Tênis Jogando Melhor, clique aqui para ler meu livro.

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Tênis Jogando Melhor, clique aqui para ler meu livro.
PROFESSOR
MAURO SIQUEIRA
TÊNIS
JOGANDO MELHOR
PROFESSOR
MAURO SIQUEIRA
TÊNIS
JOGANDO MELHOR
Ilustrações
de
Ângela Bressane
©1991 by Mauro Siqueira
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
FUNDO, 81
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
– A ORIGEM DO JOGO , 11
– PRINCÍPIOS TÉCNICOS BÁSICOS, 16
– A PEGADA CONTINENTAL, 18
– A BATIDA DE DIREITA, 25
– A BATIDA DE ESQUERDA, 26
– A BATIDA DE ESQUERDA COM AS DUAS
MÃOS ,30
– TOPSPIN E UNDERSPIN, 34
– A DIREITA COM TOPSPIN, 34
– A ESQUERDA COM UNDERSPIN, 36
– A ESQUERDA DUAS-MÃOS COM TOPSPIN, 39
– “GAME’’, MARCOS DE VASCONCELLOS, 40
– COORDENAÇÃO MOTORA, 47
– A CORRIDA, 50
– O SAQUE, 52
– O VOLEIO, 57
– A LINGUAGEM DO ESPORTE, 61
– USE MELHOR O CORPO, 67
– AS RAQUETES, 72
– A DEVOLUÇÃO DO SAQUE, 76
– O SMASH, 79
– COMPLEMENTO PARA OS GOLPES DO
– LOB E DROP-SHOT, 83
– A AMERICANA E A AUSTRALIANA, 89
– AS PEGADAS EASTERN, 92
– A DIREITA TOPSPIN, 95
– A ESQUERDA TOPSPIN ,97
– A PEGADA AUSTRALIANA OU BETWEEN, 101
– O SAQUE SLICE, 102
– O SAQUE LIFTADO OU AMERICAN TWIST, 105
– A DIREITA COM UNDERSPIN, 114
– O APPROACH-SHOT, 116
– OS TREINAMENTOS, 118
– PARA TREINAR A DIREÇÃO, 124
– USE UMA ESCADA PARA MELHORAR SEU
JOGO, 127
– O TIE-BREAK, 129
– ENCONTRE O SEU RITMO, 131
– REGRAS OFICIAIS, 135
INTRODUÇÃO
O jogo de tênis – hoje um dos mais populares do
mundo – tem uma marcação de pontos muito peculiar e até
mesmo bizarra. Aliás, as particularidades desse jogo não param
aí: a quadra onde é jogado tem medidas especialíssimas,
chegando a minúcias de milímetros. Os “corredores” laterais
para os jogos de duplas, por exemplo, têm rigorosamente 137
centímetros de largura e a distância entre a linha de fundo da
quadra e a linha de saque é de 548 centímetros e 5 milímetros.
A quadra, inicialmente, era apenas de grama rente ao
chão, de corte muito curto; mais tarde surgiu o quadrilátero
pavimentado com pó de tijolo e, mais recentemente, a grama
sintética e várias argamassas asfálticas que fazem a bola correr
mais rapidamente; daí serem classificadas de fast-tennis (tênis
rápido).
Uma partida é dividida em sets e cada set em 6
games; a contagem é de 15 a favor para o jogador que fizer o
primeiro ponto; o segundo ponto vale 30 e o terceiro, 40. O
quarto ponto ganho vence o game. Porém, se cada um dos
jogadores ganhou 3 pontos (40x40), o ponto seguinte dá ao
ganhador a vantagem e ele só vence o game com um segundo
ponto consecutivo. Se o jogador que detém a vantagem perder o
ponto o escore volta a 40x40 (diz-se iguais em 40). O jogador
que fizer seis games vence o set com uma diferença de, no
mínimo, 2 games.
Estas são as generalidades do jogo. Ao longo deste
trabalho, que pretendi fazer o mais completo em termos de
informação, todas as outras particularidades desse jogo
fascinante serão abordadas. Em algumas ocasiões, ou em
algumas passagens, o leitor poderá julgar que o texto é ocioso,
mas é preciso considerar que o livro também se destina a
iniciantes ou simplesmente aficionados que gostariam de
entender a mecânica, aparentemente confusa, do lawn-tennis.
Por enquanto (apenas por enquanto) o serviço é meu.
M.S.
CAPÍTULO 1
A ORIGEM DO JOGO
Você já deve ter se perguntado o porquê da contagem
no tênis ser 15, 30, 40 (e não 45) e mais um ponto que não
tem número correspondente para se fazer um game, ou um
a zero. A resposta está num jogo francês, muito em voga
nos séculos XII a XVI, o jeu-de-paume.
O “jogo da palma”, como poderíamos traduzir
literalmente, era chamado assim por motivos óbvios. Os
participantes usavam a palma da mão para bater na bola,
jogando numa quadra de certa forma semelhante às atuais
de tênis, apenas de dimensões bem maiores.
A bola usada nesse jogo era feita de cortiça e forrada
de flanela, pesando 18g (as que se usam para jogar tênis
pesam 60g) e era batida com a palma da mão, devendo
transpor uma corda no meio da quadra e, ao cair no campo
adversário, um dos jogadores deveria devolvê-la pelo
mesmo processo até que uma das equipes cometesse falta,
que eram as seguintes:
11
o
o
o
o
a bola cair fora dos limites do retângulo do jogo;
a bola cair antes da corda, ou sobre ela;
a bola ser tocada por dois jogadores da mesma
equipe;
a bola tocar o corpo do jogador.
O jeu-de-paume, como você pode ver no desenho da
quadra, era praticado com seis jogadores de cada lado para
cobrir quarenta metros de quadra, e o saque era dado a 19
metros da corda do meio. Nesse jogo, que também era
conhecido como longue-paume (longue = comprido), o
sacador, quando marcava um ponto, avançava 15 pés para
dar o saque seguinte. No segundo ponto, avançava mais 15
- total 30 pés - e idem para o terceiro, o que levava o
jogador a sacar muito perto da corda, pois 45 pés é igual a
13,716 metros. Como então a vantagem do sacador fosse
muito grande, modificou-se a regra, dando ao terceiro
ponto ganho o direito de avançar somente 10 pés,
totalizando 40 pés com o terceiro ponto. Da mesma
forma, as vantagens foram estabelecidas para diminuir o
favoritismo do sacador. As partidas eram jogadas em
melhor de 11 jogos, saindo vencedora a equipe que fizesse
os primeiros 6 jogos.
Uma outra singularidade do jeu-de-paume é que os
franceses, antes de sacar, diziam alto a palavra tenez, que
poderíamos traduzir como: pegue! olhe! segure! Note a
semelhança, gráfica e sonora, entre as palavras tenez e
tennis. Acredita-se ser essa a origem do nome do jogo,
assim como os 15, 30 e 40 pés que se avançavam após o
primeiro saque originaram a contagem.
O jeu-de-paume, que normalmente era jogado em rua
das cidades, acabou dando lugar ao court-paume, uma
versão mais curta e em recinto fechado:
12
QUADRA DE COURT_PAUME
VISÃO SUPERIOR
QUADRA DE ROYAL TENNIS
VISÃO LATERAL
13
Foi no século XIV,com o aparecimento da
raquete, uma invenção italiana, que o court-paume tornouse menos violento e mais interessante, acabando de
emigrar, cruzar o canal da mancha e difundir-se
rapidamente na Inglaterra.
Henrique XIII, que reinou entre 1509 e 1547, foi
considerado o melhor jogador de sua época. Suponho que
tal apreciação tenha sido uma cortesia prudente dos
adversários de sua Majestade, considerando os destino de
Ana Bolena, sua segunda esposa, e Catherine Howard, a
quinta, ambas decapitadas por decreto real.
Mas foi em 1874, um ano depois de voltar da
Índia, onde estivera a serviço de sua Majestade, que o
major inglês Walter Wingfield resolveu patentear uma
invenção: o sphairistike, nome que os gregos davam a
todos os exercícios com bolas (esfera, sphere em inglês).
Para nossa sorte (você já imaginou sair de casa
dizendo: “tchau, vou jogar sphairistike”?) esse nome não
sobreviveu e logo depois passou a chamar-se lawn tennis
(lawn de gramado, onde normalmente era jogado).
Esse major, ainda da Índia, mudou a
configuração geométrica das quadras usadas até então no
longue-paume, court-paume e no royal tennis (a versão
britânica que sucedeu ao court-paume) e idealizou a
primeira quadra de lawn tennis.
O inventivo major, carregando sempre a sua
mala de madeira contendo bolas de borrachas (que haviam
surgido em fins do século XIX), uma rede, livro de regras
e algumas raquetes, fez sucesso; primeiro na Índia e
depois na Inglaterra, onde a receptividade foi tanta que ele
logo passou a comercializar a sua mala. Assim,
começaram a aparecer nos jardins das casas das pessoas da
alta classe as primeiras quadras de lawn tennis.
14
Em 1875, como os clubes ingleses variassem
muito nas leis do jogo, foi nomeada uma comissão para
unificar as regras e, apesar dos protestos do seu inventor,
as quadras acabaram tomando o formato retangular de
dimensões próximas às que são usadas até hoje. Uma
curiosidade ficou por conta de um dos membros dessa
comissão, J. H. Hales, que propôs que as mulheres
pudessem rebater a bola após o segundo quique, já que
seus vestidos longos as impediam de correr com
desenvoltura. A proposta foi repudiada pela maioria.
15
CAPÍTULO 2
PRINCÍPIOS TÉCNICOS BÁSICOS
Se você é um jogador, ou mesmo um iniciante,
não importa sua categoria, verá que algumas regras que
nada têm a ver com o jogo do tênis podem vir a ser úteis
para que se possa entendê-lo melhor.
Comecemos por um exemplo simples: um
mosquito impertinente está chateando você. Qual a sua
reação? Claro, dá um tapa tentando se livrar do mosquito.
Mas acontece que esses bichinhos são rápidos e
se você não prestar a maior atenção dificilmente vai
acertar o inimigo... Então você determina onde será o
impacto, toma um pequeno impulso e vapt... Lá se vai o
mosquito. Muito bem, mas certamente você nunca
analisou esse movimento, que já deve ter sido executado
centenas de vezes. Onde foi parar o seu braço após ter
batido no pequeno voador? Imite o gesto e repare. Melhor
ainda, pegue um pequeno pedaço de papel, amasse-o e
arremesse-o com um pequeno tapa numa direção qualquer.
Note que o seu braço “avança” um pouco na direção em
que você quis mandar a bola, e sua trajetória, após o
impacto, é igual ou maior que o espaço usado para tomar
impulso.
Vamos agora para uma outra regra que nos será
útil mais adiante. Enquanto o nosso primeiro exemplo tem
a ver com a Física, nesse vamos nos socorrer da
Geometria.
Se você bate numa bola com uma raquete, a
trajetória dessa bola, depois de rebatida, está sempre
contida em um plano perpendicular ao plano da raquete,
na sua menor dimensão, não importando o ângulo dessa
trajetória.
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ABCD Æ PLANO PERPENDICULAR AO DA RAQUETE
AB Æ MENOR DIMENSÃO DA RAQUETE
E
Æ PONTO DE IMPACTO DA BOLA
FG Æ VARIAÇÃO POSSÍVEL DA TRAJETÓRIA DA
DEVOLUÇÃO DA BOLA
A primeira impressão que se tem ao assistir a
uma partida de tênis pela televisão é que os jogadores
usam o braço para jogar, assim como o jogador de futebol
usa os pés para chutar a bola. Mas isso é uma maneira
simplista de analisar esses golpes. Tanto o tenista como o
jogador de futebol estão usando o corpo todo quando
batem ou chutam a bola, porque para usar o braço ou o
pé várias cadeias musculares entram em ação para fazer
duas coisas, basicamente: uma é manter-se em equilíbrio
com a lei de gravidade, e a outra para dar força à batida
No caso do jogador de tênis, o braço é apenas o
intermediário entre a força que seu corpo produz e a
raquete que irá impulsionar a bola.
17
Portanto, para manter-se em equilíbrio com a
gravidade do nosso planeta, você não precisa se preocupar,
pois o seu corpo, “inteligente” que é, saberá sempre
realizar os movimentos de compensação para que você
não desabe na quadra. Já para dar potência às suas batidas
existem muitos estudos já feitos que irão ajudá-lo. Desde o
primeiro torneio de Wimbledon, há mais de um século
(1877), já se sabia que a melhor maneira de bater numa
bola de tênis é ficando de lado para a quadra, ou seja, de
perfil para o lugar que você deseja que a bola atinja. Por
quê? Bem vamos tratar disto detalhadamente, mais
adiante. Contudo, como se trata de um gesto centenário,
vamos tomá-lo como uma verdade estabelecida para
melhor compreendê-la nos itens seguintes.
A PEGADA CONTINENTAL
Vamos agora analisar como podemos vencer a
maior dificuldade que o jogo de tênis nos apresenta.
Teremos que jogar a bola a uma distância considerável
usando um instrumento longo: a raquete. Para tornar essa
tarefa mais fácil, devemos transformar a raquete numa
continuação de duas coisas sobre as quais temos bastante
controle: o nosso braço e a nossa mão aberta. Poderíamos,
se fosse o caso do jeu-de-paume, usá-los com total
facilidade e desenvoltura, pois se tratam de nossos velhos
conhecidos. Portanto, vamos escolher inicialmente a
maneira de segurar a raquete que faz com que essas
noções continuem nos auxiliando, ou seja, aquela que faz
com que a raquete, a palma da mão e o braço fiquem numa
linha reta: “a pegada continental”.
É importante analisarmos, primeiramente, essa
maneira de segurar a raquete, porque ela é unanimente
utilizada pelos tenistas em mais de 50% dos golpes do
18
jogo (que são, no mínimo, quinze). A pegada continental é
também a mais indicada para quem se inicia no tênis, pois
pode ser usada para todos os golpes, encaixando-se
perfeitamente em alguns e com menos vantagens em
outros, mas dando sempre ao tenista sensibilidade para a
relação mão/cabo da raquete - tato, mais precisamente. Ela
faz ainda com que o jogador utilize sempre as mesmas
cadeias musculares, o que acaba traduzindo-se em força,
pois os músculos respondem melhor quando são
regularmente acionados. Além disso, parece-me claro que,
para quem está começando, ter uma pegada para a direita,
outra para a esquerda e outra ainda para o saque (sacar
com a pegada eastern de direita 1 por exemplo, é um erro
que retarda o aprendizado do saque, acontecendo o mesmo
com o voleio) é complicar inutilmente uma coisa fácil:
jogar tênis. Par dar um pequeno exemplo, Bjorn Borg, um
dos maiores jogadores de todos os tempos, que
revolucionou o tênis com seus incríveis topspins 2 e suas
esquerdas geniais sempre batidas com as duas mãos na
raquete, usava a pegada continental para os voleios de
direta e de esquerda, para o saque e o smash 3.
19
Apenas a porção inferior da região hipotenar tocará as faces 1 e 2 do
cabo da raquete.
A passagem para outras pegadas, que virão com a
evolução do jogador, quando este já tiver tempo para dar
atenção à troca de empunhaduras no meio de um jogo, se
faz sem dificuldade.
Vamos esquecer, por ora, que você já está
‘’estraçalhando’’ no seu clube, valendo-se de outras
pegadas, para simplesmente raciocinar um pouco sobre
uma forma de entender melhor os mistérios desses
movimentos pluriarticulados que usamos para jogar e que
envolvem a nossa coordenação neuromuscular.
20
Façamos uma pequena recapitulação antes de ter
a nossa primeira aula “na quadra” lembrando três coisas
básicas: segure a raquete de maneira que ela fique em
linha reta com o braço; a melhor forma de bater numa
bola é ficando de lado para a quadra; a bola sai sempre
perpendicular ao plano da raquete.
É aconselhável que o professor de tênis, antes de
entrar na quadra com alguém para uma primeira aula, tente
conhecer alguma coisa sobre essa pessoa, conhecimento
esse que vai ajudar a determinar o objetivo, a intensidade
e o ritmo dos treinamentos que virão; além disso, deve
procurar revelar um pouco da sua personalidade, para
facilitar essa troca de conhecimentos. É o meu
procedimento e confesso que sempre obtive bons
resultados. É evidente que através de um livro esse
processo é mais difícil, mas, para melhor situar você como
jogador, traduzi o “Programa Nacional de Avaliação de
Tenistas”, elaborado em 1983 pela U.S.T.A. (United
States Tennis Association).
1.0
Este jogador está apenas começando a jogar tênis.
21
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
Este tem experiência limitada e ainda está tentando,
de uma forma primária, fazer a bola passar a rede;
tem algum conhecimento da contagem, mas não
está familiarizado com as posições básicas e
procedimentos em jogos de simples ou de duplas.
Este tem noções adquiridas em aula, mas precisa de
experiência de quadra; tem fraqueza nas batidas,
mas começa a se sentir confortável com jogos de
simples e de duplas.
É o jogador que já bate com mais confiança e
começa a julgar para onde a bola está indo; tem
pouca noção de cobertura na quadra e é
freqüentemente apanhado fora de posição,mas está
começando
a manter a bola em jogo com
adversário do mesmo nível.
Este jogador já pode fazer algumas jogadas com
relativo sucesso; pode sustentar uma volta à
posição em ritmo lento, mas ainda não se sente
confortável com todas as batidas; falta controle
quando tenta acrescentar força.
Este atingiu a segurança e direção em batidas de
alcance, incluindo os voleios de forehand* e
backhand*, mas ainda não tem profundidade e
variedade; comete algumas duplas faltas e
ocasionalmente ganha pontos no saque.
É um jogador que tem batidas paralelas seguras de
forehand e backhand; tem habilidade de usar um
variado número de batidas, incluindo lobs, smashs,
approach-shots e voleios; pode colocar o primeiro
serviço e ganha ponto no saque;raramente está fora
de posição em jogos de duplas.
*FOREHAND: Golpe pelo lado direito.
*BACKHAND: Golpe pelo lado esquerdo.
Para os canhotos, inverte-se; FOREHAND é o lado esquerdo
e BACKHAND, o lado direito.
22
4.5
5.0
5.5
6.0
6.5
7.0
Este começou a dominar o uso de força e spins,
pode controlar profundidade nas batidas e é capaz
de mover o adversário para frente e para trás; pode
bater o primeiro serviço com força e precisão e
colocar o segundo saque; é capaz de ir à rede com
sucesso quando servindo em simples e duplas.
Trata-se de um jogador que tem boa antecipação
para bater; freqüentemente tem uma batida
imponente ou uma consistência excepcional na
estrutura do jogo; pode regularmente vencer
ganhadores; pode executar com sucesso lobs, dropshots, bate-pronto* e smashes; consegue
profundidade e spins na maioria dos segundos
saques.
Este pode executar ofensiva e defensivamente
todas as jogadas; pode rebater com segurança,
mesmo sob pressão; é capaz de analisar o estilo de
seu adversário e pode empregar modelos de
jogadas para assegurar uma maior possibilidade de
ganhar pontos; pode ganhar pontos no primeiro e
no segundo saques; o retorno do serviço pode ser
uma arma ofensiva.
É um jogador que conhece a fundo e domina todas
as habilidades acima relacionadas; já desenvolveu
força e/ou consistência como arma principal; pode
variar as estratégias e estilos em situações
competitivas. Este é o jogador que teve treinamento
intensivo para competições nacionais.
Este tem domínio de todas as habilidades acima
descritas e é um jogador experimentado, que
regularmente viaja para competir e cuja renda varia
parcialmente de prêmios ganhos.
É um jogador de classe internacional.
*BATE-PRONTO: Golpe onde se toca a bola imediatamente após o quique.
23
Procurando colocar o jogo de tênis ao alcance de
quem nunca jogou e tentando ajudar a você que acha o
jogo difícil e que muitas vezes sai de quadra irado como
um McEnroe (o endiabrado e genial campeão americano),
vamos decompor os movimentos usados nas batidas de
uma forma gradativa para que, entendendo as várias fases,
você possa encontrar e corrigir os defeitos que o pertubam.
O tênis é um jogo que envolve movimentos
físicos de outros esportes, como correr, saltar e
arremessar, e usa atritos motores básicos de rapidez,
destreza e resistência. Para controlar tudo isso, você conta
com uma qualidade chamada coordenação motora, que
analisaremos um pouco mais à frente.
Já vimos que para bater num mosquito ou numa
bola de papel sempre temos que tomar um impulso para
conseguirmos força, e a continuação que o movimento
fará sempre irá corresponder ao tamanho do impulso
tomado (ou talvez maior um pouco). Isso se ajusta como
uma luva para todos os golpes que usamos no tênis e
obedece ao princípio básico da mecânica, que foi
enunciado por Arquimedes: “a toda ação corresponde uma
reação de igual força e em sentido contrário”.
Portanto para bater numa bola você sempre deve
tomar um bom impulso e, após o golpe, continuar o
movimento, usando no mínimo o mesmo espaço da
preparação. Já foi visto também que o tenista usa o corpo
todo ao jogar, mais precisamente usa o seu peso para
ajudá-lo em todos os golpes nesse jogo. Vamos começar a
ver então as condições ideais para usarmos o nosso peso
nas batidas de direita e esquerda.
24
A BATIDA DE DIREITA
BATA NA BOLA À ALTURA DA CINTURA
Para se acostumar a dominar a raquete o
principiante deve executar o movimento mais simples para
25
bater: o movimento reto, sem efeitos. Como a bola deve
ser batida quando estiver na altura da cintura, o
movimento deve começar e terminar nessa mesma altura.
A vantagem dessa simplificação é dar ao jogador tempo
para se acostumar à (estranha a princípio) posição de lado
para a quadra. Numa primeira aula o tenista deve treinar a
direita isoladamente da esquerda, e já ir dando atenção
para essas três coisas básicas:
1) a pegada – no começo, a raquete teimará em fugir do
lugar mas, após alguns treinos, seus músculos já
começarão a mantê-la na posição certa mais facilmente;
2) o braço esquerdo – é fundamental para o equilíbrio,
devendo ficar tão “aberto” quanto o direito, estando em
posição de segurar a raquete no final do movimento, o
que assegura uma continuação sempre igual;
3) a noção de um movimento reto – no começo, sua
musculatura “curta” fará com que a raquete suba ou
desça em relação a essa reta; mas logo, com um pouco
de treino realizado com atenção, seus músculos irão se
alongando e obedecendo melhor aos comandos.
A BATIDA DE ESQUERDA
26
BATA NA BOLA À FRENTE DA PERNA DE APOIO
É nesse ponto que se dá a passagem do peso do
corpo vindo de trás para frente. Poderíamos até dizer que
esse é o ponto central da batida.
Se você for treinar no paredão, use pouca força
para melhor controlar a altura em que a bola virá; prefira
bolinhas mais murchas, que quicam menos, ou então deixe
a bola quicar mais de uma vez. É importante facilitar as
coisas no começo e o principal é aprender os movimentos;
quando estes já estiverem sob controle, será mais fácil
então dominar a bolinha.
Após um pequeno treino, com um mínimo de
corridas (o jogador deve começar a correr para bater nas
bolas quando já souber batê-las, quando dominar algumas
coisas básicas para executar uma batida consciente) o
tenista já começa a ter noção de direção e deve tentar jogar
a bola no centro da quadra. O centro é bem maior que os
cantos; portanto,vamos iniciar com um objetivo fácil para
depois de algum tempo aperfeiçoarmos a direção.
27
Se, ao fazer esse treino com a direita, a sua bola
estiver indo para o canto direito do seu adversário é sinal
de que você está batendo “cedo”, antes que ela chegue à
frente da perna esquerda; se a bola estiver indo para o
canto esquerdo do seu oponente, é sinal de que você está
batendo “tarde”,quando a bola já passou do ponto ideal.
No paredão você poderá exercitar bem isso, ficando de
lado e mandando a bola voltar à sua direita. Repare nos
desenhos que a perna que fica mais à frente do corpo é
sempre oposta ao lado do qual se vai bater. Portanto,a
perna de apoio para o lado direito é a esquerda e para o
lado esquerdo é a direita.
Bata com o braço esticado
28
É importante acostumar-se desde cedo a fazer o
movimento da batida com o braço esticado pois, batendo
com o braço reto, você trabalha e desenvolve mais
músculos em relação a quando o braço está flexionado. Ao
bater na bola com o braço dobrado, você tensiona menos
músculos, sobrecarregando-os desnecessariamente.
Mais importante ainda é conseguir, com o braço,
fazer uma “alavanca de força”, que transferirá o seu peso
para a bola no instante da batida. Para conseguir essa força
extra, a alavanca (o seu braço) deve ser reto e firme. Como
se sabe, uma alavanca é uma barra rígida que pode oscilar
à volta de um ponto fixo para levantar grandes pesos. Para
conseguir manter o braço esticado até próximo ao final do
movimento, o corpo deve girar, acompanhando a trajetória
da raquete e do braço, que deverá ser na direção do seu
alvo. Desse modo,o peso virá de trás para essa direção.
A princípio, os músculos das costas tentarão
“segurar” o movimento, mas com um pouco de treino seus
músculos irão se alongando e tornando o giro mais fácil.
29
A BATIDA DE ESQUERDA COM AS DUAS MÃOS
A técnica da esquerda com duas mãos é
basicamente a mesma do golpe com uma só mão. Existem
nesse golpe vantagens e desvantagens, sendo a principal
vantagem o acréscimo de força que o braço esquerdo (ou o
direito para os canhotos) imprime à batida. Tendo mais
força, o controle da raquete fica mais fácil, aumentando
assim o domínio sobre esse golpe. Com a ajuda da força
do braço direito, o esquerdo acaba predominando, acaba
“mandando” mais no golpe, dando mais facilidade para
dominar também a direção da bola.
A maior desvantagem é você ter que se
aproximar mais da bola para bater, pois com as duas mãos
na raquete o alcance diminui. Melhor dizendo, o braço
esquerdo encurta nossa envergadura, o que representa ter
que correr sempre um pouquinho mais para alcançar a
bola.
30
Eu considero esse golpe ideal para crianças,
pois o golpe só com uma das mãos demora a ganhar
consistência e força, representando um atraso considerável
no aprendizado. As mulheres que não tenham praticado
muitos esportes, antes de se iniciarem no tênis, também
ganharão com essa força extra do outro braço.
Muitos esportes são praticados com bola e um
instrumento para batê-las, como o golfe, o beisebol e o
hóquei, e os jogadores usam as duas mãos para segurar
tais instrumentos. Isso demonstra que não tem fundamento
o preconceito de muitos tenistas por essa maneira de bater
com a esquerda. Principalmente depois que jogadores
como Connors e Borg dominaram o tênis por quase uma
década, esse golpe, em que ambos eram mestres, ganhou o
seu lugar e qualquer pessoa que decida utilizá-lo estará
fazendo uma boa opção.
Bastarão um ou dois treinos exercitando a direita e
a esquerda, sempre separadamente, para que você já
comece a sentir domínio sobre as coisas básicas e possa
passar adiante e treinar as batidas com efeito. O
treinamento, feito todo ele na altura da cintura, tem a
finalidade única de dar ao principiante a noção de que,
para se dar força à bola, nunca se pode usar um
movimento em curva .
Se você é um assíduo espectador de grandes
torneios, seja ao vivo ou pela TV, poderá julgar essa
informação incorreta, pois identificará no gesto dos
grandes jogadores movimentos curvos nos golpes de
direita e esquerda do fundo da quadra. As razões dessa
diferença são duas: a primeira é que para trabalhar o
alongamento da musculatura das costas, e também da
musculatura inserida no ombro, deve-se fazer um
31
movimento mais simples, portanto de maior possibilidade
de domínio. A segunda é porque as curvas que você
identificou nesses jogadores representam um acréscimo na
preparação, um movimento a mais para ganhar impulso, e
isso o iniciante passará a incluir na sua batida no devido
tempo.
Tomando por base que a bola deve ser batida na
altura da cintura, o tenista tem três possibilidades para
bater:
1) A BATIDA RETA (flat, em inglês, que significa
horizontal, plano, palma da mão etc)
O movimento como você treinou, começando na
altura da cintura, batendo e terminando na mesma altura,
faz com que se consiga bastante força no golpe; mas como
a bola não tem nenhum efeito, torna-se mais difícil
controlá-la, principalmente porque a trajetória dela faz
com que ultrapasse quase raspando a rede e, ao mínimo
erro no toque, é na rede mesmo que a bola fica. Essa
maneira de bater, largamente utilizada até duas décadas
atrás - quando ainda era considerado ofensivo e
deselegante um jogador dar efeito na bola para tentar
dificultar a rebatida do seu adversário, tradição legada
pelos gentlemen ingleses, inventores do jogo -, cedeu lugar
às batidas com efeito que permitem maiores controle sobre
a bola.
2) A BATIDA DE CIMA PARA BAIXO
Dessa maneira você tem que iniciar o
movimento acima da linha da cintura e terminá-lo abaixo
dessa linha. Esse é o efeito que dá o maior controle sobre a
bola, mas o golpe dado nesse sentido diminui a potência
32
da batida. A trajetória da bola, embora descreva uma reta,
não é tão “perigosa” quanto a da batida horizontal, pois o
efeito permite mais domínio sobre a profundidade do
golpe. O giro que a bola descreve sobre si mesma
denomina-se spin em inglês, e no golpe de cima para
baixo esse efeito chama-se backspin ou underspin, que
poderíamos traduzir como efeito para trás ou para baixo.
3) A BATIDA DE BAIXO PARA CIMA
O movimento começa abaixo da linha da
cintura. A batida é sempre na altura da cintura e a raquete
termina pouca coisa acima. Essa batida propicia quase
tanta força quanta a batida horizontal, mas o efeito dado
dessa maneira aumenta em muito o controle sobre a bola.
Ela passa alta (e segura) sobre a rede e dá a quem bate
excepcional controle sobre a profundidade. Essa batida,
chamada de topspin, efeito para cima ou para frente, é,
sem dúvida, considerada a ideal para todo bom jogador.
33
CAPÍTULO 3
TOPSPIN E UNDERSPIN
A DIREITA COM TOPSPIN
Esse é o golpe mais fácil do tênis e as
estatísticas que arquivo há mais de uma década, assistindo
a todos os tipos de torneios, desde os “ruimbledons”da
vida (não confundir com Winblendon, o de verdade) até
torneios do Grand Slam*, como o U.S. Open (torneio
aberto dos Estado Unidos), revelam que os jogadores
usam a batida de baixo para cima em 70 a 80 % das vezes
em que batem pelo lado direito. Vamos então seguir a
sempre sábia maioria e treinar o topspin, que pela direta dá
facilidade ao tocar na bola, mesmo quando ela está abaixo
da linha de cintura, e até mesmo mais alta. A importância
disso é que nem sempre você consegue se movimentar e
pegar a bola na altura certa. Como exemplo, você pode
reparar que Lendl ou Pat Cash não batem na bola fora da
altura ideal, porque eles têm um senso de antecipação
extraordinário, que você desenvolverá. Assim observe
como McEnroe começa a se deslocar em direção ao ponto
em que baterá na bola antes mesmo do adversário tocá-la
(o que é fácil de comprovar passando um filme, quadro a
quadro). Já o principiante só percebe a direção que a bola
está tomando quando ela está próxima à rede. Portanto,
embora possa progredir rápido neste sentido, no início
você terá muito menos tempo para chegar à bola que um
grande jogador.
A direita com underspin ou backspin (não
vamos nos esquecer dos restantes 20 a 30 %), veremos
numa fase mais adiantada do jogo.
*GRAND SLAM: Os quatro grandes torneios: WINBLEDON, ROLAND
GARROS, U.S. OPEN E AUSTRÁLIA OPEN.
34
comece o movimento abaixo da cintura, com a cabeça da raquete mais baixa
que o cabo;
bata na bola à altura da cintura, com a cabeça da raquete na altura do cabo;
após continuar o movimento na direção do alvo, recolha (dobre) o braço e
pare o movimento na mão esquerda;
a cabeça da raquete termina mais alta que o cabo;
feche a raquete depois de bater;
a raquete fica perpendicular ao chão do início do movimento até tocar na bola.
Após um primeiro treino você poderia dizer:
“não achei esse movimento natural!”. Naturalmente que
não parecerá tão natural no início, pois a sua musculatura
não tem ainda o necessário alongamento para permitir
movimento tão amplos, e então tudo tenderá a sair do
lugar: a pegada escorrega da posição, fica difícil continuar
o movimento até o final, o pé direito, que fica atrás, tende
a não agüentar “segurar” a posição, deixando o corpo
rodar etc. Para evitar isso, alongue os seus músculos em
casa, trabalhando-os por algum tempo, fazendo a posição e
simulando o gesto da batida. Você vai perceber que na
35
parte final do movimento os músculos das costas serão
bastante exigidos, e você os sentirá esticando.
A ESQUERDA COM UNDERSPIN
Talvez possa parecer estranho que, depois de ter
elogiado o golpe com topspin para a direita como sendo
uma batida bem agressiva e ter dito que seu efeito dava
um bom controle à bola, eu venho agora dizer que o
melhor golpe para a esquerda para os iniciantes e para os
colocados até o número quatro daquela classificação da
Associação de Tênis dos Estados Unidos é a batida de
cima para baixo, ou o backspin. É, mas vou explicar.
A direita é o nosso lado “bom”, como a esquerda
é para os canhotos. Talvez, por isso, ou por naturalmente
desenvolvermos mais força na musculatura interna do
braço, pois quase não fazemos força apoiando as costas da
mão, ou mesmo pelo fato de os ombros estarem em
posições diferentes em relação ao ponto de batida (na
esquerda, o ombro direito está na mesma linha da perna de
apoio, o que dificulta um pouco o corpo acompanhar a
continuação do movimento), ou por tudo isso junto, mas é
fato comprovado que na esquerda com topspin não se tem
o mesmo controle sobre as bolas que vêm mais altas que a
linha de cintura, e menos ainda sobre as bolas sem peso, e
você certamente terá que enfrentar adversários que
mandarão aquele segundo saque mole e temeroso de erro,
e que baterão dúzias de bolinhas altas para sua esquerda
.Você não pode deixar de pensar também nos voleios
amortecidos e sem peso, além das deixadinhas, lobs etc.
Concluindo, você tem que ter uma esquerda que domine
todo e qualquer tipo de bola, e não uma especial só para
50% das bolas.
36
Analisando mais tecnicamente, se você usar a
batida de esquerda com underspin, estará batendo na bola
no mesmo ponto em que baterá no voleio, por exemplo. O
seu peso será transferido para a bola da mesma maneira
nesses golpes. Aliás o voleio é um golpe que deverá ser
aprendido no primeiro mês que você começar a jogar, pois
isso irá ajudá-lo no desenvolvimento das batidas do fundo
da quadra, e isso você perceberá quando fizermos a
descrição desse golpe.
Sempre acompanhei com tristeza a dificuldade
encontrada por jogadores que desde o início tentavam
aprender a esquerda com topspin, mesmo usando a técnica
apropriada. Nas aulas com seus professores, que
mandavam a bola na altura certa, acertavam bolas lindas e
saíam entusiasmados. No dia seguinte, não conseguiam
repetir a performance frente a seus adversários, que
naturalmente têm peso variável de bola e mandavam-na
em qualquer altura. Aí dá-lhe de quebrar raquete. Creio
que não é isso que você deseja. Para ser um vencedor não
basta jogar bem só contra o instrutor.
As estatísticas também mostram que os tenistas
em geral usam o topspin em 30% dos golpes e o underspin
em 70% das bolas que devolvem pelo lado esquerdo, e
somente entre os cem melhores jogadores do ranking esses
números caem para 50% topspin e 50% underspin.
Assim, se você não é um deles (ainda), a batida
de cima para baixo, que dá o melhor controle possível nas
bolas baixas e principalmente nas altas, é a indicada para
se iniciar no jogo, e depois de algum tempo, quando você
já tiver um bom controle desse golpe, deverá treinar o
topspin e passar a bater cada bola escolhendo entre uma e
outra a maneira de bater.
37
o movimento começa acima da cintura, com a cabeça da raquete acima do
cabo;
bata na bola à altura da cintura, com a cabeça da raquete na mesma altura;
o braço começa dobrado para esticar antes de tocar na bola, continuando
assim o máximo possível na direção do alvo. A cabeça da raquete termina
mais baixa que o cabo;
abra a raquete depois de bater;
raquete perpendicular ao chão só no momento do golpe.
O importante nesse golpe é desenvolver a força
da musculatura externa do seu braço. Você pode exercitar
isso treinando o golpe em casa, fazendo o movimento sem
bola e usando a capa na raquete para deixá-la mais pesada.
38
A ESQUERDA DUAS-MÃOS COM TOPSPIN
A ajuda da esquerda, sua “mão boa” desse lado,
permite que você tenha controle tanto das bolas altas
quanto daquelas com menos peso. Nesse caso, as
vantagens do topspin são muito maiores, e o efeito de
underspin é usado somente em 10 a 20% dos golpes.
o movimento começa abaixo da cintura, com a cabeça da raquete abaixo do
cabo;
bata na bola à altura da cintura, com cabeça da raquete na mesma altura;
continue o movimento o máximo possível na direção do alvo;
a cabeça da raquete termina mais alta;
a raquete se mantém perpendicular ao chão.
39
CAPÍTULO 4
A importância da técnica do tênis tem um peso
muito grande na qualidade do jogador. Essa proporção
talvez seja maior em relação a outros esportes. Explico:
vamos pensar em três esportes com bola e que são bastante
populares: o futebol, o basquete e o vôlei. Em todos, a
bola é jogada usando o corpo (braços e pernas) e isso torna
o aprendizado mais fácil e natural. Ninguém precisa de
professor para aprender a jogar. Com o tênis é diferente.
Você tem que bater na bola com distâncias que variam de
um metro e meio a cinqüenta centímetros do seu corpo,
usando uma raquete com cordas elásticas que fazem a bola
ir bem forte. Aí então é que você precisa de alguém para
lhe ensinar o meio mais fácil de conseguir jogar.
Instintivamente, sempre complicamos, e julgo natural que
isso ocorra, pois desde que você nasceu raras vezes foi
preciso ficar de lado para alguma coisa se mover sob a
ação de sua força.
Às vezes, um voleio mal treinado é suficiente
para fazê-lo errar aquele ponto bem preparado no fundo,
com aquela paralela colocada bem no canto e uma perfeita
subida à rede e enquanto a bola “sobra” para matar, você
erra. Nada é pior. Vi muita gente educadíssima se
transformar em bicho em situações como essa, e muitas
raquetes já foram quebradas nessas horas de desespero. É
incrível como um jogo de tênis pode nos conduzir a
estados de emoção tão extrema, como a euforia da vitória
ou a raiva e a vergonha da derrota. Não que haja desonra
em perder, mas muitas vezes sentimos ódio por termos
sido derrotados por nós mesmos, ao errarmos uma bola
fácil. Aí, tome de xingamentos,
40
Apesar de já ter presenciado muitos momentos
como este, o que mais me marcou foi o protagonizado por
Marcos de Vasconcellos, um bom amigo que o ano de 88
levou. O Marcos era um intelectual e boêmio. Arquiteto,
escritor e músico (da época da Bossa Nova). Uma vez,
após uma noitada daquelas em que ele havia tomado umas
e comido outras, jogamos um set. De um lado, eu, tinindo.
Do outro ele, resfolegando e ainda por cima tentando
impressionar a linda garota que havia chegado e assistia ao
nosso embate. Naquele dia nada dava certo para o Marcos,
e ele quieto e controlado como um gentleman inglês. O
jogo pedia. Porém, dois dias depois, em sua coluna no
jornal “A Tribuna da Imprensa”(RJ), ele escreveu, e
arrasou com o jogo. Não ficou pedra sobre pedra, como
você poderá ver no artigo. E já no título começou com um
trocadilho entre o grande campeão Thomas Koch e o
bacilo (micróbio) homônimo.
O BACILO DE KOCH
“Exatamente como o boliche de anos atrás a
epidemia agora é de tênis, jogo de origem hindu que os
franceses dizem ter inventado, mas que J. K. Galbraith
contesta. Afirma ele que os inventores desta insanidade
foram dois ingleses neuróticos, mais entusiasmados com o
branco do uniforme contrastando com o âmbar terroso das
quadras do que propriamente com a atividade física que
consideravam um balé de coreografia paupérrima,
indigente e de posições extremamente deselegantes.
Repudiaram-no, como Santos Dumont aos aviões”.
“O jogo não é difícil. Pratico-o e posso garantir:
é impossível. E se, ainda por cima, o candidato passou dos
vinte anos deve mais é se dedicar ao ócio do povo e se
resignar ao estiolamento que acomete os sedentários,
41
configurado na barriga, na musculatura e no fôlego.
Deploráveis todos.”
“Mas há quem queira tentar o domínio do
dragão. Conheço alguns casos cujas pretensões variam de
acordo com a índole do principiante. Existem os que
afirmam almejar apenas um lugarzinho ao sol, batendo
uma bolinha dominical, sucedânea da Santa Missa. Os
“proustianos”, outro tipo, aplicam-se no aprendizado como
nocivos em busca do tempo irremediavelmente perdido. E
há os vitoriosos insaciáveis. Vitoriosos na conta bancária,
nos matrimônios, nos extraconjugais, na profissão, nas
relações públicas e particulares. A insegurança também os
obriga à vitória nas quadras, à impossível vitória nas
quadras. É o tipo mais patético. Todos, porém, coincidem
num ponto: secretamente acham o jogo uma barbada e
estão seguros de que em uma semana vão estraçalhar. Não
estraçalham. Passados seis meses, também não. Aí, advém
a crise dos nove meses, quando o tênis não nasce, quando
a bola continua fugidia, quando a raquete não lhe dá na
mão. Nesta hora de infortúnio, a maioria garimpa uma
desculpa para desistir; compreendeu que aquela história de
ter sido do ranking familiar do pingue-pongue não
adiantou nada. Aliás o equívoco é corriqueiro: bateu
raquete na praia e pingue-pongue com os meninos pensa
que pode adentrar na quadra de pó de tijolo sem passar
vergonha. Pensa, entra e passa.”
“Você só começará o aprendizado do tênis
quando ignorar a platéia que invariavelmente se forma às
margens do quadrilátero maldito, quando der a outra face,
quando desprezar a galhofa e passar por cima do deboche
que acompanha situações como, por exemplo, furar. É a
mais humilhante das proezas. É o frango, a penosa. A mais
triste, porém, é o cadetu. A bola veio de lá, você rebateu,
ouviu o barulho e tudo, mas e a bola? Pra onde foi a bola?
42
A galera então começa a gritar: Cadetu! Cadetu! De
repente, a desgraça. A bola ficou enganchada na forquilha,
na desgraçada forquilha de sua raquete e, quando
percebem que achou, esgoelam: Tataqui! Tataqui! Na
estatística de suicídios motivados pelo tênis, o Cadetu é
responsável por cerca de 12% entre os iniciantes e 33%
entre os veteranos de vigésima classe.”
“Passados os nove meses referidos, do garboso
contigente de voluntários do início da guerra, altivos
como Hussardos da Guarda, resta um bando maltrapilho
de refugiados retirantes, perdidos e mal pagos, queixandose de tudo e, acima de tudo, da sorte. Estes infelizes que
não escaparam a tempo, estão tomados para sempre da
doença e das seqüelas deste sport (sport? Tão sport
quando um MP Lafer) absurdo.”
“Estou convencido - e dou a informação de barato
que o tênis não é uma atividade autóctone, ou seja, oriunda
da terra. Basta olhar um humano. É visível a inadequação
de sua anatomia para tal exercício. Eric Von Daniken, no
seu livro Eram os Deuses Astronautas? (Erinnerungen an
Die Zakunft. 1968. Econ Veriag, Dusseldorf und wien),
advoga a mesma tese. Na página 152 estão nitidamente
representados dois jogadores extraterrenos, com raquetes,
bolas e protegidos com capacetes espaciais. São
conhecidos como ‘os tenistas de Val Camonica’, pintura
rupestre italiana.”
“O esporte mais caro do mundo é evidentemente
a Fórmula 1, mas só meia dúzia de idiotas consideram isto
um esporte. De qualquer maneira tem a vantagem de ter
montaria e a parafernália incombustível (?) fornecida por
aficcionado de fora . Abaixo, vem o iatismo que não pode,
a rigor, ser considerado o esporte das multidões. Em
seguida o pólo, o golfe, o tiro, a esgrima etc, que exigem
um bom equipamento para sua prática – como se diz ? –
competitiva. O mais barato é, realmente, o futebol. Basta
43
bola, pé e cabeça. Se, num esforço de reportagem,
quisermos considerar tênis um esporte, seu custo está ao
nível do pólo. E pólo norte. A única diferença é que no
tênis o cavalo somos nós.”
“Pra começar, o equipamento. O tênis requer
raquetes e raquetes estrangeiras, encordoadas com tripa
(gut), com a massa de empunhadura (grip) de acordo com
a pegada de sua mão (hand). Aviso logo que raquete
nacional é pra menino ou para quem ganhou menos de um
milhão na loteria e está pensando em entrar em seara
alheia sem convicção. No entanto, é bom saber que um
iniciante jamais distinguiu uma Procópio de uma Head, da
mesma maneira que não sabe a diferença de uma Wilson e
uma Allis Chalmers.”
“E tem bolsa pra acessório tem, tem fita pra
cabeça tem, tem pozinho pra corda tem, tem canhão pra
parceiro tem, tem pulseira pra suor também, tem placar
para pulso tem, catador para bola tem, tem luva pra calo
tem, tem fita de índio tem, tem faixa pra cotovelo tem, tem
toalha pra cara tem e tem roupa como ninguém.”
“A roupa, a farda, o uniforme, o traje de luces.
Futebol você pode, em determinadas circunstâncias, jogar
até nu; para a prática do tênis, você tem que estar vestido
como Samurai de museu. Os uniformes, como tudo na
vida, dividem-se em categorias. Começam por A e vão em
frente, letra por letra. O calouro, para quem o tipo A foi
destinado, é também o destinatário da frase: mucha ropa,
poço juego, cunhada por Pancho Segura Cano, ao jogar no
Rio com um dândi ruim de bola. Recomenda-se os
modelos de C até E. São mais discretos e o seu jogo
nenhum passa despercebido. Depois do tipo E, os
uniformes decaem de qualidade, limpeza e conservação.
São exclusivos dos campeões”.
“Uma vez fardado, onde jogar? No Rio,
basicamente nos clubes, são poucas as quadras
44
particulares. Vamos tomar como exemplo dois extremos, o
club mais fechado e o crube mais aberto do Brasil: o
Country e o Flamengo. A propósito: você distingue um
nativo do Country de um forasteiro pela maneira como se
referem ao Club. O primeiro diz cân-tri, o outro cáuntri.
Os mais snobs dizem simplesmente o Clube”.
“O preço dos títulos, assim como a abertura,
também varia. O do Country anda por volta dos cem mil
dólares, à vista, fora a transferência; o do Flamengo nem
tanto, quinhentos dólares, a prazo. Bastante mais em
conta.”
“Passado pelo crivo das duas diretorias, o
sobrevivente se habilita às novas despesas: taxa de
conservação das quadras, taxa de iluminação noturna,
gratificação dos boleiros (gandulas de alto luxo), apostas
eventuais, se você é chegado, o bar depois e o sacrossanto
professor.”
“O professor de tênis tem horror a ser professor
de tênis. Mas por quê? Perguntar-se-á, estupefato, o leitor
a ponto de cometer uma mesóclise. E com toda razão. Mas
é ainda o leitor que especula - se não tem que botar
gravata, ir pro centro da cidade, atender telefone, ter
secretária e contínuos; se só jogam com sol, estão o ano
todo saudáveis, bronzeados; se não trabalham com chuva,
aos sábados, domingos e feriados; se são regiamente
remunerados por hora que acaba sendo quarenta e cinco
minutos, porque o boleiro demora a remuniciar, por
preguiça, mesmo ganhando mais que um paraíba de obra;
há sempre um papinho antes, um papinho depois, a aula
jamais começa na hora, por aí.”
“Por quê? Respondo: Não sei. Não tenho idéia, é
um mistério que convida à reflexão. São uma espécie de
hiena às avessas: têm tudo e só vivem reclamando,
sentem-se logrados, queriam estar nos verdes de Forest
Hills, de Rolland Garros, de Wimbledon, erguendo taças,
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esquecidos dos tristes trópicos que os obriga a atuar como
sparrings remunerados de impossíveis campeões. Dou
toda razão.”
“Mas, fora os percalços, os preços, os
professores, vale a pena. É uma brincadeira desafiadora,
alegre, bonita e, quando bem jogada, brilhante. Como as
intrigas – mesmo as anuladas – as aulas sempre deixam
resíduos. Você acaba aprendendo e pode chegar a ser um
carne-assada, ou seja, bater uma bola doméstica com os
amigos sem fazer feio”.
“Passados os anos, fica-se apto a receber a
chancela que lhe avalisa o status de tenista pré-amador, o
que já é coisa pra burro. Esta chancela, pela qual você
suou um oceano, gastou rios de dinheiro, chorou temporais
de sangue, só lhe devolve uma gota de gratidão: o tennis
elbow. Uma dolorosa, sofrida, misteriosa e incurável dor
de cotovelo que, finalmente, significa que você pode
adorar tênis, seja aluno, professor, campeão, calouro ou
veterano. Mas o tênis, esse, amigo, esse jamais vai gostar
de alguém.”
Marcos de Vasconcellos
Uma semana depois, lá estava o Marcos de
novo, feliz e contente, jogando as suas partidas e vivendo
a melhor parte de sua relação de amor e ódio com o tênis
46
CAPÍTULO 5
COORDENAÇÃO MOTORA
“Na anatomia funcional e na cinesiologia é
entendido por coordenação de movimentos as
ordenações comprovadas na atividade de cada
músculo e de grupos musculares.”
Teoria da Motricidade Esportiva
Kurt Meinel
A partir dessa teoria podemos entender que para
coordenar um movimento precisamos “mandar” nele por
inteiro; então, devemos treinar bem cada etapa e ir
incluindo dados novos à medida que tivermos “decorado”
os anteriores.
Para melhor compreensão e maior facilidade, o
nosso treinamento foi dividido em três fases. A primeira é
dedicada ao desenvolvimento da coordenação grossa. Na
segunda, se dará o desenvolvimento da coordenação fina
e, na terceira e última fase, se trabalhará a estabilização da
coordenação fina.
Para você controlar melhor o desenvolvimento
do seu jogo, vamos repassar e enumerar todos os itens
treinado até agora:
1 - pegada continental;
2 - bater na bola à altura da cintura;
3 - ficar de lado, colocando na frente o pé contrário
ao lado da batida;
4 - usar a batida horizontal (flat);
5 - bater na bola à frente da perna de apoio;
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6 - bater com o braço esticado;
7 - continuar o movimento na direção do alvo;
8 - o braço esquerdo não fica junto ao corpo; dê a ele
sua função certa
Substituímos depois no número quatro a batida
flat pelas batidas com efeito:
4 - direita topspin
esquerda underspin ou
esquerda duas-mãos topspin
Vamos agora à seqüência natural, substituindo a
posição de lado para a quadra e assumindo a postura
correta de espera da bola, que é ficando de frente, se
posicionando quando ficar definido para que lado ela vem.
Como agora você já tem a noção correta da posição do pé
de apoio (oblíquo ao plano de simetria do corpo, para que
seus movimentos sejam sempre para a frente a partir da
posição de perfil), pode passar a ficar de frente porque,
quando virar o corpo, seus pés já irão automaticamente
para a posição correta.
48
O melhor treino para exercitar o domínio sobre
esse primeiro passo é ter alguém que jogue as bolas com
as mãos, já na distância certa para você bater. Bastarão
dois treinos de quinze a vinte minutos, com a bola sendo
lançada para um lado e depois outro para que você já
possa passar a treinar a corrida, como veremos a seguir.
Ao bater na bola é importante estar sempre parado para
concentrar a força a conseguir dirigí-la para a direção que
terá o golpe: para a frente.
O tenista que não treina dessa maneira, no
começo, normalmente tem muita dificuldade em bater
parado, pois raramente fica à mesma distância entre ele e
a bola por não estar habituado a tal comportamento. Ele,
então, anda na hora de bater, e normalmente esse andar é
para todas as direções, menos para a frente, que é a
direção certa. Pois a verdade é que, se for preciso dirigir
uma força para a frente e, no mesmo instante, você desloca
seu peso para o lado ou para trás, é evidente que a
resultante dessas forças é defeituosa. Como o iniciante
anda no instante de bater, a musculatura não é
suficientemente alongada, os músculos não são
corretamente trabalhados e demora-se muito mais tempo
para ganhar força nas pernas.
49
A CORRIDA
Para bater na bola que vem próxima, vimos que
um passo é suficiente. E se ele vier mais longe? Damos
um segundo passo, porém fica-se fora de posição. O jeito é
darmos um terceiro passo para poder bater. A seqüência
não muda: todos os pares nos colocam de frente e
podemos bater em todos os ímpares. O que vai variar é o
número de passos ímpares (ou um, três ou cinco, etc.) e o
50
tamanho deles. Explico: partindo do centro da quadra
podemos, com três passos, apanhar uma bola lançada ao
canto; porém, uma bola bem mais próxima e que não dê
para apanhar com só passo, devemos dar três passos
menores para chegarmos certo a ela.
Quem sabe dar três passos para bater, sabe
correr. Nós só devemos “conferir” essa coisa que fazemos
com habilidade desde criança para adequá-la ao jogo.
É comum o iniciante sair com o pé direito
primeiro, o que não o coloca de lado e o obrigará sempre a
dar um passo a mais. Outra coisa a conferir é a tendência
comum que os jogadores iniciantes têm de, principalmente
na esquerda, dar o primeiro passo “para dentro”, não
avançando, mas dirigindo-se levemente para trás, o que os
deixa quase de costas na hora de tocarem na bola,
dificultando em muito o golpe desse lado. Para que você
crie o hábito de correr sempre certo, faça como no
treinamento anterior: peça a alguém que mande com a
mão as bolas na distância certa para você exercitar essa
corrida controlada.
Terminamos assim a primeira fase do nosso
treinamento - o desenvolvimento da coordenação grossa.
Esse estágio vai desde o primeiro contato com a raquete e
com e com o toque da bola até o ponto em que o jogador
já pode executar os movimentos para a direita e para a
esquerda, sob condições favoráveis, com um razoável
controle.
Agora começa a melhor parte. O jogador, após
alguns poucos treinos, já pode sentir o prazer de jogar, de
bater forte, de controlar a bola e dominar os seus próprios
movimentos. Sim, ainda comete muitos erros ,mas é
natural que isso aconteça e em pouco tempo o
desempenho irá melhorando.
Em seguida, tratamos do último golpe que falta
para que você possa jogar a sua primeira partida: o saque.
51
CAPÍTULO 6
O SAQUE
O saque é um golpe fácil, mas exige do iniciante
alguma prática até que o movimento possa fluir com
naturalidade.
Existem três tipos de saque: um é sem efeito e
vai conseqüentemente com mais força; o outro, é com
sidespin (efeito de lado). O terceiro é com topspin e
sidespin juntos. O mais fácil de ser executado é o sem
efeito, chapado, e é o que permite que a bola atinja
velocidades de até 220 km/h, sendo que as mulheres já
atingem a incrível marca de 180 km/h (a medição da
velocidade da bola no saque é feita por um pequeno radar
que registra os sons da batida da raquete na bola, e do
instante em que ela toca o chão, calculando assim sua
velocidade no percurso). O saque pede, assim como nos
seus golpes de direita e esquerda, uma posição de lado
para o seu objetivo, que agora são as áreas de saque
sempre contrárias à sua posição, ou seja, quando você for
sacar à direita do meio da quadra seu saque deve sair
cruzado, indo ao retângulo à sua esquerda.
52
Para ter bom saque o tenista precisa treinar o
movimento até conseguir um alongamento maior da
musculatura das costas e dos músculos inseridos nas
articulações do cotovelo e, principalmente, do ombro, dos
quais serão exigidas uma grande flexibilidade. A melhor
maneira de conseguir esse resultado é exercitar o
movimento, que é bastante amplo, dominando todas as
suas etapas em separado, visto que, além da batida, tem-se
que controlar também o (importante) movimento de
lançamento da bola.
53
Faça esse movimento “feito um robô” por alguns dias
para depois reduzí-lo a apontar a raquete na direção do
alvo, colocá-la atrás da cabeça, lançar a bola e batê-la,
tentando seguir a trajetória correta durante todo o
percurso. É muito importante dar essa seqüência para que
você não faça um movimento “mole” e para “puxar” pela
musculatura,
visando
efetuar
corretamente
os
alongamentos.
- posições dos pés;
- apontar na direção do alvo (braços nem muito encolhidos, nem esticados);
- apontar para o chão (braço esticado);
- apontar para trás (sentido oposto ao alvo-braço esticado);
- trazer a ponta da raquete para trás da cabeça, como se quisesse coçar as
costas com ela;
- lance a bola (num movimento vertical) ligeiramente à sua direita, e pouca
coisa à sua frente;
54
- com o braço dobrado, leve a raquete pouca coisa para baixo e para trás (na
direção oposta ao alvo) para conseguir mais impulso e dirija a raquete na
direção do ponto de impacto;
- bata na bola pouca coisa à sua direita, pouca coisa à sua frente;
- continue o movimento na direção do alvo;
- recolher (dobrar o braço)cruzando-o pelo corpo, até repousar a raquete na
mão esquerda.
55
Para que você perceba a relação entre as batidas,
vamos refazer aquela lista de oito itens usada para treinar
os golpes do fundo e, com uma só substituição no item
dois, verificar que você continuará a exercitar
procedimentos que ajudarão a desenvolver os golpes de
fundo.
1 - pegada continental;
2 - raquete na direção do alvo/atrás da cabeça;
3 - ficar de lado;
4 – chapado - flat;
5 - bater à frente da perna de apoio (lance a bola
nessa direção);
6 - bater com o braço esticado;
7 - continuar o movimento na direção do alvo;
8 - terminar o movimento repousando a raquete na
mão esquerda.
A importância do lançamento da bola tem a ver
com o fato de sempre precisarmos jogar o nosso peso na
bola e na direção do golpe para conseguir a força. O
lançamento para trás ou para os lados faz com que o nosso
peso acompanhe o corpo nessas direções e a resultante é
um “tique”, aquela bolinha morta e sem peso mandada só
com o toque do braço.
56
CAPÍTULO 7
O VOLEIO
DE DIREITA
DE ESQUERDA
- Ficar de lado, pé contrário à frente;
- O movimento é curto e o ponto de batida é um pouco à frente do pé de
apoio;
- O corpo faz uma pequena rotação para acompanhar o movimento.
- No final do movimento a raquete fica aberta (face usada para bater virada
para cima).
57
Toda vez que batemos numa bola, sem que ela
quique no chão, estamos executando um voleio, desde que
essa bola não esteja muito mais alta que nossa cabeça.Esse
é o golpe de menor amplitude de movimento, o de técnica
mais simples e o de aprendizado mais rápido no tênis.
Nesse golpe, salvo situação especialíssima, não se bate na
bola, não se acrescenta força a ela. Ao contrário, devemos
amortecer um pouco essa força para devolver a bola com
sucesso.
O voleio é uma jogada de ataque e de rapidez,
mas não necessariamente de força. Muitas vezes, o seu
voleio levemente amortecido terá tanta ou mais velocidade
no trajeto rede/fundo do que teria a bola forte do seu
adversário, se você não a tivesse interceptado e ela fosse
de um a outro lado da quadra.
Para você controlar bem a bola, algumas dicas
são especialmente importantes no voleio.A primeira delas
se refere à trajetória do movimento, que é de cima para
baixo. O underspin é a única maneira de amortecermos
uma bola forte, além de possibilitar controle sobre a bola
que vem mole e sem peso e sobre a bola que descai abaixo
da rede.A segunda é que o braço deverá estar dobrado
durante todo o movimento, pois, se para batermos temos
que esticá-lo, para amortecermos devemos dobrá-lo.
58
Observe quando um jogador de futebol mata uma bola no
peito. Todas as articulações se dobram para o corpo
absorver o golpe, o mesmo acontecendo com o jogador de
vôlei quando ele amortece uma cortada.
Outro ponto importante é a amplitude do
movimento, que deverá ser curto, pois se você não precisa
de força, não precisa de grande impulso; e se você não
precisa de profundidade (lembre-se, você está perto da
rede), não precisa de continuação longa. Além disso, no
voleio você não teria tempo para fazer um movimento
amplo.
59
Para treinar, você deve ficar exatamente como
no primeiro desenho: os pés no lugar correto, e a raquete
acima da cintura. Peça a alguém que mande algumas bolas
que você vai bater sem precisar sair do lugar. Uma vez
“decorada” a posição dos pés e da raquete, ao se iniciar o
gesto da batida, você já pode cuidar mais da direção da
bola, que deverá ser golpeada para o meio da quadra.
Nesses primeiros treinos, siga aquela regrinha que você já
conhece: a bola sai sempre perpendicular ao plano da
raquete. Portanto, se ela estiver indo muito cruzada, é por
que você está batendo antes do tempo; e se estiver indo
muito paralela à linha lateral, é sinal de que você está
batendo tarde, isto é, depois do ponto ideal.
Exercitado o movimento mantendo o corpo de
lado, você deve passar treinar obedecendo à atitude correta
para esperar a bola: de frente para a quadra. E, como
ocorreu nos golpes do fundo, agora você já sabe levar
automaticamente a raquete para o ponto certo. E, por sua
vez, os pés, que devem avançar em direção à rede, não se
“confundirão” com a posição diferente já treinada nos
golpes do fundo.
60
CAPÍTULO 8
A LINGUAGEM DO ESPORTE
A primeira partida de futebol a que eu assisti de
corpo presente foi no Maracanã: Brasil e Bolívia. Cento e
vinte mil pessoas no estádio. O convite partiu de uma das
primeiras pessoas de quem fiquei amigo quando cheguei
ao Rio de Janeiro, a Ana Cecília Nabuco de Magalhães
Lins, nome de princesa e estilo de vida igualmente
principesco, que foi a melhor cicerone que eu poderia ter:
Tribuna de Honra, o melhor lugar do estádio para ver o
jogo. Mas o que menos vi naquele dia foi o jogo. Vi como
uma bola podia enfeitiçar uma multidão que cantava,
gritava e chorava com ela. Vi como um jogo podia
transformar sujeitos pacatos, como um amigo, médico e
artista, que no dia-a-dia era uma flor de tão gentil, do tipo
“incapaz de fazer mal a uma mosca” e que, a cada falta
mais dura dos bolivianos, gritava, melhor, urrava —
quebra! mata! arrebenta!
Aquelas milhares de pessoas que produziam um
som mágico com suas vozes uníssonas pareciam, depois
do jogo, felizes e aliviadas, como se tivessem deixado no
estádio preocupações e tristezas acumuladas na semana
inteira.
Esse jogo realmente me impressionou. Mas,
antes de falar sobre ele, vou transcrever uma crônica de
Arthur da Távola — político, intelectual e escritor de rara
sensibilidade — que, mesmo não sendo um tenista, ao
assistir a uma final de torneio pela TV, produziu essa
pérola publicada numa revista semanal e posteriormente
em livro, e que me ajudou a compreender melhor a
linguagem contida nesses jogos.
61
QUE JOGO ESTRANHO ESSE TÊNIS, TÃO BELO
“Como você responde à agressão? Com outra? É
ofensivo? Ou se recolhe, atua na defensiva? Cansa o
adversário nas brigas? Parte logo para o destruir? O tênis o
denunciará.
Haverá esporte mais solitário e de decisões
solipsistas que o tênis? São horas e horas sem falar.
Tensão e atenção. Pergunta e resposta. Frases curtas. O
tênis não é conversa, encontro ou colóquio: é bate-bola. É
troca de insultos ou interjeições. Oposição de opostos. É
confronto imediato. Nada de defesas verbais. De grandes
teses. Frases curtas e cortantes. Cortadas. Tiradas de
efeito. Frase de lá, resposta de cá. Um de cada vez. Estilo
telegráfico. Ganha o ponto quem fizer a frase mais aguda.
A crítica mais rude. Troca de interjeições! No tênis não há
tempo para conceituar. O fato é mais rápido que a sua
percepção. A jogada engana o olho. Escapa ao reflexo.
Vive de surpresas sempre iguais. Obsessivo. Compulsivo.
Horas e horas no vaivém. Não é um grupo tratando de
acertar. São dois inimigos, um tratando de fazer o outro
errar. O tênis são duas pessoas brigando de morte numa
rua deserta. Só eles. Ninguém mais. Horas e horas.
Disciplinou a torcida. Elegante, apenas palmas,
distinta e distante referência. Tudo o que perturbe a
solidão do ódio dos antagonistas deve ser evitado. Apenas
o espetáculo de duas solidões, se enfrentando, horas e
horas, até exaurir o que será derrotado. Jogo sem empate e
sem metafísica. O tênis é zen. Aqui e agora. Ação pura.
Esporte órfão. Não tem família (equipe). Não
tem pai (técnico). A solidão humana. A luta pela vida.
Orfandade total. Decisões pessoais e silenciosas. A arma é
a raquete. Agressão, muita, derivada para a bola. E tome
pancada. Um antigo ritual de luta. Porretes. Tacapes. Paus.
Lanças. O homem se civilizou, dizem. Ou supõe-se.
62
Colocou um espaço entre os contendores. Deulhes pacíficas roupas brancas. Imaculadas. Simulação de
um desejo de paz. Colocou uma rede no meio. A rede
tênue define o espaço vital, ou território, propriedade
privada, quintal, jardim, terreno de cada um: aqui o meu,
ali o seu. Cada um na sua propriedade, defendendo-a. Com
porrete. No meio uma rede. Quase desnecessária, linha
semi-imaginária, simbólica, mas suficientemente nítida
para separar os territórios. Igual aos modestos portões ou
porteiras. Fáceis de ser transpostos, mas expondo a risco
de vida quem o faça, por dar direito de reagir à invasão de
domicílio.
Dois contendores afastados e vestidos de branco.
Uma bola para os ligar. Resistente, elástica, ela pode e
deve apanhar. E apanha. Ela representa o outro. Ela envia
a mensagem e ao mesmo tempo é a mensagem. A
violência da raquetada é no outro sem precisar dá-la nele.
Porque há a bola. O tênis é a representação simbólica de
uma violenta luta entre dois homens, sem exercitar
nenhuma forma pessoalmente agressiva entre os
contendores. Dois solitários e obsessivos lutadores, horas
em silêncio, um na espreita do menor gesto ou esperteza
do outro, ambos colocando na bola o ódio conflitivo. O
tênis é a tocaia honesta e civilizada.
Se toda agressão humana pudesse canalizar a
violência de seu impulso, através de uma representação ao
mesmo tempo intensa e saudável, metade de suas crises
inexistiriam. Tanto quanto esporte de técnica, beleza e
eugenia, o tênis é descarga de agressividade. É poder bater
à vontade, surrar horas a fios, abater sem remorso, tascar
sem pena, cortar sem dó, surpreender, tocaiar sem piedade,
espancar sem temor ou culpa. Há uma bola no meio Há
distância entre os contendores. Há uma rede no meio. Há
roupa branca de paz, de médico e de casamento. Há
silêncio e respeito na platéia. Há o pressuposto de
63
civilização, nobreza e distinção. Eles se batem de longe.
Odeiam-se em silêncio. Cercado se significantes de
civilização, respeito e status, o tênis é a mais terrível
expressão de solidão e agressão tornadas esporte e beleza.
Que jogo estranho!”
ARTHUR DA TÁVOLA
Eu dou aulas de tênis, sem interrupção, há vinte
anos. Uma coisa que eu desenvolvi, através dos anos nessa
atividade, foi a capacidade de observar. Sim, a coisa mais
importante para quem se propõe a realizar um trabalho,
onde o corpo é o meio, é observar. Dessas observações
nasceu a convicção de que, para se trabalhar um
movimento, uma corrida, um gesto de braços ou pernas,
tem-se que levar em conta a parte que comanda tudo isso:
a cabeça. Óbvio, você irá dizer. Seria, se óbvias fossem as
cabeças em geral.
O professor que queira ensinar ou mostrar a
alguém uma maneira desse alguém melhorar seu jogo não
pode simplesmente se deixar guiar pelas coisas que a
pessoa lhe afirma serem seus objetivos. É preciso que se
faça uma avaliação não só das aptidões físicas, para poder
dar a carga de exercícios correta e de acordo com a
capacidade física do candidato, como também sentir como
a pessoa se porta num jogo. Às vezes, uma dose de
confiança é melhor que duros treinamentos. Uma frase que
eu ouvi muitas vezes, pode já ter passado pela sua cabeça
– não é que eu não sabia o que fazer. É que eu não faço o
que eu sei.
Você já deve ter ouvido falar de expressão
corporal. É a linguagem do corpo, é como as pessoas se
mostram através dos gestos e movimentos. Uns se
mostram completamente abertos e soltos. Outros já se
retraem e possuem gestos tolhidos. É como se cada
movimento preso tivesse uma história. E através de
64
exercícios de respiração e de conscientização do gesto a
pessoa pode se libertar da emoção que sufoca o seu gesto,
e atitudes que dele prescindiam. Inclua aí uma situação de
jogo, em que existem um adversário a vencer e platéia a
dar satisfações. Tem-se aí uma expressão corporal ainda
mais complexa e importante. Mais que a palavra? Sim,
pois a linguagem do corpo é mais verdadeira por não
sofrer tantas influências externas (e internas) como sofre a
palavra. O homem se civilizou, dizem, ou supõe-se como
afirmou Arthur da Távola.
Na ânsia de agradar às pessoas, só falamos sobre
coisas agradáveis, deixando no nosso íntimo tudo aquilo
que julgamos as outras pessoas não iriam comprender ou
gostar. Mas é fundamental que não deixemos que as
emoções se acumulem em nosso corpo para que elas não
acabem saindo de formas menos saudáveis, como as
doenças nervosas, por exemplo. Os tímidos e todos
aqueles que têm o hábito de se controlar, de achar que
podem racionalizar tudo, são as pessoas mais propensas a
gastrites e úlceras.
E quanto aos instintos? Nossos ancestrais, que
tinham que lutar (literalmente) pela vida, que tinham que
defender um território contra invasores, homens e feras,
caçar e pescar para alimentar a família, nos legaram
instintos de sobrevivência que poucas gerações não
puderam apagar. Afinal, são mais de 30.000 anos de préhistória do homem sobre a terra que, sedentário, colocado
atrás de uma mesa, acumula uma energia que tem que ser
liberada.
Mas voltemos àquele jogo de futebol no Maracanã.
Vamos analisar, ainda que superficialmente, algumas
nuances do jogo. O juiz, por exemplo. Ao xingar o juiz, é
como se aquela massa de gente estivesse despejando
agressões a todas as pessoas que gostariam de ter xingado,
e por tantos motivos não puderam fazê-lo. Aquelas
65
pessoas querem se afirmar vencedores através do seu time.
Ficam felizes e tristes conforme o destino de sua equipe.
Têm o direito de lamentar e comentar a derrota, pois a
derrota, assim como a vitória, é coisa natural e comum,
mas costumamos guardá-la dentro de nós mesmos,
evitando comentá-la com as pessoas, como se ficássemos
diminuídos por causa dela. As pessoas identificam-se com
os jogadores, e vivem através deles uma felicidade comum
pela vida vitoriosa e cheia de glória daquele jogador. É a
alegria que pode ter o anônimo torcedor. Já foi dito que se
não fosse o carnaval e o futebol, já teríamos tido uma
revolução neste país.
Você pode estar pensando “eu gosto de jogar tênis
e ponto final. Pra que serve essa conversa toda para
explicar uma coisa que eu já gosto?”. Você está certo. O
importante é a gente fazer as coisas de que gosta, seguindo
os impulsos e instintos. Mas esse blábláblá todo é para
tentar mostrar às pessoas que ainda não começaram a
praticar algum esporte (e qualquer um é bom) a
importância da competição, principalmente porque faz
com que ampliemos as nossas funções, mantendo o nosso
organismo mais vivo e limpo. Limpo através do suor, que
ajuda a eliminar do corpo venenos do cotidiano, como o
álcool, gordura, cigarro, açúcares etc.
A competição é igualmente importante porque,
como disse o Arthur da Távola, ”O tênis é uma
representação da vida”. É uma representação verdadeira,
pois nessa linguagem ninguém nos educou, tolheu ou
prendeu. Ela é solta e livre.
Busque então conhecer o seu jogo. Através dele,
você pode encontrar respostas capazes de levá-lo para
mais próximo de você mesmo. E é conhecendo-se melhor
que você pode desenvolver mais as suas potencialidades e
tornar-se um vencedor.
66
CAPÍTULO 9
USE MELHOR O CORPO
“O aprendiz somente poderá apropriar-se do
curso do movimento solicitado quando compreender
corretamente a tarefa do movimento. Para isso, é
necessário que ele conheça e compreenda exatamente o
objetivo da ação e a razão do movimento. Esse requisito é
de especial importância na formação metodológica do
processo de aprendizagem. Quanto mais exatamente for
compreendida a tarefa, melhor será a base dos requisitos
para a aprendizagem de novos movimentos”.
MOTRICIDADE I
Günter Schnabel
Você que já joga bem deve estar estranhando
que até agora eu não tenha falado uma vez sequer sobre
duas coisas importantes do jogo: olhar a bola a e abaixar o
corpo. Sobre abaixar o corpo, chegou a hora de analisar o
seu treinamento. Quanto a olhar a bola, sim, é fundamental
que você a olhe enquanto joga; porém, entendo que se
você entra numa quadra para dar raquetadas numa bolinha,
você vai olhar a... bolinha. Certo. Quando um jogador é
principiante, já tem muitas coisas a realizar ao mesmo
tempo e eu considero prejudicial pedir a ele que desvie sua
atenção para uma coisa que ele instintivamente fará.
67
ABAIXAR O CORPO, OU COMO FAZER O SEU
CORPO AJUDAR MAIS O MOVIMENTO
Como já vimos antes, você deve girar o tronco
quando bate na bola para que o corpo acompanhe o
movimento de trás para frente, executado pelo seu braço.
Vimos também que, além de realizar este movimento,
você executa suas batidas com um efeito que pode ser de
baixo para cima ou de cima para baixo. Então, devemos
fazer com que o corpo acompanhe também esses
movimentos. Agora que você já tem um melhor equilíbrio,
resultado de um maior alongamento dos seus músculos e
da melhor flexibilidade das articulações, pode treinar o
gesto de abaixar o corpo. Para tanto, tenha em mente que a
sua direita é com topspin (de baixo para cima) e para
melhor acompanhar esse movimento você deve abaixar e,
quando a bola chegar, ir levantando o corpo junto com o
movimento do braço, fazendo com que o corpo ajude a
aplicar o efeito à bola. Já a sua esquerda é com underspin
(de cima para baixo), e você deve aguardar a bola
levemente abaixado, com o joelho da perna de apoio
suavemente dobrado. Quando for bater, faça com que o
corpo abaixe, acompanhando o movimento descendente
do braço e da raquete.
Se a sua esquerda for com duas mãos (e com
topspin), aja como explicado para a direita.
68
BATIDA DE DIREITA
BATIDA DE ESQUERDA
BATIDA DE ESQUERDA COM AS DUAS MÃOS
69
Uma coisa que costumo dizer a quem estou
treinando é que a ação das pernas é de tão grande
importância nas batidas que as pessoas devem imaginar
que vão “bater e dirigir a bola com as próprias pernas”.
Outra situação que exige o corpo abaixado ao
bater é quando a bola lhe chega fora da altura da cintura,
que é a ideal. Quando você vai bater numa bola que vem
muito baixa, o certo é abaixar para que a cintura esteja na
altura mais próxima possível da altura da bola.
ABAIXANDO-SE NO VOLEIO
Você, que passou pela lição do voleio, deve ter
reparado que nem sempre é possível volear na condição
ideal, isto é, dando o passo à frente e batendo com o braço
encolhido. Quando a bola vem muito distante, você voleia
fazendo a mesma corrida que treinamos no fundo da
quadra e bate com o braço esticado para poder alcançar a
bolinha .Correto! Mas sempre treine buscando aquela
atitude ideal. Só assim você conseguirá força na
musculatura para que, mesmo deslocando o peso para o
lado numa corrida longa de voleio, você consiga
transportar o seu peso para frente, na hora da batida.
O voleio, jogada em que se aplica um leve efeito
de cima para baixo, exige que o corpo acompanhe esse
movimento descendente, dobrando-se com a batida para
dominar o golpe.
70
VOLEIO DE DIREITA
VOLEIO DE ESQUERDA
71
CAPÍTULO 10
AS RAQUETES
Um grande campeão do passado escreveu que
“são necessários cinco anos para se fazer um tenista e o
dobro para se fazer um campeão”. Eu nunca concordei
com essa frase, porque com um ano e meio de jogo fui
vice-campeão paulista interclubes* (invicto) e era terceira
classe (são cinco as divisões de categoria, sendo a primeira
classe o equivalente à faixa preta do judô). Tudo bem, não
era um título internacional mas, na minha cabeça, um vice
já me transformava num tenista e quase num campeão.
Aquela frase, cunhada em 1950, perdeu-se no tempo e a
evolução da técnica e dos materiais de jogo,
principalmente das raquetes, permitem hoje mais
facilidades e abreviam o tempo de aprendizado.
Ao comprar a raquete, o material mais
importante do tenista, duas coisas são básicas na escolha:
ela deve ser leve (light) e a grossura do cabo ou
empunhadura (grip) deve ser compatível com o tamanho
da sua mão. O método mais preciso para você encontrar o
grip certo é medir a distância entre a segunda linha
(abaixo dos dedos) da sua mão e a ponta do segundo dedo
(o anular). Para ser preciso, meça por dentro, ou seja,
colocando a régua entre os dedos médio e anular.
*O campeonato interclubes é disputado por quatro jogadores de cada clube
que se enfrentam em jogos de simples. Caso haja empate em 2x2 joga-se uma
dupla para decidir o clube vencedor.
72
As raquete trazem colado, próximo ao cabo, um
adesivo que indica o peso e o grip. As medidas de peso
são:
L = LIGHT - LEVE
M = MEDIUM - MÉDIA
LM = LIGHT/MEDIUM
O tema “raquetes” leva naturalmente à história
do homem que revolucionou o tênis contemporâneo,
provocando a mais profunda reestruturação do material do
jogo desde a sua criação.
73
Howard Head, engenheiro e designer, resolveu
gozar férias numa estação de esqui. Contratou um
professor e pôs-se a descer as montanhas nevadas plantado
num par de esquis. Após muitos tombos, concluiu que a
culpa era dos esquis, feitos de madeira. Resolveu então
dedicar-se ao estudo do equipamento considerado por ele
“duro demais, sem molejo...”.
Mister Head projetou então um esqui mais leve,
bem maleável e com mais flexibilidade longitudinal. A
base era de plástico, o interior de madeira e as bordas de
aço, com revestimento de alumínio. Depois de muitos
testes, o novo equipamento foi aprovado. Nasciam os
famosos esquis marca Head. Já nos anos sessenta, quando
os Estados Unidos tinham mais de um milhão e meio de
esquiadores, a metade deles usava os esquis Head, que
davam a qualquer um a chance de esquiar com extrema
facilidade.
Com dez anos de sucesso e lucros espetaculares,
Mister Head vendeu a companhia e a marca para a AMF
por dezesseis milhões de dólares. Retirou-se dos negócios,
claro, e continuou a esquiar com as finanças equilibradas
para sempre. Disposto a desfrutar da vida, construiu uma
casa num lugar paradisíaco. Para não sucumbir ao ócio de
uma vida fácil, Howard Head resolveu mergulhar no tênis.
Construiu uma quadra no jardim, contratou um professor e
começou vida nova.
Como todo iniciante, Head sofria com as bolas
que teimavam em bater no aro, em vez de bater no centro
da raquete. Para treinar mais, comprou uma máquina de
lançar bolas, fabricada pela Prince, pequena empresa do
ramo. Logo Head descobriu defeitos na máquina e
resolveu aperfeiçoá-la. Levou seus desenhos à fábrica e,
em pouco tempo, suas idéias foram aceitas, passando a
empresa a fabricar a nova máquina, tendo Howard Head
como sócio. A Prince cresceu vertiginosamente e no início
74
da década de setenta já detinha 50% do mercado.
Enquanto isso Head continuava a jogar mal. Até que um
dia ele chegou à conclusão de que a culpa era da raquete e
não dele. Voltou à prancheta. Para aumentar a estabilidade
reduzindo o torque (a tendência de rodar em torno do
próximo eixo), Head aumentou o raio da cabeça da raquete
em duas polegadas e, como ficasse muito redonda,
estendeu a área encordoada para o cabo e confeccionou-a
em metal para suportar a força extra das cordas mais
longas. O resultado foi um sweet-spot muito maior. O
sweet-spot de uma raquete de tênis é o centro, o lugar ideal
para se bater na bola.
Como a inovação não feria as regras do jogo,ele
patenteou o modelo: uma raquete de área de corda quase
duas vezes maior do que a tradicional, com um sweet-spot
quatro vezes maior. Surgia então a raquete Prince, que
melhorou o jogo de Mister Head, o de muita gente, e
aumentou ainda mais a sua já gorda conta bancária.
Hoje são muitas as marcas que fabricam
raquetes de cabeça grande (big-size). E, como decorrência
da ousadia de Howard Head, já há também a intermediária
entre elas e as pequenas que são as de cabeça média (midsize). Eu recomendo aos iniciantes que usem as marcas de
acordo com as possibilidades e desejos de cada um,
lembrando-lhes sempre que as raquetes brasileiras são
comparáveis às melhores raquetes do mundo.
75
CAPÍTULO 11
A DEVOLUÇÃO DO SAQUE
Todo bom jogador saca a um passo do meio da
quadra. O motivo é simples: a rede é mais alta nos postes e
mais baixa no centro e quanto mais afastado do centro
você estiver, melhor será o ângulo para conseguir passar a
bola próximo à parte mais baixa da rede. Porém, se você
se distanciar muito do centro da quadra, seu adversário
certamente irá mandar a bola no “buraco” que ficará do
outro lado. Portanto, ficando a um passo dele, você
aproveita um pouco dessa curvatura da rede e não se
distancia do meio. Em duplas, aproveite que você só cobre
(teoricamente) metade da quadra e saque mais afastado do
centro dela.
Para receber o saque, tire uma linha imaginária
entre você e o sacador, e divida o retângulo do saque em
duas partes iguais, postando-se ao centro.
O saque é uma jogada de ataque e todos os
jogadores tentam fazer do seu primeiro saque uma arma
(nos Estados Unidos, o saque forte é também chamado de
cannon-ball, que, literalmente, quer dizer bala de canhão).
Cabe então ao recebedor, que precisa tomar decisões
76
rápidas quanto à velocidade e ao efeito do saque assim que
for executado, assumir uma posição de defesa.
Se o seu adversário tem um saque fraco ou, no
caso de devolução do segundo saque, normalmente bem
mais fraco que o primeiro, deve-se usar as mesmas batidas
dos golpes do fundo, sendo a técnica que estamos
analisando agora a destinada à devolução dos saques mais
rápidos e fortes. O lugar ideal para esperar um saque forte
é perto ou em cima da linha de fundo. Se ficar mais
avançado, você não terá tempo para fazer o movimento;
ficando mais atrás, você vai abrir muito o ângulo entre
você e a área do saque, obrigando-o a correr para tentar
alcançar a bola mais distante (o que é quase impossível
quando o saque é forte). Ficando próximo da linha de
base, com um passo e mais o braço esticado, você alcança
praticamente todas as bolas. A técnica desse golpe é
exatamente igual a do voleio. A bola vem muito veloz e
não há tempo de fazer movimentos longos. Deve-se,
então, aproveitar a força da bola para, amortecendo-a um
pouco, conseguir dominá-la.
devolução de direita
- posição inicial;
- avançar o pé esquerdo;
- raquete atrás;
77
- batida;
- termina aberto;
- direção;
- rotação do corpo – abaixar o corpo;
- braço encolhido;
Na devolução de esquerda repetir o mesmo procedimento,
mudando o pé esquerdo para pé direito no 2o item.
78
CAPÍTULO 12
O SMASH
- fique de lado (de perfil) para onde vai mandar a bola, pé esquerdo à frente;
- a cabeça da raquete vai direto para trás da sua cabeça, pelo caminho mais
curto possível; no smash, o tempo de preparação é muito mais curto que no
saque; portanto, não faça movimentos longos para colocar a raquete no
ponto certo;
- use o braço esquerdo para apontar a bola; isso o deixará em equilíbrio;
dando-lhe essa função, o braço esquerdo não fica dobrado e “esquecido”
na frente do corpo;
- dê uma laçada (movimento circular que a raquete faz atrás da cabeça) para
tomar impulso.
79
O smash (esmagar em inglês) é o golpe mais
violento do tênis. Um jogador competente normalmente
faz ponto certo no smash, pois o ângulo favorável da bola,
bem mais alta que a rede, e o fato de ter a quadra toda
como alvo, torna possível “soltar” bem o braço.
Repare nos desenhos que o posicionamento e a
mecânica do smash são praticamente iguais aos do saque.
Assim como no saque, a força do smash
depende bastante da velocidade do braço. Para garantir
estar passando no ponto de impacto com a bola no ápice
da velocidade do movimento,`faça uma continuação longa
e veloz após bater na bola. Isso é muito importante porque
a desaceleração de qualquer movimento nunca é feita de
imediato, e a ordem para frear é dada e começa a ser
executada sempre muito antes do seu final. A maneira
mais simples de treinar o smash é fazendo uso de um
paredão:
- bata na bola para que ela quique primeiro no chão, depois na parede e tente
apanhar a bola com a mão esquerda, sempre se movimentando de lado para o
paredão; esse exercício é bom para treinar essa estranha (a princípio)
movimentação; quando você já estiver controlando melhor a força e direção
da bola, passe a fazer smashs seguidos.
80
CAPÍTULO 13
COMPLEMENTO PARA OS GOLPES DO
FUNDO
Todo principiante tem a sensação que
movimentos arredondados para bater na bola são mais
fáceis de executar, e acham um pouco presos os gestos
mais curtos e retos como treinamos até agora. E, como já
vimos, todas as pessoas quando vão jogar tênis querem
mais é soltar o braço, bater com força. O objetivo desses
movimentos mais simplificados é que o aprendiz só
poderá trabalhar e transformar apenas um número limitado
de informações de cada vez. Isso, em qualquer atividade
motora. Após treinar dois ou três meses e ter “decorado” a
trajetória fundamental, poderá incluir gestos para
complementar o que já fazia e tornar a batida mais
ritmada, mais forte e também mais solta.
A DIREITA TOPSPIN
- Leve a cabeça da raquete ao lado da sua cabeça;
- Com uma pequena curva, desça a raquete fazendo com que ela passe pelo
ponto onde antes você iniciava o movimento.
81
A ESQUERDA TOPSPIN COM DUAS MÃOS
- Leve a raquete atrás, pouca coisa acima da cintura, com os braços dobrados;
- Faça uma pequena curva para tomar impulso e passe a raquete pelo ponto
baixo onde você começava o movimento.
Para quem faz a esquerda com underspin, a
preparação já é feita no alto, não havendo, portanto,
necessidade de fazer qualquer alteração.
82
CAPÍTULO 14
LOB E DROP-SHOT
Tanto o lob quanto o drop-shot (drop = deixar –
shot = batida) são jogadas de “finesse”, são golpes sutis e,
segundo o filólogo e acadêmico Antonio Houaiss, sutil
quer dizer: tênue, fino, agudo, penetrante, perspicaz, hábil,
engenhoso, que exige finura (ou finesse, em francês) e
sagacidade, quase imperceptível, sem ruído, manso, leve.
Golpes como esses que requerem tantas qualidades devem
ser vistos de forma especial, principalmente porque,
embora ambos necessitem dos mesmos atributos, a
deixada (ou deixadinha) é um golpe de ataque e o lob,
fundamentalmente, de defesa.
O LOB DE DIREITA
- Faça a mesma preparação do forehand, colocando a cabeça da raquete ao
lado da sua cabeça;
- inicie a volta e, de um ponto mais alto que o de impacto, desça a raquete
direto para a bola;
-imediatamente após bater na bola, ”abra” bem a raquete;
-fazendo uma curva, continue o movimento bem para cima e para frente.
83
O LOB DE ESQUERDA
- faça a mesma preparação do backhand com underspin, colocando a raquete
atrás,, acima da altura da cintura (lembre-se de que é importante disfarçar
o golpe);
- desça a raquete direto para a bola;
- imediatamente após bater na bola, ”abra” bem a raquete;
- fazendo uma curva, continue o movimento bem para cima e para frente.
Deixada é o nome dado ao golpe em que o
jogador tenta colocar a bola bem próxima à rede,
surpreendendo o adversário. Já o lob é a batida que faz a
bola ir bem alto, tentando encobrir o oponente quando ele
se encontra adiantado.
84
O DROP-SHOT DE DIREITA
- faça a mesma preparação do forehand colocando a cabeça da raquete ao
lado de sua cabeça (lembre-se de que é importante disfarçar o golpe);
- inicie a volta e, de um ponto mais alto que o ponto de impacto,
desça a raquete direto para a bola;
- imediatamente após bater na bola, ”abra” bem a raquete;
- continue o movimento somente uns poucos centímetros, fazendo uma
pequena curva para cima e para frente.
85
O DROP-SHOT DE ESQUERDA
- faça a mesma preparação do backhand com underspin, colocando a raquete
atrás,, acima da altura da cintura (lembre-se de que é importante disfarçar
o golpe);
- desça a raquete direto para a bola;
- imediatamente após bater na bola, ”abra” bem a raquete;
- fazendo uma curva, continue o movimento bem para cima e para frente.
Você deve ter reparado que a mecânica do lob é
igual à do drop-shot. A única diferença entre eles está na
continuação dos movimentos: no lob você quer mandar a
bola bem para cima tendo que continuar o movimento
igualmente para cima. Golpes especiais como esses pedem
movimentos igualmente especiais. Nenhuma outra batida
neste jogo é feita com gestos tão acentuadamente curvos e,
86
para ter mais domínio sobre a bola e sobre a direção a dar,
você não pode esquecer de uma coisa: acompanhe com o
corpo o gesto do braço e da raquete. Faça, então com que
o seu corpo abaixe e suba suavemente para acompanhar a
trajetória das batidas sempre que fizer um lob ou dropshot.
A continuação do movimento é o que dá a
profundidade ao golpe; portanto, como você quer mandar
uma bola curta, a continuação tem que ser igualmente
curta e para cima, pois você também quer jogar a bola um
pouco mais alta que a rede. Para treinar esse toque,
exercite-o com um amigo, fazendo um bate-bola bem
próximo à rede, tentando mandar a bola para quicar, no
máximo, a um metro dela.
DETALHES SOBRE COMO ABRIR OU FECHAR A
RAQUETE CORRETAMENTE NUMA BATIDA
Uma coisa curiosa que acontece a todo jogador é
a ligeira antecipação que ele faz quando se pede que abra
ou feche a raquete no instante de uma batida.
Todos os movimentos no tênis são divididos em
três fases - preparação, batida e continuação. E para dar o
efeito que a batida requer e corrigir a tendência da bola em
87
subir (se o gesto é ascendente) ou descer (se ele é
descendente), eu costumo dar a entender que o abrir ou
fechar a raquete fazem parte da continuação do
movimento, quando, na realidade, pertencem à fase
principal do gesto, ou seja, da batida na bola.
Como você já sabe, a bola sai sempre
perpendicular ao plano da raquete. Se você estiver batendo
corretamente com ela perpendicular ao chão, no caso de
uma batida com topspin, e a bola estiver subindo além do
desejado, feche um pouco mais a raquete. Se for o
contrário e ela estiver descendo muito, suavize mais o
gesto .Se for o caso de uma batida com underspin e a bola
estiver descendo, abra um pouco mais a raquete e, se ela
estiver subindo muito, suavize o gesto e não abra tanto.
Lembre-se: abrir a raquete quer dizer virar a face usada no
golpe para cima. Fechar é voltar a face da raquete para o
chão.
88
CAPÍTULO 15
A AMERICANA E A AUSTRALIANA
Muitas vezes acontece de você combinar uma
dupla e um dos parceiros não aparece. É chato, mas os
americanos, sempre práticos, inventaram um jogo que,
além de divertido, funciona como um excelente
treinamento: o jogo dois contra um. As regras (extraoficiais) são simples: no lado do jogador solitário vale a
quadra de simples, e no lado da dupla vale a quadra toda.
Esse jogo é bom, principalmente porque o jogador da
simples é bastante exigido.
Já os australianos foram mais criativos e
idealizaram uma solução que torna o jogo a três mais
interessante para todos os jogadores. As regras (extraoficiais) são as mesmas, só havendo mudança no processo
da contagem, que é individual. Para facilitar a
compreensão, vamos denominar as letras A, B e C para os
três jogadores. Se o jogador A inicia o jogo sozinho contra
a dupla formada por B e C e vence esse game, ele recebe 2
games na contagem. Se a dupla B e C vence, ganha 1
game cada um. Terminado o game, troca-se o
posicionamento. A, que jogou sozinho passa para a dupla
entrando à esquerda da quadra no lugar onde se
encontrava o jogador C, e este vai para o lado direito onde
antes estava o jogador B. Este, por sua vez, passa para o
lado da simples e joga-se novo game e assim
sucessivamente até que um dos jogadores complete 6
games e vença o jogo. O sacador será sempre o que jogar
na quadra de simples. Dessa forma, todos jogam a dupla e
todos jogam a simples e, ao final, tem-se um só vencedor.
À primeira (trinca?) dá-se o nome de Americana
e, à segunda, Australiana.
89
SEGUNDA PARTE
Quem viu Maria Esther Bueno jogar tênis,
certamente teve vontade de jogar também. Aconteceu
comigo. O que eu não imaginava é que anos depois de
contemplá-la na quadra, eu viria a jogar com ela.
Maria Esther ganhou os quatros torneios mais
importantes do mundo tenístico: Wimbledon, Roland
Garros, Aberto dos Estados Unidos e o Aberto da
Austrália. Conquistou quinhentos e trinta e cinco torneios
internacionais e brilhou dez anos entre os primeiro e o
segundo lugares do ranking mundial.
A primeira vez que joguei com ela, minhas
pernas tremiam de emoção. Era o súdito trocando bolas
com a rainha. Foi nas quadras do Tietê, em São Paulo,
onde comecei a jogar, que Maria Esther treinava quando
vinha ao Brasil. Lá conheci professores como o Henrique
Terroni, grande mestre da técnica do jogo, o simpático
Pino, o amigo Zeco (José Zanata), o aplicado Deoclécio
Teodósio que, mesmo me treinando sob o sol de verão,
corria em todas as bolas e fazia duras partidas comigo,
sempre no maior entusiasmo. Lá conheci também o
Batista, de quem recebi o providencial empurrão que
faltava para a minha caminhada nessa deliciosa aventura
que é trabalhar com o tênis.
Aos dezessete anos, mudei de clube. Fui para o
Santapaula Country Club, levado pelo meu parceiro
Amaury Passos, bicampeão mundial de basquete. O
Amaury é um atleta perfeito e foi outro campeão mundial
que muito me influenciou. Ele ganhou duas medalhas
90
olímpicas, duas no pan-americano, foi várias vezes
campeão sul-americano, brasileiro etc. Isso no basquete.
Na Argentina, onde estudou, foi campeão universitário de
natação e decatlo, além de ter sido campeão brasileiro de
vôlei. No tênis, ele começou aos vinte e oito anos e
chegou a ser um bom de segunda classe.
Nós sempre treinávamos juntos e jogamos vários
torneios em dupla ou um contra o outro. Uma coisa
curiosa é que o Amaury se desconcentrava com qualquer
ruído. Exigia silêncio para jogar. Logo ele, que vinha
vitorioso de esportes em que a torcida tem uma presença
ensurdecedora, como basquete e vôlei, jogados sempre em
quadra coberta, que amplifica brutalmente a algazarra do
público.
Eu mesmo assisti a uma decisão de título de
basquete em que, a três segundos do final, o time de
Amaury perdia por um ponto, quando alguém fez uma
falta nele. Ele tinha dois arremessos. Se acertasse só um, o
jogo iria para a prorrogação, pois em três segundos não
daria tempo para mais nada. Se errasse os dois, seu time
perderia. Se acertasse as duas cestas, seu time seria
campeão. Imagine a responsabilidade. A torcida contra,
urrava. O Amaury, impassível, respirou fundo e lançou a
primeira bola: cesta. Encestou a segunda com igual
tranqüilidade e foi campeão. Em contrapartida, no tênis eu
o vi perder um torneio, porque, a dez metros da quadra,
duas pessoas conversavam, tirando-lhe a concentração.
Quem já entrou numa quadra de tênis, primeira
classe ou principiante, compreende, certamente, o drama
do meu querido amigo Amaury. O tênis é um jogo de
precisão e, como tal, exige uma atenção absoluta.
91
CAPÍTULO 16
AS PEGADAS EASTERN
Até agora o nosso treinamento foi todo baseado
na pegada continental, nascida no continente europeu,
onde também surgiu o jogo de tênis. Ela reinou durante
muito tempo e ainda hoje reina absoluta no saque forte
(sem efeito), nos voleios, no smash, sendo ainda a mais
utilizada no golpes com underspin.
Agora que você já desenvolveu a coordenação
grossa, quando se deve ter condições favoráveis para
aprender os fundamentos do jogo e, após um acréscimo
considerável de movimentos que aumentaram a sua força,
desenvolveram o seu equilíbrio, e lhes ajudaram a
completar a assimilação da correta utilização do corpo,
podemos afirmar que está vencida mais uma etapa: o
desenvolvimento da coordenação fina.
Antes de passar à última fase – a estabilização
da coordenação fina – quando os seus músculos estarão
preparados para responder à maior carga de trabalho que
deles será exigido, vamos analisar outras maneiras de
segurar a raquete e acrescentar os golpes que faltam ao
repertório de um tenista em formação.
92
EASTERN DE DIREITA
A porção inferior da região hipotenar tocará as faces 2 e 3 do cabo da raquete
EASTERN ESQUERDA
A porção inferior da região hipotenar tocará as faces 7 e 8 do cabo da raquete
93
A pegada eastern foi criada nos Estado Unidos,
mais precisamente na costa leste (oriental, eastern em
inglês) e se encaixa com perfeição para os golpes com
topspin de direita e de esquerda. A principal vantagem
dessa empunhadura é permitir mais liberdade ao pulso.
Fica mais fácil dar efeito na bola e, conseqüentemente,
com mais efeito, tem-se mais controle e pode-se bater
mais forte.
Quando o jogador é principiante, esse pulso
mais solto é prejudicial, porque provoca falta de domínio,
de firmeza, e quando ele vai sacar, volear, smashar ou
fazer um golpe com underspin acaba tendo pouco controle
sobre a bola. Outra vantagem de fazer os drives (outra
denominação em inglês dos golpes do fundo, forehand ou
backhand) com essa nova pegada é poder bater na bola
bem mais à frente do corpo, ganhando um bom acréscimo
de força.
94
CAPÍTULO 17
A DIRETA TOPSPIN
COM A PEGADA EASTERN
- abaixe bem o corpo;
- deixe cair bem a cabeça da raquete;
- bata na bola quase um palmo à frente da perna de apoio;
- bata com a raquete paralela à rede;
- continue um pouco o movimento na direção do seu alvo, a raquete paralela
à rede;
- suba bem a cabeça da raquete, ”fechando” o pulso;
- suba o corpo ,acompanhando o movimento ascendente da batida.
Se com a pegada continental você conseguia um
pequeno efeito de topspin, com o grip eastern esse efeito
aumenta bastante.Ao iniciar os treinos para adaptar a
pegada eastern aos seus drives,não dê importância à
tendência das bolas em descer,ficando a maior parte na
rede.Habitue-se, primeiro,ao toque bem mais à frente, que
rapidamente elas passam a subir.
95
Martina Navratilova é um exemplo de tenista de
técnica perfeita. Ela usava a pegada continental para todos
os golpes e, somente depois de se profissionalizar, foi que
passou a usar o grip eastern para fazer o topspin na direita
e na esquerda. E com que perfeição Martina passou a
executar esses golpes!
96
CAPÍTULO 18
A ESQUERDA TOPSPIN
COM A PEGADA EASTERN
Aos oito ou aos nove anos comecei a praticar
esportes e nunca mais parei. Fiz natação, saltos
ornamentais, ginástica olímpica, esgrima, tiro ao alvo,
remo, basquete, vôlei, pelota, hóquei sobre patins. Tive
poucas aulas, treinei pouquíssimo com professores ou
instrutores mas, apesar de ter aprendido praticamente
sozinho, cheguei a praticar satisfatoriamente alguns desses
esportes. Gostava de ficar ao lado das piscinas, das
quadras e dos campos assistindo aos grandes atletas. Por
sorte, o clube que eu freqüentava era um viveiro de
campeões e recordistas em várias modalidades, e tentava
imitá-los depois. Aprendi a observar detalhes no corpo
que ajudavam no equilíbrio, no aumento da força ou na
melhoria da pontaria. Eu assistia a provas de arremesso –
como disco, dardo e martelo — e depois, na pista vazia
durante a semana, ficava copiando-lhes os gestos. No tênis
não foi diferente.
Eu já jogava razoavelmente quando fui assistir ao
romeno Íon Tiriac, que aos dezoito anos era campeão de
motociclismo quando começou a jogar tênis, conseguindo
ser o número dois de seu país e formando com o fabuloso
e irreverente Ili Nastase uma das melhores duplas do
mundo. Hoje, Tiriac é treinador e manager do alemão
Boris Becker, bicampeão de Wimbledon.
As arquibancadas do Pinheiros, em São Paulo,
estavam lotadas quando cheguei. Consegui um lugar bem
acima do nível da quadra, na parte de trás. Um lugar
perfeito. Desse ângulo pude observar que a cabeça da
97
raquete do Tiriac, quando ele ia bater a esquerda com
topspin, ficava sempre fechada, voltada para o chão.
Peguei o binóculo e conferi. Descobri não só a pegada
como a maneira correta
de manter o pulso, que
diferentemente da direita, devia ficar firme o tempo todo.
Fui tentar aplicar o novo jeito e a nova pegada e não dava
certo. Faltava ainda alguma coisa.
Algum tempo depois, novamente ao vivo (pela
TV você não tem noção da força nem da velocidade da
bola e dos jogadores) fui assistir a outro grande jogador do
passado, o espanhol Manoel Santana, um ex-apanhador de
bolas que ganhou Roland Garros em 61 e 64 e Wimbledon
em 1966, ficando entre os melhores do mundo até o meio
da década de 70.
- use a pegada eastern para a esquerda;
- bem abaixado, comece o movimento com a raquete bem abaixo da linha da
cintura;
- suba a raquete mantendo o pulso firme e bata na bola bem à frente da perna
de apoio;
- bata na bola com a raquete paralela à rede e continue assim o movimento na
direção do alvo;
- suba bem a raquete (e o corpo) mantendo o pulso firme.
98
Dessa vez, fiquei bem perto da quadra, ao nível do chão e
próximo à linha de fundo. Quando ele ficava de lado para
bater eu o via de frente e pude então observar o que faltava
para o meu topspin de esquerda: bater na bola bem mais à
frente do corpo.
Com a ajuda da nova esquerda, algum tempo
depois eu chegava à segunda classe.
O movimento dessa batida é igual ao que você faria se tivesse que impulsionar
uma roda para a frente.
Faça alguns treinos com essa preparação básica
para que você aprenda a memorizar bem o ponto em que
se inicia o movimento de subida. Quando estiver
controlando bem o golpe, passe a fazer a preparação acima
da cintura. Fica mais confortável e é mais eficiente.À
exemplo da direita topspin, faça uma pequena curva
passando a raquete pelo ponto inicial do golpe.
É comum ver bons jogadores fazendo o drive de
direita com o pé direito na frente. Você já deve ter
99
reparado nisso e não se pode dizer que esteja errado, pois
esses jogadores dominam de tal forma a transferência de
peso (fruto de muitos treinos batendo com a postura
correta), que conseguem colocá-lo no golpe mesmo
apoiados no pé errado. O mesmo já não ocorre na
esquerda. O golpe aqui exige que as coisas estejam no
devido lugar.
Você poderá ver Ivan Lendl, Pat Cash ou Boris
Becker batendo a direita com o corpo de frente para a
quadra, mas não verá jamais nenhum deles fazer o mesmo
na esquerda. Portanto, treine bem a técnica desse golpe. E
agora que você tem duas opções, passe a usar cada vez
mais o topspin, deixando o backspin para as bolas altas,
moles e as mais difíceis de controlar.
100
CAPÍTULO 19
A PEGADA AUSTRALIANA OU BETWEEN
Foi na Austrália que surgiu um tipo de pegada
que ficava entre a continental e a eastern de esquerda,
sendo por isso chamada de between (entre, no meio de),
ficando também conhecida como “pegada australiana”.
A porção inferior da região hipotenar tocará as faces 1 e 8 do cabo da raquete
Essa pegada foi muito difundida na época em
que a Austrália dominou o tênis mundial, com jogadores
como Rod Laver, duas vezes ganhador do “Grand Slam”.
Esse grip funciona bem para todos os golpes na
esquerda mas prejudica as batidas do lado direito, porque
exige que se dobre bastante o pulso e hoje é mais reduzido
o número de tenistas que a usam para todos os golpes. Nos
saques com efeito, porém, ela continua a ser a preferida
pela maioria dos bons jogadores. Alguns a usam, também,
101
no saque sem efeito, com a intenção de acentuar mais a
descida da bola.
É importante que você saiba a diferença entre
fechar e dobrar o pulso.
O incrível McEnroe usa o grip australiano ou
between. É fácil verificar, nas fotos dos jornais ou revistas
especializados em tênis, como ele está sempre com o pulso
“quebrado”,
usando-o
com
uma
habilidade
impressionante. Outro que usa essa empunhadura é o
nosso também fabuloso Carlos Alberto Kirmayr.
102
CAPÍTULO 20
O SAQUE SLICE
Sempre que disputava uma partida com um
adversário mais fraco eu me deliciava com uma coisa que
muitas vezes atrapalha até jogadores razoavelmente bons:
enfrentar jogadores que possuíam aquele potentíssimo
primeiro saque, daqueles que fazem um barulhão, mas
que entra um em quinze e que depois mandam o segundo
bem mais fraco e mole, só faltando a bola vir embrulhada
para presente. Normalmente eu avançava um metro, um
metro e meio dentro da quadra, para ir fazendo pressão.
Para devolver um segundo saque desse tipo é
importante não deixar a bola cair depois de quicar, pois
vindo com pouco peso, ela ainda conserva alguns na
subida e é aí que você deve batê-la e na altura da cintura,
lógico.
A grande maioria dos jogadores tem um
primeiro saque batido e o segundo com bastante efeito.
O primeiro se destina ao ataque e o segundo
para evitar ser atacado, pois efeitos no saque dão uma
margem de segurança muito grande, permitindo ao
sacador forçá-lo bastante, além da trajetória da bola ser
alterada após o quique, o que dificulta mais a sua
devolução.
O slice – que poderíamos traduzir como fatia,
tirar pedaços em fatias –, é um saque com o efeito dado de
lado na bola, produzindo nela uma rotação para trás, e dos
saques com efeito é o mais fácil de executar.
103
- use a pegada australiana;
- leve a cabeça da raquete atrás da sua cabeça;
- lance a bola bem à sua direita;
- vá com a raquete direto para a bola, como se quisesse tirar dela uma pequena
fatia;
- contorne a bola, fazendo com a raquete uma curva acentuada;
- dirija a continuação do movimento para o seu alvo;
- termine o movimento com a cabeça da raquete aberta.
104
Para treinar esse novo saque simplifique o
movimento e faça-o em duas etapas: primeiro, leve a
raquete atrás da cabeça e somente depois lance a bola para
batê-la; quando você estiver controlando todo o gesto e a
bola estiver entrando, aí então você poderá passar a fazer
o movimento direto, da mesma forma como nós já fizemos
ao treinarmos o primeiro saque.
Durante alguns tempo faça o primeiro e o
segundo saques com slice, até você ganhar bastante
segurança, passando depois a fazer o primeiro forte e o
segundo com slice.
Geralmente, o tenista que treina pela primeira
vez esse saque (e com essa pegada) fica um pouco
desanimado, pois as bolas teimam em ir muito mais à
esquerda do que ele deseja. Isso é normal acontecer e é só
fazer dois ou três treinos que a bola passa a obedecer ao
seu comando de direção.
DETALHE DO SAQUE SLICE
105
CAPÍTULO 21
O SAQUE LIFTADO OU AMERICAN TWIST
- use a pegada australiana;
- leve a raquete atrás da cabeça;
- lance a bola atrás da sua cabeça e incline o corpo também para trás para
tomar impulso;
- a raquete sobe direto para a bola;
- o corpo sobe junto;
- para dar equilíbrio a perna direita sobe também;
- após tocar a bola, contorne-a;
- acompanhe esse movimento com o corpo, fazendo a perna que havia
levantado dirigir-se à frente;
- continue o movimento na direção do seu alvo e termine-o com a raquete
aberta.
106
O mais eficiente segundo saque, o que faz a bola
ir com uma mistura de efeitos topspin e sidespin (efeito de
lado) juntos, é destinado aos bons jogadores, pois exige
um domínio sobre o corpo que só um tenista mais
avançado consegue ter. American twist é um nome
perfeito para esse saque. Quando a bola sai da raquete do
sacador, vai levemente para a direita. Depois, fazendo no
ar uma curva, vai para a esquerda e, após quicar, além de
subir muito ela vai de novo para a direita. Esse saque é
bastante utilizado como jogada de ataque em jogos de
duplas, quando um jogador se encontra na rede e o sacador
quer acompanhar o saque, indo também à rede. Além de
dificultar a devolução, a trajetória mais longa da bola, em
virtude das curvas que faz no ar, dá mais tempo ao sacador
para que ele chegue à rede.
Eu tenho insistido em dizer que sempre devemos
acompanhar com o corpo o movimento que o braço faz, e
aí reside a maior dificuldade a vencer para se executar o
saque liftado (lift = erguer, levantar).
DETALHE DO SAQUE AMERICAN TWIST
107
Assim como nos dois outros saques, esse
também requer que se comece fazendo-o em dois tempos,
até que se tenha um bom controle sobre esse complexo
movimento.
108
CAPÍTULO 22
AS PEGADAS WESTERN
A porção inferior da região hipotenar tocará as faces 3 e 4 do cabo da raquete
A porção inferior da região hipotenar tocará as faces 6 e 7 do cabo da raquete
109
Foi também nos Estados Unidos, desta vez na
costa oeste (ocidental, western, em inglês), onde o tênis
sempre foi jogado em quadras rápidas, que surgiu a
pegada western.
Tal como no grip eastern, e de forma mais
acentuada, essa pegada dá muita liberdade para o
movimento de pulso, permitindo uma variação de efeito
topspin muito maior. Esse era, ou é, o grip usado para os
drives por Ivan Lendl e creio que, apesar da minha
preferência pessoal pelas pegadas eastern, o jogador
(adiantado) que optar pelo grip western estará fazendo
uma boa escolha.
A técnica para você usá-las no topspin de direita
e esquerda é igual à demonstrada para os mesmos golpes
com a pegada eastern. A única diferença é que você deve
bater na bola ainda mais à frente do corpo.
110
CAPÍTULO 23
O LOB TOPSPIN
- use o grip western;
- faça a mesma preparação do drive, levando a cabeça da raquete ao lado da
sua cabeça;
- faça a volta e deixe a cabeça da raquete cair bastante;
- suba a raquete rapidamente e bata na bola à frente do corpo;
- continue subindo, fechando violentamente o pulso;
- faça o contorno fechado;
- suba o corpo acompanhando o movimento.
111
O lob com topspin é um golpe em que é
fundamental utilizar a pegada western. O efeito em
topspin exigido para que ela descreva uma curva sobre o
jogador que está próximo à rede é muito grande.
No lob amortecido, mesmo que você tente
disfarçar o gesto, ele sempre o denuncia, permitindo que o
adversário anteveja a jogada e vá se afastando antes
mesmo de você bater, além da bola vir lenta, dando mais
tempo ainda ao oponente de se colocar.
Com o lob topspin tudo é diferente e a jogada
torna-se puro ataque, porque a preparação é idêntica a de
um drive normal, só mudando a continuação do
movimento, quando já é tarde para qualquer antecipação.
Além disso, a trajetória da bola é muito rápida e não dá
tempo para seu adversário sequer correr para trás a fim
de apanhá-la. O argentino Guillermo Vilas era mestre
neste golpe, assim como Borg, que foi eleito o melhor
contra-atacante da história do tênis .Aliás, talvez seja essa
a melhor maneira de definir o lob topspin: um golpe de
contra-ataque.
112
A maior dificuldade a vencer nesse golpe é
coordenar (ordenar junto, lembra-se?) dois objetivos
distintos:
1) a bola tem que subir para ultrapassar o adversário, até
um ponto exato, e é a continuação do movimento
(como sempre) que irá fazer com que isso ocorra;
2) depois de continuar o movimento para cima, a mesma
curva fechada que a bola irá fazer sobre o jogador você
também fará, contornando-a para interromper
bruscamente a subida da raquete ao puxá-la para baixo,
puxando assim também a bola para o chão.
113
CAPÍTULO 24
A DIREITA COM UNDERSPIN
Para que você tenha a sua direita completa, a
exemplo do que já acontece do lado esquerdo, resta
treinar a batida com underspin. Esse golpe é destinado às
bolas muito altas, a defender-se nas bolas difíceis, a variar
o jogo mudando o seu peso. Enfim, é o recurso destinado
àqueles 20% de bolas sobre as quais falamos na primeira
vez que analisamos o forehand.
- use a pegada continental;
- comece o movimento com a raquete mais alta que a sua cintura;
- desça a raquete e bata na bola à altura da cintura;
- abra a raquete e continue descendo;
- continue o movimento na direção do seu alvo;
- desça o corpo para acompanhar o movimento do braço.
114
Qualquer golpe executado com underspin pode
mandar a bola forte e com pouco efeito, como também
pode mandá-la bem amortecida e com isso diminuir ou
aumentar a descida da raquete em relação à bola.
A variação desse efeito (e de qualquer outro)
deve levar em consideração a segurança ou a força que
você quer aplicar aos golpes.
A VARIAÇÃO DO EFEITO UNDERSPIN
MUITO EFEITO
MENOS FORÇA
POUCO EFEITO
MAIS FORÇA
MUITA FORÇA
NENHUM EFEITO
Tenho demonstrado sempre a batida ideal nos
desenhos, ou seja, aquela em que é possível bater na bola à
altura da cintura. Se você tiver que bater uma bola mais
alta (tipo altura do ombro), comece o movimento
colocando a raquete mais alta que o seu ombro, bata na
bola na altura dele e termine próximo ao nível da cintura.
Se o caso for o oposto, uma bola bem mais baixa que a
altura da sua cintura, comece o movimento na altura dela
(da cintura), bata mais embaixo e termine mais abaixo
ainda. Nesse caso (e somente nesses casos) é que a bola
precisará subir um pouco para transpor a rede; depois de
bater, continue o movimento para baixo mas, antes de
terminá-lo, suba a trajetória um pouco para fazer com que
a bola suba também.
115
CAPÍTULO 25
O APPROACH-SHOT
O approach-shot é um golpe com características
especiais no jogo de tênis. Approach quer dizer
aproximação, entrada, chegada, e é a designação dada ao
golpe usado para aproximar-se da rede. É uma jogada
essencialmente de ataque. Você pode fazê-lo tanto com
topspin quanto com backspin; contudo, o ponto mais
importante a dar atenção para aprender a usar com sucesso
esse golpe será a movimentação das pernas.
Esse golpe exige um trabalho especial de pernas
porque, como é essencial bater de lado, e essa batida pede
que se movimente antes e/ou durante, e/ou depois do
golpe, e essa movimentação só pode ser feita na direção
do golpe, isso implica que você deve dar alguns passos
também de lado para que o deslocamento se dê na direção
certa: para a frente.
Normalmente, para todos os golpes, a boa técnica
diz que qualquer batida deve ser feita com o jogador
parado. E por que parado? Simplesmente porque só assim
você terá domínio sobre o seu peso para lançá-lo na
direção certa. Quando você ainda está correndo ao chegar
à bola, seu peso continua na direção da trajetória da
corrida até que você pare totalmente.
116
A resultante de uma força para um lado (peso) e
a sua batida (força do braço) para outra direção não pode
ser favorável a um bom golpe. Como bem ensina o
conhecido Eduardo Menga, ex-professor em São Paulo e
atualmente árbitro internacional de tênis: “Um bom golpe
é aquele que melhor respeita as leis da física”.
117
CAPÍTULO 26
OS TREINAMENTOS
Em 1979, seguindo o conselho que me foi dado
por Thomas Koch (nosso maior jogador masculino em
todos os tempos), fui aos Estados Unidos passar uma
temporada na clínica do Harry Hopman. Esse australiano,
considerado um dos maiores coaches (instrutores,
treinadores) do mundo, foi o responsável por seu país ter
dominado o tênis mundial por quase duas décadas, e
depois, ao se transferir para os Estados Unidos, contribuiu
para fazer os americanos terem o maior número de tenistas
entre os dez melhores do ranking, até há pouco tempo. De
1985 para cá, os suecos, tchecos e alemães deixaram-nos
para trás. Parece ser a vez da Europa.
Eu, que sempre achei que a técnica era a coisa
mais importante para desenvolver o jogo, depois de ter
acompanhado o trabalho de Mister Hopman, e de ter visto
os resultados alcançados em pouco tempo de treino, tive
de rever esse e outros conceitos. Não deixei de lado a
técnica para adotar a massificação (tão ao gosto dos
americanos) e os exercícios físicos com jogos específicos
e extenuantes propostos por Hopman, onde o que importa
é colocar a bola do outro lado sempre com muita força.
Simplesmente adotei uma combinação de todos esses
fatores, incluindo naturalmente a preparação psicológica,
que é fundamental para qualquer atleta em qualquer
esporte e em qualquer nível. O nosso corpo é uma obra
una. Não adianta treinar só os músculos e esquecer a
cabeça. É preciso muita harmonia entre os dois para se
fazer um bom jogador.
118
Como existe uma infinidade de exercícios
possíveis de fazer para treinar qualquer golpe,
exemplifico, para simplificar, mostrando o caminho a
seguir para treinar um único deles. Você poderá,
entendendo os seus objetivos, transportar o sistema para
qualquer outro golpe que queira.
PARA TREINAR A ESQUERDA
Primeiro treine a mecânica do golpe, ficando de
lado para a quadra, com a ajuda de alguém que lhe mande
as bolas perto, para você não precisar se movimentar
muito. Vá tentando controlar a bola também, mandando-a
ao meio da quadra.
119
Quando estiver controlando o gesto, e a bola
estiver indo na direção desejada (repita sempre uma
mesma direção), passe a ficar de frente para esperar a
bola, dando um passo antes de bater.
Peça ao seu amigo que jogue as bolas no canto
da quadra, a intervalos regulares, para você fazer uma
corrida controlada. Vá até a bola, bata e volte ao meio,
repetindo isso sem parar, por um minuto. É importante
que a corrida de volta ao meio seja feita com o corpo de
120
frente para a quadra. Faça várias séries de um minuto, com
um minuto de descanso.
Repita o exercício anterior, batendo mais forte e
se movimentando mais rápido. Para garantir a sua volta ao
meio da quadra de maneira correta, coloque (por exemplo)
um balde com a boca para baixo e toque-o com a raquete
quando se aproximar dele, antes de voltar para bater na
bola seguinte.
121
Coloque um alvo de um metro quadrado na
quadra, de preferência branco, para chamar a sua atenção e
repita o treinamento da corrida no mesmo esquema dos
dois anteriores. Faça uma contagem de tempo e de
resultado (bolas acertadas no alvo).
Para treinar a corrida para a frente, fique sobre a
linha de fundo e peça ao seu amigo que mande as bolas
curtas para que você corra, bata na bola e volte (sem dar as
costas para a quadra) rapidamente à linha do fundo.
Quando você estiver chegando, ele já deverá estar
mandando a bola seguinte para que você avance
novamente.Isso é para ser feito em velocidade, com
duração de um minuto, por um de descanso.
122
Para treinar a corrida para trás, novamente fique
sobre a linha do fundo e peça ao seu companheiro que
mande as bolas altas e que quiquem próximas à linha.
Você deverá se afastar, bater na bola (sempre avançando)
e correr até a linha novamente, quando a bola já deverá ter
sido lançada para você de novo.Tempo: um minuto, por
um de descanso.
Se você é um jogador adiantado e está
insatisfeito com um único golpe e quer melhorá-lo, é
fundamental levar em consideração que a mecânica desse
golpe já faz parte de vários reflexos que foram
condicionados e se solidificaram com o tempo, além de
pertencer a um ritmo determinado.
Para que você consiga consertar o seu golpe
defeituoso de forma definitiva será preciso aprender tudo
de novo em relação a ele. Calma! Isso não significa que
você tenha que retroceder. Você só tem que refazer o
caminho do aprendizado e, enquanto um iniciante leva
tempo para chegar a esse estágio de treino, um jogador
adiantado percorre esse caminho em dois ou em três
treinamentos.
123
PARA TREINAR A DIREÇÃO
Como já vimos, a bola sai sempre perpendicular
à raquete. Vimos também que se deve bater na bola à
frente do corpo, mais precisamente à frente da perna de
apoio. Vimos ainda que, ao bater, o jogador deve ficar
sempre de lado para a quadra.
Ficar de lado para a quadra. É isso que se pede
aos tenistas quando eles estão começando a jogar, porque
se deseja que eles acertem a bola na quadra. Na realidade,
o jogador tem que ficar de perfil é para o lugar onde ele
deseja acertar a bola. Observe nos desenhos:
- a posição do pé é fundamental para colocar o corpo de lado para seu alvo;
deixando-o em diagonal à quadra, você consegue a bola cruzada;
- para a bola paralela o pé também fica paralelo (à linha de fundo).
124
Para treinar a direção, coloque um alvo na
quadra e peça ao seu parceiro que mande as bolas (só de
um lado a princípio) para você tentar acertá-lo (o alvo, é
claro, não o seu amigo).
Você pode estabelecer um tempo (tipo três
minutos) e ver quantas bolas acerta no alvo. Nos treinos
posteriores, poderá tentar melhorar essa marca inicial e
depois ir colocando dificuldades a serem superadas
gradativamente, tais como incluir uma pequena corrida,
bater uma bola de cada lado, aplicar mais força etc. Para
treinar o saque colocado ponha um alvo menor e obedeça
ao mesmo princípio.
OUTROS EXERCÍCIOS
- percorra a quadra batendo três bolas de direita e volte de esquerda;
- avance dois metros e continue assim por alguns minutos; torne a avançar até
que você se aproxime da rede;
- faça o mesmo com o voleio.
125
PARA TREINAR O SMASH
Para treinar o smash, fique próximo à rede e
peça ao seu parceiro que mande o lob. Afaste-se, correndo
de lado. É importante que você bata na bola sempre
“caindo” para a frente. No embalo da “caída” para a
frente, corra para perto da rede. Quando você estiver
chegando, seu parceiro já deverá estar jogando o lob
seguinte.
Você pode fazer esses exercícios com um
minuto, por um de descanso. Os exercícios propostos
podem ser feitos de forma variada e servem para todos os
golpes, podendo-se mesclar um e outro para cumprir seu
objetivo. Os limites de tempo devem ser feitos de acordo
com a sua resistência e através do resultado obtido, pois,
quando o cansaço o faz errar, você deve parar o exercícios
imediatamente para não treinar o erro. Esses exercícios
visam a melhorar o jogo de pernas e colocá-lo em
condições de, num treino de quinze minutos, fazê-lo bater
trezentas bolas aproximadamente. Você levaria uma hora
para conseguir esse resultado, se fizesse um simples batebola e jogasse um set nesse tempo.
Esses deslocamentos com batida fortalecem as
pernas e permitem treinar em situações de esforço maior
que o solicitado em jogo, deixando-o preparado para jogar
126
com facilidade, liberando assim a cabeça para pensar nas
táticas do jogo.
USE UMA ESCADA PARA MELHORAR SEU JOGO
Há vários métodos de preparação física em esporte.
Você pode correr, alongar-se, fazer abdominais ou
exercícios especiais para fortalecer o joelho, o tornozelo e
outras articulações. As nossas revistas especializadas em
tênis sempre trazem artigos de bons preparadores físicos,
com os melhores exercícios aeróbicos e anaeróbicos que
um tenista pode fazer para melhorar o seu rendimento. Por
conseguinte, não é o caso de me alongar nesse tema já
bem conhecido. Prefiro simplificar, falando um pouco
sobre os meus exercícios prediletos. Os tenistas
geralmente fazem exercícios em aparelhos para ganhar
força, o que os deixa com a musculatura curta . Nesse
caso eu recomendaria exercícios de alongamento para
complementar esse treinamento.
Há os que gostam de correr vários quilômetros
para ganhar resistência. A esses eu diria que isso é bom,
mas lembre-se: um tenista corre, quando muito, cinco
metros para bater numa bola. A longa corrida lhe dá
reservas de oxigênio e é bom correr para treinar
“ventilação” nos pulmões. Porém, o melhor exercício que
você pode fazer é subir e descer escadas. Os exercícios em
escadas dão muito mais ritmo (e um ritmo semelhante ao
do jogo) do que os mecânicos exercícios em aparelhos ou
as longas e lentas corridas, além de melhorar a subida
vertical, a habilidade de pular mais alto.
Existem centenas de exercícios que você pode
fazer em uma escada e que darão velocidade aos seus pés.
Lembre-se: tênis é um jogo baseado em explosão e jogo de
pés, e creio que quinze a vinte minutos de treino numa
escada é melhor que correr durante uma hora. Além do
127
que, se você fizer exercícios de explosão até o seu limite, a
resistência virá com isso.
Como fazer para esse programa funcionar com você?
Simples: descubra uma escada e comece a subi-la e descêla até você ter dificuldades em respirar ou até seus
músculos começarem a doer. Marque esse seu tempo
limite. Suponhamos que foram três minutos. Descanse
dois e repita esse exercício mais uma ou duas vezes. No
segundo dia, repita essa mesma dose para depois ir
aumentando o tempo até conseguir fazer várias séries de
sete ou oito minutos por um de descanso.
Você pode variar, subindo rápido e descendo
mais devagar, ou subir de dois em dois degraus e descer de
um em um. Pode subir dois e descer um, subir dois e
descer um por algum tempo. Pode subir um degrau por
vez com os dois pés; enfim, trocando e variando os
exercícios eles lhe farão bem e não serão cansativos.
128
CAPÍTULO 27
O TIE-BREAK
O tie-break ( ou tie-breaker) é um número de
pontos rapidamente jogados para decidir o vencedor de um
set em que cada lado já ganhou 6 games. A palavra break
quer dizer quebrar, e tie (além de gravata ou amarrar)
significa uma igualdade de resultados; portanto, a tradução
aproximada seria: quebra de igualdade.
Esse sistema de contagem adotado no início dos
anos 70, única transformação nos fundamentos das regras
do jogo desde a sua criação, foi uma imposição da
televisão, veículo que popularizou o tênis e que não podia
se sujeitar às intermináveis partidas que vez ou outra
aconteciam. Imagine você, sentado à frente da sua telinha
assistindo Roger Taylor (Ingl.) vencer Wieslaw Gasiorek
(Pol.) por 27x29, 31x29 e 6x4, em Varsóvia, 1966. Ou
ainda a dupla Dick Leach/Dick Dell que venceram Len
Schloss/Tom Mozur em Newport, EUA, por 3x6, 49x47 e
22x20, em 6 horas e 10 minutos.
O tie-break foi uma invenção americana, e os
puristas do tênis o foram aceitando aos poucos. O último
dos grandes torneios a adotar esse sistema de contagem foi
a taça Davis, em 1988. Num encontro entre Estados
Unidos e Alemanha, dois anos antes, John McEnroe e
Boris Becker fizeram o mais longo jogo da história do
tênis e entraram para o livro Guiness de recordes: em 6
horas e 38 minutos, Beker venceu por 4x6, 15x13, 8x10,
6x2 e 6x2.
Para se jogar esse game diferente, as regras são
simples: o jogador que normalmente teria o saque, começa
sacando o primeiro ponto, fazendo-o pelo lado direito. O
jogador que inicia sacando tem direito de dar somente um
129
saque (com duas bolas) e o restante, dois saques cada um
até que alguém faça sete pontos, desde que haja uma
diferença de dois pontos para um dos lados. Como um só
serviço* é feito pelo primeiro sacador, o segundo sacador
saca para a esquerda e depois para direita, e assim
sucessivamente.
*serviço: o mesmo que saque (service, em inglês).
130
CAPÍTULO 28
ENCONTRE O SEU RITMO
Para qualquer pessoa transformar-se num bom
jogador de tênis é fundamental dominar os fundamentos
do jogo. Agora, para dominar a mecânica de cada
movimento e para a unificação de todos os golpes é
preciso ritmo.
Vou relatar dois casos que foram, de certa
forma, fundamentais para que eu chegasse à conclusão de
que o ritmo é a coisa mais importante para se fazer uma
pessoa assimilar qualquer treinamento que seja: — Certa
vez, um tenista bastante razoável procurou-me para que
tentássemos melhorar o seu jogo. Ao batermos bola, notei
a coisa mais importante a corrigir: o hábito de correr para
muito perto do quique da bola e batê-la sempre caindo e
andando para trás. Com alguns treinamentos, onde o
coloquei fixo num lugar e fui jogando as bolas na altura e
distâncias corretas e também induzindo-o a não se afastar
na hora de bater, obtivemos rápidos progressos. Quando
sua musculatura já estava mais alongada, fiz com que ele
passasse a projetar o corpo para a frente quando batesse na
bola, e de imediato sentiu que suas bolas iam muito mais
fortes que antes, e com total controle. Incluímos então um
exercício com corrida controlada. Depois disso tudo, pedi
para que ele batesse bola com meu assistente. Postei-me
atrás dele no fundo da quadra, falando toda vez que ele
acertava com perfeição o movimento, e também quando
tendia ao erro, para deixá-lo bem consciente do gesto que
estava executando. Quando tudo parecia estar no lugar
correto, convidei uma outra pessoa que treinava comigo
131
para fazer uma partida contra ele. Para minha surpresa, no
segundo game ele já tinha voltado a avançar demais na
bola em a bater andando para trás, seguindo o seu
“instinto” anterior aos treinamentos.
De outra vez, querendo uma parceira para testar
o jogo de uma jovem que treinava comigo, resolvi
convidar uma aluna de outro instrutor que acabara de
treinar na quadra ao lado, para que fizéssemos uma dupla.
Eu jogaria com minha aluna e ela com meu assistente, e
faríamos assim um jogo equilibrado. Pelo o que eu tinha
observado algumas vezes, a aluna convidada possuía
ótima coordenação motora e bastante força muscular, o
tipo com total facilidade para jogar, e demonstrava, no
bate-bola com seu professor, já estar jogando bastante
bem. Porém, quando começamos a partida, seu jogo foi
decrescendo, e ela foi apresentando dificuldades para
devolver as bolas mais lentas mandadas pela minha
parceira, errando bolas fáceis mesmo quando eu as
mandava com mais peso para facilitar-lhe a batida.
Tanto um caso como outro nos remetem a um
ponto crucial para todo tenista: como repetir com seus
parceiros a performance conseguida com seus
professores. A coisa é mais simples do que parece.
Todos os treinamentos têm que levar em
consideração que você possui um ritmo, que o jogo possui
um ritmo. Em ambos os casos citados, os tenistas tinham
jogado em ritmo de treinamento, e não haviam treinado o
ritmo num set. O primeiro caso, já ocorrido há bastante
tempo, foi o que me levou a sempre treinar cada pessoa
até que ela conseguisse jogar com sucesso com outra
pessoa de seu nível.
Como vimos anteriormente, você deve começar
treinamento de um golpe sempre ficando parado, tendo
uma pessoa para jogar as bolas na distância e na altura
corretas para você executar a mecânica do golpe. O
132
lançamento da bola até você deve ser feito com intervalos
de tempo regulares. Depois você poderá ficar de frente
para a quadra e dar o passo inicial (o primeiro passo da
corrida ) e bater. Você precisa que o seu parceiro continue
mandando as bolas com intervalos de tempo regulares, e
posteriormente, após treinar dessa forma a corrida ainda
controlada, deve fazer um bate bola usando esse golpe
com o seu parceiro ditando o ritmo do jogo, ou seja, se por
descontrole você bater forte demais, ele deve devolver a
bola mais lentamente, e se você bater muito devagar, ele
deverá acelerar a devolução, para que o intervalo entre as
batidas seja num tempo regular. Treinar com música
(instrumental ou clássica) pode ajudar. Você pode achar
um ritmo na música e tentar seguí-lo enquanto joga.
Para você juntar todos os golpes treinados
separadamente ao conjunto do seu jogo, você deve treinar
sets simulados, tendo o seu parceiro e/ou treinador para
ditar o ritmo do jogo. Vocês podem jogar com cada um
sacando durante certo tempo, como se fosse um jogo real,
só que sem a preocupação da contagem ou resultado, e sim
com a atenção voltada somente para o ritmo. Tendo
seguido esse procedimento você estará adquirindo um
ritmo padronizado, mas que não será o definitivo, posto
que este virá naturalmente, pois você acabará descobrindo
o seu ritmo natural.
Quando você estiver jogando com qualquer com
qualquer pessoa, tente impor o seu ritmo. Se você estiver
vencendo não o altere de maneira nenhuma, e caso você
esteja perdendo, tente mudar o ritmo do jogo, tente
quebrar o ritmo imposto pelo seu adversário.
Em esportes coletivos, a figura do técnico é,
quase sempre, fator fundamental para a vitória de um time.
Do lado de fora, ele percebe mais facilmente o ritmo do
jogo e vai fazendo alterações para usá-lo a favor do seu
time. No vôlei, por exemplo, podemos ver como os
133
técnicos influenciam pedindo tempo quando o time
adversário entra num ritmo e acerta vários pontos
seguidos, alterando dessa forma a continuidade desse
ritmo.
Estão aí algumas informações para ajudá-lo a
refletir a respeito de uma coisa tão complexa e
fundamental, e, em tênis onde o técnico não pode opinar
no meio de um jogo (à exceção de jogos entre países, na
taça Davis), você tem que desenvolver sua sensibilidade
para saber usar o ritmo a seu favor.
Aprender a jogar com ritmo é a última fase de
todo o nosso treinamento. Creio que aprender a jogar tênis
por um livro pode não ser coisa fácil, mas é possível. É
fundamental ter em mente que tudo deve ser treinado
separadamente e harmoniosamente agrupado. Conheço
professores que ensinam coisas demais, dão informações
demais, e depois de algum tempo o aluno começa a se
sentir incapaz, pois o professor lhe explica, ele entende,
mas não consegue realizar. Lembre-se: instrução demais é
pior que nenhuma.
O professor deve funcionar como um diretor de
teatro ou de cinema: ele tem que dirigir o jogador como se
faz com um ator. É o diretor quem dirige os movimentos
para ajudar a enfatizar a emoção que o ator tem que
passar. O professor deve dirigir os movimentos do tenista
de forma a fazê-lo jogar com a técnica apropriada, e usar
bem o corpo para bater . Acredito que, através do texto e
das ilustrações desse livro e com a ajuda dos seus amigos,
você também conseguirá fazer isso.
— Agora, o serviço é seu.
134
CAPÍTULO 29
REGRAS OFICIAIS
A QUADRA
Regra 1 –A quadra
A quadra deve ser um retângulo de 23,77 m de
comprimento por 8,23m de largura, a dividida ao meio por uma
rede suspensa por uma corda ou cabo metálico, com um
diâmetro máximo de 0,8cm, cujas extremidades devem ser
amarradas ou passar sobre dois postes, que não podem ter seção
com mais de 15cm2 ou 15cm de diâmetro. Os centros dos postes
devem ficar a 0,914m do lado de fora da quadra e sua altura
deve ser tal que o topo de corda ou cabo metálico fique a 1,07m
do solo.
Quando uma quadra serve para simples e duplas, com uma
rede de duplas usada para simples, a rede deve conter dois
postes de sustentação numa altura de 1,07m; denominados
“paus de simples”, que não devem ter seção com mais de
135
7,5cm2 ou 7,5cm de diâmetro. Os centros dos paus de simples
devem estar a 0,914m para fora da quadra de simples.
A rede deve ficar completamente estendida, de modo
a preencher o espaço total entre os dois postes, e deve ser de
uma malha suficientemente pequena para evitar que a bola a
atravesse. A sua altura deve ser de 0,914m no centro, sendo
mantida esticada por uma fita de não mais que 5cm de largura e
de cor inteiramente branca. Deve existir uma fita cobrindo a
corda ou cabo metálico e o topo da rede com não menos de 5cm
e não mais que 6,3cm e de cor branca. Não devem existir
anúncios na rede, fitas ou paus de simples.
As linhas que delimitam a quadra são chamadas de
linha de base ( linha de fundo) e de linhas laterais. Em cada lado
da rede, numa distância de 5,40m dela e paralelamente a ela,
deve ser riscada a linha de saque. O espaço de cada lado da
rede, entre linha de serviço e as laterais, deve ser dividido em
duas partes iguais, chamadas quadras de saque, por uma linha
central de saque, a qual deve ter 5cm de largura, riscada
eqüidistante às duas linhas laterais.
Cada linha de fundo deve ser dividida por uma linha
imaginária já continuação da linha central de saque, com 10cm
de profundidade para dentro da quadra e com 5cm de largura,
chamada de marca central.
Todas as outras linhas não devem ter menos que
2,5cm nem mais que 5cm de largura, exceto a linha de fundo,
que pode ter 10cm de largura. Todas as medidas devem ser
feitas com referência à parte externa das linhas. Todas as linhas
devem estar uniformemente coloridas.
Se forem colocados no fundo da quadra anúncios ou
qualquer outro material, eles não podem conter branco, amarelo
ou qualquer cor clara. O mesmo procedimento deve ser adotado
no caso de anúncios nas cadeiras dos juízes.
Nota: No caso de torneios da ITF (Federação
Internacional de Tênis), como Copa Davis ou outro, deve haver
um espaço atrás da linha de fundo não menor que 6,4m e dos
lados não menor que 3,66m.
136
Regra 2 – Instalações permanentes
As chamadas instalações permanentes da quadra não
incluem apenas a rede, postes, paus de simples, cabo, cinta ou
fita, mas também, onde houver, as paredes de fundo e laterais,
as arquibancadas, assentos fixos ou móveis e cadeiras ao redor
da quadra, e seus ocupantes, além de todas as outras instalações
ao redor e sobre a quadra, o juiz de net, o juiz de foot-fault, juiz
de linha e boleiros, quando em seus respectivos lugares.
NOTA
Compreende-se como “juiz” todas as pessoas
autorizadas a sentarem-se na quadra e aquelas designadas para
auxiliar o juiz na condução de um jogo.
A BOLA
Regra 3 – A bola
A bola deve ter uma superfície externa uniforme,
branca ou amarela. Se houver qualquer junta, ele deve ser sem
costura. Deve ter um diâmetro maior que 6,35cm e menor que
6,67cm; um peso maior que 56,7g e menor que 58,5g. Deve ter
um pulo maior que 135cm e menor que 147cm quando largada
da altura de 254cm sobre uma superfície sólida.
Deve ter uma deformação maior que 0,56cm e menor
que 0,74cm, um retorno de deformação de mais que 0,89cm e
menos que 1,08cm, a uma pressão de 8,165kg. Os dois números
de deformação devem ser as médias de três leituras individuais
ao longo de três eixos da bola (duas leituras individuais não
podem diferir mais do que 0,08cm em cada caso).
Todos os teste para pulo, tamanho e deformação
devem ser feitos segundo os regulamentos da ITF.
137
A RAQUETE
Regra 4 – A raquete
As raquetes devem atender às seguintes
especificações para serem aprovadas e utilizadas em jogos
oficiais de tênis:
A - A superfície plana deve ter um padrão de cordas
conectadas a um aro e, alternadamente, entrelaçadas ou
presas onde se cruzam. O padrão de encordoamento
deve ser genericamente uniforme e particularmente não
menos denso no centro que em outras áreas.
As cordas devem ser livres de objetos de fixação e
saliências outras que aquelas utilizadas só e
especificamente para limitar ou prevenir desgastes ou
vibração, razoáveis em tamanho e colocação para tais
propósitos.
B - A raquete não deve exceder 32 polegadas (81,28cm) em
comprimento, incluindo o cabo, e 12½ pol (31,75cm)
de largura. A superfície encordoada não deve exceder
15½ pol (39,37cm) em comprimento e 11½ pol
(29,21cm) em largura.
C - O aro e o cabo devem estar livres de objetos e
dispositivos outros que aqueles utilizados só e
especificamente para limitar ou prevenir desgaste ou
vibração, ou para distribuir peso. Quaisquer objetos e
dispositivos devem ser razoáveis em tamanho e
disposição para tais propósitos.
D - O aro, incluindo o cabo, e as cordas devem ser livres de
quaisquer dispositivos que tornem possíveis mudar o
formato da raquete, ou mudar a distribuição de peso,
durante um ponto.
138
O SAQUE
Regra 5 – Sacador e recebedor
Os jogadores devem se posicionar em lados opostos
da rede; o jogador que inicia o ponto deve ser chamado de
sacador e o outro de recebedor.
Regra 6 – A escolha de lados e saque
A escolha de lados e o direito de ser sacador ou
recebedor no primeiro game devem ser decididos por “cara ou
coroa”. O jogador que vencer no “cara ou coroa” pode escolher
ou pedir que seu oponente escolha:
(a) O direito de ser sacador ou recebedor, caso
em que o outro jogador pode escolher o lado;
(b) O lado, caso em que outro jogador escolhe o
direito de ser sacador ou recebedor.
Regra 7 – O saque
O saque deve ser executado conforme o descrito a
seguir: imediatamente antes de começar a sacar, o sacador deve
posicionar-se com ambos os pés em repouso, atrás da linha de
base.
O sacador deve então projetar a bola no ar em
qualquer direção e, antes de ela atingir o solo, golpeá-la com
sua raquete. A execução deve ser considerada como tendo sido
completada no momento do impacto da raquete na bola.
Um jogador que só possua um braço poderá utilizar
sua raquete para projetar a bola.
139
Regra 8 – Foot-fault
O sacador, durante e execução de um saque, deve:
A - Não mudar sua posição, andando ou correndo. O
sacador não deve, por leves movimentos dos pés, os
quais não afetam materialmente sua posição original,
ser considerado como “mudando sua posição, andando
e correndo”.
B - Não tocar com o pé qualquer outra área que não seja
aquela atrás da linha de base, dentro da extensão
imaginária da marca de centro e das linhas laterais.
Regra 9 – Execução do saque
A - Na execução do saque, o sacador deve postar-se
alternadamente do lado direito e esquerdo da quadra,
começando do seu lado direito em cada game. Se ocorre
um saque da metade errada da quadra e não é detectado,
toda a jogada resultante desse serviço ou serviços
errados deve permanecer, mas o posicionamento errado
terá de ser corrigido imediatamente após ser descoberto.
B - A bola que foi sacada deve passar sobre a rede e atingir
o solo dentro da área de saque, que seja diagonalmente
oposta, ou sobre qualquer linha delimitada tal área,
antes do recebedor devolvê-la.
Regra 10 – Serviço faltoso
O serviço é uma falta (fault):
A - Se o sacador comete qualquer violação das regras 7, 8
ou 9.
B - Se o sacador não atinge a bola ao tentar golpeá-la;
140
C - Se a bola sacada toca uma instalação permanente (outra
que não a rede,cinta ou fita) antes de atingir o solo.
Regra 11 – Segundo saque
Após um fault (se é o primeiro), o sacador deve sacar
outra vez da mesma metade da quadra da qual ele sacou o fault,
a menos que o saque tenha sido da metade errada, quando, de
acordo com a regra 9, o sacador deverá ter direito a um saque
apenas, e no lado certo.
Regra 12 – Quando sacar
O sacador não deve sacar até que o recebedor esteja
pronto. Se este tenta devolver o saque, será considerado como
se estivesse pronto.
Entretanto, se o recebedor indica que não está pronto,
não poderá reclamar um fault pelo fato de a bola não atingir o
solo dentro dos limites fixados para o saque.
Regra 13 – O let
Em todos os casos onde um let tem que ser chamado
para determinar uma interrupção do jogo, deverá ter as
seguintes interpretações:
A - Quando chamado somente em função de um saque,
apenas este deve ser repetido;
B - Quando chamado sob qualquer outra circunstância,o
ponto deve ser repetido.
141
Regra 14 – Let no saque
O saque é um let:
A - Se a bola sacada toca a rede, cinta ou fita e é de
qualquer maneira boa, ou depois de tocar a rede, cinta
ou fita, toca o recebedor, ou qualquer outra coisa que
ele vista ou carregue, antes de tocar o solo.
B - Se um serviço é executado ou um fault acontece quando
o recebedor não está pronto (veja regra 12).
No caso de um let, aquele respectivo saque não deve
contar, e o sacador deve sacar novamente, mas um let não anula
um fault anterior.
Regra 15 – Ordem de saque
Ao final do primeiro game, o recebedor deve torna-se
sacador e o sacador passa a ser recebedor e assim,
alternadamente, em todos os games subseqüentes.
Se um jogador serve fora de ordem, o jogador que
devia ter sacado deve sacar tão logo o engano seja descoberto.
Os pontos disputados antes da descoberta devem ser mantidos.
Se o game tiver sido completado antes da descoberta ,
a ordem de saque permanece alterada.
Um fault havido antes da descoberta não deve ser
considerado.
Regra 16 – Troca de lado
Os jogadores devem trocar de lado no fim do
primeiro, terceiro e a cada game ímpar subseqüente de cada set,
e no final de cada set, a menos que o total de games naquele set
seja par, caso em que a troca não é feita até o fim do primeiro
game do set seguinte.
142
Se um engano é cometido e a seqüência correta não é
seguida, os jogadores devem tomar suas posições corretas tão
logo seja descoberto e seguirem a seqüência original.
A BOLA EM JOGO
Regra 17 – A bola em jogo
A bola está em jogo desde o momento em que ela é
golpeada no saque. A menos que seja chamado um fault ou um
let, ela permanece em jogo até que o ponto seja decidido.
Regra 18 – Sacador ganha o ponto
O sacador ganha o ponto:
A - Se a bola sacada (não sendo um let conforme regra 14)
toca o recebedor ou qualquer coisa que ele vista ou
carregue, antes de tocar o solo;
B - Se o recebedor perde o ponto conforme o previsto na
regra 20.
Regra 19 – Recebedor ganha o ponto
O recebedor ganha o ponto:
A - Se o sacador serve duas faltas consecutivas;
B - Se o sacador perde o ponto conforme o estabelecido
pela regra 20.
143
Regra 20 – Jogador perde o ponto
Um jogador perde o ponto se:
A - Ele falha, antes de a bola em jogo ter atingido o solo
duas vezes consecutivamente, em retorná-la
diretamente sobre a rede (exceto como previsto na regra
24, A ou C).
B - Ele retorna a bola em jogo de modo que ela atinge o
solo, uma instalação permanente, ou outro objeto, fora
de qualquer das linhas que delimitam a quadra do seu
oponente (exceto como o previsto na regra 24, A ou C).
C - Ele voleia a bola e falha em fazer um bom retorno,
mesmo quando posicionado fora da quadra.
D - Ao golpear a bola, ele, deliberadamente, a carrega ou a
conduz em sua raquete ou, deliberadamente, a toca com
sua raquete mais de uma vez.
E - Ele ou sua raquete (na sua mão ou não) ou qualquer
coisa que ele vista ou carregue toque a rede, paus de
simples, cabo, fita ou faixa, ou solo dentro da quadra do
seu oponente, a qualquer tempo, enquanto a bola está
em jogo.
F - Ele voleia a bola antes que ela tenha passado a rede.
G - A bola em jogo toque-o ou qualquer coisa que ele vista
ou carregue, exceto sua raquete na sua mão ou mãos.
H - Ele atire sua raquete e atinja a bola.
I - Ele deliberada e materialmente muda o formato de sua
raquete durante o ponto.
144
Regra 21 – Jogador obstrui oponente
Se um jogador comete qualquer ato deliberadamente
para prejudicar seu oponente de executar um golpe, ele perde o
ponto; se involuntário, o ponto deve ser repetido.
Regra 22 – Bola sobre a linha
Uma bola sobre uma linha é considerada como caindo
na quadra.
Regra 23 – Bola toca instalações fixas
Se a bola em jogo toca uma instalação fixa (outra que
não a rede, postes, paus de simples, cabo de rede, fita ou cinta),
depois de ter batido no chão, o jogador que a golpeou ganha o
ponto; se toca antes dela bater no chão, seu oponente ganha o
ponto.
BOA DEVOLUÇÃO
Regra 24 – Uma boa devolução
É uma boa devolução:
A - Se a bola toca a rede, poste, paus de simples, cabo ou
fita, desde que passe sobre qualquer um deles e atinja o
solo dentro da quadra.
B - Se a bola, sacada ou devolvida, atinge o solo dentro da
quadra, pula de volta sobre a rede, e o jogador de quem
é a vez de golpear estende-se sobre a rede e joga a bola,
desde que nem ele nem qualquer de suas roupas ou
145
raquete toquem a rede, poste, paus de simples, cabo ou
fita ou solo dentro da quadra do adversário, e que o
golpe de qualquer forma seja bom.
C - Se a bola retorna por fora da quadra, ou paus de
simples, seja acima ou baixo do nível do topo da rede,
mesmo que toque os postes (em duplas), ou paus de
simples (em simples) , ou desde que atinja o solo dentro
da quadra do adversário.
D - Se a raquete do jogador passa sobre a rede após ele ter
retornado a bola, desde que ela ultrapasse a rede antes
de ser jogada e seja adequadamente devolvida.
E - Se um jogador tem sucesso ao devolver a bola sacada
ou em jogo, a qual atinge uma bola que esteja na
quadra.
OBSTRUÇÃO
Regra 25 – Obstrução de um jogador
No caso de um jogador ser obstruído ao executar um
golpe por qualquer coisa fora do seu controle, exceto uma
instalação fixa da quadra ou o estabelecido na regra 21, um let
deve ser chamado.
A CONTAGEM
Regra 26 – Contagem num game
Se um jogador vence seu primeiro ponto, a contagem
é 15 para aquele jogador; vencendo seu segundo ponto, a
contagem é de 30; vencendo terceiro ponto, a contagem é 40 e o
quarto ponto vencido por um jogador dá o game a ele, exceto
como abaixo:
146
Se ambos os jogadores tiverem vencido três pontos, a
contagem é “iguais”. O ponto seguinte vencido por um jogador
dá a vantagem para aquele jogador. Se o mesmo jogador vence
o ponto seguinte, ele vence o game; se o outro jogador vence o
ponto, a contagem é novamente “iguais”. E assim por diante,
até que um jogador vença dois pontos imediatamente seguintes
à contagem “iguais”, quando o game é marcado para aquele
jogador.
Regra 27 – Contagem num set
A - Um jogador (ou jogadores) que primeiro vencer 6
games vence um set. Ressalte-se que ele precisa vencer
por uma margem de 2 games sobre o seu oponente e,
quando necessário, um set deve ser prolongado até que
esta margem seja atingida.
B - O sistema tie-break de contagem pode ser adotado
como uma alternativa para o sistema do parágrafo A,
desde que isto seja anunciado antes da partida. Neste
caso, a seguinte regra deverá ser aplicada:
O tie-break será usado quando o placar atingir 6 games,
exceto no 3º ou 5º sets de uma partida melhor de 3 ou 5
sets, respectivamente, quando deverá ser jogado um set
longo a menos que seja decidido e anunciado de outra
forma, antes da partida.
O seguinte sistema deve ser usado num game de tie-break:
SIMPLES
I-
O jogador que primeiro ganhar 7 pontos vence o game e
o set, desde que esteja à frente por uma vantagem de 2
pontos. Se o placar fica igualado em 6 pontos, o game
deve ser estendido até que esta margem seja atingida. A
contagem deverá ser numérica durante o tie-break.
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II -
O jogador a quem cabia sacar deve ser o sacador para o
primeiro ponto. Seu adversário deverá ser o sacador para
o 2o e 3o pontos e, daí em diante, cada jogador deve sacar
alternadamente por dois pontos consecutivos, até que o
vencedor do game e do set seja conhecido.
III -
Desde o primeiro ponto cada saque deve ser efetuado
alternadamente do lado direito e do esquerdo da quadra,
começando pelo lado direito. Se ocorre saque de uma
metade errada da quadra e é percebido, todos os pontos
resultantes deste saque ou saques errados devem
permanecer, mas a posição deve ser corrigida
imediatamente após a descoberta.
IV - O tie-break deve ser contado como um game para efeito
de troca de bolas. Porém, quando coincide o momento da
troca com o início do tie-break, esta deve ser adiada até o
2o game do set seguinte.
DUPLAS
Em duplas deve ser aplicado o mesmo procedimento
de simples. O jogador que tinha a vez de sacar deve ser o
sacador para o primeiro ponto. Dali em diante cada jogador
deve servir em rotação por dois pontos, na mesma ordem do set
em andamento, até que os vencedores do game e do set sejam
conhecidos.
ROTAÇÃO DO SERVÇO
O jogador (ou dupla) que sacou primeiro no tie-break
deve ser recebedor no primeiro game do set seguinte.
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Regra 28 – Número máximo de sets
O número máximo de sets numa partida deve ser
cinco para o masculino e três para o feminino.
OS OFICIAIS DA QUADRA
Regra 29 – Atribuições dos oficiais da quadra
Em partidas onde um juiz esteja designado, sua
decisão deve ser final. Mas onde houver um árbitro geral
designado, pode ser dirigida a ele uma apelação de uma
decisão de um juiz, em questão de regras. Nestes casos, a
decisão do árbitro geral deverá ser final. Em partida onde
estejam designados assistentes do juiz (juiz de linha, juiz
de net ou juiz de foot-fault), suas decisões deverão ser
finais em questão de fato, exceto se, na opinião de um juiz,
erro flagrante foi cometido, quando então ele terá o direito
de mudar a decisão de um assistente ou ordenar um let.
Quando um juiz auxiliar estiver impossibilitado de dar
uma decisão, deve indicar isto imediatamente ao juiz, o
qual deverá dar uma decisão. Quando um juiz estiver
impossibilitado de dar uma decisão numa questão de fato,
ele deve ordenar um let. Em partidas pela Copa Davis ou
em outras competições, onde um árbitro geral esteja na
quadra, qualquer decisão pode ser mudada por ele o qual
pode também instruir um juiz a ordenar um let. O árbitro
geral, a seu juízo, pode a qualquer hora adiar uma partida
em virtude de má iluminação, condições do piso ou das
condições do tempo. Em caso de adiantamento, o escore e
a disposição na quadra devem ser mantidos na continuação
da partida, a menos que o árbitro geral e os jogadores
resolvam, por unanimidade, outra maneira.
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JOGO CONTÍNUO
Regra 30 – Continuidade do jogo e períodos de descanso
O jogo deve ser contínuo desde o primeiro saque até a
partida ser concluída, de acordo com o seguinte:
A - Se o saque é um fault, o segundo deve ser executado
sem demora. O recebedor deve jogar dentro do ritmo do
sacador e deve estar pronto para receber quando
sacador estiver pronto para sacar. Quando da troca de
lados, um máximo de um minuto e trinta segundos deve
ocorrer desde o momento em que a bola sai de jogo no
fim do game até o momento em que a bola é golpeada
para o primeiro ponto do game seguinte O juiz deve
usar o seu julgamento quando houver uma interferência
que torne impossível ao sacador fazer o saque dentro
do tempo. Os organizadores de circuitos internacionais
ou de eventos por equipes reconhecidos pela ITF
podem determinar o tempo permitido entre pontos, o
qual não pode, a qualquer tempo exceder 30 segundos.
B - O jogo nunca deve ser suspenso, retardado ou
interrompido, com o propósito de permitir a um jogador
recuperar suas forças, respiração ou condição física.
Entretanto, no caso de uma contusão acidental, o juiz
pode permitir uma suspensão de 3 minutos. Os
organizadores de circuitos internacionais e de eventos
por equipes, reconhecidos pela ITF, podem estender a
suspensão de 3 minutos para 5 minutos.
C - Se, por circunstâncias fora de controle do jogador, sua
roupa, tênis ou equipamento (excluindo raquete) se
danifica de forma que seja impossível ou indesejável
para ele jogar, o juiz pode suspender o jogo enquanto se
corrige o problema.
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D - O juiz pode suspender ou retardar o jogo, a qualquer
tempo, desde que necessário e apropriado.
E - Depois do terceiro set (ou quando uma mulher toma
parte, depois do 2o set), ambos os jogadores têm direito
a um descanso, o qual não pode exceder 10 minutos.
Em países situados entre a latitude 15 graus N latitude
15 graus S, o descanso pode ser de 45 minutos e, além
disso, quando necessário, por circunstâncias fora do
controle dos jogadores, o juiz pode suspender o jogo
pelo período que ele considerar necessário. Se o jogo é
suspenso e não é reiniciado até o dia seguinte, o
descanso só pode ser feito até o terceiro set (ou quando
uma mulher está envolvida, após o 2o set) naquele dia
em que o jogo for reiniciado (a complementação de um
set não terminado vale como um set). Se um jogo é
suspenso e não é reiniciado dentro de 10 minutos (mas
ainda no mesmo dia), o descanso só pode ocorrer
depois de 3 sets consecutivos terem sido jogados sem
interrupção (2 para mulheres), considerando-se a
complementação de um set como um set. Qualquer país
e/ou comitê organizando um torneio, jogo ou
competição, que não sejam torneios da ITF (Copa
Davis e Federation Cup) tem a liberdade de modificar
ou omitir o estabelecido neste item nos seus
regulamentos, desde que o anunciem antes de iniciar o
evento.
F - Um comitê de torneio tem o poder para decidir o tempo
permitido para o período de aquecimento no início de
uma partida, mas este não pode exceder 5 minutos e
deve ser anunciado antes do eventos começar.
G - Quando estiver vigente o sistema de “point penalty”e o
“não cumulativo point penalty”, o árbitro deve tomar
suas decisões respeitando os termos daquele sistema.
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H - Havendo violação do princípio de que o jogo deve ser
contínuo, o árbitro pode, após dar a devida advertência,
desqualificar o infrator.
INSTRUÇÕES E TROCA DE BOLAS
Regra 31 – Instruções
Durante o desenvolvimento de uma partida, numa
competição por equipes, um jogador pode receber instruções de
um capitão que esteja sentado na quadra apenas quando na troca
de lados; mas não quando da troca de lados durante o tie-break.
Um jogador não pode receber instruções durante o
desenvolvimento de qualquer outra partida. Após a devida
advertência, um jogador que a infrinja pode ser desqualificado.
Quando estiver em vigência um sistema de “point penalty”, o
árbitro deve impor penalidades de acordo com aquele sistema.
Regra 32 – Troca de bolas
Nos casos onde as bolas devem ser trocadas, após um
especificado número de games, e acontecer de não serem
trocadas no momento correto, o erro deve ser corrigido quando
o jogador, ou parceiro no caso de duplas, que devia ter sacado
com bolas novas, estiver novamente com o direito do saque.
Depois disso, as bolas devem ser trocadas, de modo que o
número de games entre troca seja o originalmente acordado.
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AS DUPLAS
Regra 33 – O jogo de duplas
As regras anteriores devem ser aplicadas num jogo de
duplas, exceto as que se definem a seguir:
Regra 34 – A quadra de duplas
Para o jogo de duplas, a quadra deve ter 10,97cm de
largura, isto é, 1,37m mais larga em cada lado do que a quadra
para o jogo de simples, e aquelas porções das linhas laterais de
simples que ficam entre as duas linhas de serviço devem ser
chamadas linhas laterais de serviço. De resto, a quadra deve ser
similar àquela descrita na regra 1, exceto pelas porções das
linhas laterais de simples entre a linha de base e a linha de
serviço em cada lado da rede, que podem ser omitidas se
desejado.
Regra 35 – Ordem de saque em duplas
A ordem de saque deve ser decidida no começo de
cada set, conforme segue: a dupla que tem que servir no
primeiro game de cada set deve decidir qual parceiro o fará e a
dupla oponente deve decidir igualmente para o segundo game.
O parceiro do jogador que sacou no primeiro game
deve sacar no terceiro: o parceiro do jogador que sacou no
segundo game deve sacar no quarto, e assim na mesma ordem
em todos os games subseqüentes de um set.
Regra 36 – Ordem de recebimento em duplas
A ordem de recebimento do saque deve ser decidida
no começo de cada set conforme o que se segue: a dupla que
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recebe o saque no primeiro game deve decidir qual parceiro
receberá o primeiro saque e aquele parceiro deve continuar a
receber o primeiro saque em cada game ímpar, durante aquele
set. A dupla adversária deve, da mesma forma, decidir qual
parceiro deve receber o primeiro saque do segundo game e deve
continuar a receber o primeiro saque em cada game par, durante
aquele set. Os parceiros devem receber o saque alternadamente
durante cada game.
Regra 37 – Saque fora de ordem em duplas
Se um parceiro saca fora de sua vez, o parceiro que
deveria ter sacado deve sacar tão logo o engano é descoberto,
mas todos os pontos registrados e quaisquer faults antes dessa
descoberta devem ser mantidos. Se o game tiver sido
completado antes de tal descoberta, a ordem do saque
permanece alterada.
Regra 38 – Erro na ordem de recebimento em duplas
Se durante um game a ordem de recebimento é
trocada pelos recebedores, ela deve permanecer até o fim do
game no qual o engano é descoberto, mas os parceiros devem
reassumir sua ordem original de recebimento no game seguinte
daquele set no qual eles serão os recebedores.
Regra 39 – Saque faltoso em duplas
O saque é um fault conforme previsto na regra 10, ou
se a bola toca o parceiro do sacador ou qualquer coisa que ele
vista ou carregue; mas, se a bola sacada tocar no parceiro do
recebedor, ou qualquer coisa que ele vista ou carregue antes de
atingir o solo, não sendo chamado um let conforme regra 14, o
sacador vence o ponto.
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Regra 40 – Jogando a bola em duplas
A bola deve ser golpeada alternadamente por um ou
outro jogador de cada uma das duplas. Se um jogador toca a
bola em jogo com sua raquete em contravenção a esta regra,
seus oponentes vencem o ponto.
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