Logística Reversa – Abordagem Ambiental

Transcrição

Logística Reversa – Abordagem Ambiental
LOGÍSTICA REVERSA
Luiz Alberto Nogueira Morato - 2012
Unidade III – ABORDAGEM
AMBIENTAL
Objetivo
Prezado Aluno (a),
Ao final desta unidade, esperamos
que você seja capaz de:
- Compreender a importância da
questão ambiental;
- Estabelecer a relação entre a
Logística Reversa e os aspectos
ambientais.
52
3.1. Legislação Ambiental no Mundo e
no Brasil
Alguns canais reversos se organizam
por
se
mostrarem
rentáveis
economicamente pela natureza do
produto logístico, suas condições
tecnológicas
de
reutilização
ou
transformação. Outros canais, porém,
mostram-se pelas leis naturais do
mercado pouco rentáveis. Assim quando
alguns desses canais apresentam um
desequilíbrio com impacto ambiental
entre o fluxo direto e o reverso ocorre
uma intervenção governamental em
forma de leis, muitas vezes exigida pela
sociedade.
A legislação ecológica / ambiental
encontra-se em diferentes estágios nos
diversos países e envolvem diferentes
aspectos do ciclo de vida útil de um
produto, desde a fabricação e o uso de
matérias-primas até sua disposição final
ou a dos produtos que o constituem.
Novos princípios de proteção ambiental
estão sendo formados em diversos
países desenvolvidos, tal como, o de
EPR (Extended Product Responsability
ou Responsabilidade Estendida do
Produto) que preconiza a idéia de que o
produtor ou a cadeia industrial deve ter
a responsabilidade pelo seu produto até
a decisão correta do seu destino após o
seu uso original.
Alguns desses novos conceitos em
legislação
ambiental
são
apresentados abaixo:
• Restrições a respeito de aterros
sanitários
e
incineradores:
proibição
de
novos
aterros
sanitários em muitos estados
americanos ou proibição de
disposição em aterros sanitários de
certos produtos.
• Implantação de coleta seletiva
domiciliar ou comercial.
• Responsabilidade do fabricante
sobre o canal reverso de seus
produtos (“product take back”):
legislação no Japão em 1997
impôs a obrigatoriedade para a
indústria
automobilística
de
organização de rede reversa de
reciclagem. Em julho de 1996
França. Alemanha e Holanda em
acordo
entre
governos
estabelecem
que
a
responsabilidade
de
coleta,
reciclagem ou do reaproveitamento
dos automóveis descartados pela
sociedade
fosse
para
os
fabricantes de automóveis.
53
• Uso de selos verdes para identificar
produtos “amigáveis” ao meio ambiente,
produtos de pós-consumo que podem
ou não ser depositados em aterros
sanitários, restrição ao uso de produtos
com conteúdos de matérias-primas
secundárias, etc.
• Valor monetário depositado na compra
de certos tipos de embalagens.
• Índices mínimos de reciclagem: alguns
estados
dos
EUA
adotam
a
obrigatoriedade
do
equilíbrio
de
produção e reciclagem. Outros possuem
legislação específica incentivando o uso
de produtos fabricados com materiais
reciclados. Alguns adotam um sistema
tributário especial para os diversos elos
da cadeia reversa.
Nos EUA existem três grandes grupos
de leis ambientais: sobre a disposição
final dos produtos e sistemas de coletas.
As leis que incentivam o mercado a usar
produtos com algum índice de
reciclagem, regulamentando os selos
verdes ou incentivos financeiros e, em
forte intensidade, as leis relativas à
redução de resíduos sólidos na fonte e
interdição de produtos com alto impacto
ambiental. Os governos locais são
responsabilizados para equacionar os
problemas.
Na Europa as leis tendem a
responsabilizar os produtores e
demais
agentes
da
cadeia
produtiva direta pelos problemas e
estruturação dos canais reversos
de seus produtos. O ônus da
coleta seletiva e da redução de
resíduos sólidos recai sobre os
produtores.
No Japão é um dos países mais
desenvolvidos em reciclagem de
materiais, porém, com baixa
intervenção governamental em
relação à índices de reciclagem,
apesar de apresentar os maiores
índices de reciclagem do mundo,
em torno de 60% na maioria dos
materiais recicláveis, como papel,
embalagens, baterias, etc.
No Brasil foi criado em 1998 o
Programa
Brasileiro
de
Reciclagem pelo Ministério da
Indústria e Comércio para propor
uma legislação e diretrizes na
área. Vários aspectos envolvendo
logística reversa de pós-consumo
estão sendo tratados em propostas
de lei no congresso.
54
Início da certificação
ambiental
Desde 1977
começa a
preocupação com a
certificação
ambiental.
A partir dessa
iniciativa alemã,
com o rótulo
ecólogico : Anjo
Azul, deu-se a
contrapartida para
informar o
consumidor sobre
os produtos de
vista ambiental.
Anjo Azul – Blauer
Engel
55
Selos ambientais e
selos verdes
56
Certificação ambiental
pelo mundo
Certificado
Ambiental da
Comunidade
Européia
Certificação de produtos 100%
orgânicos
Ponto Verde –
potencial de
reciclagem
57
Certificação ambiental
pelo mundo
Selo Verde de
Taiwan
Selo Verde do
Canadá
Certificado
Ambiental
dos Países
Nórdicos
Selo Verde da
Nova Zelândia
Selo Verde de
Singapura
Selo Verde Norte
Americano
58
3.2. Marketing Verde
O termo marketing verde, ecológico ou
ambiental, surgiu nos anos setenta,
quando a AMA (American Marketing
Association) realizou um Workshop com
a intenção de discutir o impacto do
marketing sobre o meio ambiente. Após
esse evento o Marketing Ecológico foi
assim definido: “O estudo dos aspectos
positivos e negativos das atividades de
Marketing em relação à poluição, ao
esgotamento
de
energia
e
ao
esgotamento
dos
recursos
não
renováveis.”
O Marketing Verde ou Marketing
Ecológico é a parte do Marketing que
proporciona campanhas e ações que
terão como objetivo final a redução dos
impactos de degradação ao meio
ambiente. Ao adotar o marketing verde,
a organização deve informar a seus
consumidores acerca das vantagens de
se adquirir produtos e serviços
ambientalmente responsáveis, de forma
a estimular e despertar o desejo do
mercado por esta categoria de produtos.
O marketing moderno consiste em criar
e ofertar produtos e serviços capazes de
satisfazer os desejos e necessidades
dos consumidores.
No
marketing
verde,
os
consumidores desejam encontrar a
qualidade ambiental nos produtos
e
serviços
que
adquirem.
Percebemos assim, que nenhum
esforço por parte das empresas
tem sentido, se os consumidores
insistirem
em
continuar
consumindo determinados bens
que agridam a natureza.
Como há muito a questão
ambiental deixou de ser apenas
uma onda verde e romântica,
abrem-se inúmeras oportunidades
para utilização de estratégias de
sensibilização de seus clientes da
importância
de
inserir
suas
empresas
no
chamado
Desenvolvimento Sustentável.
Com isso a entidade a que serve
perseguirá
simultaneamente
situação de responsabilidade
socioeconômica viável, linha de
ação socialmente justa e prudência
ecológica.
Nada mais honesto, transparente e
oportuno do que sejam abertos os
olhos dos clientes, fornecedores,
para a vantagem competitiva
advinda da adoção de um Sistema
de Gestão
59
Ambiental e de uma Certificação
Ambiental (da série ISO 14.000), com a
conseqüente tornar público através do
Balanço Social, de todos os esforços
que a empresa vem empreendendo no
sentido de preservar o Meio Ambiente.
Dentre os tipos de marketing, o
marketing verde pode ser considerado
por muitos, como modismo, uma
tendência passageira, mas o dia-a-dia
tem provado exatamente o contrário,
que o marketing verde será uma
ferramenta imprescindível para a
maioria das empresas, dos mais
variados segmentos do mercado, que
terá em um futuro próximo o seu lugar
dentro do planejamento estratégico das
organizações.
O problema de descarte do produto
depois do consumo sempre existiu, mas
agora se torna crítico a partir do
aumento das preocupações ambientais
por parte dos consumidores, pode ser
divida a possibilidade de descarte em
três
categorias:
descarte
direto,
reciclagem e remarketing.
O descarte direto, mais comum, ocorre
quando o produto ou as sobras deste
são simplesmente abandonadas na
natureza, indo parar nos lixões ou
aterros sanitários.
A reciclagem ocorre quando os
produtos ou parte deles são
reutilizados ou reaproveitados em
um novo processo produtivo,
aumentando sua vida útil e
reduzindo a extração de produtos
naturais e o remarketing que
ocorre na forma de venda de
produtos usados, tais como roupas
e carros, entre outros.
A reciclagem tem obtido cada vez
mais adesão entre as empresas e
os consumidores e tem sido
bastante estimulada pela mídia
através de campanhas vinculadas
à educação ambiental. Desde
produtos simples, como plástico,
papel e papelão, até produtos mais
complexos, como automóveis,
várias têm sido as experiências.
Dessa forma, e tendo em vista o
conjunto de suas ações em
diferentes frentes, a empresa não
só busca assinalar para o
consumidor a sua preocupação
com o meio ambiente, como
também procura mostrar que seus
produtos podem ser reciclados de
forma a não agredir o meio
ambiente.
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Campanhas ecológicas, todas elas
baseadas no Marketing verde são cada
vez mais freqüente, e buscam não só
conscientizar os clientes sobre a
importância da preservação de nossos
recursos naturais, mas principalmente
demonstrar para a sociedade quão
estão ecologicamente preocupadas
essas organizações.
Ao promover a logística reversa, a
empresa
estará
implicitamente
promovendo ações de marketing
verde, pois a logística reversa tem
como um dos seus principais objetivos
aumentar a vida útil dos produtos ou
dos seus componentes, ou seja,
alongar a vida dos produtos após o seu
uso, utilizando o principio do 4RD
(Reutilizar,
Reciclar,
Remodelar,
Recondicionar e Descartar).
SKATE ECOLOGICAMENTE
CORRETO
Batizado de 'Folha Seca', o skate é
feito de camadas de laminado de
pupunha e bambu orgânico, manta
de fibras naturais e sintéticas
unidas com adesivo vegetal.
Desde o princípio, o produto foi
festejado. Em 2008, foi finalista da
Volvo SportsDesign e material
vencedor do iF Design Awards.
Patrocinado pela International
Forum Design de Hannover, na
Alemanha, esse concurso é
reconhecido mundialmente como
um dos mais importantes do
design industrial.
Temos ainda a associação embora
discreta de outro tipo de marketing,
que é o marketing do pós-venda, que
ainda no Brasil está engatinhando,
mas a Logística reversa deverá
incrementar seu uso e dar mais visão
para esse tipo de marketing.
61
3.3. Gestão Ambiental
A Gestão Ambiental é a administração
do exercício de atividades econômicas
e sociais de forma a utilizar de maneira
racional
os
recursos
naturais,
renováveis ou não. A gestão ambiental
deve visar o uso de práticas que
garantam
a
conservação
e
preservação da biodiversidade, a
reciclagem das matérias-primas e a
redução do impacto ambiental das
atividades humanas sobre os recursos
naturais. Fazem parte também do
arcabouço
de
conhecimentos
associados
à
gestão
ambiental
técnicas para a recuperação de áreas
degradadas,
técnicas
de
reflorestamento, métodos para a
exploração sustentável de recursos
naturais, e o estudo de riscos e
impactos ambientais para a avaliação
de
novos
empreendimentos
ou
ampliação de atividades produtivas.
A prática da gestão ambiental introduz
a variável ambiental no planejamento
empresarial, e quando bem aplicada,
permite a redução de custos diretos pela diminuição do desperdício de
matérias-primas e de recursos cada
vez
mais
escassos
e
mais
dispendiosos, como água e energia - e
de custos
indiretos - representados por
sanções
e
indenizações
relacionadas a danos ao meio
ambiente
ou
à
saúde
de
funcionários e da população de
comunidades
que
tenham
proximidade geográfica com as
unidades de produção da empresa.
Um exemplo prático de políticas
para a inserção da gestão
ambiental em empresas tem sido a
criação de leis que obrigam a
prática da responsabilidade pósconsumo.
À medida que a sociedade vai se
conscientizando da necessidade
de se preservar o meio ambiente, a
opinião
pública
começa
a
pressionar o meio empresarial a
buscar meios de desenvolver suas
atividades econômicas de maneira
mais racional. O próprio mercado
consumidor passa a selecionar os
produtos que consome em função
da responsabilidade social das
empresas que os produzem. Desta
forma,
surgiram
várias
certificações, tais como as da
família ISO14000, que atestam que
uma determinada empresa executa
suas atividades com base nos
preceitos da gestão ambiental.
62
3.4. ISO 14000
3.5. Resíduos sólidos
ISO 14000 é uma série de normas
desenvolvidas
pela
International
Organization for Standardization (ISO)
e que estabelecem diretrizes sobre a
área de gestão ambiental dentro de
empresas.
Resíduos sólidos constituem aquilo
que genericamente se chama lixo:
materiais sólidos considerados sem
utilidade, supérfluos ou perigosos,
gerados pela atividade humana, e
que devem ser descartados ou
eliminados.
Os impactos ambientais gerados pelo
desenvolvimento
industrial
e
econômico do mundo atual constituem
um grande problema para autoridades
e organizações ambientais.
No início da década de 90, a ISO viu a
necessidade de se desenvolverem
normas que falassem da questão
ambiental e tivessem como intuito a
padronização dos processos de
empresas que utilizassem recursos
tirados da natureza e/ou causassem
algum dano ambiental decorrente de
suas atividades.
No ano de 1993, a ISO reuniu diversos
profissionais e criou um comitê,
intitulado Comitê Técnico TC 207 que
teria como objetivo desenvolver
normas (série 14000).
O conceito de "lixo" pode ser
considerado como uma invenção
humana, pois em processos naturais
não há lixo. As substâncias
produzidas pelos seres vivos e que
são inúteis ou prejudiciais para o
organismo, tais como as fezes e
urina dos animais, ou o oxigênio
produzido pelas plantas verdes
como subproduto da fotossíntese,
assim
como
os
restos
de
organismos
mortos
são,
em
condições naturais, reciclados pelos
decompositores. Por outro lado, os
produtos resultantes de processos
geológicos como a erosão, podem
também, a um escala de tempo
geológico, transformar-se em rochas
sedimentares.
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Embora o termo lixo se aplique aos
resíduos sólidos em geral, muito do
que se considera lixo pode ser
reutilizado ou reciclado, desde que os
materiais
sejam
adequadamente
tratados. Além de gerar emprego e
renda, a reciclagem proporciona uma
redução da demanda de matériasprimas e energia, contribuindo também
para o aumento da vida útil dos aterros
sanitários. Certos resíduos, no entanto,
não podem ser reciclados, a exemplo
do lixo hospitalar ou nuclear.
Tipos de resíduos
Resíduos orgânicos - O chamado lixo
orgânico tem origem animal ou vegetal.
Nessa categoria inclui-se grande parte
do lixo doméstico, restos de alimentos,
folhas, sementes, restos de carne e
ossos, etc. Quando acumulado ou
disposto inadequadamente, o lixo
orgânico pode tornar-se altamente
poluente do solo, das águas e do ar.
Ademais, a disposição inadequada
desses resíduos cria um ambiente
propício ao desenvolvimento de
organismos patogênicos. O lixo
orgânico pode entretanto ser objeto de
compostagem para a fabricação de
adubos ou utilizado para a produção
de combustíveis como biogás, que é
rico em metano.
Outros resíduos - Resíduos de
plásticos, metais e ligas, vidro,
material de construção etc. quando
lançados diretamente no ambiente,
sem tratamento prévio, demoram
muito tempo para se decompor. O
plástico por exemplo, é constituído
por uma complexa estrutura de
moléculas fortemente ligadas entre
si, o que torna difícil a sua
degradação e posterior biodigestão
por
agentes
decompositores
(primariamente bactérias). Para
solucionar este problema, diversos
produtos
industrializados
são
biodegradáveis.
Lixo tóxico - Lixo nuclear e
hospitalar entram nesta categoria.
Esses resíduos precisam receber
tratamento especial, antes da
disposição final, de modo a evitar
danos ambientais e à saúde das
pessoas. O lixo nuclear deve ser
isolado, enquanto lixo hospitalar
deve ser incinerado.
64
3.6. Disposição final
3.6.1. Lixões
"Lixão", vazadouro ou descarga de
resíduos a céu aberto é uma forma
inadequada de disposição final de
resíduos sólidos, que se caracteriza
pela simples descarga do lixo sobre o
solo, sem medidas de proteção ao
meio ambiente ou à saúde pública.
No "lixão" não há nenhum controle
quanto aos tipos de resíduos
depositados. Resíduos domiciliares e
comerciais de baixa periculosidade são
depositados juntamente com os
industriais e hospitalares, de alto poder
poluidor. A presença de catadores, que
geralmente residem no local, e de
animais (inclusive a criação de porcos),
os riscos de incêndios causados pelos
gases gerados pela decomposição dos
resíduos constituem riscos associados
aos lixões.
3.6.2. Incineração
Depois da queima, resta um material
que pode ser encaminhado para
aterros sanitários ou mesmo
reciclado. É recomendada a
reutilização
racionalizada
dos
materiais queimados para a
confecção de borracha, cerâmica e
artesanato.
Com a incineração é possível uma
redução do volume inicial de
resíduos até cerca de 90% através
da combustão, a temperaturas que
variam entre 800 e 3 000°C. No
entanto, certos resíduos liberam
gases
tóxicos
aos
serem
queimados. Nesses casos, para
evitar a poluição do ar, é
necessário
instalar
filtros
e
equipamentos especiais – o que
torna o processo mais caro.
Deste processo resultam como
produtos finais a energia térmica
(que é transformada em energia
elétrica ou vapor), águas residuais,
gases, cinzas e escórias.
Os
gases
resultantes
da
incineração têm de sofrer um
tratamento posterior, uma vez que
são compostos por substâncias
consideradas tóxicas (chumbo,
cádmio, mercúrio, cromo, arsênio,
cobalto e outros metais pesados.
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3.6.3. Compostagem
3.6.4. Aterro Sanitário
A compostagem, quando possível,
constitui uma das melhores soluções
para atenuar ou eliminar os fatores
indesejáveis do lodo de esgoto. Por
meio dela ocorrem as seguintes
modificações no material primário:
conversão
biológica
da
matéria
orgânica putrescível para uma forma
estabilizada, destruição de patógenos,
redução da umidade, remoção de
sólidos voláteis e produção de uma
substância que possa ser utilizada na
agricultura sem restrições.
O
Aterro
Sanitário
é
um
aprimoramento de uma das técnicas
mais antigas utilizadas pelo homem
para descarte de seus resíduos, que
é o aterramento. Modernamente, é
uma obra de engenharia que tem
como objetivo acomodar no solo
resíduos no menor espaço prático
possível, causando o menor dano
possível ao meio ambiente ou à
saúde pública.
Uma vez transformado em “composto”,
o termo lodo de esgoto ou biossólido
não é mais aplicável, visto que o
produto obtido difere da matéria-prima.
As propriedades do “composto”
facilitam a estocagem, a embalagem e
a comercialização. Doravante não
existem restrições quanto à cultura, os
riscos são mínimos e o novo produto
pode ser difundido regularmente entre
os
técnicos
especializados
em
fertilizantes. O passivo ambiental de
outrora foi transformado em insumo
agrícola com mercado e valor
comercial.
Essa técnica consiste basicamente
na compactação dos resíduos no
solo, na forma de camadas que são
periodicamente cobertas com terra
ou outro material inerte.
Ainda que sendo o método sanitário
mais simples de destinação final de
resíduos sólidos urbanos, o aterro
sanitário exige cuidados especiais e
técnicas
específicas
a
serem
seguidas, desde a seleção e preparo
da área até sua operação e
monitoramento.
Atualmente, os aterros sanitários
vêm sendo severamente criticados
porque não têm como objetivo o
tratamento ou a reciclagem dos
66
materiais presentes no lixo urbano. De
fato, os aterros sanitários são uma
forma de armazenamento de lixo no
solo, alternativa que não pode ser
considerada a mais indicada, uma vez
que os espaços úteis à essa técnica
tornam-se cada vez mais escassos.
Porém, deve-se considerar que a
maioria dos materiais utilizados pelo
homem,
na
realidade,
são
combinações de várias substâncias
trazidas dos mais diferentes pontos do
planeta. Assim, recuperar todos os
materiais que utilizados é praticamente
impossível, seja por motivos de ordem
técnica ou econômica.
Outras questões ainda devem ser
consideradas.
Os
métodos
de
acondicionamento e coleta adotados
pela maioria das cidades resultam na
mistura de materiais que dificilmente
são separados pelos processos de
triagem atualmente utilizados. Como
consequência, tanto as “usinas de
compostagem” quanto as técnicas de
“coleta seletiva” geram rejeitos que,
obrigatoriamente,
devem
ser
descartados. Mesmo os incinedadores,
que, em tese, reduzem o volume dos
resíduos de 5 a 15% do volume
original, geram escórias e cinzas que
presicam ser descartados em aterros.
Teoricamente, a maioria desses
rejeitos também pode ser reciclada.
Na prática, não é o que ocorre. Os
fatores de ordem técnica e
econômica inviabilizam grande parte
dos processos deixando como
alternativa o descarte em aterro. Não
se pode desprezar também a
realidade dos países do terceiro
mundo. Nem sempre a comunidade
dispõe de recursos suficientes para a
implantação e operação de técnicas
para o tratamento de seus resíduos.
Desta forma, o aterro sanitário não
deve ser considerado como um vilão,
ou como uma técnica ultrapassada
dentro dos processos de proteção
ambiental, mas como a saída
atualmemente empregada para o
descarte disciplinado de resíduos no
solo.
O objetivo principal do aterro
sanitário é o de melhorar as
condições sanitárias relacionadas
aos descartes sólidos urbanos
evitando
os
danos
da
sua
degradação
descontrolada.
Os
aterros podem ser divididos em
diferentes tipos:
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Aterro convencional: formação de
camadas de resíduos compactados,
que são sobrepostas acima do nível
original do terreno resultando em
configurações típicas de “escada” ou
de
“troncos
de
pirâmide”;
Aterro em valas: o uso de trincheiras
ou valas visa facilitar a operação do
aterramento dos resíduos e a formação
das células e camadas; assim sendo,
tem-se o preenchimento total da
trincheira, que deve devolver ao
terreno a sua topografia inicial.
O aterro sanitário deve operar de modo
a fornecer proteção ao meio ambiente,
evitando a contaminação das águas
subterrâneas pelo chorume (líquido de
elevado potencial poluidor, de cor
escura e de odor desagradável,
resultado da decomposição da matéria
orgânica), evitando o acúmulo do
biogás resultante da decomposição
anaeróbia do lixo no interior do aterro.
O biogas pode sair do interior do aterro
de forma descontrolada ou infiltrar pelo
solo e atingir redes de esgotos, fossas
e poços rasos podendo causar
explosões.
A seguir são listadas algumas das
principais características do aterro:
-Impermeabilização da base do
aterro: evita o contato do chorume
com as águas subterrâneas. A
impermeabilização pode ser feita
com argila ou geomenbranas
sintéticas;
- Instalação de drenos de gás: canal
de saída do gás do interior do aterro.
Os drenos podem ser construídos de
concreto ou de PEAD, podendo
receber uma conexão final de açoinox quando a célula for fechada. O
biogás pode ser recolhido para o
aproveitamento energético através
da ligação de todos os drenos
verticais com um ramal central;
-Sistema de coleta de chorume: a
coleta de chorume deve ser feita
pela base do aterro. O chorume
coletado é enviado a lagoas
previamente
preparadas
com
impermeabilização do seu contorno
ou enviados para tanques de
armazenamento fechados;
68
-Sistema de tratamento de chorume:
após coletado, o chorume deve ser
tratado antes de ser descartado no
curso de um rio ou em uma lagoa. O
tratamento pode ser feito no próprio
local ou o chorume coletado pode ser
transportado para um local apropriado
(geralmente
uma
Estação
de
Tratamento de Esgotos). Os tipos de
tratamento mais convencionais são o
tratamento
biológico
(lagoas
anaeróbias, aeróbias e lagoas de
estabilização),
tratamento
por
oxidação (evaporação e queima) ou
tratamento químico (adição de
substâncias químicas ao chorume);
- Sistema de drenagem de águas
pluviais: o sistema de captação e
drenagem de águas de chuva visa
escorrer
a
água
por
locais
apropriados para evitar a infiltração
que gera o chorume).
Além da operação, o aterro deve
contar com unidades de apoio, como
acessos internos que permitam a
interligação entre os diversos pontos
do aterro, portaria para controlar a
entrada e saída de pessoas e
caminhões de lixo e isolamento da
área para manutenção da ordem e do
bom andamento das obras.
Tipos de aterro
Aterro controlado é uma fase
intermediária entre o lixão e o aterro
sanitário. Normalmente é uma célula
adjacente ao lixão que foi remediado,
ou seja, que recebeu cobertura de
argila, e grama (idealmente selado
com manta impermeável para
proteger a pilha da água de chuva) e
captação de chorume e gás. Esta
célula adjacente é preparada para
receber
resíduos
com
uma
impermeabilização com manta e tem
uma operação que procura dar conta
dos impactos negativos tais como a
cobertura diária da pilha de lixo com
terra ou outro material disponível
como forração ou saibro.
Tem
também
recirculação
do
chorume que é coletado e levado
para cima da pilha de lixo, diminuindo
a sua absorção pela terra ou
eventuamente
outro
tipo
de
tratamento para o chorume como
uma estação de tratamento para este
efluente.
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No Aterro sanitário há a
pepaação prévia do terreno antes
de iniciar a disposição do lixo,
com o nivelamento de terra e com
o selamento da base com argila e
mantas
de
PVC,
esta
extremamente resistente.
Desta
forma,
com
essa
impermeabilização do solo, o
lençol
freático
não
será
contaminado pelo chorume. Este
é coletado através de drenos de
PEAD, encaminhados para o
poço de acumulação de onde,
nos seis primeiros meses de
operação é recirculado sobre a
massa de lixo aterrada. Depois
desses seis meses, quando a
vazão e os parâmetros já são
adequados para tratamento, o
chorume
acumulado
será
encaminhado para a estação de
tratamento de efluentes. A
operação do aterro sanitário,
assim como a do aterro
controlado prevê a cobertura
diária do lixo, não ocorrendo a
proliferação de vetores, mau
cheiro e poluição visual.
70
71
FIGURA ESQUEMÁTICA DE UM ATERRO SANITÁRIO
72
QUADRO ESQUEMÁTICO SOBRE O TRATAMENTO
DE RESÍDUOS SÓLIDOS
73
Bibliografia
DONATO, Vitório. Logística Verde: uma abordagem
sócio-ambiental. São Paulo: Ciência Moderna, 2009.
LEITE, Paulo Roberto. Logística Reversa. 2 ed. São
Paulo: Pearson / Prentice Hall, 2009.
74