Baixar agora - Convenção Batista Carioca

Transcrição

Baixar agora - Convenção Batista Carioca
batista
cArioca
INFORMATIVO DA CONVENÇÃO BATISTA CARIOCA - JUL A DEZ DE 2015
A MISSÃO
COMEÇA AQUI!
Nova campanha enfatiza fidelidade no cumprimento da missão.
Estive preso
Testemunho revela grandes oportunidades de evangelização
DESTAQUES
06
10
A missão começa aqui
Nova campanha enfatiza fidelidade no
cumprimento da missão
A 111ª Assembleia da CBC e a nova diretoria
Cariocas prestaram relatório, discutiram ações futuras e elegeram
nova liderança
14
Estive preso
Testemunho revela grandes oportunidades
de evangelização
SUMÁRIO
03
04
05
07
08
Palavra do Diretor Geral
Palavra do Presidente
Agenda de eventos
Convenção
David Malta Nascimento
2
2
12
13
18
20
22
Esperança aos marinheiros
Movimento Braços Abertos 2016
Igreja e voluntariado
O Segundo violino
Por uma educação integral e integrada
batistacarioca | Convenção Batista Carioca
Editorial
PALAVRA DO DIRETOR GERAL
PR. NILTON ANTONIO DE SOUZA
A FÉ QUE PRODUZ ESPERANÇA!
“Eu porém, esperarei no Senhor; esperarei no Deus da
minha salvação; o meu Deus me ouvirá” Mq 7.7
impressionante concluirmos que não temos muito a fazer antes de exercitarmos
a nossa fé no Deus Todo Poderoso. Essa foi a conclusão do profeta Miquéias. Nós
batistas, empunhamos a bandeira da democracia sob o comando de Deus, mas
somos por demais livres para cooperar, ou não, e participar efetivamente da obra
que a nossa denominação realiza, enquanto as demais denominações determinam
o que fazer, independentemente das opiniões dos filiados, usando a obrigação, a
força e a coerção.
E
Porque não podemos lançar mão dessas alternativas, nossa bandeira é a fé que nos
traz esperança na expectativa de que o amor entre nós esteja profundamente enraizado e seja responsavelmente praticado e exercitado. Tudo o que fazemos deve ter dois
propósitos principais: glorificar a Deus e abençoar as pessoas. Desse modo, a falta de recursos,
especialmente o financeiro, não nos deve paralisar.
A obra de Deus é feita por fé e, existindo fé, os recursos virão. Ah, quanto precisamos de
orar! Faz-se mister confiar e acreditar que o Senhor vai levantar os recursos necessários. O
grande problema é a visão pequena e imediatista de termos todos os recursos, em primeiro
lugar, para depois fazermos o que precisa ser feito. Não é o dinheiro! É a fé que nos leva a
depender mais de Deus do que de nós mesmos.
Podemos ser religiosos, mas sobretudo precisamos ser espirituais. No livro de Miqueias, a
confiança estava mais na forma que na essência. Somos construtores de vida! Não precisamos traçar novos caminhos! O que necessitamos é mudar o nosso jeito de caminhar. Esse
jeito de caminhar precisa ser instruído por Deus dentro da visão do Seu reino. E não basta
sermos religiosos, precisamos, ainda mais, ser piedosos. Temos que ter esperança, apesar
das muitas dificuldades. É só pensar e colocar diante de Deus e a coisa acontecerá.
Fazemos muito, mas fazemos pouco, porque não estamos ligados, e trabalhando quase que
isoladamente ou competitivamente! Ninguém deve se esconder atrás das lutas e das dificuldades. Devemos estar além das circunstâncias. É tempo de esperança e de vislumbrar
alternativas. Não podemos ficar acanhados! Vamos adiante, porque Deus reverterá o quadro.
Temos que fazer coro com o profeta Miqueias: “Eu, porém, esperarei no Senhor. Colocarei
a minha esperança no Deus da minha salvação. O meu Deus me ouvirá”. Quando temos
a direção de Deus, nós podemos avançar. Vamos empreender mais para sermos bênçãos
maiores para as igrejas e as vidas!
É fácil julgar e avaliar, mas se colocar à disposição para servir é mais difícil! Se nos unirmos
e trabalharmos com sinergia, Deus será glorificado e vidas serão abençoadas. Quando a
gente tem fé e esperança, a gente se une e se abraça. Há lugar para todos! Precisamos nos
encontrar juntos no caminho da vontade de Deus. Que nos despertemos para trabalharmos
juntos e, com certeza, vamos trabalhar melhor e fazer mais. Se os recursos e a técnica são
benvindos, a oração, a cooperação e o amor, muito mais! Que Deus nos ajude a crer para que
vejamos a sua glória nas vidas transformadas e nas que estiverem sendo alcançadas!
batistacarioca | Convenção Batista Carioca
O Batista Carioca voltou, mas dessa vez
em novo formato! A intenção dessa transformação é priorizar o enriquecimento espiritual dos leitores, proporcionando
a cada um uma experiência de reflexão
acerca de assuntos que fazem parte do
cotidiano de todo cristão. Por isso, ao longo desse caderno, você encontrará textos
como o testemunho emocionante de Samuel
Lourenço Filho, presidiário que deu a volta por
cima, amparado pelo projeto de Capelania
Prisional da Convenção Batista Carioca.
Falar de capelania é falar de missões. E a campanha de Missões Rio é a matéria de capa
desta edição. Informe-se sobre os projetos que
estão acontecendo bem perto de você e leve sua
igreja a apoiar esta causa tão nobre.
Este caderno traz também uma matéria sobre
as decisões tomadas na última Assembleia da
CBC, a nova diretoria, e um artigo sobre a importância do processo democrático que tem
servido de base para o que chamamos de convenção.
Aos músicos, dedicamos um artigo do Pr. Isaltino
Gomes Filho. O clamor de seu texto, pedindo mais
coerência e qualificação poética das canções
consideradas gospel, continua ecoando.
Destacamos
também
projetos
sociais
desenvolvidos pela Junta de Ação Social da CBC
( JASC). Seus avanços são notórios e as novas
parcerias firmadas indicam que mais vidas
serão alcançadas.
O mundo está sendo impactado pelas ações
missionárias realizadas na região portuária
do Rio. Missionários da CBC aconselham, estreitam relacionamentos e semeiam a Palavra.
Os convertidos retornam para seus países de
origem e multiplicam as boas novas. Vale a
pena conferir!
Como reagir ao chamado de sermos o “segundo
violino”? O assunto, direcionado aos pastores,
traz à discussão a função de auxiliares, servos que
amparam outros ministérios.
Há ainda outros assuntos abordados no Batista Carioca, mas todos estão voltados para a capacitação, unidade e incentivo à proclamação.
Nosso desejo é que este caderno seja um baú
de tesouros para quem deseja viver uma vida
relevante para sua cidade. Boa leitura!
Tiago Monteiro
Coord. de Comunicação da CBC
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3
batista
cArioca
expediente
PALAVRA DO PRESIDENTE
PR. DEJALMIR DA CUNHA WALDHELM
Órgão oficial de informação da
Convenção Batista Carioca
Presidente
Pr. Dejalmir da Cunha Waldhelm
Vice-presidentes
Pr. João Luiz Sá Melo
Nancy Gonçalves Dusilek
Pr. Nelson Taylor Filho
Secretários
Pr. David Curty
Lucia Helena da Silva
Ilazy Ildefonso de Oliveira
Diretor Geral
Pr. Nilton Antonio de Souza
Jornalista Responsável
Tiago Pinheiro Monteiro - MTB 29.755/RJ
Diagramador
Leone L. C. Ferreira
Impressão
Gráfica Monitor Mercantil
Utilize as informações abaixo para
enviar sugestões de pauta
Rua Senador Furtado, 12 - Maracanã
20270-020 - Rio de Janeiro (RJ)
E-mail: [email protected]
As matérias assinadas são de responsabilidade
de seus autores e não representam,
MINHA CIDADE,
MINHA MISSÃO
mados Batistas Cariocas!
A
Mais uma vez Deus me deu a missão de presidir a Convenção Batista Carioca. Grandes são os desafios! Mas para mim, o maior e mais
empolgante é ver a cidade do Rio de Janeiro impactada por nossa ação
missionária. Sonho com uma ação missionária sinérgica, advinda de uma visão
sinóptica dos batistas cariocas. Quando somarmos forças, numa verdadeira ação
cooperativa, certamente desenvolveremos um trabalho significativo de evangelização
em nossa cidade!
O tema da campanha deste ano chama pra gente a responsabilidade! A missão é
de cada batista carioca. Precisamos chamar para nós mesmos essa responsabilidade: MINHA MISSÃO! Entendo que é importantíssimo nossa atuação no trabalho
missionário no Brasil e no mundo. Mas não podemos esquecer nossa ‘Jerusalém’!
Sonho com o dia onde TODA Igreja Batista no campo carioca se envolverá na
campanha de Missões Rio! Já imaginaram o quanto poderíamos atuar em nossa
cidade? Por isso conclamo você, querido batista carioca, que lê esta minha palavra,
a ser um promotor de Missões Rio em sua igreja! Assuma este desafio como SUA
MISSÃO! Faça a sua parte na obra de evangelização! Desafie sua igreja a ofertar na
campanha de Missões Rio!
Um outro pedido: Ore por esta Diretoria, Conselho Geral e por todos os desafios
que temos para tornar a obra batista em nossa cidade mais eficiente! Para isso,
precisaremos de uma profunda mudança estrutural. Que o Senhor nos dê visão,
ânimo e determinação nesta tarefa.
Em Cristo Jesus, Senhor nosso,
necessariamente, a opinião da
Convenção Batista Carioca.
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AGENDA DE EVENTOS
ENVIE A PROGRAMAÇÃO DE SUA IGREJA
Julho
28 Reunião do Fórum das Associações - CBC
28 Comitê Executivo
Agosto
01 Café dos Educadores – AERCBC
22 Celebração dia do Embaixador nos DAER
Setembro
08 Reunião do Conselho da CBC
11-13 Congresso Beginners “Principiantes”
12 Tempos de Paz – JBC
16,17 Reunião do Conselho da CBB
18,19 Encontro de Coros Masculinos – AMBC
19 39º Congresso MR Carioca
26 92º Aniversário da JBC
29 Reunião do Fórum das Associações - CBC
Outubro
02,03 Encontro de Coros Infanto Juvenis – AMBC – IB do Méier
03 Café dos Educadores – AERCBC
12 Festa na Cidade Batista (JASC)
17 Pare, Pense e Siga – JBC
22-24 SUMMIT – PIB Recreio dos Bandeirantes
Novembro
07 Dia do Impacto Social - JASC
10 Reunião do Conselho da CBC
14 Tempos de Paz – JBC
19-22 Acampamento UMMBC - Guapimirim
24 Aniversário da ABL
24 Reunião do Fórum das Associações - CBC
28 Café dos Educadores – AERCBC
Dezembro
04 Curso de Formação de Conselheiros - UMMBC
05 Culto de Final de Ano – ABC
11 Canta Natal – Cinelândia – AMBC
11 Culto de Encerramento do Ano Letivo – Colégio Batista Shepard
11 Encontro de Voluntários de Missões Rio
18 Culto e musical de Natal – Colégio Batista Shepard
A publicação das programações estarão sujeitas à disponibilidade de espaço editorial.
Envie as informações de seu evento para o e-mail [email protected]
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GERAIS
A 111ª Assembleia da CBC e a nova diretoria
Cariocas prestaram relatório, discutiram ações futuras e elegeram nova liderança
O
s batistas do Rio de Janeiro estiveram reunidos,
nos dias 21 e 24 de abril, para a 111ª Assembleia
Anual da Convenção Batista Carioca (CBC). Na
ocasião,
departamentos
e
instituições
submeteram seus relatórios aos convencionais – servindo de
base para decisões estratégicas para o ano de 2015 – e a nova
diretoria foi eleita e empossada.
A assembleia foi sediada na Igreja Batista Central de Olaria, que
na ocasião celebrava seus 60 anos de fundação. O pastor da
igreja, Gecé Pinheiro, agradeceu a participação dos membros que se disponibilizaram, dando apoio à realização do
encontro anual. O diretor geral da CBC, pr. Nilton Antonio de Souza,
entregou à igreja o certificado em comemoração ao Jubileu de
Diamante.
(Presidente da CBB) e Fausto Aguiar Vasconcelos (Diretor de
Evangelismo e Missões da Aliança Batista Mundial). O evento foi
ainda a oportunidade de filiar novas igrejas e prestar homenagens. As igrejas PIB no Conjunto da Marinha e a IB Emanuel receberam seus certificados de filiação, sendo agora consideradas
igrejas do rol da CBC. O então presidente da CBC, Pr. João Fraga
Filho, recebeu uma placa em homenagem ao período de serviço
prestado aos batistas do Rio, ocasião em que agradeceu pelo
apoio de todos que o ajudaram em sua jornada.
Um dos grandes momentos da Assembleia foi a eleição da nova
diretoria. Após algumas reflexões e contagem de votos, ficaram
definidos os seguintes nomes:
Presidente: Pr. Dejalmir da Cunha Waldhelm – IB Central em
Bonsucesso
1º Vice-presidente: Pr. João Luiz Sá Melo – PIB Vila da Penha
2° Vice-presidente: Nancy Gonçalves Dusilek – IB. Igreja Batista
Itacuruçá
3° Vice-presidente: Pr. Nelson Taylor Filho – IBE do Engenho
Novo
1° Secretário: Pr. David Curty – SIB de Inhaúma
2ª Secretária: Lucia Helena da Silva – PIB. Copacabana
3ª Secretária: Ilazy Ildefonso de Oliveira – PIB do Rio de Janeiro
Cariocas intercedem por nova diretoria
Participaram como preletores da Assembleia os pastores Russel Shedd, João Soares da Fonseca, Sócrates Oliveira de Souza
(Executivo da Convenção Batista Brasileira), Vanderlei Marins
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Ciente do desafio de unir igrejas em torno da expansão do
Reino na capital carioca, o novo presidente da CBC, Pr. Dejalmir
Waldhelm, comentou: “Conto com a oração de vocês para
a grande responsabilidade que a gente tem aqui. Estou feliz porque na equipe temos o Pr. João Melo, da Primeira Igreja
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GERAIS
debates a partir das conclusões dos Congressos de Princípios
e Práticas Batistas para a elaboração de um documento com o
posicionamento da CBC sobre os temas abordados. Este documento será disponibilizado às igrejas cariocas para que possam
servir de fundamento em caso de desvio doutrinário.
Pr. João cumprimenta o novo presidente, Pr. Dejalmir Waldhelm
Batista de Vila da Penha, como 1º Vice-Presidente. A professora
Nancy Dusileck é a segunda vice. Nelson Taylor é o terceiro vice.
Temos uma turma boa. O David Curty, como Secretário, conhece
tudo de denominação batista. Uma equipe maravilhosa. Orem,
orem e orem!”.
O mandato da nova diretoria tem a duração de um ano. Nesse
período, muitos desafios… um deles é a abertura de fóruns de
Outra recomendação feita em assembleia foi a criação de
um projeto social que atenda crianças. O pr. Everton William,
executivo da Junta de Ação Social da CBC, explica que este desejo
dos cariocas será atendido de maneira plena após a construção
do Espaço de Educação Integral Infantojuvenil. Dessa forma,
crianças e adolescentes terão acesso a cursos de música, arte
e dança, atividades recreativas e esportivas, além de outras
atividades. Enquanto este projeto não se concretiza, a Junta
de Ação Social está se mobilizando para oferecer reforço escolar em um dos imóveis da Cidade Batista. “Ela contará com o
apoio de todas as igrejas da Convenção Carioca, visando atender
a comunidade que mora em torno da Cidade Batista e outras que
desejarem direcionar suas crianças para este espaço”, afirma pr.
Everton.
CONVENÇÃO
PR. OSWALDO LUIZ GOMES JACOB
E
sta palavra é muito
conhecida em nosso
meio. Como batistas,
por natureza, somos
convencionais. Uma característica marcante dos batistas é que somos inclinados
a discutir democraticamente
os assuntos relevantes para o
Reino de Deus. Ser convencional é ser maduro para laborar
sobre os mais variados temas
da igreja do Senhor Jesus.
Também é viver a unidade do
Espírito pelo vínculo da paz.
Jesus orou fervorosamente pela
nossa unidade em João
17.22,23:
“Eu lhes tenho transmitido a
glória que me tens dado, para
que sejam um, como nós o somos;
eu neles, e tu em mim, a fim de
que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça
que tu me enviaste e os amaste,
como também amaste a mim”.
Deus, o Pai, tem prazer no
Filho e quer que Seus filhos
vivam na plena harmonia
do Espírito. É maravilhoso
vermos os irmãos unidos,
trabalhando
para
que o
evangelho avance poderosamente.
A convenção não é apenas sazonal, mas está a cada dia na
vida dos crentes batistas. Oramos e trabalhamos para que
a igreja cresça qualitativa e
quantitativamente. O encontro
convencional é fruto dos encontros na igreja. A convenção
é o retrato da igreja local.
Esta estabelece o tom. O seu
desafio é ser relevante neste
mundo,
proclamando
o
Senhor Jesus Cristo como
Salvador e Senhor. Pregar e
viver o evangelho integral. Ser
sensível às necessidades dos
que estão perto e dos que
estão longe. A igreja é a vitrine
batistacarioca | Convenção Batista Carioca
para o mundo. O que estamos
mostrando nesta vitrine? Será
que é a vida de Cristo derramada em nossas atitudes e
em nossos atos pela ação do
Espírito Santo?
Precisamos conhecer um pouco o significado da palavra
convenção. “Do latim conventione, ‘ajuste, acordo ou determinação sobre um assunto, fato, etc. Convênio, pacto;
aquilo que só tem valor, sentido ou realidade mediante
acordo recíproco ou explicação prévia; tudo aquilo
que é tacitamente aceito por
uso ou geral consentimento, como norma de proceder,
de agir, no convívio social,
costume convenção social”
(Aurélio). Este é o sentido
secular. O que podemos notar
é que convenção é uma reunião
de pessoas com objetivos
comuns. Elas têm um interes-
se comum e envidam todos os
esforços para chegarem a
um denominador comum.
Trazendo para o nosso campo chamado religioso, ela é
uma oportunidade de adorarmos a Deus em espírito e em
verdade: aprendemos com
o Senhor e uns com os
outros; comungarmos em
amor e testemunharmos ao
mundo a nossa fé em Cristo
Jesus a partir da nossa unidade
nEle. Oportunidade de rever
irmãos tão amados. Tempo
de troca de experiências nas
várias áreas. Ampliação da nossa visão missionária. Gratidão
pelos grandes feitos de Deus
na História. Um tempo precioso de renovação de votos.
Não é possível conceber a
palavra convenção, dentro do
espectro evangélico, voltada
para disputa de cargos, para
discussões sem fundamen-
7
GERAIS
to, para dar ocasião à carne,
para tratar de assuntos sem
relevância, troca de insultos e
exaltação meramente humana. Revelamos que estamos
desunidos e voltados para cargos em vez de cargas. Temos
um comportamento artificial.
Quantas vezes fazemos da convenção um desfile de vaidades!
Tentamos,
muitas
vezes,
sutilmente, manipular situações das mais variadas
para o nosso bel prazer. Se
houver uma correção de
rumo da convenção na
perspectiva de Cristo, entraremos num campo de amor,
graça, perdão, atenção concentrada, serviço desinteressado,
alegria, comunhão profunda,
testemunho fiel, discussões em
alto nível de espiritualidade e
unidade de espírito no Espírito.
Convenção deve ser caracterizada pela exortação de Paulo
aos irmãos em Filipos: “Se há,
pois, alguma exortação em
Cristo, alguma consolação
de amor, alguma comunhão
do Espírito, se há entranhados afetos e misericórdias,
completai a minha alegria,
de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo
amor, sejais unidos de alma,
tendo o mesmo sentimento.
Nada façais por partidarismo
ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um
os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em
vista o que é propriamente
seu, senão também cada qual
o que é dos outros” (2.1-4)
Convenção é uma celebração
da glória de Deus em Jesus
Cristo no meio do Seu povo.
É uma feliz oportunidade
para que famílias se encontrem e tenham muita comunhão. Para mim, o sentimento
do Pentecostes deve ser o da
convenção porque ali o
Espírito Santo se manifestou
em poder; houve unidade
de espírito e propósito; a
alegria foi o tom da reunião; a
Palavra de Deus foi pregada
e as nações ali representadas
receberam o testemunho do
evangelho. O precioso Espírito
Santo derramou o Seu amor
na vida daquelas pessoas. Este
é o sentido da convenção. À
luz de Pentecostes, precisamos redefinir o seu conceito.
A nossa referência é o ensino
de Jesus. Como precisamos ser
“imitadores de Deus na
condição de filhos amados
e andarmos em amor como
Ele nos amou e a Si mesmo
se entregou por nós como
oferta a Deus em cheiro
suave” (Ef 5.1,2). Deus é glorificado quando andamos
em amor na resolução das
diferenças. Muito amor, poucas
diferenças. O amor deve ser a
linguagem convencional. Não é
possível falar outra linguagem.
Se o fizermos seremos fadados
ao fracasso.
DAVID MALTA NASCIMENTO
PR. DAVID FALECEU NO DIA 6 DE JUNHO DE 2015, DEIXANDO UM GRANDE LEGADO MINISTERIAL.
ertas
pessoas
marcam a vida da
gente de modo
tão notável e singular que já não conseguimos
imaginar como seríamos, ou
como seria a vida e o mundo,
se aquela determinada pessoa não existisse. David Malta,
por exemplo.
C
ta, e de dar rumos tão corretos
aos impasses com os quais se
defronta, e de trazer soluções
tão eficazes aos problemas
que lhes são confiados, que
fica difícil entender como algumas coisas funcionariam se
aquela determinada pessoa
nunca tivesse existido. David
Malta, por exemplo.
o rigor com a suavidade, a ousadia com o bom senso, o entusiasmo com a prudência e a
persistência com a tolerância
que não deixam apenas um
exemplo a ser seguido, mas
também, e especialmente,
uma inspiração a ser desfrutada. David Malta, por exemplo.
Certas pessoas possuem uma
capacidade tão especial de influenciar a realidade à sua vol-
Certas pessoas são tão bem
sucedidas na arte de conciliar
a disciplina com o sentimento,
David Malta amou o pastorado, e de maneira muito particular, amou o seu rebanho
8
na Igreja Batista de Barão da
Taquara, onde passou 42 anos
da sua vida no ofício de pastor. Poderia ter sido um advogado de grande expressão
nacional, ou conquistado
notório respeito e profunda
admiração como jurista, caso
se dedicasse integralmente à
causa do direito. Com a retórica, a eloquência, a perspicácia
intelectual e o preparo que
pvossuía, não resta dúvida de
que teria ocupado funções
batistacarioca | Convenção Batista Carioca
GERAIS
Manteve-se fiel aos princípios
da Palavra. Manteve-se fiel à
sua postura íntegra e ilibada. Manteve-se fiel aos seus
sonhos. Manteve-se fiel ao
compromisso com o Reino.
Num mundo de instabilidades,
David Malta foi o retrato da estabilidade. Tão confiável como
as antigas estrelas em seus
lugares no firmamento.
Batistas prestam homenagens durante culto fúnebre
de reconhecido destaque
nos fóruns e nos tribunais
judiciários.
Mas
David
Malta amava o seu rebanho e
sua igreja. E, portanto, não se
afastou da vocação pastoral
que recebera do Senhor.
David Malta amou o Seminário
Batista do Sul do Brasil, do
qual foi reitor por mais de uma
década, fazendo-o transitar
da crise para a estabilidade e,
como resultado de muito trabalho e empenho, conseguindo
conjugar o equilíbrio financeiro
com a excelência acadêmica
— da qual os alunos daquele
período se recordam com
saudade.
David
Malta
amou
a
denominação batista, dedicando-se aos cargos que lhe eram
confiados, mas de modo especial
participando de reuniões e
assembleias como efusivo
mensageiro nas convenções,
debatedor
imbatível
em
seus argumentos, defensor
incansável
da
administração correta, promotor impertérrito da postura ética e
infatigável cooperador de tudo
o que lhe parecesse profícuo e
recomendável para a preservação do bem-estar denominacional.
David Malta amou a justiça
social, desde os tempos do
movimento Diretriz Evangélica
— que organizou com outros
representantes
evangélicos
do Brasil — até seu envolvimento mais direto na política nacional, posicionando-se
sempre como um profeta nos
tempos contemporâneos ao
reproduzir os princípios elementares de justiça e paz que
o profetismo do Antigo Testamento propagava.
Eu poderia citar muitos textos
bíblicos, hoje aqui, para tentar
definir David Malta Nascimento.
Na galeria dos homens de fé, em
Hebreus 11, aplica-se a David
Malta, sem dúvida, a referência do verso 39: “recebeu bom
testemunho por meio da fé”.
Poderiam ser de David Malta,
sem nenhum senão, as palavras de Paulo em 2 Timóteo:
“Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé”.
A David Malta poderia se referir o testemunho do apóstolo
dos gentios em 1 Coríntios 15:
“Pela graça de Deus sou o que
sou, e sua graça para comigo
não foi vã, pois trabalhei mais
do que todos eles; não eu, mas
a graça de Deus comigo”.
A cada nova etapa vencida do
vasto trabalho empreendido para o Reino, David Malta
poderia repetir também as
batistacarioca | Convenção Batista Carioca
mesmas expressões de Filipenses 3: “avançando para
as coisas que estão adiante,
prossigo para o alvo, a fim de
ganhar o prêmio do chamado
celestial de Deus em Cristo
Jesus”.
Ou ainda, no que tange ao
seu cuidado com a obra
denominacional, David Malta faria dueto com o apóstolo mais uma vez, quando
afirma em 2 Coríntios: “além
de tudo, enfrento uma pressão
interior, a saber, a minha
preocupação com todas as
igrejas do Senhor”.
Entretanto, no meu entender, a
melhor afirmação bíblica para
descrever o significado da vida
de David Malta Nascimento
está em Eclesiastes 7.8: “O fim
das coisas é melhor do que seu
início”.
Muitos querem começar a
realizar uma obra, e jamais
começam. Ficam na boa
intenção. Outros começam,
mas não terminam. Fica apenas a promessa não realizada.
Ainda há os que mal começam
e, por isso, mal terminam. E há
os que começam bem e terminam mal. Um bom começo não
é garantia de um bom final.
David Malta começou bem e
terminou muito bem. Manteve-se fiel ao seu chamado.
O
fim
das
coisas
é
melhor do que seu início.
No
que
se
refere
às coisas da vida presente,
David Malta é um ótimo
exemplo dessa verdade.
Mas no que se refere às
coisas da vida eterna, David Malta demonstra que o
fim também é melhor do que
o início. Porque, para ele, o
melhor está começando agora.
David Malta Nascimento toma
posse, a partir de agora, de
tudo o que lhe estava prometido. Mais do que nunca, o fim
das coisas está sendo melhor
do que o início. Porque, na
eternidade à qual agora ele
pertence, o fim é o início de
tudo o que não terá mais fim.
Como lembrou o apóstolo
Paulo em Romanos: “os nossos
sofrimentos atuais não podem
ser comparados com a glória
que em nós foi revelada”.
David Malta não partiu.
David Malta chegou. Chegou
ao seu lar de glória. Chegou
aos braços do seu Senhor. Chegou porque foi redimido pelo
sangue de Jesus Cristo. Chegou porque pertencia a Jesus
Cristo. Chegou porque pertencerá para sempre a Jesus
Cristo, o autor e consumador
da sua fé.
9
Foto: Pedro Kirilos/ Riotur
A Missão
começa aqui
Por Tiago Monteiro
Promotores, vocacionados e missionários unidos por amor ao Rio
F
alar de missões é falar do plano de Deus para a transformação de realidades. E quando se trata do lugar onde moramos, é possível que a participação neste plano se torne mais desafiadora.
Internalizar este desafio é o ponto de partida para o cumprimento da missão. O próximo passo é
somar, engajar-se numa proposta sólida e promissora. Essa ótica missionária é a proposta que vem
sendo trabalhada pela Convenção Batista Carioca, que nos meses de junho a agosto lança sua a campanha
“Rio: minha cidade, minha missão”.
O tema tem como base o texto bíblico de I Timóteo 6.14 – Cumpra a tua missão com fidelidade, para que ninguém possa culpá-lo de nada, e continue assim até o dia de nosso Senhor Jesus Cristo aparecer” (BLH). O texto recomenda um grau máximo de comprometimento com a missão até que isso não seja mais necessário.
Em outras palavras, até que Cristo venha, é preciso trabalhar para a redução dos índices que perturbam os
cariocas, tais como violência urbana, prostituição, exploração infantil, miséria, entre outros.
Para o sustento dos projetos batistas cariocas, Missões Rio propõe para este ano um alvo de 600 mil. O
valor é modesto se comparado ao cenário e às mudanças necessárias para
sua transformação. Segundo o diretor geral da Convenção Batista Carioca,
Pr. Nilton Antonio de Souza, a cidade do Rio, apesar de ser considerada
como alcançada pelos evangélicos, ainda não possui 22% de convertidos.
O mapeamento estratégico da CBC indica também um grande vazio de
igrejas batistas pela cidade e a necessidade de apoio no desenvolvimento
das congregações espalhadas pela capital. “Planejamos adquirir propriedades estratégicas para a plantação de futuras igrejas. Há ainda dezenas
de pequenas igrejas precisando de apoio para o seu crescimento e desenvolvimento; e um grande número de congregações e igrejas em áreas
carentes, cujos obreiros e líderes precisam de nossa cooperação em
Acampantes participam de oficina de Capelania Esportiva termos de sustento e capacitação”, explica o diretor.
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CAPA
Estratégia no campo carioca
A Convenção Batista Carioca, através do departamento
Missões Rio, tem enxergado desafios como oportunidades
de transformação. Ao longo dos últimos anos, o setor tem
alcançado resultados satisfatóros por meio dos obreiros
sustentados diretamente ou por convênio com igrejas.
São projetos abrangentes, com estratégia marcante no trabalho
de capelanias hospitalar, prisional, socioeducativa, esportiva, aos
enlutados, de prevenção à dependência químicos, portuários; na
plantação e fortalecimento de igrejas; e projetos de impacto, como os
realizados durante o Carnaval carioca. Atualmente, são 23
missionários diariamente comprometidos com o avanço do
Reino, buscando excelência em termos espirituais e
estratégicos.
O maior dos resultados é quando o evangelho chega no tempo certo e da forma correta. Foi o que aconteceu com Sr. Gil,
paciente que estava longe da lista de prioridades de uma unidade hospitalar alcançada pelo trabalho do missionário Pr. Miguel
Kopanyshyn. Sua alta já estava programada, mas ele parecia triste. “Com sua permissão, iniciamos uma conversa e ele
narrou sua história de vida, mostrando-se arrependido por
atos cometidos na juventude. Vi diante de mim uma alma sem
esperança, um coração atribulado”, lembra o missionário. Após
um período de conversa sobre o plano de salvação, o Sr. Gil
decide-se por Cristo e confessa: “Que lindo ouvir falar de Jesus assim. Como é bom ter alguém para ensinar e explicar”. Na
manhã seguinte, Gil faleceu para a surpresa de todos. Aquela
fora sua última oportunidade e a igreja de Cristo estava presente.
Samuel Dativo Mendes Monteiro foi um dos que se
apresentaram para missões. Ele esteve no acampamento,
conduzindo os momentos de louvor, mas não esperava ser
tocado de maneira tão especial por Deus. “Minhas impressões
deste acampamento foram as melhores possíveis! Não tinha
muitas pretensões e vim para assessorar o trabalho na parte
do louvor, mas Deus falou comigo de forma tremenda! Eu tenho
um chamado missionário e eu pude conhecer os missionários e
as capelanias... um mundo novo! Isso (o acampamento) é muito
importante para que a gente tenha acesso às pessoas que
conhecem os ministérios e fazer parte do que Deus quer fazer no
Rio. E a cidade carece disso”.
Para o Pr. Ulisses Torres, coordenador de Missões da CBC, três
aspectos norteiam o trabalho missionário no Rio: o despertamento e a capacitação de pessoas e igrejas; a mobilização de
recursos para a proclamação; e a criação de oportunidades
para a prática da Grande Comissão. Para que isso aconteça, é
preciso encontrar um novo sentido à vida. “Qual é o propósito
de Deus para a sua vida? Isso não envolve só a igreja e sim a sua
vida… Será que no final da sua vida alguém vai poder falar que
você viveu e cumpriu o propósito de Deus para a sua geração?
Se você cumprir a sua missão com fidelidade, sua paixão será tão
grande que vai mobilizar outras pessoas. Pode ser que você não
mobilize muita gente porque esse negócio de missões não atrai
muita gente, mas terá pessoas tão fiéis que elas te motivarão a
continuar com o ministério. Portanto, pense em como Deus pode
cumprir a missão que ele quer na sua cidade?”.
Ampliando a visão
Para amplificar o apelo quanto aos desafios da “nossa Jerusalém”,
Missões Rio tem investido na formação de promotores e vocacionados. Anualmente, o departamento realiza encontros para
estreitar relacionamentos e apresentar as estratégias que têm
impactado a cidade. O público alcançado é diversificado, mas
compartilha a vontade de alcançar vidas que estão bem aqui, em
solo carioca.
Durante o encontro, muitas palavras abençoadoras. Uma delas
foi a da missionária aposentada da CBC, Adenice Baptista.
Com mais de 30 anos de trabalho nos presídios do Rio, é um
ministério que fala por si. Seu testemunhou conduziu vidas a
apresentarem-se para missões e seu apelo mostrou que a
unidade é o melhor caminho para a transformação. “As igrejas deveriam abraçar este trabalho porque a Convenção
tem uma estrutura para dar às igrejas. Nem toda igreja pode
entrar no hospital ou presídio e a CBC tem toda uma coordenação para isso. Meu apelo é que nessa campanha de 2015
cada um cumpra com seu dever, assumindo seu papel porque
Deus espera de nós esse retorno. É um ato de obediência.
Comece pela Jerusalém… é a sua cidade”.
batistacarioca | Convenção Batista Carioca
Ao lado da esposa, Samuel intercede pela obra missionária no Rio
Se faz sentido viver em uma cidade mais justa, com mais
qualidade de vida, com menos problemas sociais, faz sentido
trabalhar para que isso aconteça. No site www.missoesrio.com.
br há diversos materiais de apoio que podem ser utilizados para
otimizar a campanha de missões em sua igreja. Além disso, há
detalhes sobre os projetos, os missionários e reflexões em áudio
(Podcasts) sobre assuntos importantes para o crescimento da
visão missionária de sua classe de EBD ou pequeno grupo.
11
MISSÕES
ESPERANÇA
AOS MARINHEIROS
C
erta vez, enquanto um
missionário visitava um navio
vietnamita, um marinheiro
veio até ele e perguntou:
“Lembra-se de mim, capelão?”. Antes
que pudesse responder, o marinheiro
continuou: “Pastor, espere um minuto. Eu
vou à minha cabine e já volto”. Minutos
depois ele retornou com uma bíblia que
trazia uma dedicatória do capelão, que
dizia: “Que Jesus esteja sempre nas tuas
palavras”.
A data da dedicatória era de seis anos
atrás, ocasião em que o marinheiro
havia participado de seu primeiro culto
na zona portuária do Rio. O marinheiro
contou que ele e sua família haviam se
convertido e viviam em Ho Chi Minh, no
Vietnã.
O testemunho acima exemplifica a importância das ações realizadas pela
Convenção Batista Carioca através de seu
departamento de Missões. O caso específico é fruto do ministério de Capelania
Portuária, que há anos alcança pessoas
de várias partes do mundo, marinheiros
que estão longe de seu lar e que, muitas
vezes, estão de corações abertos para
palavras de esperança.
Além do pastor Bahman Amirazodi,
12
o capelão da história contada, a
equipe de missionários portuários da
CBC é formada por Regina Borges de
Paula e Gilvan da Cunha Silva. O trio
oferece cuidados e serviços pastorais aos
tripulantes a bordo dos navios, tais como:
aconselhamentos, realização de cultos e
distribuição de bíblias e outras literaturas; transporte de ida e volta ao porto,
apoio na comunicação com familiares
por meio de telefone, correio e internet
móvel; visitação aos marinheiros presos
ou hospitalizados; e provisão de roupas e
alimento, quando necessário.
“Eles só passam de três a quatro meses
em casa. Na outra parte do tempo estão navegando”, conta a missionária
Regina. Segundo ela, a grande necessidade
desses marinheiros é fazer contato com
suas famílias e foi essa a abertura que o
projeto encontrou para focar sua atuação.
“Então quando eles chegam ao porto, nós
entramos no navio e oferecemos o sinal
de wifi gratuito a bordo do navio. Eles
vêm, trazem seus equipamentos e podem falar com seus familiares. A CBC em
parceria com a Saylor Society, possui veículos para realizar o transporte
desses marinheiros. É uma oportunidade
fantástica para, estando em terra, ter
contato com outras pessoas”, explica a
missionária.
Apesar da estrutura com a qual o projeto conta, o grande desafio continua
sendo a participação de voluntários que
possam somar ao grupo para que mais
marinheiros
sejam
alcançados.
Atualmente, cerca de 4.900 embarcações passam anualmente pela zona
portuária do Rio. Para dar conta desse
índice, é preciso um grande esforço missionário. Quem comenta sobre esse desafio é o pastor Bahman: “O trabalho de
voluntariado é muito importante e
o conhecimento de língua inglesa é
a base para se comunicar com os
marinheiros. A maioria deles fala inglês e os
voluntários precisam desse conhecimento. Por isso temos tanta limitação na
área de voluntariado. Precisamos
que aqueles que falem essa língua se
apresentem”.
Para se voluntariar ao trabalho de capelania portuária, é preciso entrar em contato
através do e-mail
[email protected] , informando seu desejo
em participar deste
projeto.
batistacarioca | Convenção Batista Carioca
MISSÕES
MOVIMENTO DE EVANGELIZAÇÃO DURANTE AS OLIMPÍADAS UNE IGREJAS E ORGANIZAÇÕES
ano de 2016 traz grandes
acontecimentos para a cidade do Rio de Janeiro. Os
Jogos Olímpicos, um dos
mais importantes eventos
esportivos do mundo, trará à Cidade Maravilhosa atletas e torcedores de várias
nacionalidades. Maior oportunidade para
a evangelização do mundo não há. Por
isso, um esforço missionário tem surgido
nos últimos meses, fruto da unidade dos
evangélicos. Esse movimento de evangelização está sendo chamado de Movimento Braços Abertos e conta com o apoio do
departamento de Missões da Convenção
Batista Carioca (CBC).
O
vêm de fora do país para pregarmos o
evangelho.
Além da divulgação do Reino, que
benefícios as igrejas do Rio podem
obter com a participação no movimento?
O objetivo final é fortalecer a igreja local
aqui no Rio de Janeiro, mas como vamos
fazer isso? Evangelizando e discipulando. Mas não vamos evangelizar só pessoas que moram no Rio de Janeiro, mas
todo o mundo. O mundo vai passar pelo
Rio de Janeiro, pessoas que têm outras
experiências religiosas vão estar aqui e
Deus está permitindo que a gente pregue
o evangelho independente das nações de
onde elas vieram ou do credo.
“O maior legado que deixaremos não é
a evangelização em massa, mas pessoas
que entenderam a beleza da causa do
mestre e irão se engajar localmente numa
igreja próxima de sua casa.”
O pastor Ulisses Torres, que coordena os
projetos missionários da CBC, tem cuidado para que essa rede de relacionamentos interdenominacional e transcultural
flua de maneira otimizada. Abaixo ele
explica como surgiu o Movimento Braços
Abertos, seus objetivos e como igrejas
e voluntários podem se engajar nessa
proposta.
Como surgiu o movimento Braços
Abertos?
O movimento Braços Abertos surge
da ideia de fazermos um esforço evangelístico das igrejas e denominações e
também agências missionárias que estão
no Rio de Janeiro para pregar o evangelho
através dos grandes eventos esportivos.
Ele surge desse desejo em conjunto. A
gente entendeu que juntos podemos ter
um efeito muito maior na pregação do
evangelho. Por isso o nome é Braços Abertos. Estamos de braços abertos para o
perdido, para os voluntários que estão
na nossa região ou de todo o Brasil e de
braços abertos para os voluntários que
batistacarioca | Convenção Batista Carioca
Como a CBC tem servido a Deus no desafio proposto pelo Braços Abertos?
A Convenção Batista Carioca tem um papel fundamental de network. A gente está
gerando relacionamento, mas não apenas isso. Hoje os nossos missionários e a
estrutura da Convenção estão servindo a
esse movimento com aquilo que ela tem
de melhor. Porque as igrejas batistas do
campo carioca têm o desejo de evangelizar, de servir e de cooperar. Então a CBC
tem sido catalizadora dessas agências e
a gente tem facilitado o relacionamento e
ajudado na liderança desse movimento.
E como as pessoas e igrejas podem
participar dessa proposta?
Pra participar, você precisar acessar o
site www.mba2016.com.br . Você terá
todas as informações! Inclusive, todo mês
a gente está se reunindo para orar em
alguma igreja na cidade do Rio de Janeiro. Começamos às 22h e vamos até às
6h para buscar a orientação do Senhor.
Como você vai saber onde vai ser a próxi-
ma vigília? Entrando no site. Como vai saber como participar como intérprete, pregando o evangelho, recebendo pessoas
em sua casa ou na igreja? No site.
É possível ver Deus trabalhando nos
corações para que a unidade seja a
chave da conquista da cidade para
Cristo. O que você acha?
A beleza desse movimento surge do
desejo de servir. Igrejas e agências missionárias têm desejado servir juntas. Isso
é muito legal porque a gente pode sentar
numa mesa com a Jocum, com as igrejas
batistas, com a Sara Nossa Terra, com o
Exército da Salvação, com a Coalização
Brasileira de Esportes, com as juntas
missionárias, com os Atletas de Cristo,
Atletas em Missão, Christian Scape, Conexão em Campo, agências internacionais… sentamos à mesa e discutimos como
podemos servir a Deus e às igrejas aqui
no Rio de Janeiro. Isso tem sido maravilhoso porque temos percebido o mover de Deus no desejo de servir. Você vai
perceber que esse movimento é feito por
pessoas que querem pregar o evangelho
e que tem o desejo de servir. Então todos
trabalhamos juntos e temos a filosofia da
cooperação. Então a pergunta que se faz
é “onde minha agência ou igreja podem
servir a Deus nesse projeto?”.
Deixe uma palavra final aos leitores
dessa entrevista.
Pessoas de outras nações estão entrando em contato com a gente e fazendo a
mesma pergunta: “Como podemos servir a Deus e a vocês nesse movimento? ”.
Quem sabe sua igreja não pode nos ajudar a hospedar essas pessoas que vêm
de tão longe para nos apoiar? Ou também
enviar voluntários da própria igreja para
pregar o evangelho em certas áreas dos
jogos? O maior legado que deixaremos
não é a evangelização em massa, mas
pessoas que entenderam a beleza da
causa do mestre e irão se engajar localmente numa igreja próxima de sua casa.
13
ESPECIAL
Estive
Preso
Foto: Tiago Monteiro
Samuel Lourenço Filho, 28 anos, conheceu o evangelho na
prisão. Hoje é exemplo vivo de reabilitação em Cristo
E
u era um jovem criado em um contexto urbano e rural.
Gostava da natureza, andar a cavalo, vender leite de
carroça... Era até engraçado porque vendia leite de dia
e de noite ia estudar no centro da cidade. Era rural e
urbano.
Eu e meu irmão sempre estávamos ligados a coisas que pudessem nos dar retorno financeiro. Ao tempo que isso gerava um retorno, dava a sensação aos outros que éramos homens da casa.
Isso nos fez crescer em meio a pessoas mais velhas e hoje vejo
um problema o fato de eu ter crescido com pessoas com mais
de 20 ou 30 anos. Porque algumas das pessoas adultas com as
quais eu convivia bebiam.
A gente cresceu nesse contexto e, querendo ou não, a gente
absorve isso. Posso assumir que isso trouxe consequências para
minha vida. O consumo da bebida alcoólica aconteceu de modo
recreativo a princípio. Era divertido beber com os amigos e ainda
mais divertido beber escondido dos pais. Não era habitual, mas
bebia. Para mim, isso não era um problema porque as notas da
escola continuavam boas, não havia problema para o bairro, então não tinha problema.
Quando comecei a estudar no centro do Rio foi um momento de
choque cultural, mas havia uma expectativa de estudar ali. Foi
o momento em que vivi a adultização precoce. Me tornei adulto
14
cedo e agora sou aquele rapaz que sai de casa para estudar e,
como as aulas terminavam às 22h, me envolvi com o contexto
boêmio.
Fui me envolvendo e tentando viver a minha vida. Nessa época, beber se tornou uma prática e minha família ou não se
preocupou ou não notou. Porque eu consegui estudar e estava indo bem, portanto, as consequências disso não eram
aparentes. Houve uma vez em que uma vizinha chegou
para minha mãe e disse: “Samuelzinho anda bebendo demais”. E minha mãe disse: “Qual o problema? Ele anda trazendo problema ao ser bar, bebe e não paga?”. Eu achava que,
na força da juventude, eu dominava a bebida e não o contrário. Na verdade, não se percebe que você já está dominado.
Minha mãe faleceu e o consumo da bebida aumentou muito.
Nesse período eu acredito que entrei em um estágio degradante
da minha vida porque eu lembro que a primeira coisa que aconteceu foi que minha casa acabou. Tínhamos eletrodomésticos
sofisticados para o nosso contexto e para aquele tempo e eu
vi essas máquinas virando morada de morcegos e ratos. Minha
casa se destruiu. Meu pai sofreu muito e logo contraiu um novo
relacionamento. Minha irmã já havia saído de casa, mas eu e
meu irmão ficamos. É um momento difícil porque percebi que
não tinha mais família. De olhar para o mundo e ver que era
batistacarioca | Convenção Batista Carioca
ESPECIAL
apenas eu e a vida. E a vida era séria e tive
que enfrentar isso, mas sem ter a estrutura para enfrentar. Faltou o núcleo familiar.
Minha vida acabou ali. É o momento
em que não tinha mais nada. Eu trabalhava para sustentar o vício. Recebia na sexta-feira e no domingo à noite
já tinha dívida no bar de novo. Minhas
roupas eram as piores... e estou falando de um jovem com apenas 17 anos.
Nesse tempo, recebo um convite para
morar com familiares no Paraguai. Nunca
me falaram se foi por bebida, pela morte
da minha mãe... foi apenas um convite.
Fui para o Paraguai, outra cultura, outro
país... tudo novo. Mas a sensação não
era a de vida nova. Isso não aconteceu.
Comecei a viver no Paraguai e lembro que
um dia liguei para casa e fiquei sabendo
que minha avó tinha morrido há três dias.
Ela disse que não contaram antes por
causa do meu aniversário. Naquele momento veio um medo no meu coração de
que as coisas aconteciam e eu não sabia.
Houve um domingo de manhã que
acordei e chorei muito. Lembro que eu
tinha uma cadela que, ao me ver chorar,
foi lamber meu rosto e eu deixei por
pensar que não havia mais ninguém
que pudesse enxugar minhas lágrimas.
Naquele dia arrumei minhas coisas e
decidi voltar ao Brasil. Eu queria estar
próximo da minha família aqui no Rio.
Volto, mas havia a frustração de ter envergonhado minha família. Porque eu
fui alguém que deixou o país, mas não
conseguiu cumprir a missão. Eu fraquejei e voltei no meio do caminho. A
sensação era de que não conseguia
fazer um plano que pudesse prosperar.
Aqui no Rio prestei vestibular e fui aprovado, mas, quando comecei a estudar, logo
abri mão da faculdade. Voltei a trabalhar
na feira e a beber. Nessa época estava indo
para 20 anos. Estava bem perdido. Foi
nessa época em que cometi um homicídio.
Trabalhava com um amigo que estava
batistacarioca | Convenção Batista Carioca
com um problema extraconjugal e essa
relação começou a afetar o relacionamento com sua família. A amante dele
começou a ameaçá-lo, dizendo que ia
destruir a família dele. Eu acabei tomando as dores dele. Pensei comigo
que não poderia deixar uma família ser
destruída. Na verdade, ele mesmo já
estava destruindo a própria vida, mas
eu não parei para pensar nisso na
época. Eu só entendia que a família dele
era muito bonita e não podia ser destruída como a minha tinha sido no passado.
O crime aconteceu em um contexto
absurdo de luz do dia, na presença de
pessoas, o que fez com que houvesse
uma ação imediata da polícia. Houve tiro,
mas não me atingiu e eu, em um momento
de lucidez, resolvi me entregar. A história
aqui não foi que a vítima se tornou culpada. Não é isso! A história é que agimos
de maneira insana mesmo, cometendo
esse ato de tirar a vida de alguém. Foi a
coisa mais insana da minha vida! A família
dele foi destruída, a família da vítima e a
minha foram destruídas. Acabou tudo!
Quando cheguei à prisão pensei que
fosse morrer lá dentro, mas nada do que
eu temia aconteceu naquele momento.
O que aconteceu foi que meus familiares
chegavam e diziam: “Você tem noção
do que você fez?”. E eu só conseguia responder: “Agora não adianta chorar pelo
leite derramado! Acabou. Vou cumprir
minha pena”. Momentos depois a ficha
caiu e eu senti toda a carga dessa culpa.
Vi meu pai chorar muito no momento da
minha prisão. Isso se deu em abril de 2007.
Na prisão começou uma conscientização
mínima, um peso de culpa. Quando
começa a conversa [com outros presos]
na cela, ouvia que tomaria muita cadeia.
Ficava o sentimento de que agora estava
tudo acabado. Lembro do transporte dos
presos e, na época, vinha à mente a forma como as pessoas da Segunda Guerra
Mundial eram transportadas. Em lugar que
cabiam três pessoas, tinham oito ou nove.
Um calor... constantemente desmaiava.
Houve um momento que me senti tão
culpado que um amigo chegou pra mim
e disse: “Você acredita que Jesus pode
te perdoar?”. “Jesus pode me perdoar? O
cara mata e agora Jesus pode me perdoar? Tá bom então”, respondi cético. Ele
continuou: “É sério! Existe perdão pra
tua vida!”. “Não existe perdão pra minha
vida! Quem mata tem que morrer”, eu
retruquei. Era um discurso que trazia
da minha cultura, do meu contexto. Ele
me perguntou se podia orar por mim e
eu aceitei, mas avisei que não era para
colocar Jesus e a Bíblia nesse crime. Na
medida em que ele começava a orar eu
chorava muito porque parecia que era
um momento de esperança. Depois disso eu, falando comigo mesmo, decidi
assumir tudo isso perante o tribunal.
Disse à minha família que diria toda a
verdade e que assumiria toda a verdade
do que fiz. Foi naquele momento que me
senti uma pessoa livre. Eu lembro que
algumas pessoas tentaram me persuadir
para que eu não contasse toda a história,
que eu iria passar o resto dos meus
dias na cadeia, mas não me importei.
Conscientização
O processo do julgamento se arrastou
por dois anos e, nesse período, fui me
envolvendo com o evangelho dentro da
prisão. As pessoas comentavam, dizendo que eu tinha um futuro no Reino de
Deus e eu brincava: “Que futuro o quê?
Vamos aceitar o perdão, mas não vamos nos esconder atrás da Bíblia”. Nesse
tempo fui descobrindo que havia uma
chamada mesmo. E descobri que se
eu não tivesse a Bíblia como escudo e
Cristo como defensor, ninguém o faria.
Hoje assumo que dependo da fé em Cristo.
No início dessa trajetória de dois anos
quase não falava. Na primeira vez em
que fui convidado a pregar no culto, me
pediram dez minutos e eu falei três, tremendo muito e de olhos fechados. Fui remanejado para outra unidade e foi onde
cresci mais espiritualmente, assumi novas responsabilidades. Eu me aproximei
15
ESPECIAL
das pessoas que já eram evangélicas ali
e comecei a me integrar, a falar mais e
mais, fazer reflexões com apropriações
bacanas e todo mundo parava para ouvir. Isso era fruto do Espírito Santo! Nessa
fase eu era chamado para ajudar quando havia problemas entre os presos na
cela, eu comecei a ganhar credibilidade
e vi nisso a mão de Deus. Percebi então
que minhas experiências na cadeia me
levaram a crer que minha prisão trata
algo que está além de um crime. Minha
prisão quer tratar comigo dos problemas
de minhas escolhas, do meu modo de
pensar... foi quando comecei a perceber
que as pessoas ali podem se reabilitar.
No segundo semestre de 2009 fui sentenciado a 14 anos de prisão. [Recentemente até encontrei o juiz que me
sentenciou e a gente se abraçou. Foi engraçado eu olhar para ele e contar toda a
história, dizendo: “Olha o que eu fiz com
a cadeia que você sentenciou?”] . No dia
11 de setembro de 2009, fui transferido
da carceragem para o presídio. Com essa
sentença, todo mundo chegava e dizia
que servir a Deus no presídio era mais
difícil. Eu estava com esse desafio, de permanecer cristão mesmo tendo mudado
de unidade, de percepção de vida. Digo
isso porque às vezes rola um discurso irresponsável como se o preso tivesse que
ser absolvido porque aceitou a Cristo. O
que aconteceu é que Deus tinha coisas
para mim no meu processo de prisão.
Ressocialização pela
educação
Eu queria permanecer em Cristo.
Cheguei a São Cristóvão, onde tive o
primeiro contato com a capelania prisional da Convenção Batista Carioca.
Eu começo a meu envolver com os trabalhos de culto ali, mas percebo que
também tinha que voltar a estudar. O
que fiz um ano depois da minha chegada.
Um dia estou transitando pela unidade e
soube que havia passado para a segun-
16
da fase da UERJ. Fiquei muito feliz porque
de 40 presos que tentaram, eu era um
dos três que tinham conseguido passar
para o processo de qualificação final.
Eu vivi essa alegria e tinha escolhido a
Pedagogia. Nesse momento, o pastor Claudio Baptista teve uma participação muito
especial na minha vida. Ele me trouxe uma
série de provas antigas da UERJ e o conteúdo programático. Com esse material
na mão, eu comecei a me nortear melhor.
Foi
“naquele
momento
que me
senti uma
pessoa
livre
Nas celas evangélicas, as atividades eram
rigorosas e meus colegas, vendo meu
esforço, começaram a me dispensar
das atividades para eu poder estudar.
Em 2012, dia 16 de janeiro, fui convocado para ir ao gabinete do diretor. Eu fui
com medo por pensar que tinha feito algo
errado. Ele me chamou para me dar os
parabéns e jogou uns papéis na mesa, os
papeis de aprovação da UFRJ. Lembro que
eu entrei nesse clima do preso que entrou
para a UFRJ. Depois recebi outros resultados, sendo aprovado também para a UERJ.
Quatro meses depois, as aulas começaram
e eu nada. Havia uma restrição de pena
que eu precisava cumprir em regime
fechado. Perdi a vaga, mas comecei a estudar de novo e consegui passar novamente para a UERJ. Depois, já em 2013,
minha pena havia progredido e mudado
para semiaberto. Em abril fiquei sabendo
que o juiz havia permitido meus estudos.
A crise agora era: “Como vou viver lá
fora? Aprovado numa faculdade pública
e lá está cheio de gente”. Mas prometi
para mim mesmo que precisava viver e
nessa fase fui fortalecido pelo Pr. Cláudio e
outras pessoas. No dia 24 de abril de 2013,
depois de seis anos de pena cumprida
em regime fechado, as portas se abrem.
Desafios do lado de fora
Foi um choque. Um monte de novidades
que nunca havia visto na vida, a agitação,
telefone touch e com internet. Todo
mundo plugado e eu achando que todo
mundo sabia da minha vida e que iam
me matar... eu cheio de medo. No meu
primeiro dia de aula, Pr. Cláudio estava
lá na porta da faculdade, me esperando. Quando nos encontramos, ele disse:
“Olha aí onde você está? Agora vai viver”.
A gente se abraçou e eu chorei muito.
Éramos eu e outro preso na faculdade.
E decidimos encarar de frente, assumindo que éramos presidiários. Isso a
princípio foi um choque, uns se aproximando e outros se distanciando. Nesse
período conheci um rapaz da Igreja Batista do Rocha e disse a ele: “Eu preciso
de um irmão. Compartilho da mesma fé
que você e não sei como você vai receber
tudo isso, mas sou presidiário e preciso
de um irmão com a mesma fé, que entenda que, apesar do passado, eu posso ter
uma vida nova”. Ele falou assim: “Vamos
juntos!”. Leandro é uma pessoa que me
ajudou muito na faculdade e me ajuda até
hoje. A gente começou a caminhar juntos
e ele começou a mediar meu relacionamento com os outros colegas, falando
bem de mim. É claro que ainda passava
por resistências e ainda bem que eu passei [e passo] por algumas resistências.
É o que eu falo para todo mundo: “Não
quero viver numa sociedade onde todo
aquele que comete um crime, as pessoas digam: “Ah! Nada a ver, vem pra cá!”
Porque aí é a banalização de tudo, da
vida, da humanidade. Tem que se chocar, as pessoas têm que se surpreender,
mas a gente recomeça a partir daí.
batistacarioca | Convenção Batista Carioca
ESPECIAL
Samuel fala aos promotores, durante acampamento de Missões Rio
Paradigmas quebrados
Uma cena muito fantástica marcou a
minha vida. Aconteceu com os colegas
da UERJ. Quando souberam que estava
expirando o prazo concedido pela justiça
para que eu pudesse estudar, todos vieram questionar o motivo pelo qual eu
não poderia mais estar com eles. Amigas
de faculdade começaram a chorar e ficou
um momento legal porque o rapaz preso agora faria falta na sala de aula. E aí
todos comentavam que a visão de presidiário em suas casas agora era outra.
Nessa fase, comecei a estudar novamente
e descobri a faculdade de Gestão Pública
na UFRJ. Dediquei-me e saiu a provação.
Fiquei muito feliz e pensei que finalmente
meu momento havia chegado. Consultei
amigos, professores, o Pr. Cláudio e tomei a decisão de ir para Gestão Pública.
Quando fiz a transferência da faculdade,
foi um dia terrível porque todos sabiam
que era meu último dia de aula. Esse dia
me marcou muito porque a professora
deu boa noite e todos começaram a se
olhar, a se levantar e a chorar comigo. Essa
deveria ser uma hora de alívio porque um
preso estava deixando aquele ambiente,
mas não. Ali já não era uma ameaça de
perigo, mas um jovem que transmitia a
batistacarioca | Convenção Batista Carioca
graça de Deus, que tinha compromisso com o evangelho e que ia fazer falta.
Agora teria que entrar em outro processo na justiça para estudar novamente.
Nessa época, comecei a dialogar com
os alunos da UFRJ e a assumir minha
condição de preso. É uma luta política
para mostrar que o preso está dentro
da sociedade, que o preso compõe a sociedade. E a sociedade precisa entender
que ignorá-lo é potencializar a violência.
Eu comecei a discutir isso nas universidades, que a sociedade precisa saber
que está convivendo com essas pessoas.
Finalmente as aulas na UFRJ começaram,
mas eu não conseguia estudar. Fiz algumas disciplinas pela internet e ainda não
havia conseguido liberação. Isso me desanimou, mas conversando com Maíra,
ganhei ânimo para continuar com o processo de liberação até que finalmente consegui.
Certa vez um amigo me disse que não
acreditava em nada dessas coisas de
Deus, etc. Mas perguntou o que era isso
na minha vida. Foi a oportunidade que
encontrei para falar de Deus, que era
um preso miserável, que estudei, que
alcancei, tudo como reflexo de Deus na
nossa vida. Hoje participo de congressos,
escrevo artigos e participo de grupos de
pesquisa como voluntário e os congressos dos quais participo, só consigo porque
recebo a ajuda de pessoas, professores
meus inclusive. Há uma professora que
sempre me ajuda, me dá até alimento.
Hoje trabalho, fazendo limpeza, mas também estou na universidade. De uma coisa
eu sei: eu não posso parar porque é Cristo que me fortalece, que me ajuda. Acreditar no outro é difícil, mas é tempo de voltar a creditar no ser-humano porque é a
imagem de Deus. A vida é uma construção
coletiva porque em todo tempo a mão do
Senhor me susteve, mas não vi a mão sobrenatural dEle, mas as mãos de pessoas
que me ampararam, se estendendo para
ajudar. O que fica é a gratidão a esse Deus.
Sempre vou me lembrar da atitude de
Paulo, falando sobre Filemon: “Recebe
esse rapaz de volta, mas não como escravo, e sim como irmão porque ele é muito
útil para mim”. Tem valores e potenciais
úteis para o Reino. Em alguns momentos, vejo o próprio Deus dialogando com
sua igreja sobre essa questão: “Recebe o
Samuel, mas não como preso, homicida,
alcoólatra, fracassado. Recebe ele como
irmão precioso”. Não sou exceção, há pessoas como eu por aí, que já viveram isso
e que estão em busca de oportunidades.
17
ARTIGO
Igreja e
voluntariado
N
um tempo de crescente
profissionalização, muitos líderes se ressentem de não
poderem contar com os
voluntários que, ao que tudo indica,
antes existiam nas igrejas. Penso que essa
dificuldade hodierna se dá por alguns
fatores, os quais passo a enumerá-los
numa lista não esgotável em si mesma:
a) além da profissionalização, o perfil de
parte das igrejas batistas (para ficar num
exemplo) mudou. Sua membresia ascendeu socialmente, muito talvez fruto do
próprio evangelho que fez casais priorizarem a formação de seus filhos ao invés
de gastar os parcos recursos em outras
coisas (bar, mulher, jogo, etc). Esse perfil de membresia acostumou-se a pagar,
até mesmo porque pode, pelos serviços.
E tal visão foi transferida para a Igreja;
b) a ausência de abordagem nos púlpitos de ensino sobre dons espirituais
e sobre o valor do serviço no Reino, o
que normalmente vem acompanhado
de falta de sincera busca do Senhor;
c) a importação de modelos americanos
de gestão eclesiástica, país no qual a cultura de se pagar para se ter as coisas é
uma realidade. É interessante que líde-
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PR. SÉRGIO DUSILEK
PASTOR DA IGREJA BATISTA DO MARAPENDI, PÓS-GRADUADO EM
HISTÓRIA DA FILOSOFIA E MESTRANDO EM CIÊNCIA DA RELIGIÃO.
res importam o modelo até mesmo nas
suas expressões vestuais e não querem
“pagar a conta” pelo modelo escolhido…
ora, o pacote da parafernália eclesiástica, ainda mais de um país que preza pelos modelos organizacionais é completo;
d) a ausência de inspiração dos líderes, em especial de pastores. Há alguns
que servem ao Senhor sem alegria, e
sem ela não há contágio voluntário.
Você pode ser até sisudo, mas exale
prazer, alegria no ministério que exerce;
e) a inabilidade de líderes que “surram”
suas ovelhas quando elas estão em
pleno serviço a Deus. Só para ilustrar
ouvi certa vez de um pastor que desfez
das senhoras da igreja reunidas como
MCA. Ora, você pode até não gostar
desse tipo de reunião, mas desfazer da
mesma? Depois as pessoas não
querem mais ajudar e o líder ainda pergunta como conseguir que elas se envolvam…
f) a importação do modelo IURDiano de
sucesso pastoral, baseado nos números,
tanto de membros como de receita, e na
ostentação dos benefícios pastorais. Ora,
quando um membro de igreja percebe
que seu pastor não está tendo um sustento digno ou mesmo qualificado no âmbi-
to do merecimento, mas sim que ele está
usando o ministério para “se dar bem”, é
inevitável que alguns se sintam como que
“usados” no voluntariado. Tal sentimento
de abuso moral/espiritual tem feito com
que grandes valores voltem para dentro da terra, ao invés de serem multiplicados sobre ela (parábola dos talentos);
g) a falta de exemplo dos líderes. Há líderes que mentem, e ao fazerem isso
perdem uma das molas propulsoras
da voluntariedade que é o respeito e a
fidedignidade daquilo que fazem. Veja
só essa expressão que Dostoievski
escreveu
nos
Irmãos
Karamazov:
“Aquele que mente a si mesmo e escuta sua própria mentira chega ao ponto de não mais distinguir a verdade,
nem em si, nem em torno de si; perde,
portanto, o respeito de si e dos outros.”
Seria bom se houvesse uma nova efervescência do mais puro significado de
Col.3:23; Hebreus 6:10; I Cor.15:57-58
entre tantos outros textos da Bíblia
que apontam para o voluntariado.
Que Deus nos abençoe!
Extraído do blog pessoal
www.sergiodusilek.worpress.com
batistacarioca | Convenção Batista Carioca
ARTIGO
O SEGUNDO
VIOLINO
N
ão sou músico, mas sempre
gostei de música, e percebo
que esse gosto está presente
na esposa e filhos. A esposa
canta no coral, tem voz afinada e bom
ouvido. A filha primogênita tem CD gravado, o filho toca bem violão e guitarra
e é líder do Grupo de Louvor da igreja e
a caçula também tem voz afinada e a usa
para louvar ao Senhor. Há algum tempo viajava com o músico e cantor Marquinhos Gomes, de carro, com destino
a São Paulo. Seus CDs e DVDs eram, na
época, distribuídos por nós ao mercado, em nível nacional. Ao longo da viagem conversamos sobre muitas coisas
agradáveis e instrutivas, uma dessas foi
sobre “tocar o segundo violino”, o que
nem todos os músicos querem . Ele, empolgadamente explicou-me como isso
funciona. O primeiro violino da orquestra,
sob a execução do competente violinista,
vai embevecendo, encantando a plateia,
enquanto o segundo violino só entra em
cena de quando em quando, conforme
a composição musical. O violinista do segundo violino tem que esperar paciente
e atentamente o seu tempo chegar, para,
então, deslizar o arco em uma, duas ou
mais cordas. Feito isto, esperar, contin-
20
PR. ERALDO COELHO BERNARDO
PASTOR TITULAR DA IGREJA BATISTA MEMORIAL EM MANGUINHOS
uar atento, de olho na partitura, o novo
momento, lá na frente, em que voltará a
tocar por um instante.
Quero me valer desses informes das
apresentações musicais com violinos
para aplicar à liderança, à administração.
Há muita gente
segundo violino,
quando, quando
solicitado e ficar
minada função.
que não sabe tocar o
isto é, atuar de vez em
é necessário, quando é
feliz por cumprir deter-
Quando chega o final de ano em nossas
igrejas há a eleição da nova diretoria estatutária, de novos líderes de ministérios, departamentos e comissões. Esses
ministérios têm seus coordenadores,
vices–coordenadores,
membros.
As
comissões têm seus relatores e respectivos membros. Quantos problemas ocorrem durante os mandatos, quando um
coordenador, vice, ou um membro de
ministério ou de comissão não sabe “tocar o segundo violino”!
Tem-se observado que os pastores
bem-sucedidos em seus ministérios
souberam tocar o “segundo violino”
quando seminaristas. Souberam estar
atentos àqueles seus líderes que tinham
condições de tocar toda a partitura.
Depreendemos da Palavra de Deus em
Isaías 14.12-15(IBB) que a queda de Lúcifer (Portador de Luz), tipificado pelo rei
da Babilônia, foi porque quis ir além dos
limites. Diz o texto: “Como caíste do céu,
ó estrela da manhã, filha da alva! Como
foste lançado por terra tu que prostravas
as nações! E tu dizias no teu coração:
eu subirei ao céu; acima das estrelas de
Deus exaltarei o meu trono; e no monte
da congregação me assentarei, nas extremidades do norte; subirei acima das
alturas das nuvens, e serei semelhante ao
Altíssimo. Contudo levado serás ao Seol,
ao mais profundo do abismo”.
Um portador de luz que, não sabe se
restringir ao papel que lhe foi confiado,
pode se tornar em portador de trevas.
Porque quis usurpar a posição do Altíssimo foi desqualificado, amaldiçoado e precipitado à atmosfera da terra com os anjos que caíram com ele (Gn.3.1/Lc.10.18).
Disse Jesus que o inferno foi preparado
para o Diabo e seus anjos (Mt.25.41).
Nesse lugar serão presos eternamente.
Tive dois pastores nos nove primeiros
anos de vida cristã. O primeiro, que me
batistacarioca | Convenção Batista Carioca
ARTIGO
batizou, me apoiou e me estimulou a me
desenvolver no seio da Igreja, seu nome,
Anthidio Dias da Silveira, chamado à presença do Senhor com mais de 90 anos
de idade. Após consagrado ao Ministério,
convidou-me algumas vezes a pregar na
Igreja que pastoreou por mais de 50 anos,
onde nasci espiritualmente. O segundo
Pastor, Joaze Gonzaga de Paula, foi assessor da Junta de Missões Estrangeiras,
batistacarioca | Convenção Batista Carioca
atual, Junta de Missões Mundiais, e, tempo depois, Secretário Executivo da Convenção Batista Carioca. Eu era seu Diretor
de Evangelismo na PIB de Higienópolis,
Rio. Atualmente, aposentado, mora em
Vargem Grande, Rio. A esses dois pastores
que me pastorearam sempre fui leal, sabendo, pela misericórdia de Deus, o meu
lugar, isto é, o de “tocar o segundo violino”.
Por mais de 40 anos trabalhei em empre-
sas nas áreas administrativa e comercial.
A gente tem que saber até onde pode ir,
sem criar atrito, sem atropelar ninguém.
Sem perder o emprego abruptamente.
Temos que estar atentos quanto à Síndrome de Lúcifer. Peçamos a Deus que nos
ajude a atuar, dentro de nosso quadrado,
até que Ele nos promova ao quadrado
mais alto.
21
ARTIGO
POR UMA
EDUCAÇÃO
INTEGRAL E
INTEGRADA
Walmir Vieira
Diretor do Colégio Batista Shepard – Rio de Janeiro
Pesquisador do CLIC (Centro de Liderança Cristã/Criativa)
E
ducação integral não significa
simplesmente os alunos passarem todo o dia na escola. Tem
muito mais a ver com uma concepção educacional que uma
escola adota com relação ao seu processo
de ensino e aprendizagem. Significa ver o
aluno como um ser humano integral em
que todas as suas dimensões (física, emocional, social, intelectual e espiritual) se
relacionam, influenciam-se e interagem-se
e agir pedagogicamente levando em conta
essa integração.
estes são influenciadas. O espírito, dimensão que nos distingui dos animais
irracionais, interage com o físico, com o
pensar, com os anseios do coração, com
nossa capacidade de adaptação social e
com o exercício da cidadania. A natureza
de convivência social de um indivíduo determina como ele cuidará de seu corpo,
que tipo de lógica conduzirá seus pensamentos e decisões, como exprimirá suas
paixões e de que maneira expressará
sua religiosidade, assim como, também
influenciar as mudanças sociais.
O valor de uma educação
integral e integrada
Os desafios de uma escola
integral e integrada
Ainda que didaticamente desmembremos
a pessoa humana em suas dimensões
física, intelectual, emocional, espiritual e
social, essas dimensões não podem ser
vistas de forma desconectada e dissociada, nem funcionando independentemente
uma da outra.
Somos um ser integral. Tudo em
nós é integrado, interdependente e
inseparável. O que acontece no corpo afeta a mente, a emoção, a espiritualidade
e o convívio social e por estes também
o corpo é afetado. A mente tem relação
direta com o físico, a sensibilidade, a
alma e a capacidade de relacionar-se
socialmente e estes da mesma forma.
As emoções influenciam o corpo, os sentimentos, a alma e a sociabilidade e por
22
Todos os métodos e técnicas de ensino e de aprendizagem e todos os programas e projetos educacionais que
desconsiderarem qualquer uma dessas
dimensões do ser humano estarão vulneráveis em algum aspecto. O Ensino a
Distância (EaD), por exemplo, ainda que
privilegie a aquisição do conhecimento, não ajuda as dimensões sociais e
emocionais do indivíduo, existentes
no ensino presencial.
Escolas laicas ou seculares, em geral não se
preocupam
com
a
espiritualidade
humana e com a sua dimensão emocional.
Escolas conteudistas, focadas na transmissão de conhecimentos, e na preparação para exames classificatórios, nem
sempre preparam seus alunos adequada-
mente para o todo da vida. Escolas com fins
lucrativos, em função de custos, privilegiam
algumas áreas que julgam fundamentais
para a manutenção do aluno e da receita e desprezam outras, como a formação
do caráter, o desenvolvimento da
espiritualidade e a educação emocional,
cujos cuidados demandam mais recursos
e aumentam suas despesas.
Naturalmente, nenhuma escola consegue
ser eficiente, na formação de seus alunos,
com desempenho igualmente alto em
todas as dimensões. Mas, um projeto de
ensino que tem preocupação com o todo
do ser humano, de alguma maneira buscará
lugar em seu currículo, em seu ambiente
e cultura escolares e em seu calendário,
contemplar
ações
e
intervenções
necessárias para que todos os aspectos ligados à formação integral se manifestem.
Além disso, as escolas preocupadas com a
formação integral privilegiam métodos de
ensino, processos didáticos de seus professores, materiais pedagógicos e ambientes
de aprendizagem adequados à essa visão.
Seus gestores, professores e sua equipe
de apoio técnico e administrativo geralmente estão comprometidos com essa
perspectiva.
Estrutura de uma escola de
formação integral e
integrada
Para que uma boa educação integral e
batistacarioca | Convenção Batista Carioca
ARTIGO
integrada aconteça o ideal seria que os
alunos em idade escolar passassem mais
temo na escola e não somente quatro ou
cinco horas por dia.
Nas instituições de ensino que enfocam a integralidade do ser humano são
muito maiores a participação e o envolvimento da família, como parceira ativa de
todo o processo educacional. Em escolas
preocupadas com a formação integral e
integrada estão presentes vários ambientes de aprendizagem compatíveis com a
filosofia que abraçam. Áreas de convivência são construídas para facilitar
a interação entre os alunos. Espaços
para práticas esportivas de variadas
modalidades
e
matizes,
incluindo
jogos de raciocínio, são mais generosos.
Biblioteca interligada à rede de internet. Ambientes específicos e especializados como laboratórios de informática,
de química, física, biologia, de desenvolvimento da inteligência, espaços
de exposição, auditórios, salas de artes plásticas e cênicas, capelas (ou salas
de oração e estudo bíblico) e capelania,
para o descobrimento e aprimoramento
dos pendores dos educandos estão presentes.
Nas escolas de formação integral se fazem
presentes vários equipamentos que se
coadunam com este viés formativo, como
laboratórios de informática, de ciências, de
idiomas, bibliotecas com ambientes
variados e conectados ao mundo virtual, auditórios, salas para reuniões,
espaços para saudáveis expressões
artísticas
(trabalhos
manuais,
expressões corporais. sentimentais e
intelectuais) e espirituais. Áreas de lazer e
lúdicas com jogos e brincadeiras educacionais, quadras poliesportivas, campos para
práticas esportivas variadas e piscinas e
parquinhos adequados a cada faixa etária.
batistacarioca | Convenção Batista Carioca
As instituições envolvidas
no processo de formação
integral e integrado
É possível pensar que a formação moral,
social e emocional de uma pessoa esteja sob a responsabilidade exclusiva
de sua família; que a formação religiosa ou a preocupação com a
sua espiritualidade esteja a cargo
somente das igrejas e religiões; e, que o
seu aperfeiçoamento para cidadania caiba
prioritariamente ao Estado com suas leis e
seus sistemas de controle. Mas, essa
distribuição especializada de tarefas e a
compartimentalização do processo educacional se mostram ineficazes quando
desintegradas, uma vez que todas essas
instituições influenciam a formação integral da pessoa humana.
Não é a toa que os quatro pilares da
educação preconizados pelos órgãos
nacionais e internacionais de educação
defendem a existência dos quatro fundamentos da aprendizagem: aprender a
aprender, aprender a ser, aprender a viver
e aprender a conviver.
Todas as organizações da sociedade têm
(para o mal ou para o bem) função formativa. O governo e todos os seus órgãos, as
igrejas, as famílias, as empresas e as variadas
associações, no exercício de suas
finalidades, também exercem função
educativa, ainda que tenham sua função
axial, especializada, que privilegia um
aspecto das necessidades humanas.
Todas elas não podem prescindir ou se
abster de também, de alguma maneira, ajudar no atendimento da formação
integral e de forma integrada (um ideal a
ser atingido) do ser humano.
As redes sociais via internet e o mundo cibernético passaram a exercer, nos últimos
anos, influência que, em muitos aspectos,
tem sido superior à exercida pela família
e pela escola. Seria bom que estes novos
entes do processo de formação integral
pudessem se integrar de forma saudável
e construtiva. Mas...
Cabe a família a primazia na formação inicial e geral dos seus membros, fornecendo-a ou provendo-a. Em nosso lar passamos a maior parte do tempo de nossas
vidas. A escola, em segundo plano, onde
as crianças, adolescentes e jovens, passam o segundo maior tempo de suas vidas
(cerca de cinco horas a seis por dia, cinco a seis dias por semana), de forma mais
especializada, e ajudada pela família. A
escola assume, cada vez mais (em função
das crises familiares) a educação integral
dos alunos não somente para a aquisição
do conhecimento, mas, também, na inserção cultural, na formação do caráter,
na capacitação para a convivência social
e no desenvolvimento físico, emocional
e espiritual de forma saudável de seus
alunos, preparando-os para enfrentarem
os desafios da vida e da sociedade e para
que eles também ajudem na construção
de um mundo melhor para todos. É uma
responsabilidade tão grande para qual a
maioria das escolas não está preparada.
Daí a importância de uma escola de
tradição cristã comprometida com suas
origens, sem fins lucrativos, que, em sua
essência tem a forte preocupação com o
oferecimento, aos seus alunos, de uma
educação integral e integrada e
empenhada na qualidade dessa formação física, emocional, cultural, social e
espiritual (bíblica).
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