Luzes de Natal - Diocese de Beja

Transcrição

Luzes de Natal - Diocese de Beja
13 de Dezembro de 2007
13
Dezembro
2007
SEMANÁRIO REGIONALISTA
Director: ALBERTO GERALDES BATISTA
Ano LXXIX – N.º 3951
Autorizado pelos C.T.T.
a circular em invólucro
de plástico fechado.
Autorização
N.º D.E. 00212007-M.P.C.
PUBLICAÇÕES
PERIÓDICAS
2350-999 TORRES NOVAS
TAXA PAGA
Preço 0,50 € c/ IVA
Luzes de Natal
Muito antes da data em que se
convencionou celebrar o nascimento de Jesus, o Menino de Belém,
já há, por todo o mundo, múltiplos
sinais festivos de Natal. Os mais
vistosos e apelativos são as luzes
multicores, que, em grande profusão, iluminam os grandes espaços citadinos, as montras comerciais e os próprios lares das famílias,
mormente aqueles em que vivem
crianças, que vibram, como ninguém, com estes espectáculos,
multimédia que associam facilmente
às prendas com que são abundantemente mimoseadas.
Numa destas noites calmas e frias
de Dezembro, calcorreadas algumas
artérias do burgo, onde se concentra o comércio e as luzes de Natal
convidam a observar as pessoas e
as coisas, pusemo-nos a indagar,
no nosso espírito, o texto e o
contexto desta grande Festa que,
para os cristãos, é o Natal de Cristo,
para muitos, simplesmente a Festa
da Família e, para alguns, coisa
nenhuma, que é como quem diz,
uma data sem expressão nem
significado.
À luz das luzes de Natal e com
outras “luzes” - a leitura da vida
real, o que vemos, ouvimos e lemos
e também a visão do mundo que a
fé cristã, e só ela, nos garante,
vieram ao de cima, no nosso
pensamento, muitas realidades
cruas e nuas e também alguns
motivos da esperança num futuro
de paz e fraternidade para a humanidade nos tempos que aí vêm.
Aqui vão, com a espontaneidade
com que nos vieram à mente, alguns tópicos da nossa reflexão
intimista em tempo de Advento.
O espectáculo das iluminações está
a revelar-nos, com maior realismo,
a verdade de um comércio tradicional - aquele que anima os centros citadinos - a agonizar, com lojas
vazias de clientes, porque o dinheiro é escasso e lá se vai todo
para os chineses, centros comerciais e grandes superfícies. E os
comerciantes, aflitos, a deitar as
mãos à cabeça e a interrogarem-se:
Onde é que isto vai parar? Que vai
ser da nossa vida? E os cidadãos,
perplexos também, com o abandono dos centros históricos, que
outrora foram centros de convívio,
a isolarem-se no seu mundo de
interesses familiares e económicos,
D. João Alves
Opinião
As grandes prioridades da
Igreja, em Portugal,
lembradas aos Bispos por
Bento XVI
Comunhão eclesial
Organização das comunidades
Mudança das mentalidades
Formação dos leigos
Revisão dos percursos da iniciação cristã
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e a demitirem-se dos seus deveres
de cidadania e de intervenção
cívica em prol do bem comum,
porque, pensam e dizem, não vale a
pena... Cada um que se governe...
Isto não tem conserto...
As luzes de Natal acentuam ainda,
e de que modo, a grande doença
do século - a solidão de milhões de
pessoas por esse mundo fora,
algumas com nome e rosto, na
nossa família e na nossa rua.
Pessoas idosas, quase sempre, a
D. António Marcelino
Paróquia, uma estrutura
a pedir renovação
viverem sozinhas em suas casas ou
simplesmente arrumadas, como
trastes inúteis, em qualquer Lar da
Terceira Idade. Muitas com magras
reformas, que mal dão para aviar os
remédios na farmácia e quase todas
inconformadas com a vida madrasta
que as atirou para a negra solidão,
porque a família ou desapareceu ou
as renegou impiedosamente.
A par da miséria imerecida e da
tragédia das muitas solidões dos
nossos contemporâneos, os luxos
e esbanjamentos escandalosos de
uns quantos que se passeiam em
carros topo de gama e jactos
particulares para fugirem à rotina
do Natal, no seu país, a gastarem
fortunas nas férias da neve, lá por
Andorra ou pela Suiça, ou, mais
longe, em países exóticos, com
temperaturas mais amenas, como o
Brasil e as Caraíbas.
À luz das luzes do Natal, estamos a
descobrir aquela que devia ser a
festa do aniversariante - Jesus
Cristo, Filho de Deus, nascido em
Belém - cada vez mais paganizada,
porque substituida por um “Pai
Natal” importado, esse, sim, exclusivamente comercial, por muitas
festas sociais e familiares, muito
circo, muitos passeios, muitos
espectáculos, muitas consoadas,
muita pretensa solidariedade e
fraternidade, nas mensagens que se
mandam e recebem, e com um grande
vazio na alma, porque faltam razões
de viver, falta verdadeiro espírito
natalício, falta fé no Menino, que é o
Filho de Deus.
A par destas e de outras sombras de
Natal, há também luzes que brilham
mais e, apesar de tudo, nos devem
incutir esperança num mundo melhor.
Descobrem-se, por exemplo, pelo
Natal, almas extremamente generosas, que dão muito do que têm e
se dão a si mesmas aos irmãos
pobres, aqueles que não têm nada
nem ninguém. São multidões de
voluntários a receber géneros nos
supermercados para o Banco Alimentar contra a Fome, a promover
reuniões de festa com os sem-abrigo,
com crianças, com idosos, com
imigrantes, são vocações que despertam, com estes gestos solidários,
para o outro e, vencendo o seu
natural egoismo, se dispõem a fazer
felizes quantos se atravessam nos
caminhos das suas vidas.
Luzes de Natal, do verdadeiro Natal,
são, sobretudo, as marcas da nossa
cultura cristã, nos presépios que se
mostram nos nossos museus, ou
noutros, mais ingénuos, mas igualmente belos, armados nas nossas
igrejas e em muitos lares cristãos, nas
lindas canções do “Menino”, que
soam por aldeias e cidades, e nos
próprios enfeites religiosos que
decoram lugares públicos e particulares, a lembrar que este Natal, como
todos os Natais, é tempo de evocar
Jesus Cristo e de viver a Boa Nova
que os Anjos anunciaram em Belém
de Judá.
As luzes de Natal terão necessariamente de nos levar ao Presépio, de
nos mostrar o “Emmanuel” anunciado pelos Profetas, o Deus connosco, presente na história dos
povos e de cada um de nós, de nos
comprometer com a salvação proclamada no primeiro Natal, de nos
ajudar a redescobrir a nossa vocação
humana e cristã, vocação de Solidariedade, de Paz e de Amor, neste
mundo concreto de pessoas, um
mundo tão recheado de problemas
angustiantes, mas também um mundo onde Deus continua presente e
onde nós, os que acreditamos em
Deus, podemos e devemos ser
arautos de Esperança.
Para todos, um Natal de luz, um
Natal de Fé e de Esperança!
Alberto Batista
A igreja de Nossa Senhora dos
Prazeres em Beja
Arte e História de um Espaço Barroco
(1672-1698)
de Vítor Serrão, Francisco Lameira e José António Falcão
A paróquia, que é ainda uma instituição importante
na Igreja, tornou-se uma realidade muito
diferenciada e complexa. No meio urbano, ela
mostra que falar de limites de território é estar
fora do tempo. Nos meios de transição e de
mobilidade, por razões de trabalho e outras, ela
perde identidade. Nos meios rurais desertificados,
é uma memória sem sonhos nem projectos.
Há dezenas de anos, as dioceses com muitos
padres criavam paróquias para os ocupar. Não
se pensava em ajudar outras que os não tinham.
Apresentação no
próximo dia 14 de
Dezembro, sextafeira, pelas 18:30
horas, na igreja de
Nossa Senhora
dos Prazeres, em
Beja, com a presença dos autores
dos textos e da
Dra. Zita Seabra,
directora da Alêtheia Editores.
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IGREJA
2 – Notícias de Beja
13 de Dezembro de 2007
As Paróquias de Santa Margarida da Serra,
S. Francisco da Serra, Melides e Carvalhal
despedem-se do Pe Júlio Lemos e dão as boas
vindas ao Pe Hugo Conçalves
Num ambiente marcado por certa
tristeza vestida já de saudade,na
iminência da partida do pastor a
quem o rebanho se habituou, e a
expectativa do novo pastor, ainda
desconhecido, se fez a passagem
de facho em duas celebrações
distintas numa Eucaristia em S.
Francisco da Serra com a comunidade local e Santa Magarida da
Serra, presidida pelo Arcipreste, e
numa celebração tipo vigília no
Carvalhal para a Paróquia de Melides e a gente do Carvalhal, uma
paróquia ainda sem paredes. Num
e noutro local a gratidão se misturou com a emoção. Foi bonito ver
a participação de toda a gente,
crianças e adultos com a expressão
muito significativa de jovens,
activos e participativos. Deu para
rezar, para partilhar e para conviver.
E nem o lanche faltou !
Fica aqui, uma amostra do sentir
do ‘povo’ que deixou falar o
coração: “Parte o Pároco, mas fica
o AMIGO”, disseram os ‘franciscanos. ‘O Pe Júlio soube estar junto
de nós nos momentos de dor, de
tristeza, de solidão, nos maus e nos
bons momentos... Vamos ter sau-
dades da alegria dele, da sua boa
vontade, das suas palavras e até
das suas rabujices...O Pe Júlio é
daquelas pessoas que tem sempre
uma palavra amiga... aquela palavra
que nós precisamos de ouvir naquele momento....Devido à sua
alegria e à sua coragem e espírito
empreendedor, esta Paróquia ganhou novo dinamismo.Houve um
aumento significativo da participação das pessoas, quer nas celebrações eucarísticas, quer na vida
paroquial. As celebrações ganharam nova vida. Esta comunidade
tornou-se viva e participativa. Para
onde quer que vá,leva consigo a
nossa amizade e o nosso carinho.’
Foi com este tom amigo e agradecido que esta boa gente se
despediu do Pe Júlio.
Ao Pe Hugo, também dirigiram
palavras simpáticas.
“Queremos dar-lhe as boas vindas
com muito carinho e dizer-lhe que
esperamos sinceramente poder
criar consigo a mesma relação de
amizade e empatia que criamos com
o Pe Júlio.
Se por um lado, nestes anos crescemos muito como comunidade
cristã à medida que fomos crescendo fomos desenvolvendo alguns projectos com os jovens, com
os idosos, com os mais desfavorecidos. Alguns ainda não passaram mesmo de projecto... não
houve tempo paa mais. Mas,
pensamos que os mesmos devem
continuar a ser desenvolvidos e
para isso contamos consigo. Conte
também connosco.
Um pastor a quem seja entregue
este rebanho não tem uma tarefa
fácil; somos um rebanho desobediente, às vezes mesmo rebelde...
mas, no fundo estamos sempre
disponíveis. Esperamos que nos
ajude a concretizar alguns projectos e saiba que poderá contar
connosco.
Seja muito bem vindo; desejamos
muitas felicidades para o seu
trabalho que não vai ser fácil; mas
cá estaremos todos juntos para
ultrapassar as dificuldades e continuar em conjunto a construir uma
comunidade viva e activa e cheia
de fé.
Manuel Magalhães,
Pároco de Santiago do Cacém
Beja Intercultural – Semana dos Migrantes
Trata-se de uma organização conjunta da Câmara
Municipal de Beja, SOLIM, Cáritas (CLAII), projecto
Inclusão pela Arte e Terras Dentro que tem como
objectivo primordial comemorar o dia Internacional das
Migrações (18 de Dezembro) e impulsionar a integração
dos imigrantes residentes no concelho de Beja.
Da iniciativa fazem parte múltiplas actividades que
abrangem as várias comunidades de imigrantes que se
estabeleceram e vivem em Beja: semana gastronómica
com pratos oriundos de países como a China, Brasil,
Ucrânia, etc.; debates sobre integração e desenvolvimento; torneio de futsal; Inauguração de um
núcleo documental sobre a imigração e multiculturalidade; entre outros eventos (ver programa em
anexo).
Segundo a organização, as expectativas são de que se
possa melhorar o conhecimento mútuo e a interacção
entre locais e imigrantes no sentido de que Beja se
possa desenvolver sob o signo da Igualdade.
A Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres em Beja
Arte e História de um Espaço Barroco
de Vítor Serrão, Francisco Lameira e José António Falcão
A igreja de Nossa Senhora dos
Prazeres em Beja, cuja construção
remonta a 1672 e cuja notável
decoração interna decorreu, no
essencial, até cerca de 1700, é um
dos mais notáveis testemunhos
daquela linguagem artística a que
se convencionou chamar de Arte
Total do Barroco português.
O seu conhecimento quase se
reduzia ao que sobre ele escreveu
Túlio Espanca no seu Inventário
Artístico de Portugal. Distrito de
Évora, permanecendo em estado de
abandono e desagregação da sua
talha e pinturas até que, em anos
recentes, entre 2001 e 2004, o
esforço da Diocese de Beja, do
então IOOAR, e das equipas de
restauro Junqueira 220, Carlos
Nodal e Mural da História, permitiu
que o edifício fosse estudado e
intervencionado, permitindo assim
16 de Dezembro de 2007
A alegria, que perpassa através do Advento e impregna os textos litúrgicos,
nasce desta certeza consoladora: Deus, após o pecado, não abandona o
homem, mas encarnou e tornou-Se presente na história humana e na existência
de cada homem, abrindo assim um novo caminho à humanidade.
Esta alegria, por sabermos que Deus está próximo do homem com o Nascimento
do Salvador, trazendo a todos, particularmente aos mais pobres e deserdados
a esperança da felicidade plena, deve ser a atitude fundamental do Cristão.
I Leitura
Is 35, 1-6a.10
O texto desta leitura refere-se, em primeiro lugar, ao regresso do exílio
do povo de Deus e descreve a atitude espiritual desses momentos numa
explosão de alegria. As imagens que aparecem ao longo do texto são
comparações; mas Jesus realizou expressamente, mostrando assim,
que o verdadeiro regresso do exílio à pátria é Ele quem o realiza, em
nosso favor, ao levar-nos consigo e em Si ao Pai.
Leitura do Livro de Isaías
Alegrem-se o deserto e o descampado, rejubile e floresça a terra árida,
cubra-se de flores como o narciso, exulte com brados de alegria.
Ser-lhe-á dada a glória do Líbano, o esplendor do Carmelo e do Sáron.
Verão a glória do Senhor, o esplendor do nosso Deus. Fortalecei as
mãos fatigadas e robustecei os joelhos vacilantes. Dizei aos corações
perturbados: “Tende coragem, não temais: Aí está o vosso Deus, vem
para fazer justiça e dar a recompensa. Ele próprio vem salvar-vos”. Então
se abrirão os olhos dos cegos e se desimpedirão os ouvidos dos surdos.
Então o coxo saltará como um veado e a língua do mudo cantará de
alegria. Voltarão os que o Senhor libertar, hão-de chegar a Sião com
brados de alegrias, com eterna felicidade a iluminar-lhes o rosto. Reinarão
o prazer e o contentamento e acabarão a dor e os gemidos.
Salmo Responsarial
Salmo 145 (146)
Refrão: Vinde Senhor, e salvai-nos.
De 13 a 18 de Dezembro
Da obra
III Domingo
do Advento
Ano A
que ela pudesse reabrir e ser devolvida à comunidade e também aos
públicos interessados, portugueses e estrangeiros.
Trata-se de um notabilíssimo monumento, cuja valia assume expressão
internacional, justamente porque
caracteriza essa típica linguagem
sui generis do Barroco nacional,
tão distinta na sua expressão e ao
mesmo tempo tão influenciada nas
suas origens, das fontes barrocas
italianas e francesas do século
XVII, e que começa a ser lentamente
reconhecido depois de um largo e
injusto limbo de esquecimento.
O observador não esperaria encontrar numa igrejinha de Beja, aliás
no seu prospecto de arquitectura,
um tão rico espaço de obras da
melhor arte barroca do século XVII,
o que só por si justifica uma visita
denorada. Acresce que o espaço
guarda também, as pinturas sobre
tela, que são de Bernardes e de seu
pai Pedro Figueira, bem como a
luxuriante obra de talha dourada,
que pertence a dois mestres entalhadores ao tempo famosos, Francisco da Silva e Manuel João da
Fonseca, e as peças de imaginária
estofada e policromada e, enfim, os
azulejos do silhar, que são de
Gabriel del Barco - ou seja, estamos
perante um conjunto primoroso da
melhor e mais moderna arte produzida no Portugal do tempo de D.
Pedro II.
Este livro, amplamente ilustrado,
atesta as valências dos projectos
integrados aplicados ao campo do
Património Cultural, reunidos
técnicos de diversas especialidades, nomeadamente Vítor Serrão,
Fernando Lameiras e José António
Falcão.
II Leitura
Tg 5, 7-10
Dentro de toda a história da salvação, a vida de cada um de nós é uma
gota de água no oceano ou um instante no meio de todo esse tempo. A
hora da última vinda do Senhor, a pôr o ponto final nessa história e a
consumá-la para todos os homens e para cada um deles, há-de ser
aguardada na paciência e na fidelidade de cada momento, porque o
Senhor virá.
Leitura da Epístola de São Tiago
Irmãos:
Esperai com paciência a vinda do Senhor.
Vede como o agricultor espera pacientemente o precioso fruto da terra,
aguardando a chuva temporã e a tardia.
Sede pacientes, vós também, e fortalecei os vossos corações, porque a
vinda do Senhor está próxima. Não vos queixeis uns dos outros, a fim de
não serdes julgados. Eis que o Juiz está à porta. Irmãos, tomai como
modelos de sofrimento e de paciência os profetas, que falaram em nome
do Senhor.
Evangelho
Mt 11, 2-11
O sonho de Isaías, descrito na primeira leitura, aparece nesta leitura
realizado por Jesus. É Ele que, finalmente, vem anunciar a Boa Nova
do seu mistério pascal, em que todos somos chamados a participar.
Assim, o fim dos tempos e a sua última vinda já está, em certo modo, a
realizar-se. Mas é preciso aguardar, na fidelidade e na vigilância,
que ela se realize completamente.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, João Baptista ouviu falar, na prisão, das obras de Cristo
e mandou-lhe dizer pelos discípulos: “És Tu Aquele que há-de vir ou
devemos esperar outro?” Jesus respondeu-lhes: “Ide contar a João o
que vedes e ouvis: Os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são
curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e a boa nova é
anunciada aos pobres. E bem-aventurado aquele que não encontrar em
Mim motivo de escândalo”. Quando os mensageiros partiram, Jesus
começou a falar de João às multidões: “Que fostes ver ao deserto? Uma
cana agitada pelo vento? Então que fostes ver? Um homem vestido
com roupas delicadas? Mas aqueles que usam roupas delicadas
encontram-se nos palácios dos reis. Que fostes ver então? Um profeta?
Sim – Eu vo-lo digo – e mais que profeta. É dele que está escrito: ‘Vou
enviar à tua frente o meu mensageiro, para te preparar o caminho’.
Em verdade vos digo: Entre os filhos de mulher, não apareceu ninguém
maior do que João Baptista. Mas o menor no reino dos Céus e maior do
que ele”.
OPINIÃO
13 de Dezembro de 2007
Notícias de Beja – 3
Orientações pastorais existem.
Concretizá-las melhor é o que falta
Depois de ter relido, com toda a
atenção, a mensagem que o Santo
Padre dirigiu aos bispos portugueses, que tanto interesse despertou na Comunicação Social do
nosso País, escrevo este artigo a
indicar as principais orientações
pastorais apresentadas pelo Papa
para a renovação da Igreja em
Portugal.
Quis Sua Santidade primeiramente
sublinhar que a comunhão eclesial
há-de ser, no trabalho pastoral, a
prioridade maior.
Por outras palavras, Sua Santidade
propôs que o trabalho pastoral,
todo ele, leve à formação de comunidades eclesiais em que Deus seja
a fonte de luz e vida e as relações
interpessoais dos seus membros
manifestem respeito, fraternidade,
amor, reconciliação de todos para
com todos… Esta é prioridade
pastoral de sempre, mas que interessa lembrar em cada dia, até
porque, hoje, muitas comunidades
eclesiais nem sempre transmitem
esta imagem. Como sabemos, é na
medida em que as comunidades da
Igreja viverem e testemunharem a
comunhão, como se vem expondo,
que têm novidade a anunciar ao
mundo em que se inserem . Já no
começo da Igreja os “pagãos”
olhando as comunidades cristãs e
o modo como os seus membros
viviam e se relacionavam, diziam:
“vede como eles se amam” ou seja,
vede como são irmãos e amigos
que partilham as alegrias e tristezas
uns com os outros animados pela
fé em Deus manifestada poderosamente em Jesus Cristo seu Filho.
E noutro passo do mesmo livro dos
Actos afirma-se que todos os dias
aumentava o número dos discípulos de Cristo.
Vinte séculos depois desses factos
referidos nos Actos dos Apóstolos, em simpósio reunido em
Roma, acerca da evangelização da
Europa, concluiu-se que, evangelizar hoje a Europa, só pela palavra
iluminadora do Evangelho confirmada por um provocador testemunho de vida, individual e comunitário, vivida sob a acção do
Espírito de Deus.
Sendo assim compreende-se que
o Papa deduza daqui algumas
chamadas de atenção ou orientações pastorais para a vida e
testemunho da Igreja em Portugal.
O Santo Padre começou por chamar
a atenção para a necessidade de
se rever a organização das comunidades eclesiais, certamente, como
indica, para que todos os cristãos
se sintam a participar na sua vida.
bém outros órgãos previstos no
direito canónico.
É da experiência, porém, que tirando
o órgão colectivo para a economia
paroquial ou diocesana, o Conselho Pastoral Paroquial ou Diocesano, os mais importantes, rara-
Quis Sua Santidade primeiramente sublinhar que a
comunhão eclesial há-de ser, no trabalho pastoral, a
prioridade maior.
O Santo Padre começou por chamar a atenção para a
necessidade de se rever a organização das comunidades
eclesiais.
Bento XVI sugere, a seguir, que se processe uma
mudança de mentalidade nas comunidades cristãs.
O Papa lembra que urge proporcionar a todos os
membros da Igreja, especialmente aos leigos, uma
formação forte e esclarecida, para serem capazes, na
humildade e alegria, de proclamar a palavra do
Evangelho.
O Papa pediu que os bispos revissem como se estão a
fazer os percursos da iniciação cristã nas dioceses
portuguesas.
Têm aqui lugar certo não só os
vários conselhos que estão previstos no ordenamento jurídico da
Igreja, como sejam, o Conselho
Pastoral Paroquial e o Conselho
Pastoral Diocesano; o Conselho
Económico Paroquial e o Conselho
Económico Diocesano, mas tam-
mente funcionam satisfatoriamente
por certa ineficácia na transformação da vida da comunidade a
que pertencem.
Outro aspecto é o da articulação
paroquial ou diocesana da chamada “pastoral especializada” ou
dos movimentos e associações
laicais com a também designada
“pastoral territorial”. Poucas são as
comunidades em que esta articulação se faz de modo satisfatório.
Tem muita razão o Santo Padre ao
propor a revisão da organização
das comunidades eclesiais.
Bento XVI sugere, a seguir, que se
processe uma mudança de mentalidade nas comunidades cristãs. É
uma evidência em todo o mundo.
Tendo havido um Concílio que
procurou, predominantemente, a
renovação pastoral, é claro que
terá de haver mudança de mentalidade para se viver e agir a ritmo
conciliar. É que se procedeu a uma
profunda renovação quer quanto
à compreensão da Igreja e da sua
missão; quer quanto à sua relação
com as realidades temporais; quer
quanto ao seu relacionamento com
Igrejas e Confissões cristãs não
católicas; quer quanto à relação
com Confissões não cristãs; quer
quanto à evangelização, à vida
religiosa, à formação sacerdotal, à
catequese, às missões ad gentes;
quer quanto à liberdade religiosa,
à relação com o ateísmo, etc. etc.
E Bento XVI não deixa de chamar a
atenção para o afastamento de
bastantes cristãos, mesmo em
Portugal, da prática dominical, isto
é, da celebração da Eucaristia aos
domingos, acto imprescindível da
vida cristã .
Entra aqui a necessidade de tornar
muito mais evangelizadoras as
comunidades eclesiais que, em
nossos dias, se apresentam tão
debilitadas no seu entusiasmo
missionário! O Papa lembra que
urge proporcionar a todos os
membros da Igreja, especialmente
aos leigos, uma formação forte e
esclarecida, para serem capazes, na
humildade e alegria, de proclamar
a palavra do Evangelho. As nossas
comunidades eclesiais e a maioria
dos leigos perderam este zelo e, por
isso, estão muito longe do entusiasmo pela evangelização de
tantas outras épocas da Igreja!
Em Espanha, num estudo sério,
chegou-se, há anos, à conclusão
de que só 7% das comunidades
paroquiais tinham perfil evangelizador. Hoje, as coisas não mudaram
muito, lá e cá… Então como agir?
O Papa recomenda que se cuide
muito bem da iniciação cristã, isto
é, desse longo esforço, com os
meios que a Igreja oferece (sacramentais e não sacramentais) de
modo a formar cristãos amadurecidos, adultos na fé, capazes de
testemunharem com fidelidade a fé
da Igreja. Não explicitou o Papa,
mas explicita-o agora, que nessa
faixa dos que não são regularmente
praticantes dominicais está a maioria esmagadora dos baptizados
que ainda se declaram livremente
católicos, mas que vão definhando
na fé, esperando sem o pensarem,
que apareça alguém que os saiba
ajudar a regressar à mesa da família
eclesial, encontrando e seguindo
os caminhos da fé vivida e
testemunhada.
É uma arraigada convicção do meu
espírito que está aqui uma das
maiores urgências pastorais da
Igreja na Europa e em Portugal.
O Papa pediu que os bispos revissem como se estão a fazer os
percursos da iniciação cristã nas
dioceses portuguesas. Penso que
se tem de fazer uma profunda
revisão em ordem a tomar, a nível
nacional, compromissos pastorais
em todas as dioceses. Julgo que é
urgente o episcopado tomar a
decisão de lançar uma grande e
longa campanha pela evangelização dos que se foram afastando.
É que comunidade que não é
evangelizadora não se renova.
Quando muito vai existindo sem
chama.
E para me não alongar excessivamente sublinho a referência
que o Papa fez a Fátima designando-a escola de Maria, como
Mestra das verdades eternas, da
oração, da fé e do amor. Quanto
havia a dizer aqui sobre a missão
de Fátima na Igreja em Portugal e
fora dele!… Muito se tem feito, mas
muito mais é preciso realizar ainda,
sintonizando com as propostas do
Papa que procurei interpretar desta
forma.
Este artigo saiu talvez um pouco
árido mas foi escrito para ajudar a
ler por dentro a mensagem do Papa
porque, como diz o poeta: “É por
dentro que as coisas são”.
João Alves,
Bispo Emérito de Coimbra
Vende-se
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PATRIMÓNIO
4 – Notícias de Beja
PEDRA ANGULAR
13 de Dezembro de 2007
PÁGINA DO DEPARTAMENTO
DO PATRIMÓNIO HISTÓRICO E
ARTÍSTICO DA DIOCESE DE BEJA
Uma iniciativa da Diocese de Beja e da Arte das Musas
4.ª edição do Festival Terras sem Sombra de Música
Sacra arranca em Mértola
Primeiro espectáculo tem lugar a 15 de Dezembro e traz à nossa região um dos mais importantes ensembles de música antiga do país
O Baixo Alentejo recebe este mês,
pela quarta vez consecutiva, o
Festival Terras sem Sombra, promovido pelo Departamento do Património Histórico e Artístico da
Diocese de Beja e pela Arte das
Musas, com o apoio da DirecçãoGeral das Artes do Ministério da
Cultura e de diversos municípios
da região.
Em 2007-2008 o ciclo inicia-se na
Igreja Matriz de Nossa Senhora de
Entre-as-Vinhas, em Mértola, com
um espectáculo do Ensemble Sete
Lágrimas, intulado Mediterræ: As
Devoções Eruditas e Populares no
Eixo Latino Mediterrânico. O
espectáculo terá lugar no dia 15 de
Dezembro, pelas 21 H 00, e as
entradas são livres. Apresentamos
em anexo o repertório, de excepcional qualidade musical, que irá
ser interpretado.
Fundado em 2000 sob o nome
L’Antica Musica, o Ensemble Sete
Lágrimas é um agrupamento de
músicos especializados em música
antiga e contemporânea dirigido
pelos tenores Filipe Faria e Sérgio
Peixoto que desenvolve programas
onde se combinam o virtuosismo
com delicadas composições de
melancolia. Dois tenores, duas
flautas de bisel, alaúde e tiorba e
viola da gamba são a instrumen-
tação base dos programas já apresentados em Festivais nacionais
como o Festival dos Capuchos, o
Festival Terras sem Sombra e os
Encontros de Música Antiga de
Loulé. Em 2006-2007 o grupo desenvolve diversos projectos de
gravação e edição discográfica: para a editora Dialogos, com a
encomenda de obras ao compositor
inglês, residente em Portugal, Ivan
Moody, e para a editora Numérica.
Desde 2006 o consort desenvolve
projectos de composição de música original e arranjos de música
antiga para projectos audiovisuais.
A este propósito efectuou já a
banda sonora original, baseada em
música dos séculos XVI a XVIII,
de uma série de treze programas
televisivos da estação SIC. Em cada
concerto o projecto cénico é elaborado de acordo com o programa
interpretado e com o espaço de
apresentação, utilizando um cuidadoso recurso à luz, a adereços
cénicos ou à projecção vídeo.
O Sete Lágrimas Consort estreouse, em Lisboa, em 2001, com o
Primeiro Livro de Madrigais para
Duas Vozes, de Thomas Morley
(1595). Fruto de uma intensa pesquisa de cerca de um ano, este
repertório encerra em si mesmo a
magia da Renascença europeia que
fez da música e dos paradigmas
clássicos uma forma de arte nova
que comunicou com o público de
um modo ainda não experimentado.
Desde essa data o ensemble efectuou diversos concertos em Lisboa,
Almada, Cascais, Évora, Moita,
Azambuja, Arraiolos, Almodôvar e
Loulé, de onde se destacam os do
1.º Festival Terras sem Sombra de
Música Sacra do Baixo Alentejo
(Almodôvar, 2003), do VI Encontro
de Música Antiga de Loulé (Almancil, 2004) e do Festival dos
Capuchos, O Ocaso no Jardim das
Hespérides (Almada, 2005). Em
2006/2007 já se encontra agendado
novo concerto integrado no 3.º
Festival Terras sem Sombra de
Música Sacra do Baixo Alentejo
(Santiago do Cacém, 2007), num
cartaz que inclui a presença do Coro
Gulbenkian, para além do concerto
do 18.ª Temporada de Música em
São Roque (Lisboa, 2006).
A composição actual do ensemble
abrange actualmente Filipe Faria e
Sérgio Peixoto, tenores, Pedro
Castro (Flautas de Bisel e Oboé
Barroco), Denys Stetsenko (Violino
Barroco), Hugo Sanches (Tiorba,
Guitarra Barroca e Vihuela), Duncan
Fox (Violone) e Sofia Borges
(Percussão).
Sete Lágrimas lançou em 2006 o seu
primeiro CD, saudado pela crítica
em tom entusiástico. Transcrevemos alguns dos textos então
publicados:
“Neste seu primeiro CD, o grupo
Sete Lágrimas oferece-nos uma
confirmação da maturidade artística
que a interpretação de música
antiga alcançou em Portugal. Exemplo de sensibilidade e bom gosto,
faz-nos esquecer que na sua base
estão raras competências técnicas,
adquiridas durante anos de esforçada aprendizagem. De facto, a
música flui, judiciosamente equilibrada e fraseada, sem que os
detalhes deixem de ser transparentes, oferecendo-se à degustação do ouvinte. As vozes fundemse admiravelmente e os instrumentos revelam um entendimento
plenamente partilhado. A proposta
de repertório é, de alguma forma,
ousada, não apenas por justapôr
melodias sobre traduções francesas
dos Salmos, de Marot, cantadas em
estilo de discante, a peças de
Heinrich Schütz e belos, embora
pouco conhecidos, responsórios
do célebre padre Martini, mas
também porque os tempos distendidos, convidando à contemplação, contrariam a pressa inconsequente dos tempos que correm.
No livrete que acompanha o disco,
lê-se que Dowland reivindica as
Lágrimas como expressão não só
de tristeza, mas também de alegria
interior. É esta alegria que, lentamente, vai escorrendo deste disco,
para ouvidos que a saibam recolher
e ecoar.” (Manuel Pedro Ferreira,
Musicólogo e Crítico Musical).
“Sob o sugestivo título Lachrimae
#1, o programa do primeiro CD do
Sete Lágrimas Consort percorre um
período temporal que se estende
dos finais do século XVI ao século
XVIII onde se cruzam várias tradições e estilos musicais (francês,
italiano, germânico) e a expressão
ritual de vários credos religiosos
(catolicismo, protestantismo) unidos por fios condutores evidentes
ou subtis. O tema das lágrimas como
expressão da dor, do sofrimento
íntimo ou colectivo, da melancolia,
da fé ou da intolerância religiosa
estão implícitos em quase todas as
épocas no contexto de criação de
várias peças musicais ou no seu
próprio conteúdo, atingindo uma
expressão particularmente rica e
tocante no período barroco. Por
outro lado, a voz que canta (mas
também chora) é um elemento
primordial intrínseco à própria
natureza da música, que é aqui
entendida de forma abrangente
estendendo-se à aspiração que
conduziu compositores e intérpretes da época barroca a tentar
igualar a eloquência da voz humana
na música instrumental.” Cristina
Fernandes (Musicóloga e Crítica
Musical)
Programa
Sobre a Recercada Segunda de
Diego Ortiz; Claude Goudimel
(1514-1572), França (adapt. Sete
Lágrimas), Seigneur écoute ma
priére; Tomás Luiz de Victoria (15481611), Espanha, O vos omnes;
Diogo Dias Melgaz (1638-1700),
Portugal, In monte oliveti; Tradicional, Itália (Friuli), Lusive la lune;
Carlo Gesualdo (1566-1613), Itália,
O vos omnes ; D. João IV (16031656) (atribuído), Portugal, Crux
fidelis; Tradicional, Espanha, (Catalunha), El noi de la mare; Josquin
Desprez (1450?-1521), França, Ave
Maria; Guillaume Dufay (13971474), França, Ave regina cælorum;
Claude Goudimel (1514?-1572),
França (adapt. Sete Lágrimas), Sur
ta montagne; Tradicional, Itália
(Piemonte), Fuga in Egitto; Vilancico Anónimo (Século XVI), Portugal, Senhora del mundo; Tradicional, Itália (Piemonte), Gesu
bambin l’è nato; Llibre Vermell de
Montserrat (Século XIV), Espanha
Maria Matrem; Juan de Anchieta
(1462-1523), Espanha, Con amores
la mi madre; Claude Goudimel
(1514?-1572), França (adapt. Sete
Lágrimas), O que c’est chose belle;
Claude Goudimel (1514?-1572),
França (adapt. Sete Lágrimas), La
terre au seigneur appartient; Cancionero de Montecassino (Século
XV), Espanha, Adoramus te, Tradicional, Itália (Lobardia), San
Giuseppe e la Madonna.
DIOCESE
13 de Dezembro de 2007
Notícias de Beja – 5
A Igreja de Beja em marcha
Crismas em Abela, Santiago do Cacém
No dia 30 de Novembro, à noite, em
Abela, participei num encontro de
preparação para o Crisma pertencentes às diferentes paróquias
do concelho de Santiago do Cacém
confiadas aos Padres Vicentinos.
Muita gente, com belos teste-
munhos e confissão sacramental
aqueceram o amplo espaço do
templo. A 9 de Dezembro, com a participação de D. Manuel Falcão, bispo
emérito, dos padres da comunidade
vicentina de Santiago do Cacém e
também do Pe. Carlos César, ex-
membro dessa comunidade, 45
pessoas receberam o sacramento do
Santo Crisma na igreja paroquial de
Abela, mas só 13 eram desta paróquia, sendo as restantes de Santiago
do Cacém, com excepção de uma,
que veio do Cercal. Foi significativa
a presença de muitos escuteiros, pois
13 dos crismandos eram caminheiros
do agrupamento do CNE de Santiago. Notou-se uma longa e acurada
preparação dos crismandos e muitos
estão comprometidos na vida paroquial e comunitária. Esperamos que
com a riqueza dos dons do Espírito
Santo essa participação ainda se
torne mais fecunda para as famílias e
o meio social.
No final da celebração houve almoço
festivo no salão do Clube Abelense.
Nas paróquias confiadas ao Irmão Domingos
No dia 8, solenidade da Imaculada
Conceição, fui celebrar a Eucaristia
às paróquias de Pedrógão e Selmes,
confiadas ao Diácono Domingos.
Foi reconfortante ver a participação
activa de muitas crianças, que
frequentam a catequese, feita com
a colaboração de catequistas idos
de Beja e que estão a ajudar a formar
pessoas dessas paróquias para este
serviço. A pastoral em corresponsabilidade comunitária cria e fortalece as comunidades, o qeu já se
começa a notar nestas paróquias.
Pastoral da Família em S. Teotónio e Ervidel
Neste segundo ano em que a
diocese está a ter a família como
pólo unificador da sua acção
pastoral, as paróquias vão assumindo este propósito, sensibilizando as comunidades, promovendo e realizando actividades com
as famílias e para as famílias.
No passado dia quatro, a paróquia
de São Teotónio realizou o primeiro
encontro de lançamento de Equipas
Paroquiais de Família. Depois de a
Comissão Diocesana da Pastoral da
Família ter entrado em contacto com
o Padre Abílio e explicado o objectivo destas equipas, ele lançou-se
ao trabalho e foi contactando
pessoalmente vários casais e convidando-os para um primeiro encontro. Trinta pessoas, quinze
casais, manifestaram o seu desejo de
iniciar este percurso de formação.
Neste primeiro encontro estiveram
presentes, além do pároco, o Dr. António Mendonça como Coordenador
da Comissão Pastoral da Família e o
Assistente desta Comissão.
A Paróquia de São Teotónio iniciou
neste Advento uma Missão que tem
como objectivo permitir, a todos
aqueles que o quiserem, iniciar ou
aprofundar a sua vida cristã. Com
este propósito, deseja o pároco
inserir a visita da Imagem de Nossa
Senhora, que ali chegará no dia
dezanove de Abril, neste percurso
de fé proposto a toda a população
da Vila. É, pois, nesta dinâmica da
comunidade paroquial que se
inscreve, também, um trabalho
específico com as famílias. Assim,
na tarde do próximo dia vinte e sete
de Janeiro, a Comissão Diocesana
da Pastoral da Família irá a São
Teotónio oficializar a primeira
destas Equipas.
Também a Paróquia de Ervidel
aproveitou a festa da Imaculada
Conceição para uma actividade
com famílias. Assim, o Padre Olavo
dirigiu um convite aos casais que
neste ano fazem vinte e cinco anos
de casamento para uma celebração
e renovação do seu compromisso
matrimonial. Na celebração da
Eucaristia, presidida pelo Vigário
Geral da Diocese, vários casais que
responderam ao convite, bem como
as suas famílias celebraram festivamente a Eucaristia da festa da
Imaculada Conceição e renovaram
o seu compromisso matrimonial. No
final realizou-se um almoço de
convívio onde os casais presentes
manifestaram o desejo de que se
continuasse este propósito.
Cónego António Domingos
Dia 19 de Dezembro, às 21h30, na Biblioteca Municipal de Beja
Apresentação do livro “Apríngio,
comentário do Apocalipse”
Apríngio, bispo de Beja nos tempos do rei visigodo Teudis (531548), tem sido injustamente esquecido entre nós.
Tal injustiça é posta a nu pelos
termos elogiosos com que já S.
Isidoro de Sevilha se refere à pessoa
e obra do primeiro bispo conhecido
de Pax Julia: “Apríngio, bispo da
Igreja Pacense das Hispânias,
eloquente no uso da língua e
erudito no saber, interpretou o
Apocalipse do Apóstolo João com
subtileza e estilo brilhante, quase
melhor do que parece terem-no
feito os antigos comentadores
eclesiásticos. Escreveu ainda outras obras que, todavia, chegaram
a nossos olhos apenas em mínima
parte. Brilhou no tempo de Teudis,
príncipe dos Godos.” (De viris
ilustribus, 30, 40)
Dessa “outras obras” de que fala
S. Isidoro nada chegou até nós.
Melhor sorte mereceu, porém, o
Comentário ao Apocalipse, que
pode, finalmente, ser lido numa
edição científica e na língua de
Camões, contribuindo assim para
o enriquecimento do património
cultural de una época e de un
tenitório que são raízes da história
e da cultura portuguesa.
Philokalia, é um termo gergo que
significa “amor das coisas belas”.
Foi o título dado por Basílio de
Cesareia e seu amigo Gregório de
Nazianzo (séc. IV) a uma antologia
de textos por eles coleccionados da
obra de grande Orígenes.
Iniciativas do género sucederamse ao largo dos séculos, com o
objectivo de facultar a cada época
os melhores frutos que a sabedoria
cristã do passado produziu.
É neste espírito, e com propósito
de continuar a alimentar o desejo e
o amor pelas belezas duradoiras,
que surgiu esta colecção que
pretende facultar a um público de
leitores cada vez mais vasto as
“jóias” da literatura e espiritualidade do cristianismo dos primeiros séculos.
Padre Hugo Gonçalves
toma posse das paróquias
Nos dias 8 e 9 de Dezembro o Pe. Hugo
tomou posse das paróquias de S.
Francisco da Serra, Santa Margarida e
Melides, ficando nesta última “in
solidum” com o Pe. Adalberto. O
arcipreste, Pe. Magalhães, leu a
provisão e participou no acto. Apesar
de receberem um padre jovem, com
vontade de desenvolver um bom
trabalho pastoral, as populações
mostraram-se tristes com a despedida
do Pe. Júlio, pois gostariam de continuar com ele, o que infelizmente não
foi possível, atendendo à sua dificuldade em manter-se como capelão do
estabelecimento prisional de Pinheiro
da Cruz. No dia 8, à noite, houve uma
vigília em estilo de Taizé no lugar do
Carvalhal, com muita participação
juvenil.
Arciprestado de Cuba reúne
em Vila Nova da Baronia
Por motivo de ausência de alguns
dos seus membros na data prevista
para o encontro, a reunião do clero
deste arciprestado realizou-se no dia
6 de Dezembro, da parte de tarde, na
paróquia de Vila Nova da Baronia.
Uma parte do tempo foi de partilha
sobre o decurso da experiência das
paróquias confiadas ao Diácono
Domingos, da Fraternidade dos
Irmãozinhos de S. Francisco de Assis.
A seguir à celebração da Eucaristia
o clero presente atendeu as pessoas
que desejaram confessar-se, começando assim a sua preparação para
o Natal.
Presença nas Comunicações Sociais
Por altura do Natal os vários meios
de comunicação social procuram o
Bispo para escutar a sua sensibilidade não apenas sobre as festas
religiosas, mas também sobre as
diferentes questões da vida social,
económica, cultural e política, que
estão em voga e de que se fala e
escreve. No dia 29 de Novembro, na
Radio Voz da Planície, durante uma
hora, no programa Grande Plano, em
diálogo com a jornalista Ana de
Freitas, fui abordando muitas dessas
questões. Na qualidade de Presi-
dente da Comissão Episcopal da
Mobilidade Humana também sou
abordado por vários órgãos de
comunicação a nível nacional. Embora não tenhamos respostas para
tudo, é bom sinal sermos procurados
pelos órgãos de comunicação. Pena
é que a nível regional e local nem
todos aproveitem estes meios para
chegar junto das populações dispersas do Alentejo, dado que nos
espaços das igrejas apenas contactamos com uma pequena percentagem dos habitantes.
Beja prepara a vinda
da Imagem Peregrina de Fátima
No dia 9, de tarde, quase 90 pessoas,
propostas pelos párocos e convidadas
pelo Bispo, reuniram no salão do
Centro Pastoral de Beja, para combinar
a preparação da cidade para a visita da
Imagem Peregrina, no mês de Maio. O
Bispo, tendo explicado o seu projecto
de Missão para a cidade, desafiou os
presentes a formarem grupos e assembleias de rua ou de bairro, para durante
a Quaresma e tempo pascal aprofun-
darem os laços sociais e a fé cristã. Os
animadores destes grupos receberão
formação nas primeiras semanas do ano
de 2008. Depois de muitos dos presentes darem ricas sugestões, o
encontro terminou com uns momentos
de oração e reflexão sobre a nova
encíclica do Santo Padre, tomando
Nossa Senhora como estrela da
esperança.
Agenda dos próximos dias:
No dia 14 de Dezembro, pelas 14,30 horas, no Cinema Pax Julia de Beja, tem lugar
a acção Dez Milhões de Estrelas, da qual faz parte a inauguração de uma exposição
de presépios feitos por diversos concorrentes. Às 18,00 horas, na igreja dos Prazeres
é apresentado ao público um livro sobre esta preciosidade artística. À noite, o
Infantário de Nossa Senhora da Piedade, em Odemira, das Irmãs Oblatas, faz a sua
tradicional festa de Natal, a grande atracção do concelho.
A partir desse dia multiplicam-se as festas de Natal pelas instituições do Baixo
Alentejo e também o tradicional Cante ao Menino, para muitas das quais o bispo
foi convidado.
No dia 18, os professores e funcionários do Instituto de Nossa Senhora de Fátima
têm o encontro e ceia de Natal com a presença do Bispo.
No dia 20 a Comunidade Terapêutica Horta Nova, da Caritas Diocesana, tem a sua
tradicional celebração e ceia de Natal. No dia 21 será a do Seminário Diocesano e
no dia 22 a da Mansão de S. José, pólo um.
No dia 23, pelas 18,00 horas, Peroguarda realiza o seu habitual Cante ao Menino,
que deslumbrou o músico Jacometti, a ponto de ter escolhido o cemitério desta
terra para acolher os seus restos mortais.
No dia 25, às 12,00 horas, Pontifical de Natal na Sé de Beja.
† António Vitalino, Bispo de Beja
SOCIEDADE
6 – Notícias de Beja
13 de Dezembro de 2007
Tempo de esperança
«Quem não conhece Deus, mesmo
podendo ter muitas esperanças, no
fundo está sem esperança, sem a
grande esperança que sustenta
toda a vida (cf. Ef 2,12). A verdadeira e grande esperança do
homem, que resiste apesar de todas
as desilusões, só pode ser Deus – o
Deus que nos amou, e ama ainda
agora «até ao fim», «até à plena
consumação» (cf. Jo 13,1 e 19,
30)...Deus é o fundamento da
esperança – não um deus qualquer, mas aquele Deus que possui
um rosto humano e que nos amou
até ao fim: cada indivíduo e a
humanidade no seu conjunto»
(Bento XVI, ‘Spe salvi’ 27 e 31).
Efectivamente, o nosso Deus é um
Deus de esperança e quem acredita
n’Ele só pode ser e viver na esperança. Na linha do que dizia, o
Cardeal Joseph Suenens – um dos
maiores bispos/teólogos mentores
do Concílio Vaticano II – quando o
interrogavam ‘por que é que era um
homem de esperança’, ele dizia:
‘porque acredito no Espírito Santo’.
Cremos que este desafio do nosso
actual Papa sobre a reflexão à volta
da esperança – virtude teologal,
dimensão humana, fraterna/social
e cristã tão típica do tempo litúrgico
do Advento/Natal – é, mais do que
nunca, um grito para acordarmos
da letargia consumista e do materia-
lismo alarmista com que temos de
nos confrontar diariamente.
‘Spe salvi’ (oficialmente dita como
uma encíclica sobre a ‘esperança
cristã’) poderá ser traduzido por
‘salvos pela esperança’ ou, de
forma mais abrangente e comprometedora como ‘a esperança
que nos salva’ ou ainda, como diz
uma outra tradução (da Bíblia mais
ou menos oficial em português) de
Rm 8,24: ‘na esperança que fomos
salvos’.
Há, de facto, um forte desafio a que
a esperança seja traduzida muito
para além daquilo que nos vai
enfezando nas dicas e tricas do dia
a dia e por entre as quezílias mais
ou menos mundanas, até nas teias
do nosso complexo mundo de
Igreja... católica.
* Amadurecendo a caminhada em
esperança
«O homem, na sucessão dos dias,
tem muitas esperanças – menores
ou maiores – distintas nos diversos
períodos da sua vida. Às vezes pode
parecer que uma destas esperanças o satisfaça totalmente, sem
ter necessidade de outras. Na
juventude, pode ser a esperança
do grande e fagueiro amor; a
esperança de uma certa posição
na profissão, deste ou daquele
sucesso determinante para o resto
da vida. Mas quando estas espe-
ranças se realizam, resulta com
clareza que na realidade, isso não
era a totalidade» (Bento XVI, ‘Spe
salvi’ 30).
Na fase das ‘esperanças’, que é a
juventude, vemos, por vezes,
pulular a nossa capacidade de
interpretar os sinais de esperança,
que passam pelo sucesso/amor, a
profissão – quão vulnerável nos
dias que correm! – e mesmo do
projecto de vida... ao ritmo das mais
díspares contingências e vicissitudes pessoais, familiares e/ou
comunitárias.
Saber olhar mais além do que aquilo
que se vê, torna-se como que uma
das mais fundamentais perspectivas de conduta no presente e para
o futuro. Quem não tem desafios
de exigência à luz do Evangelho
com dificuldade saberá (ajudar)
discernir caminhos de futuro para
os mais novos. O sonho, de facto,
comanda a vida... embora se vão
burilando as (nossas) intenções
mais profundas.
Estaremos todos e cada um de nós
disponíveis para espalharmos esta
esperança viva à nossa volta? Depende de nós, cristãos, que a esperança
não seja uma desilusão, mas uma
vivência traduzida em gestos simples,
efectivos e afectivos... onde quer que
nos encontremos.
A. Sílvio Couto
Cristianismo do Sudão em risco de desaparecer
As políticas do governo sudanês conduzirão a prazo
ao desaparecimento do cristianismo do Sudão,
considera o bispo auxiliar de Cartum, adiantando que
isso o leva a questionar a unidade do país defendida
pela comunidade internacional.
“Não existem abusos directos, uma afronta directa aos
cristãos, mas as políticas aplicadas levam a que
cristianismo vá morrendo aos poucos até acabar”,
declarou à Agência Lusa D. Daniel Adwok, de 55 anos,
em visita a Portugal, na primeira semana de Dezembro.
Segundo o bispo auxiliar de Cartum, “o governo diz que
não parará de tentar islamizar a sociedade e que so defenderá a religião islâmica”, pelo que “não existem hipóteses
de desenvolvimento para a cultura e a religião” cristã.
Dr. Rui Miguel Conduto
CARDIOLOGISTA
CONSULTAS:
Sábados
Publ.
Quartas-Feiras e Sextas-Feiras
UNIMED
Campo Grande, 46-A - Telefone 217 952 997 Lisboa
Cartório Privado de Odemira
A cargo da Notária Ana Paula Lopes
António Vasques.
Certifico, para fins de publicação que foi
lavrasa neste Cartório Notarial, no dia de
hoje, de dezoito a folhas vinte do Livro de
Notas para Escrituras Diversas número
“Oitenta e Quatro - E”, escritura de
Justificação, na qual Idalina Fernandes
Coelho, casada com Mário Francisco Coelho,
sob o regime imperativo da separação de
bens, natural da freguesia de Santa Clara-aVelha, concelho de Odemira, residente em
Caveirinhas, Pereiras-Gare, Odemira,
contribuinte fiscal número 149160526; Manuel
Fernandes Coelho e mulher Alice Maria
Gonçalves, casados sob o regime da
comunhão de adquiridos, naturais, respectivamente, da freguesia de Santa Clara-aVelha e da freguesia de Sabóia, ambas do
concelho de Odemira, residentes em Casas
Novas, Pereiras-Gare, Odemira, contribuintes
fiscais números 128 481447 e 142276181;
Joaquim Fernandes Coelho e mulher Maria
de Lurdes Botelho Martins, casados sob o
regime da comunhão de adquiridos, naturais
da freguesia de Santa Clara-a-Velha,
concelho de Odemira, residentes em PereirasGare, Odemira, contribuintes fiscais números
105181420 e 105181412, declaram ser donos
e legítimos possuidores, em comum e sem
determinação de parte ou direito, de uma
parcela de terreno com a área de noventa e
oito metros quadrados, situada no Alto da
Estação, freguesia de Pereiras-Gare,
concelho de Odemira, a confrontar a Norte
com Eufrazina Maria Antónia, Sul com
Certificado
Travessa Pública; Nascente com Herdeiros
de Maria Perpétua Fernandes e do Poente
com Rua do Alto da Estação; inscrita na
respectiva matriz da referida freguesia, em
nome de Maria Perpétua Fernandes - Cabela
de casal da herança, como parte do artigo
214; Que esta parcela veio à posse de Maria
Perpétua Fernandes, sua mãe, falecida em
dezasseis de Abril de dois mil e quatro, no
estado de viúva de José Pedro Coelho, com
quem havia sido casada sob o regime
imperativo de separação de bens, de quem,
os ora justificantes, foram declarados únicos
herdeiros, por escritura de habilitação de
herceiros lavrada neste cartório a folhas cem,
do Livro de Notas para Escrituras Diversas
número “Dezoito-E”, por compra meramente
verbal, em dia e mês que não podem precisar
do ano de mil novecentos e quarenta, a João
Coelho, ao tempo solteiro, maior, residente
em Pereiras - Gare, Odemira, actualmente já
falecido; Que esta parcela de terreno se
destinou a constituição de logradouro do
prédio urbano, situado no Alto da Estação,
freguesia de Pereiras-Gare, concelho de
Odemira, descrito na Conservatória do
Registo Predial de Odemira sob o número
trezentos e setenta e oito da dita freguesia,
onde se encontra registada a aquisição a
seu favor, em comum e sem determinação
de parte ou direito, conforme inscrição G Ap. nove, de doze de Janeiro de dois mil e
seis;
Que naquela descrição registral consta um
prédio urbano com a área de setenta metros
quadrados, composto de casa de rés-do-chão,
para habitação, tendo, actualmente, a
superfície coberta de cento e trinta e dois
virgula oitenta metros quadrados, sendo o
quintal de trinta e cinco virgula vinte metros
quadrados, pelo que se encontra omissa uma
área de noventa e oito metros quadrados;
Que a referida parcela de terreno com a área
de noventa e oito metros quadrados, foi
adquirida e tem vindo a ser possuída e
utilizada como logradouro a poente e área de
implantação, após obras de ampliação
efectuadas, daquele identificado prédio
urbano, em nome próprio, com a consciência
de nunca, nem mesmo no acto da aquisição,
estar-se a prejudicar direitos alheios, com o
conhecimento de toda a gente e sem a menor
oposição de quem quer que fosse.
Trata-se, por conseguinte, de uma posse
caracterizada pela boa fé e exercida de uma
forma pública, contínua e pacífica.
Que esta posse dura há mais de vinte anos,
conduziu à usucapião, que invocam pela
presente escritura, justificando deste modo
o respectivo direito de propriedade para
efeitos de inscrição no registo predial, em
virtude de não existir nenhum título
extrajudicial, que comprove esta aquisição
efectuada por sua mãe.
Que atribuem à parte justificada o valor de
xatorze mil e setecentos euros.
Está conforme, nada havendo na parte omitida
além ou em contrário do que se certifica.
Odemira, 8 de Novembro de 2007
A Notária
A na Paula LopesAntónio Vasques
Rua Heróis Dadra, 5 - Beja – Telef. 284 327 175
Marcações das 17 às 19.30 h., pelo Telef. 284 322 973/914 874 486
Publ.
Cartório Notarial de Serpa
Certificado
Certifico para efeitos de publicação que, no
dia 16 de Novembro de 2007, lavrada a fls.
34, do livro de notas número 158-D, deste
Cartório, foi efectuada uma escritura de
Justificação, pela qual Odete Martins Peres
Santos, NIF 154.616.710 e marido Manuel
José dos Santos, NIF 104.038.497, casados
no regime da comunhão geral, naturais da
freguesia de Santana de Cambas, concelho
de Mértola, residentes nessa freguesia,
alegam que são donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem, do prédio
urbano de rés-do-chão, destinado a
habitação, com a superfície coberta de
noventa e nove metros quadrados, sito em
Santana de Cambas, freguesia de Santana
de Canbas, concelho de Mértola, que
confronta de norte com Manuel Zarcos
Colaço, do sul, e nascente com Via Púlica e
pelo poente com João Conduto, inscrito na
matriz, em nome da antepossuidora
Escolástica Maria, sob o artigo 927, com o
valor patrimonial de 551,89 euros, a que
atribuem igual valor, não descrito na
Conservatória do registo Predial de Mértola.
Que identificado imóvel veio à sua posse por
haverem adquirido por doação efectuada por
sua avó Escolástica Maria, viúva, já falecida,
residente que foi na aludida freguesia de
Santana de Cambas, por volta do ano de mil
novecentos e setenta e um, não tendo sido
celebrada a respectiva escritura. Porém,
desde aquele ano e sem interrupção, os
justificantes entraram na posse do referido
prédio, usufruindo todas as suas utilidades e
suportando os respectivos impostos e
encargos, tendo adquirido e mantido a sua
posse sem a menor oposição de quem quer
que fosse e com conhecimento de toda a
gente, agindo sempre por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade, tendo por isso uma posse pública,
pacífica, contínua e de boa fé, que dura há
mais de vinte anos, pelo que o adquiriram
por usucapião, não tendo todavia, dado o
modo de aquisição, documento algum que
lhes pernita fazer a prova do seu direito de
propriedade.
Que, desta forma, justificaram a aquisição
do aludido imóvel por usucapião.
Está conforme o original.
Cartório Notarial de Serpa, dezasseis de
Novembro de dois mil e sete.
A 2.ª ajudante
Maria da Conceição Vaz Martins Miguel
REGIONAL
13 de Dezembro de 2007
Lar de Vila Nova
da Baronia em
festa
Beja
Grândola
Arquivo Municipal
vai ter novas instalações
Árvore de Natal com dez metros
O Arquivo Municipal de Beja vai
ficar instalado num edifício da Rua
da Moeda que vai sofrer obras de
recuperação e adaptação para
aquele fim específico. Neste sentido, a Câmara Municipal de Beja já
adjudicou a obra por 125 mil euros,
devendo a mesma estar pronta
dentro de quatro meses.
O acervo do futuro Arquivo Municipal será constituído por documentos provenientes do edifício
principal da autarquia, que englobam documentação dos serviços
de Contabilidade, Recursos Humanos, Património e Notariado, Taxas
Por ocasião do 100º aniversário da
utente, D. Marcelina Mendes, o
Centro Social e Paroquial de Vila
Nova da Baronia organizou no
passado dia 2 de Dezembro uma
animada festa de aniversário, onde
para além das funcionárias da IPSS
e dos utentes da valência do Lar de
Terceira Idade, também estiveram
presentes os familiares mais
próximos da aniversariante.
A festa de aniversário contou com
a celebração de uma Eucaristia de
Acção de Graças pelos 100 anos
que a D. Marcelina teve o
previlégio de viver, celebração esta
que foi presidida pelo Presidente e
Pároco da instituição e animada
pelo Coro da Paróquia de N.ª Sr.ª
da Assunção. Seguidamente foi
servido um jantar comemorativo que
foi abrilhantado pelo Grupo Coral
Feminino “As Madrugadeiras”,
constituído por elementos das
duas freguesias do concelho de
Alvito, que permitiram a esta centenária reviver com entusiasmo as
modas de antigamente.
A nós, Instituição, resta-nos desejar à D. Marcelina a continuação de
muitos e bons anos de vida…
e Licenças e do Gabinete de Apoio
à Presidência. Neste sector, a
documentação mais antiga data de
1940. Segundo explica a autarquia
em comunicado, no local serão
ainda depositados documentos
provenientes do Departamento
Técnico como, por exemplo, processos de obras particulares. Ao
mesmo tempo, “pela primeira vez na
história’ do Município de Beja, o
Arquivo Fotográfico do concelho,
com espécimes datados de 1890 até
à actualidade, ficará -disponível
para consulta pública.
Edia lança concurso
na margem esquerda
A empresa gestora do Alqueva
anunciou, há dias, o lançamento de
um concurso público para instalar
o aproveitamento hidroagrícola de
Orada-Amoreira, num investimento
de 16,5 milhões de euros, que irá
beneficiar 2.655 hectares na margem esquerda do Guadiana.
A empreitada, além dos blocos de
rega da Orada (633 hectares) e de
Hortinhas (2.022 hectares), inclui
a telegestão desta área e a cons
trução da rede de drenagem,
com cerca de sete quilómetros, e
da rede viária, com 27 quilómetros e constituída por 16 caminhos
agrícolas.
O concurso, explica a Empresa de
Desenvolvimento e Infra-estruturas
do Alqueva (EDIA), é o primeiro
de um conjunto de outros a lançar
brevemente e destinados a equipar grande parte da Rede Secundária de Rega do sub-sistema
do Ardila, que no total irá beneficiar
mais de 29 mil hectares na margem
esquerda do Guadiana.
Actualmente, a água de Alqueva já
“alimenta’ cerca de 8.811 hectares
de regadio, estando 20.665 em
execução, adjudicados ou em concurso.
Com o “avanço dos regadios na
margem esquerda do Guadiana”
e as várias obras, concluídas, em
curso ou a lançar em breve, a
EDIA garante que serão criadas as
condições para alcançar a meta de
53.187 hectares de regadio estabelecida para 2009.
Trata-se de quase metade dos 110
mil hectares de regadio previstos
no projecto global, cuja conclusão
deverá acontecer até 2013, depois
de inicialmente prevista para 2025,
revista para 2015 e recentemente
antecipada em dois anos.
Respostas às questões da última página
Maria do Rosário Inverno
1, Bíblia. Sansão é um dos heróis populares, cuja história se encontra
no Livro dos Juizes (cap. 13-16). 2. Meteorologia. Chamam-se súmulos.
3. Literatura portuguesa. O autor de “Os Simples” foi Guerra
Junqueiro, que neste livro retrata os pobres de seu tempo.
Consulte a página
da Diocese de Beja
www.diocese-beja.pt
Monografia
de
alvoco da Serra
António Mendes Aparício
À venda:
Livraria Diocesana
Praça da República, Beja
Papelaria Estudantina
Largo Manuel Ribeiro, Beja
Notícias de Beja – 7
Grândola tem este ano a maior
Árvore de Natal de sempre.
Instalada no Largo dos Correios, a
Árvore de Natal gigante tem 10
metros de altura e o brilho de 32 mil
lâmpadas.
Este é um presente da Câmara
Municipal de Grândola aos munícipes para assinalar a quadra
natalícia.
Outro ponto forte é a iluminação
que valoriza as árvores da Praça da
Republica, o Jardim 1º de Maio,
alguns edifícios emblemáticos da
vila como os Paços do Concelho, a
Biblioteca e as ruas centrais da vila.
Muita luz e brilho que prometem
atrair muitos visitantes.
Odemira
Câmara Municipal baixa impostos
A Câmara Municipal de Odemira vai
baixar o Imposto Municipal sobre
Imóveis, a Derrama e a participação
autárquica no IRS, os impostos sob
fixação municipal, já a partir de 2008,
uma medida aprovada por unanimidade e que tem por objectivo
contribuir para fixar a população e
atrair investimentos.
A taxa de Imposto Municipal sobre
Imóveis passa a ser de 0,7% nos
prédios urbanos e de 0,4% nos
novos prédios avaliados, em vez dos
0,76% e 0,475% antes praticados.
A derrama a lançar sobre o rendimento das empresas (IRC) passa a
ser de 0,5% para as empresas com
um volume de negócios até aos 150
mil euros e de 1% para as restantes,
em vez dos anteriores 8% genéricos.
Quanto à participação no Imposto
sobre o Rendimento das Pessoas
Singulares (IRS) com domicílio
fiscal no concelho de Odemira,
respeitante aos rendimentos de
2008, passa a ser de 2,5%, em vez
dos anteriores 5%.
Mértola
Câmara apoia Associações culturais
No âmbito dos Instrumentos de
Apoio ao Associativismo Cultural,
a Câmara Municipal de Mértola
aprovou, por maioria, conceder
apoios financeiros a seis instituições, num total que ascende a
15 mil euros.
Estes subsídios enquadram-se nos
programas de apoio à cedência de
materiais e aquisição de bens e
equipamentos e de apoio à construção, remodelação e recuperação
de infra-estruturas. De acordo com
os critérios estabelecidos nos
referidos programas, a Câmara irá
conceder os seguintes apoios: à
Associação de Instrução e Recreio
de Alves 2.500 euros destinados à
aquisição de equipamento para a
sala de convívio; ao Centro Cultural
de Sapos um montante de 2.500
euros para compra de equipamento
de cozinha; ao Centro Recreativo e
Cultural de Álvares uma verba de
2.500 euros destinados à compra de
equipamento para a cozinha e sala
de convívio; ao Núcleo Sportinguista de Mértola 1.618,58 euros
para a aquisição de equipamento
para a sala de convívio; ao Centro
Recreativo e Cultural de S. Bartolomeu de Via Glória 5.460 euros
destinados a obras de recuperação;
à Sociedade Recreativa Mesquitense 500 euros para fazer face às
despesas com a reparação do muro
envolvente.
13
Dezembro
P r o p r i e dade da D i o c e s e d e B e j a
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ÚLTIMA PÁGINA
13 de Dezembro de 2007
Espaço
Ludo-Cultural
Paróquia, uma estrutura a
pedir renovação
Vou partir da paróquia para que a recomendação do Papa seja melhor
compreendida. A paróquia, que é ainda uma instituição importante na
Igreja, tornou-se uma realidade muito diferenciada e complexa. No
meio urbano, ela mostra que falar de limites de território é estar fora
do tempo. Nos meios de transição e de mobilidade, por razões de
trabalho e outras, ela perde identidade. Nos meios rurais desertificados,
é uma memória sem sonhos nem projectos.
Há dezenas de anos, as dioceses com muitos padres criavam paróquias para os ocupar.
Não se pensava em ajudar
outras que os não tinham. Ir para
as missões implicava sair da
diocese e o padre dizia ao bispo
que se ordenara para a sua
diocese e não para outras.
Nos meios urbanos, a crescer
demograficamente, a solução
mais normal foi criar novas
paróquias, sem uma reflexão que
as tornasse operativas já no
tempo que corria. Nasciam com
o destino traçado de serem o
que outras sempre foram, com
alguma cosmética de imaginação e cheiro de juventude. Mas, por
vezes, já nasceram velhas.
Se a solução de “um novo estilo de organização” começar pela
paróquia, o diagnóstico da realidade é tão simples, como
inconsequente. Neste país de dois palmos, há zonas populacionais
onde faltam paróquias, zonas onde elas abundam, apesar de mortas,
zonas intermédias, em que nem se sabe bem quem são os paroquianos.
O resto pouco conta.As últimas sondagens à prática dominical
mostram que, mesmo em zonas não urbanas, a igreja da paróquia já
não é pólo de atracção para alguns paroquianos ainda residentes.
Exigências canónicas e planos pastorais da Diocese passam até agora
pelas paróquias. Porém, em muitos casos, não passam de facto. A
ferrugem do tempo sedimentou formas de individualismo pastoral,
hoje sem qualquer futuro. A mobilidade, ainda que apenas verificada
e lamentada, gera cristãos que, se ainda cumprem o preceito dominical,
não têm qualquer vínculo comunitário. Não se sentem bem na sua
paróquia da residência, porque não vão lá. Não são da paróquia ou
da igreja onde vão, dos religiosos ou outra, porque não residem lá e
não querem nada que os prenda. Apenas laços de amizade pessoal
ou mesmo nenhuns. Numa Igreja, Povo de Deus e Comunhão
responsável, isto não chega.
Muitas paróquias já são pouco mais que instâncias canónicas
obrigatórias para actos de jurisdição paroquial: baptizados,
comunhões solenes, confirmações, processos de casamento,
funerais… Mesmo assim, o sistema de licenças pagas para
transferências e de excepções aceites para lugares especiais, como
colégios e santuários, debilita ou mata a vida comunitária ainda
possível, e deixa as pessoas, no presente e para o futuro, sem raízes
e referências visíveis e sensíveis. O anonimato nunca responsabiliza.Deste modo, torna-se difícil a formação cristã de adultos,
continuada e diferenciada.
Quando as paróquias, e são muitas, pouco ou nada oferecem de
válido neste campo, os que não se resignam a ser apenas cristãos
rotineiros e ignorantes procuram noutros espaços eclesiais o alimento
da sua fé e do seu compromisso apostólico. Será este o caminho? Em
tempo de reflexão e de procura não se pode excluir nenhuma hipótese
válida.A paróquia estará então condenada a desaparecer? As
instituições seguem as leis da vida. Renovar não é matar, sem mais,
mas também não é cedência, de modo habitual e acrítico, a situações
que empatam e impedem uma renovação necessária e urgente.
Onde se justifica a paróquia, e justifica-se ainda em muitos casos, ela
e o seu responsável devem ter consciência de que, por mais
apetrechados que estejam, necessitam de integração complementar
em novas formas e espaços pastorais, que melhor sirvam a vida e
potenciem a acção da Igreja. Estruturas intermédias alargadas
tornaram-se necessárias, porque a vida e as relações das pessoas
passam-se em espaços novos e abertos. Equipas eclesiais arciprestais
e vicariais, unidades pastorais comunitárias, novos modos de servir
e assistir os fiéis, podem e devem ser caminho renovador. Se for só o
clero a procurar este caminho, depressa ele se tornará velho. Os
leigos são mais sensíveis às mudanças que interpelam a Igreja. Sofremnas mais. Há que ouvi-los, interrogar-se em comum, e decidir
solidariamente.
António Marcelino, Bispo emérito de Aveiro
Recordar é viver
O que segue foi respigado em
antigos números do Notícias de
Beja.
Há 75 anos (1932). O Vigário Geral
da Diocese, Mons. João Eduardo
Marques, publicou um Aviso a
comunicar que a Missa da MeiaNoite do Natal só pode ser celebrada com licença expressa para
cada caso, a qual pressupõe que o
respectivo pároco ou reitor se
responsabiliza pela manutenção da
ordem e respeito devidos à casa de
Deus.
Há 50 anos (1957). Nos seus
números de Dezembro, o jornal dá
grandes espaços às bodas de ouro
sacerdotais do Senhor D. José do
Patrocínio Dias, publicando o
programa das comemorações em
Fátima (dias 14 e 15), Covilhã (dia
21) e Beja (dias 27 a 30). Muitos
diocesanos deslocaram-se a Fátima
como peregrinos. Daremos mais
pormenores na próxima semana.
Há 25 anos (1982). Na manhã do
dia 8, D. Manuel Falcão coroou, na
igreja de Ferreira do Alentejo, a
imagem de Nossa Senhora da
Conceição que, segundo reza a
tradição, Vasco da Gama levou
consigo na viagem à Índia e que a
população da vila venera como sua
Padroeira. A coroa de prata foi oferta
da população local.
A nossa língua
Com frequência, pessoas do povo
e, embora menos frequentemente,
gente com estudos cometem erros
de morfologia e de sintaxe, nomeadamente na conjugação de verbos.
Conta-se como anedota que um
miúdo da escola, ao narrar numa
redacção que um rato escapara ao
gato por se esgueirar por um
pequeno buraco, escreveu que ele
se salvou “porque o gato não
cabeu no buraco”. A professora,
para correcção, mandou que o
miúdo escrevesse numa folha de
papel 30 vezes a forma correcta
coube. O miúdo, depois de encher
a folha com 25 palavras certas, foi
ter com a professora e disse-lhe: «O
resto não cabeu!»
Isto é contado como anedota. A
palavra anedota tem sentido diverso em português e noutras
línguas, como o francês e o alemão.
Nestas línguas, anedota é uma
historieta de sentido edificante, não
necessariamente para rir. Entre nós,
as anedotas são para fazer rir,
embora muitas delas não tenham
graça nenhuma...
Outra incorrecção, esta frequente
no nosso Alentejo, é a maneira de
dizer da Tia Rosa, mulher sexagenária que, ao perguntarem-lhe há
quanto tempo estava casada, res-
pondeu: «Eu casi há mais de 40
anos, casi muito nova...» Faz
lembrar a resposta doutra mulher
ao marido que a interpelava: »Ó
mulher, olha o remédio!» Resposta:
«Ó home, não t’assarapantes, já o
tomi.»
Outros verbos frequentemente mal
tratados são, p.ex., o verbo entreter
(em frases como: «Os meliantes
entreteram-se a cortar pneus dos
carros»), o verbo intervir (ex., «ele
não interviu no desacato») e ouvir
(ex., «tenho ouvisto falar disso»).
Enciclopédia
Continuamos a transcrever o artigo
da Enciclopédia Católica Popular
sobre o Natal e sua celebração,
NATAL. 3. Celebração litúrgica.
Depois da Páscoa, que celebra o
mistério da Redenção, o maior dia
festivo do Ano Litúrgico é o Natal.
A sua celebração é preparada pelo
tempo do Advento, polarizado pela
figuras bíblicas de Isaías, João
Baptista e Maria, adensando-se nos
dias 17 a 24; e prolonga-se pelo
tempo do Natal até ao domingo a
seguir à Epifania.
Particularidade do Natal é a de no
seu dia se poderem celebrar (com
intenção livre) três missas: a da
Meia-Noite ou do Galo (desde o
séc. V), a da Aurora (desde o séc.
VI) e a do Dia (a que primeiro foi
instituída, no séc. IV). Modernamente foi acrescentada mais uma,
para a celebração vespertina do dia
24. Excepcionalmente pode juntarse o Ofício das Horas à missa da
Meia-Noite. Nas missas de Natal,
às palavras do Credo “E incarnou...” , todos se ajoelham.
A solenidade do Natal tem oitava,
ao longo da qual se celebram várias
festas com ele relacionadas: S.
Estêvão (1º mártir), S. João Evangelista (o discípulo predilecto), os
Santos Inocentes e, no domingo
(ou dia 30) a festa da Sagrada
Família. Na oitava celebra-se a
solenidade de Santa Maria Mãe de
Deus, começando o novo ano sob
a protecção de Nossa Senhora. No
dia 6 de Janeiro (e em Portugal no
domingo seguinte) celebra-se a
solenidade da Epifania ou manifestação de Jesus aos gentios representados pelos Magos do Oriente.
O Tempo do Natal termina com a
celebração do Baptismo do Senhor
(no domingo depois de Epifania).
A festa da Apresentação do Senhor,
de temática relacionada com o
Natal, faz a transição para a Páscoa,
pela profecia de Simeão sobre o
que Maria havia de sofrer pelo seu
Filho.
Coisas e loisas
IGUARIAS DO NATAL. A quadra
natalícia é o tempo do ano mais bem
caracterizado pelas iguarias que a
tradição lhe atribuiu e mantém. Fazem
parte da festa do Natal as refeições
em família. O Natal, que foi dia forte
para a Sagrada Família de Nazaré, é
hoje, para cada família cristã, um dia
de reflexão e de alegria, que, naturalmente se celebra também à mesa com
iguarias características.
Na ceia da noite de Natal não faltam
nas mesas dos portugueses o
bacalhau cozido com batatas e o
peru assado; e, à sobremesa, as
filhoses, as rabanadas, as broínhas
e, sobretudo o bolo rei. Sobre a
história e o significado deste último,
que é o rei dos bolos de Natal,
daremos conta aos leitores deste
espaço na próxima semana.
Os países cristãos têm as suas
especialidades gastronómicas
natalícias, algumas das quais se
estão a mundializar. É o caso, por
exemplo, do panetone italiano, que
já chegou às pastelarias das nossas
cidades. Tipicamente portuguesas
são as filhoses, surgidas da cozinha da gente simples dos nossos
campos. Também lhe chamam
“filhós” (plural usado no Minho),
“belhoses” (Beiras Baixa) e “velhoses” (Beira Litoral). Parecem derivadas dos “aumat” árabes, bolinhas com semelhante composição
e sabor.
Tornou-se habitual a oferta pelo
Natal, sobretudo às crianças, de
bombons. Tem a sua origem na
doçaria conventual, numa altura em
que as filhas de famílias nobres
frequentavam os conventos, para
lá levando as suas exigências
culinárias. Outrora privilégio das
gente rica, com a industrialização a
partir do séc. XIX passaram a estar
ao alcance de todas as bolsas.
Puxe pela cabeça
1. Bíblia. Em que livro do A.T. se
encontra a história de Sansão
atraiçoado por Dalila?
2, Meteorologia. Que nome se dá
às nuvens frequentes na Primavera
e Outono, que parecem grandes
novelos de lã, muito brancas e de
contornos bem definidos?
3. Literatura portuguesa. Quem foi
o autor do livro “Os Simples”, por
ele considerado a sua melhor obra?
(Ver respostas na penúltima página)
Bom humor
1. Entre compadres. »Vamos almoçar num restaurante em que se
come como em tua casa?» «Deus
me livre!...»
2. No tribunal. Pergunta o juiz: «O
réu lembra-se de qual foi a palavra
que desencadeou a rixa?» «O
senhor é estúpido, Sr. Dr. Juiz.»
3. No jardim botânico. Diz o guia:
«Veja, minha senhora, esta é a
planta do tabaco.» «E quando
começa a dar cigarros?»
Manuel Falcão, Bispo emérito de Beja