(formato pdf) da Edição nº 4107 de 05.05.2011
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21 de Abril de 2011 5 Maio 2011 SEMANÁRIO REGIONALISTA DE INSPIRAÇÃO CRISTÃ Ano LXXXII – N.º 4107 Director: ALBERTO GERALDES BATISTA Autorizado pelos C.T.T. a circular em invólucro de plástico fechado. Autorização N.º D.E. DE00192009SNC/GSCCS PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS 2350-999 TORRES NOVAS TAXA PAGA Preço 0,50 € c/ IVA Papa Bento XVI na beatificação de João Paulo II “Karol Wojtyla deixou atrás de si um testemunho de fé, de amor, de coragem apostólica e de uma grande sensibilidade humana” O Papa Bento XVI afirmou, no dia 1 de Maio, que o Beato João Paulo II enfrentou “sistemas políticos e económicos”, incluindo o “marxismo e a ideologia do progresso”, para cumprir o seu desafio de viver a fé sem “medo”. O Sumo Pontífice destacou também que a beatificação “chegou depressa, porque assim aprouve ao Senhor”. Bento XVI, que falava na homilia de beatificação de João Paulo II, na Praça de São Pedro, no Vaticano, perante uma multidão que as autoridades italianas calcularam em cerca de um milhão de pessoas, admitiu que este era um “dia esperado”. “João Paulo II é Beato”, exclamou. Bento XVI aludiu ao dia do funeral do seu prodecessor, em Abril de 2005, afirmando: “Já naquele dia sentíamos pairar o perfume da sua santidade, tendo o povo de Deus manifestado de muitas maneiras a sua veneração por ele”. Nessa celebração, a multidão reunida para chorar a morte do Papa polaco pedia a sua canonização imediata, gritando “santo subito” (santo já). “Por isso, quis que a sua Causa de Beatificação pudesse, no devido respeito pelas normas da Igreja, prosseguir com discreta celeridade”, disse Bento XVI, aludindo ao facto de ter dispensado o período de espera de cinco anos após a morte, determinada pelo direito canónico. O Papa destacou o “testemunho no sofrimento” de Karol Wojtyla (1920-2005), desde agora o Beato João Paulo II, e explicou aos presentes a escolha do dia 1 de Maio para a cerimónia da beatificação. “Estamos no segundo domingo de Páscoa, que o Beato João Paulo II quis intitular Domingo da Divina Misericórdia. Por isso, se escolheu esta data para a presente celebração, porque o meu predecessor, por um desígnio providencial, entregou o seu espírito a Deus justamente ao anoitecer da vigília de tal ocorrência”, explicou. “Além de isso, hoje tem início no mês de Maio, o mês de Maria; e neste dia celebra-se também a memória de São José operário”, acrescentou. Bento XVI sublinhou que o Papa polaco proclamou uma “série” de santos e beatos durante os seus quase 27 anos de pontificado, “lembrando com vigor a vocação universal à medida alta da vida cristã, à santidade”. “Não tenhais medo!” O Papa referiu que Karol Wojtyla “subiu à sede de Pedro trazendo consigo a sua reflexão profunda sobre a confrontação entre o marxismo e o cristianismo, centrada no homem. A sua mensagem foi esta: o homem é o caminho da Igreja, e Cristo é o caminho do homem”, disse. Bento XVI lembrou as “palavras memoráveis” pronunciadas por João Paulo II na missa de início de pontificado, em Outubro de 1978: “Não tenhais medo! Abri, melhor, escancarai as portas a Cristo!”. “Aquela carga de esperança que de certo modo fora cedida ao marxismo e à ideologia do progresso, João Paulo II legitimamente reivindicoua para o Cristianismo, restituindolhe a fisionomia autêntica da esperança”, indicou. O Sumo Pontífice disse aos presentes que esta herança “se deve viver na história com um espírito de “advento”, numa existência pessoal e comunitária orientada para Cristo, plenitude do homeme e realização das suas expectativas de justiça e de paz”. Aquilo que o “Papa recém-eleito pedia a todos, começou, ele mesmo, a fazê-lo: abriu a Cristo a sociedade, a cultura, os sistemas políticos e económicos, invertendo, com a força de um gigante - força que lhe vinha de Deus -, uma tendência que parecia irreversível”, prosseguiu. Para o Papa, Karol Wojtyla deixou atrás de si um “testemunho de fé, de amor e de coragem apostólica, acompanhado por uma grande sensibilidade humana”. Em polaco, Bento XVI falou num “filho exemplar” da Polónia, que “ajudou os cristãos de todo o mundo a não terem medo de se dizerem cristãos, de pertencerem à Igreja, de falarem do Evangelho”. João Paulo II “conferiu ao Cristianismo uma renovada orientação para o futuro, o futuro de Deus, que é transcendente relativamente à história, mas incide na história”, acrescentou. Bento XVI quis também agradecer a sua “experiência de colaboração pessoal”, com o novo beato, enquanto Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. “Feliz és tu, amado Papa João Paulo II, porque acreditaste! Continua do Céu - nós te pedimos - a sustentar a fé do povo de Deus”, concluiu. Conferência Episcopal Portuguesa reunida em Fátima D. Jorge Ortiga, Presidente cessante, apresenta propostas para o diálogo entre a fé e a cultura Página 4 D. José Policarpo, Cardeal Patriarca de Lisboa, é o novo Presidente eleito para um mandato de três anos RELIGIÃO 2 – Notícias de Beja 21 de Abril de 2011 Lemos para os nossos leitores (LIII) Domingo III da Páscoa Quando subiu Jesus aos Céus? Segundo os Actos dos Apóstolos, a Ascensão de Jesus aos Céus aconteceu 40 dias depois da sua Ressurreição. Porém, os Evangelhos e as Epístolas dão a entender que a Ascensão se deu com a própria Ressurreição. O biblista Ariel Alvarez Valdés, perito em explicar aparentes contradições da Sagrada Escritura, diz-nos o que se terá passado neste caso (v. revista “Bíblica” de Maio-Junho de 2010). As “aparições” de Jesus ressuscitado Os livros do Novo Testamento referem muitas “aparições” de Jesus ressuscitado, nomeadamente a Maria Madalena, aos discípulos de Emaús, a Simão Pedro, a Tiago (o Menor), aos “Doze” Apóstolos, a “mais de quinhentos irmãos” (1Cor 15-8) e por fim a Saulo quando perseguia os cristãos em Damasco. Ora os Apóstolos, depois da morte de Judas, só voltaram a ser “os Doze” (como se diz na referida carta aos Coríntios), após a eleição de S. Matias, que os Actos situam depois da Ascensão (Act 1.15.26); além disso, uma aparição “a mais de 500 irmãos de uma só vez” só poderia acontecer depois do Pentecostes, quando os cristãos começaram a crescer em número; por fim, a “aparição” de Jesus que levou a converter Saulo no Apóstolo Paulo só ocorreu cerca de dez anos depois da Ressurreição de Jesus. Note-se que aparece sempre, nestes e noutros casos, a mesma expressão “aparição”. Por sua vez os Evangelhos, as Cartas de S. Paulo aos Romanos, aos Filipenses e a I aos Tessalonicenses, a I de S. Pedro, a Carta aos Hebreus e até o Apocalipse dão a entender que a Ascensão se deu no próprio dia da Ressurreição, que celebramos solenemente no Domingo de Páscoa. Assim o entendeu a Igreja até ao século IV: Tertuliano, Hipólito, Eusébio, Atanásio, Ambrósio, Jerónimo afirmam que a Ressurreição e a Ascensão ocorreram no mesmo dia. Este último Padre da Igreja ensinava que “o domingo é o dia da Ressurreição, por isso se chama Dia do Senhor, porque neste dia o Senhor subiu vitorioso ao Pai”. Porque mudou a ideia? Porque dirá o livro dos Actos que a Ascensão aconteceu 40 dias depois da Ressurreição? Em primeiro lugar, tenha-se em conta que, na Sagrada Escritura, o número 40 é simbólico, utilizado para significar uma “mudança” de um período para outro, o “fim” duma geração e início de outra. Além disso, tenhase em conta que S. Lucas escreveu os Actos dez anos depois da morte e ressurreição de Jesus Cristo, numa altura em que bastantes cristãos ainda pensavam que Jesus ressuscitado continuaria presente na terra para libertar o povo de Deus do domínio romano. Como se refere numa Carta aos Tessalonicenses (IITes 3,10-12) escrita por essa altura, muitos fiéis não saiam a anunciar o Evangelho nem sequer a trabalhar, na expectativa da intervenção de Jesus como libertador temporal. Assim, Lucas, teve a ideia de declarar nos Actos que o tempo de Jesus na terra tinha terminado, propondo a ideia simbólica de quarenta dias depois da sua Ressurreição, descrevendo a Ascensão como acontecimento histórico no monte das Oliveiras. Socorreu-se de outras imagens bíblicas como a subida aos Céus de Henoc (Gen 5,24), Elias (2Rs 2,1-13), Esdras e Baruc (estes dois nos livros apócrifos). Os Actos concluem o episódio da Ascensão com a repreensão feita pelos anjos: “Homens da Galileia, que fazeis a olhar para o céu?” Lucas quis assim dizer que, ao “desaparecer” o Senhor, devia “aparecer” a Igreja. E, a seguir, com o relato da descida do Espírito Santo na manhã de Pentecostes, refere como a Igreja se lançou generosamente na expansão do Reino de Deus iniciada por Jesus. + Manuel Franco Falcão, Bispo emérito de Beja Simpósio teológico-pastoral em Fátima com inscrições abertas “Adorar Deus em espírito e verdade - Adoração como acolhimento e compromisso” é o título do Simpósio teológico-pastotal marcado para 24 a 26 de Junho, no Santuário de Fátima. Os trabalhos decorrerão na capela da Morte de Jesus, na igreja da Santíssima Trindade. As inscrições para participação já estão abertas. Entretanto, porque neste ano pastoral se pretende recordar as aparições do Anjo em Fátima, em 1916, o Santuário de Fátima organizou no dia 31 de Março, a evocação da primeira aparição, que veio preparar os corações dos três videntes para as aparições de Nossa Senhora. Ano A 8 de Maio de 2011 I Leitura Actos 2, 14.22-33 Esta leitura é uma passagem da primeira pregação de S. Pedro. Na longa citação do salmo 15 o Apóstolo entrevê o anúncio da Ressurreição do Senhor. De facto, é à luz da Ressurreição que toda a palavra da Sagrada Escritura encontra a sua completa significação, particularmente a do Antigo Testamento. Leitura dos Actos dos Apóstolos No dia de Pentecostes, Pedro, de pé, com os onze Apóstolos, ergueu a voz e falou ao povo: «Homens de Israel, ouvi estas palavras: Jesus de Nazaré, foi um homem acreditado por Deus junto de vós com milagres, prodígios e sinais, que Deus realizou no meio de vós, por Seu intermédio, como sabeis. Depois de entregue, segundo o desígnio imutável e a previsão de Deus, vós destes-Lhe a morte, cravando-O na cruz pela mão de gente perversa. Mas Deus ressuscitouO, livrando-O dos laços da morte, porque não era possível que Ele ficasse sobre o seu domínio. Diz David a Seu respeito: ‘O Senhor está sempre na minha presença, com Ele a meu lado não vacilarei. Por isso o meu coração se alegra e a minha alma exulta e até o meu corpo descansa tranquilo. Vós não abandonareis a minha alma na mansão dos mortos, nem deixareis o vosso Santo sofrer a corrupção. Destes-me a conhecer os caminhos da vida, a alegria plena em vossa presença’. Irmãos, seja-me permitido falar-vos com toda a liberdade: o patriarca David morreu e foi sepultado e o seu túmulo encontra-se ainda hoje entre nõs. Mas, como era profeta e sabia que Deus lhe prometera sob juramento que um descendente do seu sangue havia de sentar-se no seu trono, viu e proclamou antecipadamente a ressurreição de Cristo, dizendo que Ele não O abandonou na mansão dos mortos, nem a sua carne sofreu a corrupção. Foi este Jesus que Deus ressuscitou e disso todos nós somos testemunhas. Tendo sido exaltado pelo poder de Deus, recebeu do Pai a promessa do Espírito Santo, que Ele derramou, como vedes e ouvis». Salmo Responsarial Salmo 15 (16) Refrão: Mostrai-me, Senhor, o caminho da vida. II Leitura 1 Pedro 1, 17-21 O que S. Pedro pregou logo no dia de Pentecostes foi o mesmo que ele escreveu depois às Igrejas. Nós somos hoje essas Igrejas de Cristo, espalhadas por todo o mundo, mas todas radicadas na mesma fé em Cristo Jesus, o nosso Cordeiro pascal. Leitura da Primeira Epístola de São Pedro Caríssimos: Se invocais como Pai Aquele que, sem acepção de pessoas, julga cada um segundo as suas obras, vivei com temor, durante o tempo de exílio neste mundo. Lembrai-vos que não foi por coisas corruptíveis, como prata e oiro, que fostes resgatados da vã maneira de viver, herdada dos vossos pais, mas pelo sangue precioso de Cristo, Cordeiro sem defeito e sem mancha, predestinado antes da criação do mundo e manifestado nos últimos tempos por vossa causa. Por Ele acreditais em Deus, que O ressuscitou dos mortos e Lhe deu a glória, para que a vossa fé e a vossa esperança estejam em Deus. Evangelho Lc 24, 13-35 Tal como na aparição aos discípulos de Emaús, em cada celebração eucarística Jesus está connosco, explica-nos as Escrituras e faz-nos ver o que nelas se refere a Ele, preside à fracção do pão, que é a Eucaristia, e nela Se nos dá a conhecer e nos enche de alegria pascal. Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João Dois dos discípulos de Emaús iam a caminho duma povoação chamada Emaús, que ficava a sessenta estádios de Jerusalém. Conversavam entre si sobre tudo o que tinha sucedido. Enquanto falavam e discutiam, Jesus aproximou-Se deles e pôs-Se com eles a caminho. Mas os seus olhos estavam impedidos de O reconhecerem. Ele perguntou-lhes: «Que palavras são essas que trocais entre vós pelo caminho?» Pararam entristecidos: E um deles, chamado Cléofas, respondeu: «Tu és o único habitante de Jerusalém a ignorar o que lá se passou estes dias». E Ele perguntou: «Que foi?» Responderam-Lhe: «O que se refere a Jesus de Nazaré, profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo; e como os príncipes dos sacerdotes e os nossos chefes O entregaram para ser condenado à morte e crucificado. Nós esperávamos que fosse Ele quem havia de libertar Israel. Mas, afinal, é já o terceiro dia depois que isto aconteceu. É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos sobressaltaram: foram de madrugada ao sepulcro, não encontraram o corpo de Jesus e vieram dizer que lhes tinham aprecido uns Anjos a anunciar que Ele estava vivo. Mas a Ele não o viram». Então Jesus disselhes: «Homens sem inteligência e lentos de espírito para acreditar em tudo o que os profetas anunciaram! Não tinha o Messias de sofrer tudo isso para entrar na sua glória?» Depois, começando por Moisés e passando por todos os Profetas, explicou-lhes em todas as Escrituras o que Lhe dizia respeito. Ao chegarem perto da povoação para onde iam, Jesus fez menção de ir para diante. Mas eles convenceram-n’O a ficar, dizendo: «Ficai connosco, Senhor, porque o dia está a terminar e vem caindo a noite». Jesus entrou e ficou com eles. E quando Se pôs à mesa, tomou o pão, recitou a bênção, partiu-o e entregou-lho. Nesse momento abriram-se-lhes os olhos e reconheceram-n’O. Mas Ele desapareceu da sua presença. Disseram então um para o outro: «Não nos ardia cá dentro o nosso coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?» Partiram imediatamente de regresso a Jerusalém e encontraram reunidos os Onze e os que estavam com Ele, que diziam: «Na verdade, o Senhor ressusctitou e apareceu a Simão». E eles contaram o que tinha acontecido no caminho e como O tinham reconhecido ao partir o pão. OPINIÃO 21 de Abril de 2011 Notícias de Beja – 3 Baptismo e a vivência da Páscoa Os jornais falaram, nas últimas semanas, de pedidos pessoais de alguns cristãos que se tornaram ateus e já não querem ser baptizados. Por isso, exigem que os seus nomes sejam retirados dos livros oficiais da Igreja. Aqui há anos eram emigrantes na Alemanha que, para não pagarem o imposto de religião, declaravam, por escrito, que já não eram católicos, nem sequer religiosos. Esta declaração era comunicada às dioceses de origem, causando fortes engulhos aos signatários quando, nas férias, voltavam à sua terra para baptizar os filhos ou se credenciarem, eles próprios, a actos religiosos que lhes dessem prestígio local. Nada disto é para admirar, mas, antes, para fazer reflectir a Igreja sobre a atenção dada à pastoral dos sacramentos e à fé exigida para os poder celebrar. Não admira que pessoas, baptizadas em criança e sem qualquer iniciação ou catequese posterior, concluam que serem julgadas cristãs pelos outros ou pelas estatísticas não tem qualquer lógica e, por isso, digam que “já não querem ser baptizados”. Ninguém pode deixar de ser filho dos pais que o geraram. Pode desconhecer os pais, renegá-los, envergonhar-se deles, tornar-se voluntariamente filho pródigo, mas os pais serão sempre, por gosto ou a contra gosto, os seus pais. A fé cristã crê e ensina que o Baptismo é um “novo nascimento”. Por ele se adquire uma filiação espiritual irreversível, com direitos e deveres próprios. Também esta se pode desprezar ou menosprezar, mas o Baptismo perdura. Declara-se no livro próprio que a pessoa abjurou da sua condição de cristão, mas dentro dela persiste a capacidade de um regresso livre e libertador à casa paterna. Deus quer ser amado em espírito e em verdade e por um acto livre de quem acredita. Por isso, a Igreja não pode deixar de respeitar quem declara descrer de Deus e, ao mesmo tempo, interrogarse porque motivo isso acontece e qual a culpa que lhe pode caber em tais situações. Os tempos de cristandade ou de transmissão e vivência sociológica da fé e da vida religiosa, pessoal e comunitária, esvaneceram-se. Ainda há pais, crentes convictos, que pedem o Baptismo para os seus filhos ainda crianças. Outros, ao fazê-lo, não saem da sua tradição e pedem-no por motivos religiosamente muito débeis. O que era habitual foi-se tornando mais raro e, por isso, o número de baptismos de crianças diminui sensivelmente. A Igreja, há mais de três décadas, despertou para a preparação dos pais para o Baptismo dos filhos bebés. O direito de todos poderem ser baptizados implica o dever de que este sacramento se celebre com determinadas condições, sendo a mais importante a garantia de a criança poder ser educada fé cristã. Esta garantia implica, antes de mais, os pais e outros familiares, como os avós e os padrinhos, e, também, a própria comunidade cristã. No contexto em que vivemos, verificase que, em muitos casos, esta garantia moral é mínima, senão mesmo nula, não obstante as promessas feitas. O resultado está à vista: as comunidades encheramse de pagãos, pela sua vida e rara adesão à fé e ao magistério da O canto de certos pássaros... na política à portuguesa Por estes dias – sobretudo por ocasião dos discursos do ’25 de Abril’ e numa entrevista do primeiro ministro – fomos escutando como vozes de fundo alguns pássaros a manifestarem a sua presença. Se o melro em Belém era um tanto difuso e até melodioso, o grasnar do ganso em São Bento parecia de mau agouro. Será que agora as aves vieram dar voz – concordante ou dissonante – aos discursos e entrevistas dos nossos políticos? Será que os animais também manifestam o seu desagrado aos criadores e alimentadores da crise no nosso país? Será que teremos de encontrar quem tente descodificar estas preocupações do ‘nosso’ mundo animal? = Quem (nos) fala (ainda) verdade? Caminhamos a passos rápidos para a resfrega eleitoral, surgindo já os baixos ataques... mesmo às condições de carácter, as insinuações... sobre o feito ou mal-feito, as provocações (pretensamente) ideológicas... mas que disfarçam as pretensões de uns, de outros, de tantos e da maioria... Num país onde quem mais mente mais ganha, começa a ser enfadonho que tente legitimar-se no poder – antes, durante ou depois – quem pouco fez ou tem feito para o merecer. O quadro partidário sofre todo ele de miopia social, pois, uma grande parte, talvez nem saiba quanto custa uma carcaça de pão ou um litro de leite... embora reclame a continuidade do ‘estado social’... endividado, subsidio-dependente e falido. Num país onde todos tentam viver do Estado... embora fugindo o mais possível ao pagamento de impostos, torna-se irrisório ver como certas figuras se apresentam (quase) impolutas, quando foram elas quem nos levaram à ruína... alegremente, isto é, com festas e comícios, discursos e promessas ocas e irrealizáveis. - Quem foi que criou mais desemprego, despesismo e falência de empresas? Ainda merecerá legitimamente o nosso voto? - Quem nos tentou dizer que tudo corria bem (económica e financeiramente) e escondeu as (verdadeiras) contas à fiscalização europeia e aos seus concidadãos? Ainda poderá honestamente pretender governar-nos? - Quem afundou o país no descrédito perante as instituições financeiras, não terá vergonha de continuar a arremeter contra o povo indefeso e esfomeado? Bem razão têm os pássaros para nos irem dando música – suave ou arrepiante – pois os homens da política infernizam a nossa vida com tantos arremedos de mal-crença. = Tomar posição: votar, escolhendo Foi com alguma perplexidade que ouvimos um tal senhor sabido em leis e prolixo de palavras, vir dizer que tínhamos de fazer ‘greve à cidadania’, não votando nas pró- ximas eleições. Outros alvitraram que seria melhor ‘votar em branco’, tentando com isso dizer da discordância para com os intérpretes actuais da política portuguesa. Também aqui nos parece haver um certo oportunismo hipócrita, pois o voto, sendo arma do povo, tem de definir opções e não meras achegas de quase cobardia... em jeito de ‘nim’, isto é, nem sim nem não... talvez, nada! Desculpem a ousadia: não quero ser governado por pessoas que mentem, que não assumem os seus erros e que tentam assobiar para o lado quando as coisas correm mal, não assumindo, efectivamente, as responsabilidades sobre o estado do país e da sua economia, da sua cultura e mesmo da dimensão sócio-espiritual... mais sublime dos nossos antepassados. Temos heróis e santos que merecem respeito e veneração! Mais do que continuar a idolatar o ‘velho do Restelo’ ou a carpir sobre enfermos em decomposição, é chegada a hora de sabermos discernir quem pode recuperar este país, dar espaço à valorização da pessoa humana e reduzir ao mínimo o peso do Estado na economia, pois já basta de tanta mentira... e cumplicidade na desgraça. De pouco adiantará tentar enganar o povo com pios – são das aves e não das fés – agoirentos, pois a verdade liberta e faz-nos ser e viver livres. Podem contar connosco! Sílvio Couto Igreja, todos eles baptizados em criança. Quando na Igreja se introduziu o Baptismo de crianças, filhas de pais cristãos e a seu pedido, o ambiente social e religioso era outro. No início, o Baptismo era recebido por adultos convertidos à fé em Jesus Cristo. Daí a exigência do caminho catecumenal em ordem à conversão pessoal. Um caminho que podia ser moroso e longo. Ao generalizar-se o Baptismo das crianças, o catecumenato foi entrando em desuso. Em meios cristãos, a conversão considerava-se normal, pelo facto de a família cristã ser o meio propício para iniciar e educar na fé, levando as crianças à participação nos actos de culto e à prática do Evangelho na vida do dia-a-dia. A Igreja multiplicou agora as exigências para celebrar o Baptismo, restaurou o catecumenato, avivou a ligação do Baptismo à Páscoa de Cristo, com todo o significado que este comporta. O Baptismo é, na vida de um cristão, o primeiro acontecimento pascal e o mais determinante num itinerário de fé, sério e consequente. Se isto não se explica, não se compreende e não se aceita, o Baptismo não passa de um acto social e de um rito religioso, sem exigências nem consequên- cias. Assim, a Igreja, a família dos baptizados, vai perdendo para muitos o seu significado, bem como a consciência da sua missão no mundo. Sempre a renovação da vida cristã partiu e partirá da descoberta e da vivência do Baptismo. Repensar a missão evangelizadora, num mundo secularizado e laico, obriga a repensar costumes e tradições que perderam, para muita gente, o seu sentido, mas que o povo e alguns responsáveis parece considerarem ainda como um caminho pastoral normal. Justifica-se este costume de séculos de baptizar crianças sem garantia séria de educação cristã? Justifica-se que se baptize com uma preparação diminuta um adulto que se dispõe apenas, por alguma razão, a casar na Igreja? Justifica-se a apatia pastoral ante o número crescente de baptizados que abandonam a comunidade cristã, ou nela vivem, de modo consciente e deliberado, em contradição com a fé e o Evangelho de Jesus Cristo? Perguntas incómodas, ao lado de outras, que não permitem adiar por mais tempo respostas necessárias e urgentes. António Marcelino, Bispo emérito de Aveiro Seis medidas para atenuar a pobreza A Caritas Portuguesa endereçou a 16 partidos políticos uma carta com seis medidas, “modestas” e “pouco dispendiosas”, “indispensáveis para que a política esteja ao serviço de todas as pessoas”. A primeira das “linhas de ação” de “alta prioridade” incluída na missiva a que a Agência ECCLESIA teve hoje acesso consiste na “defesa do Estado Social”, mesmo que essa opção implique a diminuição temporária dos apoios aos mais ricos. “Não nos repugna que os detentores de rendimentos mais altos vejam reduzidos os seus níveis de proteção, durante algum tempo; mas não podemos admitir que sejam sacrificadas as pessoas de mais baixos rendimentos”, refere o documento assinado por Eugénio Fonseca, presidente da instituição de apoio social pertencente à Igreja Católica. O texto, com data de 20 de abril, refere que apesar de todos os partidos representados na Assembleia da República serem favoráveis ao Estado Social, “digladiam-se” acerca da sua natureza, o que “afeta perigosamente o país, com maior incidência nos estratos mais pobres e excluídos”. A organização de uma “rede básica de proteção social”, assente nas pessoas “marginalizadas pelo quadro de direitos em vigor” e pelas que “cooperam diariamente na procura de soluções diretas e imediatas”, constitui a segunda medida preconizada pela Caritas. Os cooperantes, “mais ou menos” organizados em “grupos de voluntariado social de proximidade”, deveriam dispor de “acesso regular a instituições particulares e aos diferentes organismos públicos especializados”, que remeteriam os “problemas sem solução” para órgãos do poder autárquico, regional e central, com vista à “obtenção de soluções rápidas”, ainda que provisórias, e a preparação das mais definitivas. A missiva defende que a Assembleia da República deve dar “execução às suas resoluções sobre a pobreza, adotadas em 2008”, e reativar o ‘Pacto de Cooperação para a Solidariedade’. A carta advoga a criação do ‘Criemprego’, sistema de criação de trabalho “sobretudo por cooperativas e empresas privadas de pequena dimensão”, mediante a “difusão sistemática de oportunidades de negócio” e a formação de “uma ou várias cadeias de comercialização”. A Caritas recomenda a constituição de “parcerias de corresponsabilidade”, nomeadamente na habitação, tendo em conta “as amortizações em dívida por inúmeras famílias”, e no âmbito da educação, relativamente ao pagamento de despesas escolares. ACTUALIDADE 4 – Notícias de Beja 21 de Abril de 2011 D. Jorge Ortiga na Assembleia Plenária dos Bispos, em Fátima: “É importante que nas campanhas eleitorais se debata o estado da sociedade portuguesa com ideias claras e propostas autênticas que visem solucionar os problemas estruturais do país ” Ao terminar a minha presidência na CEP, saúdo o Sr. Núncio Apostólico, D. Rino Passigato, em sinal de profunda comunhão com Sua Santidade o Papa Bento XVI. Acolhemos, com alegria, D. Pio Alves e D. Virgílio Antunes, como novos membros do Colégio Episcopal. Recordamos, com gratidão, a boa memória de D. Júlio Tavares Rebimbas e de D. José dos Santos Garcia. A Assembleia Plenária situa-nos perante a responsabilidade histórica de prosseguir o projeto de repensar a pastoral da Igreja em Portugal. A fidelidade à missão e a gravidade da situação atual colocam-nos diante da urgência de discernir novos caminhos e opções pastorais. 1. Um olhar sobre a Igreja Histórica e culturalmente, encontramo-nos num tempo novo. Já não bastam reajustamentos eclesiais. Agir por simples reação também não ajudará ao processo evangelizador. Se João XXIII colocou a Igreja numa dinâmica de “aggiornamento” e se Paulo VI provocou uma nova abertura através da exortação apostólica Evangelii Nuntiandi, João Paulo II intuiu que a verdadeira mudança deve conduzir nos a uma evangelização que deve ter em conta as novas sensibilidades e as diversas linguagens do desenvolvimento humano. Na Visita Ad Limina, em 2007, Bento XVI desafiou-nos a “acolher a mudança, perante uma alteração cultural e sociológica de estruturas e, particularmente, de mentalidades”. A sua visita a Portugal, há praticamente um ano, foi uma particular graça, pela riqueza de orientações e desafios que nos deixou, aos quais importa responder com esperança e com atitudes concretas. A missão da Igreja passa por olhar para o mundo como um novo campo a cultivar, dialogando abertamente com os diversos protagonistas e propondo a verdade e a beleza da fé cristã. Agir como motor da história, onde cada cristão se faz concidadão do mundo e seguidor fiel de Cristo, fará do Evangelho uma proposta feliz para toda a humanidade. 2. Um olhar sobre a sociedade A Igreja em Portugal não pode fugir à responsabilidade histórica de dar o seu contributo para que a atual crise possa gerar uma nova cidadania, assente na participação, na verdade e na fraternidade. São muitos os domínios da vida pública que precisam da firme intervenção dos cristãos na denúncia de tudo o que coloca em causa regime de verdadeira liberdade de ensino. A celebração de contratos de associação entre o Estado e as Escolas particulares e cooperativas, no serviço público de educação que prestam, não pode ser concebida a prazo e manter-se apenas enquanto o ensino público não se estende a todo o território nacional. Um outro domínio particularmente relevante e delicado é o da educação sexual. Trata-se de um tema em que entram em jogo os valores éticos e religiosos mais íntimos e profundos da pessoa humana e da família. Neste âmbito é imprescindível a auscultação das famílias e o respeito pelos seus valores. o equilíbrio social. Movidos unicamente pelo bem comum de todos os portugueses, particularmente dos mais carenciados, não podemos deixar de fazer um apelo junto das nossas comunidades para que reforcem a sua ajuda e continuem a acompanhar aqueles que experimentam carências de vária ordem. A proximidade e o sentido de partilha dos cristãos no seio das comunidades locais são um sinal claro da esperança que se realiza quotidianamente. Os tempos que se avizinham exigirão homens e mulheres à altura dos desafios que se colocam à nossa sociedade. É importante que nas campanhas eleitorais se debata o estado da sociedade portuguesa com ideias claras e propostas autênticas que visem solucionar os problemas estruturais do país (analfabetismo, desemprego, trabalho precário, fraca produção industrial, corrupção, burocracia, pobreza…). A este respeito, é fundamental que haja transparência na apresentação das propostas e absoluta honestidade na sua execução política. Seria insuportável para o país se enveredássemos pela lógica imediatista e pela apresentação de promessas enganadoras e ludibriadoras da real situação em que nos encontramos. Diante de tantos problemas, não podemos ficar inertes. É dever de todos contribuir para a solução do problema. Impõe-se uma consciência crítica social apurada e um novo paradigma cultural que coloque a pessoa humana no centro das decisões. É possível um novo paradigma económico, à luz da economia social cristã? Sim, é possível uma nova “lógica económica”: a do dom, da gratuidade, da fraternidade, da reciprocidade e da partilha justa dos bens de uns para com os outros. 3. Propostas para o diálogo entre a fé e a cultura Servir o homem é servir a ética da vida A missão da Igreja no mundo é estar ao serviço da dignificação da vida humana. É preocupante o conjunto de medidas que pretendem regular aspetos da biologia e da medicina com evidentes reflexos nefastos na estrutura matrimonial e na parentalidade. Uma legislação avulsa, não precedida de debate e fruto de pressões de grupos minoritários, tem marcado a agenda política: “mudança” de sexo, adoção de crianças por casais homossexuais, maternidade de substituição (“barriga de aluguer”), testamento vital, teoria do género, liberalização da investigação destrutiva de embriões e criação de embriões para fins científicos, são alguns dos casos que colocam em causa a ética da vida e da dignidade humana. Solidez e coesão da família A solidez e a coesão da família são o termómetro ético de toda e qualquer sociedade, dado que é a sua célula fundamental. As sociedades contemporâneas ocidentais, concretamente Portugal, defrontam-se com taxas de natalidade baixíssimas que colocam em causa a estabilidade social, cultural e financeira desses países. A este respeito, não podemos ignorar o contributo contraproducente das medidas legislativas tomadas nos anos mais recentes, entre as quais: a equiparação do matrimónio às uniões de pessoas do mesmo sexo, a facilitação do divórcio e a consagração legal da liberalização do aborto. Medidas estas que enfraquecem, sem dúvida, a estrutura da família nuclear. Não podemos resignar-nos a esta situação. A sociedade civil precisa de colocar a família na agenda política, sob pena de hipotecarmos o nosso futuro. A família necessita de um novo enquadramento legislativo com vertentes especiais, nomeadamente nas políticas sociais de apoio à natalidade e à educação escolar de todas as crianças e jovens. Somente com base na coesão familiar é que os jovens poderão projetar a sua vida segundo os valores do amor, da fraternidade, da interajuda, da partilha, da responsabilidade e da gratuidade. Uma estrutura familiar sólida e clara, auxiliada pelos diversos atores sociais, originará uma sociedade renovada. Também aqui a Igreja poderá dar o seu valioso contributo, porque é ampla a sua experiência neste campo educativo, propondo a alegria do encontro com Cristo, eternamente jovem, como caminho pleno de sentido para todos os que o queiram seguir, com determinação e paixão. Educação como futuro da sociedade A missão educativa das novas gerações é a tarefa essencial de toda a sociedade. Não podemos deixar de reconhecer que a família é a primeira instituição educativa. A postura do Estado em relação aos direitos da educação da família é subsidiária. O Estado deve apoiar a família no desempenho dessa missão, suprindo as suas lacunas e dificuldades, mas sem nunca pretender substituir ou dificultar a tarefa educativa das famílias. Embora este princípio seja universalmente reconhecido e esteja inscrito na nossa Constituição, hoje, em Portugal, não vigora um A política como serviço O momento particular que atravessamos torna oportuna a reflexão sobre a dignidade da função política. O Papa Bento XVI é assertivo quando afirma que “o desenvolvimento é impossível sem homens retos, sem operadores económicos e homens políticos que sintam intensamente em suas consciências o apelo ao bem comum. São necessárias tanto a preparação profissional como a coerência moral” . Confrontar a nobreza desta função com a incoerência ética, muitas vezes evidenciada pelos políticos, cria em muitos cidadãos a desilusão e o descrédito perante a classe política que nos vem governando. Não é correto, porém, ceder à tentação de condenar, indiscriminada e genericamente, os políticos e as instituições democráticas. Mas é preciso dizer bem alto que a política tem de ser uma vocação de serviço e nunca uma via carreirista de promoção pessoal. A situação atual exige uma consciência mais apurada do sentido do bem comum e da sua primazia em relação aos interesses particulares partidários, sectoriais ou corporativos. A gravidade da crise aconselha uma ampla congregação de esforços no sentido da sua superação. Encontrar soluções de consenso alargado (estruturas políticas e forças da sociedade civil), mesmo para além das maiorias parlamentares, contribuirá para reforçar a confiança e a esperança dos cidadãos. Esta congregação de esforços e a disponibilidade sincera para obter consensos alargados reforçarão certamente a credibilidade externa da sociedade portuguesa no seu todo. Fátima, 2 de maio de 2011 † Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz de Braga DIOCESE 21 de Abril de 2011 Coro Juvenil do Carmo, de Beja, actuou em Fátima Decorreu em Fátima, no dia 25/04/ 2011, pelas 16H00, na Igreja da Santíssima Trindade, o III Encontro de Coros Infantis, promovido pelo Santuário de Fátima e em que participaram: - O coral anfitrião, a “Schola Cantorum Pastorinhos de Fátima”, dirigido por Paulo Lameiro e interpretando A Little Jazz Mass (5 peças), de B. Chilcott, e um African Alleluia, de J. Althouse. - O “Coro Vox Et Communio de Penacova”, com regência de Rodrigo Carvalho, numa Ave Maria, de M. S. Santos, na Berceuse, de Brahms (harm. J. Firmino), no Cantate Domino de J. Althouse, e no Galop, de K. Berg. - O “Coro Juvenil do Carmo de Beja”, com a sua maestrina Helena Almeida, em Jesus Dulcis Memoria, de Saint Bernardus Claraevallensis (S. Bernardo de Claraval), História de Nossa Senhora, texto de M. Eusébio / A. Aparício e música de A. Cartageno, excertos da “Cantata a Nossa Senhora da Conceição”, tex. F. Seno e música de António Cartageno (transc. acomp. Órgão por Jaime Branco), e La Nuit, de J. Ph. Rameau. - O “Coro Inf. da Casa do Povo de St.ª Catarina da Serra” (povoação das proximidades), com regência de Ana R. Lopes, nas peças A Festa das Cores, O Meu Jardim, O Agapito e Quero Ser Amável, todas de I. Lucília, e Caixinha dos Bombons, de I. Sousa. - O “Coro Feminino” da “Academia Coral da Casa de Concertos de Dortmund”, na Alemanha, dirigido pelo seu maestro titular Zeljo Davutovic. Trata-se de um coro de jovens raparigas com idades entre os 6 e os 16 anos. Esta academia, com 9 anos de existência, é a maior escola de canto da Europa e tem 30 coros e 1300 cantores, entre os 6 e os 50 anos de idade. Além da formação escolar geral, estudam nas várias disciplinas de música e canto, ao longo de várias horas do dia e da semana, tendo três ensaios semanais de coro. Pela sua elevada categoria e grande qualidade do repertório, tem solicitações de toda a Alemanha, Europa e do mundo, com cerca de 150 concertos por ano. Já actuaram em Beijing (Pequim), na China. Entre as cantoras do coro estava uma jovem portuguesa, residente em Dortmund, filha de emigrantes, a qual disse em português correctíssimo que vem duas vezes por ano a Portugal. Interpretaram uma Ave Maria, de X. Sarasola, Salve Regina, de J. Busto, Ave Regina Coelorum, de J. G. Rheinberger, Lebe Wohl! (Isten Veled!), de Bela Bartok, Annabel Lee, de E. Ugalde, e a terminar o bem conhecido Fly Me to the Moon, de Bart Howard. Os coros reuniram-se no final para cantarem em conjunto o tema Mater Dei, de L. Maierhofer e o empolgante Espiritual Heaven is a Wonderfull Place, ambos sob a regência do maestro de Dortmund. O Senhor Reitor do Santuário agradeceu a todos a participação e a elevação estética e espiritual do evento, entregando recordações e flores. Sem favor pode afirmar-se que o nosso Coro Juvenil do Carmo de Beja teve uma participação de grande qualidade, entre os melhores, com uma afinação rigorosa, uma manifesta sensibilidade e uma coloração regional atentamente escutada por todos, particularmente pelos visitantes da Alemanha. Os nossos jovens cantores estão de parabéns e, do mesmo modo, a sua diligente e empenhada maestrina, sobre cuja regência escutámos elogios focados na suavidade e elegância. Ficou garantida a continuação desta bela iniciativa do Santuário de Fátima. M. ª Figueiredo Uma Páscoa diferente em Sabóia, Santa Clara-a-Velha e Pereiras-Gare As paróquias de Sabóia, SantaClara-a-Velha e as comunidaes de Luzianes e Pereiras-Gare, sob a orientação do seu pároco Padre Júlio tiveram o previlégio de viverem este ano de uma forma bem diferente a Semana Santa e a Páscoa. A dinâmica que este sacerdote tem vindo a exercer no seio destas populações, utilizando formas características de evangelização, tem feito aproximar dos sacramentos, camadas de jovens, que até aqui viviam afastados de Deus, não por culpa sua, mas porque até agora ninguém tinha tido a coragem de lhes transmitir a mensagem. Começando pela cerimónia do lavapés, em Sabóia, numa atitude que colocou as pessoas a viverem em profundidade, a humildade do sacerdote perante os seus discípulos. Na sexta-feira da Paixão do Senhor em Luzianes, aldeia semea- da no fundo dum vale silencioso e bíblico, teve lugar com personagens ao vivo uma via sacra, com as estações ao longo das ruas, que foi terminar no cimo de uma pequena colina onde foi erguida a cruz de madeira onde “Cristo” foi crucificado; e foi nesse momento bem aproveitado pelo Padre Júlio, que utilizando efeitos sonoros e luminosos especiais, aproveitou para as pessoas viverem com um sentimento diferente daquele que apenas tinham conhecimento por terem ouvido dizer. Na vigília sábado à noite, ponto alto na igreja de Sabóia, começando com o acendimento do lume novo, e com o templo completamente cheio durante a Santa Missa foram baptizados treze jovens, numa cerimónia bela e cheia de significado, esta vigília só terminou altas horas da madrugada com a saída de toda a assemleia pelas ruas da aldeia ao som do repicar dos sinos e cânticos de aleluia. Mas para que a festa da Páscoa terminasse de uma forma inédita quiz o Padre Júlio, que no domingo de Páscoa na aldeia de PereirasGare antes da Santa Missa, se fizesse o compasso, cerimónia totalmente desconhecida na região, assim houve a oportunidade do Padre Júlio visitar as casas das pessoas que quizeram receber Cristo, que entrou em todas as portas que nesse dia se abriram, ao mesmo tempo que era dada a cruz a beijar e a casa aspargida com água benta. Obrigado Padre Júlio por esta iniciativa que nos ajuda na nossa conversão, e pos estes sinais que os jovens de certo não vão esquecer. Ermesindo Manuel da Silva, Pereiras-Gare, Abril de 2011 Notícias de Beja – 5 XXVI Dia Mundial da Juventude em Beja Mais um ano, mais um Dia Mundial da Juventude. Como tem sido habitual, o Dia Mundial da Juventude realizou-se no Seminário de Beja que nos recebe e acolhe sempre muito bem. Este ano, no passado dia 16 de Abril, o tema proposto foi “Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé”, que será o tema da Jornada Mundial da Juventude, em Madrid. Também neste dia se prestou homenagem a uma das maiores figuras da Igreja do nosso século: o Papa João Paulo II. Por volta das 9h30m começaram a chegar os cerca de 60 jovens representando os arciprestados da nossa Diocese. Iniciou com o acolhimento, com cânticos, muita música e alegria, para os jovens abrirem o coração para partilhar com os outros jovens o que este dia lhes iria reservar. As actividades correram com norma- lidade, sempre muito interessantes e os jovens também interessados e empenhados. Tenho que dar os parabéns à organização, à Equipa da Pastoral Juvenil. Penso que o dia correu muito bem e que a Equipa esteve à altura, proporcionando não só momentos de oração e de interiorização, mas também momentos de aprendizagem sobre o Papa João Paulo II que nos alertou para a sua vida e o seu itinerário, pois nem todos os jovens conheciam a vida deste homem, agora já beatificado. Mais um ano e mais um Dia Mundial da Juventude, aqui em Beja, que não vou esquecer e que vou guardar na minha memória, como um dia bem passado, junto de pessoas alegres e que amam a Deus e não têm medo de o afirmar. Miguel Inácio, Odemira Aljustrel celebrou festivamente a Páscoa Aljustrel, viveu com grande intensidade a Semana Santa. Este ano, a Procissão de Ramos, teve inicio no Santuário de Nossa Senhora do Castelo, situado no cimo do monte com o mesmo nome. Na Terça feira Santa, foi projectado na Igreja de Nossa Senhora das Dores, o filme “A Paixão de Cristo”, de Mel Gibson, um momento intenso, onde se pode ver e sentir, a humanidade sofredora de Jesus, e a sua entrega na cruz. Na Quinta Feira Santa, celebrou-se a Missa Vespertina da Ceia do Senhor, seguida de oração junto do Santíssimo, até à meia noite. Na Sexta Feira da Paixão, de manhã, recitaram-se as Laudes, na Igreja Matriz, e, ao final da tarde, pelas 18h00, teve lugar a Celebração da Paixão do Senhor, com a adoração da Cruz. À noite, como acontece de dois em dois anos, nos anos ímpares, teve lugar pelas ruas de Aljustrel, a Via-sacra ao vivo, onde mais de trinta personagens se vestiram a rigor, para se reviver, para se encenar os momentos dolorosos da Paixão do Senhor, o caminho sagrado que Jesus percorreu ate ao calvário. A Via-sacra terminou no cimo do monte de Nossa Senhora do Castelo, com a crucifixão, morte e ressurreição de Jesus. Foram muitos aqueles que se associaram a esta caminhada, que foi uma oração vivida por todos, em clima de meditação, cujo silêncio o demonstrava. As celebrações do Sábado Santo, como na sexta-feira, iniciaram-se com a oração de Laudes na Igreja Matriz, e à noite a Solene Vigília Pascal, presidida pelo Pároco, Pe Paulo do Carmo. Participaram nesta, as comunidades paroquiais de Aljustrel, Rio de Moinhos, S. João de Negrilhos e Entradas, uma assembleia de comunhão, unida na mesma fé, no mesmo Senhor. Os representantes das comunidades, que têm o mesmo Pároco, levaram para as suas Paróquias os Círios Pascais, a luz que representa Cristo vivo, Cristo luz do mundo, luz que ilumina o seu povo, a sua igreja. Domingo de manhã, dia de Páscoa da Ressurreição do Senhor, teve lugar como vem sendo hábito há vários anos, a bênção dos alimentos das comunidades de emigrantes do Leste. Ao meio dia, a Igreja Matriz estava repleta de fiéis de Aljustrel, Messejana, Lisboa, Vale de Santiago e de outras Comunidades, para a celebração da Eucaristia do Domingo de Páscoa da Ressurreição do Senhor. Foram baptizadas duas crianças, uma de Messejana e outra de Aljustrel. No final da Eucaristia, o Coro Paroquial, acompanhou o Pároco até ao Adro da Igreja, para aí permanecer interpretando cânticos pascais, enquanto o Pe Paulo cumprimentava à saída da igreja, todos os que participaram em tão festiva celebração. Tiago Pereira PATRIMÓNIO 6 – Notícias de Beja PEDRA ANGULAR 21 de Abril de 2011 PÁGINA DO DEPARTAMENTO DO PATRIMÓNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO DA DIOCESE DE BEJA Santiago do Cacém acolhe o Diádoco dos Helenos Príncipe Pavlos da Grécia preside à entrega do Prémio Internacional Terras sem Sombra O Festival Terras sem Sombra de Música Sacra, uma iniciativa do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja, levada a cabo em parceria com as principais instituições e forças vivas do Baixo Alentejo, visa dinamizar a participação da sociedade civil na salvaguarda dos monumentos religiosos deste território, sem esquecer a paisagem e os valores culturais e naturais que lhes estão associados. Entre as novidades introduzidas pela organização do Festival em 2011 conta-se a criação do Prémio Internacional Terras sem Sombra, cuja missão é distinguir personalidades ou entidades que tenham prestado notáveis serviços, ao longo da sua carreira, à comunidade internacional, nos domínios da Música, da conservação do Património e da defesa da Biodiversidade. No ano em curso o patrono do Prémio Internacional Terras sem Sombra é S. A. R. o Diádoco Pavlos, Príncipe da Grécia e da Dinamarca e Duque de Esparta. A escolha do júri distinguiu a soprano norte-americana Cheryl Studer, na categoria de Música; a Pontifícia Academia Romana de Arqueologia, uma instituição duplamente centenária da Santa Sé, na categoria de Património Cultural; e o eminente oceanógrafo português Prof. Mário Ruivo, na categoria de Biodiversidade. O príncipe Pavlos presidirá à cerimónia pública de entrega dos galardões que irá ter lugar na igreja matriz de Santiago do Cacém, a 7 de Maio, pelas 17h30. Estarão igualmente presentes, entre muitas outras figuras, o Núncio Apostólico, D. Rino Passigato, SS. AA. RR. os Duques de Bragança, D. Duarte e D. Isabel, o Prof. Diogo Pires Aurélio, Assessor do Presidente da República para os Assuntos Culturais, o Prof. Eduardo de Arantes e Oliveira, Presidente da Academia das Ciências de Lisboa, e o Prof. António Lamas, Catedrático da Universidade Técnica de Lisboa. A sessão é aberta a todos os interessados, até à lotação da igreja, pelo que se recomenda a reserva de lugar, pelo tel. 962 414 521. Uma grande voz da cena mundial A soprano Cheryl Studer iniciou estudos de piano e viola muito jovem. Diplomou-se pela Academia de Arte de Interlochen e prosseguiu estudos no Conservatório de Ober- Prof. Mário Ruivo A soprano Cheryl Studer lin e na Universidade do Tennessee em Knoxville. O seu talento promissor atraiu a atenção de Leonard Bernstein que lhe ofereceu diversas bolsas de estudos para frequentar o Berkshire Music Center em Tanglewood (1975-77). Estreou-se em 1976 com Matthäus-Passion de J. S. Bach, com a Orquestra Sinfónica de Boston, sob a direcção de Seiji Ozawa, que a convidou a regressar para uma série de concertos em Boston (1978-79). Depois de uma bem-sucedida audição para Wolfgang Sawallisch, integrou a Companhia da Ópera de Munique em 1980. Os seus primeiros desempenhos em Munique começaram por ser os pequenos papéis mozartianos, straussianos e wagnerianos. Permaneceu em Munique durante dois anos e aí interpretou os papéis de Marenka (A noiva vendida) e integrou de seguida as companhias do Staatstheater de Darmstadt (1982-84) onde cantou Desdemona, Tatiana, Katiá Kabanová, e da Deutsche Oper de Berlim (1984-86), onde cantou Donna Anna. Interpretou a sua primeira Violetta em 1983 no Staatstheater de Braunschweig e, no mesmo ano, foi convidada para cantar Irene (Rienzi) no Festival de Ópera de Verão em Munique. Estreou-se nos EUA em 1984 no papel de Micaela (Carmen) na Lyric Opera de Chicago. Embora recolhesse então êxitos regulares, foi em 1985 que se tornou o centro das atenções a nível internacional com a interpretação de Elisabeth (Tannhäuser) no Festival de Bayreuth, sob a direcção de Giuseppe Sinopoli. Desde então tem cantado nos principais teatros do mundo inteiro: Liceu de Barcelona (estreia em 1986, Freia), Opéra de Paris (estreia em 1986, Pamina), Ópera de San Francisco (estreia em 1986, Eva em Die Meistersinger Von Nürnberg), Royal Opera House (estreia em 1987, Elisabeth), Scala de Milão (estreia em 1987, Requiem de Verdi, Donna Anna), Metropolitan Opera de Nova Iorque (estreia em 1988, Micaela), Staatsoper de Viena (estreia em 1989, Chrysothemis), Opernhaus de Zurique (Arabella), Semper Oper de Dresden, Staatsoper de Hamburgo, Staatstheater de Nuremberga, Staatstheater de Estugarda, Ópera de Bona (Semiramide), Ópera Nacional de Lyon, Ópera de Nice (Daphne), Ópera de Rouen, Théâtre du Châtelet, Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Ópera de Filadélfia (Lucia di Lammermoor) e Pequim. Dois séculos ao serviço do património A Pontifícia Academia Romana de Arqueologia foi fundada em 1810, durante a administração napoleónica de Roma, por iniciativa do filósofo e estadista Barão JosephMarie de Gerando. Surgiu na continuidade de uma vasta série de instituições consagradas à salvaguarda dos monumentos da Cidade Eterna que se iniciou com a Academia Romana, criada por Pompónio Leto no século XV, e culminou com a Academia das Antiguidades Romanas, estabelecida pelo papa Bento XIV em 1740. A sua insígnia ostenta o templete dito de Vesta, no Foro Boario, o primeiro monumento a ser escavado pelo governo francês e que se tornou o distintivo académico. Completa-o o mote “In apricum proferet”. Tem como missão promover o estudo da Arqueologia e da História da Arte Antiga e Medieval, sem limites geográficos, mas dedicando particular atenção aos territórios que pertenceram ao antigo império romano. Ocupa-se também, de uma O Palácio da Chancelaria, em Roma, sede da Pontifícia Academia de Arqueologia maneira especial, dos monumentos arqueológicos e artísticos sob a administração da Santa Sé, que ajudou a preservar e a valorizar em diversas circunstâncias. Entre os seus membros contaram-se figuras tão ilustres como o escultor Antonio Canova, o arqueólogo Giovanni Battista de Rossi ou o historiador Gaetano De Sanctis. A Academia desenvolve a sua acção ao serviço do progresso do conhecimento e do desenvolvimento da cultura através de comunicações, conferências, publicações, concursos e outras iniciativas. Fá-lo com um nível científico notável, recolhido no proémio dos seus estatutos, datados de 1813: “la Storia né convince, né s’imprime abbastanza se non è consolidata e non si fa visibile se non che coi monumenti”. Isto mesmo foi reconhecido pelo Instituto Arqueológico Alemão ao atribuir-lhe, em 1979, a medalha Winckelmann, o mais prestigiado galardão internacional neste domínio. Uma referência da oceanografia internacional Marcado pela importância do Oceano para o futuro da humanidade, o trajecto do Prof. Mário Ruivo começou na Universidade de Lisboa, onde se formou em Biologia. É Doutor Honoris Causa pela Universidade dos Açores. Na sequência da sua especialização em Oceanografia Biológica e Gestão de Recursos Vivos (Sorbonne/Laboratório Arago), participou nos primeiros mergulhos em águas profundas portuguesas no Bathyscaphe FNRS III (1957). A par de um período activo de investigação na costa portuguesa, no Mediterrâneo e no Atlântico Noroeste sobre recursos vivos numa perspectiva ecológica e de gestão racional dos “stocks” pesqueiros, participou como perito/ delegado português em organizações internacionais (ICES, ICNAF, etc.). Foi Director da Divisão de Recursos Aquáticos e do Ambiente/ Departamento de Pescas da FAO (Roma), Secretário Executivo e VicePresidente da COI/UNESCO (Paris), Conselheiro Científico da EXPO’98, Coordenador da Comissão Mundial Independente para os Oceanos, Membro da Comissão Estratégica dos Oceanos, Professor Catedrático Convidado da Universidade do Porto/ICBAS. Preside actualmente á Comissão Oceanográfica Intersectorial do MCTES, do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável, e do Fórum Permanente para os Assuntos do Mar. É autor de numerosas publicações científicas nas áreas da Oceanografia Biológica, Ecologia e Gestão dos Recursos Pesqueiros, bem como de estudos, ensaios e artigos sobre Política e Governação do Oceano, Cooperação Internacional em Assuntos do Oceano, Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Ciência, Sociedade e Ética. Tem participado em actividades cívicas e de divulgação e sensibilização pública a um desenvolvimento sustentável e aos assuntos do mar com vista a uma governação responsável do Oceano. Foi agraciado com ordens honoríficas nacionais e estrangeiras e foram-lhe atribuídos outras distinções e prémios. SOCIEDADE 21 de Abril de 2011 Notícias de Beja – 7 Coimbra tem novo bispo nomeado D. Virgílio Antunes é ordenado, a 3 de Julho, no Santuário de Fátima O reitor do Santuário de Fátima é o novo bispo de Coimbra, nomeado pelo Papa Bento XVI, sucedendo assim a D. Albino Cleto. O padre Virgílio do Nascimento Antunes, de 49 anos de idade, é natural de São Mamede, na Batalha, e todo o seu percurso vocacional e de fé tem estado até agora ligado à Diocese de Leiria-Fátima. Começou por frequentar o Seminário Menor de Leiria, completando o curso Filosófico-Teológico no Instituto Superior de Estudos Teológicos de Coimbra. Em 1985, depois da sua ordenação sacerdotal, desempenhou funções pastorais nas paróquias da Barreira e das Cortes, durante sete anos. No mesmo período, foi ainda formador no Seminário Diocesano de Leiria e membro do Secretariado Diocesano da Pastoral Vocacional; e lecionou disciplinas como Religião, Português e História, do ensino secundário. Em 1988, avançou com o projecto do Pré-Seminário na Diocese, tendo sido o seu primeiro responsável. Entre 1992 e 1996, especializou-se em ciências bíblicas, no Instituto Bíblico de Roma e na Escola Bíblica de Jerusalém, tendo obtido o mestrado e licenciatura canónica em Exegese Bíblica, com uma investigação dedicada ao Evangelho de São Lucas. No final deste período de estudos, regressou à Diocese de Leiria Fátima para ocupar o cargo de reitor do Seminário Diocesano de Leiria. Até 2005, dedicou-se a projectos como o desenvolvimento do “Ano Propedêutico” para candidatos ao sacerdócio de diversas dioceses do país e a formação de seminaristas, através de cursos, conferências e retiros. Assumiu ainda a planificação e remodelação do edifício do Seminário Diocesano de Leiria, com um conjunto de obras que ficaram recentemente concluídas. O padre Virgílio Antunes desenvolveu ainda um trabalho na área da comunicação, entre 2000 e 2005, como director do jornal semanário “O Mensageiro”, onde tinha também uma coluna de opinião. Desde Setembro de 2008, tinha abraçado a função de reitor do Santuário de Fátima, já depois de ali ter colaborado, durante três anos, como capelão, director dos serviços de Peregrinos e de Alojamentos, membro do Serviço de Ambiente e Construções, do Conselho de Administração e do Conselho de Gestão Financeira. No exercício daquelas funções, foi responsável por diversos projectos, para remodelação de infraestruturas e a promoção e divulgação da mensagem de Fátima, com destaque para o arranque das celebrações do centenário das aparições de Nossa Senhora de Fátima. Coordenou ainda a visita de Bento XVI ao Santuário, no seguimento da vinda do Papa ao nosso país, em maio do ano passado. A ordenação do novo bispo de Coimbra está marcada para dia 3 de julho, e terá lugar no Santuário de Fátima. Dr. Rui Miguel Conduto CARDIOLOGISTA CONSULTAS: Sábados Rua Heróis Dadra, 5 - Beja – Telef. 284 327 175 Marcações das 17 às 19.30 h., pelo Telef. 284 322 973/914 874 486 Quartas-Feiras Cardio Luxor Avenida da República, 101, 2.º A-C-D Lisboa - Tel.: 217 993 338 SERAFIM DA SILVA JERÓNIMO & FILHOS, LDA Instituições de Solidariedade Social reclamam competências As instituições sociais reclamam junto das forças políticas a criação de condições legais, financeiras e estruturais que permitam ao setor solidário continuar a ser, cada vez mais, uma «mola amortecedora contra o desânimo». Segundo o presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), os portugueses começam agora a “tomar consciência do volume de serviço” que as instituições sociais prestam e “da necessidade de continuarem a prestar este serviço”, depois de “bastantes anos” serem olhadas apenas como “um conjunto de boa gente que ia ocupando o seu tempo”. “Falta agora que os decisores, em particular, venham reconhecer a importância deste setor e espero que as nossas propostas sejam vistas não como exigências exorbitantes mas como um contributo de gente responsável” referiu o padre Lino Maia, em declarações prestadas hoje à Agência ECCLESIA. Numa altura em que os partidos políticos preparam os seus programas para o processo eleitoral que se realiza no próximo dia 5 de junho, a CNIS pede, em carta aberta às diversas forças políticas, que esclareçam o rumo que pretendem traçar para o Setor Solidário nos próximos anos. A organização reclama maior voz para uma força solidária que, a nível nacional, presta atualmente auxílio a mais de 600 mil utentes, tem intervenção decisiva em áreas como a saúde, a ação social e a educação, e emprega mais de 250 mil trabalhadores. O presidente da CNIS lamenta que “as instituições sociais não sejam ouvidas”, em tempo de crise, quando a troika” constituída pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE) e a Comissão Europeia está a promover reuniões com vários organismos políticos, sociais e económicos. Defende ainda que “este setor deveria ter assento no Conselho de Concertação Social, ao lado do patronato e dos sindicatos”. Campanha de Páscoa 2011 de 31 de Março a 30 de Abril Sinos Órgãos Clássicos Viscount | Rodgers | Roland Relógios de Torre Lampadários Electrónicos de Madeira e Metal Máquinas de contagem de Dinheiro Fabricantes e distribuidores em exclusividade para Portugal e Espanha Rua Cidade do Porto - Ferreiros - 4705-084 Braga Telefone 253 605 770 | Fax 253 605 779 www.jeronimobraga.com.pt | [email protected] Leia, assine e divulgue “Notícias de Beja” o jornal da Diocese 5 Maio P r o p r i e dade da D i o c e s e d e B e j a Contribuinte Nº 501 182 446 Director: Alberto Geraldes Batista Redacção e Administração: Rua Abel Viana, 2 - Apartado 95 - 7800-440 Beja Telef. 284 322 268 / Fax: 284 322 386 E-mail: [email protected] http://www.diocese-beja.pt Assinatura 26 Euros anuais c/IVA NIB 001000003641821000130 Composição e Impressão: Gráfica Almondina - Torres Novas Tel. 249 830 130 - Zona Industrial - Torres Novas 2011 Registo N.º 102 028 Depósito Legal N.º 1961/83 Editado em Portugal Tiragem 3.000 ÚLTIMA PÁGINA 21 de Abril de 2011 Ditos e Feitos Registado Deste Mundo e do Outro Bin Laden está morto, a ameaça terrorista não George W. Bush, no seu estilo de cowboy, prometeu que a América capturaria Ussama Bin Laden “morto ou vivo”. Foi o seu sucessor na Casa Branca, Barack Obama, quem agora o conseguiu. Mais clássico, o Presidente informou: “Os Estados Unidos realizaram uma operação que matou Ussama Bin Laden, o dirigente da Al-Qaeda, um terrorista responsável pela morte de milhares de inocentes.” Na América fez-se festa. O 11 de Setembro estava vingado. Passados quase dez anos sobre os atentados contra as Torres Gémeas, o líder da Al-Qaeda foi localizado e abatido. Para trás ficaram milhares de informações analisadas, centenas de pistas falsas. Apesar dos 25 milhões de dólares oferecidos pela sua captura, Bin Laden insistia em escapar à superpotência ferida, refugiando-se naquilo que os geopolitólogos chamam Af-Pak, tanto a ameaça islamita no Afeganistão e no Paquistão se confundem hoje. E a sua fuga durante uma década humilhava a América. Bush saiu da Casa Branca em parte desacreditado por não conseguir capturar o ideólogo do 11 de Setembro, Obama herdou a missão sem ter garantias de que seria bem-sucedido e ainda por cima tendo de assistir aos avanços dos talibãs, velhos aliados de Bin Laden, também no Paquistão, uma potência nuclear errática. Mandato positivo de D. Jorge Ortiga Na 177.ª Assembleia Plenária, em Fátima, de 2 a 5 de Maio, o episcopado português tomou conhecimento dos trabalhos em curso para o centenário dos acontecimentos de 1917 na Cova da Iria e das orientações para a catequese de adultos em Portugal. O presidente da CEP, que terminou o segundo mandato à frente da instituição, fez um trabalho “positivo”, consideram os seus pares do episcopado. O bispo das Forças Armadas e de Segurança, D. Januário Torgal Ferreira, classificou o mandato de D. Jorge Ortiga como “altamente positivo”, referindo que foi presidente da CEP “num período muito difícil” na sociedade portuguesa em que surgiram “questões fracturantes”. D. António Vitalino, Bispo de Beja, considerou uma “riqueza para a Igreja portuguesa” o mandato de D. Jorge Ortiga. “Num tempo menos calmo, no meio de dificuldades, soube descobrir e ajudar a fortalecer a Igreja em Portugal, na sua identidade, na sua responsabilidade e para a concretização da mensagem cristã”, assinalou. Vargas Llosa contra linguagem da Net “Os jovens que abreviam palavras nas redes sociais e nos SMS ‘pensam como macacos’, considera o escritor peruano Mário Vargas Llosa. O Nobel da Literatura de 2010 considera, numa entrevista à revista uruguaia ´Búsqueda’, que a Net ‘liquidou a gramática´, gerando uma espécie de barbárie sintática’. E justifica: ‘Se escreves assim, é porque falas assim; se falas assim, é porque pensas assim, e se pensas assim pensas como um macaco. Isso parece-me preocupante. Talvez as pessoas sejam mais felizes assim. Talvez os macacos sejam mais felizes do que os seres humanos. Não sei.” Refer somou prejuízo de 146,5 milhões em 2010 A Refer obteve um resultado líquido negativo de 146,5 milhões de euros em 2010, o que compara com perdas de 120,5 milhões de euros no ano anterior, anunciou hoje a empresa em comunicado enviado à CMVM. O resultado operacional da Refer registou um agravamento de 9 por cento face a 31 de dezembro de 2009, para 108,7 milhões de euros negativos, “resultante principalmente do agravamento registado ao nível dos gastos operacionais (mais 9,3 milhões de euros), por via do aumento da rubrica Provisões para Outros Riscos e Encargos, no montante de 2,5 milhões de euros”, acrescenta a empresa. Os rendimentos operacionais registaram um acréscimo de 1 por cento para 123,3 milhões de euros. O total do passivo cresceu 787 milhões de euros. No final de 2010 verificou-se um aumento da dívida financeira face a 2009 de aproximadamente 498 milhões de euros. Alberto Batista AValeu história do desporto rei a pena acreditar Há quem apregoe que não há milagres. Mas os exemplos de miraculados são muitos e não digam isso aos que alguma vez se sentiram beneficiados por alguma cura. Está neste caso a religiosa Marie Simon-Pierre Normand, do Instituto das Pequenas Irmãs das Maternidades Católicas. Ela foi diagnosticada com Mal de Parkinson em 2001. Segundo o testemunho da freira, a cura do Mal, pela intercessão de João Paulo II, aconteceu entre 2 e 3 de junho de 2005, quando ela tinha 44 anos. Com a notícia do falecimento do Papa Woityla – também ele afectado por igual doença –, a Irma Marie e suas companheiras de Congregação começaram a invocar o falecido Pontífice para que intercedesse por sua cura. “Após o diagnóstico da minha doença, era difícil para mim ver João Paulo II na televisão. Sentia-me, no entanto, muito próxima dele na oração e sabia que podia compreender aquilo que ele vivia. Admirava também a sua força e coragem, que me estimulavam a não me entregar e a amar este sofrimento. Somente o amor teria dado sentido a tudo isso. Era uma luta quotidiana, mas o meu único desejo era de vivê-la na fé e aderir com amor à vontade do Pai”, testemunha a Irmã Marie. Com o anúncio do falecimento do Papa João Paulo, a freira diz que sentiu como se o mundo tivesse vindo abaixo. “Acabava de perder o amigo que me compreendia e me dava forças para seguir adiante. Naqueles dias, senti um grande vazio, mas tive também a certeza da Sua presença viva”, relata. Em 14 de Maio – um dia após a dispensa pontifícia dos cinco anos de espera para o início da Causa –, as irmãs de todas as comunidades francesas e africanas começam a pedir incessantemente a intercessão de João Paulo II para a cura de Irmã Marie. Em 2 de junho de 2005, cansada e oprimida pela dor, a religiosa manifesta à Superiora a intenção de ser libertada do trabalho profissional, num hospital, como enfermeira. No entanto, a Superiora convida-a a confiar na intercessão de João Paulo II. A Irmã Marie passa uma noite tranquila e, ao despertar, sente-se curada. As dores desaparecem e não sente nenhuma rigidez nas articulações. Era o dia 3 de junho de 2005, festa do Sagrado Coração de Jesus. Ao procurar o seu médico, ele constata a cura. O que dura até agora. “O que o Senhor me permitiu viver por intercessão de João Paulo II é um grande mistério, difícil de explicar em palavras ... mas a Deus nada é impossível “, exclama. A história doPortugal desporto rei Crise em A História repete-se. No final dos anos 70 e início dos anos 80 os economistas do FMI estiveram em Portugal. O país estava na bancarrota, depois de anos de gastos descontrolados. Hoje, depois de verdadeiras orgias financeiras por conta de Institutos Públicos, Fundações, Empresas e gestores a sugar o Estado, vai ser inevitável um resgate europeu e do FMI, na ordem dos 80 mil milhões de euros. O DN seguiu o rasto de três fontes de financiamento público e, mesmo excluindo benefícios fiscais, cerca de 250 milhões de euros foram transferidos de forma directa para 31 fundações entre 2005 e o primeiro semestre de 2010 – período em que existem dados disponíveis. Só a Fundação para as Comunicações Móveis, CCB, Serralves e Berardo consumiram 90% dos 250 milhões transferidos para essas 31 Fundações. Nem o governo sabe bem, mas os estudos que têm vindo a ser feitos apontam para imenso dinheiro que é desperdiçado em serviços e instituições que só beneficiam interesses particulares. Com um desgoverno assim não há finanças que resistam. Enquanto isto se passa, cerca de 25 mil famílias estão a receber ajuda social e económica da Cáritas Portuguesa, o que significa um aumento de 40% desde Novembro. Por outro lado as paróquias e grupos de acção social da Igreja estão a ser assediados por pedidos de ajuda a que dificilmente conseguem dar resposta capaz. Ou muito nos enganamos ou serão os que já estão em situação difícil que vão ter de pagar a crise. O PEC IV era já bem elucidativo a esse respeito: mesmo pensões de duzentos e poucos euros estavam para ser congeladas. Corte de abonos e ajudas diversas a pessoas ou famílias com dificuldades já foram feitos. Mas as mordomias de toda a espécie continuam. Portugal tem a oitava maior taxa de pobreza infantil da OCDE A taxa de pobreza infantil em Portugal é de 16,6 por cento, um valor superior à média dos países da OCDE (12,7 por cento) e a oitava maior do grupo, refere um estudo da Organização há dias publicado. Portugal apresenta a oitava maior taxa de pobreza infantil entre os 34 países da OCDE, atrás de Israel, do México, da Turquia, dos Estados Unidos, da Polónia, do Chile e de Espanha. De acordo com o relatório ‘Doing better for families’, publicado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OC DE), referindo dados da última década, Dinamarca, Noruega e Finlândia têm as menores taxas de pobreza infantil, com 3,7 por cento, 4,2 por cento e 5,5 por cento, respectivamente. Para a generalidade dos países da OCDE, as crianças que vivem em famílias monoparentais em que apenas um adulto aufere rendimentos tendem a ter taxas de pobreza mais elevadas do que as que vivem em famílias duo-parentais em que apenas um adulto trabalha. No entanto, Portugal configura uma excepção a esta tendência, a par da Dinamarca, da Noruega e da Suécia. A percentagem de crianças que vivem em famílias em que os dois pais estão empregados é, regra geral, elevada, com destaque para a Eslovénia, Portugal e os Estados Unidos, onde mais de 60 por cento das crianças vivem em famílias cujos pais trabalham a tempo completo. A taxa de mortalidade infantil caiu em quase todos os países da OCDE, com Portugal a apresentar a descida mais acentuada da mortalidade entre crianças dos 0 aos 14 anos desde 1970, tanto por ferimentos acidentais como intencionais. Bom humor Um vendedor ao cliente: - Queria uma cama muito forte. - Mas o senhor não é muito gordo... - Mas tenho um sono muito pesado! * - A tripulação dos aviões veste-se tão bem. Porque será? - É para dar bom exemplo. O meu pai diz que o exemplo deve vir sempre de cima. * No comboio: - Por favor, pode dizer-me qual é a próxima estação? - Primavera, senhor! * - Afinal, senhor veterinário, o meu cão morreu. - E tomou o remédio que lhe mandei? - Tomei. Mas o cão morreu na mesma! A.B.