Leia - Associação Brasileira de Angus

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Leia - Associação Brasileira de Angus
Impresso
Maio / Junho de 2011
Especial
1
9912270051 – DR/RS
Associação
Brasileira de Angus
CORREIOS
MAIO / JUNHO DE 2011 - ANO 12 - Nº 52
INFORMATIVO OFICIAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANGUS
2
Maio / Junho de 2011
Associação Brasileira de Angus
Coordenação - gerente da ABA
Juliana Brunelli de Moraes
[email protected]
Jornalistas Responsáveis - editores
Eduardo Fehn Teixeira - MTb/RS 4655
e Horst Knak - MTB/RS 4834
Reportagem: Eduardo Fehn Teixeira
Edição: Horst Knak
Colaboradores: jornalistas Alexandre
Gruszynski, Ana Esteves Luciana Radicione
e colunistas convidados
Diagramação: Jorge Macedo
Departamento Comercial: Luana Rosales
51 3231.6210 // 51 8116.9784
Edição, Diagramação, Arte e Finalização
Agência Ciranda - Fone 51 3231.6210
Av. Getúlio Vargas, 908 - conj. 502
CEP 90.150-002 - Porto Alegre - RS
www.agenciaciranda.com.br
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Associação Brasileira de Angus
Largo Visconde do Cairu, 12 / conj. 901
CEP 90.030-110 - Porto Alegre - RS
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[email protected]
Fone: 51 3328.9122
* Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores.
Foto de Capa: Luiz Amaral/ABA
LEIA NESTA EDIÇÃO
EDITORIAL
DESTAQUE
A Feicorte vem aí
Foco na qualidade
do gado e da carne
A raça Angus navega em águas tranquilas e céu de
brigadeiro. Depois de muitos anos de intenso trabalho
de seleção genética e ações promocionais, o gado Angus,
que agora desfila na principal vitrine da pecuária de
elite do Brasil, a Feicorte, em São Paulo, comemora
destacadas conquistas, em segmentos de vital importância
para o desenvolvimento e consolidação de uma raça de
corte no Brasil.
Depois de bater recordes com as vendas de sêmen em
2010 (quando foi responsável por 83,52% do mercado
de sêmen de raças européias), faz crescer com vitalidade o
seu programa de carne de qualidade. O Programa Carne
Angus Certificada, da Associação Brasileira de Angus,
que se por um lado inaugura remunerações e premiações
inéditas a seus produtores, através dos frigoríficos parceiros no Brasil, de outro coloca seus cortes tipificados de
uma carne de maciez e sabor inigualáveis à disposição
de consumidores mais exigentes, em gôndolas de grandes
grupos de supermercados e balcões frigorificados de casas
e boutiques de carnes nos principais centros do País.
Neste e nos próximos anos, o grande desafio que está
HUMOR
Diretoria Biênio 2011/2012
Diretoria Executiva
Diretor Presidente
Paulo de Castro Marques
Diretor 1ºVice Presidente
José Roberto Pires Weber
Diretor Vice Presidente
Mariana Franco Tellechea
Diretor Vice Presidente
Eduardo Macedo Linhares
Diretor Vice Presidente
Valdomiro Poliselli Junior
Diretor Financeiro
Reynaldo Titoff Salvador
Diretor Administrativo
Marco Antônio Gomes da Costa
Diretor de Marketing
Felipe Moura
Diretor de Núcleos
Sérgio Colaço da Silva
Diretor Programa Carne Angus Certificada
Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Mello
Conselho de Administração
Membros Eleitos
Antônio Maciel Neto
Renato Zancanaro
Renato Ramirez
Antonino de Souza Dornelles
Carlos Alberto Martins Bastos
Membros Natos – (Ex-Presidentes da ABA)
Angelo Bastos Tellechea
Antônio Martins Bastos Filho
Fernando Bonotto
Hermes Pinto
José Roberto Pires Weber
Reynaldo Titoff Salvador
José Paulo Dornelles Cairoli
Joaquim Francisco B. de Assumpção Mello
Conselho Fiscal
Membros Efetivos
João Francisco Bade Wolf
Ronaldo Zechlinski de Oliveira
Fábio Luiz Gomes
Membros Suplentes
Roberto Soares Beck
Frederico Fittipaldi Pons
Elio Sacco
Conselho Técnico
Susana Macedo Salvador – Presidente
[email protected]
José Fernando Piva Lobato
Ricardo Macedo Gregory
Rogério Rotta Assis
Roberto Vilhena
Ângela Linhares
Amilton Cardoso Elias - Representante ANC
[email protected]
colocado para a raça Angus, seus técnicos e criadores, é
desenvolver e difundir uma genética nacional, adaptada
aos trópicos e capaz de produzir carne de qualidade em
quantidade, democratizando o consumo interno e qualificando o produto para o atendimento das demandas
internacionais.
3
CONSELHO TÉCNICO
Ultrassonografia
4
Os desafios do novo CT
6
Touros Registrados
8
CARNE ANGUS
Marfrig amplia bonificações
12
NOTÍCIAS DO ANGUS
O movimento da raça 16
REPORTAGEM DE CAPA
Acabamento de Carcaças
Renovado e contando com a participação de técnicos
e criadores renomados, o Conselho Técnico da Angus tem
agora a missão de tocar à frente este projeto da genética
nacional, capaz de atender aos imensos rebanhos zebuínos que estão localizados em regiões quentes e úmidas
do Brasil Central e que clamam por genética de alta
produtividade e produtora de carcaças e carne de maior
qualidade.
EXPOSIÇÕES RANQUEADAS
Boa leitura, em mais esta edição cuidadosa e diversificada em assuntos que por certo interessam ao mundo
Angus.
José Azhaury Macedo Linhares
22
ExpoLondrina 2011
28
Exposição de Uruguaiana 34
LEILÕES CHANCELADOS
Catanduva e Umbu 39
PERFIL 44
OPINIÃO
Potencial reprodutivo
38
Planteis, selecionadores
40
Paulo de Castro Marques
Pecuária exige união 46
Presidente da Associação Brasileira de Angus
Caminho da Sustentabilidade
47
DESTAQUE
Maio / Junho de 2011
3
Na Feicorte,
a XI Exposição Nacional Angus
Cerca de 200 animais Angus (machos e fêmeas) formarão as filas de pista nos julgamentos da raça,
em ambiente “indoor”, no moderno Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo, SP.
“Esperamos receber criadores e expositores dos estados do RS, MG, SP, MS, PR e RJ, anuncia, otimista,
o selecionador Renato Ramirez, presidente do Núcleo Paulista dos Criadores de Angus, que juntamente
com a Associação Brasileira de Angus (ABA), realizam a 11ª Exposição Nacional Angus, durante a 17ª
edição da Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne (Feicorte), de 13 a 17 de Junho.
O
norte-americano Mark
McCully, convidado pela
ABA para conduzir os Julgamentos de Classificação, elegerá os
campeões Angus na quarta etapa no
calendário oficial da entidade, nos
dias 15 e 16 de junho, sempre com
início às 9h.
Técnico da “Certified Angus
Beef” - subsidiária da associação
norte-americana de Angus- McCully
atua pela primeira vez no Brasil, e
já apontando os melhores animais
numa importante prova que integra
o Ranking Oficial da Raça no País. “A
escolha do experiente técnico norteamericano para conduzir os julgamentos na Feicorte e Nacional de Angus
dimensiona o ganho de visibilidade
da raça no Brasil e também frente a
países de forte tradição em Angus”,
aponta Renato Ramires.
Já o presidente da ABA, selecionador Paulo de Castro Marques,
lembra que a raça vive um momento extremamente positivo no Brasil
e já ocupa a primeira colocação
entre as raças taurinas de corte em
venda de sêmen – tendo comercializado cerca de 1,8 milhão de doses
em 2010. “Num mercado interno
aquecido, a Feicorte e Nacional de
Angus por certo vão alavancar a
consolidação da raça Angus entre
os produtores brasileiros”, avalia
o dirigente.
A ABA estará nesta Feicorte
com uma grande estrutura, inclusive
colocando técnicos à disposição de
investidores e visitantes, para tirar
dúvidas e dar sugestões sobre a eficiente genética Angus. Entre as ações
previstas, destaque para degustação
da carne Angus, que tem como meta
apresentar aos presentes as qualidades
da carne Angus em termos de sabor
e maciez. Também estão previstas
palestras direcionadas aos pecuaristas
e técnicos sobre as vantagens competitivas da utilização da genética Angus
na produção pecuária.
O Leilão Prime Angus, programado para as 20 horas do dia 15
(quarta-feira), promete ser um dos
pontos altos da programação Angus.
Chancelado pela ABA, é promoção
conjunta da Casa Branca Agropastoril, Agropecuária Fumaça, Agropecuária HR e 3E Agropecuária, inclusive
com a oferta de animais que estarão na
pista de Julgamentos da mostra. “Fora
do Rio Grande do Sul, esta é a exposição mais importante da raça no País,
e é nosso compromisso participar de
forma bastante profissional”, qualifica
o presidente da ABA.
Fotos: ABA/Divulgação
Mark McCully
Renato Ramires Jr.
Paulo de Castro Marques
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Maio / Junho de 2011
CONSELHO TÉCNICO
Ultrassonografia chega para ficar
Uma tecnologia que há muitos anos é usada como ferramenta
de diagnóstico na medicina humana tem conquistado cada
vez mais espaço no meio pecuário. O exame de ultrassom para
avaliação de carcaças de bovinos, com vistas ao melhoramento
genético, chegou para ficar e tem conquistado cada vez mais
adeptos em todo o Brasil. O professor doutor Saulo da Luz e
Silva, do departamento de Zootecnia da Universidade de São
Paulo (USP) afirma que ultrassonografia é uma tecnologia que
tem sido amplamente utilizada nas mais variadas áreas, tanto
para análise de tecidos biológicos quanto de diferentes materiais.
O especialista explica que o princípio dessa ferramenta para
avaliação de carcaça em tecidos biológicos - entre eles os bovinos
- é que as ondas de ultrassom geradas pelo equipamento penetram
nos tecidos e são refletidas em diferentes intensidades, de acordo
com a resistência - tecnicamente chamada de impedância acústica
- de cada um deles. “Essa diferença de densidade de cada estrutura
permite diferenciar, por exemplo, músculo, ossos ou gordura”,
diz.
Jaime Tarouco, um dos maiores especialistas brasileiros em ultrassom
Por Ana Esteves
O
s equipamentos utilizados
são os mesmos adotados
para avaliações em seres
humanos, porém menos sofisticados.
Como são utilizados em condições
mais “rústicas”, precisam ser portáteis
e resistentes. O principal diferencial
dos equipamentos para avaliação de
carcaça de bovinos é que os mesmos
precisam de um transdutor - é um
dispositivo que recebe um sinal e o
retransmite - de maior tamanho, para
que seja possível uma avaliação correta
das características de interesse. “Esse
acessório é fundamental para que
se possa fazer a avaliação e é a parte
mais cara de todo o equipamento, em
torno de US$ 17 mil”, explica Silva.
No caso da avaliação de carcaça com
a finalidade de utilizar as informações
em programas de melhoramento
genético, é necessário ainda o uso de
um microcomputador e um software
Saulo da Luz e Silva:
Equipamentos de
ultrassom usados
em bovinos são
semelhantes aos dos
humanos
adequado para que as imagens obtidas
com o ultrassom sejam armazenadas e
posteriormente interpretadas.
“O maior benefício dessa tecnologia é a possibilidade de avaliação
de características relacionadas ao
rendimento e a qualidade da carne
em animais vivos e jovens, o que
anteriormente só era possível com o
abate dos animais”, diz Silva. Com
essa ferramenta, podem-se avaliar
características de carcaça em animais
de alto valor genético de forma rápida
com um custo relativamente baixo, se
comparado a outras técnicas utilizadas
anteriormente, como o teste de progênie ou o abate comparativo.
O especialista informa que através da ultrassonografia podem ser
avaliadas diversas características, mas
que as mais importantes, que são efetivamente utilizadas em programas de
melhoramento genético são: área de
olho de lombo, espessura de gordura
subcutânea, percentagem de gordura
intramuscular e espessura de gordura
sobre o músculo Biceps femoris.
processo de resfriamento na indústria USP de Pirassununga, em colaboNo caso da área de olho de lombo frigorífica.
ração com a Ufrgs, de Porto Alegre,
é analisado o músculo Longissimus O terceiro elemento de destaque estão desenvolvendo pesquisas para
também conhecido como contrafilé nas análises por ultrassom se refere à criação de um software que realize
– cuja medida é tirada entre a 12ª e percentagem de gordura intramuscu- essa avaliação.
a 13ª costelas. Essa característica tem lar – também conhecida como marOutro aspecto analisado se refere à
sido utilizada como um critério de moreio da carne. Essa característica espessura de gordura sobre o músculo
seleção para obter animais com maior está relacionada com a quantidade Biceps femoris – mais conhecida como
quantidade de músculos, ou seja, está de gordura intramuscular contida no espessura de gordura na picanha, essa
diretamente relacionada à muscula- contrafilé e possui grande importância avaliação tem por objetivo determinar
tura total das carcaças dos animais e para alguns mercados consumidores, a espessura de gordura subcutânea
consequentemente com o peso total como o norte-americano, canadense, na região do traseiro do animal. Essa
dos cortes comercializáveis, que é australiano e japonês. “A gordura característica pode ser utilizada como
a característica
um indicador
de realmente
de precocidade.
interessa a inNo entanto, ela
Atualmente, os softwares utilizados pela avaliação
dústria. “No
é muito imporpor ultrassom são importados. O desafio agora
entanto, a seletante quando se
é desenvolver programas nacionais
ção de animais
trata da avaliatendo como
ção de animais
base apenas
jovens, princiessa característica pode levar a animais intramuscular está associada à maior palmente reprodutores criados a
de maior tamanho adulto e maior maciez, sabor e suculência da carne e campo, que apresentam baixa variação
exigência de manutenção, podendo é particularmente importante de ser de gordura no contrafilé. “Como a
causar problemas em rebanhos criados avaliada em raças de origem britâni- deposição de gordura ocorre primeia pasto no médio-longo prazo.”
ca, que possuem um alto potencial ramente na região do traseiro quando
Já a espessura de gordura existente genético para produzir esse tipo de comparada a região lombar (contrafisobre o músculo Longissimus é uma gordura”, disse Silva. Para avaliação lé), é possível detectar diferenças entre
característica importante, pois está dessa característica, especificamente, os animais em idade mais jovens para
relacionada com precocidade dos ani- é necessária a utilização de softwa- essa característica.”
mais, ou seja, se dois animais de um res especificamente desenvolvidos
A presidente do Conselho Técmesmo rebanho que foram criados em para essa finalidade, que a partir de nico da Associação Brasileira dos
condições semelhantes apresentam análises de características específicas Criadores de Angus (ABA) Susana
diferenças em relação à espessura de da imagem de ultrassom estimam a Macedo Salvador lembra que, com
gordura, pode-se dizer que aquele quantidade de gordura. Os softwares o uso dessa tecnologia, toda a cadeia
que apresenta maior espessura de utilizados para avaliação dessa carac- produtiva da carne sai beneficiada,
gordura é um animal mais precoce. terística são todos importados e quem desde o produtor até o consumidor
Essa característica também é impor- os utiliza deve pagar royalties para as final. “Passamos a ter dados objetivos
tante no momento do abate, pois é empresas que os desenvolveram. No sobre rendimento de carcaça, pelo
fundamental para evitar problemas de Brasil, o Laboratório de Avaliação qual o produtor é remunerado e, além
“endurecimento” da carne durante o Animal e Qualidade da Carne da disso, contamos com informações que
CONSELHO TÉCNICO
nos permitem selecionar os melhores
animais, visando incrementar a qualidade da carne, fator que também
beneficia o consumidor”, diz Susana.
A especialista lembra que as medições
são feitas a campo e, após, enviadas
para o programa de melhoramento.
Para participar do programa, os
animais precisam ser avaliados pelo
Promebo e ter no máximo 22 meses.
“São os que vão gerar as DEPs, que
são os índices usados para selecionar”,
diz a presidente. Segundo ela, as
medidas de ultrassom ainda contam
com um número pequeno de adeptos,
cenário que, na opinião de Susana,
tende a mudar neste ano, em função
do subsídio que a associação está
dando para os produtores, no sentido
de gerar maior número de animais
avaliados. “A associação paga a coleta
de dados para tomada de imagens, o
que representa cerca de R$ 10,00 por
animal avaliado.” Em função dessa
iniciativa, a associação já verifica aumento do interesse dos produtores em
fazer esse tipo de avaliação. “Neste ano
vamos ter maior número de animais
analisados, em volume crescente, e à
medida que dados vão sendo mais usados vai havendo interesse e demanda
maior, mais motivação.”
Saulo da Luz e Silva lembra que, no
Brasil, essa tecnologia está disponível
aos criadores desde a metade dos anos
90, mas somente nos últimos 10 anos
tem havido um maior interesse dos
criadores brasileiros em utilizar essa
tecnologia. No Brasil, nos estados do
sul, principalmente no Rio Grande do
Sul é que os criadores têm utilizado
essa ferramenta com maior intensidade,
principalmente por ser a região onde
estão concentradas as raças britânicas
e europeias, que sempre deram maior
ênfase a avaliação de características
de carcaça e qualidade de carne. No
sudoeste do Brasil, alguns programas
de melhoramento genético de zebuínos
já incorporaram as características de
carcaça como critérios de seleção.
Maio / Junho de 2011
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Workshop vai discutir importância da
avaliação de bovinos de corte
A relevância do uso do ultrassom para a avaliação de carcaças com
vistas à qualidade da carne será o tema central do I Workshop Internacional de Avaliação Animal que será realizado em meados deste ano, em
Porto Alegre. A intenção dos organizadores é reunir pesquisadores com
integrantes da cadeia produtiva como a indústria e criadores de Angus
e demais raças britânicas. “O objetivo é apresentar técnicas modernas e
também discutir a forma e o impacto da aplicação dessas tecnologias sobre
o desempenho dos animais”, diz o professor doutor do departamento de
Zootecnia da Ufrgs, Jaime Tarouco. Um dos temas centrais será a visão da
indústria sobre o uso da técnica e da importância da metodologia para a
obtenção de cortes de qualidade . “Eles vão nos dizer qual o tipo de carcaça
que eles querem, e com isso orientar o produtor. Hoje se fala de qualidade,
mas não se tem uma base, um tipo de animal”, detalha Tarouco.
Além disso, os participantes poderão ter uma visão geral sobre como
está o uso da técnica de ultrassonografia nos Estados Unidos e que reflexos
a tecnologia já apresenta em termos de qualidade de carne naquele país.
“Para tal, vamos contar com o diretor da Ultrasound Guidelines Coucil
(UGC), Michael Tess, que é o responsável pela interface entre os produtores e a UGC, conselho que certifica os técnicos que são habilitados para
trabalhar com ultrassom.” Outro assunto será o processo centralizado de
interpretação de imagem, que será feito por vários laboratórios, como da
Ufrgs e USP, além de dois particulares. Durante o workshop, também
serão certificados técnicos de laboratório, iniciativa que segundo Tarouco
terá uma repercussão altíssima, uma vez que os dados coletados no Brasil
poderão ser utilizados e comparados com os dos Estados Unidos, Austrália
e Canadá. “Com a certificação será possível internacionalizar a informação,
pois essas imagens serão aceitas por qualquer programa, por serem feitas
por técnicos que são aptos e avaliados constantemente.”
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CONSELHO TÉCNICO
Maio / Junho de 2011
Novo Conselho e os grandes
desafios do mercado
Fotos: Horst Knak / Agência Ciranda
José Fernando Lobato
Foto: Divulgação
Roberto Vilhena
Susana Macedo Salvador
A consolidação da genética genuinamente nacional, com a identificação de reprodutores Angus
adaptados aos trópicos úmidos, a seleção por ultrassom e por pelo curto e liso figuram entre as
prioridades do novo Conselho Técnico da ABA, que se reuniu pela primeira vez em meados de
maio.
O
novo Conselho Técnico da
ABA, que se reuniu pela primeira vez em maio, visivelmente prima pelo rigor de seus integrantes, todos profissionais de sucesso
no ramo – seja como criadores, ou
como pesquisadores em universidades
brasileiras ou consultores de renome.
Os principais objetivos do novo
Conselho, resume a presidente Susana
Macedo Salvador, são a incorporação de novas ferramentas de seleção
genômica para avaliação de carcaças
incluindo o uso do ultrassom, a atualização do regulamento de exposições
e do ranking da raça e a formatação
do Sumário de Touros Consolidado,
integrando animais avaliados do Brasil, Argentina e Uruguai.
O Conselho Técnico – presidido
por Susana Salvador – é integrado por
Ângela Linhares – Médica-veterinária
ligada à Gap Genética, José Fernando
Piva Lobato – professor universitário
(Ufrgs), doutor em produção animal
pela Universidade de Melbourne,
Ricardo Macedo Gregory – expresidente do CT, Roberto Vilhena
Vieira – zootecnista, consultor em
pecuária de corte, jurado de várias raças, com mestrado pela USP, Rogério
Rotta Assis – produtor rural, ligado à
Estância Tradição, e Amilton Elias,
representante da ANC.
A valorização da genética nacional, sem dúvida, também é uma das
prioridades da atual gestão. “Vamos
investir em testes de progênie, provas
zootécnicas, como por exemplo o da
CRV Lagoa, para oferecer aos criadores maior número de opções na hora
de escolher touros adequados ao nosso
meio de produção”, diz Susana. O
próprio Sumário Consolidado – que
deve sair até outubro deste ano – vai
agregar confiabilidade aos dados, já
que conterá um número muito maior
de animais avaliados para qualidade
de carcaça – especialmente pelo volume de animais argentinos.
Os testes para animais cruzados
também estão na pauta, o que virá a
favorecer produtores que trabalham
com cruzamentos e engorda – dentro
do Programa Carne Angus. “Vamos
monitorar dados de produção – envolvendo a ABA, a pesquisa, o produtor e
o frigorífico – toda a cadeia produtiva
da carne”, resume Susana.
A integração com as associações
uruguaia e argentina tomou corpo nas
últimas gestões da ABA – via troca de
experiências – e agora promete nortear também a seleção genética. “O
convênio na área de ultrassonografia
foi o primeiro passo e agora vamos
iniciar a integração dos bancos de
dados”, explica Susana Salvador. Ela
salienta ainda a grande importância
de profissionais do setor – enquadrados com uma espécie de consultores
- como o brasileiro Jaime Tarouco,
especialista em ultrassonografia, o
argentino Horácio Guitou e o Grupo
GenSys, empresa especializada em
avaliações genética, que vai processar
estes dados.
Dizendo-se honrado pelo convite,
o consultor Roberto Vilhena observa
que o grande desafio colocado para a
raça Angus é contribuir diretamente
para a produção de carne de qualidade. O volume de animais está no
Centro-Oeste e o objetivo é produzir
um animal meio sangue cada vez melhor. Para Vilhena, a pecuária brasileira utiliza muita informação de fora,
mas precisa gerar informação própria,
que seja adequada ao sistema pecuário
nacional: “temos uma pecuária única,
totalmente a pasto e nossa genética
deve ser diferente dos países do norte,
adequada aos trópicos”.
O trabalho técnico da Associação
é muito sério e importante, entende o
conselheiro, voltado para o mercado
e deve garantir lucro ao usuário. A
bonificação de 8% para pelos frigoríficos é algo real, o aumento da
comercialização de sêmen e touros
registrados são outros elementos que
fazem girar o sistema de produção.
“O produtor precisa do retorno ao
capital investido, sob pena de buscar
outras alternativas mais rentáveis e
de aplicação mais fácil”, observa o
especialista, com mais de 10 anos
de atuação no mercado pecuário.
Segundo ele, todas as experiências
de sucesso na pecuária precisam ser
aproveitadas para alavancar o sistema
produtivo. “Se dermos as ferramentas,
vamos trazer para dentro do Programa
Carne Angus o produtor profissional
que busca encurtar o ciclo e aumentar
seus lucros”, resume.
Desde já, Roberto Vilhena Vieira,
formado pela Universidade de Viçosa
e ligado à Universidade de São Paulo
(USP), está desenvolvendo contatos
com a área da pesquisa nacional, em
busca de trabalhos em andamento
ou de identificar pesquisadores que
possam gerar trabalhos específicos em
nosso meio de produção da pecuária
de corte. “Temos muito terreno a desbravar, mas é um desafio gostoso e de
futuro promissor”, garante Vilhena.
- O Angus deve assumir sua condição de participar, de promover a
seleção animal, adequado aos trópicos
e subtrópico, contribuindo para a
produção de carne, a produtividade
dos rodeios de cria, puros ou em
cruzamentos. Esta é a função que o
conselho técnico da Angus precisa
assumir, na opinião do professor e
pesquisador da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (Ufrgs), José
Fernando Piva Lobato. “Precisamos
buscar animais funcionais, com adaptação ao meio e de alta produtividade,
sem nunca esquecer que o principal
meio à disposição da pecuária brasileira é uma região de alta temperatura
e alta umidade”, sublinha.
Para José Fernando Lobato, o
sucesso da expansão do Angus nos
rebanhos comerciais depende de uma
regra básica: as vacas cruzas Angus
precisam ficar nos rebanhos para gerar
as próximas gerações. E os animais
precisam ser testados e suas performances identificadas. Outra decisão
importante é a ênfase ao pelo curto e
liso, o que indica animais mais indicados às regiões tropicais. A medição do
olho de lombo possibilita a produção
de cortes maiores e rentáveis para a
cadeia produtiva. Outra linha de pesquisa e melhoramento é a resistência
ao carrapato, um sério problema nas
principais regiões tropicais.
Aos 63 anos, Lobato crê que todos
os dados produzidos pela pesquisa só
terão reflexos na pecuária se houver
efetiva participação do produtor.
“O criador / produtor deve se conscientizar de que precisa participar
para entender os programas de melhoramento e tirar proveito deles”,
sentencia. O que este produtor quer e
precisa, de fato, é agregar valor econômico aos investimentos em genética
e tecnologia.
Entre as características de valor
econômico, Lobato relaciona como
fundamentais o peso ao nascer, à
desmama, ao sobreano e idade adulta,
que devem ser somadas à área de olho
de lombo, espessura ideal de gordura
subcutânea, adaptação aos trópicos e
a busca por animais de pelo curto e
liso. Buscar esta fórmula ideal, que
não existe pronta e precisa ser buscada pela pesquisa integrada na cadeia
produtiva, e será o desafio do Angus
para as próximas décadas.
Novo assistente técnico
Jean Carlos dos Reis Soares é o
novo integrante da equipe da Associação Brasileira de Angus. Ele vai
atuar como assistente técnico ligado
ao departamento de Melhoramento
Genético e ao Programa Carne Angus Certificada da ABA.
Médico veterinário formado
em 2003 pela Ulbra, de Canoas,
RS, Jean foi responsável técnico do
campus experimental da Ulbra, em
Montenegro, RS, estabelecimento
que se dedica à criação de diversas
espécies animais, com destaque aos
bovinos Angus.
Atualmente Jean cursa Mestrado
em Produção Animal no Departamento de Zootecnia da Ufrgs, em Porto
Alegre, RS, sob orientação do professor
(e tradicional colaborador do jornal
Angus@newS) Júlio O. J. Barcellos e
integra o Nespro. Seu e-mail de contato é [email protected]
Maio / Junho de 2011
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CONSELHO TÉCNICO
Maio / Junho de 2011
Foto: ABA / Divulgação
Reprodutores: tendência para
seleção cada vez mais apurada
O que é um touro registrado
Para receber o registro genealógico, o animal é selecionado
desde, no mínimo, seus avós, sofrendo a pressão de seleção
imposta pelo criador, onde só os melhores animais de cada geração
são utilizados para gerar a próxima, são submetidos a inspeção
técnica, onde características fenotípicas raciais e funcionais são
consideradas pelo inspetor zootécnico e em muitos casos, ainda
avaliados no programa de melhoramento genético da entidade –
Promebo.
As crescentes exigências do mercado consumidor, com relação a carnes de melhor
qualidade, e as preferências dos criadores profissionais e responsáveis, com relação ao
aprimoramento da raça e dos seus rebanhos, levaram à rejeição completa da utilização de
touros sem registro para formação de planteis ou para a produção de animais para abate.
A opinião unânime entre pecuaristas que levam a sério sua profissão é de que atualmente
é inadmissível usar touros sem registro num criatório. Mal comparando, seria a utilização
de carros sem direção numa prova de alta velocidade - tipo uma fórmula 1 da pecuária, que
exige resultados pontuais e sempre lucrativos.
CA. Então isto é muito relativo, mas
quanto melhor e mais testado for o
animal melhores serão os resultados
que ele irá apresentar”, conclui.
O técnico da Associação Brasileira de Angus e criador, Flávio
Montenegro Alves, titular da Cabanha Santo Antão, de Alegrete, RS,
com sua experiência garante que o
touro CA funciona muito bem num
>>>
Fotos: Horst Knak / Agência Ciranda
melhores e mais testados animais
vão ter a preferência dos criadores
porque a raça não pode estagnar.
Se não pensarmos na nossa raça no
longo prazo, estaremos trabalhando
contra nós mesmos,” afirma ela.
Esta criadora, que usa o Promebo
há mais de 20 anos, destaca que na
Quiri são usados touros CA, duplo
CA e PO, mas que cada caso é um
caso, cada criador sabe
das suas necessidades,
tem suas metas e conhece
o seu rebanho. Assim
pode usar um ou outro
tipo de touro de acordo com o que pretende
conseguir. “Qualquer
animal registrado sempre agrega um ganho
genético ao rebanho e
muitas vezes um animal
CA não alcançou a dupla
marca por uma questão
de detalhes, mas ele pode
ser tão melhorador num
plantel quanto um duplo
destaque é de Fernando Costa Beber, da Fazenda Pulqueria, de São
Sepé, que se dedica à terminação de
animais para abate. Com a experiência de invernador ele afirma que para
isso são necessários touros melhoradores nos rebanhos de reprodução,
o que garante a melhor progênie, a
melhor carne e o melhor retorno no
menor espaço de tempo. A posição
do titular da Fazenda Pulqueria é
respaldada por Clóvis Gonçalves
da Silva, da Cabanha Santa Nélia,
de Jaguarão.
A Santa Nélia que seleciona
Angus desde 1980 só trabalha com
fêmeas de plantel próprio e compra
machos para os acasalamentos. ”Nossa seleção é muito rigorosa. Nos nossos plantéis o animal só pode falhar
uma vez em toda sua vida reprodutiva,“ conta Clóvis. Por isso ele preconiza o uso de animais com avaliação
do Promebo, que a Santa Nélia usa
desde o início da sua seleção, tanto
na reposição das fêmeas quanto para
os machos. ”Todas as nossas fêmeas
são CA ou duplo CA porque os dupla
marca são indiscutíveis e se destacam
como uma ferramenta fundamental
num criatório”, afirma ele.
A
tendência que se observa no
mercado produtor de Angus
para a produção de carne, e,
obviamente, para a seleção genética
de reprodutores e matrizes, está cada
vez mais voltada ao aprimoramento
genético dos animais, visando uma
evolução constante do criatório. Os
esforços para se obter mais precocidade, maior ganho de peso através
da melhor conversão alimentar,
maciez de carne e pureza genética
dos produtos são a tônica entre os
criadores, que fogem de uma situação
de comodismo e evitam a estagnação
dos rebanhos mesmo em um estágio
considerado de boa qualidade.
Quem exemplifica esta tendência
é Vivian Potter, da Agropecuária
Quiri, de Dom Pedrito, que trabalha
com rebanhos comerciais para a produção de touros para uso próprio e
para venda. Segundo ela, não se pode
ser imediatista, mas deve-se pensar
a médio e longo prazos. ”Cada vez
mais temos que ser selecionadores
para a raça. Ao longo do tempo os
rebanho comercial. “ O que não se
admite num criatório Angus é o uso
de qualquer reprodutor que não
tenha passado pela avaliação de um
técnico e não seja reconhecido pela
ABA,” comenta.
Para agregar valor genético mais
rápido e melhor para o rebanho,
só usando animais tatuados com o
reconhecimento técnico da Associação, opina o administrador da
PAP Villamil de Castro, de Dom
Pedrito, Arthur Villamil de Castro.
A propriedade produz reprodutores
para uso próprio e para venda, tendo
comercializado animais a preços superiores aos valores de mercado por
causa do cuidado com a genética empregada, garante Arthur. Segundo o
administrador, a ênfase na PAP é pela
utilização dos melhores touros, por
isso priorizam o uso de animais mais
testados, que garantem a transmissão
das melhores qualidades da raça e
garantem o melhor desempenho aos
seus produtos.
“Num rebanho comercial, é
muito importante que os animais
respondam rápido pela conversão
alimentar adquirindo peso, velocidade de acabamento e camada
uniforme e macia de gordura”. O
Fernando Beber
Vivian Pötter
Flávio Alves
CARNE
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CONSELHO TÉCNICO
Foto: Divulgação
O valor do touro Angus dupla marca
Somos os maiores exportadores de carne bovina do mundo em volume, mas no que diz respeito
ao mercado de carne de qualidade ainda temos muito que melhorar se quisermos conquistar mais
espaço. A opinião é de uma pecuarista pioneira nos testes de performance realizados no Estado, testes
que ela considera a ferramenta mais importante para o aprimoramento das qualidades melhoradoras
para os rebanhos e por conseqüência para a qualidade da carne. “A nossa carne ainda não tem a
padronização que podemos e precisamos alcançar e o caminho mais curto para esta padronização é
através de animais que provaram seu desempenho em testes de aptidão e que conseguiram a dupla
marca tatuada no lombo”. A autora dessas declarações é a tradicional selecionadora de Angus Carla
Sandra Staiger Schneider, titular da Cabanha Santa Bárbara, de São Jerônimo RS.
F
alando com a experiência de
quem usa os testes de performance desde 1974 - o
Promebo iniciou na Cabanha Santa
Bárbara e na Cabanha Azul naquele
ano – Carla Sandra só utiliza touros
com dupla marca no seu plantel e faz
testes de performance tanto nos machos como nas fêmeas. Ela tem uma
opinião forte no sentido de que os
criadores precisam focar seus esforços
em obter resultados úteis, como fazem
os criadores norte americanos, que já
avaliavam e conheciam as qualidades
melhoradoras dos animais através
de testes de aptidão antes da década
de 70.
“Em 1970 visitei algumas fazendas
nos Estados Unidos para comprar ani-
mais e conheci lá o que eram os testes
de performance. Antes de mostrar o
gado nas mangueiras o criador levava
o interessado ao escritório da fazenda
e mostrava as DEPs dos animais.
Aqui no Brasil naquela época nem se
sabia o que eram DEPs”, comenta a
pecuarista. Por isso, ao iniciarem os
testes do Promebo ela foi a primeira a
aderir à novidade. Para Carla Sandra,
não existem condições de o criador
corrigir os animais só no olho: “são
necessárias a avaliação técnica e as
perfomances para se conseguir uma
padronização adequada”, conclui.
O técnico da ABA, jurado e titular
da Cabanha Santo Antão, de Alegrete, RS, Flávio Montenegro Alves,
destaca que os animais que recebem
a dupla marca são os mais produtivos
e transmitem suas características à
progênie. “As qualidades são herdáveis e a dupla marca certifica que o
animal é diferenciado em relação aos
outros da mesma raça que só tem a
marca da raça”, enfatiza. Enquanto
a tatuagem simples identifica o fenótipo do animal, a dupla identifica o
genótipo, diz ele.
Afirmando que sua opinião é suspeita ao falar sobre este assunto porque é o direcionamento que sempre
empregou no seu criatório, o titular
da tradicional Cabanha Umbu, de
Uruguaiana, Angelo Bastos Tellechea
acredita que quanto mais se seleciona,
avalia, testa, se faz exames e os técnicos
da Associação ratificam os resultados,
melhor é o produto que se oferece ao
mercado. “É tranquilidade para quem
oferta e para quem compra e usa”,
destaca ele, do alto do seu preparo
técnico e experiência como meticuloso selecionador de Angus.
A Umbu utiliza o Promebo há
mais de 20 anos, utilizando os serviços
do professor Walter Ney Louzada
Ribeiro e com exames andrológicos
completos. A avaliação de área de
lombo através de ultrassonografia é
feita em dois momentos - no desmame e no sobreano - para garantir
resultados mais completos sobre o
desempenho do animal.
Ângela Linhares Silva, da GAP
Genética, de Uruguaiana, destaca
que o touro de dupla tatuagem é
reconhecido pelo seu mérito genético
de perfomance. “Estes animais dão a
certeza que irão agregar valor na genética do seu rebanho porque possuem
todas as características econômicas
que se destacam no gado de corte e os
seus produtos serão superiores”, observa ela. Como conseqüência, o valor
destes animais nos leilões atinge um
patamar cerca de 20% superior aos
de tatuagem simples, o que tem sido
observado nos eventos
da Gap Genética. A tendência, porém, segundo
Ângela é que este percentual tenha um aumento
gradativo, à medida que
mais criadores buscam
este tipo de animal para
melhorar seus rebanhos.
A Gap também só utiliza
dupla tatuagem nos seus
plantéis e quando compra animais de outros
criadores só compra os
“deca 1”, ou seja, aqueles
classificados entre os 10
melhores, finaliza.
O técnico da ABA,
Fernando Velloso, que
vem realizando um importante trabalho de
orientação aos criadores de Angus e
aos novos investidores na raça especialmente no Brasil Central, comenta
que os compradores mais exigentes já
estão dando preferência a este tipo de
touro registrado e controlado, porque
ele garante o retorno.
“E isto não é uma questão nacional. No mundo inteiro, em todos
os países desenvolvidos, os animais
que passaram por testes de aptidão
valem mais. Eles são touros superiores dentro da sua geração”, destaca.
Segundo o técnico, dentro de algum
tempo este tipo de animal vai valer
mais que os touros premiados em
exposições. Velloso informa que
isto já está acontecendo nos países
mais desenvolvidos e acredita que
o processo de modernização que já
se faz sentir em setores da pecuária
nacional. “Temos que chegar a uma
escala ‘macro’ como já se verifica
nos criatórios internacionais de
ponta, que é onde temos que chegar.
Somente assim alcançaremos uma situação semelhante, já que o Brasil e a
Argentina estão um pouco atrasados
nesse processo”, critica ele, chamando a atenção dos criadores.
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CARNE
Marfrig incrementa bonificações
do Programa Carne Angus
Fotos: ABA / Divulgação
Os criadores gaúchos que participam do Programa Carne
Angus Certificada, da Associação Brasileira de Angus (ABA), e
comercializam seus animais nas plantas industriais do Frigorífico
Marfrig no Rio Grande do Sul, passaram a contar a partir de 11 de
abril deste ano com um incremento nas bonificações. Parceira da
ABA, a empresa frigorífica além de estender os incentivos que já
vinha concedendo agora para animais de menor peso - 180 kg de
carcaça para os machos e 170 kg para as fêmeas, passa a valorizar
os animais superprecoces, ampliando ainda as premiações, que
subiram em média 2% em todas as categorias.
Por Alexandre Gruszynski
A
Nova tabela de premiação
Marfrig segue o sistema de
sua versão anterior, apresentando premiações progressivas por
qualidade, onde são consideradas
características de peso, idade e grau
de acabamento das carcaças.
Fêmeas a preço de machos
Nos machos os produtores podem
receber sobrepreço de até 8%. E agora
as fêmeas passam a ser cotadas a preço
de machos, agregando ainda mais
uma premiação que pode chegar a até
8%. A bonificação abrange todos os
animais que se enquadrarem dentro
das especificações raciais do Programa
Carne Angus Certificada, a saber:
Angus definidos, cruzamentos com
raças européias com mínimo de 50%
de sangue Angus; cruzamento com zebuínos e raças sintéticas com mínimo
de 5/8 de sangue Angus.
Exigências
Mas para faturar mais por seus
animais, é preciso que os produtores
forneçam um produto à altura, em
termos de qualidade e acabamento.
Para alcançar as premiações da tabela,
os animais precisam apresentar um
acabamento mínimo de 3mm de gordura (gordura mediana). Entretanto,
fêmeas com acabamento superior são
ainda mais valorizadas.
E visando fortalecer ainda mais o
crescimento da raça no Estado gaúcho, o sistema de premiação implantado pelo Marfrig RS também valoriza
animais acima de 4 dentes, dentro das
mesmas condições de acabamento e
padrão racial.
A tabela conta ainda com valorização diferenciada para animais
habilitados à exportação para União
Européia – “Lista Trace”, que alcançam sobrepreços em torno de 1% a
2% sobre a tabela Angus, conforme
a categoria.
Segundo Luciano Andrade, gerente de Fomento do Marfrig, os
novos valores de remuneração para
o Rio Grande do Sul representam
o reconhecimento da empresa ao
comprometimento dos criadores que
acreditaram e aderiram ao programa,
na parceria da indústria com a AB
Parceria solidificada
Falando de uma outra iniciativa
implantada no RS neste ano, que
inclusive foi destaque na edição anterior do Angus@newS – Programa
Marfrig Fomento RS – Luciano
Andrade destaca que o Programa de
Fomento Angus do Grupo Marfrig
reforça ainda mais a parceria com a
ABA, através de seu Programa Carne
Angus Certificada.
“Além de colocar a mais apurada
tecnologia de produção de carne (com
uso de IATF) ao alcance dos produtores, participamos da maioria das feiras
de terneiros de Outono, atraindo novos fornecedores e divulgando a importância do Programa Carne Angus
Certificada, que aliado ao trabalho de
marcas de carne especiais do Marfrig,
aumenta o portfólio de produtos ao
mercado gaúcho e nacional”, diz o
dirigente do Marfrig.
Mudança no mercado A valorização das fêmeas através
de pagamento diferenciado e igualadas aos preços dos machos é destacada
pelo presidente da ABA, Paulo de
Castro Marques. Ele acredita que
isto vai ocasionar uma mudança no
mercado, que sempre valorizou mais
o macho em detrimento da fêmea.
Marques cumprimenta o Marfrig, que
aposta na parceria com produtores de
carne de qualidade, caso da Angus.
Leves mas de valor!
Já a valorização dos animais de
menor peso de carcaça na nova tabela
de bonificações foi comemorada pelo
coordenador técnico do Programa
Carne Angus Certificada e também
subgerente da ABA, Fábio Medeiros.
Ele lembra que antes os animais
abatidos precocemente só obtinham
premiação se tivessem peso acima de
225 kg.
“O aumento das bonificações
paralelamente à redução do peso
mínimo é um avanço para a raça e
incentiva os produtores integrados
ao Programa Carne Angus, e premia
aqueles produtores que apostam na
produção de animais superprecoces”,
comenta o técnico, no que é respal>>>
PADRÃO ANIMAL SELECIONADO
Idade
Acabamento
RS
ANGUS E RED ANGUS definidos
Cruzamentos com zebuínos e raças
sintéticas: mínimo de 5/8
de “sangue” Angus.
Cruzamentos com raças européias:
mínimo 50 % de “sangue” Angus.
Até 30 meses – 4 dentes
Mínimo de gordura MEDIANA (>3mm)
Sexo
Fêmeas e Machos CASTRADOS
Padrão racial
Sudeste e Centro-Oeste
ANGUS E RED ANGUS definidos
Cruzamentos com zebuínos: mínimo de
50% de “sangue” Angus.
Cruzamentos com raças européias:
mínimo 50 % de “sangue” Angus.
Até 24 meses – 2 dentes*
Mínimo de gordura MEDIANA (>3mm)
Fêmeas e Machos CASTRADOS
* Machos INTEIROS – Dente Leite
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>>>
dado pelo criador Rodrigo Cestari,
da Fazenda Pesqueira, de Camaquã,
RS.
“Eu que trabalho com animais
mais jovens, não conseguia, no programa anterior operado no Marfrig,
obter a bonificação. Agora, pelo
contrário, posso vender meus machos
com 180 kg e fêmeas com 170 e ter a
remuneração diferenciada concedida
pela empresa, e que está muito boa”,
conclui.
O titular da Fazenda das Pedras,
de Cachoeira do Sul, RS, e da Fazenda
Vitória, de Carazinho, RS, Reneu
Ries, compartilha da mesma opinião.
“Este programa veio preencher a lacuna que existia para valorizar animais
jovens e de alta qualidade”, aponta.
O criador lembra que a pecuária moderna está reduzindo cada vez mais
a idade dos animais para abate e isto
foi reconhecido no programa de bo-
nificações, tanto quanto a valorização
das fêmeas, igualando-as aos preços
de machos.
O Programa Carne Angus Certificada atua nas unidades do Marfrig de
Bagé, Capão do Leão, Alegrete e São
Gabriel no Rio Grande do Sul.
Nas unidades do Brasil Central,
localizadas nos estados de São Paulo
e Goiás, o Marfrig também conta com
sistemas de premiação e valorização
do Angus e suas cruzas.
Seguindo a mesma filosofia de
premiação por qualidade, porém
com padrão animal diferenciado e
adequado as características daquelas
regionais – Cruzamento Industrial
– o Marfrig também trabalha com
tabelas progressivas de premiação
por qualidade. Machos podem obter
premiações de até 6% sobre o índice
Esalq e as fêmeas preço de macho
mais até 5%.
TABELA MARFRIG SUDESTE E CENTRO-OESTE
SEXO
MACHOS
SEXO
FÊMEAS
PESO MÍNIMO
240kg
225 a 239,9kg
Fora das categorias
acima
GORDURA INIFORME
6%
5%
GORDURA MEDIANA
2%
2%
0%
0%
PESO MÍNIMO
240kg
225 a 239,9kg
195 a 224,9kg
Fora das categorias
acima
GORDURA INIFORME
@ BOI + 5%
@ BOI + 4%
@ BOI
GORDURA MEDIANA
@ BOI + 1%
@ BOI + 1%
@ VACA + 3%
0%
0%
* % sobre a @ de vaca gorda comercializada
PREMIAÇÃO ANGUS MARFRIG SUL
A partir de 11 de abril de 2011
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Teste Angus: Embrapa Sul anuncia vencedores
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O Angus@newS estava “na boca da
rotativa” para impressão quando nos
foram antecipados os resultados básicos do primeiro Teste de Avaliação de
Touros Angus realizado pela Embrapa
CPP Sul (Centro de Avaliação Pecuária
Sul), de Bagé, RS.
Os resultados completos da prova
foram anunciados em concorrido dia
de campo, realizado dia 2 de junho, na
Embrapa, em Bagé, RS, coordenado
pelo destacado pesquisador Dr. Joal
Brazzale Leal.
Este trabalho será tema de ampla
reportagem em nossa próxima edição,
que deverá circular bem antes da Expointer, e que também deverá apresentar ao mercado grandes novidades.
NOTÍCIAS DA ABA
Segundo Paulo de Castro Marques, presidente da ABA, unir o
conhecimento da Embrapa com a
seleção genética Angus promovida
pela associação é muito importante e
com certeza agrega qualidade às ações
realizadas com a raça. “O encontro
realizado em Bagé comprova que os
criadores da região Sul estão interessa-
1º lugar: TAT 615 - Estância Santa Eulália – Joaquim Francisco B. A. Mello – Pelotas, RS
2º lugar: TAT 2049 – Estância Acácia - Álvaro Augusto de Almeida Salles – Dom Pedrito, RS
3º lugar: TAT T49 – Cabanha Paipasso – Corrêa Osório Agropecuária – Livramento, RS
4º lugar: TAT 1300 - Estância Santa Eulália – Joaquim Francisco B. de A. Mello – Pelotas, RS
5º lugar: TAT TE 1628 – Cabanha Umbu – Ângelo Bastos Tellechea – Uruguaiana, RS
dos em melhorar a genética do plantel,
buscando em instituições como a
Embrapa formas de incrementar o
manejo”, destaca.
Confira aqui os principais vencedores. A prova classificou os animais
em Elite, Superior e Comercial. Os
cinco primeiros colocados são considerados Animais Elite:
Joal Brazzale Leal
coordenou o Teste de
Avaliação da Embrapa Sul
Fotos: ABA / Divulgação
Angus Show movimentou Paraná
O Angus Show, evento promovido
no final de maio em Cascavel pelo
Núcleo de Criadores de Angus do
Oeste do Paraná, em conjunto com
a Sociedade Rural Oeste e Associação
Brasileira de Angus (ABA), reuniu mais
de 250 participantes e mesclou aspectos técnicos e promocionais da raça
Angus com uma destacada mostra de
exemplares Angus da região, premiados em exposições como a Expo Londrina, em Maringá e em Guarapuava,
todas no Paraná. A raça atrai cada vez
mais criadores no Oeste paranaense,
com ênfase a produtores que buscam
a multiplicação de animais de alta
qualidade genética, proporcionando
o consequente aumento da oferta de
carne bovina de padrão superior. O ponto alto foi a apresentação
de animais da Fazendas Stein e da
Fazenda Rio da Paz, que representam
o potencial genético da raça naquela
região do País. Foi destaque a fêmea
Paineiras Brigadier Karol, eleita Reservada de Grande Campeã da mais
importante exposição do calendário
Angus no Paraná, a Expo Londrina
2011.
Na promoção da raça e geração de
informação produtiva aliada à genética Angus, o Angus Show teve palestra
do veterinário Fernando Velloso,
técnico da ABA. “Os três estados do
Sul, devido às condições climáticas,
são especialmente vocacionados para
o desenvolvimento da genética Angus. Devido à estrutura fundiária e localização estratégica em relação às regiões
mais quentes do País, a região Oeste
do Paraná pode ocupar posição de
liderança como gerador e fornecedor
de genética para cruzamentos industriais”, disse enfatizou Velloso.
O Angus Show também marcou
os 11 anos de fundação do Núcleo
Angus do Oeste do Paraná. Para o
presidente do núcleo, selecionador
Cristopher Filippon, nesse período o
núcleo já promoveu 23 julgamentos
e 21 leilões, com a venda de 500
reprodutores e 1.500 animais de cruzamento. O evento foi concluído com
uma degustação da carne Angus.
Novos associados da ABA
Até o final do mês de março, a ABA passou a contar com
estes novos associados. A todos, os votos de uma criação sólida,
duradoura e muito lucrativa com a raça Angus. São eles: Didimo
Santana Fernandes Junior - Fazenda Santana, Loamda, PR; Fabiano Lopes de Almeida Costalunga - Cabanha Jarunã, Cachoeira
do Sul, RS; Itamar José dos Santos, IJS, Passo Fundo, RS; José
César Suslik, Estância San Juan, Porto Alegre, RS; Lana Michelini
Lanna, Porto Alegre, RS; Mireya Carmem Bofill Irigoyen Matas,
Estância São Vicente, Itaqui, RS; Setimo Alvarino Biazus, Cabanha
Setenta, Caxias do Sul, RS; Thereza Cristina Koefender, Fazenda
Palmeira, Rio Pardo, RS.
Confira as parciais do Ranking Angus 2011
Apresentamos, a seguir, as colocações “parciais” que ocupam os competidores do Ranking Nacional da Raça Angus,
coordenado pela Associação Brasileira de Angus (ABA).
Outras informações podem ser obtidas pelo fone: 51.3328.9122 ou pelo e-mail: [email protected].
Ranking Nacional 2011 – Criador Argola
Ranking Nacional 2011 – Expositor Argola
1. CABANHA RINCÓN DEL SARANDY (40)
2364
1. CABANHA RINCÓN DEL SARANDY (40)
2000
2. LUIZ ANSELMO CASSOL (140)
2353
2. ANTÔNIO MACIEL NETO (77)
1765
3. ANTÔNIO MACIEL NETO (77)
2177
3. ELOY TUFFI (150)
1536
4. ELOY TUFFI (150)
1486
4. PARC. CABANHA DA CORTICEIRA E GB AGROPECUÁRIA (7821)
1409
5. ROBERTO SOARES BECK- ESTÂNCIA DO ESPINILHO (238)
911
5. LUIZ ANSELMO CASSOL (140)
1056
6. RECONQUISTA AGROPECUÁRIA LTDA (121)
785
6. ROBERTO SOARES BECK- ESTÂNCIA DO ESPINILHO (238)
911
7. 3 E AGROPECUÁRIA LTDA - EPP (363)
661
7. RECONQUISTA AGROPECUÁRIA LTDA (121)
733
8. JOÃO VIEIRA DE MACEDO NETO (108)
656
8. 3E AGROPECUÁRIA LTDA - EPP (363)
537
9. PAULO DE CASTRO MARQUES (270)
334
9. PAULO DE CASTRO MARQUES (270)
528
10. AGROPECUÁRIA FUMAÇA (8)
245
10. PARC. RINCON DEL SARANDY E PAULO DE CASTRO MARQUES (7827)
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NOTÍCIAS DA ABA
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NOTÍCIAS
Feiras de terneiros gaúchas comprovam
a valorização da genética Angus
Foto: ABA / Divulgação
e valores até 4,20/kg vivo, comprovando a valorização de exemplares
com genética Angus que poderão
futuramente ser direcionados para o
Programa Carne Angus Certificada”,
enfatizou a veterinária Juliana Brunelli, gerente da ABA.
Santana do Livramento
A 3ª Feira de Terneiros Britânicos de Livramento, RS, promovido
pelo Sindicato Rural do município
em parceria com as empresas Balcão
Agronegócios e Cambará Remates,
concretizou a venda de 747 machos
(com destaque para os Angus), que
saíram pelo preço médio de R$
1.290,00/por cabeça, além de 1.054
fêmeas vendidas pela média de R$
1.777,00.
A cada ano os terneiros (bezerros) de genética Angus – os Terneiros Angus Certificados – fazem
mais sucesso nas chamadas feiras de terneiros de Outono, tradicionalmente realizadas em vários
municípios, especialmente do Rio Grande do Sul, e estendendo-se também por áreas de pecuária
de Santa Catarina e do Paraná. Esses terneiros são certificados pela Associação Brasileira de Angus
(ABA), e via de regra concentram a preferência do mercado comprador, registrando preços acima da
média, tanto para machos quando para fêmeas.
100% ANGUS, O TOP
Vamos dar o start neste flash
sobre a valorização dos bezerros gaúchos através da 9ª Feira de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas 100%
Angus, realizada durante a Fenasul,
no parque de exposições Assis Brasil,
em Esteio, RS, no dia 26 de maio.
Promoção da Associação Brasileira
de Angus (ABA), juntamente com
a Federação da Agricultura do RS
(Farsul) e Santa Úrsula Remates, a
oferta de 750 terneiros - todos Angus
e cruzas com expressiva participação
de animais certificados -, teve pista
limpa e ágil, comprovando a concetração de demanda sobre este tipo
específico de bezerros.
O valores que foram cotados
mostram o sucesso do evento. Os
machos saíram de pista à média
de R$ 4,19 o kg vivo, o que é bem
superior aos R$ 3,80 que vem sendo
obtidos nas demais feiras do Interior
gaúcho. O lote campeão terneiro
Angus Definido, certificado, foi
comercializado ao preço de R$ 4,76
/ kg vivo. Já as terneiras saíram vendidas à média de R$ 3,73 o kg vivo e
as novilhas fizeram média de R$ 3,58
o kg vivo. A venda mais valorizada foi
de 20 vaquilhonas prenhes, por R$
1.440,00 cada exemplar, arrematadas
pelo produtor gaúcho Luiz Duarte.
Zona Sul
A seguir, uma rezenha de algumas
das feiras realizadas no Sul do Brasil,
começando pela Zona Sul.
No Leilão Influência 2011, realizado em 27 de abril, na região Sul
do Rio Grande do Sul, a Fazenda
Calafate, de Genuíno Farias Ferreira,
de Pelotas, RS, e Campos da Barra,
de Rio Grande, RS, associadas ao
Núcleo Sudeste de Angus, venderam
a totalidade de suas ofertas, com
excelentes resultados.
A Calafate ofertou 70 terneiros
Angus certificados, com média de
R$ 760,00 por animal e pico de
R$ 855,00 por cabeça (R$ 4,28/kg
vivo) – este lote foi adquirido por
Erico Ribeiro, da Fazenda Retiro,
de Pelotas, RS.
Já a Estância Campos da Barra,
de Ronaldo Z. de Oliveira, ofertou 50 terneiros, vendidos por R$
532,00/cabeça (R$ 3,94/kg vivo). Os
lotes foram arrematados por Carlos
Weymar, de Pelotas, RS e Julio de
Araújo Lara, de São Lourenço do
Sul, RS.
Dom Pedrito
O remate promovido pela PAP
Villamil de Castro, de Dom Pedrito,
RS, comercializou 1.113 terneiros,
sendo 873 machos e 205 fêmeas. O
resultado apurado com as vendas dos
lotes de terneiros Angus certificados
registrou média geral de R$ 4,07/kg
vivo, valor superior à média global
dos machos do leilão, cotados a R$
3,80/kg vivo. “Vendemos um lote de
20 terneiros Angus certificados para a
GAP Genética, de Uruguaiana, RS,
pelo preço médio de R$ 4,15/ kg
vivo”, comemorou Villamil.
Em Bagé
A 37ª Feira Oficial de Outono de
Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas
promovida pelo Sindicato Rural de
Bagé, RS, reuniu criatórios de nove
diferentes localidades para venda de
2.744 animais. O preço médio foi
de R$ 3,57/kg vivo pelos machos e
R$ 2,84/kg vivo para as fêmeas. O
lote de 23 machos Angus certificados
vendido pela criadora Maria Tereza
Gonçalves foi o que obteve a maior
cotação do remate, vendido pela
média de R$ 4,67/kg vivo.
“Na feira de terneiros de Bagé
mais de 60% da oferta eram de animais Angus ou cruzas Angus de alta
qualidade e liquidez total em pista.
Alguns lotes Angus Certificados
chegaram a R$ 710,00 por cabeça
Lavras do Sul
Algumas das feiras de maior destaque ocorreram em Dom Pedrito,
RS, quando a Fazenda Colorado,
do 2º Distrito de Lavras do Sul,
RS, apresentou um lote de terneiras
Angus que registrou o preço de R$
4,39 o quilo vivo. Também durante
a exposição de Lavras do Sul, a Colorado teve o lote mais valorizado,
igualmente entre os terneiros Angus
Certificados, chegando à cotação
de R$ 4,19 pelo quilo vivo. “Esses
valores provam todo o nosso investimento em genética Angus”, destaca o
criador Eduardo Lanna, proprietário
da Fazenda Colorado.
No total, na Feira de Dom Pedrito foram vendidos 585 animais, com
faturamento de R$ 364.185,00. E na
Exposição de Lavras do Sul, foram
arrematados 3.620 animais, com
arrecadação de R$ 2.369.360,00.
Em Caçapava
Durante a 31ª Feira de Terneiros de Outono de Caçapava do
Sul, ocorrida também na primeira
quinzena de maio, a Cabanha Estrela
Dalva apresentou o lote de terneiros
mais pesados do evento. “O lote de
10 terneiros Angus, com peso médio
de 240 kg, foi vendido à cotação
média de R$ 4,04 o quilo vivo”,
informa Giovana Evangelista, uma
das proprietárias da cabanha.
Dos 1.324 animais ofertados em
Caçapava do Sul, em 107 lotes, 51
terneiros Angus pertenciam à Cabanha Estrela Dalva, que participou
do evento pela segunda vez. O total
arrecadado foi de R$ 928.740. A
média por cabeça foi de R$ 701,50
reais ou R$ 3,78 o quilo vivo.
Em Camaquã
A Cabanha Bons Ventos, de
Sérgio Colaço, também diretor de
Núcleo da Associação Brasileira
de Angus (ABA), teve o lote mais
pesado, no início de maio, durante
a 31ª feira de Terneiros, Terneiras
e Vaquilhonas do município. “Em
apenas um lote eu fiz média de 256
kg por terneiro e no outro 248 kg por
animal”, orgulha-se o criador, que
trabalha com genética Angus.
Ao todo foram 710 animais
ofertados, dos quais 464 eram Angus
puro sangue e 90 Angus cruzados. A
média do remate foi de R$ 3,70 o
quilo vivo, e o total arrecadado na
feira atingiu 460.270,00. O lote mais
valorizado de terneiros foi levado
pelo produtor Hugo Bartz, arrematado pela média de R$ 1.000,00 por
cabeça.
Uruguaiana
A Exposição de Uruguaiana, na
Fronteira Oeste gaúcha, que se realizou na primeira quinzena de maio,
foi palco do Remate de Produção
da Estância Itapitocay, onde 1.948
terneiros foram levados a leilão. Do
total de animais, 1.741 eram da raça/
genética Angus, sendo 760 fêmeas
e 981 machos. O faturamento do
remate da raça Angus da Estância Itapitocay alcançou R$ 1.367.000,00.
“Até agora superamos em quase
30% o número de vendas de terneiros
Angus na comparação com o mesmo
período de 2010. O mercado está
extremamente aquecido e a busca por
animais jovens da raça Angus está em
alta, por isso estamos colhendo bons
frutos em relação as várias feiras que
tivemos esse ano”, avaliou o técnico
da ABA, Renato Paiva.
Já o criador uruguaianense Angelo Antonio Bastos, da Itapitocay, que
reúne em seu rebanho uma invejável
qualidade e quantidade de vacas Angus, e se especializou na produção de
terneiros Angus, que são Certificados
pela ABA, não se arrepende do foco
que escolheu para seu trabalho em
pecuária. “Criamos Angus há muitos anos e sempre soubemos o que
muitos estão descobrindo agora:
que Angus é a melhor genética para
produzir”, observou.
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Maio / Junho de 2011
NOTÍCIAS DA ABA
Encontro Técnico do World
Angus Secretariat – WAS
A
Associação Argentina de
Angus será a anfitriã do Encontro Técnico do World
Angus Secretariat, que se realiza
de 8 a 15 de outubro de 2011, em
Buenos Aires. Segundo o presidente
da AnGus Argentina, Alberto Guil,
a Reunião Técnica do WAS 2011,
da qual participarão todos os países
criadores de Angus, será uma oportunidade para conhecer as novidades da
raça no mundo e os últimos avanços
na seleção genética por marcadores
moleculares, entre outros temas de
vanguarda.
Simultaneamente, os organizadores programaram a 33º Exposição
Nacional Angus de Primavera, a 12º
Exposição Nacional do Terneiro
Angus e a Expo-Genética Angus,
que vai oferecer interessantes oportunidades comerciais através da venda
de sêmen, embriões e reprodutores,
informa o coordenador da Comissão
Organizadora WAS 2011, Alejandro
Salemme.
Desde 1879, quando foram importados a Argentina os primeiros
reprodutores Angus de pedigree, o
crescimento da raça neste país tem
sido constante. Pelas extraordinárias
aptidões reprodutivas, produtivas
e pela insuperável qualidade de sua
carne, a raça Angus foi ganhando
espaço tornando-se a mais difundida
do país (mais da metade das 50 milhões de cabeças do rebanho bovino
nacional tem sangue Angus pura
ou em elevada mestiçagem), sendo
reconhecida como A Raça Líder da
pecuária argentina.
Para os que pretendem aliar trabalho ao lazer, a reunião do Secretariado
Internacional tem uma programação
muito interessante, que inclui o coquetel de abertura, visitas a cabanhas
dedicadas à criação de Angus e ao
Mercado de Liniers, concluindo com
o jantar de encerramento com leilão
de genética.
No âmbito do turismo, a cidade de
Buenos Aires é um prato cheio. Afinal,
é uma das mais atrativas da América
Latina por seu dinamismo e esplendor,
possui um patrimônio arquitetônico
impressionante, suas construções
históricas, bem como sua intensa vida
cultural, onde brilha o tango com todo
o seu charme e história, ou admirar
o melhor pólo do mundo. A programação também permite a visitação a
outras atrações turísticas, algumas delas
declaradas pela UNESCO Patrimônio
da Humanidade.
Confira no site http://www.
wasargentina2011.com/index.php
outros detalhes da programação e faça
já sua agenda.
PROGRAMAÇÃO
Sábado 8 de outubro
Recepção no Aeroporto Internacional de Ezeiza
Coquetel de boas-vindas no Palácio Duhau –
Park Hyatt
Domingo 9 de outubro
Visita da cidade, almoço, Campeonato Aberto de Pólo
no Tortugas Country Club
Segunda-feira 10 de outubro
Reunião Técnica WAS e almoço
Conferência SNPs a cargo de Jerry Taylor e Horacio Guitou
no Palácio Duhau - Park Hyatt
Jantar de Gala no Zanjón de Granados
Terça-feira 11 de outubro
Visita ao Mercado de Liniers; Visita à Cabanha La Llovizna
e à Cabanha La Pastoriza
Quarta-feira 12 de outubro
Visita à Cabanha Três Marias e à Estância Santa Dominga,
Quinta-feira 13 de outubro
Visita à Cabanha Las Blancas, e à 1ª Exposição Nacional AnGus 2011 e Exposição Genética AnGus
Sexta-feira 14 de outubro
Visita à 1ª Exposição Nacional AnGus 2011 e Exposição
Genética AnGus
Jantar de encerramento com Leilão Genético
Sábado 15 de outubro
Regresso a Buenos Aires / Final do programa
Araucária: a nova
parceira da Angus
A Araucária Genética Bovina passa agora a
integrar o seletivo grupo de empresas
“Parceiras da Associação Brasileira de Angus (ABA)”,
juntando-se às tradicionais Novartis e CRI.
A Araucária junta-se à ABA numa parceria focada no fortalecimento da raça Angus por meio de ações publicitárias e promocionais,
divulgando o trabalho que a empresa realiza no mercado de sêmen de
qualidade, que proporciona ao criador um melhor desempenho na
formação de reprodutores da raça e também da cadeia produtiva da
carne, a partir de uma genética altamente selecionada.
Para a gerente da ABA, Juliana Brunelli, esta parceria deverá resultar
em benefícios para a entidade e para a empresa, assim como para os
associados da ABA e para todo o mercado. Vai alavancar a divulgação
da raça, sua qualidade genética e de carcaça por todo o Brasil. “Empresas do perfil da Araucária, com um trabalho sólido na busca da
comercialização de genética de animais comprovadamente superiores,
que agregam valor ao produtor na cadeia pecuária é que queremos ao
nosso lado”, comemora a Gerente da ABA.
Para o diretor presidente da Araucária Genética, Marcelo Vezozzo,
que recentemente esteve no Reino Unido onde realizou visitas técnicas
aos principais criatórios da raça Angus, o Angus tem um apelo enorme
no mercado por ser uma raça total, isto é, completa da genética até o
prato. “Essa raça é a número 1 entre as raças européias do mundo. Pelo
fato do Angus realmente produzir carne de qualidade, essa parceria irá
somente agregar valor aos nossos produtos”, avaliou o dirigente.
Núcleos Angus - Confira aqui a relação dos Núcleos de Criadores, filiados à Associação Brasileira de Angus
Núcleo de Criadores de Angus de Santana do
Livramento
Presidente: Fernando Osório
Município/UF: Santana do Livramento/RS
Telefone: 0xx (55)32421009
E-mail: [email protected] Núcleo Regional de Criadores de
Aberdeen Angus de Bagé
Presidente: Alfredo Pinheiro
Município/UF: Bagé/RS
Telefone: 0xx (53)32422714 Núcleo de Criadores de Aberdeen Angus de Alegrete
Presidente: Quirino de Araújo Carvalho Neto
Município/UF: Alegrete/RS
Telefone: 0xx (55)34223216
E-mail: [email protected] Núcleo Centro Angus
Presidente: Angelo Domigos Zanella
Cachoeira do Sul/RS
Telefone: 0xx (51)99961275
E-mail: [email protected]
Núcleo de Criadores de Aberdeen Angus de Dom
Pedrito
Presidente: José Roberto Pires Weber
Dom Pedrito/RS
Telefones: 0xx (53)32432045
E-mail: [email protected]
Núcleo Itaquiense de Criadores de Angus
Presidente: Ruy Alves Filho
Itaqui/RS
Telefones: 0xx (55)34331499
E-mail: [email protected]
Núcleo Sudeste de Criadores de Angus
Presidente: Ana Carolina Issler Ferreira Kessler
Pelotas/RS
Telefone: 0xx (53)32230594
E-mail: [email protected]
Núcleo Centro-Litorâneo dos Criadores de Aberdeen
Angus
Presidente: João Francisco Bade Wolf
Município/UF: Porto Alegre/RS
Telefone: 0xx (51)30289799
E-mail: [email protected]
Núcleo de Criadores de Angus de Quaraí
Presidente: Henrique Pinto Lamego
Município/UF: Quaraí/RS
Endereço: Rua Francisco Carlos Reverbel, 862, CEP:
97560-000
Telefones: 0xx (55)34231847
E-mail: [email protected]
Núcleo Central de Angus – Santa Maria
Presidente: Claudia de Scalzilli e Souza
Santa Maria/RS
Telefone: 0xx (55)32212859
E-mail: [email protected]
Núcleo Centro Oeste de Criadores de Angus do Rio
Grande do Sul
Presidente: Fernando Gonçalves
Santiago/RS
Telefones: 0xx (55)32519502
E-mail: [email protected]
Núcleo de Criadores de Aberdeen Angus de São
Borja
Presidente: Miguel Lopes de Almeida
São Borja/RS
Telefone: 0xx (55)34311954
E-mail: [email protected]
Núcleo de Criadores de Angus do Planalto Médio
do RS
Presidente: Pedro Luiz Herter
Tupanciretã/RS
Telefones: 0xx (55)32721403
E-mail: [email protected]
Núcleo Serrano de Criadores de Angus em Vacaria
Presidente: Alaor Martins Duarte
Vacaria/RS
Telefones: 0xx (54)32322523 Núcleo Angus Três Fronteiras
Presidente: Sérgio Tellechea
Uruguaiana/RS
Telefones: 0xx (55)34115601
E-mail: [email protected]
Núcleo de Criadores de Angus do Oeste do Paraná
Presidente: Cristopher Filippon
Cascavel/PR
Telefones: 0xx (45)32225816
E-mail: [email protected]
Núcleo Paranaense de Criadores de Aberdeen Angus
Presidente: Carlos Eduardo dos Santos Galvão Bueno
Londrina/PR
Telefones: 0xx (43)33264417
E-mail: [email protected]
Núcleo de Criadores de Angus dos Campos Gerais
Presidente: Rafael Justus Buhrer
Ponta Grossa/PR
Telefones: 0xx (42)32394702
E-mail: [email protected]
Núcleo Catarinense de Criadores de Angus
Presidente: Neslon Serpa
Florionópolis/SC Telefones: 0xx (48)30288077
E-mail: [email protected]
Núcleo de Criadores de Angus de São Paulo
Presidente: Renato Ramires Jr
São José do Rio Pardo/SP
Telefones: 0xx (19)36084231
Site: www.angussaopaulo.com.br
E-mail: [email protected]
Qualquer informação poderá ser obtida com Sheila Simioni, do Atendimento ao Associado da
Associação Brasileira de Angus – Fone: 51.3328.9122 – Fax: 51.3028.3675
[email protected] - www.angus.org.br
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REPORTAGEM
Maio / Junho de 2011
A rentabilidade extra
está nas mãos do produtor!
Foto: ABA / Divulgação
Jaime Tarouco, especialista em ultrassonografia
Apresentar a carcaça ideal para o frigorífico, visando ao abate dentro das exigências do Programa
Carne Angus Certificada da Associação Brasileira de Angus (ABA), é tarefa que está nas mãos do
produtor. Ele faz a lição de casa e depois recebe seu prêmio. Mas o que vem sendo verificado em
alguns casos é que as exigências de acabamento de carcaça não estão sendo atingidas fazendo com
que os produtores percam a oportunidade de agregar valor a seu produto.
Por Eduardo Fehn Teixeira
& equipe
E
m ascensão desde o ano passado,
o preço do boi tem superado as
expectativas dos produtores
brasileiros. A rentabilidade da pecuária
no Brasil, de ciclo completo e de recria/
engorda estiveram, respectivamente,
em 5,76% e 5,07% no ano passado.
No entanto, o produtor que investe
na terminação de suas carcaças que
serão remetidas à indústria pode elevar
esses índices, com bonificações que
alcançam 8% para os machos e 14%
para fêmeas, no programa de carne de
qualidade da ABA.
O acabamento da carcaça está ligado à qualidade da carne que chegará
ao consumidor. Para tanto, a indústria
exige grau de acabamento que mede
a quantidade e a distribuição da gordura presente no depósito subcutâneo
do animal (gordura de cobertura da
carcaça). A gordura é uma característica importante na qualidade da carne
na hora do consumo (é do marmoreio
que vem a maciez e o sabor), ainda
que o grau de acabamento de uma
carcaça seja bem mais complexo do
que simplesmente avaliar a espessura
de gordura de cobertura.
O professor do Departamento
de Zootecnia da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (Ufrgs), Jaime
Tarouco (especialista na ultrassonografia de carcaça), explica que o grau
de acabamento de um animal e a sua
carcaça envolvem o tecido adiposo
(gordura) presente em outros locais
de deposição. “Geralmente, estes
sítios de deposição de gordura estão
correlacionados. A alteração em um
determinado depósito é acompanhada
pelos demais”, examina o técnico.
A tensão exercida pelos depósitos
de gordura sobre o tecido conjuntivo
torna os colágeno/reticulina mais
susceptíveis ao vapor e sujeitos ao
processo de gelatinização quando do
preparo da carne com calor. A gordura ao redor das fibras musculares
diminui a extensão da coagulação da
proteína e também o endurecimento,
que ocorrem quando a carne é bem
assada. Esta gordura, diz Tarouco, é
importante para a suculência porque
a célula de gordura deste depósito
apresenta maior quantidade de água
que as dos demais depósitos.
A gordura presente nos três depósitos na carcaça (intermuscular,
subcutâneo e intramuscular), seu
teor e a qualidade da gordura (composição de ácidos graxos) são todos
importantes para o sabor da carne. “O
grau de acabamento de uma carcaça
é complexo, mas é uma característica
fundamental para a remuneração
monetária dada para uma carcaça”,
alerta o professor.
O coordenador técnico do Programa Carne Angus Certificada e subgerente da Associação Brasileira de Angus (ABA), Fábio Medeiros, observa
que o produtor que utiliza a genética
Angus pode, através dos programas
Fábio Medeiros
de premiação dos parceiros da ABA,
obter percentuais de sobrepreço efetivamente superiores às margens médias
alcançadas na pecuária em geral. “A
obtenção destas premiações depende,
entretanto, do enquadramento dos
animais ou não no programa, onde
os critérios de raça, idade e grau de
acabamento devem ser atingidos
simultaneamente. E isso está 100%
na mão do produtor”, condiciona o
técnico, em tom de alerta.
Produtor perde de ganhar
Os dados confirmam que o produtor está “dormindo no ponto”.
Num levantamento de dados realizado por pesquisadores da Universidade
Federal do Paraná, em 2010, em uma
planta industrial daquele estado, de
mais de 10 mil carcaças de ambos os
sexos (machos e fêmeas) mais de 50%
das fêmeas e 49% dos machos tinham
mais de trinta meses de idade. Menos
de 2% das carcaças de ambos os sexos
tinham conformação subconvexa e
somente 19,3% das fêmeas e 14,7%
dos machos apresentavam mais de 4
milímetros de espessura de gordura
(tipo mediano).
Jaime Tarouco aponta que no Rio
Grande do Sul estima-se que em torno
de 40% dos animais abatidos nos programas de carnes de qualidade de raças
do estado, apresentem dificuldade
em alcançar um grau de acabamento
mínimo para evitar problemas nos
processos tecnológicos dentro da
indústria e qualidade potencial de
consumo desta carne, e desta forma,
os produtores deixam de contar com
estas premiações..
Fotos: Horst Knak / Agência Ciranda
Luciano Andrade, do Marfrig
>>>
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Maio / Junho de 2011
REPORTAGEM
Foto: AML Pecuária / acervo particular
Falta de preparo ou
de informação?
Um dos principais frigoríficos
do País, o Marfrig (parceiro da ABA
no Programa Carne Angus Certificada), observa entre seus fornecedores
a dificuldade do produtor, de uma
forma geral, em apresentar uma
qualidade de carcaça ideal de seu
rebanho para abate. O gerente de
fomento à pecuária da empresa, Luciano Andrade, explica que a perda
da indústria está ligada à agregação de
valor à carne. Andrade argumenta que
se o animal não atende aos preceitos
estabelecidos pelas normas de classificação, a indústria não consegue,
por sua vez, atender ao mercado mais
exigente, que lhe dá mais retorno, que
é o da alta gastronomia e seus partos
nobres, bem como churrascarias.
“Temos compromisso com o
fornecimento à altura da marca.
Um corte só receberá o selo de carne
Angus, por exemplo, se atender à padronização de gordura que a carne - a
carcaça - deve ter. Picanha, fraldão,
maminha, tem que ter a gordura,
mesmo que o consumidor a retire do
prato depois”, sentencia Andrade.
Sem o acabamento necessário, a
carcaça é rebaixada para produção
de cortes com menor valor agregado.
Fotos: Horst Knak / Agência Ciranda
“Nosso padrão de certificação exige enquadradas no Programa Carne ária Sul, de Bagé, RS, Danilo Sant’
um mínimo de 3mm de cobertura Angus Certificada ao mesmo preço Anna. “Objetivamente, a melhor
para a certificação da Carne Angus. dos machos, a valorização de fêmeas forma de acabar o animal é cuidando
O Novilho Angus Certificado deve com padrão racial para o programa de da pastagem que ele come”, lança.
atingir simultaneamente os critérios carne foi notória nas feiras de OutoAlgumas regiões do País, conforde raça, idade, conformação e aca- no, alerta o especialista.
me revela Sant’ Anna, são direcionabamento”, explica Fábio Medeiros,
das ao confinamento, como o Centro
responsável pelo Programa de Carnes
Todos ganham!
Oeste, pela falta de opção de tipos de
da ABA.
“Essa é uma parceria que beneficia pastagem. Ainda assim, apenas 2%
O professor da Unipampa, pes- o produtor de gado para abate, o pro- das mais de 40 milhões de cabeças
quisador em qualidade de carne e ca- dutor de terneiros e terneiras (bezerros abatidas por ano no Brasil são de anideias produtivas pecuárias, e consultor e bezerras), a ABA, os frigoríficos e o mais provenientes de confinamento.
dos programas
O especialista
de carnes de gridefine que todo
Oscar Vicente Y Silva - Perico
fe do Frigorífico
Objetivamente, a melhor forma de dar o acabamento no animal o ciclo de vida
Silva (parceiro
do animal deve a pastagem cultivada, mas neste caso
é cuidar da pastagem que ele come. Sem este acabamento, o animal
da ABA no Proser observado, o animal precisa entrar no período de
acaba sendo rebaixado e o produtor perde a bonificação
grama Carne
e não apenas terminação com pelo menos 300 kg,
Angus Certifio período que a suplementação entraria de forma
cada), Fabiano
antecede sua estratégica nos últimos 30 dias antes
Vaz, alerta que muitos lotes com exce- consumidor, no final da cadeia, que venda ao frigorífico.
do abate e o desempenho pode chegar
lente padrão racial e desenvolvimento já demonstrou que remunera a qualiEle acrescenta que animais cria- em torno de 1,2 kg de ganho de peso
de carcaça acabam sendo prejudicados dade das carnes de grife. É melhor es- dos com pastagem nativa podem por dia. “Tem que pensar o animal
em acabamento em função da busca perar um pouco mais, investir melhor obter ótimos ganhos. Mas a pastagem desde seu nascimento. Planejamento é
do produtor por um giro de capital no acabamento do gado, mas ganhar precisa ser bem cuidada, adubada. tudo. E a pastagem é fundamental que
maior. “É fazer a fila andar mais rá- mais”, acrescenta o também consultor “Tem programas que bonificam pelo seja de qualidade. Não adianta gastar
pido do campo ...”.
do Frigorífico Silva e pertencente ao fato do animal ter sido criado apenas com suplementação se a pastagem não
No entanto, o produtor precisa mesmo grupo de pesquisa de Vaz, com pastagem nativa. O produtor vai for boa”, aponta.
pensar além, acredita Vaz. A partir do Ricardo Zambarda. Ele lembra que, agregando essas características e só
A técnica da Suplementação em
ajuste do contrato entre o Frigorífico em 2010, quase 1/5 dos animais com tem a ganhar”, observa, lembrando pastejo ainda traz como vantagens o
Silva e a ABA em fevereiro deste ano, padrão racial e dentição foram des- que cuidar do solo e da qualidade das aumento da capacidade de suporte
quando foi acertado que o frigorífico classificados por falta de acabamento folhas é fundamental.
da pastagem, permitindo uma maior
passaria a remunerar fêmeas jovens na carcaça.
Outra alternativa, conforme o lotação e melhor aproveitamento da
Ambos os pesquisadores lembram pesquisador, é alternar a nativa com forragem, em muitos casos melhoria
Foto: AML Pecuária / acervo particular
ainda que o recebimento de carcaças
mal acabadas frustra também o varejista, que fica sem o produto que
precisa para atender seus clientes.
“Nesse sentido, é complicado fidelizar
o consumidor, que algumas vezes não
encontra na gôndola o produto que
provou e havia gostado. E quando não
existe consumidor fidelizado, uma cadeia produtiva se torna frágil e oneroMarcelo Linhares:
sa, pois as marcas possuem custos fixos
o segredo são
de marketing, embalagens, logística e
pastagens bem
contratos”, lembra Vaz.
cuidadas, campo
Confinamento e suplementação
nativo e forrageiras,
com suplementação
ajudam no acabamento do animal,
a cocho mas não são as únicas opções. Devem
principalmente na
ser usados de forma estratégica, segunterminação
Fernando Beber: boa oferta de pasto garante novilhos bem acabados
do o pesquisador da Embrapa Pecu-
REPORTAGEM
do desempenho (GMD) além da
maior velocidade de terminação
observa.
A busca através da genética
Duas características são importantes na busca da carcaça ideal: a
observância da área de olho de lombo (AOL) e a espessura da gordura
subcutânea do animal (EGS). Quem
ensina é professor do departamento
de zootecnia da UFRGS e membro
do Conselho Técnico da ABA, José
Fernando Piva Lobato. Essas duas
características estão relacionadas,
explica o mestre, enfatizando que
quanto maior a AOL, menor a EGF
e melhor é o rendimento da carcaça,
que apresentará maior quantidade de
cortes carniceiros.
“Para tanto, deve-se observar o
peso ao nascer até o sobreano, quando se pode fazer uma avaliação dos
índices de carcaça”, ressalva. Lobato
lembra que nem sempre animais grandes são sinônimo de bom rendimento.
Característica que a veterinária e presidente do Conselho Técnico da ABA,
Susana Macedo Salvador, também
observa. Ela diz que o produtor precisa buscar animais adequados a seu
tipo de produção. Um animal maior,
requer maior quantidade de alimento,
exemplifica, de forma simples.
“Não existe um tamanho certo e
sim um biotipo adequado, que deve
ser observado para cada propriedade”,
diz Susana, que também é experiente
selecionadora de Angus. Ela complementa que na seleção genética dos
animais cuja cruza renderá crias com
potencialidade carniceira, o ideal é
escolher um reprodutor com bons
índices de precocidade e bons dados
de gordura subcutânea.
Selecionar reprodutores com base
em seus índices de carcaça para AOL
e EGS é fundamental. Hoje, já estão
à disposição dos produtores dados de
reprodutores e sêmen avaliados pelo
Promebo para estas características. A
EGS é uma característica fundamental
quando se pretende agregar precocidade (facilidade) de terminação
em seu rebanho. Utilizando animais
melhoradores para esta característica
é possível melhorar sensivelmente a
facilidade de terminação dos produtos
do rebanho destaca o subgerente da
ABA Programa Carne Angus, Fábio
Medeiros.
Lucro certo e suplementando
Ainda que esteja na região da
Campanha do RS, onde a seca está
castigando produtores e dificultando
a terminação dos animais, o proprietário da estância Vista Alegre do Ponche
Verde, Antônio Carlos Vicente e
Silva (Perico), respeita todo o ciclo
dos animais, voltando seus cuidados
para atingir uma terminação que lhe
garanta a bonificação que está sendo
oferecida pelos frigoríficos. Dos 850
animais que oferta por temporada à
indústria, no Programa Carne Angus
Certificada, cerca de 90% conseguem
atingir bonificação. Para tanto, seus
animais saem do desmame já com
200 Kg e vão para a terminação com
suplementação a campo.
“O produtor tem que pensar que
a suplementação tem um custo mais
alto, mas o retorno é melhor. Ainda
mais com o cenário atual em que o
preço do boi vem aumentando e a
tendência é seguir bem”, adianta.
Manejo é o segredo
Não muito longe dali, em Santana
do Livramento, também na Fronteira
gaúcha, a AML Agropecuária forma
fila aos exemplos de boa terminação
de carcaças, com resultados animadores nos programas de bonificação dos
frigoríficos parceiros da ABA. Marcelo
Linhares, administrador da fazenda,
conta que o manejo é o segredo do
sucesso.
“As pastagens são bem cuidadas,
usamos campo nativo e forrageiras
e usamos suplementação a cocho,
principalmente na terminação. Os
animais nascem em Livramento, mas
são terminados em uma outra propriedade em Manoel Viana. “A gente
dá preferência para animais precoces.
É importante pensar na genética para
produzir crias com bom rendimento”,
sinaliza o produtor.
Comida, o caminho
do acabamento ideal
Para o produtor Fernando Beber, que já teve animal de seu rebanho campeão do concurso de melhor
carcaça, promovido pela ABA, o
segredo para o acabamento ideal
se traduz em uma palavra: comida.
Adepto das pastagens cultivadas para
alimentar seu rebanho, Beber diz que
há um costume arraigado no gaúcho
de que o gado deve ser alimentado
com pastagem nativa apenas, o que
não prepararia o animal a ponto
da carcaça receber bonificação dos
frigoríficos. “A pastagem nativa é
boa para usar com as crias por um
tempo. Depois é necessário uma
pastagem artificial/cultivada e para
acabamento, na maioria das vezes, é
preciso suplementação”, diz o proprietário da Estância Pulqueria, de
São Sepé, RS.
Ele comenta que em países desenvolvidos como a Austrália e os
Estados Unidos há duas profissões
distintas: o criador e o terminador,
que muitas vezes são concorrentes.
“Aqui o criador quer fazer a termi-
nação, mas não quer gastar, por isso
acaba não conseguindo um resultado
satisfatório. A pastagem nativa não é
o suficiente o ano inteiro. É necessário
investir para obter retorno”, garante o
experiente produtor.
Manejo é a chave do sucesso
E o diretor do Programa Carne
Angus Certificada da ABA, Joaquim
Mello, enfatiza que é possível sim
Maio / Junho de 2011
fazer uma terminação correta somente
com pastagem cultivada. Sem suplementação. “Mas neste caso, precisa
muita eficiência na área de manejo.
E aí vai do conhecimento e da experiência do produtor”, condiciona
ele, que já por duas vezes venceu o
concurso de carcaças da ABA e é considerado um dos melhores produtores
e terminadores de gado selecionado
que entrega animais para abate no
25
Programa Carne Angus.
“O caminho está no animal
jovem, de boa genética e com bom
padrão de carcaça. É preciso ter claro
o foco do produtor. Com que tipo
de animal ele vai trabalhar. Quando
mais jovem o animal, maior é a necessidade de alimento de qualidade”,
ensina Mello, que é proprietário da
Estância Santa Eulália, com sede em
Pelotas, RS.
Foto: ABA / Divulgação
Joaquim Mello: é possível fazer a terminação com pastagem de alta qualidade
VEJA AQUI ALGUNS EXEMPLOS/SIMULAÇÕES
SIMULAÇÃO 1 - MACHO
Considerando ...
Animal - um macho de 4 dentes com peso de carcaça de 225 kg
Preços: R$ 6,50 para machos e R$ 6,10 para fêmeas
SISTEMA: Tabela de Premiação Marfrig RS.
Ao entregar um animal com acabamento 2 ao invés de 3, o produtor deixa
de receber R$ 87,75/Cabeça.
Numa carga de 22 animais, são R$ 1.930,50
SIMULAÇÃO 2 – FÊMEA
Considerando ...
Animal - uma fêmea de 4 dentes com peso de carcaça de 225 kg
Preços: R$ 6,50 para machos e R$ 6,10 para fêmeas
SISTEMA: Tabela de Premiação Marfrig RS
Ao entregar um animal com acabamento 2 ao invés de 3, o produtor deixa
de receber R$ 165,90/Cabeça.
Numa carga de 22 animais, são R$ 3.649,80
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Maio / Junho de 2011
NOTÍCIAS DA ABA
Feiras de Terneiros têm palestras do Programa Marfrig Fomento
A Marfrig iniciou no mês de
março de 2011 a divulgação e implantação do Programa de Fomento
Angus no Rio Grande do Sul, para
valorizar a carne e destacar a qualidade
da carcaça desses animais. A iniciativa,
que conta com o apoio da ABA, visa
fortalecer a integração entre indústria
e produtor, por meio de reuniões
com os produtores de terneiros e
invernadores das principais regiões
produtoras de carne de qualidade do
Estado. “Nossa parceria com o projeto
se dá pelo fornecimento de material
genético para inseminação artificial e
para Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), além da coordenação
de serviços e apuração dos dados para
as reuniões”, detalhou o sócio diretor
da Alta Progen, Fábio Barreto.
Dentro da agenda de reuniões de
divulgação do Programa de Fomento
Angus, os detalhes sobre o funciona-
mento do programa, bonificações aos
produtores de Angus no Marfrig e
alguns resultados dos abates do Programa de Carne Angus da ABA tem
despertado interesse de produtores
das principais praças de gado de corte
do Rio Grande do Sul, agrupando
cerca de 120 pecuaristas por evento,
emvolvendo as cidades de Uruguaiana
e Livramento, explicou o gerente de
fomento da Marfrig, Diego Brasil.
Segundo Fábio Schuler Medeiros,
subgerente da ABA - Programa Carne Angus Certificada, que participa
das principais reuniões da agenda,
a iniciativa de estimular o emprego
de tecnologia e o investimento do
produtor de terneiros na genética
Angus, que agrega produtividade e
valorização ao produto, é vista como
muito positiva. A entidade busca
dar sua contribuição, levando até o
pecuarista o direcionamento para o
produto ideal que cada vez mais está
sendo valorizado pela indústria da
carne e pelo consumidor. O Programa
Marfrig Fomento Angus é um trabalho de base que visa ampliar a oferta
de matéria-prima que vai abastecer a
indústria nos próximos anos e orientar
os produtores para as atuais tendências do negócio da carne. É, portanto,
o reconhecimento da Marfrig sobre a
qualidade da carne Angus, produto
que tende a ter cada vez mais valorização dentro do mercado. Para a divulgação do evento, Fábio
Barreto está trabalhando na promoção
do projeto nas feiras das principais
cidades produtoras de gado de corte
do Rio Grande do Sul. “Nessas feiras
a Alta Progen monta um stand com
a Marfrig e promove a degustação de
carne Angus e apresentando o Programa de Fomento da Marfrig”.
“O fato de o Marfrig apoiar o
Seminário produção de carne de qualidade
As tendências na produção de carne de qualidade, a importância da padronização dos animais, a precocidade
de acabamento e melhor remuneração
dos pecuaristas despertam o interesse
da pecuária moderna e por isso foram
destacados pela Associação Brasileira
de Angus – ABA, no Seminário Produção Carne de Qualidade durante a
ExpoLondrina 2011. Com a participação superior a
150 pessoas, o Seminário registrou
significativa participação de universitários da região paranaense,
produtores e técnicos. “O público
se interessou pelas palestras técnicas
sobre IATF (Inseminação Artificial
a Tempo Fixo) e Ultrassonografia,
o que é extremamente positivo para
a construção de profissionais cada
vez mais capacitados”, afirma Fábio
Schuler Medeiros, subgerente da ABA
e coordenador técnico do Programa
de Carne Angus Certificada.
O executivo enalteceu a importância da próatividade da cadeia produtiva frente às ameaças de mercado,
e as grandes oportunidades que a
produção de carne de qualidade com a
raça Angus e do cruzamento industrial
com a raça proporciona. “Os consumidores do Brasil querem carne com
qualidade e esta característica está
disponível nos cortes da Carne Angus
Certificada”, ressalta.
Com a modernização, o produtor
consegue abater um animal com um
bom peso em um menor espaço de
Degustação na Expolondrina
A Associação Brasileira de Angus (ABA) destacou as qualidades da
carne Angus Certificada com uma nova estratégia de marketing que
promove a degustação de carne da marca Seara Angus, produzida pelo
Grupo Marfrig, durante os leilões da ExpoLondrina 2011.
A iniciativa foi realizada em parceria com as leiloeiras Programa
Remates e Rural Business Leilões, com apoio do Marfrig. A ABA disponibilizou Carne Angus aos produtores de gado de corte que visitam
a exposição e participam dos remates. “O objetivo é mostrar aos pecuaristas o potencial de qualidade da raça e seu sabor diferenciado”, explica
Fábio Schuler Medeiros, subgerente da ABA e coordenador técnico do
Programa de Carne Angus Certificada.
No momento da degustação, a pessoa recebe uma amostra de carne e
uma mensagem: “Agora você entendeu porque Angus é a raça que mais
cresce no Brasil”. No outro lado do cartão, lê-se: “O gado Angus é o mais
valorizado do Brasil. Comercializando seus novilhos junto aos parceiros
do Programa Carne Angus você conta com bonificações especiais”.
Durante os eventos, os técnicos da raça nos leilões explicam o
diferencial e o potencial da raça quanto à cria, recria, engorda e cruzamentosz.
tempo, além de diminuir o custo de
produção e agregar qualidade ao produto final. As vantagens da ultrassonografia de carcaça foi um dos temas
que mais chamou a atenção no local.
Por meio da tecnologia é possível
identificar com segurança e precisão
a qualidade do animal para a precocidade e qualidade da carne. “O que
queríamos era mostrar aos presentes
que investir em tecnologia no campo
é fundamental para um retorno na
propriedade”, completa Fábio.
O Seminário Produção Carne de
Qualidade foi promovido pela Associação Brasileira de Angus com apoio
da Mammele Assessoria, Marfrig,
Ouro Fino, Ultrabeef, Rural Business
Leilões, CRI e Novartis.
produtor com financiamentos sem
juros, em um programa onde ele
pode aumentar seu proveito tanto
fornecendo animais para engorda,
terneiros ou novilhos magros, como
animais gordo e maior remuneração
mantida pela empresa nos animais
Angus no abate, está se transformando numa ferramenta de trabalho que
pretende melhorar a rentabilidade da
propriedade”, destacou Diego. Um reflexo muito claro disto é
a maior valorização por terneiros da
raça Angus e suas cruzas, que se enquadram no Programa Carne Angus
Certificada. De acordo com o gerente
de fomento, em algumas feiras de
terneiros da região tem-se encontrado
preços 9% acima da média para animais de genética britânica, quando
comparados a terneiros que não se
enquadram no padrão racial.
Com esta rodada de encontros
com produtores a Marfrig pretende
preparar o mercado gaúcho para
utilizar a ferramenta do Programa de
Fomento Angus, na temporada de
monta da primavera, quando é encontrada uma maior disponibilidade
de matrizes para reprodução, assim
como reforçar no mercado a proposta
de trabalhar com carne de qualidade
certificada angus, na busca de produtos de qualidade diferenciada. “O
produtor que aderir ao programa ganha em todos os aspectos econômicos
e sociais da empresa. É importante
ressaltar que esse fomento Angus no
Rio Grande do Sul promove a interação de todos os elos da cadeia
produtiva da carne, onde a indústria
e o fornecedor estão juntos para que
o consumidor ganhe na parceria”,
finaliza Fábio Barreto.
Acesse o site www.marfrig.com.br/
fomento para maiores informações.
Confinamento em evento da Scot e Coan
A Associação Brasileira de Angus (ABA) patrocinou o 6º Encontro
Confinamento: Gestão Técnica e Econômica, realizado entre os dias
6 e 7 de abril, no Centro de Convenções de Ribeirão Preto (SP), em
inciativa da Coan Consultoria e Scot Consultoria. “Os animais com
genética Angus são desejados pelos confinadores por sua precocidade
de acabamento, o que se traduz em maior velocidade de terminação
e menos dias na etapa final da produção”, ressalta Fábio Medeiros,
subgerente da ABA.
Técnicos do Programa Carne Angus Certificada detalharam o
desempenho do Angus em confinamento, bem como os programas de
premiação diferenciada a estes animais nos frigoríficos parceiros. Fábio
Medeiros destacou que, com a genética Angus, a indústria obtém carcaças
de qualidade superior e melhor acabadas e a carne produzida, em função
do marmoreio característico da raça, é mais macia e suculenta, sendo
altamente valorizada pelos consumidores mais exigentes”.
No Programa com a Marfrig no Brasil Central, por exemplo, os
machos podem atingir prêmios de até 6% e as fêmeas até preço de macho
+ 5%, variando de acordo com o peso e grau de acabamento.
Virtual Angus Produção
confirma bom momento Angus
Promoção da parceria entre a HR, 3E
Agropecuária, Agropecuária Fumaça e Casa
Branca Agropastoril, o
Leilão Virtual Angus
Produção 2011, ocorrido na noite do dia 21
de Abril, vendeu ao todo 64 lotes de fêmeas Angus PO e Red Angus PO.
A fatura fechou no total de R$ 272.640,00, com média por lote de R$
4.260,00.
O lote 47, formado por três animais de propriedade da 3E Agropecuária,
foi o mais valorizado do remate, adquirido pelo valor total de R$ 15.120,00
(média de R$ 5.040,00), pelo comprador Comercial Agropecuária Netos
Dias Ltda.
Já o maior comprador foi Antônio Machado de Oliveira Filho com compras
somadas de R$ 48.960,00 e o maior vendedor Agropecuária Fumaça, com
vendas totais de R$ 86.880,00.
Demanda aquecida
no Leilão Santa
Clara e convidados
Excelente média de preços dos
animais Angus e Cruza Angus no
32º Leilão de Elite Santa Clara
e Convidados, realizado em São
Borja, RS, em meados de abril.
Foram comercializados todos
os produtos da raça colocados à
venda.
O leilão incluiu outras raças
bovinas e também equinos, obtendo faturamento total de R$ 890
mil, segundo informou o proprietário da Santa Clara, selecionador
Edmundo Barbará Ferreira.
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Maio / Junho de 2011
EXPOSIÇÕES
Londrina mostrou crescimento da raça
Fotos: Devanir Parra/ABA
Por Eduardo Fehn Teixeira - enviado especial
A importante Expo Londrina 2011, que este ano teve o slogan
“o show de quem produz”, em sua 51ª edição, foi realizada de 7
a 17 de abril, no parque de exposições Governador Ney Braga,
em Londrina, PR. Integrante do circuito do Ranking Angus e totalmente coordenada e organizada pela Associação Brasileira de
Angus (ABA), a mostra de Angus aconteceu no chamado Segundo
Turno da exposição, de 12 a 17 de abril.
A mostra de Angus deste ano em Londrina recebeu 159 animais,
entre machos e fêmeas, apresentados por 29 expositores do Rio
Grande do Sul, do Paraná, de São Paulo e de Minas Gerais.
A programação foi intensa e variada. No dia 12, no recinto Milton Alcover, a ABA realizou o Seminário sobre Produção Carne;
O Jurado Norman Catto no grande momento - o tapa no quadril consagra um campeão
no dia 14, às 9 horas, promoveu o Curso de Jurado Jovem, no
mesmo dia às 17h aconteceu o julgamento dos lotes ofertados no
leilão e às 20h foi realizado o 4º Leilão Conexão Angus (chancelado pela ABA).
Os julgamentos de machos Angus de argola foram no dia 15, às
10h, na pista central do parque. Também no dia 15, às 20h, ocorreu o 1º Leilão Royal Angus (chancelado pela ABA) e os julgamentos
de fêmeas de argola foi feito às 10h do dia 16 de abril, também na
pista central do parque. Nos eventos, várias degustações da macia
e saborosa Carne Angus, organizadas pelo Programa Carne Angus
Certificada, e a confraternização e entrega de prêmios ocorreu a
partir das 18h do dia 16 de abril, no Estande Angus.
O jurado entre o presidente Paulo Marques e Tito Mondadori
EXPOSIÇÕES
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Machos e fêmeas encheram a pista e
prenderam a atenção dos criadores
Fotos: Devanir Parra/ABA
A
pesar da forte presença de criadores paulistas e paranaenses,
premiados nas fêmeas, foram
os animais apresentados por selecionadores gaúchos que, via de regra, ainda
roubaram a cena nos julgamentos de
machos na Expo Londrina. A genética
Angus do Rio Grande do Sul prevaleceu nos machos da raça, e nas apresentações das filas de fêmeas o sucesso de
selecionadores paulistas e paranaenses
evidenciaram que Angus é uma raça de
abrangência nacional.
A Expo Londrina é uma exposição
ranqueada da Associação Brasileira de
Angus (ABA), que sem dúvida é uma
das mais importantes do circuito da
raça no Brasil.
Vitórias nos machos
O touro ASD TE751 Payador,
de Antonino de Souza Dorneles,
proprietário da Estância Olhos
d’Água, em Alegrete, RS, ficou com
o título de Grande Campeão Angus
da mostra, numa pista pesada e que
mostrou muita qualidade ao jurado
escocês/argentino Norman Catto.
O selecionador Antonino, que foi a
Londrina junto com o filho, o técnico e experimentado cabanheiro Átila
Dorneles, não arredou pé da beira da
pista, no atento acompanhamento de
todos os passos do jurado, e festejou
a vitória.
O Reservado de Grande Campeão
foi Rincón Craque 1373, da Cabanha
Rincón del Sarandy, de Uruguaiana,
RS, da selecionadora gaúcha Cláudia
Silva, que acompanhada da presidente
do Conselho Técnico da ABA, criadora Susana Salvador (leia-se Cia Azul,
do Alegrete, RS), também teve toda a
atenção, vibrando com a vitória. E o
Terceiro Melhor Macho foi ASD 1000
TE Zorzal, também apresentado por
Antonino Dorneles.
O brilho e quantidade
de fêmeas
Neste setor, o destaque maior foi
do dedicado criador paulista Antonio
Maciel Neto, titular da FSL Angus
Itu - Fazenda São Luiz, Itu, SP. Ele
vibrou à beira da pista quando o jurado
apontou sua fêmea FSL I Ellys 770
como a Grande Campeã Angus da
Expo Londrina. Mais que satisfeito,
Maciel Neto deu um forte abraço em
seu técnico, Dan Ariel Szmaruk, sendo
também cumprimentado pelos criadores pela importante vitória.
Mas a Reservada Grande Campeã
foi a grande surpresa da tarde no parque de Londrina. A fêmea Paineiras
Brigadier ficou com o cobiçado título.
Foi levada à pista pelo novo criador de
Angus e tradicional cruzador Rogério
Francisco Stein, proprietário das
Fazendas Stein, Nova Laranjeiras /
Cascavel, PR. Ele festejou em grande
estilo, com toda a sua família, à beira
da pista, num misto de surpresa e
felicidade.
E o título de 3ª Melhor Fêmea da
mostra foi para Rincón Marqueza del
Sarandy, da parceria do atual presidente da ABA, o mineiro Paulo de Castro
Marques, titular da Casa Branca Agropastoril, com a gaúcha Cláudia Silva,
da premiada Rincón del Sarandy, de
Uruguaiana, RS. A fêmea foi apresentada em pista pelo exímio puxador e
cabanheiro Ignácio Tellechea, filho
mais velho de Cláudia.
Norman Catto: trabalho
íngreme, debaixo de um solaço
Debaixo de sol forte e tempo
muito quente e abafado, o jurado de
Angus da Expo Londrina, o escocês
radicado na Argentina Norman Catto,
teve muito trabalho na escolha das filas
de campeões.
Segundo ele, além da genética
excepcional, os machos eram muito
jovens, o que indica longa carreira
em pistas de julgamentos pelo Brasil.
Acentuou que o Grande Campeão e
o Reservado contavam com menos de
três anos de idade e que o 3º Melhor
Macho era ainda um bezerro recém
desmamado, com apenas sete meses
de idade.
Mas se nos machos as disputas
foram acirradas, nas fêmeas a pista
pesou ainda mais, tanto pela qualidade
como pelo número de animais. Catto
observou que não conhecia a pista de
Londrina, mas que cada vez que vem
ao Brasil vê cada vez menos animais
não tão bons.
Em Londrina, percebeu a presença de vários novos criadores, já com
animais que considerou no caminho
correto dentro do que se busca na raça.
Atribuiu este acerto aos técnicos que
estão orientando os criadores.
Disse ter visto especialmente
nas fêmeas animais com diferenças
acentuadas e chamou a atenção dos
criadores para o preparo. “É sempre
recomendável errar pelo excesso do que
pela falta de preparo quando se tratam
de animais de pista”, enfatizou.
Novos criadores animados com a raça
ro de nosso plantel”, comentou Letycia, cuja meta é a produção de touros
para o mercado na região. “Sabemos
que existe demanda e vamos nos dedicar para disseminar ainda mais a boa
genética Angus. Achamos interessante
nos julgamentos o uso de um jaleco
que é igual para todos os puxadores
dos animais, o que não revela ao jurado a propriedade dos exemplares”,
falaram os animados novos criadores
de Angus, que também realizaram
compras na Expo Londrina.
Na pesquisa,
deu Angus
Zootecnista, com mestrado em
Melhoramento Animal e especializada
em Bem Estar Animal, Ana Lúcia
Spironelli também decidiu apostar em
Angus. “Fiz uma criteriosa pesquisa
nos meios de pecuária e entre técnicos
e, como resposta, tive que Angus é a
melhor genética”, apontou, entusiasmada com o plantel que começou a
formar há cerca de dois anos em sua
Fazenda Santa Marta, na localidade de
Irerê, próximo a Londrina, PR.
Ana Lúcia não é bem o que se
poderia chamar de marinheira de
primeira viagem. Vem de família
do campo e na fazenda apostam em
cruzamentos para a produção de gado
comercial há duas décadas. “Mas
já temos 50 exemplares puros em
nosso plantel Angus e nossa meta é
chegar a 100 matrizes”. Ela expôs
um animal em Londrina e, além
dos cruzamentos industriais, quer
passar a se dedicar ao Angus puro,
visando a produção de matrizes
e de reprodutores para ofertar ao
mercado. Ana Lúcia pertence ao
Núcleo Feminino do Agronegócio,
que promove reuniões periódicas
em São Paulo, SP, para debater
assuntos do setor.
Fotos: Eduardo Fehn Teixeira / Agência Ciranda
Francisco Antonio Santos Mendes, natural de Palmas, SC, mas há
muitos anos estabelecido em Água
Doce, SC, onde junto com a filha,
Marina Letycia, tocam a Fazenda
São Raimundo, eram personagens
bastante atuantes e atentos a tudo
que acontecia envolvendo a raça
Angus na Expo Londrina. Há
cerca de quatro anos iniciaram a
criação de Angus registrado. “Mas
desde 81 usamos sêmen Angus para
cruzamentos. Optamos por Angus
porque precisávamos padronizar o
rebanho e tivemos sucesso”, disse
Marina Letycia.
Tanto pai como a filha fizeram
questão de participar do curso de
Jurado Jovem promovido pela Associação Brasileira de Angus (ABA) e
observaram que ficaram atentos aos
itens “critérios de julgamento e postura do jurado”. “Estar no curso e
acompanhar os julgamentos à beira
da pista foi importante para treinar
o olho. É mais um norte para o apu-
Francisco Antonio Santos Mendes e a filha, Marina Letycia
Ana Lúcia Spironelli
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EXPOSIÇÕES
Maio / Junho de 2011
Cruzas Angus valorizadas no Conexão Angus
Fotos: Devanir Parra/ABA
O 4º Leilão Conexão Angus, evento chancelado pela Associação
Brasileira de Angus (ABA) e focado no tipo de animal adequado
à praça de Londrina – cruzamentos industriais com Angus – foi
realizado com largo sucesso na noite de 14 de abril, no Recinto de
Leilões Abdel Karim Janene, durante a Expo Londrina. Totalmente
organizado pelo médico veterinário Antônio Francisco Chaves
Neto (Toninho), técnico da ABA baseado em Arapongas, PR, o
pregão reuniu três vendedores de Angus PO e 22 produtores de
cruzamentos com Angus.
C
om enorme sucesso, numa
pista veloz, alegre e limpa,
o Conexão Angus negociou
17 touros Angus PO pela média
de R$ 12.575,29, totalizando R$
213.780,00 neste setor, e mais 688
produtos Cruza Angus comercializados ao preço médio R$ 1.052,00,
num valor total de R$ 724.444,00.
Atuou ao martelo o leiloeiro Roberto
Leão, com o bastidor a cargo da leilo-
eira Rural Business.
“Esse leilão nasceu com a meta de
fomentar e de difundir o casamento perfeito: Angus x Zebu – neste casamento,
os padrinhos oferecem naturalmente
aos noivos o presente chamado heterose”, define Toninho, arrematando que
o Conexão Angus é uma ferramenta
para que os usuários da genética Angus
comercializem seus produtos para compradores de todo o Brasil.
Conforme o técnico, os bons
resultados do pregão devem-se ao
excelente trabalho primeiramente
reunindo animais de produtores de
ponta, depois com a produção dos
animais ofertados e aos resultados e
valor agregado que esses produtos
proporcionam aos seus compradores.
Para ele, o sucesso da promoção é todo
dos vendedores e dos compradores.
“Tivemos vários casos elogiáveis,
como por exemplo o da Fazenda
Modelo, que ofertou 80 novilhas
meio sangue Angus, que depois de
caminharem cinco quilômetros de um
campo para outro no MS, viajaram
mais mil quilômetros para encher os
olhos dos compradores na pista de
Londrina”, enfatizou.
Ele também destacou a participação das alianças mercadológicas
do Paraná – a Coopcarnes, de Londrina, participantes que com esforço
cederam lotes para apoiar o evento,
também a Cooperaliança, de Guarapuava, PR, que foi um dos bons
compradores e os frigoríficos Marfrig
e VPJ, entre outros.
Conforme Antonio Chaves Neto,
a qualidade do Conexão Angus
melhora ano a ano e nesta edição
foi uma superação, graças a uma
inovação criada a partir da terceira
edição: com o apoio da ABA, que
cede os técnicos que trabalham junto
Antônio Chaves Neto - Toninho
OS PREMIADOS
Os julgamentos dos lotes, realizado pelos técnicos da Aba que
atuaram no evento, tiveram os seguintes resultados:
Lote Campeão Bezerra
Adolpho Fonseca Paranaguá – Produtor Coopcarnes
Lote Reservado Campeão Bezerra
José Carlos Penacchi e Outros
Lote Campeão Bezerro
Adolpho Fonseca Paranaguá – Produtor Coopcarnes
Lote Reservado Campeão Bezerro
José Carlos Penacchi e Outros
Lote Campeão Novilha
Ricardo Antonioli Grassano
Lote Reservado Campeão Novilha
Ricardo Antonioli Grassano
Lote Campeão Garrote
Agropecuária Laffranchi
Lote Reservado Campeão Garrote
Isabel Alzira de Oliveira Bessa – Produtor Coopcarnes
Paulo Marques: o avanço
da raça no Brasil
Royal Angus promoveu a
raça na Expo Londrina
O 1º Leilão Royal Angus, promoção conjunta da Reconquista
Agropecuária, do selecionador gaúcho José Paulo Dornelles Cairoli,
de Alegrete, RS, e da Cabanha da
Corticeira, de Luis Anselmo Cassol, de São Borja, RS, chancelado
pela Associação Brasileira de Angus
(ABA) e realizado na noite de 15
de abril, no recinto Horácio Sabino
Coimbra, durante a Expo Londrina,
representou mais um sucesso da
genética Angus na feira paranaense.
Comandado pelo leiloeiro Guilherme Minssen, com o bastidor a
cargo da Premier Leilões, o pregão,
que ofertou fêmeas selecionadas
Angus, prenhezes e sêmen do grande
campeão da Exponter 2010, cravou
médias de R$ 12 mil, fechando com
faturamento superior aos R$ 400
mil. A fêmea Reconquista 1777
Rabisca N. Worth Nostradamus foi
o destaque do evento.
à Expo Londrina, foram realizados os
julgamentos de quatro categorias de
animais: bezerros, bezerras, garrotes
e novilhas. “E criamos prêmios que
foram entregues aos proprietários dos
lotes vencedores na pista, antes do
início do remate. Isso não só criou
um clima favorável à promoção,
como também serviu para orientação
aos compradores”, declarou.
Fêmeas,
Prenhezes e
sêmen foram
negociados
por R$ 400 mil
Paulo Marques, José Paulo Cairoli e Luis Anselmo Cassol
O presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA), Paulo de
Castro Marques, que esteve muito presente, conversando com todos os
criadores durante todos os momentos da importante feira de Londrina,
destacou a crescente presença de selecionadores de Angus, especialmente
do Sudeste e Centro Oeste.
“O Angus é a raça mais importante do Rio Grande do Sul e tem
destaque cada vez maior no Paraná e em São Paulo. Porém, é muito
agradável constatar o avanço da raça no Brasil Central. Isso apenas confirma o que dizemos sempre: o Angus é a raça perfeita para o cruzamento
industrial com o zebu”, frisou.
Para o dirigente, a raça Angus propiciou uma exposição fantástica em
Londrina. É um orgulho para a raça e para a ABA ter na pista animais de
genética excepcional, vindos de várias propriedades espalhadas por Rio
Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Minas Gerais”, disse, orgulhoso,
Paulo Marques.
>>>
EXPOSIÇÕES
Maio / Junho de 2011
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Vitória Angus nas avaliações de carcaças
A
raça Angus mostrou durante
a Expo Londrina por que
é considerada a produtora
da melhor carne do mundo. Nos
julgamentos de novilhos gordos no
recinto Abdelkarim Janene, Abate
Técnico e Avaliação de Carcaças,
provas realizadas durante a mostra
nos dias 13 a 15 de abril, sob a
coordenação da Sociedade Rural do
Paraná (promotora da feira), a Angus
venceu quatro e ficou em segundo lu-
gar em uma das cinco categorias que
integraram a competição, bastante
técnica e acompanhada de perto pelo
subgerente da Associação Brasileira
de Angus (ABA) e coordenador do
Programa Carne Angus Certificada
da entidade, Fábio Medeiros, juntamente com o técnico da ABA,
Antonio Chaves Neto.
Integraram a competição 34
animais jovens, sendo 24 exemplares representantes da genética
Angus, pertencentes a produtores
da Cooperaliança – Guarapuava,
PR; Coopcarnes – Arapongas, PR e
Marfrig Confinamentos. A ABA foi
representada no corpo de jurados da
prova pelo zootecnista Tito Mondadori, técnico da entidade.
Esses julgamentos, conforme o
técnico da ABA Antonio Chaves
Neto, foram realizados em duas
etapas. Na primeira, o fenótipo do
animal é avaliado por cinco juízes e
Fotos: Devanir Parra/ABA
Curso de Jurado Jovem
atraiu 22 participantes
representa 40% da nota. A segunda
etapa é a avaliação da carcaça no
frigorífico. Houve desossa de um
animal no parque, quando todos os
cortes também foram avaliados.
As avaliações envolveram análises
técnicas pré e pós abate para análise
dos quesitos: morfologia e conformação frigorífica, peso, rendimento
de carcaça, área de olho de lombo,
espessura de gordura subcutânea,
marmoreio e rendimento de carcaças,
além de outras características.
“Esse é mais um exemplo da
aptidão do Angus para o cruzamento
industrial e do comprometimento
dos criadores com as metas que estão
sendo focadas na raça. Os resultados
comprovam a excelente conformação
da raça, além da precocidade e do
acabamento. Isso sem contar a qualidade da carne, que é incomparável”,
definiu o presidente da ABA, Paulo
de Castro Marques.
Seminário debate
carne de qualidade
Ao final do curso, Luiz Sérgio de Faria, técnico da ABA, entrega um dos prêmios
“O objetivo maior deste curso
não é a formação de jurados, mas sim
mostrar às pessoas interessadas como
são escolhidos os campeões Angus”,
sai dizendo o seríssimo Flávio Montenegro Alves, técnico da Associação
Brasileira de Angus (ABA) e um dos
integrantes da equipe que realizou
no dia 9 de abril, durante a 51ª Expo
Londrina, em Londrina, PR, o IV
Curso de Jurado Jovem. Evento importante que integrou a programação
da ABA na destacada feira paranaense,
o curso chamou a atenção dos interessados na raça e reuniu 22 participantes
efetivos entre produtores, estudantes
e criadores especialmente do Paraná
e de Santa Catarina.
Com segmentos teóricos e práticos,
contou ainda com apresentações da
gerente da ABA, Juliana Brunelli, e de
Fábio Medeiros, subgerente da ABA Programa Carne Angus Certificada. As
palestras trataram de assuntos como
padrão racial, introdução ao julgamento de animais Angus e programas da
ABA, entre outros temas.
linha na escolha dos animais do início
ao final de seu trabalho”, sintetiza Flávio Alves, alegando ser indispensável
que o jurado também seja campeiro,
que tenha conhecimento da performance da raça na área de produção
de campo, porque ao escolher os
melhores animais na pista, precisa
valorizar o animal no campo, na sua
função. “Não basta que o exemplar
seja bonito, chamativo. Ele precisa
cumprir a sua função zootécnica”, diz
o especialista.
Mas além do trabalho da seleção
dos melhores animais em pista, Flávio
Alves chamou a atenção dos participantes do curso para algo que considera primordial para um jurado: “Não
basta conhecer a raça. O jurado tem
que ter postura e perfil adequados à
função. Ele precisa ser imparcial, sério,
correto e muito tranquilo em relação
às suas decisões, pois está analisando o
trabalho de anos do produtor”, sacramenta o técnico, que também já atuou
como jurado de classificação em várias
importantes exposições da raça.
Performance
no campo
“O importante é que o jurado
atente às características e fundamentos
buscados na raça e que siga a mesma
Novidade
O IV Curso de Jurado Jovem
da ABA apresentou uma novidade
importante para o aprendizado dos
participantes. Nas edições anteriores,
os alunos recebiam os bovinos fora
de ordem e, com o conhecimento
obtido nas aulas teóricas, tinham de
colocar os animais na ordem correta
de premiação, seguindo a cartilha da
associação. Já em Londrina, tiveram
também que argumentar, falando
sobre as características dos animais
escolhidos, de conformidade com o
que foi ensinado no curso. “E para
não haver interferência, cada um foi
ouvido individualmente”, informa
Flávio Alves.
Os campeões
O três primeiros colocados no
curso foram Bruno Grein, de Itaiópolis, SC; Francisco Antonio Santos
Mendes, de Água Doce, SC, e Eder
Eduardo Bublitz, de Cascavel, PR.
“Participar pela primeira vez
desse curso e já obter uma excelente
classificação foi muito gratificante. Há
muito tempo trabalho com a raça Angus e esse prêmio me motiva a investir
cada vez mais no aprendizado”, disse
Bruno Grein, 21 anos, acadêmico
de medicina veterinária e primeiro
colocado do curso.
Os participantes premiados no
curso são convidados a auxiliar os
jurados oficiais da ABA nas pistas de
julgamentos em todo o País.
As tendências na produção de carne de qualidade, a padronização
dos animais, a precocidade de acabamento e uma melhor remuneração
dos pecuaristas foram os temas básicos do Seminário sobre Produção
de Carne de Qualidade, que a ABA promoveu no dia 12 de abril, na
Expo Londrina, reunindo mais de 150 participantes.
Idealizado pelo técnico da ABA Antonio Francisco Chaves Neto
e focado num público formado por produtores rurais, técnicos e estudantes de ciências agrárias, conforme Fábio Medeiros, subgerente da
ABA e coordenador técnico do Programa Carne Angus Certificada, os
técnicos da Ultrabeef realizaram demonstração prática de avaliação de
carcaças pela técnica de ultrassonografia em animais vivos, que segundo
o dirigente, foi um dos destaques do evento.
Os benefícios da ferramenta IATF (inseminação artificial em tempo
fixo), que pode ser adotada em todo o País, considerada como um salto
no melhoramento genético, foi um dos temas do evento; Tendências
na produção de carne de qualidade; Vantagens da ultrassonografia
de carcaça no melhoramento genético e no confinamento; e palestra
sobre o Projeto Fomento Marfrig, que tem como base a padronização
dos animais a partir da genética diferenciada e a consequente melhor
remuneração dos produtores, estão entre os temas que foram tratados
no encontro, que contou com o apoio da Ouro Fino Saúde Animal,
Ultrabeef, Frigorífico Marfrig, Mamelle Assessoria e Programa Carne
Angus Certificada.
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Maio / Junho de 2011
EXPOSIÇÕES
DADOS DOS ANIMAIS CAMPEÕES DE LONDRINA
GRANDE CAMPEÃO
BOX: 163
Nome: ASD TE751 PAYADOR Tat: TE751
Nasc: 29/04/2008 Idade: 1079 Dias
Registro: O128668
Pai: TRES MARIAS 6241 PAYADOR TE
Peso: 1153
Mãe: OTTONO B1120 TE ASPRILLA
Perimetro Escrotal : 44
ALT: 1,45 DENTE: 6 FRAME: 6,00
Expositor: ANTONINO SOUZA DORNELES
Estabelecimento: ESTÂNCIA OLHOS
D’ÁGUA, ALEGRETE /RS
RESERVADO GRANDE CAMPEÃO
BOX: 159 Prêmio
Nome: RINCÓN CRAQUE 1373 DEL
SARANDY Tat: 1373
Nasc: 04/09/2008 Idade: 951 Dias
Registro: O127588
Pai: PASTORIZA 565 BRIGADIER TE
Peso: 1046
Mãe: SARABANA 117 TE FANTA Perimetro
Escrotal : 45,5
ALT: 1,45 DENTE: 4 FRAME: 6,00
Expositor: CABANHA RINCON DEL SARANDY
Estabelecimento: CABANHA RINCON DEL
SARANDY, URUGUAIANA /RS
3º MELHOR MACHO
BOX: 116 Prêmio
Nome: ASD 1000 TE ZORZAL Tat: TE1000
Nasc: 06/09/2010 Idade: 219 Dias
Registro: O142075
Pai: TRES MARIAS 6301 ZORZAL TE
Peso: 370
Mãe: ASD 782 PAYADOR PCH ORIGEM
Perimetro Escrotal: 28
ALT: 1,15 DENTE: DL
AOL: 76,90 EGS: 6,00 P8: 6,50
FRAME: 5,00
Expositor: ANTONINO SOUZA DORNELES
Estabelecimento: ESTÂNCIA OLHOS D’ÁGUA,
ALEGRETE /RS
GRANDE CAMPEÃ
BOX: 66 Prêmio
Nome: FSL I ELLYS 770 Tat: I 770
Nasc: 15/10/2009 Idade: 545 Dias
Registro: O134790
Pai: SAV HEAVY HITTER 6347 Peso: 551
Mãe: FSL D EURECA TE E25
ALT: 1,30 DENTE: DL
AOL: 75,10 EGS: 10,80 P8: 17,80
FRAME: 6,00
Expositor: FSL ANGUS ITU LTDA.
Estabelecimento: FAZENDA SÃO LUIZ, ITÚ/SP
RESERVADA GRANDE CAMPEÃ
BOX: 93 Prêmio
Nome: PAINEIRAS BRIGADIER Tat: 1594
Nasc: 08/11/2008 Idade: 886 Dias
Registro: O131270
Pai: PASTORIZA 565 BRIGADIER TE
Peso: 645
Mãe: PAINEIRAS STRYKER 1326
Est. Gest.: C/Cria
ALT: 1,36 DENTE: 4 FRAME: 6,50
Expositor: ROGÉRIO FRANCISCO STEIN
Estabelecimento: FAZENDA STEIN, NOVA
LARANJEIRAS /PR
3ª MELHOR FÊMEA
BOX: 100 Prêmio
Nome: RINCÓN MARQUEZA DEL
Tat: 1349
Nasc: 15/08/2008 Idade: 971 Dias
Registro: O127490
Pai: PASTORIZA 565 BRIGADIER TE
Peso: 718
Mãe: RINCÓN BARTOLITA 804 DEL
SARANDY Est. Gest.: Prenha
ALT: 1,33 DENTE: 2 FRAME: 6,00
Expositor: PARC. PAULO MARQUES E
RINCON DEL SARANDY
Estabelecimento: FAZENDA ÁGUA LIMPA,
FAMA /MG
Fotos: Devanir Parra/ABA
Grande Campeão
Reservado de Grande Campeão
Terceiro Melhor Macho
Grande Campeã
Reservada de Grande Campeã
Terceira Melhor Fêmea
Inédito: Angus na Superagro 2011
Isso mesmo. Pela primeira vez
a destacada exposição estadual mineira Superagro 2011 contou com
a presença, a título promocional, de
um grupo de animais selecionados
Angus, apresentados na mostra pela
Casa Branca Agropastoril, de Fama,
MG. “Levamos esses animais a esta
exposição para mostrar aos criadores,
que ficaram bastante interessados na
raça Angus, não muito conhecida por
lá”, observou o proprietário da Casa
Branca selecionador Paulo de Castro
Marques.
Atual presidente da Associação
Brasileira de Angus (ABA), Marques
igualmente expôs exemplares Angus,
que chamaram a atenção dos criadores, na importante exposição de
Uberaba, MG, conhecida como a
capital do zebu.
Campeões na vitrine
Na Superago 2011, realizada de
25 de maio a 5 de junho, no parque
de exposições da Gameleira/Expominas, em Belo Horizonte, MG, a Casa
Branca apresentou quatro animais
Angus. Dois tourinhos de plantel e
mais a fêmea Electra - Grande Cam-
peã da Nacional de Angus 2010 na
Feicorte – e o touro vermelho PWM
Ilustre, Grande Campeão de Araçatuba 2010 estiveram na vitrine.
“Na Superagro houve um grande
interesse por esses animais, tanto para
utilização em cruzamentos industriais
como para uso de touros Angus em
vacas de leite, visando o aproveitamento do bezerro e também das fêmeas, boas de leite”, pontua Gustavo
Nehemy Faria, Gerente de Angus da
Casa Branca Agropastoril, que esteve
na mostra prestando informações aos
interessados.
Foto: Carlos Lopes/Jol Multiple
RELATÓRIO ANUAL
Maio / Junho de 2011
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EXPOSIÇÕES
Maio / Junho de 2011
Na Expo Outono de Uruguaiana,
a nata do Angus
Fotos: Elder Filho/ABA
Por Eduardo Fehn Teixeira - enviado especial
A
nimais que mais parecem ter sido feitos na
forma, tamanha a padronização e a qualidade racial.
Assim tem sido, ano a ano, e foi
novamente agora, nas pesadas
filas de pista da 9ª Exposição
de Outono de Uruguaiana, a
3ª etapa do Ranking Nacional
Angus. Realizada em conjunto
pela Associação Brasileira de
Angus (ABA) e o Núcleo Três
Fronteiras de Criadores de
Angus, de 10 a 15 de maio, no
parque de exposições do Sindi-
cato Rural daquele município
da Fronteira Oeste gaúcha, a
mostra reuniu 109 animais (67
fêmeas e 42 machos), expostos
por 19 criadores, todos do Rio
Grande do Sul.
Melhor
parecia impossível
O presidente do Núcleo
Três Fronteiras, selecionador
Sérgio Tellechea, ficou surpreso que edição após edição, a
qualidade sempre cresce. “Os
Ignácio Tallechea e Renato Pinto Paiva na entrega de prêmios
julgamentos foram decididos
nos detalhes”, diz ele, avaliando
que, a cada realização, parece
que o apuro dos animais alcançou o limite. “Parece que melhor é impossível. Mas aí vem
o ano seguinte, e se descobre
que a representação ficou ainda
melhor. Que é mesmo uma
prévia da Expointer”, orgulhase o dirigente.
Na mesma linha argumenta
o técnico da ABA responsável
pela organização funcional da
exposição. Renato Pinto Paiva, que inclusive secretariou
os julgamentos de classificação e participou, junto com
Ignácio Silva Tellechea
Sérgio Tellechea, presidente do Núcleo Três Fronteiras
Sérgio Tellechea, de todos
os momentos da promoção,
observou que há nove anos,
quando da preparação para a
primeira edição, a exposição
realmente deu muito trabalho.
“Havia certa dúvida entre os
criadores sobre a
importância da
participação e da
efetiva realização
da exposição nesta época”, lembra
ele. “Mas depois
que foi feita a
primeira edição,
as incertezas se
tornaram vibração pura, e aí foi
só repetir suces-
sos, ano a ano”, descreve o
satisfeito Paiva.
Os selecionadores Antonio
Martins Bastos Filho (Antoninho Bastos, que além de criador é jurado internacional de
Angus), que junto com o experiente Ângelo Bastos Tellechea,
acompanharam atentamente os
desdobramentos das filas Angus,
até o tapa no quarto que marcou os grandes campeonatos,
se apressaram em certificar que
“o foco da raça hoje é nacional,
e todos os criadores estão alinhados em metas comuns na
busca do tipo ideal de Angus”.
Em Uruguaiana, o frame esteve
entre cinco e seis, biotipo que se
mostra ideal para a raça.
EXPOSIÇÕES
Maio / Junho de 2011
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Ariel Macagno mostrou a que veio
Fotos: Elder Filho/ABA
Em Uruguaiana, o nível Angus e a perfeita atuação do jurado argentino Nelso Ariel Macagno foram unanimidades marcantes. Ali se viram alguns dos melhores exemplares Angus
das mais conceituadas cabanhas da região da Fronteira gaúcha (berço da raça no Brasil), além
de uma atuação tranqüila, segura e impecável de Macagno na eleição dos campeões.
Com simpatia e humildade, ele mostrou por que é considerado um dos mais experientes
jurados da raça na América Latina, com três participações na apuradíssima exposição de
Palermo, em Buenos Aires, na Argentina, e ainda presenças marcantes como jurado nas
pistas de Angus da Expointer, em Esteio, RS, em Londrina, PR e mais recentemente em
Avaré, SP. Pudera. Ele fez seu primeiro julgamento em Palermo, aos tenros 14 anos, em
pista para treinamento de jovens jurados. Está à frente da Cabaña Coni Antú e julga há
mais de 20 anos.
Pela segunda vez atuando como jurado na Expo Outono de Uruguaiana (atuou antes
em 2009), Macagno enfatizou o ganho genético e a padronização dos animais. “Percebi
a evolução”, resumiu, observando que o que mais gostou na fila de fêmeas foi que todas
tinham o mesmo tipo, e todas com frame 5 a 5,5. Deu o prêmio para uma vaca que estava
com cria ao pé e prenha. “Mas qualquer das três finalistas poderia ser a grande campeã”,
sentenciou.
Nos machos, pista também pesada, final com seis bons touros, onde a exemplo das fêmeas,
o jurado alegou que qualquer deles merecia o título máximo, tal a qualificação.
Joaquín Juarez, Ariel Macagno, Sérgio Tellechea e Renato Paiva
Onde estão os pioneiros, também há novos
Caren Ferreira do Nascimento e Licério Vicente Padoin
Henrique e Vanessa Feldman, da Cabanha Passo Largo
Isso mesmo. Lá pelas bandas da Fronteira
Oeste Gaúcha também tem novos criadores
de Angus. Aliás, dizem que é o que mais
tem ...
É o caso de Frederico Pons, da Cabanha
Santa Ângela, de Uruguaiana, RS. Ele cria
Angus, de plantel, há cerca de três anos. Se
rendeu à raça graças aos argumentos do tio,
Antoninho Martins Bastos Filho. “Inclusive
já fazem três anos que vendo fêmeas no remate dele, lá na São Bibiano”, informou.
Mas contou que já lidava com Angus PC
desde 2007. Está investindo na produção de
reprodutores para seu uso e também para
ofertar ao mercado.
Frederico já participa do Programa
Carne Angus Certificada, da Associação
Brasileira de Angus (ABA), entregando animais para abate no Frigorífico Marfrig. Levou
animais para Uruguaiana e, ao lado da esposa
Andressa, não tirava o olho da pista, nos dois
dias de julgamentos. “A genética Angus vai
conquistar todo o Brasil”, avisa ele.
Da terra de outra raça
Igualmente colados na pista de Uruguaiana e fazendo contatos com outros criadores
estavam o médico Licério Vicente Padoin
e sua esposa, a psicóloga Caren Ferreira do
Nascimento. São donos da Cabanha Virgínia,
de Júlio de Castilhos (terra berço de uma
outra raça ...), onde começaram a criar Angus
em 2009.
“Fomos apresentados ao Felipe Cassol, da
Frederico Pons e esposa
Cabanha da Corticeira, pelo técnico da ABA
Joel Scroferneker, e por aí a coisa se desenvolveu mais fácil”, acusaram.
Eles tem planos ousados. Desenvolvem
agricultura na região de Júlio de Castilhos e
querem disseminar a genética Angus naquela
zona do Estado, “onde ainda há muito espaço
a ser ocupado”, dizem os dois, mais que enfezados. “Por lá existem alimentação boa e barata
(grãos) e também muita pastagem”, revelam
Caren e Licério, que trabalham na cabanha
com 18 animais e já apresentaram na expo de
Uruguaiana um casal para julgamento.
Segurança e resultado
Mas a moçada Angus não parou por
aí. Também de olhos colados nas eleições
do jurado argentino Ariel Macagno estava
o casal Henrique e Vanessa Feldman, da
Cabanha Passo Largo (Norberto Feldman),
que viajaram de Cachoeira do Sul para
“treinar o olho no Angus da Fronteira”.
Eles começaram em 2009 e entre Angus e
Brangus já são 100 matrizes.
“Chegamos no Angus porque percebemos que é mesmo a raça certa para produzir com segurança e resultado”, afirma
Henrique.
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EXPOSIÇÕES
Maio / Junho de 2011
Vendas e confraternização
Fotos: Gabriel Becco e Elder Filho/ABA
Foi no sábado, dia 14, à noitinha, na pista do parque de exposições
de Uruguaiana. O remate, organizado pelo Núcleo Três Fronteiras, teve
o comando do martelo à cargo do leiloeiro Fábio Crespo, com o bastidor
pela leiloeira Tellechea & Bastos.
Em ambiente alegre e bastante amistoso, o pregão, praticamente simbólico e com a renda revertida ao Núcleo Três Fronteiras, negociou, conforme o
diretor da Tellechea & Bastos, Pedro Tellechea, um total de R$ 9 mil, com
a venda de 11 pacotes de 10 doses de sêmen e de duas aspirações de FIV.
Os produtos vendidos foram doados pelas empresas: Embrio Sul (aspirações de fiv), e doses de sêmen por Alta/Ciale, ABS Pecplan, C.O.R.T
Genética Brasil, Semex, Slução Genética e Genética Global.
Fotos: Elder Filho/ABA
Grande Campeão
Reservado de Grande Campeão
Terceiro Melhor Macho
Grande Campeã
Reservada de Grande Campeã
Terceira Melhor Fêmea
DADOS DOS ANIMAIS CAMPEÕES DE URUGUAIANA
GRANDE CAMPEÃO
BOX: 104
Nome: PAINEIRAS LUCKY ZORZ Tat: TE5294
Nasc: 15/10/2009 Idade: 576 Dias
Registro: O136796
Pai: TRES MARIAS 6301 ZORZAL TE Peso: 838
Mãe: PAINEIRAS GRAN CANYON DOROTHY 4469 TEI
Perimetro Escrotal : 43
ALT: 1,39 DENTE: DL
AOL: 69,00 EGS: 5,80 P8: 11,00FRAME: 6,00
Expositor: LILA FRANCO TELLECHEA
Estabelecimento: CABANHA PAINEIRAS
Cidade: URUGUAIANA /RS
RESERVADO GRANDE CAMPEÃO
BOX: 118
Nome: ASD TE751 PAYADOR Tat: TE751
Nasc: 29/04/2008 Idade: 1110 Dias
Registro: O128668
Pai: TRES MARIAS 6241 PAYADOR TE Peso: 1225
Mãe: OTTONO B1120 TE ASPRILLA Perimetro Escrotal : 42
ALT: 1,50DENTE: 4 FRAME: 6,00
Expositor: ANTONINO SOUZA DORNELES
Estabelecimento: ESTÂNCIA OLHOS D’ÁGUA
Cidade: ALEGRETE /RS
3º MELHOR MACHO
BOX: 117
Nome: RINCÓN CRAQUE 1373 DEL SARANDY Tat: 1373
Nasc: 04/09/2008 Idade: 982 Dias Registro: O127588
Pai: PASTORIZA 565 BRIGADIER TE Peso: 1135
Mãe: SARABANA 117 TE FANTA Perimetro Escrotal : 45
ALT: 1,45 DENTE: 4 FRAME: 6,00
Expositor: CABANHA RINCON DEL SARANDY
Estabelecimento: CABANHA RINCON DEL SARANDY
Cidade: URUGUAIANA /RS
GRANDE CAMPEÃ
BOX: 67
Nome: LC SPERANZA FIV S150 Tat: TES150
Nasc: 13/04/2009 Idade: 761 Dias Registro: O132393
Pai: TRES MARIAS 7033 CANDOMBE 6164 TE Peso: 624
Mãe: RINCÓN HERANÇA TE011 ROB DEL SARANDY
Est. Gest.: C/Cria
ALT: 1,31 DENTE: DL
AOL: 71,00 EGS: 6,00P8: 11,00 FRAME: 5,00
Expositor: LUIZ ANSELMO CASSOL
Estabelecimento: CABANHA DA CORTICEIRA
Cidade: SÃO BORJA /RS
RESERVADA GRANDE CAMPEÃ
BOX: 73
Nome: ESPINILHO TE33 Tat: TE33
Nasc: 01/09/2008 Idade: 985 Dias Registro: O131128
Pai: SAV NET WORTH 4200 Peso: 736
Mãe: OTTONO B1558 TE LÁBIA Est. Gest.: C/Cria
ALT: 1,33 DENTE: 4 FRAME: 5,00
Expositor: ROBERTO SOARES BECK
Estabelecimento: ESTÂNCIA DO ESPINILHO
Cidade: CRUZ ALTA /RS
3ª MELHOR FÊMEA
BOX: 32 Prêmio
Nome: LC TIFANI T1192 CANDOMBE Tat: T1192
Nasc: 04/05/2010 Idade: 375 Dias
Registro: O141994
Pai: TRES MARIAS 7033 CANDOMBE 6164 TE
Peso: 411
Mãe: QUITELA 539 DA CORTICEIRA
ALT: 1,16 DENTE: DL
AOL: 51,00 EGS: 7,50 P8: 10,00 FRAME: 4,00
Expositor: LUIZ ANSELMO CASSOL
Estabelecimento: CABANHA DA CORTICEIRA
Cidade: SÃO BORJA /RS
Maio / Junho de 2011
exposições
37
Sangue novo no Outono Angus Show
O 7º Outono Angus Show, realizado de 25 a 28 de maio,
no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, RS, durante a
Fenasul, foi abrilhantado este ano com o retorno da promoção do
Leilão Red Concert, com oferta de Angus selecionado da Cabanha
Catanduva, que aconteceu na noite de 27, no parque (e que teve
também o leilão Catanduva Crioulos, no dia 26, com oferta de
equinos Crioulos), integrando a programação do evento. Sangue
novo, que deu vitalidade aos resultados financeiros da exposição
neste ano. O Angus Show, somando todas as vendas (menos as de
Crioulos), totalizou R$ 773.930,00.
A
exposição Outono Angus
Show teve a participação de
11 expositores, que levaram
à pista de julgamentos 49 animais de
argola, e de mais dois expositores que
apresentaram cinco trios (15 animais)
de Angus rústicos. A raça contou
ainda com a realização, com amplo
sucesso (veja na reportagem sobre
Feiras de Terneiros, nesta edição),
Grande Campeão
da Feira de Terneiros, Terneiras e
Vaquilhonas 100% Angus.
Marques presente
Participante ativo dos principais
momentos da mostra, o presidente da
Associação Brasileira de Angus (ABA),
Paulo de Castro Marques, elogiou a
dedicação do Núcleo Centro Litorâneo de Angus (promotor da exposição
juntamente com a ABA), dirigido
pelo criador João Wolf, que segundo
o dirigente da ABA, cativou a atenção
de criadores da região e também de
outros pontos do Estado gaúcho.
“Precisamos de núcleos tão fortes
e eficientes quanto a raça Angus,
para promover a genética em todos
os cantos do País”, destacou. Ele
também elogiou os animais expostos,
que “estavam de acordo com o tipo
de Angus que precisa ser buscado na
atualidade”, disse Marques.
Jurado internacional
O selecionador uruguaianense
Antonio Martins Bastos Filho, consagrado jurado internacional de Angus,
apontou os campeões do Angus Show.
“Deixo meus parabéns aos criadores
proprietários dos exemplares expostos
nesta exposição. Os animais estão no
biótipo correto e são legítimos propagadores da genética Angus”, definiu
Reservado de Grande Campeão
Antoninho.
Novo criador
Alguns novos criadores de Angus
surgiram neste Angus Show. Entre
eles está Flávio Gomes de Oliveira,
proprietário da Fazenda Santa Clara,
em Caxias do Sul, na região serrana
do RS. “Procuro participar e estar de
olho, na busca de novos animais”,
revelou.
Ele trabalha junto com a esposa,
Caroline Golin Porto. São veterinários por formação e já detém um
plantel de 47 animais selecionados.
“Nosso foco é a produção de
terneiros, que é um mercado diferenciado”, anunciou Flávio, observando
que em pouco tempo já vão estar
fornecendo novilhos para abate no
Programa Carne Angus Certificada.
Os negócios
Apregoados pelo leiloeiro Gui-
Grande Campeã
lherme Minssen, o remate do evento,
realizado na tarde de 28 de maio, na
pista de rústicos do parque de Esteio,
RS, totalizou R$ 82.250,00, com a comercialização de 35 animais Angus.
As fêmeas PC se venderam à
média de R$ 1.975,00; as fêmeas PO
foram valorizadas á média de R$ 3,75
mil e os touros PO foram cotados à
média de R$ 5,9 mil.
Um touro PO, que foi um dos
destaques da tarde, foi arrematado
por João Wolf, da Cabanha dos
Tapes, por R$ 6,75 mil. Este touro
foi apresentado à venda pelo Haras
Warszawski, de Léo Warszawski.
Nas fêmeas, a venda da tarde
ficou por conta da Cabanha M3K,
do selecionador Lindo Cristaldo, que
apresentou o exemplar arrematado
por Paulo de Castro Marques pela
soma de R$ 5,25 mil.
Reservada de Grande Campeã
DADOS DOS ANIMAIS CAMPEÕES DO OUTONO ANGUS SHOW
GRANDE CAMPEÃ
Nome: ESPINILHO TE33 Tat: TE33
Nasc: 01/09/2008 Idade: 997 Dias
Registro: O131128
Pai: SAV NET WORTH 4200 Peso: 740
Mãe: OTTONO B1558 TE LÁBIA
Est. Gest.: C/Cria
ALT: 1,34 DENTE: 4 FRAME: 5,50
Expositor: ROBERTO SOARES BECK
Estabelecimento: ESTÂNCIA DO ESPINILHO
Cidade: CRUZ ALTA /RS
RESERVADA GRANDE CAMPEÃ
Nome: ESPINILHO TE 78 Tat: TE78
Nasc: 05/05/2010 Idade: 386 Dias
Registro: O142065
Pai: PASTORIZA 565 BRIGADIER TE
Peso: 446
Mãe: RINCÓN BALONÊ 955
ALT: 1,26 DENTE: DL FRAME: 6,00
Expositor: ROBERTO SOARES BECK
Estabelecimento: ESTÂNCIA DO ESPINILHO
Cidade: CRUZ ALTA /RS
3ª MELHOR FÊMEA
Nome: MAYA TE131 FLORIDA Tat: TE131
Nasc: 26/07/2009 Idade: 669 Dias
Registro: O136378
Pai: SAV 8180 TRAVELER 004 Peso: 674
Mãe: CATANDUVA IMPALA STRYKER 4128TE68 Est. Gest.: Prenha
ALT: 1,36 DENTE: R2 FRAME: 7,00
Expositor: ZULEIKA BORGES TORREALBA
Estabelecimento: CABANHA DA MAYA
Cidade: BAGÉ /RS
GRANDE CAMPEÃO
Nome: BB DON QUIXOTE QUEBRANTADOR
Tat: 730 Nasc: 28/08/2009 Idade: 636
Dias Registro: O136828
Pai: RUBETA 4444 QUEBRANTADOR TE
Peso: 792
Mãe: BB TAPIOCA QUEBRACHO 386
Perímetro Escrotal : 39,5
ALT: 1,35 DENTE: DL FRAME: 5,00
Expositor: FÁBIO GOMES, FABIANA GOMES E
ZULEIKA TORREALBA
Estabelecimento: CABANHA CATANDUVA
Cidade: CACHOEIRA DO SUL/RS
RESERVADO GRANDE CAMPEÃO
Nome: MAYA 97 ELEUTÉRIO BRIGADIER
Tat: 97 Nasc: 08/10/2008 Idade: 960 Dias
Registro: O128233
Pai: PASTORIZA 565 BRIGADIER TE
Peso: 984
Mãe: MAYA 33 CAMÉLIA JOÃO LANO NANINE
Perímetro Escrotal : 41,5
ALT: 1,40 DENTE: 6 FRAME: 5,50
Expositor: ZULEIKA BORGES TORREALBA
Estabelecimento: CABANHA DA MAYA
Cidade: BAGÉ /RS
3º MELHOR MACHO
Nome: MAUFER 014 TE KILA ZORAL
Tat: 014TE
Nasc: 21/06/2010 Idade: 339 Dias
Registro: O141964
Pai: TRES MARIAS 6301 ZORZAL TE
Peso: 490
Mãe: ASD 618 MAJOR GEMADA KILA
Perímetro Escrotal : 32
ALT: 1,22 DENTE: DL FRAME: 5,00
Expositor: MAURÍCIO E FERNANDO L.
WEIAND
Estabelecimento: CABANHA MAUFER
Cidade: CRUZEIRO DO SUL /RS
RÚSTICOS
MACHOS PO
TRIO GRANDE CAMPEÃO
Lote 2 (tat.: WP008, WP010, WP013) –
expositor: Cabanha HT Angus, Fazenda do
Butiá – Camaquã/RS
TRIO RESERVADO GRANDE
CAMPEÃO
Lote 1 (tat.: WP026, WP028, WP029) –
expositor: Cabanha HT Angus, Fazenda do
Butiá – Camaquã/RS
MELHOR TOURO RÚSTICO PO
Lote 1 – Tat.: WP028 – expositor: Cabanha
HT Angus, Fazenda do Butiá – Camaquã/RS
MACHOS PC
TRIO GRANDE CAMPEÃO
Lote 3 (tat.: 115, 116, 158) – expositor:
Carlos Inácio Talavera Campos, Agropecuária
Albardão – Santa Vitória do Palmar/RS
TRIO RESERVADO GRANDE
CAMPEÃO
Lote 4 (tat.: 095, 0107, 098) –
expositor: Carlos Inácio Talavera Campos,
Agropecuária Albardão – Santa Vitória do
Palmar/RS
MELHOR TOURO RÚSTICO PC
Lote 3 Tat.: 158 – expositor: Carlos Inácio
Talavera Campos, Agropecuária Albardão
– Santa Vitória do Palmar/RS
FÊMEAS PC
TRIO GRANDE CAMPEÃO
Lote 5 (tat.: 2956, 2959, 2967) –
expositor: Carlos Inácio Talavera Campos,
Agropecuária Albardão – Santa Vitória do
Palmar/RS
MELHOR FÊMEA RÚSTICA PC:
Lote 5 Tat.: 2956 – expositor: Carlos
Inácio Talavera Campos, Agropecuária
Albardão – Santa Vitória do Palmar/RS
38
Maio / Junho de 2011
artigo
O Potencial Reprodutivo dos Touros
A predição do potencial reprodutivo do touro, utilizado na monta natural,
vem sendo avaliada pelo exame andrológico desde a década de 20, contudo ainda
existem limitações nesse tipo de avaliação da fertilidade. Esse tema, ora esquecido
na academia e pelos pecuaristas, voltou com força por ocasião do XIX Congresso
de Reprodução Animal, que ocorreu de 25 a 27 de maio deste ano, em Recife.
Nele foi evidente que o cuidado com os touros precisa ser considerado como de
grande relevância, pois na monta a campo, ele é o responsável por mais de 90%
dos bezerros nascidosl.
Por Sílvio Renato Oliveira Menegassi 1
Vanessa Peripolli 1
& Júlio O.J. Barcellos 2
O
potencial reprodutivo do touro é a
soma de fatores inerentes à reprodução, como idade a puberdade,
qualidade do sêmen, perímetro escrotal, libido
e habilidade física. Destes, a idade à puberdade e
o perímetro escrotal (PE) têm forte componente
tem alta herdabilidade e influencia o potencial
das filhas desses reprodutores. Além do mais,
características comportamentais entre os animais possibilitam diferentes respostas dentro
dessas potencialidades dos touros. O manejo
inadequado também pode interferir na resposta
dessas potencialidades, bem como o ambiente
e suas adversidades.
O uso inadequado dos machos aumenta a
demanda de touros, ocasionando a utilização
de reprodutores sem seleção pela fertilidade
e precocidade, características que podem ser
mensuradas por meio do exame andrológico.
Avaliam-se neste exame o sêmen, a biometria
testicular, o comportamento sexual e os aspectos
físicos dos touros, que invariavelmente, trabalham a campo e são extremamente exigidos a
montar mais de uma vez, em mais de uma vaca
em cio, muitas vezes ao dia.
As variações encontradas entre os autores
reforçam a necessidade de se realizar o exame
andrológico periodicamente. Estas variações
são conseqüências da grande gama de informações obtidas através deste exame, pois nele
são considerados: a idade do touro, a raça, o
estágio e o local em que se encontra a propriedade avaliada, as etapas realizadas neste exame
e mesmo o técnico que o realiza, mostrando
que a reprovação de touros inaptos está sujeito
a muitas variáveis, e por isso a necessidade de
periodicamente serem avaliadas. Além disso,
durante o período de reprodução podem
ocorrer algumas patologias nos touros que
estão sendo utilizados, pois quando mais um
touro trabalha, maior sua suscetibilidade de ser
acometido, principalmente por lesões de caráter
físico, doenças parasitárias, ou por doenças
infectocontagiosas. (Veja gráfico 1)
Os efeitos da qualidade do sêmen do touro
na eficiência reprodutiva do rebanho de cria
são bem documentados, mas modestamente
entendidos. Nossa habilidade para usar in vitro
a avaliação do sêmen e predizer a fertilidade potencial de uma amostra desse sêmen, raramente
explica mais do que 50% a 60% desta variação
entre touros.
Na Austrália, pesquisadores deixaram bem
clara a dificuldade de selecionar touros pela
fertilidade, por ser esta multifatorial. Quando
235 touros previamente selecionados quanto à
fertilidade foram acasalados em 10 diferentes
lotes de multi-touros, foi verificado que 14%
O prognóstico da fertilidade dos touros
pode apresentar resultados variados no campo, pois como já foi mencionado, alterações
degenerativas testiculares, em função de fatores
climáticos estressantes podem permitir que o
diagnóstico reprodutivo seja alterado durante
o período da estação de monta.
Outra possibilidade é quanto ao número
de vacas, efetivamente ciclando no rebanho.
Se esse índice for baixo, as taxas de prenhez
obtidas pelo desempenho de touros excelentes
e regulares podem ser semelhantes. Quando se
usam múltiplos touros em rebanhos de cria,
como acontece no Brasil, com relação touro
/vacas muitas vezes inapropriadas, touros de
alto desempenho compensam touros de baixo
desempenho, quando estes não possuem hierarquia sobre aqueles.
Em várias partes do mundo se percebe
que, apesar de todo o conhecimento técnico
Figura 1: “Para a otimização de um touro como multiplicador de fertilidade em um rebanho de cria, o manejo, talvez seja o que necessite do
maior ajuste, pois vários fatores interferem: sanidade, genética, nutrição,
comportamento e ambiente; e constata-se que cada vez mais, precisamos
saber mais sobre essas inter-relações para que o fator econômico (rentabilidade) seja atendido e assim tenhamos a sustentabilidade do sistema”.
dos touros geraram 30% de bezerros, 58% dos
touros geraram 10% ou menos de bezerros, e
6% dos touros não geraram nenhum bezerro,
demonstrando que em regiões tropicais como a
Austrália e o Brasil*, a morfologia espermática,
quando dentro de padrões estabelecidos (com
mais de 75% de espermatozóides sem alteração) foi à característica que melhor explicou o
nascimento dos bezerros. Os autores também
concluíram que nenhum fator isolado pode ser
utilizado como preditor da fertilidade.
Destacamos aqui que os fatores climáticos
podem ocasionar, muitas vezes, degenerações
testiculares, tornando os touros subférteis e/
ou inférteis.
adquirido, muitas vezes seleciona-se touros que
no campo, não apresentam o desempenho esperado. Isto seria explicado pelos altos percentuais
de reprovação de touros encontrados, quando se
realiza a etapa do exame comportamental (libido e habilidade física), etapa esta nem sempre
realizada pelos veterinários, o que ocasiona um
vazio no nascimento dos bezerros.
A falta de libido e de habilidade física
apresenta taxa de reprovação significativa entre
os touros, tanto quanto as demais etapas do
exame andrológico (exame clínico geral, especial e seminal). Isto demonstra a importância
da verificação de patologias pertinentes a esta
etapa do exame, pois ao deixar de realizá-la, o
veterinário pode incorrer em erros que só poderão ser recompensados na próxima temporada
de acasalamento.
Além disso, avaliações mais criteriosas e
predição de fertilidade potencial individual de
touros vêm sendo sugeridas através de provas
complementares, procurando-se medidas
associadas a marcadores de alta fertilidade no
sêmen como: Proteínas Ligadoras de Fosfolipídios (BSPs), Proteínas Ligadas a Heparina,
Prostaglandina D Sintetase, Osteopontina,
Fosfolipase A2 entre outras, que atuam na capacitação do espermatozóide desde o ejaculado
até o trato reprodutivo da fêmea.
Com o propósito de obter resultados que
demonstrem maior repetibilidade na avaliação
da morfologia tanto quanto na função espermática, diversas técnicas laboratoriais têm sido
desenvolvidas. Surgiram sistemas que utilizam
a análise computadorizada de imagens, métodos
de “coloração” empregando corantes fluorescentes (sondas fluorescentes) em microscopia
de epifluorescência ou citometria de fluxo, que
aumentaram a possibilidade de uma análise
mais criteriosa da integridade estrutural dos
espermatozóides.
Componentes moleculares dos espermatozóides, ou dos meios que os cercam,
influenciam a capacidade fecundante destas
células. Dado tal conceito, proteínas do plasma
seminal modulam cruciais funções e processos
da reprodução, como a motilidade e capacitação
espermática, proteção celular, reação acrossômica e fertilização.
Defende-se que há um número limitado
de mecanismos pelos quais a membrana do
espermatozóide pode responder a desafios
deletérios, levando a uma trilha previsível de
biomarcadores detectáveis. Desafios potenciais
incluem elementos patogênicos, especialmente
vírus, que podem danificar o espermatozóide
diretamente, além de serem transmitidos no
sêmen com implicações importantes para a
reprodução natural e artificial.
As relações entre índices de fertilidade e
proteínas seminais em determinadas espécies
indicam que estas têm o potencial de serem
identificadas como marcadores bioquímicos
da capacidade reprodutiva do macho. Além
disso, parece claro que a seleção de futuros
touros através do uso de marcadores moleculares, ferramenta de fundamental importância
nas biotecnologias agora aplicadas, também à
fertilidade dos machos, possibilitará, além do
ganho genético, a redução no tempo de seleção
desses touros.
* NESPRO-UFRGS: www.nespro.ufrgs.br
1
Programa de Pós-Graduação em Zootecnia,
Faculdade de Agronomia – UFRGS/NESPRO.
E-mail*: [email protected]
2
D.Sc. Professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul. Coordenador do NESPRO
Maio / Junho de 2011
39
Catanduva Red Concert: O requinte da Angus
Fotos: Divulgação
A
venda de 50% da terneira
(bezerra) “Catanduva Unique
TE 418F” por R$ 96 mil, foi
o grande destaque de pista do seletivo
Leilão Catanduva Red Concert, cuja
quarta edição foi realizada na noite de
27 de maio, durante o Outono Angus
Show (Fenasul), no restaurante internacional do Parque Assis Brasil, em
Esteio, RS. Com seis meses de idade
e irmã da campeoníssima “Catanduva
Mandala”, “Unique” foi adquirida
pela Cabanha TNT, de Bagé, RS,
de propriedade do carioca Gonsalo
Torrealba.
Antes de o animal ser apresentado
na pista pelo leiloeiro Guilherme
Minssen, o promotor do pregão, selecionador Fábio Gomes, proprietário
da Cabanha Catanduva, de Cachoeira
do Sul, RS, havia informado que a
renda da venda da terneira teria como
destino o Instituto do Câncer Infantil
de Porto Alegre. E o lance surpreendeu a todos os presentes, numa platéia
formada por selecionadores de Angus
de todo o Brasil. “Estou muito emocionado e agradecido pela valorização
deste animal, especialmente porque
este valor será doado a uma instituição de tamanha importância para a
sociedade como o Instituto do Câncer
Infantil”, declarou Gomes.
O remate teve faturamento de R$
691.680,00, com a comercialização
de 38 matrizes prenhas de 2 e 3 anos,
doadoras comprovadas e vacas com
cria. Mas entre outros destaques realizados na pista, ênfase também para
a tradicional fala de Fábio Gomes,
Eduardo Xavier e Fabiana Gomes
que num flash de amplo domínio das
palavras realizou profunda análise do
mercado Angus de elite, falando também de seu trabalho e da qualidade da
carne Angus, das ações de mercado
da Associação Brasileira de Angus,
do futuro da raça e da dedicação dos
criadores de Angus no Brasil.
E foi igualmente ponto alto da
promoção organizada por Fábio Gomes e sua filha Fabiana, considerada
de muito bom gosto pela maioria dos
participantes, a apresentação do conjunto Tango’s Show, que mostrando
Fábio Gomes
alguns clássicos da cultura musical
argentina, encantou a todos.
Outros pontos altos do leilão foram os exemplares “Catanduva Foja
Bay Nost 798 TE” e “Catanduva
533 Latina Delegado”, vaca doadora
símbolo de fertilidade da Catanduva
com produção de cerca de 15 de
embriões viáveis por coleta e mãe de
“WAF Miss Brazil”, novilha sensação
do Fórum Mundial do Angus ocorrido no Canadá em 2009. Ambos os
exemplares foram adquiridos por R$
57,6 mil.
Novidade também foi uma oferta
importante de matrizes da Argentina,
criadas a partir de parcerias e atuações
da Cabanha Catanduva naquele país
com a Cabaña Santa Sergia e com a
Cabaña Casamu, ambas localizadas na
província de Buenos Aires. O leilão
negociou ainda fêmeas importadas do
Uruguai da Cabanha La Coqueta, de
propriedade de Fábio Gomes e vencedora de 11 grandes campeonatos nos
10 anos em que apresentou animais
na concorrida Exposição do Prado,
em Montevideu.
Cabanha Umbu: bons negócios no “Vendas Diretas”
Animais avaliados, selecionados, aprovados e
devidamente registrados formara a oferta de mais
um “Vendas Diretas”, o inovador modelo de comercialização desenvolvido pela Cabanha Umbu, de
Uruguaiana, RS, que teve mais uma edição em 15
de maio. O evento, capitaniado pelo proprietário da
Umbu, o tradicional selecionador de Angus Ângelo
Tellechea, foi realizado no final da Expo Outono
de Uruguaiana, no Local Umbu, próximo àquela
cidade.
Médias da hora
Totalizou R$ 104.580,00, com a venda de 18
exemplares, em sua maior parte animais rústicos selecionados. Os touros tatuados PP fizeram média de R$
6,77 mil, os machos PC foram valorizados em R$ 5,9
mil e uma fêmea saiu vendida por R$ 4.020,00.
Modelo de sucesso
Ângelo Tellechea observa que considerando
os indicativos que tinha, de solicitações do
mercado, incluindo um bom número de novos
cadastros e de efetivos clientes, avalia que o volume de vendas esteve de acordo com a realidade
do mercado.
“Muitos de nossos clientes estão vinculados à
orizicultura, que como é sabido, vive um de seus
piores momentos, influenciando os resultados das
vendas”, argumenta o criador. E diz ainda que o
modelo – de Vendas Diretas – que vem utilizando
para as negociações com o mercado neste Outono é
positivo e terá continuidade. “Basta ver, por exemplo, o volume de novos clientes que surgiram”, diz
o selecionador uruguaianense de Angus.
Angelo (no detalhe acima) recebeu os clientes na propriedade
40
Maio / Junho de 2011
ARTIGO
Plantéis, selecionadores e a produção de touros
Fotos: Divulgação
Por Fernando Furtado Velloso
A
produção de touros tornou-se para
alguns produtores uma alternativa para
aumentar seus resultados em pecuária
de corte, pois é crescente a necessidade de
reprodutores e um touro de qualidade pode
alcançar ou superar o valor de 3 ou 4 novilhos
prontos para abate. Desta forma, um bovino
com a mesma idade (2 anos) pode ser comercializado por 3 ou 4 vezes o valor de um outro
bovino para o abate. O propósito deste artigo é
discutir alguns pontos básicos na produção de
genética que parecem estar meio esquecidos ou
até desconsiderados por alguns produtores que
se aventuram no gado registrado e na produção
de touros.
Os rebanhos registrados, comumente denominados de “plantéis”, devem ser núcleos
de animais com produção controlada e com
qualidades superiores aos rebanhos comerciais (gado geral). Pressupõe-se que em um
grupo de animais que se faz uma boa seleção
multiplicando os superiores e descartando os
inferiores estaremos avançando a cada geração
para animais mais produtivos e eficientes.
Como produto final, podemos retirar a parte
superior dos machos e ofertá-los no mercado
como touros e os demais como bons novilhos.
Sendo os touros parte do resultado dos plantéis,
eles carrearão bons genes para os produtores de
terneiros/novilhos que os adquirirem.
Existe uma diferença muito grande entre
“rebanho registrado” e “rebanho selecionado”.
Ter registro genealógico dos animais é simplesmente saber quem é quem e, quem é filho de
quem. O registro genealógico é uma ferramenta
para nos auxiliar a melhor selecionar nossos
rebanhos, mas não é por si só garantia de genética superior. Já, ter um rebanho selecionado
é rotineiramente controlar o desempenho dos
animais e com esta informação multiplicar o
superior e abater o inferior. O próprio nome
dado aquele que se dedica a plantéis é “selecionador” e a palavra já diz tudo. Parece simples,
mas afirmo que é menos feito do que deveria.
De outra parte, temos disponível atualmente um ferramental tecnológico que vem a
contribuir, mas em alguns casos se sobrepõe ao
básico. Dou como exemplo o uso de marcadores
moleculares, a ultrassonografia de carcaças, a
Transferência de Embriões ou Fertilização In
Vitro (FIV). Todas estas tecnologias são válidas,
mas em muitas situações recebem mais atenção
do que o básico que deveria ser bem feito. Tenha indicadores para seu rebanho, descarte as
fêmeas com problemas reprodutivos, descarte as sobre a cadeia da carne é muito grande e esta os touros podem ser parecidos em um remate,
fêmeas com baixa produção de leite, identifique conclusão me leva a outra questão: a produção mas a segurança para bons investimentos aos
as mães superiores, identifique as famílias mais de genética é uma especialização em pecuária, compradores de touros virá da confiança no
produtivas. Feito isto, aí sim, vamos pensar em assim como a produção de sementes é uma es- processo de seleção de cada rebanho. Não é de
novas tecnologias para multiplicar o conhecido pecialização do agricultor. Aquele que domina graça que muitos remates tem superado muito
ou para conhecer ainda melhor nosso plantel. a lavoura e tem boa produtividade passa a ser a média do mercado de reprodutores, e notem
No afã da corrida tecnológica, muitos se per- produtor de semente. No caso dos touros não que nestes leilões os animais não são necessadem em meio a tantas opções e não fazem o vemos exatamente este cenário, mas sim a forte riamente os mais pesados da temporada ou os
básico e fundamental em um plantel.
presença de “novos pecuaristas” que já iniciam a mais premiados, mas sim daquelas criações
A função de um plantel é de altíssima re- sua exploração com a produção de genética.
onde o comprador de touro vê consistência
levância, pois os reprodutores distribuídos em
Este processo todo está mais avançado em nos conceitos.
diversos rebanhos irão influenciar a formação parte dos países que são fornecedores de genéA notícia boa é que o mercado já está valoe desempenho do gado de nosso país. Não tica de bovinos de corte ao Brasil (Ex: Estados rizando os projetos de seleção sérios e consisesqueça que metade da genética de todo o seu Unidos, Canadá e até Europa). Uma das prin- tentes. As centrais de inseminação usam como
rebanho vem dos touros! Eles são os verdadeiros cipais razões que indico para este diferencial é critério para escolha de touros mais o perfil
provedores de genes e de um indivíduo pode- o alto custo da mão de obra nestes locais e o dos projetos de seleção do que premiações ou
mos esperar mais de 100 filhos em sua vida conseqüente trabalho direto do proprietário na simplesmente o fenótipo dos animais. Observe
produtiva. Divido as responsabilidades de um fazenda. Como o proprietário vive mais o dia quantos touros hoje estão nas baterias das cenplantel em três grandes áreas:
a dia do rebanho e seus problemas a seleção trais em função da identidade com o rebanho
a) Animais eficientes para o produtor – ge- acaba sendo mais efetiva. A preocupação com de origem e em função de indicadores técnicos
nética de vacas de
(índices, DEPs, etc).
baixa manutenção
O mercado de reproduO produtor ainda se apega muito ao visual dos animais, e o
e com boa produtores é de fato entusiasmante
ção de leite, de facie pode ser uma muito boa
fenótipo pode nos dar indicações das virtudes e deficiências dos
lidade de parto, de
alternativa para aumentar a
animais, mas nada melhor do que estabelecer um processo de seleção rentabilidade de explorações
terneiros com bom
ganho de peso, de
pecuárias, porém como em
contínuo, sério e consistente, baseado em indicadores técnicos
novilhos com facitodas as áreas da economia o
lidade de apronte
consumidor está mais bem
(precoces), etc;
facilidade de parto, temperamento, eficiência informado e mais exigente (que bom). Fala-se
b) Animais eficientes para a indústria – ge- reprodutiva e adaptação, por exemplo, são bem tanto em “agregar valor” e a produção de renética de carcaças pesadas, de boa conformação, maiores, pois além dos prejuízos financeiros produtores é uma das tentativas de agregação
de alta padronização e de boa cobertura de envolvidos existem implicações importantes de valor em bovinos de corte. Há um espaço
gordura (terminação);
em cuidados, manejo e trabalho com os ani- grande para ser ocupado no fornecimento de
c) Animais que sirvam ao consumidor – so- mais. E quem faz este trabalho diretamente é genética de qualidade, mas genética alicerçada
mente teremos cumprido com nosso trabalho se o proprietário.
em trabalhos sérios e princípios sólidos em
o bife que chegar à mesa for macio, suculento
Ainda nos apegamos muito ao visual dos seleção animal. Dito isto: mãos à obra. É hora
e saboroso. Garantir a manutenção e melhoria animais, e o fenótipo pode nos dar indicações de selecionar, descartar, multiplicar, acasalar,
do produto final é que nos manterá como pro- das virtudes e deficiências dos animais, mas medir, remedir e assim tomar decisões acertadas
dutores de gado.
nada melhor que um processo de seleção con- para o seu rebanho e para os rebanhos de seus
Observe que são muitas características para tínuo e bem feito. Observe que temos que en- clientes. (publicado também na revista AG
estarmos atentos e que muitas delas podem ser tender a produção de genética com um processo Leilões/março/2011)
até correlacionadas negativamente (ex: vacas de de melhoria contínua e que a continuidade
baixa manutenção e carcaças pesadas, indivíduos nos trará ganho genético e de fato touros que Médico-Veterinário (CRMV RS 7238)
com grande ganho de peso e facilidade de termi- contribuam com os produtores. Muitos reba- Inspetor Técnico ABA
nação, etc). Note que a compreensão necessária nhos podem ser próximos em seu visual e até www.assessoriaagropecuaria.com.br
OPINIÃO
Maio / Junho de 2011
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Uma dura conquista, que não está sendo consolidada pelos produtores
Por Mário Saraiva G. de Macedo
H
á dez anos, época em que
gerenciávamos o Departamento de Extensão Rural
do então Frigorífico Mercosul, no
Rio Grande do Sul, a Associação
Brasileira de Angus (ABA) deu início
ao trabalho de base, que resultaria na
efetiva implantação do Programa Carne Angus Certificada. Por iniciativa
de um grupo de produtores com visão
inovadora, como Reynaldo Salvador,
Vivian Potter, Oscar “Perico” Silva,
entre outros...
Estabelecíamos o padrão a ser
certificado, como certificar, produzir,
etc. Enquanto todos queriam receber
diferenciais por seu produto, a Angus
inovava, solicitando uma verba que
iria para uma agência de propaganda,
parte para divulgar a raça e parte para
divulgar a carne Angus.
A meu ver, este foi o grande salto,
pois sempre defendi que, “primeiro
temos que criar a demanda por um
determinado produto, para depois
cobrar por ele. Deixem o consumidor
pedir o produto no mercado, que os
diferenciais aparecerão”. Aqueles que
viveram esta etapa lembraram isso.
Em 2004 começava a ser produzida a
carne Angus Zaffari, a primeira carne
certificada pela Angus. Através do trabalho visionário do então Presidente
da ABA, Reynaldo Tittof Salvador,
chegava ao supermercado um produto
que não tinha diferencial de preço
ao produtor, nem custo à indústria,
pois esta investia em marketing de
seu produto. Além de unir a força dos
produtores à empresa frigorífica.
Os diferenciais vieram e em volumes consideráveis, fruto da qualidade
inegável da carne Angus e de um
trabalho competente de diretorias
da ABA que se seguiram. Sempre
enfocando a “Carne Certificada”
como a grande alavanca para a genética. Assim, contando com pessoas
de grande capacidade e dedicação,
casos de Fernando Velloso, Márcia
Barcelos, Fábio Medeiros, entre ou-
tros, foi elaborado um dos melhores
programas de certificação do mundo.
Sendo constantemente auditado pela
certificadora “Ausmeat”, mantendo
seu status de “Acreditação Internacional - Ausqual”.
Tudo isso fez com que consumidores e frigoríficos disputassem
com grande voracidade o produto
representado pela “Carne Certificada
Angus”. No RS as empresas frigoríficas chegam a dar incentivos que vão
de 3% a 10% na remuneração dos
produtores integrados ao Programa
Carne Angus, conforme os atributos
que apresentados por seus produtos
para abate. São bonificados raça,
idade, acabamento e rastreabilidade.
Cada um com uma remuneração
adicional para ser produzida, como
desejavam os idealizadores do programa. Estes requisitos, a gestão de
cada propriedade é que definirá qual
ou quais buscar. A grande questão
para refletir é “se estamos preparados
para atender à demanda dos mercados
criados para nosso produto”.
Observando as declarações dos
encarregados em abastecer os programas, fiquei realmente espantado
com o volume de perdas de animais
na hora da certificação. Sempre de-
fendi o uso de gestão qualificada na
propriedade rural. Creio que é hora
de revisarmos com mais afinco esta
premissa. O mercado ofertando até
10% sobre o preço base de um animal
gordo (gordura 3 mm a cima) e produtores a enviarem seus animais sem o
acabamento necessário. Sinceramente
tenho dificuldade de compreender
uma gestão que permita deixar de
ganhar tanto dinheiro.
Buscamos diferenciais para custear
o investimento necessário à produção,
e quando os temos disponíveis, não
aproveitamos o benefício. Um produtor não atingir a bonificação máxima,
até é admissível, mas não receber
“nada” por dias de espera para enviar
o produto ao abate, é mesmo muito
difícil de compreender, de aceitar.
A carcaça para se trabalhar esta cara,
os insumos também. Assim, como vamos vender (entregar para o abate) um
animal onde não tiramos o máximo
proveito? No abate do mês de março
último, numa planta frigorífica do RS,
38,14% dos animais jovens (de até
quatro dentes), não foram aproveitados
pelo Programa Carne Angus por falta
de acabamento de gordura na carcaça.
Sabemos o quanto é difícil preparar,
como exige o Programa, um animal
jovem para abate. E por isso mesmo é
tão importante retirarmos o máximo
de cada produto entregue à indústria.
Deixar de receber o diferencial que precisamos para cobrir os elevados custos,
verdadeiramente não é admissível.
Como produtores, devemos ter a
consciência de que temos um cliente para atender satisfatoriamente.
Não só o consumidor final, mas a
indústria que acredita no potencial
e qualidade de nossa produção. Não
podemos firmar compromissos de
entrega que muitas vezes não conseguiremos cumprir. O olhar para fora
da porteira torna-se cada vez mais
importante.
Com a consolidação de mercados
consumidores, a atenção do produtor deve ser redobrada. Conquistar
um novo mercado é difícil, mas
reconquistá-lo é tarefa muito mais
dura. Não podemos nos esquecer do
tempo gasto para chegar até aqui:
uma década de trabalho. Temos a
obrigação de manter, de consolidar
os ganhos obtidos e, por certo, de
melhorar sempre.
Zootecnista - Especialísta
em Gestão em Agronegócio
42
Maio / Junho de 2011
PARCEIROS
Como ler a Prova Americana e o que
priorizar na escolha de um Touro
Por Marcos Fernandes da Silveira 1
e Marcelo Maronna Dias 2
A
escolha do touro para utilizar
em um rebanho está entre
as decisões mais importantes
que os produtores tomam em suas
atividades. Isto é justificável, pois a
descendência deixada por um único
animal influirá diretamente no resultado econômico da atividade. Quando
falamos em touros de IA provados
com (DEP’s), baseamos a seleção nos
descendentes comparados em vários
rebanhos e ambientes distintos. Uma
escolha por determinada genética é
permanente e ficará no rebanho por
várias gerações através de suas filhas
até que se introduza um novo touro
neste rebanho.
Fala-se muito de gestão e tecnologia e dentro deste raciocínio, as provas
de touros com informações de diferenças esperadas nas progênies (EPD’s)
e informações de DNA aumentam a
complexidade nos processos de seleção,
mas nos dão mais chances de acertar.
Espera-se que ao escolher touros
melhoradores, os produtores possam
aumentar a performance de seus animais com maiores pesos a desmama
e abate com animais mais precoces e
adaptados.
A grande questão é de como fazer
isto e que ferramentas podemos nos
valer para tentar minimizar os erros
quando da eleição de determinado
reprodutor.
Assim sendo vamos tentar entender as provas americanas:
Como somos da equipe CRI Genética Brasil Ltda., usaremos exemplos
de touros que esta empresa comercializa no Brasil.
À primeira vista as provas de touro
assustam realmente. É um aglomerado
de números, sem referência de unidade
de medida e, para complicar mais, vêm
precedidos de siglas. Aí o produtor,
que tem que saber do manejo, do
mercado, do clima, dos insumos, dos
funcionários e também se
obriga a saber que a “DEP”
de “PN” de 0,3 do touro
Bando 9074 é um ótimo
número ainda mais com
uma “AC” de 0,95!
Tamanha é a confusão
que muitos criadores acabam por levar em conta
somente o número que eles
entendem bem: o preço. E
o curioso é que é para os
dois lados; alguns querem
o sêmen mais barato, mas
outros querem o mais caro,
supondo que este seja o
melhor. Mas eis que até
aí o mercado de genética é
confuso. Muitas vezes, touros excepcionais podem ser comercializados a preços baixos, pois também
são ótimos produtores de sêmen. Ou
seja, seu preço fica menor se ele tiver
mais esta virtude genética, enquanto
outro pode ser mais apreciado se tiver
esta limitação de fertilidade. Coisas
do mercado e a velha lei de oferta e
procura...
A prova de touro é o resultado
estatístico do desempenho dos touros
e seus familiares, principalmente dos
filhos. Através da avaliação destes
animais se “espera” tal resultado para
esta ou aquela característica. Um touro
com uma boa prova para ganho de
peso será aquele animal cuja família
teve bons resultados de peso ao desmame (PD) e ao ano (P Ano). Desta
forma, se “espera” que as vacas inseminadas com esta genética produzam
filhos com uma “diferença” positiva
para ganho de peso.
Mas “diferença” de quem?
Dos filhos de outros touros.
Por isso chamamos de DEP (Diferença Esperada de Progênie). É o quanto esperamos que a Progênie (filhos) de
um touro seja de diferente dos outros.
Por exemplo, o touro Stout tem DEP
de peso ao ano de +128 Libras (58kg)
enquanto o Traveler 004 tem +103
libras (46kg). Simplificando, se espera
que os filhos do Stout tenham, em
média, algo em torno de 12 kg a mais
que os do Traveler. A medida em libra
é porque os estadunidenses gostam de
complicar mesmo; medem peso em
libra, altura em pés e temperatura em
Fahrenheit.
Pronto, agora você já entende o
princípio básico da prova. Só nos resta
decifrar a prova em si. As legendas das
Fotos: ABA / Divulgação
siglas devem aparecer em algum local
do catálogo; normalmente no começo
ou no fim.
A prova de touro é apresentada da
esquerda para a direita como se fosse
uma linha de tempo na vida do animal.
Começa ao nascimento com facilidade
de parto direta (FPD) e o peso ao nascer (PN). Quanto mais baixo o peso
ao nascer, melhor; menor chance de
problemas ao parto. Normalmente,
animais de baixo PN terão alta FPD;
mas não obrigatoriamente. O FPD
é o quanto o touro gera de distocia;
partos assistidos.
Posteriormente, vêm as características de peso ao desmame e ao ano
(PD) e (P ANO). Seguidas de altura
ao ano e circunferência escrotal.
Como os animais que permanecem na fazenda são as fêmeas. As
características que seguem ao ano são
as maternais. Começamos com facilidade de parto de fêmeas (FPF). Não
confunda com a facilidade de parto
direta! Na FPF avaliamos a chance
das FILHAS do touro ter partos fáceis;
não assistidos.
No mesmo grupo de características maternais temos leite. Mas como
medir o leite de uma vaca de corte?
Se não as ordenhamos, só podemos
estimar sua produção pelo peso dos
seus filhos ao desmame. Quanto mais
pesados os bezerros, logicamente mais
leite a mãe produziu. Mas, cuidado!
Alguns produtores procuram sempre
touros que aumentem leite! Vacas
que produzem muito leite têm mais
dificuldade de repetir prenhês, pois são
mais exigentes em alimentação justamente pela quantidade de nutrientes
consumidos pelo úbere.
Em seguida, temos Peso Adulto
(PA) e Altura Adulta (AA), que são
as medições da progênie desses touros
ao atingir a maturidade. Animais com
maiores PAs e AAs tem maior capacidade de produzir carcaças pesadas,
contudo, tendem a ser mais tardios em
acabamento. Animais grandes tendem
a crescer por mais tempo, o que pode
não ser positivo economicamente, pois
demoram demais para serem terminados. Como selecionamos animais
pelo ganho de peso, a tendência é a
seleção de animais grandes, por isso são
fundamentais estas DEPs. Muita gente
avalia o “frame” (tamanho relativo à
idade) do touro, porém os dados do
indivíduo são bem menos representativos do que as DEPs em relação à
sua genética. O frame, assim como as
outras características do indivíduo,
devem ser avaliadas em animais jovens
que ainda não tenham boa acurácia
nas DEPs.
E o que diabos é
acurácia (AC)?
Precisão. A precisão ou a confiabilidade de uma DEP é determinada
pela quantidade de filhos e fazendas
em que a genética de um animal foi
testada. Quanto mais filhos testados
em diferentes ambientes um touro
tiver, maior a acurácia dos seus dados
será. Lógico; se um touro é provado
em várias condições gerando vários
filhos, podemos confiar muito mais
do que outro que tenha dois ou três
filhos. Por isso, cuidado ao utilizar
touros jovens!
Temos também as características de
carcaça: Peso de Carcaça (PC), Marmoreio (gordura intramuscular), AOL (área
a olho de lombo) e gordura. Embora
ainda estejamos longe das premiações
do mercado americano por carcaça, é
interessante observar estas DEPs; nelas
está realmente o rendimento e a qualidade do produto final.
Por fim, no quadro da direita,
temos índices que são um combinado
de outras característica para facilitar
a interpretação e correlação dos diferentes dados.
E como saber quando um touro
é bom para uma característica?
Você já viu que o Matrix, por
exemplo, tem 106 libras de Peso ao
Ano. Isso é bom? Um recurso muito
prático e rápido é o “TOP”. Ele é TOP
5% para peso ao ano, isto significa que
ele é superior a 95% dos touros Angus
americanos para esta característica.
Para peso ao desmame ele é TOP 4%;
ou seja, superior a 96% da população.
Estas comparações são feitas anualmente, e, em algum lugar do catálogo,
deve aparecer os resultados gerais da
raça Angus na última primavera. Assim você sabe a posição do animal em
relação à média da raça.
Importante!
Não compare dados de raças diferentes nem de angus vermelho e preto
no catálogo americano! Nos EUA, Red
Angus e Aberdeen Angus são avaliados
por associações diferentes como se
fossem raças diferentes, portanto um
número não pode ser diretamente
comparado ao outro!
O catálogo deve ser uma ferramenta utilizada pelo produtor juntamente
com o seu controle de rebanho. Saber o
que se precisa melhorar e qual estratégia utilizar já facilita bastante a escolha
de um reprodutor. Converse com seu
representante para saber que genética
utilizar para atingir seus objetivos. A
utilização de programas internos de
controle e programas estatísticos como
o PROMEBO (Programa de Melhoramento Bovino), também ajudam a
focar nos pontos específicos. Quanto
mais dados o produtor conseguir
interpretar e correlacionar, maior a
chance de obter um rebanho adaptado
ao seu ambiente e/ou mercado. Desta
forma, ele pode utilizar a genética para
melhorar seu lucro e compra de sêmen
deve ser encarada como investimento
de longo prazo em seu rebanho.
1 Médico veterinário, criador e representante da CRI Genética Brasil no RS
2 Supervisor regional da CRI Genética
Brasil no RS e SC
PARCEIROS
Maio / Junho de 2011
43
Previna a Tristeza Parasitária para não “chorar” as perdas depois
Por Octaviano Alves Pereira Neto
E
ste tema volta com frequência
às rodas de conversa, tanto de
produtores quanto de técnicos,
especialmente pelos prejuízos causados. O assunto é mesmo relevante, pois
as perdas são expressivas e envolvem
a queda na produtividade, óbitos de
animais, custos adicionais com tratamentos e mão de obra e um intenso
estresse em todos da fazenda.
A Tristeza Parasitária Bovina
(TPB) é um complexo de duas doenças: a babesiose e a anaplasmose. Elas
podem ocorrer tanto de forma associada como isolada, porém os sintomas
são bastante semelhantes e as medidas
de controle também.
Bem conhecida dos pecuaristas, em
especial os que trabalham com raças
européias, apresenta alta prevalência
nas propriedades rurais, demonstrando
que o simples fato de “conhecer” não
resulta em ações efetivas para prevenir
os surtos. É a típica situação na qual
“sabe-se que pode acontecer, mas
pouco é feito para evitá-la”.
A chave na prevenção dos surtos
de TPB está no controle do carrapato.
Os produtores devem entender que
a doença tem um forte componente
causa – efeito, ou seja, quando tem
alta infestação de carrapatos há massiva
inoculação dos agentes da doença e surgem os surtos. Este problema cresce na
medida em que avançam os problemas
da resistência aos carrapaticidas.
Durante o inverno há uma menor
taxa de infestação dos bovinos e, assim, um menor desafio com a queda
nas defesas do organismo contra a
babesia. A este fenômeno chama-se
instabilidade enzoótica. O problema
está exatamente nesta flutuação, pois
quando a infestação se intensifica,
a partir da primavera (alto desafio),
começam a aparecer os surtos (devido
à baixa imunidade). Este maior desafio
ocorre geralmente no outono, quando
os carrapatos apresentam alta infestação na pastagem.
A redução efetiva na população de
carrapatos, ou seja, o controle real destes parasitos se refletirá em um menor
número de casos de TPB. Além disso,
o produtor irá gozar de todos os demais
benefícios de ter produtividade sem as
perdas causadas pelo parasitismo.
Foto: Octaviano Pereira / Divulgação
A alta infestação no outono aumenta os riscos para a Tristeza
Alguns produtores e técnicos imaginam que “mantendo” os carrapatos
irão prevenir a quebra de imunidade.
Eu costumo perguntar: fazendo isso, o
número de casos de TPB cai à zero? Os
animais ficam realmente protegidos ou
mesmo assim ocorrem casos de TPB,
inclusive com morte de animais? E
o rebanho parasitado pelo carrapato,
sofre perdas na produtividade? As repostas, em geral, são que se seguem os
surtos de TPB, portanto, é ineficaz já
que o carrapato é a causa do problema e
seu controle parte crucial da solução.
O mesmo pode ocorrer quando se
“carrapateia” os animais. Na prática a
campo, não existe parâmetros seguros
de infestação que dêem garantias se
os animais estão ou não protegidos. É
comum ocorrer surtos de TPB durante
este processo, seja por descontrole e
excessiva exposição dos animais aos
carrapatos ou por alta virulência da
cepa, gerando perdas produtivas.
O uso de carrapaticidas convencionais, que agem em todas as fases
do parasito, pode impedir que haja
a inoculação os agentes da TPB, não
estimulando a imunidade nos bovinos.
Uma alternativa para prevenir este tipo
de problema são os chamados Reguladores do Desenvolvimento de Insetos
(IGR), como é o Acatak® (fluazuron), que controlam o carrapato, sem
impedir a imunização contra a TPB,
principalmente por Babesia bovis, o
agente mais perigoso.
Estes produtos permitem que as
larvas, que vem do pasto, piquem o
animal, estimulando a imunidade e
morrendo apenas na fase de ninfas.
Nestas duas etapas (larva e ninfa) os
prejuízos causados pelo carrapato são
mínimos, pois o maior consumo de
sangue é feito só pela fase adulta, antes
de cair no solo, porém é suficiente para
manter a imunidade, sem as perdas
causadas pelo parasitismo, ou seja, um
benefício duplo. Pense nisso!
Méd. Vet., Mestre em Zootecnia
Gerente Técnico – Bovinos
Novartis Saúde Animal Ltda.
® Marca Registrada Novartis,
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44
PERFIL
Maio / Junho de 2011
Engenheiro por formação,
invernador por tradição
Fotos: Horst Knak/ Agência Ciranda
José Azhaury, esposa, a filha Elizabeth e genro Jorge Torelly
Descendente de uma tradicional família de pecuaristas da fronteira oeste gaúcha, a família
Macedo, que tem um histórico de mais de três gerações na lida com rebanhos de gado de corte, o Dr.
José Azhaury Macedo Linhares, proprietário da AML Agropecuária, de Santana do Livramento, foi o
ilustre personagem escolhido para esta edição do Perfil do Criador. Embora sua formação acadêmica
seja voltada às ciências exatas, com graduação em engenharia civil, o Dr. Azhaury acabou dando a
sua vida profissional o seguimento da atividade que moldou a história dos seus antepassados. A
pecuária de cria recria e engorda, para o fornecimento de animais aos abatedouros.
Por Alexandre Gruszinky
R
econhecido e conceituado no
meio agropecuário gaúcho
como um grande criador e
invernador, o Dr. Azhaury já carrega
na sua bagagem de vida a experiência
de mais de meio século na lida com
o gado a campo. Sua trajetória como
pecuarista e o início da transição da
carreira profissional de engenheiro para
criador remonta ao ano de 1955. Ele
conta que naquela época, logo depois
de formado, estava ocorrendo uma
baixa nas atividades da engenharia civil
nas grandes cidades. Por isso decidiu
abrir frentes de trabalho nas pequenas
cidades da região da fronteira, trabalhando em projetos para construção
de barragens, estradas, etc.
Nessa atividade foi convidado
pelo seu tio, Lauro Macedo, da
Cabanha Azul, para executar alguns
projetos naquela propriedade. Logo
depois, ao surgir uma oportunidade
para o cargo de gerente da empresa,
assumiu a função, se estabelecendo
em Santana do Livramento com a
responsabilidade de fornecer gado
para o Frigorífico Swift Armour.
Nova Carreira
Esta atividade representou o
marco inicial de uma nova carreira
e sua posterior opção pela atividade
de criador e invernador ao invés de
cabanheiro. “Por trabalhar direto
com o gado para abate, não adquiri
o espírito cabanheiro, mas o espírito invernador e automaticamente
me dirigi para a produção do boi”,
comenta. Acrescenta, porém, que o
grande sucesso da pecuária atual se
deve à seleção que se faz nas cabanhas.
Afirma que o cabanheiro é um herói
que nem sempre tem a rentabilidade
que deveria ter.
Acrescenta que devido ao grande
trabalho de marketing e valorização da
raça Angus que vem sendo realizado
de forma extremamente eficiente pela
Associação Brasileira de Angus (ABA),
somado às características superiores
da carne desse animal, está havendo
um reconhecimento por parte dos
frigoríficos que estão remunerando
de forma diferenciada os criadores
de Angus e assim motivando toda a
cadeia produtiva da raça. “Uma vez
não importava se tinha qualidade ou
não, o boi entrava na vala comum
dos frigoríficos, mas agora não é mais
assim”, lembra o invernador.
Proprietário de quatro fazendas,
para o trabalho de cria e recria ele
usa a fazenda sede, a Cerro Chato, e
as fazendas Concórdia e Sociedade,
todas em Santana do Livramento,
uma região de campos de basalto que
o invernador considera uma das melhores pastagens nativas para bovinos.
A terminação dos animais ele faz na
fazenda São José, de campos agrícolas
no município de Manuel Viana, onde
tem cultura de arroz e soja. “Quando
a folha da soja fica amarela se planta
aveia e azevém. Depois da colheita da
soja já podemos colocamos os bois de
sobreano no pasto”.
Para acelerar a engorda o invernador usa silagem de grão úmido de
milho, que também é plantado na
propriedade. Nesse sistema ele realiza
a safra do gado com animais de 20 a
26 meses com média de peso em torno
de 450 quilos.
Resultados
O experiente invernador destaca
que, “a associação entre a pecuária
e a agricultura permite acelerar o
processo de produção e ampliar os
bons resultados na atividade”. É utilizada a inseminação artificial para as
vaquilhonas de primeira cria e vacas
com terneiro ao pé. Para garantir as
prenhezes, usa a monta natural, com
4 a 6% de touros por potreiro. Os
touros a campo são selecionados dentro da sua própria produção, sempre
com vistas à melhoria da qualidade da
carne. Com esse processo, já ganhou
vários prêmios em concursos de carcaça. “Isto é importante porque me
sinto recompensado pelo esforço e
tenho o reconhecimento do frigorífico pela qualidade do meu produto”,
acrescenta ele.
Ao longo dessa história de mais
de meio século no universo pecuário
e com um sistema de produção voltado à eficiência, a raça padrão do seu
criatório, como não poderia deixar de
ser, é a Angus que tem desempenhado
um papel de relevante destaque na
realização dos seus bons resultados.
Um pequeno rebanho de Brangus
e outro de Braford completam seu
sistema de criação.
Este “engenheiro de bombachas”,
como ele se auto-denomina, já não
participa do dia-a-dia das atividades
das suas fazendas, função que passou
para o genro, Jorge Torelly e o filho
Marcelo Linhares, ambos formados
em Administração de Empresas, e aos
quais ele também atribui o sucesso do
seu criatório.
Foto: Acervo particular/divulgação
Campeiro por excelência, José Azhaury vem se destacando no concurso de Carcaças Angus
PARCEIROS
Maio / Junho de 2011
45
A evolução do Angus na Europa
Por Marcelo Vezozzo
R
ecentemente, estive no Reino Unido
para uma visita técnica aos principais
criatórios da raça Angus. Sempre
procuramos importar material genético de
excelente qualidade. Por isso, visitei propriedades rurais e avaliei mais de 100 reprodutores, previamente escolhidos pelas suas EBV´s
(DEP´s). Na oportunidade, selecionamos cerca
de 30 touros com base no melhor percentil
(EBV), morfologia de progenitor, ascendência e descendência familiar, funcionalidade,
desempenho e adaptabilidade da progênie.
A visita técnica foi coordenada por Rob Wills,
diretor da UK Sires Service – considerada uma
das maiores centrais de inseminação artificial
em bovinos do mundo e que é parceira comercial da Araucária Genética. Entre os criatórios
visitados os destaques foram para o Blackhaugh
Angus Herd; o Threeburnford Angus Herd;
o Tofts Angus; o Melview Angus Herd; o
Nightingale Angus; o Lockerley Angus Herd;
o Warrrenho Angus e o Rosemead Angus.
Percorremos estas propriedades em busca de
animais com frame entre 4 e 7, de excelente
conformação, equilibrados e de boas linhagens
para atender ao mercado brasileiro, principalmente em programas de cruzamento com o
zebu. São touros para as mais diversas condições
de clima e ambiente, ou seja, de frame baixo
para uso no Pantanal, no Brasil Central, nos
pampas gaúchos; de frame alto para o Pará e o
Nordeste; e reprodutores para serem utilizados
em confinamento ou em projetos com novilho
precoce, super precoce e hiper precoce.
Na Europa pude constatar também que
em áreas de muito frio, geada, de extrema
rusticidade, os animais que fomos buscar são
criados a campo, selecionados com pelagem
curta e apresentam ótima adaptação ambiental. E devido à mão-de-obra cara e ao elevado
custo de produção, o criatório tem que ser
eficiente para sobreviver economicamente. É
este DNA que estamos trazendo para o Brasil.
A genética Angus está em franca expansão no
Reino Unido. Ela está entre as três principais
raças. O consumo da carne Angus está crescendo mundialmente, principalmente por
causa do programa Angus Certified Beef e de
investimentos na mídia, utilizando personalidades da TV.
Muitos rebanhos foram dizimados, no
passado, por questões sanitárias e tiveram que
ser refeitos. Os pecuaristas europeus optaram
por uma nova seleção com base nos critérios
técnico e econômico. Além disso, eles adotaram
um programa de rastreabilidade por indivíduo e
uma maior integração entre todos os segmentos
da cadeia produtiva, desde a genética até a comercialização da carne. A Associação de Angus
do Reino Unido também fez um trabalho de fomento, divulgando estes projetos. Tudo isto
contribuiu para que a
raça se destacasse no
continente europeu.
Outro diferencial técnico que trouxe maior
visibilidade para a raça
foi a utilização do Breedplan, um programa
que reúne mundialmente todas as avaliações genéticas (EBV´s)
e é uma ferramenta
importante para quem
a emprega pois facilita
a compactação e a divulgação simultânea destas
informações. Atualmente, a maioria dos países
já aderiu ao programa, como a Austrália, a
Nova Zelândia, a África do Sul, a Escócia, a
Irlanda e a Inglaterra. Argentina, Canadá e
EUA estão indiretamente ligados ao processo.
Além disso, é visível, tanto lá como aqui no
nosso território brasileiro, que a busca pela
qualidade da carne é intensa. E pelo que eu pude
verificar in loco, o Angus pode e vai atender
com eficiência este mercado.
Médico veterinário e diretor-presidente
da Araucária Genética Bovina
46
Maio / Junho de 2011
ARTIGO
A pecuária exige união, ainda!
Por Leonardo T. Campos
Revisando meus recortes, encontrei um
artigo do nosso já saudoso professor Fries, que
eu procurava já faz algum tempo, publicado na
Zero Hora, caderno Campo e Lavoura, coluna
Opinião, em 15/01/1993. O título era “A pecuária exige união”. Ainda precisamos de união,
certamente.
Dizia o mestre, com algumas observações
minhas colocadas entre parênteses: “É necessária uma evolução constante e acelerada para
que a pecuária de corte gaúcha (hoje falamos
em nível de Brasil, em pecuária nacional) possa
competir no mercado mundial. O Brasil tem
uma necessidade anual de 200 mil touros por
ano (atualmente 300 a 400 mil touros), mas
boa fatia deste mercado será conquistada por
países do Mercosul (atualmente para consolidar
o Mercosul, numa atitude fraternal - ou seria
paternal? - estes países são considerados nossos
parceiros). Se não houver profissionalização,
nem carne bovina vamos produzir mais.” (Nos
anos recentes nos tornamos o maior exportador
mundial de carne bovina, atingindo uma razoável profissionalização no setor pecuário).
“Hoje existe uma régua útil e confiável para
medir diferenças genéticas entre rebanhos e identificar os melhores indivíduos de uma população.
A idéia é utilizar esta tecnologia numa grande
população, acelerar o melhoramento através da
maior pressão seletiva e obter ganhos de escala
para poder agredir o mercado com um marketing de substancia. Por isso, é necessário unir os
criadores com os mesmos objetivos.”
Fries comentava uma visita feita aos Leachmans, a convite de uma empresa nacional,
destacando o trabalho de seleção e cruzamentos
desenvolvidos, integrando 25 produtores associados e o grande remate anual realizado em evento
técnico-comercial, onde comercializavam 1.200
touros. Ele observava, num comparativo com o
esquema Leachman, o que nos parece ser válido
ainda hoje, que “as cabanhas americanas costumam comercializar entre 60 e 80 touros por ano.
E são obrigadas a gastar 25% de suas entradas
brutas nos remates em marketing, se quiserem
sobreviver. Isto porque não possuem a escala para
fazer frente aos custos do necessário marketing,
ou por realizarem um marketing vazio, com
exigências de mercado não cumpridas.”
E prosseguia questionando: “Aqui no Brasil
a situação é muito diferente?” Nos primórdios
dos programas independentes de melhoramento,
como Condomínio Delta G e Natura, entre os
diversos atualmente estabelecidos, ensinava que
“a idéia fundamental é reunir a maior população
possível de animais das raças trabalhadas; para
prosperar é necessário haver uma postura onde
o geral prevaleça sobre o particular e os benefícios sejam distribuídos conforme o esforço e
mérito de cada participante. As metas técnicas e
comerciais mínimas seriam capazes de agregar os
criadores em torno das raças selecionadas.”
Como metas técnicas citava: 1) Acelerar a
taxa de ganho genético anual para características
de importância econômica. 2) Abrir e aumentar a população sob análise/seleção, capaz de
receber os Certificados de Produção – CPs (ou
atualmente, no caso da raça Angus, podemos
falar na dupla marca seletiva). 3) Desenvolver
junto ao mercado o conceito de só adquirir
reprodutores com especificações objetivas para
as características de interesse e com garantias de
superioridade genética.
Sem citar os programas independentes (ou
grupos de produtores unidos) que ele na época
destacava, apresentava as metas comerciais, que
exigem, no caso, vendas conjuntas e seguindo os
seguintes caminhos: 1) Conquistar e consolidar
posições para as raças selecionadas no Brasil
Central, num primeiro estágio. 2) Promover um
marketing institucional em conjunto. 3) Aquisição, desenvolvimento e importação conjunta de
insumos, equipamentos e tecnologias. 4) Contratação de um técnico para gerenciar escritório
geral e operação de sistema de controle.
Os critérios para participar seriam os seguintes: 1) Aceitar as decisões genéticas centralizadas.
2) Possuir profissional da área em tempo integral
e sistema de controle de produção. 3) Ter mais de
50% da produção de pai conhecido. 4) Possuir
rebanhos grandes, com no mínimo 300 vacas
Foto: ABA / Divulgação
O Brasil tem uma necessidade anual de 300 a 400 mil touros
controladas; ou toda a produção controlada, ou
formar condomínios. 5) Executar, pelo menos
por 2 anos, um controle de produção na propriedade, tipo o Promebo. 6) Possuir 50 filhas
em controle de touros usados em comum pelo
programa. (O próprio Sumário de Touros se
constitui na lista de touros usados e provados
com boa acurácia). 7) Direcionar 50% do uso
de sêmen ou das montas (acasalamentos dirigidos). 8) Ter um sistema de produção de 1 ou 2
anos - 2 anos como mínimo - (visando acelerar
o progresso genético através de menor intervalo
entre gerações das fêmeas).
Concluindo, constatamos que a pecuária ainda precisa de união, de cooperação, entre todos
os segmentos da cadeia produtiva. Em alguns
setores a produção de carne bovina evoluiu, se
profissionalizou. Mas em outros o progresso não
foi tão significativo. Atualmente, com o avanço
da genômica, pesquisadores e geneticistas do
mundo inteiro destacam a necessidade de união
dos criadores e associações em nível nacional,
regional ou mesmo global, não deixando valiosas
informações fenotípicas e genotípicas (ou genômicas) numa caixa preta e na mão de poucos
grupos multinacionais, que estão se insinuando
na área de melhoramento do gado de corte.
[email protected]}
Coordenador Técnico do Promebo®
Circular Promebo Maio/2011
A nova edição do Sumário de Touros da ANC já está sendo
preparada. Seu lançamento, como de praxe, ocorrerá durante a
próxima Expointer.
Solicitamos aos nossos usuários encaminharem, com a maior
brevidade possível, os dados de desmama e pós-desmama (ano ou
sobreano) dos animais controlados.
DATA LIMITE PARA O
SUMÁRIO DE TOUROS 2011:
Alertamos que a data limite para seu recebimento será 20 de
junho de 2011. Quanto antes recebermos os dados, melhor.
Criadores que remeterem os dados após esta data receberão seus
relatórios normalmente, porém, não poderemos garantir a inclusão
destas informações no Sumário de Touros 2011.
DIVULGAÇÃO DE
LOGOMARCAS e ANÚNCIOS:
A ANC oferecerá novamente aos seus clientes a oportunidade
de divulgação de suas logomarcas e anúncios institucionais das cabanhas ou de leilões nesta publicação. Nos próximos dias estaremos
informando procedimentos e valores de investimento para efetivação
deste serviço.
Lembramos que como uma oferta adicional aos criadores que
prestarem sua colaboração com o anúncio, não lhes será cobrado
o valor referente à logomarca. Ela será publicada também, com o
valor já incluso, tanto na página inteira ou dupla, como em meia
página.
SITE DO PROMEBO:
Todos os criadores estão convidados a consultar a nossa página
na Internet.
O endereço é:
www.promebo.com.br
Diversos serviços e novidades estão disponibilizados neste site.
ATUALIZAÇÃO DE E-MAIL:
É muito importante que tenhamos sempre atualizado o endereço
eletrônico de nossos usuários. Para quem alterou e/ou ainda não
nos repassou esta informação, solicitamos que enviem, sem falta,
o seu e-mail. Estamos disponibilizando todos os relatórios por via
magnética, em formatos acessíveis – word (.doc) e excel (.xls).
Equipe Promebo®
OPINIÃO
Maio / Junho de 2011
47
Caminho da sustentabilidade
Por Alcides de Moura Torres Junior
E
xiste uma enxurrada de conceitos sobre
sustentabilidade e de seus principais
“inimigos”, que acabam deixando de
lado o verdadeiro sentido do tema e o caminho
que a pecuária trilhou e vem trilhando ao longo
dos anos.
Quando se discute a viabilidade econômica,
social e ambiental da pecuária, é comum a associação desta com o desmatamento. Esse é um
lado, histórico, mas de uma história passada.
A falta de visão ou uma visão não abordada
é a evolução do sistema de produção pecuário
brasileiro, onde a sustentabilidade é sinônimo
de produção e de produtividade.
Os avanços tecnológicos, que levam ao
aumento da produtividade, por animal e por
área, e que contribuem para produzir carne de
qualidade a um preço razoável para a população,
gerando empregos, não fundamentam uma
produção sustentável? A redução da idade de
abate que vem se consolidando ao longo do
tempo também não? O sistema de produção
brasileiro, em pasto, não é uma tremenda
bomba de sequestro de carbono?
Esses avanços em direção à sustentabilidade
são importantes e, irreversíveis, mas o que é
fabuloso e normalmente esquecido é o combate
à fome.
Essa revolução através da alimentação, não
pode ser preterida. E a carne vermelha, nesse
sentido, é um artigo de primeira necessidade.
Corremos o risco, diante de exigências ambien-
tais fora de propósito, de deixar a carne bovina,
um excelente alimento, cara.
Bombardear a produção pecuária brasileira,
diante das recentes crises financeiras mundiais
está longe de ser uma corrida para um desenvolvimento sustentável.
Os números não mentem
A evolução dos índices zootécnicos da pecuária bovina brasileira é evidente. Sob todos os
aspectos técnicos e econômicos tivemos avanços, por sinal, em ritmo superior ao observado
mundialmente.
Observe na Figura 1 a evolução de importantes índices da pecuária na última década,
estimados pela Scot Consultoria.
Nos últimos 10 anos, o rebanho bovino
brasileiro passou de 170 milhões para 205,2
milhões de cabeças.
O interessante é que este aumento, de
20,8%, não foi conquistado através de acréscimo da área utilizada.
A área de pastagem brasileira encolheu
3,0% na última década, de 175,1 milhões para
169,9 milhões de hectares.
Isso nos leva ao próximo índice, a taxa de
lotação, que passou de 0,97 cabeça por hectare
para 1,2 cabeça por hectare, um incremento de
23,7%. Portanto, a evolução da produtividade
nos permitiu aumentar o rebanho e a produção
de carne, utilizando menos área.
A produção de carne saiu de 6,5 milhões
de toneladas equivalente carcaça (tec) em 2000
para os atuais 9,1 milhões de tec, uma alta de
40%.
O aumento percentual na produção de
carne foi quase o dobro do observado para o
rebanho.
A explicação está em dois outros índices: a
taxa de desfrute e o peso médio de carcaça.
A taxa de desfrute, que mede o volume de
animais abatidos em relação ao rebanho total,
saiu de 18,4% em 2000 para 20,1% em 2010,
uma alta de 9,2%. Esse incremento é obtido
com a redução da idade do abate dos animais.
O peso médio de carcaça evoluiu de 209kg
para 222kg, aumento de 6,1%.
Portanto, a chave para a sustentabilidade,
vem do conhecimento agronômico, das ciências
agrárias. Tem muito neófito falando sem saber
e pior, repetindo conceitos sem conhecimento
de causa.
A atividade se profissionalizou. A taxa de
informalidade, que envolve a falta de inspeção
de abate e a falta de documentação, estima-se
que foi reduzida em 34,1% nos últimos dez
anos.
Parcela desse avanço se deve ao aumento
das exportações de carne bovina e à profissionalização das empresas frigoríficas.
Conclusão
Além de produzir com qualidade e de forma sustentável, temos condições de mitigar os
efeitos dos gases do efeito estufa (GEE).
A Organização das Nações Unidas para
Agricultura e Alimentação (FAO) apontou a
recuperação de pastagens como uma das mais
importantes formas de sequestro de GEEs. Já
sabíamos disso, mas esse reconhecimento foi
importante.
Mas, apesar da evolução significativa na
eficiência produtiva, ainda há o quer ser feito.
Podemos avançar mais e o potencial do Brasil
para a produção sustentável de alimentos é
inegável.
Talvez seja esse um dos pontos que mais
afligem nossos concorrentes na produção
agropecuária.
O que precisamos, é defender o nosso
sistema de produção com fatos e argumentos
sólidos, além de demonstrar a responsabilidade
e a importância da cadeia produtiva (pecuaristas
e frigoríficos) como produtores de alimento de
alta qualidade e de preço baixo para um mundo
ainda com enormes contingentes de famintos.
Engenheiro agrônomo, diretor da
Scot Consultoria.
[email protected]
Colaboraram:
Gustavo Adolpho Maranhão Aguiar –
zootecnista e diretor da Scot Consultoria.
[email protected]
Douglas Coelho de Oliveira –
zootecnista e trainee da Scot Consultoria.
[email protected]
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Maio / Junho de 2011

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