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INOVAÇÃO Por Edilene Silva CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS Início de uma Para 1.500 alunos de diversas universidades brasileiras o sonho de estudar em instituições de ensino superior estrangeiras agora é uma realidade. O s alunos selecionados formam o primeiro contingente de bolsistas na modalidade sanduíche do Programa Ciência sem Fronteiras (CsF), que segue para os Estados Unidos, em janeiro de 2012. Essa primeira chamada recebeu mais de sete mil inscrições, e a segunda turma viaja para o exterior em julho próximo. Na mesma cerimônia realizada em Brasília no mês de dezembro para anúncio dos primeiros estudantes selecionados, a presidenta Dilma Rousseff assinou o decreto que regulamenta o CsF e cria um Comitê Gestor para gerenciar suas atividades. De acordo com o ato, o programa concederá bolsas de estudos em instituições de excelência no exterior nas modalidades graduação-sanduíche, educação profissional e tecnológica e pós-graduação, sendo doutorado-sanduíche, doutorado-pleno e pós-doutorado. Foi anunciado também o aumento da meta de bolsas para 2014. Agora, são 101 mil bolsas, sendo 75 mil do governo Federal – 40 mil da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e 35 mil do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI) – e as outras 26 mil serão concedidas pelo setor privado. O custo total de financiamento é estimado em R$ 3,5 bilhões. Os presidentes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Confederação Nacional da Indústria (CNI), Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB), Petrobras, Eletrobrás e Vale firmaram compromisso de participação no programa. Outras empresas como a Britich Gás, SAAB, Boeing, Portugal Telecom e Telecom Itália estão para concluir o acordo. Já em março de 2012, países como Holanda, Bélgica, Espanha, Portugal, Austrália, Canadá, Suécia, Coreia, China, Índia e Japão se unem ao programa. E as empresas do setor privado podem aumentar o número de bolsas. “A Britich Gás já assinou um convênio para 400 bolsas e a Petrobras quer aumentar a oferta para quatro mil”, ressaltou o presidente do CNPq, Glacius Oliva. Segundo ele, o setor privado quer ampliar a oferta de bolsas. Para a presidenta Dilma Rousseff, a iniciativa de enviar estudantes para aprendizado em outros países vai corrigir as diferenças sociais e dar as mesmas oportunidades para todas as classes. “Considero um dos grandes programas do meu governo”, disse ela, ao considerar que a questão é “essencial” para os brasileiros. Dilma ressaltou que, apesar de o país ter várias riquezas naturais e uma agricultura altamente competitiva, o Brasil precisará, em breve, de homens e mulheres capazes de produzir conhecimento. As áreas prioritárias das bolsas são das ciências básicas, como matemática, física, química e biologia, com ênfase nas engenharias. “A área de engenharia é um grande desafio para o Brasil, hoje temos um engenheiro formado entre 50 engenheiros na graduação”, disse o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, na cerimônia. Para ele, o CsF tem uma ênfase especial nas engenharias porque existe uma grande demanda no mercado de trabalho no país. Mercadante apontou também como foco do programa as áreas de ciências básicas. O programa prevê ainda curso de línguas para os selecionados, com duração de até oito meses, antes do início do curso no ensino superior. Os cursos serão on line ou presenciais nas universidades federais ou públicas durante o verão. “Nossa intenção é que o aluno tenha uma relação cultural profunda com o país em que ele vai estudar. O domínio da cultura e da língua é fundamental para o bolsista”, explica o ministro. Segundo ele, já existem seis universidades federais com curso de mandarim. “Achamos que o acordo com a China vai aumentar a demanda do chinês bem como o de outros idiomas, como é caso do francês, italiano e principalmente do inglês. Até porque as duas melhores universidades do mundo têm aulas com esse idioma”, disse. Esses cursos também serão ministrados para alunos que tiveram pontuação superior a 600 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e ingressaram no ensino superior. De acordo com o presidente da Capes, Jorge Guimarães, a surpresa veio na primeira chamada do programa, que foi apenas para os Estados Unidos, com a bolsa de graduaçãosanduíche. “Um terço dos selecionados tinha pontuação muito acima da mínima que as universidades americanas pedem para a língua inglesa, assim eles já estavam preparados”, ressaltou. RUMOS - 40 – Novembro/Dezembro 2011 nova era Lançamento das chamadas públicas – Na solenidade o governo fez também o anúncio dos editais para selecionar estudantes interessados em cursar o ensino superior no exterior. Os editais fazem parte do Ciência sem Fronteiras e oferecem 12,5 mil bolsas para cursos de graduação em cinco países – Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Itália e França – e de tecnólogo no Canadá. Todos os cursos serão oferecidos na modalidade sanduíche, aquela em que o aluno alterna o período de estudo entre o Brasil e o outro país escolhido. Para esses editais o período de inscrição vai até 15 de janeiro de 2012. Outros dois editais anunciados visam atrair cientistas para o Brasil. O programa Atração de Jovens Talentos (BJT) quer trazer jovens pesquisadores residentes no exterior, preferencialmente brasileiros. Já a modalidade Pesquisador Visitante Especial (PVE) prevê o intercâmbio em pesquisas por meio de parceria com lideranças internacionais. Nesse caso o acordo prevê a vinda ao Brasil por um período mínimo de dois meses enquanto vigorar a bolsa do cientista. Aqui ele terá recursos e bolsas para formar grupo de pesquisa Áreas prioritárias: que, quando de seu retorno, dará continuidade ao projeto que ele propor Ciências básicas, Engenharias e Áreas tecnológicas desenvolver no país. Esse cientista também poderá levar para seu laboratório Modalidades de bolsas e metas globais (2011-2015) de origem estudantes brasileiros integrados ao grupo que ele formou no 27.100 Bolsa Brasil Graduação (1 ano) Brasil. 24.600 Bolsa Brasil Doutorado (1 ano) Como lembra Glaucius Oliva, manBolsa Brasil Doutorado Integral (4 anos) 9.790 dar brasileiros para estudar no exterior Bolsa Brasil Pós-doutorado (1 ou 2 anos) 8.900 não é novidade para o Brasil, “pois essa Bolsa Brasil Jovens Cientistas de Grande Talento (3 anos) 860 ação já é desenvolvida há várias décaPesquisadores Visitantes Especiais no Brasil (3 anos) 390 das”. A novidade, lembra o presidente Outras modalidades de bolsas 3.360 do CNPq, é que agora isso será feito Total de bolsas de governo 75.000 dentro de um formato republicano, Total de bolsas das empresas 26.000 com possibilidades da inserção de pes(distribuídas entre as modalidades) soas de várias classes sociais, de maneira democrática, com a participação de Total de bolsas 101.000 vários países, e com o envolvimento da Fonte: MCT iniciativa privada. n O ministro Mercadante também anunciou que todos os estudantes escolhidos receberão um laptop e que o programa quer criar uma rede social para a troca de conhecimento entre os participantes. “Não se trata de um programa entre universidades, mas um compromisso com os nossos melhores alunos que queiram estudar em universidades de excelência do mundo”, frisou. Para os alunos selecionados os recursos cobrirão passagem aérea, auxílio instalação, auxílio mensal, seguro saúde e, em alguns casos, as taxas da universidade estrangeira. “Queremos mandar para o exterior a elite intelectual, seja ela pobre ou rica”, diz o ministro da Educação, Fernando Haddad. Os alunos que se candidataram para a primeira cota de bolsas e não foram selecionados podem participar outra vez. “A oferta de vagas aumentou nesse segundo edital. Os Estados Unidos ampliaram sua oferta de 1,5 mil para 3 mil bolsas e ainda serão mais 2,5 mil para a Alemanha, Inglaterra, França e Itália”, informou Mercadante. RUMOS - 41 – Novembro/Dezembro 2011