Hormonas vegetais
Transcrição
Hormonas vegetais
Hormonas vegetais “Uma das características básicas da vida é a capacidade de responder a estímulos do meio” Em resposta a factores externos, as plantas produzem mensageiros químicos, as hormonas vegetais ou fitohormonas, que actuam em células-alvo, desencadeando respostas anatómicas, fisiológicas e comportamentais. • Charles Darwin e o seu filho, Francis Darwin, desenvolveram um trabalho de investigação para perceber por que razão as plantas apresentam fototropismo, isto é, movimento condicionado pela luz. • Outros investigadores contribuíram para esclarecer esta questão, como por exemplo Boysen-Jensen. Porque ocorre o fototropismo? • Resolva o Doc. 9 da página 175 do manual Sugestão de resposta ao Doc. 9 • Verifica-se nestas experiências que os coleóptilos são influenciados pela luz: – Quando a luz é uniforme, crescem verticalmente; – Quando a luz é lateral, crescem inclinados para ela. • Conclui-se que o ápice do coleóptilo é influenciado pela luz, enviando uma mensagem para a parte inferior do coleóptilo que o leva a encurvar-se. • Trinta anos depois, Boysen-Jensen esclareceu qual a natureza da mensagem que era transmitida do ápice para a base do coleóptilo. Este investigador pôs em evidência a natureza química da mensagem, uma vez que ela atravessava uma substância porosa, a gelatina, mas não atravessava uma barreira intransponível, a placa de mica. • Resumindo… – O ápice do coleóptilo é influenciado pela luz; – A partir do ápice do coleóptilo é enviada uma mensagem química, uma hormona vegetal, que, por difusão, chega à região inferior do coleóptilo; – O encurvamento resulta de um crescimento desigual das células. As que estão mais afastadas da luz recebem maior quantidade de hormona e ficam mais longas do que as que ficam mais próximas da luz. O coleóptilo fica mais longo de um lado do que do outro, daí a inclinação. • Assim se encontrou a primeira hormona vegetal, que se chama auxina (auxein = crescer). • Posteriormente foram encontradas outras hormonas vegetais. • As hormonas vegetais são menos específicas do que as hormonas dos animais, quer ao nível das células onde actuam, quer nos efeitos que provocam. • Cada hormona pode ter diferentes efeitos dependendo da sua concentração, do local onde actua, do estado de desenvolvimento da planta e do equilíbrio que se estabelece entre diferentes tipos de hormonas. • São produzidas ao nível dos tecidos com células em franca divisão e são transportadas pelo floema. • Podem considerar-se cinco tipos de hormonas, e cada tipo inclui várias hormonas: – Auxinas, – Giberelinas, – Citocininas, – Etileno, – Ácido abcísico. Hormona Origem Alvo Aplicações na agricultura •Em baixas concentrações, estimulam o desenvolvimento de raízes; •Promovem o alongamento dos caules; •Estão envolvidas em fenómenos de tropismo. Meristemas de raízes e gomos Células de raízes, caules e folhas Antecipa a floração, controla a queda precoce dos frutos, a fim de obter maior crescimento, estimula o enraizamento de estacas, promove o desenvolvimento de frutos sem semente, herbicida selectivo, impede a formação das gemas nas batatas. Cloroplastos e tecidos das folhas Células do caule Giberelinas •Estimulam o alongamento das células e a divisão celular, provocando o alongamento do caule; •Participam na germinação; •Afectam a floração e a formação dos frutos. Interrompe a dormência das sementes, promove o desenvolvimento do ovário e a formação de frutos sem semente, substitui a acção da luz na floração em plantas que necessitam de muitas horas de luz para florir. Em vários tecidos das plantas Tecidos em crescimento de raízes, caules e folhas Retarda a senescência e o amarelecimento das folhas. Citocininas •Estimulam a divisão celular; •Em conjugação com as auxinas são responsáveis pelo aparecimento dos órgãos nas plantas e retardam a sua degradação. Folhas Etileno •Influencia sobretudo o amadurecimento dos frutos e a queda das folhas. Tecidos de caules e gomos Acelera a queda da folha, promove o amadurecimento dos frutos. Tecidos de raízes e folhas envelhecidas Frutos e flores Provoca a dormência de algumas sementes que estariam em condições de germinar. Ácido abcísico •Inibe o crescimento e promove a dormência nas plantas, bloqueando a germinação de sementes; •Interfere com a permeabilidade das células estomáticas, provocando o fecho dos estomas. Auxinas Acções • Tendo em conta a variabilidade de hormonas, de um modo geral, pode afirmar-se que: – As auxinas, as giberelinas e as citocininas estimulam a divisão celular e o alongamento das células; – O ácido abcísico é um inibidor do crescimento, induzindo ou mantendo a dormência; – O etileno é um gás que afecta o amadurecimento dos frutos e a queda das folhas. O desenvolvimento das plantas e os “sinais de luz” • Apesar da explosão floral típica da Primavera, embora de forma mais discreta, vamos tendo flores o ano todo. Quando florescem as plantas? • Resolva o Doc. 10 da página 181 do manual Sugestão de resposta ao Doc. 10 • A floração é, por vezes, uma resposta das plantas ao fotoperíodo. • Assim, as plantas podem classificar-se em: – Plantas de dia longo; – Plantas de dia curto; – Plantas de dia intermédio; – Plantas indiferentes. • Dados experimentais vieram demonstrar que é a duração do período de obscuridade que condiciona a floração, daí que, em rigor, as plantas de dia longo deveriam chamar-se plantas de noite curta e as de dia curto, plantas de noite longa. • A duração mínima ou máxima de obscuridade capaz de provocar a floração chama-se período crítico de obscuridade. obscuridade • As plantas de dia curto florescem quando a duração da noite é igual ou maior do que o período crítico de obscuridade. • As plantas de dia longo florescem quando a duração da noite é igual ao menor que o período crítico de obscuridade. • As plantas indiferentes devem responder a outros estímulos para florir. Hormonas vegetais: uma evolução agrícola a que preço? • Como já vimos, as fito-hormonas podem ter inúmeras aplicações na agricultura, no entanto, levantam-se algumas reservas no que diz respeito não só à saúde humana mas também ao equilíbrio do ambiente. – A comercialização e a dosagem na aplicação de fitohormonas não são objecto de um controlo rigoroso. – Os frutos amadurecidos artificialmente e as plantas forçadas a crescer podem não ter o mesmo valor nutricional e, seguramente, não têm o mesmo sabor. Esta revolução agrícola precisa de ser controlada. É preciso equacionar as vantagens e os riscos e valorizar uma prática agrícola com sentido ético.