Ela será publicada também, com o valor já incluso, tanto na página inteira ou dupla, como em meia página. SITE DO PROMEBO: Todos os criadores estão convidados a consultar a nossa página na Internet. O endereço é: www.promebo.com.br Diversos serviços e novidades estão disponibilizados neste site. ATUALIZAÇÃO DE E-MAIL: É muito importante que tenhamos sempre atualizado o endereço eletrônico de nossos usuários. Para quem alterou e/ou ainda não nos repassou esta informação, solicitamos que enviem, sem falta, o seu e-mail. Estamos disponibilizando todos os relatórios por via magnética, em formatos acessíveis – word (.doc) e excel (.xls). Equipe Promebo® OPINIÃO Maio / Junho de 2011 47 Caminho da sustentabilidade Por Alcides de Moura Torres Junior E xiste uma enxurrada de conceitos sobre sustentabilidade e de seus principais “inimigos”, que acabam deixando de lado o verdadeiro sentido do tema e o caminho que a pecuária trilhou e vem trilhando ao longo dos anos. Quando se discute a viabilidade econômica, social e ambiental da pecuária, é comum a associação desta com o desmatamento. Esse é um lado, histórico, mas de uma história passada. A falta de visão ou uma visão não abordada é a evolução do sistema de produção pecuário brasileiro, onde a sustentabilidade é sinônimo de produção e de produtividade. Os avanços tecnológicos, que levam ao aumento da produtividade, por animal e por área, e que contribuem para produzir carne de qualidade a um preço razoável para a população, gerando empregos, não fundamentam uma produção sustentável? A redução da idade de abate que vem se consolidando ao longo do tempo também não? O sistema de produção brasileiro, em pasto, não é uma tremenda bomba de sequestro de carbono? Esses avanços em direção à sustentabilidade são importantes e, irreversíveis, mas o que é fabuloso e normalmente esquecido é o combate à fome. Essa revolução através da alimentação, não pode ser preterida. E a carne vermelha, nesse sentido, é um artigo de primeira necessidade. Corremos o risco, diante de exigências ambien- tais fora de propósito, de deixar a carne bovina, um excelente alimento, cara. Bombardear a produção pecuária brasileira, diante das recentes crises financeiras mundiais está longe de ser uma corrida para um desenvolvimento sustentável. Os números não mentem A evolução dos índices zootécnicos da pecuária bovina brasileira é evidente. Sob todos os aspectos técnicos e econômicos tivemos avanços, por sinal, em ritmo superior ao observado mundialmente. Observe na Figura 1 a evolução de importantes índices da pecuária na última década, estimados pela Scot Consultoria. Nos últimos 10 anos, o rebanho bovino brasileiro passou de 170 milhões para 205,2 milhões de cabeças. O interessante é que este aumento, de 20,8%, não foi conquistado através de acréscimo da área utilizada. A área de pastagem brasileira encolheu 3,0% na última década, de 175,1 milhões para 169,9 milhões de hectares. Isso nos leva ao próximo índice, a taxa de lotação, que passou de 0,97 cabeça por hectare para 1,2 cabeça por hectare, um incremento de 23,7%. Portanto, a evolução da produtividade nos permitiu aumentar o rebanho e a produção de carne, utilizando menos área. A produção de carne saiu de 6,5 milhões de toneladas equivalente carcaça (tec) em 2000 para os atuais 9,1 milhões de tec, uma alta de 40%. O aumento percentual na produção de carne foi quase o dobro do observado para o rebanho. A explicação está em dois outros índices: a taxa de desfrute e o peso médio de carcaça. A taxa de desfrute, que mede o volume de animais abatidos em relação ao rebanho total, saiu de 18,4% em 2000 para 20,1% em 2010, uma alta de 9,2%. Esse incremento é obtido com a redução da idade do abate dos animais. O peso médio de carcaça evoluiu de 209kg para 222kg, aumento de 6,1%. Portanto, a chave para a sustentabilidade, vem do conhecimento agronômico, das ciências agrárias. Tem muito neófito falando sem saber e pior, repetindo conceitos sem conhecimento de causa. A atividade se profissionalizou. A taxa de informalidade, que envolve a falta de inspeção de abate e a falta de documentação, estima-se que foi reduzida em 34,1% nos últimos dez anos. Parcela desse avanço se deve ao aumento das exportações de carne bovina e à profissionalização das empresas frigoríficas. Conclusão Além de produzir com qualidade e de forma sustentável, temos condições de mitigar os efeitos dos gases do efeito estufa (GEE). A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) apontou a recuperação de pastagens como uma das mais importantes formas de sequestro de GEEs. Já sabíamos disso, mas esse reconhecimento foi importante. Mas, apesar da evolução significativa na eficiência produtiva, ainda há o quer ser feito. Podemos avançar mais e o potencial do Brasil para a produção sustentável de alimentos é inegável. Talvez seja esse um dos pontos que mais afligem nossos concorrentes na produção agropecuária. O que precisamos, é defender o nosso sistema de produção com fatos e argumentos sólidos, além de demonstrar a responsabilidade e a importância da cadeia produtiva (pecuaristas e frigoríficos) como produtores de alimento de alta qualidade e de preço baixo para um mundo ainda com enormes contingentes de famintos. Engenheiro agrônomo, diretor da Scot Consultoria. [email protected] Colaboraram: Gustavo Adolpho Maranhão Aguiar – zootecnista e diretor da Scot Consultoria. [email protected] Douglas Coelho de Oliveira – zootecnista e trainee da Scot Consultoria. [email protected] 48 Maio / Junho de 2011