Simone Rocha de Vasconcellos Hage Palavras-chave
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Simone Rocha de Vasconcellos Hage Palavras-chave
LEITURA E ESCRITA: UMA CONCEPÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DO ALUNO COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS Maria Aparecida Gonçalve s dos Santos Universidade de São Paulo Prefeitura Municipal de Bauru Simone Rocha de Vasconcellos Hage Universidade de São Paulo Palavras-chave: aprendizagem, leitura, condicionamento operante. 1. Introdução Leitores podem ser descritos como sujeitos aptos a empregar textos em melhoramento de si mesmo (SOUZA, 2004). A Educação Básica procura formar leitores para que possam aprimorar, desenvolver e ser inseridos num curso de graduação ou no mercado de trabalho, visto a realidade brasileira em que muitos jovens deixam de estudar para trabalhar (BRASIL, 2015). Entretanto, formar leitores capazes de ler, compreender o que leem, interpretar, inferir e expressar opiniões tem sido um desafio para os pr ofessores da Educação Básica, pois estas crianças e jovens parecem não compreender textos de stinados a sua faixa etária de acordo com os exames nacionais (BRASIL, 1998). No processo de alfabetização as crianças passam ano s na escola e não conseguem se apropriar do sistema de leitura e escrita. Até a metade da década de 80 a alfabetização era ter domínio dos códigos de leitura e escrita, isto é, decodificar e codificar; a aptidão era inserida anteriormente a esse processo através de exercícios de coordenação motora e através da discriminação visual e auditiva. Esse processo de a lfabetização ocorria com a utilização dos métodos analíticos, sintéticos ou misto. Com estudo da Psicogênese da Leitura e escrita (FERREIRO & TEBEROSKY, 1999) o processo de alfabetização deixou de ser atribuído n a escolha de um método para a concepção de como a criança aprende. Porém, nem mesmo atravésdo reconhecimento do professor em como as crianças aprendem trouxe segurança para que todas as crianças realmente aprendessem, é grande o número de alunos que passamanos na escola e são incapazes de ler e compreender um texto, de expressar opiniões e suces sivamente atuar como sujeitos ativos na transformação da realidade e, elevar o nível da cul tura e conhecimento da sociedade. ISSN 21774013 Segundo os dados estatísticos (BRASIL, 2015) ainda 9% dos brasileiros são analfabe tos, isto é, 18 milhões. Alfabetizar é um direito de todos, é um dos itens que compõe os direitos humanos. Em pleno século XXI, com tantos avanços tecnológicos é espantoso reconhecer a situação destas pessoas. E como se sentem esses suj eitos analfabetos? As crianças que não conseguem acompanhar a aprendizagem como as outras? Não se tem resposta, entretanto, pode se imaginar como se sentem excluídos. Saviani (SAVIANI, 1992) inclui três elementos fundamentais que o professordeve ressaltar para a aprendizagem do aluno: o reconhecimento da pragmática mais desenvolvida em que se revela o saber objetivo socialmente determinado, a utilização do saber objetivo socialmente determinado em saber escolar para que todos os alunos dele se apropriem e, a garantia de critérios necessários para que estes unosal assimilem estes conhecimentos elevando sua compreensão da realidade. A profissão do professor o faz transformador de vários sujeitos seja através do conhecimento, conduta e valores. A escola é o local determinado para isso, porque ela é a responsável pela socialização do conhecimento historicamente construído e a tarefa do professor é ensinar, ensinar com qualidade. Todaviacomo ensinar aos alunos que apresentam peculiaridades individuais que possam apresentar dificuldades para aprender como as crianças com dislexia, síndrome de Down com algum comprometimento cognitivo, hiperatividade, discalculia, desatenção entre outros fatores. Com o objetivo de ensinar estas crianças que supostamente se encontram aquém do ritmo de aprendizagem, este estudo foi elaborado. MÉT ODOS O trabalho iniciou no ano de 2012, com um aluno autista, oito anos de idade, numa classe do segundo ano do ensino fundamental com fixação em alguns objetos, descontextualizado do processo formal da classe regular. Foi elaborado um grupo de palavras associadas com base na sua fixação. Em 2013, também no segundo ano do Ensino Fundamental, no processo de alfabetização, um aluno repetente, com doze anos, com síndrome de Down, frequentando a escola regular desde a Educação Infantil, com passagem temporária na APAE, não apresentava nenhum avanço no desenvolvimento do processo de alfabetização. Com o objetivo de fazer com que o a luno realizasse algumas atividades em sala de aula, elaborou-se um esquema de memorização de um grupo de palavras que foram trabalhadas e inseridas em diversas atividades similares e mecânicas, sempre focando o reconhecimento das mesmas. ISSN 21774013 O aluno não reconhecia ne m mesmo de uma das vogais no seu nome, ele não sabi a escrever o seu nome. A partir de uma motivação em q ue uma história era lida para a classe, ou uma música cantada com as crianças, o aluno era convidado primeiramente a ler junto com a professora as palavras trabalhadas. Enquanto os outros alunos trabalhavam numa atividade com autonomia, a professora ficava com o escolar e interagia com ele. No início, as palavras lidas eram oferecidas junto com as imagens, depois de um bom treino em que estas palavras apareciam em fichas de trabalho com exercícios diversificados, elas eram apresentadas sozinhas. Utilizou-se os exercícios de ligar a imagem a palavra; a identificação da palavra num grupo, a identificação com sistema de associaçã o de cor e o trabalho com loto leitura ( material didático com letras móveis e imagens das figuras). Nos anos letivos de 2014 e 2015, após o primeiro b imestre do segundo ano do EF, com um aluno atendido na sala de recurso (2014); e duas alunas em 2015 (uma já em atendimento na sala de recurso desde o 1º ano, a outra inserida no segundo ano) foi realizado o mesmo procedimento: a memorização de algumas pala vras. Foi realizado o trabalho semelhante ao elaborado para o aluno com síndrome de Down. O aluno do ano de 2014 passou a ter concentração (no início se dispersava com qualquer coisa, inclusive com o próprio material). No processo com uma d la, fazendo-a sentir-se importante. Tarefas como enviar recados, entregar material eram colocadas para ela, pois este era um momento de prazer e em seguida ela era elogiada. Mesmo com todo este trabalho havia alguns dias em que ela não aceitava um trabalho constante, era necessário deixáEm 2016, o mesmo estudo está sendo realizado com um aluno repetente no 2º ano e atendido na sala de recurso. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os aspectos, até então descritos na literatura, que impedem a criança de aprender são eles: a classe econômica (pobreza), nada têm a ver com desigualdades naturais ou desigualdades de dom, aptidão ou inteli (SOARES, 1991), conforme a condição em que vive a crian ça, esta a impossibilita de desenvolver cognitivamente; filhos de pais analfabetos, desnutridas, (LAUNAY, ou apresentam BOREL-MAISONNY, algum 1989). Entretanto, sabe-se que o aprendizado acontece em tempos diferentes para os mesmos alunos ISSN 21774013 de uma sala de aula. O professor ao ministrar um conteúdo já atinge imediatamente alguns alunos, porém, não todos. E há aqueles que mesmo por diversas estratégias não conseguem aprender. Em Santos (2013) e Santos e Hage (2015) constatou uma desmotivação de pequeno grupo para produzir textos e dificuldades apresentadas por escolares de instituição pública em relação a escolares de escola privada levantando a hipótese que alguns fatores possam estar atribuídos a esses resultados, são escolares de div ersos níveis socioeconômicos, entretanto, não apresentam dificuldade de aprendizagem, todavia a situação em que se encontram nos remete a questionar qual o empecilho para uma produção de texto, escrita, espontânea, com melhores resultados. Outro apontamento foi para as metodologias utilizadas por essas escolas, a escola privada segue uma metodologia tradicional com enfoques de teorias inovadoras; já a escola pública realiza a prática sociointeracionista. Um ensino sistematizado pode produzir melhores resultados na aprendizagem, todavia utilizando estratégias que diferem no chamado Em ambos os casos em estudo, o desenvolvimento foi positivo, tirando essas crianças s colegas e sua família, além de favorecer o relacionamento entre o grupo, isto é, as crianças se encontravam alheias e dispersas, uma dessas alunas era ; elevou-se a autoestima. O aluno autista foi transferido no meio do ano para outro município, a avó que acompanhava estava muito feliz pelo grande avanço na aprendizagem e a equipe da APAE pelo desenvolvimento da linguagem. Com dois meses de aula (um bimestre) de estudo e aplicação das atividades, o aluno com síndrome de Down passou a reconhecer as palavras, favorecendo a sua autoestima, a autoestima da família que passou a se envolver mais no processo, oferecendo momentos de leitura para o aluno. No final do ano letivo, o aluno já se encontrava mais participativo, para esse fim. Ele continua na unidade escolar, as outras professoras deram continuidade ao trabalho e em meados de 2015, ele começou a ler. O aluno atendido na sala de recurso, do ano de 2014, interagiu ao processo, identificava letras sons, reconhecia e escrevia as palavras trabalhadas, tinha segmentação no uso dos cadernos, observava e iniciava a leitura de palavras simples, entretanto ele foi transferido de escola em outro município. ISSN 21774013 Uma das alunas do ano de 2015, após a memorização do s grupos com atividades em textos elaborados para este trabalho reconhecia apenas as palavras memorizadas, contudo a partir do 3º bimestre deste referido ano escolar, a aluna passou a ler e escrever. A outra aluna, com os problemas de indisciplina, obteve avanço na identificação das palavras trabalhadas e outras inseridas no mesmo contexto (mesma família silábica). O aluno do ano de 2016 era indisciplinado e disperso, com esses dois meses de trabalho, ele está concentrado e com um comportamento bem melhor, realiza as atividades sem distrair-se e relatou que esse ano as horas estão passando rápido demais na escola. Tesini e Manzini (1999) dizem que a inclusão e a integração das crianças com necessidades educacionais especiais necessitam de professores que sejam capacitados para essa realidade, com fazeres pedagógicos diferenciad os para suprir as necessidades educacionais destes escolares. Considerações finais O trabalho mecânico e repetitivo com grupo de palav ras pode ser a base para habilidades superiores, trazer significado para crianças com dificuldades e facilitar o processo ensino aprendizagem. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. http://ces.ibge.gov.br/pt/base-dedados/metadados/inep/exame-nacional-para-certificacao-de-competencias-de-jovens-e-adultosencceja<acesso em 07/jul.2015>. __________. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em http://7a12.ibge.gov.br/pt/vamos-conhecer-o-brasil/nosso-povo/educacao. <acesso em 07/jul. de 2015>. __________. Ministério da Educação. Informe estatístico da educ ação básica: evolução recente das estatísticas da educação básica no Brasil. MEC/INEP/SEEC, 1998. 290p. FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. LAUNAY, C.; BOREL-MAISONNY, S. Trastornos del lenguaje, la palabra y la voz en el niño. 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