brasil - Terramater
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www.brasileconomico.com.br mobile.brasileconomico.com.br Eleições Geração Y está distante da política. Apenas 12,9% dos candidatos têm entre 18 e 25 anos ➥ P14 Cidades São Paulo e Rio aderem a projeto internacional de recuperação de áreas contaminadas. ➥ P20 R$ 3,00 Seguros Eric Lombard, presidente mundial da Cardif, vai levar modelo brasileiro para Europa e Ásia. ➥ P40 Murillo Constantino QUINTA-FEIRA, 9 DE SETEMBRO, 2010 | ANO 2 | Nº 263 | DIRETOR RICARDO GALUPPO | DIRETOR ADJUNTO COSTÁBILE NICOLETTA Governo estuda MP para facilitar suspende compra trabalho temporário Rússia de carne bovina do JBS Potássio do Brasil descobre jazida e planeja abrir capital Projeto prevê investimento de R$ 4,3 bilhões para produzir 2 milhões de toneladas do cloreto de potássio por ano. O insumo é usado para fazer fertilizantes. ➥ P24 Antonio Milena Ministério do Desenvolvimento analisa projeto que simplifica contratação de aposentados e estudantes no varejo para suprir falta de mão de obra Antônio Fugazza, da Eztec: construtora, que costumava trazer ônibus cheios de trabalhadores da Paraíba, enfrenta guerra de salários com a concorrência A escassez generalizada de trabalhadores, que antes estava localizada em atividades de maior qualificação, como técnicos e engenheiros, começa a complicar a vida das empresas até nas funções mais básicas da construção civil, da indústria e de serviços. O BRASIL ECONÔMICO apurou que, entre as soluções em estudo pelo Executivo está o lançamento de medida provisória que simplifique o uso de mão de obra temporária no varejo, preocupado com um apagão de atendentes e vendedores para o fim do ano. Atividades de costureira e caminhoneiro, que agora exigem mais formação, estão em alta entre os empregadores. ➥ P4 Pesquisa do IBGE mostrou que a crise econômica de 2008 e 2009 teve efeito maior que o previsto na taxa de desocupação, que passou de 7,2% para 8,4%, maior porcentual da década. ➥ P12 INDICADORES ▼ ▼ ▼ ▼ ▼ ■ ▼ ▲ ▲ ▲ ▲ ▼ TAXAS DE CÂMBIO Dólar Ptax (R$/US$) Dólar comercial (R$/US$) Euro (R$/€) Euro (US$/€) Peso argentino (R$/$) JUROS Selic (a.a.) BOLSAS Bovespa - São Paulo Dow Jones - Nova York Nasdaq - Nova York S&P 500 - Nova York FTSE 100 - Londres Hang Seng - Hong Kong 8.9.2010 COMPRA 1,7223 1,7230 2,1897 1,2714 0,4364 META 10,75% VAR. % -0,51 0,45 0,90 0,64 0,41 -1,46 VENDA 1,7231 1,7250 2,1911 1,2716 0,4367 EFETIVA 10,66% ÍNDICES 66.407,28 10.387,01 2.228,87 1.098,87 5.429,74 21.088,86 Bolsa implanta novos modelos de acesso direto ao pregão BM&FBovespa espera ter os primeiros clientes das novas modalidades de acesso direto ao mercado — ou DMA — ainda nesta semana. A vedete é o DMA via co-location, em que os investidores instalam seus computadores geradores de ordens de compra e venda dentro da bolsa. Corretoras enxergam procura maior a partir do ano que vem. ➥ P38 Sob alegação de presença de antibióticos e bactérias, seis unidades do grupo brasileiro foram proibidas de exportar para o país. ➥ P26 Toyota vai concorrer no mercado de carro popular Os compactos de baixo custo serão produzidos em nova unidade do grupo em Sorocaba (SP) e vão brigar por espaço com o Gol e o Palio. ➥ P30 Mundo da moda se rende aos recursos da internet móvel Grifes lançam aplicativos para buscar lojas e coleções nos celulares inteligentes, mas os desenvolvedores prometem novos serviços. ➥ P34 2 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 NESTA EDIÇÃO Divulgação Em alta Rússia proíbe carne bovina do JBS Presença de antibióticos e bactérias em níveis acima dos permitidos motivou a proibição. Contudo, a ampla base global do frigorífico minimiza os efeitos da restrição. ➥ P26 Divulgação Produção de veículos cresce 17,5% Percentual se refere ao período janeiro a agosto, quando foram montadas 2,41 milhão de unidades. Em agosto, produção foi de 329,1 mil veículos, mais 3,4% sobre julho. ➥ P31 Sercomtel lança ligações patrocinadas Varejo catarinense se expande para receber emergentes Convencidos de que o maior poder de compra das classes C e D leva-as a tomar com mais frequência o caminho do supermercado, os dirigentes das redes catarinenses Giassi e Bistek organizam-se para tirar proveito desse bom momento da economia. O Giassi, com dez lojas, vai abrir uma unidade por ano, enquanto o Bistek tem como estratégia reformar locais já consagradas comercialmente, embora novas lojas também estão previstas. “Somos adeptos da estratégia de fazer bem o feijão com o arroz”, afirma Zefiro Giassi, fundador da rede, ao explicar que evita entrar em guerra de preços. ➥ P26 CDES sugere incentivos a escolas profissionalizantes Toyota vai concorrer com o Gol e o Pálio Jemal Countess/AFP Shozo Hasebe, presidente da montadora para o Mercosul, anunciou que o modelo será produzido na fábrica de Sorocaba (SP), cuja pedra fundamental foi lançada ontem. ➥ P30 Criatividade na retenção de talentos Em momentos de economia aquecida um ótimo salário nem sempre é o quesito mais relevante para um bom profissional, diz Selma Paschini, da Human Capital. ➥ P11 Jovens oposicionistas longe da UNE Juventudes do DEM e do PSDB ampliaram presença no movimento estudantil, mas PT e PCdoB ainda mantém folgada hegemonia. ➥ P15 Na avaliação de Antoninho Marmo Trevisan, presidente da Trevisan Escola de Negócios e membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e coordenador da mesa de discussões sobre capacitação profissional, o melhor caminho para uma política de capacitação profissional não está em o governo assumir a criação de escolas e sim em estimular empresas e escolas para que o façam. Uma das alternativas por ele sugerida é a concessão de incentivos fiscais a escolas profissionalizantes, num sistema semelhante ao existente para o ensino superior através do Programa Universidade para Todos (ProUni). ➥ P9 RR Autazes AM A Ambev é uma das primeiras anunciantes do serviço lançado pela operadora de Londrina (PR). A varejista Móveis Brasília será uma das próximas a anunciar. ➥ P33 A moda se promove pelo celular Murillo Constantino Internet por meio de celular e tablets informará aos clientes a localização das lojas mais próximas, assim como os melhores preços de determinados itens. ➥ P34 Mercedes-Benz Fashion Week E-mails com códigos de barra substituem os tradicionais convites de papel que dão acesso à semana da moda de Nova York, que começa hoje e vai até o dia 16. ➥ P35 Bolsa facilita acesso direto ao mercado Expectativa da BM&FBovespa é que até o fim desta semana os primeiros investidores já estejam operando através das novas modalidades do chamado DMA. ➥ P38 São Paulo recupera áreas degradadas Cardif chega ao cliente pelo varejo Espaços abandonados, como o da antiga zona industrial da Mooca, na capital paulista, fará parte do projeto Integration, que apoia a revitalização urbana em várias cidades. ➥ P20 “Aqui a distribuição de seguros pelo varejo é muito bem sucedida”, justifica Eric Lombard, presidente mundial, que pretende utilizar este canal na Europa e Ásia. ➥ P40 GM à espera de licença ambiental Expansão moderada nos EUA Montadora aguarda para esta semana o sinal verde dos órgãos ambientais para dar início às obras da fábrica de motores em Joinville (SC), onde investirá R$ 350 milhões. ➥ P22 Livro Bege do Federal Reserve, o Banco Central americano, diz que em sete das 12 regiões analisadas, houve crescimento econômico moderado. ➥ P43 Nova Olinda do Norte AC RO Potássio do Brasil investirá US$ 2,5 bilhões no Amazonas Empresa controlada pela canadense BrazilPotash Corporation anunciou ontem a descoberta de silvinita (minério de potássio) próximo ao Rio Madeira, entre as cidades de Nova Olinda e Autazes. Hélio Diniz, diretor executivo, explica que os dados geofísicos disponíveis levam à suposição de que há ali uma reserva de grande porte do insumo utilizado na produção de fertilizantes agrícolas. A jazida fica a apenas 13 km da jazida Fazendinha, pertencente à Petrobras, onde há mais de 20 anos, foi definida uma reserva superior a 500 milhões de toneladas. A BrazilPotash é gerida pelo banco canadense Forbes & Manhattan. ➥ P24 Axel Schmidt/AFP A FRASE “A Alemanha necessitará de pelo menos 500 mil imigrantes anuais” Klaus Zimmermann, presidente do Instituto Alemão de Estudos Econômicos, explicando que esse número é necessário para manter o ritmo da economia do país. Ele prevê também que crescerá o número de trabalhadores não qualificados, com esse quadro se agravando a partir de 2015. Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 3 EDITORIAL Cesar Dutra SORAIA ZONTA, SÓCIA DA TERRAMATER À procura de profissionais, bons e perenes Encontrar bons profissionais nem sempre foi expediente sem dificuldades. No atual estado da economia brasileira, que mostra níveis de crescimento vigorosos, a questão deixou de ser contratar bons profissionais. O difícil agora é encontrá-los. Tão difícil que até o governo estuda medidas para aliviar a via crucis das empresas, principalmente do varejo. O fenômeno se dá em setores variados e em qualificação também variada, do mais ao menos apto. Ainda há, claro, muitos brasileiros que continuam e continuarão desempregados. Estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) dá conta de que a taxa de desemprego no país era de 12,4% em julho, ainda alta. Mas as empresas têm relatado grandes dificuldades em encontrar — como também em reter — funcionários. O fenômeno se dá em setores variados e em qualificação também variada, do mais ao menos apto Como exemplo, o Centro de Apoio ao Trabalhador (CAT), da cidade de São Paulo viu o número de vagas ofertadas subir 32,2% de janeiro a agosto. Em procura há de atendente de lanchonete a eletricista. Há uma espécie de batalha entre as empresas, principalmente do varejo. Uma empregada da Fundição Filomena, por exemplo, mudou de emprego para receber R$ 20 a mais. Na Dicico, futuros funcionários em treinamento pedem demissão. Muitas empresas e setores vêm investindo em cursos para qualificar a mão de obra. É o caso, além dos varejistas, da indústria de vestuário. Até caminhoneiros, clássica profissão “mão na graxa”, não podem mais apenas saber dirigir. Precisam agora lidar com equipamentos como computadores ou rastreadores. Assustados, muitos preferem não aceitar trabalhos que exijam essas novas habilidades. Na construção civil, talvez a primeira a sentir a atual escassez de mão de obra, há uma disputa entre construtoras, empreiteiras e prestadoras de serviço. O resultado é a inflação dos salários dos profissionais. Um pedreiro hoje pode ganhar R$ 5 mil, um mestre de obras, R$ 8 mil, ao passo que um engenheiro recém formado recebe R$ 5 mil. ■ Fundada por Soraia Zonta e Patrícia Jachowicz, adeptas da produção sustentável, a Terramater é uma das poucas empresas brasileiras fornecedora de matéria-prima, como argila, para maquiagem mineral a grandes redes de cosméticos, farmácias, spas e clínicas de estética. ➥ P32 Presidente do Conselho de Administração Maria Alexandra Mascarenhas Vasconcellos Diretor-Presidente José Mascarenhas Diretor-Vice-Presidente Ronaldo Carneiro Diretores Executivos Alexandre Freeland e Ricardo Galuppo [email protected] BRASIL ECONÔMICO é uma publicação da Empresa Jornalística Econômico S.A. Redação, Administração e Publicidade Avenida das Nações Unidas, 11.633 - 8º andar, CEP 04578-901, Brooklin, São Paulo (SP), Tel. (11) 3320-2000. Fax (11) 3320-2158 Diretor de Redação Ricardo Galuppo Diretor Adjunto Costábile Nicoletta mone Cavalcanti, Sílvio Ribas Rio de Janeiro Daniel Haidar, Ricardo Rego Monteiro Editores Executivos Arnaldo Comin, Gabriel de Sales, Jiane Carvalho, Thaís Costa, Phydia de Athayde (Outlook e FS) Produção Editorial Clara Ywata Editores Fabiana Parajara e Rita Karam (Empresas), Carla Jimenez (Brasil), Cristina Ramalho (Outlook e FS), Laura Knapp (Destaque), Marcel Salim (On-line), Márcia Pinheiro (Finanças) Subeditores Marcelo Cabral (Brasil), Estela Silva, Isabelle Moreira Lima (Empresas), Luciano Feltrin (Finanças), Maeli Prado (Projetos Especiais) Repórteres Amanda Vidigal, Ana Paula Machado, Ana Paula Ribeiro, Bárbara Ladeia, Carlos Eduardo Valim, Carolina Alves, Carolina Pereira, Cintia Esteves, Claudia Bredarioli, Conrado Mazzoni, Daniela Paiva, Denise Barra, Domingos Zaparolli, Dubes Sônego, Elaine Cotta, Fabiana Monte, Fábio Suzuki, Felipe Peroni, Françoise Terzian, Gabriel Penna, João Paulo Freitas, Juliana Elias, Karen Busic, Luiz Henrique Ligabue, Luiz Silveira, Lurdete Ertel, Maria Luiza Filgueiras, Mariana Celle, Mariana Segala, Marina Gomara, Martha S. J. França, Michele Loureiro, Micheli Rueda, Natália Flach, Natália Mazzoni, Nivaldo Souza, Paulo Justus, Pedro Venceslau, Priscila Machado, Regiane de Oliveira, Ruy Barata Neto, Thais Folego, Vanessa Correia Brasília Si- Arte Pena Placeres (Diretor), Betto Vaz (Editor), Cassiano de O. Araujo, Evandro Moura, Letícia Alves, Maicon Silva, Paulo Argento, Renata Rodrigues, Renato B. Gaspar, Tania Aquino, (Paginadores) Infografia Alex Silva (Chefe), Anderson Cattai, Monica Sobral Fotografia Antonio Milena (Editor), Marcela Beltrão (Subeditora), Evandro Monteiro, Henrique Manreza, Murillo Constantino, Rafael Neddermeyer (Fotógrafos), Angélica Breseghello Bueno, Carlos Henrique, Fabiana Nogueira, Thais Moreira (Pesquisa) Webdesigner Rodrigo Alves Tratamento de imagem Henrique Peixoto, Luiz Carlos Costa Secretaria/Produção Shizuka Matsuno (Coordenadores), Daiana Silva Faganelli (Analista), Renato Frioli (Gerente Mercados), Solange Santos (Assistente Executiva) Publicidade Legal Marco Panza (Diretor de Publicidade Legal e Financeira), Marco Aleixo , Carlos Flores, Ana Alves e Adriana Araújo (Executivos de Negócios), Alcione Santos (Assistente Comercial) Departamento de Marketing Evanise Santos (Diretora de Marketing Institucional), Simone Botto (Diretora de Marketing de Produtos), Carlos Madio e Rodrigo Louro (Gerentes de Marketing), Alexandre Costa, Giselle Leme e Roberta Baraúna (Coordenadores de Marketing). Operações Cristiane Perin (Diretora) Departamento Comercial Paulo Fraga (Diretor Executivo Comercial), Mauricio Toni (Diretor Comercial), Júlio César Ferreira (Diretor de Publicidade), Ana Carolina Corrêa, Valéria Guerra, Valquiria Rezende, Wilson Haddad (Gerentes Executivos), Paulo Fonseca (Gerente Comercial), Alisson Castro, Celeste Viveiros, Edson Ramão e Vinícius Rabello (Executivos de Negócios), Andréia Luiz (Assistente Comercial) Projetos Especiais Heitor Pontes (Diretor Executivo), Márcia Abreu (Gerente), João Felippe Macerou Barbosa e Samara Ramos Departamento de Mercado Leitor Nido Meireles (Diretor), Nancy Socegan Geraldi (Assistente Diretoria), Alexandre Rodrigues (Gerente de Processos), Denes Miranda (Coordenador de Planejamento) Central de Assinantes e Venda de Assinaturas Janete Russowsky (Gerente de Assinaturas), Vanessa Rezende (Supervisão de Atendimento), Conceição Alves (Supervisão) São Paulo e demais localidades 0800 021 0118 Rio de Janeiro (Capital) (21) 3878-9100 De segunda a sexta-feira - das 6h30 às 18h30. Sábados, domingos e feriados - das 7h às 14h. [email protected] Central de Atendimento ao Jornaleiro (11) 3320-2112 Jornalista Responsável Ricardo Galuppo TABELA DE PREÇOS Assinatura Nacional Semestral Anual Trimestral R$ 147,50 R$ 288,00 R$ 548,00 Condições especiais para pacotes e projetos corporativos (circulação de segunda a sexta, exceto nos feriados nacionais) Impressão: Editora O Dia S.A. (RJ) Oceano Ind. Gráfica e Editora Ltda. (SP/MG/PR/RJ) FCâmara Gráfica e Editora Ltda. (DF/GO) RBS - Zero Hora Editora Jornalística S.A. (RS/SC) 4 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 DESTAQUE APAGÃO DE MÃO DE OBRA Trabalhador sem qualificação agora é artigo de luxo Governo estuda facilitar contratação temporária de aposentado e estudante; falta de mão de obra atinge até funções básicas Eva Rodrigues [email protected] O Brasil vive hoje um paradoxo ao registrar uma taxa de desemprego ainda alta — 12,4% em julho, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) — ao mesmo tempo em que se intensificam as preocupações em torno de escassez de mão de obra, do menor ao maior grau de qualificação, em sintonia com as boas perspectivas de crescimento nos próximos anos. O chamado apagão de mão de obra, termo que pode soar excessivo ainda, mostra de toda forma que já se constata grande descompasso entre oferta e as reais demandas de empresas de diferentes áreas. Para dar fôlego ao setor privado, em especial varejista, o governo avalia estabelecer novas regras e incentivos para a contratação de trabalhadores por tempo determinado, como um mecanismo de contratação rápida e temporária de aposentados e estudantes. A ação está sendo gestada sob sigilo, segundo disse integrante do governo ao BRASIL ECONÔMICO. O problema foi levado ao ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, durante reunião, entre outros, com Maria Luiza Trajano, presidente do Magazine Luiza e membro do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV). Foi-lhe entregue sugestão de Medida Provisória (MP). Nenhuma das partes quer se pronunciar sobre o assunto. Para se ter uma ideia, somente na cidade de São Paulo, o Centro de Apoio ao Trabalhador (CAT) registrou alta de 32,2% nas vagas ofertadas de janeiro a agosto deste ano: foram 101.694 postos ante 76.909 do mesmo período de 2009. Entre aspectos ligados à falta de aptidão, falta de experiência ou qualificação específica, o CAT tem vagas abertas de operador de telemarketing, atendente de lanchonete, cozinheiro, pedreiro, vendedor e eletricista, entre outras. Para entender um pouco da questão da oferta de mão de obra “ Mesmo um atendente precisa de qualificação mínima para se relacionar, precisa saber escrever ou digitar um pedido no computador de mão” Clemente Ganz, diretor técnico do Dieese CONTA MAIS ALTA ✽ Luiza Rodrigues, economista do Santander, acredita que o mercado de trabalho brasileiro vai continuar apertado. “A economia é dinâmica e o mercado vai se regulando através dos preços: ou a empresa paga mais para ter o profissional preparado ou contrata o menos experiente e treina. De qualquer modo, vai gastar mais.” Economista da MB Associados, Sérgio Vale observa que no longo prazo o desafio está em atacar a lacuna entre o ensino básico fraco e o ensino técnico e universitário de melhor qualidade. “A deficiência no ensino fundamental e médio, que tem levado a taxa de analfabetismo funcional ao nível de 30%, dependendo do critério que se use, precisa ser atacada, mas esse é um processo longo de ajuste”, pondera. hoje é preciso retornar aos anos 1990, cenário marcado por uma economia instável e de crescimento medíocre. Na época houve a desmobilização dos cursos profissionalizantes movida pela crença de que os postos formais de trabalho seriam escassos no futuro e que as ocupações técnicas na indústria dariam lugar a postos no setor de serviços. “Essas verdades dos anos 1990 já não valem para uma economia que hoje, além de estável, vai crescer no patamar de 7% e tem um mercado de trabalho com demandas em todos os setores e níveis de qualificação. De qualquer maneira, pagamos hoje o preço da política de desmobilização na formação de pessoas ocorrida na década de 1990”, diz o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz. A alta demanda, no entanto, se depara com situações peculiares no contingente de potenciais trabalhadores. Há uma parcela da população que está há décadas excluída do mercado de trabalho e de consumo, sem projeto profissional, e que não encontra espaço nem mesmo em ocupações básicas. “Mesmo um atendente precisa de qualificação mínima para se relacionar, precisa saber escrever ou digitar um pedido no computador de mão”, observa Ganz. Outra dificuldade diz respeito à pessoa que encontrou alternativa de trabalho no mercado informal — trazê-la para a formalidade é um processo complexo. “Para quem tem um pequeno negócio informal, mudar para um emprego formal está diretamente ligado às condições de trabalho oferecidas. Se não houver uma vantagem mínima ele não vai querer a troca”, avalia o diretor do Dieese. Historicamente com uma estrutura de formação educacional voltada para humanidades, hoje o Brasil se vê às voltas com a falta de engenheiros, por exemplo, justamente por conta da alta demanda da construção civil. “O Brasil tem excesso de profissionais como advogados, mas forma menos engenheiros do que a Coreia do Sul”, diz a economista do Santander, Luiza Rodrigues. ■ Com Simone Cavalcanti Marcos Toledo, da 5 à Sec: parceria com Abraseco para capacitar funcionários Rotatividade Rei do Mate, 5 à Sec, Dicico e Ri Happy enfrentam obstáculos para manter funcionários Cintia Esteves [email protected] Com salários baixos e expediente aos finais de semana, nunca foi tarefa fácil reter mão de obra no varejo. Mas com a expansão acelerada das redes — já se fala em falta de shoppings para a quantidade de lojas que as empresas pretendem abrir — a situação piorou. Para não perder funcionários para a concorrência, as empresas investem em capacitação. Nas 12 lojas da 5 à Sec do empresário Marcos Toledo é comum que funcionários deixem a empresa para, segundo ele, ganhar menos e trabalhar mais. “Aqui, alguns funcionários sentem que trabalham em uma simples lavanderia. Então eles vão para o shopping center onde, muitas vezes, o salário é menor e a carga horária é maior”, afirma Toledo. “Eles acham que o shopping tem mais glamour, apesar de precisarem trabalhar aos finais de semana”, diz. Para driblar o problema, o empresário pretende vender uma imagem me- Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 5 LEIA MAIS A oferta de emprego em todo o país reduziu a migração de trabalhadores do Nordeste para São Paulo, provocando falta de operários ainda maior na construção civil. O setor têxtil no estado de São Paulo contará com mais de 351 mil postos de trabalho em 2012, sendo 56 mil vagas somente para costureiras, aponta estudo da Fiesp. Hoje a profissão de caminhoneiro exige novas habilidades, como lidar com computadores e rastreadores. Nem todos estão preparados para isso e recusam trabalho. Henrique Manreza Franquias Cresce rotatividade dos restaurantes de comida asiática No setor de franquias de alimentação, os restaurantes de comida asiática foram os que registraram maior aumento de rotatividade de funcionários em 2009. Dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF) mostram que a rotatividade destes restaurantes passou de 33,1% em 2008 para 47,1% no ano passado. O segmento de cafeterias ficou em segundo lugar, indo de 22,7% e 27,9%. Apesar do crescimento no número de desligamentos nestes dois tipos de restaurante, são as lojas de sanduíches as campeãs da rotatividade, com 88%. O número permaneceu estável em relação a 2008, assim como o percentual de rotatividade das docerias, que foi de 80%. Apenas dois segmentos conseguiram reduzir o número de desligamentos. Os restaurantes de comida variada — lanchonetes que mesclam a venda de pratos prontos e lanches entram nesta classificação — reduziram para 6,7% a rotatividade que era de 13%. As franquias especializadas em massas e pizzas saíram de uma rotatividade de 60,7% para 40%. “O setor de alimentação é visto como a oportunidade do primeiro emprego. Mas ele está cada vez mais profissional e as pessoas precisam vê-lo como uma opção de fazer carreira”, diz João Baptista, coordenador do comitê setorial de alimentação da ABF e diretor de franquias do Rei do Mate. C.E. alta é desafio para redes de varejo lhor da empresa durante os treinamento. “Meu funcionário tem que perceber que ele não trabalha em uma lavanderia comum e, sim, em uma multinacional francesa”, afirma. Parte desta dificuldade em reter mão de obra qualificada deve ser resolvida com a inauguração do centro de treinamento da Associação Brasileira de Limpeza a Seco (Abraseco). “O nível de mão de obra encontrado no mercado é muito básico e não atende mais as nossas expectativas. Os cursos da Abraseco serão bancados por nós, os associados”, diz. Nos “ O nível de mão de obra encontrado no mercado é muito básico e não atende mais às nossas expectativas Marcos Toledo, franqueado da 5 à Sec shopping centers, a dificuldade em segurar o funcionário é a mesma. Por esta razão, o treinamento dos colaboradores também virou prioridade no Rei do Mate. Há dois anos, a empresa fornecia apenas cursos semestrais para treinar a mão de obra dos lojistas. “Agora atendemos de acordo com a demanda. Os cursos semanais viraram rotina”, afirma João Baptista, diretor de franquias do Rei do Mate. Sem garantias Mesmo com treinamento, o varejista ainda corre riscos. Na Dicico, especializada em mate- riais para construção, cerca de 3% dos 3 mil funcionários da rede deixam a empresa mensalmente. “O treinamento dura 60 dias, só então o funcionário recebe a senha do sistema para começar a trabalhar. Mas em muitos casos, ele nem começa o trabalho e já pede demissão”, afirma Dimitrios Markakis, presidente da Dicico. Nas lojas da rede localizadas no litoral paulista, a situação é ainda mais complicada. “No verão, tem gente que não vai trabalhar aos finais de semana para vender bebida na praia”, afirma o empresário. Além de disputar mão de obra com o próprio varejo, a Dicico também perde algumas pessoas para escritórios de profissionais liberais, onde não costuma haver expediente aos final de semana. Ricardo Sayon, presidente da Ri Happy, varejista de brinquedos, disse em entrevista recente ao BRASIL ECONÔMICO que a empresa mudou seu formato de contratações em função das dificuldades em encontrar pessoal. Há dois anos, a varejista contratava apenas quem estivesse desempregado. Agora, esta regra não existe mais, devido à dificuldade em encontrar mão de obra. ■ 6 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 DESTAQUE APAGÃO DE MÃO DE OBRA Disputa na construção inflaciona salários Empresas investem também no preparo de funcionários e pensam em mecanização Natália Flach POSTOS DE TRABALHO NO ESTADO DE SÃO PAULO [email protected] Até três anos atrás, a construtora Eztec enviava um ônibus vazio para Paraíba que fazia o trajeto de volta para São Paulo com todos os assentos ocupados. Eram trabalhadores em busca de salários maiores e melhores condições de vida. Mas hoje, se muito, embarcam duas pessoas no veículo. Antônio Emílio Fugazza, diretor de relações com investidores da companhia, acredita que um dos motivos para o fim dessa migração temporária é a oferta de emprego na construção civil em todos os cantos do país, devido às inúmeras obras de infraestrutura em andamento. “Muitas vezes, as pessoas também não deixam as suas casas, porque contam com benefícios sociais, como o Bolsa Família.” A saída da empresa foi contratar quase mil funcionários para os canteiros de obras, e não mais usar temporários. O caso da Camargo Corrêa não é muito diferente. Na década de 1970, durante o chamado “milagre econômico”, a construtora chegou a recrutar pessoas na rodoviária de São Paulo. Mas hoje a companhia adota outra estratégia: em parceria com o Senai, criou o projeto Geração Sustentável, que ministra cursos de qualificação profissional para os moradores das cidades vizinhas à hidrelétrica de Jirau, em Rondônia, que hoje emprega 16 mil pessoas. Ao todo, foram investidos R$ 10 milhões e a previsão é de sejam formados 10 mil profissionais. Mesmo com esses programas de qualificação, a falta de mão de obra tem suscitado uma disputa entre construtoras, empreiteiras e prestadoras de serviço, o que acaba inflacionando os salários dos profissionais acima, inclusive, do índice nacional de custo da construção (INCC). Hoje, um pedreiro ganha, em média, R$ 2,5 mil, e um mestre de obras, R$ 8 mil, enquanto um engenheiro conta com salário inicial de R$ 5 mil. De acordo com César Worms, diretor financeiro da BNCorp, os gastos com mão de obra passaram, nos últimos dois anos, de 20% para 25% do total de custos relacionados aos projetos da in- Projeção até 2012, em milhões de vagas* CONSTRUÇÃO CIVIL 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,57 0,63 2009 2010 0,68 0,74 2011 2012 ALIMENTOS 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,36 0,38 0,39 0,40 2009 2010 2011 2012 TÊXTIL 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,29 0,32 2009 2010 0,33 2011 0,35 2012 As onze mil empresas de vestuário de São Paulo têm dificuldade para encontrar profissionais capacitados AUTOMOBILÍSTICO 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,26 0,29 2009 2010 0,31 0,34 2011 2012 3,01 3,12 3,29 2010 2011 2012 INDÚSTRIA 0 0 2,71 0 0 0 0 0 0 2009 Elaborado pelo Departamento de Ações Regionais (Depar) da Fiesp Fonte: Rais 2009 *Abertura de novas vagas e reposição de pessoal corporadora. “Tentamos ser competitivos oferecendo bônus para tentar retê-los e conseguir comprometimento com os prazos de entrega dos imóveis.” O impacto disso já chegou até ao bolso do consumidor. A Cyrela aumentou em 20% os preços no primeiro semestre. “Quando se faz a conta do INCC, só é levado em conta o dissídio coletivo”, diz Ubirajara Spessotto, diretorgeral da Cyrela. Temporários e aumentos extras ficam de fora, A saída para o gargalo, segundo Fugazza, será o uso de tecnologias e de estruturas prémoldadas. “No Brasil, são usados 30 homens/hora por metro quadrado, enquanto, nos Estados Unidos, a relação é de 13, por causa dos equipamentos que usam. Estamos caminhando para essa mecanização.” ■ DISPUTA Fundição Filomena perde funcionário por R$ 20 Com 27 quiosques instalados em shopping centers, a Fundição Filomena, especializada em bijuterias, perde cerca de 70% de seus 108 colaboradores a cada três meses. “Certa vez uma vendedora pediu demissão porque outro varejista prometeu pagar R$ 20 a mais de salário”, lembra a diretora de marketing, Jacqueline Lopes. Para minimizar a rotatividade de vendedores, a rede de quiosques investe em premiações. “Temos metas diárias, semanais e mensais, com prêmios que variam de uma entrada para o cinema a uma viagem”, diz Jacqueline. Por ano, a varejista investe R$ 200 mil em treinamento e está aliando o cumprimento das metas à participação nesses cursos. “Para receber os benefícios da meta cumprida, o colaborador precisa participar do treinamento”, diz. A situação na Fundição Filomena fica ainda mais complicada devido ao perfil dos vendedores contratados. “São jovens universitários que veem o emprego no varejo como um serviço passageiro”, diz. “Como não planejam carreira nesta área, eles trocam de empresa sem pensar duas vezes”, diz. Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 7 Marcela Beltrão Procuram-se 56 mil costureiras Previsão é para a indústria têxtil no estado de São Paulo; total de vagas será de 351 mil em 2012 Eva Rodrigues [email protected] Estudo obtido com exclusividade pelo BRASIL ECONÔMICO projeta que o setor têxtil no estado de São Paulo sairá de um patamar de 289.910 postos de trabalho em 2009 para 351.404 em 2012. Desse total, 56.335 vagas serão somente para costureiras. Os dados fazem parte do Projeto Capital Humano, desenvolvido pelo Departamento de Ação Regional (Depar) da Fiesp, e encontram respaldo na alta demanda verificada hoje no setor. Diretor-executivo de três sindicatos ligados ao vestuário — Sindivest, Sindiroupas e Sindicamisas —, Pedro Fortes afirma que se houvesse costureira especializada o setor absorveria hoje 30 mil novos empregos, considerando postos novos e substituição de profissionais que não são adequados nas 11 mil indústrias de vestuário no estado. “A produção aumentou bastante nos últimos 12 meses e há falta de mão de obra qualificada no setor”, afirma, ao Entidades trabalham para evitar que a formação profissional se descole das reais necessidades decorrentes das dinâmicas regionais acrescentar que os sindicatos estão trabalhando em conjunto com o Senai e com as lideranças industriais nos diferentes polos de vestuário do estado para estabelecer programas de treinamento que realmente signifiquem empregabilidade nas indústrias locais. “Além de evitar que os profissionais sigam o caminho da informalidade ou de profissional autônomo, a ideia é que os cursos sejam menos fechados e mais flexíveis, de acordo com a dinâmica da região. Nesse sentido, estamos trabalhando na reavaliação do formato dos cursos nos 28 núcleos de formação existentes no estado.” No caso específico da costureira, vale citar um fator ligado a mudanças sociais: a perda de atratividade da profissão ao longo dos anos. “Vemos pessoas que preferem trabalhar no comércio ou com informática. É um fator cultural que demanda um trabalho de revalorização dessas profissões”, diz o executivo. Além disso, o empresário hoje deve ter em mente a necessidade de retenção do trabalhador. “É fato que empresas de diversos setores se espalham pelo estado e a facilidade de mudar de emprego hoje é real.” Capital Humano Para maximizar a estrutura de oferta profissional de acordo com as demandas do mercado de trabalho, o Depar já fez estudos que projetam a geração de postos de trabalho no horizonte de 2012 para os setores de maior demanda no estado: construção civil, alimentos, automobilístico e agora o segmento têxtil. A partir de projeções de PIB setorial e de taxa de reposição de pessoal, os estudos buscam antever a necessidade futura de mão de obra — qualitativa e quantitativa — nos diferentes segmentos. O Depar trabalha em estreita parceria com o Senai, o Centro Paula Souza e o Instituto Federal São Paulo (IFSP). A ideia é evitar que a formação profissional se descole das reais necessidades decorrentes das dinâmicas regionais. ■ ESCASSEZ DE GENTE Henrique Manreza FRANKLIN FEDER Presidente da Alcoa para América Latina e Caribe “A guerra por talentos no Brasil é real” No comando dos negócios latino-americanos da Alcoa no Brasil, Jamaica e Suriname desde 2007, Franklin Feder comandou o aporte de R$ 3 bilhões para tirar do papel a mina de Juruti (PA), reserva com 700 milhões de toneladas de bauxita na Floresta Amazônica. Passo ousado em meio ao caos financeiro de 2008, dado por um funcionário com 30 anos de casa. “A nova geração é de gente que circula em muitos empregos”, critica. A característica contribui, segundo ele, para o assédio da concorrência sobre profissionais da maior produtora de alumínio do globo. “Os próximos dez anos serão um grande problema se continuarmos a perder talentos.” Como lidar com a questão da mão de obra em Juruti? O município é extremamente carente, com qualidade de vida muito rústica. Estamos, inclusive, construindo um hospital para a população local. A primeira dificuldade é atrair uma família (de funcionário) para lá. Mesmo o pessoal solteiro, que é mais aventureiro, vai para ficar apenas um ou dois anos. O desafio é enorme e a solução é desenvolver talentos locais. Trabalhamos desde o início para capacitar pessoal em parceria com o Senai. A formação profissional é um grande problema no país... A maior escassez do Brasil não é de capital ou tecnologia, é de gente. No nosso caso, um dos problemas é a perda de talentos. A guerra por talentos é uma questão real no país. Temos perdido muita gente nos últimos meses, porque empresas e headhunters (caça-talentos) miram a gente. Os próximos dez anos serão um grande problema se continuarmos a perde talentos. Como evitar isso? A concorrência oferece 30% ou 40% a mais de salário. Oferece um sonho. É complicado segurar as pessoas, principalmente porque a nova geração é de gente que circula em muitos empregos. Fizemos pesquisas de satisfação com funcionários e constatamos que eles primam pelo orgulho de serem funcionários da Alcoa, mas quando se é jovem e alguém oferece um salário maior, não há amor que segure. Esse vai ser o grande fator limitante do crescimento sustentável nos próximos anos. Há alguma sinergia entre os núcleos latino-americanos? Sim, há troca de pessoas. Hoje, quem toca a refinaria na Jamaica é um brasileiro. Além da troca de práticas de gestão e de matéria-prima. Como o Brasil é visto dentro do Grupo Alcoa? O país representa cerca de 20% do total dos ativos do grupo e 5% do faturamento, o que torna a região importante. Mas, mais do que isso, a região representa um horizonte de crescimento real. É no Brasil que temos uma base consistente e estamos prontos para crescer. Nivaldo Souza 8 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 DESTAQUE APAGÃO DE MÃO DE OBRA Murillo Constantino Caminhoneiro troca mão na graxa por GPS e rastreador A função de motorista está tendo de se adaptar às novas tecnologias, como o uso de pequenos computadores de bordo Regiane de Oliveira [email protected] Esqueça a imagem dos caminhoneiros do seriado da Globo, Carga Pesada, imortalizada pelos personagens Pedro (Antônio Fagundes) e Bino (Stênio Garcia). O ar romântico dos motoristas boêmios que desbravavam as estradas do país há muito não é mais realidade. “Não dá para dizer que eles desapareceram, mas estão cada vez mais raros no setor de logística”, afirma Alexandre Kolosvary, ex-caminhoneiro e proprietário da transportadora Transvary, que faz a distribuição de produtos de empresas como Zara, C&A e Luigi Bertolli. Kolosvary afirma que hoje, para ser caminhoneiro, é preciso saber manejar, inclusive, um computador. A evolução da tecnologia na área de transporte fez com que os profissionais tenham que desenvolver novas habilidades. Ainda não é comum que as empresas exijam mais do que o ensino fundamental. “Mas os profissionais têm de ter noção de rastreamento e até mesmo etiqueta”, conta Kolosvary, que administra uma empresa com 50 veículos. “Muitos motoristas, quando sabem que terão de manejar um rastreador, recusam o trabalho”, afirma Kolosvary. Segundo ele, os profissionais ficam intimidados com o equipamento que acompanha a viagem e dá todos os passos que o motorista deve seguir. “Por isso, contratar hoje é um problema”, afirma. Saber matemática é o mínimo que as empresas exigem, conta o motorista Roberto Carlos Peres, que há 20 anos atua no mercado de logística. Peres é técnico em mecânica pelo Senai, curso que fez após terminar o ensino médio. Atuou no setor bancário e depois decidiu pela vida na estrada. E segundo ele, não faltam motoristas. “O que vejo hoje são profissionais experientes que não conseguem arrumar bons empregos porque não cumprem as exigências básicas, como saber calcular o peso da carga.” Quanto maior a exigência, maior o salário. “O piso da categoria em vários locais não chega a R$ 1.000, mas os motoristas tem ganhos de cerca de R$ 3.000 em determinadas fun- Muitos motoristas, quando sabem que terão de manejar equipamento de rastreamento, recusam o trabalho Alexandre Kolosvary, ex-motorista e dono da transportadora Transvary: contratar bons profissionais tornou-se um problema ções”, afirma Peres. São eles os chamados “cegonheiros”, que transportam carros e os “petroleiros”, que atuam na distribuição de combustíveis. Porém, atualmente, não é só o salário que determina a escolha da empresa. “Recebo muitos convites, mas prefiro atuar onde me sinto mais seguro”, afirma o motorista. Os problemas com roubo de carga aumentaram no país, diz Peres. O tipo de carga e a utilização de equipamentos de rastreamentos são critérios de segurança para o motorista. ■ PROMINP Ensino nas áreas de petroleo e gás natural Diante da alta demanda de mão de obra projetada para os próximos anos, o Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp) vem capacitando, desde 2006, profissionais através de cursos gratuitos de nível básico, médio, técnico e superior em 175 categorias. Já foram investidos em torno de R$ 260 milhões no chamado Plano Nacional de Qualificação Profissional (PNQP), com envolvimento de cerca de 80 instituições de ensino em 17 estados. Além dos cursos gratuitos, são oferecidas bolsas-auxílio mensais para os alunos desempregados, que vão de R$ 300 a R$ 900, dependendo do nível de escolaridade. Até o final de 2010, a perspectiva é de que 78 mil profissionais estarão qualificados. Além disso, a execução do plano de negócios da Petrobras para o período 2009-2013 vai demandar a qualificação de mais 207 mil pessoas, em 185 categorias profissionais, para o atendimento dos empreendimentos previstos no período. Essa demanda adicional será incorporada ao plano de de qualificação do Prominp após aprovação da Petrobras e da Agência Nacional do Petróleo (ANP). E.R. Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 9 “Conselhão” propõe saídas para formação Modelo de incentivos fiscais a empresa dos anos 1970 é caminho para formação de trabalhadores Eva Rodrigues [email protected] As preocupações em torno da capacitação de mão de obra no país chegaram ao Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), o chamado “conselhão”, que organizou uma mesa de discussões em meados de agosto para tratar do tema. Do encontro saíram duas sugestões que foram expostas na reunião plena do CDES em Brasília no último dia 26: a criação de um modelo baseado em incentivos fiscais, nos moldes do ProUni, e, em outra frente, a concessão de benefícios fiscais para que empresas banquem a formação dos trabalhadores. O presidente da Trevisan Escola de Negócios, membro do CDES e coordenador da mesa de discussões sobre capacitação profissional, Antoninho Marmo Trevisan, avalia que o melhor caminho para uma política de capacitação nacional não está em o governo assumir a criação de escolas e sim em estimular empresas e escolas para que o façam. A concessão dos incentivos fiscais a escolas profissionalizantes, pegando carona no modelo já existente para o ensino superior através do ProUni, é uma das alternativas. A outra vertente de incentivo também não é nova e busca referência nos anos 1970, momento de forte crescimento econômico como o experimentado hoje. “Nessa época, o trabalhador escolhia o curso, a empresa arcava com os custos e ganhava incentivos fiscais por isso. O modelo funcionava muito bem e durou até os anos 1980, quando a crise fiscal acabou com esses incentivos”, lembra Trevisan. “ Vivemos um acelerado processo de mudanças, as escolas serão cada vez mais empresas e as empresas cada vez mais escolas, numa troca que precisa ser sistemática e rápida para que a formação dê conta das dinâmicas da vida real Antoninho Marmo Trevisan, Formação profissionalizante O Centro Paula Souza, que administra 188 escolas técnicas estaduais (Etec) e 49 faculdades de tecnologia (Fatec) tem indicadores de empregabilidade que dão boa sinalização da alta demanda — a média para os cursos técnicos é de 74% e, no caso daqueles para tecnólogos, de 93%. O curso da Fatec para a área de Construção Civil/Edifícios, por exemplo, registra empregabilidade de 97,1%. Mas o cenário presidente da Trevisan Escola de Negócios dessa formação profissionalizante no país é crítico se forem observadas estatísticas do setor. Segundo o coordenador de Ensino Médio e Técnico do Centro Paula Souza, Almério Melquíades de Araújo, no conjunto da população na faixa etária de 14 a 17 anos matriculada no ensino médio, apenas 4,3% está frequentando um curso técnico, índice que salta para 25% na Argentina e para 38% no Chile. Na avaliação de Araújo, esse cenário é decorrente de uma enorme proliferação de cursos superiores ocorrida no país a partir dos anos 1980. “Hoje há uma percepção de que boa parte dos diplomas de nível superior não profissionalizam como deveriam e que o curso técnico serve, inclusive, como sustentabilidade para que se prossiga no curso superior.” No Serviço Industrial de Aprendizagem Industrial (Senai), que visa atender às demandas do setor produtivo nacional, o grande desafio é a articulação entre as entidades representativas de diferentes setores para qualificar e quantificar asnecessidades por cursos. “Nosso trabalho é de revisão constante nos cursos à medida que surgem novos processos e tecnologias”, diz o diretor técnico do Senai-SP, Ricardo Terra. Em sua avaliação, a discussão necessária hoje não é de falta de mão de obra e sim de boa formação. “Falta integração entre poder público, entes formadores e a sociedade no sentido de tratar a educação de forma profunda, da base às instâncias superiores.” ■ AGRONEGÓCIOS Mecanização faz usinas darem cursos a ex-cortadores de cana As usinas de cana-de-açúcar da região Centro-Sul estão investindo na capacitação dos cortadores que trabalham na colheita manual da planta, à medida que a mecanização do processo já supera 50% da produção e pode desempregar milhares de boias-frias. No primeiro semestre, o projeto RenovAção criou 2 mil vagas de capacitação profissional em cursos como motorista e mecânico de colheitadeira. A segunda etapa, lançada agora, vai oferecer cursos também fora do setor canavieiro, como de panificação e corte e costura. 10 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 OPINIÃO José Dirceu Adriano Pires Advogado e ex-ministro da Casa Civil Diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura Futuro empreendedor Usinas termonucleares Não é de hoje que se alude à importância dos micros e pequenos empresários para a economia. Mas dados recentes permitem aferir com maior precisão o papel desempenhado pelo setor. Os números são do 3º Anuário do Trabalho da Micro e Pequena Empresa, elaborado em conjunto pelo Dieese e Sebrae. Se há consenso de que a força da economia brasileira na crise econômica teve como um dos pilares a geração de empregos, que ajudou a impulsionar a renda e a blindar nosso país à recessão, as micros e pequenas empresas (MPEs) foram decisivas. Segundo o anuário, o setor gerou mais de 1 milhão de novos empregos formais em 2008, frente a pouco mais de 200 mil criados pelas médias e grandes no mesmo período — cinco vezes mais. Há outros números significativos. Mais da metade (52%) dos empregos com carteira assinada está nas MPEs (13 milhões), o que revela o potencial de formalização. Em 2002, eram 9,5 milhões, um salto de 36% no governo Lula, o que indica que as políticas voltadas às MPEs têm surtido efeito. Ademais, quase dois terços (64,9%) das vagas geradas estão no interior, reduzindo as pressões nos já saturados grandes centros urbanos. Em 2000, a taxa de mortalidade das MPEs era de 71% até os cinco anos de vida, índice elevadíssimo. Hoje, essa taxa é de 58%, patamar ainda alto, mas em queda. Além dos programas do próprio Sebrae, de apoio e orientação aos futuros empreendedores, uma série de políticas federais contribuiu decisivamente para isso. A eficácia dessas medidas está baseada nos financiamentos, créditos e incentivos dos bancos públicos. Na crise, foi criado um fundo garantidor para reduzir o risco de quebra das MPEs. Além disso, foi aprovado projeto de lei complementar que incluiu o microempreendedor individual (MEI) entre as categorias que passaram a ser tributados pelo SuperSimples e reduz a 11% a contribuição previdenciária. Tal legislação incentiva a formalidade, viabiliza o crédito e permite o acesso à inovação e à tecnologia. Houve também facilitação tributária às MPEs. Em um momento em que as discussões a respeito de uma possível mudança climática em curso crescem em todo o mundo, as exigências sobre a menor emissão de gases causadores de efeito estufa pelo setor de energia colocam as usinas termonucleares (UTNs) de volta como uma opção importante. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirma em seu relatório anual de 2009 que o interesse pela energia nuclear continua a aumentar no mundo. De acordo com a agência, apenas em 2009 foram iniciadas as construções de 12 reatores, o maior número desde 1987. Ao todo, 55 reatores se encontravam em fase de construção em 2009, o maior número desde 1992. Segundo a AIEA, em julho de 2010, há um total de 439 reatores em operação para a geração de energia elétrica, distribuídos em 30 países, somando uma potência total de 373 giga watts (GW); aproximadamente 8% do parque instalado mundial. Dentre os países com os maiores parques geradores, destacam-se os EUA, com 104 reatores e potência de 100,4 GW, a França, com 58 reatores e potência de 63,1 GW, e o Japão, com 54 reatores e potência de 46,8 GW. A retomada dos investimentos em UTNs está sendo impulsionada principalmente por países emergentes, notadamente China, Rússia, Índia e Coreia do Sul. Em 2010, dos 61 reatores em construção, que contarão com uma potência total de 59,1 GW, 44 estão localizados na China, na Índia, na Rússia e na Coreia do Sul, que somarão juntos uma potência total de 41,8 GW. Em 2010, dos oito novos reatores que iniciaram construção, seis estão na China e Rússia. Cerca de 84 mil pequenas e médias empresas fecham as portas a cada ano, o que mostra que são necessárias políticas de apoio a elas Calcula-se que 84 mil MPEs fechem as portas a cada ano, o que mostra que há necessidade de intensificar as políticas de apoio a esses empreendedores. Pelo importante papel da última década e pelas carências que ainda possuem, as MPEs têm atenção especial na agenda da candidata Dilma Rousseff. Representante da continuidade do governo Lula, Dilma quer criar um Ministério da Pequena, Média e Micro Empresa caso seja eleita em outubro. Trata-se de reunir as iniciativas já existentes e intensificar os benefícios a um setor que totaliza 99% das empresas brasileiras. Esse futuro ministério tem como desafios, entre outros, aumentar a expectativa de vida das MPEs, diminuir a burocracia, estimular a criação de empregos e coordenar políticas exportadoras (limitando eventuais impactos do câmbio), além de elaborar medidas que possam introduzir tecnologias e inovação nas produções, ampliando o valor agregado final. Como se vê, a ideia é boa e ajudará a dinamizar a economia do país, cujo potencial de crescimento é de 6,5% nos próximos quatro anos. ■ Com as discussões sobre clima, a Agência de Energia Atômica afirma o interesse pela energia nuclear continua a aumentar no mundo Com relação ao Brasil, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) concedeu à Eletrobras Eletronuclear a licença de construção para a UTN Angra III, caracterizando a retomada do programa brasileiro de energia nuclear. De acordo com a Eletrobras, a UTN Angra III demandará investimentos de R$ 9 bilhões e terá potência de 1.405 MW, o que a permitirá gerar cerca de 10,9 TWh por ano, o equivalente ao consumo residencial do estado do Rio de Janeiro em 2008. A Eletrobras Eletronuclear estima que a UTN Angra III inicie operação comercial em dezembro de 2015, quando, junto com as UTNs Angra I e II, elevará a potência total da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto para 3.412 MW. Apesar dos impactos causados pela crise financeira, que provocou atrasos na construção de novas usinas termonucleares no mundo, a AIEA afirma que os investimentos continuarão a se expandir, especificamente, dado o bom desempenho operacional das UTNs e de seus padrões de segurança. Existem também as preocupações com uma possível mudança climática, já que as emissões de carbono da geração nuclear são menores do que das tecnologias a combustível fóssil, com a segurança do suprimento energético, com os preços voláteis e elevados dos combustíveis fósseis e com o crescimento da demanda de energia. Todos esses aspectos contribuem para a recente retomada dos investimentos em usinas termonucleares no mundo. ■ CARTAS BANDEIRA VERDE MOBILIZA WALMART, CARREFOUR E PÃO DE AÇÚCAR Hoje em dia, no mundo em que vivemos, é de extrema importância o respeito com o meio ambiente. Ter lucro com sustentabilidade só é possível quando a empresa possui uma mentalidade onde ela preserva princípios de responsabilidade ambiental e respeito com os seus clientes e colaboradores. Fiquei com vontade de ler mais sobre o marketing ambiental do Walmart. Juliana Ferreira Neves Garça (SP) VISTA ASSIM DO ALTO - FOTOS E REPORTAGEM DO CADERNO OUTLOOK Fiquei muito contente com a reportagem publicada na última sexta-feira, ficou incrível. Gostei do texto de Luiz Henrique Ligabue, parabéns! Um privilégio ter espaço para minhas fotos em um jornal tão bom. Muitíssimo obrigado. Cássio Vasconcellos São Paulo (SP) ENTREVISTA COM MARCO NANINI CADERNO OUTLOOK A entrevista de Cristina Ramalho com Marco Nanini, que eu conheço, ficou ótima, parabéns! O texto de abertura é super bonito e a entrevista ficou muito boa. Fernando Libonati São Paulo (SP) CORREIOS ESQUENTA BRIGA COM FRANQUEADOS E CONCORRENTES Trabalho com comércio via internet e tenho os Correios como instrumento de logística para fazer chegar os meus produtos aos quatro cantos do Brasil. Porém, recentemente tenho tido muitas dificuldades com os meus clientes devido ao péssimo serviço prestado por essa empresa, que por muito tempo foi referência de eficiência e bons serviços. Os atrasos e extravios das correspondências têm causado indignação nos clientes, que se sentem lesados pela demora e até mesmo pelo não recebimento de produtos. Essa situação tem tido como consequência prejuízo financeiro e moral, já que em meu site os clientes registram a sua indignação em uma área própria a comentários, expondo os visitantes e futuros clientes a uma falsa impressão de incompetência e desonestidade depois de dez anos de bons serviços prestados. Walter Magalhães Oliveira Montes Claros (MG) ROBERTO FREIRE COMPARA LULA A MUSSOLINI É muito fácil fazer críticas quando se está do lado contrário na tomada de decisões. Fica cômodo criticar quando não se tem o compromisso de fazer as mudanças que o país precisa. Darcy Paschoal Rio de Janeiro (RJ) Concordo com Roberto Freire, presidente do PPS, em tudo o que disse nessa entrevista publicada no BRASIL ECONÔMICO. Esse governo atual é, no mínimo, autoritário. Federico Miranda Londrina (PR) Cartas para Redação - Av. das Nações Unidas, 11.633 – 8º andar – CEP 04578-901 – Brooklin – São Paulo (SP). [email protected] As mensagens devem conter nome completo, endereço e telefone e assinatura. Em razão de espaço ou clareza, BRASIL ECONÔMICO reserva-se o direito de editar as cartas recebidas. Mais cartas em www.brasileconomico.com.br. ERRATA Diferentemente do publicado na reportagem “Oferta de ações pode sair em até 5 dias”, veiculada no último dia 2 de setembro, o nome da professora da Direito GV, da FGV, é Roberta Nioac Prado, e não Renata Prado. A corretora que realizou a análise das ações da General Shopping, publicada na nota “Venda de participação é boa notícia”, da edição do último dia 6, foi a Fator, e não a Ativa, como informa o título. Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 11 Lady Gaga irrita defensores dos animais Seguindo os passos de Madonna como musa do pop, Lady Gaga também não foge de uma boa polêmica, muito pelo contrário. Como os tempos são outros, entretanto, em vez de polemizar apenas com sexo ela resolveu atacar o politicamente correto e posou para a Vogue Hommes, do Japão, vestindo apenas um biquíni confeccionado de bifes de carne crua. Não deu outra. Irritados, os ativistas do PETA, ONG que defende o direito dos animais, reagiram afirmando que trata-se de usar animais torturados. Fotos: divulgação IMAGEM AFETADA Com a convocação de um recall de mais de 130 mil veículos pela Kia, a montadora da Coreia do Sul resolveu promover uma mudança radical em seu comando. Chung Sung-eum, que era presidente executivo da empresa, pediu demissão nesta semana, poucos dias após o anúncio do recall que envolve os utilitários Soul, Sorento e Mohave. O líder decidiu assumir a culpa pelos chamados para proteger a imagem da empresa. No lugar de Chung Sung-eum, assumiu o presidente da marca, Hyoung Lee Keun, com o aval da controladora Hyundai. A montadora detectou problemas na fiação da rede elétrica dos modelos, e alertou para risco de incêndio. Na foto acima, tirada ontem em Seul, um homem caminha na frente de um outdoor do Soul em uma estação de metrô. ENTREVISTA SELMA PASCHINI Diretora-executiva da consultoria de recursos humanos Human Capital Reter talentos em tempos de crescimento Além de salários, profissionais buscam desafios profissionais e exposição internacional mais relevante para um bom profissional, ressalta Selma Paschini, da Human Capital. Mariana Celle Por que, cada vez mais, as empresas têm procurado desenvolver estratégias de retenção de talentos? Atrair e reter talentos fazem parte da rotina das empresas, mas em momentos de mercado aquecido, como vemos agora, em função dos elevados investimentos que vêm sendo feitos no Brasil, essa guerra se acentua. [email protected] O aquecimento da economia potencializa a concorrência entre empresas no mercado de trabalho. Elas querem captar bons profissionais ou reter as peças-chave de suas equipes. No momento atual, remuneração nem sempre é o quesito “Uma política de retenção eficaz é aquela capaz de entender o que é importante para os profissionais” Em que consiste uma boa prática de retenção de talentos? Talentos são profissionais altamente qualificados para as funções que ocupam e apresentam desempenho alto e sustentável. Apesar de terem características semelhantes, seus desejos podem ser bem diferentes. Uma política de retenção eficaz é aquela capaz de entender o que é importante para cada um dos profissionais que ela tem na equipe e personalizar a oferta, pois alguns aspiram um ótimo salário, outros buscam oportunidade de desenvolvimento, outros querem exposição internacional. É importante que a empresa saiba que não há salário, benefício ou perspectivas de carreira que compensem e que retenham um talento se o gestor deste talento for injusto, incompetente ou desrespeitoso. A retenção de talentos começa pela liderança exemplar. ■ Leia versão completa em www.brasileconomico.com.br 12 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 BRASIL País tem avanços sociais, mas são ainda limitados Expansão da internet e menos redes de saneamento em 2009 compõem paradoxo brasileiro, mostra pesquisa do IBGE Ricardo Rego Monteiro Marcela Beltrão [email protected] País de contradições, onde o moderno e o arcaico ainda convivem muito próximos, o Brasil assistiu ao crescimento do acesso da população à internet, entre 2008 e o ano passado. No mesmo período, no entanto, verificou a reversão dos índices de acesso dessa mesma população aos serviços de saneamento básico. Nos últimos dois anos, a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (Pnad) do IBGE detectou uma queda na proporção de residências ligadas à rede coletora de esgotos, de 59,3% do total para 59,1%, ao mesmo tempo em que verificou crescimento da população ligada à rede mundial de computadores – de 34,8% para 41,7%. A mesma Pnad, divulgada ontem na sede do IBGE, no Rio, confirma, com números, o que a prática cotidiana revela empiricamente. Apesar dos avanços econômicos, a melhoria dos indicadores sociais ainda ocorre a passos lentos, embora contínuos. Em dez anos, o analfabetismo caiu de 13,3% do total da população para 9,6%. Da mesma forma que em 1999, revela a pesquisa, as maiores taxas ainda são encontradas entre a população idosa (acima de 50 anos) da região Nordeste (40,1%). As menores, entre a população jovem (de 15 a 17 anos) da região Centro-Oeste (0,5%). Com relação à internet, constatou o IBGE, somente nos últimos quatro anos dobrou o número de pessoas com acesso à rede mundial de computado- Eduardo Nunes presidente do IBGE “O Brasil é um país de contradições sim, mas não está andando para trás. É fato que a velocidade de prestação de alguns servidos poderia ser maior, mas pressupõe investimentos maiores.” res no Brasil. Em 2009, revelou a Pnad, 67,9 milhões de entrevistados confirmaram ter usado a rede. Nesse período, o maior contingente foi verificado, respectivamente, nas regiões Sudeste (48,1% do total); Centro-Oeste (47,2%); e Sul (45,9%). Os menores patamares, pela ordem, foram identificados nas regiões Nordeste (30,2%) e Norte (34,3%). Apesar da disparidade, o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes, fez questão de minimizar os efeitos da comparação, ao desqualificá-la do ponto de vista prático. “Quando comparo a infraestrutura necessária para montar uma rede de saneamento é diferente da necessária para montar uma rede de internet. De mais a mais, a internet é uma rede nascente. Portanto, é fácil crescer muito na fase inicial, quando você amplia de 20% para 30%”, minimizou. Para o presidente do IBGE, a queda do índice de residências ligadas à rede de esgoto mascara os investimentos do governo, nos últimos anos, no setor de saneamento básico. Segmento que demanda desembolsos maciços de recursos públicos, principalmente, tende a apresentar resultados somente no longo prazo, de acordo com Pereira Nunes. O executivo admite, no entanto, a necessidade de intensificação do ritmo de investimentos em infraestrutura. “O Brasil é um país de contradições, sim, mas não é um país que está andando para trás”, ponderou o executivo. “Você pode até dizer que o ritmo de determinados serviços que devem ser prestados à população poderiam andar em velocidade maior”, reconhece. Essa velocidade maior, avalia, pressupõe investimento em infraestrutura, “mas este investimento precisa de tempo para ser captado pelas pesquisas.” No mesmo período, também foi ampliada a proporção de domicílios com acesso à rede geral de abastecimento de água (de 83,9% do total, em 2008, para 84,4% em 2009). Também manteve-se praticamente estável o acesso à rede elétrica, que variou de 98,6% da população, em 2008, para 98,9% em 2009. ■ UM RAIO X DO BRASILEIRO EM 1 Emprego foi afetado no 1º semestre do ano Para o presidente do IBGE, Eduardo Nunes, qualquer avaliação do desemprego em 2009 precisa levar em conta o primeiro e o segundo semestres distintamente. Enquanto no primeiro, o impacto foi maior, com a perda de mais vagas, no segundo, o mercado dava os primeiros sinais de reação. ANALFABETISMO ESCOLARIZAÇÃO CASA PRÓPRIA APARELHOS DE TV GELADEIRAS 9,6% Era a proporção de analfabetos 98,1% das crianças de 7 a 14 anos 73,5% do total de domicílios do país 96% 93,9% de todos os domicílios brasileiros das residências brasileiras na população do país, em 2009. Essa mesma taxa, dez anos antes, era de 13,3% do total de brasileiros, segundo o IBGE. de idade encontravam-se matriculadas na rede escolar do país, no ano passado. Essa proporção era de 98% em 2008. eram próprios, em 2009. Ao todo, revela a Pnad, o país dispunha, nesse período, de 58,6 milhões de residências. dispunham de aparelhos de TV, em 2009. Em 1992, essa proporção se limitava a 74% das residências do país. dispunham de geladeiras, proporção que, em 1992, se limitava a 71,5% do total de domicílios do país. Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 13 Henrique Manreza BNDES amplia recursos para produção O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) elevou o limite de financiamento do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) R$ 10 bilhões, para R$ 134 bilhões. O recurso virá de dotação extra da União, que passou de R$ 80 bilhões para R$ 90 bilhões, segundo a Medida Provisória 501 publicada ontem no Diário Oficial. O prazo para a concessão, voltada para produção, aquisição e exportação de bens de capital, foi ampliado para 31 de março de 2011. Alessandro Costa/Ag. O Dia Fila de candidatos a emprego: crise afetou mais do que esperado, mas menos do que em outros países AGENDA DO DIA ● IBGE divulga a inflação oficial de agosto pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), além de levantamento da produção agrícola no perído. ● CNI publica indicadores industriais referentes ao mês de julho. Crise teve impacto sobre emprego maior que esperado IBGE registrou aumento de desocupação de 8,4% em 2009, ante 7,2% no ano anterior. 2009 2 3 4 Alta do desemprego é a maior da década Acesso à energia ficou estagnado Internet dobrou o acesso em 4 anos O Brasil verificou no ano passado a maior taxa de desemprego da década, quando foi registrado um aumento de 18,3% da proporção de desempregados frente ao ano anterior. Se levada em consideração a série sem a área rural da região Norte, é a maior alta de toda a década no país. O acesso à infraestrutura de energia elétrica manteve-se praticamente estagnado no ano passado, frente a 2008. Nesse período, foi verificado ligeiro aumento dessa proporção, de 98,6%do total de residências, em 2008, para 98,9% do total, no ano seguinte. No ano passado, 67,9 milhões de pessoas declararam, no total, ter acessado ainternet de alguma forma, no Brasil. Enquanto em 2005, 20,9% da população indicava algum tipo de acesso à rede, quatro anos depois, tal proporção saltou para 41,7% dos brasileiros domiciliados no país. ESTADO CIVIL TELEFONE CELULAR EMPREGOS FORMAIS 45,8% da população se dizia casada no 94 milhões 32,3 milhões de pessoas, no Brasil, declararam de trabalhadores estavam ano passado. A região Sul do país, com 49,7% do total, era a que apresentava a maior proporção de pessoas nessa condição. ter aparelhos de telefonia celular de uso pessoal. Em quatro anos, 38 milhões passaram a dispor desse tipo de equipamento. empregados, em 2009, com carteira assinada, no Brasil. Em cinco anos, foram gerados 7,1 milhões de empregos formais. O mercado de trabalho brasileiro sentiu os efeitos da crise mundial, embora em menor grau do que a média dos países do mundo. Mesmo assim, o impacto sobre o emprego no Brasil não só foi maior do que o inicialmente divulgado pelo governo, como levou o indicador a um patamar recorde na década. Responsável pelo diagnóstico, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) identificou aumento de 7,2% para 8,4% da desocupação do país, entre 2008 e o ano passado. Impulsionada pela alta de 18,3% do contingente de pessoas à procura de emprego, no período, a variação resultou no contingente de 8,3 milhões de desempregados em 2009. O fenômeno, identificado pela versão 2009 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), ocorreu um ano depois de alcançar o menor patamar da série histórica (7,2%) desde 1996, quando alcançou 7%. A pesquisa contraria os primeiros diagnósticos do próprio IBGE sobre os efeitos da crise sobre o emprego no país, traduzidos pela Pesquisa Mensal do Emprego (PME). O levantamento, também divulgado neste ano, detectou variação de 7,9% para 8,1% no contingente de desempregados do país, entre 2008 e o ano passado. Se levada em consideração a série histórica que exclui a área rural da região Norte do país, o desemprego em 2009 apresentou a maior elevação da década. O aumento da taxa de ocupação do país também interrompeu uma sequência de três anos de decréscimo do indicador desde 2006. “A Pnad mostra crescimento tímido, de 0,3%, da po- Pesquisa contraria diagnósticos iniciais do próprio IBGE; excluindo a área rural da região Norte, foi o maior desemprego da década pulação ocupada, com a população em idade ativa crescendo acima de 1%”, compara o gerente da Área de Emprego do IBGE, Cimar Azeredo. “Existe o efeito da crise. Não conseguimos gerar postos suficientes para atender à demanda.” Com metodologia diferente da PME, a Pnad representa uma espécie de instantâneo mais completo do país, com dados mais aprofundados sobre as transformações da sociedade. Diferentemente da PME, que se concentra nos mercados de São Paulo, Minas, Rio, Recife, Salvador e Porto Alegre, procura acompanhar o comportamento das demais regiões. De acordo com o IBGE, apesar dos efeitos da crise sobre o mercado de trabalho, o impacto é menor do que o verificado em outros países. Se, em 2008, a taxa brasileira era suficiente para colocar o país em segundo lugar no ranking do desemprego entre as maiores economias do mundo, em 2009, depois da crise, o Brasil subiu para a 10ª colocação na lista. ■ (R.R.M.) NOVAS NORMAS CONTÁBEIS E SEUS IMPACTOS TRIBUTÁRIOS Adequação e capacitação para sua empresa (11) 3138 5314 [email protected] www.bdobrazil.com.br AUDIT TAX ADVISORY BDO Auditores Independentes, uma empresa brasileira de sociedade simples, é membro da BDO International Limited, uma companhia limitada por garantia do Reino Unido, e faz parte da rede internacional BDO de firmas membro independentes. BDO é o nome comercial para a rede BDO e cada uma das firmas Membro BDO. 14 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 BRASIL Leonardo Prado CAMPANHA INVESTIGAÇÃO Dilma cai pela primeira vez na pesquisa diária iG/Vox Populi e perde dois pontos Oposição começa a colher assinaturas para CPI sobre violação de dados da Receita Pela primeira vez desde o início das medições diárias, a candidata à presidência da República Dilma Rousseff (PT) caiu nas pesquisas de intenção de voto do Vox Populi/Band/IG. A petista passou de 56% para 54% do eleitorado, enquanto seu maior concorrente, José Serra (PSDB), permaneceu com 21% das intenções de voto. Maria Silva (PV), contudo, subiu um ponto percentual na pesquisa e atingiu 9% do eleitorado. O deputado Raul Jungmann (PPS-PE) iniciou ontem a coleta de assinaturas para a instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito para investigar a Receita Federal e as recentes violações do sigilo fiscal de pessoas ligadas ao candidato José Serra, do PSDB. A instalação de uma CPI mista exige a assinatura de 171 deputados e 27 senadores. Geração Y ainda engatinha na política Candidatos de 18 a 34 anos respondem por 12,9% das candidaturas registradas no Tribunal Superior Eleitoral Paulo Justus e Pedro Venceslau [email protected] A geração Y já conquistou o mercado de trabalho, mas ainda engatinha na poApesar de ELEIÇÕES lítica. responderem por metade da população empregada no país e 36,6% da população brasileira, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as pessoas de 18 anos a 34 anos respondem por apenas 12,9% das candidaturas registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O enfoque na qualificação profissional pode explicar parte dessa sub-representação, de acordo com o cientista político do Insper Carlos Melo. “A política tem uma má fama danada, perdeu aquele charme de contestação à ordem que empolgava a juventude”, diz. Segundo ele, a primazia da economia sobre a política, que ocorre nos últimos 20 anos ajudou a deslocar o foco de atenção dos jovens para a iniciativa privada. Outra explicação para a menor participação do jovem na política está na própria dinâmica eleitoral. A diretora executiva do Ibope, Márcia Cavallari, diz que desde a eleição de Fernando Collor, em 1989, o eleitorado passou a ver com preocupação o político com pouca experiência. “Mas ao longo do tempo, essa experiência pode ser conduzida de novas formas, ou então a Dilma Rousseff não teria a quantidade de votos que tem.” Para quebrar essa resistência, a deputada federal Rebecca Garcia (PP-AM), de 36 anos, candidata à reeleição, diz que o político precisa convencer o eleitorado que está capacitado para o cargo. “Precisa mostrar seu currículo, seu trabalho e mostrar que pode contribuir”. 2010 Desde 1989, com a eleição de Fernando Collor de Mello, o eleitorado passou a se preocupar mais com a falta de experiência dos candidatos Do ponto de vista de quem vota, o Ibope mostra que 53% de eleitores entre 16 e 24 anos têm interesse médio ou alto nas eleições, resultado próximo da média do total do eleitorado, de 55%. “O jovem tem uma grande preocupação com a formação profissional, porque ele sente que o Brasil num bom momento e há empregos”, explica Márcia Cavallari, do Ibope. É a esse público que o candidato a deputado estadual Marcus Nazareth Peçanha, de 30 anos, se dirige. “Ser jovem ajuda muito no contato com o eleitor universitário”, diz. No PSDB, Peçanha encontrou um bom espaço para desenvolver sua campanha, já dividiu palanques com tucanos experientes, como Aloysio Nunes e Mendes Thame. “Tenho a sensação de que o partido aposta em mim como um projeto do futuro e me dá uma abertura muito boa.” Candidato a deputado estadual pelo PCdoB do Rio de Janeiro, Igor Bruno de Freitas Pereira, de 30 anos, aposta nas redes sociais e numa linguagem descolada para atrair o eleitor mais jovem. “Essa parcela do eleitorado não tem representante. Aqui mesmo no Rio, os políticos jovens que se elegem são em geral filhos de políticos e não defendem bandeiras ligadas à juventude”, afirma. As propostas de Pereira também se destinam exclusivamente ao eleitorado mais jovem. Ele propõe a criação de um curso de reciclagem na escola técnica estadual e de um fundo para educação, formado a partir de recursos do pré-sal. Já o candidato a deputado estadual pelo DEM de São Paulo Fernando Lucas, de 34 anos, concilia uma agenda regional em São José do Rio Preto com políticas voltadas para o jovem e a mulher. “As pessoas estão buscando novos políticos com novas propostas”, diz. ■ Dirigida pelo PT Fundada em 1937, a União Nacional dos Estudantes (UNE) foi em seus bons tempos uma fábrica de lideranças políticas nacionais. Entre os quadros formados na entidade estão nomes como os de José Serra, presidente em 1964, e José Dirceu, que acabou preso quando seria eleito no Congresso clandestino da entidade em Ibiúna, em outubro 1968. O melhor momento da UNE na história recente foi em 1990, quando o Brasil conheceu Lindberg Farias, o líder dos caras–pintadas. Ex-comunista, Farias migrou da UNE para o PT, partido pelo qual concorre, com boas chances de vitória, a uma vaga no Senado pelo Rio. Desde 1980, a UNE é comandada majoritariamente pelo PCdoB e, hoje, informalmente apoia Dilma Rousseff (PT). Seus congressos, que ocorrem de dois em dois anos, são palco de confrontos pesados entre as juventudes partidárias organizadas. São também uma vitrine para saber quem é quem no movimento estudantil brasileiro. Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 15 Marcos Michael/Divulgação DANÇA DAS CADEIRAS RIO DE JANEIRO Juiz assume comando de Dourados e manda trocar as fechaduras da prefeitura Cabral diz que se for reeleito manterá secretário de Segurança e expandirá UPPs Empossado como prefeito interino de Dourados (MS) após um escândalo político que resultou na prisão do prefeito, do vice e do presidente da Câmara, o juiz Eduardo Machado Rocha mudou todas as fechaduras da Prefeitura. Ele também pediu uma auditoria nas secretarias e demais órgãos municipais. “Dourados está sendo passada a limpo. Tenho certeza que estou tomando posse por providência de Deus”, disse. O candidato do PMDB ao governo do Rio, Sérgio Cabral Filho, afirmou ontem que se for reeleito vai manter o secretário de segurança José Mariano Beltrame no cargo. Questionado sobre a migração de bandidos de favelas já pacificadas no Rio para São Gonçalo, Niterói e municípios da Baixada, o candidato reconheceu o problema. Ele disse que levará as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) às outras cidades do estado. Antonio Milena Marcus Nazareth Peçanha, candidato a deputado estadual pelo PSDB-SP aposta no público universitário para conquistar votos CARA NOVA Rebecca Garcia (PP) Luiz Xavier/Ag. Camara 36 anos, candidata a reeleição como deputada federal Graduada em Economia na Universidade de Boston (EUA) e Cinema na Universidade Estácio de Sá (RJ) Rebecca trabalhou na corretora financeira Merrill Lynch (Boston), no Banco Pactual (Rio de Janeiro), como diretorapresidente do Jornal Estado do Amazonas e como diretora geral da rádio e televisão Rio Negro. Bruno Covas (PSDB-SP) Divulgação 30 anos, candidato a deputado estadual Bruno Covas (30) é neto do exgovernador Mario Covas. Em 2006 foi eleito deputado estadual pelo PSDB. Ele também é presidente nacional da juventude tucana. Ele é um duro opositor da UNE, que diz ser um aparelho governista. “Na Venezuela os estudantes pedem democracia e aqui pedem verba para uma nova sede” Gustavo Petta (PCdoB-SP) Divulgação 29 anos, candidato a deputado federal Gustavo Petta (29) foi presidente da UNE por dois mandatos e, nos últimos dois anos, secretário de Esportes de Campinas. Seu padrinho político é o ministro do Esporte, Orlando Silva Jr, que também foi presidente da UNE. Sua principal proposta de campanha é dar bolsas aos jovens que atuam em projetos sociais. e PCdoB, UNE apoia Dilma Rousseff Tucanos reclamam que entidade está aparelhada pelo governo. Governistas dizem que são maioria porque estão mais organizados Nos últimos anos, as juventudes do PSDB e do DEM ampliaram a presença nas universidades, mas ainda estão longe de alcançar a mesma capilaridade dos braços jovens do PT e do PCdoB. Essa polarização fica clara nos anos eleitorais. São raros os casos de candidatos tucanos jovens que foram ou são militantes do movimento estudantil. Já no campo governista sobram exemplos. “A UNE está aparelhada pelo PCdoB”, reclama Thiago Lobo, 31, um dos mais fortes candi- datos a deputado estadual da ala jovem do PSDB. Filho de José Henrique Reis Lobo, um dos coordenadores da campanha de Serra, ele reconhece que a juventude do seu partido precisa se organizar melhor. O maior expoente do grupo é o deputado estadual Bruno Covas, presidente nacional da juventude do PSDB. “Nossos quadros não são do movimento estudantil. Nós defendemos que as eleições da UNE sejam diretas e não congressuais como são hoje. Seria mais democrático”, protesta. “O PCdoB valoriza e investe em seus quadros do movimento estudantil. Vários candidatos do partido, como a Manuela Dávila, em Porto Alegre, vieram da UNE”, rebate Gustavo Petta, 29, ex–presidente da entidade e candidato a deputado federal pelo PCdoB-SP. Seu padrinho político (além de cunhado) é Orlando Silva Jr, ministro do Esporte e também ex–presidente da UNE e da juventude do PCdoB. Silva deixou de ser candidato a pedido do presidente Lula. ■ P.V. e P.J. ELEITORADO JOVEM 36,6% é a fatia da população brasileira com idade de 18 a 34 anos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). CANDIDATOS JOVENS 12,9% é o porcentual de candidatos de 18 a 34 anos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 16 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 BRASIL MOSAICO ELEITORAL Um duelo entre Serra e Lula na TV NA ELEIÇÃO DE 2002, SERRA FOI CHAMADO DE ‘ADVERSÁRIO LEAL’ POR LULA Presidente foi à TV na terça para defender Dilma; tucano reagiu e gravou programa ontem Sílvio Ribas, de Brasília [email protected] O candidato à Presidência José Serra (PSDB) decidiu encarar o embate direto na ELEIÇÕES televisão contra o presidente Luiz Inácio Lula. Ele cancelou viagem que faria ontem a Corumbá (MS), onde gravaria cenas na fronteira, para preparar sua resposta no horário eleitoral ao depoimento de Lula no programa de Dilma Rousseff (PT). O presidente saiu em defesa de sua candidata contra as acusações de ligação no episódio de quebra de sigilos fiscais e condenou a “baixaria dos adversários”. “A eleição de Dilma parece ser o tema da vida de Lula. Para isso, abusa da popularidade estrondosa e ainda reforça o legado de proteção a práticas ilícitas”, disse ao BRASIL ECONÔMICO o líder do PSDB na Câmara, João Almeida (BA). Em São Paulo, a candidata do PV à Presidência, Marina Silva, criticou o “vale-tudo” na disputa eleitoral, ao comentar o episódio de quebra de sigilo. Ela lamentou que “pegadinhas ou casca de banana” estejam ocupando espaços de tempo da discussão política com seriedade. Na reta final das eleições de 3 de outubro, Lula também vem mostrando a cara e arregaçando as mangas para ajudar as coligações de sua base nos estados. Desde a semana passada, ele vem participando de comícios com a presidenciável e em apoio a aliados mais próximos, como os candidatos a governador Tarso Genro (PT-RS), Aloizio Mercadante (PT-SP) e Agnelo Queiroz (PT-DF). Ontem à noite, em Betim (MG), o presidente e Dilma reforçaram o palanque de Hélio Costa (PMDB), que vem perdendo terreno para o adversário tucano Antonio Anastasia. Lula voltou à televisão na terça-feira, no horário gratuito da 2010 Na reta final das eleições de 3 de outubro, presidente decide reforçar a blindagem de sua candidata à Presidência e o apoio a aliados nos estados Está confirmada ao menos uma diferença entre a campanha presidencial de José Serra de 2002 com a atual, ao menos aos olhos do presidente Lula: No documentário Entreatos, Lula diz ao tucano, após receber seu telefonema de reconhecimento da derrota: “Serra, meu querido, você foi uma adversário leal.” Quase oito anos depois, Lula vai à TV para condenar a “baixaria” de Serra, agora direcionada à candidata Dilma Rousseff (PT). coligação “Para o Brasil Seguir Mudando”. Dias após informar que não faria um pronunciamento oficial no Sete de Setembro, em respeito ao período eleitoral, Lula acabou usando o tema Independência na mensagem gravada para rebater acusações contra a petista. “Uma nação forte, independente e justa não é feita por aqueles que só pensam em destruir e colocam interesses pessoais acima dos interesses do país”, disse. Mais adiante, o presidente insinuou que Serra estaria desferindo ataques contra Dilma em razão do “desespero” e de um “preconceito com a mulher brasileira”. ■ BOCA DE URNA Juvenal Pereira WALTER FELDMAN Deputado federal do PSDB-SP “Denúncia de quebra de sigilo não favorece a campanha de Serra” O deputado federal Walter Feldman (PSDB-SP), um dos políticos mais próximos do candidato tucano à Presidência José Serra, acredita que as reações do Planalto tornaram “ainda mais graves” os casos de quebra de sigilo fiscal de pessoas ligadas ao seu partido. Contudo, duvida que a polêmica possa interferir no processo eleitoral, por ser tema distante da maioria dos eleitores. O senhor avalia que os episódios de quebra de sigilo de pessoas ligadas ao PSDB estão dando novo rumo à campanha de José Serra? O problema não é “eleitoral” como o governo vem dizendo. O PT e o presidente Lula perderam toda a essência democrática que precisam ter, como partido político e como chefe da Nação. As instituições estão sendo maculadas quando o Planalto trata de um caso de elevada gravidade como sendo apenas um caso da campanha eleitoral. Nosso papel é mostrar que trata-se de uma violação agravada pela postura de desrespeito de autoridades. A população não pode mais se sentir segura. Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 17 Reprodução FUNDO DO BAÚ Da televisão para as urnas Antes de disputar pela terceira vez o governo de Minas Gerais, o candidato Helio Costa (PMDB) se lançou na carreira de jornalista, passando por veículos como O Estado de Minas e Diário da Tarde, além de programas da Rede Globo. Em 1986, quando tomou posse de deputado na Assembleia Nacional FALTAM Constituinte, trabalhava como correspondente internacional do Fantástico. Já em 1990, quando disputava vaga no governo mineiro, apresentava o programa Linha Direta. Em 2005 assumiu o cargo de ministro das Comunicações no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, renunciando em abril deste ano. DIAS PARA O 1º TURNO DAS ELEIÇÕES 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 BRANCO CORRIGE CONFIRMA Fábio Motta/AE NANICAS Último recurso ● O candidato ao governo do Distrito Federal Joaquim Roriz (PSC) entrou com recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que negou o registro de sua candidatura com base na Lei da Ficha Limpa. A defesa de Roriz é baseada na inconstitucionalidade da legislação, que entrou em vigor com menos de um ano de vigência e tem efeito retroativo. No início de agosto, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do DF se recusou a registrar a candidatura de Roriz. Decisão acatada pelo TSE. Divulgação Propaganda negativa ● O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou liminar requerida pela coligação da candidata à presidência Dilma Rousseff (PT) que solicitava suspensão de propaganda eleitoral da coligação tucana “O Brasil pode mais”, veiculada na última terça-feira (7). Segundo a inserção, de 15 segundos, o consumidor de luz teria desembolsado R$ 1 bi a mais por falha de Dilma, quando ela era ministra das Minas e Energia. Os advogados da coligação petista alegaram que a tarifa teria sido instituída em 2002, pela Lei 10.438, antes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Belo Monte também não está explorando o fato com objetivos eleitorais? Não. Estamos cumprindo o nosso papel, como políticos, de denunciar crimes que afetam as garantias constitucionais. Quando o ministro da Fazenda (Guido Mantega) afirma que a quebra de sigilo é algo corriqueiro e o presidente aproveita da desinformação do eleitorado para confundir ainda mais, perguntando “quem é esse tal de sigilo”, o problema real se torna ainda mais grave e precisa ser esclarecido antes das eleições de 3 de outubro, para o bem da democracia. É óbvio que instrumentos de Estado foram usados para ajudar a candidata do governo. É como se armas do Exército fossem usadas por criminosos. A campanha da candidata Dilma lembra que tais violações de sigilo também ocorriam no governo FHC... Não ajuda nada querer misturar suspeitas remotas com casos reais, envolvendo funcionários públicos e filiados ao PT. Estamos diante de crimes que se conectam à campanha presidencial. Por isso, estou consultando juristas sobre a responsabilidade do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesse caso. As investigações da Polícia Federal levarão mais dois meses. Isso é uma afronta aos que querem um jogo eleitoral transparente e confiável. O senhor acha que essa polêmica de 2010 teria o mesmo efeito do caso dos aloprados (2006), a ponto de provocar o segundo turno? Não acredito nisso. Nem é nosso objetivo criar escândalo para virar o jogo. Se estivéssemos preocupados com isso, já teríamos parado de tocar no assunto, pois em nada interfere no processo eleitoral. O candidato Serra deverá continuar alertando a população sobre os graves fatos envolvendo a máquina pública e responder críticas do presidente Lula na TV. A campanha de Dilma Rousseff está usando seu recurso máximo, o próprio presidente da República, para tentar abafar o caso. Ao também tentar colocar o PSDB no mesmo barco e minimizar os fatos, o Planalto e o PT tentam desviar a atenção do eleitor. Há um excesso de informação e um esforço coordenado por desinformar. A Receita Federal e os contribuintes precisam de defesa. Silvio Ribas ● As polêmicas em torno da usina de Belo Monte suscitaram críticas ferrenhas por parte das campanhas de PV e PSDB ontem. “Belo Monte é a coisa mais absurda da face da terra. Vai dificultar a construção de outras hidrelétricas na Amazônia”, disse Geraldo Biasoto, da coordenação de campanha de José Serra. “É um desastre e um exemplo de como não se deve fazer as coisas. Não caberia em um processo regular”, completou Pedro Leitão, que contribuiu para o programa do PV. As manifestações foram ditas em evento da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei) ao qual o representante do PT não pode estar presente. 18 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 BRASIL MOSAICO ELEITORAL Brizza Cavalcante FICHA LIMPA, CAIXA BAIXO VUVUZELA Embora esteja sempre na lista dos políticos mais influentes da Câmara dos Deputados, segundo o site especializado Congresso em Foco, Chico Alencar (Psol-RJ) , ainda conta com arrecadação modesta para a campanha nas eleições deste ano. Ele levantou R$ 112,9 mil em verbas, segundo a mais recente prévia divulgada pelo TSE esta semana. No ano passado, Chico recebeu o Prêmio Congresso em Foco por ter sido o parlamentar mais atuante ao longo do ano. Agora, concorre ao seu terceiro mandato como deputado federal. “Dilma terceiriza ataque” José Serra, candidato à presidência pelo PSDB, em referência a mensagens do presidente Lula contra a coligação tucana que acusa Dilma Rousseff (PT). “Ciência e tecnologia são essenciais para sairmos da herança maldita do governo Lula de desindustrialização crescente” Geraldo Biasoto, da coordenação da campanha do tucano José Serra. “Não pode ser uma queixa individual de quem foi atingido, tem que ser institucional porque milhares de pessoas foram igualmente atingidas” Marina Silva, candidata do PV à presidência, sobre a postura de Serra em relação à quebra do sigilo da filha. “Tô ouvindo muitas músicas lindas pra relaxar... Tão bom! Faz tempo que só escuto jingles!” Clarissa Garotinho, filha de Rosinha e Garotinho, candidata a Deputada Estadual do Rio. “Frio na barriga: entre a ditadura e a candidatura do Tiririca sinto que perdi, em algum momento, o fio da meada da História do Brasil” 32 mulheres concorrem atualmente às cadeiras do Senado, contra 170 homens. Elas correspondem a 15,82% do total de candidatos. Nessas eleições, os brasileiros elegerão 54 novos senadores, ou dois terços da Casa. Monica Alves/AE Marcelo Tas, humorista. “Temos três candidatos respeitáveis disputando a presidência e uma democracia em pleno funcionamento. O resto é detalhe. ” Luiz Fernando Veríssimo, humorista, em entrevista ao Terra Magazine. Tiririca recebe 3,5 milhões de visitas no YouTube Na lista dos vídeos mais vistos no Youtube esta semana, a propaganda do palhaço Tiririca, candidato a deputado federal (PR-SP), está no topo. Seu vídeo foi reproduzido mais de 3,5 milhões de vezes. Piada ou não, sua eleição é iminente no próximo dia 3 de outubro, a exemplo do fenômeno Clodovil, que foi o terceiro deputado federal mais votado nas eleições de 2006, com quase meio milhão de votos, pelo mesmo partido de Tiririca hoje. Mais do que estrela individual, seu seu partido investe nele como puxador de voto para eleger outros deputados da coligação. Na segunda prévia das declarações de arrecadação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), consta que o palhaço Tiririca já arrecadou um total de R$ 593,9 mil, sendo que a maior parte (R$ 415 mil) equivalem a repasses do próprio partido. Trata-se de uma campanha bem-sucedida, até pelas despesas: o candidato registra que vai gastar R$ 391 mil até o final das eleições. Ernesto Carriço /Ag. O Dia Divulgação Netinho vai à Justiça pedir tempo de Quércia Orestes Quércia (PMDB) mal renunciou à disputa pelo Senado e diversos candidatos já pleiteiam o espaço eleitoral do ex-candidato na televisão. Netinho de Paula (PCdoB) anunciou ontem que pretende contestar na Justiça a intenção dos adversários da coligação tucana de incorporarem o tempo deixado por Quércia à campanha de Aloysio Nunes (PSDB). “Acho que isso é inconstitucional. O tempo total tem que ser dividido entre todos os candidatos ao Senado”, afirmou. Segundo ele, o departamento jurídico de seu partido está “acompanhando o caso” e “tomando providências” quanto à partilha eleitoral. Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 19 10 % APENAS DE ENTRADA SALDO FINANCIADO PELA CAIXA EM ATÉ 360 MESES.* 2 e 3 QUARTOS COM SUÍTE, COBERTURAS DÚPLEX, Fotomontagem do local. LAZER COMPLETO E SEGURANÇA 24 HORAS. Ricardo Pereira Prepare-se para viver em um resort de padrão europeu. APARTAMENTOS A PARTIR DE R$ 249 MIL. ** COM VISTA PARA A FUTURA MAIOR E MAIS MODERNA MARINA DA AMÉRICA LATINA. VISITE OS DECORADOS. ESTRADA RIOSANTOS, KM 415 ITACURUÇÁ RJ A 25 KM DA AV. BRASIL Realização e Incorporação: Financiamento: WWW.RIOMARINARESORT.COM Arquitetura: Engenharia: Consultoria: 3539-5011 CJ 2410 3526-0000 CJ 5493/0 Vendas: CRECI 5120J Imobrasil 2187-4050 2187-4000 O presente material é meramente ilustrativo, tratando-se de representação artística e tendo sido elaborado para divulgação do empreendimento, sendo que todas as perspectivas, a Masterplan, plantas, materiais e mobiliário ora apresentados poderão ser alterados por produtos similares no mercado, ou até mesmo substituídos, sem qualquer aviso prévio, podendo, ainda, sofrer alterações de cor, textura, formato, metragem, etc. Os elementos de paisagismo e decoração das partes comuns são meramente ilustrativos, sendo as espécies apresentadas em sua espécie adulta, e não estão incluídos no preço das unidades imobiliárias. O empreendimento será realizado sob a forma de patrimônio de afetação e construído em até sete fases, não possuindo qualquer relação com a marina que se encontra em fase de expansão junto ao imóvel contíguo. Projeto preliminar aprovado em 05/11/2009, junto à Prefeitura do Município de Mangaratiba, sob o nº 10061/09 e, ainda, sujeito à alteração. Engenheiro responsável: Péricles Memória Filho, CREA/RJ nº 28217-D. Autores do Projeto de Arquitetura: De Fournier & Associados, Projetos e Urbanismo Ltda., CREA/RJ nº 93-2-00198-0 e Arquiteta: Françoise Susanne Passburg, CREA/RJ nº 85-1-06516-4. O Memorial de Incorporação foi registrado em 19/02/2010 sob o nº R2 da Matrícula 21162, junto ao 1º Ofício de Mangaratiba-RJ. * Para o financiamento com a CEF, o adquirente deverá ter a sua ficha socioeconômica aprovada e comprovar renda compatível. Tabela completa no stand de vendas para as demais unidades e opções de venda com financiamento direto do incorporador. ** Preço referente à unidade 108 do bloco 2 na tabela vigente para setembro de 2010, não estando incluídas as despesas do fundo de mobiliário e decoração das partes comuns. 20 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 INOVAÇÃO & SUSTENTABILIDADE São Paulo e Rio planejam ocupar área contaminada SEXTA-FEIRA SEGUNDA-FEIRA TECNOLOGIA EDUCAÇÃO Prédios da Mooca (SP) são testemunha da degradação da região que hoje se pretende revitalizar Cidades aderem a projeto internacional para reabilitar terrenos abandonados com suspeita de poluição do solo Martha San Juan França [email protected] “ loto, voltados para contratação de consultores que elaborem planos arquitetônicos, executem investigação do solo e o que pode ser feito ou não no local. “É apenas um início”, diz Maurício Lobo, gerente de Implantação de Projetos Especiais da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e representante da cidade do Rio de Janeiro no Integration. “O objetivo é, a partir daí, pensar em uma nova ocupação para uma área com infraestrutura, transporte, saneamento, escolas, mas que apresenta área industrial abandonada e com suspeita de contaminação de solo.” Com área estimada em 16 milhões de metros quadrados, o projeto já desperta a cobiça do mercado imobiliário em São Paulo. A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) é responsável pelas ações de controle ambiental, mas a prefeitura também estuda o potencial de contaminação ou, como diz Milton Tadeu Mota, responsável pela Operação Urbana Moóca-Vila Carioca, “o que está escondido no solo”. As etapas envolvem estudos de impacto ambiental e outros necessários para subsidiar o desenvolvimento do projeto urbanístico. Segundo Andreas Marker, coordenador do Integration no Brasil, projetos envolvendo a revitalização urbana só são bemsucedidos quando geram empregos, capacitam recursos humanos, promovem novas tecnologias e saneiam o meio ambiente. ■ São Paulo e Rio de Janeiro, como muitas outras cidades da América Latina, crescem nos bairros da periferia, enquanto o espaço central, onde no passado havia atividades industriais e comércio, vira sinônimo de degradação. Não por acaso, a antiga zona industrial no bairro paulistano da Mooca e o Engenho de Dentro, na zona norte carioca, foram escolhidos para dar início ao projeto Integration, destinado a revitalizar áreas abandonadas nos centros das grandes cidades. Por meio de metodologias e exemplos, o projeto coordenado pela cidade de Stuttgart, na Alemanha, visa mostrar como se dá esse tipo de ocupação, principalmente áreas contaminadas e espaços abandonados, que apresentam um grande potencial para serem entregues novamente ao cotidiano das populações. Um seminário, marcado para o dia 15 na prefeitura de São Paulo, será o primeiro passo no sentido de discutir iniciativas desse tipo que estão ocorrendo em vários países, entre elas a experiência alemã. “A reabilitação dessas áreas se encaixa no conceito do desenvolvimento sustentável das cidades, trazendo benefícios nas esferas social, econômica e ambiental”, afirma Laura Valente, diretora regional para América Latina e Caribe do Conselho Internacional do Governos Locais pela Sustentabilidade (Iclei), parceiro do programa. A reabilitação dessas áreas se encaixa no conceito do desenvolvimento sustentável das cidades, trazendo benefícios nas esferas social, econômica e ambiental Nova ocupação As iniciativas originais de outras cidades Um dos principais aspectos a serem tratados no seminário será a necessidade de enfrentar o problema das contaminações em terrenos anteriormente ocupados por indústrias. No passado, não se costumava adotar procedimentos seguros para o manejo de substâncias perigosas, o que resultou em sérios problemas no solo e nas águas. Ao participar do projeto, além da possibilidade de instituir ou aperfeiçoar os marcos legais municipais existentes, cada cidade recebe R$ 270 mil para a realização do projeto pi- Laura Valente, diretora regional do Iclei AMÉRICA LATINA O projeto Integration apoia iniciativas de revitalização urbana em várias cidades latino-americanas além de São Paulo e Rio. Elas fazem parte da Rede Latino-Americana de Prevenção e Gestão de Sítios Contaminados (Relasc), destinada ao intercâmbio de informações para a gestão e revitalização de áreas contaminadas e da prevenção de resíduos em solos e águas subterrâneas. Entre essas cidades estão Bogotá (Colômbia), Quito (Equador), Guadalajara e Chihuahua (México) e Viña del Mar (Chile). Cada uma dessas cidades apresenta soluções originais para suas áreas degradadas. Bogotá e Quito, por exemplo, pretendem dar uma nova destinação a um terreno que durante muitos anos serviu de lixão; Chihuahua quer fazer de um imóvel, antes ocupado por metalúrgica e hoje desativado, um parque com jardim zoológico. Já Guadalajara pretende transformar uma área industrial hoje rota de imigrantes em ciclovia e, numa etapa posterior, em conjunto habitacional. Apesar de possuir infraestrutura e estar perto do Centro, Engenho de Dentro (RJ) sofre com deterioração Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 21 TERÇA-FEIRA QUARTA-FEIRA EMPREENDEDORISMO GESTÃO Murillo Constantino LUCIANO MARTINS COSTA Jornalista e escritor, consultor em estratégia e sustentabilidade Um desafio adicional à renovação imobiliária Ernesto Carriço/O Dia MODELO INTERNACIONAL 1 Recuperação segue exemplo da Alemanha A revitalização de terrenos abandonados no centro de São Paulo e Rio segue o exemplo de cidades no continente europeu. Na Alemanha, de onde vem o projeto Integration, por exemplo, há legislações específicas para a recuperação de brownfields — termo urbanístico que designa não somente áreas contaminadas, mas qualquer terreno com suspeita ou percepção de contaminação. 2 Praça em São Paulo é projeto pioneiro Considerada como referência no Brasil, a Praça Victor Civita, na zona oeste de São Paulo, é um projeto pioneiro de revitalização de área degradada, baseado em modelos internacionais. A área que, no passado, foi depósito de resíduos, tinha o solo contaminado. Com apoio da Cetesb e Prefeitura, além de outros órgãos técnicos e ambientais, como a Agência Alemã de Cooperação Técnica, a praça foi inaugurada em 2008. O processo de decadência das grandes cidades foi, desde sempre, vinculado às migrações internas, associadas à ausência ou abandono do planejamento urbano. No caso do Brasil, as metrópoles acumulam o efeito de décadas de baixo investimento público associado ao inchaço de suas populações. A iniciativa privada, movida pelo senso de oportunidade, gera certo dinamismo na renovação dos espaços, mas sempre sobram as áreas desvalorizadas e com poucos atrativos econômicos, onde, sem políticas públicas, o resultado quase sempre é a degradação. Quando a economia vai bem, as demandas por moradia se somam à pressão dos negócios por novos espaços, compondo-se a convergência que pode produzir bons frutos ou agravar a situação, com o adensamento de areas já saturadas. O conceito de cidades compactas e multifuncionais, associado a projetos de recuperação de áreas metropolitanas, tem o sentido de reordenar os espaços urbanos levando-se em conta a infraestrutura existente e a lógica dos deslocamentos de pessoas e produtos, criando ambientes com mais qualidade de vida. Nesse processo, é comum que se apresente o desafio adicional da contaminação dos terrenos usados anteriormente por instalações industriais ou depósitos de materiais nocivos. É disso que trata essencialmente o projeto Integration, em fase de planejamento em São Paulo e no Rio. A diferença básica do novo tratamento proposto são os paradigNão faltam mas da sustentablidade, que obrigam a pensar diagnósticos, mas em longo prazo e de mavontade política neira abrangente, ine a visão de cluindo, além da questão ambiental, as oporsustentabilidade, tunidades de negócio e que exige a a melhoria da condiintegração entre ções de vida de moradores e usuários. os objetivos Até recentemente, as ambientais, sociais propostas de recuperae econômicos ção dos espaços urbanos abandonados costumavam levar em conta apenas a necessidade da renovação imobiliária. Áreas degradadas em Los Angeles e locais de Nova York, como o Harlem e o Times Square, recuperados nas últimas décadas, passaram por reformulações que consideraram somente o aspecto econômico, com projetos que deixaram custos sociais elevados. Por motivos semelhantes, várias tentativas de recuperação do centro antigo de São Paulo, onde se situa o quadrilátero conhecido como “cracolândia”, têm sido criticadas por urbanistas e ativistas sociais, por ignorar ou simplesmente empurrar para outras áreas a população marginalizada que se abriga nas ruas e em prédios abandonados. Não raro, tais projetos são acusados de usar a necessidade da reurbanização para dissimular operações de “higienização social”. A participação de empreendedores socialmente responsáveis tem o benefício de injetar racionalidade e sentido de urgência nas decisões nos grupos de planejamento. É o caso, por exemplo, do movimento Nossa São Paulo, lançado por empresários vinculados ao Instituto Ethos. Segundo a Prefeitura de São Paulo, a cidade tem um déficit habitacional de 200 mil unidades, e ao mesmo tempo quase 400 mil imóveis desocupados. Os diagnósticos produzidos por esse grupo formam um conjunto valioso de conteúdos e projetos, mas o que não falta é diagnóstico. O que tem faltado é vontade política e a visão de sustentabilidade, que exige a integração entre os objetivos ambientais, sociais e econômicos. ■ 22 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 ENCONTRO DE CONTAS LURDETE ERTEL Jewel Samad/AFP Chave na ignição Enquanto a japonesa Toyota e a chinesa Chery fazem roncar os projetos das montadoras que planejam construir em São Paulo, a General Motors aguarda para esta semana o sinal verde dos órgãos ambientais para iniciar as obras de sua nova fábrica em Joinville (SC). A terraplenagem do terreno no quilômetro 47 da rodovia BR-101 deveria ter começado no último mês, mas o cronograma não foi cumprido por atraso na liberação do alvará de licenciamento. As obras de preparativo da área devem durar dois meses e custar cerca de R$ 9 milhões. Projetada para produzir 120 mil motores por ano, a nova fábrica da GM em Joiville receberá investimento de R$ 350 milhões, com geração de 500 empregos. Patrimônio dos marajás Dona da maior população de elefantes da Ásia, a Índia vai transformar o animal em patrimônio nacional. O país prepara um grande plano de ação para salvar a espécie que, entre os indianos, ainda é usada como meio de transporte – sobretudo, de carga. No território indiano vivem cerca de 60% dos elefantes do continente asiático. Isso equivale a cerca de 25 mil animais. Estima-se que 3,5 mil deles sejam mantidos em cativeiro, em templos, zoológicos e circos. Para garantir sua preservação, o governo da Índia pretende elevar os elefantes ao mesmo status que o tigre tem no país. Quem é rainha nunca perde a majestade Depois de três anos, Gisele Bündchen fez um retorno triunfal às passarelas internacionais nessa semana, nos Estados Unidos. A top brasileira foi a estrela de maior brilho na constelação de celebridades do Fashion’s Night Out: The Show, evento de moda realizado no Lincoln Center, em Nova York. Apesar de o desfile contar com outras tops como Naomi Campbell, Karolina Korkova, Coco Rocha e as também brasileiras Adriana Lima, Caroline Trentini e Izabel Goulart, a modelo mais bem paga do mundo roubou a cena. Gisele exibiu dois looks diferentes e arrancou aplausos da idealizadora do evento, a temida editora de moda Anna Wintour, da atriz Blake Lively e da modelo israelense Bar Refaeli, que figuravam na primeira fila. Depois de provar que continua dominando as passarelas internacionais, Gisele dançou ao som dos sucessos do cantor Pharrell Williams, em cima de um palco onde estavam todas as estrelas da noite. Além de proteger a vida dos animais, a ação pretende reduzir o número de indianos que morrem vítima do ataque de elefantes. Devido à crescente invasão humana em áreas tradicionais de presença dos paquidermes, centenas de pessoas perdem a vida todos os anos na Índia por causa da fúria descontrolada dos animais. “As redes sociais são as novas discotecas do século 21. Assim como sair sozinho no sábado à noite para beber algo, conectar-se à internet tem seus riscos. Mas isso faz parte de qualquer interação social.” Valérie Tasso, autora do livro “Saberei cada um de seus segredos”, novela cuja trama envolve a violação de privacidade em uma rede social. Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 23 Fotos: divulgação Volta ao mundo Para comemorar o lançamento do primeiro carro esportivo 100% elétrico do mercado, as empresas TAG Heuer e Tesla Roadster pretendem completar até outubro uma jornada de 37.000 km ao redor do mundo. O tour já passou por mais de 12 cidades do globo, incluindo Moscou, Tóquio, Los Angeles e Miami. Em todas as cidades os participantes tiveram a oportunidade de dirigir a máquina, batizada de TAG Heuer Tesla Roadster (foto). MARCADO ● Hoje o governador Alberto Goldman entrega a 11 empresas o Selo Paulista de Diversidade – Categoria Pleno: Pão de Açúcar, Associação Comercial de São Paulo, Comgás, Sabesp, Bradesco, Accenture, Cesp, Veyance, Dow Química, Kraft Foods e Jarí. [email protected] Pascal Guyot/AFP iVanço Sem alardes, a Apple procria seu mouse no varejo brasileiro. Hoje com 16 lojas no conceito Apple Premium Reseller no Brasil, a marca vai ganhar sua primeira loja exclusiva em Minas Gerais. A operação de estreia no mercado mineiro será aberta em outubro no shopping Diamond Mall, em Belo Horizonte, com o nome de iPlace. Operada pelo grupo Herval, a bandeira também desembarca em Brasília até dezembro. Além da Herval, três outras redes brasileiras criaram bandeiras de lojas exclusivas da Apple: TVM (MyStore), Saraiva (iTown) e Fast Shop (A2You). Chave dupla O pequeno Mini, da BMW, ganha mais uma concessionária em São Paulo. O grupo Caltabiano inaugura hoje uma revenda da marca no bairro Santana, zona norte da capital paulista. São, na prática, duas lojas: uma do Mini e outra da BMW Motorrad. Aos pares A City Shoes, rede carioca de sapatos e acessórios femininos, afivelou a abertura de mais quatro lojas no Brasil. A marca fechou contrato com a LGR para instalar filiais no Via Verde, em Rio Branco (AC), e no Shopping Pelotas (RS). E com o grupo JCPM, para abrir lojas no Salvador Norte (BA) e no Rio Mar, Shopping, em Aracaju (SE). Lembranças no prego A legendária top model Jerry Hall está decidida a virar de vez a página de seu conturbado casamento com Mick Jagger. Para isso, vai levar ao martelo da Sotheby’s de Londres em outubro parte de sua coleção de arte – são peças compradas na época em que dividia o teto com o líder do Rolling Stones. Entre as peças está um retrato de Lucian Freud (abaixo), no qual Jerry aparece nua e grávida de oito meses, que pode render mais de US$ 460 mil. Há também trabalhos de Andy Warhol, Damien Hirst e David Bailey, além de retratos de Francesco Clemente, que podem somar US$ 2,3 milhões. Atualmente dedicada ao teatro, Hall declarou que quer se desfazer das peças para não ter mais nada que lembre seu passado com Jagger. O salmão poder ser o primeiro produto de origem animal a ter sua versão geneticamente modificada vendida para consumo humano nos Estados Unidos. A liberação do peixe da AquAdvantage está em análise na FDA, agência de vigilância sanitária dos EUA, que acaba de receber o sinal verde de seus pesquisadores. Segundo estudo dos técnicos da FDA, o salmão geneticamente modificado é “tão seguro para consumo quanto qualquer outro salmão do Atlântico”. Florido O tempo de colheita das alcachofras, que vai de setembro a dezembro, está turbinando novos pratos a base da exótica flor em alguns restaurantes de São Paulo. Originária do Mediterrâneo, entre sul da Europa e norte da África, a alcachofra foi trazida para o Brasil pelos imigrantes europeus. Os chefs de restaurantes como Açafrão da Terra, Ají, Brie Restô, Felix Bistrot e Pé de Manga elaboraram receitas especiais para esta primavera. Código de barra Mais de 300 fornecedores da C&C passaram a enviar seus produtos à gigante varejista com códigos de barras certificados pela GS1. A C&C é a primeira do setor a adotar o procedimento. Lixo tratado Barrett & Mackay/AFP Iguaria transgênica GIRO RÁPIDO O grupo Prizma, em parceria com a Empresol e a Estre Ambiental, inaugura, em outubro, o Centro de Tratamento de Resíduos de Itaboraí. O aterro sanitário teve investimentos da ordem de R$ 15 milhões. Viajando A consultora de turismo de luxo Teresa Perez lançou o Traveller Book, no qual selecionou o que vivenciou de melhor em suas viagens pelo mundo. Após sucesso em São Paulo e Brasília, o Traveller Book chega à Curitiba, dia 14. Com Karen Busic [email protected] 24 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 EMPRESAS Potássio do Brasil descobre minério na Amazônia Canadense anuncia ter encontrado potássio e estuda captar recursos na BM&F Bovespa para projeto de R$ 4,3 bilhões Domingos Zaparolli [email protected] A Potássio do Brasil, empresa controlada pela canadense Brazil Potash Corporation, anunciou ontem a descoberta de minério de potássio (silvinita) nas proximidades do Rio Madeira, entre as cidades de Nova Olinda do Norte e Autazes, na Amazônia. O material foi encontrado a uma profundidade de 841,78 metros com espessura de 1,86 metro e apresenta um teor médio de cloreto de potássio de 32,59%. O potássio é um dos insumos básicos para a produção de fertilizantes e hoje o Brasil importa 90% de suas necessidades do minério. O trabalho de prospecção teve início em janeiro com duas sondas e a previsão inicial era que seria necessário um ano para concluir os trabalhos. Hélio Diniz, diretor-executivo da companhia, informou que uma terceira sonda será mobilizada para a região a partir de outubro para acelerar o processo. Segundo Diniz, os dados geofísicos já disponíveis levam a empresa a acreditar que há na região uma jazida de grande porte. Os trabalhos de sondagem, porém, continuarão até que se obtenham dados que comprovem uma reserva que justifique a realização de estudos mais detalhados da viabilidade econômica do empreendimento. Para isso, ainda serão necessários entre 10 e 15 furos. A expectativa da empresa é investir US$ 2,5 bilhões (R$ 4,3 bilhões) para uma produção anual de 2 milhões de toneladas de cloreto de potássio. Para concretizar o investimento, a companhia, que é gerida pelo banco canadense Forbes & Manhattan, analisa a possibilidade de captar recursos na BM&FBovespa. A oferta de ações na bolsa paulista poderá ser realizada ainda durante a prospecção, informa Diniz. A jazida mineral da Potássio do “ Brasil poderá se tornar o terceiro maior produtor mundial de potássio se a jazida for viável Éder de Souza Martins, geológo da Embrapa Cerrados Brasil encontra-se a 13 km da jazida de Fazendinha, pertencente à Petrobras, onde foi definida há mais de 20 anos uma reserva superior a 500 milhões de toneladas situada a 1,1 mil metros de profundidade. A companhia canadense avalia que o potencial da bacia de potássio na região é de 400 km de extensão. Se confirmado, será inferior apenas aos 600 km da mina canadense Saskatchewan. Para o geólogo Éder de Souza Martins, da Embrapa Cerrados, o projeto de exploração na Amazônia tem potencial para fazer com que o Brasil saia da condição de importador para se tornar o terceiro maior produtor mundial de potássio, atrás de Canadá e Rússia, com possibilidade até mesmo de o país tornar-se exportador do insumo. Impacto ambiental VIABILIDADE ECONÔMICA ● A estratégia logística da empresa prevê transportar potássio por hidrovia. ● As barcas que levam soja do Centro-Oeste para os portos do Amazonas voltariam carregadas com o insumo para fertilizantes. ● A empresa estabeleceu acordos com as cooperativas agrícolas CCAB e CONAGRO para vender sua futura produção com 10% de desconto em relação aos preços internacionais. “Antes, porém, a Potássio do Brasil precisa demonstrar a viabilidade econômica e ambiental de seu projeto”, diz o geólogo. Um temor da comunidade acadêmica e de ambientalistas é a exploração do minério ocorrer pelo processo de injeção de água quente por meio de canais perfurados até o minério, com o objetivo de tornar solúveis os sais minerais depositados na jazida, o cloreto de potássio e de sódio, resultando em uma grande quantidade de resíduos salinos despejados nas águas doces do Madeira. Hélio Diniz informa, porém, que não será este o método exploratório. A exploração será realizada por meio de lavra convencional, levando-se o minério para a superfície. O material obtido inicialmente é composto de cloreto de potássio e sal. A empresa estuda duas possibilidades para o sal. A primeira é destiná-lo para uma fábrica cloro-química e a outra, mais provável, é devolver o material para o fundo da jazida. Martins confirma que o impacto ambiental, nesta situação, seria bastante reduzido. ■ FICHA TÉCNICA EMPRESA: Potássio do Brasil CONTROLADORA: Brazil Potash Corporation — Canadá RR GESTOR DO INVESTIMENTO: Forbes & Manhattan Autazes LOCAL DA JAZIDA: entre Nova Olinda do Norte e Autazes (Amazônia) ESTÁGIO ATUAL: Prospecção AM TEOR DO MINÉRIO DE POTÁSSIO DETECTADO: 32.59% KCI EXPECTATIVA: Produção anual de 2 milhões de toneladas de Cloreto de Potássio INVESTIMENTO PREVISTO: US$ 2,5 bilhões Fonte: Empresa Nova Olinda do Norte AC RO Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 25 Michael Springer/Bloomberg Sanofi eleva oferta por Genzyme A farmacêutica Sanofi-Aventis fez uma nova oferta de aquisição da companhia de biotecnologia americana Genzyme de US$ 71 por ação, em troca da possibilidade de fazer uma “due diligence parcial” da companhia, segundo informou o serviço de notícias financeiras DealReporte. O serviço, que é ligado ao grupo Financial Times, afirmou que a oferta maior deve ser a última proposta informal da Sanofi enquanto não obtiver mais informações sobre as finanças da empresa americana. Paulo Fridman/Bloomberg Plantação de soja, uma das culturas que, no Brasil, mais demandam potássio como fertilizante Disputa global movimenta multinaconais Vale, Sinochem, Rio Tinto e BHP buscam garantir participação expressiva em potássio Nivaldo Souza [email protected] Segundo mineral mais leve na cadeia dos metais, o potássio vem ganhando peso no mercado global nos últimos meses. As previsões otimistas quanto ao aumento no consumo da matéria-prima usada na fabricação de fertilizantes estimula o flerte de grandes companhias com o produto. Mineradoras como Vale, Rio Tinto e BHP Billiton, e a chinesa da área química Sinochem, travam uma batalha de bilhões de dólares para controlar fatias expressivas do mercado do insumo agrícola. Movimento sobre fontes da matériaprima feito de olho no potencial crescimento do consumo de alimentos por uma população mundial que se consolida em áreas urbanas — principalmente na China e na Índia. A canadense Potash Corp. virou a jóia da coroa mais cobiçada, após receber oferta hostil de US$ 38,56 bilhões (cerca de R$ 67,5 bilhões) da BHP Billiton. A oferta foi a senha para uma série de notícias sobre a disputa que esta semana ganhou novo capítulo com o convite da Sinochem ao fundo soberano de Cingapura Temasek para engrossar o calibre na tentativa de conquistar a Potash. Já a Rio Tinto está sondando a russa Uralkali, controlada pelo bilionário Suleiman Kerimov, principal acionista da empresa. Segundo o jornal russo Vedomosti, uma comitiva da Rio Tinto desembarcou na cidade de Berezniki para avaliar os ativos da Uralkali, avaliados em US$ 15 bilhões por Kerimov. No Brasil, o mercado de fertilizantes tem colocado a Vale em alerta para ocupar a liderança como principal fornecedora da indústria de fertilizantes. O país importa cerca de 90% do potássio que consome e é para ocupar esse vácuo que a empresa investe US$ 12 bilhões até 2012. A meta é elevar a oferta de potássio para 10,6 milhões de toneladas anuais, ante 750 mil produzidas hoje em Carnalita (SE). O aporte inclui investimentos na Argentina, onde a Vale toca os projetos Rio Colorado e Neuquén para produzir 3,4 milhões de toneladas anuais do mineral. Colorado receberá US$ 4,18 bilhões até o final de 2013. Neuquén ainda está em estudo de pré-viabilidade. Por aqui, a empresa ampliará a produção em Carnalita, única mina em atividade no Brasil. Até 2014, o polo mineral adicionará 1,2 milhão de toneladas anuais de potássio à sua extração atual. ■ Com agências Companhias negociam parcerias para fazer aquisições. Brasileira Vale vai para a Argentina extrair potássio, e amplia produção em Sergipe 26 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 EMPRESAS Carla Gottgens/Bloomberg CARNE BEBIDAS Marfrig leva maior parte da Cota Hilton argentina para exportação à UE Grupo cervejeiro australiano Foster’s rejeita oferta de US$ 2,5 bi por unidade de vinhos Quatro unidades da empresa na Argentina receberam permissão para embarcar um total de 3.142 toneladas de carne tipo premium dentro da Cota Hilton (da comunidade europeia) até 30 de junho de 2011, segundo comunicado do governo no diário oficial daquele país. A JBS, a maior produtora de carne do mundo, recebeu o direito de embarcar 2.046 toneladas, segundo o comunicado. Investidores foram surpreendidos pela abordagem ao segundo maior negócio de vinhos no mundo que está sendo separado do lucrativo negócio de cerveja. A proposta foi considerada baixa. A operação aumentou a especulação de que candidatos ao grupo combinado, que tem valor de mercado de aproximadamente US$ 11 bilhões, podem se aproximar agora. Rússia suspende importação de seis fábricas do JBS Principal comprador de carne bovina brasileira, país mudou registro de 189 frigoríficos do mundo nos últimos 30 dias Luiz Silveira [email protected] Duas semanas depois de a Rússia ser motivo de alegria para o frigorífico JBS, por reabrir a importação de carne de frango americana e permitir a entrada de produção da sua controlada Pilgrim’s Pride, o país impôs nova derrota ao grupo brasileiro. Seis unidades de carne bovina do JBS, sendo quatro no Brasil, foram proibidas de exportar para a Rússia sob alegação de presença de antibióticos e bactérias acima do permitido. Dois recentes comunicados do serviço veterinário russo também proibiram a entrada de produtos de uma unidade de carne de aves da Seara, divisão do grupo Marfrig, em Forquilhinha (SC), e outra da Alibem Comercial de Alimentos em Santa Rosa (RS). Entre as unidades do JBS estão as brasileiras de Campo Grande (MS), Naviraí (MS), Barra do Garças (MT) e Araputanga (MT), além de uma da JBS Argentina e uma da Swift Beef Company, nos Estados Unidos. A base geográfica ampla construída pelo JBS e pelo Marfrig por meio de grandes e pequenas aquisições minimiza os riscos de prejuízos decorrentes dessas proibições, avalia a analista Gabriela Tonini, da consultoria especializada em pecuária Scot Consultoria. A empresa comunicou que atenderá os clientes russos com produtos de unidades que continuam autorizadas a exportar e que, por isso, o impacto financeiro das medidas será “pouco relevante”. Por outro lado, há o efeito do medo dos investidores sobre o preço das ações e o custo para a reabilitação dessas unidades. “Por mais que o impacto direto não seja grande, cada vez que uma unidade tem um impedimento como este, há um custo “ Por mais que o impacto direto não seja grande, cada vez que uma unidade tem um impedimento como este há um custo para a liberação das exportações Gabriela Tonini, analista da Scot Consultoria para a liberação das exportações”, explica Gabriela. Desde maio, a Rússia já suspendeu a importação de carne brasileira de 18 unidades frigoríficas diferentes. Outras fábricas foram autorizadas a iniciar exportações e parte dessas 18 foi liberada para voltar a embarcar seus produtos para a Rússia. Embora o número seja significativo, é pouco representativo dentro do emaranhado de suspensões e liberações que o serviço sanitário russo realiza. Só nos últimos 30 dias, a Rússia alterou o status de 189 fábricas de produtos de carne em todo o mundo. Foram 49 proibições ou suspensões temporárias e 140 aprovações ou liberações, incluindo aí a reabertura do mercado russo para a carne de frango americano e para as carnes eslovenas. Essas duas reaberturas envolveram automaticamente 95 unidades que já haviam exportado para a Rússia. A volatilidade das listas de fábricas aprovadas pela Rússia tende a se acentuar no segundo semestre, na visão da consultora Gabriela. “Historicamente, este é um momento do ano em que o fluxo de carnes brasileiras para a Rússia diminui e eles forçam uma negociação de preços e volumes”, explica. Relevância A Rússia é o maior mercado importador de carne bovina brasileira, mas sua participação vem caindo. De janeiro a julho, o país representa 20% das exportações brasileiras. Em 2009 essa participação fechou o ano em 23% e em 2008 era de 27%. O Marfrig informou que aguardará o laudo técnico russo para normalizar as exportações de Forquilhinha “o mais rápido possível”. O Ministério da Agriclutura, Pecuária e Abastecimento aguarda comunicação oficial para se pronunciar. ■ Governo russo Autoridade veterinária alega que o Brasil não respondeu a pedido de vistoria em julho A suposta detecção de irregularidades em carnes brasileiras pela Rússia, que motivou a proibição de importação de seis frigoríficos nacionais, pode estar ligada a uma richa entre as autoridades dos dois países. Em 18 de agosto, o Serviço Federal de Vigilância Ve- terinária e Fitossanitária da Rússia publicou nota informando que o governo brasileiro não havia respondido uma correspondência de julho que solicitava vistorias de diversos frigoríficos brasileiros. Por conta do silêncio brasileiro, os russos alegam que tiveram que incluir as carnes e derivados vindos dessas fábricas em um regime especial de fiscalização, já que não havia Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 27 Jeremy Bales/Bloomberg PEIXE IMÓVEIS Consumo de pescado cresce 40% de 2003 a 2009, diz pesquisa do Ministério da Pesca Ricardo Bellino anuncia sociedade imobiliária com Donald Trump O Ministro da Pesca e Aquicultura, Altemir Gregolin, divulgou ontem resultados do estudo que revela um aumento no consumo de pescado por pessoa no país. Houve um crescimento de 6,46 kg para 9,03 kg por habitante por ano entre 2003 e 2009. A meta, estipulada no programa “Mais Pesca e Aquicultura” do ministério, era chegar em 2011 ao consumo de 9 quilos por habitante por ano. O magnata americano Donald Trump terá 50% de participação na Trump Realty Brasil em sociedade com Ricardo Bellino, que comandará a operação local. Segundo Bellino, neste ano o mercado de luxo brasileiro deve movimentar aproximadamente US$ 10 bilhões. A empresa atuará no segmento de alto luxo e desenvolverá projetos nas áreas comercial, residencial e hoteleira. Paulo Fridman/Bloomberg VAIVÉM SANITÁRIO Desde o primeiro semestre, foram decretadas diversas proibições contra o Brasil 26 DE MAIO A Rússia suspende a entrada de carne de oito frigoríficos brasileiros, sendo três do JBS (Andradina-SP, Maringá-PR e Pedra Preta-MT), três do Marfrig (Capão do Leão-RS, Paranatinga-MT e Promissão-SP), um do Rodopa (Santa Fé do Sul-SP) e um do Riosulense (Rio do Sul-SC) 7 DE JUNHO A Rússia informa que uma missão veterinária realizada em abril detectou que a maior parte dos frigoríficos brasileiros desrespeitavam normas russas e que novas vistorias seriam necessárias para checar a correção dos procedimentos 22 DE JUNHO A entrada de subprodutos e miúdos bovinos feitos no Brasil é proibida 20 DE JULHO O Frigorífico Larissa, de Iporã-PR, e a Céu Azul Alimentos, de Itapetininga-SP, são proibidos de exportar carne suína e de aves, respectivamente, para a Rússia 18 DE AGOSTO O serviço veterinário russo envia uma correspondência ao Ministério da Agricultura do Brasil acusando o não-recebimento de resposta a uma comunicação anterior, de julho, solicitando vistoriar diversos frigoríficos no país. O ministério afirma ter respondido imediatamente que todas as unidades estavam disponíveis e diz que os russos não marcaram a missão 25 DE AGOSTO É suspensa a importação de carne bovina de três unidades do JBS no Brasil (Campo Grande -MS, Naviraí-MS e Barra do Garças-MT), de uma unidade de aves do Marfrig em Forquilhinha-SC, além de mais duas unidades do JBS no exterior (uma na Alemanha e uma nos Estados Unidos) 1º DE SETEMBRO A Rússia proíbe a entrada de carnes da unidade do JBS em Araputanga-MT e da Alibem Comercial de Alimentos em Santa Rosa (RS) Frigorífico do JBS: quatro unidades do grupo no Brasil, uma na Argentina e uma nos Estados Unidos estão sendo proibidas de exportar carne para a Rússia Nos últimos 30 dias, a Rússia proibiu a entrada de produtos animais de 49 fábricas em todo o mundo e liberou outras 140, incluindo a reabertura do mercado russo para o frango americano (68 frigoríficos) e para as carnes da Eslovênia (27 unidades) Fonte: Serviço Federal de Vigilância Veterinária e Fitossanitária critica ministério brasileiro MARINHA DO BRASIL segurança quanto aos processos de produção. Exatamente uma semana depois deste comunicado, no dia 25, foi oficializada a suspensão de importação de cinco unidades brasileiras. Questionado sobre o assunto, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) alegou que recebeu a correspondência do dia 18 de agosto e que, imediatamente, colocou todas as instalações à disposição Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento não comentou se recebeu comunicado enviado pela Rússia em julho. A entidade disse que respondeu imediatamente às solicitações de agosto dos russos para vistoria. Foram as autoridades da Rússia que não marcaram a data da visita, segundo o ministério. A entidade brasileira, no entanto, não comentou se recebeu ou não o comunicado russo de julho. Uma missão de vistoria russa enviada ao Brasil em abril teria detectado que a maior parte dos frigoríficos nacionais não respeitava integralmente as normas e exigências da Rús- sia, segundo um comunicado do serviço veterinário emitido em 7 de junho. Poucos dias antes, em 25 de maio, a Rússia suspendeu temporariamente a importação de carnes de outros oito frigoríficos brasileiros, sendo três do JBS e três do Marfrig. Na sequência, em 22 de junho, toda a entrada de subprodutos e miúdos bovinos provenientes do Brasil foi proibida sem explicação. ■ L.S. !"#$ # ##%&'%()**'%( *''%()*+%%($, - . / 0 -# 1 23#45#6#-. 71489%88::;:+:*/<%=>7:+:*/<*:' 7:+:*/<%>*!$ # ) *%%% (" - ) *%%% ( !" ! "# $%&'()*+,* $-*,*.,--$ -+,/$+)-+,,0%,0$ 28 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 EMPRESAS Davis Turner Bloomberg VAREJO Walmart descobre irregularidades em fábrica da Elec-Tech na China O Walmart encontrou práticas de trabalho inseguras em uma fábrica da Elec-Tech International na China, que produz eletrodomésticos. A rede realizou duas auditorias não anunciadas na fábrica em Zhuhai e descobriu 55 casos de lesões de pessoal, segundo o jornal South China Morning Post. A indústria se comprometeu a instalar recursos de segurança, informou Kevin Gardner, porta-voz da rede. Supermercados Giassi e Bistek avançam para dar conforto à classe C Redes varejistas de Santa Catarina preparam expansão para atender clientes emergentes, pois preveem aumento do consumo nos próximos anos Daniel Cardoso [email protected] Quando a classe C ganha mais poder de compra, uma das primeiras portas que ela bate é a do supermercado. Ao encarar esta realidade animadora, os grupos catarinenses Giassi e Bistek preparam-se para conquistar consumidores e comemorar bons resultados financeiros. O supermercado Giassi não quer perder tempo durante esta boa fase do varejo nacional e a ascensão das classes mais baixas e planeja abrir uma unidade por ano utilizando capital próprio, dependendo do comportamento de mercado. Em novembro, está prevista a inauguração de um supermercado em Criciúma. Com isso, o faturamento de R$ 680 milhões registrado no ano passado, com dez lojas, deve saltar a R$ 800 milhões este ano. “Somos adeptos da estratégia de fazer bem o feijão com arroz. Isso significa atender direito, ser transparente. Não ficamos entrando em guerra de preços, mas sempre deixamos os produtos acessíveis aos consumidores”, afirmou o diretor-presidente Zefiro Giassi, que fundou a rede há 50 anos. Porém, para seguir em ritmo veloz, o Giassi enxerga alguns desafios. Na verdade, são efeitos do crescimento econômico. Um deles é a aquisição de terrenos. “Quando aparece algum interessado, o preço sobe. Às vezes, quando a loja é grande precisamos comprar mais de um terreno e a negociação se torna mais complexa porque envolve maior número de proprietários”, afirma. Giassi afirmou que a nova unidade de Criciúma terá custo entre R$ 25 milhões e R$ 30 milhões. Dependendo do tamanho das lojas futuras e da localização, o investimento para os próximos anos pode girar em torno deste valor. Para 2011, a meta é construir uma loja em São José. A rede Bistek é outra rede em crescimento. Em 2009 faturou Walter Ghislandi diretor comercial do Bistek “Queremos marcar território, defender a posição que temos atualmente e melhorar nosso desempenho frente aos gigantes” R$ 450 milhões em suas dez lojas e prevê uma explosão de consumo nos próximos anos. A ideia é alcançar a cifra de R$ 1 bilhão em 2014, ano em que o comércio terá como aliada a Copa do Mundo no Brasil. Até lá, o Bistek planeja alargar as portas (literalmente) para permitir aos consumidores entrarem às centenas em suas unidades. Uma das principais estratégias é reformar locais consagrados comercialmente. Neste ano, as lojas de Blumenau e Criciúma estão na lista de reforma. Na de Criciúma, as obras vão duplicar o espaço físico de três mil metros quadrados para quase seis mil metros quadrados. As- Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 29 PESQUISA DISPUTA Crise faz britânicos priorizarem relação custo-benefício para comprar Fecomercio lança Câmara Empresarial de Arbitragem Uma pesquisa inglesa chamada “Brand Personality” mostrou que a crise trouxe à tona valores tradicionais no consumo e estilo de vida dos ingleses. Cerca de 84,4% dos homens e 80,4% das mulheres disseram que, no último ano, o fator determinante para a compra de produtos foi a relação custo-benefício. A edição nacional do estudo está sendo produzida pela agência Voltage e a empresa de pesquisa Bridge Research. A Federação de Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio) lança hoje a sua Câmara Empresarial de Arbitragem. A Fecomercio Arbitral ajudará os empresários na solução de litígios por meio de acordos extrajudiciais. A parceria com a OAB-SP, o Sebrae-SP e o Sescon-SP promete agilizar os conflitos empresariais que, quando levados ao Poder Judiciário, podem levar dois anos só na primeira instância. Fotos: divulgação ■ ESTIMATIVA A previsão de faturamento do Giassi para este ano é de R$ 800 mi ■ OBJETIVO A meta de faturamento do Bistek para 2014 é de R$ 1 bilhão ■ VALOR O investimento do Bistek para os próximos dois anos é R$ 70 mi ■ EXPANSÃO O montante gasto da nova loja do Giassi é de R$ 25 mi ■ RECEITA As dez lojas da rede Bistek alcançaram no ano passado um faturamento de R$ 450 mi Zefiro Giassi, diretor presidente da rede que leva seu sobrenome, afirma que não entra em guerra de preços com a concorrência sim, não só ficará preparada para receber mais consumidores, como também para fidelizá-los. “O perfil do consumidor mudou muito em apenas dois ou três anos. Ele quer mais qualidade. E por qualidade entendam-se corredores largos, sem filas nos caixas, ambientes arejados e melhor mix de produtos”, ressalta Walter Ghislandi, diretor comercial do Bistek. Nos próximos dois anos, serão desembolsados quase R$ 70 milhões destinados para reformas e inaugurações de novas unidades. Até dezembro, a empresa também inicia construções em Blumenau e em São José, na Grande Florianópolis. Para dar suporte ao projeto de R$ 1 bilhão, o Bistek ergueu em Içara, no sul catarinense, um novo centro de distribuição, inaugurado em março. Graças a ele, a rede pode acelerar o passo, sem medo de tropeçar. O empreendimento tem capacidade para movimentar 130 mil caixas por dia, permitindo ao supermercado triplicar a demanda de hoje, de cerca de 40 mil caixas diariamente. Tanto o Giassi quando o Bistek concentram as lojas em Santa Catarina, na faixa que vai da região Sul até a Norte, passando pelo litoral. Sem pretensões de sair do Estado, o foco é o consumidor local. ■ PLANEJAMENTO ● As classes C e D são a maior promessa de consumo no mercado brasileiro. ● O varejo percebeu o potencial deste público e vem criando estratégias de vendas. ● As redes de Santa Catarina apostam no conforto das lojas e na expansão das unidades. 30 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 EMPRESAS Antonio Milena AVIAÇÃO 1 AVIAÇÃO 2 Boeing mira aquisições e não descarta fusão na área de defesa, diz executivo Mercado de aviação civil cresceu 10,8% em julho na América Latina e Caribe A afirmação é de Dennis Muilenburg, presidente-executivo da área de defesa e segurança da Boeing. Ele disse que continua a observar áreas com grande crescimento, como cibersegurança, inteligência e vigilância não-tripulada para potenciais acordos, e que fará aquisições nessas áreas. “Nós continuamos vendo aquisições como uma oportunidade para nós. É uma das ferramentas que usamos para crescer”, disse Muilenburg. O crescimento foi registrado em relação ao mesmo mês do ano anterior, totalizando 12,5 milhões de passageiros transportados segundo dados divulgados pela Associação Latino Americana de Transporte Aéreo (Alta). “O desempenho das companhias aéreas da região continuou em franco crescimento durante o mês de julho, com um aumento sustentado do tráfego”, afirma em nota o diretor executivo da Alta, Alex de Gunten. Divulgação Linha de montagem de Indaiabuta (SP) da Toyota, que está no Brasil desde 1958; país abrigou a primeira fábrica fora do Japão Toyota se prepara para disputar espaço dos populares Gol e Palio Montadora ergue fábrica em Sorocaba que produzirá modelo econômico para dividir fatia de 70% das vendas Ana Paula Machado [email protected] A Toyota deu a largada para entrar no mercado de compactos de baixo custo, seguindo os passos da concorrente Nissan, que anunciou um novo modelo no país. Ao lançar a nova fábrica, ontem, na cidade paulista de Sorocaba, o presidente da montadora para o Brasil e Mercosul, Shozo Hasebe, disse que o modelo eleito para ser montado na unidade é um carro para concorrer com o Gol, da Volkswagen, e com o Palio, da Fiat. “Era um sonho montar um carro de baixo custo no Brasil e esperamos ampliar nossa participação no país com este novo modelo”, disse o executivo. O segmento de compactos populares, que vai da motorização de 1.0 a 1.6 litro, é responsável por 70% das vendas no Brasil. O vice-presidente comercial da Toyota Mercosul, Luiz Carlos Andrade Júnior, disse que a expectativa da montadora é, no primeiro ano, alcançar 5% do mercado nacional com o novo carro. A meta da Toyota é chegar a 8%, quando o compacto for completamente aceito no país. Hoje, a montadora tem 3% com o sedã Corolla, que é líder da categoria, e a picape Hilux. Entre janeiro e agosto deste ano, a marca comercializou 62,3 mil unidades, o que representou um crescimento de 11% em comparação ao mesmo período de 2009, quando vendeu 56,2 mil carros. As vendas do Corolla somaram 35 mil unidades nos oito meses de 2010, um aumento de 8% em relação aos 32,6 mil veículos comercializados no mesmo período do ano passado. Com isso, o modelo detém atualmente 31% de participação no segmento de sedã médio. “Temos ciência de que estamos entrando em um segmento competitivo e com competidores que conhecem a fundo o mercado brasileiro”, disse Andrade Júnior. O compacto brasileiro está em desenvolvimento no Japão e, segundo Hasebe, terá uma plataforma semelhante ao modelo que será produzido na Ín- “ Era um sonho montar um carro de baixo custo no Brasil e esperamos ampliar nossa participação no país com este novo modelo Shozo Hasabe, Presidente da Toyota para o Brasil e Mercosul dia, o Etnos. “Mas terá as particularidades para o mercado brasileiro. Por exemplo, o motor será flex e há mudanças no design. Temos de produzir um modelo para o consumidor brasileiro”, afirmou Hasebe. Quanto às exportações, o vice-presidente da Toyota Motor Corporation, Atsushi Niimi, disse que o compacto brasileiro terá como os primeiros mercados os países do Mercosul. “Mas é um veículo que poderá ser vendido em outros países. Índia, China e Brasil são mercados onde devemos aumentar nossa presença para consolidarmos nossa liderança mundial.” Fábrica em Sorocaba A terceira fábrica da Toyota no país terá capacidade, em um primeiro momento, para produzir 70 mil carros por ano. Mas a licença de operação concedida pelo estado de São Paulo é para uma montagem de 400 mil unidades por ano. A fábrica recebeu investimentos de US$ 600 milhões e deverá entrar em operação no segundo semestre de 2012. Deve empregar aproximadamente 1,5 mil pessoas. Ao redor da nova unidade, também será instalado um parque industrial de fornecedores, que contará com aproximadamente 12 empresas e terá potencial para abastecer toda a cadeia automotiva do interior de São Paulo, gerando cerca de 11 mil postos de trabalhos indiretos e diretos. “Desde que a Toyota se instalou no Brasil, os negócios no país vêm apoiando o crescimento das vendas da montadora no mundo inteiro”, disse Niimi. A Toyota chegou ao país em 1958 com a construção de sua primeira unidade industrial fora do Japão, onde produzia o jipe Bandeirante, que saiu de fabricação em 2001. Hoje, a fabricante japonesa produz peças na unidade de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, e o Corolla em sua fábrica de Indaiatuba, no interior de São Paulo. Além disso, mantém uma unidade na Argentina, onde fabrica a picape Hilux. ■ Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 31 Divulgação AVIAÇÃO 3 RODOVIAS Gol registra aumento de 33,9% na demanda em sua malha aérea em agosto Tráfego da Ecorodovias cresce 63,9% até agosto e atinge 116 milhões de veículos Em comparação com o mês anterior, a demanda teve redução de 3%. No mercado doméstico, o aumento foi de 27,8% ante agosto do ano passado. Segundo a empresa, o aumento de tráfego ocorreu por efeito da política de gerenciamento de tarifas da companhia, oferecendo preços mais baixos aos passageiros que compram antecipadamente, reduzindo o estoque de assentos. “Este crescimento deve-se ao aumento real do fluxo de veículos comerciais e de passeio e a entrada em operação, em 18 de junho de 2009, da Ecopistas, concessionária que administra o Corredor Ayrton Senna - Carvalho Pinto”, afirmou a empresa em nota. Excluindo-se o tráfego da Ecopistas, o aumento acumulado do tráfego foi de 12,2%, para 72,097 milhões de veículos equivalentes pagantes. Venda de veículos aumenta 21,2% em agosto com 312,8 mil unidades Números da Anfavea mostram produção 17,5% maior em comparação com 2009 O setor automotivo produziu em agosto 329,1 mil veículos, uma alta de 3,4% em relação a julho e crescimento de 11,5% relativamente a agosto do ano passado, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Em oito meses, foram produzidos 2,41 milhões de veículos, o que representa uma expansão de 17,5% na comparação com o mesmo período do ano anterior. As vendas de veículos no mercado brasileiro somaram 312,8 mil unidades em agosto deste ano, registrando uma alta de 3,5%, ante julho e de 21,2% na comparação com agosto do ano passado. No acumulado até agosto, foram vendidos 2,19 milhões de veículos, o correspondente a um aumento de 10,1% ante o mesmo período de 2009. Para o presidente da Anfavea, Cledorvino Belini, as vendas de veículos no mercado interno devem seguir por volta de 300 mil unidades por mês até o final do ano. Sobre o movimento em agosto, ele disse que o setor vive um bom momento, que reflete a realidade econômica do País. “Atribuímos o avanço ao bom PROJEÇÃO 3,4 milhões de unidades é a estimativa de venda de veículos feita pela Anfavea para este ano. O número representa alta de 8,2% na comparação com 2009. PRODUÇÃO 2,41 milhões de veículos foram produzidos pela indústria entre janeiro e agosto deste ano. O número representa alta de 17,5% na comparação com igual período de 2009. andamento da economia, à confiança do consumidor, à expansão do crédito e aos menores níveis de desemprego”, disse. Na comparação de julho de 2010 em relação a julho de 2009, o índice de confiança medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV) cresceu 9 pontos porcentuais, enquanto o saldo de crédito subiu 14% e os juros caíram 0,5 ponto porcentual. Entre janeiro e agosto, as vendas de veículos acumulam alta de 10,1% ante o mesmo período de 2009, para 2,19 milhões de unidades. Apesar do otimismo, Belini afirmou que parte do avanço foi motivado por maiores importa- ções. No acumulado do ano, os licenciamentos de veículos nacionais cresceram 5,7% para 1,801 milhão de unidades, enquanto os importados cresceram 35,8% para 394 mil unidades. “A importação faz parte do jogo, mas é importante que as exportações também cresçam”, disse. A participação dos veículos importados no licenciamento foi de 15,6% em 2009. Neste ano, até agosto, foi 18%. Segundo Belini, as exportações acumulam alta de 63,7% em valores ante o mesmo intervalo de 2009, com embarques de US$ 8,032 bilhões. ■ Agência Estado 32 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 EMPRESAS Divulgação SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO PESQUISA Prodesp terá centro de investigação forense de até R$ 20 milhões Lojistas de shoppings esperam alta de 16,5% nas vendas para o Dia das Crianças A Empresa de Tecnologia da Informação do Governo do Estado de São Paulo (Prodesp) pretende investir de R$ 15 milhões a R$ 20 milhões em um centro de computação para investigação forense, que atenderá órgãos judiciais, de inteligência e de fiscalização, além de empresas privadas. O novo serviço combinará laboratório forense e o primeiro centro de resposta a ameaças digitais da América Latina. Pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) mostra que os lojistas esperam um crescimento de 16,5% nas vendas para o Dia das Crianças, em comparação com a mesma data do ano passado. A expectativa é que os pais gastem entre R$ 80 e R$ 120 nos presente, que serão desde os tradicionais brinquedos, até roupas e eletroeletrônicos, como MP3 e celulares. Minerais da Terramater dão cor a cosméticos no Brasil e na Europa Única empresa com selo que atesta bons antecedentes ambientais exporta para L’Oreal e Anna Pegova Cesar Dutra Martha San Juan França [email protected] O aumento da demanda mundial por produtos que respeitam o meio ambiente inspira fabricantes nacionais e estrangeiros de cosméticos a investir em linhas naturais cujos principais atrativos são a ausência de substâncias derivadas de petróleo, química sintética ou de origem animal. Nasceu daí a última moda em produtos de beleza, a maquiagem mineral, que está dando lucro a grandes e pequenas empresas. No Brasil, uma das favorecidas por esse filão é a Terramater. Empresa nova e ainda pequena, ela é uma das poucas brasileiras que atende esse segmento, distribuindo matéria-prima para farmácias de manipulação, spas e clínicas de estética e atendendo fornecedores de grandes redes como Boticário, Natura, Contém 1g; sem contar L’Oreal e Anna Pegova, no exterior. É também a única com a certificação Ecocert, que fornece selo verde para cosméticos ecológicos e orgânicos desde as fontes de extração até a qualificação do processo. Reconhecida na França e vários outros países com tradição nessa indústria, a certificação abriu as portas para a exportação de minerais da Terramater, como óxido de zinco, óxido de ferro, dióxido de titânio, que são transformados em pequenas partículas, usadas para fazer pós e bases. A empresa também fornece ativos minerais para batons, xampus, sabonetes, máscaras faciais e capilares. Certificação verde Adeptas dos orgânicos e da produção ecologicamente correta, as sócias da Terramater, Soraia Zonta e Patrícia Jachowicz, contaram com uma vantagem adicional para iniciar o negócio. A família de Patrícia é proprietária da Paraná Mineração, tradicional extratora de argila, areia e caulim, com sede em Tijucas, no sul paranaense. “Foi o entrelaçamento de dois tipos de empreendimento aparentemente muito diferentes mas que têm em comum a preocupação com o meio ambiente”, Certificação abriu portas para a exportação de minerais como óxido de zinco, óxido de ferro e dióxido de titânio, que são usados como matéria-prima por fabricantes de produtos de beleza diz Soraia. Os locais de extração são pré-selecionados para ser possível guardar o húmus do solo, reposto depois para não prejudicar o terreno. Além disso, a Terramater tem um processo de descontaminação patenteado que preserva as propriedades dos seus ativos minerais. Diante dessas vantagens, as empresárias preveem crescimento de 49% este ano. No ano passado, foram vendidas 14 toneladas de minerais da marca, que se tornou uma das unidades de negócio da Paraná Mineração e assim utiliza a estrutura da companhia para aumentar a capacidade de produção na sede de Itajaí (SC) e para ter apoio em pesquisa e desenvolvimento de produtos. “Hoje, temos uma equipe de avaliação dos ingredientes formada por clínico, geólogo, químico que atuam no nosso laboratório”, diz Soraia. Ela explica que os testes clínicos comprovaram a eficácia de cada produto para diferentes aplicações em mais de 15 cores naturais. “Cada argila é única, resultado da composição exclusiva da terra, da água e dos processos climáticos”, afirma. “Além dos pigmentos, os minerais ainda fornecem proteção solar e têm efeitos anti-inflamatórios.” ■ Soraia Zonta, sócia da Terramater, diz que pigmentos naturais ainda atuam na proteção solar e no combate a inflamações PALETA NATURAL O mercado de cosméticos orgânicos cresce, mas também busca harmonizar a sua definição. Segundo Emiro Khury, diretor técnico da Associação Brasileira de Cosmetologia, nos Estados Unidos, ele segue a mesma orientação dos alimentos, ou seja, tem suas matérias-primas oriundas da agricultura orgânica. Os minerais não entram porque não advêm de fonte renovável. Entre os europeus, no entanto, a preocupação é ambiental. “Minerais usados em maquiagem, desde que extraídos de forma sustentável, recebem certificação”, afirma. Pigmentos de diferentes cores encontrados na natureza são apreciados e ganham espaço para exportação nesse mercado. Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 33 Divulgação VAIVÉM DESEMPENHO Novo presidente da Oracle, Mark Hurd, poderá ter bônus de até US$ 10 milhões Crescimento do mercado de celulares é mais forte do que o esperado, diz IDC A Oracle informou que seu novo presidente, Mark Hurd, terá salário anual de US$ 950 mil e poderá receber bônus por metas entre US$ 5 milhões a US$ 10 milhões no ano fiscal de 2011. Na segunda-feira, a Oracle contratou Hurd como presidente e o indicou ao conselho de administração. No mês passado, ele deixou a presidência da HP em meio a um escândalo sexual. A HP promete recorrer da contratação, por receio de quebra de sigilo. A consultoria IDC elevou a previsão de crescimento do mercado de celulares, devido à forte demanda por novos smartphones como o iPhone 4, da Apple. A projeção para o avanço das vendas de aparelhos inteligentes passou de 44% para 55%, levando à revisão do mercado global, cuja previsão de alta passou de 12,6% para 14,1%. Para 2011, o segmento deve crescer 24,5%, apesar das incertezas econômicas. Antonio Milena Cliente que aceita publicidade pelo celular ganha direito a até duas ligações gratuitas de um minuto por dia Sercomtel oferece celular com anúncio Ambev é o primeiro anunciante da operadora londrinense, que espera aumentar em 30% a receita com seus 80 mil clientes Fabiana Monte Nova fonte de receita Divulgação [email protected] O telefone celular virou o mais novo canal publicitário da Ambev. A cervejaria é uma das primeiras anunciantes do serviço de ligações patrocinadas lançado ontem pela Sercomtel Celular, operadora móvel que atua em Londrina e Tamarana, no Paraná. A novidade permite à companhia vender minutos de ligações para anunciantes veicularem mensagens por meio do telefone móvel diretamente à base de clientes. Como benefício, o usuário que concorda em ouvir a propaganda recebe minutos gratuitos para chamadas locais para outros celulares Sercomtel. Na próxima semana, outros seis anunciantes devem estrear campanhas pelo mesmo canal, entre eles a rede varejista Móveis Brasília e o Colégio Londrinense. Fernando Kireeff presidente da Sercomtel “Com o serviço, o consumidor pode ligar sem custo; o patrocinador tem acesso a uma base segmentada e a operadora ganha uma receita adicional.” O serviço é uma alternativa para incentivar os usuários de celulares pré-pagos a fazerem ligações, além de se constituir em nova fonte de receita, avalia o presidente da Sercomtel, Fernando Kireeff. “Um dos grandes desafios do mercado de telecomunicações é a grande base de clientes que recebem ligações, mas tem problema de poder aquisitivo para fazer chamadas”, afirma. “Com essa solução, o consumidor pode ligar sem custo; o patrocinador tem acesso a uma base segmentada e a operadora ganha receita adicional”. Kireeff acredita que a receita total pode crescer 30% com o novo serviço, embora esta seja uma previsão preliminar. “É uma solução interessante porque é uma oportunidade de aumentar o tráfego e a receita”, diz o gerente de inteligência de mercado para América Latina da Frost & Sullivan, José Roberto Mavignier. O serviço é oferecido em parceria com o grupo Wertt, que detém a plataforma tecnológica. A Sercomtel vende minutos para o grupo Wertt, que mantém contato com os anunciantes. “O valor cobrado do anunciante varia conforme a negociação, mas fica em torno é R$ 0,56 por ligação”, diz o presidente do grupo Wertt, JeanMarc Schiffler, que não informa o valor pago à Sercomtel. Segundo ele, é possível escolher perfil do público e horário de divulgação das mensagens. O serviço começou a ser testado em dezembro, apenas com usuários pré-pagos e agora está disponível para os 80 mil assinantes da Sercomtel. Durante a fase de testes, participaram anunciantes como Lojas Riachuelo, Colégio Londrinense, Shopping Royal e a Ambev. Schiffler explica que, quando uma campanha nova está disponível, os clientes da empresa com o perfil que o anunciante deseja atingir recebem uma mensagem de texto informativa. Aqueles que quiserem podem ouvir a mensagem, que tem até 24 segundos, e ganhar duas ligações diárias de um minuto cada. Segundo o presidente da Sercomtel, 71% dos assinantes que recebem o alerta optam por ouvir os anúncios e usufruir do bônus de minutos. Sercomtel é a pioneira Kireeff diz que há planos para incluir chamadas da Sercomtel para outras operadoras. Schiffler acrescenta que, até o fim do ano, o serviço chegará aos números fixos da operadora londrinense. Além disso, o grupo Wertt discute com outras operadoras a adesão à plataforma. Oi, Vivo, Tim, Claro e Nextel não têm ainda uma oferta parecida. ■ 34 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 EMPRESAS Jessica Rinaldi/Reuters CARREIRA MARKETING ESPORTIVO Bunge Brasil abre inscrições para Programa Trainee 2011 FedEx torna-se patrocinadora de torneios da Associação de Tênis Profissional Até o dia 30 de setembro, a Bunge Brasil, empresa de agronegócios, alimentos e fertilizantes, está com inscrições abertas para seu programa de trainee. Serão aceitos candidatos de diversas formações como administração, agronomia, comércio exterior, direito, engenharia, marketing e zootecnia. O salário inicial é de R$ 3,5 mil. Os interessados devem se cadastrar pelo site www.bunge.com.br/trainees2011. A FedEx Corporation assinou um acordo de três anos como patrocinadora e transportadora oficial do ATP World Tour, torneios de tênis promovidos pela entidade reguladora de circuitos do esporte. O patrocínio será lançado em novembro e se estenderá até 2013. Além dos direitos globais de marketing, a FedEx terá sua marca exposta em 17 torneios da associação em onze países. Tecnologia móvel promove revolução no comércio de moda Em um ano, programas poderão ajudar clientes a escolher as peças que mais favorecem seu biotipo, além de dar dicas de preços Alexandra Farah [email protected] O acesso à internet por meio de aparelhos como celulares e tablets vai revolucionar o comércio de moda nos próximos anos. Da escolha da roupa à compra efetiva da peça, a decisão passará pelos equipamentos, que poderão indicar desde as tendências mais adequadas ao biotipo do consumidor até as peças similares, com seus respectivos preços, à venda nas lojas da redondeza. Na App Store, loja virtual de aplicativos da Apple lançada em 2008, 6,5 bilhões de aplicativos foram baixados para iPod, iPhone ou iPad. Outras marcas, como a Nokia, seguem pelo mesmo caminho. O Android Market, loja virtual para aparelhos que usam o sistema operacional do Google, também não para de crescer. Em geral, esses programas hoje estão ligados a entretenimento. E a revolução de verdade para o comércio, garantem os especialistas, deve ocorrer em um ano, com o telefone celular multifuncional, o GPS e o código de barras tornando-se essenciais para as compras. Atualmente, o que se tem disponível em termos de moda são aplicativos como os das famosas grifes Chanel e Gucci e mais recentemente das gigantes do varejo de moda, Zara e H&M, que ajudam a localizar lojas e a exibir coleções. “A grande mudança ainda está por vir”, diz Rony Rodrigues, diretor criativo da Box 1824, consultoria de marketing. “Cada consumidor terá seu biotipo dentro do celular. Na loja, sem experimentar, poderá identificar qual peça é mais adequada ao seu padrão. Ou seja, ele fará um teste inicial sem ir ao provador”. A atribuição de preço a uma peça também pode mudar radicalmente por causa do acesso móvel à internet. Hoje a maioria dos aplicativos mostra apenas a localização da loja mais próxima. Em alguns meses, ele dirá tam- “ Um aplicativo é a melhor maneira de atingir o cliente por oferecer um serviço e não só propaganda Thiago Peres, sócio da Bitix, consultoria de mobile marketing bém qual delas tem o melhor preço. “O princípio disto já existe. Em Nova York, há aplicativos que mostram onde encontrar o produto que você tem em mãos mais barato. Ele mapeia as lojas que estão em um raio de 1,5 quilômetro”, diz Rodrigues. Mudança em curso No Brasil, uma das primeiras a usar a interatividade como estratégia de venda é a C&A. Está disponível na internet, sob patrocínio da marca, o site Com que look eu vou (www.comquelookeuvou.com.br), que permite aos clientes expor fotos de suas peças e composições favoritas, além de tirar dúvidas sobre moda. Mesmo sem alarde, em uma semana, o site teve 20 mil acessos e duas mil perguntas registradas. A C&A espera chegar a 30 de setembro, lançamento oficial do site, com 5 mil perguntas. Depois disso, deve ser criado um aplicativo para celulares inteligentes, nos moldes do Ask a stylist, da revista americana Glamour, pelo qual o usuário envia uma foto vestido e amigos e especialistas comentam o visual. Fatima Pissarra, diretora da Navteq, uma das maiores desenvolvedoras de aplicativos para telefonia móvel, diz que a indústria da moda no Brasil precisa ficar mais ágil em termos de tecnologia. “Entendo que apenas 1% da população tenha acesso à rede de dados pelo celular no país, mas a mobilidade é um caminho sem volta, e a moda, como pioneira em tendências, tem que encabeçar o movimento”, diz. Segundo Thiago Peres, da Bitix, consultoria de mobile marketing, que criou aplicativos para as marcas cariocas Totem, Via Mia, Agatha e Farm, diz que o preço do programa varia de R$ 7 mil a R$ 50 mil, dependendo das funcionalidades. “Para a empresa, um aplicativo é a melhor maneira de atingir o cliente, porque oferece um serviço e não só propaganda.” ■ Nova York substitui Catálogos em papel também serão substituídos por versões digitais nesta semana de moda Começa hoje e vai até o dia 16 de setembro, a semana de moda de Nova York, oficialmente chamada de Mercedes-Benz Fashion Week. O evento tem nova locação — as tendas onde ocorrem os desfiles foram transferidas do Bryant Park e para o Damrosch Park — e apresenta renovação por meio de nomes como Alexandre Wang, Philip Lim e Proenza Schouler nas passarelas, mas a notícia mais importante é a chegada da tecnologia ao cenário da moda. A partir desta edição, em vez de enviar convites de papel, as grifes vão mandar e-mail com códigos de barra aos convidados. iPhones, iPads e celulares inteligentes passam a ser o passaporte para as salas de desfile. O endereço do desfile também chega ao aparelho por GPS. A lista de convidados de cada grife ainda fica disponível on-line para a equipe saber quem chegou e onde está sentado. Tudo isso por meio de um aplicativo, o GPS Fashion. Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 35 Andrew Harrer/Bloomberg PRÊMIO ESTRATÉGIA Fundação Conrado Wessel aumenta valor de premiação em 50% Research in Motion compra ativos da produtora de Documents To Go Até o final de novembro, a Fundação Conrado Wessel (FCW) deverá anunciar os vencedores da nona edição do Prêmio FCW Ciência e Cultura, um dos maiores do gênero no Brasil, nas categorias de Ciência, Medicina e Cultura. Cada vencedor receberá um prêmio de R$ 300 mil, incluindo encargos fiscais – o que representa um aumento de 50% em relação ao deste ano. As inscrições para o próximo ano acontecem no início de 2011. A Research in Motion (Rim), fabricante do Blackberry, comprou alguns ativos da DataViz, desenvolvedora do software Documents To Go, e contratou a maior parte dos funcionários para se concentrar no apoio à plataforma do celular. A DataViz desenvolve o software compatível com o Office da Microsoft para celulares, incluindo Blackberry e rivais, como dispositivos da Apple e os que executam o sistema Android, do Google. Jemal Countess/AFP Para ver desfiles em Nova York é necessário apresentar e-mail com código de barras, diretamente no celular ou computador portátil ARSENAL DA MODA SEM FIO 1 Chanel Zara Como tudo que a gigante do luxo produz, seu aplicativo é funcional e sofisticado. Prioriza vídeos e é rápido na atualização. A grife ainda tem o Lovely Game, aplicativo que permite combinar as peças ícones da marca. Na tentativa de oferecer serviço ao consumidor, a varejista desenvolveu um programa que mostra fotos de produtos selecionados e avisa quando chegam novidades à loja. Há também a versão Zara Home, com objetos de decoração. 3 Encerrada a apresentação, editoras de moda, lojistas e clientes vão receber, em vez do tradicional catálogo de papel, um mostruário on-line da grife, gerado pelo mesmo programa. “Para a indústria da moda é como sair da idade da pedra para 2090,” diz Peter Levy, presidente da IMG, produtora do evento, que espera receber 100 mil pessoas. “Em 2010, a tecnologia faz parte da produção dos desfiles e não apenas pela transmissão ao vivo,” afirma Levy. A IMG deu estrutura em todas as tendas para o funcionamento do Fashion GPS, criado Semana de moda começa hoje e vai até 16 de setembro, no Damrosch Park, no Lincoln Center por Eddie Mullon, de 39 anos. Mullon fundou sua empresa de desenvolvimento de software em 2006 e seu primeiro trabalho foi para o KCD, renomado escritório americano de relações públicas. A KCD, ainda sua cliente, precisava na época de um programa para manejar arquivos e cadastros. Hoje, o Fashion GPS tem entre seus clientes Chanel, Gucci e LVMH. Os assinantes pagam US$ 400 por mês e, em Nova York, 80% das grifes da Mercedes-Benz Fashion Week ganharam uma versão customizada do Fashion GPS paga pelo patrocinador. ■ A.F. 4 Iguatemi Stylish Girl Lançado em agosto, o primeiro aplicativo para shopping centers do Brasil busca lojas, mostra o que está em cartaz nos cinemas e onde o carro está estacionado, além de apresentar tendências de moda. É a versão feminina do programa para homens, Cool Guys. Nos dois, o usuário tira fotos de suas roupas e faz um álbum on-line. Dá para montar várias combinações e ainda inserir peças novas, disponíveis para compra. 5 convite para desfile por GPS 2 6 Farm e Totem Gucci Apesar do custo baixo para fazer um aplicativo básico, poucas grifes nacionais se arriscam neste meio. Entre as pioneiras estão as cariocas Totem e Farm, voltadas para o público jovem. O programas estão disponíveis para iPhone e iPad. Com mais de 2 mil itens disponiveis, a marca quer fazer da internet seu principal ponto de venda. Seu aplicativo mostra desde produtos da loja até dicas de lazer em várias cidades do mundo. Para localizar as buscas, o programa interage com um sistema de GPS. 7 8 Net-à-porter How to tie a tie Lider de comércio on-line, o site tem um dos primeiros e mais populares aplicativos de venda de roupas de luxo. Ele reúne novidades de mais de 200 grifes. Com o Net-à-porter, além de compras, o consumidor ainda cria uma lista de desejos para dividir com os amigos e parentes. Para usar no dia a dia, esse programa é educativo, útil, objetivo e simples. Reúne vários modelos de nós de gravata. Ao clicar no nó escolhido, o usuário é levado às telas que explicam o procedimento passo a passo. Está disponível para usuários de aparelhos da Apple. 36 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 CRIATIVIDADE RUY BARATA NETO Marcela Beltrao Google Instant revela oportunidades de marketing Brasil se abre para a Acxiom Fim da exclusividade nas máquinas de pagamento traz gigante do marketing ao país O fim da exclusividade para as máquinas que realizam transações com cartões de crédito e débito não agradou apenas os lojistas. A Acxiom Corporation, rede americana de agências de publicidade, motivada pela nova norma está chegando ao país. A companhia, com sede em Arkansas, é especializada em estratégias de marketing direto para a base de clientes de empresas de diversos segmentos, sendo o mercado financeiro um dos principais. Ela mandou ao país dois dos principais executivos da companhia, que serão responsáveis pelo escritório local, ainda em fase de implantação —há operações em mais oito países: Reino Unido, França, Alemanha, Holanda, Portugal, Polônia, Austrália e China. “O fim da exclusividade colocou o O Google lançou oficialmente ontem seu serviço batizado de Instant — o resultado de pesquisa aparece à medida que o usuário digita uma palavra no buscador. A revista Ad Age fez o levantamento da primeira palavra que surge quando se digita uma letra do alfabeto e o resultado revela uma grande oportunidade para profissionais de marketing. Não se sabe ao certo o quanto os resultados apresentados são personalizados ou mudam de acordo com a localização do usuário. Na lista de resultados da Ad Age, feita nos Estados Unidos, uma série de empresas aparecem como primeiro resultado da busca. Entre elas estão: Aol, Bank of America, eBay, Ikea, Verizon e Yahoo. A coluna Criatividade fez o mesmo teste e, dentre os resultados, estão no top da lista as seguintes empresas: Americanas, Net, Facebook e Hotmail (os únicos em comum com os Estados Unidos) e Globo, que aparece antes do próprio Google — o primeiro de sua letra na pesquisa americana. mercado de serviços financeiros como nosso grande alvo no Brasil”, afirma o vice-presidente de estratégias para meios de pagamento, John Albrecht. A desvinculação entre bandeiras e máquinas de pagamento torna necessária a contratação de ações de marketing voltadas para a fidelização de lojistas. Eles podem agora escolher as credenciadoras (como Redecard e Cielo, por exemplo) com as quais querem trabalhar. Ganha mercado quem oferecer serviços mais eficientes e preços melhores. “Estamos definindo as necessidades da área e o potencial que temos”, afirma Albrecht, que ingressou na Acxiom em novembro de 2009, depois de quatro anos na Mastercard Internacional. A primeira incursão da No primeiro trimestre do seu ano fiscal de 2011, encerrado em 30 de junho, a receita da Acxiom foi de US$ 270 milhões, um aumento de 5,6% sob o mesmo período do ano anterior Pela primeira vez, a CPFL investe cerca de R$ 10 milhões para promover sua marca em mídias de massa. A campanha institucional inaugura o resultado de uma concorrência que elegeu as três novas agências de propaganda da marca: Lew, Lara TBWA, Peralta Strawberryfrog e Talent. Augusto Rodrigues conta que o projeto faz parte dos preparativos para os 100 anos da companhia em 2012. de energia precisa de publicidade de massa? o número de investidores da empresa? Estão previstos mais investimentos em marketing? Somos hoje o maior grupo privado de energia do país, mas a nossa marca não tem o peso correspondente a nossa posição econômica. É necessário equilibrar isso e tornar a nossa imagem mais conhecida entre as elites intelectuais, econômicas e culturais do país. Em 2012, a companhia chega aos 100 anos e já estamos nos preparando. Pode acontecer de atrairmos mais investidores para a CPFL por meio de uma comunicação publicitária mais consistente, mas esse não é o objetivo. A ideia é tornar a marca mais conhecida fora do eixo Rio-São Paulo e revelar os novos projetos de vanguarda da empresa fincados na área da biomassa, energia eólica e até no desenvolvimento de veículos movidos a energia elétrica. Vamos manter nossa verba anual entre R$ 15 milhões e R$ 20 milhões, mas a companhia passou a ser mais aberta para a sociedade. A atual campanha institucional é apenas o primeiro passo de um projeto que busca aumentar a aproximação da CPFL com a sociedade. Esta campanha é a maior da nossa história desde a privatização da companhia e deve ficar no ar pelos próximos três meses. Ela abraçará inclusive cidades do interior dos estados. Acxiom no Brasil se deu por meio da aquisição, em julho, da GoDigital, especializada no desenvolvimento de softwares usados em ações promocionais de operadoras de telefonia celular. O interesse da Acxiom está nas tecnologias da GoDigital que podem ser aplicadas para o mercado financeiro. William Saubert, diretor de consultoria da rede americana, diz que ainda não tem contratos com clientes no país, e a ideia é ganhar primeiro as multinacionais atendidas nos Estados Unidos e que têm operação no país, como o Citibank. No primeiro trimestre do seu ano fiscal de 2011, encerrado no último dia 30 de junho, a receita da Acxiom foi de US$ 270 milhões, resultado 5,6% maior quando comparado ao exercício anterior. ■ A Americanas N Net B Baixaki O Orkut C Correios P Ponto Frio D Dicionário Q Quina E Enem R Receita Federal F Facebook S SBT G Globo T Tradutor H Hotmail U Uol I Itaú V Vagalume J Jogo W Wikipedia K Kboing X Xadrez L Letras de Músicas Y Youtube M MSN Z Zero Hora TRÊS PERGUNTAS A... ...AUGUSTO RODRIGUES diretor de comunicação CPFL Queremos ser mais conhecidos entre as elites do País Por que uma empresa A propaganda pretende contribuir para aumentar Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 37 Nokia faz promoção com Pamela Anderson A Nokia, líder mundial em vendas de celulares, deverá mostrar durante uma feira mundial de tecnologia nos dias 14 e 15 de setembro, em Londres, novos aplicativos e serviços baseados em seu sistema operacional o Symbian 3, que roda no seu celular sensível ao toque, o N8, lançado em abril. Para promover o evento, a fabricante contratou a musa do seriado S.O.S Malibu, Pamela Anderson. A atriz participará de um curta metragem filmado com aparelhos da Nokia e uma promoção premia um anônimo com uma participação no filme. [email protected] Fotos: divulgação PEDRO CALABREZ FURTADO ANÚNCIO DA SEMANA Professor do Núcleo de Estudos em Ciências do Consumo da pós-graduação da ESPM O que se passa na cabeça do consumidor? A Fiat promove sua experiência em publicidade em terceira dimensão, que vem sendo testada desde o lançamento do novo Uno, na edição de Playboy que chega hoje às bancas. Todas as páginas da revista, que traz a modelo paraguaia Larissa Riquelme na capa, podem ser vistas em 3D com óculos especiais que acompanham a edição. A produção só foi possível por meio do patrocínio da fabricante de automóveis, que marca presença nos óculos 3D e em três anúncios da edição. A imagem acima está na quarta capa e faz referência à linha de comunicação básica do Novo Fiat Uno: os cubos coloridos. Na versão impressa, os elementos saltam da página por conta da técnica de terceira dimensão. FICHA TÉCNICA Agência: Leo Burnett Cliente: Fiat Criação: Renato Butori, Andre Kirkelis (arte) e Mario Cintra (redação) Direção de criação: Ruy Lindemberg Atendimento: Cíntia Mourão, Daniela Ferreira e Pedro Lage Mídia: Daniela Franco, Juliana Escarabeli e Paulo Pereira Aprovação do cliente: Cledorvino Bellini, João Ciacco e Malu Antonio e Ana Brant. Bilhões de dólares são gastos anualmente em pesquisas que pretendem explicar e antever os desejos que impulsionam os indivíduos a consumir. As pesquisas tradicionais de marketing baseiam-se em relatos dos próprios consumidores e utilizam diferentes profissionais e metodologias para interpretá-las. O objetivo é construir um panorama realista daquilo que se passa na mente do consumidor. Infelizmente, muitas vezes, esses esforços são em vão. O motivo é simples: nós, seres humanos, não estamos conscientes da maioria dos processos mentais que motivam nossos comportamentos – inclusive nossas práticas de consumo. Os métodos tradicionais de pesquisa observam apenas a ponta do iceberg. Aquilo que os consumidores relatam é uma pequena parcela (muitas vezes distorcida) do que efetivamente motivou seus comportamentos. O cérebro, centro da mente e do comportamento, realiza a maioria de suas operações abaixo da linha da consciência. Estudos sugerem que mais de 95% dos processos mentais são inconscientes, e há os que estimam que esse percentual seja superior a 99%. Nas últimas décadas, uma revolução tecnológica vem permitindo Um estudo aos cientistas superar de um consultor essa dificuldade e observar diretamente o dinamarquês funcionamento do cémostrou que rebro humano. Técnicas as advertências como o eletroencefalograma (EEG) e a neuroiantitabagistas magem por ressonância fazem com que magnética funcional fumantes tenham (iRMF) permitem a observação da atividade mais vontade cerebral sem a necesside fumar dade dos relatos conscientes dos indivíduos. A aplicação dessas técnicas ao estudo do comportamento do consumidor recebeu o nome de neuromarketing. Esse campo científico vem quebrando paradigmas e trazendo novos insights a respeito da mente do consumidor. Em um estudo realizado pelo consultor dinamarquês Martin Lindstrom, divulgado em 2007, descobriu-se que advertências antitabagistas fazem com que fumantes tenham mais vontade de fumar, e que propagandas com apelos sexuais não aumentam o desejo de consumir o produto. Lindstrom também revelou que as mesmas regiões cerebrais ativadas quando um consumidor está diante de sua marca favorita (um consumidor da Apple frente à emblemática logomarca da maçã) são ativadas por pessoas religiosas frente a símbolos religiosos (uma freira frente a um crucifixo). Estudos como esse ainda são raros. No entanto, nos últimos anos surgiram algumas empresas especializadas em neuromarketing, como a internacional NeuroFocus, e institutos de pesquisa já começaram a oferecer técnicas em neuromarketing dentro de seus portfólios de soluções. No Brasil, um dos poucos exemplos é a Millward Brown, parceira do Ibope, que possui aparelhos para mapear o funcionamento cerebral do consumidor. O futuro das pesquisas de marketing está intimamente ligado à compreensão da mente humana. ■ 38 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 FINANÇAS Começa a era do acesso direto no pregão de ações Bolsa espera primeiros clientes de DMA — recurso que permite o envio direto de ordens ao pregão — ainda nesta semana Mariana Segala [email protected] Uma demanda reprimida dos investidores pelas formas mais sofisticadas de acesso direto ao mercado (ou DMA) no segmento de ações da BM&FBovespa começa, finalmente, a ser atendida. Três novas modalidades de DMA estão disponíveis para o mercado desde quarta-feira passada. E, pelos planos da bolsa, os primeiros clientes já estarão operando até o fim desta semana. “No próximos dias, calculamos que pelo menos meia dúzia de investidores comecem a negociar com o acesso direto”, diz o diretor de operações da bolsa, André Demarco. Grosso modo, trata-se de um recurso tecnológico que permite aos investidores enviar ordens de compra e venda diretamente à BM&FBovespa. É uma alternativa à tradicional transmissão das ordens por telefone aos operadores das corretoras, que as registram manualmente no sistema da bolsa. O segmento de derivativos conta com os quatro modelos existentes de DMA (leia mais ao lado) há mais de ano — e as operações realizadas por meio deles representam cerca de 30% do volume do segmento BM&F. No segmento Bovespa, até o mês passado, só o modelo 1 estava disponível. Das novas modalidades de DMA do segmento Bovespa, a número 4 — conhecida como co-location — é considerada a vedete. É nela, segundo Demarco, que chegarão os primeiros clientes. No co-location, o investidor instala seu servidor dentro do centro de processamento de dados da BM&FBovespa. Reduzida a distância física de onde as ordens são enviadas para o lugar em que são executadas, garante-se velocidade. É disso que precisam os chamados investidores de alta frequência, em geral fundos que realizam milhares de operações por minuto usando algoritmos. Clientes de DMA via co-location pagam aluguel de R$ 10 mil mensais por meio rack, por segmento de negociação. Para o segmento de derivativos, já há 33 meios racks contratados Volume maior “O DMA já mostrou nos derivativos o que pode fazer. Ele tende a ampliar também o volume negociado no segmento Bovespa”, afirma Daniel Mendonça de Barros, executivo da corretora Link, que prevê demanda maior pelo acesso direto via co-location para ações do que para derivativos. No segmento BM&F, já há dez clientes de co-location ativos, entre investidores e corretoras, e outros sete em fase de ativação. Não se trata, porém, de uma alternativa de amplo acesso. Para se instalar dentro da bolsa, o investidor precisa alugar um rack, espécie de “estante” onde são dispostos seus servidores. Cada meio rack (unidade de comercialização padrão) para um dos segmentos de negociação da bolsa sai por R$ 10 mil mensais. Quem já tem meio rack para um segmento, paga R$ 5 mil mensais adicionais pelo outro. A bolsa já tem em operação um espaço de co-location com 40 meios racks disponíveis, sendo que 33 já estão ocupados por investidores do segmento BM&F. Outras 45 unidades estão em vias de ser contratadas — 13 só para o segmento Bovespa e 32 para ambos os segmentos. Segundo Demarco, a bolsa tem mais dois espaços de co-location, com 40 meios racks cada, prontos para entrar em operação. ■ Divulgação A FRASE “Nos próximos dias, pelo menos seis investidores estarão no novo sistema” André Demarco, diretor de operações da BM&FBovespa É esperado para Mercado não esperava que a CVM liberasse os três novos modelos de DMA rapidamente As primeiras contratações de acesso direto ao mercado via co-location podem começar agora, mas na visão das corretoras de valores, vão estourar apenas a partir de 2011. Isso porque, no mercado, já não se acreditava que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) liberasse os três novos modelos de DMA para o segmento de ações antes do fim do ano. “A aprovação foi antecipada e, com isso, nossos clientes que se preparavam para começar a operar no ano que vem estão correndo”, diz o diretor comercial da Fator Corretora, Alexandre Carneiro. Não é pouco trabalho. Envolve procedimentos burocráticos, como a importação de equipamentos para instalar na bolsa. As corretoras fazem o que podem para facilitar a vida dos clientes, intermediando o contato com a bolsa, mas algumas particularidades do co-location no segmento de ações deixam as instituições de mãos atadas. Diferentemente dos derivati- Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 39 Andrew Harrer/Bloomberg AGENDA DO DIA Republicanos são obstáculo para pacote ● Às 8h30, o Banco Central divulga a ata do Copom. ● Às 9h, o IBGE divulga o IPCA de agosto. ● Às 10h, a CNI divulga os indicadores industriais de julho. ● Às 20h50, sai o PIB anualizado do Japão. A bancada republicana no Congresso dos Estados Unidos demonstrou pouco entusiasmo em aprovar o pacote de US$ 350 bilhões lançado pelo governo de Barack Obama a menos de dois meses da eleição parlamentar no país. O pacote prevê isenções fiscais bilionárias para empresas, algo que os republicanos geralmente apoiam, mas não se isso puder ajudar o Partido Democrata em uma eleição em que a oposição aparece como favorita. Marcela Beltrão MODALIDADES DE ACESSO 1. Modelo número 1, o DMA tradicional Modalidade mais simples de acesso direto ao mercado, o DMA 1 está disponível no segmento de ações desde 1999 e no de derivativos, há quase dois anos. Nele, o cliente opera no sistema Mega Bolsa por intermédio da estrutura tecnológica da corretora. As ordens enviadas pelo cliente trafegam pela infraestrutura da corretora antes de alcançar o sistema eletrônico de negociação. O home broker é um exemplo. 2. Modelo número 2, o DMA via provedor Neste modelo, as ordens são enviadas via infraestrutura tecnológica fornecida por uma empresa provedora de serviços de roteamento de ordens, como a Cedro Finances ou a Marcopolo Networks. Na prática, o cliente se conecta à rede da empresa provedora de DMA e ela ao sistema da Bolsa. As mensagens enviadas pelo investidor não trafegam pela infraestrutura tecnológica da corretora, como no DMA 1. 3. Modelo número 3, o DMA via Conexão Direta A Bolsa tem disponível um espaço para co-location com 40 meio-racks 2011 aumento de investidores vos, o co-location de ações foi aprovado pela CVM apenas na modalidade “investidor”. Significa que só quem pode alugar os racks onde são instalados os servidores é o próprio investidor. No segmento BM&F, também as corretoras podem contratá-los, oferecendo o espaço como um serviço a mais para os clientes. “Não vamos poder otimizar espaço, diminuindo custos, o que pode ser um problema”, avalia Carneiro. A BM&FBovespa já se prepara para solicitar à CVM a liberação do co-location modalidade “corretora”, afirma o diretor de Trabalho envolve procedimentos burocráticos, como a importação de equipamentos para serem instalados na bolsa operações da bolsa, André Demarco. Resta esperar a aprovação e, até lá, trabalhar com o que há. “Nós nos preparamos para atender aos investidores dos dois jeitos”, diz o executivo da Link, Daniel Mendonça de Barros. A corretora estima ter oito clientes operando via colocation nos próximos 15 dias. As negociações nesta modalidade de DMA, para Mendonça de Barros, passarão a se destacar quando entrar em vigor a nova política de descontos de tarifas para os investidores de alta frequência, os maiores in- teressados. Prevista para novembro, a tarifação diferenciada dará abatimentos de até 50% nas taxas do segmento Bovespa e de até 75% no segmento BM&F. Os investidores de alta frequência representam hoje de 5% a 10% do volume negociado em derivativos. Essa fatia tende a alcançar 50%. Com isso, o analista Bernardo Mariano, da consultoria Equity Research Desk, calcula que o volume total do segmento BM&F se eleve em 80% e do Bovespa, em 100%, num período de aproximadamente cinco anos. ■ Na modalidade 3, o envio de ofertas é feito via conexão direta do cliente com a bolsa, sem a utilização de infraestrutura tecnológica intermediária. Como ocorre em todos os outros modelos, no entanto, é a corretora que concede o acesso ao investidor, estabelecendo os seus limites operacionais no pregão e monitorando as operações que realiza nos dois segmentos. 4. Modelo número 4, o DMA via co-location As ordens de compra e venda do cliente são geradas por software instalado em seu servidor — ou computador — hospedado no centro de processamento de dados da bolsa. Para fins de monitoração, configuração de parâmetros, administração e manutenção, o cliente possui acesso remoto ao seu equipamento. Ganha-se em proximidade e velocidade do processamento das ordens. 40 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 FINANÇAS Jin Lee/Bloomberg RISCO WALL STREET Fitch Ratings aumenta classificação da dívida da British Petroleum para “A” SEC investiga negociação de ações em alta frequência A Fitch Ratings aumentou ontem em três patamares a nota da dívida de longo prazo da British Petroleum, de “BBB” a “A”, após o controle da maré negra no Golfo do México e das medidas tomadas pelo grupo petroleiro britânico para reforçar sua liquidez. A agência de classificação financeira indicou em um comunicado que também subiu a nota da dívida a curto prazo do grupo de “F3” a “F1”. Reguladores dos Estados Unidos estão investigando a prática de executar ordens rápidas de compra e venda de ações e o cancelamento dos negócios quase que imediatamente (”quote stuffing”, em inglês), disse na ontem a presidente da Securities and Exchange Commission (SEC), Mary Schapiro. “A SEC e outros reguladores olham com cuidado para certas práticas para ver se elas violam as regras existentes contra fraudes.” Cardif planeja replicar modelo de negócios brasileiro no mundo Seguradora do BNP Paribas quer ampliar parcerias com varejo na Europa e na Ásia, como faz no Brasil Murillo Constantino Thais Folego [email protected] As particularidades do mercado de seguros brasileiro fez com que a operação da Cardif Brasil, a seguradora do grupo francês BNP Paribas, tivesse um jeito muito próprio de ser quando comparada às outras 40 operações da seguradora espalhadas pela Europa, Ásia e América Latina. Acostumada a fazer parcerias com bancos nesses lugares, aqui a maior parte dos parceiros que a Cardif tem para a distribuição de seguros são redes de varejo, pelo fato dos grandes bancos brasileiros possuírem suas próprias seguradoras. “Aqui, há variedade de canais de distribuição, sendo o de varejo muito bem sucedido”, diz Eric Lombard, presidenteexecutivo mundial da Cardif. “Queremos desenvolvê-lo mais nas operações na Europa e Ásia, onde esse canal é pouco explorado”, completa o CEO, que visitou o Brasil semana passada para as comemorações dos dez anos da operação brasileira. O executivo conta que, em outros países da América Latina, a seguradora também tem uma importante operação de distribuição no varejo, mas que no Brasil ela é mais desenvolvida e eficiente. O entusiasmo é justificado pelos resultados que a operação brasileira tem entregado. “Em termos financeiros, eles são impressionantes”, comenta o presidente. No primeiro semestre deste ano, o lucro líquido da Cardif Brasil cresceu 96% quando comparado a igual período de 2009, somando R$ 17,1 milhões, enquanto o faturamento cresceu 16% no período (R$ 278,7 milhões). “Isto foi resultado do amadurecimento das carteiras de ramos elementares (seguros não-vida), principalmente a operação da Cardif Garantias, que no primeiro semestre de 2009 teve prejuízo de R$ 1,2 milhão e neste apresentou ganho de R$ 3,2 milhões”, explica Alexandre Boccia, presidente da Cardif Brasil. “ Os negócios na América Latina respondem por 10% dos resultados da Cardif fora da França. Em cinco anos, a meta é que representem 20% do ganho, e o Brasil tem um importante papel nisso Eric Lombard, presidente-executivo mundial da Cardif Lombard e Boccia, presidente mundial e do Brasil, respectivamente: meta é dobrar participação da América Latina nos ganhos da Cardif ■ RESULTADOS Lucro líquido da Cardif Brasil no 1° semestre de 2010 R$ 17,1 mi ■ CRESCIMENTO Avanço do lucro no 1° semestre na comparação anual 96 % Metas Atualmente, os negócios na América Latina respondem por 10% dos resultados da Cardif fora da França. Em cinco anos, a meta é que representem 20% do ganho. “E o Brasil tem um importante papel nisso”, diz Lombard. Mundialmente, o faturamento em prêmio de seguros cresceu 28% em 2009, e uma das locomotivas desse avanço foi a operação brasileira, que no ano passado cresceu 44% em receitas. Ele lembra que o mercado brasileiro é muito competitivo e que todos os envolvidos têm metas ambiciosas. O plano, porém, é crescer de forma orgânica e com mais parcerias para distribuição. Hoje, a Cardif Brasil tem parceria com varejistas, bancos e financeiras de consumo. Possui, inclusive, uma joint venture com a Magazine Luiza, que resultou na Luizaseg. Um mercado que também está no radar da Cardif é o de microsseguros. A seguradora já atua no segmento em um dos maiores mercados para a modalidade, a Índia, em parceria com o State Bank of India, que tem cerca de 110 milhões de clientes. “Temos mais de um milhão de segurados lá”, diz Lombard. A seguradora também atua com microsseguro em alguns países da África. No Brasil, uma lei que dá incentivos fiscais para microsseguros tramita no Congresso. A despeito da legislação e das muitas definições para microsseguros, Lombard avalia que a Cardif já atua de alguma forma no segmento, com seguros que custam a partir de R$ 1 ao mês distribuídos em alguns varejistas parceiros. ■ Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 41 David Siqueira/SXC TELECOMUNICAÇÕES CONTA CORRENTE Portugal Telecom deve pagar até R$ 4,46 bi em dividendo extraordinário Fluxo cambial inicia o mês negativo em US$ 319 milhões A poucas semanas da formalização da venda da participação da Portugal Telecom (PT) na Vivo à Telefónica, cresce a expectativa em relação ao possível dividendo que será entregue aos acionistas. As analistas consideram que a PT deverá aplicar entre R$ 2,23 a R$ 4,46 bilhões na remuneração aos seus acionistas, o que poderá ser feito por meio de um dividendo extraordinário ou por um programa de recompra de ações. O saldo da entrada e saída de dólares do país (fluxo cambial) está positivo em US$ 319 milhões em setembro, até o dia 3, conforme dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC). O fluxo comercial está negativo em US$ 526 milhões, enquanto o financeiro está positivo em US$ 207 milhões. No mês de agosto, o movimento de câmbio ficou negativo em US$ 680 milhões. Ag Vale Oferta da Vale teve forte demanda e plano inicial de emitir apenas US$ 500 milhões foi revisto VALE US$ 1,750 bi foi o valor total da captação de ontem. US$ 1 bilhão vence em 2020 com rendimento de 4,7% ao ano. Os demais US$ 750 milhões vencem em 2039 a 6,875% a.a. TELEMAR US$ 1 bi foi o quanto a operadora levantou ontem com a emissão de títulos externos com vencimento em dez anos. O rendimento desses papéis será de 5,5% ao ano. ODEBRECHT US$ 500 mi foram captados pela construtora Norberto Odebrecht com a emissão de bônus perpétuos concluída na terça-feira. O juro ficou em 7,5% ao ano. Liquidez elevada e taxas de juros baixas estimulam captações externas Companhias brasileiras voltam ao mercado após o fim das férias no Hemisfério Norte Ana Paula Ribeiro [email protected] O nível baixo de juros pagos nos ativos considerados seguros, o excesso de liquidez no mercado internacional e o fim das férias no Hemisfério Norte são os fatores que têm facilitado a busca de recursos pelas empresas brasileiras no mercado externo. Em comum, as companhias que fecharam operações nos últimos dias encontraram condições favoráveis de preço e forte demanda dos investidores. “Há um volume alto de operações prospectadas para setembro e outubro”, afirma o executivo de um grande banco de investimento . Custo das operações está em nível muito pequeno e recursos podem ser utilizados para melhorar perfil da dívida ou ampliar investimentos Nesse mercado, os investidores têm como referência os títulos do Tesouro dos EUA. No curto prazo (12 meses), a taxa de retorno desses papéis é de 0,23% ao ano. Já um de dez anos paga 2,66% anualmente. Com cenário menos volátil, os investidores passaram a buscar ativos que paguem mais e que tenham boa avaliação de risco, categoria na qual as empresas brasileiras se encaixam. A expectativa de profissionais é que 2010 seja o melhor ano para essas operações. De acordo com a Thomson Reuters, já foram levantados neste ano pelo Brasil, incluindo empresas e dívida soberana, US$ 16,761 bilhões. Soma-se a esse valor os US$ 3,250 bilhões captados desde segunda-feira por Odebrecht, Vale e Telemar. “Se você tem programa de pagamentos a fazer, planos de investimento ou quer rolar a dívida, essa é a hora de captar”, acredita o diretor da Queluz Investimentos, Plinio Chapchap. Fazer o pagamento de dívidas mais caras e de menor prazo será a opção da Telemar, que ontem levantou US$ 1 bilhão em bônus de dez anos e pagará uma taxa ao investidor de 5,5% ao ano. Segundo fontes, o valor da operação ficou acima do esperado inicialmente, US$ 750 milhões, e a demanda total foi de US$ 5,2 bilhões. A companhia, de acordo com o mesmo profissional, utilizará os recursos para melhorar o perfil de sua dívida. Em abril de 2009, por exemplo, a Telemar pagou uma taxa de 9,5% em uma emissão de títulos no mercado externo. Como essa facilidade pode ser momentânea, as companhias brasileiras correm para aproveitar essa oportunidade. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) prepara a emissão de € 1 bilhão de títulos de sete anos. A Votorantim também iniciará nos próximos dias um “non deal road show”, visita a investidores que está sendo encarada como o primeiro passo antes da concretização da oferta. O apetite por Brasil deve inclusive beneficiar as empresas que querem levantar valores mais modestos no mercado externo. Após as grandes companhias concluírem suas operações, haverá espaço para ofertas abaixo de US$ 200 milhões, na avaliação de Chapchap, da Queluz. ■ 42 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 FINANÇAS Lourdes Segade/Bloomberg FENAPREVI MERCADOS Seguro para pessoas movimenta R$ 7,4 bilhões no primeiro semestre Ações europeias fecham no maior nível desde abril O Sudeste respondeu por 65,6% das vendas de seguros para pessoas no primeiro semestre, segundo dados divulgados ontem pela Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi). Esse mercado, que engloba seguros prestamistas (que protegem contra inadimplência), educacionais, vida individual e em grupo, acumulou no período R$ 7,4 bilhões em prêmios, alta de 13,4% ante o mesmo período de 2009. As ações europeias subiram ontem, levando o principal índice regional ao maior nível de fechamento em quatro meses, levantado pelo setor de tecnologia com destaque para a ARM Holdings e pelo setor de mineração. O FTSEurofirst 300, índice das principais ações europeias, avançou 0,96%, para 1,072 pontos, no maior nível desde o fim de abril. No meio da sessão, porém, o índice chegou ao piso de 1.057 pontos. Robson Fernandjes/AE Empenhadas em grandes projetos, empresas do setor de energia têm mais prática em mostrar dados sócioambientais, embora sem padronização Apelo ambiental faz diferença na nota de crédito Estudo conclui relação positiva da inclusão de variáveis sócioambientais na redução do risco operacional Conrado Mazzoni [email protected] O foco em padrões ambientais e sociais dentro de uma política de desenvolvimento sustentável influencia o risco de crédito de uma empresa. Lidando com a demanda por empréstimos para tocar projetos de crescimento, as instituições financeiras precisam o quanto antes incluírem variáveis sócio ambientais na análise da concessão. Essa é a conclusão apontada por Aida Maria Mendes Milani em sua dissertação apresentada ao programa de pós-graduação em ciências contábeis da Universidade Mackenzie. Por meio de um modelo estatístico com essas variáveis de 125 empresas de capital aberto listadas na BM&FBovespa, ficou constatado o reflexo no rating corporativo. “Não tem como separar o risco ambiental de uma operação de crédito. É intrínseco. A imagem do banco pode ficar comprometida”, afirma ela. Aida defende aumentar o escopo atualmente adotado nos “Princípios do Equador” — diretrizes sócio ambientais exigidas para volumes pesados de financiamentos, criadas pelo Banco Mundial. Voltar-se também para as firmas de menor porte. “Os bancos são corresponsáveis no alinhamento dos aspectos sociais e ambientais com os financeiros. Faltam, porém, ferramentas para a avaliação dos ratings”, observa a também profissional da área de crédito do Banco Safra. Para introduzir essa estratégia, há o problema de padronização dos indicadores de sustentabilidade. Em geral, os relatórios das empresas não são claros em quanto é investido, por exemplo, no treinamento de pessoas e dispêndios com reciclagem. “Infelizmente, não temos na legislação contábil a obrigatoriedade das companhias publicarem o balanço social ou mais informações sobre questões ambientais”, aponta Aida. “E sabemos que, às vezes, há a preferência de não publicar por temer o acesso dos concorrentes”, completa. “ Fala-se muito em sustentabilidade, é um discurso bonito, mas, na prática, as coisas não são muito evidenciadas. Sem os princípios de desenvolvimento sustentável, a empresa pode não sobreviver no futuro Segundo Franklin Roosevelt Thame, gerente de solução de riscos sócio ambientais da Serasa Experian, que, a pedido dos bancos, desenvolve instrumentos para analisar estes temas e classificar empresas, está havendo uma conscientização por parte de adequar o conceito de finanças sustentáveis. O Banco Itaú tem linhas específicas para empresas que adotam boas práticas de sustentabilidade e a procura tem crescido muito. “São iniciativas isoladas, mas que devem puxar o desenvolvimento de mecanismos de crédito. O grande limitador hoje é a padronização das informações”, pondera Aida. ■ TEORIA DO TRIPLE BOTTOM LINE – TBL Trabalho de Aida Milani foi elaborado a partir da intersecção dos três aspectos que resulta no desenvolvimento sustentável, especificamente o socioeconômico e o econômico-ambiental Aida Maria Mendes Milani, ECONÔMICO autora da dissertação ECONÔMICO AMBIENTAL SOCIOECONÔMICO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL MEIO AMBIENTE Fonte: Elkington (2004) SÓCIO AMBIENTAL SOCIAL Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 43 Crispin Rodwell/Bloomberg VAREJO SANEAMENTO Número de consumidores em busca de crédito é recorde em agosto, diz Serasa Irlanda divide Anglo Irish Bank em dois e venderá alguns ativos A demanda do consumidor por crédito voltou a mostrar sinais de recuperação em agosto, registrando a segunda alta mensal consecutiva e atingindo patamar recorde de procura. Divulgado ontem, o indicador Serasa Experian que calcula pedidos de financiamento por meio da consulta ao CPF de 11,5 milhões de consumidores mostrou crescimento de 3,6% em agosto em comparação com o mês anterior. O ministro de Finanças da Irlanda, Brian Lenihan, afirmou ontem que o banco nacionalizado Anglo Irish Bank será dividido em um “banco de financiamento”, que vai continuar sendo operado, e um “banco de recuperação de ativos” que será total ou parcialmente vendido. O banco de financiamento será um banco especializado em depósitos apoiado pelo governo, que vai conter a carteira de depósitos do Anglo. Economia americana cresce, mas já mostra sinais de desaceleração Segundo Livro Bege, sete regiões observaram ritmo de crescimento moderado Felipe Peroni e Micheli Rueda [email protected] O conteúdo do Livro Bege do Fed mostrou que a economia dos Estados Unidos continuou a crescer desde a última edição do documento, mas tem sinais de uma “desaceleração generalizada”. O Livro Bege é um compilado de informações sobre a situação econômica em todos os 12 distritos do Banco Central dos Estados Unidos. Segundo o relatório, divulgado ontem, sete regiões observaram um ritmo de crescimento econômico moderado. Já Nova York, Filadélfia, Richmond, Atlanta e Chicago verificaram condições mistas ou desaceleração da atividade econômica. “Os gastos dos consumidores parecem ter aumentado em equilíbrio, apesar da cautela ter continuado a limitar as compras não essenciais”, disse o documento. Na atividade industrial, as análises mostram continuidade da expansão iniciada nos meses anteriores, mas em ritmo menor em diversos distritos. Já os A atividade industrial continuou a crescer, embora em ritmo menor em diversas regiões analisadas pelo Federal Reserve setores agrícola e extrativista mantiveram avanço na demanda e no faturamento. De acordo com a autoridade monetária, a alta de preços nas commodities ocorrida no período não se traduziu em inflação para a maioria dos preços de bens e serviços finais. Os salários também ficaram estáveis. “Dos distritos que analisaram salários, a maioria observou pressão pequena ou nula nos salários”, mostrou o relatório. Já as vendas de casas desacelerou após o vencimento do crédito fiscal no final de junho, provocando um abrandamento da construção civil. “A demanda por imóveis comerciais continua bastante fraca, mas mostrou sinais de estabilização em algumas áreas”, destacou o Fed. Quanto ao setor financeiro, a procura por empréstimos permaneceu estável ou ligeiramente menor, mas a qualidade do crédito teve alguma melhora, conforme mostrou o Livro Bege. Desemprego O setor privado abriu 67 mil vagas em agosto, mais do que o previsto, e a taxa de desemprego subiu para 9,6%, porque mais pessoas saíram em busca de trabalho no mês passado. ■ Com agências 44 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 INVESTIMENTOS Maria Luíza Filgueiras [email protected] Índices de renda fixa têm carteira rebalanceada e superam CDI no ano As novas carteiras teóricas dos índices de renda fixa IMA-C, IMA-S e IRF-M, da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), já estão em vigor e são válidas até o dia 1º de outubro. A diferença entre as carteiras de cada índice é o lastro: no caso do IMA-C, a composição é baseada em títulos atrelados ao IGP-M (NTN-C), enquanto o IMA-S tem títulos atrelados à taxa Selic (LFT) e o IRF-Mé composto pelos prefixados (LTN e NTN-F). Para este mês, a composição do IRF-M (e seus subíndices) traz alterações de peso resultantes das atuações da Secretaria do Tesouro Nacional em agosto, que fizeram o peso da LTN com vencimento em 1º de setembro de 2012 passasse de 14,4% para 17,3% do IRF-M. Em contrapartida, o peso da NTN-F com vencimento no dia 1º de janeiro de 2012 passou de 17,6% para 16,4%. O principal ajuste no IMA-S foi a saída da LFT com vencimento em 7 de setembro de 2010, que representava cerca de 6% da carteira teórica. Já o IMA-C permanece praticamente inalterado, já que é composto por títulos que já estão no mercado e sem colocações adicionais do Banco Central, por utilizarem um indexador de inflação (IGP-M) que não é a da autoridade monetária (que utiliza o IPCA). A Anbima também ajustou o cálculo feito para os índices IMA-Geral e do IMA-Geral ex-C neste mês. Ao invés de uma média ponderada do valor de mercado calculada com os preços dos títulos do dia de referência, passou a usar os preços do dia útil imediatamente anterior. Segundo Silvio Samuel, coordenador do Subcomitê de Benchmarks da Anbima, a alteração resulta em diferenças residuais (0,03% em um ano) e tem o objeti- vo de alinhar a metodologia de cálculo dos índices gerais a dos seus subíndices. A entidade já tinha feito alterações na metodologia neste ano, para aproximá-la dos padrões internacionais, como o rebalanceamento mensal. “Permite maior replicabilidade das carteiras, se o BC fizer uma emissão no meio do mês, por exemplo, e o gestor tem que aocmpanhar a mudança de peso no portfólio”, explica Samuel. A Anbima também tirou títulos que tiveram oferta restrita e tomou como premissa refletir a marcação a mercado da dívida pública, para dar previsibilidade à carteira e permitir precificar contratos futuros na BM&F. Demanda dos próprios gestores é que os investidores passem a utilizar índices de renda fixa para comparar rentabilidades de longo prazo, ao invés de se espelhar no retorno do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI). O resultado deste ano pode até dar um empurrãozinho no processo: até o dia 6 de setembro, todos os índices e subíndices superam o CDI, que no período tem variação positiva de 6,27%. Mas Samuel destaca que o resultado é conjuntural e não garante desempenho futuro. “São ativos de risco e de prazo muito longo”, reforça. Para o professor de finanças Jurandir Macedo, do Instituto de Educação Financeira, ainda é difícil o varejo abandonar o comparativo com a taxa diária. “E é problemático têlo como referência hoje se não houver aumento de risco. Mas, como vemos com ações, nem sempre um índice melhor substitui o mais tradicional”, diz. Ele compara o Ibovespa, o mais usado pelo mercado, com o IbrX e o IbrX-50, que têm metodologias que provocam menos distorções, em sua avaliação. ■ VARIAÇÃO NOS ÍNDICES DE RENDA FIXA Segundo a ANBIMA, maior retorno no acumulado do ano é do IMA-C 5+ e o menor, do IMA-S PERÍODO IRF-M IRF-M 1 IRF-M 1+ IMA-C IMA-C 5 IMA-C 5+ IMA-B IMA-B 5 IMA-B 5+ IMA-S IMAGERAL IMA-GERAL ex-C JAN/10 1,10% 0,84% 1,25% 1,50% 1,49% 1,50% 1,18% 1,20% 1,17% 0,66% 0,98% 0,95% FEV/10 0,90% 0,56% 1,12% 2,26% 1,45% 2,31% 1,75% 1,24% 2,21% 0,59% 1,09% 1,02% MAR/10 1,20% 0,92% 1,36% 2,39% 1,37% 2,45% 1,97% 1,43% 2,44% 0,76% 1,31% 1,25% ABR/10 0,20% 0,43% 0,10% 1,44% 1,09% 1,46% 0,68% 0,17% 1,11% 0,66% 0,56% 0,51% MAI/10 1,16% 0,89% 1,32% 1,82% 1,78% 1,83% -0,34% 0,78% -1,40% 0,75% 0,67% 0,60% JUN/10 0,94% 0,73% 1,06% 1,19% 1,17% 1,19% 1,27% 0,93% 1,74% 0,79% 0,99% 0,97% JUL/10 1,63% 1,26% 1,91% 0,49% 0,46% 0,49% 1,58% 1,35% 1,90% 0,86% 1,29% 1,34% AGO/10 1,39% 0,95% 1,74% 1,59% 1,05% 1,62% 2,00% 0,99% 3,32% 0,89% 1,39% 1,37% SET/10* 0,08% 0,18% 0,00% 0,19% 0,16% 0,19% 0,12% 0,19% 0,04% 0,16% 0,12% 0,12% EM 2010* 8,93% 6,96% 10,26% 13,60% 10,46% 13,80% 10,67% 8,59% 13,17% 6,29% 8,70% 8,41% Fonte e elaboração: ANBIMA *Até o dia 6/9/10 CSN Iguatemi Avaliação positiva da Brascan sobre a Transnordestina Fator revisa preço-alvo, mas recomenda “manutenção” A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) realizou uma apresentação ontem com analistas e investidores com o objetivo de dar maior visibilidade sobre a ferrovia Transnordestina. Os pontos destacados pela corretora Brascan a respeito dessa operação são a capacidade atual de 1,5 milhões de toneladas/ano em uma malha ferroviária com 4.238 km de extensão, com 100 locomotivas e 1.743 vagões. Em 2009, a receita bruta foi de R$ 81 milhões, com um volume de 1,47 milhões de toneladas úteis transportadas; o projeto prevê uma expansão da atual malha em 1.728 km, que pode elevar a capacidade para 30 milhões de toneladas/ano. A avaliação do analista da Brascan, Rodrigo Ferraz, foi positiva sobre o esclarecimento da companhia. “Destacamos o grande potencial da região em relação a ativos de minério de ferro e grãos, com o desenvolvimento de um “novo” corredor logístico, a obtenção de todas as licenças de instalação para o novo trecho da ferrovia, diminuindo os riscos de execução do projeto, e a possibilidade de acessar linhas de crédito com taxas bastante competitivas, trazendo maior garantia de retorno ao projeto 2”, aponta em relatório. O analista mantém a recomendação de desempenho acima da média de mercado (outperform) para a CSNA3, com um preço-alvo de R$ 37,00 por ação. A Fator Corretora revisou, para cima, o preço-alvo estimado para as ações da Iguatemi, mas preservou a recomendação de “manutenção” para os papéis. O valor estimado passou de R$ 36 em dezembro deste ano para R$ 39 em junho de 2011. “Nossa recomendação continua sendo manutenção, com base no baixo potencial de valorização das ações e nos elevados múltiplos das ações do setor”, afirmam os analistas Eduardo Silveira e René Brandt em relatório distribuído aos clientes. Com base na cotação de fechamento de segunda-feira, o potencial de valorização é de cerca de 12%. Contaram, na revisão realizada pela Fator, fatores como três projetos de expansão da Iguatemi, com adição de aproximadamente 14 mil metros quadrados de área bruta locável (ABL) próprio. Os analistas lembram que o portfólio de shoppings da Iguatemi passará de 237 mil metros quadrados para 375 mil metros quadrados de ABL próprio em 2013. “O investimento total previsto é de R$ 635 milhões, dos quais R$ 140 milhões no segundo semestre de 2010, R$ 246 milhões em 2011, R$ 105 milhões em 2012 e R$ 144 milhões em 2013”, destaca o relatório. E com a oferta de ações realizada pela companhia em setembro do ano passado, a empresa tem recursos suficientes, na visão dos analistas, para concretizar seu plano de crescimento. A posição de caixa líquido da Iguatemi era de R$ 180 milhões em junho. OPA OFERTA Vale Karoon Mais uma tentativa frustrada na oferta de aquisição da Vale pela Paranapanema. A companhia informou que no leilão de oferta pública voluntária realizado ontem na BM&FBovespa não houve adesão mínima dos acionistas da Paranapanema, à qual estava condicionada a efetivação da referida oferta. Desta forma, a Vale não adquiriu no leilão quaisquer ações da Paranapanema. A outra tentativa havia sido feita no dia 1º de setembro. A Karoon Petroleo & Gás entrou com registro de oferta pública de ações ontem junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O prospecto não foi disponibilizado pela companhia, de origem australiana e que recentemente adquiriu da Petrobras participação em dois blocos na bacia de Santos. A coordenação da oferta de ações ordinárias será feita pelo banco Morgan Stanley. Outras três empresas do setor estão com distribução em andamento: Petrobras, Repsol Brasil e HRT Participações. Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 45 BOLSA JURO Giro financeiro Contrato futuro R$ 5,7 bilhões 11,36% foi o volume financeiro registrado ontem no segmento acionário da BM&FBovespa. O principal índice encerrou a sessão com variação negativa de 0,51%, aos 66.407 pontos. foi a taxa de fechamento do contrato futuro de DI com vencimento em janeiro de 2012, o de maior liquidez ontem. O volume financeiro atingiu R$ 17,29 bilhões neste contrato, em 199 mil contratos negociados. IBOVESPA RENDA FIXA Ação Código Mínima ALL AMER LAT UNT N2 AMBEV PN B2W VAREJO ON BMF BOVESPA ON BRADESCO PN BRADESPAR PN BRASIL ON BRASIL TELEC PN BRASKEM PNA BRF FOODS ON BROOKFIELD ON CCR RODOVIAS ON CEMIG PN CESP PNB CIELO ON COPEL PNB COSAN ON CPFL ENERGIA ON CYRELA REALTY ON DURATEX ON ECODIESEL ON ELETROBRAS ON ELETROBRAS PNB ELETROPAULO PNB EMBRAER ON FIBRIA ON GAFISA ON GERDAU PN GERDAU MET PN GOL PN ITAUSA PN ITAUUNIBANCO PN JBS ON KLABIN S/A PN LIGHT S/A ON LLX LOG ON LOJAS AMERIC PN LOJAS RENNER ON MARFRIG ON MMX MINER ON MRV ON NATURA ON NET PN OGX PETROLEO ON P.ACUCAR-CBD PNA PDG REALT ON PETROBRAS ON PETROBRAS PN REDECARD ON ROSSI RESID ON SABESP ON SANTANDER BR UNT N2 SID NACIONAL ON SOUZA CRUZ ON TAM S/A PN TELEMAR ON TELEMAR PN TELEMAR N L PNA TELESP PN TIM PART S/A ON TIM PART S/A PN TRAN PAULIST PN ULTRAPAR PN USIMINAS ON USIMINAS PNA VALE ON VALE PNA VIVO PN IBOVESPA ALLL11 AMBV4 BTOW3 BVMF3 BBDC4 BRAP4 BBAS3 BRTO4 BRKM5 BRFS3 BISA3 CCRO3 CMIG4 CESP6 CIEL3 CPLE6 CSAN3 CPFE3 CYRE3 DTEX3 ECOD3 ELET3 ELET6 ELPL6 EMBR3 FIBR3 GFSA3 GGBR4 GOAU4 GOLL4 ITSA4 ITUB4 JBSS3 KLBN4 LIGT3 LLXL3 LAME4 LREN3 MRFG3 MMXM3 MRVE3 NATU3 NETC4 OGXP3 PCAR5 PDGR3 PETR3 PETR4 RDCD3 RSID3 SBSP3 SANB11 CSNA3 CRUZ3 TAMM4 TNLP3 TNLP4 TMAR5 TLPP4 TCSL3 TCSL4 TRPL4 UGPA4 USIM3 USIM5 VALE3 VALE5 VIVO4 IBOV *Ajustada por proventos, inclusive dividendos. 16,21 192,00 28,35 13,11 30,10 36,61 28,00 11,00 14,64 22,85 8,71 40,78 26,57 24,20 15,03 37,15 22,50 38,90 21,93 17,00 0,87 21,02 24,70 30,84 11,35 29,12 12,12 24,12 29,21 23,11 12,06 37,26 7,07 4,94 21,90 9,50 14,15 53,70 16,50 12,67 14,86 42,45 22,20 19,20 60,70 18,26 31,68 27,79 24,20 14,87 33,57 21,45 27,41 83,70 36,32 30,30 23,80 45,25 39,85 6,80 5,01 48,65 93,01 47,15 44,31 47 41,53 42,91 66101 Cotação (R$) Máxima Fechamento 16,48 195,73 28,83 13,65 31,00 37,40 28,46 11,13 15,19 23,38 8,98 42,03 27,76 24,84 15,17 38,59 22,83 41,52 22,33 17,47 0,89 21,57 25,32 33,00 11,56 29,81 12,40 24,86 30,04 24,00 12,24 37,64 7,34 5,01 23,13 9,71 14,55 55,83 17,00 13,01 15,38 43,68 22,39 20,24 61,80 18,60 32,55 28,48 24,53 15,38 34,40 22,22 28,28 86,44 37,28 30,79 24,25 46,79 41,75 7,01 5,14 49,86 94,30 48,00 45,57 48 42,15 44,39 66739 16,21 195,55 28,35 13,65 30,74 36,89 28,26 11,11 14,85 23,27 8,83 41,54 26,65 24,80 15,13 37,31 22,80 39,20 22,28 17,47 0,88 21,27 24,85 30,96 11,55 29,70 12,40 24,84 30,04 23,85 12,16 37,45 7,26 5,01 21,95 9,64 14,15 54,00 16,99 12,91 15,16 42,50 22,25 20,24 61,11 18,58 31,86 27,83 24,50 15,38 33,84 21,92 28,11 84,62 37,00 30,30 24,00 46,79 41,40 6,98 5,09 49,42 93,30 47,80 45,16 47 41,71 43,85 66407 Rentabilidade* (%) No dia No ano -1,10 1,56 -1,22 3,41 1,25 -1,94 0,11 -0,80 -1,66 0,78 -1,12 1,17 -4,31 -0,16 0,00 -2,58 0,00 -5,02 0,13 -0,17 -1,12 0,42 -0,40 -5,38 2,76 2,06 0,81 2,14 1,87 1,02 -0,08 -0,13 -0,27 0,20 -3,35 -0,41 -3,02 -2,35 -0,18 0,55 1,13 -0,93 -0,54 4,38 -1,75 -0,32 -4,44 -4,33 1,24 1,79 -3,18 -0,36 0,97 -1,26 1,09 -1,62 -0,70 0,19 2,20 2,35 1,80 0,24 -0,85 0,42 1,26 -1,69 -1,88 1,27 -0,51 -0,49 13,19 -40,53 14,84 3,33 -3,02 -0,58 -33,67 5,47 2,82 14,83 4,75 -2,59 4,11 2,26 2,45 -9,15 19,57 -6,98 8,69 -19,27 -16,86 -16,62 12,74 22,94 -24,02 -11,28 -13,86 -12,89 -5,59 5,67 -0,82 -21,85 -3,37 -8,31 -4,65 -8,52 40,06 -10,93 28,84 9,36 21,86 -7,29 18,36 -5,10 8,54 -22,01 -22,46 -8,96 2,07 -1,08 -6,65 3,70 54,86 1,89 -26,04 -28,41 -24,79 2,68 -2,38 2,31 3,17 19,77 -4,34 -8,32 -3,99 -0,34 -16,00 -3,18 Fonte: Economatica IBOVESPA Fundo Data ITAU PERS MAXIME RF FICFI BB RENDA FIXA LP 50 MIL FICFI BB RENDA FIXA LP ESTILO FICFI CAIXA FIC EXECUTIVO RF L PRAZO CAIXA FIC IDEAL RF LONGO PRAZO BB RENDA FIXA 5 MIL FIC FI BB RENDA FIXA 200 FIC FI BB RENDA FIXA 50 FIC FI ITAU PREMIO RENDA FIXA FICFI BB RENDA FIXA LP 100 FICFI Rent. (%) 12 meses No ano 8/SET 6/SET 6/SET 6/SET 6/SET 8/SET 8/SET 8/SET 8/SET 6/SET 8,66 8,59 8,58 8,03 7,50 7,40 6,24 5,74 5,35 5,25 6,05 5,93 5,92 5,56 5,21 5,15 4,37 4,04 3,70 3,69 Taxa Aplic. mín. adm. (%) (R$) 1,00 1,00 1,00 1,10 1,50 2,00 3,00 3,50 4,00 4,00 DI Fundo Data BB REFERENCIADO DI ESTILO FICFI ITAU PERS MAXIME REF DI FICFI CAIXA FIC DI LONGO PRAZO BB REFERENCIADO DI 5 MIL FIC FI BB NC REF DI LP PRINCIPAL FIC FI BB REFERENCIADO DI 200 FIC FI HSBC FIC REF DI LP POUPMAIS ITAU PREMIO REF DI FICFI BRADESCO FIC DE FI REF DI HIPER SANTANDER FIC FI CLAS REF DI Rent. (%) 12 meses No ano 8/SET 8/SET 6/SET 8/SET 6/SET 8/SET 8/SET 8/SET 8/SET 8/SET 8,37 8,34 6,93 6,74 6,40 6,13 5,66 5,09 4,69 4,32 5,79 5,74 4,84 4,69 4,47 4,28 4,03 3,56 3,23 3,04 Taxa Aplic. mín. adm. (%) (R$) 1,00 1,00 2,00 2,50 2,47 3,00 3,00 4,00 4,50 5,00 Fundo Data CAIXA FMP FGTS VALE I BB ACOES VALE DO RIO DOCE FI BRADESCO FIC DE FIA BRADESCO BA FIC DE FIA BRADESCO FIC DE FIA IV BRADESCO FIC DE FIA MAXI UNIBANCO BLUE FI ACOES ITAU ACOES FI ALFA FIC DE FI EM ACOES BB ACOES PETROBRAS FIA Rent. (%) 12 meses No ano 6/SET 6/SET 6/SET 6/SET 6/SET 6/SET 6/SET 6/SET 6/SET 6/SET 29,06 29,00 14,58 14,45 14,14 13,87 7,99 7,66 2,85 (11,54) (3,47) (2,39) (4,40) (4,49) (4,54) (4,52) (8,39) (9,74) (11,31) (19,58) Taxa Aplic. mín. adm. (%) (R$) 1,90 2,00 4,00 4,00 ND 4,00 5,00 4,00 8,50 2,00 Fundo Data REAL CAP PROT VGOGH 4 FI MULTIM BB MULTIM TRADE LP ESTILO FICFI REAL CAP PROT VGOGH 3 FI MULTIM ITAU PERS K2 MULTIMERCADO FICFI CAPITAL PERF FIX IB MULT FIC ITAU PERS MULTIE MULT FICFI ITAU PERS MULT AGRESSIVO FICFI ITAU PERS MULT ARROJADO FICFI ITAU PERS MULT MODERADO FICFI SANTANDER FIC FI ESTRAT MULTIM Rent. (%) 12 meses No ano 6/SET 6/SET 6/SET 6/SET 6/SET 6/SET 6/SET 6/SET 6/SET 6/SET 9,77 8,80 8,79 8,63 8,57 8,37 7,53 7,36 7,26 6,54 7,13 5,88 3,42 5,36 5,95 5,49 0,59 2,32 3,09 3,40 Taxa Aplic. mín. adm. (%) (R$) 2,30 1,50 2,50 1,50 1,50 1,25 2,00 2,00 2,00 2,00 MIDLARGE CAP - MLCX 1.290 924 20.875 1.287 921 66.450 20.800 1.284 918 66.275 20.725 1.281 915 66.100 1.278 20.650 10h Fonte: BM&FBovespa 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 10h 17h 5.000 10.000 50.000 20.000 5.000 5.000 5.000 5.000 50.000 *Taxa de performance. Ranking por número de cotistas. Fonte: Anbima. Elaboração: Brasil Econômico SMALL CAP - SMLL 66.625 200 200 1.000 200 MULTIMERCADOS 20.950 Máxima 66.739,29 Mínima 66.101,43 Fechamento 66.407,28 ND 80.000 100 5.000 100 200 30 1.000 100 100 AÇÕES IBRX-100 (Em pontos) 66.800 80.000 50.000 30.000 5.000 5.000 200 50 300 100 912 10h 17h 10h 17h 46 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 MUNDO Irã suspende apedrejamento de condenada por adultério Segundo o Ministério do Exterior, o veredito relativo aos casos extraconjugais foi revogado e será revisto Mal Langsdon/Reuters As autoridades iranianas suspenderam a sentença de morte por apedrejamento dada à mulher condenada por adultério Sakineh Mohammadi Ashtiani, informou o Ministério do Exterior ontem, após semanas de críticas de várias partes do mundo. “O veredito relativo aos casos extraconjugais foi revogado e está sendo revisto,“ disse o porta-voz do ministério, Ramin Mehmanparast, à emissora estatal iraniana em língua inglesa Press TV. O anúncio foi feito um dia depois de o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, ter dito que a sentença era de “uma barbárie indizível” - a mais recente em uma sequência de críticas expressas por potências estrangeiras.O Brasil inclusive ofereceu asilo a Sakineh no mês passado, mas a proposta foi rejeitada pelo governo iraniano. Sakineh Mohammadi Ashtiani, de 43 anos, foi condenada em 2006 por adultério, que é um crime capital na República Islâmica. Ela também foi acusada de envolvimento no assassinato de seu marido. Em entrevista telefônica ao vivo, Mehmanparast disse que a acusação de homicídio “está sendo investigada para que seja emitido o veredito final”. A mídia iraniana sugeriu que a sentença de morte por apedrejamento — imposta por determinados crimes sob a sharia, adotada pelo Irã após a Revolução Islâmica de 1979 — não será implementada, mas que Ashtiani poderá ainda ser executada por enforcamento. “Consideramos este um caso muito normal”, disse Mehmanparast. “Este dossiê se assemelha a muitos outros dossiês que existem em outros países.” Em nenhum momento da entrevista, que foi dada na língua farsi, mas foi transmitida com tradução simultânea para o inglês, ele mencionou a palavra “apedrejamento”, referindo-se apenas à “sentença de morte” de Ashtiani. Mehmanparast culpou os Estados Unidos por suscitar o furor com o objetivo de prejudicar a imagem internacional do Irã, no momento em que o país enfrenta sanções que visam frear seu programa nuclear. “A impressão que se tem é que estão jogando um jogo político”, disse ele. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que espera falar com o ministro das Relações Exteriores do Irã nos próximos dias para ter mais informações sobre a nova situação de Sakineh A mídia iraniana sugeriu que Sakineh ainda poderá ser executada por enforcamento CONDENAÇÃO 2006 Sakineh Mohammadi Ashtiani foi condenada por adultério, que é um crime capital no Irã. Ela também foi acusada de envolvimento no assassinato do marido. EXECUÇÃO 346 pessoas foram executadas no Irã em 2008, segundo a Anistia Internacional. Homicídio, adultério, estupro, assalto à mão armada e tráfico de drogas podem ser punidos com a penas de morte no Irã. De acordo com a Anistia Internacional, o Irã perde apenas para a China no número de pessoas que executa. Pelo menos 346 pessoas foram executadas no Irã em 2008. Homicídio, adultério, estupro, assalto à mão armada e tráfico de drogas podem ser punidos com a pena de morte no Irã. Decisão positiva O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, considerou positiva a decisão do gover- no iraniano de suspender temporariamente a pena de morte por apedrejamento da viúva Sakineh Mohammadi Ashtiani. “É positivo que tenha sido suspenso. Evidentemente, isso é apenas um passo, e sempre tratamos isso com muito cuidado porque a maneira de defender a melhora das pessoas não é com estridência, nem com condenações fáticas, é com diálogo, que é o que fazemos”, afirmou Amorim ontem, depois de al- moço com o chanceler de Lesoto, Mohlabi Kenneth Tsekoa. O ministro disse ainda que espera falar com o ministro de Relações Exteriores do Irã, Manouchehr Mottaki, nos próximos dias para ter mais informações sobre a nova situação de Sakineh. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu em defesa da viúva e ofereceu o Brasil como destino para ela morar. A oferta de Lula foi recusada pelo governo iraniano. ■ Agências Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 Brasil Econômico 47 Scott Audette/Reuters Pastor insiste na queima do alcorão O pastor Terry Jones, cujo plano de queimar exemplares do Alcorão no dia 11 de setembro provocou grande condenação internacional, afirmou ontem que vai cumprir sua promessa, apesar da advertência do governo dos Estados Unidos de que o ato colocará em risco soldados norte-americanos no Afeganistão e no Iraque. “Ainda estamos determinados a fazer isso sim”, disse Jones ao programa “Early Morning,“ da CBS. Ele promove abertamente uma campanha contra o que chama de “Islã radical.” AGENDA DO DIA ● EUA: balança comercial do mês de julho. ● Alemanha: índice de preços ao consumidor (CPI) de agosto. ● Reino Unido: BoE anuncia taxa de juros. ● Japão: índice de confiança do consumidor de agosto . Jose-Luis Magana/Reuters Relatório busca dividir as culpas em relação ao vazamento de petróleo no Golfo do México Em relatório, BP ameniza própria culpa SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DO DEPARTAMENTO DE POLÍCIA FEDERAL EM SÃO PAULO ?2728&-&$-D+! + 5--<%//-</ /8</<%)//%-/-////272// 7$3$E?4?2 7$24$*?3F?7?2 2 9 - /-. /)6 / /-/ GGG %/- &8 )GGG &8 ) ?)-///)-! > + 1/ ># % Terra Verde Bioenergia Participações S.A. Documento foi elaborada por equipe de mais de 50 pessoas e cita empresas como Halliburton e Transocean A petroleira britânica British Petroleum (BP) afirmou ontem que decisões tomadas por “inúmeras companhias e equipes de trabalho”, incluindo a Halliburton e a Transocean, contribuíram para o vazamento de petróleo no Golfo do México. As declarações da companhia fazem parte de um relatório que pretende dividir a culpa pelo pior vazamento de petróleo offshore na história dos Estados Unidos. A empresa também disse que é “improvável” que problemas com o projeto do poço tenham contribuído para a explosão da plataforma Deepwater Horizon, no dia 20 de abril. A conclusão rebate as críticas do governo norte-americano e coloca pressão sobre a Halliburton, responsável pelo trabalho de cimentação do poço, e a Transocean, operadora da plataforma. “Houve um trabalho de cimentação ruim e uma falha da barreira de perfuração no fundo do poço”, disse Tony Hayward, que liderava a equipe da BP no momento da explosão da plataforma. “Com base no relatório, parece improvável que o projeto A BP precisa demonstrar que tem se esforçado para determinar as causas da explosão e ao mesmo tempo lidar com questões como a possibilidade de ter sido negligente no período que antecedeu a explosão do poço tenha contribuído também para o incidente, visto que a investigação revelou que os hidrocarbonetos fluíram até a tubulação de produção através do fundo do poço.” CNPJ/MF nº 09.273.840/0001-00 - NIRE 35.300.349.164 Edital de Convocação - Assembleia Geral Extraordinária Ficam convocados os Srs. Acionistas a se reunirem em Assembleia Geral Extraordinária, que se realizará no dia 14 de setembro de 2010, às 10 horas, na sede social da Companhia, para deliberarem sobre: (i) a avaliação da situação atual do empreendimento; e (ii) outros assuntos relacionados e de interesse da Companhia. As pessoas que comparecerem à Assembleia deverão provar a sua qualidade de acionista mediante apresentação de documento de identidade e/ou procuração outorgada por Acionista da Companhia, na forma e prazo do Art. 126, § 1° da Lei n° 6.404, de 15/12/1976, conforme alterada. São Paulo, 03 de setembro de 2010 Luiz Otavio Assis Henriques - Presidente do Conselho de Administração Situação delicada A BP vive uma situação delicada com a divulgação do relatório, elaborado por uma equipe de mais de 50 pessoas liderada por Mark Bly, chefe de segurança e de operações da companhia. A empresa precisa demonstrar que tem se esforçado para determinar as causas da explosão e ao mesmo tempo lidar com questões sobre se teria sido negligente no período que antecedeu a explosão — o que poderia levá-la a enfrentar sanções mais duras. De acordo com o relatório, o “blowout preventer”, dispositivo utilizado como último recurso para desligar um poço no caso de um pico de pressão, deveria ter ativado automaticamente, mas isso não ocorreu. Segundo a companhia, isso aconteceu “porque, provavelmente, os principais componentes não estavam trabalhando”. O “blowout preventer” só foi recuperado do fundo do mar recentemente e ainda precisa passar por uma inspeção completa. ■ Agência Estado 7 ) .-*,,*.-. 8 & ?9/<4%)/-08/?-%-8//%-&//,@ 4%?.- --/3-/ !! $- > > + =# /++# +## /+# $*7$$H,?8,8- 5+ ?2-2?,?3,I2/- GGG %/- &8 ) $-& / /-/ - > > + 1/ =# /- GGG %/- &8 ) ?)-//-/# > + 1/ > /- GGG %/- &8 ) 5#' # 6 9 #%!&# 0! UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO !" #!$%&' ( ) AVISO DE LICITAÇÃO * + >+ 56 ># ?9/<@%-/ A?85/&% %&-/B ) # !> =!+ +! C### +5= ,$-%-./)-/0-%/-(-12345-6%478&% ,/ /%-/9/6%//.//)-/-8://-/+ ! ;9)28<%. !" #$#% !& #'(& %) *+,-. !#/ 0&%12" ! 0!# # .3,.3,-. 5 =2-%) + " "2#! !"" 4 #'&#& 48 Brasil Econômico Quinta-feira, 9 de setembro, 2010 BRASIL ECONÔMICO é uma publicação da Empresa Jornalística Econômico S.A, com sede à Avenida das Nações Unidas, 11.633, 8º andar - CEP 04578-901 - Brooklin - São Paulo (SP) - Fone (11) 3320-2000 Central de atendimento e venda de assinaturas: 4007 1127 (capitais), 0800 6001127 (demais localidades) [email protected] É proibida a reprodução total ou parcial sem prévia autorização da Empresa Jornalística Econômico S.A. ÚLTIMA HORA Tribanco terá aporte do Banco Mundial Renata Jubran/AE O IFC, braço de investimento do Banco Mundial, deve investir R$ 38 milhões (US$ 21 milhões) no Banco Triângulo (Tribanco), instituição com sede em Uberlândia (MG) que pertence ao grupo atacadista Martins. Segundo comunicado no site do IFC, o projeto está em análise e será assinado até o dia 20 deste mês. Segundo João Rabello, presidente do Tribanco, os recursos do IFC vão ajudar o desenvolvimento do banco, que pretende dobrar a carteira de clientes até 2012. No ano passado, eram 35 mil pequenos varejistas atendidos. Em três anos, pretende chegar a 60 mil. Além disso, a chancela do IFC deve aumentar a exposição do banco, seja no mercado brasileiro, seja no exterior. O banco tem planos de fazer a primeira emissão externa em 2011. O Tribanco pertence à família Martins e o IFC é o primeiro investidor externo a entrar na instituição. O controlador é Alair Martins do Nascimento, com 40,3% do total das ações. A instituição conta com 47 pontos de atendimento em todo o País, com uma clientela potencial de aproximadamente 150 mil varejistas e é para este público que presta os serviços financeiros. ■ Agência Estado BTG Pactual inclui a Brasbunker no portfólio A empresa, que fornece matéria-prima para diversos segmentos da indústria, vai receber um financiamento de R$ 16 milhões da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) do Ministério da Ciência e Tecnologia para a criação de centros de pesquisa e desenvolvimento na Argentina, Chile, Colômbia, México e Peru. O aporte é o primeiro passo em um projeto que, até 2020, prevê elevar dos atuais 26% para 50% a participação de novos produtos na receita da empresa que foi de R$ 281 milhões em 2009. “Queremos fazer investimentos importantes e esse financiamento é uma pequena parte, mas que irá nos ajudar a crescer fortemente em outros países a partir da inovação”, afirma Lisiane Kunst Bohnen, diretora de exportações da Artecola. Segundo André Carvalho, analista da área de cooperação internacional da Finep, a internacionalização de empresas brasileiras a partir da área de inovação é uma tendência que começa a ser observada. “A inovação é um fator de extensão da sobrevida de uma empresa, isso realizado em mercados internacionais o torna ainda mais promissor”, avalia. ■ Priscila Machado [email protected] Diretor Adjunto A mão de obra que dá empregar hoje em dia Divulgação Artecola instala centros de pesquisa no exterior Costábile Nicoletta O BTG Pactual ingressou na indústria de petróleo e gás com a compra de uma participação na Brasbunker, holding de empresas dos setores de transporte marítimo de combustível para embarcações e apoio marítimo para plataformas. O banco não revelou o valor do negócio. Além de atuar no segmento de óleo e gás, a Brasbunker oferece serviços de proteção ambiental. “O vazamento de óleo no Golfo do México, que deu origem ao maior acidente ambiental da história, reforça a necessidade de rígidos padrões de proteção ambiental, oferecendo oportunidades de crescimento a uma das áreas de atuação da Brasbunker”, destaca o BTG, em comunicado. A Brasbunker é a sétima empresa do portfólio de merchant banking do BTG. As demais são a Mitsubishi, Suzuki, Derivados do Brasil (postos de gasolina), Estapar (estacionamentos), Rede D’Or (hospitais) e BR Pharma (holding do setor farmacêutico). ■ Agência Estado Evandro Monteiro O Brasil observa um fenômeno que desafia os estudiosos do mercado de trabalho a trazer soluções de curto prazo que ao menos amenizem a carência de mão de obra. Até recentemente, a discussão centrava-se na falta de pessoal qualificado para atender à demanda decorrente do crescimento econômico. Nas últimas semanas, porém, recrudesceu a procura até mesmo por trabalhadores cujo preparo profissional, em geral, não era tão levado em consideração. O problema chegou ao governo federal. Foi exposto por representantes do varejo, que propuseram alterações na legislação que facilitem a contratação de pessoas dispostas a trabalhar em alguns dias da semana durante períodos da jornada em que o pico de vendas é maior, como já ocorre em países como os Estados Unidos. Empregados se transferem de empresa sem precisar ter drama de consciência, atraídos por maiores salários e melhores benefícios Se antes a rotatividade da mão de obra partia dos empregadores, agora se manifesta mais nos empregados, que se transferem de empresa sem precisar ter drama de consciência, atraídos por maiores salários e melhores benefícios. Além de competir com os concorrentes para vender seu produto ou serviço, a maior parte das companhias trava uma luta diária para reter seus talentos em praticamente todos os níveis da organização. Um grupo que atua no recrutamento de gerentes deparou-se com a seguinte situação: abordou um profissional da área de logística da empresa A, oferecendo-lhe um salário 50% maior. A companhia que o empregava resolveu dobrar seu ordenado. Ele acabou indo para uma terceira companhia, que lhe ofereceu uma remuneração maior ainda. É salutar para o mercado que as empresas se preocupem mais em preparar melhor seus funcionários para exercer qualquer tipo de função. Isso colabora para a modernização das relações de consumo. O governo e os sindicatos também podem integrar esse esforço discutindo meios que estendam os benefícios desse processo a todos: empresas, trabalhadores e população. ■ www.brasileconomico.com.br DESTAQUE MAIS LIDAS ONTEM Axxon quer levantar recursos para compras no Brasil ● Vale capta US$ 1,75 bi na maior emissão desde 2006 O Axxon Group Private Equity começa neste trimestre uma nova rodada de captação de recursos para levantar até R$ 500 milhões e ampliar o ritmo de aquisições de empresas ligadas no Brasil aos segmentos de consumo. O grupo negocia compras de companhias que atuam nos setores de saúde, educação, varejo e até cosméticos. ● Moody’s: BNDES planeja captação de até € 1 bilhão ● Ações da Petrobras têm maior queda em sete meses ● Alimentos Zaeli busca sócio para aplicar R$ 100 mi ● Aeiou não consegue atingir metas e entra em crise Acompanhe em tempo real www.brasileconomico.com.br Leia versão completa em www.brasileconomico.com.br ENQUETE Os ativos da Petrobras devem se recuperar após a oferta de ações da companhia? Não 21% Fonte: BrasilEconomico.com.br Vote em www.brasileconomico.com.br Sim 79%