Henrique Gonzalez

Transcrição

Henrique Gonzalez
News
A revista do Grupo LET Recursos Humanos
N0 38 | Março / Abril | 2013 | Ano 7 | www.grupolet.com
ESPECIAL
Conheça conceitos e lições dos
executivos que aplicam insights do
ESPORTE nas EMPRESAS - Pág.16
na foto, Cássio Zandoná, Superintendente da Amil Rio
FIQUE POR DENTRO DO...
RH HOSPITALAR
Missões, desafios e diferenciais
daqueles que SABEM FAZER - Pág. 6
CAPA/EXCLUSIVO
Henrique Gonzalez
Diretor de RH do Comitê dos
Jogos Olímpicos Rio 2016 (foto maior):
“Queremos pessoas que acreditem no
poder transformador do esporte”
“Estar aqui é diferente de estar
em qualquer outra empresa” - pág 10
Entrevista
Foto: Zuh Ribeiro / Army Agency
Papo com o leitor
“Preparando gente que
vai fazer História”
Nonono
Foto: Alexandre Peconick
Entrevista Especial
Editorial
O Grupo Let Recursos Humanos
parabeniza o Rio de Janeiro
pela conquista do título
de Patrimônio Mundial da
Humanidade pela Unesco!
Expediente
Grupo LET
Recursos Humanos
Membro Oficial
Caros leitores,
Estamos de mãos dadas ao Rio de Janeiro para que a cidade consiga realizar o desafio
de proporcionar ao mundo o maior evento esportivo da História. Não à toa, nossa matéria de capa
abre espaço para as ideias e missões do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos Rio 2016, nas
palavras de Henrique Gonzalez, seu Diretor de RH. Ele nos transmite aspectos interessantes de
como ser e agir no modus operandi RH. E este RH Olímpico está em uma posição de extrema
visibilidade, cobranças, pressões, oscilações, pragmatismo e busca pela perfeição. Ele destaca
qual será o passo a passo no sentido de preparar profissionais que irão atuar nas mais distintas
posições. Todos, autênticos hostess (anfitriões) rumo a fazer história.
Bem como está fazendo a Escola de Hotelaria Windsor, que prepara e dignifica pessoas não apenas para esta organização, mas a toda rede hoteleira da cidade. Diante da crescente demanda com
a criação de milhares de leitos, já está valendo muito a pena. Oxigenando esta gestão que precisará ser cada vez mais inovadora, Cassio Zandoná (Amil), Renata Filardi (Grupo Farmoquímica) e
Fábio Dias (SEEL Engenharia) dão o caminho das pedras para que os valores da prática esportiva
frutifiquem também no dia a dia das empresas.
Falando em inovar, NEWSLET pela primeira vez traz uma reportagem especial sobre os diferenciais
do RH Hospitalar. Fomos aos hospitais São Lucas e Samaritano, dois centros de excelência no
cuidando de quem cuida da vida da gente.
E nós, de dois em dois meses, cuidamos para que você leitor, que é especial, nunca fique sem
boas informações.
Boa leitura!
Joaquim Lauria
Diretor Executivo do Grupo Let Recursos Humanos
Dicas NewsLet - Livros
Matriz
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Centro, Belo Horizonte - CEP: 30170-131
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Wanderlei Passarella
Membro do Conselho de Administração
da holding GPC Participações
“Para a perenidade da organização e do ser humano...
Diretor Executivo: Joaquim Lauria
Diretor Adjunto: Kryssiam Lauria
Revista
“Gestão Integrada do Negócio”- de Heitor Chagas de Oliveira e José Aristides Marcondes de Moura
Qualitymark Editora
É preciso a chamada “conectividade”, sem dúvida; conscientização socioambiental, mandatória; mas, tudo isto, sem jamais perder o foco no cliente. Por meio da narrativa de suas
experiências profissionais, os autores desta obra — dois executivos com magnífica trajetória — esclarecem como a força de trabalho integrada pode gerar produtividade interna e
externa à organização, além da satisfação plena de todos os envolvidos. Consequência: a
cobiçada “competitividade”. “Diagnóstico para Inovação”, de Ernande Monteiro Ferreira – Qualitymark Editora
Inovar não é usar o método tentativa-erro e muito menos o “achismo”. A economia globalizada
exige ações seguras, objetivas. Empresas que não investem em inovação não serão consideradas por futuros clientes e podem ser abandonadas pelos atuais. Mas, ao contrário do que
muitos acreditam, dá para inovar sem recursos financeiros, basta descentralizar o poder, permitindo liberdade de criação e oportunidade de experimentação de novos processos.
Publicação bimestral
Março / Abril 2013
Ano 7 – Nº 38
Tiragem 1.500 exemplares
Jornalista responsável (redação e edição):
Alexandre Peconick
(Comunicação Grupo LET)
Mtb 17.889 / e-mail para
[email protected]
Diagramação e Arte:
Murilo Lins ([email protected])
Foto da Capa:
Ricardo Cassiano
Oportunidades:
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com/vagas/candidato e boa sorte!
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“Técnicas de Entrevistas para Gestores”, de Benedito Milioni – Qualitymark Editora
Há em diversas áreas, gestores que precisam conhecer seus colaboradores antes de admitilos. Contudo, são executivos que não têm, ainda, a malícia de saber realizar boas entrevistas — e delas extrair as informações decisivas. Sem pânico. Desde “a arte de elaborar
perguntas” até “a importância em dar retorno”, passando por outros tópicos, esta obra os
ajuda a complementar, com eficácia, o trabalho que foi iniciado por consultorias de RH de
excelência como o Grupo LET.
2 | Março / Abril | 2012 |
ERRAMOS
Na edição 37, PG5 citamos “Ricardo
Gonzalez” como Diretor de RH do
Comitê Rio2016. O correto
é “Henrique Gonzalez”
Impressão:
Walprint Gráfica e Editora Ltda.
Endereço: Rua Frei Jaboatão 295,
Bonsucesso – Rio de Janeiro – RJ
E-mail: [email protected]
Tel: (21) 2209-1717
E
o LÍDER INTEGRAL”
mbora o tema não seja novo,
a abrangência que este executivo dá ao Líder Integral o é.
Com quase 30 anos de experiência na alta-liderança em grandes empresas — foi, por exemplo, Presidente da
Petroflex e da GPC Química, esta última
até dezembro de 2012 — Wanderlei Passarella descreve a urgente necessidade
do líder mergulhar no todo, em seu livro “O Despertar dos Líderes Integrais”,
recém-lançado pela Qualitymark Editora.
Mestre em Administração e também
graduado em Economia e Engenharia
Mecânica, ele complementou sua paleta
de conhecimentos nas melhores escolas
de negócio do mundo: Kellog, Stanford
e Harvard (EUA), Insead (França) e IMD
(Suiça). Gerenciou negócios superiores
a U$ 1 bilhão de faturamento anual líquido, mas se realiza contribuindo na conscientização de novos líderes por meio de
suas aulas na Universidade Internacional
da Paz (UNIPAZ), onde ministra o curso
de Liderança Integral.
NEWSLET – Para você a liderança
foi algo natural?
Wanderlei – Sim. Algo bem construído e que nasceu da vontade pessoal
em entender como os negócios podem
prosperar, como as empresas são perenizadas. Comecei a estudar isto. Em
1998 comecei a viajar à Singapura com
frequência. E observei que liderança faz
MUITO a diferença. Ocorreu por lá um
fenômeno de liderança que transformou
um país pobre em nação pujante. Percebi que resultados são conseguidos
quando se trabalha sério.
NEWSLET – Que reações o termo
LIDERANÇA desperta hoje?
Wanderlei – O Brasil ainda é um País
com um nível de baixa confiança e autoritarismo muito grande. Pesquisas mostram que ocupamos um dos piores lugares do mundo no Índice de Distância do
Poder. Isto nos suscita, em geral, líderes
com mão de ferro ou gente com o ego
nas nuvens.
NEWSLET – É contraditório que isto
aconteça quando tanta empresa faz
discurso de “cuidado com o entorno”...
Wanderlei – Ainda se vê que a Europa
leva a questão da Sustentabilidade muito mais a sério. No Brasil há uma dicotomia. O processo de transformação aqui
é lento e gradual demais. Vivemos um
choque entre o básico da higiene e o discurso. Cabe a quem já entendeu porque
isto acontece transformar este estado de
coisas.
| 2012 | Março / Abril | 3
Seguranca
NEWSLET - Por que é complexo alguém, de fato, exercer LIDERANÇA?
Wanderlei – O cerne da questão: estamos ainda muito apegados ao paradigma monetário. Lutamos a vida inteira
para comprar uma casa, entre outras coisas. Mas essa obstinação acaba te escurecendo, mesmo quando já atingimos
o necessário. Acontece com 90% das
pessoas. Ninguém dá um tempo para se
questionar. Cada ação exige uma reflexão. Existem grandes questões entre a
vida e a morte. Não dá para fugir: o que
é a morte? O que me espera? Estou aqui
para quê? O líder integral se aprofunda
nestas questões.
NEWSLET – Nesse sentido, o que é
o LÍDER INTEGRAL?
Wanderlei – Cito três aspectos implicam
no surgimento do Líder Integral. Primeiro: o processo de autodestruição ao qual
nos submetemos. A coisa do “preciso
ganhar, para isto alguém deve perder”.
Quase todo mundo sabe que não deve
agir assim, mas age. Segundo: a estabilização da população mundial. Até 2050,
quando chegar a 10 bilhões de pessoas,
a população deixará de crescer. Isto é
fato já comprovado, está até em pesquisa que vi divulgada no Museu de História
Natural, em Paris (França). Terceiro: Novas questões serão colocadas para o RH
e os governantes. Não viveremos mais
em função de crescimento e da competitividade destrutiva; porque esta perderá
o sentido. A liderança virá da qualificação extrema, da coesão entre pessoas.
NEWSLET – É possível conscientizar trabalhadores de qualquer nível
socioeconômico sobre o valor da integralidade da gestão?
Wanderlei – Os níveis socioeconômicos ou culturais não representam barreiras porque educação é diferente de
conhecimento. Muita gente diz que o
Brasil só melhora com mais educação.
Na verdade, é a educação baseada em
conhecimento que distancia as pessoas. A grande solução é a autoeducação
aproveitando o potencial transformador
4 | Março / Abril | 2012 |
“Para ajudar o líder
integral, o RH deve ter
representatividade no topo
e na base na empresa
porque a transformação
pode vir de qualquer
extrato da hierarquia”
superior. Mas usam esta crença de forma
paradoxal. Vão à igreja, rezam, mas no
mesmo dia adotam uma práxis oposta. É
um relacionamento infantil com o “mistério”. Joseph Campbell, maior autoridade
em mitos, diz que o que falta ao homem
é reencontrar a sua conexão com o sagrado, com as coisas que o levem à sua
essência. Mas para a maioria dos líderes
se reconectar é tabu porque eles não
conseguem entender e perceber que estão fragmentados. Entretanto, tenho me
encontrado com alguns Presidentes que
já têm a noção da necessidade de se reconstruir para trabalhar a integralidade
da gestão. É uma pequena, mas importante mudança.
de cada um de nós. Há pessoas extremamente educadas em todos os níveis.
Há também confusão entre espiritualidade e religião, entre movimento e motivação, entre transformação e inovação.
As lideranças precisam se questionar
sobre tudo isto. No fundo falta a capacidade de mergulhar nestas questões e
sobra a de fugir de si mesmo.
NEWSLET – Líder integral é uma
tendência inexorável?
NEWSLET – Por que poucos líderes
se apercebem que as relações humanas estão chegando a um nível de
esgotamento?
Wanderlei – O grande ponto é: ninguém
cuida do outro se não cuida bem de si
mesmo. A velocidade das mudanças
deixa as pessoas ansiosas e estressadas. Tudo adquiriu a velocidade do
ontem e o tempo engole a todos. Há
empresas que cobram algo em um
dia e no dia seguinte, já mudam tudo.
As pessoas ficam perdidas. Podemos
gerenciar conflitos se houver respeito
e humanidade entre as pessoas. Falta
humanidade nas lideranças. Um reflexo
grave disto e pouco divulgado: muitas
empresas têm 20% do seu quadro afastado por problemas psicossomáticos.
NEWSLET – Mas poucos líderes percebem também o quão poderosa pode ser
a utilização da inteligência espiritual...
Wanderlei – 99,9% das pessoas têm
base religiosa, creem em algo que seja
Wanderlei – Não é tendência porque não
é novo. A Liderança Integral vem sendo
construída há milhares de anos e já existiram esses líderes ao longo da história.
A questão é que chega o momento deles
se concentrarem nas empresas. Afinal o
mundo se autodestrói. Não existem mais
superpotências. O PIB não é mais uma
grande meta. O eixo da economia e sociedade muda de forma veloz. E voltam
velhas questões que no passado não foram bem tratadas.
NEWSLET – E quais são as questões
de LIDERANÇA sobra as quais o RH
precisa se debruçar para contribuir à
perenidade de uma organização?
Wanderlei – Primeiro o RH deve entender este paradoxos que se colocam hoje.
Precisa, ao mesmo tempo, ter representatividade no topo e na base da empresa.
Não pode conversar com o presidente e
estar distante do chão de fábrica. E nem
insuflar a base e ter melindre em falar com
o topo. Porque a transformação pode vir
de qualquer extrato da hierarquia da empresa. Outro segredo: ajudar o colaborador e ele mesmo, RH, a não encarar o
treinamento como uma recompensa ou
punição. Treinar soma para os relacionamentos. E nenhum livro, nem o meu, fala
em regras. Eu não digo “faça desse jeito”,
ao contrário, estimulo reflexões.
Fotos: Site Sxc.hu
Coluna Saúde e Segurança no Trabalho
Entrevista Especial
“A importância da ROTA DE FUGA
e SAÍDA de EMERGÊNCIA”
O
incêndio da boate Kiss, em
Santa Maria (RS), madrugada de 27 de janeiro de
2013, deixando 249 mortos,
nos faz pensar sobre a importância de
uma atitude tão simples: a comunicação visual ou verbal. Será que as pessoas que estavam na boate poderiam
ter se salvado, caso houvesse uma rota
de fuga sinalizada ou uma saída de
emergência compatível com a quantidade de gente presente ao ambiente?
Nosso tema desta edição aborda
a importância das rotas de fuga e saídas de emergências nas empresas.
Hoje a legislação prevê na Norma regulamentadora – 23 - Proteção Contra
Incêndios, no item “23.1 Todos os empregadores devem adotar medidas de
prevenção de incêndios, em conformidade com a legislação estadual e as
normas técnicas aplicáveis.
• 23.1.1 O empregador deve providenciar para todos os trabalhadores informações sobre:
a) utilização dos equipamentos de
combate ao incêndio;
b) procedimentos para evacuação dos
*Vanessa de Paula
locais de trabalho com segurança;
c) dispositivos de alarme existentes.
23.2 Os locais de trabalho deverão
dispor de saídas, em número suficiente e dispostas de modo que aqueles
que se encontrem nesses locais possam abandoná-los com rapidez e segurança, em caso de emergência.
• 23.3 As aberturas, saídas e vias de
passagem devem ser claramente assinaladas por meio de placas ou sinais luminosos, indicando a direção da saída.
• 23.4 Nenhuma saída de emergência
deverá ser fechada à chave ou presa
durante a jornada de trabalho.
Nonono
pânico, a inalação da fumaça tóxica e
a dificuldade em sair. Muita gente viu
a luz verde do banheiro e correu para
ela, achando que fosse a saída. “Por
isso tanta gente morreu nesse canto
da boate”, explicou Marcelo Arigony,
Delegado Regional responsável pelo
caso em reportagens publicadas pela
mídia. Esta explicação demonstra que
as pessoas, por falta da comunicação,
entenderam que a luz verde poderia
ser uma rota de fuga para os casos de
emergência.
A Comissão de Especialistas em
Segurança contra Incêndio, formada
pelo CREA-RS, após a tragédia, elaborou um relatório contendo erros,
registros fotográficos e sugestões
de ações para melhoria nas regras
de segurança contra incêndio. Foram apresentadas as formas que estavam no local e como deveriam ser
feitas as sinalização de emergência;
Iluminação de emergência; Saídas de
emergência; Alarme e detecção de
incêndio; Controle de fumaça; Sistemas de combate a incêndios; Mantas
e extintores ou chuveiros automáticos
para fogos em gorduras; Acesso para
as viaturas do Corpo de Bombeiros e
Brigada de incêndio.
O País iniciou um mutirão com o
corpo de bombeiros para a realização
de vistorias nos estabelecimentos.
Precisamos estar atentos não somente as boates, mas a todos os ambientes fechados e com acúmulo de pessoas. Alertas, sobretudo, à empresa
em que trabalhamos, pois é o lugar
onde ficamos, em geral, cerca de um
terço do nosso dia.
• 23.5 As saídas de emergência podem
ser equipadas com dispositivos de travamento que permitam fácil abertura
do interior do estabelecimento.
O incêndio da Kiss provocou grande
pânico. Muitos não conseguiram acessar a saída de emergência. Segundo
reportagens publicadas na imprensa,
a maioria acabou morrendo por asfixia
e inalação da fumaça tóxica. Queimados foram poucos. O que matou foi o
*Vanessa
de Paula, é
a Técnica de
Segurança
no Trabalho
do Grupo
LET Recursos
Humanos
| 2012 | Março / Abril | 5
POR DENTRO DO RH
POR DENTRO DO RH
A
no Brasil da rede ADHosp hoje exemplos
de excelência para serem disseminados.
Paula Vivacqua, Gerente de RH da
Rede Assistencial do grupo Amilpar é
responsável direta pelo bem-estar de
6000 colaboradores em oito hospitais.
Só no Hospital Samaritano são 900. Segundo ela, a complexidade de se atuar
em um hospital começa pelo fato de que
o cliente (paciente) não chega feliz. Ao
contrário: vem buscar a solução de problemas de saúde. E isto requer um RH
muito alinhado às estratégias de cada
unidade hospitalar. Significado: se o Di-
dos até as mais elaboradas que requerem uma estrutura externa. Um bom
exemplo foi o treinamento médico para
equipes de alta performance para o qual
o RH levou os profissionais hospitalares
a um hotel fazenda. Tirá-los do ambiente hospitalar também foi um fator para
criar engajamento com a atividade. Dois
grupos compostos por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e nutricionistas
fizeram um rali a pé nas imediações da
fazenda. Nas mãos, mapa, bússola e objetivos, como o tempo limite para realizar
a tarefa. “Este tipo de ação ajudou-os a
Foto: Alexandre Peconick
Foto: Site Sxc.hu
tuar em um ambiente emocionalmente forte como o de
um hospital, seja este privado ou público, é uma atividade que envolve alta carga de estresse e
pressão. Mais ainda se for considerada
a estatística. Segundo dados publicados no site da Federação Brasileira
de Hospitais, o número de leitos não
SUS entre 2009 e abril deste ano diminuiu em todo o País de 134.386 para
127.645. E o ser humano precisa se
sentir acolhido, acarinhado; tanto o paciente quanto o profissional hospitalar.
Foco redobrado
O médico, que cuida
de gente no limiar da
vida, requer também
muita dedicação dos
profissionais de RH
RH Hospitalar
Cuidando bem de quem cuida da vida da gente
6 | Março / Abril | 2012 |
Parceria estratégica
Paula Vivacqua, do RH,
e o Dr. Marcos Vinicius
Santos, Diretor-Executivo
do Hospital Samaritano
Nesse panorama, a área de Recursos
Humanos, ou os profissionais que fazem
a Gestão de Pessoas, devem estar preparados para oferecer aos seus “clientes”
serviços interessantes em qualidade de
vida e capacitação técnico-comportamental, afim de que a resiliência desse colaborador, seja ele médico, enfermeiro, servente, recepcionista ou auxiliar de serviços
gerais, seja cada vez mais ampliada e diversificada. Há no dia a dia daqueles que
têm o trabalho de cuidar deles crescentes
missões, desafios e diferenciais, os quais
destacamos nesta reportagem. Fomos
aos hospitais Samaritano — um dos oito
no Estado do Rio que faz parte do Grupo
Amilpar — e São Lucas, um entre os sete
retor Executivo do hospital não estiver
junto ao RH nada acontece. No caso
do Hospital Samaritano, o Dr. Marcos
Vinicius Santos, Diretor Executivo, tem,
como define Paula, “o RH na alma”. Desde dezembro de 2012 no Samaritano, o
Dr. Marcos veio do Hospital Pró-Cardíaco que, em 2012, se classificou na lista
das 30 melhores Empresas para Trabalhar no Estado do Rio de Janeiro.
No dia a dia tudo isto também se
traduz pela palavra INTEGRAÇÃO. “O
tempo todo criamos dinâmicas de treinamento que estimulam o trabalho em times multidisciplinares”, conta a gerente.
Há desde as ações que quase não
têm custo, mas trazem grandes resulta-
perceber o quanto o que cada um faz impacta na atividade do outro; o resultado
foi excelente: estreitou relacionamentos
e fez muita diferença no dia a dia do hospital”, assegura Paula. Transformou-se
em uma rotina onde as conversas fluem
mais naturalmente. Os problemas são
resolvidos de forma mais rápida e eficaz,
pois os profissionais passam a se entender mais pelo olhar.
Psicóloga, pós-graduada em Gestão de Serviços, Paula é apaixonada
pelo que faz, mas isto, garante ela, não
é o suficiente para atuar como RH Hospitalar. “Cada profissional tem que fazer
uma espécie de teste para ter a certeza
se tem identificação com o negócio; afinal
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trabalhar em hospital é muito diferente do
que atuar em um escritório”, argumenta
ela que há oito anos no segmento hospitalar, cuida de Recrutamento e Seleção,
Treinamento e Desenvolvimento, Qualidade de Vida e Plano de Carreira.
No treinamento realizado após a admissão, cada profissional é esclarecido
sore a natureza e os reflexos do trabalho
de todos os outros. Uma Recepcionista,
por exemplo, deve saber como acontece
cada passo do fluxo de atividades em
um hospital. “Se eu tiver um problema
com o paciente na recepção, isto vai
impactar no momento em que este paciente chegar até o médico”, explica a
Gerente de RH.
Saber atuar sob pressão é condição
número um. Mas muita gente que entram
em um processo seletivo de um hospital
tem experiência em atuar sob pressão...
em um shopping. “Pensando nestas pessoas, investimos muito em treinamento;
ninguém vai para a prática sem entender
um pouco de tudo do que acontece no
hospital, desde como se manuseia equipamentos, até o que dizer em situações
de elevado estresse”, afirma Paula.
Tanta carga emocional requer necessárias válvulas de escape. Com a possibilidade de momentos para aliviar a
mente, o profissional poderá voltar mais
focado e motivado para o dia seguinte do hospital, que é, sempre, cheio de
novidades. Alguns hospitais do Grupo
Amilpar contam com salas de descompressão, para uma relaxada nos curtos
8 | Março / Abril | 2012 |
POR DENTRO DO RH
Ações externas
fazem a diferença
Dinâmicas externas
de equipes podem
ajudar a melhorar
o diálogo durante
as intervenções
cirúrgicas, fator
decisivo na
atividade médica
momentos de intervalo. Mas o entorno
dos profissionais, também é vital.
Pensando nisto, o RH Hospitalar, em
diversas organizações, tem se aprimorado intensamente no chamado endomarketing. No Samaritano estes programas
envolvem a família dos colaboradores.
Por exemplo, ao abordar o tema Sustentabilidade, é esclarecido o que cada um
pode efetivamente fazer. Certa ocasião
os filhos de colaboradores participaram
de uma oficina de reciclagem de materiais. Em outra, visitaram uma fábrica de
refrigerantes entendendo como uma coletividade pode trabalhar junta para reaproveitar plástico.
Segundo a Gerente de RH, a estratégia de envolver a família traz resultados
mais rápidos e eficazes com profissionais do nível técnico e médio. “Com relação aos médicos precisamos, por vezes, de ações mais diferenciadas como
os treinamentos comportamentais que,
no início, geram resistência, mas depois
dos reflexos obtidos, trazem ansiedade
pela sua continuidade”, revela Paula.
Outro aspecto de quem cuida dos
profissionais hospitalares é a consciência acerca do fluxo de médicos que
atuam em vários hospitais. Reflexão imediata: RH deve promover ações de fidelização deste “cliente”. No Grupo Amilpar,
segundo Paula, é feito um rankeamento.
Seguindo critérios de qualidade e assiduidade, os melhores médicos são
premiados. Além de premiar, o RH investe na outra ponta: a qualificação. As
universidades formam muitos médicos,
mas poucos, de fato, têm a qualificação
necessária exigida pela cultura das organizações médicas. Por tudo isto o Programa de Residência do Grupo Amilpar
conta com ferramentas modernas, como
entrevista por competência, coaching,
tutoria, entre outros.
De acordo com Paula, para que consiga sensibilizar os médicos, o profissional
de RH deve, por sua vez, estar muito bem
treinado. “RH precisa mostrar consistência para os médicos, pois do contrário
não será respeitado”, garante. Com esta
postura, RH e médico começam a agir,
cada vez mais como parceiros.
Com o foco em atender a mais exigente e criteriosa solicitação médica, todos os RHs hospitalares fazem, sempre,
muito benchmarking. Tanto que, Samaritano e São Lucas, aplicam, com sucesso, uma ferramenta em comum: o Café
com Ideias. Em ambas as instituições
colaboradores são sorteados randomicamente e tomam um café da manhã
com o Diretor do Hospital, acompanhado do RH. Cada um fala sobre o que
quiser, elogia, critica, sugere, concorda,
discorda, debate. Aborda-se dos temas
mais triviais aos mais complexos. Tudo
é registrado. Importante: o feedback é
sempre imediato.
Há 15 anos no RH Hospitalar, Anna
Claudia Junqueira divide-se, entre a Gerência de RH do Hospital São Lucas —
onde cuida de um time com 1000 colaboradores —, a do Hospital de Clínicas
de Niterói e mais cinco unidades, em Rio,
São Paulo e Brasília, com 6.200 colaboradores. Neta de médico e super mergulhada no que faz, Anna Claudia enfatiza que
hoje o trabalho de RH hospitalar é muito
motivador também por atuar de forma
distinta para cada segmento. “De forma
peculiar a cada um, atuamos no sentido
de despertar em profissionais de nível
técnico, enfermeiros e médicos a consciência em desenvolver seu encarreiramento”, conta.
No Hospital São Lucas, o RH criou
um programa de desenvolvimento interno para seus profissionais que é periodicamente redesenhado por meio de um
sistema de avalição técnica que mapeia
os pontos de melhoria mais necessários
a cada tipo de profissional. “Proporcionamos aos profissionais de nível técnico
a possibilidade de, quando eles concluírem uma graduação, participarem de um
recrutamento interno para ocupar outra
posição dentro do hospital”, exemplifica
Anna Claudia.
Momentos para a gestão interna do
conhecimento também se fazem constantes no São Lucas: são os Mercredi
Intensif, encontros nos quais, são reunidos os médicos, nutricionistas, psicólogas, psicoterapeutas e enfermeiros.
Cada um expõe seu ponto de vista sobre
diagnósticos, tratamentos, questões de
ordem técnica, logística, entre outras do
ambiente hospitalar. Detalhe: tudo acontece em meio ao expediente de trabalho
dos colaboradores.
“O tempo todo o RH está ligado nas
descobertas tecnológicas, nas novas
linguagens para dialogar com a classe
médica e no que acontece mundialmente; dessa forma podemos sempre surpreender positivamente os profissionais
quando propomos alguma nova atividade a eles”, explica a Gerente de RH
de um dos hospitais mais procurados
pelos grandes médicos do mercado. A
questão das referências pesa muito na
área médica. Mas o RH do São Lucas
vai além disso, ao estimular os médicos
a participar de Congressos, de feiras e
diversificar a sua gama de competências
e rede de contatos.
A gestão do conhecimento, no entanto, é apenas uma das vertentes do trabalho deste RH. Um extenso programa
de qualidade de vida desenvolvido pela
equipe de RH ajuda a criar acolhimento
e satisfação no ambiente de trabalho.
Em parceria com a área de Medicina e
Segurança no Trabalho, por exemplo, em
2012, o RH realizou uma detalhada pesquisa do perfil da expectativa dos colaboradores que atuam no Hospital. Inspirado no quadro Medida Certa, de Marcio
Atalla, no Fantástico (TV Globo), o RH do
São Lucas decidiu criar um programa de
nutrição com foco no bem-estar dos profissionais. Atualmente 30 colaboradores,
das mais variadas áreas do Hospital, participam voluntariamente. O foco: adequação alimentar, visando a perda de peso,
aliado à saúde global. “A motivação e o
desempenho deles reflete muito no ambiente de trabalho deles e no das demais
pessoas; preocupamo-nos com a disseminação dessas informações, todos os
resultados obtidos são publicados internamente”, informa a Gerente de RH.
Mesmo quem não quiser ter a
alimentação controlada, pode buscar aliviar a pressão nas sessões de
shiatsu que são oferecidas, dentro do
hospital, aos colaboradores que previamente realizarem agendamento. A
alta carga de adrenalina de quem cuida de pessoas que, por vezes, estão
no limiar da vida, requer também um
tratamento. O RH entende se o estresse muscular acumulado pode prejudicar a rotina de trabalho e a própria
satisfação do profissional. “Por meio
do shiatsu o colaborador dá uma relaxada, reencontra o seu equilíbrio e
volta ao trabalho com muito mais qualidade, foco e tranquilidade”, reforça.
Já houve também no São Lucas aulas
de ioga. A filosofia do RH é a de continuamente desenvolver novidades que ajuda
a provocar no profissional a vontade de
estar sempre curtindo os intervalos de trabalho. “Com novidades sempre à disposição ele não estará nunca caindo em uma
monotonia”, explica Anna Claudia.
E como o RH do Hospital São Lucas
planeja o que vai criar? Tudo o que seria implementado neste ano de 2013,
por exemplo, já foi fechado no planejamento estratégico em outubro de 2012.
Além das informações apuradas junto
ao mercado, muitos programas são con-
cebidos com base em uma pesquisa de
clima que ocorre anualmente. A Gerente
de RH conta que a adesão à pesquisa foi
de 80% dos colaboradores, percentual
altíssimo para o segmento de hospitais.
“Os colaboradores respondem porque
percebem que a resposta às suas solicitações é rápida; além disso, há senso de
imparcialidade e transparência em tudo
o que é realizado”, esclarece.
Assim como o RH do Samaritano, o
do Hospital São Lucas também tem a visão holística de cuidar da família dos profissionais. Uma das ações mais recentes
em 2013 foi a de entregar kits escolares
completos de todos os níveis para os
filhos de colaboradores. Em 2012 os filhos dos colaboradores foram levados a
assistir uma palestra do australiano Nick
Vujicic. Sem os braços e pernas, autor
de livro, ele tem lições incríveis de superação a transmitir. “O retorno dessas
ações é incalculável, mas imprescindível
para dizer a cada profissional que ele
vale demais para nós”, finaliza.
Paula a Anna Claudia trabalham para
instituições distintas, mas mostraram
nesta reportagem ter muito em comum:
a percepção de que os profissionais
hospitalares devem ser aprimorados em
sua autoestima para que desenvolvam,
por sua vez, a compaixão por servir pessoas. E esta ferramenta não está disponível em cursos. Se o RH tem em seu DNA
este valor há, sim, mesmo com todos os
desafios da área de Saúde, muita luz no
fim dos corredores que levam às salas
de cirurgia.
Foto: Divulgação
Foto: Site Sxc.hu
POR DENTRO DO RH
A equipe de RH do Hospital
São Lucas: ao centro, Anna
Claudia Junqueira, Gerente
de RH, entre as analistas
de RH, Juliana Aquino
(à direita), Luciana Sainter
(ao fundo) e Fernanda
Santos (à esquerda)
| 2012 | Março / Abril | 9
PERSONAGEM/CAPA
Nonono
Foto: Alexandre Peconick
PERSONAGEM/CAPA
E
le percorreu uma estrada multifuncional
em sua carreira, mas desde janeiro de
2011, está diante do seu maior desafio: a Diretoria de RH daquele que será
o maior evento esportivo do planeta: os Jogos
Olímpicos Rio 2016. Muito mais do que os atributos da trajetória ou os da formação — graduado
em Engenharia Mecânica, com pós em Finanças
e especialização em RH com a Fundação Dom
Cabral (MG) e Insead (França) — o carioca, neto
de espanhóis, Henrique Gonzalez, 48 anos, considera uma de suas principais virtudes para o cargo “a paixão por esportes”.
À frente de uma equipe de RH com 25 profissionais, Henrique está empenhado em recrutar
e treinar pessoas com afinidade aos valores do
“olimpismo”. Ele mesmo montou a equipe e estruturou as gerências que, no momento de maior
pico, terão, sob sua responsabilidade, ao todo,
oito mil funcionários pagos e 70 mil voluntários.
Vai ser necessária, também, mobilização para se
alcançar tais números. Em primeira mão, o Diretor
de RH, informa que no segundo semestre deste
ano (a ao longo do primeiro de 2014) fará um grande chamamento ao engajamento das entidades de
classe e, sobretudo, das empresas.
NEWSLET - Qual é o desafio do start up de
uma empresa grandiosa, porém temporária?
Henrique Gonzalez – É conseguir atrair as pessoas adequadas ao projeto, talentosas; mantendo-as engajadas ao longo do período de preparação do evento.
NEWSLET – E como se estrutura o seu RH?
Henrique Gonzalez
Diretor de RH do Comitê Organizador
dos Jogos Olímpicos Rio 2016
“Mais do que capacitar,
oferecemos a muita gente
oportunidade de deixar
um legado”
10 | Março / Abril | 2012 |
Henrique Gonzalez – Em primeiro lugar, pensei
em um formato específico para os Jogos Olímpicos. Isto significa uma gerência que cuida de
treinamento, uma de comunicação interna (ou
Staff Engajment, um conceito mais amplo), uma
de cultura e desenvolvimento de liderança, outra
que reúne o tratamento à remuneração, orçamento de pessoal e negociações sindicais. Não
acabou. Ainda há outra que trata de Business
Partner e Recrutamento, ou seja, faz a ponte
com as áreas funcionais, que são 64, para realizar o plano de Gestão de Pessoas. Também
há uma gerente para cuidar do Programa de
Voluntários, outra de Work Force Planning (Planejamento da Força de Trabalho para os Jogos
– analisa cada área esportiva e calcula quantos
funcionários pagos e quantos voluntários precisaremos em cada). Finalmente há a Work Force
Operations, ou seja, o funcionamento
de uma instalação esportiva durante
a competição (check in, briefing aos
voluntários, gestão nas instalações, as
questões de segurança). Até 3500 pessoas poderão trabalhar em uma única
instalação esportiva. Cuidaremos para
que todos vivam jornadas atrativas de
trabalho. Queremos que a experiência
dos Jogos seja bacana também para
os profissionais, não apenas para atletas e público.
NEWSLET – Houve trabalho de
aprendizado seu e de sua equipe com
o staff de dos Jogos Olímpicos de
Londres 2012?
Henrique Gonzalez – Sim. O Comitê
Olímpico Internacional (COI) tem um
programa de transferência do conhecimento muito bem estruturado que estimula a troca entre os staffs. Estive em
Londres algumas vezes antes dos Jogos e durante dos Jogos. Houve aprendizado intenso. Fora isto há a possibilidade de solicitarmos workshops com
o foco no aprofundamento de alguns
temas. Eles trazem consultores responsáveis pela realização de Jogos em
outros países. Também trabalhamos
com os ex-atletas olímpicos que têm “a
ótica do nosso principal cliente”. Quando eles trazem a capacidade de superação ao ambiente de trabalho o fazem
com muita propriedade. E o COB promove um trabalho muito interessante
de formação desses ex-atletas. A preocupação é a da profissionalização do
esporte e este movimento olímpico se
consolida como grande alavancador
disto.
NEWSLET - No aspecto da atitude,
o que se espera de um profissional,
seja ele funcionário ou voluntário, que
vai atuar maior evento da história esportiva do Brasil?
Henrique Gonzalez – Primeiro: isto
aqui tem data para acabar. Nesse sentido, buscamos pessoas que queiram
muito participar, sem preocupação
com o fim do projeto. Gente com percepção que a sua experiência pessoal
“Estar aqui é diferente do que
estar em qualquer outra empresa.
Somente os que estão aqui terão
experiências ímpares para contar”
e profissional vai maximizar oportunidades para o futuro, ou seja, se tornarão profissionais com maior potencial
de empregabilidade. Segundo: queremos pessoas que acreditem no poder
transformador do esporte. Estar aqui
é diferente do que estar em qualquer
outra empresa. Somente os que estão
aqui terão experiências ímpares para
contar. Além disso, devem ter altíssima
proatividade, capacidade de suportar
pressões, flexibilidade, adaptabilidade, facilidade de aprender e desejo por
buscar novos conhecimentos. Mais:
90% de nossa força de trabalho nunca fez Jogos Olímpicos. Seremos alvo
de elogios, mas também de críticas e
quem for trabalhar conosco deve estar
preparado para lidar com este horizonte. Oferecemos uma grande oportunidade das pessoas trabalharem com a
questão dos valores, o que, em muitas
empresas, é complexo de acontecer.
Mas para nós isto é palpável.
NEWSLET – Mas há também requisitos técnicos...
virtual com o presencial. Haverá cursos
de orientação acerca dos valores do
projeto. Grande parte dos orientadores serão voluntários, inclusive os que
farão o recrutamento dos voluntários.
No caso de RH abriremos espaço a um
público híbrido: profissionais das consultorias, estudantes em final de curso,
consultores de mercado e profissionais de terceira idade. O movimento
olímpico pressupõe uma mobilização
da sociedade, um sentimento de doação. Esta é a maior oportunidade das
últimas décadas do brasileiro deixar
um legado para as gerações que virão.
É muito mais forte do que a simples capacitação de gente.
NEWSLET – Estamos a pouco mais
de três anos para a realização dos Jogos. É tempo suficiente?
Henrique Gonzalez – O programa de
voluntários será lançado em agosto
de 2014. Se for muito antes, há mais
chance da pessoa se desmobilizar e,
se for muito próximo à data do evento
há pouco tempo para este voluntário
ser preparado. Já estamos, no entanto,
selecionando os funcionários pagos. O
tempo é adequado a esta jornada que,
sabemos, é difícil.
NEWSLET – Que outros argumentos
são interessantes para motivar os voluntários?
Henrique Gonzalez - Sem dúvida. Sobretudo para os cargos de especialistas, hoje o idioma inglês é fundamental
porque a troca de informações com
o mundo inteiro será intensa. Hoje já
temos cerca de 30 expatriados atuando conosco e nem todos falam português. É vital, mais do que escrever e
entender, saber solucionar problemas
em outra língua. Valorizamos também
pessoas que tragam vivência internacional, ou seja, já tenham viajado e entendam a diversidade cultural.
Henrique Gonzalez – Gostaria de dizer
que os voluntários são, de fato, especiais. Sem eles não fazemos Jogos
Olímpicos. Mas a motivação está dentro de cada um deles. Além do forte argumento de “deixar um legado”, há os
que sonham participar de um momento
histórico, ou ainda os que planejam aumentar e diversificar a rede de relacionamentos.
NEWSLET – Como serão os treinamentos?
Henrique Gonzalez – Vou estar com
uma bagagem única. Com uma capacidade de assumir qualquer outro desafio com muita tranquilidade.
Henrique Gonzalez – Mesclaremos o
NEWSLET – Como você se vê em
2016 ao final desta “empresa”?
| 2012 | Março / Abril | 11
CAPACITAÇÃO
CAPACITAÇÃO
Q
uando o Rio de Janeiro conquistou a honra de sediar os
Jogos Olímpicos, um dos
principais pontos a serem
aprimorados, de imediato levantado, foi
o da hotelaria: não havia acomodações
nem próximas ao número suficiente e,
o principal, faltava (e ainda falta) gente
quantitativa e qualitativamente capacitada para atender ao visitante. Era outubro
de 2009. Quase quatro anos mais tarde,
o horizonte já ganha colorido: 18.574
novos quartos de hotel devem surgir até
junho de 2016, somando-se aos 20.430
já existentes. Ou seja: são 100 novos hotéis se unindo aos 201 que já compõem
a paisagem carioca. Em empregos, estes números se traduzem na geração de
11.140 postos de trabalho.
Não havia esse número de gente
com qualificação para atuar na rede
hoteleira. E gente, por sua vez, não é
número. Seres humanos, mesmo que
de forma inconsciente, têm sede por
sentir que suas vidas estão sendo
transformadas. Precisamente com este
objetivo, somado à demanda do mercado, nasceu em agosto de 2011, a Escola Windsor de Hotelaria, uma iniciativa pioneira no setor em todo o estado
do Rio, fruto da genialidade de José
12 | Março / Abril | 2012 |
Oreiro, Diretor Presidente da Rede Windsor. Marcos Bezerra, Gerente Geral
do Windsor Barra e Tatiana Milito, sua
Gerente de RH arregaçaram mangas
e coordenaram a estruturação de uma
grande escola que forma Camareiras e
Arrumadores, Garçons e Garçonetes,
Barmans e Barwomans, Mensageiros
e Capitães Porteiros; posições que, em
geral, apresentam a maior carência de
capacitação. Em breve haverá também
formação específica para Recepcionistas. Muitas outras mãos e corações
também foram decisivos para que a Escola saísse do papel.
Estatísticas da Escola mostram que
entre 60% e 80% dos alunos que se formam encontram empregos em até no
máximo três meses após a conclusão
de seus cursos. Percentual este que já
está fazendo a diferença para o mercado. Em quase dois anos de aulas teóricas e, em especial, práticas, foram, até
hoje, 300 vidas já transformadas – são
100 formandos por semestre. Gente
como o baiano Hamilton de Jesus Silva,
de 32 anos, que chegou ao Rio, trazido
pelo desejo do novo. Aluno aplicado do
curso de Barman, diariamente, acorda
às duas da manhã, onde mora no bairro
de Campo Grande, para trabalhar como
Foto: Alexandre Peconick
Um modelo de EXCELÊNCIA
para a HOTELARIA
motorista de ônibus. Mas a paixão ele
não esconde: é a hotelaria. Mesmo morando longe, jamais falta a uma das aulas na sede da Escola, que ocupa dois
andares do Edifício Rinaldo Delamare,
em São Conrado, em frente à Rocinha
— as parcerias com a Prefeitura do Rio
e o Banco Santander têm sido importantes ao sucesso do projeto.
O curso agrega ao Hamilton aspectos que ele não esperava adquirir.
Mais: é muito diferente, segundo ele,
de tudo o que viveu durante os oito
anos em que ele foi Barman em Valença (BA), sua cidade natal. “Ter a consciência de informar com qualidade e
prazer ao cliente é coisa nova; além
disso, os professores da Escola nos
passam muito conteúdo em termos de
tratamento, de língua estrangeira, da
área de informática e de como se comportar”, revela ele que já tem um tio e
um primo também hoteleiros. Também
professor de capoeira, em tom metafórico, Hamilton diz, orgulhoso, que
“agarra o curso com todas as forças
que tem”.
Há na Escola, segundo Tatiana, uma
virtude em alimentar nas pessoas esse
“querer ser hoteleiro”, mesmo porque,
segundo a Gerente de RH do Windsor
Barra, os hotéis não exigem pessoas
100% prontas, mas ao menos com qualificação e com a paixão pelo que fazem.
O curso de quatro meses (350 horas),
gratuito e com entrada mediante um
processo seletivo, é, neste sentido, o
início de uma trajetória no que Tatiana
chama de “uma mentalidade de estudo
permanente durante a carreira”.
Importante: trata-se de um projeto
que se destina à toda a rede hoteleira,
não apenas à Rede Windsor. Diversos
profissionais formados já foram absorvidos com sucesso por hotéis como
Copacabana Palace, Sheraton Rio, Fasano, Sheraton Barra, Brisa Barra, entre
muitos outros.
“A premissa com a qual nos preocupamos é a postura hoteleira; ou seja, a
maioria dos alunos graduados consegue
não apenas bons resultados de empregabilidade, mas, sobretudo, excelência
quando avaliados em relação ao desempenho no ambiente de trabalho, porque
têm uma atitude de polidez, dedicação,
hospitalidade e comprometimento com
o negócio”, destaca Tatiana.
Com professores que atuam em hotéis ou prestam serviços afins ao segmento do Turismo, dominando a teoria
e a prática, a Escola tem obtido engajamento entre os alunos e a sociedade.
Segundo Patricia de Nigro, Coordenadora da Escola, a procura pelos processos seletivos tem aumentado. Apenas Tatiana Milito já entrevistou em três
Foto: Alexandre Peconick
Com a paixão por SERVIR no olhar
À esquerda, Roveni Perdigão, de 19 anos,
moradora de Engenhoca (Niterói-RJ) e à
direita, Alice Conceição, de 29, moradora
do Engenho Novo (Rio) são alunas do
curso de Camareira e Arrumadores
“Os resultados dos
alunos aparecem
não somente na
empregabilidade, mas,
sobretudo, no ambiente
de trabalho”
semestres cerca de 1000 pessoas. Boa
parte tem entre 18 e 25 anos, mas não
há restrição de idade. “Seu Danton”, de
62 anos, formou-se na primeira turma e
hoje é Mensageiro no Windsor Flórida.
Para a captação de alunos, há a parceria como Instituto Pertencer, que tem
a expertise nas ações em comunidades
e escolas públicas, mesmo nas regiões
“em situação de risco”.
No espaço da escola existem laboratórios que replicam de forma autêntica o
ambiente (bares, restaurantes, quartos
de hotel etc) que os estudantes, mais
tarde profissionais, vivenciarão nos hotéis. Os cursos incluem estágios supervisionados em hotéis e o Encontro com
Notáveis da Hotelaria, que traz as palestras de nomes como Sintia Gomes, Gerente Geral do Sheraton Barra ou ainda
Giovana Bonelli, ex-governanta e atual
professora de Hotelaria do Senac-Rio.
E entre os professores estão cariocas apaixonados como Ricardo Augusto Cosme Gonçalves. Empresário que
atua há 25 anos no segmento do Turismo, ele ministra a disciplina Turismo e
Cidadania. Não se limita ao espaço físico das aulas. Adora levar os alunos a
passeios por pontos históricos do Rio
para provocar em todos o desejo por
conhecer a viver a nossa cultura. Ricardo acredita que com o Turismo mais
competitivo e os ambientes físicos dos
hotéis cada vez mais padronizados,
vencerá aquele que oferecer atendimento inovador. “Hoje, um funcionário
de hotel que conhece a cultura local
impressiona e fideliza o cliente”, assegura o professor.
Projeto premiado pela ABIH (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis) e finalista do Prêmio Ser Humano
ABRH-RJ 2012, a Escola de Hotelaria
Windsor ainda tem muito a evoluir. Tanto que busca também a parceria com
consultorias de RH qualificadas, como
o Grupo LET Recursos Humanos.
Mais do que isto, Marcos, Tatiana,
Patricia e Ricardo, primeiros nomes dos
gestores citados neste reportagem, formam um time unido pelo coração e dedicação que se reflete em ver todo o seu
capital intelectual ajudando a mudar
uma realidade que, governo nenhum
sozinho, tem transformado.
Três “cases” de sucesso da Escola de Hotelaria
Da esquerda para a direita, o professor Ricardo Augusto,
o aluno Hamilton de Jesus e a Gerente de RH do
Windsor Barra, Tatiana Milito
| 2012 | Março / Abril | 13
MERCADO JOVEM/INTERNET
Felipe Neto, à frente (com a claquete
às mãos), e parte da equipe que
“dá vida” aos inúmeros esquetes
de sucesso que atraem milhares de
“visitantes” na internet
Felipe Neto e os “milhões” do
EMPREENDERISMO via YOU TUBE
O
maior megaempresário do
entretenimento via internet
do Brasil tem apenas 25
anos a já é Presidente das
duas empresas líderes do “Mercado You
Tube”: a Parafernalha e a Paramaker. Se
pronunciarmos o nome Felipe Neto a
muitos jovens entre 18 e 25 anos certamente um alto percentual expressará
uma opinião, positiva ou negativa, sobre alguns dos muitos vlogs ou aos esquetes abordam qualquer tema do comportamento humano. Felipe Neto e sua
equipe, hoje com 34 colaboradores, já
haviam postado no You Tube, até março
deste ano, 107 esquetes gerando 130
milhões de visualizações.
Esclarecemos aos leigos: o vlog
é um vídeo feito por uma pessoa falando diretamente para a câmera. Já
o esquete consiste em uma cena, em
geral com média de quatro minutos,
interpretada por atores. A semelhança: ambos podem ser vistos rápida e
gratuitamente pelo You Tube.
Muita gente curiosa pergunta: mas
como se ganha dinheiro com isto? O
empresário eletrônico explica que o
rendimento vem diretamente do próprio
14 | Março / Abril | 2012 |
You Tube que coloca publicidade nos
seus vídeos e a partir do momento em
eles são visualizados. Felipe assegura:
a exibição da publicidade gera receita
para quem posta o vídeo. Há, segundo
ele, uma faixa média de receita que varia de canal para canal, mas, em geral,
a cada mil visualizações o postante ganha U$ 1,50. Um vídeo com um milhão
de visualizações pode render U$ 1500.
Carioca, de estilo calmo, mas crítico,
Felipe admite que tudo começou por
três motivos: uma vontade inquietante
de unir suas duas paixões; a interpretação e o design gráfico; o desejo de “fazer seu próprio dinheiro” e o objetivo
de não dar trabalho à mãe, secretária
de uma creche. Tudo isto, junto, moveu
o ímpeto empreendedorista. Aos nove
anos reunia os primos e coordenava,
entre eles, vendas de bijuterias. Aos
13 já tinha uma empresa de telemensagem. Dois anos mais tarde se tornava
designer gráfico. Com 17 dava aulas
e, pouco tempo depois, montava empresa neste segmento. Faculdade ele
cursou três: teatro, desenho industrial
e direito. Não se graduou em nenhuma.
A falta de dinheiro falava mais alto.
Até que, de maneira despretensiosa, como reconhece, comprou uma
câmera, mas demorou a filmar. Em
abril de 2010 criou o canal “Não Faz
Sentido!” e começou a postar vídeos,
os vlogs, abordando temas da atualidade e fazendo, sem censura, críticas
a comportamentos e atitudes de artistas e da própria população. O estilo
ousado e despojado ganhou notoriedade com velocidade astronômica.
Algumas reportagens já publicadas na grande rede o consideram “o
intelectual mais influente do Brasil”,
utilizando como critério para definir
isto o alcance e o tamanho potencial
da plateia. “Não me considero nem
mais e nem melhor do que alguém
que dá um conselho na rua”, afirma o jovem empresário. Experts no
tema Internet, analisam que “Felipe
Neto trabalha numa linha diferente;
em cada vídeo desenvolve uma tese,
procura atingir um alvo”; o seu grande mérito, segundo muitos desses
especialistas, é o de “conseguir falar
para quem precisa ouvir”.
Felipe Neto e Felipe Lourenço, Presidente e Vice, respectivamente, da
Parafernalha e Paramaker, receberam
gentilmente nossa reportagem na
sede das empresas, zona sul do Rio.
Convicto no olhar e no gestual, Neto
afirmou “estarem conscientes de promover uma revolução no mercado”.
De fato: abriu-se com os esquetes
via You Tube um filão no Brasil para
atores, diretores, roteiristas, produtores, designers gráficos, entre muitos
outros profissionais antes limitados a
uma chance no teatro, na TV ou no cinema. Este panorama recria e expande o mercado. “Até o final deste ano já
teremos uma equipe com 80 pessoas”
revela ele, que atualmente contrata
por indicação, mas informa que vai
passar a utilizar as redes sociais.
Jovens de visão, os Felipes, Neto e
Lourenço, não se contentaram com o
sucesso já obtido. Foram a Los Angeles (EUA) propor à gigante americana
MakerStudios um grande negócio:
ferramentalizar e fomentar novos empreendedores eletrônicos no Brasil.
Tiveram apenas uma hora com os fundadores, mas “venderam seu peixe”.
Mais do que isto, a dupla fez muito
benchmarking. “Passamos duas semanas só conversando, observando,
conhecendo muita gente que filma
nas ruas de lá”, contam. Nascia a Paramaker, que, até março de 2013, já
contava com mais de 700 canais afiliados, somando, juntos, mais de 100
milhões de visualizações por mês. Até
o final de 2014 a meta é bater a casa
de 1 bilhão de visualizações por mês.
Com o número de cabeças geniais
reunidas aumentando, não fica difícil
duvidar desta viabilidade.
Na equipe atual das duas empresas há jornalistas, publicitários, administradores e mesmo gente sem
cursar ou ter graduação formal alguma. “Acreditamos muito mais em uma
postura do que em um papel que diz
se o cara é formado; entregar resultado e ter uma postura que misture o
espírito aventureiro com o comprometimento são os pontos que mais nos
interessam”, enfatiza Felipe Neto, que,
em breve, incluirá em sua equipe profissionais com o perfil sênior. Hoje a
média de idade é 23 anos. Há alguns
com 18, 19, em primeiro emprego. “Não oferecemos segurança, estabilidade, paz, tranquilidade, entrar e sair em horário certo;
se alguém busca isto veio para o
lugar errado; somos uma start up
de entretenimento e tecnologia,
aqui o ritmo é paixão, sangue, suor
e muito tesão pelo que temos a fazer”, define.
Mas por que esta linguagem dá
tão certo no mercado? Para Felipe
Neto, o humor brasileiro ficou durante muito tempo impossibilitado
de falar sobre o que quisesse, o
que bloqueou nos artistas a chance
de falarem sobre o “politicamente
incorreto”. “Ao mesmo tempo, a carência do brasileiro em ter contato
com o politicamente incorreto nos
ajudou a decolar”, explica. Nos vlogs
e esquetes, abordam-se temas como
“preconceito ao nordestino”, “homofobia”, “Mal de Alzheimer”, “Prostituição”, “Música mal feita”, “Hipocrisia”,
entre muitos outros. Um dos mais
recentes fala sobre as atitudes inconvenientes dos vendedores de loja em
shopping. A intenção não é a de chocar, mas a de incluir.
Outro fator que diferencia Felipe
Neto de muitos empresários tradicionais: ele não teme a concorrência. Ao
contrário: a estimula. O motivo: de
acordo com ele, o You Tube é a primeira ferramenta de mídia que troca o
“ou” pelo “e”, ou seja, não se escolhe
“um ou outro”, mas “um e outro”. Não
há mentalidade excludente.
A inclusão e a extrema cooperação também estão no ambiente de
trabalho. Ao mesmo tempo em que
todos seguem à risca as diversas
etapas, como roteiro, pré-produção, filmagem, edição e finalização,
há um clima de descontração no ar
que torna o dia a dia mais leve de
se levar. Esta satisfação também
facilita o trabalho que Felipe Neto
e sua equipe têm de formar gente no mercado em funções que
estão sendo criadas agora para
um público cada vez mais ávido
por formatos que transgridam
o tradicional.
Inclusão
As capas dos esquetes produzidos
pela equipe de Felipe Neto para o
You Tube não excluem tema algum,
dos triviais aos polêmicos
Foto: Reprodução da internet
Foto: Alexandre Peconick
MERCADO JOVEM/INTERNET
| 2012 | Março / Abril | 15
Nonono
ESPECIAL
Foto: Arquivo pessoal
Fotos: Divulgação
ESPECIAL
Nonono
Das remadas ao escritório
Renata Firlardi (à esquerda,
de óculos, remando) e abaixo, na
foto menor: o ritmo das remadas
melhora sua capacidade de
concentração, competência
vital para tomar boas
decisões no trabalho
Movendo-se rumo à saúde
Foto: Alexandre Peconick
Esporte
Suor que inspira a GESTÃO
E
três empresas, tendo, ao todo, 1500
colaboradores. Campeã brasileira
de canoa havaiana, modalidade nãoolímpica da canoagem que conta com
crescente número de adeptos em todo
o Brasil, ela considera o esporte vital
para ajudar a esvaziar a mente de problemas e prepará-la cada vez melhor
para lidar com o dia a dia de trabalho.
“A rotina das remadas melhora muito
o meu nível de concentração, porque
para se fazer o ritmo correto exige-se
atenção; mas, ao mesmo tempo, é um
momento de esvaziamento dos problemas e interação comigo mesma,
aprendizado fantástico sobre o trabalho em grupo, o respeito e a consciência da importância que tem o papel
dos outros”, explica Renata que pratica esse esporte há sete anos, motivada por um consultor da área de gestão
Foto: Divulgação
m um Rio de Janeiro com
espírito cada vez mais olímpico, esporte e empresa
trocam experiências, flertam
entre o dia e a noite. O mergulho e a
vivência das práticas e valores dos
esportes trazem reflexões e aprendizados interessantes para gestores de
pessoas. Por competição, paixão ou
em busca da superação de desafios
pessoais, estes executivos percebem
que a transposição das situações esportivas para o ambiente de trabalho
têm sido saudável não apenas para o
engajamento das pessoas e o trabalho em equipe, mas, sobretudo, para
acentuar o foco na inovação e perenidade do negócio.
Certamente este é o caso de Renata
Filardi, atual Gerente de RH do Grupo
Farmoquímica, organização que reúne
Equipe de corrida da Amil em mais um animado final de semana
16 | Março / Abril | 2012 |
que já usava conceitos da canoagem
no trabalho.
Graduada em Economia, ela admite
que a vivência do esporte lhe trouxe
muito mais do que o encantamento de
contornar a Praia Vermelha e vislumbrar Copacabana: ampliou a noção
sobre o quanto é decisivo se trabalhar
com “O TODO”. Dois dias por semana ela rema cerca de uma hora antes
de ir ao trabalho, onde, assegura, não
sente os efeitos do cansaço ou estresse. “O esporte me ajuda a viver mais
e entender melhor as pessoas e as diferentes situações vividas diariamente
em uma empresa”, analisa a Gerente
do Grupo Farmoquímica.
Um valor fortemente trabalhado na
canoa havaiana é o da sincronia, ou
seja, um remador não pode remar
nem mais forte e nem mais fraco que
os demais. Se isto acontecer, a canoa
será freada. E sincronismo, como esclarece Renata, exige disciplina, obstinação e conhecimento sobre o outro.
“De imediato percebi que a convivência na canoa trazia lições que levaria
ao RH, como gestão de conflitos, melhorar a capacidade de negociação,
escolha de funções (no barco cada
Cássio Zandoná (à direita, correndo,
e também abaixo, com “traje
corporativo”) ao lado de Cássio
Mazarotto, dá o exemplo que ajuda a
engajar centenas de colaboradores
da Amil rumo ao melhor meio de
prevenir doenças: o esporte
banco demanda uma competência),
entre muitos outros”, destaca a Gerente de RH. No barco de Renata há seis
pessoas com trabalhos e funções,
fora dali, completamente distintos, de
presidente de empresa ao pedreiro.
O banco número 1 da canoa, por
exemplo, é destinado a um remador
com facilidade de observar e entender
a maré, definindo se a equipe deve
remar mais forte ou mais devagar do
que a velocidade do mar. Transpondo ao meio corporativo, trata-se do
profissional que deve olhar para o
mercado e definir como a empresa se
posicionará diante dele. Entendendo
e comparando as funções de cada
um dos seis bancos da canoa, Renata
admite que, nas empresas, conseguiu
se aprimorar na questão de lidar com
a vaidade humana, algo complexo.
“Um dia de suor no mar deixa mais
nítido para mim o que é preciso fazer
em uma empresa para convencer, por
exemplo, uma pessoa de que ainda
pode fazer melhor, mesmo que ela
pense que já está fazendo tudo o que
pode”, afirma.
Renata, no entanto, não limitou a ferramenta do esporte para o
uso próprio ou sequer de seus liderados. Certa vez levou um grupo de 24
gerentes para remar e os dividiu em
quatro canoas, com seis em cada.
Eles tinham, segundo ela, dificuldade
para perceber, no dia a dia corrido de
trabalho, onde terminava a tarefa de
um e começava a do outro. “O que no
início parecia uma brincadeira foi vital
para que eles visualizassem que todo
o trabalho era, na verdade, um elo só,
uma corrente”, lembra. Resultado: na
empresa o relacionamento entre eles
melhorou muito.
Melhor produtividade com muito
mais saúde, foi precisamente o que
conseguiu Cássio Zandoná, Superintendente Executivo da Amil Rio, ao
implementar, em 2009, nesta unidade
com cerca de sete mil colaboradores,
o programa Mova-se que, mais do que
tirar pessoas do sedentarismo, criou
um ciclo virtuoso de saúde e um ambiente de trabalho com ótimo relacionamento entre as pessoas.
Paranaense, 48 anos, Cássio, nem
longe, aparente a idade. “O esporte me
dá este benefício”, comemora ele que
vem de uma família na qual esporte
era prática comum. O pai, que nadava
em lagoas e corria atrás de cavalos,
foi também goleiro de um time de futebol amador. Ele mesmo, desde cedo,
aprendeu que o esporte traz, junto de
suas práticas, as virtudes da disciplina
e de se poder curtir, com prazer, resultados alcançados em um longo prazo,
fruto de muita dedicação. O executivo
critica a sociedade imediatista, que vê
em carreiras e relacionamentos meteóricos uma virtude. E assegura: o esporte nos mostra porque o longo prazo
traz mais benefícios. Praticante assíduo de corrida rústica, ainda no Paraná, quando era o Diretor da filial Amil
local, Cássio inovou ao criar um grupo
de corredores, passando aos clientes
os exemplos do incentivo à saúde. O
sucesso está sendo colhido até hoje.
“Quando pratico esporte, sinto meu
desempenho profissional se manter
regular por mais tempo, o que ajuda
a tomar melhores decisões; afinal o
exercício, que é um momento de grande ideias, baixa o nível de estresse ao
jogar endorfina no organismo”, conta
o Superintendente que também joga
muito tênis e pratica natação. Outra
virtude gerada pela prática esportiva,
segundo ele facilmente sentida em
qualquer modalidade, é a de que o ser
humano aprende a conviver e a superar a dor, o sofrimento e, sobretudo, a
temida “zona de conforto”. “Acredito
muito nisto”, reforça.
Com um discurso natural, Cássio
revela que ao chegar ao Rio imaginava o povo carioca “saradão”, mas
surpreendeu-se na empresa com o
índice de 70% de sedentarismo. Após
quatro anos de incentivo às caminhadas, corridas e reeducação alimentar
na empresa, o panorama é bem diferente. Hoje cerca de 2300 já praticam
alguma atividade física, dos quais 400
estão inscritos no grupo de corrida,
entre eles Seu Zé, garçom da empresa, um dos maiores símbolos e motivadores de novos sócios para o Movase. Há muitos casos de colaboradores
que perderam peso, alguns até 20 kg
e de outros que tiveram doenças crônicas levadas a um patamar de normalidade. “Como líderes de mercado,
hoje parte do maior grupo de saúde
do mundo, o United Health, precisamos dar o exemplo e mostrar que o
único tratamento para evitar custo médico é a pessoa se manter saudável”,
ressalta Cássio Zandoná.
Para impulsionar o Mova-se, Cássio
convidou dois importantes parceiros
| 2012 | Março / Abril | 17
Notas Acon
Notas - Acontecimentos
ESPECIAL
os quais, carinhosamente, chama de
“alucinados por esporte como eu”:
Cássio Mazarotto e André Gracindo.
Hoje o projeto envolve não apenas
colaboradores da Amil, mas também
médicos e dentistas credenciados e
os colaboradores de empresas clientes e prospects. Com uma equipe
formada por 350 colaboradores, a
Amil levou no último mês de março
pela 10ª vez o título de maior grupo
de corrida em etapas do Circuito das
Estações, um dos principais circuitos
de corrida do país.
Em finais de semana de competição as tendas da Amil, que fazem
avaliações clínicas e realizam planejamento de rotinas de treinamento e
alimentação, estão sempre lotadas.
O Cássio? Entra na fila como qualquer colaborador. Sem privilégio.
Sedento por novidades, o executivo
também já praticou o triatlon, modalidade à qual atribui alta complexidade biomecânica.
Complexidade é algo que, aliás,
atrai a superação. Foi esta palavrinha
mágica que seduziu o administrador
de 34 anos, Fábio Dias, Diretor de
Foto: Divulgação
Serviços Corporativos e Finanças da
SEEL Engenharia, a mergulhar de cabeça no triátlon mais extenso do mundo. Conhecido no trabalho como um
executivo muito organizado, prático e
que sabe ouvir e respeitar, Fábio também desenvolveu estas competências
por meio do esporte.
Vivendo em um negócio cujas mudanças são diárias, quando troca a
roupa do trabalho pelo uniforme emborrachado da natação em águas
abertas ele continua diante do imprevisível: as travessias aquáticas no mar.
Antes de se tornar triatleta, ele participou da Travessia dos Fortes, entre
outras. Também disputou meia maratonas e maratonas. Até que resolveu
encarar o desafio do Iron Man e somar
3,8km de natação, 180 de ciclismo e
42 de corrida – para o qual se preparou por quatro meses. E completou
em 11h e 52 minutos!
Fábio assegura que o esporte estica qualquer fronteira: da mente e do
organismo. Esticar o limite do esgotamento, por exemplo, reeduca a mente
para ser mais flexível consigo mesmo
e com os outros.
“Esticar o limite
do esgotamento
reeduca a mente
para ser mais
flexível consigo
e com
os outros”
Fábio Dias
“Há um extenso treinamento até
mental para chegar à linha de largada,
o que, em si, já é uma vitória; depois de
muitas horas você vai sentir dor, ouvirá
gente dizendo para você parar, mas é aí
que uso toda a minha reserva de controle mental, determinação e começo a
me lembrar dos treinamentos; por tudo
isto, a experiência do IronMan ensinoume liderar a mim mesmo”, pondera o
Diretor da SEEL. Vivências como esta
comprovam o quanto o treinamento
fora dos padrões pode ser válido para
equipes que trabalham em escritórios
ou mesmo em obras.
Apaixonado pela natureza, ele também participa de trilhas — a pé ou em
uma mountain bike — e desafios na
modalidade cross-country. Já esteve
na Amazônia, Chile, Havaí e Nova Zelândia em busca novas emoções que
unam esporte e natureza.
Para o ser humano que busca fazer
sempre diferente, respeitando seus
colegas de trabalho e entendendo o
quanto eles somam suas individualidades em benefício da equipe, o esporte sempre trará ferramentas inesgotáveis de aprendizado.
POR AGORA...
A nova seção de NEWSLET traz fatos interessantes em flashes
De Alexandre Peconick
Marina no
Congresso
RH-Rio 2013
Da esquerda para a direita: Sheila Pimentel,
Cássio Mattos, Leyla Nascimento, Elaine
Saad e Jorgete Lemos durante a cerimônia
de posse dia 28 de fevereiro
Novidades na Gestão ABRH-NACIONAL 2013-2015
RH está na crista da onda. A reimpossada Leyla Nascimento trouxe à sua segunda gestão na ABRH-NACIONAL nomes de expressão nas relações humanas.
Para citar apenas alguns: Sheila Pimentel (Instituto Humanitare) será a Diretora de
Organismos Multilaterais; Ana Rosa Bonilauri (Fetranspor) está no Conselho Fiscal; Heloísa Machado (TV Globo) na Diretoria de Comunicação; Rozalina Micheleto (Enel Green Power) a de Competências Profissionais; enquanto Jorgete Lemos
(consultora) assume a pasta da Diversidade. Para outros, a novidade é mudança
de diretorias; são os exemplos de Joaquim Lauria, Diretor do Grupo LET, que sai
de Relações com Órgãos Representativos Sindicais e assume a de Projetos Especiais e Parcerias e de Celso Niskier que deixa a de Relações Governamentais e
assume a de Tecnologia da Informação.
Qualidade LET
Nos últimos dias 25 e 26 de março
o Grupo LET Recursos Humanos realizou sua Auditoria Interna de preparação
para a Auditoria Externa da ABNT de
revalidação da norma ISO NBR ABNT
9001/2008 que acontecerá entre os dias
12 e 15 de maio. O consultor e auditor
de Qualidade, Marcio Ramos De Luca
verificou se as áreas da empresa estão
cumprindo os itens descrito na norma
e se conhecem e praticam a política e
objetivos da Qualidade da empresa. O
nível de engajamento foi considerado
“excelente”. A “simulação” fez o mapeamento de pontos que precisam ser aprimorados para a Auditoria Externa.
Mais EMPREGOS
O mercado de trabalho brasileiro
gerou 123.446 postos formais de traba18 | Março / Abril | 2012 |
lho em fevereiro, aumento de 0,31% em
relação a janeiro. Os dados são do Caged (Cadastro Geral de Empregados
e Desempregados) do Ministério do
Trabalho e Emprego. O maior aumento foi no setor de serviços com 82.061
(+0,51%), seguido da indústria, com
33.466 (+41%) e da construção civil
que gerou 15.636 (+0,50).
Manoel Dias é o novo ministro
Chamando a atenção para a necessidade de modernização do Ministério
do Trabalho e Emprego (MTE), a Presidente Dilma Rousseff deu no dia 16
de março ao novo ministro do MTE,
Manoel Dias. O ministro é advogado
e fundador do PDT junto com Leonel
Brizola - de quem foi secretário por
mais de 30 anos.
Marina Silva
Marina Silva, ex-Ministra do Meio
Ambiente, fará a conferência que
abre o Congresso RH-RIO 2013 –
“Negócios com Alma; Criando uma
nova economia”. Valerá super a pena
conferir! Dias 22 e 23 de maio no
Centro de Convenções SulAmérica.
Informações em www.abrhrj.org.br/
rhrio2013 .
Personagem da capa no
CONARH 2013
Henrique Gonzalez, capa desta
edição, está no Comitê Temático do
CONARH 2013 – 39º Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas, que
acontecera em São Paulo, de 19 a 22
de agosto, com o tema “Reinventar a
Gestão: Uma Construção Coletiva”. Informações em www.conarh.com.br.
Brasileira premiada
Em um segmento considerado
“machista”, a física Marcia Barbosa
se destacou ao descobrir, na molécula de água, a chamada “Anomalia de
Difusão”. A Unesco diz que a novidade “pode contribuir para o esclarecimento da estrutura das proteínas no
corpo humano e prevenir doenças,
além de ajudar a entender a importância da água e os efeitos que modificam seu comportamento”. Resultado: ela conquistou o L’Oréal-Unesco
Para Mulheres na Ciência 2013.
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| 2012 | Março / Abril | 19
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