brasil - Terramater

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brasil - Terramater
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Eleições Geração Y está distante da
política. Apenas 12,9% dos candidatos
têm entre 18 e 25 anos ➥ P14
Cidades São Paulo e Rio aderem a
projeto internacional de recuperação
de áreas contaminadas. ➥ P20
R$ 3,00
Seguros Eric Lombard, presidente
mundial da Cardif, vai levar modelo
brasileiro para Europa e Ásia. ➥ P40
Murillo Constantino
QUINTA-FEIRA, 9 DE SETEMBRO, 2010 | ANO 2 | Nº 263 | DIRETOR RICARDO GALUPPO | DIRETOR ADJUNTO COSTÁBILE NICOLETTA
Governo estuda
MP para facilitar
suspende compra
trabalho temporário Rússia
de carne bovina do JBS
Potássio do Brasil descobre
jazida e planeja abrir capital
Projeto prevê investimento de R$ 4,3 bilhões para
produzir 2 milhões de toneladas do cloreto de potássio
por ano. O insumo é usado para fazer fertilizantes. ➥ P24
Antonio Milena
Ministério do
Desenvolvimento
analisa projeto que
simplifica contratação
de aposentados
e estudantes no
varejo para suprir
falta de mão de obra
Antônio Fugazza, da
Eztec: construtora, que
costumava trazer ônibus
cheios de trabalhadores
da Paraíba, enfrenta
guerra de salários
com a concorrência
A escassez generalizada de trabalhadores, que antes estava localizada em atividades de maior
qualificação, como técnicos e
engenheiros, começa a complicar a vida das empresas até nas
funções mais básicas da construção civil, da indústria e de serviços. O BRASIL ECONÔMICO apurou
que, entre as soluções em estudo
pelo Executivo está o lançamento de medida provisória que simplifique o uso de mão de obra
temporária no varejo, preocupado com um apagão de atendentes
e vendedores para o fim do ano.
Atividades de costureira e caminhoneiro, que agora exigem mais
formação, estão em alta entre os
empregadores. ➥ P4
Pesquisa do IBGE
mostrou que a crise
econômica de 2008 e
2009 teve efeito maior
que o previsto na taxa
de desocupação, que
passou de 7,2% para
8,4%, maior porcentual
da década. ➥ P12
INDICADORES
▼
▼
▼
▼
▼
■
▼
▲
▲
▲
▲
▼
TAXAS DE CÂMBIO
Dólar Ptax (R$/US$)
Dólar comercial (R$/US$)
Euro (R$/€)
Euro (US$/€)
Peso argentino (R$/$)
JUROS
Selic (a.a.)
BOLSAS
Bovespa - São Paulo
Dow Jones - Nova York
Nasdaq - Nova York
S&P 500 - Nova York
FTSE 100 - Londres
Hang Seng - Hong Kong
8.9.2010
COMPRA
1,7223
1,7230
2,1897
1,2714
0,4364
META
10,75%
VAR. %
-0,51
0,45
0,90
0,64
0,41
-1,46
VENDA
1,7231
1,7250
2,1911
1,2716
0,4367
EFETIVA
10,66%
ÍNDICES
66.407,28
10.387,01
2.228,87
1.098,87
5.429,74
21.088,86
Bolsa implanta novos
modelos de acesso
direto ao pregão
BM&FBovespa espera ter os primeiros clientes das
novas modalidades de acesso direto ao mercado — ou
DMA — ainda nesta semana. A vedete é o DMA
via co-location, em que os investidores instalam
seus computadores geradores de ordens de compra
e venda dentro da bolsa. Corretoras enxergam
procura maior a partir do ano que vem. ➥ P38
Sob alegação de presença de antibióticos
e bactérias, seis unidades do grupo brasileiro
foram proibidas de exportar para o país. ➥ P26
Toyota vai concorrer no
mercado de carro popular
Os compactos de baixo custo serão produzidos
em nova unidade do grupo em Sorocaba (SP)
e vão brigar por espaço com o Gol e o Palio. ➥ P30
Mundo da moda se rende aos
recursos da internet móvel
Grifes lançam aplicativos para buscar lojas
e coleções nos celulares inteligentes, mas os
desenvolvedores prometem novos serviços. ➥ P34
2 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010
NESTA EDIÇÃO
Divulgação
Em alta
Rússia proíbe carne bovina do JBS
Presença de antibióticos e bactérias em níveis acima dos
permitidos motivou a proibição. Contudo, a ampla base
global do frigorífico minimiza os efeitos da restrição. ➥ P26
Divulgação
Produção de veículos cresce 17,5%
Percentual se refere ao período janeiro a agosto, quando
foram montadas 2,41 milhão de unidades. Em agosto,
produção foi de 329,1 mil veículos, mais 3,4% sobre julho. ➥ P31
Sercomtel lança ligações patrocinadas
Varejo catarinense se expande
para receber emergentes
Convencidos de que o maior poder de
compra das classes C e D leva-as a tomar
com mais frequência o caminho do
supermercado, os dirigentes das redes
catarinenses Giassi e Bistek organizam-se
para tirar proveito desse bom momento da
economia. O Giassi, com dez lojas, vai abrir
uma unidade por ano, enquanto o Bistek
tem como estratégia reformar locais já
consagradas comercialmente, embora
novas lojas também estão previstas.
“Somos adeptos da estratégia de fazer
bem o feijão com o arroz”, afirma Zefiro
Giassi, fundador da rede, ao explicar que
evita entrar em guerra de preços. ➥ P26
CDES sugere incentivos a
escolas profissionalizantes
Toyota vai concorrer com o Gol e o Pálio
Jemal Countess/AFP
Shozo Hasebe, presidente da montadora para o Mercosul,
anunciou que o modelo será produzido na fábrica de Sorocaba
(SP), cuja pedra fundamental foi lançada ontem. ➥ P30
Criatividade na retenção de talentos
Em momentos de economia aquecida um ótimo salário
nem sempre é o quesito mais relevante para um bom
profissional, diz Selma Paschini, da Human Capital. ➥ P11
Jovens oposicionistas longe da UNE
Juventudes do DEM e do PSDB ampliaram
presença no movimento estudantil, mas PT e PCdoB
ainda mantém folgada hegemonia. ➥ P15
Na avaliação de Antoninho Marmo
Trevisan, presidente da Trevisan Escola
de Negócios e membro do Conselho de
Desenvolvimento Econômico e Social
e coordenador da mesa de discussões
sobre capacitação profissional, o melhor
caminho para uma política de capacitação
profissional não está em o governo
assumir a criação de escolas e sim em
estimular empresas e escolas para que
o façam. Uma das alternativas por ele
sugerida é a concessão de incentivos
fiscais a escolas profissionalizantes, num
sistema semelhante ao existente para
o ensino superior através do Programa
Universidade para Todos (ProUni). ➥ P9
RR
Autazes
AM
A Ambev é uma das primeiras anunciantes do serviço
lançado pela operadora de Londrina (PR). A varejista
Móveis Brasília será uma das próximas a anunciar. ➥ P33
A moda se promove pelo celular
Murillo Constantino
Internet por meio de celular e tablets informará
aos clientes a localização das lojas mais próximas, assim
como os melhores preços de determinados itens. ➥ P34
Mercedes-Benz Fashion Week
E-mails com códigos de barra substituem os tradicionais
convites de papel que dão acesso à semana da moda
de Nova York, que começa hoje e vai até o dia 16. ➥ P35
Bolsa facilita acesso direto ao mercado
Expectativa da BM&FBovespa é que até o fim desta
semana os primeiros investidores já estejam operando
através das novas modalidades do chamado DMA. ➥ P38
São Paulo recupera áreas degradadas
Cardif chega ao cliente pelo varejo
Espaços abandonados, como o da antiga zona industrial da
Mooca, na capital paulista, fará parte do projeto Integration,
que apoia a revitalização urbana em várias cidades. ➥ P20
“Aqui a distribuição de seguros pelo varejo é muito bem
sucedida”, justifica Eric Lombard, presidente mundial,
que pretende utilizar este canal na Europa e Ásia. ➥ P40
GM à espera de licença ambiental
Expansão moderada nos EUA
Montadora aguarda para esta semana o sinal verde dos órgãos
ambientais para dar início às obras da fábrica de motores
em Joinville (SC), onde investirá R$ 350 milhões. ➥ P22
Livro Bege do Federal Reserve, o Banco Central
americano, diz que em sete das 12 regiões analisadas,
houve crescimento econômico moderado. ➥ P43
Nova Olinda
do Norte
AC
RO
Potássio do Brasil investirá
US$ 2,5 bilhões no Amazonas
Empresa controlada pela canadense
BrazilPotash Corporation anunciou
ontem a descoberta de silvinita (minério
de potássio) próximo ao Rio Madeira,
entre as cidades de Nova Olinda e Autazes.
Hélio Diniz, diretor executivo, explica que
os dados geofísicos disponíveis levam
à suposição de que há ali uma reserva
de grande porte do insumo utilizado
na produção de fertilizantes agrícolas.
A jazida fica a apenas 13 km da jazida
Fazendinha, pertencente à Petrobras,
onde há mais de 20 anos, foi definida
uma reserva superior a 500 milhões de
toneladas. A BrazilPotash é gerida pelo
banco canadense Forbes & Manhattan. ➥ P24
Axel Schmidt/AFP
A FRASE
“A Alemanha necessitará de pelo
menos 500 mil imigrantes anuais”
Klaus Zimmermann, presidente do Instituto Alemão de Estudos
Econômicos, explicando que esse número é necessário para manter o ritmo da
economia do país. Ele prevê também que crescerá o número de trabalhadores
não qualificados, com esse quadro se agravando a partir de 2015.
Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 3
EDITORIAL
Cesar Dutra
SORAIA ZONTA, SÓCIA DA TERRAMATER
À procura de
profissionais,
bons e perenes
Encontrar bons profissionais nem sempre foi expediente sem dificuldades. No
atual estado da economia brasileira, que
mostra níveis de crescimento vigorosos,
a questão deixou de ser contratar bons
profissionais. O difícil agora é encontrá-los. Tão difícil que até o governo estuda medidas para aliviar a via crucis
das empresas, principalmente do varejo. O fenômeno se dá em setores variados e em qualificação também variada,
do mais ao menos apto. Ainda há, claro,
muitos brasileiros que continuam e
continuarão desempregados. Estudo do
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) dá conta de que a taxa de desemprego no país era de 12,4% em julho, ainda
alta. Mas as empresas têm relatado
grandes dificuldades em encontrar —
como também em reter — funcionários.
O fenômeno se dá
em setores variados e em
qualificação também variada,
do mais ao menos apto
Como exemplo, o Centro de Apoio ao
Trabalhador (CAT), da cidade de São Paulo viu o número de vagas ofertadas subir
32,2% de janeiro a agosto. Em procura há
de atendente de lanchonete a eletricista.
Há uma espécie de batalha entre as
empresas, principalmente do varejo. Uma
empregada da Fundição Filomena, por
exemplo, mudou de emprego para receber
R$ 20 a mais. Na Dicico, futuros funcionários em treinamento pedem demissão.
Muitas empresas e setores vêm investindo
em cursos para qualificar a mão de obra.
É o caso, além dos varejistas, da indústria de vestuário. Até caminhoneiros,
clássica profissão “mão na graxa”, não
podem mais apenas saber dirigir. Precisam agora lidar com equipamentos como
computadores ou rastreadores. Assustados, muitos preferem não aceitar trabalhos que exijam essas novas habilidades.
Na construção civil, talvez a primeira
a sentir a atual escassez de mão de obra,
há uma disputa entre construtoras, empreiteiras e prestadoras de serviço. O resultado é a inflação dos salários dos profissionais. Um pedreiro hoje pode ganhar
R$ 5 mil, um mestre de obras, R$ 8 mil,
ao passo que um engenheiro recém formado recebe R$ 5 mil. ■
Fundada por Soraia Zonta e Patrícia Jachowicz, adeptas da produção sustentável, a Terramater
é uma das poucas empresas brasileiras fornecedora de matéria-prima, como argila, para
maquiagem mineral a grandes redes de cosméticos, farmácias, spas e clínicas de estética. ➥ P32
Presidente do Conselho de Administração
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4 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010
DESTAQUE APAGÃO DE MÃO DE OBRA
Trabalhador sem
qualificação agora
é artigo de luxo
Governo estuda facilitar contratação temporária de aposentado
e estudante; falta de mão de obra atinge até funções básicas
Eva Rodrigues
[email protected]
O Brasil vive hoje um paradoxo
ao registrar uma taxa de desemprego ainda alta — 12,4% em julho, segundo o Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese)
— ao mesmo tempo em que se
intensificam as preocupações em
torno de escassez de mão de
obra, do menor ao maior grau de
qualificação, em sintonia com as
boas perspectivas de crescimento nos próximos anos. O chamado apagão de mão de obra, termo
que pode soar excessivo ainda,
mostra de toda forma que já se
constata grande descompasso
entre oferta e as reais demandas
de empresas de diferentes áreas.
Para dar fôlego ao setor privado, em especial varejista, o
governo avalia estabelecer novas regras e incentivos para a
contratação de trabalhadores
por tempo determinado, como
um mecanismo de contratação
rápida e temporária de aposentados e estudantes.
A ação está sendo gestada sob
sigilo, segundo disse integrante
do governo ao BRASIL ECONÔMICO.
O problema foi levado ao ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel
Jorge, durante reunião, entre
outros, com Maria Luiza Trajano, presidente do Magazine Luiza e membro do Instituto para
Desenvolvimento do Varejo
(IDV). Foi-lhe entregue sugestão de Medida Provisória (MP).
Nenhuma das partes quer se
pronunciar sobre o assunto.
Para se ter uma ideia, somente
na cidade de São Paulo, o Centro
de Apoio ao Trabalhador (CAT)
registrou alta de 32,2% nas vagas
ofertadas de janeiro a agosto
deste ano: foram 101.694 postos
ante 76.909 do mesmo período
de 2009. Entre aspectos ligados à
falta de aptidão, falta de experiência ou qualificação específica, o CAT tem vagas abertas de
operador de telemarketing,
atendente de lanchonete, cozinheiro, pedreiro, vendedor e
eletricista, entre outras.
Para entender um pouco da
questão da oferta de mão de obra
“
Mesmo um
atendente precisa
de qualificação
mínima para
se relacionar,
precisa saber
escrever ou digitar
um pedido no
computador de mão”
Clemente Ganz,
diretor técnico do Dieese
CONTA MAIS ALTA
✽
Luiza Rodrigues, economista
do Santander, acredita que
o mercado de trabalho brasileiro
vai continuar apertado.
“A economia é dinâmica e
o mercado vai se regulando
através dos preços: ou a empresa
paga mais para ter o profissional
preparado ou contrata o menos
experiente e treina. De qualquer
modo, vai gastar mais.”
Economista da MB Associados,
Sérgio Vale observa que
no longo prazo o desafio está
em atacar a lacuna entre
o ensino básico fraco e o ensino
técnico e universitário de melhor
qualidade. “A deficiência no
ensino fundamental e médio,
que tem levado a taxa de
analfabetismo funcional ao nível
de 30%, dependendo do critério
que se use, precisa ser atacada,
mas esse é um processo
longo de ajuste”, pondera.
hoje é preciso retornar aos anos
1990, cenário marcado por uma
economia instável e de crescimento medíocre. Na época houve a desmobilização dos cursos
profissionalizantes movida pela
crença de que os postos formais
de trabalho seriam escassos no
futuro e que as ocupações técnicas na indústria dariam lugar a
postos no setor de serviços.
“Essas verdades dos anos
1990 já não valem para uma economia que hoje, além de estável,
vai crescer no patamar de 7% e
tem um mercado de trabalho
com demandas em todos os setores e níveis de qualificação. De
qualquer maneira, pagamos hoje
o preço da política de desmobilização na formação de pessoas
ocorrida na década de 1990”, diz
o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz. A alta demanda, no
entanto, se depara com situações peculiares no contingente
de potenciais trabalhadores. Há
uma parcela da população que
está há décadas excluída do
mercado de trabalho e de consumo, sem projeto profissional, e
que não encontra espaço nem
mesmo em ocupações básicas.
“Mesmo um atendente precisa de
qualificação mínima para se relacionar, precisa saber escrever ou
digitar um pedido no computador de mão”, observa Ganz.
Outra dificuldade diz respeito
à pessoa que encontrou alternativa de trabalho no mercado informal — trazê-la para a formalidade
é um processo complexo. “Para
quem tem um pequeno negócio
informal, mudar para um emprego formal está diretamente ligado
às condições de trabalho oferecidas. Se não houver uma vantagem
mínima ele não vai querer a troca”, avalia o diretor do Dieese.
Historicamente com uma estrutura de formação educacional voltada para humanidades,
hoje o Brasil se vê às voltas com
a falta de engenheiros, por
exemplo, justamente por conta
da alta demanda da construção
civil. “O Brasil tem excesso de
profissionais como advogados,
mas forma menos engenheiros do
que a Coreia do Sul”, diz a economista do Santander, Luiza Rodrigues. ■ Com Simone Cavalcanti
Marcos Toledo, da 5 à Sec: parceria com
Abraseco para capacitar funcionários
Rotatividade
Rei do Mate, 5 à Sec, Dicico
e Ri Happy enfrentam obstáculos
para manter funcionários
Cintia Esteves
[email protected]
Com salários baixos e expediente aos finais de semana, nunca
foi tarefa fácil reter mão de obra
no varejo. Mas com a expansão
acelerada das redes — já se fala
em falta de shoppings para a
quantidade de lojas que as empresas pretendem abrir — a situação piorou. Para não perder
funcionários para a concorrência, as empresas investem em
capacitação. Nas 12 lojas da 5 à
Sec do empresário Marcos Toledo é comum que funcionários
deixem a empresa para, segundo ele, ganhar menos e trabalhar mais. “Aqui, alguns funcionários sentem que trabalham
em uma simples lavanderia.
Então eles vão para o shopping
center onde, muitas vezes, o salário é menor e a carga horária é
maior”, afirma Toledo.
“Eles acham que o shopping
tem mais glamour, apesar de
precisarem trabalhar aos finais
de semana”, diz. Para driblar o
problema, o empresário pretende vender uma imagem me-
Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 5
LEIA MAIS
A oferta de emprego
em todo o país reduziu
a migração de trabalhadores
do Nordeste para São Paulo,
provocando falta de operários
ainda maior na construção civil.
O setor têxtil no estado
de São Paulo contará
com mais de 351 mil postos de
trabalho em 2012, sendo 56 mil
vagas somente para costureiras,
aponta estudo da Fiesp.
Hoje a profissão de
caminhoneiro exige novas
habilidades, como lidar com
computadores e rastreadores.
Nem todos estão preparados
para isso e recusam trabalho.
Henrique Manreza
Franquias
Cresce rotatividade dos
restaurantes de comida asiática
No setor de franquias de
alimentação, os restaurantes
de comida asiática foram os
que registraram maior aumento
de rotatividade de funcionários
em 2009. Dados da Associação
Brasileira de Franchising (ABF)
mostram que a rotatividade
destes restaurantes passou
de 33,1% em 2008 para 47,1%
no ano passado. O segmento
de cafeterias ficou em segundo
lugar, indo de 22,7% e 27,9%.
Apesar do crescimento no número
de desligamentos nestes dois
tipos de restaurante, são as lojas
de sanduíches as campeãs da
rotatividade, com 88%. O número
permaneceu estável em relação a
2008, assim como o percentual de
rotatividade das docerias, que foi
de 80%. Apenas dois segmentos
conseguiram reduzir o número
de desligamentos. Os restaurantes
de comida variada — lanchonetes
que mesclam a venda de pratos
prontos e lanches entram nesta
classificação — reduziram para
6,7% a rotatividade que era de
13%. As franquias especializadas
em massas e pizzas saíram de uma
rotatividade de 60,7% para 40%.
“O setor de alimentação é visto
como a oportunidade do primeiro
emprego. Mas ele está cada vez
mais profissional e as pessoas
precisam vê-lo como uma opção de
fazer carreira”, diz João Baptista,
coordenador do comitê setorial
de alimentação da ABF e diretor
de franquias do Rei do Mate. C.E.
alta é desafio para redes de varejo
lhor da empresa durante os
treinamento. “Meu funcionário
tem que perceber que ele não
trabalha em uma lavanderia
comum e, sim, em uma multinacional francesa”, afirma.
Parte desta dificuldade em
reter mão de obra qualificada
deve ser resolvida com a inauguração do centro de treinamento da Associação Brasileira
de Limpeza a Seco (Abraseco).
“O nível de mão de obra encontrado no mercado é muito básico e não atende mais as nossas
expectativas. Os cursos da
Abraseco serão bancados por
nós, os associados”, diz. Nos
“
O nível de mão
de obra encontrado
no mercado é muito
básico e não atende
mais às nossas
expectativas
Marcos Toledo,
franqueado da 5 à Sec
shopping centers, a dificuldade
em segurar o funcionário é a
mesma. Por esta razão, o treinamento dos colaboradores também virou prioridade no Rei do
Mate. Há dois anos, a empresa
fornecia apenas cursos semestrais para treinar a mão de obra
dos lojistas. “Agora atendemos
de acordo com a demanda. Os
cursos semanais viraram rotina”, afirma João Baptista, diretor de franquias do Rei do Mate.
Sem garantias
Mesmo com treinamento, o varejista ainda corre riscos. Na
Dicico, especializada em mate-
riais para construção, cerca de
3% dos 3 mil funcionários da
rede deixam a empresa mensalmente. “O treinamento dura
60 dias, só então o funcionário
recebe a senha do sistema para
começar a trabalhar. Mas em
muitos casos, ele nem começa
o trabalho e já pede demissão”,
afirma Dimitrios Markakis,
presidente da Dicico.
Nas lojas da rede localizadas
no litoral paulista, a situação é
ainda mais complicada. “No verão, tem gente que não vai trabalhar aos finais de semana para
vender bebida na praia”, afirma
o empresário. Além de disputar
mão de obra com o próprio varejo, a Dicico também perde algumas pessoas para escritórios
de profissionais liberais, onde
não costuma haver expediente
aos final de semana.
Ricardo Sayon, presidente da
Ri Happy, varejista de brinquedos, disse em entrevista recente
ao BRASIL ECONÔMICO que a empresa mudou seu formato de contratações em função das dificuldades em encontrar pessoal. Há
dois anos, a varejista contratava
apenas quem estivesse desempregado. Agora, esta regra não
existe mais, devido à dificuldade
em encontrar mão de obra. ■
6 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010
DESTAQUE APAGÃO DE MÃO DE OBRA
Disputa na
construção
inflaciona
salários
Empresas investem também no preparo
de funcionários e pensam em mecanização
Natália Flach
POSTOS DE TRABALHO NO
ESTADO DE SÃO PAULO
[email protected]
Até três anos atrás, a construtora
Eztec enviava um ônibus vazio
para Paraíba que fazia o trajeto de
volta para São Paulo com todos os
assentos ocupados. Eram trabalhadores em busca de salários
maiores e melhores condições de
vida. Mas hoje, se muito, embarcam duas pessoas no veículo.
Antônio Emílio Fugazza, diretor
de relações com investidores da
companhia, acredita que um dos
motivos para o fim dessa migração temporária é a oferta de emprego na construção civil em todos os cantos do país, devido às
inúmeras obras de infraestrutura
em andamento. “Muitas vezes, as
pessoas também não deixam as
suas casas, porque contam com
benefícios sociais, como o Bolsa
Família.” A saída da empresa foi
contratar quase mil funcionários
para os canteiros de obras, e não
mais usar temporários.
O caso da Camargo Corrêa não
é muito diferente. Na década de
1970, durante o chamado “milagre econômico”, a construtora
chegou a recrutar pessoas na rodoviária de São Paulo. Mas hoje a
companhia adota outra estratégia: em parceria com o Senai,
criou o projeto Geração Sustentável, que ministra cursos de qualificação profissional para os moradores das cidades vizinhas à hidrelétrica de Jirau, em Rondônia,
que hoje emprega 16 mil pessoas.
Ao todo, foram investidos R$ 10
milhões e a previsão é de sejam
formados 10 mil profissionais.
Mesmo com esses programas
de qualificação, a falta de mão de
obra tem suscitado uma disputa
entre construtoras, empreiteiras e
prestadoras de serviço, o que acaba inflacionando os salários dos
profissionais acima, inclusive, do
índice nacional de custo da construção (INCC). Hoje, um pedreiro
ganha, em média, R$ 2,5 mil, e
um mestre de obras, R$ 8 mil, enquanto um engenheiro conta com
salário inicial de R$ 5 mil.
De acordo com César Worms,
diretor financeiro da BNCorp, os
gastos com mão de obra passaram, nos últimos dois anos, de
20% para 25% do total de custos
relacionados aos projetos da in-
Projeção até 2012,
em milhões de vagas*
CONSTRUÇÃO CIVIL
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0,57
0,63
2009
2010
0,68
0,74
2011
2012
ALIMENTOS
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0,36
0,38
0,39
0,40
2009
2010
2011
2012
TÊXTIL
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0,29
0,32
2009
2010
0,33
2011
0,35
2012
As onze mil empresas de
vestuário de São Paulo têm
dificuldade para encontrar
profissionais capacitados
AUTOMOBILÍSTICO
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0,26
0,29
2009
2010
0,31
0,34
2011
2012
3,01
3,12
3,29
2010
2011
2012
INDÚSTRIA
0
0
2,71
0
0
0
0
0
0
2009
Elaborado pelo Departamento de
Ações Regionais (Depar) da Fiesp
Fonte: Rais 2009
*Abertura de novas vagas e reposição de pessoal
corporadora. “Tentamos ser
competitivos oferecendo bônus
para tentar retê-los e conseguir
comprometimento com os prazos de entrega dos imóveis.”
O impacto disso já chegou até
ao bolso do consumidor. A Cyrela aumentou em 20% os preços
no primeiro semestre. “Quando
se faz a conta do INCC, só é levado em conta o dissídio coletivo”,
diz Ubirajara Spessotto, diretorgeral da Cyrela. Temporários e
aumentos extras ficam de fora,
A saída para o gargalo, segundo Fugazza, será o uso de
tecnologias e de estruturas prémoldadas. “No Brasil, são usados 30 homens/hora por metro
quadrado, enquanto, nos Estados Unidos, a relação é de 13,
por causa dos equipamentos
que usam. Estamos caminhando para essa mecanização.” ■
DISPUTA
Fundição Filomena perde funcionário por R$ 20
Com 27 quiosques instalados
em shopping centers, a Fundição
Filomena, especializada em
bijuterias, perde cerca de 70%
de seus 108 colaboradores
a cada três meses. “Certa
vez uma vendedora pediu
demissão porque outro varejista
prometeu pagar R$ 20 a mais
de salário”, lembra a diretora
de marketing, Jacqueline Lopes.
Para minimizar a rotatividade
de vendedores, a rede
de quiosques investe em
premiações. “Temos metas
diárias, semanais e mensais,
com prêmios que variam de
uma entrada para o cinema
a uma viagem”, diz Jacqueline.
Por ano, a varejista investe
R$ 200 mil em treinamento
e está aliando o cumprimento
das metas à participação
nesses cursos. “Para receber
os benefícios da meta
cumprida, o colaborador
precisa participar do
treinamento”, diz. A situação
na Fundição Filomena fica
ainda mais complicada devido
ao perfil dos vendedores
contratados. “São jovens
universitários que veem o
emprego no varejo como um
serviço passageiro”, diz. “Como
não planejam carreira nesta
área, eles trocam de empresa
sem pensar duas vezes”, diz.
Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 7
Marcela Beltrão
Procuram-se 56 mil costureiras
Previsão é para a indústria têxtil
no estado de São Paulo; total
de vagas será de 351 mil em 2012
Eva Rodrigues
[email protected]
Estudo obtido com exclusividade
pelo BRASIL ECONÔMICO projeta que
o setor têxtil no estado de São Paulo sairá de um patamar de 289.910
postos de trabalho em 2009 para
351.404 em 2012. Desse total,
56.335 vagas serão somente para
costureiras. Os dados fazem parte
do Projeto Capital Humano, desenvolvido pelo Departamento de
Ação Regional (Depar) da Fiesp, e
encontram respaldo na alta demanda verificada hoje no setor.
Diretor-executivo de três sindicatos ligados ao vestuário —
Sindivest, Sindiroupas e Sindicamisas —, Pedro Fortes afirma que
se houvesse costureira especializada o setor absorveria hoje 30 mil
novos empregos, considerando
postos novos e substituição de
profissionais que não são adequados nas 11 mil indústrias de vestuário no estado. “A produção aumentou bastante nos últimos 12
meses e há falta de mão de obra
qualificada no setor”, afirma, ao
Entidades
trabalham para
evitar que a formação
profissional se
descole das reais
necessidades
decorrentes das
dinâmicas regionais
acrescentar que os sindicatos estão trabalhando em conjunto com
o Senai e com as lideranças industriais nos diferentes polos de vestuário do estado para estabelecer
programas de treinamento que
realmente signifiquem empregabilidade nas indústrias locais.
“Além de evitar que os profissionais sigam o caminho da informalidade ou de profissional autônomo, a ideia é que os cursos sejam
menos fechados e mais flexíveis,
de acordo com a dinâmica da região. Nesse sentido, estamos trabalhando na reavaliação do formato dos cursos nos 28 núcleos de
formação existentes no estado.”
No caso específico da costureira, vale citar um fator ligado a mudanças sociais: a perda de atratividade da profissão ao longo dos
anos. “Vemos pessoas que preferem trabalhar no comércio ou
com informática. É um fator cultural que demanda um trabalho de
revalorização dessas profissões”,
diz o executivo. Além disso, o empresário hoje deve ter em mente a
necessidade de retenção do trabalhador. “É fato que empresas de
diversos setores se espalham pelo
estado e a facilidade de mudar de
emprego hoje é real.”
Capital Humano
Para maximizar a estrutura de
oferta profissional de acordo com
as demandas do mercado de trabalho, o Depar já fez estudos que
projetam a geração de postos de
trabalho no horizonte de 2012
para os setores de maior demanda no estado: construção civil,
alimentos, automobilístico e
agora o segmento têxtil.
A partir de projeções de PIB setorial e de taxa de reposição de
pessoal, os estudos buscam antever a necessidade futura de mão
de obra — qualitativa e quantitativa — nos diferentes segmentos.
O Depar trabalha em estreita
parceria com o Senai, o Centro
Paula Souza e o Instituto Federal São Paulo (IFSP). A ideia é
evitar que a formação profissional se descole das reais necessidades decorrentes das dinâmicas regionais. ■
ESCASSEZ DE GENTE
Henrique Manreza
FRANKLIN FEDER
Presidente da Alcoa para América
Latina e Caribe
“A guerra por talentos
no Brasil é real”
No comando dos negócios
latino-americanos da Alcoa no
Brasil, Jamaica e Suriname desde
2007, Franklin Feder comandou o
aporte de R$ 3 bilhões para tirar do
papel a mina de Juruti (PA), reserva
com 700 milhões de toneladas
de bauxita na Floresta Amazônica.
Passo ousado em meio ao caos
financeiro de 2008, dado por um
funcionário com 30 anos de casa.
“A nova geração é de gente que
circula em muitos empregos”,
critica. A característica contribui,
segundo ele, para o assédio da
concorrência sobre profissionais
da maior produtora de alumínio
do globo. “Os próximos dez anos
serão um grande problema se
continuarmos a perder talentos.”
Como lidar com a questão
da mão de obra em Juruti?
O município é extremamente
carente, com qualidade de vida
muito rústica. Estamos, inclusive,
construindo um hospital para
a população local. A primeira
dificuldade é atrair uma família
(de funcionário) para lá. Mesmo
o pessoal solteiro, que é mais
aventureiro, vai para ficar apenas
um ou dois anos. O desafio é
enorme e a solução é desenvolver
talentos locais. Trabalhamos
desde o início para capacitar
pessoal em parceria com o Senai.
A formação profissional é um
grande problema no país...
A maior escassez do Brasil não é
de capital ou tecnologia, é de gente.
No nosso caso, um dos problemas
é a perda de talentos. A guerra por
talentos é uma questão real no país.
Temos perdido muita gente nos
últimos meses, porque empresas
e headhunters (caça-talentos)
miram a gente. Os próximos dez
anos serão um grande problema
se continuarmos a perde talentos.
Como evitar isso?
A concorrência oferece 30% ou
40% a mais de salário. Oferece
um sonho. É complicado segurar as
pessoas, principalmente porque a
nova geração é de gente que circula
em muitos empregos. Fizemos
pesquisas de satisfação com
funcionários e constatamos que
eles primam pelo orgulho de serem
funcionários da Alcoa, mas quando
se é jovem e alguém oferece um
salário maior, não há amor que
segure. Esse vai ser o grande
fator limitante do crescimento
sustentável nos próximos anos.
Há alguma sinergia entre os
núcleos latino-americanos?
Sim, há troca de pessoas.
Hoje, quem toca a refinaria
na Jamaica é um brasileiro.
Além da troca de práticas de
gestão e de matéria-prima.
Como o Brasil é visto
dentro do Grupo Alcoa?
O país representa cerca de 20%
do total dos ativos do grupo
e 5% do faturamento, o que torna
a região importante. Mas, mais
do que isso, a região representa
um horizonte de crescimento real.
É no Brasil que temos uma base
consistente e estamos prontos
para crescer. Nivaldo Souza
8 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010
DESTAQUE APAGÃO DE MÃO DE OBRA
Murillo Constantino
Caminhoneiro
troca mão na
graxa por GPS
e rastreador
A função de motorista está
tendo de se adaptar às novas
tecnologias, como o uso de
pequenos computadores de bordo
Regiane de Oliveira
[email protected]
Esqueça a imagem dos caminhoneiros do seriado da Globo, Carga Pesada, imortalizada pelos
personagens Pedro (Antônio Fagundes) e Bino (Stênio Garcia). O
ar romântico dos motoristas
boêmios que desbravavam as estradas do país há muito não é
mais realidade. “Não dá para dizer que eles desapareceram, mas
estão cada vez mais raros no setor de logística”, afirma Alexandre Kolosvary, ex-caminhoneiro
e proprietário da transportadora
Transvary, que faz a distribuição
de produtos de empresas como
Zara, C&A e Luigi Bertolli.
Kolosvary afirma que hoje,
para ser caminhoneiro, é preciso
saber manejar, inclusive, um
computador. A evolução da tecnologia na área de transporte fez
com que os profissionais tenham
que desenvolver novas habilidades. Ainda não é comum que as
empresas exijam mais do que o
ensino fundamental. “Mas os
profissionais têm de ter noção
de rastreamento e até mesmo
etiqueta”, conta Kolosvary,
que administra uma empresa
com 50 veículos.
“Muitos motoristas, quando
sabem que terão de manejar um
rastreador, recusam o trabalho”,
afirma Kolosvary. Segundo ele,
os profissionais ficam intimidados com o equipamento que
acompanha a viagem e dá todos
os passos que o motorista deve
seguir. “Por isso, contratar hoje
é um problema”, afirma.
Saber matemática é o mínimo
que as empresas exigem, conta o
motorista Roberto Carlos Peres,
que há 20 anos atua no mercado
de logística. Peres é técnico em
mecânica pelo Senai, curso que
fez após terminar o ensino médio. Atuou no setor bancário e
depois decidiu pela vida na estrada. E segundo ele, não faltam
motoristas. “O que vejo hoje são
profissionais experientes que não
conseguem arrumar bons empregos porque não cumprem as
exigências básicas, como saber
calcular o peso da carga.”
Quanto maior a exigência,
maior o salário. “O piso da categoria em vários locais não chega
a R$ 1.000, mas os motoristas
tem ganhos de cerca de R$
3.000 em determinadas fun-
Muitos motoristas,
quando sabem que
terão de manejar
equipamento
de rastreamento,
recusam o trabalho
Alexandre Kolosvary, ex-motorista e dono
da transportadora Transvary: contratar
bons profissionais tornou-se um problema
ções”, afirma Peres. São eles os
chamados “cegonheiros”, que
transportam carros e os “petroleiros”, que atuam na distribuição de combustíveis.
Porém, atualmente, não é só
o salário que determina a escolha da empresa. “Recebo muitos convites, mas prefiro atuar
onde me sinto mais seguro”,
afirma o motorista. Os problemas com roubo de carga aumentaram no país, diz Peres. O
tipo de carga e a utilização de
equipamentos de rastreamentos são critérios de segurança
para o motorista. ■
PROMINP
Ensino nas áreas de petroleo e gás natural
Diante da alta demanda de mão de
obra projetada para os próximos
anos, o Programa de Mobilização
da Indústria Nacional de Petróleo
e Gás Natural (Prominp) vem
capacitando, desde 2006,
profissionais através de cursos
gratuitos de nível básico, médio,
técnico e superior em 175
categorias. Já foram investidos
em torno de R$ 260 milhões
no chamado Plano Nacional de
Qualificação Profissional (PNQP),
com envolvimento de cerca de
80 instituições de ensino em 17
estados. Além dos cursos gratuitos,
são oferecidas bolsas-auxílio
mensais para os alunos
desempregados, que vão de
R$ 300 a R$ 900, dependendo do
nível de escolaridade. Até o final de
2010, a perspectiva é de que 78 mil
profissionais estarão qualificados.
Além disso, a execução do plano de
negócios da Petrobras para o
período 2009-2013 vai demandar
a qualificação de mais 207 mil
pessoas, em 185 categorias
profissionais, para o atendimento
dos empreendimentos previstos
no período. Essa demanda
adicional será incorporada ao
plano de de qualificação do
Prominp após aprovação da
Petrobras e da Agência Nacional
do Petróleo (ANP). E.R.
Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 9
“Conselhão” propõe saídas para formação
Modelo de incentivos fiscais
a empresa dos anos 1970
é caminho para formação
de trabalhadores
Eva Rodrigues
[email protected]
As preocupações em torno da
capacitação de mão de obra no
país chegaram ao Conselho de
Desenvolvimento Econômico e
Social (CDES), o chamado “conselhão”, que organizou uma
mesa de discussões em meados
de agosto para tratar do tema.
Do encontro saíram duas sugestões que foram expostas na reunião plena do CDES em Brasília
no último dia 26: a criação de
um modelo baseado em incentivos fiscais, nos moldes do ProUni, e, em outra frente, a concessão de benefícios fiscais para que
empresas banquem a formação
dos trabalhadores.
O presidente da Trevisan Escola de Negócios, membro do CDES
e coordenador da mesa de discussões sobre capacitação profissional, Antoninho Marmo Trevisan,
avalia que o melhor caminho para
uma política de capacitação nacional não está em o governo assumir a criação de escolas e sim
em estimular empresas e escolas
para que o façam. A concessão
dos incentivos fiscais a escolas
profissionalizantes, pegando carona no modelo já existente para o
ensino superior através do ProUni, é uma das alternativas.
A outra vertente de incentivo
também não é nova e busca referência nos anos 1970, momento de forte crescimento econômico como o experimentado
hoje. “Nessa época, o trabalhador escolhia o curso, a empresa
arcava com os custos e ganhava
incentivos fiscais por isso. O
modelo funcionava muito bem e
durou até os anos 1980, quando
a crise fiscal acabou com esses
incentivos”, lembra Trevisan.
“
Vivemos um
acelerado processo de
mudanças, as escolas
serão cada vez mais
empresas e as
empresas cada vez
mais escolas, numa
troca que precisa ser
sistemática e rápida
para que a formação
dê conta das
dinâmicas da vida real
Antoninho Marmo Trevisan,
Formação profissionalizante
O Centro Paula Souza, que administra 188 escolas técnicas
estaduais (Etec) e 49 faculdades
de tecnologia (Fatec) tem indicadores de empregabilidade que
dão boa sinalização da alta demanda — a média para os cursos
técnicos é de 74% e, no caso daqueles para tecnólogos, de 93%.
O curso da Fatec para a área de
Construção Civil/Edifícios, por
exemplo, registra empregabilidade de 97,1%. Mas o cenário
presidente da Trevisan
Escola de Negócios
dessa formação profissionalizante no país é crítico se forem
observadas estatísticas do setor.
Segundo o coordenador de Ensino Médio e Técnico do Centro
Paula Souza, Almério Melquíades de Araújo, no conjunto da
população na faixa etária de 14 a
17 anos matriculada no ensino
médio, apenas 4,3% está frequentando um curso técnico,
índice que salta para 25% na
Argentina e para 38% no Chile.
Na avaliação de Araújo, esse
cenário é decorrente de uma
enorme proliferação de cursos
superiores ocorrida no país a
partir dos anos 1980. “Hoje há
uma percepção de que boa
parte dos diplomas de nível
superior não profissionalizam
como deveriam e que o curso
técnico serve, inclusive, como
sustentabilidade para que se
prossiga no curso superior.”
No Serviço Industrial de
Aprendizagem Industrial (Senai),
que visa atender às demandas do
setor produtivo nacional, o grande desafio é a articulação entre as
entidades representativas de diferentes setores para qualificar e
quantificar asnecessidades por
cursos. “Nosso trabalho é de revisão constante nos cursos à medida que surgem novos processos
e tecnologias”, diz o diretor técnico do Senai-SP, Ricardo Terra.
Em sua avaliação, a discussão necessária hoje não é de falta de
mão de obra e sim de boa formação. “Falta integração entre poder público, entes formadores e a
sociedade no sentido de tratar a
educação de forma profunda, da
base às instâncias superiores.” ■
AGRONEGÓCIOS
Mecanização faz usinas darem cursos a ex-cortadores de cana
As usinas de cana-de-açúcar
da região Centro-Sul estão
investindo na capacitação dos
cortadores que trabalham
na colheita manual da planta,
à medida que a mecanização
do processo já supera 50% da
produção e pode desempregar
milhares de boias-frias. No
primeiro semestre, o projeto
RenovAção criou 2 mil vagas
de capacitação profissional em
cursos como motorista e
mecânico de colheitadeira.
A segunda etapa, lançada agora,
vai oferecer cursos também
fora do setor canavieiro, como de
panificação e corte e costura.
10 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010
OPINIÃO
José Dirceu
Adriano Pires
Advogado e ex-ministro da Casa Civil
Diretor do Centro Brasileiro
de Infraestrutura
Futuro empreendedor
Usinas termonucleares
Não é de hoje que se alude à importância dos micros e
pequenos empresários para a economia. Mas dados recentes permitem aferir com maior precisão o papel desempenhado pelo setor. Os números são do 3º Anuário
do Trabalho da Micro e Pequena Empresa, elaborado
em conjunto pelo Dieese e Sebrae. Se há consenso de
que a força da economia brasileira na crise econômica
teve como um dos pilares a geração de empregos, que
ajudou a impulsionar a renda e a blindar nosso país à
recessão, as micros e pequenas empresas (MPEs) foram
decisivas. Segundo o anuário, o setor gerou mais de 1
milhão de novos empregos formais em 2008, frente a
pouco mais de 200 mil criados pelas médias e grandes
no mesmo período — cinco vezes mais.
Há outros números significativos. Mais da metade
(52%) dos empregos com carteira assinada está nas
MPEs (13 milhões), o que revela o potencial de formalização. Em 2002, eram 9,5 milhões, um salto de 36% no
governo Lula, o que indica que as políticas voltadas às
MPEs têm surtido efeito. Ademais, quase dois terços
(64,9%) das vagas geradas estão no interior, reduzindo
as pressões nos já saturados grandes centros urbanos.
Em 2000, a taxa de mortalidade das MPEs era de 71%
até os cinco anos de vida, índice elevadíssimo. Hoje,
essa taxa é de 58%, patamar ainda alto, mas em queda.
Além dos programas do próprio Sebrae, de apoio e
orientação aos futuros empreendedores, uma série de
políticas federais contribuiu decisivamente para isso.
A eficácia dessas medidas está baseada nos financiamentos, créditos e incentivos dos bancos públicos.
Na crise, foi criado um fundo garantidor para reduzir o
risco de quebra das MPEs. Além disso, foi aprovado
projeto de lei complementar que incluiu o microempreendedor individual (MEI) entre as categorias que
passaram a ser tributados pelo SuperSimples e reduz a
11% a contribuição previdenciária. Tal legislação incentiva a formalidade, viabiliza o crédito e permite o
acesso à inovação e à tecnologia. Houve também facilitação tributária às MPEs.
Em um momento em que as discussões a respeito de
uma possível mudança climática em curso crescem em
todo o mundo, as exigências sobre a menor emissão de
gases causadores de efeito estufa pelo setor de energia
colocam as usinas termonucleares (UTNs) de volta
como uma opção importante. A Agência Internacional
de Energia Atômica (AIEA) afirma em seu relatório
anual de 2009 que o interesse pela energia nuclear
continua a aumentar no mundo. De acordo com a
agência, apenas em 2009 foram iniciadas as construções de 12 reatores, o maior número desde 1987. Ao
todo, 55 reatores se encontravam em fase de construção em 2009, o maior número desde 1992.
Segundo a AIEA, em julho de 2010, há um total de
439 reatores em operação para a geração de energia
elétrica, distribuídos em 30 países, somando uma potência total de 373 giga watts (GW); aproximadamente
8% do parque instalado mundial. Dentre os países com
os maiores parques geradores, destacam-se os EUA,
com 104 reatores e potência de 100,4 GW, a França,
com 58 reatores e potência de 63,1 GW, e o Japão, com
54 reatores e potência de 46,8 GW.
A retomada dos investimentos em UTNs está sendo
impulsionada principalmente por países emergentes,
notadamente China, Rússia, Índia e Coreia do Sul. Em
2010, dos 61 reatores em construção, que contarão
com uma potência total de 59,1 GW, 44 estão localizados na China, na Índia, na Rússia e na Coreia do Sul,
que somarão juntos uma potência total de 41,8 GW. Em
2010, dos oito novos reatores que iniciaram construção, seis estão na China e Rússia.
Cerca de 84 mil pequenas e
médias empresas fecham as portas
a cada ano, o que mostra que são
necessárias políticas de apoio a elas
Calcula-se que 84 mil MPEs fechem as portas a cada
ano, o que mostra que há necessidade de intensificar as
políticas de apoio a esses empreendedores. Pelo importante papel da última década e pelas carências que
ainda possuem, as MPEs têm atenção especial na
agenda da candidata Dilma Rousseff. Representante da
continuidade do governo Lula, Dilma quer criar um
Ministério da Pequena, Média e Micro Empresa caso
seja eleita em outubro. Trata-se de reunir as iniciativas
já existentes e intensificar os benefícios a um setor que
totaliza 99% das empresas brasileiras. Esse futuro ministério tem como desafios, entre outros, aumentar a
expectativa de vida das MPEs, diminuir a burocracia,
estimular a criação de empregos e coordenar políticas
exportadoras (limitando eventuais impactos do câmbio), além de elaborar medidas que possam introduzir
tecnologias e inovação nas produções, ampliando o
valor agregado final. Como se vê, a ideia é boa e ajudará a dinamizar a economia do país, cujo potencial de
crescimento é de 6,5% nos próximos quatro anos. ■
Com as discussões sobre clima, a
Agência de Energia Atômica afirma
o interesse pela energia nuclear
continua a aumentar no mundo
Com relação ao Brasil, a Comissão Nacional de
Energia Nuclear (CNEN) concedeu à Eletrobras Eletronuclear a licença de construção para a UTN Angra III,
caracterizando a retomada do programa brasileiro de
energia nuclear. De acordo com a Eletrobras, a UTN
Angra III demandará investimentos de R$ 9 bilhões e
terá potência de 1.405 MW, o que a permitirá gerar cerca de 10,9 TWh por ano, o equivalente ao consumo residencial do estado do Rio de Janeiro em 2008.
A Eletrobras Eletronuclear estima que a UTN Angra
III inicie operação comercial em dezembro de 2015,
quando, junto com as UTNs Angra I e II, elevará a potência total da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto para 3.412 MW.
Apesar dos impactos causados pela crise financeira,
que provocou atrasos na construção de novas usinas
termonucleares no mundo, a AIEA afirma que os investimentos continuarão a se expandir, especificamente, dado o bom desempenho operacional das UTNs
e de seus padrões de segurança. Existem também as
preocupações com uma possível mudança climática, já
que as emissões de carbono da geração nuclear são
menores do que das tecnologias a combustível fóssil,
com a segurança do suprimento energético, com os
preços voláteis e elevados dos combustíveis fósseis e
com o crescimento da demanda de energia. Todos esses aspectos contribuem para a recente retomada dos
investimentos em usinas termonucleares no mundo. ■
CARTAS
BANDEIRA VERDE MOBILIZA WALMART,
CARREFOUR E PÃO DE AÇÚCAR
Hoje em dia, no mundo em que vivemos, é de
extrema importância o respeito com o meio
ambiente. Ter lucro com sustentabilidade
só é possível quando a empresa possui uma
mentalidade onde ela preserva princípios
de responsabilidade ambiental e respeito
com os seus clientes e colaboradores. Fiquei
com vontade de ler mais sobre o marketing
ambiental do Walmart.
Juliana Ferreira Neves
Garça (SP)
VISTA ASSIM DO ALTO - FOTOS E
REPORTAGEM DO CADERNO OUTLOOK
Fiquei muito contente com a reportagem
publicada na última sexta-feira, ficou incrível.
Gostei do texto de Luiz Henrique Ligabue,
parabéns! Um privilégio ter espaço para minhas
fotos em um jornal tão bom. Muitíssimo obrigado.
Cássio Vasconcellos
São Paulo (SP)
ENTREVISTA COM MARCO NANINI CADERNO OUTLOOK
A entrevista de Cristina Ramalho com Marco
Nanini, que eu conheço, ficou ótima, parabéns!
O texto de abertura é super bonito e a
entrevista ficou muito boa.
Fernando Libonati
São Paulo (SP)
CORREIOS ESQUENTA BRIGA COM
FRANQUEADOS E CONCORRENTES
Trabalho com comércio via internet e tenho os
Correios como instrumento de logística para fazer
chegar os meus produtos aos quatro cantos do
Brasil. Porém, recentemente tenho tido muitas
dificuldades com os meus clientes devido ao
péssimo serviço prestado por essa empresa,
que por muito tempo foi referência de eficiência
e bons serviços. Os atrasos e extravios das
correspondências têm causado indignação nos
clientes, que se sentem lesados pela demora e até
mesmo pelo não recebimento de produtos. Essa
situação tem tido como consequência prejuízo
financeiro e moral, já que em meu site os clientes
registram a sua indignação em uma área própria
a comentários, expondo os visitantes e futuros
clientes a uma falsa impressão de incompetência
e desonestidade depois de dez anos de bons
serviços prestados.
Walter Magalhães Oliveira
Montes Claros (MG)
ROBERTO FREIRE COMPARA LULA
A MUSSOLINI
É muito fácil fazer críticas quando se está do lado
contrário na tomada de decisões. Fica cômodo
criticar quando não se tem o compromisso
de fazer as mudanças que o país precisa.
Darcy Paschoal
Rio de Janeiro (RJ)
Concordo com Roberto Freire, presidente do
PPS, em tudo o que disse nessa entrevista
publicada no BRASIL ECONÔMICO. Esse governo
atual é, no mínimo, autoritário.
Federico Miranda
Londrina (PR)
Cartas para Redação - Av. das Nações Unidas, 11.633 –
8º andar – CEP 04578-901 – Brooklin – São Paulo (SP).
[email protected]
As mensagens devem conter nome completo, endereço e telefone e assinatura. Em razão de espaço ou
clareza, BRASIL ECONÔMICO reserva-se o direito de editar as cartas recebidas.
Mais cartas em www.brasileconomico.com.br.
ERRATA
Diferentemente do publicado na reportagem
“Oferta de ações pode sair em até 5 dias”,
veiculada no último dia 2 de setembro, o nome
da professora da Direito GV, da FGV, é Roberta
Nioac Prado, e não Renata Prado.
A corretora que realizou a análise das ações da
General Shopping, publicada na nota “Venda de
participação é boa notícia”, da edição do último dia
6, foi a Fator, e não a Ativa, como informa o título.
Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 11
Lady Gaga irrita defensores dos animais
Seguindo os passos de Madonna como musa do pop, Lady Gaga também
não foge de uma boa polêmica, muito pelo contrário. Como os tempos são
outros, entretanto, em vez de polemizar apenas com sexo ela resolveu
atacar o politicamente correto e posou para a Vogue Hommes, do Japão,
vestindo apenas um biquíni confeccionado de bifes de carne crua. Não
deu outra. Irritados, os ativistas do PETA, ONG que defende o direito dos
animais, reagiram afirmando que trata-se de usar animais torturados.
Fotos: divulgação
IMAGEM AFETADA
Com a convocação de um recall de mais de 130 mil veículos pela Kia, a montadora da Coreia do Sul resolveu promover uma mudança
radical em seu comando. Chung Sung-eum, que era presidente executivo da empresa, pediu demissão nesta semana, poucos dias após
o anúncio do recall que envolve os utilitários Soul, Sorento e Mohave. O líder decidiu assumir a culpa pelos chamados para proteger
a imagem da empresa. No lugar de Chung Sung-eum, assumiu o presidente da marca, Hyoung Lee Keun, com o aval da controladora
Hyundai. A montadora detectou problemas na fiação da rede elétrica dos modelos, e alertou para risco de incêndio. Na foto acima,
tirada ontem em Seul, um homem caminha na frente de um outdoor do Soul em uma estação de metrô.
ENTREVISTA SELMA PASCHINI Diretora-executiva da consultoria de recursos humanos Human Capital
Reter talentos em tempos de crescimento
Além de salários, profissionais
buscam desafios profissionais
e exposição internacional
mais relevante para um bom
profissional, ressalta Selma
Paschini, da Human Capital.
Mariana Celle
Por que, cada vez mais,
as empresas têm procurado
desenvolver estratégias
de retenção de talentos?
Atrair e reter talentos fazem
parte da rotina das empresas,
mas em momentos de mercado
aquecido, como vemos agora,
em função dos elevados investimentos que vêm sendo feitos no
Brasil, essa guerra se acentua.
[email protected]
O aquecimento da economia
potencializa a concorrência entre empresas no mercado de
trabalho. Elas querem captar
bons profissionais ou reter as
peças-chave de suas equipes.
No momento atual, remuneração nem sempre é o quesito
“Uma política
de retenção
eficaz é aquela
capaz de
entender o que
é importante
para os
profissionais”
Em que consiste uma boa
prática de retenção de talentos?
Talentos são profissionais altamente qualificados para as funções que ocupam e apresentam
desempenho alto e sustentável.
Apesar de terem características
semelhantes, seus desejos podem ser bem diferentes. Uma
política de retenção eficaz é
aquela capaz de entender o que
é importante para cada um dos
profissionais que ela tem na
equipe e personalizar a oferta,
pois alguns aspiram um ótimo
salário, outros buscam oportunidade de desenvolvimento,
outros querem exposição internacional. É importante que a
empresa saiba que não há salário, benefício ou perspectivas de
carreira que compensem e que
retenham um talento se o gestor
deste talento for injusto, incompetente ou desrespeitoso. A
retenção de talentos começa
pela liderança exemplar. ■
Leia versão completa em
www.brasileconomico.com.br
12 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010
BRASIL
País tem avanços
sociais, mas são
ainda limitados
Expansão da internet e menos redes de saneamento em
2009 compõem paradoxo brasileiro, mostra pesquisa do IBGE
Ricardo Rego Monteiro
Marcela Beltrão
[email protected]
País de contradições, onde o
moderno e o arcaico ainda convivem muito próximos, o Brasil
assistiu ao crescimento do acesso da população à internet, entre 2008 e o ano passado. No
mesmo período, no entanto,
verificou a reversão dos índices
de acesso dessa mesma população aos serviços de saneamento
básico. Nos últimos dois anos, a
Pesquisa Nacional por Amostras
de Domicílio (Pnad) do IBGE
detectou uma queda na proporção de residências ligadas à rede
coletora de esgotos, de 59,3%
do total para 59,1%, ao mesmo
tempo em que verificou crescimento da população ligada à
rede mundial de computadores
– de 34,8% para 41,7%.
A mesma Pnad, divulgada
ontem na sede do IBGE, no Rio,
confirma, com números, o que a
prática cotidiana revela empiricamente. Apesar dos avanços
econômicos, a melhoria dos indicadores sociais ainda ocorre a
passos lentos, embora contínuos. Em dez anos, o analfabetismo caiu de 13,3% do total da
população para 9,6%. Da mesma forma que em 1999, revela a
pesquisa, as maiores taxas ainda
são encontradas entre a população idosa (acima de 50 anos) da
região Nordeste (40,1%). As
menores, entre a população jovem (de 15 a 17 anos) da região
Centro-Oeste (0,5%).
Com relação à internet,
constatou o IBGE, somente nos
últimos quatro anos dobrou o
número de pessoas com acesso
à rede mundial de computado-
Eduardo Nunes
presidente
do IBGE
“O Brasil é um país de
contradições sim, mas não
está andando para trás.
É fato que a velocidade
de prestação de alguns
servidos poderia ser maior,
mas pressupõe
investimentos maiores.”
res no Brasil. Em 2009, revelou
a Pnad, 67,9 milhões de entrevistados confirmaram ter usado a rede. Nesse período, o
maior contingente foi verificado, respectivamente, nas regiões Sudeste (48,1% do total);
Centro-Oeste (47,2%); e Sul
(45,9%). Os menores patamares, pela ordem, foram identificados nas regiões Nordeste
(30,2%) e Norte (34,3%).
Apesar da disparidade, o
presidente do IBGE, Eduardo
Pereira Nunes, fez questão de
minimizar os efeitos da comparação, ao desqualificá-la do
ponto de vista prático. “Quando comparo a infraestrutura
necessária para montar uma
rede de saneamento é diferente
da necessária para montar uma
rede de internet. De mais a
mais, a internet é uma rede
nascente. Portanto, é fácil
crescer muito na fase inicial,
quando você amplia de 20%
para 30%”, minimizou.
Para o presidente do IBGE, a
queda do índice de residências
ligadas à rede de esgoto mascara
os investimentos do governo,
nos últimos anos, no setor de
saneamento básico. Segmento
que demanda desembolsos maciços de recursos públicos,
principalmente, tende a apresentar resultados somente no
longo prazo, de acordo com Pereira Nunes. O executivo admite, no entanto, a necessidade de
intensificação do ritmo de investimentos em infraestrutura.
“O Brasil é um país de contradições, sim, mas não é um
país que está andando para
trás”, ponderou o executivo.
“Você pode até dizer que o
ritmo de determinados serviços
que devem ser prestados à população poderiam andar em velocidade maior”, reconhece.
Essa velocidade maior, avalia,
pressupõe investimento em infraestrutura, “mas este investimento precisa de tempo para ser
captado pelas pesquisas.”
No mesmo período, também
foi ampliada a proporção de domicílios com acesso à rede geral
de abastecimento de água (de
83,9% do total, em 2008, para
84,4% em 2009). Também manteve-se praticamente estável o
acesso à rede elétrica, que variou
de 98,6% da população, em
2008, para 98,9% em 2009. ■
UM RAIO X DO BRASILEIRO EM
1
Emprego foi afetado
no 1º semestre do ano
Para o presidente do IBGE,
Eduardo Nunes, qualquer avaliação
do desemprego em 2009 precisa
levar em conta o primeiro e o
segundo semestres distintamente.
Enquanto no primeiro, o impacto
foi maior, com a perda de mais
vagas, no segundo, o mercado
dava os primeiros sinais de reação.
ANALFABETISMO
ESCOLARIZAÇÃO
CASA PRÓPRIA
APARELHOS DE TV
GELADEIRAS
9,6%
Era a proporção de analfabetos
98,1%
das crianças de 7 a 14 anos
73,5%
do total de domicílios do país
96%
93,9%
de todos os domicílios brasileiros
das residências brasileiras
na população do país, em 2009.
Essa mesma taxa, dez anos
antes, era de 13,3% do total
de brasileiros, segundo o IBGE.
de idade encontravam-se
matriculadas na rede escolar
do país, no ano passado. Essa
proporção era de 98% em 2008.
eram próprios, em 2009.
Ao todo, revela a Pnad, o país
dispunha, nesse período,
de 58,6 milhões de residências.
dispunham de aparelhos
de TV, em 2009. Em 1992,
essa proporção se limitava a 74%
das residências do país.
dispunham de geladeiras,
proporção que, em 1992,
se limitava a 71,5% do total
de domicílios do país.
Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 13
Henrique Manreza
BNDES amplia recursos para produção
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
elevou o limite de financiamento do Programa de Sustentação do
Investimento (PSI) R$ 10 bilhões, para R$ 134 bilhões. O recurso virá de
dotação extra da União, que passou de R$ 80 bilhões para R$ 90 bilhões,
segundo a Medida Provisória 501 publicada ontem no Diário Oficial.
O prazo para a concessão, voltada para produção, aquisição e exportação
de bens de capital, foi ampliado para 31 de março de 2011.
Alessandro Costa/Ag. O Dia
Fila de candidatos a emprego: crise afetou mais do
que esperado, mas menos do que em outros países
AGENDA DO DIA
● IBGE divulga a inflação oficial
de agosto pelo Índice de Preços
ao Consumidor Amplo (IPCA),
além de levantamento da
produção agrícola no perído.
● CNI publica indicadores
industriais referentes ao mês
de julho.
Crise teve impacto
sobre emprego
maior que esperado
IBGE registrou aumento de
desocupação de 8,4% em 2009,
ante 7,2% no ano anterior.
2009
2
3
4
Alta do desemprego é
a maior da década
Acesso à energia
ficou estagnado
Internet dobrou o
acesso em 4 anos
O Brasil verificou no ano passado
a maior taxa de desemprego da
década, quando foi registrado um
aumento de 18,3% da proporção
de desempregados frente ao
ano anterior. Se levada em
consideração a série sem a área
rural da região Norte, é a maior
alta de toda a década no país.
O acesso à infraestrutura de
energia elétrica manteve-se
praticamente estagnado no ano
passado, frente a 2008. Nesse
período, foi verificado ligeiro
aumento dessa proporção,
de 98,6%do total de residências,
em 2008, para 98,9% do total,
no ano seguinte.
No ano passado, 67,9 milhões
de pessoas declararam, no total,
ter acessado ainternet de alguma
forma, no Brasil. Enquanto em
2005, 20,9% da população
indicava algum tipo de acesso
à rede, quatro anos depois, tal
proporção saltou para 41,7% dos
brasileiros domiciliados no país.
ESTADO CIVIL
TELEFONE CELULAR
EMPREGOS FORMAIS
45,8%
da população se dizia casada no
94
milhões
32,3
milhões
de pessoas, no Brasil, declararam
de trabalhadores estavam
ano passado. A região Sul do país,
com 49,7% do total, era a que
apresentava a maior proporção
de pessoas nessa condição.
ter aparelhos de telefonia celular
de uso pessoal. Em quatro anos,
38 milhões passaram a dispor
desse tipo de equipamento.
empregados, em 2009, com
carteira assinada, no Brasil. Em
cinco anos, foram gerados 7,1
milhões de empregos formais.
O mercado de trabalho brasileiro
sentiu os efeitos da crise mundial, embora em menor grau do
que a média dos países do mundo. Mesmo assim, o impacto sobre o emprego no Brasil não só
foi maior do que o inicialmente
divulgado pelo governo, como
levou o indicador a um patamar
recorde na década. Responsável
pelo diagnóstico, o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) identificou aumento
de 7,2% para 8,4% da desocupação do país, entre 2008 e o ano
passado. Impulsionada pela alta
de 18,3% do contingente de pessoas à procura de emprego, no
período, a variação resultou no
contingente de 8,3 milhões de
desempregados em 2009.
O fenômeno, identificado
pela versão 2009 da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), ocorreu um ano
depois de alcançar o menor patamar da série histórica (7,2%)
desde 1996, quando alcançou
7%. A pesquisa contraria os primeiros diagnósticos do próprio
IBGE sobre os efeitos da crise
sobre o emprego no país, traduzidos pela Pesquisa Mensal do
Emprego (PME). O levantamento, também divulgado neste ano, detectou variação de
7,9% para 8,1% no contingente
de desempregados do país, entre 2008 e o ano passado.
Se levada em consideração a
série histórica que exclui a área
rural da região Norte do país, o
desemprego em 2009 apresentou a maior elevação da década.
O aumento da taxa de ocupação
do país também interrompeu
uma sequência de três anos de
decréscimo do indicador desde
2006. “A Pnad mostra crescimento tímido, de 0,3%, da po-
Pesquisa contraria
diagnósticos iniciais
do próprio IBGE;
excluindo a área
rural da região
Norte, foi o maior
desemprego
da década
pulação ocupada, com a população em idade ativa crescendo
acima de 1%”, compara o gerente da Área de Emprego do
IBGE, Cimar Azeredo. “Existe o
efeito da crise. Não conseguimos gerar postos suficientes
para atender à demanda.”
Com metodologia diferente
da PME, a Pnad representa uma
espécie de instantâneo mais
completo do país, com dados
mais aprofundados sobre as
transformações da sociedade.
Diferentemente da PME, que se
concentra nos mercados de São
Paulo, Minas, Rio, Recife, Salvador e Porto Alegre, procura
acompanhar o comportamento
das demais regiões.
De acordo com o IBGE, apesar dos efeitos da crise sobre o
mercado de trabalho, o impacto
é menor do que o verificado em
outros países. Se, em 2008, a
taxa brasileira era suficiente
para colocar o país em segundo
lugar no ranking do desemprego entre as maiores economias
do mundo, em 2009, depois da
crise, o Brasil subiu para a 10ª
colocação na lista. ■ (R.R.M.)
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14 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010
BRASIL
Leonardo Prado
CAMPANHA
INVESTIGAÇÃO
Dilma cai pela primeira vez na pesquisa
diária iG/Vox Populi e perde dois pontos
Oposição começa a colher assinaturas para
CPI sobre violação de dados da Receita
Pela primeira vez desde o início das medições diárias, a candidata
à presidência da República Dilma Rousseff (PT) caiu nas pesquisas de
intenção de voto do Vox Populi/Band/IG. A petista passou de 56% para
54% do eleitorado, enquanto seu maior concorrente, José Serra (PSDB),
permaneceu com 21% das intenções de voto. Maria Silva (PV), contudo,
subiu um ponto percentual na pesquisa e atingiu 9% do eleitorado.
O deputado Raul Jungmann (PPS-PE) iniciou ontem a coleta
de assinaturas para a instalação de uma Comissão Parlamentar
Mista de Inquérito para investigar a Receita Federal e as recentes
violações do sigilo fiscal de pessoas ligadas ao candidato
José Serra, do PSDB. A instalação de uma CPI mista exige
a assinatura de 171 deputados e 27 senadores.
Geração Y
ainda engatinha
na política
Candidatos de 18 a 34 anos respondem por 12,9% das
candidaturas registradas no Tribunal Superior Eleitoral
Paulo Justus e Pedro Venceslau
[email protected]
A geração Y já
conquistou o
mercado de trabalho, mas ainda
engatinha na poApesar de
ELEIÇÕES lítica.
responderem por
metade da população empregada
no país e 36,6% da população
brasileira, segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as pessoas de 18
anos a 34 anos respondem por
apenas 12,9% das candidaturas
registradas no Tribunal Superior
Eleitoral (TSE).
O enfoque na qualificação
profissional pode explicar parte
dessa sub-representação, de
acordo com o cientista político
do Insper Carlos Melo. “A política tem uma má fama danada,
perdeu aquele charme de contestação à ordem que empolgava a juventude”, diz. Segundo
ele, a primazia da economia sobre a política, que ocorre nos últimos 20 anos ajudou a deslocar
o foco de atenção dos jovens
para a iniciativa privada.
Outra explicação para a menor participação do jovem na
política está na própria dinâmica eleitoral. A diretora executiva
do Ibope, Márcia Cavallari, diz
que desde a eleição de Fernando
Collor, em 1989, o eleitorado
passou a ver com preocupação o
político com pouca experiência.
“Mas ao longo do tempo, essa
experiência pode ser conduzida
de novas formas, ou então a Dilma Rousseff não teria a quantidade de votos que tem.”
Para quebrar essa resistência,
a deputada federal Rebecca
Garcia (PP-AM), de 36 anos,
candidata à reeleição, diz que o
político precisa convencer o
eleitorado que está capacitado
para o cargo. “Precisa mostrar
seu currículo, seu trabalho e
mostrar que pode contribuir”.
2010
Desde 1989, com a
eleição de Fernando
Collor de Mello,
o eleitorado passou
a se preocupar
mais com a falta
de experiência
dos candidatos
Do ponto de vista de quem
vota, o Ibope mostra que 53%
de eleitores entre 16 e 24 anos
têm interesse médio ou alto nas
eleições, resultado próximo da
média do total do eleitorado, de
55%. “O jovem tem uma grande
preocupação com a formação
profissional, porque ele sente
que o Brasil num bom momento
e há empregos”, explica Márcia
Cavallari, do Ibope.
É a esse público que o candidato a deputado estadual Marcus Nazareth Peçanha, de 30
anos, se dirige. “Ser jovem ajuda muito no contato com o eleitor universitário”, diz. No
PSDB, Peçanha encontrou um
bom espaço para desenvolver
sua campanha, já dividiu palanques com tucanos experientes,
como Aloysio Nunes e Mendes
Thame. “Tenho a sensação de
que o partido aposta em mim
como um projeto do futuro e me
dá uma abertura muito boa.”
Candidato a deputado estadual pelo PCdoB do Rio de Janeiro, Igor Bruno de Freitas Pereira, de 30 anos, aposta nas
redes sociais e numa linguagem
descolada para atrair o eleitor
mais jovem. “Essa parcela do
eleitorado não tem representante. Aqui mesmo no Rio, os
políticos jovens que se elegem
são em geral filhos de políticos
e não defendem bandeiras ligadas à juventude”, afirma. As
propostas de Pereira também
se destinam exclusivamente ao
eleitorado mais jovem. Ele propõe a criação de um curso de
reciclagem na escola técnica
estadual e de um fundo para
educação, formado a partir de
recursos do pré-sal.
Já o candidato a deputado
estadual pelo DEM de São Paulo
Fernando Lucas, de 34 anos,
concilia uma agenda regional
em São José do Rio Preto com
políticas voltadas para o jovem
e a mulher. “As pessoas estão
buscando novos políticos com
novas propostas”, diz. ■
Dirigida pelo PT
Fundada em 1937, a União Nacional dos Estudantes (UNE) foi
em seus bons tempos uma fábrica de lideranças políticas
nacionais. Entre os quadros
formados na entidade estão
nomes como os de José Serra,
presidente em 1964, e José Dirceu, que acabou preso quando
seria eleito no Congresso clandestino da entidade em Ibiúna,
em outubro 1968.
O melhor momento da UNE
na história recente foi em
1990, quando o Brasil conheceu Lindberg Farias, o líder dos
caras–pintadas. Ex-comunista,
Farias migrou da UNE para o PT,
partido pelo qual concorre, com
boas chances de vitória, a uma
vaga no Senado pelo Rio.
Desde 1980, a UNE é comandada majoritariamente pelo
PCdoB e, hoje, informalmente
apoia Dilma Rousseff (PT). Seus
congressos, que ocorrem de
dois em dois anos, são palco de
confrontos pesados entre as juventudes partidárias organizadas. São também uma vitrine
para saber quem é quem no movimento estudantil brasileiro.
Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 15
Marcos Michael/Divulgação
DANÇA DAS CADEIRAS
RIO DE JANEIRO
Juiz assume comando de Dourados
e manda trocar as fechaduras da prefeitura
Cabral diz que se for reeleito manterá
secretário de Segurança e expandirá UPPs
Empossado como prefeito interino de Dourados (MS) após um escândalo
político que resultou na prisão do prefeito, do vice e do presidente da
Câmara, o juiz Eduardo Machado Rocha mudou todas as fechaduras
da Prefeitura. Ele também pediu uma auditoria nas secretarias e demais
órgãos municipais. “Dourados está sendo passada a limpo. Tenho
certeza que estou tomando posse por providência de Deus”, disse.
O candidato do PMDB ao governo do Rio, Sérgio Cabral Filho, afirmou
ontem que se for reeleito vai manter o secretário de segurança José
Mariano Beltrame no cargo. Questionado sobre a migração de bandidos
de favelas já pacificadas no Rio para São Gonçalo, Niterói e municípios
da Baixada, o candidato reconheceu o problema. Ele disse que levará
as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) às outras cidades do estado.
Antonio Milena
Marcus Nazareth Peçanha, candidato a
deputado estadual pelo PSDB-SP aposta no
público universitário para conquistar votos
CARA NOVA
Rebecca Garcia (PP)
Luiz Xavier/Ag. Camara
36 anos, candidata a reeleição
como deputada federal
Graduada em Economia na
Universidade de Boston (EUA) e
Cinema na Universidade Estácio
de Sá (RJ) Rebecca trabalhou na
corretora financeira Merrill Lynch
(Boston), no Banco Pactual
(Rio de Janeiro), como diretorapresidente do Jornal Estado do
Amazonas e como diretora geral
da rádio e televisão Rio Negro.
Bruno Covas (PSDB-SP)
Divulgação
30 anos, candidato
a deputado estadual
Bruno Covas (30) é neto do exgovernador Mario Covas. Em 2006
foi eleito deputado estadual pelo
PSDB. Ele também é presidente
nacional da juventude tucana.
Ele é um duro opositor da UNE,
que diz ser um aparelho governista.
“Na Venezuela os estudantes
pedem democracia e aqui pedem
verba para uma nova sede”
Gustavo Petta (PCdoB-SP)
Divulgação
29 anos, candidato
a deputado federal
Gustavo Petta (29) foi presidente
da UNE por dois mandatos e,
nos últimos dois anos, secretário
de Esportes de Campinas. Seu
padrinho político é o ministro
do Esporte, Orlando Silva Jr, que
também foi presidente da UNE.
Sua principal proposta de
campanha é dar bolsas aos jovens
que atuam em projetos sociais.
e PCdoB, UNE apoia Dilma Rousseff
Tucanos reclamam
que entidade está
aparelhada pelo
governo. Governistas
dizem que são
maioria porque estão
mais organizados
Nos últimos anos, as juventudes do PSDB e do DEM ampliaram a presença nas universidades, mas ainda estão longe
de alcançar a mesma capilaridade dos braços jovens do PT e
do PCdoB. Essa polarização fica
clara nos anos eleitorais. São
raros os casos de candidatos
tucanos jovens que foram ou
são militantes do movimento
estudantil. Já no campo governista sobram exemplos. “A
UNE está aparelhada pelo
PCdoB”, reclama Thiago Lobo,
31, um dos mais fortes candi-
datos a deputado estadual da
ala jovem do PSDB. Filho de José Henrique Reis Lobo, um dos
coordenadores da campanha
de Serra, ele reconhece que a
juventude do seu partido precisa se organizar melhor.
O maior expoente do grupo é
o deputado estadual Bruno Covas, presidente nacional da juventude do PSDB. “Nossos quadros não são do movimento estudantil. Nós defendemos que
as eleições da UNE sejam diretas
e não congressuais como são
hoje. Seria mais democrático”,
protesta. “O PCdoB valoriza e
investe em seus quadros do movimento estudantil. Vários candidatos do partido, como a Manuela Dávila, em Porto Alegre,
vieram da UNE”, rebate Gustavo Petta, 29, ex–presidente da
entidade e candidato a deputado federal pelo PCdoB-SP.
Seu padrinho político (além
de cunhado) é Orlando Silva Jr,
ministro do Esporte e também
ex–presidente da UNE e da juventude do PCdoB. Silva deixou
de ser candidato a pedido do
presidente Lula. ■ P.V. e P.J.
ELEITORADO JOVEM
36,6%
é a fatia da população brasileira
com idade de 18 a 34 anos, de
acordo com o Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE).
CANDIDATOS JOVENS
12,9%
é o porcentual de candidatos de
18 a 34 anos registrados no
Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
16 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010
BRASIL MOSAICO ELEITORAL
Um duelo
entre Serra e
Lula na TV
NA ELEIÇÃO DE 2002, SERRA FOI CHAMADO DE ‘ADVERSÁRIO LEAL’ POR LULA
Presidente foi à TV na terça para defender Dilma;
tucano reagiu e gravou programa ontem
Sílvio Ribas, de Brasília
[email protected]
O candidato à
Presidência José
Serra (PSDB) decidiu encarar o
embate direto na
ELEIÇÕES televisão contra
o presidente Luiz
Inácio Lula. Ele
cancelou viagem que faria ontem a Corumbá (MS), onde
gravaria cenas na fronteira,
para preparar sua resposta no
horário eleitoral ao depoimento
de Lula no programa de Dilma
Rousseff (PT). O presidente
saiu em defesa de sua candidata contra as acusações de ligação no episódio de quebra de
sigilos fiscais e condenou a
“baixaria dos adversários”.
“A eleição de Dilma parece
ser o tema da vida de Lula. Para
isso, abusa da popularidade estrondosa e ainda reforça o legado de proteção a práticas ilícitas”, disse ao BRASIL ECONÔMICO
o líder do PSDB na Câmara,
João Almeida (BA).
Em São Paulo, a candidata do
PV à Presidência, Marina Silva,
criticou o “vale-tudo” na disputa eleitoral, ao comentar o
episódio de quebra de sigilo. Ela
lamentou que “pegadinhas ou
casca de banana” estejam ocupando espaços de tempo da discussão política com seriedade.
Na reta final das eleições de 3
de outubro, Lula também vem
mostrando a cara e arregaçando
as mangas para ajudar as coligações de sua base nos estados.
Desde a semana passada, ele
vem participando de comícios
com a presidenciável e em apoio
a aliados mais próximos, como
os candidatos a governador Tarso Genro (PT-RS), Aloizio Mercadante (PT-SP) e Agnelo Queiroz (PT-DF). Ontem à noite, em
Betim (MG), o presidente e Dilma reforçaram o palanque de
Hélio Costa (PMDB), que vem
perdendo terreno para o adversário tucano Antonio Anastasia.
Lula voltou à televisão na terça-feira, no horário gratuito da
2010
Na reta final
das eleições
de 3 de outubro,
presidente
decide reforçar
a blindagem
de sua candidata
à Presidência
e o apoio a aliados
nos estados
Está confirmada ao menos uma diferença entre a campanha presidencial de José Serra
de 2002 com a atual, ao menos aos olhos do presidente Lula: No documentário Entreatos,
Lula diz ao tucano, após receber seu telefonema de reconhecimento da derrota: “Serra,
meu querido, você foi uma adversário leal.” Quase oito anos depois, Lula vai à TV para
condenar a “baixaria” de Serra, agora direcionada à candidata Dilma Rousseff (PT).
coligação “Para o Brasil Seguir
Mudando”. Dias após informar
que não faria um pronunciamento oficial no Sete de Setembro, em respeito ao período
eleitoral, Lula acabou usando o
tema Independência na mensagem gravada para rebater acusações contra a petista.
“Uma nação forte, independente e justa não é feita por
aqueles que só pensam em destruir e colocam interesses pessoais acima dos interesses do
país”, disse. Mais adiante, o
presidente insinuou que Serra
estaria desferindo ataques contra Dilma em razão do “desespero” e de um “preconceito
com a mulher brasileira”. ■
BOCA DE URNA
Juvenal Pereira
WALTER FELDMAN
Deputado federal do PSDB-SP
“Denúncia de quebra
de sigilo não favorece
a campanha de Serra”
O deputado federal Walter
Feldman (PSDB-SP), um dos
políticos mais próximos do
candidato tucano à Presidência
José Serra, acredita que as
reações do Planalto tornaram
“ainda mais graves” os casos
de quebra de sigilo fiscal de
pessoas ligadas ao seu partido.
Contudo, duvida que a polêmica
possa interferir no processo
eleitoral, por ser tema distante
da maioria dos eleitores.
O senhor avalia que
os episódios de quebra
de sigilo de pessoas
ligadas ao PSDB estão
dando novo rumo à
campanha de José Serra?
O problema não é “eleitoral”
como o governo vem dizendo.
O PT e o presidente Lula perderam
toda a essência democrática
que precisam ter, como partido
político e como chefe da Nação.
As instituições estão sendo
maculadas quando o Planalto
trata de um caso de elevada
gravidade como sendo apenas
um caso da campanha eleitoral.
Nosso papel é mostrar que
trata-se de uma violação agravada
pela postura de desrespeito
de autoridades. A população
não pode mais se sentir segura.
Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 17
Reprodução
FUNDO DO BAÚ
Da televisão para as urnas
Antes de disputar pela terceira vez o governo de
Minas Gerais, o candidato Helio Costa (PMDB)
se lançou na carreira de jornalista, passando por
veículos como O Estado de Minas e Diário da Tarde,
além de programas da Rede Globo. Em 1986, quando
tomou posse de deputado na Assembleia Nacional
FALTAM
Constituinte, trabalhava como correspondente
internacional do Fantástico. Já em 1990, quando
disputava vaga no governo mineiro, apresentava
o programa Linha Direta. Em 2005 assumiu o cargo
de ministro das Comunicações no governo de Luiz
Inácio Lula da Silva, renunciando em abril deste ano.
DIAS PARA O 1º TURNO
DAS ELEIÇÕES
1
2
3
4
5
6
7
8
9
0
BRANCO
CORRIGE
CONFIRMA
Fábio Motta/AE
NANICAS
Último recurso
● O candidato ao governo do
Distrito Federal Joaquim Roriz
(PSC) entrou com recurso no
Supremo Tribunal Federal (STF)
para questionar a decisão do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE),
que negou o registro de sua
candidatura com base na Lei da
Ficha Limpa. A defesa de Roriz é
baseada na inconstitucionalidade
da legislação, que entrou em vigor
com menos de um ano de vigência
e tem efeito retroativo. No início
de agosto, o Tribunal Regional
Eleitoral (TRE) do DF se recusou
a registrar a candidatura de Roriz.
Decisão acatada pelo TSE.
Divulgação
Propaganda negativa
● O Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) negou liminar requerida
pela coligação da candidata
à presidência Dilma Rousseff (PT)
que solicitava suspensão de
propaganda eleitoral da coligação
tucana “O Brasil pode mais”,
veiculada na última terça-feira (7).
Segundo a inserção, de 15
segundos, o consumidor de luz
teria desembolsado R$ 1 bi a
mais por falha de Dilma, quando
ela era ministra das Minas
e Energia. Os advogados da
coligação petista alegaram que
a tarifa teria sido instituída
em 2002, pela Lei 10.438,
antes do governo do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
Belo Monte
também não está explorando o
fato com objetivos eleitorais?
Não. Estamos cumprindo o nosso
papel, como políticos, de
denunciar crimes que afetam as
garantias constitucionais. Quando
o ministro da Fazenda (Guido
Mantega) afirma que a quebra de
sigilo é algo corriqueiro e o
presidente aproveita da
desinformação do eleitorado para
confundir ainda mais,
perguntando “quem é esse tal de
sigilo”, o problema real se torna
ainda mais grave e precisa ser
esclarecido antes das eleições de
3 de outubro, para o bem da
democracia. É óbvio que
instrumentos de Estado foram
usados para ajudar a candidata
do governo. É como se armas do
Exército fossem usadas por
criminosos.
A campanha da candidata
Dilma lembra que tais
violações de sigilo também
ocorriam no governo FHC...
Não ajuda nada querer misturar
suspeitas remotas com casos
reais, envolvendo funcionários
públicos e filiados ao PT. Estamos
diante de crimes que se conectam
à campanha presidencial. Por
isso, estou consultando juristas
sobre a responsabilidade do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
nesse caso. As investigações da
Polícia Federal levarão mais dois
meses. Isso é uma afronta aos
que querem um jogo eleitoral
transparente e confiável.
O senhor acha que essa
polêmica de 2010 teria o
mesmo efeito do caso dos
aloprados (2006), a ponto de
provocar o segundo turno?
Não acredito nisso. Nem é nosso
objetivo criar escândalo para virar
o jogo. Se estivéssemos
preocupados com isso, já
teríamos parado de tocar no
assunto, pois em nada interfere
no processo eleitoral. O candidato
Serra deverá continuar alertando
a população sobre os graves fatos
envolvendo a máquina pública e
responder críticas do presidente
Lula na TV. A campanha de Dilma
Rousseff está usando seu recurso
máximo, o próprio presidente da
República, para tentar abafar o
caso. Ao também tentar colocar o
PSDB no mesmo barco e
minimizar os fatos, o Planalto e o
PT tentam desviar a atenção do
eleitor. Há um excesso de
informação e um esforço
coordenado por desinformar. A
Receita Federal e os contribuintes
precisam de defesa. Silvio Ribas
● As polêmicas em torno da
usina de Belo Monte suscitaram
críticas ferrenhas por parte das
campanhas de PV e PSDB ontem.
“Belo Monte é a coisa mais
absurda da face da terra. Vai
dificultar a construção de outras
hidrelétricas na Amazônia”, disse
Geraldo Biasoto, da coordenação
de campanha de José Serra.
“É um desastre e um exemplo de
como não se deve fazer as coisas.
Não caberia em um processo
regular”, completou Pedro Leitão,
que contribuiu para o programa do
PV. As manifestações foram ditas
em evento da Associação Nacional
de Pesquisa e Desenvolvimento
das Empresas Inovadoras (Anpei)
ao qual o representante do PT
não pode estar presente.
18 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010
BRASIL MOSAICO ELEITORAL
Brizza Cavalcante
FICHA LIMPA, CAIXA BAIXO
VUVUZELA
Embora esteja sempre na
lista dos políticos mais
influentes da Câmara dos
Deputados, segundo o site
especializado Congresso
em Foco, Chico Alencar
(Psol-RJ) , ainda conta
com arrecadação modesta
para a campanha nas
eleições deste ano.
Ele levantou R$ 112,9 mil
em verbas, segundo
a mais recente prévia
divulgada pelo TSE esta
semana. No ano passado,
Chico recebeu o Prêmio
Congresso em Foco por ter
sido o parlamentar mais
atuante ao longo do ano.
Agora, concorre ao seu
terceiro mandato como
deputado federal.
“Dilma terceiriza ataque”
José Serra, candidato à presidência pelo PSDB,
em referência a mensagens do presidente Lula contra a
coligação tucana que acusa Dilma Rousseff (PT).
“Ciência e tecnologia são
essenciais para sairmos
da herança maldita
do governo Lula de
desindustrialização crescente”
Geraldo Biasoto, da coordenação da campanha
do tucano José Serra.
“Não pode ser uma queixa
individual de quem foi atingido,
tem que ser institucional
porque milhares de pessoas
foram igualmente atingidas”
Marina Silva, candidata do PV à presidência, sobre a
postura de Serra em relação à quebra do sigilo da filha.
“Tô ouvindo muitas
músicas lindas pra relaxar...
Tão bom! Faz tempo
que só escuto jingles!”
Clarissa Garotinho, filha de Rosinha e Garotinho,
candidata a Deputada Estadual do Rio.
“Frio na barriga: entre a
ditadura e a candidatura do
Tiririca sinto que perdi, em
algum momento, o fio da
meada da História do Brasil”
32
mulheres
concorrem atualmente às cadeiras do Senado, contra
170 homens. Elas correspondem a 15,82% do total
de candidatos. Nessas eleições, os brasileiros elegerão
54 novos senadores, ou dois terços da Casa.
Monica Alves/AE
Marcelo Tas, humorista.
“Temos três candidatos
respeitáveis disputando
a presidência e uma
democracia em
pleno funcionamento.
O resto é detalhe. ”
Luiz Fernando Veríssimo, humorista,
em entrevista ao Terra Magazine.
Tiririca recebe 3,5 milhões de visitas no YouTube
Na lista dos vídeos mais vistos no
Youtube esta semana, a
propaganda do palhaço Tiririca,
candidato a deputado federal
(PR-SP), está no topo. Seu vídeo
foi reproduzido mais de 3,5
milhões de vezes. Piada ou não,
sua eleição é iminente no próximo
dia 3 de outubro, a exemplo
do fenômeno Clodovil, que foi
o terceiro deputado federal mais
votado nas eleições de 2006, com
quase meio milhão de votos, pelo
mesmo partido de Tiririca hoje.
Mais do que estrela individual,
seu seu partido investe nele como
puxador de voto para eleger
outros deputados da coligação.
Na segunda prévia das
declarações de arrecadação do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE),
consta que o palhaço Tiririca já
arrecadou um total de R$ 593,9
mil, sendo que a maior parte
(R$ 415 mil) equivalem a repasses
do próprio partido. Trata-se de
uma campanha bem-sucedida,
até pelas despesas: o candidato
registra que vai gastar R$ 391 mil
até o final das eleições.
Ernesto Carriço /Ag. O Dia
Divulgação
Netinho vai à Justiça
pedir tempo de Quércia
Orestes Quércia (PMDB) mal
renunciou à disputa pelo Senado
e diversos candidatos já pleiteiam
o espaço eleitoral do ex-candidato
na televisão. Netinho de Paula
(PCdoB) anunciou ontem que
pretende contestar na Justiça
a intenção dos adversários da
coligação tucana de incorporarem
o tempo deixado por Quércia
à campanha de Aloysio Nunes
(PSDB). “Acho que isso é
inconstitucional. O tempo total
tem que ser dividido entre
todos os candidatos ao Senado”,
afirmou. Segundo ele, o
departamento jurídico de seu
partido está “acompanhando o
caso” e “tomando providências”
quanto à partilha eleitoral.
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O presente material é meramente ilustrativo, tratando-se de representação artística e tendo sido elaborado para divulgação do empreendimento, sendo que todas as perspectivas, a Masterplan, plantas, materiais e mobiliário ora apresentados poderão ser alterados por produtos similares no mercado, ou até mesmo substituídos, sem qualquer aviso prévio, podendo, ainda, sofrer alterações de cor, textura,
formato, metragem, etc. Os elementos de paisagismo e decoração das partes comuns são meramente ilustrativos, sendo as espécies apresentadas em sua espécie adulta, e não estão incluídos no preço das unidades imobiliárias. O empreendimento será realizado sob a forma de patrimônio de afetação e construído em até sete fases, não possuindo qualquer relação com a marina que se encontra em fase de
expansão junto ao imóvel contíguo. Projeto preliminar aprovado em 05/11/2009, junto à Prefeitura do Município de Mangaratiba, sob o nº 10061/09 e, ainda, sujeito à alteração. Engenheiro responsável: Péricles Memória Filho, CREA/RJ nº 28217-D. Autores do Projeto de Arquitetura: De Fournier & Associados, Projetos e Urbanismo Ltda., CREA/RJ nº 93-2-00198-0 e Arquiteta: Françoise Susanne Passburg,
CREA/RJ nº 85-1-06516-4. O Memorial de Incorporação foi registrado em 19/02/2010 sob o nº R2 da Matrícula 21162, junto ao 1º Ofício de Mangaratiba-RJ. * Para o financiamento com a CEF, o adquirente deverá ter a sua ficha socioeconômica aprovada e comprovar renda compatível. Tabela completa no stand de vendas para as demais unidades e opções de venda com financiamento direto do incorporador.
** Preço referente à unidade 108 do bloco 2 na tabela vigente para setembro de 2010, não estando incluídas as despesas do fundo de mobiliário e decoração das partes comuns.
20 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010
INOVAÇÃO & SUSTENTABILIDADE
São Paulo e Rio
planejam ocupar
área contaminada
SEXTA-FEIRA
SEGUNDA-FEIRA
TECNOLOGIA
EDUCAÇÃO
Prédios da Mooca (SP) são
testemunha da degradação da região
que hoje se pretende revitalizar
Cidades aderem a projeto internacional para reabilitar
terrenos abandonados com suspeita de poluição do solo
Martha San Juan França
[email protected]
“
loto, voltados para contratação
de consultores que elaborem
planos arquitetônicos, executem investigação do solo e o que
pode ser feito ou não no local.
“É apenas um início”, diz
Maurício Lobo, gerente de Implantação de Projetos Especiais da
Secretaria Municipal de Meio
Ambiente e representante da cidade do Rio de Janeiro no Integration. “O objetivo é, a partir daí,
pensar em uma nova ocupação
para uma área com infraestrutura, transporte, saneamento, escolas, mas que apresenta área industrial abandonada e com suspeita de contaminação de solo.”
Com área estimada em 16
milhões de metros quadrados,
o projeto já desperta a cobiça
do mercado imobiliário em São
Paulo. A Companhia Ambiental
do Estado de São Paulo (Cetesb)
é responsável pelas ações de
controle ambiental, mas a prefeitura também estuda o potencial de contaminação ou,
como diz Milton Tadeu Mota,
responsável pela Operação Urbana Moóca-Vila Carioca, “o
que está escondido no solo”.
As etapas envolvem estudos de
impacto ambiental e outros necessários para subsidiar o desenvolvimento do projeto urbanístico. Segundo Andreas Marker,
coordenador do Integration no
Brasil, projetos envolvendo a revitalização urbana só são bemsucedidos quando geram empregos, capacitam recursos humanos, promovem novas tecnologias
e saneiam o meio ambiente. ■
São Paulo e Rio de Janeiro,
como muitas outras cidades da
América Latina, crescem nos
bairros da periferia, enquanto o
espaço central, onde no passado havia atividades industriais
e comércio, vira sinônimo de
degradação. Não por acaso, a
antiga zona industrial no bairro
paulistano da Mooca e o Engenho de Dentro, na zona norte
carioca, foram escolhidos para
dar início ao projeto Integration, destinado a revitalizar
áreas abandonadas nos centros
das grandes cidades.
Por meio de metodologias e
exemplos, o projeto coordenado
pela cidade de Stuttgart, na Alemanha, visa mostrar como se dá
esse tipo de ocupação, principalmente áreas contaminadas e
espaços abandonados, que
apresentam um grande potencial para serem entregues novamente ao cotidiano das populações. Um seminário, marcado
para o dia 15 na prefeitura de São
Paulo, será o primeiro passo no
sentido de discutir iniciativas
desse tipo que estão ocorrendo
em vários países, entre elas a
experiência alemã.
“A reabilitação dessas áreas
se encaixa no conceito do desenvolvimento sustentável das
cidades, trazendo benefícios nas
esferas social, econômica e ambiental”, afirma Laura Valente,
diretora regional para América
Latina e Caribe do Conselho Internacional do Governos Locais
pela Sustentabilidade (Iclei),
parceiro do programa.
A reabilitação
dessas áreas
se encaixa no
conceito do
desenvolvimento
sustentável das
cidades, trazendo
benefícios nas
esferas social,
econômica
e ambiental
Nova ocupação
As iniciativas originais de outras cidades
Um dos principais aspectos a
serem tratados no seminário
será a necessidade de enfrentar
o problema das contaminações
em terrenos anteriormente
ocupados por indústrias. No
passado, não se costumava adotar procedimentos seguros para
o manejo de substâncias perigosas, o que resultou em sérios
problemas no solo e nas águas.
Ao participar do projeto,
além da possibilidade de instituir ou aperfeiçoar os marcos
legais municipais existentes,
cada cidade recebe R$ 270 mil
para a realização do projeto pi-
Laura Valente,
diretora regional do Iclei
AMÉRICA LATINA
O projeto Integration apoia
iniciativas de revitalização
urbana em várias cidades
latino-americanas além de
São Paulo e Rio. Elas fazem
parte da Rede Latino-Americana
de Prevenção e Gestão de Sítios
Contaminados (Relasc), destinada
ao intercâmbio de informações
para a gestão e revitalização
de áreas contaminadas e
da prevenção de resíduos em
solos e águas subterrâneas.
Entre essas cidades estão Bogotá
(Colômbia), Quito (Equador),
Guadalajara e Chihuahua (México)
e Viña del Mar (Chile). Cada
uma dessas cidades apresenta
soluções originais para suas
áreas degradadas. Bogotá
e Quito, por exemplo, pretendem
dar uma nova destinação a um
terreno que durante muitos anos
serviu de lixão; Chihuahua quer
fazer de um imóvel, antes ocupado
por metalúrgica e hoje desativado,
um parque com jardim zoológico.
Já Guadalajara pretende
transformar uma área industrial
hoje rota de imigrantes em
ciclovia e, numa etapa posterior,
em conjunto habitacional.
Apesar de possuir infraestrutura
e estar perto do Centro, Engenho de
Dentro (RJ) sofre com deterioração
Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 21
TERÇA-FEIRA
QUARTA-FEIRA
EMPREENDEDORISMO
GESTÃO
Murillo Constantino
LUCIANO
MARTINS COSTA
Jornalista e escritor, consultor
em estratégia e sustentabilidade
Um desafio adicional à
renovação imobiliária
Ernesto Carriço/O Dia
MODELO INTERNACIONAL
1
Recuperação segue
exemplo da Alemanha
A revitalização de terrenos
abandonados no centro de
São Paulo e Rio segue o exemplo
de cidades no continente
europeu. Na Alemanha, de
onde vem o projeto Integration,
por exemplo, há legislações
específicas para a recuperação
de brownfields — termo urbanístico
que designa não somente áreas
contaminadas, mas qualquer
terreno com suspeita ou
percepção de contaminação.
2
Praça em São Paulo
é projeto pioneiro
Considerada como referência
no Brasil, a Praça Victor Civita,
na zona oeste de São Paulo, é um
projeto pioneiro de revitalização
de área degradada, baseado
em modelos internacionais.
A área que, no passado, foi
depósito de resíduos, tinha
o solo contaminado. Com apoio
da Cetesb e Prefeitura, além
de outros órgãos técnicos
e ambientais, como a Agência
Alemã de Cooperação Técnica,
a praça foi inaugurada em 2008.
O processo de decadência das grandes cidades foi, desde
sempre, vinculado às migrações internas, associadas à
ausência ou abandono do planejamento urbano. No caso
do Brasil, as metrópoles acumulam o efeito de décadas de
baixo investimento público associado ao inchaço de suas
populações. A iniciativa privada, movida pelo senso de
oportunidade, gera certo dinamismo na renovação dos
espaços, mas sempre sobram as áreas desvalorizadas e
com poucos atrativos econômicos, onde, sem políticas
públicas, o resultado quase sempre é a degradação.
Quando a economia vai bem, as demandas por moradia se somam à pressão dos negócios por novos espaços,
compondo-se a convergência que pode produzir bons
frutos ou agravar a situação, com o adensamento de
areas já saturadas. O conceito de cidades compactas e
multifuncionais, associado a projetos de recuperação de
áreas metropolitanas, tem o sentido de reordenar os espaços urbanos levando-se em conta a infraestrutura
existente e a lógica dos deslocamentos de pessoas e produtos, criando ambientes com mais qualidade de vida.
Nesse processo, é comum que se apresente o desafio
adicional da contaminação dos terrenos usados anteriormente por instalações industriais ou depósitos de materiais nocivos. É disso que trata essencialmente o projeto
Integration, em fase de planejamento em São Paulo e
no Rio. A diferença básica do novo tratamento
proposto são os paradigNão faltam
mas da sustentablidade,
que obrigam a pensar
diagnósticos, mas
em longo prazo e de mavontade política
neira abrangente, ine a visão de
cluindo, além da questão ambiental, as oporsustentabilidade,
tunidades de negócio e
que exige a
a melhoria da condiintegração entre
ções de vida de moradores e usuários.
os objetivos
Até recentemente, as
ambientais, sociais
propostas de recuperae econômicos
ção dos espaços urbanos
abandonados costumavam levar em conta apenas a necessidade da renovação imobiliária. Áreas degradadas em Los Angeles e
locais de Nova York, como o Harlem e o Times Square, recuperados nas últimas décadas, passaram por reformulações que consideraram somente o aspecto econômico,
com projetos que deixaram custos sociais elevados.
Por motivos semelhantes, várias tentativas de recuperação do centro antigo de São Paulo, onde se situa o
quadrilátero conhecido como “cracolândia”, têm sido
criticadas por urbanistas e ativistas sociais, por ignorar
ou simplesmente empurrar para outras áreas a população marginalizada que se abriga nas ruas e em prédios
abandonados. Não raro, tais projetos são acusados de
usar a necessidade da reurbanização para dissimular
operações de “higienização social”.
A participação de empreendedores socialmente responsáveis tem o benefício de injetar racionalidade e sentido de urgência nas decisões nos grupos de planejamento. É o caso, por exemplo, do movimento Nossa São Paulo, lançado por empresários vinculados ao Instituto
Ethos. Segundo a Prefeitura de São Paulo, a cidade tem
um déficit habitacional de 200 mil unidades, e ao mesmo
tempo quase 400 mil imóveis desocupados. Os diagnósticos produzidos por esse grupo formam um conjunto
valioso de conteúdos e projetos, mas o que não falta é
diagnóstico. O que tem faltado é vontade política e a visão de sustentabilidade, que exige a integração entre os
objetivos ambientais, sociais e econômicos. ■
22 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010
ENCONTRO DE CONTAS
LURDETE ERTEL
Jewel Samad/AFP
Chave na
ignição
Enquanto a japonesa
Toyota e a chinesa Chery
fazem roncar os projetos
das montadoras que
planejam construir em
São Paulo, a General
Motors aguarda para
esta semana o sinal verde
dos órgãos ambientais
para iniciar as obras
de sua nova fábrica
em Joinville (SC).
A terraplenagem do
terreno no quilômetro
47 da rodovia BR-101
deveria ter começado
no último mês, mas
o cronograma não foi
cumprido por atraso
na liberação do alvará
de licenciamento.
As obras de preparativo
da área devem durar
dois meses e custar
cerca de R$ 9 milhões.
Projetada para produzir
120 mil motores por ano,
a nova fábrica da GM
em Joiville receberá
investimento de R$ 350
milhões, com geração
de 500 empregos.
Patrimônio dos marajás
Dona da maior população de elefantes
da Ásia, a Índia vai transformar
o animal em patrimônio nacional.
O país prepara um grande plano de
ação para salvar a espécie que, entre os
indianos, ainda é usada como meio
de transporte – sobretudo, de carga.
No território indiano vivem cerca de 60%
dos elefantes do continente asiático.
Isso equivale a cerca de 25 mil animais.
Estima-se que 3,5 mil deles sejam
mantidos em cativeiro, em templos,
zoológicos e circos.
Para garantir sua preservação, o governo
da Índia pretende elevar os elefantes
ao mesmo status que o tigre tem no país.
Quem é rainha nunca
perde a majestade
Depois de três anos, Gisele Bündchen
fez um retorno triunfal às passarelas
internacionais nessa semana,
nos Estados Unidos.
A top brasileira foi a estrela de maior
brilho na constelação de celebridades
do Fashion’s Night Out: The Show,
evento de moda realizado no Lincoln
Center, em Nova York.
Apesar de o desfile contar com outras
tops como Naomi Campbell, Karolina
Korkova, Coco Rocha e as também
brasileiras Adriana Lima, Caroline
Trentini e Izabel Goulart, a modelo mais
bem paga do mundo roubou a cena.
Gisele exibiu dois looks diferentes
e arrancou aplausos da idealizadora
do evento, a temida editora de moda
Anna Wintour, da atriz Blake Lively
e da modelo israelense Bar Refaeli,
que figuravam na primeira fila.
Depois de provar que continua
dominando as passarelas internacionais,
Gisele dançou ao som dos sucessos
do cantor Pharrell Williams, em cima
de um palco onde estavam todas
as estrelas da noite.
Além de proteger a vida dos animais, a ação
pretende reduzir o número de indianos
que morrem vítima do ataque de elefantes.
Devido à crescente invasão humana
em áreas tradicionais de presença dos
paquidermes, centenas de pessoas
perdem a vida todos os anos na Índia por
causa da fúria descontrolada dos animais.
“As redes sociais
são as novas
discotecas
do século 21.
Assim como
sair sozinho no
sábado à noite
para beber algo,
conectar-se
à internet tem
seus riscos.
Mas isso
faz parte de
qualquer
interação social.”
Valérie Tasso, autora do livro
“Saberei cada um de seus
segredos”, novela cuja trama
envolve a violação de
privacidade em uma rede social.
Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 23
Fotos: divulgação
Volta ao mundo
Para comemorar o lançamento do primeiro carro esportivo 100%
elétrico do mercado, as empresas TAG Heuer e Tesla Roadster
pretendem completar até outubro uma jornada de 37.000 km ao
redor do mundo. O tour já passou por mais de 12 cidades do globo,
incluindo Moscou, Tóquio, Los Angeles e Miami.
Em todas as cidades os participantes tiveram a oportunidade
de dirigir a máquina, batizada de TAG Heuer Tesla Roadster (foto).
MARCADO
● Hoje o governador Alberto
Goldman entrega a 11 empresas
o Selo Paulista de Diversidade –
Categoria Pleno: Pão de Açúcar,
Associação Comercial de São
Paulo, Comgás, Sabesp, Bradesco,
Accenture, Cesp, Veyance,
Dow Química, Kraft Foods e Jarí.
[email protected]
Pascal Guyot/AFP
iVanço
Sem alardes, a Apple procria
seu mouse no varejo brasileiro.
Hoje com 16 lojas no conceito
Apple Premium Reseller no Brasil,
a marca vai ganhar sua primeira
loja exclusiva em Minas Gerais.
A operação de estreia no
mercado mineiro será aberta
em outubro no shopping
Diamond Mall, em Belo Horizonte,
com o nome de iPlace.
Operada pelo grupo Herval,
a bandeira também desembarca
em Brasília até dezembro.
Além da Herval, três outras
redes brasileiras criaram
bandeiras de lojas exclusivas da
Apple: TVM (MyStore), Saraiva
(iTown) e Fast Shop (A2You).
Chave dupla
O pequeno Mini, da BMW,
ganha mais uma
concessionária em São Paulo.
O grupo Caltabiano inaugura
hoje uma revenda da marca
no bairro Santana, zona norte
da capital paulista.
São, na prática, duas lojas: uma
do Mini e outra da BMW Motorrad.
Aos pares
A City Shoes, rede carioca de
sapatos e acessórios femininos,
afivelou a abertura de mais
quatro lojas no Brasil.
A marca fechou contrato com
a LGR para instalar filiais no Via
Verde, em Rio Branco (AC), e no
Shopping Pelotas (RS). E com o
grupo JCPM, para abrir lojas no
Salvador Norte (BA) e no Rio Mar,
Shopping, em Aracaju (SE).
Lembranças
no prego
A legendária top model
Jerry Hall está decidida
a virar de vez a página
de seu conturbado
casamento com Mick
Jagger. Para isso, vai
levar ao martelo da
Sotheby’s de Londres
em outubro parte de
sua coleção de arte –
são peças compradas
na época em que dividia
o teto com o líder do
Rolling Stones.
Entre as peças está
um retrato de Lucian
Freud (abaixo), no qual
Jerry aparece nua e
grávida de oito meses,
que pode render mais
de US$ 460 mil. Há
também trabalhos de
Andy Warhol, Damien
Hirst e David Bailey,
além de retratos de
Francesco Clemente,
que podem somar
US$ 2,3 milhões.
Atualmente dedicada
ao teatro, Hall declarou
que quer se desfazer
das peças para não ter
mais nada que lembre
seu passado com Jagger.
O salmão poder ser o primeiro produto de origem
animal a ter sua versão geneticamente modificada
vendida para consumo humano nos Estados Unidos.
A liberação do peixe da AquAdvantage está em análise
na FDA, agência de vigilância sanitária dos EUA,
que acaba de receber o sinal verde de seus pesquisadores.
Segundo estudo dos técnicos da FDA, o salmão
geneticamente modificado é “tão seguro para consumo
quanto qualquer outro salmão do Atlântico”.
Florido
O tempo de colheita das
alcachofras, que vai de
setembro a dezembro, está
turbinando novos pratos a
base da exótica flor em alguns
restaurantes de São Paulo.
Originária do Mediterrâneo,
entre sul da Europa e norte da
África, a alcachofra foi trazida
para o Brasil pelos imigrantes
europeus. Os chefs de
restaurantes como Açafrão
da Terra, Ají, Brie Restô,
Felix Bistrot e Pé de Manga
elaboraram receitas especiais
para esta primavera.
Código de barra
Mais de 300 fornecedores
da C&C passaram a enviar
seus produtos à gigante
varejista com códigos de
barras certificados pela GS1.
A C&C é a primeira do setor
a adotar o procedimento.
Lixo tratado
Barrett & Mackay/AFP
Iguaria transgênica
GIRO RÁPIDO
O grupo Prizma, em parceria
com a Empresol e a Estre
Ambiental, inaugura, em
outubro, o Centro de
Tratamento de Resíduos de
Itaboraí. O aterro sanitário
teve investimentos da
ordem de R$ 15 milhões.
Viajando
A consultora de turismo
de luxo Teresa Perez lançou
o Traveller Book, no qual
selecionou o que vivenciou
de melhor em suas viagens
pelo mundo.
Após sucesso em São Paulo
e Brasília, o Traveller Book
chega à Curitiba, dia 14.
Com Karen Busic
[email protected]
24 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010
EMPRESAS
Potássio do Brasil
descobre minério
na Amazônia
Canadense anuncia ter encontrado potássio e estuda captar
recursos na BM&F Bovespa para projeto de R$ 4,3 bilhões
Domingos Zaparolli
[email protected]
A Potássio do Brasil, empresa
controlada pela canadense Brazil Potash Corporation, anunciou ontem a descoberta de minério de potássio (silvinita) nas
proximidades do Rio Madeira,
entre as cidades de Nova Olinda
do Norte e Autazes, na Amazônia. O material foi encontrado a
uma profundidade de 841,78
metros com espessura de 1,86
metro e apresenta um teor médio de cloreto de potássio de
32,59%. O potássio é um dos insumos básicos para a produção
de fertilizantes e hoje o Brasil
importa 90% de suas necessidades do minério.
O trabalho de prospecção
teve início em janeiro com duas
sondas e a previsão inicial era
que seria necessário um ano
para concluir os trabalhos. Hélio
Diniz, diretor-executivo da
companhia, informou que uma
terceira sonda será mobilizada
para a região a partir de outubro
para acelerar o processo.
Segundo Diniz, os dados
geofísicos já disponíveis levam a
empresa a acreditar que há na
região uma jazida de grande
porte. Os trabalhos de sondagem, porém, continuarão até
que se obtenham dados que
comprovem uma reserva que
justifique a realização de estudos mais detalhados da viabilidade econômica do empreendimento. Para isso, ainda serão
necessários entre 10 e 15 furos.
A expectativa da empresa é
investir US$ 2,5 bilhões (R$ 4,3
bilhões) para uma produção
anual de 2 milhões de toneladas
de cloreto de potássio. Para
concretizar o investimento, a
companhia, que é gerida pelo
banco canadense Forbes & Manhattan, analisa a possibilidade
de captar recursos na BM&FBovespa. A oferta de ações na bolsa paulista poderá ser realizada
ainda durante a prospecção, informa Diniz.
A jazida mineral da Potássio do
“
Brasil poderá se
tornar o terceiro
maior produtor
mundial de potássio
se a jazida for viável
Éder de Souza Martins,
geológo da Embrapa Cerrados
Brasil encontra-se a 13 km da jazida de Fazendinha, pertencente
à Petrobras, onde foi definida há
mais de 20 anos uma reserva superior a 500 milhões de toneladas
situada a 1,1 mil metros de profundidade. A companhia canadense avalia que o potencial da
bacia de potássio na região é de
400 km de extensão. Se confirmado, será inferior apenas aos
600 km da mina canadense
Saskatchewan. Para o geólogo
Éder de Souza Martins, da Embrapa Cerrados, o projeto de exploração na Amazônia tem potencial para fazer com que o Brasil
saia da condição de importador
para se tornar o terceiro maior
produtor mundial de potássio,
atrás de Canadá e Rússia, com
possibilidade até mesmo de o país
tornar-se exportador do insumo.
Impacto ambiental
VIABILIDADE ECONÔMICA
● A estratégia logística da
empresa prevê transportar
potássio por hidrovia.
● As barcas que levam soja do
Centro-Oeste para os portos do
Amazonas voltariam carregadas
com o insumo para fertilizantes.
● A empresa estabeleceu
acordos com as cooperativas
agrícolas CCAB e CONAGRO
para vender sua futura produção
com 10% de desconto em relação
aos preços internacionais.
“Antes, porém, a Potássio do
Brasil precisa demonstrar a viabilidade econômica e ambiental
de seu projeto”, diz o geólogo.
Um temor da comunidade acadêmica e de ambientalistas é a
exploração do minério ocorrer
pelo processo de injeção de
água quente por meio de canais
perfurados até o minério, com o
objetivo de tornar solúveis os
sais minerais depositados na
jazida, o cloreto de potássio e
de sódio, resultando em uma
grande quantidade de resíduos
salinos despejados nas águas
doces do Madeira.
Hélio Diniz informa, porém,
que não será este o método exploratório. A exploração será
realizada por meio de lavra convencional, levando-se o minério para a superfície. O material
obtido inicialmente é composto
de cloreto de potássio e sal. A
empresa estuda duas possibilidades para o sal. A primeira é
destiná-lo para uma fábrica
cloro-química e a outra, mais
provável, é devolver o material
para o fundo da jazida. Martins
confirma que o impacto ambiental, nesta situação, seria
bastante reduzido. ■
FICHA TÉCNICA
EMPRESA: Potássio do Brasil
CONTROLADORA: Brazil Potash
Corporation — Canadá
RR
GESTOR DO INVESTIMENTO: Forbes &
Manhattan
Autazes
LOCAL DA JAZIDA: entre Nova Olinda
do Norte e Autazes (Amazônia)
ESTÁGIO ATUAL: Prospecção
AM
TEOR DO MINÉRIO DE POTÁSSIO
DETECTADO: 32.59% KCI
EXPECTATIVA: Produção anual de 2
milhões de toneladas de Cloreto de
Potássio
INVESTIMENTO PREVISTO: US$ 2,5
bilhões
Fonte: Empresa
Nova Olinda
do Norte
AC
RO
Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 25
Michael Springer/Bloomberg
Sanofi eleva oferta por Genzyme
A farmacêutica Sanofi-Aventis fez uma nova oferta de aquisição da
companhia de biotecnologia americana Genzyme de US$ 71 por ação, em
troca da possibilidade de fazer uma “due diligence parcial” da companhia,
segundo informou o serviço de notícias financeiras DealReporte.
O serviço, que é ligado ao grupo Financial Times, afirmou que a oferta
maior deve ser a última proposta informal da Sanofi enquanto não
obtiver mais informações sobre as finanças da empresa americana.
Paulo Fridman/Bloomberg
Plantação de soja, uma das culturas que, no
Brasil, mais demandam potássio como fertilizante
Disputa global
movimenta
multinaconais
Vale, Sinochem, Rio Tinto e BHP
buscam garantir participação
expressiva em potássio
Nivaldo Souza
[email protected]
Segundo mineral mais leve na
cadeia dos metais, o potássio
vem ganhando peso no mercado
global nos últimos meses. As
previsões otimistas quanto ao
aumento no consumo da matéria-prima usada na fabricação
de fertilizantes estimula o flerte
de grandes companhias com o
produto. Mineradoras como
Vale, Rio Tinto e BHP Billiton, e
a chinesa da área química Sinochem, travam uma batalha de
bilhões de dólares para controlar fatias expressivas do mercado do insumo agrícola. Movimento sobre fontes da matériaprima feito de olho no potencial
crescimento do consumo de alimentos por uma população
mundial que se consolida em
áreas urbanas — principalmente
na China e na Índia.
A canadense Potash Corp.
virou a jóia da coroa mais cobiçada, após receber oferta hostil
de US$ 38,56 bilhões (cerca de
R$ 67,5 bilhões) da BHP Billiton.
A oferta foi a senha para uma
série de notícias sobre a disputa
que esta semana ganhou novo
capítulo com o convite da Sinochem ao fundo soberano de
Cingapura Temasek para engrossar o calibre na tentativa de
conquistar a Potash. Já a Rio
Tinto está sondando a russa
Uralkali, controlada pelo bilionário Suleiman Kerimov, principal acionista da empresa. Segundo o jornal russo Vedomosti, uma comitiva da Rio Tinto
desembarcou na cidade de Berezniki para avaliar os ativos da
Uralkali, avaliados em US$ 15
bilhões por Kerimov.
No Brasil, o mercado de fertilizantes tem colocado a Vale em
alerta para ocupar a liderança
como principal fornecedora da
indústria de fertilizantes. O país
importa cerca de 90% do potássio que consome e é para ocupar
esse vácuo que a empresa investe US$ 12 bilhões até 2012.
A meta é elevar a oferta de
potássio para 10,6 milhões de
toneladas anuais, ante 750 mil
produzidas hoje em Carnalita
(SE). O aporte inclui investimentos na Argentina, onde a
Vale toca os projetos Rio Colorado e Neuquén para produzir
3,4 milhões de toneladas anuais
do mineral. Colorado receberá
US$ 4,18 bilhões até o final de
2013. Neuquén ainda está em
estudo de pré-viabilidade. Por
aqui, a empresa ampliará a produção em Carnalita, única mina
em atividade no Brasil. Até
2014, o polo mineral adicionará 1,2 milhão de toneladas
anuais de potássio à sua extração atual. ■ Com agências
Companhias
negociam parcerias
para fazer aquisições.
Brasileira Vale vai
para a Argentina
extrair potássio,
e amplia produção
em Sergipe
26 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010
EMPRESAS
Carla Gottgens/Bloomberg
CARNE
BEBIDAS
Marfrig leva maior parte da Cota Hilton
argentina para exportação à UE
Grupo cervejeiro australiano Foster’s rejeita
oferta de US$ 2,5 bi por unidade de vinhos
Quatro unidades da empresa na Argentina receberam permissão
para embarcar um total de 3.142 toneladas de carne tipo premium
dentro da Cota Hilton (da comunidade europeia) até 30 de junho
de 2011, segundo comunicado do governo no diário oficial daquele
país. A JBS, a maior produtora de carne do mundo, recebeu
o direito de embarcar 2.046 toneladas, segundo o comunicado.
Investidores foram surpreendidos pela abordagem ao segundo
maior negócio de vinhos no mundo que está sendo separado
do lucrativo negócio de cerveja. A proposta foi considerada baixa.
A operação aumentou a especulação de que candidatos
ao grupo combinado, que tem valor de mercado de
aproximadamente US$ 11 bilhões, podem se aproximar agora.
Rússia suspende
importação de seis
fábricas do JBS
Principal comprador de carne bovina brasileira, país mudou
registro de 189 frigoríficos do mundo nos últimos 30 dias
Luiz Silveira
[email protected]
Duas semanas depois de a Rússia ser motivo de alegria para o
frigorífico JBS, por reabrir a importação de carne de frango
americana e permitir a entrada
de produção da sua controlada
Pilgrim’s Pride, o país impôs
nova derrota ao grupo brasileiro. Seis unidades de carne bovina do JBS, sendo quatro no Brasil, foram proibidas de exportar
para a Rússia sob alegação de
presença de antibióticos e bactérias acima do permitido.
Dois recentes comunicados
do serviço veterinário russo
também proibiram a entrada de
produtos de uma unidade de
carne de aves da Seara, divisão
do grupo Marfrig, em Forquilhinha (SC), e outra da Alibem
Comercial de Alimentos em
Santa Rosa (RS).
Entre as unidades do JBS estão as brasileiras de Campo
Grande (MS), Naviraí (MS), Barra do Garças (MT) e Araputanga
(MT), além de uma da JBS Argentina e uma da Swift Beef
Company, nos Estados Unidos.
A base geográfica ampla
construída pelo JBS e pelo
Marfrig por meio de grandes e
pequenas aquisições minimiza
os riscos de prejuízos decorrentes dessas proibições, avalia
a analista Gabriela Tonini, da
consultoria especializada em
pecuária Scot Consultoria. A
empresa comunicou que atenderá os clientes russos com
produtos de unidades que continuam autorizadas a exportar
e que, por isso, o impacto financeiro das medidas será
“pouco relevante”.
Por outro lado, há o efeito do
medo dos investidores sobre o
preço das ações e o custo para a
reabilitação dessas unidades.
“Por mais que o impacto direto
não seja grande, cada vez que
uma unidade tem um impedimento como este, há um custo
“
Por mais que
o impacto direto
não seja grande,
cada vez que uma
unidade tem um
impedimento como
este há um custo
para a liberação
das exportações
Gabriela Tonini,
analista da Scot Consultoria
para a liberação das exportações”, explica Gabriela.
Desde maio, a Rússia já suspendeu a importação de carne
brasileira de 18 unidades frigoríficas diferentes. Outras fábricas foram autorizadas a iniciar
exportações e parte dessas 18 foi
liberada para voltar a embarcar
seus produtos para a Rússia.
Embora o número seja significativo, é pouco representativo dentro do emaranhado
de suspensões e liberações que
o serviço sanitário russo realiza. Só nos últimos 30 dias, a
Rússia alterou o status de 189
fábricas de produtos de carne
em todo o mundo.
Foram 49 proibições ou suspensões temporárias e 140
aprovações ou liberações, incluindo aí a reabertura do mercado russo para a carne de frango americano e para as carnes
eslovenas. Essas duas reaberturas envolveram automaticamente 95 unidades que já haviam exportado para a Rússia.
A volatilidade das listas de
fábricas aprovadas pela Rússia
tende a se acentuar no segundo
semestre, na visão da consultora Gabriela. “Historicamente,
este é um momento do ano em
que o fluxo de carnes brasileiras
para a Rússia diminui e eles forçam uma negociação de preços
e volumes”, explica.
Relevância
A Rússia é o maior mercado importador de carne bovina brasileira, mas sua participação vem
caindo. De janeiro a julho, o país
representa 20% das exportações
brasileiras. Em 2009 essa participação fechou o ano em 23% e
em 2008 era de 27%.
O Marfrig informou que
aguardará o laudo técnico russo
para normalizar as exportações
de Forquilhinha “o mais rápido
possível”. O Ministério da Agriclutura, Pecuária e Abastecimento aguarda comunicação
oficial para se pronunciar. ■
Governo russo
Autoridade veterinária alega
que o Brasil não respondeu
a pedido de vistoria em julho
A suposta detecção de irregularidades em carnes brasileiras
pela Rússia, que motivou a
proibição de importação de
seis frigoríficos nacionais,
pode estar ligada a uma richa
entre as autoridades dos dois
países. Em 18 de agosto, o Serviço Federal de Vigilância Ve-
terinária e Fitossanitária da
Rússia publicou nota informando que o governo brasileiro não havia respondido uma
correspondência de julho que
solicitava vistorias de diversos
frigoríficos brasileiros.
Por conta do silêncio brasileiro, os russos alegam que tiveram que incluir as carnes e
derivados vindos dessas fábricas em um regime especial de
fiscalização, já que não havia
Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 27
Jeremy Bales/Bloomberg
PEIXE
IMÓVEIS
Consumo de pescado cresce 40% de 2003
a 2009, diz pesquisa do Ministério da Pesca
Ricardo Bellino anuncia sociedade
imobiliária com Donald Trump
O Ministro da Pesca e Aquicultura, Altemir Gregolin, divulgou ontem
resultados do estudo que revela um aumento no consumo de pescado
por pessoa no país. Houve um crescimento de 6,46 kg para 9,03 kg
por habitante por ano entre 2003 e 2009. A meta, estipulada no
programa “Mais Pesca e Aquicultura” do ministério, era chegar
em 2011 ao consumo de 9 quilos por habitante por ano.
O magnata americano Donald Trump terá 50% de participação
na Trump Realty Brasil em sociedade com Ricardo Bellino, que
comandará a operação local. Segundo Bellino, neste ano o mercado
de luxo brasileiro deve movimentar aproximadamente US$ 10 bilhões.
A empresa atuará no segmento de alto luxo e desenvolverá
projetos nas áreas comercial, residencial e hoteleira.
Paulo Fridman/Bloomberg
VAIVÉM SANITÁRIO
Desde o primeiro semestre, foram
decretadas diversas proibições
contra o Brasil
26 DE MAIO
A Rússia suspende a entrada de carne de oito
frigoríficos brasileiros, sendo três do JBS
(Andradina-SP, Maringá-PR e Pedra Preta-MT), três
do Marfrig (Capão do Leão-RS, Paranatinga-MT e
Promissão-SP), um do Rodopa (Santa Fé do Sul-SP)
e um do Riosulense (Rio do Sul-SC)
7 DE JUNHO
A Rússia informa que uma missão veterinária
realizada em abril detectou que a maior parte
dos frigoríficos brasileiros desrespeitavam normas
russas e que novas vistorias seriam necessárias
para checar a correção dos procedimentos
22 DE JUNHO
A entrada de subprodutos e miúdos bovinos
feitos no Brasil é proibida
20 DE JULHO
O Frigorífico Larissa, de Iporã-PR, e a Céu Azul
Alimentos, de Itapetininga-SP, são proibidos de
exportar carne suína e de aves, respectivamente,
para a Rússia
18 DE AGOSTO
O serviço veterinário russo envia uma
correspondência ao Ministério da Agricultura
do Brasil acusando o não-recebimento de resposta
a uma comunicação anterior, de julho, solicitando
vistoriar diversos frigoríficos no país. O ministério
afirma ter respondido imediatamente que todas
as unidades estavam disponíveis e diz que os
russos não marcaram a missão
25 DE AGOSTO
É suspensa a importação de carne bovina de três
unidades do JBS no Brasil (Campo Grande -MS,
Naviraí-MS e Barra do Garças-MT), de uma unidade
de aves do Marfrig em Forquilhinha-SC, além
de mais duas unidades do JBS no exterior (uma
na Alemanha e uma nos Estados Unidos)
1º DE SETEMBRO
A Rússia proíbe a entrada de carnes da unidade
do JBS em Araputanga-MT e da Alibem Comercial
de Alimentos em Santa Rosa (RS)
Frigorífico do JBS: quatro unidades do grupo no Brasil,
uma na Argentina e uma nos Estados Unidos estão sendo
proibidas de exportar carne para a Rússia
Nos últimos 30 dias, a Rússia proibiu
a entrada de produtos animais de 49 fábricas
em todo o mundo e liberou outras 140,
incluindo a reabertura do mercado russo
para o frango americano (68 frigoríficos)
e para as carnes da Eslovênia (27 unidades)
Fonte: Serviço Federal de Vigilância
Veterinária e Fitossanitária
critica ministério brasileiro
MARINHA DO BRASIL
segurança quanto aos processos
de produção. Exatamente uma
semana depois deste comunicado, no dia 25, foi oficializada
a suspensão de importação de
cinco unidades brasileiras.
Questionado sobre o assunto,
o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)
alegou que recebeu a correspondência do dia 18 de agosto e
que, imediatamente, colocou
todas as instalações à disposição
Ministério da
Agricultura, Pecuária
e Abastecimento não
comentou se recebeu
comunicado enviado
pela Rússia em julho.
A entidade disse
que respondeu
imediatamente às
solicitações de agosto
dos russos para vistoria. Foram
as autoridades da Rússia que
não marcaram a data da visita,
segundo o ministério. A entidade brasileira, no entanto, não
comentou se recebeu ou não o
comunicado russo de julho.
Uma missão de vistoria russa enviada ao Brasil em abril
teria detectado que a maior
parte dos frigoríficos nacionais
não respeitava integralmente
as normas e exigências da Rús-
sia, segundo um comunicado
do serviço veterinário emitido
em 7 de junho. Poucos dias antes, em 25 de maio, a Rússia
suspendeu temporariamente a
importação de carnes de outros
oito frigoríficos brasileiros,
sendo três do JBS e três do
Marfrig. Na sequência, em 22
de junho, toda a entrada de
subprodutos e miúdos bovinos
provenientes do Brasil foi proibida sem explicação. ■ L.S.
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28 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010
EMPRESAS
Davis Turner Bloomberg
VAREJO
Walmart descobre irregularidades
em fábrica da Elec-Tech na China
O Walmart encontrou práticas de trabalho inseguras em uma fábrica
da Elec-Tech International na China, que produz eletrodomésticos.
A rede realizou duas auditorias não anunciadas na fábrica em Zhuhai
e descobriu 55 casos de lesões de pessoal, segundo o jornal South
China Morning Post. A indústria se comprometeu a instalar recursos
de segurança, informou Kevin Gardner, porta-voz da rede.
Supermercados
Giassi e Bistek
avançam para dar
conforto à classe C
Redes varejistas de Santa Catarina preparam
expansão para atender clientes emergentes, pois
preveem aumento do consumo nos próximos anos
Daniel Cardoso
[email protected]
Quando a classe C ganha mais
poder de compra, uma das primeiras portas que ela bate é a do
supermercado. Ao encarar esta
realidade animadora, os grupos
catarinenses Giassi e Bistek preparam-se para conquistar consumidores e comemorar bons
resultados financeiros.
O supermercado Giassi não
quer perder tempo durante esta
boa fase do varejo nacional e a
ascensão das classes mais baixas
e planeja abrir uma unidade por
ano utilizando capital próprio,
dependendo do comportamento
de mercado. Em novembro, está
prevista a inauguração de um supermercado em Criciúma. Com
isso, o faturamento de R$ 680
milhões registrado no ano passado, com dez lojas, deve saltar a
R$ 800 milhões este ano.
“Somos adeptos da estratégia
de fazer bem o feijão com arroz.
Isso significa atender direito,
ser transparente. Não ficamos
entrando em guerra de preços,
mas sempre deixamos os produtos acessíveis aos consumidores”, afirmou o diretor-presidente Zefiro Giassi, que fundou a rede há 50 anos.
Porém, para seguir em ritmo
veloz, o Giassi enxerga alguns
desafios. Na verdade, são efeitos do crescimento econômico.
Um deles é a aquisição de terrenos. “Quando aparece algum
interessado, o preço sobe. Às
vezes, quando a loja é grande
precisamos comprar mais de
um terreno e a negociação se
torna mais complexa porque
envolve maior número de proprietários”, afirma.
Giassi afirmou que a nova
unidade de Criciúma terá custo
entre R$ 25 milhões e R$ 30 milhões. Dependendo do tamanho
das lojas futuras e da localização, o investimento para os próximos anos pode girar em torno
deste valor. Para 2011, a meta é
construir uma loja em São José.
A rede Bistek é outra rede em
crescimento. Em 2009 faturou
Walter Ghislandi
diretor comercial
do Bistek
“Queremos marcar território,
defender a posição que
temos atualmente e melhorar
nosso desempenho frente
aos gigantes”
R$ 450 milhões em suas dez lojas e prevê uma explosão de
consumo nos próximos anos. A
ideia é alcançar a cifra de R$ 1
bilhão em 2014, ano em que o
comércio terá como aliada a
Copa do Mundo no Brasil.
Até lá, o Bistek planeja alargar as portas (literalmente) para
permitir aos consumidores entrarem às centenas em suas unidades. Uma das principais estratégias é reformar locais consagrados comercialmente. Neste
ano, as lojas de Blumenau e Criciúma estão na lista de reforma.
Na de Criciúma, as obras vão duplicar o espaço físico de três mil
metros quadrados para quase
seis mil metros quadrados. As-
Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 29
PESQUISA
DISPUTA
Crise faz britânicos priorizarem relação
custo-benefício para comprar
Fecomercio lança Câmara
Empresarial de Arbitragem
Uma pesquisa inglesa chamada “Brand Personality” mostrou que a crise
trouxe à tona valores tradicionais no consumo e estilo de vida dos
ingleses. Cerca de 84,4% dos homens e 80,4% das mulheres disseram
que, no último ano, o fator determinante para a compra de produtos
foi a relação custo-benefício. A edição nacional do estudo está sendo
produzida pela agência Voltage e a empresa de pesquisa Bridge Research.
A Federação de Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São
Paulo (Fecomercio) lança hoje a sua Câmara Empresarial de Arbitragem.
A Fecomercio Arbitral ajudará os empresários na solução de litígios por
meio de acordos extrajudiciais. A parceria com a OAB-SP, o Sebrae-SP e o
Sescon-SP promete agilizar os conflitos empresariais que, quando levados
ao Poder Judiciário, podem levar dois anos só na primeira instância.
Fotos: divulgação
■ ESTIMATIVA
A previsão de faturamento
do Giassi para este ano é de
R$
800
mi
■ OBJETIVO
A meta de faturamento do
Bistek para 2014 é de
R$
1
bilhão
■ VALOR
O investimento do Bistek
para os próximos dois anos é
R$
70
mi
■ EXPANSÃO
O montante gasto da nova
loja do Giassi é de
R$
25
mi
■ RECEITA
As dez lojas da rede Bistek
alcançaram no ano passado
um faturamento de
R$
450
mi
Zefiro Giassi, diretor
presidente da rede que leva
seu sobrenome, afirma que
não entra em guerra de
preços com a concorrência
sim, não só ficará preparada para
receber mais consumidores,
como também para fidelizá-los.
“O perfil do consumidor mudou muito em apenas dois ou
três anos. Ele quer mais qualidade. E por qualidade entendam-se corredores largos, sem
filas nos caixas, ambientes arejados e melhor mix de produtos”, ressalta Walter Ghislandi,
diretor comercial do Bistek.
Nos próximos dois anos, serão desembolsados quase R$ 70
milhões destinados para reformas e inaugurações de novas
unidades. Até dezembro, a empresa também inicia construções em Blumenau e em São José, na Grande Florianópolis.
Para dar suporte ao projeto
de R$ 1 bilhão, o Bistek ergueu
em Içara, no sul catarinense,
um novo centro de distribuição,
inaugurado em março. Graças a
ele, a rede pode acelerar o passo, sem medo de tropeçar. O
empreendimento tem capacidade para movimentar 130 mil
caixas por dia, permitindo ao
supermercado triplicar a demanda de hoje, de cerca de 40
mil caixas diariamente.
Tanto o Giassi quando o Bistek concentram as lojas em
Santa Catarina, na faixa que vai
da região Sul até a Norte, passando pelo litoral. Sem pretensões de sair do Estado, o foco é o
consumidor local. ■
PLANEJAMENTO
● As classes C e D são
a maior promessa de consumo
no mercado brasileiro.
● O varejo percebeu o potencial
deste público e vem criando
estratégias de vendas.
● As redes de Santa Catarina
apostam no conforto das lojas
e na expansão das unidades.
30 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010
EMPRESAS
Antonio Milena
AVIAÇÃO 1
AVIAÇÃO 2
Boeing mira aquisições e não descarta
fusão na área de defesa, diz executivo
Mercado de aviação civil cresceu 10,8%
em julho na América Latina e Caribe
A afirmação é de Dennis Muilenburg, presidente-executivo da área de
defesa e segurança da Boeing. Ele disse que continua a observar áreas
com grande crescimento, como cibersegurança, inteligência e vigilância
não-tripulada para potenciais acordos, e que fará aquisições nessas áreas.
“Nós continuamos vendo aquisições como uma oportunidade para nós.
É uma das ferramentas que usamos para crescer”, disse Muilenburg.
O crescimento foi registrado em relação ao mesmo mês do ano anterior,
totalizando 12,5 milhões de passageiros transportados segundo dados
divulgados pela Associação Latino Americana de Transporte Aéreo (Alta).
“O desempenho das companhias aéreas da região continuou em franco
crescimento durante o mês de julho, com um aumento sustentado
do tráfego”, afirma em nota o diretor executivo da Alta, Alex de Gunten.
Divulgação
Linha de montagem
de Indaiabuta (SP)
da Toyota, que está
no Brasil desde 1958;
país abrigou a
primeira fábrica
fora do Japão
Toyota se prepara para disputar
espaço dos populares Gol e Palio
Montadora ergue fábrica em Sorocaba que produzirá modelo econômico para dividir fatia de 70% das vendas
Ana Paula Machado
[email protected]
A Toyota deu a largada para entrar
no mercado de compactos de baixo custo, seguindo os passos da
concorrente Nissan, que anunciou um novo modelo no país. Ao
lançar a nova fábrica, ontem, na
cidade paulista de Sorocaba, o
presidente da montadora para o
Brasil e Mercosul, Shozo Hasebe,
disse que o modelo eleito para ser
montado na unidade é um carro
para concorrer com o Gol, da
Volkswagen, e com o Palio, da
Fiat. “Era um sonho montar um
carro de baixo custo no Brasil e
esperamos ampliar nossa participação no país com este novo modelo”, disse o executivo.
O segmento de compactos
populares, que vai da motorização de 1.0 a 1.6 litro, é responsável por 70% das vendas no Brasil.
O vice-presidente comercial
da Toyota Mercosul, Luiz Carlos
Andrade Júnior, disse que a expectativa da montadora é, no
primeiro ano, alcançar 5% do
mercado nacional com o novo
carro. A meta da Toyota é chegar
a 8%, quando o compacto for
completamente aceito no país.
Hoje, a montadora tem 3% com
o sedã Corolla, que é líder da categoria, e a picape Hilux. Entre
janeiro e agosto deste ano, a
marca comercializou 62,3 mil
unidades, o que representou um
crescimento de 11% em comparação ao mesmo período de
2009, quando vendeu 56,2 mil
carros. As vendas do Corolla somaram 35 mil unidades nos oito
meses de 2010, um aumento de
8% em relação aos 32,6 mil veículos comercializados no mesmo
período do ano passado. Com
isso, o modelo detém atualmente
31% de participação no segmento de sedã médio. “Temos ciência
de que estamos entrando em um
segmento competitivo e com
competidores que conhecem a
fundo o mercado brasileiro”,
disse Andrade Júnior.
O compacto brasileiro está
em desenvolvimento no Japão
e, segundo Hasebe, terá uma
plataforma semelhante ao modelo que será produzido na Ín-
“
Era um sonho montar
um carro de baixo
custo no Brasil e
esperamos ampliar
nossa participação
no país com este
novo modelo
Shozo Hasabe,
Presidente da Toyota para
o Brasil e Mercosul
dia, o Etnos. “Mas terá as particularidades para o mercado
brasileiro. Por exemplo, o motor será flex e há mudanças no
design. Temos de produzir um
modelo para o consumidor brasileiro”, afirmou Hasebe.
Quanto às exportações, o
vice-presidente da Toyota Motor Corporation, Atsushi Niimi,
disse que o compacto brasileiro
terá como os primeiros mercados os países do Mercosul. “Mas
é um veículo que poderá ser
vendido em outros países. Índia, China e Brasil são mercados
onde devemos aumentar nossa
presença para consolidarmos
nossa liderança mundial.”
Fábrica em Sorocaba
A terceira fábrica da Toyota no
país terá capacidade, em um
primeiro momento, para produzir 70 mil carros por ano. Mas
a licença de operação concedida
pelo estado de São Paulo é para
uma montagem de 400 mil unidades por ano. A fábrica recebeu investimentos de US$ 600
milhões e deverá entrar em
operação no segundo semestre
de 2012. Deve empregar aproximadamente 1,5 mil pessoas.
Ao redor da nova unidade,
também será instalado um parque industrial de fornecedores,
que contará com aproximadamente 12 empresas e terá potencial para abastecer toda a cadeia
automotiva do interior de São
Paulo, gerando cerca de 11 mil
postos de trabalhos indiretos e
diretos. “Desde que a Toyota se
instalou no Brasil, os negócios
no país vêm apoiando o crescimento das vendas da montadora
no mundo inteiro”, disse Niimi.
A Toyota chegou ao país em
1958 com a construção de sua
primeira unidade industrial fora
do Japão, onde produzia o jipe
Bandeirante, que saiu de fabricação em 2001.
Hoje, a fabricante japonesa
produz peças na unidade de São
Bernardo do Campo, no ABC
Paulista, e o Corolla em sua fábrica de Indaiatuba, no interior de
São Paulo. Além disso, mantém
uma unidade na Argentina, onde
fabrica a picape Hilux. ■
Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 31
Divulgação
AVIAÇÃO 3
RODOVIAS
Gol registra aumento de 33,9% na
demanda em sua malha aérea em agosto
Tráfego da Ecorodovias cresce 63,9% até
agosto e atinge 116 milhões de veículos
Em comparação com o mês anterior, a demanda teve redução de 3%. No
mercado doméstico, o aumento foi de 27,8% ante agosto do ano passado.
Segundo a empresa, o aumento de tráfego ocorreu por efeito da política
de gerenciamento de tarifas da companhia, oferecendo preços mais
baixos aos passageiros que compram antecipadamente, reduzindo o
estoque de assentos.
“Este crescimento deve-se ao aumento real do fluxo de veículos
comerciais e de passeio e a entrada em operação, em 18 de junho de
2009, da Ecopistas, concessionária que administra o Corredor Ayrton
Senna - Carvalho Pinto”, afirmou a empresa em nota. Excluindo-se o
tráfego da Ecopistas, o aumento acumulado do tráfego foi de 12,2%, para
72,097 milhões de veículos equivalentes pagantes.
Venda de veículos aumenta 21,2%
em agosto com 312,8 mil unidades
Números da Anfavea mostram
produção 17,5% maior em
comparação com 2009
O setor automotivo produziu em
agosto 329,1 mil veículos, uma
alta de 3,4% em relação a julho
e crescimento de 11,5% relativamente a agosto do ano passado, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Em oito meses, foram produzidos 2,41 milhões de veículos, o
que representa uma expansão
de 17,5% na comparação com o
mesmo período do ano anterior.
As vendas de veículos no mercado brasileiro somaram 312,8
mil unidades em agosto deste
ano, registrando uma alta de
3,5%, ante julho e de 21,2% na
comparação com agosto do ano
passado. No acumulado até
agosto, foram vendidos 2,19 milhões de veículos, o correspondente a um aumento de 10,1%
ante o mesmo período de 2009.
Para o presidente da Anfavea,
Cledorvino Belini, as vendas de
veículos no mercado interno
devem seguir por volta de 300
mil unidades por mês até o final
do ano. Sobre o movimento em
agosto, ele disse que o setor vive
um bom momento, que reflete a
realidade econômica do País.
“Atribuímos o avanço ao bom
PROJEÇÃO
3,4
milhões
de unidades é a estimativa de
venda de veículos feita pela
Anfavea para este ano. O número
representa alta de 8,2%
na comparação com 2009.
PRODUÇÃO
2,41
milhões
de veículos foram produzidos
pela indústria entre janeiro
e agosto deste ano. O número
representa alta de 17,5%
na comparação com igual
período de 2009.
andamento da economia, à confiança do consumidor, à expansão do crédito e aos menores níveis de desemprego”, disse. Na
comparação de julho de 2010 em
relação a julho de 2009, o índice
de confiança medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV)
cresceu 9 pontos porcentuais,
enquanto o saldo de crédito subiu 14% e os juros caíram 0,5
ponto porcentual. Entre janeiro
e agosto, as vendas de veículos
acumulam alta de 10,1% ante o
mesmo período de 2009, para
2,19 milhões de unidades.
Apesar do otimismo, Belini
afirmou que parte do avanço foi
motivado por maiores importa-
ções. No acumulado do ano, os
licenciamentos de veículos nacionais cresceram 5,7% para
1,801 milhão de unidades, enquanto os importados cresceram 35,8% para 394 mil unidades. “A importação faz parte do
jogo, mas é importante que as
exportações também cresçam”,
disse. A participação dos veículos importados no licenciamento foi de 15,6% em 2009. Neste
ano, até agosto, foi 18%.
Segundo Belini, as exportações acumulam alta de 63,7%
em valores ante o mesmo intervalo de 2009, com embarques de US$ 8,032 bilhões. ■
Agência Estado
32 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010
EMPRESAS
Divulgação
SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO
PESQUISA
Prodesp terá centro de investigação
forense de até R$ 20 milhões
Lojistas de shoppings esperam alta de 16,5%
nas vendas para o Dia das Crianças
A Empresa de Tecnologia da Informação do Governo do Estado de
São Paulo (Prodesp) pretende investir de R$ 15 milhões a R$ 20 milhões
em um centro de computação para investigação forense, que atenderá
órgãos judiciais, de inteligência e de fiscalização, além de empresas
privadas. O novo serviço combinará laboratório forense e o primeiro
centro de resposta a ameaças digitais da América Latina.
Pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Lojistas de Shopping
(Alshop) mostra que os lojistas esperam um crescimento de 16,5%
nas vendas para o Dia das Crianças, em comparação com a mesma
data do ano passado. A expectativa é que os pais gastem entre R$ 80
e R$ 120 nos presente, que serão desde os tradicionais brinquedos,
até roupas e eletroeletrônicos, como MP3 e celulares.
Minerais da Terramater dão cor a
cosméticos no Brasil e na Europa
Única empresa com selo que atesta bons antecedentes ambientais exporta para L’Oreal e Anna Pegova
Cesar Dutra
Martha San Juan França
[email protected]
O aumento da demanda mundial
por produtos que respeitam o
meio ambiente inspira fabricantes nacionais e estrangeiros de
cosméticos a investir em linhas
naturais cujos principais atrativos são a ausência de substâncias
derivadas de petróleo, química
sintética ou de origem animal.
Nasceu daí a última moda em
produtos de beleza, a maquiagem mineral, que está dando lucro a grandes e pequenas empresas. No Brasil, uma das favorecidas por esse filão é a Terramater.
Empresa nova e ainda pequena,
ela é uma das poucas brasileiras
que atende esse segmento, distribuindo matéria-prima para
farmácias de manipulação, spas
e clínicas de estética e atendendo
fornecedores de grandes redes
como Boticário, Natura, Contém
1g; sem contar L’Oreal e Anna
Pegova, no exterior.
É também a única com a certificação Ecocert, que fornece
selo verde para cosméticos ecológicos e orgânicos desde as fontes de extração até a qualificação
do processo. Reconhecida na
França e vários outros países
com tradição nessa indústria, a
certificação abriu as portas para
a exportação de minerais da Terramater, como óxido de zinco,
óxido de ferro, dióxido de titânio, que são transformados em
pequenas partículas, usadas para
fazer pós e bases. A empresa
também fornece ativos minerais
para batons, xampus, sabonetes,
máscaras faciais e capilares.
Certificação verde
Adeptas dos orgânicos e da produção ecologicamente correta,
as sócias da Terramater, Soraia
Zonta e Patrícia Jachowicz,
contaram com uma vantagem
adicional para iniciar o negócio.
A família de Patrícia é proprietária da Paraná Mineração, tradicional extratora de argila,
areia e caulim, com sede em Tijucas, no sul paranaense.
“Foi o entrelaçamento de dois
tipos de empreendimento aparentemente muito diferentes
mas que têm em comum a preocupação com o meio ambiente”,
Certificação abriu
portas para a
exportação de
minerais como óxido
de zinco, óxido
de ferro e dióxido
de titânio, que são
usados como
matéria-prima por
fabricantes de
produtos de beleza
diz Soraia. Os locais de extração
são pré-selecionados para ser
possível guardar o húmus do
solo, reposto depois para não
prejudicar o terreno. Além disso, a Terramater tem um processo de descontaminação patenteado que preserva as propriedades dos seus ativos minerais.
Diante dessas vantagens, as
empresárias preveem crescimento de 49% este ano. No ano
passado, foram vendidas 14 toneladas de minerais da marca,
que se tornou uma das unidades de negócio da Paraná Mineração e assim utiliza a estrutura da companhia para aumentar a capacidade de produção na sede de Itajaí (SC) e para
ter apoio em pesquisa e desenvolvimento de produtos.
“Hoje, temos uma equipe de
avaliação dos ingredientes formada por clínico, geólogo, químico que atuam no nosso laboratório”, diz Soraia. Ela explica
que os testes clínicos comprovaram a eficácia de cada produto para diferentes aplicações em
mais de 15 cores naturais. “Cada
argila é única, resultado da
composição exclusiva da terra,
da água e dos processos climáticos”, afirma. “Além dos pigmentos, os minerais ainda fornecem proteção solar e têm
efeitos anti-inflamatórios.” ■
Soraia Zonta,
sócia da
Terramater, diz
que pigmentos
naturais ainda
atuam na
proteção solar
e no combate
a inflamações
PALETA NATURAL
O mercado de cosméticos orgânicos
cresce, mas também busca harmonizar
a sua definição. Segundo Emiro Khury,
diretor técnico da Associação Brasileira
de Cosmetologia, nos Estados Unidos, ele
segue a mesma orientação dos alimentos,
ou seja, tem suas matérias-primas
oriundas da agricultura orgânica. Os
minerais não entram porque não advêm
de fonte renovável. Entre os europeus,
no entanto, a preocupação é ambiental.
“Minerais usados em maquiagem, desde
que extraídos de forma sustentável,
recebem certificação”, afirma. Pigmentos
de diferentes cores encontrados na
natureza são apreciados e ganham
espaço para exportação nesse mercado.
Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 33
Divulgação
VAIVÉM
DESEMPENHO
Novo presidente da Oracle, Mark Hurd,
poderá ter bônus de até US$ 10 milhões
Crescimento do mercado de celulares
é mais forte do que o esperado, diz IDC
A Oracle informou que seu novo presidente, Mark Hurd, terá salário anual
de US$ 950 mil e poderá receber bônus por metas entre US$ 5 milhões a
US$ 10 milhões no ano fiscal de 2011. Na segunda-feira, a Oracle contratou
Hurd como presidente e o indicou ao conselho de administração. No mês
passado, ele deixou a presidência da HP em meio a um escândalo sexual.
A HP promete recorrer da contratação, por receio de quebra de sigilo.
A consultoria IDC elevou a previsão de crescimento do mercado de
celulares, devido à forte demanda por novos smartphones como o
iPhone 4, da Apple. A projeção para o avanço das vendas de aparelhos
inteligentes passou de 44% para 55%, levando à revisão do mercado
global, cuja previsão de alta passou de 12,6% para 14,1%. Para 2011,
o segmento deve crescer 24,5%, apesar das incertezas econômicas.
Antonio Milena
Cliente que aceita publicidade
pelo celular ganha direito a
até duas ligações gratuitas
de um minuto por dia
Sercomtel oferece celular com anúncio
Ambev é o primeiro anunciante da operadora londrinense, que espera aumentar em 30% a receita com seus 80 mil clientes
Fabiana Monte
Nova fonte de receita
Divulgação
[email protected]
O telefone celular virou o mais
novo canal publicitário da Ambev. A cervejaria é uma das primeiras anunciantes do serviço de
ligações patrocinadas lançado
ontem pela Sercomtel Celular,
operadora móvel que atua em
Londrina e Tamarana, no Paraná.
A novidade permite à companhia vender minutos de ligações
para anunciantes veicularem
mensagens por meio do telefone
móvel diretamente à base de
clientes. Como benefício, o usuário que concorda em ouvir a propaganda recebe minutos gratuitos
para chamadas locais para outros
celulares Sercomtel. Na próxima
semana, outros seis anunciantes
devem estrear campanhas pelo
mesmo canal, entre eles a rede
varejista Móveis Brasília e o Colégio Londrinense.
Fernando Kireeff
presidente
da Sercomtel
“Com o serviço, o consumidor
pode ligar sem custo;
o patrocinador tem acesso
a uma base segmentada
e a operadora ganha
uma receita adicional.”
O serviço é uma alternativa para
incentivar os usuários de celulares pré-pagos a fazerem ligações,
além de se constituir em nova
fonte de receita, avalia o presidente da Sercomtel, Fernando Kireeff. “Um dos grandes desafios
do mercado de telecomunicações
é a grande base de clientes que recebem ligações, mas tem problema de poder aquisitivo para fazer
chamadas”, afirma.
“Com essa solução, o consumidor pode ligar sem custo; o patrocinador tem acesso a uma base
segmentada e a operadora ganha
receita adicional”. Kireeff acredita que a receita total pode crescer
30% com o novo serviço, embora
esta seja uma previsão preliminar.
“É uma solução interessante porque é uma oportunidade de aumentar o tráfego e a receita”, diz o
gerente de inteligência de mercado para América Latina da Frost &
Sullivan, José Roberto Mavignier.
O serviço é oferecido em parceria com o grupo Wertt, que detém a plataforma tecnológica. A
Sercomtel vende minutos para o
grupo Wertt, que mantém contato com os anunciantes. “O valor
cobrado do anunciante varia conforme a negociação, mas fica em
torno é R$ 0,56 por ligação”, diz o
presidente do grupo Wertt, JeanMarc Schiffler, que não informa o
valor pago à Sercomtel. Segundo
ele, é possível escolher perfil do
público e horário de divulgação
das mensagens.
O serviço começou a ser testado em dezembro, apenas com
usuários pré-pagos e agora está
disponível para os 80 mil assinantes da Sercomtel. Durante a
fase de testes, participaram
anunciantes como Lojas Riachuelo, Colégio Londrinense,
Shopping Royal e a Ambev.
Schiffler explica que, quando
uma campanha nova está disponível, os clientes da empresa com
o perfil que o anunciante deseja
atingir recebem uma mensagem
de texto informativa. Aqueles que
quiserem podem ouvir a mensagem, que tem até 24 segundos, e
ganhar duas ligações diárias de
um minuto cada. Segundo o presidente da Sercomtel, 71% dos
assinantes que recebem o alerta
optam por ouvir os anúncios e
usufruir do bônus de minutos.
Sercomtel é a pioneira
Kireeff diz que há planos para incluir chamadas da Sercomtel
para outras operadoras. Schiffler
acrescenta que, até o fim do ano,
o serviço chegará aos números
fixos da operadora londrinense.
Além disso, o grupo Wertt discute com outras operadoras a adesão à plataforma. Oi, Vivo, Tim,
Claro e Nextel não têm ainda
uma oferta parecida. ■
34 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010
EMPRESAS
Jessica Rinaldi/Reuters
CARREIRA
MARKETING ESPORTIVO
Bunge Brasil abre inscrições
para Programa Trainee 2011
FedEx torna-se patrocinadora de torneios
da Associação de Tênis Profissional
Até o dia 30 de setembro, a Bunge Brasil, empresa de agronegócios,
alimentos e fertilizantes, está com inscrições abertas para seu programa
de trainee. Serão aceitos candidatos de diversas formações como
administração, agronomia, comércio exterior, direito, engenharia,
marketing e zootecnia. O salário inicial é de R$ 3,5 mil. Os interessados
devem se cadastrar pelo site www.bunge.com.br/trainees2011.
A FedEx Corporation assinou um acordo de três anos como
patrocinadora e transportadora oficial do ATP World Tour, torneios
de tênis promovidos pela entidade reguladora de circuitos do esporte.
O patrocínio será lançado em novembro e se estenderá até 2013.
Além dos direitos globais de marketing, a FedEx terá sua marca
exposta em 17 torneios da associação em onze países.
Tecnologia móvel
promove revolução
no comércio de moda
Em um ano, programas poderão ajudar clientes a escolher as
peças que mais favorecem seu biotipo, além de dar dicas de preços
Alexandra Farah
[email protected]
O acesso à internet por meio de
aparelhos como celulares e tablets vai revolucionar o comércio
de moda nos próximos anos. Da
escolha da roupa à compra efetiva da peça, a decisão passará pelos equipamentos, que poderão
indicar desde as tendências mais
adequadas ao biotipo do consumidor até as peças similares, com
seus respectivos preços, à venda
nas lojas da redondeza.
Na App Store, loja virtual de
aplicativos da Apple lançada em
2008, 6,5 bilhões de aplicativos
foram baixados para iPod, iPhone
ou iPad. Outras marcas, como a
Nokia, seguem pelo mesmo caminho. O Android Market, loja
virtual para aparelhos que usam o
sistema operacional do Google,
também não para de crescer. Em
geral, esses programas hoje estão
ligados a entretenimento. E a revolução de verdade para o comércio, garantem os especialistas,
deve ocorrer em um ano, com o
telefone celular multifuncional, o
GPS e o código de barras tornando-se essenciais para as compras.
Atualmente, o que se tem disponível em termos de moda são
aplicativos como os das famosas
grifes Chanel e Gucci e mais recentemente das gigantes do varejo de moda, Zara e H&M, que
ajudam a localizar lojas e a exibir
coleções. “A grande mudança
ainda está por vir”, diz Rony Rodrigues, diretor criativo da Box
1824, consultoria de marketing.
“Cada consumidor terá seu biotipo dentro do celular. Na loja, sem
experimentar, poderá identificar
qual peça é mais adequada ao seu
padrão. Ou seja, ele fará um teste
inicial sem ir ao provador”.
A atribuição de preço a uma
peça também pode mudar radicalmente por causa do acesso
móvel à internet. Hoje a maioria
dos aplicativos mostra apenas a
localização da loja mais próxima.
Em alguns meses, ele dirá tam-
“
Um aplicativo
é a melhor maneira
de atingir o cliente
por oferecer um
serviço e não
só propaganda
Thiago Peres,
sócio da Bitix, consultoria
de mobile marketing
bém qual delas tem o melhor preço. “O princípio disto já existe.
Em Nova York, há aplicativos que
mostram onde encontrar o produto que você tem em mãos mais
barato. Ele mapeia as lojas que estão em um raio de 1,5 quilômetro”, diz Rodrigues.
Mudança em curso
No Brasil, uma das primeiras a
usar a interatividade como estratégia de venda é a C&A. Está disponível na internet, sob patrocínio da marca, o site Com que
look eu vou (www.comquelookeuvou.com.br), que permite
aos clientes expor fotos de suas
peças e composições favoritas,
além de tirar dúvidas sobre
moda. Mesmo sem alarde, em
uma semana, o site teve 20 mil
acessos e duas mil perguntas registradas. A C&A espera chegar a
30 de setembro, lançamento oficial do site, com 5 mil perguntas.
Depois disso, deve ser criado um
aplicativo para celulares inteligentes, nos moldes do Ask a
stylist, da revista americana Glamour, pelo qual o usuário envia
uma foto vestido e amigos e especialistas comentam o visual.
Fatima Pissarra, diretora da
Navteq, uma das maiores desenvolvedoras de aplicativos para telefonia móvel, diz que a indústria
da moda no Brasil precisa ficar
mais ágil em termos de tecnologia. “Entendo que apenas 1% da
população tenha acesso à rede de
dados pelo celular no país, mas a
mobilidade é um caminho sem
volta, e a moda, como pioneira
em tendências, tem que encabeçar o movimento”, diz. Segundo
Thiago Peres, da Bitix, consultoria de mobile marketing, que
criou aplicativos para as marcas
cariocas Totem, Via Mia, Agatha e
Farm, diz que o preço do programa varia de R$ 7 mil a R$ 50 mil,
dependendo das funcionalidades. “Para a empresa, um aplicativo é a melhor maneira de atingir
o cliente, porque oferece um serviço e não só propaganda.” ■
Nova York substitui
Catálogos em papel também
serão substituídos por versões
digitais nesta semana de moda
Começa hoje e vai até o dia 16 de
setembro, a semana de moda de
Nova York, oficialmente chamada de Mercedes-Benz Fashion Week. O evento tem nova
locação — as tendas onde ocorrem os desfiles foram transferidas do Bryant Park e para o
Damrosch Park — e apresenta
renovação por meio de nomes
como Alexandre Wang, Philip
Lim e Proenza Schouler nas
passarelas, mas a notícia mais
importante é a chegada da tecnologia ao cenário da moda. A
partir desta edição, em vez de
enviar convites de papel, as grifes vão mandar e-mail com códigos de barra aos convidados.
iPhones, iPads e celulares inteligentes passam a ser o passaporte para as salas de desfile. O
endereço do desfile também
chega ao aparelho por GPS. A
lista de convidados de cada grife
ainda fica disponível on-line
para a equipe saber quem chegou e onde está sentado. Tudo
isso por meio de um aplicativo,
o GPS Fashion.
Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 35
Andrew Harrer/Bloomberg
PRÊMIO
ESTRATÉGIA
Fundação Conrado Wessel aumenta
valor de premiação em 50%
Research in Motion compra ativos
da produtora de Documents To Go
Até o final de novembro, a Fundação Conrado Wessel (FCW) deverá
anunciar os vencedores da nona edição do Prêmio FCW Ciência e Cultura,
um dos maiores do gênero no Brasil, nas categorias de Ciência, Medicina
e Cultura. Cada vencedor receberá um prêmio de R$ 300 mil, incluindo
encargos fiscais – o que representa um aumento de 50% em relação ao
deste ano. As inscrições para o próximo ano acontecem no início de 2011.
A Research in Motion (Rim), fabricante do Blackberry, comprou alguns
ativos da DataViz, desenvolvedora do software Documents To Go,
e contratou a maior parte dos funcionários para se concentrar no apoio
à plataforma do celular. A DataViz desenvolve o software compatível com
o Office da Microsoft para celulares, incluindo Blackberry e rivais, como
dispositivos da Apple e os que executam o sistema Android, do Google.
Jemal Countess/AFP
Para ver desfiles em Nova York é
necessário apresentar e-mail com
código de barras, diretamente no
celular ou computador portátil
ARSENAL DA MODA SEM FIO
1
Chanel
Zara
Como tudo que
a gigante do
luxo produz,
seu aplicativo
é funcional
e sofisticado.
Prioriza vídeos
e é rápido na
atualização.
A grife ainda tem o Lovely Game,
aplicativo que permite combinar
as peças ícones da marca.
Na tentativa de
oferecer serviço
ao consumidor,
a varejista
desenvolveu
um programa
que mostra fotos
de produtos
selecionados
e avisa quando chegam novidades
à loja. Há também a versão Zara
Home, com objetos de decoração.
3
Encerrada a apresentação,
editoras de moda, lojistas e clientes vão receber, em vez do tradicional catálogo de papel, um
mostruário on-line da grife, gerado pelo mesmo programa.
“Para a indústria da moda é como
sair da idade da pedra para 2090,”
diz Peter Levy, presidente da
IMG, produtora do evento, que
espera receber 100 mil pessoas.
“Em 2010, a tecnologia faz parte
da produção dos desfiles e não
apenas pela transmissão ao vivo,”
afirma Levy. A IMG deu estrutura
em todas as tendas para o funcionamento do Fashion GPS, criado
Semana de moda
começa hoje
e vai até 16 de
setembro, no
Damrosch Park,
no Lincoln Center
por Eddie Mullon, de 39 anos.
Mullon fundou sua empresa de
desenvolvimento de software em
2006 e seu primeiro trabalho foi
para o KCD, renomado escritório
americano de relações públicas. A
KCD, ainda sua cliente, precisava
na época de um programa para
manejar arquivos e cadastros.
Hoje, o Fashion GPS tem entre seus
clientes Chanel, Gucci e LVMH. Os
assinantes pagam US$ 400 por
mês e, em Nova York, 80% das
grifes da Mercedes-Benz Fashion
Week ganharam uma versão customizada do Fashion GPS paga
pelo patrocinador. ■ A.F.
4
Iguatemi
Stylish Girl
Lançado
em agosto,
o primeiro
aplicativo
para shopping
centers do Brasil
busca lojas,
mostra o que
está em cartaz
nos cinemas e onde o carro
está estacionado, além de
apresentar tendências de moda.
É a versão
feminina do
programa para
homens, Cool
Guys. Nos dois,
o usuário tira
fotos de suas
roupas e faz
um álbum
on-line. Dá para montar várias
combinações e ainda inserir peças
novas, disponíveis para compra.
5
convite para desfile por GPS
2
6
Farm e Totem
Gucci
Apesar do custo
baixo para fazer
um aplicativo
básico, poucas
grifes nacionais
se arriscam neste
meio. Entre as
pioneiras estão
as cariocas
Totem e Farm, voltadas para o
público jovem. O programas estão
disponíveis para iPhone e iPad.
Com mais
de 2 mil itens
disponiveis,
a marca quer
fazer da
internet seu
principal ponto de venda. Seu
aplicativo mostra desde produtos
da loja até dicas de lazer em
várias cidades do mundo. Para
localizar as buscas, o programa
interage com um sistema de GPS.
7
8
Net-à-porter
How to tie a tie
Lider de
comércio
on-line, o site
tem um dos
primeiros e
mais populares
aplicativos de venda de roupas de
luxo. Ele reúne novidades de mais
de 200 grifes. Com o Net-à-porter,
além de compras, o consumidor
ainda cria uma lista de desejos para
dividir com os amigos e parentes.
Para usar
no dia a dia,
esse programa
é educativo,
útil, objetivo
e simples.
Reúne vários modelos de nós de
gravata. Ao clicar no nó escolhido,
o usuário é levado às telas que
explicam o procedimento passo
a passo. Está disponível para
usuários de aparelhos da Apple.
36 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010
CRIATIVIDADE
RUY BARATA NETO
Marcela Beltrao
Google Instant
revela oportunidades
de marketing
Brasil se abre para a Acxiom
Fim da exclusividade nas máquinas de pagamento traz gigante do marketing ao país
O fim da exclusividade para as
máquinas que realizam transações com cartões de crédito e débito não agradou apenas os lojistas. A Acxiom Corporation, rede
americana de agências de publicidade, motivada pela nova norma está chegando ao país. A companhia, com sede em Arkansas, é
especializada em estratégias de
marketing direto para a base de
clientes de empresas de diversos
segmentos, sendo o mercado financeiro um dos principais. Ela
mandou ao país dois dos principais executivos da companhia,
que serão responsáveis pelo escritório local, ainda em fase de implantação —há operações em
mais oito países: Reino Unido,
França, Alemanha, Holanda, Portugal, Polônia, Austrália e China.
“O fim da exclusividade colocou o
O Google lançou oficialmente
ontem seu serviço batizado
de Instant — o resultado
de pesquisa aparece à medida
que o usuário digita uma palavra
no buscador. A revista Ad Age
fez o levantamento da primeira
palavra que surge quando se
digita uma letra do alfabeto
e o resultado revela uma grande
oportunidade para profissionais
de marketing. Não se sabe ao
certo o quanto os resultados
apresentados são personalizados
ou mudam de acordo com a
localização do usuário. Na lista
de resultados da Ad Age, feita
nos Estados Unidos, uma série
de empresas aparecem como
primeiro resultado da busca.
Entre elas estão: Aol, Bank of
America, eBay, Ikea, Verizon
e Yahoo. A coluna Criatividade
fez o mesmo teste e, dentre os
resultados, estão no top da lista as
seguintes empresas: Americanas,
Net, Facebook e Hotmail (os únicos
em comum com os Estados Unidos)
e Globo, que aparece antes do
próprio Google — o primeiro de
sua letra na pesquisa americana.
mercado de serviços financeiros
como nosso grande alvo no Brasil”, afirma o vice-presidente de
estratégias para meios de pagamento, John Albrecht.
A desvinculação entre bandeiras e máquinas de pagamento
torna necessária a contratação
de ações de marketing voltadas
para a fidelização de lojistas. Eles
podem agora escolher as credenciadoras (como Redecard e Cielo,
por exemplo) com as quais querem trabalhar. Ganha mercado
quem oferecer serviços mais eficientes e preços melhores. “Estamos definindo as necessidades
da área e o potencial que temos”,
afirma Albrecht, que ingressou
na Acxiom em novembro de
2009, depois de quatro anos na
Mastercard Internacional.
A primeira incursão da
No primeiro trimestre
do seu ano fiscal de
2011, encerrado em
30 de junho, a receita
da Acxiom foi de
US$ 270 milhões,
um aumento de 5,6%
sob o mesmo período
do ano anterior
Pela primeira vez, a CPFL
investe cerca de R$ 10 milhões
para promover sua marca em
mídias de massa. A campanha
institucional inaugura o resultado
de uma concorrência que
elegeu as três novas agências
de propaganda da marca:
Lew, Lara TBWA, Peralta
Strawberryfrog e Talent.
Augusto Rodrigues conta
que o projeto faz parte
dos preparativos para os 100
anos da companhia em 2012.
de energia precisa de
publicidade de massa?
o número de investidores
da empresa?
Estão previstos mais
investimentos em marketing?
Somos hoje o maior grupo
privado de energia do país,
mas a nossa marca não tem o
peso correspondente a nossa
posição econômica. É necessário
equilibrar isso e tornar a nossa
imagem mais conhecida entre
as elites intelectuais, econômicas
e culturais do país. Em 2012,
a companhia chega aos 100 anos
e já estamos nos preparando.
Pode acontecer de atrairmos
mais investidores para a CPFL
por meio de uma comunicação
publicitária mais consistente,
mas esse não é o objetivo.
A ideia é tornar a marca
mais conhecida fora do
eixo Rio-São Paulo e revelar
os novos projetos de
vanguarda da empresa
fincados na área da biomassa,
energia eólica e até no
desenvolvimento de veículos
movidos a energia elétrica.
Vamos manter nossa verba anual
entre R$ 15 milhões e R$ 20
milhões, mas a companhia
passou a ser mais aberta para
a sociedade. A atual campanha
institucional é apenas o primeiro
passo de um projeto que busca
aumentar a aproximação da CPFL
com a sociedade. Esta campanha
é a maior da nossa história desde
a privatização da companhia e
deve ficar no ar pelos próximos
três meses. Ela abraçará inclusive
cidades do interior dos estados.
Acxiom no Brasil se deu por meio
da aquisição, em julho, da GoDigital, especializada no desenvolvimento de softwares usados em
ações promocionais de operadoras de telefonia celular. O interesse da Acxiom está nas tecnologias da GoDigital que podem
ser aplicadas para o mercado financeiro. William Saubert, diretor de consultoria da rede americana, diz que ainda não tem contratos com clientes no país, e a
ideia é ganhar primeiro as multinacionais atendidas nos Estados
Unidos e que têm operação no
país, como o Citibank. No primeiro trimestre do seu ano fiscal
de 2011, encerrado no último dia
30 de junho, a receita da Acxiom
foi de US$ 270 milhões, resultado
5,6% maior quando comparado
ao exercício anterior. ■
A Americanas
N Net
B Baixaki
O Orkut
C Correios
P Ponto Frio
D Dicionário
Q Quina
E Enem
R Receita Federal
F Facebook
S SBT
G Globo
T Tradutor
H Hotmail
U Uol
I Itaú
V Vagalume
J Jogo
W Wikipedia
K Kboing
X Xadrez
L Letras de Músicas
Y Youtube
M MSN
Z Zero Hora
TRÊS PERGUNTAS A...
...AUGUSTO RODRIGUES
diretor de comunicação CPFL
Queremos ser mais
conhecidos entre as
elites do País
Por que uma empresa
A propaganda pretende
contribuir para aumentar
Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 37
Nokia faz promoção com Pamela Anderson
A Nokia, líder mundial em vendas de celulares, deverá mostrar durante uma
feira mundial de tecnologia nos dias 14 e 15 de setembro, em Londres, novos
aplicativos e serviços baseados em seu sistema operacional o Symbian 3, que
roda no seu celular sensível ao toque, o N8, lançado em abril. Para promover
o evento, a fabricante contratou a musa do seriado S.O.S Malibu, Pamela
Anderson. A atriz participará de um curta metragem filmado com aparelhos
da Nokia e uma promoção premia um anônimo com uma participação no filme.
[email protected]
Fotos: divulgação
PEDRO CALABREZ
FURTADO
ANÚNCIO DA SEMANA
Professor do Núcleo de Estudos
em Ciências do Consumo
da pós-graduação da ESPM
O que se passa na
cabeça do consumidor?
A Fiat promove sua experiência em publicidade
em terceira dimensão, que vem sendo
testada desde o lançamento do novo Uno, na
edição de Playboy que chega hoje às bancas.
Todas as páginas da revista, que traz a modelo
paraguaia Larissa Riquelme na capa, podem
ser vistas em 3D com óculos especiais que
acompanham a edição. A produção só foi
possível por meio do patrocínio da fabricante
de automóveis, que marca presença nos óculos
3D e em três anúncios da edição. A imagem
acima está na quarta capa e faz referência
à linha de comunicação básica do Novo Fiat
Uno: os cubos coloridos. Na versão impressa,
os elementos saltam da página por conta
da técnica de terceira dimensão.
FICHA TÉCNICA
Agência: Leo Burnett
Cliente: Fiat
Criação: Renato Butori, Andre Kirkelis
(arte) e Mario Cintra (redação)
Direção de criação: Ruy Lindemberg
Atendimento: Cíntia Mourão, Daniela
Ferreira e Pedro Lage
Mídia: Daniela Franco, Juliana Escarabeli
e Paulo Pereira
Aprovação do cliente: Cledorvino Bellini,
João Ciacco e Malu Antonio e Ana Brant.
Bilhões de dólares são gastos anualmente em pesquisas
que pretendem explicar e antever os desejos que impulsionam os indivíduos a consumir. As pesquisas tradicionais de marketing baseiam-se em relatos dos próprios consumidores e utilizam diferentes profissionais e
metodologias para interpretá-las. O objetivo é construir um panorama realista daquilo que se passa na
mente do consumidor. Infelizmente, muitas vezes, esses esforços são em vão. O motivo é simples: nós, seres
humanos, não estamos conscientes da maioria dos processos mentais que motivam nossos comportamentos –
inclusive nossas práticas de consumo.
Os métodos tradicionais de pesquisa observam apenas a
ponta do iceberg. Aquilo que os consumidores relatam é
uma pequena parcela (muitas vezes distorcida) do que efetivamente motivou seus comportamentos. O cérebro, centro
da mente e do comportamento, realiza a maioria de suas
operações abaixo da linha da consciência. Estudos sugerem
que mais de 95% dos processos mentais são inconscientes, e
há os que estimam que esse percentual seja superior a 99%.
Nas últimas décadas,
uma revolução tecnológica vem permitindo
Um estudo
aos cientistas superar
de um consultor
essa dificuldade e observar diretamente o
dinamarquês
funcionamento do cémostrou que
rebro humano. Técnicas
as advertências
como o eletroencefalograma (EEG) e a neuroiantitabagistas
magem por ressonância
fazem com que
magnética funcional
fumantes tenham
(iRMF) permitem a observação da atividade
mais vontade
cerebral sem a necesside fumar
dade dos relatos conscientes dos indivíduos.
A aplicação dessas
técnicas ao estudo do comportamento do consumidor recebeu o nome de neuromarketing. Esse campo científico
vem quebrando paradigmas e trazendo novos insights a
respeito da mente do consumidor. Em um estudo realizado pelo consultor dinamarquês Martin Lindstrom, divulgado em 2007, descobriu-se que advertências antitabagistas fazem com que fumantes tenham mais vontade de
fumar, e que propagandas com apelos sexuais não aumentam o desejo de consumir o produto. Lindstrom também revelou que as mesmas regiões cerebrais ativadas
quando um consumidor está diante de sua marca favorita
(um consumidor da Apple frente à emblemática logomarca da maçã) são ativadas por pessoas religiosas frente
a símbolos religiosos (uma freira frente a um crucifixo).
Estudos como esse ainda são raros. No entanto, nos
últimos anos surgiram algumas empresas especializadas
em neuromarketing, como a internacional NeuroFocus,
e institutos de pesquisa já começaram a oferecer técnicas em neuromarketing dentro de seus portfólios de soluções. No Brasil, um dos poucos exemplos é a Millward
Brown, parceira do Ibope, que possui aparelhos para
mapear o funcionamento cerebral do consumidor. O futuro das pesquisas de marketing está intimamente ligado à compreensão da mente humana. ■
38 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010
FINANÇAS
Começa a era do
acesso direto no
pregão de ações
Bolsa espera primeiros clientes de DMA — recurso que permite
o envio direto de ordens ao pregão — ainda nesta semana
Mariana Segala
[email protected]
Uma demanda reprimida dos
investidores pelas formas mais
sofisticadas de acesso direto ao
mercado (ou DMA) no segmento
de ações da BM&FBovespa começa, finalmente, a ser atendida. Três novas modalidades de
DMA estão disponíveis para o
mercado desde quarta-feira
passada. E, pelos planos da bolsa, os primeiros clientes já estarão operando até o fim desta semana. “No próximos dias, calculamos que pelo menos meia
dúzia de investidores comecem
a negociar com o acesso direto”,
diz o diretor de operações da
bolsa, André Demarco.
Grosso modo, trata-se de um
recurso tecnológico que permite aos investidores enviar ordens de compra e venda diretamente à BM&FBovespa. É uma
alternativa à tradicional transmissão das ordens por telefone
aos operadores das corretoras,
que as registram manualmente
no sistema da bolsa. O segmento de derivativos conta com os
quatro modelos existentes de
DMA (leia mais ao lado) há mais
de ano — e as operações realizadas por meio deles representam
cerca de 30% do volume do segmento BM&F. No segmento Bovespa, até o mês passado, só o
modelo 1 estava disponível.
Das novas modalidades de
DMA do segmento Bovespa, a
número 4 — conhecida como
co-location — é considerada a
vedete. É nela, segundo Demarco, que chegarão os primeiros
clientes. No co-location, o investidor instala seu servidor
dentro do centro de processamento de dados da BM&FBovespa. Reduzida a distância física de onde as ordens são enviadas para o lugar em que são executadas, garante-se velocidade.
É disso que precisam os chamados investidores de alta frequência, em geral fundos que
realizam milhares de operações
por minuto usando algoritmos.
Clientes de DMA via
co-location pagam
aluguel de R$ 10 mil
mensais por meio
rack, por segmento
de negociação.
Para o segmento
de derivativos, já
há 33 meios racks
contratados
Volume maior
“O DMA já mostrou nos derivativos o que pode fazer. Ele tende a
ampliar também o volume negociado no segmento Bovespa”,
afirma Daniel Mendonça de Barros, executivo da corretora Link,
que prevê demanda maior pelo
acesso direto via co-location para
ações do que para derivativos. No
segmento BM&F, já há dez clientes de co-location ativos, entre
investidores e corretoras, e outros
sete em fase de ativação.
Não se trata, porém, de uma
alternativa de amplo acesso.
Para se instalar dentro da bolsa,
o investidor precisa alugar um
rack, espécie de “estante” onde
são dispostos seus servidores.
Cada meio rack (unidade de comercialização padrão) para um
dos segmentos de negociação da
bolsa sai por R$ 10 mil mensais.
Quem já tem meio rack para um
segmento, paga R$ 5 mil mensais adicionais pelo outro.
A bolsa já tem em operação
um espaço de co-location com
40 meios racks disponíveis, sendo que 33 já estão ocupados por
investidores do segmento BM&F.
Outras 45 unidades estão em vias
de ser contratadas — 13 só para o
segmento Bovespa e 32 para ambos os segmentos. Segundo Demarco, a bolsa tem mais dois espaços de co-location, com 40
meios racks cada, prontos para
entrar em operação. ■
Divulgação
A FRASE
“Nos próximos
dias, pelo menos
seis investidores
estarão no
novo sistema”
André Demarco,
diretor de operações da
BM&FBovespa
É esperado para
Mercado não esperava que a
CVM liberasse os três novos
modelos de DMA rapidamente
As primeiras contratações de
acesso direto ao mercado via
co-location podem começar
agora, mas na visão das corretoras de valores, vão estourar apenas a partir de 2011. Isso porque,
no mercado, já não se acreditava que a Comissão de Valores
Mobiliários (CVM) liberasse os
três novos modelos de DMA
para o segmento de ações antes
do fim do ano. “A aprovação foi
antecipada e, com isso, nossos
clientes que se preparavam para
começar a operar no ano que
vem estão correndo”, diz o diretor comercial da Fator Corretora, Alexandre Carneiro.
Não é pouco trabalho. Envolve procedimentos burocráticos,
como a importação de equipamentos para instalar na bolsa.
As corretoras fazem o que podem para facilitar a vida dos
clientes, intermediando o contato com a bolsa, mas algumas
particularidades do co-location
no segmento de ações deixam as
instituições de mãos atadas.
Diferentemente dos derivati-
Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 39
Andrew Harrer/Bloomberg
AGENDA DO DIA
Republicanos são obstáculo para pacote
● Às 8h30, o Banco Central
divulga a ata do Copom.
● Às 9h, o IBGE divulga
o IPCA de agosto.
● Às 10h, a CNI divulga os
indicadores industriais de julho.
● Às 20h50, sai o PIB
anualizado do Japão.
A bancada republicana no Congresso dos Estados Unidos
demonstrou pouco entusiasmo em aprovar o pacote de US$ 350
bilhões lançado pelo governo de Barack Obama a menos de dois
meses da eleição parlamentar no país. O pacote prevê isenções
fiscais bilionárias para empresas, algo que os republicanos
geralmente apoiam, mas não se isso puder ajudar o Partido
Democrata em uma eleição em que a oposição aparece como favorita.
Marcela Beltrão
MODALIDADES DE ACESSO
1.
Modelo número 1,
o DMA tradicional
Modalidade mais simples
de acesso direto ao mercado,
o DMA 1 está disponível
no segmento de ações desde
1999 e no de derivativos,
há quase dois anos. Nele,
o cliente opera no sistema
Mega Bolsa por intermédio
da estrutura tecnológica
da corretora. As ordens
enviadas pelo cliente trafegam
pela infraestrutura da corretora
antes de alcançar o sistema
eletrônico de negociação.
O home broker é um exemplo.
2.
Modelo número 2,
o DMA via provedor
Neste modelo, as ordens
são enviadas via infraestrutura
tecnológica fornecida por uma
empresa provedora de serviços
de roteamento de ordens,
como a Cedro Finances ou
a Marcopolo Networks.
Na prática, o cliente se conecta
à rede da empresa provedora de
DMA e ela ao sistema da Bolsa.
As mensagens enviadas pelo
investidor não trafegam pela
infraestrutura tecnológica
da corretora, como no DMA 1.
3.
Modelo número 3,
o DMA via Conexão Direta
A Bolsa tem disponível um espaço
para co-location com 40 meio-racks
2011 aumento de investidores
vos, o co-location de ações foi
aprovado pela CVM apenas na
modalidade “investidor”. Significa que só quem pode alugar os
racks onde são instalados os servidores é o próprio investidor. No
segmento BM&F, também as corretoras podem contratá-los, oferecendo o espaço como um serviço a mais para os clientes. “Não
vamos poder otimizar espaço, diminuindo custos, o que pode ser
um problema”, avalia Carneiro.
A BM&FBovespa já se prepara
para solicitar à CVM a liberação
do co-location modalidade
“corretora”, afirma o diretor de
Trabalho envolve
procedimentos
burocráticos,
como a importação
de equipamentos
para serem
instalados na bolsa
operações da bolsa, André Demarco. Resta esperar a aprovação e, até lá, trabalhar com o
que há. “Nós nos preparamos
para atender aos investidores
dos dois jeitos”, diz o executivo
da Link, Daniel Mendonça de
Barros. A corretora estima ter
oito clientes operando via colocation nos próximos 15 dias.
As negociações nesta modalidade de DMA, para Mendonça
de Barros, passarão a se destacar quando entrar em vigor a
nova política de descontos de
tarifas para os investidores de
alta frequência, os maiores in-
teressados. Prevista para novembro, a tarifação diferenciada dará abatimentos de até
50% nas taxas do segmento
Bovespa e de até 75% no segmento BM&F. Os investidores
de alta frequência representam
hoje de 5% a 10% do volume
negociado em derivativos. Essa
fatia tende a alcançar 50%. Com
isso, o analista Bernardo Mariano, da consultoria Equity Research Desk, calcula que o volume total do segmento BM&F se
eleve em 80% e do Bovespa, em
100%, num período de aproximadamente cinco anos. ■
Na modalidade 3, o envio
de ofertas é feito via conexão
direta do cliente com a bolsa,
sem a utilização de infraestrutura
tecnológica intermediária.
Como ocorre em todos
os outros modelos, no entanto,
é a corretora que concede
o acesso ao investidor,
estabelecendo os seus limites
operacionais no pregão e
monitorando as operações que
realiza nos dois segmentos.
4.
Modelo número 4,
o DMA via co-location
As ordens de compra e
venda do cliente são geradas
por software instalado em seu
servidor — ou computador —
hospedado no centro de
processamento de dados
da bolsa. Para fins de
monitoração, configuração
de parâmetros, administração
e manutenção, o cliente
possui acesso remoto ao seu
equipamento. Ganha-se em
proximidade e velocidade do
processamento das ordens.
40 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010
FINANÇAS
Jin Lee/Bloomberg
RISCO
WALL STREET
Fitch Ratings aumenta classificação
da dívida da British Petroleum para “A”
SEC investiga negociação
de ações em alta frequência
A Fitch Ratings aumentou ontem em três patamares a nota
da dívida de longo prazo da British Petroleum, de “BBB” a “A”,
após o controle da maré negra no Golfo do México e das medidas
tomadas pelo grupo petroleiro britânico para reforçar sua liquidez.
A agência de classificação financeira indicou em um comunicado que
também subiu a nota da dívida a curto prazo do grupo de “F3” a “F1”.
Reguladores dos Estados Unidos estão investigando a prática de executar
ordens rápidas de compra e venda de ações e o cancelamento dos
negócios quase que imediatamente (”quote stuffing”, em inglês), disse na
ontem a presidente da Securities and Exchange Commission (SEC), Mary
Schapiro. “A SEC e outros reguladores olham com cuidado para certas
práticas para ver se elas violam as regras existentes contra fraudes.”
Cardif planeja replicar modelo
de negócios brasileiro no mundo
Seguradora do BNP Paribas quer ampliar parcerias com varejo na Europa e na Ásia, como faz no Brasil
Murillo Constantino
Thais Folego
[email protected]
As particularidades do mercado
de seguros brasileiro fez com
que a operação da Cardif Brasil,
a seguradora do grupo francês
BNP Paribas, tivesse um jeito
muito próprio de ser quando
comparada às outras 40 operações da seguradora espalhadas
pela Europa, Ásia e América Latina. Acostumada a fazer parcerias com bancos nesses lugares,
aqui a maior parte dos parceiros
que a Cardif tem para a distribuição de seguros são redes de
varejo, pelo fato dos grandes
bancos brasileiros possuírem
suas próprias seguradoras.
“Aqui, há variedade de canais de distribuição, sendo o de
varejo muito bem sucedido”,
diz Eric Lombard, presidenteexecutivo mundial da Cardif.
“Queremos desenvolvê-lo mais
nas operações na Europa e Ásia,
onde esse canal é pouco explorado”, completa o CEO, que visitou o Brasil semana passada
para as comemorações dos dez
anos da operação brasileira.
O executivo conta que, em
outros países da América Latina, a seguradora também tem
uma importante operação de
distribuição no varejo, mas
que no Brasil ela é mais desenvolvida e eficiente.
O entusiasmo é justificado
pelos resultados que a operação
brasileira tem entregado. “Em
termos financeiros, eles são
impressionantes”, comenta o
presidente. No primeiro semestre deste ano, o lucro líquido da Cardif Brasil cresceu 96%
quando comparado a igual período de 2009, somando R$ 17,1
milhões, enquanto o faturamento cresceu 16% no período
(R$ 278,7 milhões).
“Isto foi resultado do amadurecimento das carteiras de
ramos elementares (seguros
não-vida), principalmente a
operação da Cardif Garantias,
que no primeiro semestre de
2009 teve prejuízo de R$ 1,2
milhão e neste apresentou ganho de R$ 3,2 milhões”, explica Alexandre Boccia, presidente da Cardif Brasil.
“
Os negócios
na América Latina
respondem por
10% dos resultados
da Cardif fora da
França. Em cinco
anos, a meta é que
representem 20%
do ganho, e o Brasil
tem um importante
papel nisso
Eric Lombard,
presidente-executivo
mundial da Cardif
Lombard e Boccia, presidente
mundial e do Brasil, respectivamente:
meta é dobrar participação da
América Latina nos ganhos da Cardif
■ RESULTADOS
Lucro líquido da Cardif Brasil
no 1° semestre de 2010
R$
17,1
mi
■ CRESCIMENTO
Avanço do lucro no 1° semestre
na comparação anual
96
%
Metas
Atualmente, os negócios na
América Latina respondem por
10% dos resultados da Cardif fora
da França. Em cinco anos, a meta
é que representem 20% do ganho. “E o Brasil tem um importante papel nisso”, diz Lombard.
Mundialmente, o faturamento
em prêmio de seguros cresceu
28% em 2009, e uma das locomotivas desse avanço foi a operação brasileira, que no ano passado cresceu 44% em receitas.
Ele lembra que o mercado
brasileiro é muito competitivo e
que todos os envolvidos têm
metas ambiciosas. O plano, porém, é crescer de forma orgânica e com mais parcerias para
distribuição. Hoje, a Cardif Brasil tem parceria com varejistas,
bancos e financeiras de consumo. Possui, inclusive, uma joint
venture com a Magazine Luiza,
que resultou na Luizaseg.
Um mercado que também
está no radar da Cardif é o de microsseguros. A seguradora já atua
no segmento em um dos maiores
mercados para a modalidade, a
Índia, em parceria com o State
Bank of India, que tem cerca de
110 milhões de clientes. “Temos
mais de um milhão de segurados
lá”, diz Lombard. A seguradora
também atua com microsseguro
em alguns países da África. No
Brasil, uma lei que dá incentivos
fiscais para microsseguros tramita no Congresso. A despeito da
legislação e das muitas definições para microsseguros, Lombard avalia que a Cardif já atua de
alguma forma no segmento, com
seguros que custam a partir de
R$ 1 ao mês distribuídos em alguns varejistas parceiros. ■
Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 41
David Siqueira/SXC
TELECOMUNICAÇÕES
CONTA CORRENTE
Portugal Telecom deve pagar até
R$ 4,46 bi em dividendo extraordinário
Fluxo cambial inicia o mês
negativo em US$ 319 milhões
A poucas semanas da formalização da venda da participação da Portugal
Telecom (PT) na Vivo à Telefónica, cresce a expectativa em relação
ao possível dividendo que será entregue aos acionistas. As analistas
consideram que a PT deverá aplicar entre R$ 2,23 a R$ 4,46 bilhões
na remuneração aos seus acionistas, o que poderá ser feito por meio de
um dividendo extraordinário ou por um programa de recompra de ações.
O saldo da entrada e saída de dólares do país (fluxo cambial)
está positivo em US$ 319 milhões em setembro, até o dia 3,
conforme dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC).
O fluxo comercial está negativo em US$ 526 milhões, enquanto
o financeiro está positivo em US$ 207 milhões. No mês de agosto,
o movimento de câmbio ficou negativo em US$ 680 milhões.
Ag Vale
Oferta da Vale teve forte demanda e plano inicial
de emitir apenas US$ 500 milhões foi revisto
VALE
US$
1,750 bi
foi o valor total da captação de
ontem. US$ 1 bilhão vence em
2020 com rendimento de 4,7% ao
ano. Os demais US$ 750 milhões
vencem em 2039 a 6,875% a.a.
TELEMAR
US$
1 bi
foi o quanto a operadora
levantou ontem com a emissão de
títulos externos com vencimento
em dez anos. O rendimento desses
papéis será de 5,5% ao ano.
ODEBRECHT
US$
500 mi
foram captados pela construtora
Norberto Odebrecht com a
emissão de bônus perpétuos
concluída na terça-feira.
O juro ficou em 7,5% ao ano.
Liquidez elevada e taxas de juros
baixas estimulam captações externas
Companhias brasileiras
voltam ao mercado após o fim
das férias no Hemisfério Norte
Ana Paula Ribeiro
[email protected]
O nível baixo de juros pagos nos
ativos considerados seguros, o
excesso de liquidez no mercado
internacional e o fim das férias
no Hemisfério Norte são os fatores que têm facilitado a busca de
recursos pelas empresas brasileiras no mercado externo. Em
comum, as companhias que fecharam operações nos últimos
dias encontraram condições favoráveis de preço e forte demanda dos investidores. “Há um volume alto de operações prospectadas para setembro e outubro”,
afirma o executivo de um grande
banco de investimento .
Custo das operações
está em nível muito
pequeno e recursos
podem ser utilizados
para melhorar perfil
da dívida ou ampliar
investimentos
Nesse mercado, os investidores têm como referência os
títulos do Tesouro dos EUA. No
curto prazo (12 meses), a taxa
de retorno desses papéis é de
0,23% ao ano. Já um de dez
anos paga 2,66% anualmente.
Com cenário menos volátil, os
investidores passaram a buscar
ativos que paguem mais e que
tenham boa avaliação de risco,
categoria na qual as empresas
brasileiras se encaixam.
A expectativa de profissionais é que 2010 seja o melhor
ano para essas operações. De
acordo com a Thomson Reuters,
já foram levantados neste ano
pelo Brasil, incluindo empresas
e dívida soberana, US$ 16,761
bilhões. Soma-se a esse valor os
US$ 3,250 bilhões captados
desde segunda-feira por Odebrecht, Vale e Telemar. “Se você
tem programa de pagamentos a
fazer, planos de investimento
ou quer rolar a dívida, essa é a
hora de captar”, acredita o diretor da Queluz Investimentos,
Plinio Chapchap.
Fazer o pagamento de dívidas
mais caras e de menor prazo
será a opção da Telemar, que
ontem levantou US$ 1 bilhão em
bônus de dez anos e pagará uma
taxa ao investidor de 5,5% ao
ano. Segundo fontes, o valor da
operação ficou acima do esperado inicialmente, US$ 750 milhões, e a demanda total foi de
US$ 5,2 bilhões. A companhia,
de acordo com o mesmo profissional, utilizará os recursos para
melhorar o perfil de sua dívida.
Em abril de 2009, por exemplo,
a Telemar pagou uma taxa de
9,5% em uma emissão de títulos
no mercado externo.
Como essa facilidade pode ser
momentânea, as companhias
brasileiras correm para aproveitar essa oportunidade. O Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES)
prepara a emissão de € 1 bilhão
de títulos de sete anos. A Votorantim também iniciará nos
próximos dias um “non deal
road show”, visita a investidores
que está sendo encarada como o
primeiro passo antes da concretização da oferta.
O apetite por Brasil deve
inclusive beneficiar as empresas que querem levantar
valores mais modestos no
mercado externo. Após as
grandes companhias concluírem suas operações, haverá
espaço para ofertas abaixo de
US$ 200 milhões, na avaliação
de Chapchap, da Queluz. ■
42 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010
FINANÇAS
Lourdes Segade/Bloomberg
FENAPREVI
MERCADOS
Seguro para pessoas movimenta
R$ 7,4 bilhões no primeiro semestre
Ações europeias fecham
no maior nível desde abril
O Sudeste respondeu por 65,6% das vendas de seguros para pessoas
no primeiro semestre, segundo dados divulgados ontem pela Federação
Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi). Esse mercado, que
engloba seguros prestamistas (que protegem contra inadimplência),
educacionais, vida individual e em grupo, acumulou no período R$ 7,4
bilhões em prêmios, alta de 13,4% ante o mesmo período de 2009.
As ações europeias subiram ontem, levando o principal índice regional
ao maior nível de fechamento em quatro meses, levantado pelo setor
de tecnologia com destaque para a ARM Holdings e pelo setor de
mineração. O FTSEurofirst 300, índice das principais ações europeias,
avançou 0,96%, para 1,072 pontos, no maior nível desde o fim de abril.
No meio da sessão, porém, o índice chegou ao piso de 1.057 pontos.
Robson Fernandjes/AE
Empenhadas em grandes projetos, empresas
do setor de energia têm mais prática em mostrar
dados sócioambientais, embora sem padronização
Apelo ambiental faz
diferença na nota de crédito
Estudo conclui relação positiva da inclusão de variáveis sócioambientais na redução do risco operacional
Conrado Mazzoni
[email protected]
O foco em padrões ambientais e
sociais dentro de uma política
de desenvolvimento sustentável
influencia o risco de crédito de
uma empresa. Lidando com a
demanda por empréstimos para
tocar projetos de crescimento,
as instituições financeiras precisam o quanto antes incluírem
variáveis sócio ambientais na
análise da concessão.
Essa é a conclusão apontada
por Aida Maria Mendes Milani
em sua dissertação apresentada
ao programa de pós-graduação
em ciências contábeis da Universidade Mackenzie. Por meio
de um modelo estatístico com
essas variáveis de 125 empresas
de capital aberto listadas na
BM&FBovespa, ficou constatado o reflexo no rating corporativo. “Não tem como separar o
risco ambiental de uma operação de crédito. É intrínseco. A
imagem do banco pode ficar
comprometida”, afirma ela.
Aida defende aumentar o escopo atualmente adotado nos
“Princípios do Equador” — diretrizes sócio ambientais exigidas para volumes pesados de financiamentos, criadas pelo
Banco Mundial. Voltar-se também para as firmas de menor
porte. “Os bancos são corresponsáveis no alinhamento dos
aspectos sociais e ambientais
com os financeiros. Faltam, porém, ferramentas para a avaliação dos ratings”, observa a
também profissional da área de
crédito do Banco Safra.
Para introduzir essa estratégia, há o problema de padronização dos indicadores de sustentabilidade. Em geral, os relatórios das empresas não são
claros em quanto é investido,
por exemplo, no treinamento
de pessoas e dispêndios com
reciclagem. “Infelizmente, não
temos na legislação contábil a
obrigatoriedade das companhias publicarem o balanço social ou mais informações sobre
questões ambientais”, aponta
Aida. “E sabemos que, às vezes, há a preferência de não publicar por temer o acesso dos
concorrentes”, completa.
“
Fala-se muito em
sustentabilidade,
é um discurso bonito,
mas, na prática,
as coisas não são
muito evidenciadas.
Sem os princípios
de desenvolvimento
sustentável, a
empresa pode não
sobreviver no futuro
Segundo Franklin Roosevelt
Thame, gerente de solução de
riscos sócio ambientais da Serasa Experian, que, a pedido dos
bancos, desenvolve instrumentos para analisar estes temas e
classificar empresas, está havendo uma conscientização por
parte de adequar o conceito de
finanças sustentáveis. O Banco
Itaú tem linhas específicas para
empresas que adotam boas práticas de sustentabilidade e a
procura tem crescido muito.
“São iniciativas isoladas, mas
que devem puxar o desenvolvimento de mecanismos de crédito. O grande limitador hoje é a
padronização das informações”, pondera Aida. ■
TEORIA DO TRIPLE BOTTOM LINE – TBL
Trabalho de Aida Milani foi elaborado a partir da intersecção dos três
aspectos que resulta no desenvolvimento sustentável,
especificamente o socioeconômico e o econômico-ambiental
Aida Maria Mendes Milani,
ECONÔMICO
autora da dissertação
ECONÔMICO
AMBIENTAL
SOCIOECONÔMICO
DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
MEIO AMBIENTE
Fonte: Elkington (2004)
SÓCIO AMBIENTAL
SOCIAL
Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 43
Crispin Rodwell/Bloomberg
VAREJO
SANEAMENTO
Número de consumidores em busca de
crédito é recorde em agosto, diz Serasa
Irlanda divide Anglo Irish Bank
em dois e venderá alguns ativos
A demanda do consumidor por crédito voltou a mostrar sinais de
recuperação em agosto, registrando a segunda alta mensal consecutiva
e atingindo patamar recorde de procura. Divulgado ontem, o indicador
Serasa Experian que calcula pedidos de financiamento por meio da
consulta ao CPF de 11,5 milhões de consumidores mostrou crescimento
de 3,6% em agosto em comparação com o mês anterior.
O ministro de Finanças da Irlanda, Brian Lenihan, afirmou ontem
que o banco nacionalizado Anglo Irish Bank será dividido em um
“banco de financiamento”, que vai continuar sendo operado, e um
“banco de recuperação de ativos” que será total ou parcialmente vendido.
O banco de financiamento será um banco especializado em depósitos
apoiado pelo governo, que vai conter a carteira de depósitos do Anglo.
Economia americana cresce, mas
já mostra sinais de desaceleração
Segundo Livro Bege,
sete regiões observaram
ritmo de crescimento
moderado
Felipe Peroni e Micheli Rueda
[email protected]
O conteúdo do Livro Bege do
Fed mostrou que a economia
dos Estados Unidos continuou
a crescer desde a última edição
do documento, mas tem sinais
de uma “desaceleração generalizada”. O Livro Bege é um
compilado de informações sobre a situação econômica em
todos os 12 distritos do Banco
Central dos Estados Unidos.
Segundo o relatório, divulgado ontem, sete regiões observaram um ritmo de crescimento
econômico moderado. Já Nova
York, Filadélfia, Richmond,
Atlanta e Chicago verificaram
condições mistas ou desaceleração da atividade econômica.
“Os gastos dos consumidores parecem ter aumentado em
equilíbrio, apesar da cautela ter
continuado a limitar as compras não essenciais”, disse o
documento.
Na atividade industrial, as
análises mostram continuidade
da expansão iniciada nos meses
anteriores, mas em ritmo menor em diversos distritos. Já os
A atividade industrial
continuou a crescer,
embora em ritmo
menor em diversas
regiões analisadas
pelo Federal Reserve
setores agrícola e extrativista
mantiveram avanço na demanda e no faturamento.
De acordo com a autoridade
monetária, a alta de preços nas
commodities ocorrida no período não se traduziu em inflação
para a maioria dos preços de
bens e serviços finais.
Os salários também ficaram
estáveis. “Dos distritos que
analisaram salários, a maioria
observou pressão pequena ou
nula nos salários”, mostrou o
relatório. Já as vendas de casas
desacelerou após o vencimento
do crédito fiscal no final de junho, provocando um abrandamento da construção civil.
“A demanda por imóveis comerciais continua bastante fraca, mas mostrou sinais de estabilização em algumas áreas”,
destacou o Fed.
Quanto ao setor financeiro, a
procura por empréstimos permaneceu estável ou ligeiramente menor, mas a qualidade do
crédito teve alguma melhora,
conforme mostrou o Livro Bege.
Desemprego
O setor privado abriu 67 mil vagas em agosto, mais do que o previsto, e a taxa de desemprego subiu para 9,6%, porque mais pessoas saíram em busca de trabalho
no mês passado. ■ Com agências
44 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010
INVESTIMENTOS
Maria Luíza Filgueiras
[email protected]
Índices de renda fixa têm carteira
rebalanceada e superam CDI no ano
As novas carteiras teóricas dos índices de
renda fixa IMA-C, IMA-S e IRF-M, da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados
Financeiro e de Capitais (Anbima), já estão
em vigor e são válidas até o dia 1º de outubro.
A diferença entre as carteiras de cada índice é
o lastro: no caso do IMA-C, a composição é
baseada em títulos atrelados ao IGP-M
(NTN-C), enquanto o IMA-S tem títulos atrelados à taxa Selic (LFT) e o IRF-Mé composto
pelos prefixados (LTN e NTN-F).
Para este mês, a composição do IRF-M (e
seus subíndices) traz alterações de peso resultantes das atuações da Secretaria do Tesouro
Nacional em agosto, que fizeram o peso da LTN
com vencimento em 1º de setembro de 2012
passasse de 14,4% para 17,3% do IRF-M. Em
contrapartida, o peso da NTN-F com vencimento no dia 1º de janeiro de 2012 passou de
17,6% para 16,4%. O principal ajuste no IMA-S
foi a saída da LFT com vencimento em 7 de setembro de 2010, que representava cerca de 6%
da carteira teórica. Já o IMA-C permanece praticamente inalterado, já que é composto por títulos que já estão no mercado e sem colocações
adicionais do Banco Central, por utilizarem um
indexador de inflação (IGP-M) que não é a da
autoridade monetária (que utiliza o IPCA).
A Anbima também ajustou o cálculo feito
para os índices IMA-Geral e do IMA-Geral
ex-C neste mês. Ao invés de uma média
ponderada do valor de mercado calculada
com os preços dos títulos do dia de referência, passou a usar os preços do dia útil imediatamente anterior. Segundo Silvio Samuel,
coordenador do Subcomitê de Benchmarks
da Anbima, a alteração resulta em diferenças
residuais (0,03% em um ano) e tem o objeti-
vo de alinhar a metodologia de cálculo dos
índices gerais a dos seus subíndices.
A entidade já tinha feito alterações na metodologia neste ano, para aproximá-la dos padrões internacionais, como o rebalanceamento
mensal. “Permite maior replicabilidade das
carteiras, se o BC fizer uma emissão no meio do
mês, por exemplo, e o gestor tem que aocmpanhar a mudança de peso no portfólio”, explica
Samuel. A Anbima também tirou títulos que tiveram oferta restrita e tomou como premissa
refletir a marcação a mercado da dívida pública, para dar previsibilidade à carteira e permitir
precificar contratos futuros na BM&F.
Demanda dos próprios gestores é que os
investidores passem a utilizar índices de
renda fixa para comparar rentabilidades de
longo prazo, ao invés de se espelhar no retorno do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI). O resultado deste ano pode até
dar um empurrãozinho no processo: até o
dia 6 de setembro, todos os índices e subíndices superam o CDI, que no período tem
variação positiva de 6,27%. Mas Samuel
destaca que o resultado é conjuntural e não
garante desempenho futuro. “São ativos de
risco e de prazo muito longo”, reforça.
Para o professor de finanças Jurandir Macedo, do Instituto de Educação Financeira,
ainda é difícil o varejo abandonar o comparativo com a taxa diária. “E é problemático têlo como referência hoje se não houver aumento de risco. Mas, como vemos com ações,
nem sempre um índice melhor substitui o
mais tradicional”, diz. Ele compara o Ibovespa, o mais usado pelo mercado, com o IbrX e
o IbrX-50, que têm metodologias que provocam menos distorções, em sua avaliação. ■
VARIAÇÃO NOS ÍNDICES DE RENDA FIXA
Segundo a ANBIMA, maior retorno no acumulado do ano é
do IMA-C 5+ e o menor, do IMA-S
PERÍODO
IRF-M
IRF-M 1
IRF-M 1+
IMA-C
IMA-C 5
IMA-C 5+ IMA-B
IMA-B 5
IMA-B 5+ IMA-S
IMAGERAL
IMA-GERAL
ex-C
JAN/10
1,10%
0,84%
1,25%
1,50%
1,49%
1,50%
1,18%
1,20%
1,17%
0,66%
0,98%
0,95%
FEV/10
0,90%
0,56%
1,12%
2,26%
1,45%
2,31%
1,75%
1,24%
2,21%
0,59%
1,09%
1,02%
MAR/10
1,20%
0,92%
1,36%
2,39%
1,37%
2,45%
1,97%
1,43%
2,44%
0,76%
1,31%
1,25%
ABR/10
0,20%
0,43%
0,10%
1,44%
1,09%
1,46%
0,68%
0,17%
1,11%
0,66%
0,56%
0,51%
MAI/10
1,16%
0,89%
1,32%
1,82%
1,78%
1,83%
-0,34%
0,78%
-1,40%
0,75%
0,67%
0,60%
JUN/10
0,94%
0,73%
1,06%
1,19%
1,17%
1,19%
1,27%
0,93%
1,74%
0,79%
0,99%
0,97%
JUL/10
1,63%
1,26%
1,91%
0,49%
0,46%
0,49%
1,58%
1,35%
1,90%
0,86%
1,29%
1,34%
AGO/10
1,39%
0,95%
1,74%
1,59%
1,05%
1,62%
2,00%
0,99%
3,32%
0,89%
1,39%
1,37%
SET/10*
0,08%
0,18%
0,00%
0,19%
0,16%
0,19%
0,12%
0,19%
0,04%
0,16%
0,12%
0,12%
EM 2010*
8,93%
6,96%
10,26%
13,60%
10,46%
13,80%
10,67%
8,59%
13,17%
6,29%
8,70%
8,41%
Fonte e elaboração: ANBIMA
*Até o dia 6/9/10
CSN
Iguatemi
Avaliação positiva da Brascan
sobre a Transnordestina
Fator revisa preço-alvo, mas
recomenda “manutenção”
A Companhia Siderúrgica
Nacional (CSN) realizou uma
apresentação ontem com
analistas e investidores com o
objetivo de dar maior visibilidade
sobre a ferrovia Transnordestina.
Os pontos destacados pela
corretora Brascan a respeito
dessa operação são a
capacidade atual de 1,5 milhões
de toneladas/ano em uma malha
ferroviária com 4.238 km de
extensão, com 100 locomotivas
e 1.743 vagões. Em 2009,
a receita bruta foi de R$ 81
milhões, com um volume de
1,47 milhões de toneladas úteis
transportadas; o projeto prevê
uma expansão da atual malha
em 1.728 km, que pode elevar
a capacidade para 30 milhões
de toneladas/ano. A avaliação
do analista da Brascan, Rodrigo
Ferraz, foi positiva sobre o
esclarecimento da companhia.
“Destacamos o grande potencial
da região em relação a ativos
de minério de ferro e grãos,
com o desenvolvimento de um
“novo” corredor logístico, a
obtenção de todas as licenças
de instalação para o novo
trecho da ferrovia, diminuindo
os riscos de execução do projeto,
e a possibilidade de acessar
linhas de crédito com taxas
bastante competitivas, trazendo
maior garantia de retorno ao
projeto 2”, aponta em relatório. O
analista mantém a recomendação
de desempenho acima da média
de mercado (outperform) para
a CSNA3, com um preço-alvo
de R$ 37,00 por ação.
A Fator Corretora revisou,
para cima, o preço-alvo estimado
para as ações da Iguatemi, mas
preservou a recomendação de
“manutenção” para os papéis.
O valor estimado passou de
R$ 36 em dezembro deste ano
para R$ 39 em junho de 2011.
“Nossa recomendação continua
sendo manutenção, com base no
baixo potencial de valorização das
ações e nos elevados múltiplos
das ações do setor”, afirmam os
analistas Eduardo Silveira e René
Brandt em relatório distribuído
aos clientes. Com base na cotação
de fechamento de segunda-feira,
o potencial de valorização
é de cerca de 12%. Contaram,
na revisão realizada pela Fator,
fatores como três projetos
de expansão da Iguatemi, com
adição de aproximadamente
14 mil metros quadrados de área
bruta locável (ABL) próprio. Os
analistas lembram que o portfólio
de shoppings da Iguatemi passará
de 237 mil metros quadrados para
375 mil metros quadrados de ABL
próprio em 2013. “O investimento
total previsto é de R$ 635
milhões, dos quais R$ 140 milhões
no segundo semestre de 2010,
R$ 246 milhões em 2011, R$ 105
milhões em 2012 e R$ 144 milhões
em 2013”, destaca o relatório.
E com a oferta de ações realizada
pela companhia em setembro
do ano passado, a empresa tem
recursos suficientes, na visão dos
analistas, para concretizar seu
plano de crescimento. A posição
de caixa líquido da Iguatemi
era de R$ 180 milhões em junho.
OPA
OFERTA
Vale
Karoon
Mais uma tentativa frustrada
na oferta de aquisição
da Vale pela Paranapanema.
A companhia informou que
no leilão de oferta pública
voluntária realizado ontem
na BM&FBovespa não houve
adesão mínima dos acionistas
da Paranapanema, à qual
estava condicionada a
efetivação da referida oferta.
Desta forma, a Vale não
adquiriu no leilão quaisquer
ações da Paranapanema.
A outra tentativa havia sido
feita no dia 1º de setembro.
A Karoon Petroleo & Gás entrou
com registro de oferta pública
de ações ontem junto à Comissão
de Valores Mobiliários (CVM).
O prospecto não foi disponibilizado
pela companhia, de origem
australiana e que recentemente
adquiriu da Petrobras
participação em dois blocos na
bacia de Santos. A coordenação
da oferta de ações ordinárias
será feita pelo banco Morgan
Stanley. Outras três empresas
do setor estão com distribução
em andamento: Petrobras,
Repsol Brasil e HRT Participações.
Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 45
BOLSA
JURO
Giro financeiro
Contrato futuro
R$ 5,7 bilhões 11,36%
foi o volume financeiro registrado ontem no segmento
acionário da BM&FBovespa. O principal índice encerrou a
sessão com variação negativa de 0,51%, aos 66.407 pontos.
foi a taxa de fechamento do contrato futuro de DI com vencimento em
janeiro de 2012, o de maior liquidez ontem. O volume financeiro atingiu
R$ 17,29 bilhões neste contrato, em 199 mil contratos negociados.
IBOVESPA
RENDA FIXA
Ação
Código
Mínima
ALL AMER LAT UNT N2
AMBEV PN
B2W VAREJO ON
BMF BOVESPA ON
BRADESCO PN
BRADESPAR PN
BRASIL ON
BRASIL TELEC PN
BRASKEM PNA
BRF FOODS ON
BROOKFIELD ON
CCR RODOVIAS ON
CEMIG PN
CESP PNB
CIELO ON
COPEL PNB
COSAN ON
CPFL ENERGIA ON
CYRELA REALTY ON
DURATEX ON
ECODIESEL ON
ELETROBRAS ON
ELETROBRAS PNB
ELETROPAULO PNB
EMBRAER ON
FIBRIA ON
GAFISA ON
GERDAU PN
GERDAU MET PN
GOL PN
ITAUSA PN
ITAUUNIBANCO PN
JBS ON
KLABIN S/A PN
LIGHT S/A ON
LLX LOG ON
LOJAS AMERIC PN
LOJAS RENNER ON
MARFRIG ON
MMX MINER ON
MRV ON
NATURA ON
NET PN
OGX PETROLEO ON
P.ACUCAR-CBD PNA
PDG REALT ON
PETROBRAS ON
PETROBRAS PN
REDECARD ON
ROSSI RESID ON
SABESP ON
SANTANDER BR UNT N2
SID NACIONAL ON
SOUZA CRUZ ON
TAM S/A PN
TELEMAR ON
TELEMAR PN
TELEMAR N L PNA
TELESP PN
TIM PART S/A ON
TIM PART S/A PN
TRAN PAULIST PN
ULTRAPAR PN
USIMINAS ON
USIMINAS PNA
VALE ON
VALE PNA
VIVO PN
IBOVESPA
ALLL11
AMBV4
BTOW3
BVMF3
BBDC4
BRAP4
BBAS3
BRTO4
BRKM5
BRFS3
BISA3
CCRO3
CMIG4
CESP6
CIEL3
CPLE6
CSAN3
CPFE3
CYRE3
DTEX3
ECOD3
ELET3
ELET6
ELPL6
EMBR3
FIBR3
GFSA3
GGBR4
GOAU4
GOLL4
ITSA4
ITUB4
JBSS3
KLBN4
LIGT3
LLXL3
LAME4
LREN3
MRFG3
MMXM3
MRVE3
NATU3
NETC4
OGXP3
PCAR5
PDGR3
PETR3
PETR4
RDCD3
RSID3
SBSP3
SANB11
CSNA3
CRUZ3
TAMM4
TNLP3
TNLP4
TMAR5
TLPP4
TCSL3
TCSL4
TRPL4
UGPA4
USIM3
USIM5
VALE3
VALE5
VIVO4
IBOV
*Ajustada por proventos, inclusive dividendos.
16,21
192,00
28,35
13,11
30,10
36,61
28,00
11,00
14,64
22,85
8,71
40,78
26,57
24,20
15,03
37,15
22,50
38,90
21,93
17,00
0,87
21,02
24,70
30,84
11,35
29,12
12,12
24,12
29,21
23,11
12,06
37,26
7,07
4,94
21,90
9,50
14,15
53,70
16,50
12,67
14,86
42,45
22,20
19,20
60,70
18,26
31,68
27,79
24,20
14,87
33,57
21,45
27,41
83,70
36,32
30,30
23,80
45,25
39,85
6,80
5,01
48,65
93,01
47,15
44,31
47
41,53
42,91
66101
Cotação (R$)
Máxima
Fechamento
16,48
195,73
28,83
13,65
31,00
37,40
28,46
11,13
15,19
23,38
8,98
42,03
27,76
24,84
15,17
38,59
22,83
41,52
22,33
17,47
0,89
21,57
25,32
33,00
11,56
29,81
12,40
24,86
30,04
24,00
12,24
37,64
7,34
5,01
23,13
9,71
14,55
55,83
17,00
13,01
15,38
43,68
22,39
20,24
61,80
18,60
32,55
28,48
24,53
15,38
34,40
22,22
28,28
86,44
37,28
30,79
24,25
46,79
41,75
7,01
5,14
49,86
94,30
48,00
45,57
48
42,15
44,39
66739
16,21
195,55
28,35
13,65
30,74
36,89
28,26
11,11
14,85
23,27
8,83
41,54
26,65
24,80
15,13
37,31
22,80
39,20
22,28
17,47
0,88
21,27
24,85
30,96
11,55
29,70
12,40
24,84
30,04
23,85
12,16
37,45
7,26
5,01
21,95
9,64
14,15
54,00
16,99
12,91
15,16
42,50
22,25
20,24
61,11
18,58
31,86
27,83
24,50
15,38
33,84
21,92
28,11
84,62
37,00
30,30
24,00
46,79
41,40
6,98
5,09
49,42
93,30
47,80
45,16
47
41,71
43,85
66407
Rentabilidade* (%)
No dia
No ano
-1,10
1,56
-1,22
3,41
1,25
-1,94
0,11
-0,80
-1,66
0,78
-1,12
1,17
-4,31
-0,16
0,00
-2,58
0,00
-5,02
0,13
-0,17
-1,12
0,42
-0,40
-5,38
2,76
2,06
0,81
2,14
1,87
1,02
-0,08
-0,13
-0,27
0,20
-3,35
-0,41
-3,02
-2,35
-0,18
0,55
1,13
-0,93
-0,54
4,38
-1,75
-0,32
-4,44
-4,33
1,24
1,79
-3,18
-0,36
0,97
-1,26
1,09
-1,62
-0,70
0,19
2,20
2,35
1,80
0,24
-0,85
0,42
1,26
-1,69
-1,88
1,27
-0,51
-0,49
13,19
-40,53
14,84
3,33
-3,02
-0,58
-33,67
5,47
2,82
14,83
4,75
-2,59
4,11
2,26
2,45
-9,15
19,57
-6,98
8,69
-19,27
-16,86
-16,62
12,74
22,94
-24,02
-11,28
-13,86
-12,89
-5,59
5,67
-0,82
-21,85
-3,37
-8,31
-4,65
-8,52
40,06
-10,93
28,84
9,36
21,86
-7,29
18,36
-5,10
8,54
-22,01
-22,46
-8,96
2,07
-1,08
-6,65
3,70
54,86
1,89
-26,04
-28,41
-24,79
2,68
-2,38
2,31
3,17
19,77
-4,34
-8,32
-3,99
-0,34
-16,00
-3,18
Fonte: Economatica
IBOVESPA
Fundo
Data
ITAU PERS MAXIME RF FICFI
BB RENDA FIXA LP 50 MIL FICFI
BB RENDA FIXA LP ESTILO FICFI
CAIXA FIC EXECUTIVO RF L PRAZO
CAIXA FIC IDEAL RF LONGO PRAZO
BB RENDA FIXA 5 MIL FIC FI
BB RENDA FIXA 200 FIC FI
BB RENDA FIXA 50 FIC FI
ITAU PREMIO RENDA FIXA FICFI
BB RENDA FIXA LP 100 FICFI
Rent. (%)
12 meses No ano
8/SET
6/SET
6/SET
6/SET
6/SET
8/SET
8/SET
8/SET
8/SET
6/SET
8,66
8,59
8,58
8,03
7,50
7,40
6,24
5,74
5,35
5,25
6,05
5,93
5,92
5,56
5,21
5,15
4,37
4,04
3,70
3,69
Taxa
Aplic. mín.
adm. (%) (R$)
1,00
1,00
1,00
1,10
1,50
2,00
3,00
3,50
4,00
4,00
DI
Fundo
Data
BB REFERENCIADO DI ESTILO FICFI
ITAU PERS MAXIME REF DI FICFI
CAIXA FIC DI LONGO PRAZO
BB REFERENCIADO DI 5 MIL FIC FI
BB NC REF DI LP PRINCIPAL FIC FI
BB REFERENCIADO DI 200 FIC FI
HSBC FIC REF DI LP POUPMAIS
ITAU PREMIO REF DI FICFI
BRADESCO FIC DE FI REF DI HIPER
SANTANDER FIC FI CLAS REF DI
Rent. (%)
12 meses No ano
8/SET
8/SET
6/SET
8/SET
6/SET
8/SET
8/SET
8/SET
8/SET
8/SET
8,37
8,34
6,93
6,74
6,40
6,13
5,66
5,09
4,69
4,32
5,79
5,74
4,84
4,69
4,47
4,28
4,03
3,56
3,23
3,04
Taxa
Aplic. mín.
adm. (%) (R$)
1,00
1,00
2,00
2,50
2,47
3,00
3,00
4,00
4,50
5,00
Fundo
Data
CAIXA FMP FGTS VALE I
BB ACOES VALE DO RIO DOCE FI
BRADESCO FIC DE FIA
BRADESCO BA FIC DE FIA
BRADESCO FIC DE FIA IV
BRADESCO FIC DE FIA MAXI
UNIBANCO BLUE FI ACOES
ITAU ACOES FI
ALFA FIC DE FI EM ACOES
BB ACOES PETROBRAS FIA
Rent. (%)
12 meses No ano
6/SET
6/SET
6/SET
6/SET
6/SET
6/SET
6/SET
6/SET
6/SET
6/SET
29,06
29,00
14,58
14,45
14,14
13,87
7,99
7,66
2,85
(11,54)
(3,47)
(2,39)
(4,40)
(4,49)
(4,54)
(4,52)
(8,39)
(9,74)
(11,31)
(19,58)
Taxa
Aplic. mín.
adm. (%) (R$)
1,90
2,00
4,00
4,00
ND
4,00
5,00
4,00
8,50
2,00
Fundo
Data
REAL CAP PROT VGOGH 4 FI MULTIM
BB MULTIM TRADE LP ESTILO FICFI
REAL CAP PROT VGOGH 3 FI MULTIM
ITAU PERS K2 MULTIMERCADO FICFI
CAPITAL PERF FIX IB MULT FIC
ITAU PERS MULTIE MULT FICFI
ITAU PERS MULT AGRESSIVO FICFI
ITAU PERS MULT ARROJADO FICFI
ITAU PERS MULT MODERADO FICFI
SANTANDER FIC FI ESTRAT MULTIM
Rent. (%)
12 meses No ano
6/SET
6/SET
6/SET
6/SET
6/SET
6/SET
6/SET
6/SET
6/SET
6/SET
9,77
8,80
8,79
8,63
8,57
8,37
7,53
7,36
7,26
6,54
7,13
5,88
3,42
5,36
5,95
5,49
0,59
2,32
3,09
3,40
Taxa
Aplic. mín.
adm. (%) (R$)
2,30
1,50
2,50
1,50
1,50
1,25
2,00
2,00
2,00
2,00
MIDLARGE CAP - MLCX
1.290
924
20.875
1.287
921
66.450
20.800
1.284
918
66.275
20.725
1.281
915
66.100
1.278
20.650
10h
Fonte: BM&FBovespa
11h
12h
13h
14h
15h
16h
17h
10h
17h
5.000
10.000
50.000
20.000
5.000
5.000
5.000
5.000
50.000
*Taxa de performance. Ranking por número de cotistas.
Fonte: Anbima. Elaboração: Brasil Econômico
SMALL CAP - SMLL
66.625
200
200
1.000
200
MULTIMERCADOS
20.950
Máxima
66.739,29
Mínima
66.101,43
Fechamento 66.407,28
ND
80.000
100
5.000
100
200
30
1.000
100
100
AÇÕES
IBRX-100
(Em pontos)
66.800
80.000
50.000
30.000
5.000
5.000
200
50
300
100
912
10h
17h
10h
17h
46 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010
MUNDO
Irã suspende apedrejamento
de condenada por adultério
Segundo o Ministério do Exterior, o veredito relativo aos casos extraconjugais foi revogado e será revisto
Mal Langsdon/Reuters
As autoridades iranianas suspenderam a sentença de morte por
apedrejamento dada à mulher
condenada por adultério Sakineh
Mohammadi Ashtiani, informou
o Ministério do Exterior ontem,
após semanas de críticas de várias partes do mundo. “O veredito relativo aos casos extraconjugais foi revogado e está sendo revisto,“ disse o porta-voz do ministério, Ramin Mehmanparast,
à emissora estatal iraniana em
língua inglesa Press TV.
O anúncio foi feito um dia
depois de o presidente da Comissão Europeia, José Manuel
Barroso, ter dito que a sentença era de “uma barbárie indizível” - a mais recente em uma
sequência de críticas expressas por potências estrangeiras.O Brasil inclusive ofereceu
asilo a Sakineh no mês passado, mas a proposta foi rejeitada pelo governo iraniano.
Sakineh Mohammadi Ashtiani, de 43 anos, foi condenada em
2006 por adultério, que é um crime capital na República Islâmica.
Ela também foi acusada de envolvimento no assassinato de seu
marido. Em entrevista telefônica
ao vivo, Mehmanparast disse que
a acusação de homicídio “está
sendo investigada para que seja
emitido o veredito final”.
A mídia iraniana sugeriu que a
sentença de morte por apedrejamento — imposta por determinados crimes sob a sharia, adotada
pelo Irã após a Revolução Islâmica
de 1979 — não será implementada, mas que Ashtiani poderá ainda ser executada por enforcamento. “Consideramos este um
caso muito normal”, disse
Mehmanparast. “Este dossiê se
assemelha a muitos outros dossiês
que existem em outros países.”
Em nenhum momento da
entrevista, que foi dada na língua farsi, mas foi transmitida
com tradução simultânea para
o inglês, ele mencionou a palavra “apedrejamento”, referindo-se apenas à “sentença de
morte” de Ashtiani.
Mehmanparast culpou os Estados Unidos por suscitar o furor
com o objetivo de prejudicar a
imagem internacional do Irã, no
momento em que o país enfrenta
sanções que visam frear seu
programa nuclear. “A impressão
que se tem é que estão jogando
um jogo político”, disse ele.
O ministro das
Relações Exteriores,
Celso Amorim, disse
que espera falar com
o ministro das
Relações Exteriores
do Irã nos próximos
dias para ter mais
informações sobre a
nova situação de
Sakineh
A mídia iraniana sugeriu que
Sakineh ainda poderá ser
executada por enforcamento
CONDENAÇÃO
2006
Sakineh Mohammadi Ashtiani
foi condenada por adultério, que é
um crime capital no Irã. Ela também
foi acusada de envolvimento
no assassinato do marido.
EXECUÇÃO
346
pessoas foram executadas
no Irã em 2008, segundo
a Anistia Internacional.
Homicídio, adultério, estupro,
assalto à mão armada e tráfico
de drogas podem ser punidos
com a penas de morte no Irã.
De acordo com a Anistia Internacional, o Irã perde apenas
para a China no número de pessoas que executa. Pelo menos 346
pessoas foram executadas no Irã
em 2008. Homicídio, adultério,
estupro, assalto à mão armada e
tráfico de drogas podem ser punidos com a pena de morte no Irã.
Decisão positiva
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, considerou positiva a decisão do gover-
no iraniano de suspender temporariamente a pena de morte
por apedrejamento da viúva
Sakineh Mohammadi Ashtiani.
“É positivo que tenha sido suspenso. Evidentemente, isso é
apenas um passo, e sempre tratamos isso com muito cuidado
porque a maneira de defender a
melhora das pessoas não é com
estridência, nem com condenações fáticas, é com diálogo,
que é o que fazemos”, afirmou
Amorim ontem, depois de al-
moço com o chanceler de Lesoto, Mohlabi Kenneth Tsekoa.
O ministro disse ainda que
espera falar com o ministro de
Relações Exteriores do Irã, Manouchehr Mottaki, nos próximos dias para ter mais informações sobre a nova situação de
Sakineh. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu em defesa
da viúva e ofereceu o Brasil
como destino para ela morar. A
oferta de Lula foi recusada pelo
governo iraniano. ■ Agências
Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 47
Scott Audette/Reuters
Pastor insiste na queima do alcorão
O pastor Terry Jones, cujo plano de queimar exemplares do Alcorão
no dia 11 de setembro provocou grande condenação internacional, afirmou
ontem que vai cumprir sua promessa, apesar da advertência do governo dos
Estados Unidos de que o ato colocará em risco soldados norte-americanos
no Afeganistão e no Iraque. “Ainda estamos determinados a fazer isso sim”,
disse Jones ao programa “Early Morning,“ da CBS. Ele promove
abertamente uma campanha contra o que chama de “Islã radical.”
AGENDA DO DIA
● EUA: balança comercial
do mês de julho.
● Alemanha: índice de preços
ao consumidor (CPI) de agosto.
● Reino Unido: BoE
anuncia taxa de juros.
● Japão: índice de confiança
do consumidor de agosto .
Jose-Luis Magana/Reuters
Relatório busca dividir as culpas em relação
ao vazamento de petróleo no Golfo do México
Em relatório, BP
ameniza própria culpa
SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DO
DEPARTAMENTO DE POLÍCIA FEDERAL EM SÃO PAULO
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Terra Verde Bioenergia Participações S.A.
Documento foi elaborada
por equipe de mais de 50
pessoas e cita empresas como
Halliburton e Transocean
A petroleira britânica British
Petroleum (BP) afirmou ontem
que decisões tomadas por
“inúmeras companhias e equipes de trabalho”, incluindo a
Halliburton e a Transocean,
contribuíram para o vazamento de petróleo no Golfo do México. As declarações da companhia fazem parte de um relatório que pretende dividir a
culpa pelo pior vazamento de
petróleo offshore na história
dos Estados Unidos.
A empresa também disse que
é “improvável” que problemas
com o projeto do poço tenham
contribuído para a explosão da
plataforma Deepwater Horizon,
no dia 20 de abril. A conclusão
rebate as críticas do governo
norte-americano e coloca pressão sobre a Halliburton, responsável pelo trabalho de cimentação do poço, e a Transocean,
operadora da plataforma.
“Houve um trabalho de cimentação ruim e uma falha da
barreira de perfuração no fundo
do poço”, disse Tony Hayward,
que liderava a equipe da BP no
momento da explosão da plataforma. “Com base no relatório,
parece improvável que o projeto
A BP precisa
demonstrar que
tem se esforçado
para determinar as
causas da explosão
e ao mesmo tempo
lidar com questões
como a possibilidade
de ter sido negligente
no período que
antecedeu a explosão
do poço tenha contribuído também para o incidente, visto que
a investigação revelou que os
hidrocarbonetos fluíram até a
tubulação de produção através
do fundo do poço.”
CNPJ/MF nº 09.273.840/0001-00 - NIRE 35.300.349.164
Edital de Convocação - Assembleia Geral Extraordinária
Ficam convocados os Srs. Acionistas a se reunirem em Assembleia Geral Extraordinária, que se
realizará no dia 14 de setembro de 2010, às 10 horas, na sede social da Companhia, para
deliberarem sobre: (i) a avaliação da situação atual do empreendimento; e (ii) outros assuntos
relacionados e de interesse da Companhia. As pessoas que comparecerem à Assembleia deverão
provar a sua qualidade de acionista mediante apresentação de documento de identidade e/ou
procuração outorgada por Acionista da Companhia, na forma e prazo do Art. 126, § 1° da Lei n° 6.404,
de 15/12/1976, conforme alterada.
São Paulo, 03 de setembro de 2010
Luiz Otavio Assis Henriques - Presidente do Conselho de Administração
Situação delicada
A BP vive uma situação delicada com a divulgação do relatório, elaborado por uma equipe
de mais de 50 pessoas liderada
por Mark Bly, chefe de segurança e de operações da companhia. A empresa precisa demonstrar que tem se esforçado
para determinar as causas da
explosão e ao mesmo tempo lidar com questões sobre se teria
sido negligente no período que
antecedeu a explosão — o que
poderia levá-la a enfrentar
sanções mais duras.
De acordo com o relatório, o
“blowout preventer”, dispositivo utilizado como último recurso para desligar um poço no caso
de um pico de pressão, deveria
ter ativado automaticamente,
mas isso não ocorreu. Segundo a
companhia, isso aconteceu
“porque, provavelmente, os
principais componentes não estavam trabalhando”.
O “blowout preventer” só foi
recuperado do fundo do mar
recentemente e ainda precisa
passar por uma inspeção completa. ■ Agência Estado
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48 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010
BRASIL ECONÔMICO é uma publicação da Empresa Jornalística Econômico S.A, com sede à Avenida das
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ÚLTIMA HORA
Tribanco terá aporte do Banco Mundial
Renata Jubran/AE
O IFC, braço de investimento do Banco Mundial, deve investir R$ 38
milhões (US$ 21 milhões) no Banco Triângulo (Tribanco), instituição com sede em Uberlândia (MG) que pertence ao grupo atacadista Martins. Segundo comunicado no site do IFC, o projeto está em
análise e será assinado até o dia 20 deste mês.
Segundo João Rabello, presidente do Tribanco, os recursos do
IFC vão ajudar o desenvolvimento do banco, que pretende dobrar a
carteira de clientes até 2012. No ano passado, eram 35 mil pequenos varejistas atendidos. Em três anos, pretende chegar a 60 mil.
Além disso, a chancela do IFC deve aumentar a exposição do banco, seja no mercado brasileiro, seja no exterior. O banco tem planos de fazer a primeira emissão externa em 2011.
O Tribanco pertence à família Martins e o IFC é o primeiro investidor externo a entrar na instituição. O controlador é Alair
Martins do Nascimento, com 40,3% do total das ações.
A instituição conta com 47 pontos de atendimento em todo o País,
com uma clientela potencial de aproximadamente 150 mil varejistas e é
para este público que presta os serviços financeiros. ■ Agência Estado
BTG Pactual inclui a
Brasbunker no portfólio
A empresa, que fornece matéria-prima para diversos
segmentos da indústria, vai receber um financiamento
de R$ 16 milhões da Financiadora de Estudos e Projetos
(Finep) do Ministério da Ciência e Tecnologia para a
criação de centros de pesquisa e desenvolvimento na
Argentina, Chile, Colômbia, México e Peru. O aporte é
o primeiro passo em um projeto que, até 2020, prevê
elevar dos atuais 26% para 50% a participação de novos produtos na receita da empresa que foi de R$ 281
milhões em 2009. “Queremos fazer investimentos importantes e esse financiamento é uma pequena parte,
mas que irá nos ajudar a crescer fortemente em outros
países a partir da inovação”, afirma Lisiane Kunst Bohnen, diretora de exportações da Artecola.
Segundo André Carvalho, analista da área de cooperação internacional da Finep, a internacionalização de
empresas brasileiras a partir da área de inovação é uma
tendência que começa a ser observada. “A inovação é
um fator de extensão da sobrevida de uma empresa,
isso realizado em mercados internacionais o torna ainda mais promissor”, avalia. ■ Priscila Machado
[email protected]
Diretor Adjunto
A mão de obra que dá
empregar hoje em dia
Divulgação
Artecola instala centros
de pesquisa no exterior
Costábile Nicoletta
O BTG Pactual ingressou na indústria de petróleo e gás
com a compra de uma participação na Brasbunker, holding de empresas dos setores de transporte marítimo de
combustível para embarcações e apoio marítimo para
plataformas. O banco não revelou o valor do negócio.
Além de atuar no segmento de óleo e gás, a Brasbunker
oferece serviços de proteção ambiental. “O vazamento de
óleo no Golfo do México, que deu origem ao maior acidente ambiental da história, reforça a necessidade de rígidos padrões de proteção ambiental, oferecendo oportunidades de crescimento a uma das áreas de atuação da
Brasbunker”, destaca o BTG, em comunicado.
A Brasbunker é a sétima empresa do portfólio de merchant banking do BTG. As demais são a Mitsubishi, Suzuki, Derivados do Brasil (postos de gasolina), Estapar
(estacionamentos), Rede D’Or (hospitais) e BR Pharma
(holding do setor farmacêutico). ■ Agência Estado
Evandro Monteiro
O Brasil observa um fenômeno que desafia os estudiosos do mercado de trabalho a trazer soluções de
curto prazo que ao menos amenizem a carência de
mão de obra. Até recentemente, a discussão centrava-se na falta de pessoal qualificado para atender à
demanda decorrente do crescimento econômico.
Nas últimas semanas, porém, recrudesceu a procura
até mesmo por trabalhadores cujo preparo profissional, em geral, não era tão levado em consideração.
O problema chegou ao governo federal. Foi exposto por representantes do varejo, que propuseram alterações na legislação que facilitem a contratação de pessoas dispostas a trabalhar em alguns dias da semana durante períodos da jornada
em que o pico de vendas é maior, como já ocorre
em países como os Estados Unidos.
Empregados se transferem de
empresa sem precisar ter drama de
consciência, atraídos por maiores
salários e melhores benefícios
Se antes a rotatividade da mão de obra partia dos
empregadores, agora se manifesta mais nos empregados, que se transferem de empresa sem precisar
ter drama de consciência, atraídos por maiores salários e melhores benefícios. Além de competir
com os concorrentes para vender seu produto ou
serviço, a maior parte das companhias trava uma
luta diária para reter seus talentos em praticamente
todos os níveis da organização.
Um grupo que atua no recrutamento de gerentes
deparou-se com a seguinte situação: abordou um
profissional da área de logística da empresa A, oferecendo-lhe um salário 50% maior. A companhia
que o empregava resolveu dobrar seu ordenado. Ele
acabou indo para uma terceira companhia, que lhe
ofereceu uma remuneração maior ainda.
É salutar para o mercado que as empresas se
preocupem mais em preparar melhor seus funcionários para exercer qualquer tipo de função. Isso
colabora para a modernização das relações de consumo. O governo e os sindicatos também podem
integrar esse esforço discutindo meios que estendam os benefícios desse processo a todos: empresas, trabalhadores e população. ■
www.brasileconomico.com.br
DESTAQUE
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Axxon quer levantar recursos para compras no Brasil
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Vale capta US$ 1,75 bi na maior emissão desde 2006
O Axxon Group Private Equity começa neste trimestre
uma nova rodada de captação de recursos para levantar
até R$ 500 milhões e ampliar o ritmo de aquisições de
empresas ligadas no Brasil aos segmentos de consumo.
O grupo negocia compras de companhias que atuam
nos setores de saúde, educação, varejo e até cosméticos.
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Moody’s: BNDES planeja captação de até € 1 bilhão
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Ações da Petrobras têm maior queda em sete meses
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Aeiou não consegue atingir metas e entra em crise
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companhia?
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